gorender. marxismo sem utopia (resumo)
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GORENDER, Jacob. Marxismo sem utopia. São Paulo: 1999, 288p.
- Hoje já não se acredita com tanta convicção que o socialismo sucederá ao capitalismo.
- O autor chega a conclusão de Marx ficou no meio do caminho entre a utopia e a ciência.
“É preciso atualizar o marxismo, retirar-lhes os elementos utópicos”.
- A intenção é formular uma nova proposta socialista que incorpore o pluralismo democrático.
- A vanguarda assume o papel que era da classe trabalhadora.
- O autor identifica duas teses utópicas: a) a de que o proletariado é revolucionário (a história mostrou que ele é reformista); b) a ditadura do proletariado.
- Marx transformou o socialismo em necessidade histórica, em uma inevitabilidade. E isso foi devido em primeiro lugar a sua paixão revolucionária; depois pelo exagero na apreciação dos indícios.
- O socialismo não é um fatalismo, pelo contrário, é um produto da intervenção do homem na história.
CAP.1 – Da utopia à ciência (p.7).
- O primeiro propósito de Marx foi tirar o comunismo do âmbito da utopia. Quis fundar um comunismo científico.
- BERNSTEIN denunciava o comportamento utopista de Marx ao confirmar uma tese antes de teste empírico ou comprovação científica. Dizia que a conclusão marxista já ficou pronta antes mesmo do início da pesquisa.
- Os objetivos dos comunistas devem centrar-se em certezas. No entanto, sabe-se que é inviável propor sacrifícios aos oprimidos sem fixar-lhes objetivos utópicos. Ninguém se daria à luta por objetivos duvidosos.
- A certeza nasce do poder da RAZÃO em estabelecer verdades. A ciência é o lócus da verdade e não mais a igreja.
CAP. 2 – Estará o capitalismo esgotado?
- O capital foi escrito para provar a transitoriedade da ordem capitalista.
- Marx dizia que o capitalismo não passa de uma formação social histórica.
- O capitalismo teve nascimento, portanto, também terá um fim, assim como todos os modos de produção passados, que surgiram numa fase específica, mas que desapareceram.
- As crises não se mostraram como indicadores do fim do capitalismo.
- Diferente dos clássicos, Marx diz que as crises são inerentes ao sistema capitalista.
- Marx colocou a revolução alemã de 1848, como prelúdio da revolução proletária.
“A paixão revolucionária amarrou Marx ao espírito utopista”.
“Os revolucionários lutam para que eles próprios e seus contemporâneos façam a revolução”.
- Se não têm a possibilidade do êxito dos seus esforços ainda em sua geração, não se arriscariam, estariam adotando um credo religioso. A crença numa revolução futuro é como crer numa vida após a morte.
CAP. 3 – A construção do socialismo.
- A história como sucessão de modos de produção.
- A proposta da superação do capitalismo para o socialismo é uma crença. É uma previsão apoiada em pressupostos e tendências. Não é certeza, muito menos fruto de uma lógica. Penetra na futurologia.
- O capitalismo não foi uma construção planejada como quiseram fazer com o socialismo. O capitalismo surgiu espontaneamente, chegou sem ser anunciado.
- Marx encontrou relações socialistas dentro do capitalismo, estariam prontas para a superação. A revolução industrial desenvolveu as contradições necessárias ao processo de transição.
- Marx tornou clara a contribuição do estado para a acumulação primitiva.
“Marx identificou embriões socialistas em todo tipo de organização coletiva [...] considerou as cooperativas como formas socialistas em andamento”.
CAP. IV – Sistema, estrutura e incerteza (p.26).
- O fio condutor da sucessão dos modos de produção seria o desenvolvimento das forças produtivas.
- LEI TENDENCIAL: regula os acasos fenomenais.
- Marx diz ter encontrado a LEI NATURAL do desenvolvimento do sistema capitalista.
- Acontecimentos análogos, na prática, podem conduzir a fenômenos sociais totalmente diferentes uns dos outros.
- Marx quis produzir uma certeza inabalável a fim de mobilizar pessoas em prol de algo certo.
- Lênin comprimiu a história da humanidade em cinco modos de produção: a) comunismo primitivo; b) escravidão; c) feudalismo; d) capitalismo; e) socialismo.
- Diz que quando se conhece a causa do fenômeno, não mais pode ser tido como fruto do acaso.
“O funcionamento do sistema cria variações que confluem para variações que confluem para a indeterminação na sucessão do sistema”.
- Em Marx parece que as coisas devem seguir uma cadeia lógica, que acontecem como o previsível.
- Não há como controlar os fenômenos sociais ou o curso da história.
CAP. V – A pretensa missão histórica do proletariado (p.33).
- É de caráter utópico a história de que o proletariado redimirá a humanidade. Faz dessa classe o novo cristo. Por ser despossuída, pode emancipar a todos do pecado da propriedade privada.
- Gorender afirma que quando Marx escreveu a Crítica da Economia Política, ele ainda não era marxista – junta o apelo evangélico com a ética kantiana.
- Os marxistas não contavam com o aburguesamento da classe operária. Da formação de uma aristocracia de proletariado. O monopólio colonial possibilitou aos burgueses transferir aos trabalhadores nacionais certas parcela dos ganhos.
- Lênin apoiava-se em Kautsky para afirmar que a classe operária não chegaria à consciência revolucionária espontaneamente. Deixada a si mesma, o máximo que chegaria era à consciência sindicalista, que possibilita a luta conjunto, no entanto, por concessões num sistema ainda burguês.
- A consciência revolucionária deveria ser introduzida na classe – de fora para dentro. Daí vem o papel dos intelectuais orgânicos, do partido e da vanguarda.
“A classe operária é ontologicamente reformista”.
- A conduta política reformista é própria da classe trabalhadora. Lutavam contra a exploração, mas dentro dos limites da benevolência do sistema capitalista. Tentam aperfeiçoar o sistema e não a sua queda. Dessa forma, os trabalhadores acabam por consolidar ainda mais o sistema opressor.
“Uma classe que é impotente para formar a própria consciência revolucionária só pode ser considerada, pela natureza do ser real, como uma classe também impotente para fazer a revolução”.
- EDUARD BEINSTEIN inaugurou o revisionismo no partido social-democrata alemão.
- Para alguns, a reforma inabilita a luta revolucionária.
CAP. VI – CLASSE, PARTIDO e POLÍTICOS PROFISSIONAIS (p.43).
- A história mostrou que os líderes proletariados não são confiáveis, se deixam subornar.
- Rosa Luxemburgo foi contra Lênin ao defender a espontaneidade da classe trabalhadora e não a tal vanguarda revolucionária.
- Lênin defendia a introdução da consciência revolucionária de fora para dentro. A tese contradizia a base materialista que dizia que o ser determina a consciência. “A consciência socialista não pode ser produto de uma ação externa de intelectuais”. A classe é o sujeito histórico, não deve ser tutelada por nenhuma vanguarda.
- Lênin se defendia dizendo que na espontaneidade os trabalhadores só chegariam ao reformismo da consciência sindicalista.
- Bolchevique negou a ação reformista, preferiu a atuação subversiva clandestina.
- Os partidos se mostraram como tendo tendência oligárquica.
- Não passaram nem 15 anos para que o PT no Brasil se mostrasse oligárquico.
CAP. VII – Estado: perecimento ou perenidade?
- Estado transitório em que, paulatinamente, perderia suas funções e utilidades.