geopolÍtica do brasil e do mundo prof. mesc. margrete oliveira
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GEOPOLÍTICA DO BRASIL E DO GEOPOLÍTICA DO BRASIL E DO MUNDOMUNDO
Prof. Mesc. Margrete Oliveira
A geopolítica clássica e a geopolítica brasileira
• Introdução: de Ratzel a Meira Mattos;• O pensamento geopolítico;• A geopolítica contemporânea: da estratégia
à logistica;• O pensamento geopolítico brasileiro;• A questão amazônica.• As integrações regionais;
VISÕES DA GEOPOLÍTICA
1. É uma Geografia de Estado, feita e gestada nos Estados totalitários — tida como pseudociência e um receituário explícito do imperialismo, ou ainda, uma ciências a procura de um Estado Maior. RAFFESTIN (1993),
2. É o produto da observação gradual da ação do homem na exploração do meio natural, percorrendo o caminho iniciado no estágio de atenção normativa e, daí, em teoria positiva. (Mattos, M. C. de. 2002, p.19)
3. Combinação de fatores geográficos e políticos que determinam a condição de um Estado ou região, enfatizando o impacto da geografia sobre a política. (Mello, L. I. A, 1999)
GEOPOLÍTICA: da estratégia à logística
A) Clássica: 1. A expansão territorial e os imperialismos.B) Contemporânea:
1. logística,2. O Imperialismo “coletivo” da tríade, a hegemonia americana (a estratégia de segurança nacional dos EUA)
3. A cooperação internacional.
Quanto ao Estado
Algumas versões do mundo da Geopolítica Clássica:
A Geoestratégia sobre o Poder Mundial
• O desejo de modificar o mapa político mundial para o controle dos recursos e posições segundo a Geografia concreta dos lugares.
• O poder mundial decorre da superposição de certas variáveis que atribuem valor estratégico a certas partes do globo.
Sobre o Valor Estratégico do Território
• O valor econômico e estratégico de um território decorre da velocidade em passar à nova forma de produção, para o que o acesso às redes de informações é condição essencial, permitindo ao local se relacionar diretamente com o transnacional, ‘by passando’ o Estado” . (Santos,apud Becker, 1996 p. 288)
1. Da Logística
• A presença de uma nova racionalidade no pós-guerra de escala mais ampla: a imposição de uma ordem espacial vinculada a uma concepção de espaço global, logística, gerando um espaço social e política constituído por um conjunto de ligações, comunicações, redes e circuitos. (LEFÉBVRE, H. 1978)
(cont.)• De acordo com Virilio, P. (1984), a logística corresponde a
nova fase da inteligência militar, inerente à velocidade, superando e subordinado a estratégia. Ela é entendida como preparação contínua dos meios para a guerra – ou competição. Expressa em fluxogramas de produção, transporte e execução, garantindo o movimento perene e o controle do tempo presente e futuro, difundindo o meio operacional concreto. Ela é seletiva e gera uma geopolítica de inclusão – exclusão.
• O setor público, dada sua estrutura pesada e rígida e os setores sociais, desprovidos de meios econômicos e de informação, têm mais dificuldade de operar a logística.
• Quem controla a logística????
Geopolítica Atual
Iniciativa para la Integración de la
Infraestructura Regional Suramericana (IIRSA)
Logística marítima na América do Sul
Objetivos• Identificar as principais teorias geopolíticas formuladas no Brasil no século XX e suas repercussões na produção do espaço geográfico brasileiro.
• Analisar as perspectivas do Brasil como líder regional (potência média ou potência regional).
Formação territorial do Brasil
EVERARDO BACKEUSER (1879-1951)
Necessidade de centralização do Necessidade de centralização do poderpoder
Obras:A Estrutura política do
Brasil - 1926
Problemas do Brasil - Estrutura geopolítica -
1933
• Transferência da Transferência da Capital FederalCapital Federal
Propostas:Propostas:
• Nova Nova divisão divisão
territorialterritorial
Mário Travassos Obra: Projeção Continental do Brasil - 1931
Idéias:• A América do Sul por 3
vertentes - antagonismos geográficos.
• O controle do Altiplano andino (Heartland sul-americano -Bolívia) é vital para a neutralização da Argentina.
TRAVASSOS, Mario. Projeção Continental do Brasil. 1935. p. 21
“Pode-se fixar de modo categórico o sentido político da Bolívia como o centro geográfico do continente e a causa eventual de conflito armado.” (p.64)
“A instabilidade geográfica do canto noroeste do continente, entretanto, justo porque está numa das extremidades da massa continental, se mostra presa fácil a influências extra-continentais.” (p.71)
“Dados os aspectos geográficos sul-americanos somente sob o domínio da pluralidade dos transportes poderá o Brasil exprimir toda a força de sua imensa projeção coordenadora no cenário da política e economia continental.” (p. 140)
• Visão “brasilcêntrica”
Golbery do Couto e Silva1911-1987
Geopolítica do Brasil
É no sul “ que se define a linha de tensão máxima no campo sul-americano, reforçada como é pela proximidade maior dos centros de força potencialmente antagônicos.” (p. 58)
COUTO E SILVA, Golbery. Conjuntura Política Nacional, O Poder Executivo & Geopolítica do Brasil. Livraria José Olympio Editora. Rio de Janeiro, 1981.
“Não haverá geopolítica brasileira, que tal nome mereça, sem que considere, de fato, o Brasil como centro do universo.” (p. 177 )
Brasil: umbigo do mundo!
Projeção azimutal
Compartimentação geopolítica da América da Sul
[ Dentre os Objetivos Nacionais permanentes ]
“A manutenção do status quo territorial na América do Sul, contra quaisquer tendências revisionistas ou a formação de blocos regionais, políticos ou simplesmente econômicos, que possam vir a constituir ameaça à própria paz do continente.” (p. 75 )
OLIVEIROS S. OLIVEIROS S. FERREIRAFERREIRA
Crítico de Golbery
Visão a partir do umbigoPerde a noção da relatividade dos espaçosImportância política-ideológica, e não teórica
Carlos de Meira Mattos
[Vantagens da Integração Sul-americana ]
“Cada um de nossos países incorporará à sua fronteira econômica novas e valiosas extensões geográfica, arrancando-as do sono milenar que as entorpece. Nossa Sul-América adquirirá nova personalidade, acordando para a era de sua continetalidade; acrescentará muito em poder.” (MATTOS, 1977, p. 18)
A geopolítica e as projeções de poder.
[Possibilidade de vertebrar a Amazônia ]
“Nasce a possibilidade de vertebrar-se, não apenas a Amazônia brasileira, mas uma Amazônia sul-americana. Será o sopro de despertar de uma nova e desconhecida América do Sul; a América do Sul continental, constituída pelas enormes regiões interiores de nove países fraternos e vizinhos, mas que nunca souberam dar-se as mãos. É o anúncio de novas áreas econômicas articuladas entre si, somando-lhe novas riquezas, novo poder, aumentando-lhe a importância no cenário mundial.” (MATTOS, 1977, p. 110)
[Geopolítica da cooperação para a Amazônia ]
“A Geopolítica que propomos para a Pan-Amazônia somente será exeqüível se apoiada numa vontade coletiva multinacional, que resultará em legitimo espírito de cooperação Com tal estratégia integraremos a Pan-Amazônia. Em termos de política sul-americana, será a integração do continente, pois a Pan-Amazônia sairá da situação vazio inerme e passará a desempenhar, também, o papel de área de transito entre as costas do Atlântico e do Pacifico.”
MATTOS, Carlos de Meira. Uma geopolítica pan-amazonica. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 1980. p. 174/5.
“A América do Sul integrada num mercado solidário terá um peso político e econômico respeitável no comércio internacional, gerando benefícios para todos os seus países.
Aproveitando-se as estruturas regionais já existentes, seria num primeiro passo integrar o Mercosul ao Pacto Andino, realizando o velho sonho de todos, de terem acesso comercial aos mercados do Atlântico e do Pacífico .” (MATTOS, 2002, p.102)
Eixos de IntegraçãoEixos de IntegraçãoAmérica do SulAmérica do Sul
Ligações físicas e fluxos Ligações físicas e fluxos comerciaiscomerciais
Mercosul – Rentável - Mercosul – Rentável - iniciativa privada.iniciativa privada.Demais eixos - Partipação Demais eixos - Partipação dos governos.dos governos.
Folha de São Paulo, 29 ago. 2000 – BID coordenará integração sul-americana
Projeto Projeto Brasil em AçãoBrasil em Ação
GEIPOT – EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES, do Ministério dos Transportes (http://www.geipot.gov.br/)
Projeto Projeto Brasil em AçãoBrasil em Ação
Iniciativa para la Integración de la
Infraestructura Regional Suramericana (IIRSA)
A iniciativa para a modernização e desenvolvimento da infra-estrutura regional da América do Sul tem sua origem na Reunião de Presidentes da América do Sul realizada em Brasília, em setembro de 2000.
A coordenação técnica está a cargo de três bancos de desenvolvimento que operam na Região.
Intercâmbio comercial do Brasil
com o Mercosul, Chile e Bolívia em
2000.
Rede de Vigilância
FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA
O Mercosul
• A criação do MERCOSUL, objetivo definido pelo Tratado de Assunção, de 26/03/91, e reafirmado pelo Protocolo de Ouro Preto, de 17/12/94, não apresenta uma ação diplomática isolada, mas sim o resultado de um longo processo de aproximação entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
• Nesse contexto, circunstâncias de natureza política, econômica, comercial e tecnológica, decorrentes das grandes transformações da ordem econômica internacional, exerceram papel relevante no aprofundamento ainda maior da integração brasileiro-argentina:
Razões:
• a. o fenômeno da globalização da economia, com o surgimento de uma nova estrutura de produção e o advento de um novo padrão industrial e tecnológico;
• b. a formação dos megablocos econômicos e a tendência à regionalização do comércio, com influência no direcionamento dos fluxos de capital, bens e serviços;
cont...
• c. os impasses do multilateralismo econômico;
• d. o protecionismo e o quadro recessivo em muitas economias desenvolvidas, responsáveis pela absorção de cerca de 65% das exportações latino-americanas;
• e. o esgotamento do modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações;
cont.• f. a tomada de consciência da necessidade
de aprofundar o processo de integração como forma de aproveitar o entorno geográfico;
• g. a convergência na adoção de novas políticas econômicas que privilegiavam a abertura do mercado interno, a busca de competitividade, a maximização das vantagens comparativas e a reforma do papel do Estado - mais democrático e menos intervencionista.
ALCA: DESTINO OU OPÇÃO?
O Brasil e a Alca Estabelecimento de uma área de livre
comércio envolvendo 34 países das Américas (excetuando Cuba) previsto para até virada de 2004 para 2005
a) ganhar tempo, evitando novas rodadas; b) crítica ao modelo das negociações bilaterais da Alca, que
seriam centralizadas nos EUA; aceleração das negociações do Mercosul (Protocolo de Ouro Preto, o qual previa o status de Mercado Comum para o Mercosul a partir de 31/12/1994);
c) assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação Inter-regional entre o Mercosul e a União Européia (dezembro de 1995);
d) estratégia da protelação (“prisioneiro no corredor da morte”).
Posturas da diplomacia brasileira:
Argumentos anti-Alca
a) Como o Brasil é um global trader, dado o perfil equilibrado do comércio internacional brasileiro, uma regionalização excessiva seria contraproducente.
b) A Alca guardaria desigualdades muito profundas em seu interior. Nas palavras de Celso Lafer, o Mercosul é um destino, enquanto a Alca é uma opção.
c) O sucateamento de setores da indústria nacional e a fuga das próprias indústrias norte-americanas instaladas no Brasil.
Argumentos anti-Alca
d) A Alca limitaria ou mesmo inviabilizaria a integração no Cone Sul, somado a isto uma falta de interesse real dos EUA na América Latina.
e) Um acordo com a EU seria mais interessante pelo caráter menos unilateral da política comercial européia.
Argumentos anti-Alca
Argumentos a favor da ALCA• Qual a vantagem de ficar de fora?
• Acesso a produtos e bens de alta qualidade;
• Acesso dos parques industriais latino-americanos a melhores insumos tecnológicos.
• Fragilidades dos acordos na América Latina.