geertz e os pós-modernos

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GEERTZ E OS PÓS- MODERNOS

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GEERTZ E OS PS-MODERNOS

GEERTZ E OS PS-MODERNOS

LIVRO OBRAS E VIDAS (1988)

ESTAR L: A ANTROPOLOGIA E O CENRIO DA ESCRITAe ESTAR AQUI, DE QUEM A VIDA AFINAL?

Os bons textos de Antropologia so simples e desprentenciosos

O que convence na escrita etnogrfica?So as extenses das suas descries? No a fora dos argumentos tericos? No.

capacidade de nos convencer de que o que eles dizem resulta de haverem realmente penetrado numa outra forma de vida. De realmente haverem, de um modo ou de outro, estado l. E a. Ao nos convecer que esse milagre dos bastidores ocorreu, que entra a escrita. (p.16)

O que vem a ser um autor na antropologia?

Fsicos ou romancistas?

Pode ser que, noutros campos de discurso o autor (juntamente com o homem, a histria, o eu, o Deus e outros petrechos de classe mdia) estaja morrendo, mas ele, ou ela ainda est vivssimo entre os antroplogos. [] Ainda muito importante saber quem est falando. (p. 17)

AUTOR X ESCRITORAutor: produz obrasEscritor: produz texto

- H autores que produziram no apenas suas obras, mas que ao produz-las, produziram algo a mais: as possibilidades e as regras de formao de outros textos so cruciais no s para o desenvolvimento de disciplinas intelectuais , mas para a prpria natureza destas, algo que uma vez afirmado, fica flagrantemente bvio. (p.32) Ex: Benedict,Malinowisk e, Levi-Strauss

ESTAR L:Estar l em termos autorais, emfim, de maneira palpvel na pgina, um truque to difcil de realizar quanto estar l em pessoa, o que afinal exige, no mnimo, pouco mais do que uma reserva de passagens e a permisso para desembarcar, a disposio de suportar uma certa dose de solido, invaso de privacidade e desconforto fsico, uma certa serenidade diante de excrecncias corporais estranhas e febres inexplicveis, a capacidade de permancer imvel para receber insultos artsticos, e o tipo de pacincia necessria para sustentar uma busca interminvel de agulhas invisveis em palheiros invisveis. (p.38)

ESTAR AQUI, DE QUEM A VIDA AFINAL?Crtica de Geertz ao ps-modernismo

Existncia de um nervosismo generalizado entre os antroplogos que acarreta em ataques desconstrutivistas a obras cannicas e a prpria ideia do cnone;

Convocao reflexo, ao dilogo, heteroglossia, ao jogo lingustisco, traduo perfomativa, aos registros literais e narrativa ma primeira pessoa como formas de cura.

No se pode fugir ao nus da autoria, por mais pesado que ele se tenha tornado; no h possibilidade de transfer-lo para o mtodo, a linguagem, as prprias pessoas redescritas (apropriadas seria um termo melhor) como co-autoras. (p.177)

O ANTROPLOGO E SUA MAGIA Vagner Gonalves da SilvaTrabalho sobre pesquisas etnogrficas em comunidades religiosas afro-brasileiras

OBJETIVOS DO TRABALHO

Discutir a presena do antroplogo no campo, as diferentes dimenses de relacionamentos dele com os grupos estudados;O modo pelo qual esses relacionamentos se refletem na pesquisa;Como se d a passagem do campo ao texto etnogrfico;De que forma os textos so lidos pelos grupos estudados, sua influncia no meio religioso e para a prpria pesquisa etnogrfica;

Metodologia:Levantamento bibliogrfico, entrevistas e dilogos gravados com antroplogos e religiosos.

ANLISE SOBRE A ESCRITA DE O ANTROPLOGO E SUA MAGIATrabalha com intersubjetividade: o prprio autor discute e escreve sobre a sua experincia de campo e insero no campo religioso;No h linearidade na escrita, apresenta fragmentaes que ganham sentido quando lidas em conjunto;A diviso do livro feita a partir de ncleos temticos (no de captulos), utiliza ttulos metafricos. Ex: minhas perguntas, suas tartarugas , observando Alice observando;Assume etnografia como de carter provisrio, parcial e inventivo

ASPECTOS DO TRABALHO ETNOGRFICO pela viso de antroplogos e nativos

Metodologia e trabalho de campo:Roberto Motta: No princpio realmente eu tentei fazer um trabalho baseado em entrevistas e questionrios [] mas descobri que no chegaria muito longe se eu no participasse [] Porque o sacrifcio aparece muito pouco nas verbalizaes do povo de santo.

Como os nativos encaram o trabalho etnogrficoPrsio Silva: O que foi, minha me?Nilzete: Estou dando uma explicaozinha a eles, que no seja muitoP.S: No explique muito que esses meninos so da USPeles conhecemN: No tem problema, eu tambm conheoP.S: Se explicar tudo eles no voltam maisN: No, estou explicando a eles alguma coisa.P.S: D o rumo s.N: No fundamento. Estou falando um monte de coisas para ele que realidade. O candombl t uma evoluo. Porque s vezes eles tm a teoria e no tem a prtica e ns temos a prtica e no temos a teoria.

Sandra Medeiros (yalorix)Eu acho que se o pesquisador realmente se conscientizar que o aw, o segredo, tem que ser respeitado, tudo bem [ a iniciao do pesquisador]. Agora ele iniciar visando sair dali e escrever uma tese sobre a iniciao dele, como raspou, matou o bicho, como ele sentiu, a eu acho que vamos ter um Verger da vida. Agora tem muito pesquisador que se aproxima de uma casa, recebe o cargo de og e paga a iniciao do colega pra pra poder assistir, e enquanto tiver esse tipo de coisa a religio vai definhando; mas a gente vai sobreviver aos pesquisadores.

Aulo Barreti (babalorix)Aulo Barreti: Como entrevistado, eu acho que ficou muito cmodo pra voc fragmentar a entrevista e coloc-la na temtica que voc escolheu.Vagner: Isso uma crtica que todo mundo faz. Mas, por outro lado, qual a soluo? Colocar discurso inteiro? Em algumas partes do texto eu at coloquei perguntas e respostas para dar ideia do que eu perguntei e do que foi respondido.Aulo Barreti: Eu achei que voc camuflou muito o que queria perguntar. No sei se foi uma defesa para obter respostas. No sei se foi um mtodo seu. No meu modo de encarar, faltou muito mais lealdade do pesquisador com o entrevistado.Vagner: Mas em que sentido?Aulo: Naquilo que voc realmente queria saber, objetivar.Vagner: No seu caso, em que momento voc sentiu que havia essa deslealdade?Aulo: Eu s percebi essa deslealdade quando li o trabalho. O fragmentado. Eu no lembro assim, em detalhes. Eu acho que voc me deixou discursar de uma maneira muito ampla, fragmentou aquilo em perguntas especficas e que em perguntas especficas, jamais responderia aquilo. No sei se voc procurou essa espontaneidade, mas para mim esta procura, o modo de voc procurar, foi errada. O modo de perguntar foi errado []

TRANSFORMAO (OU NO) DO ANTROPLOGO A PARTIR DA ETNOGRAFIA

Roberto Motta: Eu tinha ido uma ou duas vezes ao Xang, como se diz em Recife, mas como curioso. Eu no tinha nenhuma ligao. Senti at uma certa repugnncia: o peji com as obrigaes. Mas a partir de maro de 73, eu comecei a ir muito intensamente ao campo. A eu passei por uma outra grande transformao muito importante na minha vida que foi adquirir uma nova cultura, a cultura afro-brasileira. Quer dizer, eu me deixei impregnar pelo afro-brasileiro. Comecei a sonhar, a pensar afro-brasileiro

TRANSFORMAO (OU NO) DO ANTROPLOGO A PARTIR DA ETNOGRAFIA

Rita Amaral: A Sylvia disse: Voc precisa dar um obi para reforar o orix. Vai ter a festa das guas de oxal. Eu falei: Olha, me Sylvia, eu no acredito que rituais possam resolver problemas. Eu estou aqui fazendo outra coisa. Eu posso ser hipcrita e me submeter, no me custa nada, mas isto no sincero. Isto no de corao mesmo. Ento no justo para a casa. Eu acho melhor ser uma amiga de vocs do que entrar nessa com hipocrisia. []