GAME CHANGERSSurfing the wave

of technology disruption

síntese

A nova vaga tecnológica, considerada como a 4ª revolução

industrial devido ao seu impacto, envolve – como em todos

os processos de transformação industrial ocorridos desde

o século XVIII – disrupção de conceitos e de tecnologias.

no entanto, a elevadíssima velocidade de transformação

a que ocorre e a força aceleradora da combinação das várias

tecnologias, aumenta o seu impacto e potencial disruptivo.

são cada vez maiores os sinais de obsolescência e de falência

de antigos negócios, e de nascimento e crescimento acelerado

de novos negócios e empresas. esta revolução tecnológica

coloca desafios sem precedentes a determinados modelos

de negócio e ao próprio mercado de trabalho.

T-Wave

* Unicórnios: startups ou empresas

jovens com um elevado potencial

de crescimento e que atingem

uma avaliação de mil milhões

de euros num curto espaço tempo

Os incumbentes estão em risco e os unicórnios* multiplicam-se.

We are on the brink of a new T-Wave – a technological wave, which no one knows how to ride“

”

Oportunidades

computação na nuvem

€6,2 biliões

€6,2 biliões

€1,9 biliões

€4,7 biliões

internet móvel

Estimativas dos benefícios económicos a nível global da disrupção tecnológica, em 2025, e impactos no emprego(estimativas de variação anual)

€10,8 biliões

€6,7 biliões

€0,5 biliões

€0,5 biliões

€0,6 biliões

€1,1 biliões€1,6 biliões

** generalização dos sensores

*** em especial, os desenvolvimentos ao nível da sequenciação,

da modificação genética e da análise big data

Fontes: Relatório PCs Game

Changers, 2016, baseado em

diversos estudos e autores:

McKinsey Global Institute, 2013

e 2015; the Boston Consulting

Group, 2015; susskind et al.,

2015; DBt Center, 2015; Hobbs R.

et al., 2015; Goodman M., 2015;

schneider, B., 2015

inteligência artificial

big data

impressão 3D

veículos autónomos

“internet das coisas” **

novos robots

genómica***

aplicações da nanotecnologia e dos novos materiais na medicina

armazenamento de energia€2 biliões

tecnologias limpas, energias renováveis e redes de energia

criação de 3 milhões

de novos empregos

na europa até 2020

potencial de milhões de

novos empregos nos países

em desenvolvimento

criação de novos empregos

de I&D e engenharia;

destruição de empregos

em montagem industrial

rápido crescimento

na área da biologia;

disrupção nos modelos

de cuidados de saúde

redução, a nível global,

de 610 000 empregos

em áreas de produção

e montagem, mas criação

de 960 000 novos postos

de trabalho em tI e análise

de dados

efeitos disruptivos no setor

dos transportes de mercadorias

e de passageiros

potencial de novos empregos

em I&D, devido à aposta

e investimento nesta área

potencial de forte disrupção

no setor energético, com impacto

nas utilities energéticas

e aumento das renováveis

e microgeração; oportunidades

de novas empresas e modelos

de negócio

exigência de elevado nível

de inovação e competências

técnicas nas empresas

aumento de 50%

na produtividade

de cada trabalhador

do conhecimento

forte necessidade de

adaptação e evolução

dos profissionais em

muitas áreas: medicina,

auditoria, gestão, logística,

planeamento, gestão

de infraestruturas, etc.

geração de novos

empregos nestas áreas;

necessidade de reconversão

de empregos e modelos

de negócio nas utilities

energéticas

Desafios para PortugalIf we want to take advantage of the big wave, we better start learning how to surf it“

1

2

”TemOs de preparar pOrTugal para esTa revOluçãO TecnOlógica

“O que faz desTe desafiO um game changer sãO as pessOas e nãO as TecnOlOgias.”

enfrentar os riscos de obsolescência,

desajustamento e inviabilidade

na economia e no mercado

de trabalho causados pela presente

revolução tecnológica, representa,

mais do que uma inevitabilidade,

uma oportunidade que deve ser

abraçada com ousadia, abertura,

inovação e empreendedorismo.

• De que forma as tecnologias disruptivas afetarão as empresas, a sociedade, os mercados, a legislação e a regulação?

• Que competências necessitamos para “surfar” de forma competente e vencedora esta vaga tecnológica, gerando crescimento e emprego?

• Quais as reformas necessárias no sistema científico, nas empresas e no Estado?

Fontes: Relatório PCs Game Changers, 2016,

baseado em Robinson, s. et al., 2015

3nOvOs desafiOs aOs incumbenTes

Tmg aUTomoTive

de um modelo tradicional

de subcontratada, passou a ser

reconhecida pelos seus produtos

e processos inovadores, detendo hoje

uma marca forte e referenciada como

um dos principais fornecedores

de fabricantes automóveis líderes

de mercado

inTrosys e moToFil roboTics

fornecedoras de sistemas avançados

de robótica a algumas das principais

indústrias transformadoras

na europa em vários setores

industriais (automóvel, têxtil, retalho),

demonstrando que é possível

competir com os melhores nesta área

TimWe

fundada em 2002 como uma

empresa de distribuição de conteúdos

digitais para operadores europeus,

evoluiu para se tornar uma empresa

global de serviços na área da

internet e computação móvel, com

soluções completas para empresas,

operadores, governos e consumidores

Portugal deve ‘surfar’ a onda tecnológica

valorizando e privilegiando a sua herança histórica

e cultural.

Um bom exemplo da desejada inovação no nosso

país é a transformação e a reconversão do antigo

Mercado da Ribeira, um mercado tradicional,

dos mais antigos e emblemáticos da cidade

de Lisboa. O Mercado da Ribeira Time Out, hoje

um dos principais destinos gastronómicos da

cidade, nasce da fusão entre tradição, criatividade

e inovação, podendo encontrar-se, no mesmo

espaço, produtos tradicionais portugueses e a

cozinha dos mais inovadores e conceituados

chefs do país.

Esta é a estratégia que defendemos para

Portugal: uma combinação entre inovação

e identidade, canalizando a atividade

empreendedora e a disrupção tecnológica para

o que nos distingue culturalmente, valorizando

a nossa vantagem competitiva no espaço global.

Alguns dos setores nacionais mais

dinâmicos na exportação – veículos

automóveis, refinação, plásticos,

maquinaria e equipamento, utilities

da área da energia e operadores

de rede – enfrentarão grandes

desafios nos próximos 5 a 10

anos, que configuram riscos, mas

também significam oportunidades

de competitividade e de

internacionalização.

Alguns exemplos de adaptação de

incumbentes em Portugal:

4 enTrada de nOvOs empreendedOres

A nossa capacidade para superar os riscos e maximizar as oportunidades depende de uma

estratégia focada no conhecimento, empreendedorismo e inovação. Disso são já exemplo

as várias startups de base tecnológica criadas por empreendedores portugueses,

assim como a bem sucedida reconversão em setores tradicionais.

Por exemplo, o setor têxtil nacional ultrapassou, há mais de 10 anos, os impactos da

globalização através da aposta no design, nos novos materiais (nanofabrics) e na robótica.

A disrupção tecnológica abre novas

oportunidades às startups de base tecnológica.

VENIAM

aplicação da “internet das coisas”

à mobilidade sustentável

e à monitorização ambiental

FEEDZAI

utilização de algoritmos inteligentes

e de aprendizagem automática

para análise de risco empesarial

UNBABEL

utilização de algoritmos

de inteligência artificial

e crowdsourcing para

a tradução de textos e documentos

empresariais em múltiplas linguagens

TALKDESK

utilização da computação na nuvem

para desenvolvimento de um serviço

e modelo de negócio disruptivos,

que permite a criação low cost

e de acesso imediato (tipo ‘plug ‘n

play’), de contact centers para PMEs

FARFETCH

plataforma de comércio electrónico

de moda de luxo com base logística

em Portugal, primeiro unicórnio*

português, posicionando-se como

uma das empresas digitais europeias

mais promissoras

BEEVERYCREATIVE

fabrico de impressoras 3D e prestação

de serviços de impressão e modelação 3D,

para o setor doméstico e profissional,

incluindo aplicações industriais

LINEHEALTH

combinação de computação móvel,

computação na nuvem e “internet

das coisas”, para o setor da saúde

COIMBRA GENOMICS

sistema de apoio à decisão clínica

baseado na sequenciação genética

dos pacientes

5 disrupçãO e inTegraçãO TecnOlógica desTa revOluçãO indusTrial

DesenvolvimenTo Das smart

grids, o aUToconsUmo

a parTir De FonTes renováveis

e a eFiciência energéTica

não só o cidadão se tornará produtor

da sua energia, como os seus equipamentos

de consumo comunicarão entre si, de modo

a reduzir o consumo de energia

inTeligência arTiFicial e Tecnologias

De inFormação e De comUnicação

desenvolvimento de veículos conduzidos

automaticamente, com benefícios muito

significativos em termos de emissões,

segurança das pessoas e mobilidade

dos idosos

eqUipamenTos ajUsTaDos

à Dimensão Das molécUlas

podem ser usados para criar sensores

associados a tecnologias móveis,

criando novas aplicações

nanoTecnologia e genómica

potencial de desenvolvimento

de novos fármacos para o cancro

big DaTa com a genómica

pode revolucionar os cuidados

de saúde, descobrindo

doenças prevalecentes

em determinadas regiões

para portugal competir e vencer nesta nova vaga tecnológica é fundamental:• abordagem mais ambiciosa na área da educação e da investigação • salto quantitativo e qualitativo, nos próximos anos, na área do conhecimento

Seguir ou liderar a transformação mundial?

Esta nova vaga tecnológica gera:

+–

• ganhos de produtividade na economia • melhoria da vida de milhões de cidadãos

• dilemas e dúvidas nas questões de privacidade e confiança• alterações no mercado de trabalho e empregos:

instabilidade face ao presente e imprevisibilidade quanto ao futuro

• oportunidades e implicações na economia e nos mercados• implicações na sociedade e nos mecanismos de regulação

Está em causa perceber:

• rápida adaptação às novas tecnologias• capturar as vantagens de ser pioneiro• redução de custos• desenvolvimento de novos produtos• rápida entrada em mercado

Desafios para incumbentes e novos empreendedores:

RecomendaçõesPara que Portugal se possa preparar para a nova revolução tecnológica, a PCS recomenda:

1. PACTO EDUCATIVO PARA AS COMPETÊNCIAS TECNOLÓGICAS E DIGITALIZAÇÃO:

• ambicioso, estável e previsível, visando o desenvolvimento de competências dos alunos nas

novas áreas tecnológicas, num contexto letivo interdisciplinar, combinando rigor científico e

académico com criatividade e empreendedorismo. Implica a parceria entre Academia, em-

presas incumbentes e startups.

• fomentar o desenvolvimento de novos talentos na “classe de criadores” nas áreas da ciência,

engenharia, programação, artes, design, media, educação, saúde, finanças, gestão e direito.

• contribuição do sistema educativo para o desenvolvimento das competências da sociedade

na área digital, especialmente na reconversão e atualização dos trabalhadores dos setores

da indústria e dos serviços.

2. UMA REDE DE ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO:

• desenvolver novos clusters tecnológicos a partir de ecossistemas de inovação, que agreguem

sob a mesma estratégia de colaboração, inovação e internacionalização, grandes empresas,

startups, universidades e institutos politécnicos. Mais do que a posição do “cada um por si”

ou a perspetiva ilusória de que um país da dimensão de Portugal se pode afirmar interna-

cionalmente através de economia de escala, importa aplicar a lógica da economia de rede.

• incubação e liderança dos ecossistemas regionais e nacionais por “campeões tecnológicos”,

de preferência do setor privado. A dinamização destes ecossistemas terá de envolver pro-

gramas de aceleração, plataformas digitais de open innovation, projetos de investigação,

ações de capacitação e formação de quadros, estratégias de atração de capital de risco e

internacionalização.

3. POLÍTICAS E REGULAÇÃO AO SERVIÇO DO EMPREENDEDORISMO E DA INOVAÇÃO:

• transformar Portugal num país de atração de talentos, de projetos e de investimento asso-

ciados a esta vaga tecnológica.

• desenvolver políticas e mecanismos de regulação para fazer do empreendedorismo, da ino-

vação e da abertura à mudança, competências transversais a todos o setores e cidadãos.

• remover as barreiras regulamentares e administrativas à digitalização da economia.

• desenvolver políticas públicas de fomento de novas empresas tecnológicas e promover a

atração para o território nacional de iniciativas, empresas e projetos internacionais.

• administração pública deve liderar pelo exemplo: utilização de tecnologias de dados aber-

tos (open data) no relacionamento do estado com as empresas e com os cidadãos; adoção de

estratégias de digitalização de todos os processos internos e dos serviços prestados; apoio aos

cidadãos com menores competências na economia digital.

T-Surf

Garret McNamara fez história ao surfar uma das maiores ondas registada na história. As imagens percorreram o mundo inteiro e o fenómeno da onda da Nazaré ficou mundialmente conhecido, revolucionando a história do surf e transformando a pequena vila piscatória.

Hoje enfrentamos uma nova “onda”, uma vaga tecnológica ainda imprevisível face à sua dimensão e alcance, e que ninguém sabe bem como “surfar”. O que sabemos é que vai transformar a economia, os mercados e o trabalho, a um ritmo sem precedentes na história mundial.

Perante este fenómeno, temos duas opções: assistir sem nada fazer ou antecipar este movimento global.

Esta vaga tecnológica pode trazer grandes oportunidades para todos aqueles que estão preparados para a enfrentar. Os grandes movimentos de ruptura com o passado e os pontos de viragem na História – de que são exemplo as três revoluções industriais anteriores – trazem sempre novas oportunidades para os que têm a audácia de arriscar e abraçar a mudança, evoluindo com ela e participando no progresso.

A tecnologia é um meio, mas são as pessoas que podem catalisar a mudança.

Esta é a nossa oportunidade, não a podemos perder.

PCS, 2016

O Relatório da PCS Game Changers - Surfing the Wave of Technology Disruption resulta de um projeto de investigação da PCS conduzido pelo Prof. António Grilo, investigador convidado da PCS, e identifica os impactos e oportunidades desta vaga tecnológica para o nosso país. Propõe recomendações de polí-ticas públicas e de opções empresariais, capazes de potenciar o desenvolvimento de novas competências e de novos clusters de conhecimento e de inovação.

Conheça-o na íntegra em:www.crescimentosustentavel.org

Portugal não se pode alhear do debate sobre a revolução tecnológica, que comporta riscos e oportunidades e que gerará vencedores e vencidos.