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4339 FRUTOS, FRUTAS, LEGUMES, VERDURAS, HORTALIÇAS? “EU TENHO PARA VENDER QUEM QUER COMPRAR? ” O SABER POPULAR E CIENTÍFICO DA BOTÂNICA NO CENTRO DE ABASTECIMENTO DE BARREIRAS-BAHIA Kaline Benevides Santana (Instituto Federal da Bahia/Campus Barreiras) Feira de Mangaio é uma denominação de feira popular do nordeste brasileiro de onde se vende de tudo com preços bem acessíveis. É uma música conhecida como baião-forró que faz menção a muitos produtos de origem vegetal, e, foi no contexto dessa música, que desenvolveu-se uma oficina pedagógica com os alunos do curso de Licenciatura em Biologia modalidade à distância da Plataforma Freire da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) do município de Barreiras-Bahia. O objetivo da oficina foi estimular os estudantes a buscar novas formas de trabalhar a Botânica no que diz respeito aos seus diferentes temas e usos pelos seres humanos, utilizando o centro de abastecimento da cidade como espaço de culminância. Palavras-chave: Botânica, feira-livre, ensino. 1. A BOTÂNICA E A ESCOLA A palavra “botânica“ vem do grego botane que significa “planta”, que deriva, por sua vez, do verbo boskein, “alimentar”. Contudo, as plantas participam de nossas vidas de inumeráveis outras maneiras além de serem fontes de alimento (RAVEN, 2007). As plantas fornecem fibras para vestuário; madeira para mobiliário, abrigo e combustível; papel para livros; temperos para culinária; drogas para remédio e o oxigênio para a respiração. Todos os seres dependem das plantas. Segundo Raven (2007), além dessas utilidades, as plantas possuem um enorme apelo sensorial, melhorando a vida humana através de jardins, parques e áreas selvagens. O estudo desses seres nos garante, portanto, um entendimento melhor da natureza de toda a vida. Os vegetais variam em tamanho de menos de 1 cm até mais de 100 m de altura. A morfologia ou forma é também surpreendentemente diversa. Independente das suas adaptações específicas, todos os vegetais executam processos similares e estão baseados no mesmo plano arquitetural (TAIZ, 2010). O cormo, a forma de organização das plantas superiores (cormófitas), em sua configuração típica, está adaptada à vida terrestre. A parte vegetativa está fixada no solo por meio de uma raiz. Ela está organizada em caule e folhas. Assim o cormo consiste de três órgãos básicos: raiz, caule e folhas (NULTSCH, 2007). As folhas são tipicamente órgãos

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FRUTOS, FRUTAS, LEGUMES, VERDURAS, HORTALIÇAS?

“EU TENHO PARA VENDER QUEM QUER COMPRAR? ”

O SABER POPULAR E CIENTÍFICO DA BOTÂNICA NO CENTRO DE

ABASTECIMENTO DE BARREIRAS-BAHIA

Kaline Benevides Santana (Instituto Federal da Bahia/Campus Barreiras)

Feira de Mangaio é uma denominação de feira popular do nordeste brasileiro de onde se

vende de tudo com preços bem acessíveis. É uma música conhecida como baião-forró que faz

menção a muitos produtos de origem vegetal, e, foi no contexto dessa música, que

desenvolveu-se uma oficina pedagógica com os alunos do curso de Licenciatura em Biologia

modalidade à distância da Plataforma Freire da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) do

município de Barreiras-Bahia. O objetivo da oficina foi estimular os estudantes a buscar

novas formas de trabalhar a Botânica no que diz respeito aos seus diferentes temas e usos

pelos seres humanos, utilizando o centro de abastecimento da cidade como espaço de

culminância.

Palavras-chave: Botânica, feira-livre, ensino.

1. A BOTÂNICA E A ESCOLA

A palavra “botânica“ vem do grego botane que significa “planta”, que deriva, por sua

vez, do verbo boskein, “alimentar”. Contudo, as plantas participam de nossas vidas de

inumeráveis outras maneiras além de serem fontes de alimento (RAVEN, 2007).

As plantas fornecem fibras para vestuário; madeira para mobiliário, abrigo e

combustível; papel para livros; temperos para culinária; drogas para remédio e o oxigênio

para a respiração. Todos os seres dependem das plantas. Segundo Raven (2007), além dessas

utilidades, as plantas possuem um enorme apelo sensorial, melhorando a vida humana através

de jardins, parques e áreas selvagens. O estudo desses seres nos garante, portanto, um

entendimento melhor da natureza de toda a vida.

Os vegetais variam em tamanho de menos de 1 cm até mais de 100 m de altura. A

morfologia ou forma é também surpreendentemente diversa. Independente das suas

adaptações específicas, todos os vegetais executam processos similares e estão baseados no

mesmo plano arquitetural (TAIZ, 2010).

O cormo, a forma de organização das plantas superiores (cormófitas), em sua

configuração típica, está adaptada à vida terrestre. A parte vegetativa está fixada no solo por

meio de uma raiz. Ela está organizada em caule e folhas. Assim o cormo consiste de três

órgãos básicos: raiz, caule e folhas (NULTSCH, 2007). As folhas são tipicamente órgãos

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fotossintéticos, cuja estruturação plana possibilita um aproveitamento ótimo da luz. Pelo seu

crescimento geralmente ereto e uma filotaxia correspondente, o caule proporciona uma

disposição adequada das folhas para a incidência da luz, mesmo em condições de

sombreamento. Além disso, ele assume o transporte de água e sais nutritivos. A absorção é

realizada nas raízes que também servem como órgãos de fixação, chegando às folhas

(NULTSCH, 2007).

Os órgãos essencialmente reprodutores flores e frutos, são representadas pelas plantas

Fanerógamas e, por apresentarem sementes são também denominadas de Espermatófitas.

(Vidal, 2003). As flores produzem frutos, sem elas estes não se formam. O fato de as flores

investirem das mais variadas cores, de apresentarem formas perfeitas ou bizarras, ou de

desprenderem aromas geralmente agradáveis, como o dos jasmins ou das magnólias, revela

um mecanismo natural de atração para animais, os quais ao visitarem as flores em busca de

alimentos, promovem a polinização, marcando o início dos fenômenos que conduzirão à

formação dos frutos (VIDAL, 2003).

A finalidade biológica do fruto é ser um envoltório protetor para a semente, ao mesmo

tempo em que assegura a propagação e perpetuação das espécies O fruto é o ovário

desenvolvido com as sementes já formadas; ou pode ser ainda constituído de diversos ovários

e ter ou não estruturas acessórias individuais.

Os frutos têm grandes variações estruturais. Estas por sua vez, dependem da natureza

ou das variações que existem na organização do gineceu das flores. Mais ainda, muitas vezes

o fruto não é formado unicamente pelo ovário da flor, visto que outras peças podem estar

representadas nos frutos, como: pedúnculo, receptáculo, cálice e brácteas. (VIDAL, 2003).

Graças a sua autossuficiência alimentar, as plantas não dependeram de outros seres

vivos para se estabelecer em terra firme, conquistaram inúmeros ambientes e se

diversificaram. Se esses organismos não tivessem ocupado os continentes, se desaparecessem,

a sobrevivência humana e de milhões de espécies animais ficaria seriamente ameaçada uma

vez que se alimentam direta ou indiretamente de plantas.

Verificando a importância inquestionável das plantas para os seres humanos e para o

equilíbrio ecológico do planeta, era de se esperar que no âmbito escolar, a Botânica fosse uma

temática de fácil aceitação e compreensão pelos alunos, entretanto, ocorre o oposto. Segundo

Menezes (2008), apesar de muitos motivos serem apontados para tal desinteresse o ponto

fundamental parece ser a relação que nós seres humanos temos com as plantas, ou melhor,

com a falta de relação que temos com elas. O fato desses seres não interagirem diretamente

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com o homem e serem estáticos, ao contrário dos animais, pode justificar o distanciamento

dos estudantes.

Conforme Bocki (2011), não é somente a forma como a botânica é ensinada nas

escolas existe uma discrepância curricular apresentada pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) e nas Orientações Curriculares entre o Ensino Fundamental e Médio,

respectivamente de Ciências Naturais e de Biologia. A referida autora comenta que os PCNs

do ensino médio, por exemplo, não apresentam ou abordam um enfoque empírico, nem

específico direcionado somente para estudo da Botânica, que aparece como figurante neste

cenário, bem atrás do protagonista, a biodiversidade.

Nesse contexto, muitas vezes os alunos e a própria comunidade utilizam termos quem

em Biologia não tem valor botânico, mas que entre eles são aceitos culturalmente. O termo

fruta, por exemplo, é considerada, apenas aquilo que tem sabor agradável e verdura, um termo

usualmente utilizado na área nutricional, agrícola e culinária, como planta ou suas partes,

geralmente consumidas por humanos como alimento. Conforme o Ministério da Saúde em sua Resolução nº 12/79, verdura é a parte

geralmente verde das hortaliças, utilizada como alimento no seu estado natural, sendo que o

produto é designado simplesmente por seus nomes comuns: alface, chicória, almeirão, couve,

etc. Nessa mesma resolução o legume é designado como o fruto ou semente de diferentes

espécimes de plantas. Ex.: chuchu, abobrinha, berinjela, etc.

Segundo Santos e Ceccantini (2004) nem sempre o reconhecimento e a diferenciação

de todas as partes das plantas são feitos facilmente, levando a identificação errônea de

algumas partes, por exemplo, muitas pessoas classificam alguns caules subterrâneos como

raízes.

Portanto, verifica-se que em relação à botânica, os significados desses termos não

correspondem à sua função ou morfologia correta. Cabendo ao professor mostrá-los de

maneira que o discente saiba identificar as partes e propriedades das plantas não excluindo o

seu saber popular que é inerente do seu processo histórico/cultural.

Dessa maneira, discutindo o modelo tradicionalista e a possibilidade de adequar o

ensino aprendizagem por meio de novas práticas pedagógicas, para a temática Botânica, os

estudantes de Licenciatura em Biologia da Plataforma Freire Campus IX – Barreiras/BA

precisavam alterar esse quadro de desinteresse e, através de estratégias didáticas

contextualizadas e dinâmicas apresentarem para seus futuros alunos e para a comunidade

barreirense a botânica de maneira interessante partindo de seus conceitos prévios aprendidos

ao longo do tempo.

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2. A OFICINA: CONSTRUÇÃO E EXECUÇÃO

A oficina se caracteriza como uma estratégia do fazer pedagógico onde o espaço de

construção e reconstrução do conhecimento são as principais ênfases. É lugar de pensar,

descobrir, reinventar, criar e recriar, favorecido pela forma horizontal na qual a relação

humana se dá. Pode-se lançar mão de músicas, textos, observações diretas, vídeos, pesquisas

de campo, experiências práticas, enfim vivenciar ideias, sentimentos, experiências, num

movimento de reconstrução individual e coletiva (ANASTASIOU; ALVES, 2004)

Nesse sentido, é preciso diversificar, escolhendo temas que ofereçam ferramentas que

promovam o aprendizado do aluno. Para tanto, utilizou-se a música Feira de Mangaio do

compositor Sivuca (1930-2006) para contextualizar toda a atividade. Feira de Mangaio é um

tipo de feira popular onde se vende de tudo com preços bem acessíveis e mangaieiros são os

profissionais do "mangaio", ou seja, são os camelôs no nordeste. Nesta música, o referido

autor descreve muitos produtos vendidos na feira, inclusive os de origem vegetal: “Fumo de

rolo... bolo de milho, broa e cocada... pé de moleque, alecrim, canela... farinha, rapadura e

graviola...”; e este foi o ponto de partida para iniciar os trabalhos.

O título da oficina foi uma paráfrase da própria música: Frutos, frutas, legumes,

verduras, hortaliças? “Eu tenho para vender quem quer comprar?”. A proposta veio para

despertar nos alunos de Licenciatura em Biologia, futuros professores, o interesse pelo estudo

da Biologia Vegetal, uma vez que no âmbito escolar, a Botânica é vista de maneira secundária

com um ensino fragmentado e descontextualizado.

A oficina foi ministrada para alunos do oitavo semestre do curso de Licenciatura em

Biologia do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR). O

Parfor é um Programa emergencial instituído pelo Ministério da educação para atender o

disposto no artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado

em regime de colaboração entre a Capes, os estados, municípios o Distrito Federal e as

Instituições de Educação Superior – IES.

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus IX no município de Barreiras é a

instituição superior responsável por coordenar o curso, cuja modalidade é à distância, com

encontros presenciais mensais. Os alunos eram professores licenciados que já estavam em

exercício há pelo menos três anos na rede pública de educação básica e que atuavam em área

distinta da sua formação inicial. Por exemplo, lecionavam as disciplinas ciências e, ou

biologia, mas eram formados em outra área como pedagogia, história, geografia, e que, por

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falta de docentes da área específica em suas instituições de ensino, ministravam aulas dessas

disciplinas.

A proposta foi trabalhar os termos botânicos e as aplicabilidades das plantas do grupo

das Angiospermas. Inicialmente, houve um momento teórico em sala de aula com carga

horária de dez horas, posteriormente, confecção do projeto para a culminância com carga

horária de 15 horas e, por fim execução das propostas dos trabalhos no centro de

abastecimento da cidade de Barreiras-Bahia (CAB).

O primeiro momento da oficina foi destinado a provocar e apresentar a botânica para

os alunos. Foi realizada uma dinâmica intitulada: Você sabe o que come? Nessa atividade, a

sala de aula foi transformada em uma verdadeira feira, onde foram dispostos inúmeros

produtos de origem vegetal e que são vendidos nos centros de abastecimento. Os alunos

tinham que colocar em cestas identificadas com os órgãos das plantas (Raiz, caule, folha, flor,

fruto e semente) os vegetais que acreditavam corresponder e, ao som do forró Feira de

Mangaió, iniciou-se a dinâmica.

Apesar de estarem no oitavo semestre, os alunos do curso apresentaram deficiências

quanto ao conteúdo proposto e, dessa maneira a como se previa, muitos se equivocaram e não

conseguiram colocar de maneira correta o órgão que correspondia àquele vegetal. A partir dos

erros, começou-se a aula teórica para fortalecimento do conhecimento botânico.

Foi realizada uma atividade (Tabela 2) de interpretação com a música Feira de

Mangaio (Tabela 1) para identificação dos termos botânicos e aplicabilidade das plantas

destacadas no texto da canção. O segundo momento da oficina foi destinado à disposição dos

grupos, sorteio dos temas e elaboração de miniprojeto de intervenção pelos professores-alunos

com a temática central da Oficina. Foram dispostos seis grupos e entre eles sorteadas seis

temáticas (raiz, caule, folha, flor, fruto e semente). Após sorteio, foi explicado aos alunos que

elaborassem um miniprojeto de intervenção a ser executado no Centro de abastecimento de

Barreiras (Figuras 1 e 2). A proposta foi elaborar metodologias que ao serem colocadas em

prática, levassem para os transeuntes do centro de abastecimento, o conhecimento científico

botânico de maneira lúdica, criativa e com uma preocupação, não criticar o conhecimento

popular ou diminuí-lo. Os dias que antecederam a culminância foram destinados à elaboração

dos materiais para a intervenção tais como modelos didáticos, folders, banners e produtos

diversos.

Foi confeccionada uma faixa para identificação da barraca (Figura 3) e, no dia da

culminância, a partir das seis horas da manhã, os alunos começaram a organizar seus

materiais e produtos para a exposição.

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Tabela 1: Música Feira de Mangaio

Feira de Mangaio Sivuca (1930-2006) e pela esposa Glorinha Gadêlha (1947).

Fumo de rolo arreio de cangalha

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Bolo de milho broa e cocada

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pé de moleque, alecrim, canela

Moleque sai daqui me deixa trabalhar

E Zé saiu correndo pra feira de pássaros

E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua

Onde o mangaieiro ia se animar

Tomar uma bicada com lambu assado

E olhar pra Maria do Joá (2x)

Cabresto de cavalo e rabichola

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Farinha rapadura e graviola

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pavio de cadeeiro panela de barro

Menino vou me embora

Tenho que voltar

Xaxar o meu roçado

Que nem boi de carro

Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua

Fazendo floreio pra gente dançar

Tem Zefa de purcina fazendo renda

E o ronco do fole sem parar (2x)

Eiii forró da mulestia..

Fumo de rolo arreio de cangalha

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Bolo de milho broa e cocada

Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pé de moleque, alecrim, canela

Moleque sai daqui me deixa trabalhar

E Zé saiu correndo pra feira de pássaros

E foi passo-voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua

Onde o mangaieiro ia se animar

Tomar uma bicada com lambu assado

E olhar pra Maria do Joá

Mais é que tem um Sanfoneiro no canto da

rua

Fazendo floreio pra gente dançar

Tem Zefa de purcina fazendo renda

E o ronco do fole sem parar

Eitaa Sanfoneiro da gota

serena...

Fonte: Álbum Dominguinhos, Sivuca e Oswaldinho, 2004.

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Tabela 2: Atividade de interpretação e análise da música Feira de Mangaio

A partir da leitura e análise da música, destaque os termos relacionados às plantas e

preencha a tabela as seguir:

RAIZ CAULE FOLHA FLOR FRUTO SEMENTE

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

TERMO/

USO

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Figura 1: Centro de Abastecimento de Barreiras (CAB).

Figura 2: Feira Permanente do CAB.

Figura 3: Barraca “Você sabe o que come?” Ao lado a Feira permanente

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Os grupos com as temáticas raíz, caule, fruto e semente apresentaram à comunidade de

Barreiras de maneira criativa, as explicações aceitas na academia, no que tange à Botânica. O

grupo de caule elaborou receitas para degustação, trouxe vários exemplos de plantas com seus

caules identificados cientificamente e distribuíram folders explicativos (Figura 4 e 5).

O grupo raiz também levou inúmeras raízes identificadas com seus nomes científicos e

informes medicinais, assim como o grupo de sementes (Figura 6). Cartazes informativos e

bancas de frutas, fruto e pseudofrutos foi montada para degustação e explicação realizada pelo

grupo de frutos (Figura 7).

Figura 4: Grupo Caule: plantas identificadas e pratos para degustação

Figura 5: Folders explicativos do grupo caule e exemplos de caule

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Com microfone e caixa de som os alunos informavam e chamavam a comunidade

para visitar a barraca "você sabe o que come?" ao som da música forro de Mangaió (Figura

8). A culminância transcorreu até o fim da manhã. Foi solicitado a cada grupo que

confeccionasse um relatório de toda a oficina e entregasse após uma semana da execução do

projeto.

Figura 6: Raízes e sementes identificadas

Figura 7: Grupo Fruto

Figura 8: Alunas no microfone chamando a comunidade.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se que os resultados obtidos com a proposta: Frutos, frutas, legumes,

verduras, hortaliças? “Eu tenho para vender, quem quer comprar?” Estavam em conformidade

com os objetivos propostos na oficina livre e foram atingidos. Os alunos do curso em

Licenciatura da PARFOR através da primeira etapa da oficina conheceram os mecanismos de

desenvolvimento das plantas até fase adulta; sua morfologia e função; reconheceram a sua

importância para alimentação, fonte de fotossíntese, medicinal, vestuário dentre outros para os

seres humanos e animais; identificaram a morfologia dos órgãos das plantas: raiz, caule,

folha, flor e fruto; na segunda e terceira etapa desenvolveram e aplicaram práticas que foram

divulgadas para a comunidade barreirense, despertando assim o interesse pelo estudo da

Biologia Vegetal.

Incentivar e motivar os professores-alunos do Curso de Biologia da PARFOR do

Campus IX da UNEB a desenvolver estudos sobre problemáticas atuais em sala de aula nesse

caso a temática Botânica foi um dos principais objetivos alcançados com essa proposta.

Acreditamos que o trabalho desenvolvido despertou nos futuros professores o desejo

de desenvolver atividades lúdicas e voltadas para o cotidiano da comunidade na qual estão

inseridos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MENEZES, L.C.; et al. Iniciativas para o aprendizado de Botânica no Ensino Médio. In:

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NULTSCH, WILHELM. Botânica Geral. 10 ed. São Paulo, Artmed, 2007.

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PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DO TERCEIRO E QUARTO CICLOS

DO ENSINO FUNDAMENTAL. Disponível em: <

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf>. Acesso junho 2013

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d=98> Acesso junho 2013.

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