frases que mudaram a histÓria - relatório

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Relatório do projeto final "FRASES QUE MUDARAM A HISTÓRIA", de Eduardo Franco

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PUC - Rio | Departamento de Artes e Design

Projeto Final de Design - Comunicação Visual

Orientadores: Evelyn Grumach, Fabio Lopez e João de Souza Leite

03 de Dezembro de 2013

3

4

agradecimentos

5

Gostaria de agradecer aos meus professores e orientadores que, de alguma

maneira influenciaram minha formação até o momento, em especial a

Elizabeth Grandmasson, Evelyn Grumach e João de Souza Leite.

Ao Fabio Lopez, que acompanhou o desenvolvimento semanal deste projeto,

e possui grande responsabilidade pelo resultado final que se apresenta agora,

por seus valiosos comentários, conselhos e indicações. Por ajudar a moldar

minha visão atual do design.

Aos amigos que compartilharam dúvidas e questionamentos,

opinaram e criticaram o projeto;

À minha família, pais e irmãos, além da minha namorada, que apoiaram,

acompanharam, comentaram e criticaram o projeto desde seu nascimento

até as últimas noites mal-dormidas e finais de semana de trabalho.

À equipe do Laboratório de Produção Gráfica da PUC, que prestou

fundamental ajuda na produção gráfica dos cartazes.

6

sumário

7

introdução

pesquisa introdutória

escolha/categorização das frases

enunciados

processo de trabalho

produção gráfica & marca

considerações finais

referências bibliográficas

créditos de imagens

08

12

18

22

26

64

72

76

78

8

introdução

“Quando falamos de design,

estamos falando do bom

design, e ele funciona quando

é pensado e explicitado nos

limites das circusntâncias do

nosso mundo, quaisquer que

sejam.” Ivan Chermayeff

9

Existiram, no decorrer da história, grandes momentos, e grandes teorias ou

pensamentos, que foram eternizados por frases perfeitamente colocadas e

construídas, que não apenas expressam um conteúdo interessante, como se

apresentam em um nível de construção verbal elevado. São frases altamente

expressivas, amplamente conhecidas e repetidas. Este projeto tem como

desafio representar visualmente algumas dessas frases.

Um exercício elementar - mas nem por isso simples - do design gráfico e

da comunicação visual, que traz questões como: de que forma o discurso

verbal é representado na visualidade? Como esse discurso é interpretado e

transformado neste processo de representação gráfica? Como os elementos

mais fundamentais do design gráfico (tipografia, cor, elementos pictóricos e

layout) se apresentam e se combinam para criar jogos visuais interessantes?

10

Além disso: como as soluções gráficas podem representar categorias e

organizar os conteúdos sistematicamente? Com base nessa questão, parte

importante do processo era a noção de que o projeto não se tratava apenas

de nove cartazes, mas sim de uma coleção de nove cartazes, onde haveria

um sistema muito claro e evidente de organização.

O foco foi utilizar o design como ferramenta de manipulação de linguagens

para criar objetos de comunicação que atendam a dois principais objetivos:

Alcançar um resultado visualmente interessante, do ponto de vista estético;

e expandir a compreensão e reflexão sobre determinadas ideias

(representadas pelas frases).

O processo que guiou a produção deste projeto ocorreu de forma não-

linear, com constantes voltas, reconsiderações e reestudos de questões.

Mas, de modo geral foi pautada por: Pesquisa da história do design gráfico,

com especial atenção à produção de cartazes; Estudo teórico de conceitos

básicos de design gráfico (elementos de composição) e do desenvolvimento

de sistemas visuais no design; Levantamento e curadoria das frases;

Desenvolvimento dos cartazes (criação e produção gráfica); e Desenvolvimento

de material de apoio - os cartazes como produto e como marca.

Neste relatório tentarei, de maneira breve, explicitar os principais momentos

do processo de quase um ano deste projeto, trazendo as principais questões

e discussões levantadas ao longo do ano, e justificando as decisões tomadas.

Na busca do “bom design”, este projeto tentou definir claramente um

problema a ser resolvido, e estudou as mais diversas formas de resolver

esse problema, tentando se adequar ao contexto em que ele se insere.

11

12

pesquisa introdutória

13

“As histórias social, política e econômica

fazem parte da história do design gráfico

como conteúdo. Temos de estudar o

design como parte da história social,

mas também devemos estudá-lo como

força independente na sociedade.”

“O conhecimento da história do design

pode ajudar os designers a ir além do

estilo e da superfície e a entenderem

em níveis mais profundos o trabalho

que realizam.” Philip Meggs

14

O estudo da história foi de grande importância neste projeto,

que tinha como objetivo representar frases que mudaram

a história, do ponto de vista político, histórico e filosófico.

Pretendia fazê-lo utilizando o cartaz como suporte. O cartaz

é um dos principais meios de comunicação e expressão do

design gráfico e, portanto, decidi que o primeiro passo neste

projeto seria um estudo da história do design gráfico, com

foco na produção cartazista.

Realizei uma importante exploração da história, guiado pelo

livro “História do design gráfico”, de Philip Meggs. Busquei

analisar, ao longo das diversas épocas e estilos, o cartaz e

sua função de transmissão de ideias e mensagens de modo

visual. O intuito do estudo foi pautado por uma análise de

alguns aspectos principais: A função do cartaz; o método

de produção adotado; o estilo; e características formais que

tornam o objeto em questão singular.

Que funções o objeto cartaz desempenhou nas diversas

épocas e culturas estudadas? Que tecnologias eram

empregadas na produção (projectual e de impressão)

dos cartazes? Como essas tecnologias influenciaram nas

características formais do design do cartaz? Como o design

foi influenciado por estilos artísticos (e pelos contextos sócio-

culturais de modo geral) presentes em sua circunstância de

criação e veiculação? Que características (tipografia, formato,

organização de grid, cores, organização de elementos,

quantidade de elementos e informação, nível de abstração e/

ou simbolismo, etc) estão presente em que tipos de cartazes?

15

Buscando responder essas questões, passei pelos mais

diversos estilos, momentos e movimentos do design gráfico

mundial, observando o trabalho de nomes como Jules

Cherét, Lautrec e Mucha (Art Nouveau); Alfred Roller e

Peter Behrens (Secessão Vienense); John Heartsfiels (Dadá);

Kandinski (Expressionismo); Beggarstaffs, Dudley Hardy

e Lucian Bernhard (Modernismo Figurativo e Plakatstil);

McKnight Kauffer, A. M. Cassandre e Austin Cooper

(Art Déco); Kassímir Maliévitch e Aleksandr Ródtchenko

(Suprematismo e Construtivismo Russo); Mondrian (De Stijl);

László Moholy-Nagy, Herbert Bayer e Mies Van der Rohe

(Bauhaus); Jan Tschichold (Nova Tipografia); Lester Beall e

Jean Carlu (Movimento Modernista nos Estados Unidos); Ernst

Keller, Théo Ballmer e Max Bill, Adrian Frutiger, Herman Zapf

e Josef Müller-Brockmamn (Estilo Tipográfico Internacional

– Design Suíço); Paul Rand e Bradbury Thompson (Escola

de NY); Don Egenstein, Gene Federico e Herb Lubalin

(Expressionismo Tipográfico nos Estados Unidos); Tadeusz

Trepkowski (Cartaz Polonês); Milton Glaser, James McMullan

e Lou Danziger (Imagens Conceituais Norte-Americanas);

Gunther Kieser e Gunter Rambow (Poetas Visuais da Europa);

Paula Scher, Luba Lukova e Philippe Apeloig (Design Pós-

Moderno), entre tantos outros nomes e estilos.

Pude observar inúmeros recursos, técnicas e estilos, e

conclui, de modo bem geral, que o cartaz é um objeto de

comunicação tradicionalmente eficaz na transmissão de

informação por meios visuais, misturando texto e imagens de

modo coeso e harmonioso. O cartaz possui primordialmente

16

dois objetivos: o de chamar atenção para si; e o de informar.

Portanto, sua organização visual deve buscar essas duas metas.

Na etapa de anteprojeto (que pode ser melhor compreendida

através da leitura do relatório, disponível em http://issuu.

com/eduardo_franco/docs/relatorio_anteprojeto_eduardo_

franc), ainda estudei conceitos, teorias e práticas da

produção de projetos de comunicação visual, com base

na bibliografia de Timothy Samara; e questões sobre o

desenvolvimento de sistemas em design, através do livro

“Cartazes Musicais”, de Kiko Farkas, com textos de João de

Souza Leite, Paula Scher e Arthur Nestrovski.

Essa base teórica influenciou o trabalho realizado nos últimos

meses. Apesar de não possuir relações diretas com estilos de

cartazes antigos, ter conhecido, estudado e compreendido (ao

menos em parte) o que já foi feito (e como foi feito) ao longo

da história, gerou um repertório de recursos visuais muito rico

que, sem dúvidas, foi importante na produção deste projeto.

Paralelamente a esse estudo teórico, iniciei um projeto

em que desenvolvi cerca de 40 cartazes tipográficos, com

temas musicais (disponível em http://cartazestipograficos.

tumblr.com). Sem preocupação com o conjunto, apenas

com a possibilidade de livre experimentação de recursos,

e da tipografia como ferramenta de desenvolvimento de

layout. Essa experiência também foi muito interessante para

desenvolver um senso crítico, ganhar experiência e explorar

possibilidades criativas de desenvolvimento de layouts.

17

18

escolha/categorização das frases

19

“O design é, ao mesmo tempo, tema

e meio de expressão. Estou interessada

no modo como as estratégias de design

podem ser usadas para amplificar e

interpretar um tema.” Ellen Lupton

20

O processo de escolha das frases foi realizado tendo o livro

“A história do mundo em cinquenta frases”, de Helge Hesse

(edição de 2012, da editora Casa da Palavra, com tradução

de Maria Irene Bigotte de Carvalho) como base. O livro lista

50 frases significativas para a história e traz, em cada capítulo

uma breve explicação e contextualização de cada frase.

A partir da leitura do livro, foram pré-selecionadas 20 frases,

pelos critérios de serem intelectualmente relevantes e de

despertarem um interesse gráfico. Frases que possuem um

apelo visual muito claro ou que, pelo contrário, apresentam

um desafio em serem transpostas para uma plataforma visual.

Após a seleção preliminar, foram sendo investigados meios

de organizar as frases, criando grupos e categorias. Por

fim, as frases foram organizadas em três categorias, que

originalmente se chamavam: “Filosofia”, “Política/Economia”

e “Momentos Históricos”. Posteriormente, os nomes foram

trocados para “Filosofia”, “Política” e “História”, por uma

questão de adequação, facilidade de identificação e de

construção de marca.

Dessas, nove foram escolhidas para serem representadas no

projeto, sendo três de cada categoria. A partir dessa seleção

e categorização das frases, o enunciado do projeto se tornou

mais claro e definido: Já que semanticamente as frases

foram agrupadas em três categorias, visualmente os cartazes

deveriam tornar evidente essa classificação.

21

-400 0 1500 1600 1700 1800 1900 2000

-399 1659 1963 19691532 1597 17481633 1926

História

“E, no entanto, ela move-se!.”G. Galilei • 1633

“Eu tenho um sonho.”Luther King • 1963

“É um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade.”N. Armstrong • 1969

filosofia

“Só sei que nada sei.”

Sócrates • 399

“Penso, logo existo.”

R. Descartes • 1659

“Deus não joga dados.”

A. Einstein • 1926

política

“Os fins justificam os meios.”

N. Maquiavel • 1532

“Conhecimento é poder.”

F. Bacon • 1597

“Tempo é dinheiro.”

B. Franklin • 1748

história

“E, no entanto, ela move-se!”

G. Galilei • 1633

“Eu tenho um sonho.”

Luther King • 1963

“É um pequeno passo para

o homem, mas um grande

salto para a humanidade.”

N. Armstrong • 1969

22

enunciados

23

“Há aspectos da experiência

visual que não têm paralelo

na esfera linguística, como a

questão do foco, por exemplo.”

Johanna Drucker

24

Somando as conclusões e observações feitas no primeiro

momento de pesquisa e estudo ao processo de seleção e

categorização das frases, algumas decisões fundamentais

foram sendo tomadas, o que acabou por criar um eunciado/

objetivo bem definido.

Foi escolhida a serigrafia como técnica de impressão dos

cartazes por alguns motivos:

. TÉCNICA TRADICIONALMENTE RELACIONADA AO SUPORTE

TRABALHADO (CARTAZ). Por se tratar de um trabalho que,

apesar da pretensão de alcançar um resultado relevante

e atual, possui fortes conexões com a história (tanto da

humanidade, representada pelo conteúdo – frases que

mudaram o mundo -, como do design gráfico, o cartaz

como mídia de comunicação visual), utilizar uma técnica de

impressão com forte significado e relação histórica com o

produto pareceu ser uma escolha natural e acertada.

. TÉCNICA QUE PERMITE BOAS APLICAÇÕES DE PLANOS DE

COR CHAPADOS E A IMPRESSÃO EM GRANDES FORMATOS.

Esse ponto é bastante ligado ao primeiro, pois basicamente

explica a popularidade da serigrafia como uma das principais

técnicas de impressão de cartazes e, também, a razão de se

adequar ao projeto em questão.

. OPORTUNIDADE DE EXPERIMENTAÇÃO GRÁFICA. Parte da

decisão de imprimir os cartazes por meio da serigrafia veio

de uma vontade pessoal de trabalhar a técnica, entender seu

25

funcionamento, vantagens e desvantagens e trabalhar desde

as etapas projectuais de layout pensando na adequação à

forma de saída que as peças terão.

A partir da pesquisa histórica de produção de cartazes,

parti da premissa que o cartaz é uma peça gráfica com forte

apelo visual/emocional, e com grande poder de comunicar de

modo conciso, claro e direto (salvo, é claro, algumas exceções

de trabalhos experimentais que fugiram um pouco dessas

premissas, mas ainda assim mantendo o apelo visual e a força

comunicativa – ainda que não direta e altamente legível). Mas

a categorização das frases trouxe ainda uma outra exigência,

que era evidenciar visualmente esse agrupamento.

Assim, o objetivo do projeto pode ser resumido em:

Criação de uma coleção de cartazes que possuam

interesse gráfico e estético, assim como comunicativo

singularmente (acresentando às frases uma retórica

própria, uma interpretação pessoal do designer-autor,

que sirva como convite à uma maior reflexão sobre a

frase em questão); e que funcionem como um conjunto,

apresentando um bem definido e evidente sistema de

organzação visual que os agrupe nas três categorias,

e como conjunto total.

26

processo detrabalho

27

processo detrabalho

“Não existem fórmulas no trabalho

criativo. Sempre faço muitas variantes,

e isso se deve à curiosidade. A partir

de uma ideia original, chego a muitas

configurações diferentes - algumas com

apenas diferenças mínimas, outras mais

radicais. É um jogo de evolução. (...) Com

isso [jogo] estou me referindo a lidar com

problemas de forma e conteúdo, avaliar

as relações, estabelecer prioridades.”

Paul Rand

28

Antes do início efetivo do estudo de layouts, listei alguns

recursos visuais de identificação/diferenciação, que poderiam

pautar a criação dos layouts, de modo que os cartazes fossem

facilmente identificáveis por suas categorias. Pretendia

trabalhar a criação a partir de um conjunto de regras pré-

estabelecidas, que incluía:

. NÚMERO DE CORES. Fazendo uso de uma

característica da serigrafia, que é a utilização de cores

especiais, o número de cores de cada cartaz seria

determinado por sua categoria, por exemplo: cartazes

de filosofia teriam apenas 2 cores, enquanto que

cartazes de política teriam 3 cores.

. PALETA DE CORES. Além do número de cores, uma

possibilidade seria a identificação pela paleta de

cores. Assim, dentro de uma determinada categoria,

os cartazes teriam o mesmo aspecto cromático.

. ELEMENTOS FORMAIS. Divididos em formas

orgânicas, formas geométricas e elementos

fotográficos, os cartazes seriam agrupados de modo

que suas categorias fossem identificadas por estas

características visuais.

. LAYOUT/GRID. A forma de organização dos

elementos do cartaz pode muitas vezes ser sutil, mas

evidencia algumas impressões que a peça gera no

observador. O uso de grids complexos, composições

simétricas ou assimétricas, podem transmitir diversas

sensações (tensão, estabilidade, fluidez, etc) que

29

*duo *tri *poli

>número de cores

>paleta de cores

>elementos formais

>layout/grid

>elementos gráficos

*paleta 1 *paleta 2 *paleta 3

>número de cores

>paleta de cores

>elementos formais

>layout/grid

>elementos gráficos

*formas orgânicas

*formas geométricas

*elementos fotográficos

>número de cores

>paleta de cores

>elementos formais

>layout/grid

>elementos gráficos

30

podem ser interessantes e serviriam como forma de

categorizar os cartazes.

. ELEMENTOS GRÁFICOS. Assim como é utilizado

um elemento formal de assinatura da marca (“Frases

que mudaram a história”), um outro elemento (um

selo, uma moldura, uma inscrição, etc) poderia ser

utilizado para auxiliar essa categorização.

Entretanto, percebi que partir de um sistema tão rígido de

regras engessaria meu processo criativo e traria resultados

pouco interessantes individualmente para os cartazes, apesar

de os fazerem pertencerem a um sistema bem estabelecido.

Parti então para um primeiro momento em que deixei de lado

a preocupação com a sistematização dos conjuntos, e tentei

desenvolver soluções interessantes, pensando cada cartaz

individualmente apenas.

O que ocorreu no decorrer do projeto foi que acabei por

adotar uma metodologia pouco ortodoxa, e não linear, onde

por vezes focava na individualidade, e por outras no conjunto.

Passei todo o processo de criação transitando entre essas

duas preocupações, tentando sempre achar um meio termo

satisfatório. Focava na individualidade, quando achava que a

ideia principal do cartaz ainda não estava bem encontrada, ou

quando aspectos visuais precisavam de ajustes e melhorias.

E focava no conjunto para buscar o que havia de significativo

em cada cartaz, que pudesse servir de elemento que os

unisse em suas respectivas categorias. Por vezes, o caminho

da individualidade trazia as melhores soluções para algum

31

cartaz, enquanto que por outras, era na adequação a regras

já estabelecidas de um conjunto que eu encontrava caminhos

interessantes, e resolvia problemas específicos de cada cartaz.

Nos inúmeros momentos de decisão, eventualmente precisei

abrir mão de uma solução gráfica interessante, mas que não se

adequava ao conjunto, e às vezes uma solução individual era

tão poderosa que servia de guia para o conjunto, e eu tentava

adequar os outros a essa nova “regra” do conjunto. Foi um

constante jogo de adequação, experimentações, tentativas e

erros, ajustes finos, lapidações sutis e transformações radicais

em layouts até chegar ao resultado que aqui apresento.

Tentarei mostrar e comentar os mais significativos caminhos

e questões que surgiram nesse processo. Apresentarei os

cartazes sempre agrupados (os nove), para acompanhar não

apenas o desenvolvimento individual de cada, mas também

sua evolução como conjunto. Separei 6 momentos-chaves

do processo, que aqui apresento e comento. Houveram

inúmeras versões intermediárias (em alguns cartazes mais,

em outros menos), mas para manter o foco e ilustrar as

principais discussões e processo que levaram ao produto

final, acredito que essas 6 versões aqui incluídas (incluindo

a final) serão suficientes.

32

1

33

A primeira geração de alternativas trouxe algumas poucas soluções

interessantes, muitas que foram logo descartadas e algumas que serviram de

inspiração e acabaram se transformando ao longo do processo e se tornaram

interessantes. É evidente a despreocupação com as questões sistemáticas de

conjunto, e ainda uma livre experimentação, sem foco em alguma linguagem

específica. Busquei trabalhar com tipografia e imagens, algumas mais

simbólicas, outras mais figurativas e representativas. Em algumas soluções

trouxe imagens muito objetivas, e criei relações muito óbvias entre imagem

e conteúdo, o que acabei tentando fugir nos estudos posteriores.

Nesse momento, retornei ao estudo de Samara, que esclarece os diferentes

tipos de representação, por meio de signos (representações visuais de uma

ideia): ícone, um signo visual que compartilha semelhança estrutural com o

objeto que ele significa (uma ilustração mais direta e pouco metafórica, como

a imagem do astronauta, ilustrando o autor e o momento da frase); índice,

que aponta indiretamente para o objeto significado (nesse caso há uma

abstração maior, como na utilização de pássaros para simbolizar movimento,

no cartaz do Galileu – apesar de não ser o caminho adotado, este tipo de

solução me pareceu ser mais interessante, e menos óbvia); e símbolo, que

é uma forma não fisicamente relacionada com o significado (como um raio

para simbolizar poder).

“PENSO, LOGO EXISTO.” traz a figura do Pensador, escultura de Rodin,

como forma de representar o ato de pensar, somado a uma representação

esquemática da frase, criando uma cadeia onde cada palavra da frase se

associa a outra, criando um ciclo de causa e consequência (existo porque

penso; e penso porque existo).

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No cartaz “DEUS NÃO JOGA DADOS”, selecionei quatro caminhos

deste primeiro momento, mas todos já contavam com uma ideia que foi

aproveitada, que era a do cartaz trabalhar uma ironia. A frase de Einstein trata

da ideia de que sorte ou azar são conceitos inexistentes. Deus, ou qualquer

entidade, ou força criadora, que criou o universo, desenvolveu um conjunto

de regras e leis (físicas, químicas, biológicas, etc) que regem as ações e

reações do mundo (mesmo na ausência de um criador, essas leis regeriam o

funcionamento do universo). Desse modo, o que atribuímos a sorte, azar ou a

aleatoriedade, seria apenas um conjunto de reações desencadeadas, seguindo

uma lógica muito bem estabelecida, que nós podemos desconhecer ainda.

Os cartazes dessa fase trazem elementos que remetem a símbolos de boa

sorte, em uma clara ironia em relação a frase. A frase questiona o uso e crença

nesses símbolos e, desse modo, o cartaz faz pensar.

“EU TENHO UM SONHO.” faz um jogo tipográfico, onde a palavra sonho

ganha destaque, cobrindo grande parte do cartaz, e abrigando a imagem

fotográfica de Martin Luther King, em uma referência clara e direta entre o

autor e esse elemento da frase (o sonho). O autor existe dentro do sonho,

e o sonho o projeta e alimenta as esperanças da transformação proposta pelo

discurso. Um discurso ao mesmo tempo direto, com reivindicações objetivas,

e poético, ao tratar a ideia de sonho. A disposição diagonal visa ocupar ao

máximo o layout, fazendo com que o sonho (e seus significados) invada o

quadro e ganhe importância. O uso de um layout monocromático em preto

e branco faz referência aos modelos de impressão de jornais da época, além

de criar grande contraste entre figura e fundo.

A frase de Neil Armstrong se apresenta com um grande movimento de escala

tipográfica, também ocupando todo o layout, e destacando alguns elementos

do discurso. A sutil representação do astronauta serve para contextualizar a frase.

35

No cartaz de “CONHECIMENTO É PODER”, tentei encontrar representações

simbólicas ou indiciais para representar poder e/ou conhecimento. A bússola

que aponta o norte e sempre dá a direção serve como representação

do conhecimento, que é coroado, em referência ao poder. Já a solução

com raios possui a função dupla de representar o conhecimento ligado a

iluminação, e o poder das forças naturais. Essas duas soluções, entretanto,

trazem elementos tipográficos muito tímidos ainda.

No “OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS.”, quis trazer um questionamento à

ideia da frase. Por isso a utilização de pontos de interrogação que, além

de servirem como ornamentos e marcadores de layout (criando formas

interessantes), também adicionam uma interrogação a frase em questão e a

coloca em dúvida. Nesse cartaz (principalmente, já que nos outros também

busquei dar esse tratamento) não quis divulgar uma ideia apenas, e sim

colocá-la em questão.

Para “TEMPO É DINHEIRO.”, busquei criar um jogo tipográfico, em que o

alongamento de uma haste do “m”, serve de haste para um cifrão, como

símbolo de dinheiro. Além de tentar criar uma representação de um relógio

através do uso da tipografia angulada, criando formas que poderiam ser

interpretadas como ponteiros.

36

2

37

Na segunda leva de estudos, alguns cartazes já começam a surgir com

algumas soluções mais interessantes. A partir de agora tecerei comentários

a cada cartaz, separando-os em tópicos.

SÓ SEI QUE NADA SEI. Buscando novas soluções, que fugissem da solução

inicialmente apresentada, realizei uma série de experimentações de

composições que jogam com a ideia de figura e fundo, do preenchimento

X vazio, como forma de representar o nada e o saber. O cartaz aqui

apresentado foi um dos resultados mais interessantes, mas ainda longe

do resultado imaginado.

PENSO, LOGO EXISTO. Nesta etapa, o cartaz ganhou as cores vermelho,

preto e branco, e a representação esquemática da frase ganhou destaque –

aumentando sua escala -, ritmo e movimento, com o jogo de escalas, em que

cada círculo é representado em um tamanho diferente, atribuindo dinamismo

e movimento, por meio de uma tensão no layout.

DEUS NÃO JOGA DADOS. Aproveitando a ideia já explorada de utilizar a ironia

como forma de expressão, busquei uma representação mais dinâmica e um

pouco menos literal de sorte, por meio de uma roleta. A roleta traz uma ideia

de movimento, e o recorte da imagem adotado cria uma tensão interessante

para o layout.

A partir do interesse despertado nesse tipo de solução, fiz um levantamento

de figuras de linguagens que pudessem ser transpostas para o discurso visual,

atribuindo interesse aos cartazes. Foram elas: Elipse/Zeugma, em que há

omissão de um termo; Pleonasmo, em que há repetição de ideias; Anacoluto,

em que há falta de nexo entre início e fim; Metáfora, em que ocorre uma

comparação sem o elemento comparativo; Metonímia, em que a comparação

é feita de modo objetivo; Antítese/Paradoxo, que cria oposições; Ironia, que

38

evidencia alguma oposição; e Hipérbole, em que há exagero de expressão.

Apesar de não adotar as figuras de linguagem como âncora para a produção

e categorização dos cartazes, seu estudo permitiu abrir possibilidades de

soluções que jogam com esses recursos de linguagem, no meio visual.

E, NO ENTANTO, ELA MOVE-SE! Essa frase, de Galileu possui 2 sentidos

importantes de serem trabalhados: a ideia da novidade de que a Terra move-

se ao redor do sol, e não o contrário, como se acreditava na época, e do

fato de essa frase representar um confrontamento com as forças vigentes

na época, em prol da liberdade do conhecimento científico. Partindo dessas

ideias, busquei desenvolver uma solução tipográfica onde esse movimento,

e esse desconforto causado pela declaração (uma declaração que “balançou”

as estruturas conservadoras vigentes na época) estivesse presente.

O movimento e a falta de alinhamento das letras da palavra “move-se” geram

um desconforto que simboliza bem o movimento da Terra e o desconforto

causado pela frase na época.

EU TENHO UM SONHO. O cartaz perdeu seu aspecto diagonalizado,

ganhando força pela disposição centralizada e pontual no layout. O foco

é trazido para o centro do cartaz, e não mais para o “sangramento” dos

elementos. A força se dá pelo agrupamento de elementos, escala tipográfica

e contraste entre preto e branco.

É UM PEQUENO PASSO PARA O HOMEM... Nesta solução, a figura do

astronauta torna-se mais evidente e mais protagonista no layout. A figura de

Neil Armstrong de capacete, observando o horizonte, tenta transmitir uma

ideia de busca e alcance de novos horizontes, novas descobertas e novos

objetivos, que a frase trata. O lettering se torna menos confuso, destacando

apenas alguns trechos desta que é a maior frase da série.

39

CONHECIMENTO É PODER. A coroa se consolidou como símbolo de poder,

e foi acrescentada uma lâmpada, como objeto que ilumina, que traz luz

(e a luz como referência ao conhecimento), além de ser um símbolo comum

de representação de ideia. A luz sendo coroada simboliza o conhecimento

ganhando poder. O lettering privilegia a palavra poder, trazendo o destaque

do cartaz para ela.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. O jogo de figura e fundo criado pelos

elementos gráficos de pontos de interrogação foi ainda mais explorado,

tentando criar uma textura de fundo onde o elemento da interrogação não

fosse nem tão evidente, nem tão escondido. Há uma tentativa de desenvolver

uma composição tipográfica mais interessante, trazendo apenas uma palavra

“os”, no lugar das duas da frase.

TEMPO É DINHEIRO. O amarelo foi trazido para o cartaz, e o elemento do

relógio tornou-se mais evidente, além de também poder ser interpretado

como uma moeda (e por isso a cor amarela). A composição tipográfica se

manteve inalterada, mas foi reduzida em escala.

40

3

41

Neste momento, a paleta de cores já começa a ser reconhecida como um

elemento identificador de grupo, assumindo o vermelho e o branco para os

cartazes de filosofia, o preto e o branco nos históricos, e o preto e o amarelo

nos políticos. Essa decisão de a paleta de cores ser um dos elementos

categorizadores dos conjuntos foi consolidada e melhor explorada em etapas

posteriores, mas aqui já se inicia um encaminhamento nesse sentido.

SÓ SEI QUE NADA SEI. Inspirado na solução do “Penso, logo existo.”, busquei

encontrar alguma forma de relacionar as palavras da frase, de modo a

potencializar seu sentido e criar uma relação de ciclo de leitura. Me apropriei

do uso de círculos que abrigam cada palavra, e os envolvi com uma linha

fluída que formava um 8, ou um símbolo de infinito rotacionado, em uma

referência a um processo constante de reconhecimento das próprias

limitações, onde o saber é o reconhecer da ignorância; mas ao saber

que não se sabe, já se sabe alguma coisa, pelo menos.

PENSO, LOGO EXISTO. Foi decidido abandonar o caminho que trabalhava

a imagem do pensador, pois considerei que o jogo esquemático-tipográfico

apresentado já era suficientemente forte para comunicar a ideia da frase.

Além de não acreditar que a figura da estátua fosse de grande importância

para este layout específico, sua presença se distanciava dos outros cartazes

do conjunto, e talvez o aproximasse da série de cartazes na categoria História.

Deste modo, privilegiei a estrutura dos círculos que se conectam, criando

uma relação de causa e consequência, onde um elemento relaciona-se

diretamente com outro, semantica e imageticamente.

DEUS NÃO JOGA DADOS. O caminho da roleta foi bem aceito, e nessa

etapa desenvolvi algumas tentativas de abstrair um pouco a representação

da roleta, tornando-a menos literal, inclusive com a inserção de elementos

42

representativos de amuletos da sorte no

lugar dos números. A solução tipográfica

que divide a frase em duas linhas, que se

colocam seguindo a forma e o movimento

(sugerido) pela roleta foi mantida, mas a

fonte foi substituída pela Kankin Regular,

que foi, após testes bem sucedidos nesse e

em outros cartazes do conjunto, escolhida

como a tipografia a ser utilizada nessa

categoria. E com isso a decisão de que a

escolha tipográfica também seria um dos

elementos definidores de cada categoria.

E, NO ENTANTO, ELA MOVE-SE!

Nesta etapa a disposição dos pássaros

se tornou mais abstrata, e fortaleceu ainda

mais a ideia de movimento, sugerida pela

espiral criada na composição das aves.

No lettering, optei por uma movimentação

de letras mais sutil, que acredito ser mais

interessante. O simples deslocamento

da letra “o” cria o estranhamento visual

pretendido na composição anterior (que

remete ao desconforto gerado pela frase

na época), e traduz a ideia de movimento

de modo mais direto (enquanto que o

excesso de movimento nas letras no layout

anterior remetia mais a desordem, do

que a movimento). E retirando o olho e

colocando-a em azul, transforma-se a letra

“o” em uma representação direta (mas não

completamente literal) da Terra.

EU TENHO UM SONHO. Nesse layout, foi

realizado um estudo de substituição da letra

“S”, que era demasiadamente geométrica,

com formas ortogonais, que não dialogava

com a estética apresentada no cartaz,

principalmente pela figura, em alto contraste,

de Martin Luther King. A figura apresentava

um alto contraste ruidoso e imperfeito,

enquanto que a letra “S” da tipografia

utilizada (Cassanet Bold) contrastava com

esse tratamento. A utilização da letra “S” da

fonte Nevis Bold (com pequenos ajustes)

se adequou ao restante do alfabeto, que

já estava aplicado nos três cartazes desta

série (inclusive, essa substituição do “s” foi

feita, posteriormente em todos os cartazes

da série, já que a solução apresentada se

mostrou melhor em todas as situações).

A fonte Cassanet, inspirada nas tipografias

utilizadas pelo designer A. M. Cassandre

em seus cartazes Art Déco, foi selecionada

para este conjunto por conter características

interessantes tanto em questões de

legibilidade, quanto em função de seu

desenho ao mesmo tempo simples, mas

43

com personalidade (uma personalidade

que pudesse representar uma frase da

Idade Média, e outra do século XX), além

de permitir o jogo tipográfico desenvolvido

em cima das letras “o’s”, geometricamente

redondas, possibilitando servir como

máscara para o busto de Luther King,

e como representação da Terra, no cartaz

de Galileu (em um momento posterior,

esse jogo tipográfico ainda foi aplicado

no terceiro cartaz da série).

É UM PEQUENO PASSO... A solução aqui

apresentada ainda traz o tratamento

tipográfico similar ao das experimentações

passadas, mas cria uma imagem em que

o rosto do astronauta não mais é retratado

fotograficamente em detalhes, mas apenas

por sua silhueta, projetada na Lua, formando

o contorno de uma Lua miguante, em

referência à projeção da humanidade, tratada

na frase, em novas descobertas e explorações.

Nessa representação ainda pode ser

enxergada a parte branca como o capacete

de Neil Armstrong, o visor transparente.

CONHECIMENTO É PODER. Neste caminho,

tentei utilizar representações menos literais,

em busca das associações feitas. Mantive

a coroa, mas como elemento formador do

lettering, e mantive as formas da lâmpada

de modo mais abstrato, devido ao corte e

à escala selecionados.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. O lettering

foi ajustado, assumindo a utilização da versão

itálica da Garamond, e criando ligaduras

especiais entre palavras (o “f”de “fins”, se

conectando ao “j” de “justificam”), de modo

que a relação semântica fosse ainda mais

evidenciada tipograficamente. Os pontos de

interrogação se tornaram mais secundários e

menos aparentes, deixando o destaque para

as cores e para a solução tipográfica.

TEMPO É DINHEIRO. Neste momento,

busquei abstrair um pouco a representação

do relógio, atribuindo um senso estético

mais sofisticado, e diminuindo a obviedade

representativa da solução anterior.

44

4

45

Nesta rodada de experimentação, alguns cartazes já haviam encontrado

suas soluções mais interessante, e os grupos também se apresentavam

mais consistentes. Como comentei anteriormente, ao longo do processo,

algumas soluções individuais serviram de base para a criação dos conjuntos,

com algumas decisões vindo de uma solução quase “pronta” proveniente das

“regras” de cada grupo. Aos poucos o equilíbrio entre a força comunicativa

e expressiva individual e a noção de pertencimento ao sistema e à categoria

foi sendo alcançado.

SÓ SEI QUE NADA SEI. Das experimentações de relação entre palavras

baseada na solução do “Penso, logo existo.”, acabei tomando um caminho

puramente tipográfico, onde a repetição da palavra “sei” serviu de base

para uma composição simétrica, com leitura em dois sentidos (original,

e rotacionado em 180º). Essa solução traz a atenção para a interpretação

da frase, onde o saber é o reconhecimento do não saber (o que por si só

acaba sendo um paradoxo). A frase indica um ciclo que é representado

pelo lettering, que não apresenta uma leitura linear (e talvez não tão fácil)

justamente para estimular a reflexão sobre os sentidos da frase (tentando,

assim como em todos os cartazes, retirar a frase da posição de clichê

amplamente conhecido e repetido, mas não suficientemente refletido).

PENSO, LOGO EXISTO. Neste momento, retomei o caminho em que a

diferença de escala entre os elementos cria um maior dinamismo ao cartaz,

colocando o foco no “existo”. Importante ressaltar que na leitura inicial gerada

pelo cartaz a palavra “existo” inicia a frase. Assim como no “Só sei que nada

sei.”, a ideia aqui era destacar a grande relação entre as palavras e o sentido

cíclico da frase. Neste caso, a existência condicionada ao pensar. E o pensar

condicionado ao fato de existir.

46

DEUS NÃO JOGA DADOS. Houve um retorno

à representação mais literal da roleta, apesar

de ainda menos ilustrativa e detalhada do que

a original. A ausência das linhas de divisão das

casas numéricas torna o layout mais limpo,

assim como a falta de um fim aparente do

objeto (já que as listras se estendem para além

das bordas do cartaz), que gera uma sensação

de constante expansão e movimento.

E, NO ENTANTO, ELA MOVE-SE! Acreditando

na força comunicativa da solução tipográfica

apresentada anteriormente, neste cartaz ela

torna-se predominante no layout, e coloca a

configuração de pássaros como uma textura

pouco aparente em segundo plano no cartaz.

EU TENHO UM SONHO. Seguindo o

caminho de adequação estética que levou

à substituição da letra “S”, foi dado um

tratamento ruidoso às letras que compõem

a palavra “sonho”, de modo que o estilo

imperfeito do alto contraste da imagem

de Luther King dialogasse com a tipografia

principal do cartaz, remetendo de modo

geral às impressões mecânicas com falhas

de jornais da época. A indicação do autor

da frase (elemento obrigatório em todos

os cartazes da série – nos cartazes que

ainda se apresentavam sem, é apenas por

uma questão de testes e experimentações;

desde o começo, se considerou que os

resultados finais contariam com a frase e o

autor) na parte inferior do cartaz utilizada

nas composições dos dois outros cartazes da

série, fez com que a inscrição “Martin Luther

King Jr” fosse também para baixo. Com essa

mudança, senti falta de um elemento que

servisse de base para a frase (principalmente

a palavra “sonho” em grande escala), e por

isso a inserção de um texto contextualizador,

de local e data do discurso.

É UM PEQUENO PASSO... Tendo optado pela

solução previamente apresentada, em que

a silhueta de Armstrong se projeta contra

um círculo branco, em referência à Lua, e ao

seu próprio capacete, realizei um redesenho

da silhueta, tornando-a mais interessante

e mais representativa do perfil original do

astronauta retratado.

CONHECIMENTO É PODER. Enquanto os

outros cartazes já assumiam um caminho

estabelecido, a categoria Política começou

a encontrar um caminho como conjunto

nesta etapa, e deste modo, cada cartaz

foi encontrando sua solução. Para a frase

47

de Bacon, foi criada uma composição de

coroas, representando o poder. A utilização

de coroas em diversos tamanhos e posições

criou um layout interessante, assimétrico,

com movimento e dinamismo, além de trazer

uma representação de uma ideia da frase

de modo simbólico, e levemente abstrato.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. Tendo

encontrado soluções para os dois outros

cartazes que utilizavam elementos figurativos

(representações de objetos, que simbolizavam

algum dos elementos ou ideias das frases)

dipostos de modo a se tornarem não

imediatamente reconhecíveis, vi a necessidade

de substituir os pontos de interrogação

para algum elemento de representação

de objeto. O troféu foi escolhido para essa

representação, remetendo a uma ideia de

fim, de cumprimento de um objetivo. A ideia

é questionar o conceito expresso na frase de

que “vale tudo para conquistar o troféu”. O ato

da conquista do objetivo (simbolizado pelo

troféu) justificaria as ações e atitudes

tomadas na intenção de alcançar tal meta.

A solução tipográfica foi mantida, e a

utilização previamente adotada da paleta

de cores amarelo, preto e branco para este

conjunto foi muito bem adequada.

TEMPO É DINHEIRO. Tentando buscar

outros caminhos, tentei criar algum tipo

de composição que se assemelhasse à do

cartaz “Conhecimento é poder”, e para isso

foi criada uma composição de ampulhetas,

como signo de tempo, enquanto que a cor

amarela representa o dinheiro. O lettering

de “Os fins justificam os meios.” serviu de

inspiração para a busca de uma composição

tipográfica que trouxesse, através de uma

ligadura forçada entre letras de palavras

diferentes, a ideia de relação direta e

indissociável entre as palavras “tempo” e

“dinheiro”, vinculando-as de modo direto.

48

5

49

Algumas lapidações, ajustes finos e alguns últimos testes marcaram esta

etapa. Serviu de alinhamento total de linguagem gráfica entre as categorias,

e experimentações finais de caminhos visuais.

SÓ SEI QUE NADA SEI. Para adequar o cartaz ao conjunto, o lettering foi

inserido dentro de um círculo branco. Deste modo, o conjunto todo passa

a apresentar uma mesma tipografia (Kankin), uma mesma paleta de cores

(vermelho, preto e branco) e a presença de elementos circulares brancos

destacando as frases, ou elementos dessas. Além disso, a indicação do autor

da frase também foi alinhada entre os três cartazes, aparecendo com

o mesmo peso e em mesma posição.

PENSO, LOGO EXISTO. Neste momento foi feito um teste de utilização da

composição sem a presença das setas, em uma tentativa de alinhar ainda mais

os cartazes. Entretanto, percebi que a solução perdeu força comunicativa com

a retirada das setas. Além disso, a busca pelo alinhamento sistemático dos

cartazes de cada categoria precisa possuir âncoras muito fortes, elementos

e decisões muito bem estabelecidas, para permitir que certas diferenças

possam existir, de modo a fortalecer individualmente determinado layout,

sem comprometer o conjunto, como é o caso das setas.

DEUS NÃO JOGA DADOS. Assim como no “Penso, logo existo.”, tentei alinhar

ao máximo o cartaz com os outros de sua categoria, colocando o preto

apenas na tipografia, e mantendo o fundo predominantemente vermelho,

com a inserção pesada do círculo branco. Entretanto (e similarmente ao

exemplo de cima), essa busca se deu de modo excessivo, comprometendo

um layout interessante, e essa versão acabou sendo descartada.

50

E, NO ENTANTO, ELA MOVE-SE! Aqui se assume completamente que o foco

do cartaz é a solução tipográfica e que, até mesmo o aspecto figurativo que

o faria dialogar em harmonia com o restante de sua categoria, estaria presente

e relacionado ao lettering. Deste modo, os pássaros são descartados, coloca-

se o foco no lettering e é adicionado uma fina linha branca, transmitindo a

ideia de órbita e sugerindo o caminho a ser percorrido pela letra “o” (Terra).

EU TENHO UM SONHO. Com o objetivo de alinhar este cartaz aos outros

de sua categoria, foi adicionada a cor azul. Deste modo, cria-se mais um

elemento identificador do grupo: Um dos elementos fundamentais do layout

é azul. Além de conferir adequação ao sistema, a utilização da cor azul trouxe

destaque para a figura de Martin Luther King, fazendo-a saltar e se destacar

do fundo como ponto de foco. O lettering “Martin Luther King” perdeu o “JR”,

para melhor se adequar aos outros cartazes da série, assim, os três passaram

a apresentar uma assinatura no mesmo corpo tipográfico, na mesma posição,

com uma pequena variação de tracking apenas.

É UM PEQUENO PASSO... Houveram ajustes importantes no lettering deste

cartaz. A disposição da frase sugere (de modo sutil) a contiuidade do elemento

circular, trabalhando e se apropriando da regra do fechamento da gestalt para

compor um layout visualmente agradável. A palavra “salto” ganhou destaque

em tamanho e em cor. Para se tornar um dos focos principais do cartaz, a ela

foi atribuída o azul, que além de atribuir importância, ainda trouxe a solução

de - juntamente com o fechamento do olho do “o’ – ser mais uma vez uma

representação da Terra (a letra “o”), fato que foi ainda ressaltado pela inserção

de uma pequena esfera branca atrás, em referência à própria Lua. Com essas

mudanças, o cartaz ganhou força gráfica individual e se alinhou de modo

mais consistente ao sistema de categorização em que está inserido.

51

CONHECIMENTO É PODER. Pequenos ajustes no lettering marcaram essa

etapa, além do teste da inscrição do nome do autor da frase. Dando destaque

ao sobrenome, utilizando a Garamond, mas em versalete (com a letra

inicial como uma grande capitular), o nome do autor aparece com a devida

importância, em uma disposição tipográfica que dialoga e combina com

o restante das composições, e das frases.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. Além de testes de aplicação da

indicação do autor, outras experimentações na composição dos troféus

foram feitas, buscando um resultado menos simétrico e mais orgânico

e caótico, com variações de escala, rotação e posição. Desse modo,

buscou-se criar uma composição mais interessante e que, ao mesmo

tempo fosse mais integrada ao conjunto.

TEMPO É DINHEIRO. Em um momento um pouco anterior à definição

de caminho deste conjunto foi experimentado uma alternativa em que as

representações se transformassem em padronagens. Apesar de produzir

um efeito interessante neste cartaz específico, o mesmo não ocorreu com

as outras composições e, portanto, tal caminho foi descartado. Na solução

adotada, as ampulhetas retornam a uma disposição similar a dos outros

cartazes do grupo, e assumem uma forma mais facilmente identificável.

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6

53

Aqui apresento os resultados finais de

cada cartaz. Foram pequenos ajustes

entre as versões anteriores e estas.

Os conjuntos foram consolidados

e determinados de modo a serem

suficientemente consistentes, para

permitirem que eventuais singularidades

de cada cartaz existam (e lhe atribuam

significado individual), mas não

comprometam o sistema como um

todo. A categoria Filosofia é basicamente

identificada pela paleta de cores; pela

tipografia (e pelo lettering de autoria da

frase); pela presença de ao menos um

elemento circular; e da ausência de pontos

(nos dois primeiros casos, os pontos

atrapalhavam o jogo tipográfico criado,

além de já estarem inseridos em um grande

ponto final branco; no “Deus não joga dados.”,

o ponto foi deslocado da frase, funcionando

como bola seletora da roleta).

A categoria História é identificada pela paleta

de cores (e mais ainda, pela relação do

preto para o fundo, do branco como figura,

e do azul como elemento de destaque,

evidenciando algum jogo tipográfico ou

imagético); pela tipografia; e pela autoria da

frase disposta em mesma tipografia e posição.

A categoria Política se identifica pela paleta

de cores; pela utilização de representações

de objetos (que, por sua vez representam

ideias ou conceitos) que criam uma

composição em que, de certa forma cria-

se uma confusão entre figura e fundo,

além de serem formas não imediatamente

identificáveis, o que traz a atenção do

observador para “desvendar” e “entender” o

cartaz; pela tipografia (Garamond semibold

itálica, com alguma ligadura forçada entre

letras de palavras diferentes, em branco

sobre fundo amarelo); e pela inscrição

de autoria da frase, também em mesma

tipografia, tamanho e posição no layout.

Além de possuírem uma clara relação de

tema, e até mesmo de comunicação visual,

ainda que não tão diretamente, os cartazes

são marcados como pertencentes de uma

mesma coleção, pela inserção de uma

pequena marca da coleção (Frases que

mudaram a história), que aparece sempre em

branco, em um dos cantos do cartaz.

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produção gráfica & marca

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“O designer gráfico assimila conceitos

verbais e lhes dá forma. Ele organiza

a forma resultante em uma experiência

tangível e navegável. (...) O designer

é responsável pela vitalidade

intelectual e emocional da mensagem

que ele transmite. Sua tarefa é elevar

a experiência da mensagem além da

banalidade da transmissão literal e do

enganoso egoísmo consumista voltado

apenas para o mero entretenimento.”

Timothy Samara

66

Parte do enunciado criado para este projeto dizia que os cartazes criados

seriam produzidos graficamente por meio de serigrafia. Por um questão de

organização de cronograma, em um determinado momento fui forçado a dar os

layouts como finalizados, para não comprometer a etapa de produção gráfica.

Evidentemente, sempre haverão pequenos ajustes a serem feitos, mas, de modo

geral, os cartazes chegaram a um nível bastante satisfatório para a produção.

Por questões de tempo de produção, de cornograma e de orçamento, foram

selecionados três cartazes para serem produzidos na serigrafia, enquanto

que os outros seis foram impressos por meios digitais em gráficas rápidas,

apenas para simulação de formato. Foi decidido que três cartazes seriam

suficientes para experimentar a técnica e os resultados; e, para isso, escolhi

imprimir um de cada categoria (“Só sei que nada sei.”; “Eu tenho um sonho.”;

e “Conhecimento é poder.”).

O processo de impressão serigráfico se deu de modo normal, partindo da

preparação das arte-finais para gravação dos fotolitos, que por sua vez

foram utilizados para a gravação das telas de nylon 120. O tamanho final

dos cartazes foi 396 x 560 mm (originalmente eles seriam de tamanho 420

x 594 mm, mas por questões técnicas de adequação aos tamanhos de telas

disponíveis, tiveram que sofrer uma pequena redução).

Com as telas gravadas, os cartazes foram impressos por mim no Laboratório

de Produção Gráfica, da PUC – Rio. Foi utilizada tinta vinílica na impressão.

Cada cartaz foi produzido em uma tiragem de 15 unidades em papel offset

120 g/m2 e 4 unidades em papel couché fosco, 120 g/m2.

O resultado final foi bastante satisfatório, conseguindo alcançar bons planos

de cor chapados, apenas com pequenos problemas (quase imperceptíveis) de

encaixe de cor, no cartaz “Eu tenho um sonho.”.

67

68

Com a criação e produção dos cartazes encaminhada, me dediquei a criação

do produto/marca “Frases que mudaram a história”. Para isso, foi pensado um

sistema simples de identidade visual, com alguns pontos de contato, que são:

embalagem; cartão de informações; cartões de divulgação e site.

A base da identidade visual foi a marca desenvolvida inicialmente para

servir de selo identificador em cada cartaz. Por ser um elemento que seria

acrescentado em todos os cartazes, ele foi desenvolvido de modo a ser

simples, não ser tão pesado e ter uma flexibilidade quanto às possibilidades

de posicionamento nos cartazes. Foi composto com a fonte Museo Slab.

Pensando em sua aplicação na tampa da embalagem (de formato cilíndrico),

a marca foi aplicada dentro de um círculo. Essa solução acabou se tornando

a assinatura principal da marca.

Uma coleção de cartazes que representam visualmente

algumas das mais célebres e influentes frases da história.

São frases intelectualmente estimulantes, apresentadas por

um olhar gráfico-visual, que tenta explorar criticamente seus

sentidos e significados. Como as frases - objetos verbais -

podem ser explorados no campo da visualidade e se tornarem

peças relevantes de design gráfico? É o que tenta responder o

designer Eduardo Franco ao criar um sistema de cartazes que,

através de recursos gráficos, explora as possibilidades de

leitura e interpretação das frases.

O conjunto conta com nove cartazes, impressos em serigrafia,

divididos em três categorias (Filosofia, História e Política).

cargocollective.com/fraseshistoricas

FRASES QUE

MUDARAM

A HISTÓRIA

eduardo franco

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Uma coleção de cartazes que representam

visualmente algumas das mais célebres e influentes

frases da história. São frases intelectualmente

estimulantes, apresentadas por um olhar gráfico-

visual, que tenta explorar criticamente seus sentidos

e significados. Como as frases - objetos verbais -

podem ser explorados no campo da visualidade e se

tornarem peças relevantes de design gráfico?

É o que tenta responder o designer Eduardo Franco

ao criar um sistema de cartazes que, através de

recursos gráficos, explora as possibilidades de leitura

e interpretação das frases.

O conjunto conta com nove cartazes, impressos em

serigrafia, divididos em três categorias (Filosofia,

História e Política).

"Eu Tenho um Sonho" (em inglês: I Have a Dream) é o nome popular dado ao histórico discurso

público feito pelo ativista político estadunidense Martin Luther King, no qual falava da necessidade de

união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de

agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, D.C. como parte da Marcha de

Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento

Americano pelos Direitos Civis.cargocollective.com/fraseshistoricas

FRASES QUE

MUDARAM

A HISTÓRIA

eduardo franco

história

Uma coleção de cartazes que representam

visualmente algumas das mais célebres e influentes

frases da história. São frases intelectualmente

estimulantes, apresentadas por um olhar gráfico-

visual, que tenta explorar criticamente seus sentidos

e significados. Como as frases - objetos verbais -

podem ser explorados no campo da visualidade e se

tornarem peças relevantes de design gráfico?

É o que tenta responder o designer Eduardo Franco

ao criar um sistema de cartazes que, através de

recursos gráficos, explora as possibilidades de leitura

e interpretação das frases.

O conjunto conta com nove cartazes, impressos em

serigrafia, divididos em três categorias (Filosofia,

História e Política).

"Eu Tenho um Sonho" (em inglês: I Have a Dream) é o nome popular dado ao histórico discurso

público feito pelo ativista político estadunidense Martin Luther King, no qual falava da necessidade de

união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de

agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, D.C. como parte da Marcha de

Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento

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A HISTÓRIA

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filosofia

Uma coleção de cartazes que representam

visualmente algumas das mais célebres e influentes

frases da história. São frases intelectualmente

estimulantes, apresentadas por um olhar gráfico-

visual, que tenta explorar criticamente seus sentidos

e significados. Como as frases - objetos verbais -

podem ser explorados no campo da visualidade e se

tornarem peças relevantes de design gráfico?

É o que tenta responder o designer Eduardo Franco

ao criar um sistema de cartazes que, através de

recursos gráficos, explora as possibilidades de leitura

e interpretação das frases.

O conjunto conta com nove cartazes, impressos em

serigrafia, divididos em três categorias (Filosofia,

História e Política).

"Eu Tenho um Sonho" (em inglês: I Have a Dream) é o nome popular dado ao histórico discurso

público feito pelo ativista político estadunidense Martin Luther King, no qual falava da necessidade de

união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de

agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, D.C. como parte da Marcha de

Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento

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política

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história

FRASES QUE

MUDARAM

A HISTÓRIA

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filosofia

FRASES QUE

MUDARAM

A HISTÓRIA

eduardo franco

política

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Para a embalagem, foi desenvolvido um cilindro preto de

papelão, com a marca adesivada na tampa. Essa marca,

entretanto, foi pensada para vir identificando a qual categoria o

cartaz em questão pertence. Assim, a marca se desdobrada em

mais três assinaturas diferentes, que indicam o conjunto. Na

parte lateral da embalagem, um adesivo com a marca e uma

representação reduzida dos cartazes (de modo a demonstrar

que se trata de uma coleção), com um pequeno quadrado

branco, para marcação do cartaz contido na embalagem.

No interior, o cartaz vem enrolado, com uma lâmina de

tamanho 13,2 x 13 cm, que apresenta os nove cartazes, uma

descrição da coleção, uma breve descrição do contexto da

frase, e o endereço do site do projeto. No site (disponível em

http://cargocollective.com/fraseshistoricas), estão expostos

os nove cartazes, com uma explicação e contextualização da

frase, além de informações gerais do projeto. Como forma

de divulgar o projeto, ainda foram produzidos cartões (10

x 15 cm) com um cartaz na frente (existem nove cartões

diferentes, um para cada cartaz), e informações sobre a

coleção no verso.

Esse trabalho foi importante para consolidar o projeto como

um produto completo, e não apenas um exercício conceitual

de design gráfico, que era o conceito original. Além de ter

sido interessante trabalhar e expor os cartazes em escalas

muito reduzidas, e observar o bom funcionamento deles

mesmo nessa escala.

71

FRASES QUE

MUDARAM

A HISTÓRIA

eduardo franco

cargocollective.com

/fra

sesh

isto

ric

as

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73

considerações finais

“Estrutura, clareza de proposta,

forma, história - tudo aquilo que

tradicionalmente é necessário para

tomar decisões. E o design é bem isto:

decisões criteriosos.”

Milton Glaser

74

75

Ao relembrar e avaliar todo o processo de quase um ano que durou este

projeto, observei que foi um importante marco de conclusão de graduação.

Passei por uma etapa teórica, e fiz questão de me aprofundar (ao menos

um pouco mais) em história e teoria do design gráfico, com o intuito de

consolidar não apenas a produção deste projeto, como de toda minha

formação acadêmica, que, de maneira geral e oficial, possuiu um viés pouco

teórico. A etapa de produção foi de enorme aprendizado, onde tive que

entrar em um constante jogo de experimentações, defesas e considerações,

sempre focado nos objetivos do projeto, e buscando alcançar resultados

significativos e consistentes.

Busquei que esse trabalho tivesse como resultado o produto de um

processo de amadurecimento pessoal do autor no campo do design gráfico.

Deste modo, a conceituação teórica que permeia e dá base ao trabalho

é fundamental para sua consolidação. O resultado final são peças de

comunicação visual que foram exaustivamente trabalhadas e questionadas,

tendo os principais princípios do design gráfico sempre considerados.

Evidentemente que a conclusão deste trabalho foi determinada pelo prazo

de entrega, e de produção deste relatório. Ajustes e correções ainda cabiam,

mas se até Paul Rand tem vontade de voltar atrás e ajeitar alguns elementos

de sua marca da UPS, acho que posso considerar isso um problema natural

aos designers. Sempre terão aspectos a serem revistos e modificados, mas, de

maneira geral, acredito ter alcançado um resultado bastante satisfatório, que

atende as premissas e o enunciado elaborado no início do processo.

76

77

referências biliográficas

. BOSLER, Denise. Mastering Type

. BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico

. FARKAS, Kiko. Cartazes Musicais; com textos de João de Souza Leite, Paula

Scher e Arthur Nestrovski

. GARFIELD, Simon. Esse é meu tipo

. HELLER, Steven e PETTIT, Elinor. Design em diálogo

. HESSE, Helge. A História do mundo em 50 frases

. KROEGER, Michael. Conversas com Paul Rand

. LUPTON, Ellen. Pensar com tipos

. MEGGS, Philip B. História do Design Gráfico

. SAMARA, Timothy. Elementos do Design - Guia de estilo gráfico

78

créditos de imagens

PÁG 14 | Paula Scher

Cartaz para a CBS Records, 1979

retirado de MEGGS, p. 618PÁG 16 | Herbert Bayer

Cartaz “Europäisches Kunstgewerbe”, 1927

retirado de MEGGS, p. 413

PÁG 16 | Alfons Mucha

Cartaz dos papéis para cigarro Job, 1898

retirado de MEGGS, p. 263

PÁG 17 | Eduardo Franco

Cartaz Revolution, da coleção “Cartazes

tipográficos musicais”, 2013

disponível em cartazestipograficos.tumblr.com

PÁG 17 | Eduardo Franco

Cartaz Cálice, da coleção “Cartazes

tipográficos musicais”, 2013

disponível em cartazestipograficos.tumblr.com

PÁG 14 | A. M. Cassandre

Cartaz para o transatlântico

L’Atlantique, 1931

retirado de MEGGS, p. 363

PÁG 15 | Milton Glaser

Cartaz de Bob Dylan, 1967

retirado de MEGGS, p. 557

PÁG 15 | Paul Rand

Cartaz para o American Institute

of Graphic Arts, 1968

retirado de MEGGS, p. 488

79

*duo *tri *poli

*paleta 1 *paleta 2 *paleta 3

*formas orgânicas

*formas geométricas

*elementos fotográficos

PÁG 17 | Eduardo Franco

Cartaz Blackbird, da coleção “Cartazes

tipográficos musicais”, 2013

disponível em cartazestipograficos.tumblr.com

PÁG 17 | Eduardo Franco

Cartaz Blowin in the wind, da coleção

“Cartazes tipográficos musicais”, 2013

disponível em cartazestipograficos.tumblr.com

PÁG 17 | Eduardo Franco

Cartaz Que país é esse?, da coleção

“Cartazes tipográficos musicais”, 2013

disponível em cartazestipograficos.tumblr.com

PÁG 29 | Eduardo Franco

diagramas ilustrativos, 2013

retirados do relatório de g1 deste projeto.

PÁG 67 | Eduardo Franco

fotos do processo de produção gráfica, 2013

acervo pessoal do autor

* As demais imagens deste relatório são

representações de layouts e material gráfico

desenvolvido neste projeto, todas de autoria

de Eduardo Franco.

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