folhas soltas n° 06.doc

56
1

Upload: nata-souza

Post on 05-Jul-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 1/56

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 2/56

FOLHAS SOLTAS  é uma publicação conjunta do Departamento deAntropologia e do Departamento de Ciências Sociais, do Instituto deCiências Humanas e Letras, da ni!ersidade "ederal do Ama#onas$

FOLHAS SOLTAS  é uma publicação !oltada, prioritariamente, para pro%essores dos Departamentos de Antropologia e Ciências Sociais, estandoaberta também a pro%essores e pes&uisadores do Instituto de CiênciasHumanas e Letras'"A(, e de outras Instituiç)es de *nsino e +es&uisa,e!entualmente acolendo te-tos de discentes$FOLHAS SOLTAS objeti!a di%undir trabalos !oltados pre%erencialmente para ati!idades did.ticas da .rea das umanidades$ / uma publicação decirculação interna destinada a di!ulgar trabalos em primeira !ersãoresultantes de pes&uisas j. conclu0das ou em andamento, de comunicaç)es,con%erências, palestras, e-posiç)es, o%icinas ministradas$

Ficha TécnicaCoordenação

+ro%$ (sc$ Lino oão de 2li!eira 3e!es+ro%4$ Dra$ 5a&uel 6iggers

Comissão de Publicação

+ro%$ (sc$ Arn7bio Al!es 8e#erra 9 DCiS'ICHL+ro%$ Dr$ 8enedito Car!alo "ilo 9 DCiS'ICHL+ro%$ Dr$ osé *-e&uiel 8asini 5odrigue# 9 DA3'ICHL+ro%$ (sc$ Lino oão de 2li!eira 3e!es 9 DA3 ICHL

+ro%4$ Dra$ (aria I#abel (edeiros :alle 9 DCiS'ICHL+ro%4$ Dra$ (arilene Corrêa da Sil!a "reitas 9 DCiS'ICHL+ro%4$ Dra$ 5a&uel 6iggers 9 DA3'ICHL+ro%$ Dr$ Sidne; Ant<nio da Sil!a 9 DA3'ICHL

 Representantes dos Departamentos

+ro%$ (sc$ Lui# "ernando Sou#a Santos 9 Ce%e do Depto$ Ciências Sociais+ro%4$ Dra$ 5a&uel 6iggers = Ce%e do Depto$ Antropologia

 Revisor dos textos

Prof. Msc. osé *nos 5odrigues

 Equipe Técnica"ab0olla *manuelle Sil!a :ilarIsabelle 8rambilla HonoratoNatã Souza Lima >atiane de Sou#a (ota

*ndereço para correspondência?ni!ersidade "ederal do Ama#onasDepto$ de Antropologia = ICHL, Campus ni!ersit.rioA!$ @en$ 5odrigo 2t.!io ordão 5amos, BBB, Alei-o$Campus ni!ersit.rio, Coroado I, (anaus=A($ C*+ BEEBBB"one? FG F J B=K1

*=mail? %olassoltascadernosgmail$com

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 3/56

 Folhas

Soltas

 Amazônias perspectivas para

o século !!" 

  Renan Freitas Pinto

# presente na tradição

recon$ecimento e busca  Marilene Corrêa da Silva Freitas

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 4/56

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 5/56

Sumário

Apresentação

Prefácio

Artigos

 Amazônias perspectivas para o século !!"   Renan Freitas Pinto

# presente na tradição recon$ecimento e busca Marilene Corrêa da Silva Freitas

Chamada para publicação 

BE

11

1

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 6/56

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 7/56

Apresentação

Brindamos a comunidade acadêmica com aretomada da publicação do  FOLHASSOLTAS.FOLHAS SOLTAS é uma iniciativa dosDepartamentos de Antropoloia e !iênciasSociais" com ob#etivo de $ortalecer as

relaç%es entre os departamentos e abrir umcanal de possibilidades de publicação dete&tos acadêmicos.'etomamos a publicação do FOLHASSOLTAS" (ue $oi uma iniciativa doDepartamento de !iências Sociais e )*cleo

de +studos e ,es(uisa Social - )+,S" dadécada de //0" com publicaç%es de artiosde pro$essores do Departamento de!iências Sociais12FA3. Foram editadosna(uele per4odo seis n*meros do FOLHASSOLTAS 5 !AD+')OS DO )+,S" (ue sãoreeditados nesta nova $ase6O n*mero " lamentavelmente $oi perdido"não sendo poss4vel nesta nova $ase reedit7-lo.O n*mero 8" publicado no ano de //9" comseis artios (ue tratam de tem7ticasvariadas" entre elas artesanato e resate

E

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 8/56

cultural" mul:eres militares" relaç%esraciais" pensamente m4tico e meio ambiente"cidade e sa*de.O n*mero 8A" publicado no ano de //;" $oiuma +dição +special comemorativa aos 0anos do curso de !iências Sociais. !om(uatro artios" três monora$ias deconclusão de curso e dois resumos de

pro#etos. Os temas tratados nos artios sãoidentidade nacional" a escola de !:icao"4ndio e a ideia de barb7rie na Ama<=nia eAenda Ama<=nia 8.O n*mero >" publicado no ano ///" com(uatro artios" três monora$ias de

conclusão de curso e duas resen:as. Ostemas dos artios iram em torno dediscussão sobre noção de tempos e ciclos"epistemoloia das ciências sociais" socioloiae p?s-modernidade e pr7tica e trabal:o decampo.

O n*mero @" publicado em aosto de 8000"contava com sete artios" (uatromonora$ias de conclusão de curso e duasresen:as. Os temas dos artios sãocaboclos" mito" miração e lobali<ação.O n*mero " publicado em novembro de8000" com 0 artios" cinco monora$ias de

M

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 9/56

conclusão de curso e duas resen:as. )estaedição os te&tos publicados dissertam sobredois ei&os tem7ticos principais6 ideias sobreBrasil e Ama<=nia.O n*mero 9 inauura a nova $ase doFOLHAS SOLTAS com te&tos do pro$essorDr. 'enan Freitas ,into" tratando de,erspectivas para Ama<=nia no século C"

e da pro$essora Dra. 3arilene !orrêa daSilva Freitas" (ue versa sobre a obra deoão Francisco Lisboa sobre a Ama<=nia.)esta nova $ase FOLHAS SOLTAS adota aproposta de publicar prioritariamente te&tode um autor por volume. +ventualmente

poderão ser adotadas outras $ormataç%esem n*meros especiais. E uma publicação dete&tos" principalmente" para uso did7tico"em primeira versão" ou se#a" (ue ainda nãoestão consolidados" abrindo (uest%es paradiscussão.

Lino João de Oliveira Neves e a!uel "iggers

!oordenadores da 'evista2FA3

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 10/56

1B

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 11/56

Prefácio

5etomar a publicação de  FOLHAS SOLTAS   émoti!o de dupla satis%ação$Satis%ação por retomar a antiga iniciati!a doDepartamento de Ciências Sociais de criar umcanal de discussão de nossas ati!idadesacadêmicas, reati!ado, agora no Nmbito dosDepartamentos de Antropologia e Ciências Sociais,

como espaço de di!ulgação de ideias, de trocas deopini)es, de intercNmbios de e-periências, dere%le-)es te7rico=conceituais, de estudos de casos ede %ormulação de propostas de inter!enç)es sociais$Satis%ação redobrada, por iniciar essa no!a série de FOLHAS SOLTAS   com artigos de 5enan "reitas+into e (arilene Corrêa da Sil!a "reitas, dois dosnossos mais &ueridos colegas das Ciências Sociaisno Ama#onas$"alar em 5enan e (arilene como cientistas sociaisno Ama#onas não é, nem de longe, diminuir ascontribuiç)es de suas produç)es intelectuais a umadimensão meramente local$ 5enan e (arilene nãosão soci7logos locais, como a e-pressão O&ueridosP poderia sugerir para um leitor menos conecedor 

de seus trabalos$Di#er 5enan e (arilene O&ueridosP é, antes detudo, reconecer a importNncia de ambos no processo de institucionali#ação do pensamentosocial na %am e no Ama#onas, e, por e-tensão, nocen.rio sociol7gico brasileiro$ OQueridosP nãoapenas no sentido a%etuoso e cordial em &ue n7s,ama#onenses, utili#amos o termo, mas &ue em

11

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 12/56

5enan e (arilene, tem, ainda, a conotação dedestacados e respeit.!eis intelectuais &ue tomam a

nossa região como elemento central de suasre%le-)es$ OQueridosP para não usar o termoOconsideradosP, &ue no %alar manauara ganou umsentido para além da&uele tradicionalmentedicionari#ado$ (as, pensando bem, 5enan e(arilene além de O&ueridosP colegas são tambémOconsideradosP cientistas sociais$2s artigos a&ui publicados dão bem uma mostra daamplitude das preocupaç)es, interesses e prop7sitosintelectuais de 5enan e (arilene, &ue longe dereprodu#irem o pro!incianismo &ue caracteri#a o pseudoconecimento, pensam o local no mundo emundo a partir do local$ Ambos, cada um a partir do seu tema e en%o&ue, elegidos para a construçãode seus respecti!os artigos, pensam o mundo a

 partir do local 9 Ama#onas 9, sem cair no pro!incianismo, &ue este não é a marca do pensamento nem de 5enan, nem de (arilene$5enan apresenta o desa%io de produ#ir um pensamento sociol7gico contemporNneo orientado pelos pensares dos po!os ind0genas e das populaç)es tradicionais em nossa região$ (arilenediscute a %ormação da sociedade brasileira tomando

em conta a multiplicidade de atores sociais e pol0ticos &ue con%ormam a Onossa Ama#<niaP, parausar um termo &ue apesar de não e-plicitado emnenum dos dois artigos est. presente em suasentrelinas$Como espaço acadêmico de di!ulgação de ideias, FOLHAS SOLTAS  almeja cumprir o papel de arena

1J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 13/56

das urbes, de praça das !ilas, de p.tio dascomunidades, de terreiro das aldeias, de ecrã das

redes !irtuais, atra!és do &ual os nossos trabalossejam submetidos R cr0tica de outros leitores,cumprindo a %unção &ue les cabe de re%letir criticamente a sociedade na &ual estamos inseridose para a &ual contribu0mos com o nosso %a#er en&uanto cientistas sociais$

+or %im, para não estender mais, até por&ue este 3 é deles, de 5enan e (arilene, retomar a publicação de  FOLHAS SOLTAS   com osOconsideradosP 5enan e (arilene é uma imensasatis%ação$

A todos, uma pro!eitosa leituraT

#anaus$ setembro de %&'%(Lino João de Oliveira Neves

)epartamento de Antropologia

 

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 14/56

1K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 15/56

Ama*+nias, perspectivas para

o s-culo ../

 Renan Freitas Pinto

Universidade Federal do Amazonas

Queremos inicialmente saudar a todos os

 participantes do *ncontro da Sociedade 8rasileirade Sociologia JB1B, desejando a todos &ue seencontram neste momento em 8elém do +ar. &ueapro!eitem além da sempre generosa acolidadessa bela cidade e de seu po!o, a ocasião decolermos os melores resultados poss0!eis daampla e di!ersi%icada interlocução &ue tem sido amarca principal dessas reuni)es da S8S$

2 tema da reunião deste ano é por !.riasra#)es desa%iador e nos coloca a todos diante docompromisso de e%eti!amente começarmos a pensar na comple-idade e na di!ersidade s7cio=cultural das !.rias Ama#<nias, mas sobretudo de buscarmos nos en!ol!er com a busca de nossadescoloni#ação pro%unda, por&ue somos ao mesmotempo coloni#adores e coloni#ados$

 +ensar na Ama#<nia como !.rias é tambémtrilar !.rios caminos em busca da Ama#<nia pro%unda &ue subja# em cada uma delas$ 2 &uede!e signi%icar também, para n7s &ue !i!emos a&uie para os &ue se ocupam dela em outros lugares, a

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 16/56

necessidade, portanto, dessa dupla descoloni#ação, para &ue passemos a pensa=la de %orma

independente, pois se não encontrarmos esse graude liberdade para reconstruirmos as bases de nossoconecimento e percepção, seremos obrigados a prosseguir percebendo=a a partir do &ueaprendemos com os outros$

As nossas utopias e seus caminos poss0!eis$

A Ama#<nia, paralelamente Rs suas utopias econtra=utopias é uma região ou ainda mundo eespaço cercados por ideologias, &ue !ão dasideologias do in%erno !erde, do clima arrasador, dageogra%ia desencorajadora, até Rs ideologias p7s=modernas do dep7sito terrestre de carbono, dasreser!as de .gua, da biodi!ersidade, da destruição e

da preser!ação, do !a#io e das %ronteiras$

* as ideologias, em suas necessidades dee-pansão e competição, prosseguem produ#indo osseus ide7logos, &ue somos n7s mesmos$

 Certamente . uma resistência de nossa parteem nos reconecermos como ide7logos, por&ue nos!emos de pre%erência como os seus cr0ticos$ (astemos sido n7s os principais in!entores das idéias&ue alimentam e %a#em crescer essas ideologias$

Quem, se não n7s, in!entou e %etici#ouidéias como a da Ama#<nia intoc.!el, misteriosa eainda seu desen!ol!imento sustent.!el, do mesmo

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 17/56

modo &ue o caboclo, o seringueiro, o

castaneiro, o ribeirino, o manejo %lorestal e todosos demais termos &ue se trans%ormaram em s7lidasestruturas de pensamento, &ue aderem ao discursoda ciência e das representaç)es culturais, semdei-ar a0 de continuar sendo ideologias$

2 &ue &ueremos sugerir aos nossos colegasdo *ncontro é &ue de!emos en%rentar com maisrigor cr0tico a urdidura de nossas pr7priasarmadilas !alorati!as &ue consiste no empeno dereconecer e dissipar todos esses encobrimentosideol7gicos$

/ necess.rio &ue tenamos bem n0tidos oslimites &ue a sociologia encontra para abordar todo

o conjunto de problemas &ue estão relacionadoscom a prospecção dos temas en!ol!idos com oconjunto de perspecti!as do século UUI$

Se estamos no in0cio desse século, issosigni%ica &ue temos uma capacidade certamentelimitada de ante!er seu %uturo, mesmo a&uele &ue parece pr7-imo$ 3ão apenas por&ue a !elocidadedas mudanças no campo da tecnologia, por e-emplo, nos desestimula a tentar arriscar ip7teses para o %uturo, até mesmo para aspectos da !ida &ueso%rem poucas mudanças e &ue até mesmoapresentam regress)es$

1E

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 18/56

*m termos das perspecti!as %uturas daAma#<nia, elas não de!em ser pensadas sem

considerarmos o %ato de &ue elas di#em respeito Rs perspecti!as &ue estão se projetando para o &uealguns autores estão denominando de nossa

Am-rica, ou seja, de um %uturo ci!ili#at7rioaut<nomo dos !alores &ue nos %oram determinados pelo sistema colonial do 2cidente, &ue terminamosaceitando como !.lidos e necess.rios$ A idéia denossa Am-rica  identi%ica=se, sobretudo, com anecessidade de descoberta e in!enção de caminos pr7prios$

Assim, não poder0amos, en&uanto soci7logos,continuar subscre!endo idéias, modelos e pr.ticas&ue !em de%inindo &uest)es como desen!ol!imentoregional, integração econ<mica, sustentabilidade,

regionalismo, etnociência e outras, &ue nos sãoentregues como produtos resultantes deordenamentos supra=nacionais e supra=locais$

  / recomend.!el &ue, dentro de nossoslimites reais, possamos tentar encontrar no!osmodos de nos relacionarmos com essas ideologias&ue en!ol!em as &uest)es da participação pol0tica,do desen!ol!imento, da democracia, da cidadania eda autonomia pro%unda, para encontrarmos oscaminos a partir dos &uais a sociedade possae%eti!amente de%inir suas necessidades e dispor deinstrumentos com alguma garantia de &ue sejamcumpridas$

1M

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 19/56

A situação concreta é &ue, mesmo &uando semani%esta um alto grau de insatis%ação, os

indi!0duos não encontram meios de e-ercer  press)es capa#es de produ#ir os necess.riosresultados$

+odemos lembrar dois e-emplos dos maisconstantes, &ue são as demandas por educação eemprego, &ue são crescentes nas di!ersasAma#<nias, como de resto em toda parte$ Ae-pectati!a regional de atendimento a necessidadescomo essas tem se re!elado na produção dos dadossobre as ta-as de desemprego e e-clusãoecon<mica e nas in%ormaç)es sobre dados daeducação &ue colocam a região com os pioresn0!eis do +a0s$

*sses 0ndices, entretanto, não se re%letem de%orma contundente nas a!aliaç)es eleitorais, tal!e# por&ue as eleiç)es não %orneçam mesmo a possibilidade de um julgamento coleti!o real,apesar de ser o momento em &ue o grau de participação ci!il de!eria estar mais acentuado$

 * em relação a essa ausência de instrumentose%ica#es de pressão, do ponto de !ista pol0tico, osentimento dominante é &ue os go!ernantes se pre!alecem do sistema democr.tico para garantir eampliar seu pr7prio poder e seus pr7prios bene%0cios, %ortalecendo a apropriação e a pri!ati#ação de aspectos da es%era pVblica$

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 20/56

+ortanto, algo &ue, sem sombra de dV!ida,tem crescido com a democracia é a corrupção, &ue

cria e so%istica sua pr7pria cultura, &ue termina dealgum modo alcançando um tipo de consentimento pela sua banali#ação$ ma corrupção &ueine!ita!elmente en!ol!e e compromete setores pri!ados, empresariais, estimulando a pr7priaorgani#ação do crime$ * &uanto a essa subculturada corrupção, da contra!enção e das pr.ticasil0citas, a Ama#<nia tem dado incont.!eis e-emplosem sua ist7ria pol0tica recente e atual$

+ortanto, uma das perspecti!as para o %uturoé &ue se inaugure uma no!a cultura pol0tica%undada numa democracia e%eti!a pro%undamente!i!enciada por cada cidadão, trans%igurada em umsenso comum capa# de cimentar no cotidiano da

sociedade, no!os !alores &ue !enam liberta=la dacriminalidade &ue captura a es%era da pol0tica$

 3ão concebemos a&ui as utopias comosituaç)es imposs0!eis de serem atingidas oureali#adas, mas a&uelas situaç)es &ue nos inspiram possibilidades &ue podem ser imaginadas ereali#adas$

 m dos caminos de nossa descoloni#açãoser., portanto a !alori#ação das !.rias possibilidades ut7picas &ue tem po!oado nossaimaginação m0tica, pol0tica, social e liter.ria$ Asnossas primeiras utopias tem e-pressão na tradiçãode mitos como o da terra sem males, cujo

JB

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 21/56

signi%icado ainda permanece !i!o, na ideali#açãode um mundo sem injustiças, nas possibilidades de

acesso R terra e mesmo no retorno a situaç)es em&ue a!ia %artura de alimento, ou seja, situaç)es deutopias capa#es de serem atingidas com asmigraç)es em busca de no!os e anteriores lugares&ue o%ereçam o essencial para a !ida$

+odemos nos re%erir igualmente Rs nossasutopias pol0ticas a camino de uma autonomia emrelação aos sistemas &ue nos redu#em aosubdesen!ol!imento, R condição de região maisatrasada do continente, pela emergência de processos ist7ricos de luta &ue nos pudessemassegurar a condição de descoloni#ados eaut<nomos e desse tipo de utopia temos pro!a!elmente o e-emplo mais signi%icati!o na

re!olução social e pol0tica do processo &ue !eio aser conecido como a Cabanagem$

 * prosseguimos na busca de nossos %uturoscaminos &ue de!eriam ser li!res dos principais!0cios presentes como a subcidadania, a destituiçãosocial, a corrupção &ue se tornou estrutural e &ue seapropriou do sistema pol0tico !igente, tudo issocontraposto R possibilidade de uma utopia &ue seria principalmente a de nos libertarmos desses modosin0&uos de construção e e-erc0cio do poder &ue nosaprisiona a todos$

A Ama#<nia tem sido um territ7rio po!oado por !.rios tipos de utopia, e em particular a&uelas

J1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 22/56

&ue poder0amos, seguindo alguns autores latino=americanos, denominar de liter.rias$ De utopias &ue

contribu0ram densamente para a construção ecoloni#ação de nosso imagin.rio$ * . conclus)esem relação a essas e-press)es ut7picas, de &ue elastem tido um papel %undamental na construção denossa imaginação ut7pica no sentido ao mesmotempo mais di!ersi%icado e pro%undo$ São nossasconecidas Rs utopias da Ama#<nia como o *lDorado, o +ara0so natural, o !ale de ri&ue#asilimitadas e assim por diante$ *ssas construç)esut7picas se con%undem com parte substancial denossa identidade geogr.%ica e natural marcada peladesmedida, &ue é seu traço mais %undo$

 *ssa perspecti!a &ue iremos adotar de %orma plena e sistem.tica neste momento, na realidade j.

!em sendo e-perimentada concretamente atra!ésda di!ersidade de abordagens de &ue tem sidoobjeto essa parte do 8rasil, sem &ue muitas !e#esos seus respons.!eis tenam se posicionado comoe%eti!os participantes de tal perspecti!a$

 3a !erdade adotar a perspecti!a de buscar compreender e interpretar a Ama#<nia comoconstituindo uma comple-idade sempre no plural,nas e-periências e%eti!as de cada pes&uisador, doconjunto de in!estigadores de cada uni!ersidade ede cada instituição de pes&uisa, dos pr7prios protagonistas sociais, essa possibilidade e mesmoessa necessidade inadi.!el encontra di%iculdades por parte desses atores em perceberem suas

JJ

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 23/56

 pr7prias identidades como parte desse amplo todo&ue seriam as di%erentes Ama#<nias$ +or&ue,

mesmo &uando se trata de aceitar essecompartilamento e pertencimento, restam ainda as percepç)es de sujeitos e objetos recortadas peloscampos disciplinares, pelas especiali#aç)es cada!e# mais presentes do conecimento e do saber, deum lado, e do outro, dos protagonistas sociaisserem le!ados a buscar a sua marca particular, a suaidentidade incon%und0!el como o aspecto%undamental de suas respecti!as a%irmaç)esdistinti!as$

Se desde cedo se imp<s a necessidade dereconecermos as Ama#<nias correspondentes aosterrit7rios nacionais como sua primeira di!isãogeopol0tica con!encional, %omos também le!ados a

reconecer situaç)es de !.rios tipos &uetranspunam esse tipo de %ronteira geogr.%ica e pol0tica$ *ntre esses aspectos o &ue maisclaramente se destaca é o %ato de &ue as sociedadesind0genas !i!endo nesses territ7rios de in!enção de%ronteiras, permanecem como demonstraç)es de&ue esses marcos transnacionais não tem sido plenamente capa#es de apagar seus traços

identit.rios pro%undos$ Ao mesmo tempo em &ueindicam a possibilidade de também !i!ermos sem%ronteiras ou transpondo e diluindo as %ronteiras&ue e!entualmente nos %oram impostas$Acreditamos ser essa uma das perspecti!as mais promissoras do século UUI, por&ue ser. a possibilidade de nos enri&uecermos atra!és da

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 24/56

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 25/56

 pelos indi!0duos e grupos de suas respecti!ascomunidades e sociedades e &ue se encontram

&uase sempre em processo de mudança, mesmo&uando estamos nos re%erindo aos nVcleos de saber aparentemente mais tradicionais, como a&uelesrepresentados por conecimentos restritos adeterminados indi!0duos in!estidos de atributossobrenaturais, m.gicos, -amNnicos, assim como por a&ueles &ue detêm o dom0nio de técnicasespeciali#adas como, por e-emplo, o dasta-inomias do mundo das plantas e dos animais,das técnicas %armacol7gicas, medicinais,agron<micas, e outras tecnologias e saberes dos&uais os coloni#adores se apropriaram de !.riasmaneiras, como é o caso da construção na!al e daar&uitetura$ Da metarlugia e da ouri!esaria, da%abricação de brin&uedos e outros arte%atos lVdicos,

entre os inVmeros e-emplos &ue é poss0!el lembrar$

2 etnoconecimento, portanto, pode ser identi%icado com o uni!erso dos saberes e técnicase-istentes nas sociedades ditas primordiais,ind0genas, rVsticas, rurais, tradicionais$ * tambémidenti%icado como o acer!o de elementosconstituti!os de suas etnicidades e identidades$

Identidades &ue estariam, portanto, em oposição,ou distanciadas dos padr)es &ue caracteri#am associedades eurocêntricas e racionais modernas detipo ocidental$

A etnociência !em se constituindo como oconjunto de !alores e pr.ticas relacionados com a

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 26/56

capturação, com a coloni#ação do mundo da !idadessas populaç)es não ocidentais ou tradicionais,

 por parte do &ue passamos a conceituar comomundo sistêmico &ue é constitu0do por uma rede deagentes do poder pol0tico e da economia, daciência, da técnica e da cultura, cujos objeti!oscon!ergentes são os de identi%icar, reconecer e processar aspectos ou conjuntos doetnoconecimento, de modo &ue possam ser con!ertidos em etnociência, e ainda em produtos ouresultados para a etno%armacologia, etnomedicina,etno#oologia, etnobotNnica, etnomatem.tica,etnodireito e assim por diante$

2 &ue pretendemos lembrar a&ui é &ue essasrelaç)es entre o etnoconecimento, ou seja, o patrim<nio cultural das populaç)es nomeadas de

modo acentuadamente !alorati!o, como populaç)estradicionais e o camado campo das etnociências,são relaç)es con%lituosas, por&ue de um modocorrente, implicam em apropriação inde!ida, nose&Westro eticamente conden.!el dosconecimentos origin.rios, sem es&uecermos dos%ortes e constantes processos coloni#adores ei!adosde não reconecimento R alteridade dos saberes$

 / sempre bom lembrar também &ue essasrelaç)es estão densamente carregadas de percepç)es racistas e preconceituosas em relaçãoaos po!os ind0genas e aos demais segmentos domundo não urbano$

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 27/56

2 reconecimento das pr.ticas dacoloni#ação do mundo da !ida das populaç)es

tradicionais, ind0genas, primiti!as rurais, peri%éricas, e-7ticas, por parte das sociedadesindustriali#adas e tecni%icadas de um 2cidenteampliado e multipresente, não apenas na e-pressãode sua geogra%ia, mas de seus multi%acetadosmundos sistêmicos representados pelas pol0ticasdos organismos mundiais, das pol0ticas pVblicasdos pr7prios estados nacionais, das pautas de%inanciamento de pes&uisas das uni!ersidades, das23@s e suas pautas ambientalistas e de de%esa dos po!os ind0genas e de minorias culturais e deinVmeros e-emplos popularmente conecidos decapturação e apro!eitamento do conecimento popular, ind0gena ou rural &ue estão !inculados atrabalos de pes&uisadores isolados e da

 proli%eração da %armacologia !inculada a grandeslaborat7rios da indVstria %armacêutica$

*m s0ntese, o desen!ol!imento dasetnociências tem sido um e-emplo cabal daneocoloni#ação das Ama#<nias, oje assediadas,cartogra%adas e trans%ormadas em laborat7rios!i!os pelos di%erentes agentes do mundo sistêmico$

A perspecti!a &ue nos aponta o século UUI é &ue secon&uiste, pela autonomia cultural das populaç)es,a situação em &ue o etnoconecimento possa ser con!ertido em etnociências institu0das pelos pr7prios sujeitos desses saberes particulares, sem acapturação por agentes estranos Rs suastotalidades culturais$

JE

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 28/56

  *ssas culturas ind0genas j. !êmdemonstrando em !.rios pa0ses da América Latina

a possibilidade concreta de &ue seus conecimentosm.gicos e m0ticos, suas tecnologias e %a#eres possam ser desen!ol!idas em bene%0cio daa%irmação de suas pr7prias identidades e %ormaç)esculturais independentes$

Caberia ainda lembrar um aspecto igualmenteimportante &ue nos parece ser uma ine&u0!oca perspecti!a a ser consolidada no século UUI$ >rata=se do direito dos po!os ind0genas dedesen!ol!erem sistemas de educação e dea%irmação cultural, tendo como %undamento o usocorrente de suas l0nguas e de seus padr)es culturais particulares$ A permanência das l0nguas ind0genasde!e ser uma causa de todas as sociedades

regionais, pois representam incon%und0!el patrim<nio material e simb7lico, não apenas deseus respecti!os %alantes, mas de toda a sua região$

Adol%o Colombres em seu ensaio  América

como civilização  emerente, re%letindo sobrein!estigação da 3*SC2 sobre a situação dogrande nVmero de l0nguas &ue se encontramameaçadas de e-tinção no curso do século UUI,anota &ue, se &uase BX da umanidade %ala algumdos oito idiomas de maior di%usão, en&uanto &ue nooutro e-tremo, cerca de X das l0nguas ojee-istentes são %aladas por apenas cerca de KX da população mundial, tal situação le!a a algunse-perts a !aticinar &ue no curso do século UUI se

JM

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 29/56

e-tinguirão X das l0nguas oje e-istentes$ De%orma menos alarmante, a Atlas de Idiomas em

+erigo da 3*SC2, p)e em risco de e-tinçãocerca de MX das l0nguas, ci%ra um pouco mais bai-a, mas igualmente preocupante, em ra#ão principalmente do %ato de &ue são poucas l0nguas&ue oje alcançam os cem mil %alantes, &ue é olimite m0nimo %i-ado pelos lingWistas para &ue uml0ngua sobre!i!a$

*ste Vltimo dado é certamente um moti!o para nos preocuparmos com a situação de praticamente todas as l0nguas ind0genas dasdi!ersas Ama#<nias, mas o pr7prio autor dessare%le-ão nos lembra &ue a e-tinção das l0nguas nãosegue um ciclo natural e &ue programas de de%esa podem ser e%ica#es no empeno dos pa0ses em não

dei-ar &ue suas l0nguas %i&uem entregues R sua pr7pria dinNmica &ue é ainda pr7pria da condiçãocolonial Fpp$J,$

A situação da sociologia na Ama#<nia e suas perspecti!as$

+ara en%rentarmos as tare%as do presente &ueestamos !i!endo e do %uturo pr7-imo, &ue, de umcerto modo, é uma das inspiraç)es desse encontrode JB1B, somos le!ados a reconecer &ue nosencontramos, en&uanto cientistas sociais, nacondição de testemunar a e-istência de umasituação de dé%icit geral, em termos regionais, dedesen!ol!imento cient0%ico, tecnol7gico e cultural,

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 30/56

em especial se considerarmos a posição daAma#<nia diante dos dados de desen!ol!imento

&ue !em alcançando o 8rasil nesses campos dein!estimento em ino!ação tecnol7gica$ Seconsiderarmos &ue o desen!ol!imento brasileiroem termos de ciência, tecnologia e cultura ainda seapresentam relati!amente bai-o, sobretudo emrelação Rs necessidades &ue a pr7pria dinNmica dodesen!ol!imento cultural do +a0s sugere, a situaçãodo desen!ol!imento das ciências nas di!ersasAma#<nias é a demonstração mais gra!e de suadistNncia de um &uadro &ue por !.rias !e#es j. %oidesenado como o ade&uado$ 3a recente reunião daS8+C &ue ocorreu a&ui em 8elém, %oi conclusãoconsensual &ue necessitar0amos criar as possibilidades para a %ormação de de# mil doutoresnos pr7-imos de# anos$

/ claro &ue essa proposição bem indica onosso descompasso diante das tare%as de a pr7priaAma#<nia dar os rumos de seu %uturo$ (as não sãoapenas esses nVmeros &ue de!em %alar$

 3ecessitamos adotar em nossas iniciati!as!oltadas para redu#ir essa gra!e distNncia, posicionamentos independentes, de descoloni#açãode nossa inteligência$

/ necess.rio percebermos &ue as di%erentescontinuam sendo indu#idas aosubdesen!ol!imento, R marginalidade dos processos de cidadania plena e em outros sentidos

B

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 31/56

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 32/56

+ara não nos alongarmos, de!emos apenaslembrar &ue as ciências sociais !em ocupando uma

 posição cada !e# mais limitada no Nmbito do%omento, do %inanciamento, das publicaç)es, docrescimento de programas de p7s=graduação noconjunto das diretri#es em curso no +a0s$

Quando projetamos essa situação para aAma#<nia, certamente as coisas se agra!am$ 3ão é poss0!el tomar o atraso de nossas ciências sociaisna região sem consideramos a situação maisabrangente de nossos problemas$

2 mais importante de tudo isso é &uenecessitamos de uma perspecti!a de autonomia, deindependência de nossos al!os e das decis)esrelacionadas com os caminos &ue necessariamente

de!emos abrir com uma inteligência pr7pria dos problemas$

/ necess.rio e-plicitar também &ue além denossas pr7prias limitaç)es regionais, nosde%rontamos com a persistência da percepção p7s=colonial &ue o pa0s e os inVmeros agentes e-ternosalimentam em relação R Ama#<nia e &ue têmdi%iculdades em reconecer &ue as regi)es de!emse %ortalecer atra!és de maior autonomia pol0tica,mais liberdade de autodeterminação, mais possibilidades de auto=go!erno, a partir não das bases de poder atuais, &ue tem sido desastrosas,mas de bases e%eti!amente democr.ticas$

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 33/56

efer0ncias 1ibliográficas

Adorno, >eodor$ Cr!tica de la c"lt"ra # sociedad$II? inter!enciones 9 entradas$ (adrid, *dicionesAYal, JBB$

  %ialética &eativa$ 5io de aneiro, orge Zaar *d$,JBB$

 M!nima Moradia' Caracas, (onte [!ila *ditores,1E$

8olle, 6illi, *dna Castro e (arcel :ejmelYa$ Amaz(nia  9 reião "niversal e teatro do m"ndo$São +aulo, @lobo, JB1B$

Colombres, Adol%o$  América como civilizaci)n

emerente$ 8uenos Aires, JBBM$

  "reitas +into, 5enan$ A Ama#<nia e suas perspecti!as para o século UUI$ ornal Amazonas

em Tem*o$ Caderno Domingo, p.gs$ 1,K,$ (anaus,1 de Setembro de JB1B$

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 34/56

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 35/56

O presente na tradição,

reconhecimento e busca'

 Marilene Corrêa da Silva Freitas+

I = A atmos%era da utopia

2 &ue de%ine a !isão umana sobre as %orças&ue mo!imentam a biogra%ia na ist7ria\ *m &uemomento, a condição umana tradu# a %usão datrajet7ria indi!idual com as mani%estaç)escoleti!as\ *m &ual circunstNncia, a decisão do presente pode ser apreendida em toda a e-tensão do!i!ido e do imaginado\

A e-pressão de uma ideia, a irrupção de umainspiração original, a mani%estação da sensibilidadeart0stica, os processos de criação, o roteiro de

1 = >e-to original, em primeira !ersão, apresentado na sessãode posse no Instituto Hist7rico e @eogr.%ico do Ama#onas 9 I@HA, em JM de julo de JBB$J

  = Doutora em Ciências Sociais F3ICA(+] (estre emSociologia +ol0tica F+C'S+] +ro%essora e pes&uisadora dos programas de p7s @raduação Sociedade e Cultura naAma#<nia, Ciências do Ambiente e Sustentabilidade noAma#onas F"A( e Agricultura no >r7pico ^mido FI3+A]

 pro%essora do Departamento de Ciências Sociais dani!ersidade "ederal do Ama#onas desde %e!ereiro de 1E$+7s=Doutora pela ni!ersité de CA*3, "rance 9 JBB1=JBB$Atualmente, est. no cargo de Secretaria de *stado de Ciência

e >ecnologia do Ama#onas$

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 36/56

descobertas são di%erentes %ormas de perseguir amudança, compreendê=la como probabilidade,

mo!imento concreto ou del0rio psic7tico$ Cama=se, aos estados da e-periência a&ui descritos, deoportunidade, ou de sorte, a cance atribu0da a&ual&uer um &ue tena a %elicidade de !i!ê=los ouapreciar &uem te!e a clare#a de apreendê=los$

(eus contemporNneos de época, de distintostempos da mina !ida, a&ueles &ue respiraram damesma ambiência intelectual em &ue me criei etornei=me pro%issional concordarão comigo &ue mederam dupla oportunidade ao tornarem=me s7cia doI@HA? con%igurar uma atmos%era deci%rada por oão "rancisco Lisboa e seu esp0rito in&uieto,reconecer=me no prolongamento dele, de outros&ue ocuparam esta cadeira e da&ueles &ue nos

sucederão$

+rolongar aos &ue nos antecedem é onraria,e a tare%a de criar no!as cances aos &ue nossubstituem é desa%io republicano$ A a!entura prospecti!a de ampliar a possibilidade ist7rica dea sociedade dos saberes emergir, um dia, plena,li!re, é compromisso do presente, do %uturo, ad!émde uma ação coleti!a &ue é moldada no passado e&ue se con!erte em processo de transmissão de possibilidades$

A Ama#<nia %a# parte do meu ritmo dereconstituir a mem7ria, codi%icar e deci%rar os %atos,dominar conceitos, sistemati#ar categorias ao

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 37/56

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 38/56

circunstNncias da !ida &ue ainda não conecemos$2 amor pelo ru0do da %loresta %oi a pedagogia da

concentração &ue treinou meu !alor pela descobertasolit.ria$ +ago o preço de muitas perdas emocionais por esses e-cessos &ue s7 aparecem na&ueles &ue%oram cercados de um ambiente especial, natural esocial generoso$ Sim$ A Ama#<nia pro%unda égenerosa e culti!a generosidade em seus %ilosautênticos$

Culti!ei, para além da racionalidade, a alegriada in%Nncia %eli#, segura, !i!ida na proteção da%am0lia e da nature#a, guiada pela curiosidade a partir do olar, oras a %io, a passagem das .guas$Como todos os %ilos da !.r#ea &ue não se sentemameaçados pelo isolamento, nem pela imensidãodas distNncias, aprendi a compreender a Ama#<nia

 pelo seu ritmo pr7prio$ A %loresta de sons e sombras%amiliares não permite a rotina instalar=se comoregra, por isso é protetora$ 3a segurança desseambiente, aprendi, simultaneamente, os c7digos dereconecimento do saber local e seus elos maisamplos com o conecimento %ormal$ 3unca os !icomo n0!eis opostos] naturali#ei essa con!i!ênciaentre os .bitos domésticos$ Culti!ei o

ensinamento praticado por meus pais, e por todosos nossos ancestrais presentes em s0mboloscoleti!os] com eles, aprendi &ue a Ama#<nia tudo pode nos dar, desde &ue nossa adaptabilidade não prati&ue e-cessos$ "ortaleci=me na solidariedade deantigas con!icç)es, de geraç)es de união cont0nua$ 3em o so%rimento, decepç)es, ou a&uisiç)es da

M

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 39/56

maturidade, &ue mais tarde me %oram apresentadosna sociedade competiti!a, urbana, desp7tica e

desigual abalaram este princ0pio inegoci.!el$

Creio no %uturo alicerçado no conecimento ena pluralidade de saberes$ Culti!ei o .bito deesclarecer=me a cada surpresa da nature#a, dacultura, da ist7ria, e assim optei por de%ender aumani#ação da !ida social cotidiana deindi!0duos, grupos e coleti!idades ama#<nicas, deorigem e de opção$ >al!e# por isso, e-ploro umaintuição cient0%ica de &ue a Ama#<nia é umaunidade natural, social e pol0tica aut<noma, mesmono Nmbito da sociedade brasileira, mesmo sem jamais conseguir li!rar=se dela$

Aplicado R Ama#<nia, todo procedimento em

 busca do conecimento torna=se plural$ 3enumalinguagem de e-pressão das ciências da nature#a,da sociedade, e da cultura = esta como instNncia pri!ilegiada de autonomia =, sente=se reali#ada nosmodelos de pes&uisa e nos resultados dae-perimentação$

/ a Ama#<nia, sempre ela, e ainda ela, &uem promo!e, também, a tensão entre oão "ranciscoLisboa, sua interpretação do 8rasil nascente e omomento em &ue me encontro ao assumir estacadeira$ 3ossas narrati!as, as dele, a mina, e dosdemais interlocutores, s7cios ou não do I@HA,marcam as coordenadas aos ne-os da tradição no presente, com distintos pesos e %orças$ >ensão entre

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 40/56

ontem e oje, entre o racional &ue registra amobilidade dos sujeitos sociais e o 0mpeto de

inter!ir como interlocutor da ação sub!ersora daordem nacional, ou como ar&uiteto do desejo deindu#ir=le um ideal &ue ainda não era sonado por todos$ >ensão &ue se mani%esta nas %ormas dee-pressão, representação, interpretação, e de tonsde registro$ Dispens.!el é alongar esseesclarecimento, importante é sublinar sua nature#are!eladora$

A Ama#<nia é o emblema dos espaços em&ue o I@HA implanta=se e ad&uire %eição pr7pria$*m (anaus, ou em São Lui#, o I@HA persegue osrumos da %r.gil %ormação nacional$ +edaços dasociedade brasileira estão registrados nas paredes,nas re!istas e nas narrati!as de seus s7cios$ 3ão

importa se tena sido uma e-tensão da %abricaçãoda !ontade de construção do 8rasil 3ação, a&ui eem outras regi)es brasileiras] nem &ue tena sidoum lugar de e-pressão de uns poucos letrados, ondeas elites intelectuais %alaram de si, para si, emc0rculos de grupos de  stat"s  e pri!ilégios, emdistintos modos de legitimação de discursos$Importa, no presente, é a sobre!i!ência mesma da

tradição no interior do mesmo emblema, pois édesta permanência &ue emanam e-tratos dosesp0ritos de época da conturbada unidade nacional brasileira$

2ntem e agora, o todo, a sociedade nacional,mantém com suas partes, (aranão e Ama#onas,

KB

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 41/56

relaç)es de pro-imidade calculada e de estrane#adis%arçada$ / ela, a mesma sociedade nacional &ue

se reali#a na Ama#<nia e no (aranão de oão"rancisco Lisboa, &uem desespera aos &ue tentamacelerar as suas mani%estaç)es pol0ticas, aos &ueinsistem em le engra!idar %en<menos precoces, por&ue ela pro%ana e des!ia a beati%icação e aci!ili#ação$ 3a !erdade, ela as recria, nos tornamalditos e amados, e %re&uentemente,incompreendidos$ +ensamentos e iniciati!asdeslocadas dos processos ist7ricos reais remetemsempre Rs teses &ue sustentam epis7diosinesperados, Oideias %ora de lugarP$

 3ão . meio termo em se tratando da%ormação do 8rasil na Ama#<nia, o I@HA !i!e estadeterminação da produção do conecimento$

II = (entalidade e ação ist7rica? as bases docompromisso

oão "rancisco Lisboa tentou, ensaiou,e-asperou=se, não escondeu decepç)es nem os pensamentos mais c.usticos$ 5acionali#ou osimpulsos, alternando a ação pol0tica, a militNncia jornal0stica, a pes&uisa ist7rica e a cr<nica doscostumes$ Quando reuniu todas essas !i!ências,interpretou !.rios processos de %ormação do seu pa0s e de outros momentos pol0ticos da Antiguidadecl.ssica, da *uropa, comparou projetos e

K1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 42/56

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 43/56

nacional &uando, atra!és da comparação de%racassos ist7ricos de outras realidades pol0ticas,

estas indica!am &ue todas as con!icç)es sobre aimportNncia de acontecimentos gloriosos erammeros pontos de !ista pass0!eis de correção$ 2u deoutra interpretação$ * assim aprendeu a relati!i#ar  ju0#os &ue a maioria de seus analistas identi%icoucomo parado-os de seu pensamento$ Abandona!a ootimismo &uando os bons e dedicados e-emplossucumbiam nas escolas irracionais da turba, da plebe ignorante, da corrupção dos manipuladores,das elites &ue não mereciam respeito$ Ad&uiriudescon%iança pela ação coleti!a nos marcosinstitucionais conecidos] desen!ol!eu o descrédito pela ação re!oltosa despro!ida de projeto para alémda subsistência$ *m suma, a re%orma institucionalnão resiste sem elite pro!ida de con!icç)es] a

re!olução pela repVblica sem alma republicana &uemo!e o po!o e inspira o comportamento pol0ticonão con!ence, desilude$ Sobra R dV!ida, ela podetradu#ir a pai-ão pela mudança em curiosidade dadescoberta$

  A escritura, o jornalismo, a ampliação doconecimento pelo método da in!estigação sempre

le o%ereciam respostas em uma ou outra ati!idade$>odas con!ergiam para um pessimismo ist7ricorealista] a pol0tica não era o lugar do compromissocom a mudança da situação das coleti!idades aoest.gio do 8rasil no (aranão$ +or outro lado,sobre!i!ia o ceticismo &ue orienta!a suain&uietação jornal0stica$

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 44/56

*sta, penso, é uma pista a ser e-plorada paraa articulação entre a !ariedade de seu trabalo

intelectual como jornalista e istoriador e aati!idade pol0tica intermitente, até a de%inição pela pes&uisa no espaço do I@HA e %ora dele$

  Da lucide# &ue le sobre!i!eu deu corpo auma narrati!a sobre a sociedade brasileira a partir de sua !i!ência maranense$ 2 resultado não poderia ser outro$ A indignação &ue d. lugar Rdesilusão da construção de uma repVblica no>r7pico ^mido cria, como alguns outros omensde outros tempo e lugares, um mesmo ponto dein%le-ão sobre o poder da mudança pela !ontade pol0tica$ A liberdade é maior do &ue as e-press)esumanas das pr.ticas ideol7gicas] a imper%eiçãoumana corrompe o ideal coleti!o da igualdade] a

ambição dos interesses impede &ue a criaçãocoleti!a do ideal da %raternidade reali#e o ato maissimples do reconecimento de uma origem e de umdestino comum no planeta >erra$ Cria=se o terrenoopaco da semeadura do 7dio, da ira comedida daintolerNncia &ue se dis%arça de indignação] este é oambiente prop0cio ao desen!ol!imento doceticismo, do cinismo, do pragmatismo

 pro%issional$ oão "rancisco Lisboa contornoutodas essas tentaç)es da condição umana$>entaç)es &ue rondam a&ueles &ue não se senteminclu0dos ou part0cipes do destino do pa0s$

2 ceticismo, este &ue &uali%icamosistoricamente, é resultado e causa da descon%iança

KK

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 45/56

&ue produ# a descrença$ Despro!ido de artesanatointelectual, d. lugar R suspeita] acompanado da

inteligência, trans%orma=se em dV!ida met7dica,Obê=.=b.P do aper%eiçoamento dos ju0#os$

2 cinismo pro%issional d. lugar a outro%en<meno psicossocial$ 2 manejo da pr7priadescrença é resol!ido pela projeção da in%elicidade pr7pria para a !ida social$ +or meio da polêmicairrespons.!el, cria=se a pro%issionali#ação dacalVnia, da multiplicação coleti!a da ci#Nnia, domal pelo pior$

2 pragmatismo &ue emerge do ambienteat0pico do ceticismo e do cinismo tem outra %orçainspiradora, tal seja, a racionali#ação da decepção$*ntre a&uele &ue é perme.!el ao argumento %.cil e

a&uele &ue pode apreender, na simplicidade doargumento, a pista re!eladora de uma corrente deopinião, estão os comprometidos com o e-erc0cioda busca de resultados$

+ara além desses três tipos, sumariamentecaracteri#ados, encontram=se a&ueles &uesuperaram ambientes de escolas %.ceis, apesar deoportunas, ou não se limitaram aos e%eitosesperados da ação social$ Dedicaram=se estes R!eracidade, R&uela &ue não se mostra, mas éconstru0da na busca dos ne-os, dos sentidos, dasarticulaç)es entre %atos e processos, a &ue pode ser obtida pela re%le-ão do comple-o, do simples, paraalém das aparências$

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 46/56

As relaç)es entre as tradiç)es intelectuais &ueinterpretam o 8rasil são tênues? os criticados

cronistas %ormam pVblico de leitores .!idos dein%ormaç)es &ue os pautem de assuntos, de moti!o para a indignação ou para catarse coleti!a]concorrem com os literatos e sua bele#a estil0stica&ue emocionam outros pVblicos pelo pra#er] osistoriadores pioneiros %ormam grupos deilustrados mais e-igentes com a pro!a e com osmarcos e-plicati!os dos e!entos imediatos e os delonga duração$ >odos são sujeitos do o%0cio dosoci7logo, seja pela atmos%era &ue propiciam, seja pela massa de material in!estig.!el &ue acumulame classi%icam$

Historiadores e soci7logos compartilam deuma mesma atitude de des!endamento$ *ste per%il

de pes&uisa de cuja disciplina intelectual nasceu edesen!ol!eu=se com a cr0tica e a autocr0tica, permitiu ao I@HA re%ormar o sentido e o registrode sua criação$ Seus s7cios pioneiros puseram=se ao problema de buscar a identidade nacionalconstru0da com o material !i!o &ue julga!am ser onVcleo positi!o pelo &ual a nacionalidade brasileirade!eria plasmar=se$ 2usamos situar oão "rancisco

Lisboa na %ronteira dessas tipi%icaç)es, tanto pelomérito da obra &uanto pelas circunstNncias em &ueele a produ#iu$

Ao romper com os cronistas cl.ssicos e comos partid.rios da unidade conser!adora do império,antirrepublicana e anti=abolicionista, nosso patrono

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 47/56

de%ine=se como sujeito de outra dimensãointelectual$ / tempo de dar corpo R outra

 perspecti!a ist7rica &ue se tradu# no pensamentosocial brasileiro$

osé "rancisco Lisboa é nascido em 1M1J, em+irapemas, na "regue#ia de Itapicuru=(irim, no(aranão$ Sociali#ou=se, portanto, no esp0ritodessa época &ue tipi%icamos como sobre!i!ências eacomodaç)es regionais do impacto docolonialismo, na Ama#<nia Lusitana, na Ama#<nia8rasileira e na Ama#<nia Ind0gena$ *ra menino dede# anos na data em &ue a Independência éregistrada] aos de#oito, . indicaç)es de seuen!ol!imento no (o!imento Setembrada, no &ualos brasileiros do (aranão se op)em aos portugueses e brasileiros reacion.rios aos a!anços

da sociedade nacional, e manobra!am para %a#er retornar D$+edro I$ (ani%estaç)es populares come-pressi!a presença de militares patriotas,emergentes de brasilidade, e-igem em documento,a sa0da dos portugueses dos cargos pVblicos, ouseja, e-igiam o controle da sociedade brasileira pelos brasileiros$ A maioridade pol0tica de Lisboaest. inscrita neste epis7dio e nos seguintes$

2 8rasil concreto de oão "rancisco Lisboa éo (aranão do século UIU$ (aissociologicamente, a sociedade nacional em &ue ele

  = C%$ anotti, (aria de Lourdes (<naco$ oão "ranciscoLisboa, jornalista e istoriador$ São +aulo, [tica, 1EE, p$ J1=

J$KE

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 48/56

amadureceu como intelectual é um prolongamentodo meio em &ue ele nasceu e !i!eu] um lugarejo

rural %ormador de propriet.rios %alidos] umametamor%ose %racassada entre o :ice=reino do(aranão e do @rão=+ar. e o :ice=reino do @rão=+ar. e do 5io 3egro$ A pro!0ncia do (aranão j.esta!a domesticada, longe do esp0rito combatentede 8ecYman, no e-emplo de uma eliteindependente embrion.ria, mas não tão longe deuma possibilidade %ant.stica &ue a Cabanagemapresentou para a %ormação c0!ica do po!o, anosdepois$ A utopia do +ai# do Ama#onas constituiueste mesmo berço de grandiosas e mal sucedidas possibilidades$$$

*ntre os processos do nascente império e aemergência de epis7dios de resistência e até de

lutas re!olucion.rias, até Rs e!oluç)es &ue aregência trou-e Rs unidades pro!inciais, residem os primeiros paradigmas e parado-os do &ue ojeconecemos sob o %ormato de Ama#<nia brasileira$+or isso, o apelido de Ama#<nia Legal amalgamou=se tão bem nesta %ormação social$ Lisboa nasceu ecresceu no ambiente !i!o dos problemas e dilemas&ue estruturaram as sociedades distantes dos

centros de decisão$ 3o empobrecimento de suatradicional %am0lia, reside o %ato e o ne-o dasituação de setores agr.rios, .!idos de participaçãona !ida pol0tica do 8rasil, sem subordinação R elite portuguesa$

KM

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 49/56

  *ntre os intelectuais de seu tempo,contrapunam=se os ide.rios entre a re%orma e a

manutenção do stat"s ,"o$ 5e!olução signi%ica!aabolição e 5epVblica$ A solução conser!adora dauni%icação nacional no império brasileiro não erasu%iciente para abrigar presença !i!a nos con%litosde a%irmação da nação emergente$

  ContemporNneo dessas possibilidadesist7ricas, nem sempre pode !er com clare#a paraalém do tempo bre!e$ 2itenta e &uatro anos nosseparam do estudo de um mesmo bloco ist7rico,&ue podemos camar de a problem.tica daoposição entre região ama#<nica e *stado=3ação&ue, ao contr.rio do &ue pensam muitos, não est.esgotado$ :i!emos, ontem e oje, na angVstia desua re=elaboração$

2 jornalista é %orjado na polêmica danascente opinião pVblica nacional$ Imprensa &ueera autoconsciência cr0tica das instituiç)es e dosmodos pelos &uais os brasileiros inter!inam nela$A ati!idade jornal0stica é militante, tem ponto de!ista e engajamento, tem talento de %undador, editor e de ati!ista pol0tico do jornalismo$ 2 salto para a pol0tica como deputado pro!incial é decorrênciadessa militNncia$ Coneceu momentos de eu%oriade !encedor, como pol0tico liberal e pro!ou doslimites da perseguição e do ostracismo como!encido pelos conser!adores$ Coneceu a injustiçada calVnia e da injVria acusado de relaç)es pol0ticas&ue jamais praticara$

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 50/56

Lisboa conece, como muito de n7s, o %imdas ilus)es e o %im da capacidade ideali#ada por 

cada um de in!entar e dar !ida aos sonos coleti!osde sociedades li!res, justas, %raternas, con%i.!eis naes%era pVblica e nos direitos indi!iduais$ >orna=seum cético esclarecido e, nesse surto de realismo edescrença, d. !ida ao obser!ador de costumes$ 3asce o ornal de >imon$

III 9A era da descon%iança e os sentidos dadesilusão democr.tica

*ntre os séculos U:III e UIU, o mundo !iusurgir as bases de compreensão e de negação doideal democr.tico 2 ambiente intelectual, pol0tico e

econ<mico de ambas é o mesmo$ *stão em jogodi%erentes perspecti!as de ultrapassagem do *stadomon.r&uico=absolutista e até constitucionalista, sua%orma mais so%isticada e aberta, pela emergência darepVblica libert.ria do po!o, da repVblica dasclasses e estamentos de pri!ilégios, e da repVblica&ue incorpora o bem=comum como processouni%icador dos desejos de con!i!ência doscontr.rios$ As teses cr0ticas das nuances em &ue osideais democr.ticos tomam corpo pro!êm domesmo &uadro da realidade, mas com uma rupturacom a atmos%era de amortecimento do processore!olucion.rio criada pela acomodação dosinteresses no emergente *stado de Direito$

B

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 51/56

A crise de mentalidades é mVltipla] !.riosintelectuais a e-pressam como reação R democracia

representati!a de uma 3ação imagin.ria$ ns pelaindignação de !erem segmentos populares comolideranças sa0das de gentes sem posses e semeducação %ormal] outros pela absoluta descon%iança&ue a democracia %osse tare%a de omens comuns,sem tradição de nobre#a, li!res das crenças di!inase da obediência ao soberano] outros de maior estirpe intelectual, por ultrapassarem o espectro dassociedades de classes, e !islumbrarem nosocialismo ut7pico e cient0%ico, outras estruturas demudança das relaç)es sociais] outros, %inalmente, por encarnarem, no pessimismo ist7rico, aausência de crença nos indi!0duos, nos grupos de poder conciliadores com as massas, noscarism.ticos e manipuladores de carências e de

oportunidades de atração de energias coleti!as$>occ&ue!ille, (ar-, 5ilYe, +areto, (osca, 8urYe, 3iet#sce, 6eber, "reud, a lista é enorme$ Abrooutras possibilidades de entendimento de Lisboacom contribuiç)es de atmos%eras intelectuais &ueapresentam conjunç)es de épocas$ 3esta ip7tese,Lisboa não est. s7 em seu ceticismo esclarecido$

/ imperioso esboçar &ue o pessimismoist7rico tem matri# conser!adora de uma cr0ticaimpotente, atropelada pelos acontecimentosinesperados como conse&uência do pensamoscontrolar$ 2 racionalismo da re!olução burguesa,sua crença iluminista, es&ueceu &ue a ist7ria dosomens é %eita de sentimentos, %re&uentemente

1

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 52/56

ausentes de generosidade &uando o ambiente da pri!ação cria os sobre!i!entes da escasse# e os

in!ejosos de opulência$ 2 laborat7rio social do poder, a &ual&uer custo, ergue=se nos momentosmais grandiosos da trans%ormação$ / por isso &ue arepetição da ist7ria como tragédia ou como %arsa persegue o sentido uni!ersal do aper%eiçoamentoumano$

A atmos%era contemporNnea é tentadora dedesilus)es$ *ste Vltimo sentimento pode produ#ir dois resultados? desistência de prop7sitos ourea%irmação de uma ética de con!icç)es$ Lisboadeu resposta a sua pr7pria, tornando=se umimpertinente, tal &ual a sociologia de +areto,guardadas as de!idas proporç)es$ 3ão ossubestimemos, aos autores, ao sentimento &ue les

alcançou, nem ao seu resultado$ Sejamos atentosaos mo!imentos das mani%estaç)es pouco!alori#adas dos desejos dos omens comuns por&ueeles podem descobrir os caminos de %a#er !ibrar outras subjeti!idades coleti!as$

2 compromisso do intelectual com o seutempo é tornar clara a opacidade da atmos%era detodas as épocas$ 2 passado, o presente e o %uturo doI@HA é o elo &ue o sentimento &ue nos une de!e perseguir, e nos casos limite, de%ender, em todas asoportunidades, a ética das con!icç)es no espaço!i!ido das instituiç)es materiais e simb7licas$

*ste é nosso de!er] esta é nossa !ontade$

J

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 53/56

efer0ncias 1ibliográficas

AZ*:*D2, oão LVcio$ Os -es"!tas no .rão/ Par01 s"as miss2es e a colonização$ Lisboa,>a!ares Cardoso _ Irmão, 1B1$

8*>>*3D25", oão "ellipe' Cr(nica da missão

dos *adres da Com*an3ia de 4es"s no 5stado da

C"lt"ra do Maran3ão$ 8elém, "undação Cultural

do +ar. >ancredo 3e!es'Secretaria d *stado daCultura, 1B$ *dição é  6ac/simile  da 5e!ista doInstituto Hist7rico e @eogr.%ico 8rasileiro$

8I>*3C25>, Agnelo$ Dicion.rio Ama#onensede 8iogra%ias = :ultos do +assado$ 5io de aneiro?*d$ Con&uista, 1E$

DI3IZ, Clélio Campolina$ A ,"estão reional e as *ol!ticas overnamentais no 7rasil'  8eloHori#onte, C*D*+LA5'"AC*'"(@, JBB1$

@I(A5`*S, (anoel Lui# Salgado$ 3ação eci!ili#ação nos tr7picos? o Instituto Hist7rico e@eogr.%ico 8rasileiro e o projeto de uma Hist7ria 3acional$ In?  5st"dos Hist)ricos$ 5io de aneiro,n$1, 1MM$

@I(A5`*S, Lucia (aria +ascoal$ m olar sobre o continente? o Instituto Hist7rico e@eogr.%ico 8rasileiro e o Congresso Internacionalde Hist7ria da América, in  5st"dos Hist)ricos,5io de aneiro, n$ JB, 1E$

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 54/56

H2253A*5>, *duardo$  Hist)ria da 8re-a no

 7rasil1 ensaio de inter*retação a *artir do *ovo$

+etr7polis'São +aulo, :o#es'+aulinas, 1J$

LIS82A, oão "rancisco$  4ornal de Timon1

 *artidos eleiç2es no Maran3ão'  São +aulo?Compania das Letras, 1$

52CHA +2(82,  Hist)ria do 7rasil , São +aulo,(eloramentos, 1E$

52D5I@*S, osé Hon7rio$ Hist7ria da Hist7riado 8rasil$ A Historiogra%ia Conser!adora$ :olumeII, >omo I$ São +aulo? Compania *ditora 3acional, 1EM=1MM$

SIL:A, (aria 8eatri# 3i##a da Forg$, %icion0rio

da Hist)ria da colonização *ort""esa no 7rasil $Lisboa'São +aulo, :erbo, 1K$

SIL:A, (arilene Corrêa$ 2 +ai# do Ama#onas$(anaus, *DA, 1$

K

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 55/56

Chamada para publicação

As propostas para publicação de!em serencaminadas para o e=mail?%olassoltascadernosgmail$com

2bedecendo as seguintes normas?

2s artigos  de!em conter no m0nimo 1 e nom.-imo J laudas] em corpo 1J, %onte >imes 3e5oman, espaçamento 1, lina] com margenssuperior, in%erior, es&uerda e direita de J,cm]Falinamento justi%icado$

As notas de rodap-  de!em ser numeradas em

ordem crescente, tamano 1B, alinamento justi%icado, e de!em ser usada apenas paraesclarecimentos e não para indicação bibliogr.%ica,&ue de!er. constar no corpo do te-to$

As citaç2es, no decorrer do te-to, de!em ser assimindicadas? Fsobrenome do autor em cai-a alta e

 bai-a, data ou Fsobrenome do autor, data? p.gina$*-$? F(ontero, 1M ou F(ontero, 1M? JK$Di%erentes t0tulos do mesmo autor publicados nomesmo ano serão identi%icados por uma letradepois da data$ *-$? FLé!i=Strauss, 1Ea, FLé!i=Strauss, 1Eb$

8/16/2019 Folhas Soltas N° 06.doc

http://slidepdf.com/reader/full/folhas-soltas-n-06doc 56/56

As refer0ncias bibliográficas, ao %inal do te-to econtendo sobrenome do autor em cai-a alta, nome

normal, t0tulo Fem it.lico, edição, lugar da edição,editora, ano, nVmeros das p.ginas Fno caso deartigo em li!ro ou peri7dico, &uando %or o caso $Deslocamento de B, cm, *-$?

L/:I=S>5ASS, Claude$ Antro*oloia 5str"t"ral $K4 ed$ 5io de aneiro? >empo 8rasileiro, 1M$

6ACQA3>, Loc$ ODa América como utopia Rsa!essasP$ I3? +ierre 8ourdieu FCoord$$ A Miséria

do m"ndo$ E4 ed$ +etr7polis? :o#es, JBBM$ pp$ 1E=1E

2 t3tulo do artigo, de!e aparecer na primeira p.gina, centrali#ado, e o nome do autor do lado

es&uerdo, com a indicação de sua a%iliaçãoinstitucional em nota de rodapé$2s artigos podem ser apresentados em portugu0s,espanhol ou ingl0s$