UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMACOORDENAÇÃO DO CURSO DE LETRAS - ESPANHOL
DISCIPLINAS: PRÁTICA PROFISSIONAL IPROFESSOR: Huarley M. do V. Monteiro
SANDRA LOPES DOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO: PROJETO A OCASIÃO FAZ O ESCRITOR
A HISTÓRIA POR TRÁS DA HISTÓRIA A PARTIR DA CRÔNICA(ANALISANDO E ATUANDO NO AMBIENTE ESCOLAR)
PACARAIMA-RR
1
MAIO/2014
SANDRA LOPES DOS SANTOS
RELATÓRIO DE ESTÁGIO:PROJETO A OCASIÃO FAZ O ESCRITOR
A HISTÓRIA POR TRÁS DA HISTÓRIA A PARTIR DA CRÔNICA(ANALISANDO E ATUANDO NO AMBIENTE ESCOLAR)
Trabalho apresentado àsprofessorasCatia M. S. Costa, dadisciplina de PráticaProfissional IIe IsabellaCoutinho, das disciplina deEstágio Supervisionado ePrática Profissional II, do 6ºsemestre do Curso de Letras-Espanhol da UniversidadeEstadual de Roraima, CampusPacaraima, como parteintegrante do processo deacompanhamento do estágio eavaliação do aluno no processo.
2
PACARAIMA-RR NOVEMBRO-2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................
4
2. CARACTERÍSTICASDA ESCOLA E SUAREALIDADE.........................
5
2.1. A Escola e seus Aspectos Físico-Sociais............................................
5
2.2. A Escola e sua GestãoAdministrativa................................................
6
2.3. A Organização Pedagógica daEscola................................................
7
3
2.3.1. O Ensino de Língua Portuguesa na Escola..............................
8
3. A INTERVENÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DURANTE O ESTÁGIO NA PRÁTICAREAL DA ESCOLA: POR UMA MELHORA QUALITATIVA.... 1
1
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
14
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................
16
6. ANEXOS 17
1. INTRODUÇÃO
O estágio é um momento fundamental e muito importante
no processo de formação profissional. Constitui-se em um
treinamento que possibilita ao estudante vivenciar o que foi
aprendido na faculdade, tendo como função integrar as
inúmeras disciplinas que compõem o currículo acadêmico,4
dando-lhes unidade estrutural e testando-lhes o nível de
consistência e o grau de entrosamento. por meio dele, o
estudante pode perceber as diferenças do mundo organizacional
e exercitar sua adaptação ao mercado de trabalho.
O presente relatório tem por objetivo apresentar
informações que foram adquiridos com as observações no
decorrer do período de Estágio Supervisionado, realizado na
Escola Casimiro de Abreu localizada no município de Pacaraima
no período 22/09 a 11/11 no horário vespertino em sala de
aula do Ensino Fundamental II e na escola, com a finalidade
de aperfeiçoar os nossos conhecimentos adquiridos no Curso de
Letras/Espanhol, foram realizadas atividades de observação da
rotina escolar, observação e intervenção na sala de aula onde
desenvolvemos o gênero "crônica", realizando atividades que
promovam a reflexão sobre o cotidiano, produção de textos
pode retratar nosso entorno, trabalhando assim, a habilidade
leitora e escrita dos alunos.
A prática é de grande importância para que possamos
ter consciência da realidade dos alunos e professores das
escolas, quando observamos adquirimos experiência, quando
questionamos, sanamos dúvidas antes mesmo de nossa própria
prática, visando fortalecer a relação teoria e prática
baseando no principio metodológico de que o desenvolvimento
de competências profissionais implica em utilizar conceitos
adquiridos, na vida acadêmica, profissional e pessoal.
Desta forma este relatório abordará um pouco da
realidade da educação nesta instituição de ensino, observando
o rendimento dos alunos durante a execução das aulas e o5
desempenho do professor em busca dos meios necessários para
atingir seus objetivos com relação à aprendizagem.
2. CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA E SUA REALIDADE
2.1. A ESCOLA E SEUS ASPECTOS FÍSICO-SOCIAIS
A Escola Casimiro de Abreu foi fundada em 28 de janeiro
1974, através do decreto nº 009/74, sendo administrada pelo
Estado até novembro de 2005. Durante este período varias
ações foram realizadas envolvendo a comunidade escolar,
através do plano de Desenvolvimento da escola com o objetivo
de assegurar um ensino de qualidade e permanência dos alunos
na escola.
Em 16 de novembro de 2005, através de nº 076/05 a escola
foi municipalizada. Neste ano letivo de 2013 a escola esta
atendendo a um quantitativo de 673 alunos de séries 4º ano ao
8º do Ensino Fundamental no período matutino e vespertino e o
2º/3º e 4º/5º ano EJA no período noturno. Acredita que a
escola é um ambiente de ações e reações, onde ocorrem as
transformações, entre outros.De acordo com o PPP (pg. 13),
caracteriza-se da seguinte maneira:
“A comunidade escolar écaracterizada em sua maioria poralunos com idade entre 09 a 60 anosque são constituídas por famíliaspertencentes à classe média emédia-baixa, que residem nos
6
bairros da sede do município,comunidades indígenas localizadasnas proximidades da sede e osalunos oriundos da Venezuela”.
Os alunos atendidos pela escola são de classe bastante
diversificados, pois há famílias de classe média, baixa;
Quanto às atitudes em sala de aula, os problemas são comuns
como em todas as escolas, problemas de indisciplina,
desrespeito entre colegas, desatenção e desinteresse, para
tentar resolver estes problemas.
A escola usa de todos os meios que dispõe realizando
reuniões com os pais e alunos tentando sanar todos problemas
apresentados pelos mesmos, mais a participação dos pais com a
escola ainda é considerado baixo. Quanto ao conselho de
classe, segundo o PPP da escola:
O Conselho de Classe é um colegiadode professores, gestor escolar,orientador educacional e arepresentação de alunos através derelatório escrito realizado naturma, junto a CoordenaçãoPedagógica, tendo como objetivo,acompanhar, avaliar e de apontaralternativaspara a melhoria dosprocessos de ensino e deaprendizagem, visando à formaçãointegral do aluno. (pg. 30).
2.2. A ESCOLA E SUA GESTÃO ADMINISTRATIVA
7
A escola tenta ter o melhor relacionamento possível com
a comunidade, em especial com a família de cada educando.
Sempre que necessário faz-se uma assembleia geral e juntos
discutem os problemas da escola e dos educando até chegarem a
uma solução.
O grupo gestor da escola procura sempre ajudar os alunos
no que podem, participando ativamente do cotidiano e
contribuindo para o bom andamento das salas, a equipe é
formado pela: gestora, vive- diretor, coordenadora
pedagógica, Orientadora Educacional e secretário. O grupo
gestor conta com o apoio do quadro de funcionários composto
por 33(trinta e três) docentes e 30 (trinta) funcionários de
apoio administrativo.
A estrutura física da escola é muito boa e possui 12
salasde aula além de várias dependências para realização de
atividades tais como: laboratório de informática equipado com
vários computadores; biblioteca onde alunos e professores tem
acesso aos livros; sala de educadores com armários, sofá e um
centro de mesa, que por sinal é muito pequena pela quantidade
de docentes; salas administrativas; refeitórios - enorme
mesas e bancos; cozinha com todos os equipamentos e
utensílios necessários e banheiros que são inadequados para
portadores de necessidades especiais, já que a mesma recebi
alunos com esses problemas;quadra esportiva coberta para
prática de educação física.
As datas comemorativas da escola são várias como:
Carnaval, dia Internacional de luta pela eliminação da
discriminação Racial, O dia das Mães, Tiradentes, dia do8
Trabalhador, Dia do Professor, Semana Antidrogas, O dia dos
Pais, o dia do livro, Independência do Brasil, Dia das
crianças, Dia do funcionário Público, Proclamação da
República, entre outros.
2.3. A ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA
A Direção e a Vice Direção da escola se encarregam de
lidar com as questões administrativas gerais concernentes ao
quadro de servidores, serviços realizados na e pela escola,
merenda escolar, organização do espaço e limpeza, bem como
aquisição de material, entre outros.
Há uma coordenação pedagógica que conta com uma
coordenadora para acompanhar e auxiliar os professores nos
dois turnos. Também há o serviço de orientação educacional
(S.O.E), o qual conta com uma Orientadora para tratar com as
questões especificas relacionadas aos alunos e toda a
integração da comunidade escolar (alunos-professores-pais-
escola).
A respeito da organização pedagógica da escola, podemos
ressaltar que:"A Escola Municipal Casimiro de Abreu, amparada
pela Constituição Brasileira, Lei de Diretrizes e Bases e
Leis Complementares, empenhada em desenvolver ações
educativas, mas humana e de qualidade, destacará em seu
enfoque a tendência Pedagógica crítico social dos conteúdos."
(PPP. Pg.16). Estes preceitos estão embasados em LIBÂNEO
(1994), quando ressalta que “[...] Esta tendência em nosso
país segue duas versões distintas: a Renovada Progressivista
(que se refere a processos internos de desenvolvimento do9
indivíduo; não confundir com progressista, que se refere a
processos sociais) ou Pragmatista, inspirada nos Pioneiros da
Escola Nova, e a Tendência Renovada não-Diretiva, inspirada
em Carl Rogers e A.S.Neill, que se volta muito mais para os
objetivos de desenvolvimento pessoal e relações
interpessoais, (sendo que este último não chegou a
desenvolver um sistema a respeito dos métodos da educação)”.
De acordo com o PPP - Projeto Político Pedagógico
(pg.26), da escola tem alguns projetos que são:
O projeto Lendo e calculando, seu principal objetivo é:
Estimular nos alunos um processo de leitura e calculo
permanente, atualizado frente aos desafios e perspectivas do
mundo moderno/contemporâneo, ajudando-os a se tornarem
sujeitos leitores de seu contexto.
O projeto Feira cultural e Literária, seu o principal
objetivo é: Conhecer a diversidade do patrimônio
éticocultural brasileiro, tendo atitude de respeito para com
pessoas e grupos que a compõem, assim fortalecendo a
democracia.
Mini projetos desenvolvidos na escola,surgem a partir da
necessidade que docente e gestão observa no decorrer do ano
letivo, à exemplo do projeto “aprendendo com os Jogos
Escolares e Redescobrindo o civismo, entre outros.
O projeto Valores “para toda vida” tem como objetivo
geral: Direcionar os valores como fonte geradora de paz,
segurança, dignidade e evolução social durante o ano letivo,
para que esses valores sejam aprendizado para a vida social
desse aluno.10
O projeto Só talentos tem como objetivo geral: propiciar
a descoberta, por parte dos alunos, de aptidão ou talentos,
partindo do pressuposto de que todos possuem capacidades
fundamentais e consequentemente possibilitam em alguma
habilidade motora específica quando estimuladas e trabalhadas
de forma adequada.
2.3.1. O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA
O estágio supervisionado em Língua Portuguesa foi
realizado na sala do 8º ano, turma 1 (oitavo ano um). Quando
chegamos à sala a professora nos apresentou rapidamente aos
alunos e fomos bem recebidas, mas a apresentação não nos
pareceu muito adequada.
No primeiro momento os alunos sequer sabiam por que
estávamos ali sentadas e observando-os e não podíamos nos
expor, pois a professora iniciou sua aula. Ela direcionou-se
ao quadro e copiava sem parar e os alunos não querendo se
atrasar copiavam em seus cadernos acompanhando a professora.
Durante a aula nada se falava, não havia participação do
alunos, todas as aulas assistidas por nós acadêmicas
estagiárias seguiram neste mesmo ritmo.
A seguir, descreveremos umas das aulas que presenciamos
para exemplificar.
11
Aula realizada no dia 27 de setembro de 2013, no 1º e 2º
tempo da aula de Língua Portuguesa:
A professora entrou na sala com um simples gesto disse
boa tarde aos alunos, colocou seu material sob a mesa e mais
nada a falarpegou um pincel e começou a escrever no quadro
branco. A turma copiava um texto, alguns mantinham conversas
paralelas de forma moderada. A professora durante longo tempo
não interagiu com a turma. Os alunos copiavam de forma
automática, não havia nenhum questionamento sobre o texto, o
qual tratava sobre conjunção e continha exemplos.
Ao final do texto a professora aplicou uma atividade,
também no quadro, até então, nenhuma interação com a turma.
O oitavo ano 01, também tem dois alunos de inclusão,
portadores de necessidades especiais, por conseguinte, um
professor acompanhante.
Após copiar a atividade no quadro a professora pediu aos
alunos que copiassem tudo que quando eles terminassem ela
iria explicar. Pediu licença para sair para beber água. Os
alunos copiavam tudo, sem saber do que se tratava a aula, sem
uma introdução previa do assunto.
A professora retornou, sentou-se, perguntou se haviam
terminado a “cópia” e disse que daria inicio as explicações.
De forma solta ela pediu que os alunos explicassem onde
estavam os sujeitos das frases. E sentada permaneceu,
ressaltando onde estaria o sujeito apenas lendo. Percebeu-se
que ela pedia que eles identificassem algo do que não sabiam.
Nenhuma explicação teórica foi repassada, nem mesmo com12
exemplos no quadro. Ela apenas já resolvia atividade, falando
a resposta e dizendo qual seria a conjunção de cada (frase)
oração. A professora falava sobre predicado verbal, predicado
nominal, predicativo do sujeito, sem levantar e pedindo que
eles identificassem nas orações das atividades, as classes
gramaticais e os termos essenciais e acessórios sem sequer
exemplificar, perguntando quem lembrava.
Os alunos diziam que não poderiam lembrar de algo que
foi ensinado no 1º bimestre, já que estavam no 4º bimestre. A
professora, ainda sem levantar, reclamou que os mesmos
esquecem muito rápido. E continuou exemplificando oralmente,
para que os alunos entendessem. Pediu que relessem tudo pra
poder entender e responder as questões que faltavam. Ao
cobrar os trabalhos que havia solicitado em aulas anteriores,
a professora não lembrou dos nomes de alguns alunos e a turma
reclamou perguntando porque ela ainda não sabia seus nomes,
se já estava com eles, desde o 2º bimestre. A atividade
aplicada, porém, não era sobre conjunções, era sobre o
emprego da vírgula.
Em questão de poucos minutos os alunos começaram a se
aglomerar em torno da professora, para que a mesma fizesse a
correção da atividade. De um a um, ela corrigia os cadernos
sem fazer correções coletivas, dando pequenas explicações
individuais. Em seguida, pediu que os mesmos se sentassem,
para que ela pudesse atender individualmente. Metade da turma
em torno dela, metade sem fazer nada, saindo e entrando da
sala.
13
Percebeu-se que a professora olhava no próprio caderno
primeiro, e, depois comprava suas respostas com as dos
alunos, parecendo algo "perdida" sobre o tema. Ao mesmo
tempo, ainda que em segundo plano, percebia-se a professora
acompanhante respondendo a atividade do aluno portador de
necessidades especiais, sem interagir com o mesmo, de modo
que ele terminasse logo e entregasse para a professora.
Muitos dos alunos copiavam as respostas, uns dos outros, pelo
simples fato de entregar as atividades, pois a mesma afere
nota por atividade realizada. Toda a aula transcorreu
seguindo esta rotina, pois em sequencia a professora aplicou
nova atividade e procedeu da mesma forma.
Ao termino da aula saímos assustadas com tudo que vimos,
ficamos preocupadas com a forma como os alunos percebem as
aulas de língua portuguesa e de como poderíamos elaborar um
projeto que promovesse uma visão diferente de forma mais
crítica e participativa. Indagamo-nos se tal situação não
seria pelo período do ano, já com o fim do ano letivo se
aproximando, tal vez a professora já estivesse atuando assim
em virtude de certo cansaço.
O fato é queo cenário que observamos em sala de aulafoi o
de um ensino de língua portuguesa fragmentado e
descontextualizado onde, por exemplo, a gramática é
trabalhada de forma mecânica, desvinculada dos usos reais da
língua escrita ou falada na comunicação do dia a dia, apoiada
apenas em regras e casos particulares voltados para a
nomenclatura e a classificação das unidades girando em torno14
do reconhecimento das classes gramáticas das palavras e de
suas funções sintáticas. Um ensino de gramática inflexível e
petrificado, sem relação com a fala, com a leitura ou com
outros aspectos linguísticos relevantes.
Observamos também que o trabalho com a leitura está
focado em atividades de decodificação da escrita sem conexão
com o estudo da gramática e onde pouco se proporciona
circunstâncias que promovam aquisição de habilidades na
dimensão de interação verbal. Não percebemos (ou talvez não
houve tempo suficiente durante o período de observação para
tanto), aspectos que demonstrassem uma prática na qual se
suscitasse o aluno a compreensão das múltiplas funções
sociais de leitura, ou a abordagem de aspectos literários
relevantes.
Em contraposição a isto, temos entendido que o ensino de
língua portuguesa deve promover um processo de leitura e
escrita que ultrapasse a mera codificação verbal ou
gramatical, devendo ser direcionado a um estudo dos usos
comunicativamente relevantes da língua.
Neste cenário, compreendemos que deveríamos promover uma
intervenção através da qual as atividades a serem
desenvolvidas durante as aulas de língua portuguesa pudessem
pelo menos ser direcionadas de forma contextualizada onde,
por exemplo, a função comunicativa da língua proporcionasse
um conhecimento global em cada trabalho. De modo que os
alunos pudessem, de algum modo, acompanhar e compreender o
processo de leitura, tendo em vista quem escreveu, por que
escreveu, onde, em que época e quais seriam as intenções do15
autor. Buscando uma visão mais ampla e natural sobre o ensino
da língua.
3. A INTERVENÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DURANTE O ESTÁGIO NAPRÁTICA REAL DA ESCOLA: POR UMA MELHORA QUALITATIVA
Durante nossa primeira aula para intervenção junto aos
alunos pedimos que todos fizessem um circulo, onde novamente
nos apresentamos e em seguida apresentamos o nosso projeto,
falando sobre o tema do trabalho que é "A história por trás
da história" onde iremos sutilmenteintroduzir a ideia da
gramática como ferramenta em favor da leitura e da produção
de textos através da crônica. Explicamos a eles que
trabalharíamos alguns temas fazendo referencia às classes de
palavras, à pontuação entre outras funções. Também
apresentamos a ideia de que eles iriam construir uma crônica.
Pedimos que eles nos relatassem um acontecimento atual e
foi então que todos começaram a contar fatos reais de seu
cotidiano. Desta forma, nós estagiárias, fomos construindo
uma crônica em formato de crônica policial, como notícia de
jornal (de forma coletiva e paulatina),embasando-nos em tudo
o que nos disseram, deixando claro passo a passo os elementos
necessários paraa construção da crônica, assim conseguimos
chamar atenção deles e ficaram surpresos com essa nova
informação.
16
No primeiro contato percebemos a dificuldade dos alunos
em relação à ortografia, ao entendimento de um exercício, à
leitura de um texto etc. Primeiramente para realizar um
diagnóstico, pedimos a eles que fizessem grupos com quatro
componentes, entregamos livros sem textos, ou seja, contendo
apenas ilustrações e pedimos que construíssem uma história
para cada livro.
Em todas as aulas, durante todo o estágio, quando
chegávamos à sala, logo pedíamos que ficassem em círculos de
modo a que a interação pudesse ser o mais intensa possível, e
de modo também, que os mesmos se sentissem a vontade para
participar sem pressão, de modo a que entendessem que a
comunicação é parte da linguagem em sua função plenamente
social e para que os alunos se sentissem mais cômodos durante
os diálogos.
Nos trabalhos que se seguiram,apresentamos em slides a
história da vida de Fernando Sabino e Chico Buarque e
explicamos a estratégia da linguagem que Chico Buarque usou
para dar a sua opinião sobre a Ditadura Militar, usando a
música" Roda Viva". Percebemos que os alunos ficaram
surpresos e admirados com informação e voluntariamente se
dispuseram a pesquisar outras canções de Chico Buarque para
observarem a forma de expressão que o compositor usou em suas
canções naquele período.
Esse contato foi especial, pois para os alunos tudo que
estava acontecendo era uma novidade, sempre nos preocupamos
17
em deixá-losa vontade para criar seus pequenos primeiros
textos.
Outro ponto importante foi quando estávamos explicando a
estrutura da crônica e falávamos que eles teriam que escolher
o tipo de linguagem que utilizariam, se seria aformal ou
coloquial. Dissemos que deveriam tercuidado com o que iriam
escrever pois quando escrevemos não escrevemos para nós
mesmos, senão para quem lê. Foi então que um aluno disse que
"professora eu não sei escrever, não sei a língua portuguesa
sou burro". Imediatamente houve gargalhada geral na sala,
claro. Porém tratamos de tranquilizar a todos, esclarecendo
que se todos sabemos falar e conseguimos nos comunicar , ou
contar como foi um filme, uma festa, ou uma briga na
vizinhança, então todosconhecemos a língua portuguesa, pois
mesmo sem plena consciência de que o fazemos, todos já
utilizamos os verbos, os adjetivos etc. Dissemos que o que
falta é a prática de ler e escrever", e então fizemos uma
breve brincadeira oral com todos, onde um lado da turma
deveria comunicar um fato sem usar verbos e o outro deveria
fazê-lo sem utilizar substantivos. Foi bastante divertido e
eles perceberam e reconheceram que realmente já sabiam
bastante. Assim todos voltaram as produções que solicitamos.
Uma situação a ressaltar é que todos os alunos quando
nos viam ficavam contentes, sentíamos que era como se
pensassem: “agora vamos ver coisas diferentes, não as mesmas
coisas de sempre”. Alguns até nos diziam isso. Ficávamos
muito satisfeitas ainda que por alguns momentos eles ficassem
18
muito agitados, inquietos.Em momentos assim percebíamos que
eles estavam um pouco cansados então, parávamos a aula e
desenvolvíamosalguma dinâmica, sempre dentro de nosso
objetivo.
Como por exemplo,quando desenvolvemos a dinâmica do jogo
de palavras: relacionamos 24 adjetivos e entregamos um a cada
aluno.Os mesmos teriam que dar o significado, conforme o seu
conhecimento de mundo.ao terminar, convidamos um aluno para
iniciar com um presente embrulhado nas mãos iriam ler o que
escreveram e convidar um colega para o meio da roda e
entregar-lhe o embrulho, assim em menos de 15minutos de
brincadeira conseguimos vinte e quatro significados para o
dicionário que vai ser produzido no final do projeto. Foi uma
forma realizarmos uma aula divertida e produtiva.Sentimos
que gostaram muito das atividades aplicadas e pediam o tempo
todo para retornarmos sempre que tinham tempo livre. Todos
participavam. Claro que como em toda turmasempre há aqueles
quenão se envolviam muito, parecendo estarem com certa
preguiça de pensar.Mas de um modo geral foram muito
participativos nas atividades, pena que o tempo foi pouco,
pois eles queriam mais e mais.
Após a finalizaçãodo estágio, fizemos uma reflexão
acerca do que vivenciamos durante o mesmo. Percebemos então
o quanto foi válido e produtivo, apesar de alguns empecilhos,
tais como: pouco tempo disponível eum pouco de insegurança
frente a esse desafio que é a sala de aula,entre outras
coisas.
19
Sentimos que a cada dia do estágio que realizamos,
adquirimos novos conhecimentos e observamos que o ensino da
Língua é algo vivo, palpitante e também em constante mudança
e evolução. Percebemos também a grande responsabilidade que
tem um professor e sem dúvida, sua influência direta sobre
seus alunos, a partir de suas atitudes, crenças religiosas e
políticas. Essas influências, algumas vezes podem acontecer
sem que o professor perceba.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que a prática desenvolvida durante o estágio
foi muito produtiva, principalmente porque compreendemos que
é na prática que aprendemos a desenvolver e a criar novos
conceitos além de material para desenvolver em sala junto com
os alunos. No trabalho diário que realizamos com elespodemos
perceber e ir melhorando algumas estratégias de como envolve-
los e o porquê de cada ação que aparentemente são sem
importância, mas que se tornam educativas na medida em que se
tem um planejamento e uma preocupação em formar indivíduos
conscientes e independentes.
Cabe ressaltar também que durante o procedimento das
aulas, percebemos que há sim, plena possibilidade de
contribuir para uma nova visão dos alunos sobre as aulas de
língua portuguesa, de modo que eles chegassem apreciar os
benefícios que o bom uso da linguagem pode lhes trazer,
20
contribuindo assim de alguma forma para o aperfeiçoamento da
escola ou da comunidade em que os alunos estão inseridos,
ressaltando a importância da função social da linguagem como
ferramenta plenamente útil no cotidiano e não somente para a
vida escolar, ou limitada a sala de aula. Felizmente todos os
dias, conseguimos finalizar as aulas de acordo com o objetivo
planejado, eisso se deve à organização de um roteiro previsto
em nossos planejamentos e a um plano de aula flexível.
Acreditamos que este foi o fator crucial para conseguirmos
envolver a turma e desenvolver um trabalho satisfatório a
todos.
Acreditamos que conseguimos promover de certa forma, a
ressignificação de que a língua e o ensino da mesma, não é
uma concepção tão estática, muito menos simplificada,
reduzida, descontextualizada. De tal modoque foi possível
promover o pensamento de que a língua não é um sistema
abstrato, como se as pessoas estivessem a margem de sua
prática. Que ela faz parte de nosso cotidiano e influencia e
favorece nossas ações em nossa formação como sujeitos
atuantes e no exercício de nossa cidadania, pois todos
possuímos plena competência linguística, embora nos falte
aprimorar alguns aspectos no desempenho de sua aplicação.
Contudo, resta-nos assentir com a velha máxima que todos
os professores da área de educação dentro do ambiente
acadêmico nos dizem: cabe ao professora responsabilidade de
decidir sobre como conduzirá as aulasdevendo sempre estar
preparado para possíveis eventualidades.Por isso, é
21
necessário definir os conteúdos, planejar uma atividade e ter
nas mãos estratégias e argumentos, pois só assim poderá
desenvolver um trabalho com sucesso e satisfação.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 5ª ed.
Campinas: Papirus, 2000.
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola
possível. (Estratégias de ensino - 10). São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
_________.Língua, gêneros textuais e ensino: considerações
teóricas e implicações pedagógicas. Perspectiva: Revista do
Centro de Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa
Catarina. V.20, n. 1, jan.2002.
_________.Aula de português: encontro & interação. São Paulo:
Parábola Editorial, 2003.
_________.No meio do caminho tinha um equívoco. In. BAGNO,
Marcos (org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2002.
BAGNO, Marcos. Língua Materna: Letramento, variação e ensino.
São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
LAGINESTRA, Maria Aparecida. Crônicas (Gênero Literário) 2.
Olímpiada de Língua Portuguesa. 3. Textos I. São Paulo:
Cenpec. 2011.
22
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada
interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas
inteligências. São Paulo: Érica, 2001.
_________. Uma prática para o desenvolvimento das Múltiplas
Inteligências: Aprendizagem com Projetos. 2. Ed. São Paulo:
Érica, 1999.
PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino
Fundamental II.
ROJO, Roxane Helena &MOURA, Eduardo. Multiletramento na
escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na
produção oral e escrita. Coord. da edição brasileira
HaquinaOsakaba; [Trad. E adaptação Clarisse Madureira
Sabóia... et al.] – 12ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 2003.
6. ANEXOS
23