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Figura 1 - Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação A ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO CARREIRA: POR QUÊ (NÃO)? Brasília - DF 2015 Autora: Janete Palazzo Orientador: Dr. Candido Alberto da Costa Gomes

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Page 1: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

Figura 1 -

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação

A ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO CARREIRA: POR QUÊ (NÃO)?

Brasília - DF 2015

Autora: Janete PalazzoOrientador: Dr. Candido Alberto da Costa Gomes

Page 2: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

JANETE PALAZZO

A ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO CARREIRA: POR QUÊ (NÃO)?

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Educação.

Orientador: Dr. Candido Alberto da Costa Gomes

Brasília 2015

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

P155e Palazzo, Janete.

A escolha do magistério como carreira: por quê (não)? / Janete Palazzo

– 2015.

286 f.; il.: 30 cm

Tese (Doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2015.

Orientação: Prof. Dr. Candido Alberto da Costa Gomes

1. Educação superior. 2. Licenciatura. 3. Magistério. 4. Estratificação

social. 5. Democratização educacional. 6. Custos e retornos educacionais. I.

Gomes, Candido Alberto da Costa, orient. II. Título.

CDU 377.8

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Ao meu pequeno Isaac, que a cada dia me ensina a desconstruir e reconstruir meu saber. Você foi a força de que eu precisava para concluir esta tese. Ao meu amado esposo, Thiago, merecedor de toda a minha dedicação após o fim desta tese. E aos meus pais, Helio e Virginia, que me ensinaram os valores que a educação formal não é capaz de transmitir.

Page 6: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, acima de todas as coisas, pois a Ele devo a minha

existência. A Seu Filho, Jesus Cristo, Mestre dos mestres, o melhor professor que já

existiu, cujos ensinamentos perduram hoje e para sempre.

Ao Thiago, meu amado esposo, companheiro, cúmplice, amigo fiel, por estar

ao meu lado e compreender meus longos períodos de ausência durante o tempo em

que eu me dedicava aos estudos.

Ao meu lindo filho Isaac, que chegou ao longo desta jornada, tornando-a

muito mais desafiadora. Ele foi a força de que eu precisava para não desistir no

meio do caminho.

Aos meus pais, Hélio Palazzo e Virginia Palazzo, que desde sempre, me

ensinaram o valor da educação e me incentivaram a buscar qualificação,

principalmente à minha mãezinha querida, que abriu mão de sua rotina diária a fim

de cuidar do Isaac para que eu conseguisse escrever esta tese. Além disso, me

cobrava diuturnamente para que cumprisse os prazos. Se não fosse por ela e suas

constantes orações, certamente, eu não teria conseguido concluir o curso. Esta é a

nossa tese!

Ao meu irmão, Leonardo Palazzo, e à minha mais-que-cunhada, a amiga

Kênia Reis Palazzo, pelas palavras de apoio e incentivo, sempre vindas em boa

hora. E à minha linda e apaixonante sobrinha, Isabela, que chegou em nossas vidas

pouco antes do meu Isaac, para, juntos, alegrar os nossos dias.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Candido Alberto da Costa Gomes, por quem

tenho grande admiração e carinho, pelos infindáveis ensinamentos, pela prontidão

em sanar minhas dúvidas, pela agilidade em responder aos incontáveis e-mails, por

sua dedicação e, principalmente, pela paciência!

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Célio da Cunha, Prof.ª Dra.

Clélia Capanema (in memoriam), Prof. Dr. Luiz Síveres, Prof. Dr. Helder Eterno da

Silveira, Prof. Dr. Ivar César Oliveira de Vasconcelos e Prof. Dr. Álvaro Chrispino,

membros da banca examinadora, que gentilmente aceitaram o convite para avaliar

este trabalho e cujas críticas foram essenciais para a melhoria da tese.

Aos professores do Programa, que tanto contribuíram para meu crescimento

como pesquisadora e educadora.

Page 7: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

A todos os colegas que embarcaram comigo nesta jornada. É uma pena

saber que alguns a abandonaram antes de chegar ao destino final.

À amiga Adriana Ápio, pelo auxílio na coleta e tabulação dos dados, e pela

função de “observadora” nos grupos focais conduzidos.

À colega Vânia Alencar, por colaborar na fase de coleta dos dados.

Às queridas Liliane Pereira Furtado e Thaís Sales, pela cooperação na

transcrição das entrevistas e dos grupos focais.

À amiga Gabriela Pimentel, pelas parcerias de produção científica, pela

amizade construída ainda no Mestrado, e por compartilhar as angústias, tristezas e

ansiedades que vieram com a tese, sempre me dando apoio para continuar e

concluir o trabalho.

Às amadas Stefany Langamer e Andreia Palazzo, primas, amigas e

conselheiras, por partilharem comigo todas as angústias (que não foram poucas) no

decorrer desta trajetória.

À querida Michelle Jordão, pelas parcerias de produção científica.

À amiga Taisa Tomazini, que, nesses últimos meses, dedicou tanto amor e

cuidado ao Isaac para que eu concluísse este trabalho.

A todos os participantes do estudo, pela colaboração com a pesquisa.

À instituição pesquisada, pela oportunidade concedida e pela disponibilidade

em fornecer os dados de que eu precisava para realizar a pesquisa.

Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que eu

terminasse este curso.

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Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência; para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso. Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira habilidade para entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios. O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino. (Bíblia Sagrada – Provérbios 1: 2-7)

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RESUMO

PALAZZO, Janete. A escolha do magistério como carreira: por quê (não)? 2015. 286f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2015.

O objetivo desta tese foi identificar os fatores de atratividade e rejeição da carreira do magistério. Para alcançá-lo, buscou-se caracterizar, por meio de estudo de caso, o perfil e os interesses profissionais dos alunos ingressantes, concluintes e egressos de cursos de Licenciatura de uma Instituição de Ensino Superior, comparados com os do curso de Direito, uma das profissões imperiais, detentora de maior prestígio social e maior retorno financeiro. A literatura constata que o crescimento das matrículas tem conduzido a uma democratização “estratificada”, em que carreiras mais seletivas continuam como tal, enquanto as demais se tornam mais acessíveis a estudantes de origens sociais menos favorecidas. Assim, pessoas com status socioeconômico mais alto tendem a ingressar em cursos e instituições de mais elevado prestígio, situação acentuada com a inflação educacional, isto é, a desvalorização progressiva dos diplomas ante o crescimento do número de graduados. A pesquisa, caracterizada como exploratória de perspectiva quanti-qualitativa, utilizou como técnicas de coleta e geração de dados questionários, grupos focais e entrevistas telefônicas e teve como participantes 689 alunos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática e Bacharelado em Direito em uma instituição privada de educação superior do Distrito Federal. Os dados coletados pelos questionários foram analisados a partir da estatística descritiva e inferencial e as entrevistas, pela análise temática de conteúdo. Os resultados indicaram que os futuros educadores tinham origem em estratos socioeconômicos menos privilegiados e eram detentores de menos capital cultural, ao contrário do grupo de Direito. Além disso, grande parte dos fatores de atratividade do magistério foram aqueles intrínsecos à profissão (gratificação emocional, aprendizagem recíproca), enquanto os fatores de rejeição foram majoritariamente extrínsecos a ela, tais como recompensas, desvalorização social, carga de trabalho, violências escolares e mal-estar, entre outros. Quanto aos principais motivos para ingresso nos cursos de formação de professores, estes vinculam-se, por um lado, a relações interpessoais (gostar de crianças) e razões humanitárias e assistencialistas e, por outro, a fatores econômicos (curso mais barato, empregabilidade, estratégia de trabalho) e credencialistas. Desse modo, o magistério parece ser opção residual para esses estudantes. Ademais, os custos diretos e indiretos dos licenciandos eram menores que a metade dos de Direito, embora a proporção dos custos em relação à renda familiar e ao salário dos pesquisados fosse muito semelhante para ambos os grupos. Em contrapartida, para as estimativas calculadas, os professores recuperariam com mais rapidez os custos investidos, somente caso ingressassem como concursados no magistério público do Distrito Federal, ao contrário dos bacharéis, na carreira de advogado generalista, desconsiderados os honorários contratuais e sucumbenciais. Acrescenta-se ainda

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que o magistério é considerado uma carreira plana, isto é, quem ingressa como professor tende a aposentar-se como professor. Já o Direito, aqui considerado no seu nível básico, permite especializações e ingresso no Ministério Público e na Magistratura, entre outros ramos. De qualquer forma, a educação superior valeria a pena para os licenciados, cujos custos da formação e duração do curso são menores para ingresso em uma profissão que, aparentemente, oferece alto grau de empregabilidade.

Palavras-chave: Educação superior. Licenciatura. Magistério. Estratificação social. Democratização educacional. Custos e retornos educacionais.

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ABSTRACT

PALAZZO, Janete. Teaching occupation as a career: why (not)? 2015. 286 sheets. Dissertation (Doctorate in Education) – Catholic University of Brasília, Brasília, 2015.

The aim of this thesis was to identify the factors of attraction and rejection of the teaching career. In order to do that, we intended to characterize, through a case study, the profile and the professional interests of incoming students, those about to graduate and graduates from teacher education undergraduate programs in a higher education institution, compared to the Law undergraduate program, one of the imperial occupations, holder of greater social prestige and greater financial return, in order Literature highlights that the growth in enrollment has led to a stratified "democratization", by which more selective careers continue being elitist, whereas the others become more accessible to students from disadvantaged social backgrounds. Therefore, people with higher socioeconomic status tend to apply and to enroll in higher prestige programs and colleges. These differences tend to be magnified by educational inflation, i.e., the devaluation of the diploma due to the increase in the number of graduates. This exploratory project was characterized by its quantitative and qualitative prospective. It used, as data collection instruments, questionnaires, focus groups and telephone interviews, that was attended by 689 incoming students, those about to graduate and graduates of Pedagogy, Mathematics and Law in a private higher education institution in the Federal District. The data generated by the questionnaires were analyzed using descriptive and inferential statistical analysis and the interviews, by thematic content analysis. The results indicated that prospective teachers come from less privileged socioeconomic strata and hold less cultural capital, unlike the group of Law students. The study concluded that future educators come from less privileged socioeconomic strata and hold less cultural capital, unlike the group of Law students. In addition, much of the attractive factors for teaching were those intrinsic to the profession (emotional gratification, mutual learning), while the rejection factors were largely extrinsic to it, such as rewards, social recognition, workload, school violence, evil -being, among others. As the main reasons for enrolling in the teacher training programs, they are linked, on the one hand, to interpersonal relationships (liking children) and humanitarian and welfare reasons, and secondly, to economic factors (cheaper course, employability, work strategy) and credentialism. Nevertheless, teaching seems to be a residual option for these students. Furthermore, the total direct and indirect education costs of the former was about 50% of those of their Law colleagues, although the ratio of costs in relation to family income and the respondents salary was very similar for both groups. In contrast to the estimates calculated, teachers would recover more quickly the invested costs if they entered the public teaching career in the Federal District and the Law graduated students, the general legal career, disregarding the contractual and Defeat fees. In addition, teaching is considered a flat career, that is, who joins it as a teacher tends to retire as

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a teacher. In contrast, Law allows specializations and admission to positions as public prosecutor, judge and others. Thus, higher education would be worth for university graduates whose training costs and duration of the course are lower for entry into a profession that seems to offer high degrees of employability.

Keywords: Higher education. Teacher education. Schoolteachers. Social stratification. Educational democratization. Education costs and returns.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Indicadores de qualidade dos cursos selecionados para a pesquisa ..... 41

Quadro 2 - Instrumentos de coleta e geração de dados utilizados na pesquisa, em consonância com os objetivos específicos ................................................................ 44

Quadro 3 - Síntese das características predominantes dos ingressantes .............. 104

Quadro 4 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes e concluintes do curso de Direito ............................................................................ 137

Quadro 5 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes e concluintes dos cursos de Licenciatura ................................................................ 138

Quadro 6 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos do curso de Direito ....................................... 160

Quadro 7 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Licenciatura .......................... 161

Quadro 8 - Médias e desvios padrões das avaliações do curso por egressos e concluintes de Licenciatura e de Direito .................................................................. 169

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxo de ingresso e saída da profissão docente ...................................... 61

Figura 2 - O ciclo de vida profissional dos professores do ensino secundário.......... 69

Figura 3 - Representação esquemática dos principais fatores de atratividade e rejeição da carreira do magistério detectados pela literatura .................................... 72

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução das matrículas em cursos presenciais no ensino superior brasileiro (1962-2011) ............................................................................................... 22

Gráfico 2 - Evolução do número de matrículas e de concluintes em cursos presenciais da área de Educação, no Brasil, de 2001 a 2012 .................................. 23

Gráfico 3 - Evolução do número de matrículas e de concluintes em cursos presenciais de Direito, no Brasil, de 2001 a 2012 ..................................................... 25

Gráfico 4 -Distribuição dos ingressantes por estrato econômico, por curso, em 2011 .................................................................................................................................. 92

Gráfico 5 -Distribuição dos concluintes por estrato econômico, por curso, em 2013 ................................................................................................................................ 125

Gráfico 6 - Distribuição dos egressos por estrato econômico, por curso, em 2014155

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Matrículas totais de cursos de Graduação e da área de Educação nas modalidades presencial e a distância – 2011 ............................................................ 24

Tabela 2 - Quantidade e percentual de funções docentes na Educação Básica, no Brasil, por Região Geográfica e Faixa Etária, em 2014 ............................................ 31

Tabela 3 - Brasil - Percentual de professores dos anos finais do Ensino Fundamental, com licenciatura na área de atuação, em 2013 .................................. 33

Tabela 4 - Brasil - Percentual de professores do Ensino Médio, com licenciatura na área de atuação, em 2013 ........................................................................................ 34

Tabela 5 - Vencimentos/ subsídios iniciais dos docentes para jornada de 40 horas semanais, por Unidade da Federação ...................................................................... 42

Tabela 6 - Quantidade de participantes da pesquisa, por curso e condição ........... 43

Tabela 7 -Quantidade de ingressantes do curso de Direito, com graduação, por curso ......................................................................................................................... 90

Tabela 8 - Situação econômica dos ingressantes ................................................... 94

Tabela 9 - Carga horária da atividade exercida pelos ingressantes ........................ 95

Tabela 10 - Escolaridade dos pais dos estudantes ingressantes, por curso (em %) 96

Tabela 11 - Locais onde os ingressantes utilizavam o computador (em %) ............ 100

Tabela 12 -Finalidades para utilização do computador pelos ingressantes (em %) ................................................................................................................................ 100

Tabela 13 - Tipo de livro que mais liam os ingressantes (em %) ............................ 101

Tabela 14 - Assuntos mais lidos dos jornais pelos ingressantes (em %) ................ 102

Tabela 15 -Meios mais utilizados pelos ingressantes para se manter atualizados (em %) ............................................................................................................................ 102

Tabela 16 - Preferências artístico-culturais dos ingressantes (em %) ..................... 104

Tabela 17 -Quantidade de concluintes de Direito com graduação, por curso concluído ................................................................................................................. 122

Tabela 18 - Salários brutos dos concluintes (em R$) .............................................. 126

Tabela 19 - Situação econômica dos concluintes ................................................... 127

Tabela 20 - Carga horária da atividade exercida pelos concluintes ........................ 128

Tabela 21 - Escolaridade dos pais dos concluintes (em %) .................................... 130

Tabela 22 - Tipo de livro que mais liam os concluintes (em %) ............................... 132

Tabela 23 - Assuntos mais lidos dos jornais pelos concluintes (em %) .................. 132

Tabela 24 -Meios mais utilizados pelos concluintes para se manter atualizados (em %) ............................................................................................................................ 133

Tabela 25 - Preferências artístico-culturais dos concluintes (em %) ....................... 134

Tabela 26 - Locais onde os concluintes utilizavam o computador (em %) .............. 136

Page 17: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

Tabela 27 - Finalidades para utilização do computador pelos concluintes (em %) . 137

Tabela 28 - Compensação da profissão, segundo percepção dos egressos .......... 144

Tabela 29 -Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso ................................................................................................................................ 151

Tabela 30 - Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso, que responderam ao questionário ................................................................ 152

Tabela 31 - Salários brutos declarados pelos ingressantes, concluintes e egressos de Direito e de Licenciatura (em R$) ....................................................................... 154

Tabela 32 -Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Direito ...................................................................................................................... 156

Tabela 33 - Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Licenciatura ............................................................................................................. 156

Tabela 34 - Finalidades para utilização do computador pelos concluintes (em %) . 159

Tabela 35 - Distribuição dos egressos atuantes no magistério, segundo o nível de ensino e o tipo de rede em que atuavam (em %) .................................................... 164

Tabela 36 -Estimativa de custos semestrais diretos e indiretos de formação dos ingressantes de Licenciatura e de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2011 ................................................................................................................................ 191

Tabela 37 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os ingressantes de Licenciatura (valores nominais e corrigidos), em 2011 ................. 193

Tabela 38 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os ingressantes de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2011 .......................... 193

Tabela 39 - Estimativa de custos semestrais diretos e indiretos de formação dos concluintes de Licenciatura e de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2013 195

Tabela 40 - Frequência de respostas à questão do questionário socioeconômico do ENADE sobre assiduidade à biblioteca ................................................................... 198

Tabela 41 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os concluintes de Licenciatura (valores nominais e corrigidos), em 2013 .................... 199

Tabela 42 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os concluintes de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2013............................. 199

Tabela 43 - Tipos de trabalho que os concluintes de Direito poderiam fazer, caso estudassem em vez de trabalhar ............................................................................ 200

Tabela 44 - Tipos de trabalho que os concluintes de Licenciatura poderiam fazer, caso estudassem em vez de trabalhar .................................................................... 201

Tabela 45 - Proporção dos custos diretos, indiretos e totais em relação à renda média mensal familiar, à renda média mensal domiciliar per capita e ao salário médio bruto dos ingressantes ............................................................................................ 203

Tabela 46 - Proporção dos custos diretos, indiretos e totais em relação à renda média mensal familiar, à renda média mensal domiciliar per capita e ao salário médio bruto dos concluintes .............................................................................................. 204

Tabela 47 - Salário médio e quantidade de contratações por ocupação, no Distrito

Page 18: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015 .............................. 207

Tabela 48 - Salário médio e proporção de contratações por ocupação e gênero, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015 .................. 209

Tabela 49 - Proporção das contratações por ocupação e cor, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015 .................................................. 210

Tabela 50 - Salário médio das contratações por ocupação e cor, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015 ............................................. 211

Tabela 51 - Estimativas de salários mensal e anual e proporção dos custos em relação ao salário anual, por ocupação ................................................................... 213

Tabela 52 - Estimativas do tempo de retorno do investimento da formação, em anos, por ocupação ........................................................................................................... 214

Page 19: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

LISTA DE SIGLAS

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

CBO - Classificação Brasileira de Ocupações

CEB – Câmara de Educação Básica

CES – Câmara de Educação Superior

CNE – Conselho Nacional de Educação

CP – Conselho Pleno

DF – Distrito Federal

DIR – Direito

EAD – Educação a Distância

ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIES – Fundo de Financiamento Estudantil

FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

Fundef - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério

Fuvest - Fundação Universitária para o Vestibular

GDF – Governo do Distrito Federal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituição de Ensino Superior

IGC - Índice Geral de Cursos da Instituição de Educação Superior

IGP-DI - Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MAT - Matemática

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PED – Pedagogia

PIB – Produto Interno Bruto

Page 20: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNE – Plano Nacional de Educação

ProUni – Programa Universidade para Todos

PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica

SEDF - Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

USP - Universidade de São Paulo

Page 21: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 21

CAPÍTULO 1: NATUREZA DA PESQUISA E MÉTODO ......................................... 28

1.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 28

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 30

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 36

1.4 REFERENCIAL METODOLÓGICO ..................................................................... 37

1.4.1 Delineamento .................................................................................................. 37

1.4.2 Participantes ................................................................................................... 40

1.4.3 Instrumentos ................................................................................................... 43 1.4.3.1 Questionários ................................................................................................ 44

1.4.3.2 Grupos focais ................................................................................................ 46

1.4.3.3 Entrevistas telefônicas ................................................................................... 46

1.4.4 Procedimentos ............................................................................................... 47

1.4.5 Análise dos Dados ......................................................................................... 49 1.4.5.1 Estatística descritiva ...................................................................................... 49

1.4.5.2 Análise de conteúdo ...................................................................................... 50

CAPÍTULO 2: FATORES DE ATRATIVIDADE E REJEIÇÃO DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO ............................................................................................................ 52

2.1 MOTIVOS PARA ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO CARREIRA .................. 52

2.2 O MAL ESTAR PROFISSIONAL: ESTRESSE, SOFRIMENTO PSÍQUICO, BURNOUT E ABANDONO DA PROFISSÃO ............................................................ 62

2.3 A BALANÇA DE CUSTOS E RECOMPENSAS .................................................. 72

CAPÍTULO 3: A DEMOCRATIZAÇÃO DESIGUAL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR .. 78

3.1 HIERARQUIZAÇÃO DOS CURRÍCULOS E DAS PROFISSÕES ....................... 78

3.2 OS POSSÍVEIS EFEITOS DA INFLAÇÃO EDUCACIONAL ............................... 86

CAPÍTULO 4: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................... 89

4.1 OS INGRESSANTES EM LICENCIATURA COMPARADOS COM OS DE DIREITO .................................................................................................................... 89

4.2 OS INTERESSES DOS INGRESSANTES PARA ESCOLHA DOS CURSOS .. 107

4.3 OS CONCLUINTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO........ 120

4.4 OS EGRESSOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO ............. 151

4.5 OS BENEFÍCIOS COMPENSAM OS CUSTOS? .............................................. 190

4.5.1 Os custos da formação ................................................................................ 190

4.5.2 Os benefícios da formação .......................................................................... 205

Page 22: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 218

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 230

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DOS INGRESSANTES EM LICENCIATURA ... 255

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DOS INGRESSANTES EM DIREITO ................ 259

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIOS DOS CONCLUINTES DE LICENCIATURA ... 263

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO DOS CONCLUINTES DE DIREITO .................. 268

APÊNDICE E - ROTEIRO DO GRUPO FOCAL COM INGRESSANTES EM LICENCIATURA ..................................................................................................... 273

APÊNDICE F – QUESTIONÁRIO DOS EGRESSOS DE LICENCIATURA............ 274

APÊNDICE G – QUESTIONÁRIO DOS EGRESSOS DE DIREITO ....................... 279

APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA TELEFÔNICA DOS EGRESSOS ... 284

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............... 285

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............... 286

Page 23: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

21

INTRODUÇÃO

A educação superior vem apresentando grande expansão desde os anos

1970, em número de matrículas (BARREYRO, 2008; DIAS SOBRINHO, 2010;

MOEHLECKE; CATANI, 2006). Antes disso, esse nível de educação, em tempos

pretéritos oferecido quase exclusivamente por universidades públicas, era restrito a

uma elite de melhor formação escolar prévia, incluindo a chamada nova classe

média, resultante da mobilidade social ascendente na primeira década do século

passado. A explicação para o aumento da demanda pela educação superior

associa-se ao enriquecimento e ampliação da classe média, decorrentes do período

de desenvolvimento econômico por que passou o Brasil, e às novas oportunidades

ocupacionais para setores mais modernos da economia e da tecnoburocracia estatal

(DURHAM, 2005).

Desde o início do regime militar, observa-se um aumento na demanda pela

educação superior, tanto no setor público quanto no privado. A década de 1970

apresentou uma crescente elevação da procura por um curso superior. Os anos

1980 foram marcados por uma estagnação do crescimento observado no período

anterior, que prosseguiu até ao meio dos anos 1990, tanto no número de Instituições

de Educação Superior (IES) quanto em quantidade de matrículas. Entretanto, foi a

partir de 1995, na primeira presidência do Sr. Fernando Henrique Cardoso, que as

IES privadas retomaram a expansão, superando a ocorrida nos anos 1970

(BARREYRO, 2008). Dados do Censo da Educação Superior de 2013 (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA,

2014a) revelam que as IES privadas representavam 87,4% das IES brasileiras,

demonstrando que o setor vem se consolidando nos últimos anos. Em comparação,

no ano de 1985, as IES privadas correspondiam a 72,9% do total de instituições

brasileiras (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS

ANÍSIO TEIXEIRA, 1999?).

O gráfico 1 mostra a evolução do número de matrículas em cursos

presenciais na educação superior brasileira desde 1962. Ressalta-se que os dados

desagregados por categoria administrativa (pública e privada) estavam disponíveis

apenas a partir de 1980. Percebe-se como as matrículas cresceram desde os anos

1970, acelerando-se a partir do meio dos anos 1990, conforme mencionado. Neste

Page 24: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

22

último período de expansão, significativamente acelerada, aumentou a diferença

entre o número de matrículas do setor público e o do setor privado, evidenciando

que o incremento do acesso ocorreu principalmente por meio do último. Essa

expansão explica-se inclusive pela tentativa de cumprimento da meta do Plano

Nacional de Educação (BRASIL, 2001) de, até o final de 2010, inserir na educação

superior pelo menos 30,0% dos jovens de 18 a 24 anos. Entretanto, em 2012,

apenas 15,1% desse público frequentava a educação superior (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013). Ainda é preciso muito

esforço do Estado e da sociedade para alcançar a meta estabelecida.

Gráfico 1 - Evolução das matrículas em cursos presenciais no ensino superior brasileiro (1962-

2011)

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (1999?, 2008?, 2009b, 2009c, 2010, 2011, 2012).

Essa expansão da educação superior, sobretudo nas instituições privadas,

pode ser relacionada, ainda, ao incremento de matrículas em cursos de baixo custo

e prestígio social relativamente menor, nas áreas de ciências humanas e sociais, em

especial nas Licenciaturas. Durante muito tempo, a ampliação do acesso à

educação superior, independente da qualidade e equidade, tem alimentado a

procura pelas Licenciaturas. No entanto, os ônus do magistério – financeiros ou não

– tendem a afastar parte dos potenciais alunos. Há evidências de que o magistério

se torna uma ocupação de relegação social, tendo havido uma inflexão da curva de

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1.000.000

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1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Total Públicas Privadas

Page 25: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

23

crescimento das matrículas, conforme o gráfico 2, que apresenta a quantidade de

matrículas e de concluintes em cursos presenciais da área de Educação, no período

de 2001 a 2012. Ressalta-se que os dados apresentados não são exclusivamente

de cursos de Licenciatura, mas todos os cursos incluídos na área de Educação

também de outras modalidades, como Bacharelado, por exemplo.

Gráfico 2 - Evolução do número de matrículas e de concluintes em cursos presenciais da área de Educação, no Brasil, de 2001 a 2012

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009b, 2011, 2012, 2013a).

Por outro lado, verifica-se que, no ano 2000, as matrículas em cursos

presenciais da área de Educação representavam 21,7% do total de matrículas em

cursos presenciais. No ano de 2011, essa proporção caiu para 16,1%. Mas, quando

somadas as matrículas dos cursos presenciais e a distância na área da educação, o

seu percentual volta a elevar-se, conforme indicam os números da tabela 1. Em

2011, 20,1% das matrículas totais eram em cursos da área de Educação.

Salienta-se, ainda, que, entre as matrículas dos cursos a distância no mesmo

ano, 43,1% eram da área de Educação, não correspondendo necessariamente a

cursos de formação de professores. Nota-se, assim, uma possível migração de parte

desse público para a Educação a Distância (EAD), que está servindo, antes de mais

nada, à formação de professores. Dois entre cada três estudantes de educação

estão em curso presencial, mas quase um para cada dois estudantes de EAD fazia

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Matrículas

Concluintes

Page 26: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

24

curso na área de Educação e cerca de um em cada cinco estudantes de graduação

era da área de Educação, como pode ser verificado na tabela 1.

Tabela 1 - Matrículas totais de cursos de Graduação e da área de Educação nas modalidades

presencial e a distância – 2011 Área de Educação (A) Matrículas totais (B)

A/B (%) N % N % Cursos a distância 428.277 31,6 992.927 14,7 43,1 Cursos presenciais 926.641 68,4 5.746.762 85,3 16,1 Total 1.354.918 100,0 6.739.689 100,0 20,1

Fonte: Elaborado pela autora com base em Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2012).

Quanto à demanda dos cursos, os dados do Censo da Educação Superior de

2012 (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS

ANÍSIO TEIXEIRA, 2013a) mostram uma concorrência de 3,0 candidatos por vaga

para os cursos presenciais de licenciatura, sendo preenchidas em proporções

semelhantes entre as instituições públicas (54,0%) e privadas (46,0%), sugerindo

atratividade similar, apesar de as primeiras serem gratuitas. Em comparação, o

curso de Medicina foi um dos mais procurados: 48,2 candidatos para cada vaga

ofertada, de forma que 107,6% das vagas foram preenchidas. No curso de Direito,

87,7% das vagas foram ocupadas, mas a concorrência bem inferior: 4,0 candidatos

para cada vaga. De todo modo, são cursos mais prestigiados socialmente e, por

isso, mais procurados.

Acrescenta-se, ainda, que, no ano 2000, apenas quatro cursos presenciais

(Direito, Administração, Pedagogia e Ciências Contábeis, nesta ordem) reuniam

36,7% do total de matrículas. Após mais de uma década, constata-se inegável

desconcentração, porém, cinco cursos também presenciais (Direito, Administração,

Pedagogia, Ciências Contábeis e Enfermagem) perfaziam 37,1% do total.

Diferentemente do que ocorreu com o número de matrículas e de concluintes

em cursos da área de Educação entre 2001 e 2012, que alternou entre crescimento,

queda e novo crescimento, o número de matrículas, bem como a quantidade de

concluintes em cursos de Direito no país vem apresentando crescimento contínuo no

mesmo período, como mostra o gráfico 3.

Page 27: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

25

Gráfico 3 - Evolução do número de matrículas e de concluintes em cursos presenciais de Direito, no

Brasil, de 2001 a 2012

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009b, 2011, 2012, 2013a).

Mesmo com o crescente acesso à educação superior, demonstrando que o

país tem ampliado o acesso à escolarização em geral, continua a haver amplas

desigualdades referentes à qualidade da educação e ao grau de democratização

(GOMES, 2010a). Dados do Censo da Educação Superior de 2011 (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA,

2012) indicam que a média de candidatos por vaga nos cursos presenciais nas

instituições públicas foi 10,60, enquanto para as IES privadas foi 1,47, sugerindo

maior seletividade das públicas.

Assim, a tendência é de os mais aquinhoados se classificarem para os cursos

mais prestigiados das IES mais requisitadas. Os menos favorecidos, por sua vez,

ocupam as vagas dos cursos mais acessíveis das IES menos concorridas. Nesse

sentido, a democratização se faz paulatinamente, preenchendo ao mesmo tempo

duas hierarquias conjugadas de escaninhos: a de cursos e a de IES. Esta lenta

mudança pode ser relacionada à consciência conservadora no Brasil

(MERCADANTE, 1965), que guia as mudanças no sentido da lentidão e, se

possível, da continuidade.

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

MATRÍCULAS

CONCLUINTES

Page 28: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

26

Estabelecida uma hierarquia de IES e de cursos, os candidatos de nível

socioeconômico mais favorável tendem a ingressar nos cursos mais “promissores”.

Com os demais, a tendência é o contrário, sugerindo uma autolimitação, a partir da

avaliação das suas possibilidades. Resultados de pesquisas indicam que os cursos

de baixo prestígio social, entre estes os cursos de formação de professor, são mais

procurados por concorrentes de baixo poder aquisitivo (BORGES; CARNIELLI,

2005; BRAGA; PEIXOTO; BOGUTCHI, 2001; VARGAS, 2010).

Enfim, é nesta lacuna do conhecimento, isto é, a relegação do magistério aos

status mais baixos, com seus fatores de atração e rejeição, que a presente pesquisa

está situada, de forma a contribuir com mais reflexões sobre os aspectos

levantados. Uma vez que há dados que apontam para a insuficiência da quantidade

de alunos concluintes de cursos de Licenciatura, em especial nas áreas de Química,

Física, Matemática e Biologia, para atender às demandas dos sistemas de ensino

(MOTTER, 2007; RUIZ; RAMOS; HINGEL, 2007), é urgente a necessidade de

reverter a situação da atratividade da carreira do magistério, sob o risco de, daqui a

alguns anos, ocorrer um “apagão” da profissão docente.

Este trabalho é composto por quatro capítulos, além desta introdução e das

conclusões e recomendações. No primeiro capítulo, apresenta-se e discute-se a

literatura sobre as escolhas profissionais, os motivos para a escolha do magistério

como carreira, o mal estar profissional, envolvendo estresse, sofrimento psíquico,

burnout e o abandono da profissão, além de uma análise sobre os custos e

recompensas da escolha da profissão de professor. O segundo capítulo enfoca a

natureza da pesquisa e o método, apresentando o problema, a justificativa, os

objetivos, e o referencial metodológico para a realização da pesquisa, a saber:

delineamento, descrição dos participantes, dos instrumentos utilizados,

procedimentos adotados e aspectos sobre a análise dos dados.

O terceiro capítulo se propôs a discutir sobre a democratização desigual da

educação superior, abrangendo o tema da hierarquização dos currículos e das

profissões, bem como a discussão sobre os possíveis efeitos da inflação

educacional.

No quarto capítulo, os resultados da pesquisa são apresentados e analisados.

Inicialmente, são expostas as características socioeconômicas e culturais, bem

Page 29: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

27

como os interesses de alunos iniciantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e

em Matemática para escolha desses cursos. Depois, comparam-se as

características socioeconômicas e socioculturais desses licenciandos com as do

grupo de estudantes ingressantes no curso de Direito. Em seguida, caracterizou-se

o perfil socioeconômico e cultural de um grupo de concluintes dos mesmos cursos,

bem como as suas avaliações dos cursos em que se formarão. Após isso,

caracterizou-se o perfil socioeconômico de um grupo de egressos dos mesmos

cursos, a sua situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os

cursos em que se graduaram. Por fim, foram estimados os custos diretos e indiretos

dos alunos com o seu curso de graduação e comparados com os seus rendimentos

presentes e prospectivo, caso ingressem nas respectivas carreiras.

Por último, nas considerações finais, sintetiza-se a reflexão de todo o

trabalho, apresentando as conclusões, de modo a responder as questões e objetivos

propostos. Também indicam-se as limitações do estudo e as recomendações para

futuras pesquisas.

Page 30: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

28

CAPÍTULO 1: NATUREZA DA PESQUISA E MÉTODO

1.1 PROBLEMA

A docência se constitui em um dos mais importantes e numerosos grupos

ocupacionais, essencial para o crescimento da economia das sociedades modernas

(CUNHA, 2009; GATTI; BARRETO, 2009; TARDIF; LESSARD, 2009). É inegável

que, para formar médicos, engenheiros, dentistas, fisioterapeutas, contadores,

operários e qualquer outro profissional, é necessário instrução e,

consequentemente, o professor. Além disso, é possível afirmar que grande parte da

população brasileira que aprendeu a ler, escrever e contar no último século passou

pela escola e foi assistida por esses profissionais, cujo ofício é ensinar (SOUSA

NETO, 2005).

Reconhecendo a importância desses profissionais, vários países do mundo

têm manifestado suas dificuldades com o recrutamento e a seleção de professores

eficazes, descritas no relatório desenvolvido pela Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2006). A primeira dificuldade refere-se à baixa

atratividade da carreira docente, pois os salários dos professores estão diminuindo e

o trabalho desenvolvido pelos profissionais não é valorizado. A segunda inclui a

dimensão qualitativa dos professores, visto que não se sabe se a quantidade de

professores com conhecimentos e habilidades é suficiente para atender à demanda

das escolas. A terceira está relacionada ao recrutamento e seleção de docentes,

especialmente porque as escolas públicas têm pouca ou nenhuma interferência na

indicação de professores. A última aborda a retenção de professores eficazes nas

escolas, pois alguns países apresentam redução no número de docentes,

especialmente na quantidade de novos ingressantes na profissão, falta de incentivos

e de reconhecimento do trabalho e baixa satisfação. Acrescenta-se a todas essas

dificuldades o envelhecimento da força de trabalho de docente.

Se as remunerações de uma profissão são extremamente baixas, não se

pode esperar que as pessoas invistam anos de formação (RAMA; NAVARRO,

2004). Desse modo, justifica-se verificar a relação custo-benefício em face dos

Page 31: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

29

resultados econômicos da formação educacional, com fundamentação em obra

pioneira de estimativa de custos e benefícios na realidade brasileira (CASTRO,

1972). Ou seja, cabe verificar a diferença entre os benefícios recebidos pela

formação e os custos diretos (mensalidades escolares), indiretos (taxas, livros,

apostilas, transporte, alimentação e qualquer outra despesa relacionada ao estudo)

e de oportunidade, isto é, as estimativas dos salários que os alunos deixam de

receber por estarem frequentando o curso, com base em obra clássica fundadora da

economia da educação (SCHULTZ, 1973a, 1973b).

Infelizmente, a sociedade brasileira parece não valorizar a educação. Ioschpe

(2004), ao escrever sobre o impacto da educação no desenvolvimento do Brasil,

verificou, numa visão microeconômica da educação, a existência de uma relação

linear entre educação e salário, de forma que um ano a mais de educação gera para

o indivíduo um aumento médio de cerca de 10,0% em seu salário. De modo geral, a

educação primária promove maiores retornos em comparação à educação superior,

a qual envolve altos custos sociais e grandes benefícios privados. Na visão

macroeconômica, o mesmo autor afirma que o aumento de um ano na média da

escolaridade da população tende a gerar um crescimento econômico de cerca de

8,0%.

Cabe lembrar que, além do aumento de renda como retorno da educação,

devem-se acrescentar outros resultados, menos facilmente mensuráveis. Na visão

de Ioschpe (2004), existem outros aspectos positivos e indiretamente associados à

educação, conhecidos na Economia como “externalidades”, que vão além dos

aumentos salariais. Entre estes, citam-se: “maior tolerância, consciência social,

melhores cuidados com a saúde, tendências democráticas, controle de impulsos

violentos, pesquisas que levam ao desenvolvimento tecnológico e uma série de

outros benefícios” (p. 67).

Esta pesquisa tem como tema os fatores de atratividade e rejeição da carreira

do magistério, por parte de alunos de cursos de Licenciatura. Pretende-se, assim,

caracterizar o perfil e os interesses profissionais dos alunos ingressantes,

concluintes e egressos de cursos de Licenciatura de uma Instituição de Ensino

Superior, comparados com os do curso de Direito, ramo historicamente mais seletivo

e, portanto, detentor de maior valorização social, de modo a identificar os fatores de

atratividade e rejeição da carreira do magistério. Desse modo, o problema proposto

Page 32: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

30

para a pesquisa, ou seja, os fatores de atratividade e rejeição do magistério, num

conjunto estratificado de cursos superiores, fundamentou-se nas seguintes

questões: Qual é o perfil de alunos ingressantes, concluintes e egressos de cursos

de Licenciatura? Como se comparam suas características às de estudantes de

Direito? Quais são os fatores de atratividade e rejeição à carreira do magistério?

Quais são os custos diretos e indiretos para a formação desses discentes? Quais

são os benefícios, quando comparados os custos com os rendimentos atuais e

futuros destes alunos?

1.2 JUSTIFICATIVA

A carência de professores no Brasil é emergencial há mais de meio século

(ARAÚJO; VIANNA, 2010). Araújo e Vianna (2010) afirmam que, a partir da década

de 1960, houve um grande aumento do número de matrículas na educação básica e,

paralelamente, uma queda contínua do percentual orçamentário da União destinado

à educação. Para Mello (2003), essa expansão quantitativa gerou danos à qualidade

do ensino, visto que os recursos materiais e humanos, bem como os investimentos

na educação não cresceram proporcionalmente à expansão do sistema. Gatti e

Barreto (2009) informam que a formação de professores no Brasil ainda sofre as

consequências do rápido crescimento e expansão da educação a partir da década

de 1970.

Relatório desenvolvido por comissão especial do Conselho Nacional de

Educação (RUIZ; RAMOS; HINGEL, 2007) alerta para o fato que, caso não sejam

tomadas medidas emergenciais e estruturais, na próxima década, poderá ocorrer o

“Apagão do Ensino Médio”, especialmente devido aos seguintes fatores: a) a

possibilidade de ampliação do acesso ao Ensino Médio, com o advento do Fundo de

Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (Fundeb); b) a

grande quantidade de docentes aproximando-se da aposentadoria; c) a redução da

quantidade de concluintes de cursos de Licenciatura; d) a constatação atual da falta

de professores nas disciplinas da área de ciências exatas. Sem ações estratégicas,

por meio de implementação de políticas públicas para reverter a situação atual, há

grandes riscos de a profissão docente entrar em decadência a longo prazo

Page 33: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

31

(ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

2006).

A tabela 2 apresenta dados do Censo Escolar no Brasil em relação ao

número de funções docentes na Educação Básica por Região Geográfica e faixa

etária, no ano de 2014. Dela depreende-se que apenas 26,1% dos professores têm

até 32 anos. Na Região Nordeste, esse percentual sobe para 28,5%; no Norte e no

Sul, o percentual é de 27,5%; no Centro-Oeste, de 27,1%, enquanto no Sudeste,

23,5% dos docentes encontram-se nessa faixa etária, ou seja, a Região Sudeste é a

que, proporcionalmente, parece atrair menos jovens para a docência.

Tabela 2 - Quantidade e percentual de funções docentes na Educação Básica, no Brasil, por Região Geográfica e Faixa Etária, em 2014

Região Geográfica

Faixa etária

Até 24 anos De 25 a 32 De 33 a 40 De 41 a 50 Mais de 50 TOTAL

Norte 8.333 44.143 63.437 53.387 21.703 191.003

4,4% 23,1% 33,2% 28,0% 11,4% 100,0%

Nordeste 35.944 142.600 184.914 178.344 84.841 626.643

5,7% 22,8% 29,5% 28,5% 13,5% 100,0%

Sudeste 27.806 180.769 245.494 270.240 164.079 888.388

3,1% 20,3% 27,6% 30,4% 18,5% 100,0%

Sul 18.855 71.358 88.809 96.220 53.629 328.871

5,7% 21,7% 27,0% 29,3% 16,3% 100,0%

Centro-Oeste 6.756 35.475 48.061 46.158 19.388 155.838

4,3% 22,8% 30,8% 29,6% 12,4% 100,0%

BRASIL 97.694 474.345 630.715 644.349 343.640 2.190.743

4,5% 21,7% 28,8% 29,4% 15,7% 100,0%

Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2015).

A tabela 2 também mostra que quase a metade (45,1%) dos professores

brasileiros tinha mais de 41 anos, de modo que esse percentual é maior nas

Regiões Sudeste (48,9%) e Sul (45,6%), onde o desenvolvimento econômico é

maior. Ora, a aposentadoria especial para os professores foi estatuída já pela

Emenda Constitucional nº 1, de 1969, por meio de alteração efetuada pelo

Congresso Nacional em 1982, e confirmada pela Carta Magna vigente. Desde então,

o tempo para aposentadoria dos professores se fixou em 25 anos de serviço e, para

Page 34: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

32

as professoras, em 20 anos. Caso não sejam considerados o fator previdenciário e

outros aspectos, como 45,1% dos docentes tinha 41 anos ou mais e 80,1% deles

era constituído por mulheres, se o início das atividades ocorreu aos 20 anos de

idade, em princípio as professoras teriam direito à aposentadoria especial prevista

na Lei Maior. Embora esta seja uma superestimativa, é notório que a reposição dos

docentes pode representar um problema, mesmo com a redução das matrículas, em

decorrência da contínua queda da fertilidade e da natalidade. Conforme pesquisas

aqui resenhadas, poucos jovens estão sendo atraídos pelo magistério, o que pode

dificultar a sua renovação e conduzir a uma escassez de profissionais no país em

um futuro não muito distante.

O Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (2006) sobre o recrutamento e a seleção de professores em diversos

países apresenta diversas medidas adotadas pelos sistemas escolares de todo o

mundo para solucionar, a curto prazo e de forma paliativa, o problema da escassez

de professores, entre as quais: empobrecimento dos critérios de qualificação para

ingresso na profissão; aumento do número de alunos por turma; aumento da carga

horária de regência por professor; indicação de docentes para ministrar disciplinas

para as quais não estão devidamente qualificados. Acrescenta-se a essas medidas:

“cursos rápidos de suprimento formativo de docentes, complementação de

formações de origens diversas, autorizações especiais para exercício do magistério

a não licenciados, admissão de professores leigos etc.” (GATTI; BARRETO, 2009, p.

11).

Estas últimas medidas, caracterizadas como soluções emergenciais, são

confirmadas no Brasil pelos dados do Censo Escolar de 2007 (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA,

2009a). As disciplinas Biologia, Matemática, Química e Física estavam sendo

ministradas por professores de áreas diferentes daquelas da sua formação

específica. No caso da Física, o mais crítico deles, apenas 39,4% tinham formação

na área. Para a disciplina Química, a proporção era de 55,6%. Para os anos finais

do Ensino Fundamental, a situação era semelhante. Havia 38,3% de professores de

Matemática graduados em áreas diversas desta. É preciso notar que a adequação

da formação do professor à disciplina em que atuava foi considerada

Page 35: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

33

a partir de um critério de equivalência do conteúdo temático da área específica do curso de graduação, estabelecido com base na tabela de classificações de cursos utilizada pelo INEP na geração das estatísticas da educação superior (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2009a, p. 38).

A tabela em questão classifica os cursos ou programas em áreas detalhadas

(subáreas), áreas específicas e grandes áreas, conforme a afinidade de conteúdo

temático. Nesse sentido, os dados supramencionados não indicam a realização ou

não de curso de licenciatura, e a adequação da formação é considerada pela

proximidade com a área de atuação.

No entanto, dados mais recentes produzidos pelo Movimento Todos pela

Educação (OBSERVATÓRIO DO PNE, 2015), com base no Censo Escolar de 2013

mostram que, dos professores brasileiros dos anos finais do ensino fundamental,

78,5% tinham curso superior, 64,4% concluíram curso de licenciatura e apenas

32,8% do total de docentes tinham licenciatura na área de atuação. Nesse caso, a

adequação da formação refere-se à graduação no mesmo curso da disciplina

lecionada. A tabela 3 disponibiliza o percentual desses professores, por disciplina,

no ano de 2013.

Tabela 3 - Brasil - Percentual de professores dos anos finais do Ensino Fundamental, com licenciatura na área de atuação, em 2013

Disciplina Percentual Língua Portuguesa 46,7 Matemática 35,9 História 31,6 Geografia 28,1 Ciências 34,2 Filosofia 10,0 Educação Física 37,7 Artes 7,7 Língua Estrangeira 37,6

Fonte: Observatório do PNE (2015)

No Ensino Médio, o percentual de docentes com licenciatura na área de

atuação era superior: 48,3%. A tabela 4 mostra o percentual desses professores, por

disciplina.

Page 36: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

34

Tabela 4 - Brasil - Percentual de professores do Ensino Médio, com licenciatura na área de atuação, em 2013

Disciplina Percentual Língua Portuguesa 73,2 Matemática 63,4 História 58,1 Geografia 56,8 Química 33,7 Física 19,2 Biologia 51,6 Filosofia 21,2 Educação Física 64,7 Artes 14,9 Língua Estrangeira 44,2

Fonte: Observatório do PNE (2015)

Em pesquisa mais recente sobre a inclusão da disciplina Língua Espanhola

no currículo do Ensino Médio, utilizando dados do Censo da Educação Básica de

2012, Palazzo, Pimentel e Gomes (2014) alertaram sobre a probabilidade de que

menos da metade do total de professores lecionando essa disciplina teria formação

específica.

Registra-se também que, diferentemente da habilitação que recebem para

atuar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, havia, no

Brasil, pedagogos responsáveis por lecionar nos anos finais do Ensino Fundamental

na proporção de 17% para a disciplina Língua Portuguesa; 16,9% para Matemática;

18,9% para Ciências; 18,7% para História; 18,9%, Geografia e 24,1% para Artes

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA, 2009a). Ou seja, apesar de não terem formação para ministrar essas

disciplinas, ainda assim estavam em sala de aula, demonstrando os improvisos

“necessários” para a continuidade do funcionamento das escolas.

Ora, não se faz educação sem professores qualificados. Além disso, entre as

variáveis intraescolares, a qualidade da docência é a mais influente sobre o

desempenho dos alunos (CUSSET, 2011; NAVARRO, 2002; ORGANIZAÇÃO PARA

COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOS, 2006; SCHACTER;

THUM, 2004; WRIGHT; HORN; SANDERS, 1997). Sendo assim, é essencial que

sejam contratados os melhores professores para atuar na educação. Para que isso

aconteça, no entanto, a carreira precisa ser atraente. Na Irlanda, por exemplo, os

candidatos à docência das séries iniciais do Ensino Fundamental são estudantes

que, nos exames escolares finais, se classificaram no quartil superior

Page 37: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

35

(ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOS,

2006).

Nos países que têm educação de qualidade, como Finlândia, Coreia, Taiwan

e Hong Kong, o magistério não é profissão de relegação social, como diversas

pesquisas aqui apresentadas mostram que ocorre no Brasil. Ao contrário, os mais

promissores jovens vão para o magistério e a profissão é altamente competitiva e

prestigiada na sociedade. A Coreia é um clássico exemplo de país que conseguiu

reverter a valorização do magistério em meio século (YUN-KYUNG-CHA, 2004). No

ranking de status social global da profissão docente, entre 21 países, o Brasil foi

classificado na posição 20, atrás apenas de Israel. Enquanto a média dos países

estudados foi 37, o índice do Brasil foi 2,4 (DOLTON; MARCENARO-GUTIERREZ,

2013). Na China, Coreia do Sul, Turquia e Egito, grande parte dos pais pesquisados

encorajariam seus filhos a seguir a carreira docente, pois é uma profissão altamente

valorizada. Já em Portugal, Israel, Brasil e Japão, os genitores tenderam a não

incentivar que os filhos ingressassem no magistério (DOLTON; MARCENARO-

GUTIERREZ, 2013).

Como solucionar os grandes problemas da educação brasileira, em especial

de qualidade e democratização, se os candidatos ao magistério parecem ser os que

têm menos capital cultural e acadêmico? Pode haver magistério sem educadores?

Se está havendo uma mudança no recrutamento de professores para estratos

sociais de menor renda e menos educação formal, como identificado em diversas

pesquisas consultadas, e caso não haja uma mudança para atrair melhores

profissionais para o magistério, o que será da educação brasileira (em todos os

níveis) nas próximas décadas?

A baixa qualidade da educação corresponde a um círculo vicioso, em que mal

formados se tornam maus formadores, que geram outros mal formados e maus

formadores (GATTI, 1997; GOMES, 2010a). Para Carrolo (1997), a tendência no

processo de formação é que o professor reproduza os vícios e virtudes do sistema

que o formou. Ademais, como afirmou Gatti (1997, p. 4), “reverter um processo de

má formação ou de formação inadequada não é processo para um dia ou alguns

meses, mas para décadas”.

Page 38: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

36

Na literatura nacional, foram identificados diversos estudos sobre a questão

da atratividade da carreira docente. A maioria deles com pequenos grupos de

estudantes de ensino médio, ou estudantes de Licenciatura, ou até mesmo com

professores já atuantes na educação básica. Embora a generalização estatística

clássica seja limitada, a reiteração dos resultados em diferentes locais e períodos

indica que estas evidências devem ser devidamente consideradas. Além disso,

outros estudos tiveram por objeto caracterizar o perfil socioacadêmico e cultural dos

estudantes dos cursos de formação de professores. Entretanto, esses são em menor

número. As investigações que compararam os cursos de Licenciatura a outros

cursos também são reduzidas, mais antigas (PAUL; SILVA, 1998; RIBEIRO; KLEIN,

1982; SETTON, 1999) e, assim como pretende esta pesquisa, também são

circunscritas a determinada instituição de ensino.

Ressalta-se, ainda, a importância de estudar os licenciandos enquanto estão

vivenciando a academia. Supõe-se que grande parte dos estudantes ainda não teve

experiência no magistério nessa etapa, portanto, é relevante verificar as diversas

fases das expectativas ocupacionais desse público, isto é, os ingressantes,

concluintes e os egressos, que, por sua vez, talvez já tenham tido contato com a

realidade escolar.

Nesse contexto, o trabalho contribuiu para aprofundar os fatores de

atratividade e rejeição da carreira, além de fazer estimativas dos custos diretos,

indiretos e de oportunidade da formação para os estudantes de Licenciaturas e de

Direito, bem como o tempo necessário para recuperar o investimento realizado,

sendo esta uma das dimensões dos benefícios para a formação do professor.

Evidentemente, o processo é bem demorado, apesar de apresentar custos menores,

em comparação aos alunos de Direito.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa foi caracterizar o perfil e os interesses

profissionais dos alunos ingressantes, concluintes e egressos de cursos de

Licenciatura de uma Instituição de Ensino Superior, comparados com os do curso de

Page 39: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

37

Direito, de modo a identificar os fatores de atratividade e rejeição da carreira do

magistério.

Para alcançá-lo, partiu-se dos seguintes objetivos específicos:

1) Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de ingressantes dos cursos

de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, comparado com o dos

ingressantes de Bacharelado em Direito.

2) Verificar os interesses dos ingressantes dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia e em Matemática para escolha desses cursos.

3) Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de concluintes dos cursos

de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, comparado com o dos

ingressantes de Bacharelado em Direito, bem como as suas percepções dos cursos

em que se formariam.

4) Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de egressos dos cursos de

Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, bem como as percepções sobre os

cursos em que se graduaram, comparado com o dos egressos de Bacharelado em

Direito, além da situação e satisfação profissionais dos licenciados.

5) Estimar os custos diretos e indiretos dos cursos de graduação para os

ingressantes e concluintes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em

Matemática e Bacharelado em Direito e compará-los com os seus rendimentos

prospectivos, caso ingressassem nas respectivas carreiras.

1.4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

1.4.1 Delineamento

Para alcançar os objetivos da presente pesquisa, foi utilizada a abordagem

quanti-qualitativa, no modelo de duas etapas (HERNÁNDEZ SAMPIERI;

FERNÁNDEZ COLLADO; BAPTISTA LUCIO, 2006), de maneira relativamente

independente, mas dentro da mesma proposta de estudo. Aparentemente

excludentes para observar uma única realidade, as abordagens quantitativa e

qualitativa não podem ser tomadas como opostas. Pelo contrário, a combinação das

Page 40: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

38

duas abordagens, mantidas as características de cada uma, possibilitou resultados

mais completos e abrangentes. Günther (2006, p. 207) explica que

enquanto participante do processo de construção de conhecimento o pesquisador não deveria escolher entre um método ou outro, mas utilizar as várias abordagens, qualitativas e quantitativas que se adequam à sua questão de pesquisa.

Há alguns pressupostos que fundamentam a integração entre as duas

abordagens. O primeiro deles é que não há análise estatística sem interpretação. Ou

seja, a subjetividade do pesquisador está presente na análise dos dados

quantitativos, uma vez que os números não falam por si mesmos. Outra

característica é que não há quantificação sem qualificação. Isto significa dizer que

para medir fatos na realidade social é necessário categorizá-los primeiro (BAUER;

GASKELL; ALLUM, 2002; GATTI, 2006).

Para Vidich e Lyman (2006, p. 51), “o emprego de dados quantitativos ou de

procedimentos matemáticos não elimina o elemento intersubjetivo que representa a

base da pesquisa social”. Gatti (2004) também defende a complementaridade das

duas abordagens. Enfim, acredita-se que uma boa abordagem é aquela que permite,

a partir de uma correta construção de dados, uma reflexão da teoria com base nas

constatações da pesquisa. Daí a escolha pela combinação das abordagens, a qual

certamente foi capaz de trazer clareza aos resultados da presente pesquisa, já que o

estudo exigiu tanto a descrição quanto a compreensão do fenômeno.

Esta pesquisa pode ser caracterizada como exploratória, pois pretende-se

elucidar o problema e aprimorar ideias (GIL, 2002). Segundo Santos (2002, p. 26), o

objetivo da pesquisa exploratória é “criar maior familiaridade em relação a um fato

ou fenômeno”. Dessa forma, o pesquisador verificará a real importância do

problema, o estágio das informações existentes e novas fontes de informação

poderão ser reveladas.

Em relação aos procedimentos metodológicos, a presente pesquisa é um

estudo de caso. Lüdke e André (1986) afirmam que esse método é utilizado quando

o pesquisador tem um interesse especial no objeto de estudo que, mesmo sendo

particular e único, pode possibilitar o surgimento de resultados semelhantes em

outros casos. Desta forma, sendo cada caso singular, opta-se pelo aprofundamento

dos dados, tornando a generalização um aspecto de menor relevância. De todo

Page 41: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

39

modo, é preciso registrar que os casos não foram tomados como “unidades de

amostragem”, no sentido de uma miniaturização da realidade para realizar

generalizações estatísticas (YIN, 2010). Portanto, diversas fontes de evidência foram

utilizadas para coletar e gerar dados.

Apesar disso, o estudo de caso permite a generalização naturalística, ou seja,

quando o leitor interpreta os resultados encontrados na pesquisa à luz de suas

experiências pessoais ou quando associa os conhecimentos obtidos na pesquisa a

contextos semelhantes, a partir dos quais novos conhecimentos e novos significados

poderão surgir (LÜDKE; ANDRÉ, 1986; STAKE, 2007). Na perspectiva de Yin

(2010), assim como os experimentos, os estudos de caso são generalizáveis às

proposições teóricas e não aos universos e populações. Ou seja, em termos de

generalização, a proposta do estudo de caso é ampliar teorias (generalização

analítica) e não acrescentar frequências (generalização estatística). Para fazer a

generalização analítica, “uma teoria previamente desenvolvida é usada como um

padrão, com o qual são comparados os resultados empíricos do estudo de caso. Se

dois ou mais casos demonstram apoiar a mesma teoria, a replicação pode ser

afirmada” (YIN, 2010, p. 61).

A opção pelo método de estudo de caso é indicada quando se deseja

compreender profundamente um fenômeno da vida real, que engloba aspectos

contextuais pertinentes ao fenômeno em questão (YIN, 2010). Uma característica do

estudo de caso é a necessidade da interpretação contextualizada, ou seja, para ter

uma compreensão mais acurada do objeto de estudo, é necessário interpretá-lo,

considerando o contexto em que se insere. Segundo Yin (2010), o estudo de caso é

conduzido com o objetivo de se entender profundamente fenômenos sociais

complexos contemporâneos, em que não há uma definição clara sobre os limites

entre o fenômeno e o contexto. Alves-Mazzotti (2006) afirma que o caso acontece

dentro de vários contextos: político, econômico, ético, físico, estético, social,

histórico e outros. Dessa forma, para compreendê-lo de forma holística, é preciso

examinar questões situadas o melhor possível nestes contextos.

Uma das vantagens do estudo de caso é a possibilidade de utilização de

várias fontes de evidências, tais como questionários, entrevistas, observação,

análise documental, entre outras. Sendo assim, é possível ao pesquisador o

Page 42: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

40

cruzamento de dados, a confirmação ou refutação de hipóteses, a descoberta de

novos dados, assim como o levantamento ou afastamento de hipóteses alternativas.

A presente pesquisa caracteriza-se como estudo de casos múltiplos,

composto por dois casos únicos (YIN, 2010): o curso de Licenciatura em Pedagogia

e o curso de Licenciatura em Matemática, no contexto da instituição escolhida, de

modo que cada caso envolveu três subgrupos de unidades de análise: ingressantes,

concluintes e egressos.

Nesta pesquisa, a coleta e a geração de dados foram realizadas por meio de

estudo longitudinal de tendências, ou seja, foram estudadas amostras de pessoas

diferentes da mesma população, em diferentes períodos do tempo. Assim, os

resultados puderam ser comparados, de modo a identificar mudanças entre as

amostras (VIEIRA, 2009). Cabe registrar que a intenção original era acompanhar do

início ao fim as coortes dos três cursos pesquisados, isto é, de efetuar uma pesquisa

longitudinal com duração de cinco anos, capaz, inclusive, de detectar e analisar os

casos de desistência e transferência. Entretanto, a mudança de propriedade e

gestão da IES onde ocorreu a pesquisa, e a consequente inacessibilidade à IES,

impediram a execução do plano original. Em face destes obstáculos, decidiu-se pelo

cotejo destes ingressantes com um grupo de concluintes dos mesmos cursos e da

mesma IES que, todavia, ingressaram alguns anos antes.

1.4.2 Participantes

O grupo de participantes da pesquisa foi composto por ingressantes,

concluintes e egressos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia (PED),

Licenciatura em Matemática (MAT) e Bacharelado em Direito (DIR) de uma IES do

Distrito Federal. A escolha da Instituição se deu, inicialmente, devido ao cargo de

gestão exercido pela pesquisadora, o qual lhe permitia ter fácil acesso às

informações e ao corpo discente. No entanto, devido à venda da IES e à

consequente mudança de gestão, o acesso da pesquisadora tornou-se inviável.

Em se tratando de um estudo de caso, a amostra intencional foi norteada pelo

critério de ser uma instituição particular, portanto, menos seletiva do que as públicas,

localizada em uma região administrativa do Distrito Federal, cuja renda média

Page 43: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

41

familiar era a mais próxima da renda média das famílias do Distrito Federal

(DISTRITO FEDERAL, 2012). No ano de 2013, o Índice Geral de Cursos da

Instituição de Educação Superior (IGC)1 da instituição pesquisada, bem como o

Conceito Institucional (CI)2 em 2012, era 4, em escala que variava de 1 a 5

(INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO

TEIXEIRA, 2014b). Portanto, a partir desses indicadores, conclui-se se trata de uma

instituição bem avaliada, com um grau de seletividade que não se situava entre os

mais altos nem os mais baixos.

Todos os cursos de Licenciatura da IES foram selecionados para o estudo. O

curso de Direito foi escolhido como referencial de comparação aos cursos de

formação de professores por ser um ramo historicamente mais seletivo e, por isso,

detentor de maior valorização social. Além disso, era o curso presencial de

graduação com maior número de matrículas no país (INSTITUTO NACIONAL DE

ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2013a). Os

indicadores oficiais de qualidade desses cursos, isto é, Conceito Enade3, Conceito

Preliminar de Curso4 (CPC) e Conceito de Curso5 (CC), mostram que os cursos

selecionados para o estudo eram bem avaliados. O quadro 1 detalha os conceitos

obtidos pelos cursos da IES.

Quadro 1 - Indicadores de qualidade dos cursos selecionados para a pesquisa Direito Matemática Pedagogia Conceito Enade 3 (2012) 3 (2011) 3 (2011) Conceito Preliminar de Curso 3 (2012) 4 (2011) 4 (2011) Conceito de Curso 3 (2011) 5 (2011) 5 (2008)

Fonte: e-MEC (2015).

Para compreensão dos dados obtidos, é importante contextualizar a realidade

da carreira docente do Distrito Federal, que tem um dos mais privilegiados sistemas

1 O IGC é calculado com base na média ponderada dos Conceitos Preliminares de Cursos

(CPC) e das notas dos programas de pós-graduação stricto sensu da instituição de ensino, de modo que a ponderação é realizada a partir do número de matrículas dos cursos ou programas correspondentes (BRASIL, 2008).

2 O CI é atribuído às instituições de ensino a partir de avaliação realizada in loco por comissão constituída pelo INEP, com base em instrumento específico (BRASIL, 2006).

3 O Conceito Enade é calculado com base no desempenho dos estudantes no ENADE de cada área.

4 O CPC é calculado no ano posterior ao de realização do ENADE de cada área e considera a avaliação de desempenho dos estudantes e outros insumos, como corpo docente, infraestrutura e recursos didático-pedagógicos

5 O CC é atribuído aos cursos de graduação a partir de avaliação realizada in loco por comissão constituída pelo INEP, com base em instrumento específico (BRASIL, 2006).

Page 44: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

42

de ensino do país, visto que conta com o Fundo de Participação do Distrito Federal.

A tabela 5 exibe os vencimentos/ subsídios iniciais dos professores por Unidade da

Federação, cujos dados mostram que o vencimento inicial dos professores da

carreira pública do Distrito Federal era o terceiro maior do país, atrás apenas dos

Estados do Amazonas e de Tocantins. Desse modo, aparentemente, é uma das

melhores carreiras de magistério do país, sendo, portanto, um dos casos extremos

(PATTON, 2000).

Tabela 5 - Vencimentos/ subsídios iniciais dos docentes para jornada de 40 horas semanais, por Unidade da Federação

Unidade da Federação Data da Informação Inicial (em R$)

Acre jul/11 1.187,97 Alagoas mai/11 1.187,08 Amapá fev/12 2.171,00 Amazonas jun/11 2.537,76 Bahia dez/11 1.489,22 Ceará nov/11 1.428,30 Distrito Federal mar/12 2.314,78 Espírito Santo fev/12 963,12 Goiás jan/12 1.395,00 Maranhão mar/12 1.085,33 Mato Grosso mai/12 1.664,91 Mato Grosso do Sul jan/12 1.489,67 Minas Gerais jan/12 1.187,00 Pará ago/11 1.240,96 Paraíba set/11 1.234,89 Paraná out/11 1.155,32 Pernambuco jun/11 1.999,85 Piauí mar/11 1.187,08 Rio de Janeiro set/11 1.749,68 Rio Grande do Norte set/11 1.187,49 Rondônia nov/09 851,52 Roraima jun/11 2.239,42 Rio Grande do Sul jan/12 791,08 Santa Catarina jul/11 1.187,00 São Paulo mar/12 1.718,02 Sergipe jan/11 1.187,00 Tocantins dez/11 3.062,60

Fonte: Consed; Fundação Lemann (2012).

Page 45: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

43

A amostra da pesquisa foi composta por seis grupos constituídos por

diferentes sujeitos: a) ingressantes dos cursos de Licenciatura do 2º semestre de

2010 e 1º semestre de 2011; b) ingressantes do curso de Direito do 2º semestre de

2010 e 1º semestre de 2011; c) concluintes dos cursos de Licenciatura do 1º

semestre de 2013; d) concluintes do curso de Direito do 1º semestre de 2013; e)

egressos dos cursos de Licenciatura do 2º semestre de 2010 até o 2º semestre de

2012, isto é, de cinco períodos; f) egressos do curso de Direito do 2º semestre de

2010 até o 2º semestre de 2012, isto é, de cinco períodos. A participação foi

voluntária e a amostra abrangeu todos os turnos em que os cursos eram oferecidos

pela instituição pesquisada.

A tabela 6 mostra a quantidade de participantes da pesquisa, por curso e por

condição em relação ao curso (ingressante, concluinte ou egresso):

Tabela 6 - Quantidade de participantes da pesquisa, por curso e condição Condição Pedagogia Matemática Direito Total Ingressantes 145 42 176 363 Concluintes 62 13 42 117 Egressos 155 25 29 209 Total 362 80 247 689

Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Para identificar cada participante, foi atribuído um código com três letras,

representando, nesta ordem, a condição no curso (I, para ingressante; C, para

concluinte; E, para egresso), o curso (P, para pedagogia; M, para Matemática; D,

para Direito) e o gênero (F, para feminino; M, para masculino) e, em seguida, uma

numeração sequencial (de 1 a 689). Dessa forma, o código “EPM-610”, por exemplo,

identifica o participante número 610, que é egresso (E) do curso de Pedagogia (P),

do gênero masculino (M).

1.4.3 Instrumentos

Yin (2010) aponta seis diferentes fontes de evidência para os estudos de

caso. São elas: documentação, registros em arquivo, entrevistas, observação direta,

observação participante e artefatos físicos. Cada uma delas apresenta suas

vantagens e desvantagens e todas são complementares, por isso, a sugestão do

Page 46: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

44

autor de utilização de várias fontes de evidência para fortalecer as conclusões do

estudo. Para a presente pesquisa, foram utilizados questionários, grupos focais e

entrevistas telefônicas. Segundo este autor, é importante que se utilizem múltiplas

fontes de evidência para permitir o desenvolvimento de linhas convergentes de

investigação, isto é, a possibilidade de triangulação e corroboração.

O quadro 2 sintetiza os instrumentos utilizados para a realização desta

pesquisa, em consonância com os objetivos propostos:

Quadro 2 - Instrumentos de coleta e geração de dados utilizados na pesquisa, em consonância com os objetivos específicos

Objetivos Específicos Instrumentos de coleta e geração de dados Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de ingressantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, comparado com o dos ingressantes de Bacharelado em Direito.

1) Questionário para ingressantes de Licenciatura (Apêndice A); 2) Questionário para ingressantes de Direito (Apêndice B).

Verificar os interesses dos ingressantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática para escolha desses cursos.

1) Roteiro para condução de grupo focal com ingressantes de Licenciatura (Apêndice E).

Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de concluintes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, comparado com o dos ingressantes de Bacharelado em Direito, bem como as suas percepções dos cursos em que se formariam.

1) Questionário para concluintes de Licenciatura (Apêndice C); 2) Questionário para concluintes de Direito (Apêndice D).

Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de egressos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, bem como as percepções sobre os cursos em que se graduaram, comparado com o dos egressos de Bacharelado em Direito, além da situação e satisfação profissionais dos licenciados.

1) Questionário para egressos de Licenciatura (Apêndice F); 2) Questionário para egressos de Direito (Apêndice G); 3) Roteiro de entrevista telefônica dos egressos (Apêndice H).

Estimar os custos diretos e indiretos dos cursos de graduação para os ingressantes e concluintes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática e Bacharelado em Direito e compará-los com os seus rendimentos prospectivos, caso ingressassem nas respectivas carreiras.

1) Questionário para egressos de Licenciatura (Apêndice F); 2) Questionário para egressos de Direito (Apêndice G);

1.4.3.1 Questionários

O questionário pode ser definido como “um conjunto de questões com relação

a uma ou mais variáveis a serem medidas” (HERNÁNDEZ SAMPIERI; FERNÁNDEZ

Page 47: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

45

COLLADO; BAPTISTA LUCIO, 2006, p. 325). Os questionários propostos para este

estudo foram adaptados do questionário socioeconômico aplicado a estudantes

participantes do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE),

disponível na página do INEP, a partir das orientações de Vieira (2009) e Günther

(2003) para a elaboração de um instrumento de qualidade.

Foram aplicados questionários aos alunos ingressantes dos cursos de

Licenciatura em Pedagogia, Licenciatura em Matemática (Apêndice A) e

Bacharelado em Direito (Apêndice B) do 2º semestre de 2010 e do 1º de 2011 da

instituição pesquisada, para caracterizar seu perfil socioeconômico e cultural. A

partir deste instrumento, também foi possível estimar os custos diretos e indiretos

dos cursos de graduação para os alunos e compará-los com os seus rendimentos

presentes e futuros. O retorno dos questionários aplicados aos ingressantes foi de

90,7% entre os alunos de Direito; 65,6% entre os de Pedagogia e 78,3% entre os

licenciandos de Matemática.

Na intenção de caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de um grupo de

concluintes dos mesmos cursos, bem como as suas avaliações dos cursos em que

se formariam, foram administrados outros questionários aos concluintes desses

mesmos cursos (Apêndices C e D). O percentual de retorno dos questionários

aplicados aos concluintes foi de 75,0% entre os de Direito, 67,4% entre os de

Pedagogia e 100,0% entre os alunos de Matemática.

Também foi elaborado outro questionário a um grupo de egressos dos

mesmos cursos (Apêndices F e G), a fim de caracterizar seu perfil socioeconômico,

a sua situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os cursos

em que se graduaram. Tendo em vista a dificuldade de localizar esses sujeitos,

optou-se por construir um questionário de autoaplicação (VIEIRA, 2009) por meio da

plataforma Google Drive, cujo link foi enviado aos egressos por e-mail, conhecidas

as vantagens e desvantagens desse método.

Segundo Vieira (2009), algumas desvantagens são: 1) o baixo retorno de

respostas; 2) a possibilidade de o questionário não ser respondido por quem

deveria; 3) restrição dos participantes aos usuários de internet. Entre as vantagens,

cita: 1) a padronização na coleta das respostas; 2) a agilidade e rapidez para

Page 48: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

46

distribuição, coleta e processamento dos dados; 3) o participante pode responder o

questionário no tempo e durante o tempo que quiser.

1.4.3.2 Grupos focais

Para Bogdan e Biklen (1994, p. 134), a entrevista “é utilizada para recolher

dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador

desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam

aspectos do mundo”. A utilização do grupo focal como forma de coleta de dados

possibilita a captação de uma diversidade de pontos de vista, sentimentos, atitudes,

crenças e conceitos dos participantes do grupo (GATTI, 2005).

Barbour (2009) defende que os grupos focais podem ser eficazes como parte

de pesquisa com abordagem mista, pois eles seriam úteis para aprofundar e

esclarecer questões após a etapa quantitativa da pesquisa. Segundo a autora, a

composição do grupo focal deve variar de três a oito pessoas, a fim de facilitar a

moderação e a análise das transcrições. Gaskell (2002, p. 65) afirma que o objetivo

da entrevista qualitativa é compreender detalhadamente “crenças, atitudes, valores e

motivações, em relação aos comportamentos das pessoas em contextos sociais

específicos”.

Os grupos focais foram conduzidos para verificar as motivações que levaram

os licenciandos ingressantes a escolher estes cursos e a carreira do magistério. O

roteiro (Apêndice E) foi elaborado considerando os objetivos específicos propostos

para a pesquisa.

1.4.3.3 Entrevistas telefônicas

Segundo Vieira (2009), as desvantagens do questionário de autoaplicação

têm levado pesquisadores a recorrer às entrevistas por telefone. Foi o que ocorreu

nesta pesquisa: devido ao baixo retorno dos questionários enviados aos egressos

por e-mail (16,8% de Pedagogia; 23,4% de Matemática; 11,0% de Direito), optou-se

por fazer entrevistas por telefone com os licenciados, a fim de alcançar pelo menos

33,3% do universo, respeitada a representatividade de egressos por período letivo

de conclusão do curso.

Page 49: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

47

Gil (2008) aponta, entre outras, as seguintes vantagens das entrevistas

realizadas por telefone: 1) baixos custos; 2) possibilidade de agendamento da

realização da entrevista; 3) rapidez. Entre as desvantagens, cita: 1) possibilidade de

interrupção da entrevista; 2) menor quantidade de informações; 3) impossibilidade

de descrever as características do participante ou das circunstâncias de realização

da entrevista.

Vieira (2009) e Gil (2008) sugerem que o pesquisador esteja em frente ao

computador, no momento da entrevista, a fim de facilitar o registro das respostas e

evitar esquecimentos. No entanto, preferiu-se gravar as entrevistas, com a utilização

de um aparato específico para este fim acoplado ao aparelho gravador. Com

exceção de uma participante, os demais entrevistados consentiram com a gravação.

A respondente que não permitiu gravar a entrevista teve as respostas registradas

em arquivo separado.

1.4.4 Procedimentos

Os questionários para levantamento do perfil socioeconômico e cultural dos

ingressantes foram aplicados, em abril de 2011, às turmas de 1º e 2º períodos dos

cursos pela própria pesquisadora, sempre atendendo ao critério de participação

voluntária e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A).

Os questionários dos alunos concluintes foram aplicados no mês de abril de 2013

às turmas de último período dos cursos pesquisados, também mediante a

participação voluntária e assinatura do Termo (Anexo B). Tanto os questionários dos

ingressantes quanto os dos concluintes foram impressos e aplicados em horário de

aula pela pesquisadora ou pelo coordenador do curso.

Já os questionários dos egressos foram aplicados com auxílio da plataforma

Google Drive. Desse modo, foram enviados e-mails, semanalmente, durante um

mês, a todos os egressos do banco de dados, com o link de acesso ao instrumento,

solicitando a participação voluntária dos graduados.

Para a realização dos grupos focais, a pesquisadora entrou em contato com

diversos alunos que já haviam respondido ao questionário aplicado aos ingressantes

dos cursos de Licenciatura, convidando-os para a participação no grupo focal e

Page 50: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

48

agendando para um horário após a aula (no turno matutino) ou antes da aula (no

turno noturno), na sala de reuniões da própria instituição. Inicialmente, a escolha dos

participantes foi aleatória, entretanto, no caso dos participantes do turno matutino de

Pedagogia, vários confirmados não compareceram e uma das alunas sugeriu

convidar as colegas de sua turma, o que foi prontamente aceito pela pesquisadora.

Houve a participação de uma convidada para exercer a “função” de observadora dos

grupos.

Assim, em 26 de abril de 2012, foi conduzido um grupo focal com

ingressantes de Matemática, curso oferecido apenas no turno noturno. Em 27 de

abril de 2012, foram conduzidos outros dois grupos focais, com alunos ingressantes

de Pedagogia, um no período matutino e outro no noturno. Na época em que foram

realizados os grupos focais, os estudantes já haviam tido contato inicial com o curso

e poderiam manifestar suas motivações e expectativas em relação ao curso e à

carreira docente. A maior dificuldade encontrada pela pesquisadora foi que os

alunos confirmavam presença, mas não compareciam ao evento. Houve duas

tentativas anteriores que não deram certo por falta de quórum e por não haver aula

na data agendada para os grupos focais.

Consideradas as possíveis dificuldades em identificar as falas de cada

participante do grupo focal, utilizando-se apenas o gravador (BOGDAN; BIKLEN,

1994), optou-se por gravar as entrevistas também em vídeo, com autorização

expressa dos envolvidos. As entrevistas foram, posteriormente, transcritas para

interpretação e análise, em consonância com os objetivos estabelecidos.

Houve intenção de fazer grupos focais também com os egressos. A

pesquisadora entrou em contato por telefone e confirmou com dezoito egressos de

Pedagogia. Reservada previamente a sala de reuniões da instituição para o dia 11

de janeiro de 2014, às 9h30, a pesquisadora, juntamente com uma observadora

convidada, compareceu ao local com todos os equipamentos necessários à

gravação das entrevistas. No entanto, nenhum dos confirmados esteve presente.

Associadas a frustração de um acordo descumprido à sapiência da dificuldade em

fazer pesquisas com egressos, bem como o baixo retorno de respondentes do

questionário on-line (16,8% de Pedagogia; 23,4% de Matemática; 11,0% de Direito),

optou-se, então, por fazer as entrevistas individualmente por telefone.

Page 51: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

49

A quantidade de egressos que deveria ser entrevistada foi calculada, de modo

a completar pelo menos um terço daqueles que já haviam respondido ao

questionário on line, respeitada a representatividade por período de conclusão do

curso. As entrevistas foram orientadas pelo roteiro constante do Apêndice H e

seguiram o seguinte protocolo:

1) Apresentação da pesquisadora;

2) Apresentação dos objetivos da pesquisa;

3) Solicitação de participação voluntária na pesquisa;

4) Aviso e solicitação de permissão para gravação da entrevista;

5) Perguntas, conforme roteiro;

6) Agradecimento pela participação na pesquisa.

A seleção dos entrevistados foi aleatória. Quando o contato era realizado sem

sucesso, seguia-se para o próximo da lista, até que se esgotasse a quantidade

necessária de entrevistas para aquele grupo, a fim de atingir o mínimo necessário

para representar cada turma de formandos.

1.4.5 Análise dos Dados

1.4.5.1 Estatística descritiva

Os dados obtidos pela aplicação dos questionários foram tabulados e

analisados a partir de estatística descritiva. Vendramini (2007, p. 166) explica que a

estatística descritiva ou dedutiva é “um conjunto de métodos destinados à

observação e coleta de fenômenos de igual natureza, à organização e classificação

dos dados observados”, que permitam descrever resumidamente esses fenômenos.

Dancey e Reidy (2006) acrescentam que a estatística descritiva deve ser utilizada

para descrever as amostras, enquanto a estatística inferencial serve para

generalizar os resultados da amostra para a população.

Para estimar os custos diretos e indiretos dos cursos de graduação para os

alunos, foram utilizados os dados obtidos nas respostas aos questionários aplicados

aos ingressantes e concluintes, inclusive a renda não recebida por frequentar a

Page 52: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

50

faculdade, isto é, o custo de oportunidade (CASTRO, 1972; SCHULTZ, 1973a,

1973b).

Segundo Ioschpe (2004), o cálculo mais básico da taxa de retorno do

investimento em um ano de educação é a que considera apenas os custos e

benefícios. Para ele “os benefícios são medidos pelo ganho salarial recebido por

uma pessoa em relação a outra com um ano de escolaridade a menos, ao longo de

sua vida laboral” (p. 31), geralmente calculada a partir do fim da vida escolar até os

65 anos de idade.

Já os custos precisam ser calculados considerando os custos diretos e os

custos de oportunidade. Os primeiros seriam os valores desembolsados por alunos,

pais ou governos na educação, cujos componentes incluem as mensalidades

escolares, livros, utensílios escolares, entre outros. O custo de oportunidade é o

valor que o aluno deixa de receber ao ir para a escola, cujo cálculo se resume a

verificar o salário que ele receberia caso abandonasse a escola e ingressasse no

mundo do trabalho. Nos questionários aplicados aos concluintes, eles indicaram o

salário que poderiam receber, caso trabalhassem em vez de estudar, no horário do

curso. Portanto, este foi o valor considerado para o cálculo do custo de

oportunidade.

1.4.5.2 Análise de conteúdo

Conforme Bardin (2009), qualquer comunicação pode ter seu conteúdo

analisado. Quando se faz uma análise desta natureza, a intenção é de estabelecer

uma relação entre as estruturas semânticas ou linguísticas e as estruturas

psicológicas ou sociológicas. Os dados resultantes dos grupos focais, das

entrevistas telefônicas e das questões abertas foram transcritos e sistematizados

para que fosse possível a interpretação, identificação e classificação das categorias

mais significativas, segundo padrões e repetições, a partir da análise de conteúdo,

que consiste em

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2009, p. 44).

Page 53: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

51

Para tanto, realizou-se uma identificação objetiva e sistemática de regras de

categorização das unidades de texto, por temas (BAUER, 2002), de forma a garantir

a confiabilidade das medidas e a validade dos resultados, ou seja, em caso de as

análises serem realizadas por outro pesquisador com a utilização do mesmo

método, os resultados deverão ser os mesmos (SILVERMAN, 2009). Foram

seguidas, ainda, as instruções de Barbour (2009), segundo a qual uma abordagem

analítica exige comparação constante dos comentários dos participantes, a fim de

verificar e explicar as semelhanças e as diferenças entre os indivíduos e entre os

grupos, e de analisar os padrões identificados, bem como a ausência deles.

Barbour (2009) sugere que, após identificar os temas gerais, sejam alocados

outros temas em subcategorias relacionadas aos temas mais amplos. Obviamente,

deve haver uma conexão entre os temas gerais. Há duas formas de fazer isso após

a leitura das transcrições: atribuir codificações bem detalhadas e agrupá-las

posteriormente ou fazer o caminho inverso, partindo dos temas gerais, fragmentar os

códigos. Bardin (2009) corrobora esta opinião. Para ela, as classificações podem

ocorrer: 1) do geral para o particular, ou seja, a partir da nomeação de cada

categoria, classifica-se cada elemento; 2) do particular ao geral, isto é, a partir da

análise de cada elemento, nomeiam-se as categorias.

No caso desta pesquisa, optou-se por não criar as categorias previamente, de

modo que elas foram definidas à medida que apareciam nos discursos, partindo do

particular ao geral. Depois, foram analisadas e interpretadas à luz das teorias que as

explicassem.

Page 54: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

52

CAPÍTULO 2: FATORES DE ATRATIVIDADE E REJEIÇÃO DA CARREIRA DO

MAGISTÉRIO

2.1 MOTIVOS PARA ESCOLHA DO MAGISTÉRIO COMO CARREIRA

A escolha de uma carreira profissional é um momento determinante na vida

de todo e qualquer jovem. Esse processo de definição da profissão e a própria

inserção no mundo de trabalho dependem de uma série de fatores intrínsecos e

extrínsecos que se relacionam de diferentes formas. Vários autores destacam que o

destino profissional de uma pessoa depende, além de suas características pessoais,

dos diferentes contextos nos quais está inserida: histórico, social, político,

educacional, econômico, familiar, entre outros (GATTI, 2009; RAMOS; LIMA, 1996;

SOARES, 2002; VALLE, 2006).

Para Nogueira (2012), a partir de uma perspectiva macrossociológica, pode-

se enumerar alguns fatores que interferem na escolha de um curso superior:

1) a posição social objetiva dos sujeitos que escolhem (volume e peso relativo dos seus capitais cultural, econômico e social); 2) a estrutura de oportunidades do sistema universitário (cursos e faculdades definidos em termos do grau de prestígio acadêmico, localização, custos financeiros envolvidos, horário das aulas, natureza e grau de dificuldade dos cursos e de seu processo seletivo); 3) as características do mercado de trabalho (natureza das profissões, grau de prestígio e retorno financeiro médio) (n.p.).

Segundo o mesmo autor, os fatores condicionantes da escolha, a partir da

ótica individual do sujeito, dependeriam:

1) de determinados gostos ou preferências relativos às áreas do conhecimento e aos campos profissionais a elas associados; 2) de um conjunto de aspirações, expectativas e projetos de vida (de curto, médio e longo prazos) que o faz priorizar, conforme o caso, a estabilidade, o retorno financeiro, o prestígio ou o tipo de sociabilidade supostamente associados a cada curso ou profissão; 3) de um conjunto de representações sobre si mesmo, relativas não apenas à sua capacidade intelectual, mas às suas habilidades em geral; 4) de um conjunto mais ou menos amplo, preciso e confiável de informações sobre o sistema universitário, os diversos cursos e as futuras profissões (n.p.).

Verona, Mori e Arruda (2008), em seu estudo para identificar os elementos

determinantes para escolha do curso de Ciências Biológicas por alguns estudantes e

Page 55: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

53

egressos, com base nas relações com o saber, de Charlot (2000), verificaram que as

escolhas decorrem: 1) da relação com o outro, isto é, a influência exercida por

familiares, amigos e professores; 2) da relação consigo mesmo, a partir da

identificação com temas e disciplinas da área; 3) da relação com o mundo, por meio

da busca e curiosidade pelo conhecimento da área, das vivências do cotidiano e das

perspectivas profissionais futuras. Essa perspectiva é corroborada por Ferreira,

Nascimento e Fontaine (2009), segundo as quais a construção do desenvolvimento

vocacional é um processo social que acontece na interação do indivíduo consigo

mesmo, com os outros e com o mundo, além de depender das oportunidades que

aparecem na vida do sujeito. Para Rabelo (2010a), a escolha profissional é

influenciada por condições externas e pelas representações sociais de cada um.

A família também pode representar uma grande influência na formação da

identidade ocupacional do indivíduo (ANDRADE, 1997; LEVENFUS, 1997; RAMOS;

LIMA, 1996; SANTOS, 2005), tanto no sentido de ajudar quanto de dificultar o

processo de escolha da futura profissão. Segundo Andrade (1997), esta ação pode

ocorrer em duas dimensões: 1) contextual, que depende dos recursos oferecidos e

das limitações expostas e; 2) estrutural, quando “o nível de determinação se dá pela

influência, muitas vezes indireta e não explícita, da ideologia familiar sobre os

valores e conceitos ocupacionais” (p. 124).

Em sua pesquisa com docentes do ensino médio, Giesta (2008) verificou que

a maioria dos pesquisados, ao decidir pela carreira do magistério, teve influência dos

pais ou de professores. A pesquisa de Fernandes (2011) com estudantes de

Licenciatura em Letras de um campus da Universidade Federal do Amazonas, no

Município de Humaitá, também revelou influência para escolha do curso,

especialmente de pais, professores e amigos. Gomes e colaboradores (2012), em

pesquisa sobre os motivos da escolha profissional de estudantes dos cursos de

Licenciatura, inclusive Pedagogia, identificaram que os principais motivos foram:

vocação, influência de professores e de familiares, gosto por lidar com crianças

(principalmente as de Pedagogia) ou gosto pela disciplina específica (no caso dos

outros cursos de Licenciatura).

Já a pesquisa de Moreira e colaboradores (2012) revelou que mais de 54,0%

escolheram o curso de Licenciatura em Matemática devido ao gosto ou facilidade

pela disciplina e 20,0% por fatores relacionados à docência, tais como gostar de

Page 56: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

54

lecionar, ter interesse pela educação escolar, entre outros. Fatores como influência

de pais e professores, falta de opções ou preparação para outros cursos

representaram 17% da amostra. Por outro lado, 56% do público pesquisado já

haviam prestado vestibular para outro curso e cerca de metade sofreu reprovação,

tendo escolhido o curso de Matemática como segunda opção, visto que a primeira

não foi alcançada.

De fato, os fatores intrínsecos, tais como “trabalhar com crianças, satisfação

intelectual e contribuição para a sociedade”, são motivações importantes entre os

que optam pelo magistério em vários países, como França, Austrália, Bélgica,

Canadá, Eslováquia, Holanda e Reino Unido (ORGANIZAÇÃO PARA

COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOS, 2006, p. 70).

A clássica investigação sociológica conduzida por Lortie (2002), em cinco

cidades da área metropolitana de Boston, publicada pela primeira vez em 1975,

aponta os principais fatores de atratividade do magistério naquele contexto espacial

e temporal. O autor categorizou os resultados em cinco temas: 1) Relações

interpessoais; 2) Magistério como sacerdócio, doação; 3) Continuidade; 4)

Benefícios materiais; 5) Compatibilidade de tempo.

O primeiro tema foi o fator mais citado pelos entrevistados. Trata-se do “gosto

por trabalhar com pessoas”, que foi um fator de atratividade da carreira. De fato, a

docência é uma das poucas profissões que possibilita o contato constante com

pessoas mais jovens. Segundo o autor, apesar de outras profissões, como pediatras

e assistentes sociais, também trabalharem com crianças, na docência esse contato

não se restringe a crianças doentes ou com desvantagens sociais.

O segundo fator trata do magistério como sacerdócio, doação. Muitos

pesquisados citaram esse aspecto humanitário e assistencialista da profissão como

um de seus atrativos. No terceiro tema, incluem-se aqueles docentes que

simplesmente gostam da escola e gostariam de trabalhar no ramo da educação,

bem como os que gostam das atividades relacionadas à escola, mas teriam

dificuldade de se engajar nelas fora do ambiente escolar.

O quarto aspecto aborda os benefícios materiais (remuneração, prestígio e

segurança no emprego). É interessante destacar que o salário foi diferentemente

abordado por homens e mulheres. Enquanto 54,0% das mulheres mencionaram este

Page 57: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

55

como um fator de atratividade da carreira, apenas 39,0% dos homens o fizeram. Por

fim, o tema da compatibilidade de tempo também foi considerado um estímulo para

ingresso na profissão, já que a docência possibilita o exercício de outras atividades e

obrigações. As mulheres ressaltaram poder dedicar-se aos afazeres domésticos e à

maternidade, além de o horário exercido no magistério combinar com o horário

escolar dos filhos. Os homens, por sua vez, destacaram a possibilidade de

aprofundar os estudos e desenvolver outros tipos de trabalhos. Cabe reiterar, no

entanto, que a primeira edição da obra é de 1975, quando a diversificação das

estruturas familiares e a participação da mulher no trabalho eram diferentes dos

Estados Unidos de hoje.

Rabelo (2010a; 2010b) investigou a motivação para escolha da docência

como profissão entre professores homens nas séries iniciais, em Aveiro, Portugal, e

no Rio de Janeiro, verificando que os fatores intrínsecos (gosto pela profissão e

gosto por crianças) foram os mais relevantes. As motivações extrínsecas, como

empregabilidade, rentabilidade, necessidade de emprego e falta de oportunidades,

também foram citadas. Souza (2010) verificou, em seu estudo, que a maioria dos

estudantes de Licenciatura pesquisados optou pelo curso devido ao desejo de se

tornar professor. O gosto pela profissão também é motivo para os docentes

permanecerem nela (GIESTA, 2008). Por sua vez, o estudo de Garduño e Sandoval

(2006), com amostras de três gerações de estudantes normalistas de primeiro e

segundo semestres, de uma escola normal pública da Cidade do México,

demonstrou que quase a metade dos pesquisados escolheu a carreira por motivos

extrínsecos.

Em pesquisa com ingressantes dos cursos de Medicina e de Licenciatura em

Física, Matemática e Pedagogia, a fim de identificar os fatores de atratividade e

rejeição da carreira do magistério, Leme (2012) concluiu que os aspectos que mais

interferem na predisposição dos ingressantes em seguir a carreira são: sexo

(mulheres), curso (Pedagogia), idade (de 17 a 19 anos), salário e alguns elementos

de caráter subjetivo, tais como experiências escolares positivas, gosto por crianças e

pela educação, altruísmo e engajamento social. Por outro lado, os principais fatores

de rejeição à carreira foram aqueles relacionados à imagem atual da profissão e da

escola, como a falta de prestígio social e a baixa remuneração. Ademais, a autora

constatou que o grupo de Pedagogia manifestou mais interesse pela carreira

Page 58: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

56

docente do que os demais licenciandos. Quanto aos estudantes de Medicina, apesar

de considerarem a profissão docente importante e de grande relevância social,

afirmaram que não seriam professores da educação básica e apontaram ser uma

profissão difícil, desvalorizada na sociedade e que recebe baixos salários.

Nogueira e Pereira (2010) conduziram estudo para compreender como se

constroem as “escolhas improváveis”, isto é, alunos com perfil social e escolar mais

elevado que decidiram cursar Pedagogia e que, em princípio, poderiam ter optado

por cursos mais seletivos e vistos como de maior retorno financeiro e simbólico. Os

autores entrevistaram oito alunas de Pedagogia da Universidade Federal de Minas

Gerais e concluíram que em todas as participantes, sobretudo em seis delas,

parecia haver um gosto autêntico anterior ao momento da decisão pelo curso

superior.

A pesquisa de Paul e Silva (1998) sobre escolha de carreiras por candidatos

de quatro instituições públicas do Rio de Janeiro, utilizando dados dos processos

seletivos de 1990, verificou que estudantes de status socioeconômico mais baixo,

apesar de terem escolhido carreiras de menor prestígio (entre elas, as licenciaturas),

apresentaram desempenho suficiente nas provas de acesso para ingressar em

curso de maior prestígio, reforçando, dessa forma, a hipótese de autosseleção e

auto-censura acadêmica.

Ao verificar as motivações para escolha da carreira do magistério, Nogueira,

Almeida e Queiroz (2011) constataram que quase dois terços dos participantes

apontou o gosto pela área ou pela profissão docente como um fator muito importante

para a decisão pelo curso de Licenciatura. Os professores homens pesquisados por

Miranda (2011) escolheram a docência como profissão por gostarem, por vocação,

por terem tido alguma identificação com um professor na sua vida acadêmica ou

mesmo por motivos religiosos, maiores oportunidades de emprego (é uma área que

não fica “saturada”) ou como forma para ingressar na educação superior. O autor

também concluiu que homens e mulheres se diferenciam quanto aos motivos para

escolha da carreira apenas porque elas manifestaram terem sido influenciadas ou

solicitado ajuda para escolha.

Bueno e Enge (2004) estudaram os anos iniciais da profissionalização de

alunos egressos de cursos de Licenciatura da Universidade de São Paulo (USP)

Page 59: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

57

formados em 1994 e 1995. Entre os pesquisados que se encaminharam ao

magistério, a maioria demonstrou satisfação profissional pelos seguintes motivos:

gosto por lecionar, relações interpessoais com os alunos, acompanhamento da

aprendizagem e reconhecimento do trabalho. Entre as razões de insatisfação

profissional, foram apontadas: baixos salários, indisciplina dos alunos, inadequação

das condições de trabalho, tais como lotação das salas de aula, falta de recursos

escolares, ritmo acelerado de trabalho e realização das atividades extraclasse.

Pesquisa mais recente (SILVA, 2012) com o objetivo de identificar o perfil dos

egressos do curso de Licenciatura em Matemática da PUC/SP, suas trajetórias

acadêmica e profissional, os motivos para escolha do curso e a opção ou não pela

carreira do magistério obteve conclusões semelhantes. A maioria dos pesquisados

não estava atuando na profissão nem seguiu a carreira docente. Segundo a autora,

“aspectos como a falta de valorização social representada pelos baixos salários, a

imagem da profissão e o prestígio social, a condição dos alunos e das escolas, a

segurança no trabalho, dentre outros, parece assustar os egressos” (p. 95).

Vasconcelos e Lima (2010) examinaram as motivações de alunos de

Licenciatura Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco para a

escolha de um curso de formação de educadores. Os autores identificaram que, dos

pesquisados que ingressaram na instituição por processo seletivo, 69,4% optaram

pela Licenciatura como segunda opção, visto que não conseguiram acesso ao curso

que realmente queriam fazer. Por outro lado, 45,4% escolheram o curso porque

pretendiam exercer a docência ou por motivos vocacionais.

Segundo Valle (2006), a escolha da docência como carreira profissional pode

ocorrer por duas hipóteses: a) ela resulta de uma decisão consciente ou não

realizada durante o ensino médio ou antes dele, devido à atratividade que a carreira

docente efetivamente exerce sobre o estudante; b) ela resulta da impossibilidade de

o jovem concretizar seus desejos de atuar em outra carreira para a qual realmente

teria vocação.

A partir de dados empíricos, Martins (2009) confirma essas hipóteses. Por um

lado, os resultados da pesquisa desenvolvida no curso de Pedagogia de uma

universidade comunitária e confessional revelaram que o curso foi escolhido devido

a exclusões ocorridas no decorrer das vidas dos estudantes ou a circunstâncias

Page 60: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

58

específicas (ex.: casamento, maternidade, opção por curso mais barato,

possibilidade de emprego mais rápido, fracasso na aprovação de outro curso). Por

outro, a opção pelo magistério revelou uma autorrealização pessoal, muitas vezes

influenciada por professores que passaram pela escolarização dos licenciandos e

tornaram-se referências em suas vidas.

Esses dados são corroborados pela pesquisa de Brasil e Galvão (2012). Um

grupo de participantes ingressou na carreira do magistério da educação infantil por

escolha consciente. Os demais entrevistados entraram na profissão por

circunstâncias diversas da vida. O estudo de Silva e Speller (2008) também

converge para essas conclusões. Foram pesquisados recém-graduados de um

curso de Licenciatura em Pedagogia da UFMT, criado para qualificar professores

efetivos que tinham apenas o magistério. Verificou-se que os principais motivos para

ingresso no curso foram a falta de opção, a facilidade para conseguir emprego, a

influência do convívio social e a realização de um sonho.

Segundo Miranda (2011, p. 75), a atividade docente, muitas vezes, é

percebida como “um campo profissional que tem espaço para absorver os seus

profissionais, campo que estaria de ‘portas abertas’, mesmo em época de crise

econômica, com altas taxas de desemprego, constituindo em ‘reduto de empregos”.

Ao mesmo tempo, o magistério é visto como “bico” ou como “compasso de espera”,

escolhido até que surjam melhores oportunidades (BUENO; ENGE, 2004). A

pesquisa de Souto e Paiva (2013), sobre a trajetória profissional de egressos de um

curso de Licenciatura em Matemática em Minas Gerais, revelou que quase a metade

do grupo pesquisado demonstrou interesse em abandonar a docência ou de fazer

dela uma segunda atividade profissional.

Conforme Valle (2006), a baixa atratividade da carreira do magistério está

ligada aos seguintes fatores: a) incerteza do futuro da profissão; b) baixos salários;

c) possibilidades limitadas de ascensão pessoal; d) precariedade das condições de

trabalho. Para Diniz-Pereira (2011), as crises enfrentadas pelos cursos de

Licenciatura estão relacionadas à dificuldade de os alunos se manterem durante o

curso, à expectativa de baixa renda oferecida pela profissão e ao declínio do

prestígio social da docência. Barbosa (2011, 2012), em pesquisa bibliográfica-

documental, concluiu que o salário é um dos principais responsáveis pela

precarização do trabalho docente.

Page 61: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

59

Em investigação conduzida com o objetivo de verificar as possíveis causas de

rejeição à carreira do magistério em Física junto a estudantes de ensino médio,

Lunkes e Rocha Filho (2011) sinalizaram que os baixos salários e a desvalorização

social da profissão docente estão entre os principais motivos para que os alunos não

ingressem na carreira. Os cursos que demonstraram maior interesse para o grupo

pesquisado foram Medicina, Direito e Administração. Estudo semelhante, realizado

por Oliveira e colaboradores (2011) em duas escolas de Belo Horizonte, chegou a

resultados idênticos. O principal motivo para que os estudantes de ensino médio

pesquisados rejeitassem a carreira do magistério estava na baixa remuneração.

Brandão (2012), Ens, Eyng e Gisi (2009) e Lima, Sicca e David (2012)

verificaram as representações sociais de alunos de Licenciatura sobre o trabalho

docente e chegaram a conclusões parecidas. Os licenciandos apresentaram como

limitações da futura profissão a baixa remuneração, as condições de trabalho, a falta

de reconhecimento social e o descaso com a profissão.

Ao pesquisar os fatores de atratividade da profissão do magistério junto a

alunos de ensino médio, Lima (2010) e Tartuce, Nunes e Almeida (2010) concluíram

que os principais aspectos desmotivadores da profissão estão ligados a questões

sociais e econômicas, como má remuneração e condições de trabalho e à falta de

reconhecimento social da profissão. Ademais, apenas 2,0% dos estudantes de

ensino médio tinham intenção de se tornar professores (TARTUCE; NUNES;

ALMEIDA, 2010).

Gatti e Barreto (2009) argumentam que salários pouco atraentes e planos de

carreira estruturados para não recompensar, estimular e motivar os professores no

exercício da docência interferem nas escolhas profissionais dos jovens e na

valorização social da profissão de professor. A pesquisa de Fröhlich (2013)

comprovou que, se houvesse um aumento de 1,0% na média salarial de professores

em comparação aos outros profissionais nos municípios brasileiros, as

probabilidades de escolha de um curso de formação de professores seriam

aumentadas de 8,0 a 20,0%. Ressalta-se, no entanto, que a valorização do

educador e de sua profissão não está relacionada apenas ao seu salário, mas a

diversos outros fatores, como o prestígio e o reconhecimento de seu papel mediador

de conflitos frente às dificuldades da sociedade em seus aspectos sociais, culturais

e econômicos (PIMENTEL, PALAZZO, OLIVEIRA, 2009).

Page 62: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

60

Aliás, as questões relacionadas ao ingresso e à permanência na profissão

docente abrangem uma série de decisões por parte do indivíduo, apresentadas na

figura 1, tais como: 1) decidir-se ou não por um curso de formação docente; 2) após

a conclusão do curso, assumir ou não a profissão do magistério; 3) mudar ou não o

local de trabalho; 4) por quanto tempo ficar na profissão; 5) após uma interrupção na

carreira, retornar ou não à profissão (ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2006).

A figura 1 apresenta os fluxos típicos de ingresso e saída na profissão

docente. Dela, depreende-se que o grupo atual de professores é composto por: a)

novos ingressantes recém-formados; b) professores que já atuavam na docência e

nela permanecem; c) professores que deixaram a profissão, mas a ela retornaram.

Na outra ponta do fluxo, os professores que abandonam a carreira devido a: a)

aposentadoria; b) motivos diversos. Segundo o Relatório desenvolvido pela

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2006), envolvendo

vários países, a forma mais eficaz para o suprimento dos profissionais da docência é

a retenção dos professores do ano anterior.

Page 63: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

61

Figura 1 - Fluxo de ingresso e saída da profissão docente

Fonte: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2006, p. 36)

Page 64: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

62

2.2 O MAL ESTAR PROFISSIONAL: ESTRESSE, SOFRIMENTO PSÍQUICO,

BURNOUT E ABANDONO DA PROFISSÃO

Codo e Vasques-Menezes (2006, p. 238) definem burnout como uma

“síndrome através da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o

trabalho, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe

parece ser inútil”. Os autores alertam que a síndrome não pode ser confundida com

estresse e esclarecem a principal diferença entre eles. O primeiro envolve atitudes e

condutas negativas do trabalhador com o usuário, a organização, isto é, atinge suas

relações com o trabalho, gerando problemas práticos e emocionais à organização e

a ele próprio. O estresse, por sua vez, trata-se de um esgotamento pessoal que

interfere apenas na vida do próprio indivíduo. Nas palavras de Castro (2012, p. 18),

“reduzir o conjunto das verificações empíricas realizadas à única dimensão de

exaustão emocional implica observar que nada foi descoberto além das experiências

de exaustão e fadiga já conhecidas pelas investigações sobre estresse no trabalho”.

Pereira (2010) explica que os estudos sobre burnout se difundiram no meio

acadêmico na década de 1970, especialmente a partir dos trabalhos de

Freudenberges, Christina Maslach e Susan Jackson. Essa autora afirma que são

quatro as principais concepções teóricas sobre a síndrome de burnout: 1) concepção

clínica, segundo a qual o burnout ocorre devido às atividades laborais, porém por

características individuais. Tem como principal representante o psicanalista

Freudenberger; 2) concepção sócio-psicológica, que inclui no processo de burnout

as variáveis socioambientais. É a perspectiva mais adotada e tem como precursoras

as psicólogas Christina Maslach e Susan Jackson; 3) concepção organizacional, que

vê a síndrome como resultado da inadequação entre o que o indivíduo necessita e o

que interessa à instituição. O principal autor dessa teoria é Cherniss; 4) concepção

sócio-histórica, que prioriza o papel da sociedade, em detrimento dos individuais ou

organizacionais. Sarandon seria a principal representante desta vertente.

Os principais representantes da concepção sócio-psicológica do burnout,

Maslach e Jackson (1981), consideram o burnout em uma perspectiva

multidimensional, e o conceituam como uma experiência individual de estresse,

inserida em um contexto de relações sociais que, por isso, envolve a concepção do

“eu” e do “outro”. Segundo essas autoras, a síndrome é formada por três dimensões

Page 65: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

63

relacionadas, porém independentes: a) exaustão emocional (experiência do

estresse), vinculada ao desgaste emocional e exaustão com o trabalho; b)

despersonalização (avaliação do outro), referente a uma desumanização em relação

aos clientes e colegas de trabalho; c) diminuição da realização pessoal no trabalho

(avaliação de si), caracterizada pelo sentimento de incompetência e insucesso

profissional. Maslach (2006) explana, ainda, que alguns desses componentes

podem se desenvolver em paralelo, em vez de sequencialmente, pois eles são

reações a diferentes fatores no ambiente laboral. Na síntese de Castro (2012, p. 20),

o “burnout é a síndrome do profissional que perdeu a realização de si mesmo,

descomprometido com os outros e exaurido emocionalmente”.

Codo e Vasques-Menezes (2006) explicam cada uma destas dimensões em

sua aplicação à profissão docente. A exaustão emocional ocorre quando o professor

se vê na encruzilhada entre a necessidade de estabelecer um vínculo afetivo com os

alunos e a impossibilidade de conseguir devido ao desgaste diário do

relacionamento. A despersonalização acontece quando a relação afetiva é

substituída pela racional. O professor se endurece afetivamente e passa a cometer

atos inapropriados de cinismo, critica tudo, todos e também o ambiente social, trata

o aluno de forma fria e distante, “coisificando” a relação. Já a falta de envolvimento

pessoal no trabalho ou de realização pessoal é caracterizada pela “evolução

negativa” no trabalho, ou seja, o professor não consegue atingir os objetivos a que

se propõe e passa a se avaliar de forma negativa, pois as suas habilidades e

competências para desenvolvimento do trabalho são afetadas.

Carlotto (2002, p. 23) esclarece essa síndrome como “um tipo de estresse

ocupacional que acomete profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em

uma relação de atenção direta, contínua e altamente emocional”. Geralmente, as

profissões mais vulneráveis à síndrome de burnout são aquelas relacionadas a

serviços, tratamento ou educação, tais como médicos, enfermeiros, professores,

psicólogos, bombeiros, assistentes sociais etc. Para Maslach (2006), a síndrome de

burnout é mais preocupante para ocupações em que: a) a relação entre o

trabalhador e o usuário é essencial para o trabalho e b) a oferta de educação,

serviço ou tratamento pode ser uma experiência altamente emocional.

Na visão de Rudow (2006), o estresse e a síndrome de burnout podem

interferir nos seguintes aspectos: 1) grau de doença, determinado por desordens

Page 66: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

64

neuróticas e psicossomáticas (para estresse) e, para burnout, fadiga, distúrbios de

sono, depressão e abuso de álcool ou drogas; 2) absentismo – que pode ser

temporário, em caso de estresse, ou permanente, em caso de burnout; 3)

aposentadoria precoce; 4) desempenho docente, que pode ser afetado pelas

condições de estresse; 5) estado de humor – estresse e burnout são facilmente

perceptíveis de acordo com a mudança de humor do docente, pois sentimentos

negativos contínuos tendem a aparecer nos estágios posteriores, quais sejam:

insatisfação com o trabalho, estado depressivo e falta de esforço; 6) comportamento

social – as relações sociais do professor com seus colegas, alunos, pais e gestores

são afetadas. Faltam envolvimento, carisma e emoções quando lidam com seus

alunos.

Pereira (2010) sintetiza os principais sintomas do burnout e os divide em

quatro categorias:

1) Sintomas físicos: fadiga constante e progressiva; dores musculares ou

osteomusculares; distúrbios do sono; cefaleias e enxaquecas; perturbações

gastrointestinais; imunodeficiência; transtornos cardiovasculares; distúrbios do

sistema respiratório; disfunções sexuais; alterações menstruais nas mulheres.

2) Sintomas psíquicos: falta de atenção e concentração; alterações de

memória; lentificação do pensamento; sentimento de alienação; sentimento de

solidão; impaciência; sentimento de impotência; labilidade emocional; dificuldade de

autoaceitação; baixa autoestima; astenia, desânimo, disforia, depressão;

desconfiança, paranoia.

3) Sintomas comportamentais: negligência ou escrúpulo excessivo;

irritabilidade; incremento da agressividade; incapacidade para relaxar; dificuldade na

aceitação de mudanças; perda de iniciativa; aumento do consumo de substâncias;

comportamento de alto risco; suicídio.

4) Sintomas defensivos: tendência ao isolamento; sentimento de onipotência;

perda do interesse pelo trabalho ou pelo lazer; absenteísmo; ímpetos de abandonar

o trabalho; ironia e cinismo.

A autora ressalta que os indivíduos acometidos pela síndrome não

necessariamente manifestarão todos estes sintomas. A intensidade, o tipo e a

quantidade de sintomas apresentados podem depender de: 1) fatores individuais,

Page 67: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

65

tais como predisposição genética ou experiências socioeducacionais; 2) fatores

ambientais, como local de trabalho ou cidades com alto nível de poluição; 3) etapa

em que a pessoa se encontra no processo de desenvolvimento da síndrome.

Pereira (2010, p. 45) afirma que as consequências do burnout interferem de

forma negativa tanto

em nível individual (físico, mental, profissional, social), como profissional (atendimento negligente, lentidão, contato impessoal, cinismo), organizacional (conflito com os demais membros da equipe, rotatividade, absenteísmo, diminuição da qualidade dos serviços).

No caso da docência, o burnout é identificado a partir de sintomas individuais

e profissionais. Os individuais manifestam-se pela exaustão física e emocional

(raiva, ansiedade, irritação, tristeza). Os profissionais, pela perda de entusiasmo e

criatividade em relação ao processo educacional, bem como pela auto-depreciação

da profissão e arrependimento de nela ter ingressado, planejando, inclusive,

abandoná-la (CARLOTTO, 2002, 2010).

Segundo Carlotto (2011), a atividade docente vem sofrendo grandes

mudanças ao longo do tempo. De uma “profissão vocacional de grande satisfação

pessoal e profissional” para um “profissional de ensino excessivamente atrelado a

questões tecnoburocráticas” (p. 403). Hoje, percebe-se uma diminuição da amplitude

de atuação do trabalho do professor, os trabalhos complexos são transformados em

rotina, além da escassez de tempo para se atualizar profissionalmente, exercer

atividades de lazer e menores oportunidades para exercer um trabalho mais criativo.

A pesquisa de Carlotto (2010) conclui que as dimensões de burnout podem

alcançar diferentes graus de intensidade conforme o nível de ensino. Os resultados

da pesquisa com professores de educação infantil, ensino fundamental, médio e

superior de Porto Alegre e Região Metropolitana indicaram que os professores de

educação infantil apresentaram menores índices de exaustão emocional e

despersonalização quando comparados aos professores dos demais níveis de

ensino. Por sua vez, os professores de ensino médio revelaram maior índice de

despersonalização que os docentes da educação infantil e de nível superior. Quanto

à realização profissional, o índice mais elevado foi encontrado entre os professores

de educação infantil, seguido dos de ensino fundamental e superior e, por fim, os de

ensino médio.

Page 68: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

66

Carlotto e Câmara (2007) buscaram verificar se variáveis demográficas,

laborais e dimensões de Características de Cargo, Estados Psicológicos Críticos,

Resultados do Trabalho e Satisfação no Trabalho influenciavam a Síndrome de

Burnout em professores universitários e não universitários. A pesquisa foi realizada

em oito escolas e uma universidade, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no

Estado do Rio Grande do Sul, com 563 professores. A partir da aplicação de quatro

instrumentos e análises estatísticas, as autoras concluíram, em relação ao grupo de

professores não universitários, que a satisfação com o crescimento foi a variável

com maior poder de explicação para as três dimensões de burnout (exaustão

emocional, despersonalização e baixa realização profissional), isto é, quando o

professor está satisfeito com as perspectivas de sua carreira, as possibilidades de

burnout são reduzidas.

Pesquisa mais recente de Carlotto (2011), também em cidades localizadas na

região de Porto Alegre, com uma amostra de 881 professores de escolas públicas e

privadas de médio porte, constatou que a dimensão prevalente é a de baixa

realização profissional, enquanto a de despersonalização foi a que apresentou

menor percentual. Os resultados do estudo indicaram que: 1) quanto maior a idade

dos professores, maior é o sentimento de distanciamento e menor o de realização

no trabalho; 2) quanto maior a carga horária, maior o sentimento de desgaste

emocional e menor o de realização profissional; 3) quanto maior a quantidade de

alunos atendidos por dia, maiores o desgaste emocional e o sentimento de

distanciamento e menor a realização no trabalho; 4) mulheres apresentaram maior

exaustão emocional e mais alto grau de realização no trabalho, enquanto os homens

revelaram maior despersonalização; 5) os sujeitos sem companheiro fixo

apresentaram maior realização no trabalho; 6) docentes sem filhos tiveram maior

exaustão emocional e os que tinham filhos apresentaram menor despersonalização

e realização no trabalho; 7) os atuantes nas escolas públicas tinham maior desgaste

emocional e despersonalização e menor realização profissional.

Vasques-Menezes e Ramos (2006) fizeram uma interessante constatação ao

verificar a relação entre a média do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados

brasileiros com as três dimensões do burnout. A análise dos dados revelou que,

para as dimensões de envolvimento pessoal no trabalho e exaustão emocional, o

PIB do Estado apresentou-se como uma variável constante e significante, o que não

Page 69: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

67

aconteceu com o PIB da cidade e a renda per capita da cidade. As autoras

concluíram que, quanto maior a média do PIB dos Estados e a do PIB per capita das

cidades, menor o envolvimento pessoal no trabalho. O mesmo aconteceu com a

dimensão de exaustão emocional, visto que, quanto maior o PIB per capita das

cidades e dos Estados, maior a exaustão emocional.

Para explicar estes resultados, de certo modo paradoxais, as autoras

abordam a relatividade do conceito de salário e argumentam que em um Estado

mais pobre, “os salários em média são menores, as possibilidades de emprego

também são menores, portanto, dentro do espectro de condições de vida gerais do

Estado, o professor acaba assumindo, relativamente, uma posição melhor” (p. 360).

Assim, teria mais acesso a bens do que a maior parte da população local e também

mais estabilidade econômica, diminuindo, dessa forma, os índices do burnout.

No caso dos professores que atuavam em Estados mais desenvolvidos,

explanam as autoras, seus salários nominais são baixos quando comparados ao

mercado, reduzindo o prestígio e o reconhecimento sociais. Consequentemente, o

docente passa a se sentir desvalorizado pela sociedade, tendo em vista também o

salário que recebe. Nas palavras das autoras, “professor que ganha mais sofre

menos com burnout, em Estados pobres ganha relativamente mais, portanto sofre

menos” (p. 360).

O estudo de Batista e colaboradores (2010) sobre a prevalência da síndrome

de burnout e a influência de fatores sociodemográficos e laborais em professores da

primeira fase do ensino fundamental de escolas municipais de João Pessoa, na

Paraíba, chegou a conclusões semelhantes. Foi aplicado questionário a 265

professores de 18 escolas representativas dos nove polos da região. Verificou-se

que 33,6% dos pesquisados manifestaram alto nível de exaustão emocional, 43,4%

apresentaram baixa realização profissional e 8,3% revelaram altos índices de

despersonalização.

A pesquisa de Codo e Vasques-Menezes (2006) incluiu uma amostra nacional

de quase 39 mil trabalhadores em educação no Brasil (não apenas professores). Os

resultados indicaram que 31,9% dos pesquisados apresentavam baixo envolvimento

emocional com a tarefa, 25,1% com exaustão emocional e 10,7% com

Page 70: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

68

despersonalização. Esses índices demonstraram um nível moderado de sofrimento

em burnout, em todos os cargos e em todas as Unidades da Federação.

Em estudo sobre o abandono da profissão docente, em especial da rede

pública do Estado de São Paulo, Lapo e Bueno (2003) concluíram que a questão

salarial, embora preponderante, não foi a única causa da evasão dos professores.

Também contribuíram para o abandono da profissão a falta de perspectivas de

crescimento profissional e as péssimas condições de trabalho. Ressaltam ainda que

o abandono do magistério é o ápice de uma longa trajetória de expectativas e

experiências pessoais não satisfeitas de cada um (LAPO; BUENO, 2002, 2003).

Para Cortesão (2006), o mal-estar presente nas escolas decorre do hiato

existente entre os interesses, as características e saberes dos alunos que chegam à

escola e aquilo que os docentes e as escolas oferecem e exigem. A autora alerta,

ainda, que, se a situação não mudar nos processos de organização

socioeducacional, esse mal-estar tende a piorar. Os alunos de hoje não são

“submissos” como antigamente. Eles não gostam de estar na escola especialmente

porque, fora dela, têm acesso a outras fontes de informação e diversão que os

professores não conseguem oferecer.

Na pesquisa de Jesus e colaboradores (1992), no contexto português, em

uma amostra com 151 professores do 2º. e 3º. ciclos do ensino básico e do ensino

secundário, os fatores que mais contribuíram para o mal-estar docente foram

aqueles relacionados à sobrecarga e à falta de controle das tarefas, seguidos da

relação com os pares.

Segundo Zaragoza (1999), os fatores que caracterizam o mal-estar docente

são classificados em: 1) primários, que são aqueles relacionados às emoções e

sentimentos negativos no contexto da sala de aula, tais como falta de recursos

materiais e inadequadas condições de trabalho, violências nas escolas,

esgotamento docente e sobrecarga de trabalho, e 2) secundários, ou contextuais,

referem-se às condições ambientais em que se exerce a docência, por exemplo, a

modificação do papel do professor, do apoio do contexto social, a depreciação da

imagem do professor, entre outros.

A carreira docente é constituída por várias fases, transições e “crises”, que

afetam a maioria dos seus profissionais. Huberman (2007) propôs uma sequência do

Page 71: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

69

ciclo de vida profissional dos professores do ensino secundário, com base nos

diferentes estágios da carreira. A figura 2 representa esquematicamente o ciclo de

vida profissional dos professores criado por Huberman (2007).

Figura 2 - O ciclo de vida profissional dos professores do ensino secundário Anos de Carreira Fases/ Temas da Carreira

1-3 Entrada, Tacteamento

4-6 Estabilização, Consolidação de um reportório pedagógico

7-25 Diversificação, “Activismo” Questionamento

25-35 Serenidade, Distanciamento afectivo Conservantismo

35-40 Desinvestimento (sereno ou amargo)

Fonte: Huberman (2007, p. 47)

. O autor ressalta que não necessariamente todas as fases serão vividas na

ordem sugerida e que nem todo profissional passará por todas essas etapas, afinal,

a carreira é considerada um processo e não uma série de acontecimentos e fatos.

Para alguns, o processo pode ocorrer de forma linear; para outros, pode haver idas

e vindas, regressões, progressões, rupturas, descontinuidades.

A primeira fase é a entrada na carreira, caracterizada pela exploração

identificada sob dois ângulos: o da sobrevivência e o da descoberta. A sobrevivência

trata do choque com a realidade, é o momento de confronto com as dificuldades e

complexidades da profissão. Já a descoberta abrange o entusiasmo inicial e a

experimentação. A segunda fase é de estabilização, ou seja, aquela em que

predominam o comprometimento definitivo com a profissão, a segurança e a

maturidade. Em seguida, vem o estágio de diversificação, no qual o professor, com

base em suas experiências pessoais, tem mais liberdade de diversificar a gestão

pedagógica em sala de aula, em termos de material didático, avaliação, sequências

do programa etc. A quarta fase geralmente ocorre no “meio” da carreira. É a etapa

Page 72: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

70

do questionamento, durante a qual as pessoas refletem sobre o que fizeram da vida,

comparando-a com as expectativas e ideais do início da carreira, analisando a

possibilidade de continuar na carreira ou de mudar o percurso. Depois, vem a fase

da serenidade e do distanciamento afetivo. A serenidade caracteriza-se pelas

atitudes mais tolerantes, reflexivas e espontâneas do professor em sala de aula. O

distanciamento afetivo refere-se especialmente à distância cronológica e geracional

que separa os professores mais velhos dos estudantes mais jovens. Posteriormente,

apresenta-se a fase do conservantismo e das lamentações, em que há maior rigidez

e dogmatismo, maior resistência a inovações, nostalgia do passado etc. Por fim,

chegam à fase do desinvestimento, em que os profissionais libertam-se do

investimento no trabalho e passam a dedicar mais tempo a si próprios e a uma vida

social mais reflexiva.

Para este mesmo autor, a fase inicial e a de estabilização seriam comuns a

todos os docentes. Para os demais estágios, o percurso mais harmonioso do ciclo

de vida profissional dos professores seria: Diversificação → Serenidade →

Desinvestimento sereno. Os mais problemáticos seriam: a) Questionamento →

Desinvestimento amargo e b) Questionamento → Conservantismo →

Desinvestimento amargo.

Em todas as fases ou ciclos da vida profissional dos docentes, podem surgir

aspectos de satisfação ou de insatisfação com a carreira. Segundo a Teoria dos

Dois Fatores de Herzberg (TRIGO-SANTOS, 1996; MELLO, 2003), os fatores de

satisfação profissional são intrínsecos ao trabalho, tais como eficiência no

desenvolvimento do trabalho, reconhecimento, realização, responsabilidade,

progressão na carreira. Já os fatores de insatisfação são extrínsecos ao trabalho e

incluem salário, estatuto social, medidas políticas, condições técnicas de trabalho,

relações interpessoais (com colegas, superiores ou pessoal subordinado),

segurança, supervisão e vida pessoal.

A partir de pesquisa bibliográfica sobre os fatores de satisfação e insatisfação

profissional dos professores e, consequentemente, de abandono do magistério,

Alves (1997) identificou como mais relevantes os econômicos, os institucionais, os

pedagógicos, os relacionais e os sociais. Os fatores econômicos referem-se

basicamente a questões salariais; os institucionais abrangem especialmente as

pressões das perspectivas centralizadoras e conservadoras da instituição; os

Page 73: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

71

pedagógicos tratam do êxito ou fracasso dos alunos, bem como das condições de

trabalho docente, sejam elas organizacionais ou materiais; os fatores relacionais são

aqueles próprios das interpessoalidades professor-aluno e professor-colegas; os

aspectos sociais têm duas vertentes: o baixo status social conferido à profissão e

uma imagem ou representação social diminutiva e até preconceituosa.

O mesmo autor argumenta que todos esses fatores de satisfação ou

insatisfação profissional manifestam-se de diferentes formas. Algumas delas são: a

fadiga-exaustão ou desgaste docente (burnout), o mal-estar, o estresse, o

absentismo e o desejo de abandono. O burnout leva a atividade profissional a um

desgaste físico (esgotamento e fadiga) e psicológico-emocional (sentimento de

debilidade, de perda de auto-controle, de frustração, de atitudes negativas). Podem

ser consideradas causas do burnout o baixo salário, o alto número de alunos nas

classes e a crescente burocratização da profissão.

Para Zaragoza (1999), o absentismo trabalhista pode ser um mecanismo de

defesa contra as tensões por que passa o professor. De acordo com os resultados

encontrados em sua pesquisa realizada em Málaga, na Espanha, no início da

década de 1980, os períodos de maior incidência de absentismo eram ao final dos

trimestres e ao final do curso, tanto pelo acúmulo de trabalho quanto pelas

avaliações.

Odelius e Ramos (2006) constataram que a remuneração recebida pelo

professor tem relação direta com a síndrome de burnout. O envolvimento pessoal do

professor com seu trabalho é maior quanto maior for a remuneração por ele

recebida. Na dimensão de despersonalização, houve associação inversa com a

remuneração líquida do sujeito e a quantidade de bens que ele possui, isto é, se a

renda do professor aumenta, menor o sofrimento de despersonalização. Na

dimensão de exaustão emocional não foi verificada significância.

Para Campos (2007), capacitação, aumento salarial e avaliação de

desempenho não são capazes de, sozinhos, promover motivação e satisfação

profissionais, sendo necessário investir no fortalecimento da profissão docente em

uma perspectiva integral, de forma a reconhecer os diversos fatores que interferem

no desenvolvimento profissional dos docentes, tais como: “formação inicial,

Page 74: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

72

formação continuada em serviço, avaliação de desempenho, condições de trabalho,

salários, cultural organizacional, reconhecimento social, saúde etc.” (p. 17).

A figura 3 representa, de forma esquemática, os principais fatores de

atratividade e rejeição da carreira do magistério detectados pela literatura.

Observou-se que, independente da metodologia, abordagem, técnica de coleta de

dados utilizadas pelos pesquisadores ou do tamanho da amostra dos grupos

pesquisados, os resultados são muito semelhantes. Desse modo, constatou-se que

os principais fatores de atratividade (e de permanência) da docência são o gosto ou

a identificação (muitas vezes chamada “vocação”) com a profissão, com a disciplina

ou com crianças e jovens. Por outro lado, os principais aspectos que afastam da

profissão os potenciais candidatos são a baixa remuneração, a falta de

reconhecimento social, as faltas de perspectivas de crescimento profissional e as

inadequadas condições de trabalho.

Figura 3 - Representação esquemática dos principais fatores de atratividade e rejeição da carreira do magistério detectados pela literatura

Nota: Elaborado pela autora, a partir da pesquisa da literatura. 2.3 A BALANÇA DE CUSTOS E RECOMPENSAS

Segundo a teoria do capital humano, conforme décadas de literatura, um

diploma ou certificado constitui um indicador de competências concretas para o

trabalho (SCHULTZ, 1973a, 1973b). Nessa perspectiva, quanto maior a

escolaridade do indivíduo, maior a sua qualificação e capacitação para o trabalho, o

que aumenta o seu rendimento salarial (PIMENTEL; PALAZZO; OLIVEIRA, 2009).

Atratividade Rejeição

Page 75: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

73

Dessa forma, a educação é considerada um investimento e possui uma taxa de

retorno.

Já para o credencialismo (COLLINS, 1979), o diploma tem outro significado,

com base em Weber. O diploma seria uma credencial que indica se o seu portador

pode ou não integrar um determinado grupo sócio-cultural, por compartilhar das

suas características, não levando necessariamente a um aumento da produtividade

de seu portador. Nesse sentido, a credencial faz parte de um processo de poder,

pelo qual a seleção se faz menos pela competência que por uma espécie de

“sangue azul” para o pertencimento à burocracia. Mais ainda, o diploma seria exigido

em função de grupos de interesse que, sendo deles portadores, os exigiriam para

quaisquer novos ingressantes.

Historicamente, quando comparado ao número de salários mínimos e ao

poder de compra deste, verifica-se que o salário do professor decresceu (ARAÚJO;

VIANNA, 2010; BARBOSA, 2011). Pinto (2009) explica que a primeira lei geral de

educação no Brasil, aprovada em 1827, dedicava vários de seus artigos aos

professores, inclusive definindo o valor de seus vencimentos (mínimo e máximo).

Segundo o autor, os valores mínimo e máximo estabelecidos na lei, atualizados para

o ano de 2009, equivaliam a R$1.138 e R$2.846 mensais, considerando 13 salários

anuais. O autor argumenta que o piso salarial para os professores, aprovado em

2008, é praticamente o mesmo valor definido há quase 200 anos! Para Almeida

(1998, 2006), o magistério primário sempre foi uma profissão desvalorizada em

termos salariais e sociais no Brasil, apesar de ainda permanecer no imaginário da

sociedade os tempos em que a profissão estava vinculada a prestígio e poder.

Barbosa (2011, 2012) cita algumas possíveis implicações dos baixos salários

para a profissão docente e para o profissional como sujeito. No âmbito da profissão,

algumas consequências seriam: baixa atratividade da carreira, dificuldade de

retenção dos bons professores, abandono do magistério. As implicações para o

professor como sujeito seriam: redução do poder aquisitivo, desânimo por exercer

uma profissão socialmente desvalorizada, insatisfação com o trabalho. Alguns

impactos simultaneamente sobre o sujeito e a profissão: intensa jornada de trabalho

(multijornada e multiemprego), sobrecarga de trabalho, aumento da rotatividade e

itinerância do professor pelas escolas, problemas de saúde, mal-estar e burnout,

absenteísmo (faltas e licenças), dificuldade financeira, falta de tempo para investir na

Page 76: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

74

atualização profissional, comprometimento das atividades desenvolvidas em horário

extraclasse, como planejamento e correção de atividades dos alunos.

O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (2006) sobre recrutamento e seleção de professores em diversos países

aponta que a questão dos salários dos professores, especialmente quando

comparados aos de outras profissões, atinge: a) a decisão de atuar na docência

após a graduação; b) a decisão de retornar à carreira docente após uma interrupção;

e c) a decisão de permanecer na profissão.

Alves e Pinto (2011) compararam a remuneração dos professores à de 35

ocupações dos profissionais das ciências e das artes e à de 39 ocupações dos

técnicos de nível médio, utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD) e do Censo Escolar de 2009. Os autores concluíram que os

rendimentos dos professores eram bem menores do que os de profissionais com

nível de formação equivalente e identificaram uma tendência de os salários dos

professores com nível superior serem equivalentes (ou até mesmo inferiores) aos

salários de ocupações de nível médio. Outrossim, havia uma tendência de

professores com nível médio terem rendimento equiparado ao de ocupações que

exigiam apenas o nível fundamental.

Barbosa (2011) argumenta que as comparações dos salários de docentes aos

de outros profissionais devem considerar duas premissas: 1) a comparação deve ser

feita com profissionais que também exerçam funções que exijam nível superior; 2) a

profissão docente exige muitas horas de trabalho (o que é diferente de horas de

ensino - estas exclusivas ao âmbito da sala de aula), pois não se limita à sala de

aula, mas envolve também o espaço privado para tarefas como preparação de aula,

planejamento, correção de trabalhos, elaboração de provas etc. Pinto (2009)

complementa esta abordagem com o argumento de que, nas outras profissões, o dia

de trabalho começa na primeira hora de atividade, seguida por pausas e atividades

até a conclusão da jornada. Já na profissão docente, cada aula (geralmente de 45

ou de 50 minutos) significa um ciclo de início, meio e fim de jornada, representando

o que, para os demais trabalhadores, acontece em uma jornada diária.

Moriconi (2008) examinou a atratividade dos salários recebidos pelos

professores de escolas públicas, comparados aos recebidos por demais ocupações

Page 77: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

75

do setor público, professores de escolas privadas e outras ocupações do setor

privado, a partir de dados da PNAD de 1995 a 2006. Os resultados sugeriram que,

quando comparados aos salários dos servidores públicos de outras áreas, os

salários dos professores eram menores. A autora concluiu, ainda, que os

professores com nível médio tinham salário superior ao dos profissionais de outras

áreas que têm a mesma qualificação. Isso não foi constatado entre os docentes que

têm nível superior, pois as outras ocupações que exigiam esta escolaridade

ofereciam remuneração bem mais atrativa. Ademais, verificou-se que os

rendimentos no início da carreira do magistério eram equivalentes aos salários

iniciais de outras profissões. No entanto, nos anos finais da carreira, a remuneração

recebida pelos professores era bem inferior à dos demais profissionais.

Araújo e Vianna (2010) constataram que os rendimentos de algumas

ocupações que exigiam apenas o ensino fundamental e médio eram de duas a três

vezes maiores que os dos professores, que exige o ensino superior. Mesmo quando

os salários dos professores são comparados uns com os outros, verifica-se que

docentes com o mesmo nível de escolaridade, com o mesmo tempo de atuação,

ministrando aulas para a mesma série, em um mesmo Estado, apresentam salários

com diferenças que podem chegar a 900%, demonstrando uma situação de

iniquidade da remuneração dos professores nos diversos Estados brasileiros, o que,

segundo os autores, é um mal tão grave para a educação e para os professores

quanto a baixa remuneração (ODELIUS; CODO, 2006a).

Odelius e Codo (2006a) calcularam o poder de compra dos professores,

comparando o salário que a amostra declarou receber com o custo de vida na região

onde residiam. Para identificar o custo de vida em cada Estado brasileiro, foram

incluídos na “cesta” itens referentes à alimentação, vestuário, lazer, saúde, higiene

pessoal, transporte e moradia, com exceção de aluguel, com base em uma família

composta por dois adultos e duas crianças. O cálculo do poder de compra foi feito

dividindo-se a faixa de remuneração dos professores pelo valor do custo de vida. Os

resultados evidenciaram que o poder de compra dos docentes era bastante baixo,

visto que 57,6% dos professores de pré-escola e das séries iniciais do ensino

fundamental, 44,5% dos docentes das séries finais do ensino fundamental e 40,5%

dos professores do ensino médio não conseguiam adquirir uma cesta em seu

Estado. Além disso, 34,6%, 42,1% e 42,0%, respectivamente, poderiam comprar

Page 78: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

76

entre uma e duas cestas. Para chegar a essas conclusões, os autores consideraram

apenas a renda do professor. Em 25,0% dos casos, eles, de fato, eram responsáveis

por toda a renda familiar. Todavia, ao calcular o poder de compra considerando a

renda da família, o valor melhorava, mas ainda continuava baixo.

Quando analisado o poder de compra por Unidade da Federação,

demonstrou-se que uma mesma faixa de remuneração leva a diferentes poderes de

compra, devido aos diferentes níveis de custo de vida. A pesquisa de Odelius e

Codo (2006a) concluiu, acerca da remuneração dos professores no país, que: 1) é

arbitrária, ou seja, não há uma relação entre o esforço do trabalhador e o salário que

ele recebe; 2) é iníqua, pois há docentes por todo o país desempenhando a mesma

função e recebendo salários diferentes; 3) é incapaz de compor um perfil

característico de uma categoria profissional, já que os professores situam-se em

estratos sociais completamente diversos por todo o Brasil; 4) considerando os

diferentes níveis de custo de vida no país, não seria adequado estabelecer um nível

salarial único para todos os professores brasileiros.

Pinto (2009), com base em dados da PNAD, apresentou informações sobre o

rendimento médio mensal para diferentes profissões, no ano de 2006, em diferentes

regiões brasileiras. O autor mostra que, tomando por base a remuneração mensal

média de um professor de 5ª a 8ª série (R$1.088,00 – 3,1 vezes o salário mínimo),

um policial civil (cuja exigência de formação era nível médio) recebia duas vezes

mais; um economista, 3,3 vezes; um advogado, 2,6 vezes; um delegado, 5,4 vezes;

um médico, 4,4 vezes, e um juiz, o primeiro no ranking, 11,8 vezes mais.

Neri (2013), a partir de microdados do Censo Demográfico brasileiro de 2010,

elaborou um ranking das carreiras universitárias e sua situação no mundo do

trabalho. Das 48 carreiras ranqueadas, as de Educação e formação de professores

ficaram em 46º. lugar em relação ao salário mensal recebido (R$2.420,73 - 4,74

vezes o salário mínimo), na frente apenas de Filosofia e ética e Religião. Por sua

vez, a taxa de ocupação foi de 94,1% (8º. lugar no ranking), demonstrando a alta

demanda para esses profissionais. O primeiro lugar do ranking dos salários mensais

foi destinado à carreira da Medicina (R$8.459,45 - 16,58 vezes o salário mínimo),

seguida do setor militar e de defesa (R$7.695,84 - 15,08 vezes o salário mínimo),

serviços de transportes (R$6.052,56 - 11,86 vezes o salário mínimo), Engenharias

(química, civil, mecânica e metalúrgica) e Odontologia. A carreira do Direito ficou em

Page 79: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

77

12º. lugar, com salário de R$4.675,19, equivalente a 9,16 vezes o salário mínimo.

Em referência à taxa de ocupação, Medicina também ficou em 1º lugar (97,1%),

seguida de Odontologia (96,2%) e Engenharia civil (95,7%).

Por outro lado, ao verificar a taxa de ocupação das profissões pesquisadas,

um dos grupos profissionais de nível técnico que mais geraram emprego entre 2009

e 2012 foi o de professores com nível médio que atuavam na educação infantil, no

ensino fundamental e no ensino profissionalizante. Consideradas as devidas

proporções, este crescimento foi maior na Região Norte do país, especialmente no

Acre, Amazonas e Rondônia (NASCIMENTO; MACIENTE; ASSIS, 2013a). Já no

ranking de carreiras de nível superior que mais geraram empregos entre 2009 e

2012, o grupo de professores de ensino médio ficou em 21º. lugar. Em 10º. lugar,

ficou posicionado o grupo de professores das séries iniciais do ensino fundamental

(NASCIMENTO; MACIENTE; ASSIS, 2013b).

O prestígio do curso de Direito pode também ser atribuído à relação do

mercado com a formação de seus profissionais. Atualmente, a Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB) tem papel importante na autorização e reconhecimento

de cursos de Direito no país e na inserção dos profissionais no mundo do trabalho,

de modo que, sem a validação do órgão, o graduado tem suas atividades limitadas.

Em comparação, os cursos de formação de professores não têm validação de

qualquer entidade e qualquer licenciado pode atuar nas escolas.

Page 80: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

78

CAPÍTULO 3: A DEMOCRATIZAÇÃO DESIGUAL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

3.1 HIERARQUIZAÇÃO DOS CURRÍCULOS E DAS PROFISSÕES

Ainda no ensino médio, observa-se que as diferenças nas opções oferecidas

aos estudantes apresentam uma hierarquia de status ou de prestígio, de modo que

os cursos mais compensadores tendem a ser frequentados por alunos de nível

socioeconômico mais elevado (GOMES, 1988, 2005, 2010a; GOUVEIA, 1981;

RIBEIRO; KLEIN, 1982;). Outrossim, no momento de escolha de um curso superior,

percebe-se prévio grau de seletividade, visto que, para cursos de maior prestígio

social e, potencialmente, de maiores recompensas financeiras, há uma grande

concentração de candidatos de mais alto nível socioeconômico. Por outro lado,

verifica-se que os cursos de menor prestígio social tendem a ser mais procurados

por concorrentes de origens sociais mais modestas (BORGES; CARNIELLI, 2005;

BRAGA; PEIXOTO; BOGUTCHI, 2001; BUENO; ENGE, 2004; DINIZ-PEREIRA,

2011; VARGAS, 2010), sugerindo, assim, que a seletividade escolar está

relacionada à seletividade social (BORGES; CARNIELLI, 2005; ZAGO, 2006).

Há, ainda, um complexo processo de autosseleção na escolha do curso

superior, em que as pessoas se antecipam à seleção formal e escolhem cursos

compatíveis com suas características socioeconômicas e acadêmicas (NOGUEIRA,

2012; NOGUEIRA; ALMEIDA; QUEIROZ, 2011; NOGUEIRA; PEREIRA, 2010;

PAUL; SILVA, 1998). Segundo Paul e Silva (1998) e Zago (2006), os indivíduos

escolhem as carreiras em que sua probabilidade de êxito é maior. Essa seleção

ocorre a partir de uma estimativa a priori de sua capacidade comparada à dos

demais candidatos e do nível de competitividade no acesso a cada uma das

carreiras (autosseleção acadêmica), além de fazerem uma autosseleção com base

em suas características socioeconômicas e também de gênero dos candidatos.

Zago (2006) inclusive questiona a utilização da terminologia “escolha” quando se

refere à decisão pelo curso superior, visto que,

para a grande maioria não existe verdadeiramente uma escolha, mas uma adaptação, um ajuste às condições que o candidato julga condizentes com sua realidade e que representam menor risco de exclusão (p. 232).

Page 81: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

79

Bueno e Enge (2004) afirmam que os estudantes de origem social mais

simples geralmente optam por cursos de menor concorrência, mesmo que não

sejam os cursos que inicialmente gostariam de fazer, já que não haveria grandes

possibilidades de ingresso em cursos mais concorridos, como Medicina e Direito. As

conclusões do estudo recente de Mello e Souza (2012) corroboram esta perspectiva.

O autor analisou empiricamente os resultados da segunda etapa do vestibular da

Universidade Estadual do Rio de Janeiro em 2009, a fim de verificar os fatores que

influenciavam o resultado dos candidatos cotistas e não cotistas e concluiu que os

cotistas tendiam a escolher carreiras de menor prestígio. Apesar de terem garantia

de vaga, respeitada sua classificação no processo seletivo, muitos cotistas podiam

desistir de tentar uma vaga em carreira mais prestigiosa devido às suas exigências e

competitividade.

A pesquisa de Vasconcelos e Lima (2010) converge para essas conclusões.

Dos alunos que ingressaram no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas por

processo seletivo, 69,4% escolheram o curso como segunda opção, por não terem

conseguido ingressar no curso que inicialmente desejavam: Medicina (38,8%),

Odontologia (14,1%), Farmácia (8,5%) e Biomedicina (8,5%).

Para Bourdieu (2007a), os resultados das seleções diretas ou indiretas para

acesso à educação superior gerarão, durante todo o percurso acadêmico, rigores

desiguais para os indivíduos das diferentes classes sociais. Ademais, para este

autor (2007b), o capital cultural e também o social, transmitidos hereditariamente,

além de serem determinantes para o desempenho escolar, também explicam grande

parte das desigualdades sociais e escolares. Na presente pesquisa, utilizou-se o

conceito de capital cultural adotado por Bourdieu e Passeron, nas clássicas obras

Os Herdeiros (1964) e A reprodução (2008). O capital cultural se divide em três

estados: 1) estado incorporado, ou seja, “está ligado ao corpo e pressupõe sua

incorporação” (BOURDIEU, 2007b, p. 74); 2) estado objetivado, na forma de bens

culturais materializados, tais como livros, quadros, pinturas, monumentos; 3) estado

institucionalizado, que é “a objetivação do capital cultural sob a forma do diploma

(idem, p. 78).

Na mesma direção, Dubet, Bellat e Veretout (2012) afirmam que, do ponto de

vista sociológico, a desigualdade entre as famílias se reflete também na

desigualdade do desempenho acadêmico dos estudantes. As instituições

Page 82: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

80

educativas, nesse contexto, exercem um “papel específico, já que podem acentuar

ou, ao contrário, atenuar a amplitude dos efeitos das desigualdades sociais sobre as

desigualdades escolares” (p. 31).

A elevada demanda por cursos de alto prestígio social, nomeadamente

Direito, Engenharia e Medicina, pode ser explicada historicamente. Fernando de

Azevedo (1996) afirmou que a escolha das profissões tinha como objetivo elevar o

indivíduo a cargos nobres, de preferência com o exercício de atividades intelectuais,

de modo a suprir a propriedade da terra e os privilégios de nascimento. As

profissões liberais serviam como um elevador social, enquanto as atividades

manuais e mecânicas eram reservadas a camadas sociais inferiores da população.

A atratividade dessas ocupações explicava-se mais por sua influência social do que

pela vocação ou por tendências individuais.

Anísio Teixeira (2001, p. 204), em um texto publicado originalmente em 1966,

ao discutir acerca da falta de consciência política sobre a importância da formação

de professores, considerando a expansão educacional da época, afirmou:

“Dominava, entretanto, na universidade brasileira, a tradição arraigada de pura e

simples formação do profissional liberal. O médico, o advogado e, por último, o

engenheiro eram suas preocupações maiores e quase exclusivas”. Ainda hoje, as

profissões de médico, engenheiro e advogado são chamadas “tradicionais” (DINIZ,

2001) ou “imperiais”, pelo fato de terem sido constituídas durante o Império

(COELHO, 1999), numa época em que a preocupação do país era formar

profissionais necessários ao Estado e à elite local (DURHAM, 2005).

Em uma tentativa de classificação dos cursos superiores, segundo critérios

sociais e acadêmicos dos estudantes dos cursos de Humanidades da Universidade

de São Paulo e conforme os conceitos de capital econômico, social e cultural de

Bourdieu, Setton (1999) classificou os cursos em três categorias: os seletos, os

intermediários e os populares. Os cursos seletos incluíam, entre outros: Direito,

Administração, Arquitetura, Rádio/TV, Editoração e Relações Públicas. Os cursos

intermediários eram os de Turismo, Contabilidade, Jornalismo, Psicologia,

Publicidade e outros. Entre os populares estavam: Biblioteconomia, Pedagogia,

Geografia, Letras, História e Ciências Sociais, sobre o que se pode concluir que as

Licenciaturas em geral estavam enquadradas nessa classificação. A autora explicou

que o critério para classificar os cursos como populares foi a baixa concentração nos

Page 83: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

81

três indicadores estudados: capital econômico, social e cultural. Algumas

características identificadas entre os cursos populares foram: a baixa concorrência

no processo seletivo, pouca valorização das carreiras, expectativas de baixos

salários e carência de oportunidades de emprego em postos de alto prestígio social.

A pesquisa de Paul e Silva (1998) também investigou uma hierarquia de

carreiras. Com base em indicadores socioeconômicos e nos resultados dos

processos seletivos de quatro instituições de ensino superior no Rio de Janeiro, no

ano de 1990, o curso de Medicina foi o mais seletivo, seguido de Engenharia

(Arquitetura também estava neste grupo) e Economia (incluindo o curso de

Administração). A última categoria de cursos incluía os de Arte e Educação, que

abrangia os cursos de Pedagogia, Artes, Letras, Música e as demais Licenciaturas.

Silva (1996) classificou os cursos superiores da Fundação Universitária para o

Vestibular (Fuvest) em baixo, médio e alto prestígio, segundo a nota de corte dos

candidatos. Entre outros, incluíam-se entre os cursos de baixo prestígio os de

Biblioteconomia, Enfermagem, Letras, Pedagogia, Matemática, Educação Física,

Ciências Humanas, Física, Química, Ciências Contábeis. Na faixa de médio

prestígio, encontravam-se, entre outros, os cursos de Nutrição, Psicologia, Artes

Cênicas, Artes Plásticas, Música, Turismo, Ciências Biológicas, Fisioterapia e

Direito. Os cursos mais seletivos eram os de: Arquitetura, Administração, Economia,

Odontologia, Veterinária, Medicina, entre outros.

Por sua vez, Beltrão e Mandarino (2014) estudaram a escolha de carreiras em

função do nível socioeconômico a partir dos microdados das edições de 2004 a

2012 do Enade e chegaram às seguintes conclusões: 1) As carreiras com mais

afluência socioeconômica, e ao mesmo tempo, maior autonomia financeira eram as

áreas de Engenharias, Biomédicas, Comunicação Social, Design, Relações

Internacionais e Arquitetura e Urbanismo; 2) As carreiras de Medicina, Odontologia e

Medicina também eram constituída por estudantes com alta afluência financeira,

porém eram mais dependentes financeiramente; 3) As carreiras com os mais baixos

índices de afluência socioeconômica e com autonomia financeira pouco acima da

média eram as de Normal Superior e de Pedagogia, além de Matemática, Letras e

Artes e alguns cursos da área de Tecnologia; 4) Outras carreiras que também

formam professores, como Química, Física, Educação Física, Geografia, História,

Page 84: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

82

Biologia e Filosofia, tiveram os índices de afluência socioeconômica e autonomia

financeira um pouco abaixo da média.

Segundo Gatti e Barreto (2009), os cursos de Licenciatura ocupam um lugar

secundário no modelo universitário brasileiro, em que as atividades de ensino e

formação de professores têm menor prestígio acadêmico do que as de pesquisa e

pós-graduação. Nesse sentido, os currículos necessitam ser melhor equacionados

nos diferentes níveis de ensino, de modo a integrar conteúdos e pedagogia, bem

como orientar-se pela realidade da educação básica, visto que a formação de

professores não pode ser concebida como adendo das diversas áreas científicas.

Conforme Tartuce, Nunes e Almeida (2010), além da diminuição da demanda

pelos cursos de Licenciatura e da quantidade de concluintes, observa-se mudança

no perfil do público que procura esses cursos. Segundo Navarro (2002) e Rama e

Navarro (2004), nos últimos anos tem havido mudança do recrutamento de

professores para estratos sociais de menor renda e menos educação formal na

família. De fato, esse deslocamento vem ocorrendo, no Brasil, há alguns anos. A

pesquisa de Gouveia (1970), nos anos 1960, com um grupo de mulheres

normalistas em São Paulo e em Minas Gerais, já havia constatado que o desejo em

se tornar professoras era mais frequente em mulheres cujos pais eram operários,

quando comparadas a moças oriundas de famílias de profissionais liberais e

equivalentes.

Em investigação para identificar o perfil socioeconômico dos professores da

América Latina, esses autores identificaram que estudantes das carreiras da

educação tendiam a apresentar antecedentes socioeconômicos inferiores aos de

outras carreiras superiores. Ribeiro e Klein (1982), em pesquisa no início da década

de 1980, concluíram que os candidatos para cursos de formação de professores

eram os de mais baixo desempenho escolar.

Paul e Silva (1998) mostraram que os estudantes com desempenho

acadêmico mais elevado nos vestibulares de quatro instituições no Rio de Janeiro

tinham forte preferência para os cursos das áreas de Física, Química, Medicina e

Engenharia. Por sua vez, os cursos de Licenciatura, Artes e Música, demonstraram

pequena probabilidade de serem escolhidos pelos indivíduos com melhor

desempenho. O estudo de Gramani e Scrich (2012) utilizou dados do Sistema

Page 85: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

83

Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e do Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM) e calculou uma eficiência relativa em Matemática para cada Unidade

da Federação, a fim de verificar a influência do desempenho em Matemática na

educação básica na escolha de um curso superior. As autoras concluíram que: 1)

nos Estados onde o desempenho em Matemática era maior, havia uma tendência de

os estudantes escolherem carreiras mais vinculadas a essa área, em especial as

Engenharias; 2) as carreiras vinculadas à formação de professores na área de

ciências exatas, como Física e Matemática, eram mais procuradas em Estados que

apresentaram menor desempenho em Matemática.

Esta tendência foi confirmada por Gatti e Barreto (2009) na análise dos dados

do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) de 2005. As

pesquisadoras verificaram que a maioria dos alunos (50,4%) dos cursos de

formação de professores estava concentrada nas faixas de renda familiar média,

com intervalo de três a dez salários mínimos, situação confirmada por Diniz-Pereira

(2011). Observou-se que 39,2% dos alunos tinham renda familiar de até três salários

mínimos e era inexpressiva a frequência de estudantes em faixas mais elevadas de

renda. Concluíram, ainda, que a origem dos docentes estava em setores e famílias

com menos capital cultural e econômico (VAILLANT, 2004). Louzano e

colaboradores (2010) corroboraram estes resultados, ao constatarem que o Brasil

atrai para os programas de formação de professores pessoas com baixo rendimento

acadêmico e perfil socioeconômico mais baixo.

O estudo de Souza (2010) também converge para esses resultados. Com o

objetivo de verificar o perfil dos alunos de Licenciatura em Matemática e em

Pedagogia em duas universidades, a fim de verificar os principais fatores de

atratividade da carreira do magistério, ele concluiu que o perfil geral dos alunos

situava-se nas “classes C ou D”, as famílias eram compostas por mais de cinco

membros, a conclusão do ensino médio regular foi em escola pública, tiveram pouco

acesso a atividades culturais e de lazer, a maioria apresentava renda familiar de até

três salários mínimos e os pais tinham baixa escolaridade.

Leme (2012) também obteve conclusões semelhantes, ao identificar o perfil

de ingressantes nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Física e Matemática da

Universidade de São Paulo. Quando comparado o perfil socioeconômico desses

estudantes com o de estudantes de Medicina da mesma Universidade, verificou-se

Page 86: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

84

que os primeiros situavam-se nas faixas mais baixas. A autora também constatou

que as notas desse grupo no processo seletivo foram inferiores aos ingressantes

dos demais cursos da Universidade, demonstrando que, para esses alunos, a

Licenciatura parecia ser uma das poucas alternativas de ingresso na instituição

pesquisada.

Rabelo (2010a; 2010c), em pesquisa sobre homens brasileiros e portugueses

que escolheram atuar nas séries iniciais, concluiu que, entre as camadas mais

desfavorecidas da população, a educação ainda é percebida como uma forma de

ascensão social e a profissão docente como uma das melhores profissões a que têm

acesso, conclusão corroborada por Moreira e colaboradores (2012). Ademais, a

questão salarial depende dos referenciais adotados (ODELIUS; CODO, 2006b;

RABELO, 2010c), já que um salário baixo pode ser desejável para aqueles que

veem no magistério uma possibilidade de ter um emprego estável e importante

(RABELO, 2010c). Assim, cada indivíduo possui diferentes necessidades e

expectativas em relação ao seu nível de vida e de consumo e de perspectivas

futuras e, ainda, essas necessidades e expectativas sofrem alterações ao longo da

vida (ODELIUS; CODO, 2006b).

No Brasil, pesquisa da UNESCO (2004) revelou as características sociais,

econômicas e profissionais dos docentes de ensino fundamental e médio. Um dos

resultados foi que a maioria dos professores declarou renda familiar entre dois e dez

salários mínimos. Não obstante, verificou diferença entre a renda familiar dos

professores titulados com ensino médio e a dos que tinham nível superior, bem

como diferenças evidentes entre os professores atuantes nas regiões Norte-

Nordeste e Sudeste, de modo que os primeiros apresentavam renda bem inferior.

Ainda sobre o perfil socioeconômico dos estudantes de magistério, Brito

(2007), ao analisar dados do ENADE 2005, pesquisou as características

predominantes dos estudantes de Licenciaturas. No perfil traçado, verificou que

39,8% das famílias deles ganhavam até três salários mínimos. Os pais, na

proporção de 59,2%, haviam concluído o ensino fundamental e as mães, 56,0%.

Quase metade dos estudantes tinha conhecimento praticamente nulo das línguas

inglesa (46,4%) e espanhola (42,8%). Quanto aos jornais, 72,1% liam apenas

ocasionalmente. Estes dados parecem indicar menos capital cultural por parte dos

estudantes de cursos para formação de professores.

Page 87: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

85

Historicamente, no contexto brasileiro, a profissão docente gozava de certo

status social, mas perdeu esse prestígio ao longo do tempo, pois se alterou o papel

tradicional dos docentes. Juntamente com os párocos, os professores do ensino

primário eram os únicos agentes propagadores das culturas nas aldeias e vilas da

província (NÓVOA, 1999; JESUS, 2004). Os professores do ensino secundário eram

o espelho literário e científico em que se fundamentava a cultura de várias cidades

(ESTEVE, 1999) e o professor era fonte quase exclusiva de informação. Entretanto,

os professores não conseguiram substituir essas imagens por novas representações

profissionais (NÓVOA, 2009). Atualmente, qualquer informação dada por ele pode

ser examinada e contestada (ZARAGOZA, 1999) e os valores predominantes são

individualistas e economicistas, inclusive fomentados pelos meios de comunicação

(JESUS, 2004).

Segundo Bueno e Enge (2004), devido à instabilidade do mundo do trabalho e

às pressões sociais, o sucesso na profissão é associado à remuneração recebida e

à posição ocupada pelo profissional. Ou seja, as profissões mais valorizadas

socialmente tendem a ser aquelas associadas ao recebimento de altos salários,

conduzindo à perda de prestígio social do magistério. Para Zaragoza (1999), nos

dias atuais, a valorização social é medida de acordo com a renda salarial.

É imprescindível ressaltar a importância social e econômica do professor, pois

a profissão docente é a base para o desenvolvimento de qualquer outra profissão.

Além disso, eles formam cidadãos, tanto no contexto político, social, cultural, quanto

no âmbito produtivo (GATTI, 2012). Tardif e Lessard (2009, p. 7) argumentam que o

ensino escolar “possui uma espécie de proeminência sobre outras esferas de ação”,

já que quase todos os profissionais precisaram ser instruídos antes de ser o que são

e para fazer o que fazem. Vasconcelos (2012, p. 29) corrobora esse entendimento

ao afirmar que “a educação deveria ter a precedência sobre todos os aspectos da

vida social, pois constitui a base a partir da qual os outros se alicerçam”.

É nas escolas que está concentrado grande parte do potencial cultural e até

mesmo técnico e científico das sociedades contemporâneas (NÓVOA, 1999). Dessa

forma, é inquestionável a importância da função que os professores exercem na

sociedade. Nesse sentido, deve estar presente nas agendas governamentais dos

diversos países a melhoria das condições de trabalho e a valorização desses

profissionais, além de sua constante qualificação (PIMENTEL; PALAZZO;

Page 88: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

86

OLIVEIRA, 2009; PALAZZO; GOMES, 2009). Também é preciso promover os

professores em termos salariais e melhorar sua imagem social, sob pena de serem

em vão as reformas dos sistemas de ensino do mundo ocidental (ESTEVE, 1999).

Aliás, a própria qualidade do processo ensino-aprendizagem pode ser melhorada

com a criação de estímulos diversos para atrair e manter os professores qualificados

e motivados (PALAZZO; GOMES, 2009).

Não se pode deixar de mencionar algumas evidências de que a profissão está

sendo valorizada no Brasil. O estabelecimento por Lei do piso salarial para os

professores, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e

de Valorização do Magistério (Fundef), que vigorou de 1998 a 2006, posteriormente

substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a concessão de bolsas para

formação de professores em exercício por meio do Programa Universidade para

Todos (ProUni), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)

indicam que a valorização do magistério tem estado presente nas agendas

governamentais. As metas do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela

Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 (BRASIL, 2014), também demonstram

intenções de valorização do professor. Quatro das vinte metas são relacionadas ao

profissional do magistério, cujos temas são: formação de professores (meta n.º 15),

formação continuada e pós-graduação de professores (meta n.º 16), valorização do

professor (meta n.º 17) e plano de carreira docente (meta n.º 18). Ainda longe de

corresponder às expectativas, mas trata-se de um panorama mais promissor.

3.2 OS POSSÍVEIS EFEITOS DA INFLAÇÃO EDUCACIONAL

Ao mesmo tempo em que se verifica a elevação da média de escolaridade da

população nas últimas décadas, crescem também as exigências de escolaridade

para o trabalho (DURU-BELLAT, 2006; GOMES et al., 2006; SINGER, 1986). Trata-

se da inflação educacional, ou sobre certificação (BARROS, 2011), ou “crise da

escola” (SINGER; 1986), ou seja, quando “a abundância relativa de credenciais leva

à sua própria desvalorização” (GOMES, 2010b, p. 338), contrariando, dessa forma, a

versão tradicional da teoria do capital humano. Ioschpe (2004) explica que o

Page 89: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

87

“mercado de educação é como qualquer outro: quando a demanda iguala a oferta,

está em equilíbrio; quando a demanda supera a oferta, o retorno sobe; quando a

oferta supera a demanda, o retorno cai” (p. 58).

Dado o incremento dos trabalhadores com credenciais escolares mais

elevadas, a graduação deixa de ser um diferencial competitivo, levando a um

aumento do grau de exigência do mundo do trabalho, por exemplo, quando “pessoas

superqualificadas recebem salários menores, por se situarem em cargos de níveis

mais modestos” (GOMES, 2010a, p. 66), ou quando as titulações não correspondem

aos cargos ocupados (CORADINI, 2010).

Estudo sobre a adequação da escolaridade dos empregados aos requisitos

educacionais dos empregos revelou que, no Brasil, “53% dos indivíduos nas famílias

ocupacionais selecionadas são subeducados. A adequação não chega a 30% e a

sobreeducação é de 17,3%” (DIAZ; MACHADO, 2008, p. 447). Os autores

esclarecem que a sobreeducação ocorre quando o indivíduo ocupa cargos que não

exigem a escolaridade possuída e a subeducação quando o cargo exige uma

escolaridade que o indivíduo não tem. Observou-se, ainda, que as regiões mais

desenvolvidas do Brasil demonstraram mais adequação, maior sobreeducação e

menor subeducação.

Grubb (1985) enumera algumas consequências negativas da inflação

educacional: 1) a taxa de retorno da educação tende a cair à medida em que os

níveis educacionais aumentam; 2) aumento do credencialismo, isto é, o uso da

educação como mecanismo de inserção no mundo de trabalho, independente de as

credenciais estarem relacionadas ao teor do trabalho; 3) “sobre-educação”, ou seja,

a superqualificação dos trabalhadores para o trabalho que desenvolvem. Assim, os

estudantes compreendem a necessidade da educação para o mundo do trabalho,

mas passam a considerá-la irrelevante, pois percebem a distância entre o ensino

que recebem e o que exige o mundo do trabalho.

Como afirmou Bourdieu (2007c), um diploma é desvalorizado sempre que o

crescimento da quantidade de seus portadores é mais rápido que o crescimento da

quantidade de cargos a que esses diplomas conduziam no início do período, de

forma que as principais vítimas desse processo são os que não dispõem das

credenciais. Essa inflação educacional pode ser traduzida como uma espécie de

Page 90: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

88

freio à mobilidade social ascendente. Aliás, à medida que as credenciais aumentam,

há um risco futuro de mobilidade descendente (PEUGNY, 2009).

Por outro lado, há uma tendência de os antigos portadores desses diplomas

elevarem suas credenciais a níveis cada vez mais altos, raros e seletivos (inclusive

buscando a internacionalização de suas experiências educacionais), a fim de

manterem e/ou melhorarem suas posições no mundo do trabalho (NOGUEIRA;

AGUIAR; RAMOS, 2008). Desse modo, as desigualdades sociais, culturais e

escolares permaneceriam e se reconstruiriam, porém em níveis cada vez mais

elevados. Segundo Schwartzman (2004, p. 154), cria-se, então, “um círculo de

autoperpetuação da estratificação e da discriminação social”.

Ainda de acordo com Bourdieu (2007c), a inflação educacional gera uma

defasagem entre as aspirações produzidas pelo sistema educacional e as

oportunidades efetivamente oferecidas. Dessa forma, grandes serão as frustrações

dos jovens que buscam no diploma um impulsor para ascender socialmente e não

alcançam tal objetivo. Segundo Tavares Júnior (2011, p. 543), “a inflação

educacional seria economicamente dispendiosa e socialmente contraproducente por

gerar frustrações decorrentes das expectativas e crenças socialmente partilhadas”.

Trata-se do processo de desintegração da promessa integradora da escola

(GENTILI, 2008).

As desigualdades na democratização da educação superior, em que as

pessoas de nível socioeconômico mais elevado tendem a ingressar em cursos e

instituições de mais alto prestígio e vice-versa, são acentuadas no período da crise

da inflação educacional. Certamente, terão maiores oportunidades de trabalho

compatível com os portadores de credenciais educacionais mais valorizadas, ou

seja, aquelas originárias de cursos e IES de mais alto prestígio social, tornando-se

um microcosmo parcial das diferenças sociais.

Page 91: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

89

CAPÍTULO 4: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 OS INGRESSANTES EM LICENCIATURA COMPARADOS COM OS DE

DIREITO

Focalizando inicialmente as raízes e a situação atual dos alunos ingressantes,

foram verificadas suas características socioeconômicas e culturais, tanto dos

matriculados nos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, bem como

comparadas às do grupo de estudantes ingressantes no curso de Direito.

Os questionários para levantamento do perfil socioeconômico e cultural dos

alunos foram aplicados no mês de abril de 2011. Foram respondentes 176 (90,7%

do universo) alunos do curso de Direito, 42 (65,6% do universo) de Matemática e

145 (78,3% do universo) de Pedagogia, totalizando 36 questionários. Os dados dos

cursos de Matemática e de Pedagogia foram tratados em conjunto, por serem

cursos de Licenciatura. No curso de Direito, os respondentes concentravam-se no

período noturno (55,7%). Já nas licenciaturas, essa proporção era maior: 64,0% dos

pesquisados estudavam à noite. À época da pesquisa, o curso de Matemática

funcionava apenas nesse turno.

Quanto ao gênero, foi elevada a proporção de mulheres no curso de

Pedagogia, conforme a expectativa de uma profissão amplamente feminina

(GOUVEIA, 1970): 95,7% eram mulheres e apenas 4,3% eram homens. Já no curso

de Matemática, ocorreu o contrário: o curso era majoritariamente composto por

homens (65,8% de homens e 34,2% de mulheres). Ao agrupar os dois cursos,

82,7% eram mulheres. Quanto ao curso de Direito, 55,7% eram mulheres e 44,3%,

homens, uma distribuição relativamente equilibrada. No total, 69,3% respondentes

eram do gênero feminino e 30,7%, do gênero masculino.

Em relação à faixa etária dos participantes da pesquisa, a diferença entre os

cursos foi de quase um ano. A média dos alunos de Licenciatura era de 26,0 anos

(DP=7,4), enquanto para Direito, a média era de 27,0 anos (DP=8,9). No total, a

média de idade foi de 26,4 anos (DP=8,2), variando de 16 a 57 anos, situada abaixo

da média nacional para ingressantes, a qual foi de 25 anos para os cursos

presenciais, de acordo com o Censo da Educação Superior de 2011, ano da

Page 92: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

90

pesquisa (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS

ANÍSIO TEIXEIRA, 2013b). Houve duas modas: 19 e 20 anos completos, com 35

respondentes para cada idade. A mediana foi 24, o que nos permite inferir que cerca

de 50,0% estavam na faixa etária adequada para a educação superior.

Uma possível explicação para a mais alta média de idade dos estudantes de

Direito e o correspondente desvio padrão é o fato de 19,9% dos respondentes desse

curso já terem formação de nível superior. A tabela 7 apresenta os cursos superiores

concluídos desses respondentes do curso de Direito.

Tabela 7 - Quantidade de ingressantes do curso de Direito, com graduação, por curso Curso N

Administração 4

Biologia 1

Comunicação Social 1

Educação Física 2

Gestão de Negócios 1

Letras 5

Pedagogia 4

Psicologia 3

Secretariado Executivo 1

Tecnologia em Segurança e Ordem Pública 1

TOTAL 23 Fonte: Pesquisa de campo (2011).

É interessante observar que quase a metade dos cursos listados na tabela 7

são de Licenciatura. Poderiam esses dados indicar o anseio dessas pessoas de

abandonar a profissão docente? Estariam esses estudantes em busca de profissão

mais rentável e mais prestigiosa? Entrevistas com oito desses ingressantes de

Direito graduados em cursos de Licenciatura (um licenciado em Biologia; dois, em

Educação Física; três, em Letras e dois, em Pedagogia, sendo três eram homens e

cinco, mulheres) conduzem a respostas afirmativas a essas questões. A maioria já

havia abandonado o magistério e ingressado em outras carreiras e o principal motivo

era a remuneração. Apenas um ainda permanecia na profissão e estava cursando

Direito como estratégia profissional, na intenção de exercer outra atividade ao se

aposentar.

No que tange ao estado civil dos respondentes, os resultados foram

semelhantes nos dois grupos. Eram solteiros 66,1% dos estudantes de Direito e

65,1% dos licenciandos, o que explica o fato de pouco mais de 30,0% dos alunos

em ambos os cursos não trabalharem ou terem seus gastos financiados pela família.

Page 93: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

91

Os casados representavam 29,2% dos alunos de Direito e 28,5% dos estudantes de

Pedagogia e Matemática. Quanto à cor, a maioria dos estudantes de licenciatura se

declarou parda/mulata (46,2%) ou branca (37,1%). Os negros constituíam 11,8% do

público pesquisado. No curso de Direito, os brancos prevaleciam (45,5%) e havia

40,3% de pardos/mulatos e 9,7% de negros.

Moravam com cônjuge e/ou filhos, respectivamente, 37,3% dos licenciandos e

36,0% dos respondentes de Direito. Residiam com os pais e(ou) outros parentes

56,2% dos ingressantes de Licenciatura e 56,6% dos futuros bacharéis. Em

complemento a essa questão, verificou-se que 41,4% dos licenciandos e 38,5% dos

alunos de Direito habitavam com três ou quatro membros da família, enquanto

28,2% do primeiro grupo e 29,0% do segundo moravam com um ou dois. Mais de

15,0% nos dois grupos domiciliavam-se com mais de cinco pessoas da família. Não

tinham filhos 65,7% dos alunos de Direito e 67,2 dos de licenciatura.

Para classificar em faixas econômicas as famílias dos respondentes, foi

utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil, da Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa (ABEP), que atribui pontos à posse e quantidade de

determinados itens (televisão em cores, rádio, banheiro, automóvel, empregada

mensalista, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira, freezer), bem

como ao grau de instrução do chefe da família. Ao final, somam-se os pontos e

classifica-se em oito estratos: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. O gráfico 4 apresenta a

distribuição dos estudantes conforme a faixa econômica da família.

Observa-se que, tanto nos cursos de Licenciatura quanto no de Direito, a

maioria dos alunos concentrava-se na faixa B2 (33,5% dos alunos de Direito e

32,8% dos de Licenciatura. Entretanto, a distribuição demonstra que as faixas B2 ou

superiores eram ocupadas, em maior parte, por alunos do curso de Direito (74,9%),

enquanto nas faixas inferiores a B2 se situavam os estudantes de Licenciaturas

(50,0%).

Page 94: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

92

Gráfico 4 - Distribuição dos ingressantes por estrato econômico, por curso, em 2011

Fonte: Pesquisa de campo (2011).

A análise de variância indicou diferença significativa entre os grupos quanto à

classificação econômica (F[1,362]=36,652; p<0,0001), em favor dos alunos do curso

de Direito (M=26,89; DP=7,068), quando comparados aos estudantes de licenciatura

(M=22,63; DP=6,363). A média de pontuação dos alunos de Direito os classificou no

estrato B2, que varia de 23 a 28 pontos. Os alunos de licenciatura, em média,

estavam no estrato C1, que varia de 18 a 22 pontos.

No que concerne à renda bruta mensal do grupo familiar, 46,2% dos

estudantes dos cursos de Licenciatura declararam renda familiar mensal de até 3

salários mínimos; 43,5% tinham renda acima de 3 até 10 salários mínimos, isto é,

89,7% dos estudantes desses cursos tinham grupos familiares cuja renda não

ultrapassava R$5.300,00 (valor referente ao ano de 2010). Quanto aos alunos de

Direito, 18,8% tinham renda familiar mensal de até 3 salários mínimos e 39,2%, mais

de 3 até 10 salários mínimos. Os estudantes cuja família atingia renda mensal acima

de 10 até 20 salários mínimos representavam 29,0% no curso de Direito e 7,0% nas

licenciaturas, demonstrando uma grande desigualdade de renda entre os grupos

pesquisados. A análise de variância revelou diferença significativa entre os grupos

(F[1,356]=61,731; p<0,0001), de forma que os licenciandos se concentraram na

faixa de até 3 salários mínimos (46,2%) e os estudantes de Direito na faixa de mais

de 3 a 10 salários mínimos (39,2%).

1,1%

12,5%

27,8%

33,5%

17,0%

4,0%2,8%

1,1%0,0%

3,8%

13,4%

32,8%

29,6%

14,0%

5,9%

0,5%0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E

DIREITO

LICENCIATURAS

Page 95: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

93

Estes dados foram similares ao salário bruto mensal declarado pelos

respondentes, diferenciando-se por considerar apenas a sua própria renda, em vez

da renda familiar. As análises indicaram diferença significativa entre os grupos

comparados (F[1, 224]=39,265; p<0,0001), de modo que o salário médio dos

estudantes de Direito foi R$3.208,80 (DP=R$3.389,31) e o dos alunos de

Licenciatura foi R$1.073,21 (DP=R$1.301,49), mais de três vezes inferior àquele

grupo. De qualquer modo, é preciso analisar estes dados com cautela, pois, como o

questionário era identificado a fim de possibilitar o acompanhamento dos estudantes

ao longo da sua trajetória, é possível que nem todos tenham respondido conforme a

realidade.

De qualquer forma, esses resultados são corroborados pelos estudos de Gatti

e Barreto (2009) e Diniz-Pereira (2011). Os autores constataram que a maioria dos

alunos de cursos de formação de professores estava concentrada nas faixas de

renda familiar média, com intervalo de três a dez salários mínimos. Ademais,

concluíram que é inexpressiva a frequência de estudantes em faixas mais elevadas

de renda. O estudo da UNESCO (2004) no Brasil também inferiu que a maioria dos

professores pesquisados apresentava renda familiar entre dois e dez salários

mínimos. A investigação de Brito (2007) mostrou que 39,8% das famílias dos

docentes pesquisados ganhavam até três salários mínimos.

Esse retrato da renda média dos estudantes do curso de Direito

provavelmente os seguirá durante toda a sua vida profissional, o que sugere, neste

caso, a possibilidade de baixo ou nulo retorno dos cursos em tela. Com efeito, Neri

(2008), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007,

calculou os salários médios de 289 ocupações. O primeiro lugar era ocupado por

juízes e desembargadores (R$13.956,00 – equivalente a 36,73 vezes o salário

mínimo), seguido por diretores gerais (R$7.371,40 – 19,4 vezes o salário mínimo),

médicos (R$7.029,00 – 18,5 vezes o salário mínimo) e engenheiros (R$4.266,70 –

11,23 vezes o salário mínimo). Os professores de ensino médio com formação de

nível superior ocupavam a posição 55 no ranking (R$1.639,20 – 4,31 vezes o salário

mínimo). Entretanto, docentes da educação infantil estavam em 101o lugar

(R$1.145,20 – 3,01 vezes o salário mínimo).

Esses dados confirmam a supremacia das "profissões imperiais" (Direito,

Engenharia e Medicina) no Brasil, associadas ao recebimento dos mais altos

Page 96: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

94

salários, sendo, também por isso, as profissões mais valorizadas socialmente. Por

sua vez, a profissão docente, cujo salário médio, se comparado ao dos juízes e

desembargadores, representa apenas 8,1% destes, figura entre as profissões de

nível superior com os menores salários no país.

Acerca da situação econômica dos ingressantes (tabela 8), a maior

concentração de respostas para os dois grupos foi de pessoas que não trabalhavam

e tinham os gastos financiados pela família (31,9% do Direito e 32,6% dos

licenciandos). Também era expressivo o percentual de estudantes que trabalhavam

e recebiam ajuda da família (21,1% dos alunos de Direito e 24,0% dos de

Licenciatura). Proporcionalmente, a quantidade de alunos que trabalhava e

contribuía com o sustento da família ou era o principal responsável foi muito

semelhante: 28,3% dos ingressantes de Direito e 28,6% dos licenciandos.

Tabela 8 - Situação econômica dos ingressantes

Situação econômica Direito Licenciaturas

Frequência Percentual válido Frequência Percentual

válido Não trabalha e tem os gastos financiados pela família 53 31,9 57 32,6

Trabalha e recebe ajuda da família 35 21,1 42 24,0 Trabalha e se sustenta 31 18,7 26 14,9 Trabalha e contribui com o sustento da família 30 18,1 43 24,6

Trabalha e é o principal responsável pelo sustento da família 17 10,2 7 4,0

Total 166 100,0 175 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2011).

No que tange à carga horária das atividades exercidas pelos participantes da

pesquisa (tabela 9), a maior frequência de respostas foi para o trabalho em tempo

integral, isto é, acima de 40 horas, alternativa marcada por 57,5% dos ingressantes

de Direito e 35,0% dos licenciandos, caracterizando-os como trabalhadores-

estudantes, cujas dificuldades de conciliação entre as atividades laborais e

acadêmicas devem ser consideradas. Na visão de Vargas e Paula (2013), o sistema

brasileiro de educação superior está estruturado de modo a privilegiar os estudantes

de tempo integral e não a condição de trabalhadores de grande parte dos

estudantes, embora os documentos legais promulguem a democratização e a

igualdade. A perspectiva das autoras, no entanto, refere-se apenas à educação

Page 97: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

95

presencial, visto que as características da Educação a Distância possibilitam que os

alunos estudem nos dias e horários que mais lhes forem convenientes. Inclusive,

quase metade dos cursos a distância eram da área de Educação (INSTITUTO

NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA,

2012).

Tabela 9 - Carga horária da atividade exercida pelos ingressantes

Carga horária da atividade exercida Direito Licenciaturas

Frequência Percentual válido Frequência Percentual

válido Não trabalha 10 7,9 58 32,8 Trabalha eventualmente 3 2,4 3 1,7 Trabalha até 20 horas semanais 6 4,7 11 6,2 Trabalha mais de 20 e menos de 40 horas semanais 35 27,6 43 24,3

Trabalha em tempo integral – 40 horas ou mais 73 57,5 62 35,0

Total 127 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2011).

Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Ristoff (2013), que,

com base nas respostas ao questionário socioeconômico do ENADE, comparou os

cursos de graduação, segundo determinadas variáveis, durante dois ciclos do

Exame. O autor constatou que, dos 47 cursos analisados, em 18 deles, quase todos

de licenciatura, pelo menos dois terços dos alunos eram trabalhadores. Em

contraposição, nos cursos de Medicina e Odontologia, havia, respectivamente, 8% e

15% de estudantes que trabalhavam, ressaltando, assim, a hierarquização e a

seletividade dos cursos superiores.

Outra diferença verificada entre os grupos pesquisados estava na

escolaridade dos genitores. Os dados da tabela 10 permitem inferir que, em uma

proporção média (pai e mãe) de 76,0%, os alunos de Direito superaram a

escolaridade dos pais. Já entre os estudantes dos cursos de formação de

professores, esse percentual foi de 90,0%, caracterizando, dessa forma, a

mobilidade educacional intergeracional e confirmando dados brasileiros, segundo os

quais havia um alto percentual de estudantes que eram a primeira geração

universitária da família (RISTOFF, 2013). Este fato pode também estar associado à

grande expansão da educação superior nos últimos anos, isto é, a geração anterior

Page 98: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

96

não tinha as mesmas oportunidades (e, por que, não dizer exigências

ocupacionais?) de fazer um curso superior como a geração atual.

Tabela 10 - Escolaridade dos pais dos estudantes ingressantes, por curso (em %)

Escolaridade Direito Licenciaturas Pais Mães Pais Mães

Nenhuma escolaridade 6,9 5,7 9,9 7,0 Ensino Fundamental (1a a 4a série) 18,4 19,0 38,5 30,8 Ensino Fundamental (5a a 8a série) 19,0 13,8 15,9 18,9 Ensino Médio 33,3 41,4 25,8 34,6 Ensino Superior 16,1 10,3 7,7 7,6 Pós-graduação 6,3 9,8 2,2 1,1 Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2011).

Quanto ao financiamento, 45,7% dos estudantes de licenciatura e 72,2% dos

de Direito não contavam com bolsa ou ajuda. Coerente com o seu perfil

socioeconômico, 36,0% dos primeiros contavam com bolsa externa, exceto o Fies

(Fundo de Financiamento Estudantil) e o Prouni (Programa Universidade para

Todos), e 11,8% recebiam bolsa integral ou parcial da própria IES, apesar de as

mensalidades serem bem menores. No caso de Direito, apenas 4,5% recebiam

bolsa externa e 15,3%, bolsa da IES. A proporção de beneficiados pelo Fies e

Prouni foi pequena e semelhante entre os dois grupos: 3,3% dos estudantes de

licenciaturas e 4,5% dos discentes de Direito.

Cabe explicar que o Prouni é um programa do Governo Federal que concede

bolsas parciais e integrais de cursos de graduação em instituições privadas de

ensino superior a estudantes que atendam a determinados critérios. Para receber a

bolsa, o estudante precisa realizar o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) e, ao

se inscrever, deve indicar até cinco alternativas de instituição, curso, habilitação e

turno. Depois, o sistema do Prouni classifica os candidatos conforme as médias

obtidas e suas escolhas. Para concorrer à bolsa, é preciso comprovar renda familiar

per capita mensal de até três salários mínimos, visto que o objetivo do Programa é

incluir as pessoas de baixa renda na educação superior. Assim, na presente

pesquisa, por terem menor renda, os futuros licenciados, devido às dificuldades de

arcar com custos bem menores, fizeram jus a um volume maior de ajuda financeira

que os seus colegas.

Page 99: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

97

A partir da segunda metade do século XX, na “era de ouro”, referente ao

grande crescimento econômico experimentado pelo país e a ampliação das classes

médias urbanas, começava a ser difundida a "promessa da escola como entidade

integradora" (GENTILI, 2008). Assim, os pais acreditavam que a educação seria um

poderoso instrumento para a ascensão social e, por isso, incentivavam seus

descendentes a obter mais credenciais. Desse modo, a igualdade de acesso e a

igualdade de oportunidades foram transformadas em expressões sinônimas

(OLIVEIRA, 2005). A tradição de associar diploma de educação superior a uma

profissão regulamentada e a posições ocupacionais privilegiadas é uma tradição

antiga na sociedade brasileira (DURHAM, 2005). Como afirma Carvalho (2004), para

aquela geração, a educação era uma espécie de “passaporte” para cargos mais

valorizados e melhor remunerados.

Outra característica relevante para a composição do perfil dos pesquisados foi

referente à conclusão do ensino médio. Representavam 86,0% dos licenciandos e

73,3% dos estudantes de Direito aqueles que cursaram todo o ensino médio (ou a

maior parte) em escola pública. Em escola privada, também completamente ou em

sua maior parte, 22,2% dos alunos de Direito e 9,7% dos estudantes de

Licenciatura. Esta informação demonstra que a seletividade escolar tem início antes

mesmo do ingresso na educação superior. A proporção de estudantes de Direito que

haviam concluído o ensino médio em escolas particulares era superior ao dobro da

dos estudantes de Licenciaturas. Não se considera a qualidade de uma em

detrimento da outra, mas as avaliações da educação básica no país demonstram

que a média de desempenho discente é mais alta nas instituições particulares,

enquanto o grupo familiar do aluno oriundo de escola particular tende a possuir

renda superior à do aluno da escola pública (GOMES, 2005).

Em relação à modalidade, cursaram o ensino médio regular 74,7% dos alunos

de Licenciatura e 62,5% dos de Direito. Concluíram o ensino médio em educação de

jovens e adultos ou ensino supletivo 16,1% dos estudantes de Licenciatura e 19,3%

dos alunos do curso de Direito. Apenas 5,9% dos licenciandos fez o Curso Normal.

No que concerne à época em que concluíram os estudos de ensino médio, apenas

16,7% dos alunos de Licenciatura e 20,5% dos de Direito terminaram no ano anterior

ao ano de ingresso na IES. Quase metade dos pesquisados de Direito (49,4%)

concluiu o ensino médio mais de cinco anos antes do ingresso na educação

Page 100: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

98

superior. Entre os licenciandos, esta representação foi de 39,2%. É possível supor

que esses alunos pararam seus estudos em virtude de trabalho, ou, no caso do

Direito, devido à grande quantidade de pesquisados que declararam já ter curso

superior.

Quanto ao conhecimento de línguas, em uma escala de um a cinco, em que

um significava conhecimento nulo e cinco, o domínio das habilidades de leitura,

escrita e fala da língua, os estudantes de Direito obtiveram média superior (M=2,30;

DP=1,34) aos licenciandos (M=1,92; DP=1,24) para o conhecimento de inglês. O

teste t de Student revelou diferença significativa (t[355]=2,762; p=0,006) entre os

grupos. Para o conhecimento de língua espanhola (t[360]=3,475; p=0,001), a média

dos alunos de Direito (M=1,95; DP=1,177) também foi superior à dos estudantes de

Pedagogia e Matemática (M=1,56; DP=0,935), com diferença significativa entre os

grupos. Ainda que tenha havido diferença significativa em favor dos estudantes de

Direito, os dois grupos apresentaram médias muito baixas para conhecimento de

línguas.

Estes resultados vão ao encontro daqueles encontrados por Brito (2007), que

concluiu, a partir da análise dos dados dos estudantes de Licenciatura que

realizaram o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) no ano de

2005, que os estudantes tinham conhecimento praticamente nulo de língua inglesa

(46,4%) e de língua espanhola (42,8%). Estes dados podem indicar um baixo capital

cultural por parte dos estudantes de cursos de formação de professores. Como os

cursos de línguas tendem a ser pagos fora da escola (GOMES et al., 2010), a

seletividade socioeconômica e cultural está provavelmente relacionada ao

conhecimento de idiomas estrangeiros.

Em relação ao conhecimento de informática (t[359]=3,409; p=0,001), também

houve diferença significativa entre os grupos em favor dos estudantes de Direito

(M=3,17; DP=0,529) em relação aos licenciandos (M=2,97; DP=0,598), na escala de

um a quatro. Quando as variáveis de conhecimento de informática e de línguas

foram agrupadas, o nível de significância foi ainda maior (t[354]=4,413; p<0,0001),

também em favor dos alunos de Direito (M=2,47; DP=0,74).

Quanto à frequência do uso do computador, os resultados revelaram

diferenças significativas entre os grupos (F[1, 358]=6,331; p=0,012), em favor dos

Page 101: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

99

estudantes de Direito (M=4,53; DP=0,650). A média dos licenciandos foi de 4,33

(DP=0,807). Os baixos desvios-padrões indicam homogeneidade entre ambos os

grupos. Este dado merece destaque, visto que, em uma escala de um a cinco, pode-

se inferir que ambos os grupos utilizam bastante o computador. Declararam utilizar

sempre o computador 60,8% dos alunos de Direito e 49,7% dos de Licenciatura.

Afirmaram ter acesso à internet 95,2% dos licenciandos e 97,2% dos alunos

de Direito, de modo que utilizavam conexão por banda larga 81,2% daqueles e

86,9% destes. Nesse contexto, Castells (2003) aborda o conceito de “divisão digital”,

isto é, as desigualdades de acesso à internet, separando e excluindo socialmente

aqueles que têm dos que não têm acesso a ela. O autor acrescenta que, à medida

que se democratiza o acesso, surgem as desigualdades da utilização da banda

larga. Desse modo, “é possível que, quando as grandes massas tiverem finalmente

acesso à Internet por linha telefônica, as elites globais já tenham fugido para uma

esfera mais elevada do ciberespaço” (p. 210). Os dados deste estudo confirmam

essa tendência, já que quase 20,0% dos alunos de Licenciatura e quase 15,0% dos

estudantes de Direito afirmaram não utilizar esse serviço.

Ademais, estes percentuais confirmam as constatações do estudo de Olinto

(2007). Com base nos dados da PNAD de 2005, a autora pesquisou sobre as

desigualdades no acesso e uso da internet pelos brasileiros e concluiu que apenas

os indivíduos que já possuíam curso superior ou de pós-graduação, bem como os

estudantes desses níveis, alcançaram níveis de pelo menos 50,0% de uso e acesso.

A pesquisadora ressalta, ainda, que as diferenças regionais contribuem para as

desigualdades, de forma que o Distrito Federal era a Unidade da Federação com

maior índice de uso e acesso.

A tabela 11 exibe os locais onde os computadores eram utilizados pelos

ingressantes. A residência foi a opção mais frequente, tanto entre os alunos de

Direito (94,9%) quanto entre os de Licenciatura (89,8%). Estudo desenvolvido por

Spiezia (2010), com base em dados do PISA, verificou que o uso de computadores,

especialmente em casa, teve efeito positivo e significativo nos resultados de

Ciências. O autor constatou, ainda, que os resultados são maiores quando os

computadores são usados com mais frequência em casa do que na escola. Apesar

de o Brasil não ter sido incluído na pesquisa e de os dados serem referentes a

estudantes de ensino médio, as conclusões são dignas de nota. Utilizar novas

Page 102: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

100

tecnologias é uma das dez competências profissionais propostas por Philippe

Perrenoud (2000) para o professor atualmente.

Tabela 11 - Locais onde os ingressantes utilizavam o computador (em %) Local Direito Licenciaturas Em casa 94,9 89,8 No trabalho 51,1 36,6 Na instituição de ensino 34,7 34,4 Na lan house 10,2 15,6 Outros locais 0,6 0,5

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

No que tange à finalidade para utilização do computador, em ambos os

grupos, observou-se como resposta predominante seu uso para fazer trabalhos

acadêmicos, como pode ser verificado na tabela 12. A comunicação por e-mail e o

entretenimento também foram fins bastante indicados entre todos os pesquisados. A

máquina era mais utilizada pelos estudantes de Direito do que pelos licenciandos

para outros propósitos, como realizar operações bancárias, fazer compras

eletrônicas e trabalhos profissionais.

Tabela 12 - Finalidades para utilização do computador pelos ingressantes (em %) Finalidade Direito Licenciaturas Para entretenimento 71,0 66,7 Para fazer trabalhos escolares 89,8 94,6 Para fazer trabalhos profissionais 54,0 39,2 Para comunicação por e-mail 74,4 78,0 Para operações bancárias 33,5 17,7 Para compras eletrônicas 34,7 16,7 Outras finalidades 0,0 0,5

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

O levantamento suplementar à PNAD 2005 (INSTITUTO BRASILEIRO DE

GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007), sobre acesso à internet e posse de telefone

móvel, revelou as principais finalidades para uso da internet pela população com

idade acima de 10 anos, na condição de estudante, que havia utilizado a rede nos

três meses anteriores à pesquisa: educação e aprendizado (90,2%), comunicação

com outras pessoas (69,7%), atividades de lazer (65,5%), leitura de jornais e

revistas (40,7%). Os menores percentuais eram de estudantes que utilizavam a

Page 103: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

101

internet para comprar ou encomendar bens ou serviços (7,7%) e para realizar

transações bancárias ou financeiras (8,6%). Com as devidas diferenças

metodológicas, os resultados são semelhantes aos encontrados por esta pesquisa.

Sobre a quantidade de livros lidos no ano anterior à pesquisa, com exceção

dos acadêmicos, os resultados não demonstraram diferença significativa entre os

dois grupos (F[3, 281]=3,179; p=0,076), apesar de a concentração de respostas dos

alunos de Direito (42,4%) ter sido a opção “entre dois e cinco” livros e, no caso das

Licenciaturas, 44,4% terem marcado “no máximo dois” livros. Para Britto (2003), a

capacidade de leitura e escrita de estudantes universitários está mais associada às

formas de acesso e interação com objetos da cultura letrada do que a métodos de

ensino da educação regular.

No que tange ao tipo de livro mais lido, mais de um terço dos pesquisados

nos dois grupos declararam ler obras literárias de ficção. Os livros religiosos,

incluindo a Bíblia e comentários, eram lidos por 32,8% dos licenciandos e 23,3% dos

estudantes de Direito. Pela análise da tabela 13, nota-se um perfil literário bem

diverso entre os alunos dos dois grupos. Afirmou Freire (1989, p. 13) que “o

movimento do mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente”.

Assim, cabe mencionar a possível interferência que as leituras de livros de

autoajuda e de livros religiosos pelos licenciandos podem causar na formação de

seus futuros alunos.

Tabela 13 - Tipo de livro que mais liam os ingressantes (em %) Tipo de livro Direito Licenciaturas Obras literárias de ficção 33,0 39,2 Obras literárias de não-ficção 14,2 15,6 Livros técnicos 26,1 11,8 Livros de autoajuda 17,0 11,8 Livros religiosos (incluindo a Bíblia e comentários) 23,3 32,8 Outros tipos de livros 6,3 3,2

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

A frequência de leitura dos jornais foi outro aspecto levantado na pesquisa.

Responderam nunca ler jornal 4,0% dos alunos de Direito e 4,9% dos licenciandos.

Raramente o liam 18,8% do grupo de Direito e 23,9% dos futuros professores.

Diariamente, apenas 15,8% dos licenciandos e 34,1% dos futuros bacharéis.

Page 104: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

102

Algumas vezes por semana foi a alternativa mais marcada por ambos os grupos,

sendo 36,4% dos estudantes de Direito e 40,8% dos estudantes de Licenciatura. Os

resultados do teste t de Student (t[358]=3,144; p=0,002) mostraram diferenças

significativas entre os grupos, em favor dos alunos de Direito. Quanto aos assuntos

mais lidos do jornal, mais uma vez, os resultados mostram grande diferença no perfil

cultural dos pesquisados. A tabela 14 sintetiza os resultados.

Tabela 14 - Assuntos mais lidos dos jornais pelos ingressantes (em %) Direito Licenciaturas Política e(ou) economia 42,6 30,6 Ciência, saúde e(ou) tecnologia 29,5 35,5 Cultura e(ou) arte 16,5 39,8 Diversão e(ou) turismo 9,1 21,5 Esportes 18,8 19,4 Automóveis 15,9 4,8 Televisão 6,3 22,0 Todos os assuntos 25,0 18,3 Outros assuntos 4,0 3,2

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

No tocante ao meio que mais utilizavam para se manter atualizados, a tabela

15 destaca a internet como principal fonte de atualização, seguido da televisão, nos

dois grupos pesquisados. É preciso salientar que o questionário não fez

diferenciação entre a televisão aberta ou por assinatura.

Tabela 15 - Meios mais utilizados pelos ingressantes para se manter atualizados (em %) Direito Licenciaturas Nenhum meio 0,0 0,0 Jornais 35,2 41,9 Revistas 11,9 14,0 TV 41,5 59,1 Rádio 11,4 14,5 Internet 79,5 80,6 Outros 0,0 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Estes resultados diferem dos encontrados por Guareschi, Wendt e Huning

(2011), os quais verificaram o perfil cultural de ingressantes e concluintes de cursos

de Psicologia no país, com base no Exame Nacional de Desempenho dos

Page 105: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

103

Estudantes (ENADE) de 2006. O meio mais utilizado pelos dois grupos para manter-

se atualizados era a televisão, seguido da internet. A TV também foi a principal

forma utilizada por licenciandos em Matemática para atualização e informação,

segundo Brito (2008).

O uso da internet por quatro em cada cinco alunos de licenciatura nos leva a

refletir sob duas perspectivas. Inicialmente, questionando se os formadores desses

futuros educadores estariam preparados para ensinar nesse novo contexto.

Segundo Setton,

Se, nas sociedades orais, o saber prático, mítico e ritual era encarnado pela comunidade viva, com o surgimento da escrita, o saber passou a ser transmitido pelo livro e pelo intérprete que dominava o conhecimento. Na atualidade, todavia, o saber é estruturado por uma rede de re-emissões, assombradas pelo hipertexto (2010b, p. 100).

Em segundo lugar, esses dados poderiam sugerir mais aproximação desses

futuros educadores com seus futuros alunos, tendo em vista que “o aprendizado das

gerações atuais se realiza pela articulação dos ensinamentos das instituições

tradicionais de educação – família e escola (entre outras) – com os ensinamentos

das mensagens, recursos e linguagens midiáticos” (SETTON, 2010b, p. 24)?

Cortesão (2006) alerta que os alunos de hoje não são “submissos” como

antigamente, pois não gostam de estar na escola especialmente porque, fora dela,

têm acesso a outras fontes de informação e diversão que os professores não

conseguem oferecer. Para esta autora, existe um hiato entre os interesses, as

características e os saberes dos alunos que chegam à escola e aquilo que os

docentes e as escolas oferecem e exigem. Neste sentido, os professores precisam

produzir conhecimento sobre os alunos e, a partir deste conhecimento, eleger os

conteúdos mais adequados e importantes e recriar metodologias, de forma a

valorizar os saberes, sem desrespeitar os valores e aproveitando as competências

que os alunos já possuem (CORTESÃO, 2006).

Em referência às preferências artístico-culturais, a tabela 16 mostra que o

cinema é predominante nos dois grupos, seguido dos shows musicais e(ou)

concertos, confirmando os resultados de outros estudos (BRITO, 2008;

GUARESCHI; WENDT; HUNING, 2011).

Page 106: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

104

Tabela 16 - Preferências artístico-culturais dos ingressantes (em %) Direito Licenciaturas Nenhuma 5,7 7,5 Cinema 59,1 68,8 Espetáculos teatrais 21,6 18,8 Shows musicais e(ou) concertos 30,7 29,6 Dança 20,5 17,2 Outra(s) 0,0 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Paglioto e Machado (2012), ao estudar o perfil dos frequentadores de

atividades culturais nas metrópoles brasileiras, inferiram que, entre aqueles que

gastam com cultura fora do ambiente domiciliar, são predominantes as atividades de

cinema, shows e teatro, corroborando as constatações desta pesquisa. Segundo as

autoras, esses resultados demonstram um perfil cultural “unívoro” desses

consumidores (em especial, entre os mais pobres), isto é, uma tímida presença em

atividades culturais, geralmente restritas aos mesmos gêneros (cinema).

O quadro 3 apresenta uma síntese das características predominantes

observada entre os ingressantes de Direito e de Licenciaturas.

Quadro 3 - Síntese das características predominantes dos ingressantes Característica predominante Direito Licenciaturas

Gênero Mulheres (55,7%) Mulheres (87,2%) Idade M= 27,0 anos M=26,0 anos Estado civil Solteiros (66,1%) Solteiros (65,1%) Cor da pele Brancos (45,5%) Pardos/mulatos (46,2%) Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,6%) Pais e/ou outros parentes (56,2%) Quantidade de corresidentes Três ou quatro (38,5%) Três ou quatro (41,4%)

Quantidade de filhos Nenhum (65,7%) Nenhum (67,2%) Classificação econômica B2 (33,5) B2 (32,8%)

Renda mensal familiar De 3 a 10 salários mínimos (39,2%) Até 3 salários mínimos (46,2%)

Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (31,9%)

Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (32,6%)

Carga horária das atividades exercidas

Tempo integral – 40 horas ou mais (57,5%)

Tempo integral – 40 horas ou mais (35,0%)

Escolaridade dos pais Ensino médio (33,0%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (37,6%)

Escolaridade das mães Ensino médio (39,8%) Ensino médio (34,4%) Bolsa ou Financiamento dos estudos Nenhum (72,2%) Nenhum (45,7%)

Tipo de escola onde concluiu o ensino médio Pública (73,3%) Pública (86,0%)

Modalidade do ensino médio Regular (62,5%) Regular (74,7%)

Conhecimento de M=2,30 M=1,92

Page 107: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

105

língua inglesa (escala de 1 a 5) Conhecimento de língua espanhola (escala de 1 a 5)

M=1,95 M=1,56

Conhecimento de informática (escala de 1 a 4)

M=3,17 M=2,97

Frequência de utilização do computador

Sempre (60,8%) Sempre (49,7%)

Acesso à internet Sim (97,2%) Sim (95,2%) Utilização de serviço de banda larga Sim (86,9%) Sim (81,2%)

Local de utilização do computador Em casa (94,9%) Em casa (89,8%)

Finalidade para utilização do computador

Realização de trabalhos escolares (89,8%)

Realização de trabalhos escolares (94,6%)

Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

Entre dois e cinco (42,4%) No máximo dois (44,4%)

Tipo de livro mais lido Obras literárias de ficção (33,0%) Obras literárias de ficção (39,2%) Frequência de leitura de jornais

Algumas vezes por semana (36,4%)

Algumas vezes por semana (40,8%)

Assuntos mais lidos do jornal Política e/ou economia (42,6%) Cultura e/ou arte (39,8%)

Meio de atualização Internet (79,5%) Internet (80,6%) Preferência artístico-cultural Cinema (59,1%) Cinema (68,8%)

Consideradas todas as variáveis propostas para este estudo, os ingressantes

de Direito detêm um capital cultural significativamente maior do que os licenciandos.

Todavia, mesmo os estudantes de Direito apresentavam um modesto capital

cultural, considerados especialmente o pouco conhecimento de línguas estrangeiras

e a baixa frequência de leitura de livros e de presença em atividades culturais.

Talvez este fato se explique pela característica da própria instituição, que, sendo

instituição privada de ensino superior, não está entre as mais seletivas, obedecendo

a uma hierarquização e estratificação de instituições, embora não esteja entre as

menos seletivas.

Segundo Dubet, Bellat e Veretout (2012, p. 31), as instituições educativas

exercem um “papel específico, já que podem acentuar ou, ao contrário, atenuar a

amplitude dos efeitos das desigualdades sociais sobre as desigualdades escolares”.

Diante deste quadro, as instituições formadoras de professores enfrentam um

grande desafio, a fim de modificar os seus currículos (não as grades curriculares),

Page 108: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

106

aproveitando as raízes socioculturais desses alunos, aprendendo mais sobre as

camadas menos privilegiadas e preparando professores mais sensíveis para elas.

Sabendo que as origens dos futuros educadores são menos aquinhoadas

socialmente, não seria necessário exigir uma formação mais cuidadosa por parte

das instituições?

Mas, afinal, isto é uma desvantagem sob todos os aspectos? Pode

representar alguma vantagem do ponto de vista da aproximação com a maior parte

dos alunos matriculados na escola pública, que é socialmente menos privilegiada?

Ora, se as escolas, inclusive as de educação superior, não conseguem reduzir as

desigualdades sociais e culturais dos educandos, podemos estar diante de um

círculo vicioso, em que, mal formados se tornam mal formadores, que geram outros

mal formados e formadores (GOMES, 2010a). Como tornar o círculo virtuoso? Quais

seriam as consequências dessas desvantagens socioculturais para a formação

inicial e continuada de educadores?

Page 109: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

107

4.2 OS INTERESSES DOS INGRESSANTES PARA ESCOLHA DOS CURSOS

Foram investigados os interesses de alunos iniciantes dos cursos de

Licenciatura em Pedagogia e em Matemática para escolha desses cursos. Para

tanto, os dados foram coletados a partir de algumas questões do questionário,

também respondido pelos ingressantes de Direito, e dos grupos focais conduzidos

com os licenciandos.

Inicialmente, salienta-se que 74,2% dos respondentes de licenciatura queriam

ser professores, 18,8% ainda não haviam se decidido e 5,4% não gostariam de

seguir a carreira docente. Em relação ao principal motivo para escolha do curso,

48,5% optaram pela Licenciatura pelo desejo de se tornar professor; alguns (12,1%),

por acreditar na possibilidade de ingressarem mais rapidamente no mundo do

trabalho; 11,6% porque não conseguiram fazer o curso que realmente queriam;

outros (13,7%), por influência de amigos ou professores que serviram de modelo

durante a vida escolar. A família pode representar uma grande influência na

formação da identidade ocupacional do indivíduo (ANDRADE, 1997; LEVENFUS,

1997; RAMOS; LIMA, 1996; SANTOS, 2005), tanto no sentido de ajudar quanto de

dificultar o processo de escolha da futura profissão. Diversas pesquisas já

constataram a influência de pais, amigos ou professores na opção pelo curso de

formação de professores (BRASIL; GALVÃO, 2012; FERNANDES, 2011; GIESTA,

2008; GOMES et al., 2012).

Já entre os respondentes do curso de Direito, 27,4% escolheram o curso pois

associam-no à possibilidade de aprovação em concurso público e 26,9% devido ao

prestígio social proporcionado pelo curso ou porque os salários da área são mais

altos. Por influência da família, apenas 7,9% optaram pelo curso. De fato, as

profissões exercidas pelos bacharéis em Direito estão associadas ao recebimento

dos mais altos salários no Brasil, enquanto os salários dos professores figuram entre

as profissões de nível superior com os menores salários no país (PALAZZO;

GOMES, 2012; VARGAS, 2010). Segundo Fernando de Azevedo (1996), a

atratividade histórica dos cursos de Direito, Engenharia e Medicina (“as profissões

imperiais”) se explicava mais por sua influência social do que pela vocação ou por

tendências individuais.

Page 110: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

108

A partir da categorização das alternativas em motivação intrínseca e

extrínseca para escolha do curso, foram realizadas análises estatísticas para

verificar discrepâncias entre os cursos. Os resultados apontaram diferenças

significativas entre os dois grupos (F[1, 287]=81,263; p<0,0001), de modo que a

motivação intrínseca para escolha do curso predominou entre os licenciandos e a

motivação extrínseca entre os alunos de Direito.

Verificou-se que a maioria dos alunos dos cursos de Licenciatura foi motivada

por fatores intrínsecos à profissão, especialmente pelo desejo de ser docente.

Segundo Jesus (2002), a escolha profissional de professores está mais vinculada a

fatores intrínsecos à docência do que a fatores extrínsecos. Esses dados divergem

dos encontrados por Martins (2009), cuja pesquisa, desenvolvida no curso de

Pedagogia de uma Universidade comunitária e confessional, revelou que o curso foi

escolhido devido a exclusões ocorridas no decorrer das vidas dos estudantes ou a

circunstâncias específicas (ex.: casamento, maternidade, opção por curso mais

barato, possibilidade de emprego mais rápido, fracasso na aprovação de outro

curso).

Ao discutir os motivos para escolha do curso de Licenciatura, emergiram dos

grupos focais e dos comentários aos questionários razões humanitárias e

assistencialistas, vinculadas ao “prazer em transmitir o conhecimento” e em “ver a

criança aprender”, além do “desejo de transformar a sociedade”:

Quero ser professora porque é uma área que eu gosto e que eu admiro, é uma maneira de contribuir com a educação do país (IPF-62).

Por enquanto prefiro fazer pedagogia porque eu acredito que o País está com uma grande carência de professores e por isso que optei por essa área (IPM-147).

A pesquisa de Gomes e colaboradores (2012), que analisou as

representações sociais de estudantes de cursos de Licenciatura e de Pedagogia

sobre o trabalho e identidade docentes, concluiu que os alunos apresentavam uma

visão idealizada e romântica do exercício do magistério e um distanciamento da

futura atuação profissional. Fernandes (2011) verificou as representações sociais de

estudantes de Letras sobre a carreira docente e concluiu que o professor era visto

como “um agente de transformação, capaz de influenciar pessoas, gerar opiniões,

Page 111: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

109

mudar uma sociedade, além de participar ativamente do desenvolvimento de

crianças e jovens” (p. 254).

Com efeito, Mello (2003) afirmou que o magistério era visto, antes de tudo,

como sacerdócio, doação, um projeto assistencialista e humanitário “motivado por

razões subjetivas do tipo ‘realizar-se como pessoa, servir ao próximo, estar em paz

consigo mesmo” (p. 75). Segundo Lelis (2009, p. 59), “o imaginário social atual ainda

está fundado na retórica da missão, do sacerdócio e da vocação, arquétipo que

impregna fortemente a história desse grupo profissional”. De fato, os fatores

intrínsecos, tais como “trabalhar com crianças, satisfação intelectual e contribuição

para a sociedade”, são motivações importantes entre os que optam pelo magistério

em vários países, como França, Austrália, Bélgica, Canadá, Eslováquia, Holanda e

Reino Unido (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICOS, 2006, p. 70).

Outros alunos manifestaram como principais motivos para ingresso no curso

de formação de professores o gosto (paixão, amor), a identificação com a profissão

docente, o sonho e a idealização em ser professor, como expôs uma estudante do

curso de Matemática:

No meu caso, assim, era um sonho desde pequena, acho que por ter sido criada no interior, então tem as pessoas que chamam mais, que você idealiza, né? Idealiza no caso o professor. Eu tinha mais contato, foi criando, alimentando aquele sonho, né? Aí, no caso adulto, tive a opção assim de escolher entre o curso que queria na licenciatura e por ter mais facilidade, por me adaptar melhor, por gostar também da, da disciplina. Eu tanto gosto da licenciatura quanto da Matemática, uniu os dois e realmente foi uma escolha que até o momento não tem (sic) de que me reclamar (IMF-84).

Em convergência a estes resultados, diversas pesquisas conduzidas para

identificar os motivos pela escolha da carreira docente concluíram que o gosto pela

profissão ou pela área da educação é um dos aspectos mais relevantes para o

ingresso na carreira (BRASIL; GALVÃO, 2012; GOMES et al., 2012; LEME, 2012;

MOREIRA et al., 2012; NOGUEIRA; PEREIRA, 2010; NOGUEIRA; ALMEIDA;

QUEIROZ, 2011; RABELO, 2010a; 2010b).

Os resultados encontrados nesta pesquisa são também corroborados por

estudos conduzidos no Brasil nos anos 1960 (PEREIRA, 1967; GOUVEIA, 1970) e

1980 (MELLO, 2003). Apesar de terem sido realizados em outro contexto temporal,

Page 112: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

110

suas conclusões permanecem atuais e relevantes. Neste estudo, foram encontrados

resultados similares, isto é, o magistério como sacerdócio e doação, entre outras

motivações, em meio a valores patrimonialistas. Ressalte-se, porém, que a

atratividade do magistério no Brasil era muito maior à época que hoje.

Motivos de cunho econômico também surgiram nos grupos. Alguns

escolheram fazer a Licenciatura por ser o curso mais barato:

Meu primeiro critério foi o preço. Aí, depois sim, que aí veio como a Pedagogia trabalho e... tá que a maioria das vezes é com criança, mas, mas não só essa área, isso também me chamou muito a atenção. (IPF-118)

Estou fazendo pedagogia (...) porque é o curso mais em conta, e que cabe no meu orçamento. (IPF-125)

Segundo Tartuce, Nunes e Almeida (2010, p. 475), geralmente, a escolha do

curso de licenciatura ocorre “por descarte, por se tratar de cursos gratuitos ou

baratos, aligeirados, de fácil acesso e, portanto, viáveis não só do ponto de vista

econômico, mas também das exigências de natureza acadêmica”.

Outros escolheram o curso de formação de professores por acreditar que a

área docente oferece mais oportunidades de trabalho:

Então eu sei, eu, eu, tipo, tenho uma garantia desse curso, de que, quando eu terminar, eu vou ter meu emprego garantido (IMM-184).

Por enquanto, prefiro fazer pedagogia porque eu acredito que o País está com uma grande carência de professores (IPM-147).

A carência, quanto a profissionais na área de matemática, é enorme, sendo assim, as chances de obter emprego é maior (IMF-182).

Um entrevistado afirmou que o curso, para ele, seria uma estratégia de

trabalho, uma espécie de “estepe”, pois, como atuava em área diversa de sua

formação, teria duas possibilidades ocupacionais:

Trabalho com vendas, então depende de mim. Só que, ao mesmo tempo, eu não queria deixar de ter o curso superior. O meu emprego pode não dar certo amanhã. Às vezes, eu falo que tem muita gente formada que não tem emprego garantido, então procurei fazer um escape entre um e outro, e Matemática, que é uma facilidade que tenho e por ser três anos que é mais rápido, mais prático (IMM-175).

Possuo cargo público e o curso de matemática seria uma opção de emprego no tempo extra ao meu atual emprego (IMM-181).

Page 113: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

111

Rabelo (2010a) encontrou resultado semelhante em sua pesquisa, cujo

objetivo era compreender os motivos da escolha da docência em séries iniciais entre

professores do sexo masculino. Alguns professores pesquisados viam a profissão

como um “trampolim” para outras atividades ou como um segundo emprego. De fato,

a docência, muitas vezes, é percebida como “um campo profissional que tem espaço

para absorver os seus profissionais, campo que estaria de ‘portas abertas’, mesmo

em época de crise econômica, com altas taxas de desemprego, constituindo-se em

‘reduto de empregos” (MIRANDA, 2011, p. 75). Ao mesmo tempo, a profissão é vista

como “bico” ou “compasso de espera”, escolhida até que surjam melhores

oportunidades (BUENO; ENGE, 2004), o que dificulta a profissionalização.

Assim, os dados e a literatura sugerem que a profissão é escolhida não por

altas recompensas financeiras, mas pelo baixo custo do curso e pelas expectativas

de facilidade de ingresso no emprego e de relativa estabilidade. Tais atrativos

tendem a interessar menos as pessoas que almejam a excelência e altas posições e

mais as que buscam alternativas secundárias para a sua vida profissional, por

considerarem outras dificilmente atingíveis, pelas limitações inerentes ao seu status,

incluindo as possibilidades financeiras. Verifica-se, assim, o avesso da política de

outros países, que é, mediante incentivos, atrair para o magistério os jovens mais

promissores. Eles têm consciência do valor seminal da educação básica para formar

cidadãos e trabalhadores. Em outras palavras, concentram sua atenção nos

alicerces e não no telhado das casas.

Outro fator relevante para a escolha do curso foi a influência de alguém da

família ou de um professor que serviu de exemplo durante a vida escolar. O

magistério é uma ocupação com alto grau de exposição, desde a infância, o que

constitui uma vantagem no recrutamento de potenciais candidatos (GOUVEIA,

1970). Para Ferreira, Nascimento e Fontaine (2009), os professores desempenham

um papel de extrema importância no desenvolvimento vocacional de seus alunos.

Nas palavras das autoras:

O professor poderá ser uma das figuras cruciais na configuração de determinadas representações acerca da viabilidade/ desejabilidade de certos projetos para os alunos, podendo contribuir para que os alunos questionem os seus juízos acerca das opções que estão ao seu alcance no mundo das formações/ profissões ou façam da acessibilidade das alternativas formativas/ profissionais um critério primário na avaliação das oportunidades (p. 46).

Page 114: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

112

A família também pode representar uma grande influência na formação da

identidade ocupacional do indivíduo (ANDRADE, 1997; LEVENFUS, 1997; RAMOS;

LIMA, 1996; SANTOS, 2005), tanto no sentido de ajudar quanto de dificultar o

processo de escolha da futura profissão. Segundo Andrade (1997, p. 124), esta ação

pode ocorrer em duas dimensões: 1) contextual, que depende dos recursos

oferecidos e das limitações expostas; e 2) estrutural, quando “o nível de

determinação se dá pela influência, muitas vezes indireta e não explícita, da

ideologia familiar sobre os valores e conceitos ocupacionais”.

Em sua pesquisa com docentes do ensino médio, Giesta (2008) constatou

que a maioria dos pesquisados, ao decidir pela carreira do magistério, teve

influência dos pais ou de professores. Os estudantes de Licenciatura em Letras de

um campus da Universidade Federal do Amazonas, no Município de Humaitá,

pesquisados por Fernandes (2011), também revelaram influência para escolha do

curso, especialmente de pais, professores e amigos.

Os pesquisados do curso de Pedagogia observaram, ainda, que o curso

mudou seu senso crítico e até mesmo sua visão acerca do próprio curso. Muitos

deles revelaram ter preconceito e discriminação em relação à formação, mas, após o

ingresso no curso, perceberam que sua visão acerca dele era reducionista e, ainda,

mudaram sua forma de pensar, como nas falas dessas três participantes:

Eu não sei se é porque o professor, ele é desvalorizado, as pessoas acham que é curso simplezinho de fazer, que não tem nada de complicado, que você faz do jeito que der... Você entrou, você passou. E assim, depois que você tá ali dentro, você acaba percebendo que não é dessa forma, você tem que lutar pra poder conseguir. (...) Superou mesmo as expectativas que eu tinha com relação a esse curso e... a minha visão, né? Pelo dito senso comum e a minha visão hoje é completamente outra (IPF-29).

Eu, eu tinha discriminação desse curso também, entendeu? Como todo mundo tem e eu entrei no curso só pra poder fazer/ montar a minha escolinha mesmo. E entrei com uma cabeça e vou sair totalmente com outra por causa que eu tô adorando o curso (IPF-3).

Quando eu entrei no curso, eu achei que não era tanta matéria assim, tanta coisa assim, coisa assim da área da Pedagogia. Eu achei que era mais... ah, vamos aprender só a lidar com criancinha, mas assim as matérias, as aulas vão além do que a gente esperava (IPF-24).

Ademais, especialmente entre os estudantes de Pedagogia, verificou-se que

esta não foi a primeira opção de curso. Uma começou Administração, mas não

gostou; outra começou o curso de Direito e não se identificou; outra decidiu fazer o

Page 115: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

113

curso de Pedagogia em detrimento do curso de Enfermagem; outra queria fazer

História, entre vários estudantes:

Na verdade, queria ser engenheiro civil, mas, como somente eu trabalho em casa e tenho que bancar meu curso, optei por fazer matemática, acho que terá no futuro salários melhores para esta classe sofrida (IMM-159).

Pretendo concluir o curso de pedagogia, trabalhar com EJA e, assim que tiver mais condições, pretendo fazer psicologia (IPF-42).

Pois tive a possibilidade da bolsa, eu queria fazer biologia, mas estou adorando (IPF-55).

A perspectiva desses licenciandos parece confirmar a hipótese da

autosseleção na escolha do curso superior, isto é, os estudantes se antecipam à

seleção formal e escolhem cursos compatíveis com suas características

socioeconômicas e acadêmicas (NOGUEIRA, 2012; NOGUEIRA; ALMEIDA;

QUEIROZ, 2011; NOGUEIRA; PEREIRA, 2010; PAUL; SILVA, 1998). Essa seleção

ocorre a partir de uma estimativa a priori de sua capacidade comparada à dos

demais candidatos e do nível de competição no acesso a cada uma das carreiras

(autosseleção acadêmica), além da autosseleção com base em suas características

socioeconômicas e também de gênero dos candidatos. Para Bueno e Enge (2004),

os alunos, especialmente aqueles de origem social inferior, buscam cursos menos

concorridos, mesmo que não se constituam sua principal escolha.

Na pesquisa realizada por Vasconcelos e Lima (2010) com licenciandos em

Biologia, 69,4% dos pesquisados que ingressaram na instituição por processo

seletivo optaram pela licenciatura como segunda opção, pois não conseguiram

ingressar no curso que queriam: Medicina (38,8%), Odontologia (14,1%), Farmácia

(8,5%) e Biomedicina (8,5%). No estudo de Moreira (2012), 56,0% da amostra de

ingressantes no curso de Licenciatura em Matemática já haviam prestado vestibular

para outro curso, sendo que aproximadamente a metade deles foi reprovada, tendo

mudado o rumo em direção à licenciatura em matemática. Isto sugere que este

curso foi uma segunda opção, pois a primeira não foi alcançada. Estes resultados

confirmam a perspectiva de Valle (2006), segundo a qual a escolha da docência

como carreira profissional pode resultar da impossibilidade de o jovem concretizar

seus desejos de atuar em outra carreira para a qual realmente teria vocação.

Também emergiram dos grupos pesquisados os motivos credencialistas.

Segundo a teoria do credencialismo, com base na perspectiva weberiana, ao

Page 116: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

114

contrário das versões mais ortodoxas da teoria do capital humano, o diploma seria

uma distinção sociocultural para selecionar pessoas para o trabalho, independente

de preparo específico, não levando necessariamente a um aumento da

produtividade do seu portador (COLLINS, 1979). Neste sentido, a credencial faz

parte de um processo de poder, pelo qual a seleção se faz menos pela competência

que por uma espécie de “sangue azul” para o pertencimento à burocracia. Mais

ainda, o diploma seria exigido em função de grupos de interesse que, sendo deles

portadores, os exigiriam para quaisquer novos ingressantes, no sentido weberiano,

apenas para contar com um diploma de educação superior:

Essa não é minha carreira, mas a carreira que eu quero seguir precisa de um nível superior... Eu quero ser polícia. Que aí precisa de um nível superior, né? Ai eu tô aqui (IPF-130).

Escolhi o curso não por querer ser professora, mas por querer conseguir uma atividade no serviço público (IPF-38).

No que tange aos fatores de atratividade e rejeição da profissão de professor,

o primeiro aspecto que chama a atenção é a dicotomia presente no discurso dos

participantes sobre a valorização social da docência: ora mencionam como aspecto

positivo, ora criticam a falta da mesma. Por um lado, reconhecem a importância do

professor na sociedade e o enaltecem por isso, como na fala desta licencianda:

O professor, ele forma médico, ele forma advogado, ele forma tudo, entendeu? (IPF-2)

Por outro, questionam a desvalorização social da profissão, frequentemente

associada a baixos salários e condições precárias de trabalho. O próprio ingresso no

curso modificou a visão de alguns estudantes em relação à profissão:

Eu comecei a valorizar mais, uma visão de valorizar mais o docente... todo mundo aqui sabe, o professor é muito desvalorizado (IPF-15).

Outro aspecto positivo da profissão identificado pelos grupos foi a

aprendizagem recíproca, ou o que Pimenta e Anastasiou (2005, p. 205) chamaram

de “ensinagem”, processo no qual a “ação de ensinar é definida na relação com a

ação de aprender, pois, para além da meta que revela a intencionalidade, o ensino

desencadeia necessariamente a ação de aprender”. Para os participantes, o

magistério é uma profissão que permite e exige um aprendizado contínuo. Além

disso, há também a gratificação emocional, como na fala desta participante:

Page 117: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

115

Eu acho que atraente é ... você... tipo assim, meio que você estar transmitindo pra criança, ela estar conseguindo aprender (IPF-35).

Outra participante manifesta seus estímulos para permanecer na profissão:

Quando você chega lá e vê a carinha deles, eles te abraçando, falam um monte de coisa, por mais assim que você tá sentindo assim um lixo, vixi, eles te colocam lá em cima (IMF-155).

Também ficou evidente na fala dos participantes, especialmente do curso de

Pedagogia, a representação do magistério como “extensão da maternidade”, a

identificação da docência com a relação mãe-filho, caracterizada pela troca afetiva.

Os depoimentos a seguir ilustram esta perspectiva:

(...) Vamos dizer como futuramente mãe, porque Pedagogia pode-se dizer que é uma aula pra ser mãe, com certeza, né? (IPF-118)

É, por mais que a gente tem filho, a gente acha que aquilo lá às vezes é birra, tudo é normal, entendeu? E você estudando realmente, né? Você vê que não é. Cada fase tem sua fase, né? Como você tem que ensinar. A gente aprende muita coisa, até como lidar em casa mesmo (IPF-3).

Eu tiro muito ponto positivo da faculdade hoje, justamente por isso, porque tinha coisas que eu não sabia que uma criança passava, coisas que ela passava ali e que hoje eu vivo, eu já vivi isso com meu filho mais velho e hoje estou vivendo, e é uma visão completamente ao contrário... porque ele passou de uma fase que eu achava que aquilo ali era uma outra coisa e hoje eu vejo que não é isso, não é dessa forma (IPF-29).

Para Almeida (1998) e Vidal e Carvalho (2001), a história da feminização dos

cursos de formação de professores e da própria profissão tem início na época em

que a única forma de a mulher transitar entre o espaço público e o doméstico era por

meio do papel de educadora, afinal, a tarefa de ensinar a humanidade e formar

cidadãos cabia tanto à mãe como à professora. Pelos depoimentos dos

ingressantes, nota-se que esta visão permanece arraigada nos dias de hoje. No

entanto, essas representações “acabam por desvalorizar a profissão docente, já que

essa parece uma prolongação do lar e da função de ser mãe” (COSTA; RIBEIRO,

2011, p. 482). Para Arce (2001), a atribuição de características maternas ao

magistério gera consequências que associam a educação infantil ao amadorismo, ao

vale-tudo e à improvisação.

Por sua vez, os aspectos negativos da profissão aparecem com mais

frequência, além de serem mais numerosos. Como em várias pesquisas anteriores

Page 118: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

116

(BRANDÃO, 2012; ENS; EYNG; GISI, 2009; LEME, 2012; LIMA; SICCA; DAVID,

2012; LUNKES; ROCHA FILHO, 2011; OLIVEIRA et al., 2011; TARTUCE; NUNES;

ALMEIDA, 2010; VALLE, 2006), que revelaram os baixos salários e a desvalorização

social como os principais motivos de insatisfação com a carreira docente, estes

também foram os fatores de rejeição predominantes citados pelos participantes da

pesquisa.

A questão da desvalorização social, de certa forma relacionada aos salários

recebidos pelos docentes, também foi um dos fatores associados de forma negativa

à profissão e ao próprio curso de formação de professores, como evidenciado na

fala desta participante:

(...) A desvalorização do professor faz com que ela não, não seja uma carreira atrativa; e a gente vê isso, né? Na rua que é um curso mesmo que não é tão valorizado. Quando você vê outras profissões, parece que todo mundo tem seu determinado valor. Quando fala que ‘ah, tá fazendo um curso de pedagogia’, eles simplesmente olham pra você com desprezo... (IPF-689).

Uma das licenciandas manifestou sua indignação com a desvalorização do

curso e com o preconceito dos estudantes, ao contar o que havia ouvido nos

corredores da instituição:

Um dia desses a gente pegou um moço falando no telefone com a esposa dele e ele falava o seguinte horrorizado, porque ela queria fazer um curso de pedagogia, e ele falou: “se você quer fazer isso, é melhor você pegar as roupas e ir lavar” (IPF-29).

Por outro lado, muitas vezes sem perceber, eles mesmos manifestam seus

preconceitos e menosprezo ao curso que estão fazendo. Por exemplo, a estudante

que declarou não ter condições de fazer um “curso melhor”, como se o curso de

formação de professores fosse ruim:

Eu tô fazendo o curso de licenciatura porque gosto, mas também porque eu não tenho condições ainda de um curso melhor, mas acredito que tô indo bem, pois quero ser professor e me dedicar aos estudos de Direito (IPF-13).

Os participantes, em unanimidade, mencionaram as recompensas, financeiras

ou não (como plano de saúde e vale alimentação), como pontos negativos da

profissão. Devido aos baixos salários, há necessidade de complementar a renda,

seja em outra atividade profissional ou com o aumento da carga horária.

Page 119: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

117

Diretamente ligadas à questão de remuneração, foram mencionadas as condições

de trabalho, especificamente o alto número de alunos por turma, o acúmulo de

cargos e a grande quantidade de horas de trabalho. Barbosa (2011) explica que a

profissão docente exige muitas horas de trabalho (o que é diferente de horas de

ensino - estas exclusivas ao âmbito da sala de aula), pois não se limita à sala de

aula, mas envolve também o espaço privado para tarefas como preparação de aula,

planejamento, correção de trabalhos, elaboração de provas etc.

O mal-estar docente, especialmente o estresse e os problemas de saúde

decorrentes do trabalho do professor, foi mais um fator de rejeição à carreira do

magistério. Na pesquisa de Jesus e colaboradores (1992), no contexto português,

em uma amostra com 151 professores do 2º. e 3º. ciclos do ensino básico e do

ensino secundário, os fatores que mais contribuíram para o mal-estar docente foram

aqueles relacionados à sobrecarga e à falta de controle das tarefas, seguidos da

relação com os pares. A declaração desta estudante, participante da pesquisa,

demonstra sua inquietação com os desgastes causados pela profissão:

Pra poder seguir a carreira mesmo, que é muito desgaste, né? Pra quem começa ainda muito cedo, quando vai chegando/ a idade vem chegando, já não aguenta mais. Por isso que o GDF já tem um pessoal aposentado, tá tudo parado (IPF-130).

Também emergiu como ponto negativo da profissão em um dos grupos a

questão da violência escolar, tanto entre os alunos, quanto contra os professores:

A violência hoje em dia entre os alunos e contra os professores, isso acaba desmotivando muito assim os que realmente quer crescer nessa área, quer dar aula, porque a gente vê hoje em dia os noticiários que uma criança de dez anos atacou uma professora, entendeu? Acho que isso acaba desmotivando muito a gente (IPF-2).

Os licenciandos pesquisados por Gomes e Pereira (2009) também

manifestaram preocupação com a violência escolar, bem como com a falta de

preparo para lidar com ela.

A ausência dos pais na formação dos filhos e a culpabilização do professor e

da escola pelos problemas da educação também tiveram espaço na discussão sobre

os fatores que afastam os estudantes da perspectiva de ingresso na carreira, “pois a

educação é vista cada vez mais como um remédio para os problemas da sociedade

Page 120: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

118

assalariada e as transformações da economia” (TARDIF; LESSARD, 2009, p. 282).

Os participantes demonstraram preocupação com a responsabilidade de cuidar das

crianças:

Os pais hoje em dia, eles acham que a escola tem que fazer o papel deles: é educar, corrigir e tudo. Só que não é bem assim, porque eles não dão o direito de corrigir a criança em si. Então, é por isso que acho que acontece muito essa violência, porque os pais não participam da educação na escola. (IPF-3).

Em suma, os dados sobre os motivos que levaram os ingressantes a escolher

o curso de licenciatura foram, então, categorizados nos seguintes fatores:

1) Credencialistas, ou seja, o ingresso no curso está vinculado à obtenção do

diploma de nível superior.

2) Humanitários/ assistencialistas, tanto pelo prazer em transmitir o

conhecimento, ver a criança aprender (gratificação emocional), quanto

pelo desejo de transformar a sociedade.

3) Econômicos, por ser o curso mais barato, por oferecer mais oportunidades

de trabalho ou mesmo como estratégia de trabalho, para ter uma outra

profissão.

4) Influência, seja de amigos, familiares ou professores durante a vida

escolar.

5) Idealização, no caso daqueles que sempre quiseram ser professores.

6) Identificação/ gosto, seja por crianças, pelo ato de lecionar ou pela

disciplina.

Os fatores de atratividade do magistério identificados no cerne dos

ingressantes foram os seguintes:

1) Gratificação emocional.

2) Aprendizagem recíproca (“ensinagem”).

3) Demanda profissional.

4) Valorização profissional.

Os fatores de rejeição da profissão, bem mais numerosos, foram os

elencados a seguir:

Page 121: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

119

1) Recompensas (financeiras e não-financeiras), que leva à necessidade de

complementação de renda.

2) Desvalorização social.

3) Mal-estar docente, relacionado ao estresse e à saúde do professor.

4) Violência nas escolas, tanto entre alunos quanto contra o professor.

5) Divergência entre o “ideal” e o “real”.

6) Trabalho, a saber: turmas numerosas, grande quantidade de horas de

trabalho e acúmulo de cargos.

7) Ausência dos pais na formação dos filhos.

Categoricamente, verificou-se que grande parte dos fatores de atratividade

do magistério foram aqueles intrínsecos à profissão (gratificação emocional,

aprendizagem recíproca), enquanto os fatores de rejeição foram majoritariamente

extrínsecos a ela, tais como recompensas, valorização social, carga de trabalho,

violências escolares, mal-estar, entre outros. Desse modo, os resultados

encontrados corroboram a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg (TRIGO-SANTOS,

1996; MELLO, 2003), segundo a qual os fatores de satisfação profissional são

intrínsecos ao trabalho (eficiência no desenvolvimento do trabalho, reconhecimento,

realização, responsabilidade, progressão na carreira). Já os fatores de insatisfação

são extrínsecos ao trabalho e incluem salário, estatuto social, medidas políticas,

condições técnicas de trabalho, relações interpessoais (com colegas, superiores ou

pessoal subordinado), segurança, supervisão e vida pessoal.

Os participantes da pesquisa têm amplo conhecimento dos fatores negativos

do magistério logo no início do curso. Portanto, escolheram de forma consciente e,

ainda assim, se matricularam. Os dados sugerem que o magistério é uma opção

residual para estes estudantes. Podem ser os que ainda têm motivações

alternativas, como o relacionamento humano, especialmente com crianças,

enquanto outros, inspirados por motivações das carreiras mais competitivas e

recompensadas, buscam outros caminhos. Ora, como poderá um país aspirar à

educação de qualidade se os seus futuros educadores são os que optaram por não

considerarem acessível outro caminho?

Page 122: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

120

4.3 OS CONCLUINTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO

Assim como no caso dos ingressantes, também foram traçados os perfis

socioeconômicos e culturais de um grupo de concluintes dos cursos de Licenciatura

e de Direito, além de verificadas suas percepções dos cursos em que se formariam.

Foram 117 respondentes, dos quais 62 (53,0%) eram de Pedagogia; 13

(11,1%), de Matemática e 42 (35,9%), de Direito. Os dados serão apresentados por

modalidade, de forma que 75 (64,1%) eram concluintes de Licenciatura e 42 (35,9%)

de Bacharelado. Quanto ao turno, 70,7% dos respondentes de Direito e 62,7% dos

licenciandos declararam ter feito a maior parte do curso no período noturno,

proporção superior à encontrada no grupo dos ingressantes, em que 55,7% dos

alunos de Direito e 64,0% dos licenciandos estudavam à noite. Esses dados são

congruentes com os dados brasileiros de matrículas (INSTITUTO NACIONAL DE

ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2013a). No ano de

2013, quase dois em cada três estudantes estavam matriculados em curso noturno.

Na categoria administrativa de faculdades, essa proporção era ainda maior: 78,6%

dos estudantes faziam curso no período da noite, isto é, quase quatro para cada

cinco.

São amplamente conhecidos os problemas e dificuldades encontrados pelos

estudantes do turno noturno em sua formação. As condições inadequadas de

trânsito, transporte, segurança e também as questões trabalhistas comprometem a

pontualidade dos estudantes à instituição de ensino, inclusive com perdas de aulas e

de provas (TERRIBILI FILHO, 2007; TERRIBILI FILHO; RAPHAEL, 2009). Na visão

dos estudantes pesquisados por Terribili Filho (2007), esses aspectos afetam as

atividades de ensino, aprendizagem, pesquisa e socialização na instituição.

Conforme Spósito e colaboradores (1989, p. 115), a educação superior é, para o

estudante-trabalhador, uma importante oportunidade de “reapropriação de um saber

gradativamente expropriado ao longo da escolaridade e lhe permite uma relação

diferente com o processo de conhecimento e com a sua prática no mundo do

trabalho”. Nas palavras de Zago (2006, p. 235), “o tempo investido no trabalho como

forma de sobrevivência impõe, em vários casos, limites acadêmicos”.

Page 123: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

121

Quanto ao gênero, o curso de Direito demonstrou uma distribuição

equilibrada, com 47,6% de mulheres e 52,4% de homens, diferente dos

ingressantes, em que a maioria era do gênero feminino. Já nos cursos de

Licenciatura, a proporção de mulheres, conforme a expectativa de uma profissão

amplamente feminina, foi elevada: 89,3% eram mulheres, enquanto 10,7% eram

homens. Segundo Almeida (1998), a feminização da profissão do magistério desde o

final do século XIX trouxe também a feminização dos cursos de formação de

professores, de modo que não é possível afirmar qual deles teve início

primeiramente. Para Louro (2011), esse processo pode ser atribuído à urbanização

e industrialização, que aumentaram as oportunidades de trabalho para os homens.

Ao mesmo tempo, a docência passava a ser associada a características femininas,

isto é, uma atividade de amor, entrega, paciência, doação e esse discurso justificava

o abandono da profissão pelos homens.

Em relação à idade, a média dos concluintes de Licenciatura foi de 29,68

anos (DP=8,13), variando de 20 a 62 anos, não muito diferente da média etária dos

respondentes de Direito, que foi de 30,27 anos (DP=7,159), com idade mínima de 22

anos e máxima de 48. A proporção dos estudantes pesquisados em idade adequada

para a educação superior foi maior entre os estudantes de Licenciatura (35,2%) do

que de Direito (29,7%). Quando esses dados são comparados aos nacionais,

verifica-se uma grande vantagem dos alunos da IES pesquisada, explicadas talvez

pelas características diferenciadas do Distrito Federal. No ano de 2012, apenas

15,1% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos frequentavam a

educação superior (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,

2013).

Assim como verificado no grupo de respondentes ingressantes, também foi

observada grande quantidade de respondentes do curso de Direito com outra

graduação: 20,0%. Diferentemente dos ingressantes, observa-se uma quantidade

bem menor de estudantes com Licenciatura cursando Direito, conforme apresentado

na tabela 17. Nas licenciaturas, somente 2,9% declararam já ter outro curso de nível

superior.

Page 124: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

122

Tabela 17 - Quantidade de concluintes de Direito com graduação, por curso concluído Curso Quantidade

Administração 1

Filosofia 1

Economia 1

Teologia 1

Tecnologia em Segurança 1

Ciências Contábeis 1

Letras: Espanhol 1

TOTAL 7 Fonte: Pesquisa de campo (2013).

O estudo de Setton (2003) diverge desses resultados, visto que a quantidade

de estudantes que já possuíam diploma de curso superior era bem maior entre os

cursos populares (em especial Filosofia) do que nos cursos seletos. Entre as razões

levantadas pela pesquisadora, estavam “a necessidade de se destacarem no

mercado com um conhecimento diferenciado, a necessidade de abertura intelectual

e o puro diletantismo” (p. 105). Caberia uma nova pesquisa para averiguar por que

motivos tantos estudantes buscaram uma segunda graduação, ingressando no curso

de Direito, visto que já eram portadores de diplomas de curso superior. Algumas

suposições podem ser levantadas: 1) Desejo de redirecionamento de carreira; 2)

Complementação da primeira formação; 3) Curso como base para a realização de

concurso público.

Em ambos os grupos, verificou-se maior concentração de nascidos no Distrito

Federal que em outras Unidades da Federação: 68,6% dos respondentes de Direito

e 68,1% dos licenciandos. Os estudantes naturais de Estados da Região Nordeste

também foram bastante expressivos: 20,1% no grupo de Direito e 18,2% entre os

futuros professores, indicando uma característica do Distrito Federal, que, desde sua

fundação, recebe migrantes de todo o país.

Com respeito ao estado civil dos participantes, verificou-se a predominância

de solteiros em ambos os grupos, embora em proporção bem maior entre os futuros

bacharéis. No caso de Direito, 61,9% eram solteiros, 23,8% casados, 7,1%

separados, desquitados ou divorciados e 7,1%, outros. Nas licenciaturas, 46,6% se

declararam solteiros, 45,2% casados, 5,5% separados, desquitados ou divorciados e

2,7%, outros.

Page 125: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

123

Em referência à quantidade de irmãos, 45,3% dos licenciandos declararam ter

quatro ou mais. No grupo de Direito, a maior quantidade de respostas concentrou-se

em dois (31,0%) e em quatro ou mais irmãos (31,0%). Curiosamente, 61,9% dos

respondentes de Direito e 49,3% de Licenciatura não tinham filhos, demonstrando o

adiamento da maternidade/ paternidade, considerada ainda a idade média dos

pesquisados. Um percentual menor (4,8% em Direito e 9,3% em Licenciatura)

declarou ter acima de três filhos, evidenciando a tendência nacional de redução da

taxa de natalidade. De acordo com Castells (1999), esta situação pode estar

relacionada às transformações na ordem global que abalam a privacidade e a

sociabilidade e fazem surgir novos movimentos de ordem familiar.

Quanto à cor, a representação foi muito semelhante entre os grupos

pesquisados. Declararam-se brancos 50,0% dos concluintes de Direito e 50,7% dos

de Pedagogia e Matemática. Esses resultados são semelhantes aos encontrados

por Ristoff (2014). A partir dos dados oriundos do questionário socioeconômico

aplicado aos estudantes participantes do Exame Nacional de Desempenho dos

Estudantes (ENADE), o autor analisou, entre outras, a variável “cor dos estudantes”

e concluiu que o campus não reflete a sociedade brasileira, visto que a proporção de

brancos na educação superior é cerca de 20,0% superior à proporção de brancos na

sociedade, representados por 48,0% da população. Na pesquisa com os

concluintes, a representação dos brancos era ligeiramente superior à da sociedade.

Já os pretos, representados por 8,0% da população brasileira, tiveram

proporção superior à da sociedade em 16 cursos, geralmente de licenciatura e de

baixa demanda. Os cursos mais concorridos, por sua vez, tiveram menores

percentuais de pretos. Na presente pesquisa, não foi observada diferença na

proporção de negros entre os grupos pesquisados, visto que se declararam negros

17,3% dos estudantes dos cursos de formação de professores e 16,7% dos

graduandos em Direito. No grupo de ingressantes, a representação de negros era

um pouco inferior: 11,8% dos licenciandos e 9,7% dos alunos de Direito.

Segundo Ristoff (2014), as maiores divergências entre o campus e a

sociedade estão entre os pardos, pois este grupo, que representa 43,0% da

população do país, estava sub-representado em todos os cursos de graduação.

Assim também ocorreu no contexto da pesquisa com os concluintes. Consideraram-

se pardos ou mulatos 33,3% dos de Direito e 30,7% dos licenciandos. Por sua vez,

Page 126: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

124

46,2% dos ingressantes de Licenciatura e 40,3% dos de Direito se declararam

pardos/mulatos, superando os primeiros a proporção de pessoas desta cor na

sociedade brasileira.

No momento da aplicação do questionário (março de 2013), 50,7% dos

licenciandos e 42,5% dos respondentes de Direito moravam com cônjuge e(ou)

filhos. Residiam com os pais e(ou) outros parentes 41,3% dos concluintes de

Licenciatura e 47,5% dos futuros bacharéis. Diferente dos concluintes, a maioria dos

ingressantes de ambos os cursos morava com os pais e(ou) outros parentes. Em

complemento a essa questão, verificou-se que 36,0% dos licenciandos e 40,0% dos

concluintes de Direito habitavam com três ou quatro membros da família, enquanto

29,3% do primeiro grupo e 37,5% do segundo moravam com um ou dois. Mais de

15,0% nos dois grupos domiciliavam-se com mais de cinco pessoas da família.

O estudo de Ristoff (2014), mencionado anteriormente, também verificou a

questão sobre renda familiar dos estudantes de graduação, comparando com o fato

de que apenas 7,0% das famílias no Brasil têm renda mensal superior a 10 salários

mínimos, segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) de 2010. A maioria dos cursos estudados apresentava uma proporção bem

maior de estudantes cujas famílias recebiam mensalmente mais de 10 salários

mínimos. Esse grupo, no entanto, representava 5,0% entre os estudantes de

Pedagogia e 24,0% entre os de Direito. O autor concluiu, assim, que os estudantes

dos cursos de Medicina, Odontologia, Direito e Psicologia tinham maior renda que a

população do país e que o curso de Pedagogia recebia um percentual de estudantes

com alta renda inferior à quantidade de membros da sociedade brasileira que recebe

mensalmente acima de 10 salários mínimos.

Os resultados encontrados por esta pesquisa são semelhantes. Tinham renda

familiar mensal de mais de 10 até 20 salários mínimos 26,2% dos respondentes de

Direito e 8,5% dos de Licenciatura. Nenhum estudante de Licenciatura declarou

estar na faixa de mais de 20 até 30 salários mínimos, enquanto 2,4% dos alunos de

Direito marcaram esta alternativa. No outro extremo, 14,3% dos estudantes de

Direito e 47,9% dos licenciandos, ou seja, quase a metade dos futuros educadores,

estavam na faixa de até três salários mínimos. Situavam-se na faixa de mais de três

até dez salários mínimos 57,1% dos concluintes de Direito e 43,7% dos concluintes

de Licenciatura.

Page 127: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

125

Em relação à faixa econômica, assim como na pesquisa com ingressantes, foi

empregado o Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa. São atribuídos pontos para a existência e quantidade de

determinados itens domiciliares (televisão em cores, rádio, banheiro, automóvel,

empregada mensalista, máquina de lavar, videocassete e/ou DVD, geladeira e

freezer) e para o grau de escolaridade do chefe de família. A pontuação total gera,

então, os seguintes estratos de classificação econômica: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D

e E. No caso dos participantes que não responderam à questão sobre o grau de

escolaridade do pai, foi utilizada a escolaridade da mãe para o cálculo. O gráfico 5

apresenta a distribuição dos estudantes de cada grupo por faixa econômica.

Gráfico 5 - Distribuição dos concluintes por estrato econômico, por curso, em 2013

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

A partir da análise do gráfico 5, nota-se que os estudantes de Direito estavam

predominantemente classificados em estratos superiores aos alunos dos cursos de

formação de professores, o que também ocorreu entre os ingressantes. Enquanto a

maioria dos concluintes de Direito concentrou-se nos estratos B1 (25,6%) e B2

(48,7%), os estudantes de Licenciatura estavam majoritariamente agrupados entre

as faixas B2 (36,5%) e C1 (28,4%). Mesmo comparando grupos compostos por

diferentes pessoas, verifica-se uma tendência de o curso de Direito atrair pessoas

com status socioeconômico mais alto, confirmando a hipótese de que os cursos de

formação de professores atraem estudantes menos favorecidos, corroborando assim

2,6%

25,6%

48,7%

17,9%

5,1% 0,0% 0,0%0,0%

6,8% 12,2%

36,5% 28,4%

6,8% 9,5%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E

DIREITO

LICENCIATURAS

Page 128: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

126

pesquisas anteriores (DINIZ-PEREIRA, 2011; GATTI; BARRETO, 2009; LEME,

2012; LOUZANO et al, 2010; SOUZA, 2010; VAILLANT, 2004).

Também foi perguntado aos participantes qual era seu salário bruto mensal

no momento da pesquisa. Os dados devem ser analisados com cuidado, visto que o

questionário era identificado. Apesar da grande quantidade de ausência de

respostas (41,3% de licenciandos e 19,0% dos respondentes de Direito),

apresentam-se os resultados, a título de ilustração, na tabela 18.

Tabela 18 - Salários brutos dos concluintes (em R$) Direito Licenciaturas Média 3.429,85 1.448,55 Desvio padrão 2.981,75 1.161,51 Mediana 2.400,00 1.045,00 Moda 1.000,00 800,00 Mínimo 500,00 415,00 Máximo 15.000,00 6.000,00

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Em valores nominais.

Todas as medidas de tendência central apontam uma vantagem superior para

os estudantes de Direito no que tange à variável analisada, com diferença

significativa apontada pelo teste t de Student (t[76]=3,666; p=0,001). A média de

salário mensal do primeiro grupo era mais de duas vezes superior à do segundo.

Ressalta-se que o fato de o desvio padrão das respostas dos licenciandos ser menor

que o desvio padrão do outro grupo indica que as respostas foram mais

homogêneas entre os futuros professores. Esses dados são muito semelhantes aos

dados dos ingressantes pesquisados dois anos antes. Na ocasião, constatou-se que

os estudantes de Direito recebiam cerca de 200,0% mais que os futuros educadores.

O teste t de Student não revelou diferença significativa para a variável salário

bruto entre ingressantes (M=R$3.208,80; DP=R$3.389,31) e concluintes

(M=R$3.429,85; DP=R$2.981,74) do curso de Direito. Comparadas as médias dos

dois grupos e considerada a diferença de dois anos entre a aplicação dos

questionários aos ingressantes e concluintes, pode-se afirmar que a diferença

salarial não foi expressiva. Quanto aos estudantes dos cursos de formação de

professores, a média dos concluintes (M=R$1.448,55; DP=R$1.161,51) foi

levemente superior à dos ingressantes (M= R$1.073,21; DP=R$1.301,49) e também

não houve diferença significativa. Mais uma vez, reforça-se a necessidade de

Page 129: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

127

cuidado ao analisar os dados, uma vez que o questionário era identificado, além de

os grupos serem compostos por diferentes membros nas duas ocasiões.

Estudo anterior (SETTON, 2003) concluiu que, apesar de a maior parte dos

pesquisados que exerciam atividade remunerada serem alunos de cursos populares,

as maiores rendas estavam concentradas entre alunos de cursos seletos.

Em relação à situação econômica (tabela 19), observou-se grande dispersão

nos resultados dos dois grupos. Todavia, os resultados indicaram que os estudantes

de Direito tinham mais obrigações com o sustento da família e os de Licenciatura

recebiam mais ajuda familiar. Enquanto 25,4% dos licenciandos não trabalhavam e

tinham os gastos financiados pela família, apenas 7,3% dos respondentes de Direito

se encontravam nessa situação. Por outro lado, 22,0% do grupo de Direito declarou

trabalhar e ser o principal responsável pelo sustento da família, comparados a

apenas 9,0% dos licenciandos.

Tabela 19 - Situação econômica dos concluintes

Situação econômica Direito Licenciaturas

Frequência Percentual válido Frequência Percentual

válido Não trabalha e tem os gastos financiados pela família 3 7,3 17 25,4

Trabalha e recebe ajuda da família 12 29,3 15 22,4 Trabalha e se sustenta 8 19,5 11 16,4 Trabalha e contribui com o sustento da família 9 22,0 18 26,9

Trabalha e é o principal responsável pelo sustento da família 9 22,0 6 9,0

Total 41 100,0 67 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2013).

No entanto, quando questionados sobre a carga horária da atividade exercida,

a quantidade de respostas da alternativa “não trabalha” diminuiu consideravelmente,

demonstrando divergência nas respostas. A tabela 20 apresenta essas informações

e mostra que grande parte dos estudantes eram também trabalhadores, devendo

conciliar o tempo dos estudos com o trabalho, dado coerente com a grande

proporção de estudantes que fez a maior parte do curso no período noturno (70,7%

dos respondentes de Direito e 62,7% dos licenciandos). Segundo Paul e Silva

(1998), uma das condições para a escolha da carreira é a necessidade de o

estudante trabalhar durante os estudos, excluindo de suas possibilidades cursos que

exijam muitas horas de dedicação, em especial parte dos da área de Saúde.

Page 130: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

128

Tabela 20 - Carga horária da atividade exercida pelos concluintes

Carga horária da atividade exercida Direito Licenciaturas

Frequência Percentual válido Frequência Percentual

válido Não trabalha - 0,0 9 15,5 Trabalha eventualmente 1 2,7 1 1,7 Trabalha até 20 horas semanais 7 18,9 12 20,7 Trabalha mais de 20 e menos de 40 horas semanais 16 43,2 20 34,5

Trabalha em tempo integral – 40 horas ou mais 13 35,1 16 27,6

Total 37 100,0 58 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Quanto ao tipo de financiamento ou bolsa que recebeu durante a formação, a

alternativa com maior número de respostas foi “nenhum” (41,0% em Direito e 47,2%

nas Licenciaturas), ou seja, quase a metade dos concluintes financiou o curso com

os próprios meios. Apenas 6,9% dos licenciandos e 10,3% dos futuros bacharéis

declararam ter contratado o FIES. Segundo Pinto (2004), o FIES tem atendido,

proporcionalmente, mais os estudantes de cursos elitizados, como medicina e

odontologia, do que alunos de cursos mais populares, como pedagogia e

matemática. Sem o FIES, certamente vários estudantes não conseguiriam concluir

seus cursos (OLIVEIRA; CARNIELLI, 2010).

O Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas a

estudantes de graduação oriundos de escolas públicas de ensino médio ou privadas

na condição de bolsistas integrais, beneficiou 5,1% dos respondentes de Direito e

2,8% dos licenciandos com bolsas integrais e 25,6% do grupo de Direito e 5,6% de

Licenciaturas com bolsas parciais. Nota-se, assim, que há muito mais beneficiários

do Prouni entre os concluintes de Direito, o que nos leva a questionar se os

estudantes mais carentes escolhem o curso com mais alto prestígio social na

esperança de mudar sua situação. Salienta-se que, no grupo dos ingressantes, não

havia bolsista integral do Programa e os bolsistas parciais representavam apenas

1,2% dos alunos de Direito e 2,2% dos de Licenciatura. Nenhum concluinte de

Direito declarou ser beneficiário do Programa Bolsa Universitária, do Governo do

Distrito Federal. Por sua vez, 6,9% dos concluintes de Licenciatura receberam este

apoio. Assim, os dados sugerem que programas oficiais de bolsa ou de crédito

contemplam apenas uma minoria de estudantes, apesar de o status socioeconômico

de muitos deles ser modesto. Questiona-se, então, se estes programas de fato e em

Page 131: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

129

que medida têm contribuído para a expansão e democratização dos cursos de

graduação.

Ao discutir sobre equidade e democratização da educação superior, Dias

Sobrinho (2013, p. 117) afirma que “a crescente demanda por educação superior

tem resultado num grande incremento de matrículas e, obviamente, de tipos

diversificados de instituições”. O autor destaca que esse fenômeno da expansão dos

sistemas superiores corresponde a um projeto que busca diminuir as desigualdades

sociais. Este processo favorece tanto o indivíduo, que se beneficia da educação,

quanto a sociedade, que incorpora pessoas com maior capacidade de participação

na vida social, politica e econômica do país.

No que tange à escolaridade dos genitores, os dados revelam que 90,4% dos

estudantes de Direito e 89,6% dos de Licenciatura superaram a escolaridade dos

pais, caracterizando, assim, a mobilidade intergeracional. Este resultado é

confirmado pelo estudo de Ferreira e Lins e Silva (2015), em que quase a totalidade

dos licenciandos em Pedagogia da Universidade Federal do Pernambuco,

constituía-se na primeira geração a ingressar na educação superior. O depoimento

de uma concluinte do curso de Pedagogia demonstra a satisfação por ser a primeira

da família a alcançar a escolaridade superior:

(...) Estou feliz em estar realizando também um sonho de poder ser a primeira em toda minha família a entrar em um faculdade e me formar (CPF-236).

Esse fato pode também estar associado à grande expansão da educação

superior nos últimos anos, isto é, a geração anterior não tinha as mesmas

oportunidades (e por que não dizer exigências ocupacionais?) de fazer um curso

superior como a geração atual. A tabela 21 apresenta os dados da escolaridade dos

pais e das mães dos pesquisados. Mais uma vez, os resultados são análogos

àqueles encontrados na pesquisa com os ingressantes, o que pode apontar para

certa homogeneidade de alunado recebido pela instituição.

Page 132: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

130

Tabela 21 - Escolaridade dos pais dos concluintes (em %)

Escolaridade Direito Licenciaturas

Pais Mães Pais Mães Nenhuma escolaridade 9,5 7,1 13,2 8,0 Ensino Fundamental (1ª a 4ª série) 19,0 26,2 38,2 34,7 Ensino Fundamental (5ª a 8ª série) 21,4 11,9 10,3 17,3 Ensino Médio 40,5 38,1 27,9 33,3 Ensino Superior 4,8 11,9 8,8 2,7 Pós-graduação 4,8 4,8 1,5 4,0 Total 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Em relação aos dados sobre a conclusão do ensino médio, verificou-se que a

maioria (85,7% dos licenciandos e 84,2% dos concluintes de Direito) concluiu o

curso no Distrito Federal, todo em escola pública (81,3% dos licenciandos e 73,8%

dos concluintes de Direito), do tipo comum ou de educação geral, no ensino regular

(69,4% dos licenciandos e 85,4% dos concluintes de Direito) mais de sete anos

(41,9% dos licenciandos e 46,3% dos concluintes de Direito) ou entre três e sete

anos (40,5% dos licenciandos e 29,3% dos concluintes de Direito) antes do ingresso

no curso superior. A proporção de estudantes que concluiu o ensino médio e logo

iniciou os estudos superiores foi pequena (17,6% dos licenciandos e 24,4% dos

concluintes de Direito), podendo sugerir pausa nos estudos em virtude do trabalho.

A título de comparação, o estudo de Ristoff (2014) indicou que 89,0% dos

estudantes de Medicina e 75,0% dos estudantes de Odontologia no Brasil afirmaram

ter cursado todo o ensino médio ou a maior parte dele em escola privada. Em

contrapartida, os estudantes dos cursos de licenciatura e aqueles de baixa demanda

tinham sua origem majoritária em escolas da rede pública. Chamou a atenção o fato

de 16,7% dos concluintes de Licenciatura terem obtido o certificado de ensino médio

em curso de educação de jovens e adultos ou supletivo. No grupo de Direito, este

percentual foi de apenas 4,9%. Com base no estudo de Gomes, Carnielli e

Assunção (2004), questiona-se: esses estudantes, atendidos pela educação de

jovens e adultos, são alunos que abandonaram os estudos e, posteriormente, os

retomaram? Ou são alunos que se atrasaram em virtude de sucessivas reprovações

e/ou afastamentos por abandono e ultrapassaram os limites etários para conclusão

do ensino médio pelo ensino regular? Devido à falta de evidências empíricas

suficientes, estas são questões para outras pesquisas.

Page 133: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

131

Em primeiro lugar, foi questionado que quantidade de livros, excetuando-se

os escolares, foram lidos no ano anterior à pesquisa. No grupo de Direito, 35,7%

declararam ter lido no máximo dois e o mesmo percentual respondeu entre três e

cinco livros. No grupo dos licenciandos, 44,4% responderam ter lido no máximo dois

e 29,2% entre três e cinco.

Na perspectiva de Severino (2001, p. 77),

no ensino superior, ler e escrever são processos fundamentais e imprescindíveis. Ler para se dar conta dos sentidos acumulados da cultura humana, bem como para extrair ferramentas específicas para a produção de novos significados. Escrever para consolidar a apreensão dos significados já disponíveis, interagindo com eles, bem como para disponibilizar os novos significados aos demais sujeitos, viabilizando o diálogo comunicativo, e para registrá-los no acervo cultural a ser legado à humanidade futura.

As dificuldades com a leitura e a escrita, bem como a falta de domínio de

conhecimentos e habilidades básicos que serão objeto de ensino pelos futuros

professores, foram mencionadas por docentes de cursos de licenciatura,

especialmente de instituições privadas, na pesquisa realizada por André e

colaboradoras (2010). Marin e Giovanni (2007, p. 19) defendem que “a questão do

saber é central na escola, a define e deve, necessariamente, incluir o prazer de

estudar, o prazer de aprender, o prazer de ensinar, o prazer de ler, o prazer de

escrever”. De fato, com que autoridade um professor ensinará a seus futuros alunos

o prazer da leitura se eles mesmos não têm o hábito de ler? Kleiman (1999), ao

discutir sobre a formação de professores alfabetizadores, aborda a necessidade de

ampliação e diversificação das práticas de leitura e escrita por parte dos docentes, a

fim de que estes elaborem e desenvolvam projetos produtivos e contextualizados de

alfabetização.

Quanto ao tipo de livro que mais liam, observou-se grande diferença entre os

dois grupos. Os livros religiosos, incluindo a Bíblia e comentários, eram os mais lidos

pelos licenciandos (40,0%), enquanto os concluintes de Direito liam mais os livros

técnicos. É provável que a alta frequência de leitura de livros religiosos leve a

influenciar a atuação dos professores em sala de aula, no que se refere a valores,

atitudes e comportamentos. Aumentaria a tolerância, a compreensão das diferenças

e/ou o contrário? Seria devidamente compreendido e aplicado o conceito de Estado

laico, tal como constitucionalmente definido? Essa é mais uma questão para outras

Page 134: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

132

pesquisas. A tabela 22 disponibiliza a proporção de respostas para cada tipo de livro

mais lido pelos respondentes.

Tabela 22 - Tipo de livro que mais liam os concluintes (em %) Tipo de livro Direito Licenciaturas Obras literárias de ficção 23,8 33,8 Obras literárias de não-ficção 2,4 20,3 Livros técnicos 38,1 17,3 Livros de autoajuda 7,1 18,7 Livros religiosos (incluindo a Bíblia e comentários) 23,8 40,0 Outros tipos de livros 7,1 8,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

No que se refere à frequência de leitura de jornais, 36,4% do grupo de Direito

declararam ler apenas algumas vezes por semana, 34,1% liam diariamente; 18,8%,

raramente; 6,8% somente aos domingos e 4,0% nunca liam. Entre os licenciandos,

40,8% liam algumas vezes por semana; 23,9%, raramente; 15,8%, diariamente;

14,7%, somente aos domingos e 4,9% nunca liam.

A tabela 23 mostra que os assuntos mais lidos dos jornais pelos estudantes

de Direito eram política e(ou) economia, seguido de ciência, saúde e(ou) tecnologia.

Entre os licenciandos, os mais lidos eram ciência, saúde e(ou) tecnologia e cultura

e(ou)arte. Quando comparados os grupos, verifica-se que os estudantes dos cursos

de formação de professores declararam, em maior proporção que os de Direito,

lerem todos os assuntos dos jornais.

Tabela 23 - Assuntos mais lidos dos jornais pelos concluintes (em %) Direito Licenciaturas Política e(ou) economia 59,5 23,0 Ciência, saúde e(ou) tecnologia 31,7 41,9 Cultura e(ou) arte 22,0 40,5 Diversão e(ou) turismo 14,3 13,5 Esportes 19,0 6,8 Automóveis 14,3 2,7 Televisão 4,8 18,9 Todos os assuntos 11,9 25,7 Outros assuntos 2,4 1,3

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Page 135: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

133

No tocante ao meio que mais utilizavam para se manterem atualizados, a

tabela 24 apresenta os resultados por grupo de respondentes. Em ambos os grupos,

foi identificada a predominância da internet como meio de atualização, da mesma

forma que entre os ingressantes. Com exceção dos jornais, todos os outros meios

eram mais utilizados pelos licenciandos do que pelos futuros bacharéis.

Tabela 24 - Meios mais utilizados pelos concluintes para se manter atualizados (em %) Direito Licenciaturas Nenhum meio 0,0 1,3 Jornais 42,9 41,3 Revistas 14,3 24,0 TV 23,8 59,5 Rádio 16,7 18,7 Internet 73,8 78,4 Outros 2,4 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

É digna de nota a grande influência da televisão como meio de atualização

entre os licenciandos. Mais da metade dos futuros professores marcaram essa

alternativa. Setton (2004) afirma que, a despeito de a televisão ser uma das mídias

mais criticadas pelos analistas, as camadas mais desfavorecidas da sociedade têm

se apropriado desse meio como uma complementação à cultura e aos saberes

escolares. Nesse sentido, “as mídias e as empresas produtoras dos bens da cultura

seriam agentes preferenciais na constituição de referências culturais para a

construção das identidades grupais e individuais” (SETTON, 2010a, p. 33).

Em relação ao conhecimento da língua inglesa, em uma escala de um a

cinco, apesar de a média dos estudantes de Direito (M=2,17; DP=1,464) ter sido

superior à dos estudantes de Licenciatura (M=1,82; DP=1,254), não houve diferença

estatisticamente significativa entre os grupos, avaliada pelo teste t de Student. As

médias obtidas pelos ingressantes para este aspecto foi superior para ambos os

grupos. Para o conhecimento de língua espanhola, os resultados foram

semelhantes. O teste t de Student não revelou diferenças significativas entre os

grupos de Direito (M=1,81; DP=1,087) e de Licenciatura (M=1,63; DP=1,161).

Comparados aos ingressantes, a média dos concluintes de Direito foi inferior e dos

de Licenciatura, superior. Observa-se, no entanto, que as médias para

conhecimento de língua estrangeira foram muito baixas para os dois grupos. Estes

Page 136: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

134

resultados são semelhantes aos encontrados por Brito (2007), que analisou os

dados dos estudantes de Licenciatura que realizaram o Exame Nacional de

Desempenho do Estudante (ENADE) em 2005 e verificou que quase a metade dos

estudantes tinha conhecimento praticamente nulo de língua inglesa e de língua

espanhola.

Sobre as preferências artístico-culturais, a tabela 25 apresenta os resultados.

O cinema apareceu como o principal programa artístico-cultural nos dois grupos. E a

maioria das alternativas foi mais marcada pelos futuros professores do que pelos

concluintes de Direito. Em comparação aos ingressantes, todas as opções foram

mais marcadas pelos concluintes tanto de Licenciatura quanto de Direito, até mesmo

o cinema, a maior preferência, foi alternativa mais marcada pelos concluintes em

cerca de 10 pontos percentuais a mais que os ingressantes.

Tabela 25 - Preferências artístico-culturais dos concluintes (em %) Direito Licenciaturas Nenhuma 9,5 5,4 Cinema 69,0 80,0 Espetáculos teatrais 23,8 38,7 Shows musicais e/ou concertos 45,2 32,0 Dança 16,7 28,0 Outras 0,0 6,7

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Nas palavras de Britto e colaboradores (2008), trata-se do “novo aluno”,

aquele matriculado em instituições “periféricas”, cujas origens sociais são modestas,

que geralmente faz parte da primeira geração a ingressar em um curso de nível

superior, tem limitadas condições de estudo, acesso reduzido a bens intelectuais,

culturais e artísticos, busca majoritariamente qualificação para o mundo do trabalho.

Britto (2005, p. 107) supõe que parte desses estudantes “não desenvolveu

habilidades de estudo nem o domínio das formas prestigiosas de cultura”.

Setton (2004, 2005), por sua vez, propõe a desconstrução ou reconstrução do

conceito de capital cultural de Bourdieu. Para a autora, os meios de comunicação de

massa disseminam informações junto aos segmentos mais desfavorecidos da

sociedade, de modo informal e não-escolar, mas que produzem um conhecimento

Page 137: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

135

que, apesar de não legitimado, diferencia-se no sentido de possibilitar o acesso a

uma cultura e saber populares. Lahire (2006, p. 56) afirma que

De fato, existem, em nossas sociedades, duas maneiras de dominar culturalmente: dominar pelo nome e pela popularidade (por exemplo, canções, séries de TV, programas de diversões no rádio ou na TV, literatura ‘grande público’, etc.) e dominar pela raridade e pela nobreza (por exemplo, obras musicais, pictóricas, literárias, teatrais, etc.). A primeira cultura domina pela extensão de seu público e geralmente atravessa as classes e as condições; a segunda, que domina pela oficialidade e pelo prestígio que soube conquistar historicamente, é mais reservada àqueles que, por uma intensa educação familiar e por uma instigação escolar de longa duração, constituíram gostos mais raros e exigem uma boa dose de ascetismo e de pré-requisitos em termos de aquisição de conhecimentos para se distinguir da grande maioria dos indivíduos que vivem no mesmo espaço social.

Nessa direção, e com base nos resultados da pesquisa, é possível afirmar

que, aparentemente, a maioria dos estudantes pesquisados pratica uma cultura

dominada pelo nome e pela popularidade, consideradas as diferentes formas de

socialização desses indivíduos. Para Lahire (2006), as variações intra-individuais de

práticas e preferências culturais relativizam a teoria de legitimidade cultural.

Os docentes dessas instituições também têm o desafio de atuar nesse meio

mais desfavorável, visto que a transformação do perfil do aluno, em consequência

da democratização do acesso à educação superior, exige novas demandas do

trabalho docente. Nas palavras de André e colaboradoras (2010, p. 140), “os

formadores se encontram diante do dilema de formar esse ‘aluno possível’ para uma

‘docência possível’, nas situações concretas do trabalho nas escolas”. Por sua vez,

os professores da Educação Superior, em expansão, provavelmente não têm as

origens sociais e o capital cultural dos que os antecederam.

Quanto à frequência de utilização do computador, 59,5% dos estudantes de

Direito e 52,0% dos concluintes de licenciatura sempre utilizam, 38,1% do Direito e

41,3% dos licenciandos utilizam frequentemente e 2,4% do grupo de Direito e 6,7%

dos alunos de Licenciatura utilizam às vezes. Ressalta-se que 100,0% dos alunos de

Direito e 98,6% dos licenciandos declararam ter acesso à internet. Ademais, 89,0%

dos licenciandos e 87,8% dos alunos de Direito utilizavam banda larga. Esses

percentuais são maiores do que entre os alunos ingressantes dos mesmos cursos.

Na era da informação, o novo perfil dos futuros alunos desses futuros

professores deve ser considerado. Para Freitas (2010), o professor não é mais um

Page 138: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

136

mero transmissor de conhecimento, e o aluno também não é passivo como

antigamente. Hoje, ele leva para a escola suas descobertas feitas no mundo da

informação e cabe ao docente mediar e transformar essa informação em

conhecimento. Nas palavras da autora,

É importante que educadores (e eu me coloco nesse lugar) comecem a reconhecer que o aluno nativo digital tem um conhecimento específico que nós não temos: ele tem um letramento digital no sentido amplo, e não apenas um domínio técnico. Como falta ao professor o letramento digital e ele não reconhece esse letramento digital do aluno como conhecimento, mas como técnica, o professor também não se reconhece como um não-letrado digital (FREITAS, 2010, p. 348).

Quanto ao local de utilização do computador, a tabela 26 sintetiza os

resultados, mostrando que quase todos os respondentes utilizava o computador em

casa, mas, no trabalho, os alunos de Direito utilizavam mais que os licenciandos, e

na instituição de ensino e na lan house, os licenciandos usavam mais que os

estudantes de Direito. Cabe registrar que os concluintes utilizavam os computadores

na instituição de ensino bem mais que os ingressantes (34,7% dos respondentes de

Direito e 34,4% dos licenciandos), em especial os futuros educadores.

Tabela 26 - Locais onde os concluintes utilizavam o computador (em %) Local Direito Licenciaturas Em casa 97,6 94,7 No trabalho 78,6 41,3 Na instituição de ensino 47,6 70,7 Na lan house 2,4 6,7 Outros locais 4,8 4,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Acerca da finalidade do computador (tabela 27), em ambos os grupos,

observou-se como resposta predominante seu uso para fazer trabalhos escolares. A

máquina era mais utilizada pelos estudantes de Direito do que pelos licenciandos

para outros fins, como realizar operações bancárias, fazer compras eletrônicas e

fazer trabalhos profissionais, assim como identificado entre os ingressantes.

Page 139: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

137

Tabela 27 - Finalidades para utilização do computador pelos concluintes (em %) Finalidade Direito Licenciaturas Para entretenimento 81,0 70,7 Para fazer trabalhos escolares 95,2 96,0 Para fazer trabalhos profissionais 76,2 53,3 Para comunicação por e-mail 81,0 82,7 Para operações bancárias 54,8 20,0 Para compras eletrônicas 64,3 34,7 Outras finalidades 0,0 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Há uma grande quantidade de estudantes que usam a máquina para se

comunicar. Castells ratifica a ideia de

um novo sistema de redes de comunicação global e horizontal que, pela primeira vez na história, permite que as pessoas comuniquem umas com as outras sem utilizar os canais criados pelas instituições da sociedade para a comunicação socializante (1999, p. 24).

Quanto ao conhecimento de informática, o teste t de Student não revelou

diferença significativa entre os grupos, apesar de a média dos licenciandos (M=3,17;

DP=0,623) ter sido superior à dos estudantes de Direito (M=2,98; DP=0,474), na

escala de um a quatro. Entre os ingressantes, ocorreu o contrário: as médias dos

alunos de Direito foram maiores que as dos de Licenciatura.

Os quadros 4 e 5 apresentam uma síntese comparativa das características

predominantes observadas entre os concluintes e os ingressantes dos cursos de

Direito e os de Licenciatura.

Quadro 4 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes e concluintes do curso de Direito

Característica predominante Ingressantes Concluintes

Gênero Mulheres (55,7%) Homens (52,4%) Idade M= 27,0 anos M=30,27 anos Estado civil Solteiros (66,1%) Solteiros (61,9%) Cor da pele Brancos (45,5%) Brancos (50,0%) Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,6%) Pais e/ou outros parentes (47,5%) Quantidade de corresidentes Três ou quatro (38,5%) Três ou quatro (40,0%)

Quantidade de filhos Nenhum (65,7%) Nenhum (61,9%) Classificação econômica B2 (33,5) B2 (48,7%)

Renda mensal familiar De 3 a 10 salários mínimos (39,2%) De 3 a 10 salários mínimos (57,1%)

Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (31,9%)

Trabalha e recebe ajuda da família (29,3%)

Carga horária das atividades exercidas

Tempo integral – 40 horas ou mais (57,5%)

Entre 20 e 40 horas semanais (43,2%)

Page 140: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

138

Escolaridade dos pais Ensino médio (33,0%) Ensino médio (40,5%) Escolaridade das mães Ensino médio (39,8%) Ensino médio (38,1%) Bolsa ou Financiamento dos estudos Nenhum (72,2%) Nenhum (41,0%)

Tipo de escola onde concluiu o ensino médio Pública (73,3%) Pública (73,8%)

Modalidade do ensino médio Regular (62,5%) Regular (85,4%)

Conhecimento de língua inglesa (escala de 1 a 5)

M=2,30 M=2,17

Conhecimento de língua espanhola (escala de 1 a 5)

M=1,95 M=1,81

Conhecimento de informática (escala de 1 a 4)

M=3,17 M=2,98

Frequência de utilização do computador

Sempre (60,8%) Sempre (59,5%)

Acesso à internet Sim (97,2%) Sim (100,0%) Utilização de serviço de banda larga Sim (86,9%) Sim (87,8%)

Local de utilização do computador Em casa (94,9%) Em casa (97,6%)

Finalidade para utilização do computador

Realização de trabalhos escolares (89,8%)

Realização de trabalhos escolares (95,2%)

Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

Entre dois e cinco (42,4%) No máximo dois (35,7%) Entre três e cinco (35,7%)

Tipo de livro mais lido Obras literárias de ficção (33,0%) Livros técnicos (38,1%) Frequência de leitura de jornais

Algumas vezes por semana (36,4%)

Algumas vezes por semana (36,4%)

Assuntos mais lidos do jornal Política e/ou economia (42,6%) Política e/ou economia (59,5%)

Meio de atualização Internet (79,5%) Internet (73,8%) Preferência artístico-cultural Cinema (59,1%) Cinema (69,0%)

Quadro 5 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes e concluintes dos cursos de Licenciatura

Característica predominante Ingressantes Concluintes

Gênero Mulheres (87,2%) Mulheres (89,3%) Idade M=26,0 anos M=29,68 anos Estado civil Solteiros (65,1%) Solteiros (46,6%) Cor da pele Pardos/mulatos (46,2%) Brancos (50,7%) Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,2%) Cônjuge e/ou filhos (50,7%) Quantidade de corresidentes Três ou quatro (41,4%) Três ou quatro (36,0%)

Quantidade de filhos Nenhum (67,2%) Nenhum (49,3%) Classificação econômica B2 (32,8%) B2 (36,5%)

Page 141: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

139

Renda mensal familiar Até 3 salários mínimos (46,2%) Até 3 salários mínimos (47,9%)

Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (32,6%)

Trabalha e contribui com o sustento da família (26,9%)

Carga horária das atividades exercidas

Tempo integral – 40 horas ou mais (35,0%)

Entre 20 e 40 horas semanais (34,5%)

Escolaridade dos pais Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (37,6%)

Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (38,2%)

Escolaridade das mães Ensino médio (34,4%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (34,7%)

Bolsa ou Financiamento dos estudos Nenhum (45,7%) Nenhum (47,2%)

Tipo de escola onde concluiu o ensino médio Pública (86,0%) Pública (81,3%)

Modalidade do ensino médio Regular (74,7%) Regular (69,4%)

Conhecimento de língua inglesa (escala de 1 a 5)

M=1,92 M=1,82

Conhecimento de língua espanhola (escala de 1 a 5)

M=1,56 M=1,63

Conhecimento de informática (escala de 1 a 4)

M=2,97 M=3,17

Frequência de utilização do computador

Sempre (49,7%) Sempre (52,0%)

Acesso à internet Sim (95,2%) Sim (98,6%) Utilização de serviço de banda larga Sim (81,2%) Sim (89,0%)

Locais de utilização do computador Em casa (89,8%) Em casa (94,7%)

Finalidade para utilização do computador

Realização de trabalhos escolares (94,6%)

Realização de trabalhos escolares (96,0%)

Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

No máximo dois (44,4%) No máximo dois (44,4%)

Tipo de livro mais lido Obras literárias de ficção (39,2%) Livros religiosos (40,0%) Frequência de leitura de jornais

Algumas vezes por semana (40,8%)

Algumas vezes por semana (40,8%)

Assuntos mais lidos do jornal Cultura e/ou arte (39,8%) Ciência, saúde e/ou tecnologia

(41,9%) Meio de atualização Internet (80,6%) Internet (78,4%) Preferência artístico-cultural Cinema (68,8%) Cinema (80,0%)

Quando questionados sobre o desejo de serem docentes, 90,5% dos

licenciandos manifestaram essa vontade, 2,7% declararam não querer ser

professores e 6,8% responderam que ainda não se decidiram. No grupo de

ingressantes, um percentual bem maior estava indeciso (18,8%) e uma proporção

Page 142: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

140

inferior manifestou a vontade de ser professores (74,2%). É interessante que,

estando próximos de concluir o curso e provavelmente já tendo realizado os estágios

curriculares, proporção tão alta tenha confirmado suas expectativas de se tornarem

professores. Pouco mais da metade dos concluintes (54,8%) já teve experiência no

magistério, excetuando-se o estágio curricular. Entre os ingressantes, esse

percentual era de apenas 17,9%. Apesar de serem diferentes coortes, pode-se

supor que muitos estudantes tenham conseguido emprego como professores

durante a realização do curso.

O principal motivo que os levou a escolher a licenciatura foi por quererem ser

professores (56,2%). Entretanto, 13,7% optaram pelo curso por acreditar que há

possibilidade de obter emprego mais rapidamente, 11,0% porque não conseguiram

fazer o curso que realmente queriam e 11,0% porque tiveram um bom professor que

serviu de modelo. Apenas 2,7% responderam ter escolhido o curso para ter outra

opção se não conseguissem exercer outro tipo de atividade, 1,4% por influência da

família e 4,1% por outros motivos. Estes resultados reiteram pesquisas anteriores,

as quais também concluíram que o gosto ou a identificação com a profissão são os

principais motivos para ingresso no curso de formação de professores ou na própria

profissão (BUENO; ENGE, 2004; NOGUEIRA; ALMEIDA; QUEIROZ, 2011; GOMES

et al., 2012; LEME, 2012; MOREIRA et al., 2012; RABELO, 2010a; 2010b).

Quanto às expectativas profissionais, a maioria (63,4%) intencionava prestar

concurso para exercer atividade no serviço público, uma forte característica do

Distrito Federal, 18,3% já tinham trabalho na área e almejavam continuar nele,

14,1% trabalhavam em outra área, mas pretendiam buscar uma atividade na área do

curso que estavam fazendo. Apenas 1,4% aspiravam a trabalhar em empresa

privada e 2,8% ainda não haviam se decidido.

Sobre as expectativas profissionais dos alunos de Direito, 35,1% pretendiam

ser delegados de polícia; 18,9%, promotores; 16,2%, advogados forenses; 10,8%,

magistrados; 8,1%, procuradores. Alguns (2,7%) não haviam se decidido e os

demais (8,1%) queriam exercer outra ocupação. Quanto às expectativas

profissionais, 50,0% dos respondentes gostariam de prestar concurso para atividade

no serviço público, 25,0% trabalhavam em área diferente da formação, mas

pretendiam buscar atividade na área do curso, 20,0% já tinham trabalho na área e

pretendiam continuar nele. Apenas 2,5% tencionavam trabalhar em empresa privada

Page 143: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

141

e 2,5% não haviam se decidido. Então, as percepções sugerem que, para eles, a

educação superior valeu a pena, motivo porque esta continua a expandir-se.

Em relação ao principal motivo que os levou a escolher o curso de Direito,

40,5% revelaram ter identificação com a área, 21,4% pela possibilidade de

aprovação em concurso público, 16,7% por influência da família ou de amigos, 9,5%

porque os salários da área são mais altos. Somente 7,2% responderam ter escolhido

o curso pelo prestígio social oferecido, devido à maior quantidade de vagas para a

área no mundo do trabalho e para conhecer mais sobre seus próprios direitos. Por

fim, 4,8% declararam outros motivos.

Além de caracterizar o perfil socioeconômico e cultural dos concluintes, os

participantes da pesquisa fizeram uma avaliação dos cursos em que se formariam.

As médias dos dois grupos foram comparadas a partir do teste t de Student. Em

uma escala de zero a dez, foi questionado aos concluintes em que medida o curso

alterou as possibilidades de obter um emprego na área. Os alunos de Licenciatura

atribuíram notas ligeiramente superiores (M=8,08; DP=2,161) aos alunos de Direito

(M=8,02; DP=2,225). A moda das respostas dos licenciandos foi 10, enquanto a das

respostas dos estudantes de Direito foi 8. O teste t de Student não demonstrou

diferença entre os grupos. Atuar na área de formação remete à possibilidade de

aplicar e desenvolver as competências construídas durante o percurso acadêmico; significa realizar com maior segurança e autonomia as funções que competem à formação específica, logo, obtendo melhores resultados no trabalho, e, por extensão, a satisfação com o conquistado. (FELICETTI, 2012, p. 296).

A pesquisa de Setton (2003) com alunos de 12 cursos de graduação de uma

universidade pública, sendo seis classificados como seletos e seis como populares,

revelou que 44,4% dos veteranos pesquisados exerciam atividade relacionada com

o curso de formação.

Verificou-se, ainda, em que medida o curso alterou as possibilidades de obter

um emprego fora da área de formação. A média atribuída pelos estudantes de

Direito (M=6,69; DP=2,464) foi superior à média dos licenciandos (M=6,23;

DP=3,143) e não houve diferença significativa entre os grupos. Então, as

percepções sugerem que os cursos são profissionais, e não gerais, e tendem a

cumprir seu papel, afastando-se da tese do credencialismo (COLLINS, 1979).

Page 144: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

142

Interessante lembrar mais uma vez o estudo de Setton (2003), cujas

conclusões assinalaram que um em cada cinco veteranos pretendia se especializar

fora da área de formação, de forma a adquirir um auxílio profissional extra. Explica a

autora que, entre os possíveis motivos que possam explicar essa tendência estariam

“a abertura de horizontes de investigação, ou mesmo a capacidade de adaptação

destes a uma expansão das oportunidades de trabalho (...), além das incertezas e

reformulações constantes do mercado de trabalho” (p. 101).

Avaliou-se, ainda, o quanto o curso aumentou as possibilidades de o aluno se

comunicar oralmente. Os resultados demonstraram diferenças entre os grupos

(t[113]=3,250; p=0,002), em favor dos licenciandos (M=8,85; DP=1,163) quando

comparados aos concluintes de Direito (M=8,02; DP=1,538). A nota mínima dada

pelos alunos de Licenciatura foi 6, enquanto a mínima atribuída pelos concluintes de

Direito foi 5. Ambos os cursos têm em comum a comunicação oral como

necessidade para a formação do profissional. Tanto o professor quanto o advogado

precisam desta habilidade.

Quanto à relevância do curso para melhorar a competência de comunicação

escrita, o teste t de Student não revelou diferença entre os grupos, apesar de a

média atribuída pelos licenciandos (M=8,51; DP=1,473) ter sido ligeiramente

superior à dos estudantes de Direito (M=8,36; DP=1,462). Esta também é uma

habilidade necessária para os profissionais formados por esses dois cursos.

Pesquisas anteriores revelaram a dificuldade dos estudantes de educação superior

com a escrita (ANDRÉ et al., 2010; MARIN; GIOVANNI, 2007). Os concluintes

participantes deste estudo acreditaram que a formação foi capaz de melhorar sua

capacidade de comunicação escrita. Caberia pesquisar esta questão pela ótica dos

professores desses estudantes.

Em relação à capacidade de identificar problemas com clareza (dentro ou fora

de sua área), não houve diferenças estatísticas entre os estudantes de Licenciatura

(M=8,61; DP=1,226) e os de Direito (M=8,44; DP=1,534). No que tange à

capacidade de resolver problemas (dentro ou fora de sua área), o teste não

apresentou diferenças entre os grupos de Direito (M=8,26; DP=1,499) e de

Licenciatura (M=8,74; DP=1,135). A autoavaliação mostra que os dois grupos se

sentem capazes de resolver problemas (M>8). Então, em princípio os cursos de

graduação selecionados parecem ter conseguido desenvolver um conjunto de

Page 145: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

143

competências para a vida profissional, a resolução de problemas, em vez da

memorização de muitos conhecimentos. Detectar e resolver problemas são

características do analista simbólico, o profissional mais bem preparado para as

dificuldades do século, segundo Reich (1991).

Em referência à capacidade de trabalhar em equipe (dentro da área ou fora

dela), os resultados do teste t de Student indicaram diferença entre os grupos

(t[114]=2,601; p=0,011) em favor dos estudantes de Licenciatura (M=8,92;

DP=1,653), comparados aos de Direito (M=8,07; DP=1,745). Saber trabalhar em

equipe é um dos pressupostos básicos do mundo contemporâneo. De modo mais

amplo, trata-se de um dos pilares da educação: o aprender a conviver, proposto por

Delors e colaboradores (2012). Na percepção dos participantes da pesquisa,

verifica-se que os cursos de Licenciatura focaram mais no desenvolvimento dessa

habilidade do que os estudantes de Direito.

Ao analisar as Diretrizes Curriculares para os cursos de formação de

professores da educação básica, instituídas pela Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de

fevereiro de 2002 (BRASIL, 2002), as Diretrizes Curriculares para o curso de

Licenciatura em Pedagogia, baixadas pela Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio

de 2006 (BRASIL, 2006a), nota-se que ambas estabelecem para o perfil do egresso,

entre outras competências e habilidades, o desenvolvimento do trabalho em equipe.

Por sua vez, as Diretrizes Curriculares do curso de Direito, estatuídas pela

Resolução CNE/CES n° 9, de 29 de setembro de 2004 (BRASIL, 2004), não

preveem esta habilidade para os profissionais formados nesse curso. Trabalhar em

equipe é, todavia, uma das dez novas competências para ensinar propostas por

Perrenoud (2000), pois o ofício e a escola evoluíram de tal forma que o trabalho em

conjunto se tornou uma necessidade.

Por fim, verificou-se em que medida o curso afetou a capacidade de tomar

decisões dentro da área ou fora dela. Houve diferença entre os grupos

(t[113]=2,029; p=0,047), de forma que a média atribuída pelos licenciandos (M=8,82;

DP=1,15) foi superior à atribuída pelos estudantes de Direito (M=8,24; DP=1,65).

De modo geral, os cursos foram bem avaliados e, sob vários aspectos, as

Licenciaturas mais que o curso de Direito. Quando as variáveis de avaliação do

curso foram agrupadas em um único fator, a média atribuída pelos concluintes de

Page 146: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

144

Licenciatura foi superior (M=8,33; DP=1,04) à de Direito (M=8,03; DP=1,38), embora

não tenham sido constatadas diferenças significativas (p>0,05) entre eles.

Quanto ao acerto na decisão de ter escolhido o curso, em uma escala de um

a quatro, em que um significava que a decisão havia sido errada e que o curso não

deveria ter sido escolhido, e quatro, que significava decisão muito acertada, o teste t

de Student revelou diferença significativa entre os grupos (t[112]=3,355; p=0,001),

em favor dos estudantes de Direito (M=3,90; DP=0,370), comparados aos de

Licenciatura (M=3,63; DP=0,516), indicando que os futuros bacharéis estão mais

satisfeitos com a escolha do curso do que os futuros educadores.

Também foi perguntado aos concluintes se a experiência no estágio indicou

que o curso foi uma boa escolha. Os resultados do teste t mostraram diferenças

significativas (t[112]=3,355; p=0,001) entre os grupos, em favor dos alunos de Direito

(M=3,90; DP=0,370), comparados aos licenciandos (M=3,63; DP=0,516). Chama a

atenção o baixo valor do desvio padrão, o que indica homogeneidade das respostas.

Foi questionado aos concluintes de licenciatura se o contato com a realidade,

por meio do estágio curricular supervisionado, indicava que a profissão para a qual

eles se preparavam no curso seria compensadora. Em escala de um a quatro, a

média foi 3,24 (DP=0,637). A tabela 28 apresenta a frequência das respostas. A

maioria dos respondentes acreditava que a profissão seria compensadora sob

alguns aspectos, mas não outros. Ficou claro que o desencorajamento e o mal-estar

dos professores os afeta.

Tabela 28 - Compensação da profissão, segundo percepção dos egressos Frequência (%) 4 - Muito compensadora sob todos os aspectos 35,1 3 - Compensadora sob alguns aspectos, mas não outros 54,1 2 - Pouco compensadora em geral 10,8 1 - Nada compensadora 0,0 Total 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

As justificativas para as respostas a essas duas questões indicaram que os

estudantes que vivenciaram a realidade por meio do estágio e consideraram a

profissão muito compensadora geralmente atribuíram mais importância para o

estágio, pois, segundo eles, trata-se do momento de colocar a teoria em prática,

presenciar as possíveis dificuldades da profissão, além de ser uma oportunidade de

aprendizagem e aperfeiçoamento.

Page 147: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

145

Ademais, foi bastante frequente a associação do momento da prática do

estágio com a confirmação da escolha pelo curso, isto é, o estágio serviu para que

os estudantes tivessem a certeza (ou não) de que realmente queriam atuar como

docentes. Em outras palavras, espera-se que o estágio, “numa perspectiva de ritual

de passagem (...) se constitua em possibilidade de reafirmação da escolha por essa

profissão e de crescimento (...)” (PIMENTA; LIMA, 2012a, p. 100):

Já estou vivenciando a profissão na prática (CMF-193).

Porque você, vendo a realidade/ prática, terá a chance de decidir se realmente quer seguir a profissão (CPF-204).

Conheci um pouco da realidade, das dificuldades do dia-a-dia da escola e tenho a certeza de que quero ser educadora (CPF-205).

(...) A prática só me deu a certeza de que é o que eu quero para a vida (CPF-210).

(...) É com o estágio que se tem toda a ideia de como será futuramente, e isso só me encantou ainda mais (CPF-219).

Mariano (2006) compara a docência ao teatro. O aluno (plateia) se torna

professor (artista) e sobe ao palco. Para o espetáculo, necessita de preparação

constante, ensaios, improvisos e atuação, pois uma cena nunca é igual a outra.

Pimenta e Lima (2012a; 2012b) defendem que o estágio nos cursos de formação de

professores deve permitir que os futuros docentes compreendam as práticas

institucionais e as ações praticadas por seus profissionais, como forma de preparo

para sua inserção no mundo escolar. Nesse sentido, cabe ao estágio propiciar

momentos que permitam a compreensão, o conhecimento, a análise e a reflexão

acerca do trabalho do professor e de suas ações, de forma a identificar as

dificuldades encontradas na profissão e refletir sobre sua prática. Nas palavras de

Roldão (2007, p. 101), “o saber profissional tem de ser construído – e refiro-me à

formação – assente no princípio da teorização, prévia e posterior, tutorizada e

discutida, da acção profissional docente, sua e observada noutros”.

Alguns estudantes, especialmente do curso de Pedagogia, apontaram para a

divergência entre a teoria aprendida no curso e a prática vivenciada na escola. Um

dos problemas dos cursos de licenciatura é que eles “são concebidos considerando

que uma formação teórica sólida garante uma prática consequente”

(ROMANOWSKI; MARTINS; 2011, p. 119). Esta falta de integração entre teoria e

prática nos cursos de formação de professores já tem sido denunciada por diversos

Page 148: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

146

autores (GATTI, 2010, 2014; GOMES; PEREIRA, 2009; LIMA; SICCA, DAVID, 2012;

SILVA; SPELLER, 2008):

Porque no estágio, pode-se perceber que a prática muitas vezes é contraditória à teoria, mas, por outro lado, podemos entender o universo escolar (CPF-243).

(...) A realidade nas escolas é totalmente diferente do que aprendemos na faculdade (CPF-239).

Infelizmente, não somos bem preparados para atuar na prática, ficamos muito presos à teoria (CPF-249).

Apesar de o conceito de “choque com a realidade” ser cunhado para

professores em início de carreira, ele pode facilmente ser aplicado também aos

estudantes que têm seu primeiro contato com a sala de aula por meio do estágio do

curso. A expressão “traduz todo o impacto por eles sofrido quando iniciam a

profissão e que poderá perdurar por um período de tempo mais ou menos longo”

(SILVA, 1997, p. 54). Pimenta e Lima (2012a, p. 103) explicam que “um dos

primeiros impactos é o susto diante da real condição das escolas e as contradições

entre o escrito e o vivido, o dito pelos discursos oficiais e o que realmente acontece”.

Ao contar sua própria experiência no início da carreira do magistério, Silveira (2006)

afirmou que a formação de professores prepara os futuros docentes para lidar com o

aluno “ideal”, mas que, ao chegarem à sala de aula, se deparam com situações para

as quais não foram devidamente preparados.

Outros assinalaram as dificuldades que tiveram na realização do estágio,

especialmente nas escolas onde deveriam efetuá-lo:

Pois não obtive muita observação no sentido de estagiário. Apesar de não ter observação, minha regência foi ótima (CMM-192).

(...) Nem sempre conseguimos ter uma boa experiência, falta a compreensão por parte de professores, os alunos não cooperam, mas, mesmo assim, dá para ter uma “base” da profissão (CPF-219).

(...) Mas o estagiário é muito visto como quebra galho e muitas vezes não é respeitado (CPF-224).

O gosto por crianças, no caso dos futuros pedagogos e o gosto pela

Matemática, entre os licenciandos desse curso, além da identificação com a

profissão, foram fatores relevantes para explicar a escolha pelo curso. Esses

resultados convergem com os motivos identificados pelos ingressantes e confirmam

conclusões semelhantes de outros autores (BRASIL; GALVÃO, 2012; MOREIRA et

Page 149: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

147

al., 2012; NOGUEIRA; PEREIRA, 2010; NOGUEIRA; ALMEIDA; QUEIROZ, 2011;

RABELO, 2010a; 2010b; SOUSA; RITTNER, 2010; SOUZA, 2010):

Gosto de Matemática e pretendo ajudar os alunos a aprenderem e gostarem da mesma (CMF-189)

Há divergências em toda profissão e eu optei por esta porque eu gosto de crianças e no momento estou satisfeita (CPF-211).

Escolhi o curso por vontade e desejo de ensinar (CPF-206).

Porque gosto muito dessa área. É extremamente gratificante (CPF-262).

Por outro lado, alguns concluintes refletiam sobre a escolha do curso de

Licenciatura. Em um caso, não constituiu a primeira opção. Em outros, os alunos

comparavam os benefícios da profissão docente a outras carreiras, atribuindo-lhe

um menor retorno. O discurso desses alunos aparenta certo arrependimento pela

escolha do curso:

Referente à escolha do meu curso, eu realmente não queria que fosse esse, mas como o curso que eu almejava é mais caro e está um pouco longe da minha atual situação financeira, eu optei por esse. Até que eu gosto, mas não pretendo focar nele, quero alcançar novos horizontes e valorizar o meu sonho (CPF-213).

Hoje penso: se tivesse escolhido outro curso, como por exemplo: publicidade, turismo ou até mesmo direito, são cursos que, em minha opinião, também teria uma grande afinidade e sucesso em concluí-los e até mesmo profissionalmente (CPF-236).

Penso que a educação é realizada mais por uma identificação na área, o desejo de ensinar, caso contrário, do ponto de vista financeiro, outro curso seria mais promissor, pois vejo que nesta questão somente o concurso público é compensador (CPF-254).

Aspectos como a gratificação emocional, isto é, a recompensa por contribuir

na formação dos alunos, vinculadas a razões humanitárias, altruístas e

assistencialistas, também surgiram nas respostas dos participantes. Alguns

depoimentos comprovam esta perspectiva:

(...) Além da satisfação pessoal em colaborar com a conquista dos alunos (CMM-195).

Ser professor significa ser agente de mudanças. Tais mudanças iniciam na sala de aula e ocorrem para toda a vida dos sujeitos. O professor contribui muito para moldar mentalidades, esse é um ofício de grande relevância. E acredito que a sociedade precisa de mudanças estruturais (CPF-261).

(...) Ver os resultados é notório e transmite a sensação do dever cumprido (CPF-209).

Compensadora, porque ser professor é uma missão, é uma oportunidade de fazer parte de vários indivíduos que estão em formação (CPF-217).

Page 150: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

148

Por poder vivenciar a realidade social e saber que posso fazer a diferença (CPF-248).

A visão do magistério como sacerdócio, missão e doação já foi identificada

por diversas pesquisas (LELIS, 2009; LORTIE, 2002; MELLO, 2003; MIRANDA,

2011). Assim como os estudantes de licenciatura estudados por Gomes e

colaboradores (2012), os concluintes desta pesquisa também tinham representação

sobre a docência “ancorada nas ideias de paixão, vocação, amor pela profissão e

pela criança, historicamente construídas no seio da sociedade” (p. 239).

Ademais, alguns estudantes, especialmente do curso de Pedagogia,

atribuíram grande relevância ao aspecto da empregabilidade, assim como os

ingressantes. Na visão deles, o curso tem uma formação generalista, que lhes

possibilitará ter oportunidades diversas no mundo do trabalho.

Pois abrirá portas tanto profissional quanto na área para concurso público, pois este curso de Pedagogia abre um leque de oportunidade profissional (CPF-236).

É um curso muito amplo e que abre diversas áreas para se trabalhar (CPF-241).

Penso que será compensadora pela quantidade de ofertas de trabalho (CPF-216).

Esses dados confirmam os resultados encontrados por Sousa e Rittner

(2010). Segundo Miranda (2011, p. 75), a docência, muitas vezes, é percebida como

“um campo profissional que tem espaço para absorver os seus profissionais, campo

que estaria de ‘portas abertas’, mesmo em época de crise econômica, com altas

taxas de desemprego, constituindo-se em ‘reduto de empregos”. Assim, os dados e

a literatura sugerem que a profissão é escolhida não por altas recompensas

financeiras, mas pelas expectativas de facilidade de ingresso no mundo do trabalho

e relativa estabilidade, apesar de as taxas de fecundidade e natalidade diminuírem

há várias décadas no Brasil e, com isso, o número de futuros alunos. Esses atrativos

tendem a interessar menos as pessoas que anseiam por excelência e altas posições

e mais os que buscam alternativas para a sua vida profissional, por considerarem

outras dificilmente atingíveis, pelas limitações inerentes ao seu status, incluindo as

possibilidades financeiras.

Ao mesmo tempo, os futuros professores mencionam os fatores negativos da

profissão. Os baixos salários dos professores e a desvalorização social da profissão

Page 151: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

149

foram os aspectos mais mencionados como justificativa para que os concluintes não

considerassem a profissão totalmente compensadora. Estes resultados confirmam

os encontrados por outras pesquisas (BARBOSA, 2011, 2012; BRANDÃO, 2012;

ENS; EYNG; GISI, 2009; LIMA, 2010; LUNKES; ROCHA FILHO, 2011; OLIVEIRA et

al., 2011; SOUSA; RITTNER, 2010; VALLE, 2006). Atrelada à questão salarial,

surgiu também o tema do trabalho extraclasse, visto que o trabalho do professor não

se limita à sala de aula, mas envolve também o espaço privado para tarefas como

preparação de aula, planejamento, correção de trabalhos, elaboração de provas etc

(BARBOSA, 2011):

Muito trabalho e pouco retorno financeiro (CMM-191).

Salário não compensa, mas o resto é gratificante (CMF-193).

É compensadora para quem ama a profissão e a desenvolve pelo mesmo motivo, pois o baixo salário, condições muitas vezes desfavoráveis, entre outros contribuem para a desmotivação profissional (CPF-206).

É compensadora sob alguns aspectos, mas não outros, pois infelizmente o professor não é bem visto pela sociedade, trabalhamos muito para salários tão baixos (CPF-249).

Alguns tópicos mencionados com menor frequência foram: o descaso do

governo e do Estado com a educação e seus profissionais; o mal-estar causado pelo

exercício da docência; as difíceis condições de trabalho e as responsabilidades da

profissão.

Em síntese, os perfis socioeconômico e cultural dos concluintes de Direito e

de Licenciatura se mostraram, em diversos aspectos, semelhantes aos dos

ingressantes. As origens sociais, econômicas e culturais dos concluintes de

licenciatura caracterizaram-se como menos prestigiosas, conforme os critérios da

sociedade atual. No entanto, os status dos concluintes de licenciatura, comparados

aos dos ingressantes, pareceram ligeiramente superiores. Os cursos, de modo geral,

foram bem avaliados pelos concluintes e, aparentemente, conseguiram desenvolver

nos alunos um conjunto de competências para a vida profissional.

Os concluintes de licenciatura manifestaram mais desejo de ingressar no

magistério do que os ingressantes. Uma possível explicação seria o fato de uma

parte dos alunos, durante o curso, ficar cativada pela área. Outra possibilidade é a

evasão dos menos interessados no magistério. O estágio curricular, para muitos

Page 152: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

150

concluintes, foi o momento de confirmar (ou não) a escolha pela carreira, ao mesmo

tempo em que vivenciaram o “choque com a realidade” e descobriram divergências

entre as teorias e as práticas. A questão da desvalorização social, associada ao

recebimento de baixos salários, surgiu de forma mais intensa do que entre os

ingressantes.

Page 153: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

151

4.4 OS EGRESSOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA E DE DIREITO

Esta pesquisa se propôs a caracterizar o perfil socioeconômico de um grupo

de egressos dos cursos de Direito e de Licenciatura, a sua situação e satisfação

profissionais, bem como as percepções sobre os cursos em que se graduaram.

Pesquisas com egressos apresentam grandes desafios, especialmente relacionadas

à localização dos sujeitos devido à desatualização dos bancos de dados (telefones

fixos e celulares), além da ausência de tradição por parte das instituições em manter

relacionamento com os estudantes formados (LOUSADA; MARTINS, 2005;

SILVEIRA; CARVALHO, 2012). Segundo Silveira e Carvalho (2012), as poucas

referências de estudos realizados com egressos demonstram as dificuldades para a

realização desse tipo de pesquisa.

A primeira fonte para coleta de dados foi o questionário on-line. Foram

respondentes 78 de Pedagogia, 15 de Matemática (totalizando 93 de Licenciatura) e

29 de Direito, correspondendo, respectivamente, a 16,8%, 23,4% e 11,0% dos

egressos do 2º período de 2010 ao 2º de 2012 (no caso de Pedagogia, a coleta foi

feita também junto aos egressos do 1º período de 2010). A fim de alcançar uma

amostra de pelo menos 33,3% dos egressos de Licenciatura, foram feitas 87

entrevistas por telefone, respeitada a representatividade dos formados por período.

Dessa forma, considerado o baixo retorno dos questionários, os dados referentes ao

curso de Direito são apenas ilustrativos.

Inicialmente, cabe relatar a distribuição da quantidade de participantes da

pesquisa (incluídos os entrevistados e os que responderam ao questionário) por

período de conclusão do curso. É o que mostra a tabela 29.

Tabela 29 - Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso Curso 2010-1 2010-2 2011-1 2011-2 2012-1 2012-2 Total

Pedagogia 22 23 35 20 29 26 155

Matemática 0 1 4 10 6 4 25

Direito 0 8 1 10 2 8 29

Total 22 32 40 40 37 38 209 Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Page 154: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

152

A maior parte dos egressos que responderam ao questionário concentrava-se

nos períodos mais recentes de formatura, o que poderia ser previsto, já que, quanto

mais próxima a coleta de dados da conclusão do curso, maior a chance de que as

informações dos egressos disponíveis no banco de dados da instituição estejam

atualizadas. A tabela 30 disponibiliza a quantidade de respondentes por período de

conclusão do curso.

Tabela 30 - Quantidade de participantes egressos por período de conclusão de curso, que responderam ao questionário

Curso 2010-1 2010-2 2011-1 2011-2 2012-1 2012-2 Total

Pedagogia 11 4 15 12 19 17 78

Matemática 0 0 1 6 6 2 15

Direito 0 8 1 10 2 8 29

Total 11 12 17 28 27 27 122 Fonte: Pesquisa de campo (2014).

A proporção de mulheres e homens respondentes do curso de Direito foi

bastante equilibrada: 51,7% eram do sexo masculino e 48,3%, do feminino. Já nas

licenciaturas, a predominância era de mulheres (88,2%), como também verificado

entre os ingressantes e concluintes. Em relação à faixa etária dos pesquisados, a

média dos licenciados era de 32,38 anos (DP=8,251), variando de 21 a 58 anos,

enquanto a média dos bacharéis era de 36,93 anos (DP=10,232), sendo a mínima

24 e a máxima 68 anos. Mais da metade dos licenciados (53,8%) e dos bacharéis

(62,1%) fez a maior parte ou todo o curso no período noturno.

A maioria dos egressos pesquisados nasceu no Distrito Federal (70,3% dos

licenciados e 58,6% dos bacharéis), era casada (55,6% dos licenciados e 44,8% dos

bacharéis), tinha quatro ou mais irmãos (38,5% dos licenciados e 48,3% dos

bacharéis) e não tinha filhos (49,4% dos licenciados e 48,3% dos bacharéis).

Aqueles que tinham filhos, em sua maioria, já os tinham ao concluir a faculdade

(89,4% dos licenciados e 93,3% dos bacharéis).

No que se refere à cor, 51,6% dos licenciados e 65,5% dos bacharéis se

declararam pardos ou mulatos. Consideraram-se brancos 33,0% dos licenciados e

13,8% dos bacharéis e negros 14,3% dos licenciados e 20,7% dos bacharéis. Entre

os egressos de Licenciatura, 63,7% moravam com cônjuge e(ou) filhos e 30,8% com

Page 155: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

153

os pais e(ou) outros parentes, de modo que a quantidade de corresidentes era um

ou dois (34,1%) ou três ou quatro (39,6%). Entre os formados em Direito, 55,2%

residiam com cônjuge e(ou) filhos e 34,5% com os pais e(ou) outros parentes, o que

é coerente com o estado civil. A maioria dos egressos de Direito (51,7%) residia com

mais um ou dois membros da família.

Acerca do perfil econômico, a renda mensal familiar dos licenciados

concentrava-se na faixa de mais de três até dez salários mínimos (56,0%). Assim

também ocorreu com os bacharéis (41,4%), embora em menor proporção. Foi

bastante expressiva a proporção de licenciados cuja renda familiar era de até 3

salários mínimos (22,0%), embora esse percentual tenha se reduzido pela metade,

quando comparado aos ingressantes (46,2%) e concluintes (47,9%). Entre os

graduados em Direito, esse percentual era de 17,2%. Na faixa de mais de 10 até 20

salários mínimos, estavam 34,5% dos bacharéis e 19,8% dos licenciados. Esse

percentual se elevou, em relação aos ingressantes (7,0%) e aos concluintes (8,5%)

de licenciatura, indicando aumento de renda após a formatura. Esses resultados são

divergentes dos encontrados por Felicetti (2012), segundo a qual mais da metade

dos egressos de cursos de licenciatura recebia menos de dois salários mínimos,

enquanto cerca de 40,0% dos graduados de outras áreas recebiam essa faixa

salarial.

Os dados sobre o salário bruto vão ao encontro desses resultados. A média

de salário bruto declarada pelos bacharéis foi de R$5.555,73 (DP=R$3.515,34),

variando de R$849,00 a R$13.0000,00. A mediana e a moda foram R$5.000,00.

Entre os licenciados, a média de salário mensal foi muito mais baixa, de R$2.495,62

(DP=R$1.565,05), com variação de R$720,00 a R$9.000,00. A mediana foi

R$2.000,00 e a moda, R$3.000,00. Novamente, os resultados obtidos na pesquisa

com ingressantes e concluintes se repetem. Ressalta-se, no entanto, que os dados

são apenas ilustrativos, já que a quantidade de respondentes não pode ser

considerada representativa do universo. De qualquer modo, patenteiam-se os

menores salários dos licenciados. A pesquisa de Vargas (2011) com egressos da

Universidade Federal de Minas Gerais também constatou salários maiores para os

graduados em Direito em detrimento das outras áreas.

No entanto, comparados aos ingressantes e concluintes, cujos valores

declarados foram devidamente atualizados para abril de 2015 pelo Índice Geral de

Page 156: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

154

Preços – Disponibilidade Interna, da Fundação Getúlio Vargas, a média salarial dos

egressos cresceu (tabela 31), de modo que, proporcionalmente os salários dos

licenciados aumentaram mais que os dos bacharéis, o que parece confirmar a teoria

do capital humano, segundo a qual um diploma ou certificado constitui um indicador

de competências concretas para o trabalho (SCHULTZ, 1973a, 1973b). Nessa

perspectiva, quanto maior a escolaridade do indivíduo, maior a sua qualificação e

capacitação para o trabalho, o que aumenta o seu rendimento salarial (PIMENTEL;

PALAZZO; OLIVEIRA, 2009), tornando a educação um investimento que possui taxa

de retorno.

Tabela 31 - Salários brutos declarados pelos ingressantes, concluintes e egressos de Direito e de Licenciatura (em R$)

Ingressantes Concluintes Egressos Direito Licenciaturas Direito Licenciaturas Direito Licenciaturas

Média 4.020,77 1.344,78 3.851,20 1.626,5 5.960,07 2.633,24 Desvio padrão 4.246,95 1.630,82 3.348,04 1.304,19 3.771,18 1.667,60

Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014). Nota: Valores atualizados para 2015 pelo IGP-DI, da FGV.

Os egressos foram classificados em estratos econômicos, da mesma forma

que os ingressantes e concluintes, segundo o Critério de Classificação Econômica

Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), o qual atribui

pontos à posse e à quantidade de determinados itens domiciliares, bem como ao

grau de instrução do chefe da família. Os pontos são, então, somados para gerar a

classificação em oito estratos: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. O gráfico 6 apresenta

a distribuição dos egressos conforme a faixa econômica da família.

Diferente dos ingressantes e dos concluintes, a distribuição dos egressos não

parece mostrar diferenças favoráveis aos bacharéis. As curvas são muito

semelhantes para os dois grupos. A concentração dos egressos de Licenciatura

deu-se nas faixas B2 (37,4%) e C1 (28,6%), assim como a dos bacharéis (37,9% na

faixa B2 e 34,5% na C1), de modo que a proporção de bacharéis na faixa C1 foi

superior à dos licenciados. Por outro lado, a concentração de egressos em faixas

superiores a B1 foi semelhante nos dois grupos. Eles correspondiam a 20,7% dos

bacharéis e 19,8% dos licenciados.

Page 157: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

155

Gráfico 6 - Distribuição dos egressos por estrato econômico, por curso, em 2014

Fonte: Pesquisa de campo (2014).

Em relação à situação econômica, a maioria dos licenciados (58,2%)

trabalhava e contribuía com o sustento da família. Entre os bacharéis, essa situação

correspondia a 34,5%, enquanto 27,6% trabalhavam e eram o principal responsável

pelo sustento da família. Quanto à carga horária da atividade exercida, nota-se uma

grande diferença entre os grupos. A maioria dos bacharéis (58,6%) trabalhava mais

de 20 e menos de 40 horas por semana. Entre os licenciados, a maioria (54,9%)

trabalhava em tempo integral, isto é, 40 horas semanais ou mais, podendo sugerir

acúmulo de cargos, muitas vezes característico da profissão, na perspectiva de

complementação de renda. Ressalta-se, ainda, que as horas de trabalho docente

não se restringem à sala de aula. Pelo contrário, elas também envolvem o espaço

privado para atividades como preparação de aulas, correção de provas e trabalhos,

planejamento etc. (BARBOSA, 2011).

No que tange ao recebimento de bolsa ou financiamento para a conclusão do

curso, 51,7% dos bacharéis e 35,6% dos licenciados não receberam nenhum tipo

durante sua formação. Foram bolsistas do Prouni 14,1% dos egressos de Direito e

18,9% dos egressos dos cursos de Licenciatura. Declararam ter sido beneficiários

do Bolsa Universitária (programa do Governo do Distrito Federal) 15,6% dos

licenciados e nenhum bacharel.

0,0% 0,0%

20,7%

37,9%

34,5%

3,4%3,4%

2,2% 2,2%

15,4%

37,4%

28,6%

12,1%

2,2% 0,0%0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E

DIREITO

LICENCIATURAS

Page 158: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

156

A escolaridade dos genitores foi outra variável pesquisada. Os resultados são

apresentados nas tabelas 32 e 33. Assim como verificado entre os ingressantes e

concluintes, mais de 90,0% dos egressos de ambos os grupos superaram a

escolaridade de seus ascendentes. Entre os pesquisados de Direito, os pais e mães

com maior escolaridade eram os dos ingressantes e aqueles com menor

escolaridade, os dos egressos. A mesma situação foi observada para os

pesquisados de Licenciatura. Em todos os casos, a escolaridade das mães era

maior que a dos pais.

Tabela 32 - Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Direito

Escolaridade Ingressantes Concluintes Egressos

Pais Mães Pais Mães Pais Mães Nenhuma escolaridade 6,9 5,7 9,5 7,1 10,3 6,9 Ensino Fundamental (1a a 4a série) 18,4 19,0 19,0 26,2 48,3 44,8 Ensino Fundamental (5a a 8a série) 19,0 13,8 21,4 11,9 17,2 24,1 Ensino Médio 33,3 41,4 40,5 38,1 20,7 20,7 Ensino Superior 16,1 10,3 4,8 11,9 3,4 3,4 Pós-graduação 6,3 9,8 4,8 4,8 0,0 0,0 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Tabela 33 - Escolaridade dos pais dos ingressantes, concluintes e egressos de Licenciatura

Escolaridade Ingressantes Concluintes Egressos

Pais Mães Pais Mães Pais Mães Nenhuma escolaridade 9,9 7,0 13,2 8,0 12,1 7,7 Ensino Fundamental (1a a 4a série) 38,5 30,8 38,2 34,7 42,9 39,6 Ensino Fundamental (5a a 8a série) 15,9 18,9 10,3 17,3 12,1 15,4 Ensino Médio 25,8 34,6 27,9 33,3 22,0 30,8 Ensino Superior 7,7 7,6 8,8 2,7 8,8 3,3 Pós-graduação 2,2 1,1 1,5 4,0 2,2 3,3 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2011; 2013; 2014).

Em relação aos dados do ensino médio, 86,2% dos bacharéis e 86,8% dos

licenciados concluiu no Distrito Federal, todo ou a maior parte em escola pública

(75,9% dos bacharéis e 87,5% dos licenciados), do tipo comum ou de educação

geral, no ensino regular (62,1% dos bacharéis e 61,5% dos licenciados). Apenas

4,4% dos egressos dos cursos de Licenciatura haviam cursado o ensino médio do

tipo profissionalizante magistério. A proporção de egressos que fez o ensino médio

em curso de educação de jovens e adultos ou supletivo foi superior entre os

egressos de licenciatura (19,8%) em relação aos egressos de Direito (3,4%).

Page 159: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

157

No que tange ao conhecimento de línguas, 62,1% dos egressos de Direito e

60,4% dos de Licenciatura declararam conhecimento praticamente nulo de língua

inglesa. Em escala de um a cinco, a média dos bacharéis (M=1,79; DP=1,264) foi

ligeiramente superior à dos licenciados (M=1,78; DP=1,133). As médias dos

ingressantes, tanto de licenciatura (M=1,92; DP=1,24), quanto de Direito (M=2,30;

DP=1,34), bem como as dos concluintes (M=1,82; DP=1,254 para os de licenciatura

e M=2,17; DP=1,464 para os de Direito) foram superiores às dos egressos.

Quanto à língua espanhola, os resultados foram semelhantes: 75,9% dos

bacharéis e 68,1% dos licenciados declararam ter conhecimento praticamente nulo

da língua. Em escala de um a cinco, a média dos licenciados foi superior (M=1,52;

DP=0,886) à dos bacharéis (M=1,45; DP=0,948). As médias dos ingressantes foram

superiores (M=1,56; DP=0,935 para os de licenciatura e M=1,95; DP=1,177 para os

de Direito) e também as dos concluintes (M=1,63; DP=1,161 para os de licenciatura

e M=1,81; DP=1,087 para os de Direito).

Sobre a quantidade de livros lidos, com exceção dos acadêmicos, no ano

anterior à pesquisa, a concentração de respostas dos bacharéis foi a alternativa “no

máximo 2”, com 34,5% e “entre três e cinco”, com 24,1% dos respondentes. Entre os

licenciados, 34,1% admitiram ter lido entre três e cinco e 29,7%, no máximo dois.

Sobre o tipo de livro mais lido, os técnicos predominaram entre os egressos de

Direito (76,9%), seguidos dos religiosos, inclusive Bíblia e comentários (42,3%), das

obras literárias de não-ficção (23,1%), das obras literárias de ficção (19,2%) e dos

livros de autoajuda (11,5%). Entre os licenciados, as obras religiosas, incluindo a

Bíblia e comentários eram as mais lidas (52,5%), seguidas das literárias de ficção

(46,3%), dos técnicos (36,3%), das literárias de não-ficção (32,5%) e dos livros de

autoajuda (22,5%).

Na perspectiva de Teixeira Júnior e Silva (2007, p. 1365),

a leitura como objeto do conhecimento necessita ser assumida, principalmente, nos cursos de formação de professores, tendo em vista o desenvolvimento do professor leitor, bem como a constituição de mediadores do ato de ler, que engendram e constroem sentidos e práticas de leitura.

Cabe lembrar que algumas perguntas do questionário admitiam múltiplas

respostas, motivo pelo qual podem totalizar mais que 100,0%.

Page 160: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

158

Acerca da frequência com que liam jornal, 17,3% dos licenciados e 24,4% dos

bacharéis faziam-no diariamente, enquanto 38,7% dos licenciados e 48,8% dos

bacharéis liam algumas vezes por semana. Nunca ou raramente os mesmos eram

lidos por 31,0% dos bacharéis e 27,5% dos licenciados. Os assuntos mais lidos dos

jornais pelos bacharéis eram: política e/ou economia (67,9%), ciência, saúde e/ou

tecnologia (53,6%), cultura e/ou arte (35,7%). Pelos licenciados, as alternativas com

mais respostas foram: ciência, saúde e/ou tecnologia e cultura e/ou arte (ambos com

47,1%) e política e/ou economia (42,4%). A alternativa “todos os assuntos são lidos”

foi marcada por 30,6% dos licenciados e 21,4% dos bacharéis.

A internet destacou-se como meio mais utilizado para atualização entre 93,1%

dos egressos de Direito e 92,3% dos das Licenciaturas, da mesma forma que no

grupo dos ingressantes e dos concluintes. Os jornais (34,5% dos bacharéis e 38,5%

dos licenciados) e a televisão (51,6% dos licenciados e 31,0% dos bacharéis)

também tiveram seus espaços. É importante ressaltar que nenhum egresso de

Direito marcou o rádio como alternativa para manter-se atualizado.

Entre as preferências artístico-culturais, assim como diagnosticado entre os

grupos dos ingressantes e concluintes, o cinema foi predominante (69,0% dos

bacharéis e 81,3% dos licenciados), seguido dos espetáculos de teatro (31,0% dos

bacharéis e 50,5% dos licenciados), dos shows musicais e/ou concertos (27,6% dos

bacharéis e 42,9% dos licenciados) e da dança (10,3% dos bacharéis e 17,6% dos

licenciados). Todas as alternativas foram mais assinaladas pelos egressos de

Licenciatura do que pelos egressos de Direito. Cabe registrar que o Distrito Federal

assegurou desconto de 50% na aquisição de ingressos para eventos culturais,

artísticos e desportivos a professores do sistema de ensino, por meio da Lei Distrital

n. 3.516/2004 (DISTRITO FEDERAL, 2004). Nesse sentido, os egressos dos cursos

de Licenciatura apresentavam vantagem em relação aos bacharéis.

No que concerne à frequência de utilização do computador, observou-se que

mais respondentes do grupo do Direito marcaram a alternativa “sempre”. Foram

75,9% em comparação a 58,2% do grupo de Licenciatura. A opção “frequentemente”

foi marcada por 24,1% dos bacharéis e 37,4% dos licenciados. Afirmaram ter acesso

à internet 100,0% dos egressos de Direito e 97,8% dos de Licenciatura; com

utilização de serviço de banda larga, 96,4% dos primeiros e 95,6% dos últimos.

Page 161: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

159

Sobre os locais de utilização dos computadores, a maioria os usava em casa

(96,6% do grupo de Direito e 95,6% do de Licenciatura). As máquinas também eram

bastante utilizadas no trabalho, entretanto, até mesmo pelas características das

atividades profissionais, os bacharéis faziam mais uso dos computadores no

trabalho (72,4%) do que os licenciados (48,4%). O uso em lan houses era feito por

3,4% dos bacharéis e 4,4% dos licenciados.

Acerca da finalidade para utilização do computador (tabela 34), em ambos os

grupos observou-se como resposta predominante a comunicação por e-mail, o que

indica a falta de exploração para tantos outros fins. Diferente dos resultados

verificados com os ingressantes e concluintes, em que os estudantes de Direito

utilizavam mais o computador para outras finalidades do que os licenciandos, entre

os egressos, os resultados foram bem semelhantes nos dois grupos.

Tabela 34 - Finalidades para utilização do computador pelos concluintes (em %) Finalidade Direito Licenciaturas Para entretenimento 69,0 81,5 Para fazer trabalhos profissionais 96,6 82,6 Para comunicação por e-mail 65,5 85,9 Para operações bancárias 48,3 41,3 Para compras eletrônicas 48,3 50,0 Outras finalidades 0,0 0,0

Fonte: Pesquisa de campo (2014). Nota: Os totais não foram calculados por ser uma questão de respostas múltiplas.

Percebe-se, desse modo, que, pelos indicadores utilizados, os egressos de

Licenciatura detêm um capital cultural maior que os de Direito, situação diversa

daquela observada entre os ingressantes e concluintes. Segundo Diniz e

colaboradores (2011), os bens culturais a que os professores tiveram acesso, assim

como os ambientes socioculturais que frequentavam influenciam as atividades

docentes e, por isso, são aspectos que devem ser considerados na formação dos

professores. Os autores explicam que o

processo de empobrecimento dos docentes acaba por incidir nos conhecimentos que transmitem aos seus alunos, visto que interfere na qualidade, na variedade e na intensidade dos consumos culturais e nas oportunidades de aperfeiçoamento profissional (DINIZ et al., 2011, p. 21).

Page 162: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

160

Os quadros 6 e 7 apresentam uma síntese comparativa das características

predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Direito e dos

de Licenciatura.

Quadro 6 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos do curso de Direito

Característica predominante Ingressantes Concluintes Egressos

Gênero Mulheres (55,7%) Homens (52,4%) Homens (51,7%) Idade M= 27,0 anos M=30,27 anos M=36,93 Estado civil Solteiros (66,1%) Solteiros (61,9%) Casados (44,8%)

Cor da pele Brancos (45,5%) Brancos (50,0%) Pardos/ mulatos (65,5%)

Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,6%)

Pais e/ou outros parentes (47,5%)

Cônjuge e/ou filhos (55,2%)

Quantidade de corresidentes

Três ou quatro (38,5%)

Três ou quatro (40,0%) Um ou dois (51,7%)

Quantidade de filhos Nenhum (65,7%) Nenhum (61,9%) Nenhum (48,3%) Classificação econômica B2 (33,5) B2 (48,7%) B2 (37,9%%)

Renda mensal familiar

De 3 a 10 salários mínimos (39,2%)

De 3 a 10 salários mínimos (57,1%)

De 3 a 10 salários mínimos (41,4%)

Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (31,9%)

Trabalha e recebe ajuda da família (29,3%)

Trabalha e contribui com o sustento da família (34,5%)

Carga horária das atividades exercidas

Tempo integral – 40 horas ou mais (57,5%)

Entre 20 e 40 horas semanais (43,2%)

Entre 20 e 40 horas semanais (58,6%)

Escolaridade dos pais Ensino médio (33,0%) Ensino médio (40,5%) Ensino fundamental –

1ª a 4ª série (48,3%) Escolaridade das mães Ensino médio (39,8%) Ensino médio (38,1%) Ensino fundamental –

1ª a 4ª série (44,8%) Bolsa ou Financiamento dos estudos

Nenhum (72,2%) Nenhum (41,0%) Nenhum (51,7%)

Tipo de escola onde concluiu o ensino médio

Pública (73,3%) Pública (73,8%) Pública (75,9%)

Modalidade do ensino médio Regular (62,5%) Regular (85,4%) Regular (62,1%)

Conhecimento de língua inglesa (escala de 1 a 5)

M=2,30 M=2,17 M=1,79

Conhecimento de língua espanhola (escala de 1 a 5)

M=1,95 M=1,81 M=1,45

Conhecimento de informática (escala de 1 a 4)

M=3,17 M=2,98 M=3,03

Frequência de utilização do computador

Sempre (60,8%) Sempre (59,5%) Sempre (75,9%)

Acesso à internet Sim (97,2%) Sim (100,0%) Sim (100,0%) Utilização de serviço de banda larga Sim (86,9%) Sim (87,8%) Sim (96,4%)

Local de utilização do computador Em casa (94,9%) Em casa (97,6%) Em casa (96,6%)

Finalidade para Realização de Realização de Realização de

Page 163: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

161

utilização do computador

trabalhos escolares (89,8%)

trabalhos escolares (95,2%)

trabalhos profissionais (96,6%)

Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

Entre dois e cinco (42,4%)

No máximo dois (35,7%) Entre três e cinco (35,7%)

No máximo dois (34,5%)

Tipo de livro mais lido

Obras literárias de ficção (33,0%)

Livros técnicos (38,1%)

Livros técnicos (76,9%)

Frequência de leitura de jornais

Algumas vezes por semana (36,4%)

Algumas vezes por semana (36,4%)

Algumas vezes por semana (48,8%)

Assuntos mais lidos do jornal

Política e/ou economia (42,6%)

Política e/ou economia (59,5%)

Política e/ou economia (67,9%)

Meio de atualização Internet (79,5%) Internet (73,8%) Internet (93,1%) Preferência artístico-cultural Cinema (59,1%) Cinema (69,0%) Cinema (69,0%)

Quadro 7 - Síntese comparativa das características predominantes dos ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de Licenciatura

Característica predominante Ingressantes Concluintes Egressos

Gênero Mulheres (87,2%) Mulheres (89,3%) Mulheres (88,2%) Idade M=26,0 anos M=29,68 anos M=32,38 Estado civil Solteiros (65,1%) Solteiros (46,6%) Casados (55,6%)

Cor da pele Pardos/mulatos (46,2%) Brancos (50,7%) Pardos/ mulatos

(51,6%)

Corresidência Pais e/ou outros parentes (56,2%)

Cônjuge e/ou filhos (50,7%)

Cônjuge e/ou filhos (63,7%)

Quantidade de corresidentes

Três ou quatro (41,4%)

Três ou quatro (36,0%)

Três ou quatro (39,6%)

Quantidade de filhos Nenhum (67,2%) Nenhum (49,3%) Nenhum (49,4%) Classificação econômica B2 (32,8%) B2 (36,5%) B2 (37,4%)

Renda mensal familiar

Até 3 salários mínimos (46,2%)

Até 3 salários mínimos (47,9%)

De 3 a 10 salários mínimos (56,0%)

Situação econômica Não trabalha e tem os gastos financiados pela família (32,6%)

Trabalha e contribui com o sustento da família (26,9%)

Trabalha e contribui com o sustento da família (58,2%)

Carga horária das atividades exercidas

Tempo integral – 40 horas ou mais (35,0%)

Entre 20 e 40 horas semanais (34,5%)

Tempo integral – 40 horas ou mais (54,9%)

Escolaridade dos pais

Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (37,6%)

Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (38,2%)

Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (42,9%)

Escolaridade das mães Ensino médio (34,4%) Ensino fundamental –

1ª a 4ª série (34,7%) Ensino fundamental – 1ª a 4ª série (39,6%)

Bolsa ou Financiamento dos estudos

Nenhum (45,7%) Nenhum (47,2%) Nenhum (35,6%)

Tipo de escola onde concluiu o ensino médio

Pública (86,0%) Pública (81,3%) Pública (87,5%)

Modalidade do ensino médio Regular (74,7%) Regular (69,4%) Regular (61,5%)

Conhecimento de língua inglesa (escala de 1 a 5)

M=1,92 M=1,82 M=1,78

Conhecimento de M=1,56 M=1,63 M=1,52

Page 164: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

162

língua espanhola (escala de 1 a 5) Conhecimento de informática (escala de 1 a 4)

M=2,97 M=3,17 M=3,14

Frequência de utilização do computador

Sempre (49,7%) Sempre (52,0%) Sempre (58,2%)

Acesso à internet Sim (95,2%) Sim (98,6%) Sim (97,8%) Utilização de serviço de banda larga Sim (81,2%) Sim (89,0%) Sim (95,6%)

Locais de utilização do computador Em casa (89,8%) Em casa (94,7%) Em casa (95,6%)

Finalidade para utilização do computador

Realização de trabalhos escolares (94,6%)

Realização de trabalhos escolares (96,0%)

Comunicação por e-mail (85,9%)

Quantidade de livros lidos no ano anterior (com exceção dos acadêmicos)

No máximo dois (44,4%)

No máximo dois (44,4%)

Entre três e cinco (34,1%)

Tipo de livro mais lido

Obras literárias de ficção (39,2%)

Livros religiosos (40,0%)

Livros religiosos (52,5%)

Frequência de leitura de jornais

Algumas vezes por semana (40,8%)

Algumas vezes por semana (40,8%)

Algumas vezes por semana (38,7%)

Assuntos mais lidos do jornal

Cultura e/ou arte (39,8%)

Ciência, saúde e/ou tecnologia (41,9%)

Ciência, saúde e/ou tecnologia (47,1%) Cultura e/ou arte (47,1%)

Meio de atualização Internet (80,6%) Internet (78,4%) Internet (92,3%) Preferência artístico-cultural Cinema (68,8%) Cinema (80,0%) Cinema (81,3%)

Os egressos fizeram, ainda, uma autoavaliação do seu conhecimento de

informática. Em escala de um a quatro, a média dos licenciados foi ligeiramente

superior (M=3,14; DP=0,529) à dos bacharéis (M=3,03; DP=0,626). Torna-se

desnecessário comentar sobre a importância do conhecimento de informática na

sociedade globalizada em que vivemos e, particularmente no magistério, para

trabalhar com alunos incluídos nas tecnologias da informação e comunicação.

As expectativas profissionais futuras dos egressos também foram verificadas

nesta pesquisa. Entre os licenciados, 45,1% conseguiram trabalho na área do curso

após a formatura e pretendiam permanecer nele. Esse percentual foi de 24,1% entre

os bacharéis. Esses dados podem sugerir a possibilidade de inflação educacional,

ou seja, é possível que haja grande oferta de diplomados em Direito no mundo do

trabalho. Quanto aos licenciados, quase a metade conseguiu trabalho na área do

curso após a formatura, o que indica certo grau de empregabilidade da profissão.

Page 165: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

163

Continuavam no mesmo trabalho da época dos estudos 37,9% dos bacharéis

em Direito e 25,3% dos licenciados. Por sua vez, trabalhavam em outra área, desde

a formatura, mas pretendiam buscar atividade na área do curso concluído 14,3% dos

licenciados e 20,7% dos bacharéis. Quanto aos licenciados entrevistados por

telefone, 9,3% disseram estar sem trabalho, 37,2% não atuavam na área de

formação e 53,5% trabalhavam na área, de modo que, desses, 43,5% atuavam em

escolas particulares, 23,9% já efetivos na Secretaria de Educação (do Distrito

Federal e Entorno) e 32,6% em contrato temporário da Secretaria de Educação.

Assim, parte dos licenciados parece não se dedicar ao magistério após a conclusão

do curso, caracterizando possíveis desvios ocupacionais. Nas palavras de Palazzo e

Gomes (2014, p. 20): “se todos os licenciados se dedicassem ao magistério, haveria

falta ou excesso de professores?”.

A maioria dos entrevistados pretendia ser aprovada em concurso público. Os

trechos selecionados das entrevistas mostram as pretensões de carreira futura dos

formados:

Concurso. Continuo estudando para concurso. Não desisto. Assim... Eu tô chutando em todas as áreas. Se pintar o concurso na área, eu faço também. Se eu passar, amém. Se não passar, eu opto por outra área. O que eu quero agora é passar num concurso público, se Deus quiser (EPF-661).

Eu quero ser funcionária pública e quero alcançar meus objetivos, pode ser na minha área, em outra área administrativa também. Eu quero ser, quero ter um emprego, quero ter segurança (EPF-653).

A minha formação de pedagoga é para continuar... Eu quero que perpetue pro resto da minha vida. Eu não quero chegar com 10, 20 anos de profissão e ver que foi ruim, que devia ter escolhido até, sei lá, técnico administrativo no TJ que ganha muito mais que eu, né? (EPF-643)

Em meio aos que não atuavam na área de educação, foram observadas

ocupações diversas, como frentistas de postos de combustíveis, operadora de caixa

em supermercado, vendedora em loja de utilidades domésticas, esteticista,

empresários proprietários de seus próprios negócios etc., além de profissionais de

órgãos governamentais, como Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

Alguns manifestaram desejo de ingressar na área da Educação. O uso dos

advérbios “ainda”, “infelizmente” e “por enquanto”, acompanhando a negativa da

resposta a esta questão, confirmava esse interesse. Outros, por sua vez, estudavam

para prestar concurso público, para atuar em qualquer área, certamente em busca

da estabilidade oferecida pelo serviço público.

Page 166: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

164

A pesquisa de Amorim (2014) com egressos do curso de História da UFMG

revelou que grande parte dos graduados estava atuando fora da sua área de

formação, pois acreditava ser mais vantajoso ter um cargo público, ainda que não

houvesse exigência de formação de nível superior. Caberia investigar com mais

profundidade os motivos pelos quais os egressos não estariam atuando na área em

que se graduaram. Pesquisa realizada com licenciados e não licenciados bolsistas

do Prouni revelou que mais de 43,8% dos egressos de cursos de licenciatura

estavam atuando fora da área de formação, enquanto 28,0% de egressos de outros

cursos estavam nessa condição (FELICETTI, 2012), divergindo, assim, dos

resultados encontrados neste estudo. Em outras palavras, os egressos aqui

focalizados tinham menor desvio ocupacional.

No que tange à situação profissional dos egressos dos cursos de Matemática

e de Pedagogia, constatou-se que 27,5% tornaram-se professores após a conclusão

do curso; 26,4%, durante o curso; 11,0% já eram professores antes de ingressar no

curso, o que totaliza 64,9% de egressos que trabalhavam como docentes,

apontando para uma pequena discrepância com os 59,3% que afirmaram já ter tido

experiência no magistério. Por outro lado, 16,5% nunca foram professores, mas

pretendiam ser e 3,3% nunca foram nem gostariam de ser. Ressalta-se, ainda, que

15,4% dos pesquisados estavam trabalhando na área educacional, mas não como

docentes. A atuação desses docentes, segundo os níveis de ensino e o tipo de rede

distribui-se segundo a tabela 35. Observa-se que, entre os egressos pesquisados

atuantes no magistério, a maioria lecionava nas séries iniciais do ensino

fundamental. Quanto à rede, os professores distribuíam-se quase igualmente entre a

pública e a privada. Foram identificados sete casos de docentes que atuavam

simultaneamente na rede pública e na rede privada, dos quais apenas dois no

mesmo nível de ensino.

Tabela 35 - Distribuição dos egressos atuantes no magistério, segundo o nível de ensino e o tipo de rede em que atuavam (em %)

Nível de ensino Tipo de rede

Pública Particular Creche 6,5 6,5 Pré-escola 8,1 12,9 Ensino fundamental – séries iniciais 37,1 31,7 Ensino fundamental – séries finais 6,5 4,8 Ensino médio 1,6 4,8 Total 59,8 60,7

Fonte: Pesquisa de campo (2014). Nota: Os respondentes podiam atuar em mais de um nível de ensino/ tipo de rede.

Page 167: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

165

Em uma escala de zero a dez, os egressos avaliaram seu grau de satisfação

com a ocupação exercida à época da pesquisa. Os licenciados atribuíram média

ligeiramente superior (M=6,88; DP=3,116) aos bacharéis (M=6,66; DP=2,991),

embora com ampla variação em torno das médias. A moda foi 10 para ambos os

grupos, mas a mediana foi 8 para os licenciados e 7 para os bacharéis. Enquanto

68,1% dos licenciados atribuíram grau 7 ou superior à satisfação ocupacional, esse

percentual foi de 55,2% para os bacharéis. Na outra ponta, 15,4% dos licenciados e

13,8% dos bacharéis concederam grau de 0 a 3. Aparentemente, os licenciados

avaliaram suas ocupações com os extremos da escala, enquanto os bacharéis se

mantiveram no meio dela. Mas, em termos gerais, os egressos de licenciatura

pareceram mais satisfeitos do ponto de vista profissional que os de Direito. Para

Vargas (2011), a satisfação profissional não é determinada apenas pela variável da

remuneração, já que os egressos pesquisados pela autora, em todas as faixas de

renda, se consideraram tanto satisfeitos quanto insatisfeitos com a carreira.

O teste t não encontrou diferenças significativas entre os grupos

(t[118]=0,340; p=0,734). O estudo de Felicetti (2012) constatou relação significativa

entre a satisfação com o trabalho e o fato de estar atuando na área de formação,

apenas para os egressos de cursos diferentes de licenciatura. Ademais, a autora

constatou ainda que “a proporção de graduados com maior remuneração está entre

os egressos que atuam na área de formação tanto para licenciados quanto para não

licenciados” (p. 293). Na pesquisa de Gonçalves e Pereira (2015), 77,8% dos

egressos de pedagogia entre 2006 e 2010 da Unicamp declararam estar satisfeitos

com sua ocupação, enquanto esse percentual foi de 93,7% entre os graduados em

medicina do mesmo período.

No que concerne à avaliação sobre a escolha do curso já concluído, em

escala de um a quatro, houve diferença significativa entre os grupos (t[118]=0,170;

p=0,013), de modo que os bacharéis atribuíram notas superiores (M=3,69;

DP=0,660) aos licenciados (M=3,30; DP=0,753), demonstrando mais satisfação

deste grupo com a decisão outrora tomada. Questionou-se, ainda, se o estágio

curricular indicou que o curso foi uma boa escolha. Novamente, repetindo os

resultados encontrados com os concluintes, os bacharéis manifestaram mais

satisfação com a escolha do curso do que os licenciados, visto que 65,5% deles

Page 168: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

166

afirmaram que a escolha foi totalmente satisfatória; 27,6% declararam que sim, mas

só em parte e apenas 6,9% não acham que fizeram uma boa opção. Entre os

licenciados, 44,0% acreditavam que o estágio indicou que a escolha do curso foi

totalmente boa; 48,4%, que sim, mas apenas em parte e 7,7%, que não.

O teste t indicou diferenças significativas entre os grupos (t[118]=2,518;

p=0,013), em favor dos bacharéis (M=3,69; DP=0,660), comparados aos licenciados

(M=3,30; DP=0,753). Por outro lado, 83,7% dos egressos entrevistados por telefone

declararam ter feito uma boa escolha. Inclusive, o uso de qualificadores como “com

certeza”, “ótima escolha” foi frequente em quase 20,0% das respostas afirmativas.

Foi averiguado também se o contato com a realidade, por meio do estágio,

indicou se a profissão para a qual o curso preparou foi compensadora ou não.

Apesar de o teste t não ter apontado diferenças significativas, a média atribuída

pelos egressos de Direito (M=3,38;DP=0,775) foi superior à dos de Licenciatura

(M=3,18; DP=0,625).

No que tange à formação continuada, verificou-se que 58,6% dos bacharéis e

53,8% dos licenciados já haviam realizado ou estavam realizando, no momento da

pesquisa, algum curso de atualização profissional dentro da área do curso, enquanto

24,2% desses e 17,2% daqueles já haviam realizado ou estavam realizando curso

de atualização profissional fora da área do curso. Por outro lado, estavam se

preparando para concursos públicos 86,2% dos egressos de Direito e 79,1% dos

graduados em Matemática e Pedagogia. Esses dados parecem indicar a

preocupação dos egressos com a estabilidade e a qualificação profissionais.

Entre os licenciados entrevistados por telefone, 42,5% já haviam feito curso

de pós-graduação, de modo que os mais realizados foram os de Gestão e

Orientação Educacional (feito por 75,7% dos que já concluíram algum curso de pós-

graduação), Psicopedagogia (feito por 35,1% dos que já tinham concluído algum

curso de pós-graduação) e Docência do Ensino Superior (feito por 16,2% dos que já

concluíram algum curso de pós-graduação). Outros cursos também foram

mencionados: Educação Especial, Educação de Surdos, Libras, Políticas Públicas,

Educação Matemática, Gestão de processos acadêmicos, Educação infantil,

Metodologia do Ensino de História, Estatística, cada um realizado por 2,7% dos que

Page 169: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

167

fizeram cursos lato sensu. É importante ressaltar que os cursos de pós-graduação

realizados pelos egressos mantêm afinidade com a área de formação.

Diversos egressos que não fizeram nenhum curso de atualização profissional

após a formatura disseram que ainda pretendem fazê-lo. Nenhum dos entrevistados

afirmou ter realizado ou estar realizando, no momento da pesquisa, curso de pós-

graduação stricto sensu, embora vários tenham manifestado desejo de ingressar em

curso desse nível:

Na verdade, eu tenho vontade de aumentar meus títulos. Ir para um mestrado, um doutorado... quem sabe? (EMF-679).

Eu quero fazer um mestrado na área da Educação e, no momento, isso não está sendo possível devido às condições financeiras (EPF-623).

Eu tinha muita vontade de fazer mestrado, né? Acredito que agora, eu tomando posse nesse novo cargo [Pedagoga do Ministério Público da União], até dê pra pagar o mestrado, né?. Porque aí vai ser mais tranquilo pra mim tá fazendo. Eu quero fazer mestrado na área de Educação (EPF-616).

Esses últimos depoimentos sugerem intenções das pedagogas em ingressar

no mestrado em instituição privada, pois, no caso da segunda, como assumiria um

cargo no serviço público e, consequentemente, teria a estabilidade por ele oferecida,

conseguiria pagar o curso. Ora, o processo de autosseleção parece novamente se

reproduzir. As duas egressas sequer cogitam a possibilidade de ingressar no

programa de pós-graduação stricto sensu em instituição pública, supostamente mais

seletivas.

Assim como os concluintes, os egressos também avaliaram os cursos em que

se formaram, a partir de várias capacidades gerais desenvolvidas pela educação

superior, que valem para o trabalho, a cidadania e a vida em geral.

Em escala de um a dez, perguntou-se em que medida o curso alterou as

possibilidades de obter emprego na área de formação. A média atribuída pelos

licenciados (M=8,23; DP=2,191) foi superior à atribuída pelos bacharéis (M=7,59;

DP=2,745). Quanto às possibilidades de obter emprego fora da área de formação, a

média das respostas dos licenciados (M=5,78; DP=2,969) também foi superior à dos

graduados em Direito (M=5,62; DP=3,289). Em nenhum dos casos, houve

diferenças significativas entre os grupos (p>0,05). Então, os cursos asseguraram

empregabilidade, na visão dos egressos.

Page 170: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

168

Em relação ao efeito dos cursos na capacidade de comunicação oral, a média

dos licenciados (M=8,48; DP=1,662) foi maior que a dos bacharéis (M=8,14;

DP=1,726). Já em relação ao efeito dos cursos sobre a capacidade de comunicação

escrita, a média dos licenciados (M=8,23; DP=1,814) foi pouco menor que a dos

bacharéis (M=8,52; DP=1,639). Nenhuma dessas variáveis apresentou diferença

significativa entre os grupos (p>0,05).

No que tange às possibilidades de o curso ter afetado a capacidade de

identificar problemas com clareza dentro ou fora da área de formação, o grupo de

Direito alcançou média pouco superior (M=8,45; DP=1,804) à do grupo de

licenciados (M=8,37; DP=1,488), não tendo havido diferenças significativas.

Sobre a capacidade de resolver problemas dentro ou fora da área do curso,

as notas concedidas pelos bacharéis (M=8,28; DP=1,962) também foram maiores

que as atribuídas pelos licenciados (M=8,16; DP=1,695). No entanto, não foram

constatadas diferenças significativas entre os grupos.

A propósito do efeito do curso sobre a capacidade de trabalhar em equipe, os

cursos de licenciatura foram mais bem avaliados (M=8,52; DP=1,649) do que o

curso de Direito (M=7,55; DP=2,414), mas não houve diferenças significativas entre

os grupos. Especificamente no início da docência, o trabalho colaborativo é de

extrema importância, pois, assim, o “choque com a realidade” poderia ser

amenizado com o apoio dos pares, bem como a partir de trocas de experiências

com professores veteranos. Para Nóvoa (2009), o trabalho em equipe constitui-se

em uma das cinco “disposições” essenciais para a construção da identidade docente

no mundo atual:

Os novos modos de profissionalidade docente implicam um reforço das dimensões colectivas e colaborativas, do trabalho em equipa, da intervenção conjunta nos projectos educativos de escola. O exercício profissional organiza-se, cada vez mais, em torno de “comunidades de prática”, no interior de cada escola (NÓVOA, 2009, p. 31).

Por fim, em referência à relevância do curso para modificar a capacidade de

tomar decisões dentro ou fora da área de formação, as licenciaturas receberam

médias maiores (M=8,44; DP=1,470) do que o curso de Direito (M=8,31; DP=1,854).

O teste t também não apresentou diferenças significativas.

Page 171: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

169

Essas variáveis de avaliação do curso em que se formaram foram agrupadas

para a formação de um fator, isto é, uma média com base em todas as notas

atribuídas a cada uma dessas competências. A média dos licenciados (M=8,03; DP=

1,16) foi pouco superior à dos bacharéis (M=7,80; DP=1,62), embora o teste t não

tenha revelado diferenças significativas entre os grupos. Desse modo, pode-se

considerar que os egressos pesquisados avaliaram de forma positiva os cursos que

realizaram. Alguns graduados que participaram de entrevista por telefone ratificam

esses resultados, tecendo comentários positivos acerca da instituição, dos cursos e

dos professores:

É uma ótima faculdade, né? Tem muitos professores bem competentes, exigentes (...) É uma faculdade boa, né? Todo mundo fala bem e tal. Não é como as outra faculdades aí que eu não vou falar o nome, que a média é a mixaria e tal. Então assim... Nossa! Às vezes eu ficava doida, porque não tava dando conta e tal, mas no final foi bom para mim (EPF-687).

A escola é muito boa, né? Na época que eu fiz, eu não sei hoje, mas na época que eu fiz a escola era muito boa. Os professores muito bons, muito atenciosos, as matérias muito bem escolhidas e muito bem aplicadas, entendeu? O método de avaliação era um método bom de qualquer faculdade (EPF-645).

Eu gostei muito da metodologia, gostei também demais dos professores e... achei também a formação muito boa (EPF-648).

Pela faculdade, eu fiz uma boa escolha, mas não pela profissão (EPF-625).

O quadro 3 apresenta as diferenças entre concluintes e egressos na

avaliação que fizeram do curso e mostra que, de modo geral, os concluintes fizeram

avaliações mais positivas que os egressos, em ambos os cursos.

Quadro 8 - Médias e desvios padrões das avaliações do curso por egressos e concluintes de Licenciatura e de Direito

EGRESSOS CONCLUINTES

Licenciatura Direito Licenciatura Direito Em que medida o curso alterou as possibilidades de obter emprego na área de formação

M=8,23 DP=2,191

M=7,59 DP=2,745

M=8,08 DP=2,161

M=8,02 DP=2,225

Em que medida o curso alterou as possibilidades de obter emprego fora da área de formação

M=5,78 DP=2,969

M=5,62 DP=3,289

M=6,23 DP=3,143

M=6,69 DP=2,464

Efeito do curso na capacidade de comunicação oral

M=8,48 DP=1,662

M=8,14 DP=1,726

M=8,85 DP=1,163

M=8,02 DP=1,538

Efeito do curso sobre a capacidade de comunicação escrita

M=8,23 DP=1,814

M=8,52 DP=1,639

M=8,51 DP=1,473

M=8,36 DP=1,462

Capacidade de identificar problemas com clareza dentro ou fora da área de formação

M=8,37 DP=1,488

M=8,45 DP=1,804

M=8,61 DP=1,226

M=8,44 DP=1,534

Capacidade de resolver problemas M=8,16 M=8,28 M=8,74 M=8,26

Page 172: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

170

dentro ou fora da área do curso DP=1,695 DP=1,962 DP=1,135 DP=1,499

Capacidade de trabalhar em equipe M=8,52 DP=1,649

M=7,55 DP=2,414

M=8,92 DP=1,653

M=8,07 DP=1,745

Relevância do curso para modificar a capacidade de tomar decisões dentro ou fora da área de formação

M=8,44 DP=1,470

M=8,31 DP=1,854

M=8,82 DP=1,147

M=8,24 DP=1,650

Fator M=8,03 DP= 1,16

M=7,80 DP=1,62

M=8,33 DP=1,04

M=8,03 DP=1,38

Fonte: Pesquisa de campo (2013; 2014).

Perguntados sobre o principal motivo que os levou a escolher o curso de

licenciatura, 40,9% associaram a opção do curso ao desejo de se tornarem

professores. Por outro lado, 20,4% não conseguiram fazer o curso que realmente

queriam, isto é, mais de um em cada cinco egressos participantes da pesquisa.

Esses resultados confirmam os encontrados por pesquisas anteriores (VALLE, 2006;

VASCONCELOS; LIMA, 2010). Como questionaram Amaral e Oliveira (2011, p.

886), “a escolha pela licenciatura foi efetivamente uma escolha ou seria uma ‘nova

vocação’ a partir da realidade tangível do curso possível de ingressar e concluir?”.

Esses egressos concluíram o curso de Licenciatura porque era a única possibilidade

de fazer um curso superior, tendo em vista serem cursos geralmente mais baratos e

de mais curta duração?

Vários egressos entrevistados por telefone mencionaram o curso que

realmente queriam fazer, mas não tiveram condições, principalmente financeiras.

Psicologia foi o mais citado, mas também se referiram a Administração, História,

Ciências Contábeis, Letras, Fisioterapia, entre outros. Novamente, fica evidente a

opção residual pela Licenciatura, justificada muitas vezes pela proximidade com a

área de interesse inicial:

A princípio, porque eu queria fazer psicologia e parecia muito, assim, caminhava por esse caminho também (EPF-677).

Primeiro, eu queria fazer ciências contábeis, mas aí as minhas condições não davam por causa da mensalidade. Então, a minha segunda opção era matemática porque era a disciplina que eu mais me identificava (EMF-658).

Eu tinha muita vontade de fazer, meu sonho era fazer fisioterapia, só que era muito caro na época, né, eu não consegui passar na UnB, eu resolvi fazer pedagogia. Mas aí, com o decorrer do curso, eu passei a gostar. Quando eu comecei a fazer estágio, eu gostei muito, aí até hoje eu tô na profissão mesmo (EPF-604).

A questão da empregabilidade também surgiu nas respostas: 8,6%

escolheram a licenciatura porque acreditavam que havia possibilidade de obter

Page 173: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

171

emprego de forma mais rápida; 6,5%, para ter outra opção caso não conseguissem

exercer outro tipo de atividade, confirmando os resultados encontrados por Silva e

Speller (2008). Os autores pesquisaram egressos de Licenciatura em Pedagogia da

Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e verificaram que um dos motivos

pelos quais ingressaram no curso foi a facilidade para conseguir emprego. Alguns

dos entrevistados por telefone também escolheram o curso por suporem que os

licenciados têm mais oportunidades de trabalho.

Na época, [escolhi o curso] porque era um curso que eu conseguia ver que ia me trazer benefício no futuro. Mercado de trabalho amplo, uma área de trabalho em que eu conseguia não atuar somente em sala de aula, ia ter outros campos. Mais pela questão do mercado de trabalho (EPF-652).

É uma profissão que não nos deixa sem um emprego (EPF-597).

Bem, inicialmente foi por conta do mercado de trabalho. Meu pai que me convenceu a fazer. Não foi porque eu quis, não. É... eu tô sendo sincera (...). Realmente o mercado de trabalho é bom. Você termina a faculdade e você não fica desempregado, né. Hoje eu tô dando aula de contrato temporário do GDF (EPF-624).

Eu acho que, em relação ao leque em termos de trabalho, é muito amplo, sabe? E, assim, você não fica desempregada, então você tem a escolha de ser pedagoga, você tem a escolha de ser professora. Concursos públicos, a maioria tem aberto pra pedagogo. Então assim, você tem várias escolhas, então, eu gostei bastante em relação a isso (EPF-612).

Olha, eu fiquei em dúvida entre três, na época. Eu escolhi pedagogia pela área, assim, por ter mais vaga no mercado de trabalho (EPF-639).

Essas falas parecem mostrar que a escolha do curso se deu por motivos de

ordem prática de pessoas de menor renda, com premência em empregar-se e de

promover a sua ascensão ocupacional e, até certo ponto, salarial.

Outro fator para escolha do curso foi a influência, seja da família ou de algum

professor que tiveram durante a vida escolar e somou 14,0%. De fato, a influência

da família, de amigos ou de professores para exercer o magistério é um dos

aspectos relevantes levantados pela literatura (ANDRADE, 1997; BRASIL; GALVÃO,

2012; FERNANDES, 2011; GIESTA, 2008; GOMES et al., 2012; LEVENFUS, 1997;

RAMOS; LIMA, 1996; SANTOS, 2005) e também foi bastante mencionado entre os

ingressantes e concluintes. Os depoimentos dos egressos confirmam esse fato:

Eu decidi por esse curso porque eu tive uma professora que eu nunca me esqueci dela (na 4ª série), então eu achei... eu gostei da profissão (EPF-614).

Porque eu já nasci numa família de professores, minha mãe é professora, meu pai é professor. E eu tô apaixonada pelo que eu faço, que é cuidar de criança, lidar com criança (EPF-668).

Page 174: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

172

Bom, a princípio, foi por conta dos meus pais. Tem muitos professores na família. E, desde pequena, eu gostei muito da área (EPF-674).

Olha, a gente tinha uma bolsa, né, no meu trabalho. E aí a minha cunhada tava fazendo e tava gostando bastante e falou que era bastante interessante o curso, que já tava aparecendo oportunidade de estágio e aí eu resolvi fazer (EPF-606).

As perguntas abertas do questionário dos egressos revelaram categorias

muito semelhantes às encontradas entre os concluintes. Inicialmente, cabe registrar

a importância que os egressos atribuíam ao estágio como confirmação da escolha

do curso. De fato, para Santos e colaboradores (2014), o estágio pode influenciar de

forma positiva ou negativa a decisão sobre ingressar ou não na carreira docente.

(...) De um modo geral, temos como tomar decisões sobre concluir ou não o curso pela experiência do estágio (EPF-545).

Com o estágio, pude ter certeza que, de fato, era o que eu queria fazer o resto da vida, gosto de sala de aula e o ambiente escolar é onde quero ficar o máximo de tempo que eu puder (EMF-510).

Tive a certeza de que estava no curso certo e que realmente era o curso que queria, abracei minha profissão de coração e amo o que faço (EPF-542).

Eu consegui me identificar e ter certeza que era o magistério que iria me trazer a satisfação que me faltava profissionalmente (EMF-533).

Independente de como está a realidade educacional, ser professora sempre foi meu objetivo e o estágio me fez ficar ainda mais firme neste propósito (EMF-553).

No caso de alguns, o estágio foi o momento que tiveram para perceber que

não deveriam ter escolhido o curso de Licenciatura. Outros se arrependeram da

escolha após a formatura:

A escolha foi errada. Eu me equivoquei. Ser professor não é pra qualquer um, tem que gostar e eu não gostei (EPF-586).

Assim tive a certeza que não tinha a menor vocação para dar aulas (EPF-551).

Por meio do estágio, pude perceber que o curso no qual optei não era o que eu queria, pois não tinha nada a ver comigo. Não nasci para lecionar, me sinto frustrada, me formei, tenho diploma, porém, não me identifiquei com a profissão (EPF-586).

Pude ver que realmente não tinha vocação para sala de aula, me abrindo assim novos leques para as outras áreas que a pedagogia me oferece (EPF-531).

Assim, não é muito a ... depois que eu terminei, eu acho que não era muito o que eu queria (EPF-671).

Ah! Parando bem pra pensar, pra analisar, eu não teria feito esse curso hoje. Por que quando eu era criança eu gostava mais, mas quando eu

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173

cresci, eu já fui gostando de outras coisas. Mas, como era minha vontade desde criança, aí eu falei: “não, eu vou fazer isso!”, mas hoje eu não teria feito. Se começasse hoje, eu teria optado por outra área. Eu acho que eu gostaria de fazer jornalismo ou direito. Direito ou psicologia, uma dessas três áreas (EPF-667).

Esse último comentário, além de mostrar o arrependimento pela escolha do

curso de licenciatura, revela, ainda, que as opções são completamente distantes

entre si. A autora dessa fala havia sido nomeada recentemente no concurso da

Secretaria de Educação, mas vivia momentos de dúvidas sobre a carreira. Para

Vasconcelos e Lima (2010, p. 330), “a falta de identificação com o curso pode ainda

resultar na formação de profissionais insatisfeitos e de menor competência na

docência no nível básico”, de forma que as maiores consequências serão sofridas

pelos futuros alunos.

Ao contrário de alguns concluintes, que manifestavam, em suas falas,

preconceito em relação ao curso de licenciatura, vários egressos, especialmente do

curso de Pedagogia, o enalteciam, atribuindo-lhe uma visão de formação ampla:

Eu penso que, se todos cursassem Pedagogia para depois fazer outro curso, o mundo seria melhor. As pessoas estão precisando aprender para depois ensinar, seja em que área for (EPF-566).

O meu curso foi a melhor escolha, me deu uma visão mais ampla do mundo. Passei a ter uma visão de águia (EPF-560).

Ele é um curso que acaba abrangendo várias áreas do conhecimento, ele te dá um monte de conhecimento, né? Não foca somente numa coisa só, né? Você acaba estudando várias áreas bem interessantes do ser humano (EPF-648).

Percebe-se, em alguns comentários, a representação do magistério como

“extensão da maternidade” e como profissão que só deveria ser exercida por

mulheres, perspectiva também observada entre alguns ingressantes do curso de

Pedagogia. Costa e Ribeiro (2011), em pesquisa com alunas de Pedagogia que já

atuavam como professoras, constataram que, entre as pesquisadas, as concepções

sobre ser mulher e ser professora estavam intimamente relacionadas, o que parece

ser confirmado pelos resultados do presente estudo.

Segundo Louro (2011), a história da educação das mulheres tem início sob a

justificativa de que tinham a função social de educar os filhos, de formar os futuros

cidadãos, tendo em vista que seu destino era a maternidade. Desse modo, ela era

educada para além dos seus anseios ou vontades. A partir do final do século XIX,

Page 176: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

174

quando a infância e a psicologia infantil passaram a fazer parte dos discursos

científicos, o afeto começa a ser visto como essencial e facilitador da aprendizagem.

Assim, esses novos ensinamentos seriam fundamentais tanto para as mães quanto

para as professoras. Incorporando ao currículo essas disciplinas e incentivando a

presença das mulheres nos cursos de magistério, a intenção seria de formar boas

professoras e, mais ainda, de preparar as mulheres para o casamento e a

maternidade. Alguns depoimentos sugerem que a visão da educação feminina como

auxílio para o lar e para a maternidade permanecem ainda impregnados no

imaginário social da atualidade:

É um curso que todos deveriam fazer, principalmente as mães. Aprendi muito, principalmente a respeitar os limites das crianças (cada um tem seu tempo de aprender) (EPF-593).

Como eu disse, eu já estava com 54 anos [quando fez o curso], eu aprendi muito. Quisera eu ter feito antes de ter meus filhos, teria me ajudado muito. (...) Eu penso que todas as mães deveriam fazer pedagogia (EPF-660).

Porque eu posso, né? Usar no meu próprio dia-a-dia como mãe, por exemplo, né? Usei muito com minha filha, assim, o que eu aprendi no curso, né? (EPF-642).

Na verdade, eu acho que o curso de Pedagogia devia ser para todas as mulheres. Todas. Tipo assim, pega o ensino fundamental e faz uma matéria lá que... Não que ela vá ser professora... pra ela ter o conhecimento da pedagogia mesmo (EPF-685).

Assim, gostei do curso, me abriu muito leque pra o conhecimento, abriu muito leque pra várias... Até mesmo pra gente nos valorizar em termos de profissionais, em termos de esposa, dona de casa, né? (EPF-609).

Na visão de Arce (2001, p. 170), “a constituição histórica da imagem da

profissional de educação infantil tem estado fortemente impregnada do mito da

maternidade, da mulher como rainha do lar, educadora nata”. Para a autora, essa

imagem do profissional que não consegue dissociar a mãe e a criança trouxe sérias

consequências para o professor da educação infantil, tais como a desvalorização

social, a inferioridade em relação aos docentes dos demais níveis, entre outros. Para

Costa e Ribeiro (2011), quando as professoras atribuem à profissão docente

características maternas e domésticas, acabam desvalorizando a profissão.

Não obstante a representação do magistério como a extensão do lar, ficaram

evidentes em pelo menos dois casos de mães que, após a maternidade, deixaram

de trabalhar e optaram por cuidar dos filhos. Segundo Lassance (1997, p. 53), para

a mulher, “o trabalho passa a ser possível ou justificado e analisado em função das

Page 177: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

175

possibilidades de gerenciamento eficiente da esfera doméstica”, pois, ainda que elas

não realizem os trabalhos domésticos, são responsáveis por ele. Bruschini, Ricoldi e

Mercado (2008, p. 19) acrescentam que, entre todos os fatores relacionados ao

espaço familiar, “a presença de filhos pequenos é o que mais dificulta a atividade

produtiva feminina, na medida em que o cuidado com os filhos é uma das atividades

que mais consome o tempo de trabalho doméstico das mulheres.“ Desse modo,

caso verifiquem incompatibilidade entre o trabalho e o gerenciamento doméstico,

geralmente tendem a diminuir ou interromper o trabalho:

No momento, eu tô em casa, que eu tenho um menino pequenininho aqui e aí eu optei por cuidar dele. Ao invés de trabalhar fora, cuidar dele (...)Tô esperando mesmo só o pequenininho crescer mais um pouquinho pra poder voltar a trabalhar (EPF-627).

Eu me formei, mas no momento eu estou sem trabalho. Estou com uma neném de um ano e estou em casa cuidando dela. (...) Agora pretendo ficar, minha filha ficar um pouquinho mais velha pra eu poder voltar (EPF-622).

Acerca da contribuição da formação universitária no desenvolvimento pessoal

dos estudantes, Pachane (1998) afirmou que a vivência universitária ocasiona, no

estudante, diversas rupturas, simultaneamente, nos âmbitos pessoal, social,

educacional, moral etc. Entre outras, pode-se destacar as seguintes rupturas:

“ruptura consigo mesmo (autoconhecimento, novos valores, processo natural de

amadurecimento); ruptura em relação à visão de mundo (mais ampliada, mais

diversificada) e modos de relacionamento (de modo geral, mais abertos)” (p. 126).

Alguns licenciados assinalaram o efeito do curso em suas vidas pessoais:

O curso me proporcionou melhorias em todos os aspectos, seja profissionalmente e pessoalmente. Antes de entrar no curso, tinha muitas dificuldades de me expressar, era tímida, não tomava a frente de nenhuma decisão. Ao longo do curso, observei que houveram muitas mudanças (EPF-548).

Compensadora no sentido em que aprendi muitas coisas para a vida, independentemente de atuar ou não na área (EPF-587).

Eu aprendi muita coisa, apesar de eu não tá pondo em prática, mas teve coisas que eu aprendi não só pra área profissional, mas pra área pessoal também eu aprendi no curso. O curso de Pedagogia, eu penso que ele não é só algo técnico, ele é mais, uma coisa mais humana. Então, eu acho que foi algo que fez com que eu aprofundasse em várias coisas na vida, não só em questão profissional, mas pessoal também. Por isso que eu acho que foi uma escolha boa (EPF-627).

Quem tá de fora, tem uma visão. Quando você começa a fazer o curso, você tem uma outra, você muda de opinião (EPF-626).

Page 178: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

176

Os graduados reconheceram a importância do estágio como experiência

prévia do que vivenciariam ao se formarem. Realmente, o estágio possibilita aos

estudantes refletir sobre vários aspectos relacionados ao magistério, tais como: “o

sentido da profissão, o que é ser professor na sociedade em que vivemos, como ser

professor, a escola concreta, a realidade dos alunos nas escolas de ensino

fundamental e médio, a realidade dos professores nessas escolas, entre outras”

(PIMENTA; LIMA, 2012a, p. 100). Essa perspectiva pode ser constatada nos

seguintes depoimentos:

O estágio é muito importante para obtermos contato com a realidade do trabalho que irei desempenhar (EMM-523).

Porque por meio do estágio temos mais contatos com a realidade da profissão, com todas suas particularidades, desafios, dificuldades e alegrias em ser professor (EPF-550).

Pude ver a realidade dos alunos e suas dificuldades dentro e fora da sala de aula (EPF-560).

É o momento que percebemos as dificuldades pelas quais iremos passar ou enfrentar. Salas cheias, alunos com históricos familiares complicados, diferença de faixa etária, reprovação (EPF-576).

No estágio, obtive uma visão geral do que é ser professor tanto nos aspectos positivos como nos negativos. Obtive noções concretas da realidade da educação pública no DF e do meu papel social enquanto professor (EPF-594).

Porque lá pude observar o que me esperava em relação aos alunos, escola, pois não tinha nenhuma noção de sala de aula. O estágio obrigatório realmente é de grande valia, embora na prática exige muito mais, mas já é um grande começo (EPF-559).

O estágio foi importante, ainda, para mudar os caminhos de alguns alunos e

modificar sua visão acerca da docência. Pessoas que não viam no magistério uma

possibilidade profissional foram capazes de repensar e alterar seu rumo a partir da

prática vivenciada no estágio:

Fui para a área de pedagogia como segunda opção e, com o decorrer do estágio, percebi que tinha vocação na área (EPF-589).

Apesar de a princípio não ser a profissão desejada, no estágio descobri que sei e gosto de ser professor (EPF-594).

Porque até então eu achava que não, mas aí, quando eu entrei, comecei o curso, fiz estágio, daí eu vi que realmente era o que eu queria mesmo (EPF-608).

Os depoimentos ressaltam o grande valor da associação entre teorias e

práticas na formação do educador, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da

Page 179: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

177

Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996). Na visão de Vazques (1968), as

atividades teóricas e práticas são responsáveis pela transformação da natureza e da

sociedade. Na perspectiva da prática, há certa orientação teórica, pois esta

fundamenta a própria prática humana. Na perspectiva teórica, o autor considera a

existência de uma ação consciente, refletida e resultante da ação humana que, por

sua vez, se diferencia dos demais animais. Para Rocha (2006, p. 68), “a teoria não é

norteadora da prática, mas seu papel está em possibilitar a análise da prática e a

tomada de decisões a partir dessa análise”.

Assim, a ação docente deve ser o resultado de uma prática objetivada, como

resultado da ação humana, que passou pelo crivo do estudo e análise teórica do

conteúdo. Esta práxis, enquanto aspecto imprescindível à formação de qualquer

graduando, pressupõe o envolvimento de todos os sujeitos, bem como a

compreensão de que é necessário o aprofundamento da prática por meio dos

estudos teóricos, de tal forma até que eles se tornem conhecimentos concretos e

significativos em suas formações. Nesse sentido, Pereira (1982, p. 77) completa,

considerando que a “práxis, enfim, é ação com sentido humano. É a ação projetada,

refletida, consciente, transformadora do natural, do humano e do social”. Há ainda o

fator da improvisação, no plano individual, subjetivo e singular, a depender das

situações cotidianas vivenciadas pelo professor. Ademais,

Nessa singularidade de cada situação o profissional tem de saber mobilizar todo o tipo de saber prévio que possui, transformando-o em fundamento do agir informado, que é o acto de ensinar enquanto construção de um processo de aprendizagem de outros e por outros – e, nesse sentido, arte e técnica, mas fundada em ciência (ROLDÃO, 2007, p. 101).

Assim como entre os concluintes, e confirmando a literatura, a distância entre

as teorias aprendidas durante a formação e as práticas observadas no estágio

curricular supervisionado foi um aspecto bastante evidente nos relatos dos egressos.

Então, os currículos precisam ser mais realistas.

Há um choque entre prática e teoria. O que víamos na teoria era muito lindo e convidativo, mas, ao nos depararmos com o estágio obrigatório, vemos que a teoria não é tão linda assim e nem sempre funciona. Exigindo do professor mecanismos não vistos no curso para resolver conflitos que aparecem, como, por exemplo, um aluno que não quer estudar, preparamos uma aula ótima, mas nada chama sua atenção, o que fazer? Com indisciplina? Falta de educação? Meios adequados para trabalhar? E outros quesitos (EPF-527).

Page 180: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

178

Aprendi muito durante a minha formação, porém, durante o estágio percebi que ainda existe uma distância muito grande entre prática e teoria, a impressão que tive é que muitos dos autores e até os professores que tive na faculdade nunca entraram em sala de aula (EPF-528).

Várias situações abordadas na teoria não são executadas na prática e a gestão da escola nem sempre aceita a atitude correta aprendida na teoria (EPF-563).

Confesso que nem tudo que aprendi na faculdade foi relevante em sala de aula, uma vez que as adversidades enfrentadas na prática fogem a todas aquelas teorias vistas (EPF-528).

Trata-se do “choque com a realidade”, termo comumente utilizado para referir-

se aos professores em início de carreira, que sofrem o impacto entre os ideais

fantasiados durante a formação e a realidade vivida nas salas de aula. Alguns

egressos utilizaram também os termos “susto”, “impacto” e “decepção”:

Vi algumas coisas que me fizeram decepcionar com a profissão (EPF-555).

No estágio, porém, a gente se decepciona um pouco, deparando-se com a realidade principalmente do ensino público do DF... péssima situação da escola... a falta de recursos para efetuar um bom trabalho... e, por último, o descaso do professor perante o aluno... parece que estão lidando com coisas e não com gente... (há exceções, claro!) (EPF-566).

(...) mas por outro lado, assustou um pouco, visto que a nossa visão como profissional é muito diferente da visão de estudante. Na minha prática de estágio pude ver o outro lado de uma situação que sempre tive contato, mas porém com um outro ângulo (EPF-576).

(...) ao se deparar com as dificuldades dos profissionais da área, como baixos salários, reconhecimento e condições de trabalho, leva-se um choque e nos faz refletir sobre a respeito de nossa escolha profissional (EPM-592).

Realizei meu estágio em escola pública (municipal) e foi bem impactante. (EPF-528).

Silveira (2006, p. 44), ao relatar a experiência de seu início da carreira

docente, afirmou que “somos formados para lidar com um ‘aluno ideal’, que tudo

aprende sem o menor problema. Assim, chegamos à sala de aula e nos deparamos

com situações das mais diversas para as quais não fomos preparados”. Para Lima

(2006), os maiores problemas e dificuldades identificados nos anos iniciais do

magistério são: 1) solidão, ou seja, a falta de apoio institucional e dos pares; 2) trato

com os pais dos alunos; 3) aprendizagem dos estudantes; 4) manutenção da

disciplina. Por outro lado, afirma que o sentimento de “descoberta” ajuda os

professores iniciantes a manter-se na carreira. Algumas fontes dessas descobertas

seriam: 1) aprendizagem com os alunos; 2) aprendizagem com os pares; 3)

Page 181: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

179

valorização da formação acadêmica; 4) afeto e acolhimento dos alunos; 5) relação

com sua trajetória pessoal; 6) possibilidade de fazer escolhas e intervir nas

situações.

Segundo Silva (1997), as dificuldades sentidas pelos professores

pesquisados no primeiro ano da docência situavam-se no âmbito da escola e da

aula. Da escola, nos seguintes aspectos: funcionamento institucional (burocracia),

relação com os colegas (rejeição e isolamento) e falta de trabalho colaborativo,

atribuição de cargos para os quais não estão preparados ou sobrecarga de trabalho.

No cerne da aula enumeraram-se as seguintes dificuldades: relação pedagógica

(indisciplina dos alunos), avaliação (dificuldade em desenvolver avaliação formativa

devido ao grande número de alunos na turma) e planejamento.

Desta forma, a atividade docente implica em mobilizar um conjunto de

saberes construído por meio da formação acadêmica e das experiências construídas

ao longo do exercício da profissão. Em se tratando da formação acadêmica, é mister

considerar que os saberes construídos perpassam tanto pela identidade do sujeito

quanto pelo desenvolvimento de estudos e práticas que são construídas e

consolidadas durante o percurso formativo. Por outro lado, as experiências

construídas no decorrer da docência trazem à tona toda uma trajetória que implica

um fazer e refazer, um planejar, executar e avaliar permanentes. Alguns egressos

tiveram a oportunidade de observar a atuação dos professores nas escolas, criticá-la

e refletir sobre ela:

Fiz estágio com professoras tão medianas que eu pensava: acho que posso ser melhor. E fiz estágio com uma professora tão boa que, por sinal, foi minha alfabetizadora, que eu pensava: quero ser igual a ela (EPF-584).

Porque eu percebi que, durante o estágio, o professor não dava aos alunos o apoio necessário para que ocorresse uma aprendizagem significativa (EMF-533).

(...) alguns professores não têm interesse em ensinar, pois, ao invés de explicar o conteúdo, apenas o trata como cópia, fazer com que os alunos copiem matérias do livro didático sem ao menos explicar porque ele está fazendo aquilo (EPF-539).

Segundo Cunha (2006), os professores são influenciados pelas práticas de

seus ex-professores, sejam elas positivas para serem repetidas, ou negativas para

serem ignoradas. Nesse sentido, a prática é vista como imitação de modelos, isto é,

o aluno aprende a profissão “a partir da observação, imitação, reprodução e, às

Page 182: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

180

vezes, reelaboração dos modelos existentes”, com base nas experiências e saberes

adquiridos (PIMENTA; LIMA, 2012a, p. 35).

Ainda acerca dos problemas com os estágios oferecidos nos cursos de

Licenciatura, Gatti (2014) assevera que geralmente os professores não têm apoio

institucional nem a supervisão e orientação necessárias para um desenvolvimento

adequado da atividade. Para a autora, um dos problemas identificados é que as

instituições formadoras atribuem muitos alunos ao professor responsável pelo

estágio, o qual não tem condições de visitar a escola, conhecer seus professores e

efetivamente acompanhar os alunos. Os relatos a seguir evidenciam a ausência da

atividade prática durante o estágio, podendo sugerir essa distância entre a

instituição formadora e a escola:

Porque no estágio não fiquei diretamente na sala de aula. Era direcionada para outros setores (EPF-513).

A atuação não acontecia de fato, nós só observávamos (EPF-596).

Faltou a prática (EPF-519).

Meu estágio não foi na área (EPF-538).

Na visão de Lüdke e Boing (2012, p. 449), é urgente que se estabeleçam

parcerias efetivas entre a escola e a universidade para que os futuros docentes,

durante a sua formação, convivam com o trabalho real do professor, de modo a

“conhecer de perto possibilidades e limites e ainda caminhos já traçados pela prática

de professores experientes”. Para Leone e Leite (2011, p. 255), cabe às instituições

formadoras de professores repensar a forma como os estágios supervisionados e as

práticas de ensino são organizados, desenvolvidos e avaliados, a fim de garantir aos

futuros docentes “um contato mais próximo e efetivo com a realidade escolar, o qual

lhes possibilite o conhecimento dos sujeitos e das situações reais que serão

enfrentadas na prática docente.” As autoras acrescentam ainda a necessidade de

que as instituições assegurem “o compromisso e a responsabilidade em

proporcionar apoio sustentável aos egressos em seus primeiros anos de exercício

do magistério”.

Outros egressos criticaram a duração do estágio, afirmando ser muito curta

para que eles de fato aprendessem sobre o exercício da profissão, mesmo problema

Page 183: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

181

identificado pelos professores no seu primeiro ano de docência, pesquisados por

Silva (1997).

O período de estágio é curto para preparar alguém para o mercado de trabalho (EPF-558).

Não temos tempo suficiente durante o estágio para identificar todos os aspectos (EPF-545).

O estágio contribuiu satisfatoriamente. Mas deveria ter um prazo maior e rigidez no acompanhamento de cada estágio na rede pública ou particular (EPF-599).

O estágio não é suficiente para nos mostrar a realidade de uma sala de aula (EMM-536).

Mesmo não trabalhando como professor, aprendi muito com meu estágio, embora muito curta sua duração (EMM-536).

No estágio, temos apenas uma noção do que é ser professor, não conseguimos visualizar o todo (EPF-550).

Por outro lado, sobre o estágio nos cursos de formação de professores, Lima

(2008, p. 198) afirma que “seu caráter passageiro faz com que ele seja sempre

incompleto, porque é no efetivo exercício do magistério que a profissão docente é

aprendida de maneira sempre renovada”. Tardif e Lessard (2009, p. 285) enfatizam

que “ensinar se aprende, em boa dose, ensinando”. Para esses autores, a

“experiência se põe a serviço da ação e traz as marcas da interatividade, isto é,

volta-se não para a posse da apropriação cognitiva de objetos, mas para a

realização das práticas pelo viés da interação com os alunos” (p. 286).

A gratificação emocional, categoria identificada entre os ingressantes e

concluintes, também emergiu entre os egressos. O prazer em transmitir o

conhecimento, em constatar a aprendizagem dos alunos, também foram aspectos

citados pelos licenciados:

(...) É compensador estar com crianças e poder passar o que você sabe é mágico (EPF-574).

Porque eu trabalho com o que eu gosto. Não é um trabalho que você acorda e fala: "Meu Deus do céu! Tenho que ir!" Não! É uma coisa que você fala: "Gente... Fulano vai tá lá, que gracinha! Ele já aprendeu a escrever o nome. Ele sabe contar." Qualquer coisa que eles façam, por mais pequenas que sejam, eu tô lá, sabe, participando disso com eles. Eu ajudei eles a construírem. Então, acho que é uma realização, tanto pra eles, quanto pra mim (EPF-680).

Porque, assim, é uma satisfação, né, de tá ensinando outras crianças a aprender a ler, a escrever, aí, pra mim, é uma satisfação enorme mesmo (EPF-666).

Page 184: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

182

Hoje a função de professor é, é ... eu acho que nós estamos numa condição muito mais difícil, né, mas assim, é gratificante. Então, a partir do momento que você vê um sorriso de uma criança, que você vê um desenvolvimento, um aprendizado, você pode ver naquele pequenino rosto que ele pode avançar, ser um bom cidadão, ter um bom emprego, porque eu acredito, eu acredito que a educação ainda é a salvação do nosso país (EPF-643).

Diversos egressos, da mesma forma que os ingressantes e concluintes, viam

a docência como um projeto assistencialista, altruísta e humanitário, vinculando-a ao

desejo de ajudar o próximo, de contribuir com a melhoria da educação no país e da

sociedade brasileira, confirmando, mais uma vez, a literatura sobre o tema (LELIS,

2009; LORTIE, 2002; MELLO, 2003). Segundo Tardif e Lessard (2009, p. 283), “a

felicidade no trabalho vem da alegria de trabalhar com crianças, jovens, de ajudá-

los, de vê-los progredir, mudar, aprender, instruir-se, fazer descobertas...”. Para o

autor, o amor das crianças é um fator decisivo na escolha da profissão e em sua

permanência, definindo, assim, a relação do professor com o trabalho, fato

confirmado por esta pesquisa. Os relatos a seguir ilustram essa visão de doação,

sacerdócio e vocação, ainda tão presentes no imaginário da sociedade:

É a minha forma de contribuir com a sociedade (EMF-510).

Compensadora [a profissão] no aspecto de realizar um trabalho que influenciará a construção de uma sociedade melhor, crítica e autônoma (EPF-521).

Compensa ver pessoas transformadas por meio do conhecimento que eu intermediei (EPF-591).

Pelo fato de se saber da relevância de uma educação e sua colaboração na vida e na formação de um cidadão (EPF-517).

Pelo amor à educação. Pela necessidade de melhorar cada vez mais a educação no nosso país (EPF-628).

[Pretendo] mudar, assim, um pouco a visão, né, de que muitos têm com a educação na área pública, né? Porque muitos estão insatisfeitos com a educação. Então queria mudar um pouco a visão deles, né? Que não é isso que eles pensam que é (EPF-666).

Acho que todo professor espera melhorar a educação, né? A gente trabalha pra isso (EPF-641).

Para Estrela (1997, p. 9), a persistência em vincular a docência a uma missão

sacerdotal alimenta “estereótipos idealizantes que constituem autênticos obstáculos

epistemológicos a uma análise objectiva e sistemática da profissão”.

Page 185: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

183

Outro aspecto bastante mencionado nos depoimentos, corroborando a visão

dos ingressantes e dos concluintes, foi a desvalorização social, geralmente

associada por eles aos baixos salários e às condições de trabalho:

O aspecto que não compensa é a desvalorização salarial de uma profissão que, se colocada em uma escala de importância, ocupa o primeiro lugar (EPF-521).

Infelizmente, o salário do professor ainda continua muito ruim e o desgaste é grande. Não há investimento por parte do governo nos profissionais, o que acaba nos desmotivando, além da não valorização por parte da sociedade em geral (EPF-568).

A desvalorização salarial deixa a desejar, faz com que o educador busque outros meios de suprir carência financeira fora da área de sua formação (EPF-521).

(...) Não sei se estou certa de que é isso que realmente quero para mim, pois a falta de valorização do professor e a falta de respeito com o mesmo me desanima (EPF-587).

Infelizmente, quando se pensa na remuneração de professor, a carreira pode ser desanimadora (EPF-524).

O estágio contribuiu de maneira significante, destacando os pontos positivos e negativos desta carreira. Mas atualmente estou me descobrindo em qual área da educação devo prosseguir, deixando de fora dos meus planos a sala de aula. Trabalhar com crianças não é o problema, mas a desvalorização escolar e social (EPF-599).

Eu não estou satisfeita, para te ser bem sincera. Porque é uma coisa que não te dá retorno. Assim, só poucas pessoas que estudam, que param pra ver a importância da pedagogia, que vê a importância. Aqui fora a gente não é reconhecido. A educação não é reconhecida e não é valorizada. Então... é algo que realmente não te dá retorno e você precisa ser feliz naquilo que faz, tanto emocionalmente quanto profissionalmente. E, no caso da pedagogia, é muito bom, é muito gratificante, mas para mim não tem o retorno financeiro (EPF-625).

Como visto anteriormente, a literatura confirma que os baixos salários e a

desvalorização social da profissão docente são fatores de rejeição à carreira do

magistério e motivos para o abandono da profissão (BARBOSA, 2011; 2012;

BRANDÃO, 2012; BUENO; ENGE, 2004; ENS; EYNG; GISI, 2009; LIMA, 2010;

LIMA; SICCA; DAVID, 2012; LUNKES; ROCHA FILHO, 2011; OLIVEIRA et al., 2011;

SILVA, 2012; TARTUCE; NUNES; ALMEIDA, 2010; VALLE, 2006). Alguns casos de

abandono do magistério, inclusive, foram identificados:

Não pretendo (retornar à área da Educação), não quero de jeito nenhum. Eu saí super frustrada. Eu já trabalhei na área. Então, assim, não quero. Eu tenho todos os traumas. Não quero (EPF-649).

No momento, eu tô num trabalho que é fora da minha área. E esse trabalho é melhor, tem uma remuneração melhor pra tá fazendo o estudo atual que eu tô tendo. (Trabalhei na área) sim, por um curto período de 6 meses, parei por questões de remuneração (EPF-605).

Page 186: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

184

E aí, eu trabalhei quatro anos na área. Eu gostava muito. Eu era assistente, mas eu gostava bastante de tá lá na escola, né. Mas agora eu saí, eu tô no comércio, eu sou comerciante. (...) Acho que pedagogia não tem muito a ver comigo mais não. Não sei se eu voltaria a dar aula, entendeu? (EPF-611).

Ao lado da desvalorização social e dos baixos salários, situa-se o mal-estar

docente, associado ao estresse causado pela sobrecarga, acúmulo de tarefas e

condições de trabalho:

Emprego, para você ganhar melhor, tem que ter dois, e se torna mais cansativo (EPF-590).

A área paga pouco, a rotina é muito cansativa e desgastante (EPF-529).

Pois é muito cansativo e, dependendo do município em que você leciona, há uma diferença enorme de condições de trabalho (EPF-520).

(...) Por outro lado, já foi observado também as dificuldades enfrentadas pelos professores, como doenças, falta de ânimo e estresse (EPF-568).

Eu aprendi muito com o curso de pedagogia, só que eu me senti um pouco frustrada quando eu vim pro mercado de trabalho, entendeu? Porque eu percebi assim que é um trabalho que exige muito da gente, muito. Não é só um trabalho de formação e de alfabetização, ou algo semelhante. Você forma um ser, em diversas formas, então, assim, é muita cobrança, é muito trabalho, que a gente tem que se dedicar mesmo. E acaba que o reconhecimento é muito pouco pelo trabalho que a gente faz, sabe? A gente tem um trabalho muito desgastante (EPF-664).

As diferenças entre as redes escolares pública e privada, tanto no âmbito das

condições de trabalho quanto da remuneração, foram referidas somente pelo grupo

de egressos que respondeu ao questionário on-line. Talvez essas questões tenham

sido declaradas apenas por este grupo, tendo em vista as próprias experiências para

ingressar no mundo do trabalho, na condição de diplomados:

Infelizmente encontramos uma grande diferença entre trabalhar na rede privada e na rede pública. Na rede privada costumamos encontrar professores desmotivados esperando por uma oportunidade de encontrar uma nova profissão, devido à baixa remuneração e à cobrança exagerada, ou seja, trabalha-se muito e recebe-se pouco. Na rede pública, considero que os professores recebem uma boa remuneração, porém o apoio do corpo diretivo da escola, em determinadas situações, ainda deixa muito a desejar (EPF-570).

A profissão é compensadora, pois oferece a possibilidade de boa remuneração caso esteja trabalhando para a rede pública. Por outro lado, trabalhar para a rede privada nem sempre traz a mesma compensação (EPF-583).

Percebi que, embora o trabalho de ensinar seja maravilhoso, muitas vezes a remuneração não paga o que se passa na profissão, especialmente em escolas privadas (EPF-512).

Gosto de matemática, mas o salário não convence. Já recebi proposta de instituições que só pagam o salário base (EMM-569).

Page 187: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

185

Outra situação com que se depararam os egressos no estágio foi o encontro

“com muitos professores insatisfeitos, desgastados pela vida que levam, pelo

trabalho que desenvolvem e pela perda dos direitos historicamente conquistados,

além dos problemas do contexto econômico-social que os afeta”, como previsto por

Pimenta e Lima (2012a, p. 104). Dessa forma, os estagiários perceberam que, até

mesmo entre os profissionais, a profissão é desvalorizada:

O reconhecimento da importância na atuação do pedagogo é mínimo até mesmo por outros atuantes na área da educação (EPF-557).

Os professores sempre nos alertavam da remuneração baixa e falta de respeito (EPF-561).

Os profissionais que estão atuando falam que é melhor desistir, que a profissão não é legal (EPF-590).

Entre ingressantes e concluintes, ficou clara a ideia do magistério como

“bico”, como segundo emprego ou como “trampolim” para outras oportunidades não

relacionadas à docência. Essa visão foi recorrente também entre os egressos.

Alguns, entre eles, já prestes a se aposentar em outra carreira, agora veem na

docência uma nova possibilidade de trabalho:

Eu saí da faculdade, vi que o salário não seria tão alto quanto eu esperava. Então eu comecei a estudar pra concurso. Eu passei em um concurso [escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal] e agora eu pretendo voltar a dar aula como hobby (EMM-678).

Como a minha carreira [é] de concursado [Corpo de Bombeiros Militar], a gente se aposenta novo, né? Eu, se eu permanecer nessa carreira, com 48, eu já posso aposentar. Aí, sim, eu pretendo dar aula (EMM-659).

Aposentar não é nem certeza, é fato, né? [Corpo de Bombeiros Militar] E talvez eu vá dar aula, né? Mas sem muita carga horária, uma coisa mais assim, só pra não ficar parado (EMM-656).

Por outro lado, alguns licenciados levantaram a dicotomia trazida pelo

aspecto da experiência, isto é, as escolas exigem experiência como critério de

seleção para contratação e, ao mesmo tempo, não oferecem espaço para os recém-

formados adquiri-la:

(...) Por outro lado, não encontramos muitas oportunidades de trabalho, as escolas sempre querem alguém com uma bagagem e isso desanima qualquer profissional, seja em qualquer área (EPF-574).

(...) Porém, muitas escolas, quando vão contratar professores, exigem experiência, didática, facilidade para trabalhar em equipe, coisas que só adquirimos com a prática (EPF-528).

(...) Além disso, o fato de ter o curso com pouca experiência de trabalho é mal visto pelos empregadores. Isso torna mais difícil a aquisição de uma vaga no mercado de trabalho (EPF-563).

Page 188: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

186

Pela falta de experiência, porque o estágio não conta muito quando você vai iniciar a carreira. Eles querem que você tenha já uma experiência anterior. Não sei como, porque você acabou de formar, mas é exigido no mercado e, por isso, eu estou ainda como professora auxiliar em uma escola particular (EPF-677).

Já teve muitos dias, assim, de eu me arrepender, porque eu já tentei tanto serviço na área e a maioria das escolas, quando eu deixei o meu currículo, infelizmente, tá pedindo experiência, né. É por isso que até hoje eu ainda não consegui. Eu tô até... Tem hora que eu fico até um pouco frustrada, decepcionada, triste por isso, né. Mas eu acredito que, se for da vontade de Deus, um dia eu vou atuar, né. Ainda que demore, né? (EPF-661).

Quanto aos motivos para escolha do curso de Licenciatura, diversas

categorias foram comuns às encontradas entre os ingressantes e concluintes. O

fator mais citado está relacionado ao gosto e à identificação, isto é, o gostar de

crianças, a identificação com o curso, com as disciplinas e com a profissão, ou seja,

são pessoas que escolheram a Licenciatura pelo desejo de se tornarem professores,

às vezes também justificado pelo sonho em ser professor:

Porque eu acho que eu tenho o dom para o que eu faço. Então eu gosto muito dessa área. Foi justamente por isso (EPF-603).

Por gostar de matemática mesmo e querer ser professora, no caso (EMF-679).

Porque é um curso que eu me identifiquei na área de magistério e eu gosto de trabalhar com criança (EPF-653).

A princípio é por vocação e depois é pelo prazer, é... de praticar o que eu sempre quis, que foi dar aula. Eu sempre quis ser professor (EPM-646).

Porque era uma área que eu tinha muito interesse, em relação ao desenvolvimento da criança, à vida da criança, como a criança se desenvolvia e eu gosto muito de criança e eu achei que era um caminho que eu poderia seguir e me dar bem (EPF-670).

Porque desde pequena é o meu sonho, né? Ser professora. É seguir a carreira de magistério. (...) Eu trabalho na área já, então, quanto mais eu tô trabalhando na área, eu tô me apaixonando mais pelo meu serviço (EPF-628).

Eu não fiz por um motivo de uma mensalidade mais barata ou qualquer coisa assim. Sempre foi um sonho, sempre admirei os professores e foi por isso que eu fiz pedagogia (EPF-643).

Mais uma vez, os resultados corroboram a perspectiva dos ingressantes e

concluintes e confirmam conclusões de pesquisas anteriores, isto é, o gosto ou

identificação com a profissão são os principais motivos para ingresso no curso de

formação de professores ou na própria profissão (BUENO; ENGE, 2004;

NOGUEIRA; ALMEIDA; QUEIROZ, 2011; GOMES et al., 2012; LEME, 2012;

MOREIRA et al., 2012; RABELO, 2010a; 2010b).

Page 189: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

187

A visão da conclusão do curso superior como a realização de um sonho foi

recorrente entre as pessoas com mais idade. A falta de oportunidades no decorrer

da vida, aliada à ampliação do acesso à educação superior nos últimos anos

certamente contribuíram para que essas pessoas conseguissem terminar um curso

superior:

Embora eu tenha cursado já depois dos 50 anos, sempre foi meu sonho. Aí, como eu não pude fazer antes, então... mas eu não deixei de fazer porque já estava com essa idade (EPF-660).

Na verdade... minha filha que... Eu já sou de idade, tenho 55 anos. minha filha parou de, de, de.... Já estavam adultas, todas duas formadas. Aí, eu resolvi estudar novamente. Fazer alguma coisa por mim, né? (EPF-685).

Ora, a motivação extrínseca para escolha do curso não atrai os melhores

candidatos intelectualmente. A fala e a escrita descuidadas, com erros gramaticais,

já reflete isso.

Mais do que nos outros grupos, ficou evidente a “escolha” do curso, por parte

de vários licenciados, por ser o curso mais barato, que cabia no orçamento familiar:

Na época que eu fiz o curso, essa foi, questão da parte acessível financeira, sabe? Mas não foi uma escolha assim que eu já tinha resolvido, não. Foi mais a parte financeira mesmo. Era o curso mais barato na época que eu fiz (EPF-612).

Inicialmente mesmo, sendo bem sincera, o que me atraiu foi o valor, né, porque eu tinha vontade de fazer uma faculdade (EPF-604).

Olha, na época, era o que, assim, eu poderia pagar, entendeu? Eu fiquei entre dois cursos. Um curso que era de serviço social e pedagogia, mas aí eu optei pela pedagogia (EPF-602).

Porque na época era o que cabia no meu orçamento. E um curso assim que eu achei que era mais tranquilo pra mim tá fazendo na época, e pra mim também ter um nível superior (EPF-638).

Um aspecto interessante revelado apenas no grupo dos egressos

entrevistados foi a realização do curso em virtude do recebimento da bolsa do

ProUni.

Vários egressos entrevistados escolheram outros cursos para primeira opção,

diversos de Pedagogia ou Matemática, mas decidiram fazer o curso porque haviam

sido beneficiados com a bolsa. Para a maioria dos estudantes pesquisados por

Almeida (2015), a concessão de bolsas do Prouni constituiu-se na única forma de

ingresso em um curso superior, ou seja, trata-se de uma alternativa para indivíduos

de baixa renda. Os depoimentos a seguir ilustram essa situação, a qual não foi

observada nos demais grupos:

Page 190: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

188

Olha, na realidade, não foi bem [o] que eu decidi fazer né? Quando eu prestei vestibular, eu tinha acabado de sair do meu ensino médio. Então, eu não tinha uma ideia muito definida do que eu queria. E aí eu prestei o ENEM, fiz o Prouni e no Prouni eu tinha que escolher cinco opções e acabei escolhendo pedagogia né? [O curso de Pedagogia foi a terceira opção, atrás de Administração e Letras]. E foi na bolsa que eu fui contemplada. Como eu não sabia muito bem o que eu queria ainda, eu fui pro curso de Pedagogia (EPF-664).

Porque eu adoro a área de exatas. Na verdade, no começo eu queria fazer engenharia, aí saiu a bolsa pra matemática e eu gostei da área (EMF-633).

Eu queria fazer história, mas aí como eu ganhei a bolsa em Pedagogia, eu acabei optando em fazer pedagogia pra aproveitar o semestre. Acontece que eu descobri que a pedagogia tava mais próximo do que eu queria do que história (EPM-650).

Ah primeiro foi porque eu fiz a prova do ENEM, aí na realidade eu queria fazer psicologia, mas a minha nota não dava pro curso. A única que dava era pra pedagogia, aí eu me inscrevi pra pedagogia e consegui a bolsa pelo Prouni (EPF-688).

Esses comentários mostram que, a nível do Programa, nem sempre as

primeiras opções dos candidatos são atendidas. Os pesquisados concluíram o curso

de Licenciatura porque tiveram a oportunidade por meio da bolsa, mesmo sem ter a

certeza de que queriam realmente cursá-lo e de que seria uma boa alternativa

profissional. Esses dados parecem confirmar a hipótese da autosseleção na escolha

do curso de Licenciatura, ou seja, as pessoas se antecipam à seleção formal e

escolhem cursos compatíveis com suas características socioeconômicas e

acadêmicas (NOGUEIRA, 2012; NOGUEIRA; ALMEIDA; QUEIROZ, 2011;

NOGUEIRA; PEREIRA, 2010; PAUL; SILVA, 1998; ZAGO, 2006).

Em síntese, concluiu-se que, assim como percebido pelos ingressantes e

concluintes, o status econômico dos bacharéis em Direito foi superior ao dos

licenciados, principalmente na variável salário bruto mensal. Por outro lado, não foi

notada muita diferença entre os grupos quanto à classificação econômica e a renda

familiar. Em ambos os casos, o capital cultural era mais modesto, principalmente

quando consideradas as variáveis conhecimento de línguas estrangeiras, a baixa

frequência de leitura de livros e de presença em atividades culturais diversificadas,

além do cinema.

Constatou-se, ainda, que pouco mais da metade dos licenciados pesquisados

tornaram-se professores durante o curso ou após a conclusão. Um em cada seis

egressos de licenciatura atuavam na área educacional, mas não como docentes. E

um em cada cinco nunca atuou no magistério, de forma que a maioria desses ainda

Page 191: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

189

pretendia ser professor. Quase 20,0% dos licenciados atuavam fora da área de

formação, caracterizando desvio ocupacional. Entre os que estavam atuando no

magistério, a maior proporção era nas séries iniciais do ensino fundamental, em uma

distribuição similar entre as redes pública e privada de ensino. Ademais,

aparentemente os egressos de licenciatura pareciam mais satisfeitos com as

ocupações atuais dos que os de Direito, embora, em termos de insatisfação, eles

também se destacaram em comparação ao outro grupo.

Page 192: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

190

4.5 OS BENEFÍCIOS COMPENSAM OS CUSTOS?

A presente pesquisa estimou os custos médios dos cursos para os

ingressantes e concluintes, compreendendo os custos diretos, isto é, as

mensalidades escolares; custos indiretos, como livros, cópias, transporte, material

escolar e alimentação. São abordados apenas os custos privados da educação, os

quais “incluem as despesas feitas por estudantes ou suas famílias com taxas, livros,

uniforme, transporte entre a casa e a escola, assim como o que quer que o aluno

tenha sacrificado em termos de remuneração, a fim de poder estudar” (VERHINE;

MAGALHÃES, 2006, p. 232). Ademais, foram estimados os rendimentos presentes e

prospectivos e comparados aos custos com a formação.

4.5.1 Os custos da formação

Para chegar aos custos totais, o valor individual de cada item foi multiplicado

pela duração de cada curso (sete semestres o de Pedagogia, seis, o de Matemática

e dez, o de Direito), atribuindo a cada semestre 20 semanas letivas ou cinco meses.

Desse modo, nas estimativas hipotéticas apresentadas, não se consideram

reprovações ou desistências no decorrer do curso, o que, certamente, implicaria em

mais altos custos.

São apresentados os valores nominais e também os corrigidos para abril de

2015, a partir do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI),

divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), desde 1947. O índice é uma medida

síntese da inflação no Brasil e serve como referência para correção de preços e

valores (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2015). Como data inicial para a correção

dos valores, foi considerado o último mês de coleta de dados, isto é, abril de 2011

para os ingressantes e abril de 2013 para os concluintes.

A tabela 36 mostra que, proporcionalmente, os custos com as mensalidades

em relação aos custos médios semestrais foram muito próximos para ambos os

grupos (63,4% para os licenciandos e 63,8% para os alunos de Direito), embora as

mensalidades do curso de Direito fossem superiores às das Licenciaturas em quase

duas vezes. Os custos totais no semestre foram, para os licenciandos, quase a

Page 193: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

191

metade dos de Direito, com pequenas variações percentuais nos indiretos. Em

conformidade com a sua capacidade financeira, as mensalidades eram menores e

os custos indiretos as acompanhavam. Em todos os itens, com exceção das cópias,

os gastos dos estudantes de Direito eram superiores aos do outro grupo, em valores

absolutos.

Tabela 36 - Estimativa de custos semestrais diretos e indiretos de formação dos ingressantes de

Licenciatura e de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2011 Licenciaturas Direito

Média semestral

(Valor nominal)

(R$)

Média semestral

(Valor corrigido)

(R$)

% sobre o total

Média semestral

(Valor nominal)

(R$)

Média semestral

(Valor corrigido)

(R$)

% sobre o total

Mensalidade escolar 2.086,81 2.614,86 63,4% 3.914,79 4.873,12 63,8%

Material escolar 61,09 76,55 1,9% 76,99 96,47 1,3%

Livros 98,26 123,12 3,0% 212,33 266,06 3,5%

Cópias 171,13 214,43 5,2% 156,55 196,16 2,6%

Lanches 256,49 321,39 7,8% 402,47 504,31 6,6%

Transporte 618,15 774,57 18,8% 1.342,65 1.702,31 22,3%

Total 3.291,93 4.124,93 100,0% 6.105,78 7.638,44 100,0%

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Valores corrigidos para 2015 pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015).

Os custos com material escolar alcançaram as menores proporções do total

nos dois cursos. Em contraposição, no ensino médio, esse item foi o mais

expressivo dos custos indiretos em pesquisa desenvolvida em uma escola pública

do Distrito Federal, com alunos desse nível de ensino, no turno noturno, portanto,

estudantes trabalhadores (DANTAS; DIAS; JESUS, 2015). Os gastos com lanches

foram o terceiro mais relevante, depois das mensalidades e transportes, para os dois

grupos.

Os custos com livros foram mais que o dobro em termos absolutos e um

pouco mais altos percentualmente para os respondentes de Direito. O valor mais

frequente (moda) igual a zero para livros (tabelas 37 e 38) entre todos os

ingressantes chama a atenção. Coincidentemente, os custos de cópias dos

Page 194: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

192

estudantes de licenciatura, em percentuais, foram o dobro dos de Direito,

apresentando os primeiros uma dispersão muito menor, quer dizer, os custos

parecem menos sujeitos à redução imposta pela renda limitada para atender às

necessidades.

Esses dados vão ao encontro dos resultados encontrados na pesquisa de

Britto (2005), que buscou compreender as estratégias de aprendizagem de

estudantes de Pedagogia de uma instituição periférica e concluiu que os principais

materiais de estudo eram cópias e anotações de sala de aula, além de ter

diagnosticado um baixo nível de aquisição frequente de livros, o que sugere

deficiências qualitativas da sua formação. A pesquisa de Gatti e Barreto (2009)

também chegou a conclusões semelhantes. Os materiais mais utilizados pelos

alunos (67,0% das respostas) dos cursos de licenciatura no Brasil eram apostilas e

resumos, e cópias de trechos ou capítulos de livros. No caso destes últimos, é

provável que, em muitos casos, os conhecimentos deixem de ser contextualizados

pelos alunos.

Aos estudantes que utilizavam transporte público e recebiam o passe livre

estudantil, não foi atribuído nenhum valor, visto que o deslocamento de casa até a

instituição se fazia gratuitamente. Como a instituição pesquisada não dispunha de

estacionamento privativo, os custos com transporte referem-se basicamente a

combustível, o que presume a posse de veículos. Neste caso, estes custos não

incluem a depreciação dos veículos pelo uso e outras variáveis. Os ingressantes de

Direito gastavam duas vezes mais com transporte que os licenciandos, conquanto,

em termos percentuais, os valores fossem próximos. De fato, os futuros bacharéis

tinham uma média de 1,56 (DP=1,080) automóveis, enquanto a média de veículos

dos licenciandos era de 1,00 (DP=0,805). O índice de ingressantes que não

possuíam veículo era de 27,4% entre os alunos de Licenciatura e de 12,0% entre os

alunos de Direito.

As tabelas 37 e 38 mostram que os custos totais da formação para os

licenciandos eram quase um terço dos de Direito, ou seja, com o valor que se

formava um bacharel em Direito, seria possível formar três professores.

Page 195: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

193

Tabela 37 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os ingressantes de Licenciatura (valores nominais e corrigidos), em 2011

Valores nominais Valores corrigidos

Média total

Desvio padrão Moda Mediana Média

total Desvio padrão Moda Mediana

Mens. escolar 14.127,13 3.757,00 15.120,00 15.078,00 17.701,91 4.707,69 18.946,02 18.893,39

Material escolar 409,34 309,42 350,00 350,00 512,92 387,72 438,57 438,57

Livros 648,42 807,47 0,00 350,00 812,50 1.011,80 0,00 438,57

Cópias 1.160,40 946,91 1.400,00 980,00 1.454,03 1.186,52 1.754,26 1.227,98

Lanches 1.699,29 1.279,29 1.400,00 1.400,00 2.129,28 1.603,01 1.754,26 1.754,26

Transp. 4.081,48 5.906,20 0,00 2.800,00 5.114,27 7.400,73 0,00 3.508,52

Total 22.126,06 27.724,92

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Valores corrigidos para 2015, pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015).

Tabela 38 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os ingressantes de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2011

Valores nominais Valores corrigidos

Média total

Desvio padrão Moda Mediana Média

total Desvio padrão Moda Mediana

Mens. escolar 39.147,86 10.759,44 43.740,00 42.720,00 49.053,98 13.482,05 54.808,14 53.530,03

Material escolar 769,94 893,18 500,00 500,00 964,77 1.119,19 626,52 626,52

Livros 2.123,29 1.806,08 0,00 2.000,00 2.660,58 2.263,10 0,00 2.506,09

Cópias 1.565,45 3.342,20 1.000,00 1.000,00 1.961,58 4.187,92 1.253,04 1.253,04

Lanches 4.024,71 4.200,66 2.000,00 3.000,00 5.043,14 5.263,61 2.506,09 3.759,13

Transp. 13.426,55 16.863,59 10.000,00 10.000,00 16.824,06 21.130,82 12.530,44 12.530,44

Total 61.057,80 76.508,10

Fonte: Pesquisa de campo (2011). Nota: Valores corrigidos para 2015, pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015).

Verifica-se que os resultados de renda, custos e financiamento, coerentes

entre si, evidenciam que é muito mais “barato” formar um educador que um bacharel

em Direito. Custos baixos e retornos modestos significariam que o “barato” sai caro?

Page 196: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

194

Que esperam a sociedade e a economia dos seus futuros educadores? Se as

expectativas de ganhos futuros e o capital cultural deles são modestos, não seria

lícito esperar um preparo mais cuidadoso? Sendo o preparo mais profundo, isto

suscitaria provavelmente as expectativas de recompensas, remetendo, assim, a

questões estruturais, que parecem constituir hoje um círculo de ferro da educação e

sociedade brasileiras.

Os custos diretos com o curso para os ingressantes de Direito equivaliam a

quase três vezes os custos dos licenciandos com as mensalidades escolares. Além

do valor da mensalidade do curso de bacharelado ser superior, é um curso com

maior tempo de duração. Os altos valores de desvio padrão para este item,

especialmente entre os futuros bacharéis, sugerem que os estudantes pagavam

valores diferenciados entre si. Uma possível explicação era a política da instituição

para concessão de descontos (por pontualidade no pagamento, por exemplo) e

bolsas, com base, entre outros critérios, no mérito dos alunos. De fato, 11,8% dos

alunos de licenciatura e 15,3% dos de Direito declararam receber bolsa integral ou

parcial da própria IES. Outra possibilidade é a diferença na quantidade de disciplinas

cursadas pelos alunos, que pode ter contribuído para a variação nos valores de

mensalidades. Observa-se, ainda, que, nos dois grupos, a moda e a mediana para

as mensalidades escolares situavam-se acima da média, o que significa que a

maioria dos respondentes pagava pelo curso um valor superior ao médio.

Questionados sobre o que estariam fazendo, caso não estudassem no horário

do curso realizado, as respostas dos ingressantes em Direito foram: 46,4%,

preparando-se para concurso público; 22,5%, trabalhando; 11,9%, descansando;

6,6%, cuidando dos filhos; 6,0%, fazendo outro curso (não superior); 4,0%, em

diversão; 2,6%, fazendo serviços em casa. As atividades exercidas pelos

licenciandos seriam: 35,3%, trabalhando; 33,1%, se preparando-se para concurso

público; 14,7%, descansando; 6,6%, fazendo outro curso (não superior); 4,4%,

fazendo serviços em casa; 2,9% em diversão e esse mesmo percentual cuidando

dos filhos. Nesse cenário, existe ainda o custo de oportunidade, visto que 22,5% dos

ingressantes de Direito e 33,1% dos licenciandos estariam trabalhando, no horário

da faculdade, caso não estudassem, deixando, portanto, de receber um salário em

detrimento dos estudos.

Page 197: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

195

Quanto aos concluintes, a tabela 39 expõe as estimativas de custos diretos e

indiretos no semestre. O percentual de custos relativos à mensalidade escolar foi

superior para os concluintes de Direito, diferente do observado com os ingressantes,

para quem os custos diretos, proporcionalmente aos totais, eram equivalentes entre

os dois grupos. Por outro lado, comparados aos ingressantes, a proporção de custos

com mensalidade escolar se reduziu e os custos referentes aos transportes se

elevaram em cerca de 10 pontos percentuais, tanto para o grupo de Licenciatura

quanto para o de Direito. É interessante salientar que os valores das mensalidades

não acompanharam o IGP-DI. Nem poderiam, pois eram pagas por assalariados e

trabalhadores do setor informal.

Tabela 39 - Estimativa de custos semestrais diretos e indiretos de formação dos concluintes de Licenciatura e de Direito (valores nominais e corrigidos), em 2013

Licenciatura Direito

Média semestral

(Valor nominal)

(R$)

Média semestral

(Valor corrigido)

(R$)

% sobre o

total

% sobre o subtotal

Média semestral

(Valor nominal)

(R$)

Média semestral

(Valor corrigido)

(R$)

% sobre o total

% sobre o subtotal

Mensalidade escolar 2.418,26 2.715,34 19,6% 51,8% 3.905,68 4.385,48 23,4% 55,5%

Material escolar 60,31 67,71 0,5% 1,3% 58,94 66,18 0,4% 0,8%

Livros 101,88 114,40 0,8% 2,2% 495,68 556,57 3,0% 7,0%

Cópias 219,32 246,26 1,8% 4,7% 163,87 184,00 1,0% 2,3%

Lanches 391,79 439,92 3,2% 8,4% 481,25 540,37 2,9% 6,8%

Transporte 1.479,64 1.661,41 12,0% 31,7% 1.932,57 2.169,98 11,6% 27,5%

Subtotal 4.671,20 5.245,04 37,8% 100,0% 7.037,99 7.902,58 42,2% 100,0%

Custos de oportunidade 7.695,78 8.641,18 62,2% 9.647,76 10.832,96 57,8%

Total 12.366,98 13.886,22 100,0% 16.685,75 18.735,54 100,0%

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Valores corrigidos para 2015 pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015).

A proporção de custos com transporte para os concluintes, em ambos os

cursos, foi superior à dos ingressantes. Assim como os ingressantes de Direito, os

concluintes desses cursos também gastavam mais que os licenciandos com

Page 198: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

196

transporte. Mas, proporcionalmente aos custos totais, os concluintes de licenciatura

gastavam ligeiramente mais (31,7%) que os de Direito (27,5%). Em comparação aos

ingressantes, a média de veículos dos licenciandos subiu 0,3 pontos (M=1,03;

DP=0,83) e a dos concluintes de Direito desceu 0,16 pontos (M=1,40; DP=0,90). A

mediana para este item foi quase o dobro para os concluintes dos dois grupos, em

comparação aos ingressantes, comprovando o crescimento dos custos com

mobilidade. Os altos valores de desvios padrão neste item indicam que proporção

elevada do grupo não tinha veículo e utilizava outras formas de transporte.

Ao comparar os custos semestrais dos ingressantes com os dos concluintes,

constata-se, entre os licenciandos, um custo maior, em valores absolutos, para

todos os itens, com exceção dos materiais escolares e livros, para os concluintes.

Os gastos dos concluintes com transporte eram duas vezes mais elevados que os

dos ingressantes. Quanto aos estudantes de Direito, os custos com livros dos

concluintes foram mais que o dobro dos ingressantes, as mensalidades bem

inferiores e os custos com transporte mais altos.

Quando os custos de oportunidade são somados aos custos diretos e

indiretos da formação desses concluintes, verifica-se que o componente mais

expressivo dos custos passa a ser justamente os de oportunidade. Nota-se que,

proporcionalmente, os custos de oportunidade representaram pouco mais de quatro

pontos percentuais a mais para os licenciandos (62,2%) do que para os concluintes

de Direito (57,8%), o que não nos permite concluir que os futuros educadores se

sacrificavam mais que seus colegas para concluir o curso superior. Segundo

Peñaloza (1999, p. 4),

como a decisão de estudar é tomada com base em uma avaliação de longo prazo, o estudante releva esses custos de renda não percebida, pressupondo que eles serão compensados com o aumento da renda pecuniária futura que lhe proporcionará a educação superior.

Os gastos com cópias para os concluintes de licenciatura equivaliam a duas

vezes mais que para os de Direito. Chama a atenção o fato de os livros

representarem apenas 2,2% dos custos dos licenciandos, enquanto esse percentual

era três vezes maior para os alunos de Direito. Mais ainda, no semestre, em

números absolutos, os custos com livros eram 4,8 vezes mais para os estudantes de

Direito do que para os de Licenciatura. Assim como verificado entre os ingressantes,

Page 199: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

197

a moda para os gastos com livros também foi zero entre os concluintes dos cursos

de formação de professores.

A média dos custos com livros para os concluintes de licenciatura

(M=R$782,04; DP=R$553,88), considerando todo o curso, foi mais de sete vezes

inferior aos custos dos alunos de Direito (M=R$5.565,71; DP=R$14.148,84). O alto

desvio padrão deste último mostra a grande variação dentro do grupo para este

item. No entanto, para os concluintes de Direito, a moda foi R$2.245,69, igual à

mediana e abaixo da média, demonstrando que pelo menos a metade deste grupo

teve um custo considerável com livros durante a sua formação.

Em se tratando de custos durante todo o curso, esse dado revela que grande

parte dos estudantes dos outros grupos não compraram livros durante a sua

formação ou gastaram ínfimos valores, tanto no curso de Direito como nos de

formação de professores. Para estes, inclusive, os gastos médios com livros e

material escolar foram muito próximos. A mesma moda foi observada para os dois

itens (R$393,00). A partir desse cenário, questiona-se: os futuros docentes não

gastam com livros porque não têm condições financeiras ou eles teriam mais hábito

de frequentar a biblioteca da instituição do que os estudantes de Direito?

Os relatórios do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE)

sobre os concluintes de 2011 de Pedagogia e de Matemática e os de Direito de

2012, apesar de não abrangerem as coortes investigadas nesta pesquisa, podem

dar pistas sobre esta questão.

A tabela 40 expõe o percentual de respostas dos concluintes participantes da

prova à pergunta do questionário socioeconômico sobre a frequência de utilização

da biblioteca da Instituição e revela que os estudantes de Direito iam à biblioteca da

instituição com uma frequência bem menor que os licenciandos. Ao passo que

94,2% dos concluintes de Pedagogia e 95,3% dos concluintes de Matemática

afirmaram ir ao local pelo menos uma vez por semana, esse percentual foi de 69,0%

entre os alunos de Direito. Apesar de não ser possível defender uma relação entre a

utilização da biblioteca e a compra de livros, esses dados podem ser ilustrativos.

Page 200: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

198

Tabela 40 - Frequência de respostas à questão do questionário socioeconômico do ENADE sobre assiduidade à biblioteca

Frequência Pedagogia 2011

Matemática 2011

Direito 2012

Diariamente 40,6% 37,2% 15,6%

Entre duas e quatro vezes por semana 37,7% 48,8% 35,6%

Uma vez por semana 15,9% 9,3% 17,8%

Uma vez a cada 15 dias 1,4% 2,3% 11,9%

Somente em época de provas e/ou trabalhos 4,3% 2,3% 16,3%

Nunca utilizo 0,0% 0,0% 3,0%

Total 100,0% 100,0% 100,0% Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2009d; 2009e; 2013c). Nota: Elaborada pela autora.

Entre os estudantes de Direito, a média de custos com livros para os

concluintes dobrou em relação aos ingressantes. Por outro lado, no grupo de

licenciandos, a média foi ligeiramente menor para os concluintes (M=R$782,04;

DP=R$553,88) comparados aos ingressantes (M=R$812,50; DP=R$1.011,80), mas

o desvio padrão bem menor, demonstrando mais homogeneidade entre os

primeiros. O alto custo de livros, associado à menor renda desses estudantes,

poderia ser uma explicação para o baixo custo com livros. No entanto, o pouco

hábito de leitura pode ser explicado pela existência de outras variáveis, além do

custo dos livros, tais como: “a falta de estímulo à leitura no ambiente familiar e a

crescente dependência da televisão – e, nos últimos anos, de sites na internet –

como fontes de informação e lazer” (VASCONCELOS; LIMA, 2010, p. 333).

Os custos médios totais dos concluintes foram superiores aos dos

ingressantes (tabelas 41 e 42). Os custos totais dos ingressantes de Direito eram

2,76 vezes maiores que os dos licenciandos. Entre os concluintes, esse valor foi

2,21 vezes superior para os futuros bacharéis. Em comparação aos futuros

professores, a diferença observada foi um pouco menor, mas, ainda assim, os

custos dos futuros bacharéis representavam mais que o dobro dos custos dos

licenciandos, em ambos os grupos. É possível que os futuros educadores “apostem”

menos numa carreira financeiramente menos promissora, ao passo que os futuros

bacharéis decidem “investir” mais em carreira mais rendosa.

Page 201: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

199

Tabela 41 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os concluintes de Licenciatura (valores nominais e corrigidos), em 2013

Valores nominais Valores corrigidos

Média total

Desvio padrão Moda Mediana Média total Desvio

padrão Moda Mediana

Mensalid. Escolar

16.508,19 15.132,34 16.800,00 16.247,28 18.536,17 16.991,30 18.863,83 18.243,21

Material escolar

412,21 731,56 350,00 300,00 462,85 821,43 393,00 336,85

Livros 696,48 493,28 350,00 700,00 782,04 553,88 393,00 785,99

Cópias 1.523,26 1.207,50 1.400,00 1.400,00 1.710,39 1.355,84 1.571,99 1.571,99

Lanches 2.678,21 2.445,04 2.800,00 2.100,00 3.007,22 2.745,41 3.143,97 2.357,98

Transp. 10.021,09 9.803,99 2.800,00 5.600,00 11.252,15 11.008,38 3.143,97 6.287,94

Subtotal 31.839,44 35.750,82

Custos de oport.

57.780,45 35.199,84 47.448,14 47.448,14 64.878,60 39.524,03 53.277,00 53.277,00

Total 89.619,89 100.629,42

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Valores corrigidos para 2015, pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015). Tabela 42 - Estimativa de custos diretos e indiretos de todo o curso para os concluintes de Direito

(valores nominais e corrigidos), em 2013

Valores nominais Valores corrigidos

Média total Desvio padrão

Moda Mediana Média total Desvio padrão

Moda Mediana

Mens. escolar

39.056,84 12.826,90 42.000,00 42.000,00 43.854,86 14.402,65 47.159,57 47.159,57

Mat. escolar

589,39 528,08 500,00 500,00 661,79 592,95 561,42 561,42

Livros 4.956,78 12.600,86 2.000,00 2.000,00 5.565,71 14.148,84 2.245,69 2.245,69

Cópias 1.638,67 1.355,25 1.000,00 1.000,00 1.839,98 1.521,74 1.122,85 1.122,85

Lanches 4.812,50 3.232,07 2.000,00 4.000,00 5.403,70 3.629,12 2.245,69 4.491,39

Transp. 19.325,71 12.542,27 20.000,00 20.000,00 21.699,82 14.083,05 22.456,94 22.456,94

Subtotal 70.379,89 79.025,85

Custos de oport.

105.860,54 65.235,15 67.783,05 67.783,05 118.865,19 73.249,09 76.109,99 76.109,99

Total 176.240,43 197.891,04

Fonte: Pesquisa de campo (2013). Nota: Valores corrigidos para 2015 pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (2015).

Page 202: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

200

Comparados os custos totais (com exceção dos custos de oportunidade) para

os concluintes e os ingressantes, nota-se que os concluintes de Licenciatura

declararam custos quase 30,0% superiores ao dos ingressantes. No caso de Direito,

esse valor foi apenas 3,2% superior.

Perguntados sobre o que estariam fazendo no horário do curso, caso não

estivessem estudando, as respostas dos concluintes de Direito foram: 23,8%,

trabalhando; 14,3%, descansando; 2,4%, fazendo serviço em casa; 2,4%, fazendo

outro curso (não superior); 50,0% estariam se preparando para concurso público e

7,1% deram outras respostas. Nenhum dos pesquisados respondeu que estaria

cuidando dos filhos, ou em diversão. Sobre o tipo de trabalho que poderiam fazer se

trabalhassem, em vez de estudar, a tabela 43 exibe a lista com as respostas dos

concluintes de Direito. A maior concentração de respostas (25,0%) foi em atividades

do ramo administrativo e do comércio, seguida por atividades docentes.

Tabela 43 - Tipos de trabalho que os concluintes de Direito poderiam fazer, caso estudassem em vez de trabalhar

Tipo de trabalho Frequência de respostas

Percentual (%)

Administrativo/ Comércio 6 25,0 Carreiras policiais 2 8,3 Consultoria 2 8,3 Docência 4 16,7 Serviço técnico 2 8,3 Escritor de livros e poesias 1 4,2 Estágio 1 4,2

Free lancer em eventos 1 4,2

Atividades rurais 1 4,2

Vigilante/ Lixeiro 1 4,2

Não sabe 1 4,2

Mesmo trabalho atual 1 4,2

Trabalho em empresa de parentes 1 4,2

Total 24 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013)

Já os licenciandos, caso não estudassem no horário do curso superior,

estariam exercendo as seguintes atividades: 37,8%, trabalhando; 1,4%,

descansando; 6,8%, fazendo serviços em casa; 6,8%, cuidando dos filhos; 8,1%,

fazendo outro curso (não superior); 35,1%, se preparando para concurso público;

1,4% em diversão; 2,7% deram outras respostas. Entre os que estariam trabalhando

Page 203: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

201

caso não estudassem, constata-se uma diferença percentual de quase 15,0% a mais

dos licenciandos em relação aos estudantes de Direito, sugerindo, novamente, maior

sacrifício por parte dos futuros educadores.

A tabela 44 detalha que tipos de trabalhos esses licenciandos poderiam fazer

caso trabalhassem, em vez de estudar, no horário da faculdade. A maioria (51,0%)

estaria atuando no ramo administrativo ou do comércio, com vendas, atendimento

ao público, recepção, gerência, entre outros, ou seja, atividades completamente

distantes da área de formação. Em segundo lugar (21,6%), aparecem as atividades

docentes, citadas algumas vezes como “aulas de reforço”. Mesmo sem o curso

concluído, essas pessoas atuariam no magistério, o que parece confirmar a opção

pelo curso de Licenciatura, bem como a intenção de atuar como professor.

Tabela 44 - Tipos de trabalho que os concluintes de Licenciatura poderiam fazer, caso estudassem em vez de trabalhar

Tipo de trabalho Frequência de respostas

Percentual (%)

Administrativo/ Comércio 26 51,0 Docência 11 21,6 Serviço técnico 4 7,8 Free lancer em eventos 2 3,9 Não sabe 1 2,0 Mesmo trabalho atual 2 3,9 Trabalho em empresa de parentes 1 2,0 Diversos 4 7,8 Total 51 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Quando estimaram o valor que poderiam ganhar mensalmente, caso

estivessem trabalhando, nesse horário, em vez de estudar, a maior concentração de

respostas dos concluintes foi na faixa entre um e dois salários mínimos (45,9% de

Direito e 58,2% de Licenciatura); 21,6% dos alunos de Direito e 10,4% dos de

Licenciatura assinalaram a alternativa “acima de quatro salários mínimos”; 18,9%

dos respondentes de Direito e 13,4% de Licenciatura afirmaram que poderiam

ganhar entre dois e quatro salários mínimos; 10,8% de Direito e 14,9% de

Licenciatura, entre meio e um salário mínimo. Por fim, 2,7% de Direito e 3,0% de

Licenciatura estimaram que receberiam menos de meio salário mínimo por mês. No

Page 204: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

202

conjunto, as estimativas dos respondentes eram de renda menor para os futuros

educadores que para os futuros bacharéis.

Em média, em valores corrigidos para 2015, os concluintes de Direito

estimaram receber R$1.805,49 mensais (DP=R$1.105,78), valor equivalente a 2,29

salários mínimos, e os de Licenciatura, R$1.440,20 (DP=R$901,99), isto é, 1,82

salários mínimos. A moda e a mediana foram a mesma para os dois grupos

(R$1.141,94). Considerado o custo de oportunidade para toda a duração do curso,

os alunos de Licenciatura deixaram de receber, em média, R$64.878,60

(DP=R$39.524,03) e os de Direito, R$118.865,19 (DP=R$73.249,09). Ou seja, esses

foram os valores sacrificados pelos concluintes para fazer o curso superior. É

interessante assinalar que, de qualquer forma, os licenciandos esperavam ganhar

baixa renda. Essa situação resultaria do seu mais baixo nível socioeconômico? Ou

também derivariam da sua avaliação de que o curso lhes oferece menores

perspectivas de remuneração?

Comparados esses valores à média de salário bruto declarado por esses

estudantes corrigidos para 2015, isto é, R$3.851,20 (4,88 salários mínimos) para os

de Direito e R$1.626,50 para os de Licenciatura (2,06 salários mínimos), o custo de

oportunidade era equivalente a 0,47 vezes o salário bruto recebido pelos concluintes

de Direito e 0,88 vezes o salário bruto dos de licenciatura. Novamente, nota-se

maior sacrifício dos futuros educadores para sua formação.

Mesmo na situação hipotética de um eventual trabalho no lugar dos estudos,

os concluintes de Direito teriam salários maiores que os licenciandos em cerca de

25,0%. Por que esta diferença, se, no mundo do trabalho, sem o curso superior, eles

estariam todos praticamente no mesmo nível educacional? A literatura responde a

esta questão, já que os cursos superiores são estratificados, isto é, as raízes dessa

hierarquia espelham também a estratificação dos currículos segundo as áreas

consideradas mais ou menos “nobres” dos currículos e a valorização das diferentes

trajetórias educacionais, como acadêmicas e profissionalizantes (YOUNG, 1988).

Foram feitas estimativas também sobre a proporção dos custos diretos,

indiretos e totais em relação à renda familiar e ao salário bruto declarado pelos

respondentes. Em todos os itens e para ambos os grupos, é notório um maior

percentual quando o denominador é o salário em vez da renda familiar, sugerindo

Page 205: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

203

que o salário do estudante não era a única renda da família, isto é, com frequência,

os ingressantes e concluintes provavelmente não conseguiriam arcar com os cursos

sem a ajuda da família. Realmente, uma pequena parcela dos ingressantes

constituía o principal responsável pelo sustento da família (10,2% de Direito e 4,0%

de Licenciatura). Entre os concluintes, essa proporção mais que dobrava: 22,0% dos

de Direito e 9,0% dos licenciandos.

A tabela 45 revela que, em média, os custos totais representavam 41,9%

(DP=32,8%) no orçamento das famílias dos ingressantes de licenciatura e 42,8%

(DP=56,2%) dos ingressantes de Direito. Apesar da média muito próxima, o desvio

padrão foi bem mais alto para os últimos. Esses dados parecem sugerir que os

custos com a formação, tanto em um caso quanto no outro, representam, para o

orçamento familiar, valores semelhantes, ainda que os rendimentos pessoais e

familiares dos estudantes de Direito tenham sido bem superiores. No entanto, ao

verificar a fatia dos custos em relação à renda domiciliar per capita, nota-se que, em

média, o sacrifício dos licenciandos é maior (M=163,1%; DP=171,6%) do que o dos

ingressantes de Direito (M=156,8%; DP=277,7%). Os altos valores de desvio padrão

indicam a grande variação das médias.

Tabela 45 - Proporção dos custos diretos, indiretos e totais em relação à renda média mensal familiar, à renda média mensal domiciliar per capita e ao salário médio bruto dos ingressantes

Item

Licenciaturas Direito

Média Desvio padrão Média Desvio

padrão

Custos diretos/ renda familiar 25,5% 19,4% 25,6% 28,4%

Custos indiretos/ renda familiar 15,8% 17,1% 17,4% 35,9%

Custos totais/ renda familiar 41,9% 32,8% 42,8% 56,2%

Custos diretos/ renda domiciliar per capita 99,1% 102,4% 90,7% 114,3%

Custos indiretos/ renda domiciliar per capita 60,8% 81,0% 65,9% 189,0%

Custos totais/ renda domiciliar per capita 163,1% 171,6% 156,8% 277,7%

Custos diretos/ salário 44,3% 20,5% 44,0% 37,5%

Custos indiretos/ salário 29,1% 27,5% 26,6% 29,7%

Custos totais/ salário 74,8% 39,6% 70,2% 56,2% Fonte: Pesquisa de campo (2011).

Para todas as estimativas calculadas, o comprometimento da renda dos

ingressantes para cobrir os custos com a educação foi superior em relação aos

Page 206: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

204

concluintes (tabela 46). Enquanto a renda dos ingressantes era mais comprometida

para os licenciandos, ocorreu o inverso entre os concluintes. De fato, a renda dos

concluintes era ligeiramente superior à dos ingressantes, comparados por curso. Por

outro lado, em todos os casos, os desvios padrões foram maiores para as médias

correspondentes do grupo de Direito.

Tabela 46 - Proporção dos custos diretos, indiretos e totais em relação à renda média mensal familiar, à renda média mensal domiciliar per capita e ao salário médio bruto dos concluintes

Item Licenciaturas Direito

Média Desvio padrão Média Desvio

padrão

Custos diretos/ renda familiar 18,2% 14,6% 18,5% 18,4%

Custos indiretos/ renda familiar 14,2% 11,6% 13,0% 17,5%

Custos totais/ renda familiar 30,5% 24,5% 32,3% 30,4%

Custos diretos/ renda domiciliar per capita 68,0% 69,0% 71,9% 87,7%

Custos indiretos/ renda domiciliar per capita 41,5% 38,7% 50,6% 75,4%

Custos totais/ renda domiciliar per capita 96,1% 100,0% 124,9% 141,2%

Custos diretos/ salário 33,1% 19,0% 34,4% 30,5%

Custos indiretos/ salário 25,8% 11,1% 23,5% 32,0%

Custos totais/ salário 55,3% 27,1% 59,5% 56,6% Fonte: Pesquisa de campo (2013).

Nos dois casos, mais da metade do salário era comprometida com os custos

totais. Além disso, a soma dos custos indiretos representa pouco menos que as dos

custos diretos. Isso sugere que bolsas e descontos, como os dos programas oficiais,

ou o financiamento da mensalidade pelo FIES, ao terem como objetivo a

democratização da educação superior, cobrem a maior parte dos custos, porém, se

não houver renda familiar e/ou individual suficiente para cobrir os custos indiretos,

logo, os programas não podem atingir as faixas de renda mais baixa, embora com a

conclusão do ensino médio. Igualmente, o ingresso por cotas em instituições

públicas e gratuitas é limitado, de modo que assumem grande importância os

programas de assistência estudantil como instrumento de democratização das

condições de acesso e de permanência na educação superior, em busca da

diminuição das desigualdades sociais, como concluído por Vargas (2011).

Para efeitos comparativos, os gastos médios das famílias com educação, no

Distrito Federal, representavam 3,5% do orçamento, segundo dados da Pesquisa de

Page 207: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

205

Orçamentos Familiares (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E

ESTATÍSTICA, 2010), Nesta Unidade da Federação, as despesas com habitação,

transporte e alimentação eram as que mais comprometiam os orçamentos familiares.

Para efeito da pesquisa, consideraram-se gastos com educação, entre outras, as

despesas com mensalidades escolares e outras despesas com cursos regulares

(pré-escola, ensino fundamental e médio), curso superior, outros cursos e

atividades, livros didáticos, material escolar etc.

Os custos diretos para a formação de bacharéis em Direito foram superiores

aos custos para a formação de professores, justificados tanto pelos valores mais

altos de mensalidade, como pela duração mais longa do curso. Os custos indiretos

(cópias, lanches, transporte, material escolar e livros) também foram maiores para

os alunos de Direito. Os baixos valores gastos com livros e altos custos com cópias,

principalmente pelos licenciandos, denotam uma formação com base principalmente

em trechos de livros ou de capítulos de livros, apostilas e anotações em sala de

aula, o que pode caracterizar falta de contextualização dos conhecimentos por esses

alunos e, consequentemente, uma formação fragmentada.

Quando calculados os custos de oportunidade e a relação entre os custos e a

renda dos estudantes, o sacrifício econômico-financeiro dos alunos foi muito

semelhante, exceto quando relacionado à renda domiciliar per capita, que

demonstrou maior esforço por parte dos licenciandos ingressantes. No presente

estudo, é possível que a renda tenha sido subestimada e os custos superestimados,

mas o sacrifício em favor dos estudos superiores é ponderável. Se os custos com a

formação fossem compostos apenas pela mensalidade escolar, não representaria

tanto dos orçamentos, mas, os custos indiretos avultam a parcelas representativas

dessas famílias, apontando para grandes esforços em busca da mobilidade

ocupacional e social.

4.5.2 Os benefícios da formação

É notório que existem diversos benefícios advindos de uma formação em

nível superior, não apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade. Existem

outros aspectos positivos e indiretamente associados à educação, conhecidos na

Page 208: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

206

Economia como “externalidades”. Entre estes, citam-se: “maior tolerância,

consciência social, melhores cuidados com a saúde, tendências democráticas,

controle de impulsos violentos, pesquisas que levam ao desenvolvimento

tecnológico e uma série de outros benefícios” (IOSCHPE, 2004, p. 67). Para o

indivíduo, os benefícios vão além da expectativa de aumentos salariais, por

exemplo, o prestígio social da graduação, as realizações e gratificações pessoais,

entre outros. Essas vantagens sociais e pessoais são dignas de registro, mas não

serão objeto deste estudo.

Pretendeu-se, de modo simples e modesto, estimar os rendimentos dos

estudantes aqui pesquisados, comparando com os custos que tiveram durante a sua

formação. Trata-se de dados ilustrativos que não podem ser generalizados para

outros contextos. A fim de estimar os rendimentos presentes desses estudantes,

recorreu-se a duas fontes: 1) a tabela de remuneração dos professores da

Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, 2015),

para estimar os vencimentos de professores efetivos; 2) O Salariômetro, da

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), que

calcula o salário médio dos admitidos nos últimos 6 meses para cada uma das ocupações existentes na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações. A consulta pode definir o perfil dos admitidos segundo o gênero, a cor, a escolaridade e a faixa etária. A base de dados utilizada é o CAGED – Cadastro de Empregados e Desempregados, disponibilizada mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS, 2015).

O Salariômetro foi consultado para estimar os salários dos advogados e

professores vinculados à iniciativa privada. A média calculada considerou as

contratações realizadas no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015. Os

critérios utilizados foram: para a variável Unidade da Federação, o Distrito Federal;

para a variável escolaridade, nível superior, e, para a faixa etária, entre 30 e 39

anos, já que a idade média para os concluintes de licenciatura foi de 29,68 anos

(DP=8,13), e de Direito, 30,27 (DP=7,159), considerando, na melhor hipótese, que

os concluintes se empregariam um ano após a formatura. A pesquisa resultou em

203 casos, cujos salários e quantidade de contratações por ocupação no período

estão disponíveis na tabela 47.

Page 209: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

207

Tabela 47 - Salário médio e quantidade de contratações por ocupação, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015

CBO - Ocupação Salário médio (em R$)

Quantidade de contratações

231110 – Professor de nível superior na educação infantil (zero a três anos) 231110 - Professor de creche 231110 - Professor de jardim de infância (nível superior) 231110 - Professor de maternal (nível superior) 231110 - Professor de minimaternal

1.091,00 14

231105 – Professor de nível superior na educação infantil (quatro a seis anos) 231105 - Professor de ensino pré-escolar 231105 - Professor de ensino pré-primário

1.343,00 55

239415 – Pedagogo 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica em educação fundamental de primeira a quarta séries 239415 - Coordenador de orientação pedagógica 239415 - Coordenador de serviço de orientação pedagógica

2.385,00 16

331205 – Professor de ensino fundamental – séries iniciais 331205 - Professor de ensino fundamental de primeira a quarta séries 331205 - Professor de ensino fundamental nas quatro primeiras séries 331205 - Professor I - ensino fundamental 331205 - Professor de nível médio no ensino fundamental

2.174,00 32

231340 – Professor de matemática no ensino fundamental 231340 - Professor de matemática na educação de jovens e adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série

1.343,00 27

232155 – Professor de matemática no ensino médio 2.424,00 10 241005 – Advogado generalista 241005 - Assistente jurídico 241005 – Advogado

4.496,00 49

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (2015).

Obviamente, há diversas ocupações possíveis no mundo do trabalho tanto

para os bacharéis em Direito quanto para os licenciados em Pedagogia e em

Matemática. No entanto, como estas estimativas são apenas ilustrativas, optou-se

por considerar as ocupações mais comuns. Outra observação importante é que o

Salariômetro agrupa as ocupações segundo o código da Classificação Brasileira de

Ocupações (CBO). Desse modo, funções semelhantes, com diferentes

nomenclaturas, mas com o mesmo código, são reunidas.

Ademais, pressupõe-se que, para exercer a função de advogado, o bacharel

seja aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o que pode

implicar em custos com cursinhos preparatórios, além do tempo dispendido entre a

formatura e a aprovação no exame. Além disso, o Salariômetro não considera

eventuais honorários contratuais (parte que contrata para entrar com ação) nem os

Page 210: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

208

honorários sucumbenciais (valor que o juiz fixa como remuneração pela atuação no

processo). Desse modo, esses valores serão subestimados para os cálculos aqui

propostos.

Na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF), a tabela de

vencimentos é dividida em classes e padrões. O professor Classe A é o que tem

licenciatura, o Classe B trabalha com os anos iniciais e o Classe C possui apenas o

Normal (ou seja, é considerado como ensino médio). Desta forma, o vencimento

bruto de um professor inicial em regime de tempo integral de 40 horas semanais

seria (valores referentes a março de 2015):

a) Classe A; Padrão 01 (progressão vertical); sem progressão horizontal

(especialização, mestrado, doutorado); com ou sem dedicação exclusiva:

R$5.016,53, sendo R$3.857,87 referente ao vencimento básico mais

R$1.157,66 de gratificações.

b) Classe B; Padrão 01 (progressão vertical); sem progressão horizontal

(especialização, mestrado ou doutorado); com ou sem dedicação exclusiva:

R$4.514,87, sendo R$3.472,98 referente ao vencimento básico mais

R$1.041,89 de gratificações.

Evidentemente, existem outras vantagens como vale alimentação, transporte,

auxílio saúde, complementação salarial temporária, auxílio creche, gratificações

exclusivas (como, por exemplo, a vantagem nominal salarial), adicional noturno,

além do próprio plano de carreira, que permite progressões verticais e horizontais,

de modo a alcançar até quase o dobro do salário inicial. Entretanto, para os efeitos

ilustrativos das estimativas sugeridas para esta pesquisa, serão considerados

apenas os salários brutos iniciais.

Uma vez que o Salariômetro disponibiliza filtros segundo “raça” e gênero,

foram verificados os salários das mesmas ocupações a partir desses critérios, de

modo que as variáveis anteriores (Unidade da Federação, escolaridade, faixa etária)

fossem mantidas. Em relação à proporção de contratações por gênero, os

resultados (tabela 48) mostram o que a literatura confirma: os cargos de professor

da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental são ocupados

majoritariamente por mulheres. Mais de um terço das contratações e, no caso de

professores de creche, 100,0%, foram de mulheres. Por outro lado, em se tratando

Page 211: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

209

de docentes de Matemática, a maioria das contratações foram do gênero masculino,

tanto nos anos finais do ensino fundamental quanto no ensino médio. Quanto aos

advogados, a cada quase duas mulheres, um homem foi contratado no período,

demonstrando, assim a consolidação da presença feminina entre as profissões

imperiais, como advogados, médicos e engenheiros (BRUSCHINI; RICOLDI;

MERCADO, 2008). No total, para todas as contratações pesquisadas, 70,0% eram

do gênero feminino e 30,0%, do masculino, confirmando que, de fato, as mulheres

estão alcançando espaço no mundo do trabalho.

Tabela 48 - Salário médio e proporção de contratações por ocupação e gênero, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015

CBO – Ocupação Média salarial (R$) Percentual de

contratações (%) Homens Mulheres Homens Mulheres

231110 – Professor de nível superior na educação infantil (zero a três anos) 231110 - Professor de creche 231110 - Professor de jardim de infância (nível superior) 231110 - Professor de maternal (nível superior) 231110 - Professor de minimaternal

- 1.091,00 0,0 100,0

231105 – Professor de nível superior na educação infantil (quatro a seis anos) 231105 - Professor de ensino pré-escolar 231105 - Professor de ensino pré-primário

1.458,00 1.327,00 12,7 87,3

239415 – Pedagogo 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica em educação fundamental de primeira a quarta séries 239415 - Coordenador de orientação pedagógica 239415 - Coordenador de serviço de orientação pedagógica

1.515,00 2.510,00 12,5 87,5

331205 – Professor de ensino fundamental – séries iniciais 331205 - Professor de ensino fundamental de primeira a quarta séries 331205 - Professor de ensino fundamental nas quatro primeiras séries 331205 - Professor I - ensino fundamental 331205 - Professor de nível médio no ensino fundamental

1.543,00 2.460,00 31,3 68,8

231340 – Professor de matemática no ensino fundamental 231340 - Professor de matemática na educação de jovens e adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série

1.239,00 1.519,00 63,0 37,0

232155 – Professor de matemática no ensino médio 2.366,00 2.653,00 80,0 20,0 241005 – Advogado generalista 241005 - Assistente jurídico 241005 – Advogado

4.820,00 4.323,00 34,7 65,3

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (2015).

Page 212: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

210

No que tange aos salários, aqueles recebidos por homens eram maiores

apenas para as ocupações de professor de educação pré-escolar e de advogado.

Para os advogados, os homens eram contratados com salário cerca de 10,0%

superiores aos das mulheres.

A tabela 49 exibe a proporção de contratações por cor. Nenhum indígena foi

contratado no período verificado para as ocupações selecionadas e, por isso, essa

cor não foi incluída na tabela.

Tabela 49 - Proporção das contratações por ocupação e cor, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015

CBO – Ocupação Proporção (%) por cor

Branca Preta Amarela Parda Não-identificada

231110 – Professor de nível superior na educação infantil (zero a três anos) 231110 - Professor de creche 231110 - Professor de jardim de infância (nível superior) 231110 - Professor de maternal (nível superior) 231110 - Professor de minimaternal

28,6 0,0 14,3 7,1 50,0

231105 – Professor de nível superior na educação infantil (quatro a seis anos) 231105 - Professor de ensino pré-escolar 231105 - Professor de ensino pré-primário

76,4 3,6 0,0 20,0 0,0

239415 – Pedagogo 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica em educação fundamental de primeira a quarta séries 239415 - Coordenador de orientação pedagógica 239415 - Coordenador de serviço de orientação pedagógica

50,0 6,3 0,0 37,5 6,3

331205 – Professor de ensino fundamental – séries iniciais 331205 - Professor de ensino fundamental de primeira a quarta séries 331205 - Professor de ensino fundamental nas quatro primeiras séries 331205 - Professor I - ensino fundamental 331205 - Professor de nível médio no ensino fundamental

18,8 3,1 0,0 62,5 15,6

231340 – Professor de matemática no ensino fundamental 231340 - Professor de matemática na educação de jovens e adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série

63,0 0,0 0,0 25,9 7,4

232155 – Professor de matemática no ensino médio 40,0 0,0 0,0 50,0 10,0

241005 – Advogado generalista 241005 - Assistente jurídico 241005 – Advogado

53,1 0,0 2,0 20,4 24,5

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (2015)

Page 213: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

211

Entre todas as contratações analisadas (N=203), consideradas todas as

ocupações, segundo os critérios supramencionados, os pretos representavam

apenas 2,0% do total, os amarelos, 1,5%; os pardos, 29,6%; os brancos, 52,7% e os

não identificados, 13,8%. Por ocupação, da cor preta, não houve contratação de

nenhum advogado, professor de matemática (ensinos fundamental e médio) nem

professor de creche. Por outro lado, a proporção de brancos para todos as

ocupações era considerável. Assim, aparentemente, ainda há discriminação no

mundo do trabalho, isto é, quando “indivíduos igualmente produtivos são

diferentemente avaliados com base em atributos não produtivos” (CAVALIERI;

FERNANDES, 1998, p. 158). Desse modo, os profissionais são contratados com

base em critérios diversos de seu próprio mérito.

Na tabela 50, constam os salários médios das contratações por ocupação e

cor. Os dados apontam que não há uma homogeneidade em termos salariais. Para

cada ocupação, há diferentes padrões. Por exemplo, o salário de brancos era menor

para diversas ocupações listadas. Por outro lado, a quantidade de brancos

contratados era bem superior. Entretanto, em relação aos salários, não se verifica

um padrão discriminatório em favor dos que se declararam não brancos.

Tabela 50 - Salário médio das contratações por ocupação e cor, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015

(continua)

CBO – Ocupação Média salarial (R$) por cor

Branca Preta Amarela Parda Não-identificada

231110 – Professor de nível superior na educação infantil (zero a três anos) 231110 - Professor de creche 231110 - Professor de jardim de infância (nível superior) 231110 - Professor de maternal (nível superior) 231110 - Professor de minimaternal

1.069,00 - 878,00 1.032,00 1.172,00

231105 – Professor de nível superior na educação infantil (quatro a seis anos) 231105 - Professor de ensino pré-escolar 231105 - Professor de ensino pré-primário

1.211,00 1.874,00 - 1.754,00 -

Page 214: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

212

Tabela 50 - Salário médio das contratações por ocupação e cor, no Distrito Federal, no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015

(conclusão)

CBO – Ocupação Média salarial (R$) por cor

Branca Preta Amarela Parda Não-identificada

239415 – Pedagogo 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica 239415 - Auxiliar de orientação pedagógica em educação fundamental de primeira a quarta séries 239415 - Coordenador de orientação pedagógica 239415 - Coordenador de serviço de orientação pedagógica

1.944,00 2.889,00 - 2.988,00 1.800,00

331205 – Professor de ensino fundamental – séries iniciais 331205 - Professor de ensino fundamental de primeira a quarta séries 331205 - Professor de ensino fundamental nas quatro primeiras séries 331205 - Professor I - ensino fundamental 331205 - Professor de nível médio no ensino fundamental

1.500,00 1.750,00 - 2.203,00 2.949,00

231340 – Professor de matemática no ensino fundamental 231340 - Professor de matemática na educação de jovens e adultos do ensino fundamental de 5ª a 8ª série

1.106,00 - - 2.156,00 1.178,00

232155 – Professor de matemática no ensino médio 3.084,00 - - 2.240,00 702,00

241005 – Advogado generalista 241005 - Assistente jurídico 241005 – Advogado

4.410,00 - 5.003,00 4.297,00 4.804,00

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (2015).

A tabela 51 disponibiliza os salários mensal e anual por ocupação. Observa-

se que o professor efetivo, vinculado à Secretaria de Educação do Distrito Federal

não ganha relativamente tão mal. Não é possível afirmar o mesmo em relação aos

docentes da rede privada, especialmente dos primeiros níveis da educação, ou seja,

os salários aumentam à medida que os níveis para os quais o docente leciona

também se eleva, de modo que, no âmbito privado, o professor de ensino médio é o

que tem salários mais altos e o professor de creche, os mais baixos. Considerando

os impactos dos anos escolares iniciais sobre a vida das crianças, seria necessário

atrair os professores mais bem preparados. Então, seria desejável que os salários

Page 215: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

213

acompanhassem o nível de qualificação do professor, inclusive a escolaridade, em

vez do nível de ensino em que está lotado.

Tabela 51 - Estimativas de salários mensal e anual e proporção dos custos em relação ao salário anual, por ocupação

Ocupação Salário mensal (em R$)

Salário anual (em R$)

Custos diretos+ indiretos/

salário anual (em anos)

Custos diretos+ indiretos + de oportunidade / salário anual

(em anos) Professor de creche (iniciativa privada) 1.091,00 14.543,03 2,46 6,92

Professor de ensino pré-escolar (iniciativa privada) 1.343,00 17.902,19 2,00 5,62

Pedagogo (iniciativa privada) 2.385,00 31.792,05 1,12 3,17

Professor classe B – SEDF 4.514,87 60.183,22 0,59 1,67 Professor de ensino fundamental – séries iniciais (iniciativa privada) 2.174,00 28.979,42 1,23 3,47

Professor de matemática no ensino fundamental (iniciativa privada) 1.343,00 17.902,19 2,00 5,62

Professor de matemática no ensino médio (iniciativa privada) 2.424,00 32.311,92 1,11 3,11

Professor classe A – SEDF 5.016,53 66.870,34 0,53 1,50 Advogado generalista (iniciativa privada) 4.496,00 59.931,68 1,32 3,30

Fonte: Pesquisa de campo (2015).

A tabela 51 mostra, ainda, a proporção dos custos em relação ao salário

anual, de modo a verificar quanto tempo, em anos, o concluinte recuperaria os

custos dispendidos com sua formação. Para tanto, pondera-se que os salários

recebidos não teriam nenhuma outra destinação a não ser a recuperação dos

custos. Os dados revelam que, entre todas as ocupações consideradas, o professor

classe A da Secretaria de Educação é o que tem o maior salário, contrariando,

assim, grande parte da literatura sobre o tema. No cenário proposto, os professores

vinculados à Secretaria de Educação do Distrito Federal, em especial os licenciados,

reaveriam o valor investido mais rapidamente, isto é, em pouco mais de um

semestre. Isso graças à menor duração do curso, aos baixos custos e aos mais altos

salários. Assim, o professor consegue cursos baratos e, embora fazendo grandes

sacrifícios, paga-o e recupera os custos com rapidez.

No outro extremo, os professores de creches privadas demorariam quase dois

anos e meio para readquirir o valor gasto durante o curso. Os docentes da educação

pré-escolar e os de matemática nas séries finais do ensino fundamental, todos da

iniciativa privada, levariam dois anos para readquirir os custos da formação e, por

fim, os advogados precisariam de pouco mais de um ano para recuperar o

Page 216: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

214

investimento realizado, desde que começassem a trabalhar na profissão como

generalistas.

Ao comparar esses rendimentos com o valor médio de salário bruto declarado

pelos concluintes, em valores corrigidos pelo IGP-DI, da FGV (M=R$3.851,20;

DP=R$3.348,05 para os de Direito e M=R$1.626,50; DP=R$1.304,20 para os de

licenciatura), é possível afirmar que os salários dos futuros bacharéis aumentariam

em 16,0%, considerada apenas a renda fixa. Já os licenciados aumentariam suas

rendas em mais de 300,0%, caso ingressassem para o magistério da rede pública

do Distrito Federal como efetivos. Nesse contexto, parece que a educação superior

é mais compensatória para os estudantes de licenciatura.

Conforme visto anteriormente, os licenciandos comprometiam, em média,

55,3% (DP=27,1%) de seus salários com os custos totais da formação, enquanto os

concluintes de Direito sacrificavam, em média, 59,5% (DP=56,6%). A partir desse

ponto de vista, isto é, ponderando que, mensalmente, apenas uma parte do salário

(e não ele todo) seria utilizada para recuperar os custos com a formação,

novamente, os professores Classe A da Secretaria de Educação teriam de volta todo

o dinheiro investido em menor tempo (menos de um ano) que os demais

profissionais (tabela 52). Por sua vez, os professores de creches privadas levariam

mais de quatro anos para conseguir reaver os valores gastos com sua formação. Os

advogados recuperariam o investimento em pouco mais de dois anos.

Tabela 52 - Estimativas do tempo de retorno do investimento da formação, em anos, por ocupação

Ocupação

Parte do salário anual

correspondente aos custos

totais (em R$)

Custos diretos+ indiretos/

salário anual (em anos)

Custos diretos+ indiretos + de oportunidade / salário anual

(em anos) Professor de creche (iniciativa privada) 8.042,30 4,45 12,51 Professor de ensino pré-escolar (iniciativa privada) 9.899,91 3,61 10,16

Pedagogo (iniciativa privada) 17.581,00 2,03 5,72

Professor classe B - SEDF 33.281,32 1,07 3,02 Professor de ensino fundamental – séries iniciais (iniciativa privada) 16.025,62 2,23 6,28

Professor de matemática no ensino fundamental (iniciativa privada) 9.899,91 3,61 10,16

Professor de matemática no ensino médio (iniciativa privada) 17.868,49 2,00 5,63

Professor classe A - SEDF 36.979,30 0,97 2,72

Advogado generalista (iniciativa privada) 35.659,35 2,22 5,55 Fonte: Pesquisa de campo (2015).

Page 217: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

215

Assim, esses resultados coincidem com as conclusões de Rabelo (2010a;

2010c) e de Moreira e colaboradores (2012), segundo os quais, entre as camadas

mais desfavorecidas da população, a educação ainda é percebida como uma forma

de ascensão social e a profissão docente como uma das melhores profissões não

manuais a que têm acesso. De fato, a pesquisa de Mello (2003) revelou maior

satisfação com o salário recebido entre aqueles professores que tinham situação

mais modesta de carreira e de renda familiar. Assim, para esse grupo, a carreira do

magistério, bem como sua remuneração, eram relativamente privilegiados. Ademais,

a questão salarial depende dos referenciais adotados (ODELIUS; CODO, 2006b;

RABELO, 2010c), já que

um salário baixo pode ser considerado bom para aqueles que vêm de famílias que recebem ainda menos do que eles e desejável para aqueles que veem na docência (que ainda tem carência de profissionais) a melhor chance de ter um emprego considerado importante e estável, frente à escassez das oportunidades de emprego (RABELO, 2010c, p. 74)

Nesse contexto, os estudantes de licenciatura abrangidos por este estudo

recebiam salários relativamente baixos e a formação em nível superior poderá, de

fato, lhes trazer grandes benefícios e um retorno financeiro relativamente alto. Por

outro lado, caso ingressem na rede privada ou como professores temporariamente

contratados pela rede escolar distrital, os retornos também poderão existir, porém

serão mais baixos. Assim, o magistério continua a ser interessante, mas para

pessoas de status socioeconômico mais modesto, para quem os respectivos

rendimentos representam ascensão social e, portanto, satisfação.

No cotejo entre o magistério e o Direito, cabe ainda uma observação quanto

às suas prospectivas de ascensão ocupacional e renda. Como se reconhece, o

magistério é uma carreira plana (LORTIE, 2002): quem ingressa como professor

tende a aposentar-se como professor. Modificações podem advir de cargos

temporários de coordenação, direção e outros, em número mais reduzido, na gestão

da rede escolar. Em qualquer caso, seus ocupantes continuam no magistério e

dependem de escolhas por outrem, sempre temporárias. Já o Direito, aqui

considerado no seu nível básico, permite especializações e ingresso no Ministério

Público e na Magistratura, entre outros ramos; permite o exercício de cargos e

Page 218: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

216

empregos diversos em organizações e instituições, além do exercício da profissão

como autônomo e, ainda, o acesso ao magistério especializado. É claro que isto se

dá a partir de um passo inicial e, em grande parte, requisito indispensável: a

aprovação no exame da OAB e a obtenção do respectivo registro.

A situação atual do magistério, com tais características, é muito cômoda para

governos e particulares, pois obtêm um número elevado de docentes de baixo custo,

que financiam os próprios estudos, considerando que a maioria estuda em

instituições particulares, apesar de terem aumentado sensivelmente as vagas nas

dependências administrativas públicas, em especial na educação a distância. Com a

abundância de professores cuja formação não é raro aligeirada e que têm modestas

expectativas de ascensão social, mais fácil é pagar-lhes pouco. Em outras palavras,

este parece ser o paraíso do mercado. Quanto mais baixos os salários dos

professores, menores são os custos educacionais. Do mesmo modo, quanto mais

“baratos” os cursos de formação de professores, maiores as oportunidades de

vendê-los em massa a uma faixa socioeconômica que, pela primeira vez, tem

acesso à educação superior. Ou seja, a sensação é de que “a vida melhora” para

eles, o que pode traduzir-se em votos, tanto por serem da primeira geração familiar

a ingressar na educação superior quanto por obterem, em seguida, uma ocupação

de nível superior.

Para pessoas de status socioeconômico mais alto, conforme as evidências, o

magistério deixa de ser atrativo. A prospectiva, acrescente-se, pode continuar sendo

favorável para governos e gestores dos estabelecimentos particulares: com o

envelhecimento populacional do Brasil, a queda da natalidade e da fecundidade, o

número de alunos já se reduz nos anos iniciais do ensino fundamental. A

perspectiva é a de ter cada vez menos alunos, ou seja, a procura de professores

tenderá a diminuir, facilitando a tendência de salários baixos diante da abundância

de profissionais (PALAZZO; GOMES, 2014).

No entanto, essa redução de custos tem uma grande desvantagem: a

educação recruta seus professores em níveis socioeconômicos mais baixos, cursos

predominantemente particulares e de modesto nível de qualidade. Ou seja, como

atrai sobretudo alunos com baixo capital cultural e reduzido poder aquisitivo, os

professores são em grande parte pessoas que têm escasso acesso a oportunidades

culturais e pouco tempo para estudar, quando trabalham. Esta situação em parte se

Page 219: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

217

parece como os “médicos descalços” da China: baixo custo, preparo simplório, mas

a vantagem de atingir áreas para onde ninguém quer ir. Esta seria uma útil

estratégia para um país que precisasse expandir o acesso em massa, com poucos

recursos. No entanto, o Brasil tem o problema fundamental da qualidade, que não

pode ser alcançada nem democratizada neste círculo de ferro.

Page 220: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

218

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta pesquisa teve o objetivo de caracterizar o perfil e os interesses

profissionais dos alunos ingressantes, concluintes e egressos de cursos de

Licenciatura de uma Instituição de Ensino Superior, comparados com os do curso de

Direito, uma das profissões imperiais, detentora de maior prestígio social e maior

retorno financeiro, de modo a identificar os fatores de atratividade e rejeição da

carreira do magistério. Em se tratando de um estudo de caso, os resultados, ainda

que sugestivos, não podem ser generalizados, mesmo reiterando a literatura.

Esta pesquisa trouxe de novo à literatura, além do aprofundamento dos

fatores de atratividade e rejeição à carreira do magistério, com abordagem quanti-

quali, as estimativas dos custos e benefícios de cada curso, mostrando, claramente,

as menores recompensas do magistério, a não ser no caso daqueles que

ingressaram na Secretaria de Educação do Distrito Federal em cargo efetivo

(embora, por economia, haja um contingente apreciável de contratos temporários,

instáveis e com menor remuneração).

Para tanto, partiu-se dos seguintes objetivos específicos: a) Verificar as

características socioeconômicas e culturais, bem como os interesses de alunos

iniciantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática para escolha

desses cursos; b) Comparar as características socioeconômicas e socioculturais

desses licenciandos com as do grupo de estudantes ingressantes no curso de

Direito; c) Caracterizar o perfil socioeconômico e cultural de um grupo de concluintes

dos mesmos cursos, bem como as suas avaliações dos cursos em que se formarão;

d) Caracterizar o perfil socioeconômico de um grupo de egressos dos mesmos

cursos, a sua situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os

cursos em que se graduaram; e) Estimar os custos diretos e indiretos dos alunos

com o seu curso de graduação e compará-los com os seus rendimentos presentes e

prospectivos, caso ingressem nas respectivas carreiras.

O cumprimento dos objetivos propostos deu-se no capítulo 4. No item 4.1,

intitulado “Os ingressantes em Licenciatura comparados com os de Direito”,

verificaram-se as características socioeconômicas e culturais dos ingressantes de

Licenciatura em Pedagogia e em Matemática, cotejando-as com as dos ingressantes

Page 221: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

219

de Direito. Os resultados mostraram que os ingressantes em licenciatura eram

estudantes com famílias de baixa renda, pouco conhecimento de língua estrangeira,

baixa frequência de leitura de livros e jornais e tímidas presenças em atividades

culturais. Grande parte superou a escolaridade dos seus ascendentes. Por outro

lado, afirmaram ter bom conhecimento de informática e acesso à internet, em sua

maioria, com serviço de banda larga. Ademais, a internet constitui-se a principal

fonte de informação e atualização. Os ingressantes de Direito, por sua vez, tinham

renda familiar superior à dos licenciandos, mais conhecimento de língua estrangeira

(porém, ainda pouco), mas também liam pouco e tinham limitadas preferências

artístico-culturais. Em geral, tendiam a alcançar status socioeconômico mais elevado

e maior capital cultural que os licenciandos.

No subcapítulo 4.2, “Os interesses dos ingressantes para escolha dos

cursos”, verificou-se o interesse de alunos ingressantes dos cursos de Pedagogia e

de Matemática para a escolha desses cursos. Os resultados mostraram que os

principais motivos para ingresso no curso estavam relacionados, por um lado, a

relações interpessoais (gostar de crianças) e razões humanitárias e assistencialistas

e, por outro, a fatores econômicos (curso mais barato, empregabilidade, estratégia

de trabalho) e credencialistas. Enquanto os interesses para ingresso nos cursos de

licenciatura estavam, em sua maioria, ligados a fatores intrínsecos à docência, os

interesses dos alunos de Direito se vinculavam, majoritariamente, a fatores externos

à profissão.

O subcapítulo seguinte, “Os concluintes dos cursos de Licenciatura e de

Direito”, caracterizou o perfil socioeconômico e cultural de um grupo de concluintes

de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática e de Bacharelado em Direito, bem

como as avaliações dos cursos em que se formariam. As origens sociais e

econômicas, bem como o capital cultural dos concluintes de licenciatura

caracterizaram-se como menos prestigiosas, comparadas às dos alunos de Direito,

de acordo com os critérios da sociedade atual. No entanto, a situação econômica,

social e cultural dos concluintes de licenciatura, comparada à dos ingressantes,

pareceu melhor. Os cursos, de modo geral, foram bem avaliados pelos concluintes

e, aparentemente, conseguiram desenvolver nos alunos um conjunto de

competências básicas para a vida profissional.

Page 222: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

220

“Os egressos dos cursos de Licenciatura e de Direito” é o título do subcapítulo

posterior, que caracterizou o perfil socioeconômico de um grupo de egressos dos

cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática e de Direito e examinou sua

situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os cursos em

que se graduaram. O status econômico dos bacharéis em Direito foi superior ao dos

licenciados, especialmente no que se refere ao salário bruto mensal. Por sua vez, a

classificação econômica e a renda familiar não eram tão diferentes, ao contrário do

observado nos grupos de ingressantes e concluintes. Porém, em todos os casos, o

capital cultural era mais baixo, principalmente quando considerados o conhecimento

de línguas estrangeiras, a baixa frequência de leitura de livros e de presença em

atividades culturais diversificadas, além do cinema.

Constatou-se, ainda, que mais da metade dos licenciados pesquisados

tornaram-se professores durante o curso ou após sua conclusão, levando à hipótese

de desvio ocupacional de pelo menos um em cada cinco egressos. Entre os que

estavam atuando no magistério, a maior proporção era nas séries iniciais do ensino

fundamental, em uma distribuição similar entre as redes pública e privada de ensino.

Ademais, aparentemente os egressos de licenciatura pareciam mais satisfeitos com

as ocupações atuais dos que os de Direito, embora em termos de insatisfação, eles

também se destacaram em comparação ao outro grupo. Por último, os egressos

avaliaram os cursos concluídos, com muita frequência, positivamente, conquanto em

nível mais baixo que as avaliações realizadas pelos concluintes, nos dois grupos.

Por fim, o subcapítulo “Os benefícios compensam os custos?” estimou os

custos diretos e indiretos dos alunos com o seu curso de graduação e os comparou

com os seus rendimentos presentes e prospectivos, caso ingressassem nas

respectivas carreiras. Os custos diretos para a formação de bacharéis em Direito

foram superiores aos custos para a formação de professores, justificados tanto pelos

valores mais altos de mensalidade, como pela duração mais longa do curso, ainda

que o valor da hora-aula de todos os professores da Instituição fossem iguais, a

depender, claro, dos critérios para progressão no plano de carreira, os quais

incluíam titulação, produção científica, tempo de experiência e tempo de

contratação. Os custos indiretos (cópias, lanches, transporte, material escolar e

livros) também foram mais elevados para os alunos de Direito. Os baixos valores

gastos com livros e altos custos com cópias, principalmente entre os licenciandos,

Page 223: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

221

refletem uma formação fundamentada em trechos de livros ou de capítulos de livros,

apostilas e anotações em sala de aula, o que pode denotar falta de contextualização

dos conhecimentos.

Quando calculados os custos de oportunidade e a relação entre os custos e a

renda dos estudantes, o sacrifício dos ingressantes foi muito semelhante, exceto

quando comparado à renda domiciliar per capita, que demonstrou maior sacrifício

por parte dos licenciandos. Por outro lado, entre os concluintes, o orçamento familiar

foi mais comprometido com a formação para os estudantes de Direito. Ademais,

comparados os custos com os salários prospectivos desses profissionais, os

licenciados recuperariam mais rapidamente os valores investidos na formação. Esta

hipótese se confirmaria no cenário em que os professores ingressariam

imediatamente como efetivos na rede pública de ensino do Distrito Federal (mas não

em outras situações profissionais) e os bacharéis em Direito fossem logo aprovados

no Exame da OAB e atuassem como advogados generalistas, desconsiderados os

honorários contratuais e sucumbenciais. Mais uma vez, é preciso enfatizar que a

carreira do magistério público no Distrito Federal é uma das melhores do país,

portanto, é preciso cautela ao interpretar esses dados. Provavelmente, se

considerássemos nas análises os salários iniciais para a profissão em outros

Estados, os resultados seriam diferentes dos obtidos nesta pesquisa.

É interessante registrar que o magistério é uma carreira plana (LORTIE,

2002), isto é, geralmente quem inicia a carreira como professor tende a se aposentar

como tal, apesar das possibilidades, geralmente temporárias, de atuação em cargos

de gestão escolar, como coordenação e direção. Por outro lado, o bacharel em

Direito pode ingressar no Ministério Público e na Magistratura, entre outros ramos,

bem como ocupar cargos diversos em empresas, e exercer a profissão como

autônomo.

Nesse sentido, a formação em nível superior valeria a pena para os futuros

educadores, tendo em vista serem cursos mais baratos, de duração mais curta, além

de o mundo do trabalho incorporar de modo relativamente rápido esses

profissionais. Para candidatos de status socioeconômico mais desfavorecido, esta

parece ser uma oportunidade para ascender social e economicamente. Por outro

lado, os ingressantes que participaram da pesquisa tinham amplo conhecimento dos

fatores negativos da profissão logo no início do curso. Portanto, escolheram de

Page 224: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

222

forma consciente e, mesmo assim, se matricularam. Os dados sugerem que, para

grande parte desses estudantes, o magistério é uma opção residual, “escolhida” em

conformidade com suas capacidades acadêmicas e, principalmente, financeiras.

Em termos gerais, o curso de Direito se caracterizou como mais seletivo e

socialmente mais prestigioso, em todos os grupos investigados: de ingressantes,

concluintes e egressos, confirmando, assim, a literatura sobre a estratificação social

de currículos e carreiras. Seus estudantes apresentaram origens econômicas,

sociais e culturais mais vantajosas para os critérios vigentes na sociedade que os

futuros educadores. Todavia, mesmo os estudantes de Direito apresentavam um

baixo capital cultural, considerados especialmente o pouco conhecimento de línguas

estrangeiras e a baixa frequência de leitura de livros. Em todos os casos, tanto entre

os alunos de Direito quanto entre os de Licenciatura, observou-se uma prática

cultural dominada pelo nome e pela popularidade, ao invés de uma cultura dominada

pela raridade e pela nobreza. Talvez esse fato se explique pela característica da

própria instituição que, sendo instituição privada de ensino superior, não se situava

entre as mais seletivas, obedecendo a uma hierarquização e estratificação de

instituições, embora não estivesse no período entre as menos seletivas.

Ora, certas linhas da estratificação social são reforçadas assim como os rios

continuam a correr para o mar: estabelecida uma hierarquia de IES e de cursos, os

candidatos de nível socioeconômico mais favorável tendem a ingressar nos mais

“promissores”. Com os demais, a tendência é oposta, sugerindo uma autolimitação,

a partir da avaliação das suas possibilidades sociais, econômicas e acadêmicas.

Entretanto, cabe o princípio do contraditório. Se os futuros educadores ficam

em posição menos favorável no que se refere a estas condições, inclusive e

especialmente o capital cultural, é lícito supor que a sua atuação tenderá a ficar

comprometida, gerando efeitos multiplicativos desfavoráveis. Ou, questionando o

que é “baixo” e “alto” na ordem social, tais futuros educadores teriam mais

possibilidades de comunicar-se com alunos que se situam em posições também

menos privilegiadas?

Ora, enquanto metade das vagas oferecidas em cursos de licenciatura no

Brasil era preenchida, esse percentual chegava a quase 90,0% para os de Direito.

Este é um curso cujas matrículas aumentaram expressivamente no tempo, inclusive

Page 225: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

223

levando ao estabelecimento do Exame da OAB. Apesar de formar para uma das

“profissões imperiais”, o curso é de baixo custo relativo, por ser de ciências sociais,

sem exigir altos investimentos em laboratórios e equipamentos, a não ser em

biblioteca e Núcleo de Práticas Jurídicas, dependendo da qualidade dos

professores.

Desse modo, cabe indagar se o Brasil implicitamente (inclusive por pouco

fazer) deixou o magistério às leis do mercado, relegando-o à simplicidade da

formação e consequentemente ao baixo nível de rendimentos. Seria o

comportamento de um país que simplesmente deseja aumentar as matrículas e

baixar os custos por aluno e por professor, a fim de que o cobertor (ralo) chegue

para todos os que têm acesso. Eficiência, qualidade e democratização seriam

secundarizados. Conquanto infraestrutura e equipamentos sejam importantes, a

educação de qualidade se faz antes de tudo por meio de redes de relações

interpessoais, em que as pessoas se sintam bem, estimuladas, exigidas e

recompensadas por se superarem.

Esse quadro da educação no país, com o sentido de deformação e

desprestígio, somado aos reduzidos salários, gera insegurança, desmotivação e,

consequentemente, traz graves consequências para a qualidade do ensino nas

escolas e, principalmente, para a atratividade da profissão. Se as escolas, inclusive

as de educação superior, não conseguem reduzir as desigualdades sociais e

culturais dos educandos, podemos estar diante de um círculo vicioso, em que mal

formados se tornam maus formadores, que geram outros mal formados e

formadores (GATTI, 1997; GOMES, 2010a). Considere-se que a escola

democratizante é aquela que diminui o impacto dos fatores socioeconômicos sobre o

desempenho dos alunos. Entretanto, estas possibilidades da escola são

relativamente modestas quando comparadas com o poder democratizante ou

concentrador de políticas de emprego e trabalho, fiscais, agrárias e outras, que

podem contribuir pesadamente para ampliar ou reduzir as diferenças sociais.

É relevante lembrar que mais de 70,0% das matrículas de educação superior

estavam concentradas no setor privado, o que exige dos candidatos o custeio de

despesas diretas e indiretas, para se manterem no curso de nível superior, mesmo

com os programas oficiais de bolsas e financiamento, hoje muito mais restritos que à

época da pesquisa, os quais pretendem democratizar a educação superior. Os

Page 226: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

224

estudantes abrangidos por este estudo, além de arcar com as mensalidades

escolares, sacrificavam grande parte de sua renda com os custos indiretos. Nesse

contexto, cabe questionar se os programas governamentais de financiamento e de

concessão de bolsas estão de fato contribuindo com a democratização da educação,

visto que uma minoria dos alunos pesquisados teve a cobertura desses programas.

Ao mesmo tempo, aponta-se para a importância de programas de assistência

estudantil, a fim de possibilitar a permanência de estudantes menos favorecidos na

educação superior e, consequentemente, contribuir para a redução das

desigualdades sociais.

Os dados produzidos por esta pesquisa mostram que o magistério é uma

profissão com relativo potencial de empregabilidade e, aparentemente, com um

saldo positivo na balança de custos e benefícios. Comparada a outras profissões de

nível superior, tem salários mais baixos, no entanto, para candidatos menos

aquinhoados social, econômica e culturalmente, a docência passa a ser uma

possibilidade profissional atrativa. O próprio Plano Nacional de Educação (PNE)

prevê, na meta 17, equiparar os rendimentos médios dos professores aos dos

profissionais de nível equivalente, até o fim do sexto ano de vigência do Plano. Em

2013, o rendimento médio dos docentes correspondia a 57,3% dos salários dos

demais profissionais com escolaridade de nível superior.

O presente estudo constatou, ainda, que o “choque com a realidade” tem

início antes mesmo do ingresso na profissão. Diversos estudantes, quando

realizaram o estágio curricular, usaram termos como “susto”, “impacto” e “decepção”

para caracterizar o impacto sofrido pela relação entre os ideais fantasiados durante

a formação e a realidade vivida nas salas de aula. Ora, o “choque com a realidade” é

um tema bastante conhecido na literatura. Portanto, faz-se necessário criar políticas

de inserção e socialização do professor na profissão, de modo a amenizar o impacto

sofrido e evitar o abandono profissional.

Além disso, foi identificada certa distância entre a instituição formadora e as

escolas onde os estágios eram realizados. Alguns depoimentos revelaram, inclusive,

a falta de atividade prática, no momento do curso em que ela mais deveria

acontecer. A supervisão e a orientação dos futuros educadores por parte de

docentes dos cursos de formação de professores torna-se essencial, na medida em

Page 227: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

225

que o estágio constitui-se momento ímpar no curso que propicia a vivência

profissional.

Também seria importante que os professores em início de carreira fossem

acompanhados tanto pela instituição formadora, como pela escola onde atuará, de

modo a facilitar o processo de socialização profissional, hoje caracterizado pela

solidão e pelo isolamento. No entanto, as políticas vigentes no Brasil correm para o

lado contrário, pois resta aos professores iniciantes as turmas mais “difíceis”,

aumentando ainda mais as dificuldades sofridas logo no começo da carreira. Em

países preocupados com a qualidade educacional, tais como Inglaterra e Holanda, a

duração dos estágios nos cursos de formação de professores é cada vez maior,

entrelaçando teorias e práticas (GOMES; PEREIRA, 2009). Ademais, os

professores, já formados, são acompanhados nos anos iniciais.

Situações como as vividas pelo Brasil dependem de um projeto nacional

viável, capaz de integrar a renovação da formação dos educadores; a reestruturação

da carreira docente, inclusive a seleção, avaliação, progressão e remuneração.

Outros países deixam o seu exemplo de maior ou menor alcance, mostrando que é

possível (WERTHEIN; CUNHA, 2004). Claro que nas arenas políticas a importância

da educação e os custos e sacrifícios avultaram sobre interesses menores que

envolviam a mudança, quando se deixava na inércia para ver como “ficava”. Nas

experiências mais e menos recente é preciso considerar que a avaliação escolar

exerce pressão sobre professores, gestores e alunos no sentido de indicadores

mensuráveis. Conforme Ventura (2014), entre outros, destaca, nos processos

avaliativos, longe de serem límpidos, padecem de variáveis intervenientes. Assim,

cumpre lembrar, sem populismo, demagogia e pietismo, que a educação envolve

interações entre seres humanos, no espaço e no tempo.

Como todo trabalho científico, esta tese apresentou limitações e dificuldades.

A primeira delas refere-se à impossibilidade de concretização do projeto inicial da

pesquisa, que pretendia ser longitudinal e acompanhar os estudantes dos cursos em

tela do ingresso à formatura, que detectaria e analisaria, inclusive, casos de

desistência e transferência. Em virtude de venda inesperada da instituição no

decorrer da pesquisa, a mudança de gestão e a consequente inacessibilidade à IES

antes da conclusão do estudo, a proposta inicial teve que ser modificada.

Page 228: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

226

No rol das limitações, destaca-se ainda a falta de anonimato dos

questionários. O instrumento precisava ser identificado, tendo em vista o plano inicial

de acompanhar os alunos até a conclusão do curso. Desse modo, deve-se

considerar a possibilidade de que os participantes não tenham sido totalmente

verdadeiros em suas respostas, mesmo porque algumas perguntas, especialmente

as vinculadas a aspectos financeiros, podem causar constrangimento no

respondente.

Outro obstáculo relevante é a dificuldade de realizar pesquisa com egressos,

considerada a inexistência de cultura de atualização de dados cadastrais após a

“desvinculação” com a IES (entre aspas porque uma vez formado pela IES, o vínculo

com ela permanece). O primeiro contratempo na etapa da pesquisa com os

formados foi a falta de comprometimento deles com a pesquisa. Embora dezoito

egressos houvessem confirmado presença, nenhum deles compareceu ao local e

horário determinados para a realização de grupos focais. Paralelamente, na fase de

aplicação do questionário pela internet, numerosos e-mails não chegaram ao

destinatário. Por fim, nas entrevistas telefônicas observou-se grande número de

egressos que haviam mudado o número de telefone, sendo impossibilitado o

contato. Nesse contexto, caberia à instituição cultivar uma cultura de contato com os

egressos.

No que tange às questões em que se fundamentaram o problema de

pesquisa, cabe tecer as seguintes considerações:

1) Qual é o perfil de alunos ingressantes, concluintes e egressos de

cursos de Licenciatura? Os ingressantes, concluintes e egressos dos cursos de

Licenciatura apresentaram perfis semelhantes, caracterizados predominantemente

por serem mulheres, solteiras, autodeclaradas pardas/ mulatas, residindo com o

cônjuge e/ou filhos, com mais três ou quatro membros da família, recebiam até três

salários mínimos, situavam-se na faixa econômica B2, trabalhava em tempo integral

e contribuía com o sustento da família e não contavam com bolsa ou financiamento

para a realização do curso superior. Concluíram o ensino médio na rede pública, do

tipo regular. Seus pais tinham apenas as séries iniciais do ensino fundamental.

Tinham pouco conhecimento de línguas estrangeiras e baixa frequência de leitura de

livros e jornais, mas apresentavam razoável conhecimento de informática, utilizavam

o computador com bastante frequência, especialmente em casa e para realizar

Page 229: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

227

trabalhos escolares. Tinham acesso à internet com utilização de banda larga. A

internet era a principal fonte de atualização e o cinema, a preferência artístico-

cultural.

2) Como se comparam suas características às de estudantes de Direito?

Consideradas as variáveis propostas para o estudo, os alunos do curso de Direito

apresentaram origens econômicas, sociais e culturais mais vantajosas para os

critérios vigentes na sociedade do que os alunos dos cursos de Licenciatura,

confirmando, assim, a literatura quanto à estratificação social de currículos e

carreiras. No entanto, mesmo os alunos de Direito apresentavam baixo capital

cultural, especialmente no que tange à leitura de livros, ao conhecimento de línguas

estrangeiras.

3) Quais são os fatores de atratividade e rejeição da carreira do

magistério? Grande parte dos fatores de atratividade foram intrínsecos à profissão

(gratificação emocional, aprendizagem recíproca, valorização social), enquanto os

fatores de rejeição foram majoritariamente extrínsecos a ela, tais como

recompensas, desvalorização social, carga de trabalho, violências escolares, mal-

estar, entre outros, reiterando, desse modo, a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg

(TRIGO-SANTOS, 1996; MELLO, 2003) para o contexto da profissão do magistério.

Quanto aos principais motivos para ingresso nos cursos de formação de

professores, estes vinculam-se, por um lado, a relações interpessoais (gostar de

crianças) e razões humanitárias e assistencialistas e, por outro, a fatores

econômicos (curso mais barato, empregabilidade, estratégia de trabalho) e

credencialistas.

4) Quais são os custos diretos e indiretos para a formação desses

discentes? Os custos diretos e indiretos para a formação dos licenciandos eram

menores que a metade dos de Direito, embora o comprometimento da renda familiar

e do salário mensal dos pesquisados com a educação superior tenha sido

semelhante para ambos os grupos, assim como as estimativas dos custos de

oportunidade.

5) Quais são os benefícios, quando comparados os custos com os

rendimentos atuais e futuros destes alunos? A partir das estimativas realizadas,

observou-se que o retorno do investimento seria mais rápido para os professores,

Page 230: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

228

considerando os seguintes cenários: a) que os licenciados ingressassem

imediatamente na rede pública de educação do Distrito Federal, na condição de

efetivos, alternativa pouco provável, e b) que os bacharéis logo fossem aprovados

no Exame da OAB e atuassem na função de advogados generalistas (sem

contabilizar os honorários contratuais e sucumbenciais). Assim, a carreira do

magistério passa a ser atrativa, especialmente para aqueles que possuem origens

sociais e econômicas mais modestas, caso dos alunos abrangidos por este estudo.

Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa e em suas respectivas

limitações, sugere-se ampliar o campo da temática sobre a atratividade da carreira

docente, a partir das seguintes recomendações:

1) Identificação dos motivos pelos quais alunos da coorte pesquisada

evadiram dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e em Matemática.

2) Replicação desta pesquisa em outros contextos institucionais e estaduais,

já que o Distrito Federal configura-se como caso extremo, caracterizado como um

dos melhores sistemas de ensino do país, com remuneração relativamente elevada

para os educadores.

3) Acompanhamento do professor em início de carreira a fim de verificar se

os fatores de atratividade e rejeição do magistério são os mesmos dos estudantes

em formação.

4) Realização de pesquisa longitudinal com estudantes de cursos de

licenciatura, a fim de acompanhar o percurso acadêmico destes alunos, desde seu

ingresso no curso até sua conclusão, observando se suas motivações e aspirações

profissionais sofrerão mudanças ao longo do curso.

Por fim, torna-se essencial mencionar a importância de novos e contínuos

estudos sobre esta temática para a ciência, a partir de diferentes focos e

abordagens. Na situação vivenciada pelo Brasil, torna-se imprescindível conhecer os

fatores de atratividade e rejeição da carreira do magistério, de modo a reverter a

situação da atratividade da profissão no país e, consequentemente, melhorar a

qualidade da educação brasileira.

Page 231: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

229

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230

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Page 257: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

255

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DOS INGRESSANTES EM LICENCIATURA

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em

Educação da Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos

sociais e econômicos, os ingressantes em cursos de Licenciatura, para estudar a formação de educadores. Todos os

dados informados neste instrumento são confidenciais e apenas a pesquisadora terá acesso às suas respostas.

Ressalta-se que esta pesquisa não tem vínculo algum com a gestão desta Instituição, mas certamente seus

resultados servirão como subsídio para as políticas públicas destinadas à formação de educadores e aos seus

incentivos e obstáculos enfrentados na situação presente, em que se admite uma crise, incluindo a falta de

professores adequados às diferentes funções. Será necessário informar seu nome porque sua trajetória será

acompanhada pela pesquisadora ao longo de todo o curso. É importante que você seja sincero(a) e criterioso(a)

para que os resultados da pesquisa sejam válidos e fidedignos.

NOME: ___________________________________________________________ IDADE (EM ANOS COMPLETOS): __________

CURSO: Matemática �1 Pedagogia �2 TURNO: Matutino �1 Noturno �2 SEXO: Feminino �1 Masculino �2

TELEFONE: ________________________________ BAIRRO ONDE MORA: ___________________________________________

1. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

2. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

3. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

4. Quantos filhos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

5. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

6. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s)

filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de

favor) �

d) Sozinho(a) �

7. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

8. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$1.530,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$1.530,01

até R$5.100,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$5.100,01

até R$10.200,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$10.200,01

até R$15.300,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de

R$15.300,00) �

9. Quais e quantos itens da relação abaixo você possui

em sua casa?

a) Televisão em cores Sim � Não �

Quantas? ________________________________

b) Rádio Sim � Não �

Quantos? ________________________________

c) Banheiro Sim � Não �

Quantos? ________________________________

Page 258: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

256

d) Automóvel Sim � Não �

Quantos? ________________________________

e) Empregada(o) mensalista Sim � Não �

Quantas? ________________________________

f) Máquina de lavar Sim � Não �

Quantas? ________________________________

g) Videocassete e/ou DVD Sim � Não �

Quantos? ________________________________

h) Geladeira Sim � Não �

Quantas? ________________________________

i) Freezer (aparelho independente ou parte da

geladeira duplex) Sim � Não �

Quantos? ________________________________

10. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu

caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 13) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da

família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo

sustento da família �

11. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de

sua atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de

40 horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais

ou mais �

12. Qual é o valor bruto do seu salário?

_____________________________________________

13. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebe ou recebeu para auxiliar a sua formação

universitária e/ou custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria

instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você

trabalha) �

h) Outro(s) _________________________________

14. Qual o valor mensal que você paga pelo seu curso?

_____________________________________________

15. Quanto você gasta por semana com lanches na

faculdade?

_____________________________________________

16. Quanto você gasta por semana com transporte

(combustível ou passe estudantil ou passagens)?

_____________________________________________

17. Quanto você gasta com cópias semanalmente?

_____________________________________________

18. Quanto você gasta ou estima que gastará com livros

por semestre?

_____________________________________________

19. Quanto você gasta ou estima que gastará com material

escolar por semestre (cadernos, canetas, lápis etc.)?

_____________________________________________

20. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

21. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

22. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio?

_____________________________________________

23. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada

(particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola

privada (particular) �

Page 259: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

257

24. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no

ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica,

contabilidade, agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série

(Curso Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou

Supletivo �

e) Outro: __________________________________

25. Há quanto tempo você concluiu o ensino médio?

a) No ano passado �

b) Dois anos �

c) Mais de dois anos a cinco anos �

d) Mais de cinco anos �

26. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

27. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

28. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você

leu no ano passado?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a

questão 30) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

29. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de auto-ajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e

comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

30. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 32) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

31. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s): ____________________________

____________________________________

32. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ____________________________

33. Entre as atividades artístico-culturais listadas, qual

consiste sua preferência para o lazer?

a) Nenhuma �

b) Cinema �

c) Espetáculos teatrais �

d) Shows musicais e(ou) concertos �

e) Dança �

f) Outra(s): ____________________________

____________________________________

34. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 39) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

35. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 37) �

36. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

37. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos

itens forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na instituição de ensino do seu curso �

d) Na Lan House �

e) Em outro(s) local(is): ______________________

________________________________________

Page 260: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

258

38. Para que finalidade você utiliza o computador?

(Marque quantos itens forem necessários).

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos escolares �

c) Para trabalhos profissionais �

d) Para comunicação via e-mail �

e) Para operações bancárias �

f) Para compras eletrônicas �

g) Outra(s):_____________________________

____________________________________

39. Como você classifica o seu conhecimento de

Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

d) Muito ruim �

40. Você quer ser professor?

a) Sim �

b) Não �

c) Ainda não me decidi �

41. Você já teve experiência no magistério?

a) Sim �

b) Não �

42. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Já tenho trabalho na área e pretendo continuar

nele �

b) Trabalho em outra área, mas pretendo buscar

uma atividade na área do curso que estou

fazendo �

c) Vou prestar concurso para atividade no serviço

público �

d) Pretendo trabalhar em empresa privada �

e) Ainda não me decidi �

f) Outra resposta ___________________________

_______________________________________

43. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher a

Licenciatura? Escolha apenas o motivo principal.

a) Porque quero ser professor �

b) Para ter outra opção se não conseguir exercer

outro tipo de atividade �

c) Por influência da família �

d) Porque tive um bom professor que me serviu de

modelo �

e) Eu não quero ser professor �

f) É o único curso próximo da minha residência �

g) Porque não consegui fazer o curso que

realmente queria �

h) Porque há possibilidade de obter emprego mais

rapidamente �

i) Outro motivo:____________________________

_______________________________________

44. Se você não estivesse cursando a faculdade, o que

estaria fazendo durante este tempo?

a) Trabalhando �

b) Descansando �

c) Fazendo serviços em casa �

d) Cuidando dos(as) filhos(as) �

e) Fazendo outro curso (não superior) �

f) Preparando para concurso público �

g) Em diversão �

h) Outra resposta:___________________________

________________________________________

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou fazer algum comentário.

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

Obrigada pela sua valiosa contribuição!

Page 261: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

259

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DOS INGRESSANTES EM DIREITO

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em Educação da

Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos sociais e econômicos, os

ingressantes em cursos de Direito. Todos os dados informados neste instrumento são confidenciais e apenas a pesquisadora

terá acesso às suas respostas. Ressalta-se que esta pesquisa não tem vínculo algum com a gestão desta Instituição. Será

necessário informar seu nome porque sua trajetória será acompanhada pela pesquisadora ao longo de todo o curso. É

importante que você seja sincero(a) e criterioso(a) para que os resultados da pesquisa sejam válidos e fidedignos.

NOME: ___________________________________________________________ TURNO: Matutino �1 Noturno �2 JÁ POSSUI OUTRA GRADUAÇÃO? Sim �1 Não �2

IDADE (EM ANOS COMPLETOS): __________ SEXO: Feminino �1 Masculino �2

TELEFONE: __________________________ BAIRRO ONDE MORA: ____________________________

1. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

2. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

3. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

4. Quantos filhos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

5. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

6. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s)

filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de

favor) �

d) Sozinho(a) �

7. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

8. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$1.530,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$1.530,01

até R$5.100,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$5.100,01

até R$10.200,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$10.200,01

até R$15.300,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de

R$15.300,00) �

9. Quais e quantos itens da relação abaixo você possui

em sua casa?

a) Televisão em cores Sim � Não �

Quantas? ________________________________

b) Rádio Sim � Não �

Quantos? ________________________________

c) Banheiro Sim � Não �

Quantos? ________________________________

d) Automóvel Sim � Não �

Quantos? ________________________________

e) Empregada(o) mensalista Sim � Não �

Quantas? ________________________________

f) Máquina de lavar Sim � Não �

Quantas? ________________________________

g) Videocassete e/ou DVD Sim � Não �

Quantos? ________________________________

h) Geladeira Sim � Não �

Quantas? ________________________________

i) Freezer (aparelho independente ou parte da

geladeira duplex) Sim � Não �

Quantos? ________________________________

Page 262: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

260

10. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu

caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 13) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da

família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo

sustento da família �

11. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de

sua atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de

40 horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais

ou mais �

12. Qual é o valor bruto do seu salário?

_____________________________________________

13. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebe ou recebeu para auxiliar a sua formação

universitária e/ou custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria

instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você

trabalha) �

h) Outro(s) _________________________________

14. Qual o valor mensal que você paga pelo seu curso?

____________________________________________

15. Quanto você gasta por semana com lanches na

faculdade? ___________________________________

16. Quanto você gasta por semana com transporte

(combustível ou passe estudantil ou passagens)?

_____________________________________________

17. Quanto você gasta com cópias semanalmente?

_____________________________________________

18. Quanto você gasta ou estima que gastará com livros

por semestre? ________________________________

19. Quanto você gasta ou estima que gastará com material

escolar por semestre (cadernos, canetas, lápis etc.)?

____________________________________________

20. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

21. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

22. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio? ________________________________

23. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada

(particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola

privada (particular) �

24. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no

ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica,

contabilidade, agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série

(Curso Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou

Supletivo �

e) Outro: __________________________________

25. Há quanto tempo você concluiu o ensino médio?

a) No ano passado �

b) Dois anos �

c) Mais de dois anos a cinco anos �

d) Mais de cinco anos �

26. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

Page 263: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

261

27. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

28. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você

leu no ano passado?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a

questão 30) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

29. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de auto-ajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e

comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

________________________________________

30. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 32) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

31. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s) _________________________________

32. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ________________________________

33. Entre as atividades artístico-culturais listadas, qual

consiste sua preferência para o lazer?

a) Nenhuma �

b) Cinema �

c) Espetáculos teatrais �

d) Shows musicais e(ou) concertos �

e) Dança �

f) Outra(s): ________________________________

________________________________________

34. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 39) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

35. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 37) �

36. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

37. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos

itens forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na instituição de ensino do seu curso �

d) Na Lan House �

e) Em outro(s) local(is) _______________________

________________________________________

38. Para que finalidade você utiliza o computador?

(Marque quantos itens forem necessários).

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos escolares �

c) Para trabalhos profissionais �

d) Para comunicação via e-mail �

e) Para operações bancárias �

f) Para compras eletrônicas �

g) Outra(s):_________________________________

________________________________________

39. Como você classifica o seu conhecimento de

Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

d) Muito ruim �

Page 264: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

262

40. Das profissões listadas a seguir, qual delas caracteriza

a profissão que você pretende exercer? Marque

apenas uma opção.

a) Advogado forense �

b) Magistrado �

c) Promotor �

d) Procurador �

e) Gestor de empresa privada �

f) Outra ocupação: __________________________

________________________________________

g) Ainda não me decidi �

41. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Já tenho trabalho na área e pretendo continuar

nele �

b) Trabalho em outra área, mas pretendo buscar

uma atividade na área do curso que estou

fazendo �

c) Vou prestar concurso para atividade no serviço

público �

d) Pretendo trabalhar em empresa privada �

e) Pretendo trabalhar em empresa da família, que

já atua na área �

f) Ainda não me decidi �

g) Outra resposta ______________________

__________________________________

42. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher

este curso? Escolha apenas o motivo principal.

a) Por influência da família �

b) Porque os salários da área são mais altos �

c) Pelo prestígio social que o curso proporciona �

d) Para conhecer mais sobre os meus direitos �

e) Porque há mais vagas para essa área no mercado

de trabalho �

f) Porque há possibilidade de ser aprovado em

concurso público �

g) Outro motivo:____________________________

________________________________________

43. Se você não estivesse fazendo a faculdade, o que

estaria fazendo durante este tempo?

a) Trabalhando �

b) Descansando �

c) Fazendo serviços em casa �

d) Cuidando dos(as) filhos(as) �

e) Fazendo outro curso (não superior) �

f) Preparando para concurso público �

g) Em diversão �

h) Outra resposta:___________________________

________________________________________

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou fazer algum comentário.

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

Obrigada pela sua valiosa contribuição!

Page 265: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

263

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIOS DOS CONCLUINTES DE LICENCIATURA

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em

Educação da Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos

sociais e econômicos, os concluintes de cursos de Licenciatura, para estudar a formação de educadores. Todos os

dados informados neste instrumento são confidenciais e apenas a pesquisadora terá acesso às suas respostas.

Ressalta-se que esta pesquisa não tem vínculo algum com a gestão desta Instituição, mas certamente seus

resultados servirão como subsídio para as políticas públicas destinadas à formação de educadores e aos seus

incentivos e obstáculos enfrentados na situação presente, em que se admite uma crise, incluindo a falta de

professores adequados às diferentes funções. É importante que você seja sincero(a) e criterioso(a) para que os

resultados da pesquisa sejam válidos e fidedignos.

NOME: _________________________________________________________________ SEXO: Feminino �1 Masculino �2

IDADE (EM ANOS COMPLETOS): ______ CURSO: Matemática �1 Pedagogia �2 TURNO: Matutino �1 Noturno �2

JÁ CONCLUIU OUTRO CURSO SUPERIOR? Sim �1 Não �2 QUAL? __________________________________

TELEFONE: ________________________________ BAIRRO ONDE MORA: __________________________________________

1. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

2. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

3. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

4. Quantos filhos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

5. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

6. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s)

filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de

favor) �

d) Sozinho(a) �

7. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

8. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$2.034,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$2.034,01

até R$6.780,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$6.780,01

até R$13.560,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$13.560,01

até R$20.340,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de

R$20.340,00) �

9. Quais e quantos itens da relação abaixo você possui

em sua casa?

a) Televisão em cores Sim � Não �

Quantas? ________________________________

b) Rádio Sim � Não �

Quantos? ________________________________

c) Banheiro Sim � Não �

Quantos? ________________________________

d) Automóvel Sim � Não �

Quantos? ________________________________

Page 266: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

264

e) Empregada(o) mensalista Sim � Não �

Quantas? ________________________________

f) Máquina de lavar Sim � Não �

Quantas? ________________________________

g) Videocassete e/ou DVD Sim � Não �

Quantos? ________________________________

h) Geladeira Sim � Não �

Quantas? ________________________________

i) Freezer (aparelho independente ou parte da

geladeira duplex) Sim � Não �

Quantos? ________________________________

10. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu

caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 13) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da

família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo

sustento da família �

11. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de

sua atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de

40 horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais

ou mais �

12. Qual é o valor bruto do seu salário por mês?

R$__________________________________________

13. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebe ou recebeu para auxiliar a sua formação

universitária e/ou custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria

instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você

trabalha) �

h) Outro(s) _________________________________

14. Qual o valor mensal que você paga pelo seu curso?

R$__________________________________________

15. Quanto você gasta por semana com lanches na

faculdade?

R$__________________________________________

16. Quanto você gasta por semana com transporte

(combustível ou passe estudantil ou passagens)?

R$__________________________________________

17. Quanto você gastou com cópias semanalmente?

R$__________________________________________

18. Quanto você gastou com livros por semestre?

R$__________________________________________

19. Quanto você gastou com material escolar por

semestre (cadernos, canetas, lápis etc.)?

R$__________________________________________

20. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

21. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

22. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio?

_____________________________________________

23. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada

(particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola

privada (particular) �

24. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no

ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica,

contabilidade, agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série

(Curso Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou

Supletivo �

e) Outro: __________________________________

25. Em que ano você concluiu o ensino médio?

a) 2010 �

b) 2009 �

c) Entre 2003 e 2008 �

Page 267: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

265

d) Antes de 2003 �

26. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

27. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

28. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você

leu no ano passado?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a

questão 30) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

29. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de autoajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e

comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

30. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 32) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

31. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s): ____________________________

____________________________________

32. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ____________________________

33. Entre as atividades artístico-culturais listadas, qual

consiste sua preferência para o lazer? (Marque

quantos itens forem necessários)

a) Cinema �

b) Espetáculos teatrais �

c) Shows musicais e(ou) concertos �

d) Dança �

e) Outra(s): ____________________________

f) Nenhuma �

34. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 39) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

35. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 37) �

36. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

37. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos

itens forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na instituição de ensino do seu curso �

d) Na Lan House �

e) Em outro(s) local(is): ______________________

________________________________________

38. Para que finalidades você utiliza o computador?

(Marque quantos itens forem necessários).

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos escolares �

c) Para trabalhos profissionais �

d) Para comunicação via e-mail �

e) Para operações bancárias �

f) Para compras eletrônicas �

g) Outra(s):_____________________________

____________________________________

39. Como você classifica o seu conhecimento de

Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

Page 268: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

266

d) Muito ruim �

40. Você quer ser professor?

a) Sim �

b) Não �

c) Ainda não me decidi �

41. Excetuando-se o estágio curricular obrigatório, você já

teve experiência no magistério?

a) Sim �

b) Não �

42. O seu contato com a realidade, por meio do estágio, indica que a profissão para a qual você se prepara neste curso será:

a) Muito compensadora sob todos os aspectos �

b) Compensadora sob alguns aspectos, mas não

outros �

c) Pouco compensadora em geral �

d) Nada compensadora �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

43. A sua experiência no estágio indica que este curso foi uma boa escolha que você fez?

a) Sim, totalmente �

b) Sim, mas só em parte �

c) Não �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

44. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Já tenho trabalho na área e pretendo continuar

nele �

b) Trabalho em outra área, mas pretendo buscar

uma atividade na área do curso que estou

fazendo �

c) Vou prestar concurso para atividade no serviço

público �

d) Pretendo trabalhar em empresa privada �

e) Ainda não me decidi �

f) Outra resposta ___________________________

________________________________________

45. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher a

Licenciatura? Escolha apenas o motivo principal.

a) Porque quero ser professor �

b) Para ter outra opção se não conseguir exercer

outro tipo de atividade �

c) Por influência da família �

d) Porque tive um bom professor que me serviu de

modelo �

e) Eu não quero ser professor �

f) É o único curso próximo da minha residência �

g) Porque não consegui fazer o curso que

realmente queria �

h) Porque há possibilidade de obter emprego mais

rapidamente �

i) Outro motivo:____________________________

_______________________________________

46. Se você não estivesse cursando a faculdade, o que

estaria fazendo durante este tempo?

a) Trabalhando �

b) Descansando �

c) Fazendo serviços em casa �

d) Cuidando dos(as) filhos(as) �

e) Fazendo outro curso (não superior) �

f) Preparando para concurso público �

g) Em diversão �

h) Outra resposta:___________________________

________________________________________

47. Se, em vez de estudar, você trabalhasse nesse horário,

que tipo de trabalho você poderia fazer?

______________________________________________

48. Se, em vez de estudar, você trabalhasse nesse horário,

quanto estima que ganharia por mês?

a) Menos de R$339,00 �

b) De R$339,01 a R$678,00 �

c) De R$678,01 a R$1.356,00 �

d) De R$1.356,01 a R$2.712,00 �

e) Acima de R$2.712,00 �

49. Você está perto de concluir o seu curso. Em que

medida ele alterou as suas possibilidades de obter um

emprego na área? Indique uma resposta de zero a dez,

em que zero significa que o curso não aumentou nada

as suas possibilidades e dez significa que aumentou

muito.

Page 269: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

267

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

50. Considerando o curso que você está perto de terminar,

como ele alterou as suas possibilidades de obter um

emprego FORA da área a que ele se destina? Indique

uma resposta de zero a dez, em que zero significa que

o curso não aumentou nada as suas possibilidades e

dez significa que aumentou muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

51. Ainda em relação ao curso, como você acha que ele

afetou as suas capacidades abaixo. Indique uma

resposta de zero a dez, em que zero significa que o

curso não aumentou nada as suas possibilidades e dez

significa que aumentou muito.

a) Capacidade de se comunicar oralmente:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

b) Capacidade de se comunicar por escrito:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

c) Capacidade de identificar problemas com clareza

(dentro ou fora da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

d) Capacidade de resolver problemas (dentro ou fora

da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

e) Capacidade de trabalhar em equipe (dentro ou fora

da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

f) Capacidade de tomar decisões (também dentro ou

fora da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

52. Pensando agora no curso realizado, você acha

acertada a decisão de escolhê-lo?

a) Muito acertada �

b) Razoavelmente acertada �

c) Pouco acertada �

d) Errada, não devia ter escolhido �

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou

fazer algum comentário.

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

Obrigada pela sua valiosa

contribuição!

Page 270: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

268

APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO DOS CONCLUINTES DE DIREITO

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em Educação da

Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos sociais e econômicos, os

ingressantes em cursos de Direito. Todos os dados informados neste instrumento são confidenciais e apenas a pesquisadora

terá acesso às suas respostas. Ressalta-se que esta pesquisa não tem vínculo algum com a gestão desta Instituição. É

importante que você seja sincero(a) e criterioso(a) para que os resultados da pesquisa sejam válidos e fidedignos.

NOME: ______________________________________________________________ SEXO: Feminino �1 Masculino �2

TURNO: Matutino �1 Noturno �2 IDADE (EM ANOS COMPLETOS): ____________

JÁ CONCLUIU OUTRO CURSO SUPERIOR? Sim �1 Não �2 QUAL? _________________________________

TELEFONE: __________________________ BAIRRO ONDE MORA: _______________________________

1. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

2. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

3. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

4. Quantos filhos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

5. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

6. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s)

filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de

favor) �

d) Sozinho(a) �

7. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

8. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$2.034,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$2.034,01 até

R$6.780,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$6.780,01

até R$13.560,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$13.560,01

até R$20.340,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de

R$20.340,00) �

9. Quais e quantos itens da relação abaixo você possui

em sua casa?

a) Televisão em cores Sim � Não �

Quantas? ________________________________

b) Rádio Sim � Não �

Quantos? ________________________________

c) Banheiro Sim � Não �

Quantos? ________________________________

d) Automóvel Sim � Não �

Quantos? ________________________________

e) Empregada(o) mensalista Sim � Não �

Quantas? ________________________________

f) Máquina de lavar Sim � Não �

Quantas? ________________________________

g) Videocassete e/ou DVD Sim � Não �

Quantos? ________________________________

h) Geladeira Sim � Não �

Quantas? ________________________________

i) Freezer (aparelho independente ou parte da

geladeira duplex) Sim � Não �

Quantos? ________________________________

Page 271: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

269

10. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu

caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 13) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da

família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo

sustento da família �

11. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de

sua atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de

40 horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais

ou mais �

12. Qual é o valor bruto do seu salário por mês?

R$__________________________________________

13. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebe ou recebeu para auxiliar a sua formação

universitária e/ou custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria

instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você

trabalha) �

h) Outro(s) _________________________________

14. Qual o valor mensal que você paga pelo seu curso?

R$__________________________________________

15. Quanto você gasta por semana com lanches na

faculdade?

R$__________________________________________

16. Quanto você gasta por semana com transporte

(combustível ou passe estudantil ou passagens)?

R$__________________________________________

17. Quanto você gastou com cópias semanalmente?

R$__________________________________________

18. Quanto você gastou com livros por semestre?

R$__________________________________________

19. Quanto você gastou com material escolar por

semestre (cadernos, canetas, lápis etc.)?

R$__________________________________________

20. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

21. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

22. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio? ________________________________

23. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada

(particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola

privada (particular) �

24. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no

ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica,

contabilidade, agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série

(Curso Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou

Supletivo �

e) Outro: __________________________________

25. Em que ano você concluiu o ensino médio?

a) 2008 �

b) 2007 �

c) Entre 2002 e 2006 �

d) Antes de 2002 �

26. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

Page 272: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

270

27. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

28. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você

leu no ano passado?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a

questão 30) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

29. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de auto-ajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e

comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

________________________________________

30. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 32) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

31. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s) _________________________________

32. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ________________________________

33. Entre as atividades artístico-culturais listadas, quais

consistem suas preferências para o lazer?

a) Cinema �

b) Espetáculos teatrais �

c) Shows musicais e(ou) concertos �

d) Dança �

e) Outra(s): ________________________________

f) Nenhuma �

34. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a

questão 39) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

35. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 37) �

36. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

37. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos

itens forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na instituição de ensino do seu curso �

d) Na Lan House �

e) Em outro(s) local(is) _______________________

________________________________________

38. Para que finalidades você utiliza o computador?

(Marque quantos itens forem necessários)

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos escolares �

c) Para trabalhos profissionais �

d) Para comunicação via e-mail �

e) Para operações bancárias �

f) Para compras eletrônicas �

g) Outra(s):_________________________________

________________________________________

39. Como você classifica o seu conhecimento de

Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

d) Muito ruim �

Page 273: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

271

40. Das profissões listadas a seguir, qual delas caracteriza

a profissão que você pretende exercer? Marque

apenas uma opção.

a) Advogado forense �

b) Magistrado �

c) Promotor �

d) Procurador �

e) Delegado �

f) Gestor de empresa privada �

g) Outra ocupação: __________________________

________________________________________

h) Ainda não me decidi �

41. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Já tenho trabalho na área e pretendo continuar

nele �

b) Trabalho em outra área, mas pretendo buscar

uma atividade na área do curso que estou

fazendo �

c) Vou prestar concurso para atividade no serviço

público �

d) Pretendo trabalhar em empresa privada �

e) Pretendo trabalhar em empresa da família, que

já atua na área �

f) Ainda não me decidi �

g) Outra resposta ___________________________

________________________________________

42. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher

este curso? Escolha apenas o motivo principal.

a) Por influência da família ou amigos �

b) Porque os salários da área são mais altos �

c) Pelo prestígio social que o curso proporciona �

d) Para conhecer mais sobre os meus direitos �

e) Porque há mais vagas para essa área no mercado

de trabalho �

f) Porque há possibilidade de ser aprovado em

concurso público �

g) Por identificação com a área �

h) Outro motivo:____________________________

________________________________________

43. Se você não estivesse fazendo a faculdade, o que

estaria fazendo durante este tempo?

a) Trabalhando �

b) Descansando �

c) Fazendo serviços em casa �

d) Cuidando dos(as) filhos(as) �

e) Fazendo outro curso (não superior) �

f) Preparando para concurso público �

g) Em diversão �

h) Outra resposta:___________________________

44. Se, em vez de estudar, você trabalhasse nesse horário,

que tipo de trabalho você poderia fazer?

______________________________________________

45. Se, em vez de estudar, você trabalhasse nesse horário,

quanto estima que ganharia por mês?

a) Menos de R$339,00 �

b) De R$339,01 a R$678,00 �

c) De R$678,01 a R$1.356,00 �

d) De R$1.356,01 a R$2.712,00 �

e) Acima de R$2.712,00 �

46. Você está perto de concluir o seu curso. Em que

medida ele alterou as suas possibilidades de obter um

emprego na área? Indique uma resposta de zero a dez, em

que zero significa que o curso não aumentou nada as suas

possibilidades e dez significa que aumentou muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

47. Considerando o curso que você está perto de terminar,

como ele alterou as suas possibilidades de obter um

emprego FORA da área a que ele se destina? Indique uma

resposta de zero a dez, em que zero significa que o curso

não aumentou nada as suas possibilidades e dez significa

que aumentou muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

48. Ainda em relação ao curso, como você acha que ele

afetou as suas capacidades abaixo. Indique uma resposta

de zero a dez, em que zero significa que o curso não

aumentou nada as suas possibilidades e dez significa que

aumentou muito.

a) Capacidade de se comunicar oralmente:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

b) Capacidade de se comunicar por escrito:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

c) Capacidade de identificar problemas com clareza

(dentro ou fora da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

d) Capacidade de resolver problemas (dentro ou fora da

sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

e) Capacidade de trabalhar em equipe (dentro ou fora da

sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

Page 274: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

272

f) Capacidade de tomar decisões (também dentro ou

fora da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

49. Pensando agora no curso realizado, você acha acertada

a decisão de escolhê-lo?

a) Muito acertada �

b) Razoavelmente acertada �

c) Pouco acertada �

d) Errada, não devia ter escolhido �

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou

fazer algum comentário.

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

Obrigada pela sua valiosa

contribuição!

Page 275: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

273

APÊNDICE E - ROTEIRO DO GRUPO FOCAL COM INGRESSANTES EM

LICENCIATURA

Objetivo: Verificar os interesses de alunos iniciantes dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia e em Matemática para escolha desses cursos.

Curso: ( ) Pedagogia ( ) Matemática

Turno: ( ) Noturno ( ) Matutino

Data da entrevista: _____/_____/________

Quantidade de participantes: ______

1. Apresentação da pesquisadora e dos objetivos da pesquisa. Perguntar se concorda

em participar/ gravar.

2. Por que vocês escolheram fazer um curso de Licenciatura?

3. Já estando no terceiro período, consideram que o curso atende às expectativas de

vocês?

4. Quais os dois pontos mais positivos do curso?

5. Quais os dois pontos mais negativos do curso?

6. Vocês pretendem ingressar na carreira do magistério?

7. Vocês consideram atrativa a carreira do magistério? Por quê?

8. Vocês acham que encontrarão alguma dificuldade em conseguir emprego como

docente?

9. Querem acrescentar algum comentário ou observação?

Page 276: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

274

APÊNDICE F – QUESTIONÁRIO DOS EGRESSOS DE LICENCIATURA

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em

Educação da Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos

sociais e econômicos, os egressos de cursos de Licenciatura, bem como a sua situação e satisfação profissionais,

além de verificar as percepções sobre os cursos em que se graduaram. Todos os dados informados neste

instrumento são confidenciais e apenas a pesquisadora terá acesso às suas respostas. Ressalta-se que esta

pesquisa não tem vínculo algum com a gestão desta Instituição, mas certamente seus resultados servirão como

subsídio para as políticas públicas destinadas à formação de educadores e aos seus incentivos e obstáculos

enfrentados na situação presente, em que se admite uma crise, incluindo a falta de professores adequados às

diferentes funções. É importante que você seja sincero(a) e criterioso(a) para que os resultados da pesquisa sejam

válidos e fidedignos.

SEXO: Feminino �1 Masculino �2 DATA DE NASCIMENTO: ______/_______/_________

CURSO: Matemática �1 Pedagogia �2 TURNO EM QUE SE FEZ A MAIOR PARTE DO CURSO: Matutino �1 Noturno �2

ANO E SEMESTRE DE CONCLUSÃO DO CURSO? 2º/2012 � 1º/2012 � 2º/2011 � 1º/2011 � 2º/2010

E-MAIL PARA CONTATO: ____________________________________________________________

BAIRRO E CIDADE ONDE MORA ATUALMENTE: __________________________________________

1. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher a

Licenciatura? Escolha apenas o motivo principal.

a) Porque queria ser professor �

b) Para ter outra opção se não conseguir exercer outro

tipo de atividade �

c) Por influência da família �

d) Porque tive um bom professor que me serviu de

modelo �

e) Porque era o único curso próximo da minha residência

f) Porque não consegui fazer o curso que realmente

queria �

g) Porque haveria possibilidade de obter emprego mais

rapidamente �

h) Outro motivo:____________________________

_______________________________________

2. Sobre sua atuação no magistério, marque a alternativa que

melhor expressa sua situação:

a) Nunca fui professor e não quero ser � (Neste caso,

passe para a questão 4).

b) Nunca fui professor, mas pretendo ser � (Neste caso,

passe para a questão 4).

c) Já era professor antes de entrar no curso �

d) Tornei-me professor durante o curso �

e) Tornei-me professor após a conclusão do curso �

f) Estou atuando na área educacional, mas não como

professor �

3. Caso esteja atuando no magistério, marque em que

nível(is) e ensino e em que tipo de rede(s) (Marque

quantos itens forem necessários):

a) Creche pública �

b) Creche privada �

c) Pré-escola pública �

d) Pré-escola privada �

e) Ensino fundamental – séries iniciais - pública �

f) Ensino fundamental – séries iniciais - privada �

g) Ensino fundamental – séries finais - pública �

h) Ensino fundamental – séries finais - privada �

i) Ensino médio - pública �

j) Ensino médio - privada �

4. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Continuo no mesmo trabalho da época dos meus

estudos �

b) Após a formatura, consegui trabalho na área do curso

e pretendo continuar nele �

c) Desde a formatura, trabalho em outra área, mas

pretendo buscar uma atividade na área do curso que

concluí �

d) Ainda não me decidi �

e) Outra resposta ___________________________

________________________________________

5. Qual é sua ocupação atual?

____________________________________________

Page 277: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

275

6. Você está satisfeito com sua ocupação atual? Avalie sua

satisfação, em uma escala de zero a dez, em que zero

significa totalmente insatisfeito e dez significa totalmente

satisfeito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

7. Qual é o valor bruto do seu salário por mês?

R$__________________________________________

8. Após a conclusão do seu curso, você já realizou/ está

realizando algum curso de atualização profissional

DENTRO da sua área de formação (incluindo cursos de pós-

graduação)?

a) Sim �

b) Não �

9. Após a conclusão do seu curso, você já realizou/ está

realizando algum curso de atualização profissional FORA

da sua área de formação (incluindo cursos de pós-

graduação)?

a) Sim �

b) Não �

10. Você está se preparando para prestar concurso público?

a) Sim �

b) Não �

11. Pensando agora no curso realizado, o que você acha da

decisão de escolhê-lo?

a) Muito acertada �

b) Razoavelmente acertada �

c) Pouco acertada �

d) Errada, não devia ter escolhido �

12. Em que medida seu curso alterou as suas possibilidades de

obter um emprego na área? Indique uma resposta de zero

a dez, em que zero significa que o curso não aumentou

nada as suas possibilidades e dez significa que aumentou

muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

13. Considerando o curso que você concluiu, como ele alterou

as suas possibilidades de obter um emprego FORA da área

a que ele se destina? Indique uma resposta de zero a dez,

em que zero significa que o curso não aumentou nada as

suas possibilidades e dez significa que aumentou muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

14. Ainda em relação ao curso, como você acha que ele afetou as suas capacidades abaixo. Indique uma resposta de zero a dez, em

que zero significa que o curso não aumentou nada as suas possibilidades e dez significa que aumentou muito.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

a) Capacidade de se comunicar oralmente

b) Capacidade de se comunicar por escrito

c) Capacidade de identificar problemas com clareza (dentro ou fora

da sua área)

d) Capacidade de resolver problemas (dentro ou fora da sua área)

e) Capacidade de trabalhar em equipe (dentro ou fora da sua área)

f) Capacidade de tomar decisões (também dentro ou fora da sua

área)

15. Excetuando-se o estágio curricular obrigatório, você já

teve experiência no magistério?

a) Sim �

b) Não �

16. O seu contato com a realidade, por meio do estágio, indicou que a profissão para a qual você se preparou neste curso foi:

a) Muito compensadora sob todos os aspectos �

b) Compensadora sob alguns aspectos, mas não outros �

c) Pouco compensadora em geral �

d) Nada compensadora �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

17. A sua experiência no estágio indicou que este curso foi

uma boa escolha que você fez?

Page 278: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

276

a) Sim, totalmente �

b) Sim, mas só em parte �

c) Não �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

18. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

19. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

20. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

21. Você tem filhos?

a) Sim �

b) Não � (Neste caso, passe para a questão 24)

22. Quantos? _______

23. Já tinha filhos ao concluir a faculdade?

a) Sim �

b) Não �

24. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

25. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s)

filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de favor) �

d) Sozinho(a) �

26. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

27. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$2.034,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$2.034,01 até

R$6.780,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$6.780,01 até

R$13.560,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$13.560,01 até

R$20.340,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de R$20.340,00) �

28. Quantos itens da relação abaixo você possui em sua casa?

a) Televisão em cores

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

b) Rádio

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

c) Banheiro

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

d) Automóvel

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

e) Empregada(o) mensalista

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

f) Máquina de lavar

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

g) Videocassete e/ou DVD

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

h) Geladeira

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

i) Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira

duplex)

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

29. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 31) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento

da família �

30. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de sua

atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

Page 279: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

277

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de 40

horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais ou

mais �

31. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebeu para auxiliar a sua formação universitária e/ou

custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você trabalhava) �

h) Outro(s) _________________________________

32. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

33. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

34. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio?

_____________________________________________

35. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada (particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola privada

(particular) �

36. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica, contabilidade,

agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série (Curso

Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou Supletivo �

e) Outro: __________________________________

37. Em que ano você concluiu o ensino médio?

a) 2010 �

b) 2009 �

c) 2008 �

d) Entre 2002 e 2007 �

e) Antes de 2007 �

38. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

39. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

40. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você leu

em 2013?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a questão 42) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

41. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de autoajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

________________________________________

42. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a questão 44) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

43. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

Page 280: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

278

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s): ____________________________

____________________________________

44. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ____________________________

45. Entre as atividades artístico-culturais listadas, qual

consiste sua preferência para o lazer? (Marque quantos

itens forem necessários)

a) Cinema �

b) Espetáculos teatrais �

c) Shows musicais e(ou) concertos �

d) Dança �

e) Outra(s): ____________________________

f) Nenhuma �

46. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a questão 51) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

47. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 49) �

48. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

49. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos itens

forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na Lan House �

d) Em outro(s) local(is): ______________________

________________________________________

50. Para que finalidades você utiliza o computador? (Marque

quantos itens forem necessários).

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos profissionais �

c) Para comunicação via e-mail �

d) Para operações bancárias �

e) Para compras eletrônicas �

f) Outra(s):_____________________________

____________________________________

51. Como você classifica o seu conhecimento de Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

d) Muito ruim �

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou

fazer algum comentário.

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

_____________________________________________

Obrigada pela sua valiosa

contribuição!

Page 281: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

279

APÊNDICE G – QUESTIONÁRIO DOS EGRESSOS DE DIREITO

Este questionário é parte da pesquisa da doutoranda Janete Palazzo, vinculada ao Programa de Doutorado em

Educação da Universidade Católica de Brasília. O objetivo desta etapa do estudo é caracterizar, em seus aspectos

sociais e econômicos, os egressos de cursos de Direito, bem como a sua situação e satisfação profissionais, além de

verificar as percepções sobre os cursos em que se graduaram. Todos os dados informados neste instrumento são

confidenciais e apenas a pesquisadora terá acesso às suas respostas. Ressalta-se que esta pesquisa não tem

vínculo algum com a gestão desta Instituição, mas certamente seus resultados servirão como subsídio para as

políticas públicas destinadas à formação de educadores e aos seus incentivos e obstáculos enfrentados na situação

presente, em que se admite uma crise, incluindo a falta de professores adequados às diferentes funções. É

importante que você seja sincero(a) e criterioso(a) para que os resultados da pesquisa sejam válidos e fidedignos.

SEXO: Feminino �1 Masculino �2 IDADE ATUAL (EM ANOS COMPLETOS): ______

TURNO EM QUE SE FEZ A MAIOR PARTE DO CURSO: Matutino �1 Noturno �2

ANO E SEMESTRE DE CONCLUSÃO DO CURSO? ____/ _________

IDADE COM QUE TERMINOU O CURSO (EM ANOS COMPLETOS) _____________________________

BAIRRO E CIDADE ONDE MORA ATUALMENTE: __________________________________________

1. Qual foi o principal motivo que levou você a escolher este

curso? Escolha apenas o motivo principal.

a) Por influência da família ou amigos �

b) Porque os salários da área são mais altos �

c) Pelo prestígio social que o curso proporciona �

d) Para conhecer mais sobre os meus direitos �

e) Porque há mais vagas para essa área no mercado de

trabalho �

f) Porque há possibilidade de ser aprovado em concurso

público �

g) Por identificação com a área �

h) Outro motivo:____________________________

________________________________________

2. Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor

expressa sua perspectiva profissional futura.

a) Continuo no mesmo trabalho da época dos meus

estudos �

b) Após a formatura, consegui trabalho na área do curso

e pretendo continuar nele �

c) Desde a formatura, trabalho em outra área, mas

pretendo buscar uma atividade na área do curso que

concluí �

d) Ainda não me decidi �

e) Outra resposta ___________________________

3. Qual é sua ocupação atual?

____________________________________________

4. Você está satisfeito com sua ocupação atual? Avalie sua

satisfação, em uma escala de zero a dez, em que zero

significa totalmente insatisfeito e dez significa totalmente

satisfeito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

5. Qual é o valor bruto do seu salário por mês?

R$__________________________________________

6. Após a conclusão do seu curso, você já realizou/ está

realizando algum curso de atualização profissional

DENTRO da sua área de formação (incluindo cursos de pós-

graduação)?

a) Sim �

b) Não �

7. Após a conclusão do seu curso, você já realizou/ está

realizando algum curso de atualização profissional FORA

da sua área de formação (incluindo cursos de pós-

graduação)?

a) Sim �

b) Não �

8. Você está se preparando para prestar concurso público?

a) Sim �

b) Não �

9. Pensando agora no curso realizado, o que você acha da

decisão de escolhê-lo?

a) Muito acertada �

b) Razoavelmente acertada �

c) Pouco acertada �

d) Errada, não devia ter escolhido �

10. Em que medida seu curso alterou as suas possibilidades de

obter um emprego na área? Indique uma resposta de zero

a dez, em que zero significa que o curso não aumentou

nada as suas possibilidades e dez significa que aumentou

muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

Page 282: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

280

11. Considerando o curso que você concluiu, como ele alterou

as suas possibilidades de obter um emprego FORA da área

a que ele se destina? Indique uma resposta de zero a dez,

em que zero significa que o curso não aumentou nada as

suas possibilidades e dez significa que aumentou muito.

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

12. Ainda em relação ao curso, como você acha que ele afetou

as suas capacidades abaixo. Indique uma resposta de zero

a dez, em que zero significa que o curso não aumentou

nada as suas possibilidades e dez significa que aumentou

muito.

a) Capacidade de se comunicar oralmente:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

b) Capacidade de se comunicar por escrito:

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

c) Capacidade de identificar problemas com clareza

(dentro ou fora da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

d) Capacidade de resolver problemas (dentro ou fora da

sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

e) Capacidade de trabalhar em equipe (dentro ou fora da

sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

f) Capacidade de tomar decisões (também dentro ou fora

da sua área):

0� 1� 2� 3� 4� 5� 6� 7� 8� 9� 10�

13. O seu contato com a realidade, por meio do estágio, indicou que a profissão para a qual você se preparou neste curso foi:

a) Muito compensadora sob todos os aspectos �

b) Compensadora sob alguns aspectos, mas não outros �

c) Pouco compensadora em geral �

d) Nada compensadora �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

14. A sua experiência no estágio indicou que este curso foi

uma boa escolha que você fez?

a) Sim, totalmente �

b) Sim, mas só em parte �

c) Não �

Por quê? (É muito importante você responder qualquer que seja a opção assinalada):

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

15. Em que Unidade da Federação (UF) você nasceu?

_____________________________________________

16. Qual o seu estado civil?

a) Solteira(o) �

b) Casada(o) �

c) Separada(o)/desquitada(o)/divorciada(o) �

d) Viúva(o) �

e) Outro ___________________________________

17. Quantos irmãos você tem?

a) Nenhum �

b) Um �

c) Dois �

d) Três �

e) Quatro ou mais �

18. Você tem filhos?

a) Sim �

b) Não � (Neste caso, passe para a questão 21)

19. Quantos? _______

20. Já tinha filhos ao concluir a faculdade?

a) Sim �

b) Não �

21. Como você se considera?

a) Branca(o) �

b) Negra(o) �

c) Parda(o)/Mulata(o) �

d) Amarela(o) (de origem oriental) �

e) Indígena ou de origem indígena �

22. Com quem você mora atualmente?

a) Com os pais e(ou) com outros parentes �

b) Com o(a) esposo(a) e(ou) com o(s) filho(s) �

c) Com amigos (compartilhando despesas ou de favor) �

d) Sozinho(a) �

Page 283: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

281

23. Quantos membros da sua família moram com você?

a) Nenhum �

b) Um ou dois �

c) Três ou quatro �

d) Cinco ou seis �

e) Mais de seis �

24. Qual a faixa de renda mensal total da sua família?

a) Até 3 salários mínimos (até R$2.034,00) �

b) Mais de 3 até 10 salários mínimos (R$2.034,01 até

R$6.780,00) �

c) Mais de 10 até 20 salários mínimos (R$6.780,01 até

R$13.560,00) �

d) Mais de 20 até 30 salários mínimos (R$13.560,01 até

R$20.340,00) �

e) Mais de 30 salários mínimos (mais de R$20.340,00) �

25. Quantos itens da relação abaixo você possui em sua casa?

a) Televisão em cores

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

b) Rádio

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

c) Banheiro

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

d) Automóvel

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

e) Empregada(o) mensalista

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

f) Máquina de lavar

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

g) Videocassete e/ou DVD

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

h) Geladeira

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

i) Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira

duplex)

0 � 1� 2� 3� 4 ou mais�

26. Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu caso:

a) Não trabalho e meus gastos são financiados pela

família (Neste caso, passe para a questão 28) �

b) Trabalho e recebo ajuda da família �

c) Trabalho e me sustento �

d) Trabalho e contribuo com o sustento da família �

e) Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento

da família �

27. Se você trabalha, qual é a carga horária aproximada de sua

atividade remunerada?

a) Não trabalho �

b) Trabalho eventualmente �

c) Trabalho até 20 horas semanais �

d) Trabalho mais de 20 horas semanais e menos de 40

horas semanais �

e) Trabalho em tempo integral – 40 horas semanais ou

mais �

28. Que tipo de bolsa de estudos ou financiamento você

recebeu para auxiliar a sua formação universitária e/ou

custear as despesas do curso?

a) Nenhum �

b) Financiamento Estudantil (FIES) �

c) Prouni integral �

d) Prouni parcial �

e) Bolsa Universidade (GDF) �

f) Bolsa integral ou parcial (inclusive descontos em

mensalidades) oferecida pela própria

instituição �

g) Bolsa integral ou parcial oferecida por entidades

externas (inclusive a empresa onde você trabalhava) �

h) Outro(s) _________________________________

29. Qual o grau de escolaridade do seu pai?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

30. Qual o grau de escolaridade de sua mãe?

a) Nenhuma escolaridade �

b) Ensino fundamental: de 1ª a 4ª série �

c) Ensino fundamental: de 5ª a 8ª série �

d) Ensino médio �

e) Ensino superior (graduação) �

f) Pós-graduação �

31. Em qual Unidade da Federação (UF) você concluiu o

ensino médio?

_____________________________________________

32. Em que tipo de escola você cursou o ensino médio?

a) Todo em escola pública �

b) Todo em escola privada (particular) �

c) A maior parte em escola pública �

d) A maior parte em escola privada (particular) �

e) Metade em escola pública e metade em escola privada

(particular) �

Page 284: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

282

33. Que tipo de ensino médio você concluiu?

a) Comum ou de educação geral, no ensino regular �

b) Profissionalizante técnico (eletrônica, contabilidade,

agrícola etc.), no ensino regular �

c) Profissionalizante magistério de 1ª a 4ª série (Curso

Normal), no ensino regular �

d) Educação de Jovens e Adultos ou Supletivo �

e) Outro: __________________________________

34. Em que ano você concluiu o ensino médio?

a) 2008 �

b) 2007 �

c) 2006 �

d) Entre 2001 e 2005 �

e) Antes de 2001 �

35. Como é seu conhecimento de língua inglesa?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

36. Como é seu conhecimento de língua espanhola?

a) Leio, escrevo e falo bem � 1

b) Leio, escrevo e falo razoavelmente � 2

c) Leio e escrevo, mas não falo � 3

d) Leio, mas não escrevo nem falo � 4

e) Praticamente nulo � 5

37. Excetuando-se os livros escolares, quantos livros você leu

em 2013?

a) Nenhum (Neste caso, passe para a questão 39) �

b) No máximo dois �

c) Entre três e cinco �

d) Entre seis e oito �

e) Mais de oito �

38. Quais os tipos de livros que você mais lê?

a) Obras literárias de ficção �

b) Obras literárias de não-ficção �

c) Livros técnicos �

d) Livros de autoajuda �

e) Livros religiosos (inclusive a Bíblia e comentários) �

f) Outro(s): ________________________________

________________________________________

39. Com que frequência você lê jornal?

a) Nunca (Neste caso, passe para a questão 41) �

b) Diariamente �

c) Algumas vezes por semana �

d) Somente aos domingos �

e) Raramente �

40. Quais os assuntos dos jornais que você mais lê?

a) Política e(ou) economia �

b) Ciência, saúde e(ou) tecnologia �

c) Cultura e(ou) arte �

d) Diversão e(ou) turismo �

e) Esportes �

f) Automóveis �

g) Televisão �

h) Todos os assuntos acima �

i) Outro(s): ____________________________

____________________________________

41. Que meio você mais utiliza para se manter atualizado

acerca dos acontecimentos do mundo de hoje?

a) Nenhum �

b) Jornais �

c) Revistas �

d) TV �

e) Rádio �

f) Internet �

g) Outro(s): ____________________________

42. Entre as atividades artístico-culturais listadas, qual

consiste sua preferência para o lazer? (Marque quantos

itens forem necessários)

a) Cinema �

b) Espetáculos teatrais �

c) Shows musicais e(ou) concertos �

d) Dança �

e) Outra(s): ____________________________

f) Nenhuma �

43. Com que frequência você utiliza o computador?

a) Nunca (Neste caso, passe para a questão 51) �

b) Raramente �

c) Às vezes �

d) Frequentemente �

e) Sempre �

44. Você tem acesso à Internet?

a) Sim �

b) Não (Neste caso, passe para a questão 48) �

45. Utiliza banda larga?

a) Sim �

b) Não �

46. Onde você utiliza o computador? (Marque quantos itens

forem necessários).

a) Em casa �

b) No trabalho �

c) Na Lan House �

d) Em outro(s) local(is): _________________________

___________________________________________

Page 285: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

283

47. Para que finalidades você utiliza o computador? (Marque

quantos itens forem necessários).

a) Para entretenimento �

b) Para trabalhos profissionais �

c) Para comunicação via e-mail �

d) Para operações bancárias �

e) Para compras eletrônicas �

f) Outra(s):_____________________________

____________________________________

48. Como você classifica o seu conhecimento de Informática?

a) Muito bom �

b) Bom �

c) Ruim �

d) Muito ruim �

Utilize as linhas abaixo para esclarecer alguma resposta ou

fazer algum comentário.

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

_______________________________________________

Obrigada pela sua valiosa

contribuição!

Page 286: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

284

APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA TELEFÔNICA DOS EGRESSOS

Objetivo: Caracterizar o perfil socioeconômico de um grupo de egressos dos mesmos

cursos, a sua situação e satisfação profissionais, bem como as percepções sobre os

cursos em que se graduaram.

Curso: ( ) Pedagogia ( ) Matemática ( ) Direito

Turno: ( ) Noturno ( ) Matutino

Semestre/ ano de conclusão do curso: ____/_______

Data da entrevista: _____/_____/________

1) Por que você decidiu fazer este curso?

2) Você considera ter feito uma boa escolha? Por quê?

3) Está trabalhando na área em que se formou? Qual o cargo atual? Onde você

trabalha?

4) Que você espera fazer no futuro na sua carreira profissional? (ex., prestar

concurso público...)

5) Após a conclusão do curso, já fez algum curso de atualização profissional

(inclusive pós-graduação) dentro ou fora da sua área?

Page 287: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

285

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ______________________________________________, identidade

________________, declaro que fui informado e devidamente esclarecido do projeto

de pesquisa intitulado “A escolha do magistério como carreira: por quê (não)?”

desenvolvido por Janete Palazzo, do Programa de Doutorado em Educação da

Universidade Católica de Brasília-UCB, quanto aos itens da resolução 196/96.

Declaro, que após ser esclarecido pelo pesquisador a respeito da pesquisa, consinto voluntariamente em participar desta pesquisa.

Brasília, _____ de __________________ de ______.

Nome:______________________________________________________________

RG:_________________ Data de nascimento:____/____/________Sexo M( ) F( )

Endereço:____________________________________________________________

Bairro:__________________ Cidade:__________________CEP:________________

Tel:___________________________

________________________________

Assinatura do declarante

Declaração do pesquisador

Declaro, para fins da realização da pesquisa, que cumprirei todas as exigências acima,

na qual obtive de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido do

declarante acima, qualificado para a realização desta pesquisa.

________________________________

Janete Palazzo

Page 288: Figura 1 - Pró -Reitoria Acadêmica Escola de Educação

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ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(A) Senhor(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto: “Escolha do magistério como carreira: por quê (não)?”, desenvolvido pela aluna do Programa de Doutorado em Educação da Universidade Católica de Brasília, Janete Palazzo, com a orientação do Prof. Candido Alberto Gomes.

O objetivo desta etapa da pesquisa é caracterizar o perfil e os interesses profissionais dos alunos concluintes dos cursos de Licenciatura e de Direito dessa Instituição de Ensino Superior, bem como estimar os custos diretos e indiretos desses discentes, de modo a explorar os fatores de atração e rejeição de diferentes carreiras. A pesquisa se justifica pela importância para a prática da formação de educadores e bacharéis em Direito no Brasil. Este projeto possui como benefício o aperfeiçoamento da formação desses grupos de profissionais e não apresenta riscos pessoais.

O(A) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo(a). O(A) senhor(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o(a) senhor(a).

A sua participação será feita a partir das respostas a um questionário, cujo tempo estimado para realização é de no máximo 30 minutos. Os resultados da pesquisa serão divulgados na tese de doutorado da pesquisadora, podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sob a guarda da pesquisadora.

Se o(a) Senhor(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, envie um e-mail para [email protected].

Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.

Nome do voluntário: __________________________________________

_____________________________________________ assinatura

____________________________________________

Pesquisador Responsável Janete Palazzo

Brasília, ____ de ______ de _______.