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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Congada da Lapa e possibilidades de consciência negra.

Autor Vera Lucia Carniéri Ribas

Escola de Atuação Escola Estadual Manoel Antônio da Cunha

Município da escola Lapa Paraná

Núcleo Regional de Educação

Área Metropolitana Sul

Orientador Professor Doutor Mário Amorim

Instituição de Ensino Superior

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Disciplina/Área (entrada no PDE)

História

Produção Didático-pedagógica

Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar

Português, Artes e Geografia

Público Alvo

Alunos da 8ª série do Ensino Fundamental

Localização

Rua João Cândido Ferreira nº 608

Apresentação:

Este Caderno Pedagógico propõe instrumentos teóricos metodológicos e atividades referentes ao tema “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, na perspectiva de se contrapor às referências negativas pertinentes a essa temática, encontradas no seio da sociedade brasileira. Conforme dispõe a Lei 10.639/03 que legitima a luta pela qualificação dos valores africanos se possa refletir o preconceito e o racismo existente no Brasil. E não há caminho melhor para que esse objetivo seja alcançado do que a Educação. Através de pesquisas, debates, palestras, visitações, entrevistas, produções de gêneros textuais poéticos serão desenvolvidas atividades para conscientização do educando. Ensinar África na escola, é um exercício de cidadania, de resgate da identidade do afrodescendente

e do reconhecimento das múltiplas diversidades que abrangem a sociedade brasileira. Serão vistos também aspectos históricos e culturais da Congada, manifestação folclórica, pois foi da região do Congo que foram trazidos os escravos radicados nos arredores da Lapa. Assim, partindo do conhecimento adquirido, espera-se que ocorra a valorização da população afro-brasileira.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)

Consciência afro-brasileira; patrimônio; preconceito; diversidade cultural.

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

VERA LUCIA CARNIÉRI RIBAS

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA

CURITIBA – PARANÁ 2011

VERA LUCIA CARNIÉRI RIBAS

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Nelson Mandela.

CURITIBA – PARANÁ 2011

VERA LUCIA CARNIÉRI RIBAS

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA

Produção Didático-Pedagógica apresentada à SEED Secretaria de Estado da Educação como parte dos requisitos do Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE/2010.IES Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Professor Doutor Mário Amorim.

CURITIBA - PARANÁ 2011

SUMÁRIO

FICHA PARA CATÁLOGO ................................................................................................. 1

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA .......................................................................... 1

TÍTULO: CONGADA DA LAPA E POSSIBILIDADES DE CONSCIÊNCIA NEGRA. ... 1

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ........................................................................................... 7 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 7

TEMA .................................................................................................................................... 7

TÍTULO ................................................................................................................................. 8 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8

JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 10

UNIDADE I – ÁFRICA PAÍS OU CONTINENTE? .......................................................... 11

1.1 - TRÁFICO DE AFRICANOS ..................................................................................... 11 1.2 - LEI QUE INSTITUI O ENSINO DA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL .......... 13

ATIVIDADES ..................................................................................................................... 15

AVALIAÇÃO....................................................................................................................... 16

UNIDADE II – CONSTRUIR O CONCEITO DE PATRIMÔNIO CULTURAL: MATERIAL E IMATERIAL ................................................................................................ 16

ATIVIDADES ..................................................................................................................... 17 AVALIAÇÃO....................................................................................................................... 18

2.1- PRESENÇA NEGRA NA LAPA ............................................................................... 18

2.2 - HISTÓRICO DA CONGADA ................................................................................... 21 ATIVIDADES ..................................................................................................................... 22

AVALIAÇÃO....................................................................................................................... 23

UNIDADE III - 20 DE NOVEMBRO – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ..................... 23

ATIVIDADES ..................................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26

7

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Vera Lucia Carniéri Ribas

Área/Disciplina PDE: História

NRE: Área Metropolitana Sul

Orientador: Professor Doutor Mário Amorim

IES vinculada: Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Escola de implementação: Escola Estadual Manoel Antônio da Cunha

Público objeto da intervenção: Alunos da 8ª série do Ensino Fundamental.

APRESENTAÇÃO

Este material didático, trata-se de um Caderno Pedagógico, que propõem

instrumentos teóricos metodológicos e atividades. Tomando-se como base as

DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA- HISTÓRIA: “O professor

deve discorrer acerca de problemas contemporâneos que representam carências

sociais concretas”, foi que se elegeu para este projeto a cultura afro brasileira com

contraponto às referências negativas encontradas nos diversos materiais tocantes

ao assunto, que enfocam não raro fome, miséria, desigualdade social e trabalho

escravo no Brasil. Acredita-se que a partir da Lei 10639/03, que legitima a luta pela

qualificação dos valores africanos se possa desconstruir o preconceito e o racismo

existente no Brasil. E não há caminho melhor para que esse objetivo seja alcançado

do que o caminho da educação.

Através de pesquisas, debates, palestras, visitações, entrevistas, produções

de gêneros textuais poéticos serão desenvolvidas atividades, pois ensinar África na

escola é um exercício de cidadania, de resgate da identidade do afrodescendente e

do reconhecimento das múltiplas diversidades que abrangem a sociedade brasileira.

Serão vistos aspectos históricos e culturais da Congada, manifestação folclórica,

pois foi da região do Congo que vieram os escravos radicados nos arredores da

Lapa. Assim, partindo do conhecimento adquirido espera-se que ocorra a

valorização da população afro-brasileira de forma efetiva.

TEMA

8

História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

TÍTULO

Congada da Lapa e possibilidades de consciência negra

INTRODUÇÃO

A mesma África que é considerada o berço da Humanidade e da Civilização,

teve seu povo espalhado pelos continentes, através dos navios negreiros. Para o

Brasil foram trazidos não como seres humanos, mas como a força bruta para

exercerem trabalho pesado e escravo.

Nascimento (2008), ao se referir ao escravos diz que:

(...) para a afirmação e manutenção do regime escravagista foi criada uma política de desumanização de todas as maneiras do negro, empreendidas ações que qualificavam de ser movente, igualando-o a animais para evitar dessa forma a criação de vínculo do convívio familiar, desarticulando as suas crenças como pagãs, desqualificando seus bens simbólicos e outras formas de manifestações culturais fundamentais a identificação e a construção como humanos. (NASCIMENTO, 2008, p.118).

Essa visão permaneceu fazendo parte da sociedade brasileira por muito

tempo, dificultando a ascensão do negro e seus descendentes. Dessa forma foram

sempre marginalizados e subvalorizados, sem o reconhecimento da sociedade, a

qual esquece que sem esta mão de obra, não haveria o crescimento social e

econômico além dos aspectos culturais herdados da África. Infelizmente essa visão

se prolonga até a sociedade atual, muitas vezes de forma velada.

Santos (2000) afirma que:

A história narrada nas escolas é branca, a inteligência e a beleza mostradas pela mídia também o são. Os fatos são apresentados por todos na sociedade como se houvesse uma preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos sobre os negros. Assim o que se mostra é que o lado bom da vida não é, nem pode ser, negro. Aliás, a palavra negro, além de designar o indivíduo deste grupo étnicorracial, pode significar sujo, lúgubre, funesto, sinistro, maldito, perverso, triste, etc. (SANTOS, 2000, p.22).

9

As políticas públicas que buscam solucionar o quadro de discriminação e

preconceito racial no país, criaram medidas que visam combater os efeitos

acumulados em virtude das discriminações ocorridas no passado, dentre essas

ações está o sistema de cotas nas Universidades. No entanto, alguns críticos

chamam a atenção sobre a possibilidade de haver outra forma de discriminação

inserida no ideal de reparação de um erro histórico na medida em que implica uma

idéia de déficit cultural e intelectual.

Acredita-se que essa iniciativa tenha sido o marco para uma mudança mais

significativa: a Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que legitima oficialmente a

luta pela qualificação dos valores africanos no campo das necessidades primordiais

da nação. A partir da sua publicação ficou estabelecido que as escolas de Ensino

Fundamental e Médio devem incluir em seus nos currículos os conteúdos referentes

à História e Cultura Afro-brasileira, ou seja, a luta dos negros no Brasil e sua

contribuição social, econômica e cultural na formação da sociedade brasileira, com o

intuito de recuperar a identidade dos afro-brasileiros e desarraigar a escravidão, o

preconceito e o racismo aqui existentes.

E não há caminho melhor para que esse objetivo seja alcançado, do que o

caminho da educação.

Conforme Munanga (1999) referencia: “A identidade é para os indivíduos a

fonte de sentido e experiência. É necessário que a escola resgate a identidade dos

afro-brasileiros. Negar qualquer etnia, além de esconder uma parte da história, leva

os indivíduos à sua negação”. (MUNANGA, 1999, p.18).

Nesse sentido, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná oferece

materiais que alicerçam e servem de eixo condutor para o trabalho docente, as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica.

Preleciona Circe Bittencourt (2004): “Pode-se assim, entre tópicos,

incorporar uma concepção de história mundial da África (...) de maneira que se

apresente a história dos povos (...) a qual chega a nós sempre revestida de

preconceitos (...)”. (BITTENCOURT, 2004 apud Diretrizes Curriculares da Educação

Básica 2008)

E é justamente nesse espaço de transformação social; a escola, numa

proposta interdisciplinar que será levada a Cultura Negra, em especial a Congada da

Lapa onde, através de pesquisas, artigos, debates, entrevistas, palestras, visitações,

os alunos conheçam a sua cultura e reconheçam a importância dessa tradição para

10

valorizarem as relações étnicorraciais. Tal consciência pela valorização deve nascer

primeiramente no coração do professor, transformando a sala de aula em um

ambiente propício e sedutor para o desenvolvimento desse projeto desafiador.

JUSTIFICATIVA

Neste trabalho pretende-se refletir que admitir o racismo sem reconhecer os

prejuízos que ele produz, está diretamente relacionado a uma cultura da ignorância.

Infelizmente isso ainda é uma realidade que se instala em muitas instâncias sociais,

sobretudo nas escolas. De modo geral faltam conhecimentos, referências e memória

à população, dentro e fora da sala de aula.

Há necessidade da escola trabalhar valores sociais e morais e desmistificar

preconceitos perpetuados pela sociedade, muitas vezes de forma velada, por meio

de uma cultura de respeito, de inclusão, de resgate, tendo a igualdade como base,

pois esta pressupõe semelhanças e diferenças, mas não inferioridade.

O racismo ainda permeia nas relações sociais, sem reconhecer os prejuízos

que ele produz, não se admite mais por sermos a segunda nação negra do mundo,

onde 57 milhões de pessoas são de origem africana, ficando atrás apenas da

Nigéria. O período da escravidão no Brasil foi oficialmente abolido em 1888, mas

suas conseqüências ainda não foram apagadas da sociedade. Daí a preocupação

com o resgate e difusão da cultura negra e a necessidade de registro da memória

dos afro-descendentes do Paraná, e pelo fato da Lapa ainda preservar

manifestações culturais seculares como a Congada, cuja representação através do

canto e da dança tem como personagens principais, representantes dos reinados do

Congo e de Angola.

Com relação a essa temática, as Diretrizes Curriculares para a Educação

Básica, através dos Conteúdos Estruturantes de História, colocam que o professor

deve discorrer acerca de problemas contemporâneos que representam carências

sociais concretas. Dentre elas, destaca-se, no Brasil, a Cultura Afro-Brasileira.

Cabe ainda ressaltar que as referidas Diretrizes postulam que:

O seu objetivo é formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendem criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade. (PARANÁ, 2008, p.31)

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Ainda está presente a imagem do homem negro como indolente, mas ao

mesmo tempo mais forte que os outros. Isso teria sido a causa de sua escolha para

a escravidão. Essa é a importância de se contextualizar historicamente a produção

do racismo e o papel da legislação na construção e desconstrução dele, visto que a

proposta fundamental das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das

Relações Étnicorraciais é a construção da igualdade étnicorracial no Brasil e a

mudança da qualidade social da educação, rompendo o preconceito e limitações

que ainda existem em relação aos afrodescendentes. Desse modo, o projeto está

ancorado na Lei 10.639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/1996, e

fez um resgate histórico da colaboração dos negros na estruturação e construção da

sociedade brasileira. Através dessa proposta de trabalho, pretende-se priorizar a

história e a cultura da Congada da Lapa, que consiste numa manifestação folclórica

que remonta ao final do século XVIII, com a participação dos negros escravos vindos

de Moçambique, do Congo, de Cabo Verde, da Guiné e de Angola.

Podemos desse modo, confirmar a idéia de que trabalhando a Cultura Negra

na escola, a partir da Lei 10.639/2003, os alunos terão uma ferramenta eficaz para

desvendar uma identidade brasileira velada: a diversidade cultural em nosso país.

Propiciar esse conhecimento é fazer com que essa cultura seja valorizada e

respeitada por todos.

UNIDADE I – ÁFRICA PAÍS OU CONTINENTE?

OBJETIVO: Repensar a história da África, não mais como um lugar atrasado,

sem histórias próprias, com uma população subalterna e escravizada.

1.1 - TRÁFICO DE AFRICANOS

A historiografia ocultou e ignorou por muito tempo a contribuição das

sociedades e culturas africanas para a nossa formação social. A África, vista como

um lugar atrasado, sem histórias próprias, sem cultura, com uma população

subalterna e escravizada, vítimas passivas do tráfico, capitalismo, neocolonialismo.

Segundo Corrêa (2001): “Com advento da abolição da escravatura, em 1888 e da

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República em 1889, os cientistas e intelectuais brasileiros se responsabilizaram em

(transformar o escravo em negro).” (CORRÊA, 2001, p. 50).

É preciso que a escola propicie a reflexão crítica sobre esses valores, pois

ensinar África, na escola, é um exercício de cidadania, de resgate da identidade do

negro e de reconhecimento das múltiplas diversidades que abrangem a sociedade

brasileira.

A África é um continente formado por 53 países. É um dos maiores, em

tamanho, perde apenas para a Ásia e a América, sendo três vezes maior que o

continente europeu. São faladas perto de 2000 línguas distintas, sendo que as

religiões de maior expressividade são o islamismo e o cristianismo, divididos entre

católicos e protestantes. Com diferentes paisagens, savanas, grandes lagos,

florestas tropicais e o rio Nilo que torna muito férteis as suas margens. No norte da

África fica o maior deserto do mundo, o Saara, onde as temperaturas podem atingir

60° C durante o dia e -10° à noite. Países como Líbia, Argélia e Egito, tem reservas

de petróleo e gás natural. A África do Sul, tem ouro, minérios de ferro e diamantes.

Apesar de todo esse potencial a África tem características que a colocam entre os

continentes mais pobres do mundo, com grande taxa de mortalidade infantil e menor

expectativa de vida, alguns países africanos sobrevivem com menos de dois dólares

por dia, nível considerado de pobreza, segundo o Banco Mundial.

Durante três séculos e meio, pessoas foram levadas da África para trabalhar

como escravos em diferentes lugares do mundo, incluindo o Brasil. Esse comércio

era feito por grupos de comerciantes de escravos do próprio continente, que

escravizavam e os vendiam aos europeus. Esses comerciantes obtinham lucros

altíssimos vendendo os escravos no Brasil, ganhando muito dinheiro. Estes eram

vendidos aos senhores de engenho do Nordeste.

A viagem da África para o Brasil era trágica, vinham amontoados e

acorrentados, durante meses, nos porões dos navios negreiros, má alimentação,

falta de higiene, doenças e morte. Quando chegavam ao Brasil eram colocados à

venda nos mercados, tratados como mercadorias, inseridos como seres sem

passado e sua condição humana negada. As famílias eram separadas forçadas a

abandonar seus costumes e adotar os costumes impostos pelo seu dono. A vida era

coletiva nas senzalas e o trabalho era controlado pelo feitor com severos castigos.

A despeito da viagem realizada pelos negros, julgo necessária a transcrição

de um poema escrito por Castro Alves que tem como título “Navio Negreiro”, já que

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transmite as condições precárias em que os mesmos eram transportados e as

situações a que eram submetidos no decorrer da viagem:

Ontem a Serra-Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormindo à toa Sob as tendas da amplidão Hoje.... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado E o baque de um corpo ao mar... (PINSKY, 1987, p.26)

Nas palavras de Ribeiro (1995): “Entretanto, mesmo sob a égide da

escravidão, que os reduzia à condição de peças, esses homens e mulheres

africanos se constituíram em uma das matrizes fundadoras do nosso povo

(RIBEIRO, 1995, p. 87).

Por isso os africanos resistiram à dominação de muitas formas, fugindo das

fazendas e casas, reunindo-se em comunidades chamadas quilombos. Existiram

mais de cem por todo o Brasil, principalmente no Nordeste. Os mais conhecidos

localizavam-se na Serra da Barriga, região dos atuais estados do Alagoas e

Pernambuco, eram cerca de dez quilombos, com o nome de Palmares, que

resistiram aos ataques do governo e dos senhores de escravos. O principal líder foi

Zumbi. De 1644 até 1695 quando Zumbi foi assassinado, Palmares foi atacado mais

de trinta vezes.

1.2 - LEI QUE INSTITUI O ENSINO DA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

OBJETIVO: Questionar qual espaço ocupa a cultura negra nas escolas e na

sociedade brasileira 8 (oito) anos após a publicação da Lei 10.639/03.

A Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XLI e XLII, respectivamente,

dispõe que:

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da Lei. (BRASIL, Constituição Federal da Republica. 1988)

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A Lei 10.639 de 09/01/2003, sancionada pelo presidente Lula, ordena que

nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares, torne-

se obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira.

Referida Lei disciplina que o conteúdo programático a que se refere o

capítulo deste artigo, incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta

dos negros no Brasil, a cultura negra Brasileira e o negro na formação da sociedade

nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e

política pertinente à História do Brasil. É importante ressaltar que, conforme a Lei, os

conteúdos referentes à História e Cultura Afro Brasileira serão ministrados no âmbito

de todo currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de

Literatura e História Brasileira. O art. 79 diz que o calendário escolar incluirá o dia 20

de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.

A aprovação desta lei confirma o pouco envolvimento da sociedade

brasileira com a questão étnicorracial, já que foi necessária a aprovação de uma lei

para concretizar essa discussão no sistema educacional.

A escola e os professores devem refletir sobre o sentido dos conteúdos

ensinados e os seus efeitos nos alunos, visto que a maioria não legitima a presença

do negro como um constituinte na formação do povo brasileiro, sendo os conteúdos

restritos ao período da escravidão mostrando o negro como subalterno e inferior. O

Continente Africano está colocado nas partes finais e com um espaço bem menor

que os outros blocos continentais, sendo que a África, berço dos antepassados dos

seres humanos, deveria ser estudada em primeiro lugar. Sobre a situação secular

difícil e marginal das populações negras no país, Santos (1995) lembra que: “A

grande aspiração do negro brasileiro é ser tratado como um homem comum. Os

negros não são integrados no Brasil. Isso é um risco para a unidade nacional.”

(SANTOS, 1995, p. 08).

Foram vários séculos de escravidão dos negros que aqui chegaram. E como

desenvolver uma consciência crítica na escola, para o entendimento e não para a

separação entre as diferentes e etnias? Educar pela diversidade, e a escola deveria

ser uma das responsáveis por essa transformação social, com responsabilidade e

aceitação de nossas diferenças, e construir uma educação cultural voltada para a

inclusão da diversidade, por isso é necessário reorganizar o conhecimento, discutir e

rever nossas posturas tradicionais, nossa visão monocultural e eurocêntrica de

nosso passado, admitir o racismo e os prejuízos que ele produz, cujas raízes estão

15

diretamente ligadas a uma cultura da ignorância, abandonar práticas racistas,

silenciando diante de determinadas atitudes e o isolamento do negro por conta de

uma preferência do inconsciente permeado por uma hegemonia branca.

Tempo estimado: quatro aulas

ATIVIDADES

Exibição do vídeo a Cor da Cultura nota 10 (nº.1)

Sinopse: este vídeo é um projeto educativo de valorização da cultura afro-

brasileira, numa parceria entre o Canal Futura, Petrobrás, CIDAN (Centro de

Informação e Documentação do Artista Negro), TV Globo e SEPPIR

(Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)

Após a exibição do referido vídeo podemos desenvolver as seguintes

atividades:

Levantamento das observações dos alunos quanto aos seguintes itens:

1. Qual a imagem que as pessoas fazem da África?

2. Qual a visão da África mostrada nos livros didáticos e como o negro é

retratado?

3. Nas abordagens realizadas nas ruas, a cor da pele influencia na

condição social, econômica e cultural?

4. Diferencie preconceito racial e discriminação racial.

5. Existe democracia racial no Brasil?

6. Quando uma pessoa pratica o racismo?

Reunir em grupos de 4 (quatro) alunos e solicitar que tomando como base

as respostas da atividade anterior, elaborem um texto de até 40 (quarenta)

linhas.

Concluídas as atividades, cada grupo apresentará o trabalho realizado à

classe acompanhado de discussão.

16

Utilizar o laboratório de informática para o fim de pesquisar sobre a Lei

10.639/03.

AVALIAÇÃO

Através da observação dos alunos nos grupos, seguindo alguns critérios:

Como o grupo trabalha, apático ou motivado para discussão?

Alguém mudou de ponto de vista durante a discussão?

Houve conciliação de pontos de vista?

Quantas opiniões diferentes surgiram?

Na apresentação à classe, o grupo se expressou com objetividade?

Terminada a apresentação cada grupo deverá entregar um relatório da

atividade ao professor.

UNIDADE II – CONSTRUIR O CONCEITO DE PATRIMÔNIO CULTURAL:

MATERIAL E IMATERIAL

OBJETIVOS: Conhecer o patrimônio histórico do Município e desenvolver a

conscientização sobre a preservação desse patrimônio como uma questão de

cidadania.

Quando se fala em patrimônio histórico, a primeira idéia nos remete a

museus e edifícios antigos, pois esse conceito permaneceu por força da estrutura de

um poder centralizador imposto pelo Estado Novo (1937-1945), momento em que

bens culturais por representarem uma determinada época ou fato histórico foram

relegados ou até destruídos.

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Foram tombados e preservados bens imóveis como: igrejas barrocas, casas

grandes, fortes militares, sobrados coloniais, e as senzalas, quilombos, cortiços

foram esquecidos. Remetendo-nos a uma história sem conflitos e contradições.

A isso, se atribui o fato de ocorrer as depredações e violações constantes ao

patrimônio histórico por parte da população, pois não há identificação com o

passado e sequer tem conhecimento do fato preservado. Aquilo que é preservado

deve ter significado para a comunidade. Daí a necessidade da inclusão nos

currículos escolares da educação patrimonial, com conteúdos que abordem o

conhecimento e a conservação do patrimônio histórico, concursos para educadores

e a comunidade em geral, despertando o senso pela preservação da memória

nacional.

Segundo Godoy (1985) podemos definir “bem cultural” como sendo:

“Toda produção humana, de ordem emocional, intelectual e material, independente de sua origem, época ou aspecto formal, bem como a natureza, que propiciem o conhecimento e a consciência do homem sobre si mesmo e sobre o mundo que o rodeia.” (GODOY, 1985, p.72)

O patrimônio cultural pode ser dividido em três categorias: primeiro, os

elementos pertencentes a natureza e meio ambiente; segundo, elementos não

tangíveis do patrimônio cultural, os que se referem ao conhecimento, às técnicas, ao

saber; terceiro, considerado o mais importante pelo fato de englobar elementos

pertencentes as duas primeiras categorias, remetendo-nos a conclusão de que o

patrimônio cultural abrange tanto o aspecto histórico como o ecológico, artístico e

científico.

Urgente se faz, que em especial a disciplina de História desperte nos

educandos a consciência da preservação de nossos bens culturais, mostrando às

gerações futuras que temos passado, memória e histórias que devem ser

preservadas.

Tempo estimado : quatro aulas

ATIVIDADES

18

Levar os alunos a percorrerem as ruas do centro histórico da Lapa com um

olhar sobre o passado. Conversar com as pessoas nas ruas, nos estabelecimentos

comerciais e perguntar sobre o que ele(a) sabe sobre a história da Lapa, quanto aos

personagens existentes nos monumentos das praças, se acha importante ou não

tem representatividade nenhuma para ela. O que representa o Tombamento do

Centro Histórico da Lapa? Você sabia que a Congada de São Benedito é a única

existente no Paraná, o que ela representa, e porque o culto a São Benedito? Você

sabia que a Lapa foi escolhida como a Capital Brasileira da Cultura em 2011?

Visitação ao Theatro São João, obra arquitetônica datada de 1876, estilo

neoclássico, tombado pelo Patrimônio Histórico Federal em 1994. Sendo

considerado um dos pontos turísticos mais importantes e com os demais casarios

compõem o Centro Histórico da Lapa;

Visita ao antigo Beco do “Quebra Potes”, observando os aspectos

históricos, origem do nome, ocupação original, ocupação atual, estado de

conservação;

A visitação deverá dar a idéia do que o espaço representa ou o que omite

e silencia. Exemplo disso é a pouca informação a respeito do elemento negro na

Lapa

AVALIAÇÃO

Os alunos serão avaliados individualmente pela sua participação,

entusiasmo, companheirismo e respeito durante o passeio. Deverão produzir um

texto sobre os locais visitados com clareza e coerência, emitindo a própria opinião

sobre o assunto. E se compreenderam realmente o que é patrimônio cultural

material e imaterial.

2.1- PRESENÇA NEGRA NA LAPA

19

OBJETIVO: Identificar a presença Africana na formação histórica e cultural da

cidade da Lapa.

Rui Barbosa, em 1890, decretou que fossem queimados todos os

documentos relativos a escravidão no Brasil. Na Lapa, foram preservados

documentos que relatam sobre a Revolução Federalista (o Cerco da Lapa), o

tropeirismo, a vinda do imperador e sua visita ao theatro São João.

A falta de preservação da documentação referente à escravidão, faz com

que a maioria da população lapeana ignore a presença negra na formação histórica

e cultural da cidade. Existem registros que, em 1854 na Vila do Príncipe (atual Lapa)

havia 7.290 habitantes, dos quais 2301 eram negros ou mulatos. Ao negro não era

dado o direito de estudar, a maioria deles eram analfabetos. Por isso o pouco que

sabemos vem de relatos de pessoas que não eram analfabetos.

A mão de obra escrava era utilizada em várias atividades, nas construções

arquitetônicas que deram origem à histórica cidade, onde as pedras extraídas do

morro do Monge eram carregadas nos ombros dos escravos, cavavam poços em

pedra, construíram os muros do cemitério municipal e a antiga capela em

homenagem a São Benedito.

Conta-se que no Theatro São João para que os senhores, sinhás,

sinhozinhos, ficassem confortavelmente instalados durante os espetáculos, os

escravos levavam dos casarões, nas suas costas, as cadeiras para os camarotes.

Além da mão de obra, o negro escravo era o único meio de transporte. A

água para abastecer os casarões, era transportada em potes de barro, aparada em

uma bica construída pelos escravos no ano de 1880 e tinha como principal serventia

a manutenção das casas da elite lapeana. Tal bica ficou conhecida como Bica do

Quebra Potes, dizem que os escravos escorregavam no barro liso e caíam e os

potes se quebravam. Muitas vezes eram quebrados por estilingues das crianças,

que se divertiam em atirar nos potes de barro, que os escravos carregavam nos

ombros. Essa bica era a única com água potável da cidade e aos moradores

comuns era levada pelo preto Dito em suas carroças e distribuída em barris de

madeira, sendo vendidos por 2.000 réis a unidade.

A erva mate e a madeira também eram transportadas no ombro dos

escravos, que em fila indiana, faziam o percurso Lapa – Curitiba, sempre vigiados

pelo feitor.

20

Também na Lapa, os escravos moravam nas senzalas. Dormiam no chão

em precárias condições de higiene. Trabalhavam com o alimento e água racionados.

Sendo a alimentação mandioca cozida com água e sal, milho e abóbora, carne só

quando os senhores lhe davam as sobras de quando era carneado um porco ou boi.

Sofriam castigos, desde os grilhões nos troncos, surras com relho de couro cru,

correntes de ferro no pescoço e nos pés, indicando que aquele escravo havia fugido

e foi capturado.

A Lei datada de 02 de Julho de 1835, previa que quem cometesse atos de

homicídio e de Lesa – Majestade era condenado a pena de morte na forca, palanque

armado em praça pública, utilizando-se de uma corda com nó corrediço e um laço

na ponta onde apertava o pescoço e estrangulava o réu. A execução era feita pelo

carrasco, um homem com capa e capuz pretos, designado pela autoridade máxima.

Na Lapa também havia o cadafalso no local onde hoje está construído o Santuário

Diocesano de São Benedito. Segundo relatos foi condenado à pena de morte, em 04

de dezembro de 1851, o preto Candido, escravo de Manoel José de Oliveira, o qual

fora por ele assassinado. Comenta-se que o escravo teria executado o seu senhor

devido aos maus tratos recebidos e a sua família. Descendentes de pessoas que

viveram na época do Cerco da Lapa contam que muitos negros foram capturados

pelos homens de Gumercindo Saraiva e eram cruelmente sacrificados numa

engrenagem de quatro estacas, onde os infelizes eram mortos pelo simples prazer

dos executores.

Quando da visita do Imperador Dom Pedro II à Lapa, no ano de 1880, vários

senhores de escravos para merecerem as graças de S. Majestade e por pressão

dos movimentos abolicionistas alforriaram os seus escravos. O mais generoso foi o

Dr. Frederico Wirmond, que através de documento testamenteiro deixou para

antigos escravos um lote de terra, localizado na localidade denominada Restinga,

para que pudessem tirar o sustento para sua sobrevivência.

Pelo censo de 1950 realizado na Lapa pelo IBGE, a população era de

51.900 habitantes, dos quais 4.500 eram negros ou mulatos, não tendo havido

decréscimo significativo de negros na população lapiana no decorrer de 54 anos.

O negro teve importante participação na economia e cultura do município.

Um legado deixado à sociedade lapiana é a Congada manifestação folclórica em

louvor a São Benedito, representando dois reinos, do Congo e de Angola.

21

2.2 - HISTÓRICO DA CONGADA

OBJETIVO: Compreender a importância cultural da congada nas festividades

em homenagem a São Benedito.

A congada é um culto remoto aos tempos da escravidão em homenagem ao

“Santo Preto” pois viam nele a salvação para todos os seus males. São Benedito era

natural da Sicília (Itália) filho de pais escravos. Foi pastor de ovelhas e lavrador.

Morreu aos 65 anos, no dia 4 de abril de 1589, em Palermo, na Itália.

Na época do Império os escravos que encenavam a Congada, eram vestidos

pelas famílias às quais pertenciam com roupas de seda e veludo e usavam as mais

caras jóias da família, pois era uma questão de status apresentá-los bem a

sociedade.

No Paraná só sobreviveu a Congada da Lapa, com apresentações no dia 26

de dezembro, ao lado do Santuário Diocesano de São Benedito local onde no tempo

da escravidão, havia o pelourinho para castigar os escravos.

Primeiro os congos se dirigem à igreja para oferecer a dança ao padroeiro.

Em 1883 a Congada da Lapa já era composta por textos o “Dia Solene”, o “Dia

Grandioso” e o “Ilustre Vassalo ou Africanada” pelo uso de termos africanos nas

suas falas.

Após a abolição da escravatura, se manteve a tradição da Congada, mas

sem o luxo da época dos senhores.

A Congada de São Benedito conta hoje com cerca de 46 participantes: rei,

rainha, reizinho, porta-bandeira e 12 fidalgos do reino do Congo; embaixador, 3

caciques e 12 conguinhos, do reino da Rainha Ginga, de Angola; 11 músicos (3 nos

tambores, um no violão e um na viola, 2 nas gaitas, 2 nas rabecas e 2 nas cabaças);

3 técnicos de som.

A Congada é composta por danças, cantos e textos dramáticos. Mostra a

luta entre duas tribos africanas. Tudo isso acontece num ambiente de rara beleza

feito pela música, gestos, danças, originárias da alma simples dos escravos e seus

descendentes.

Tempo estimado: três aulas

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ATIVIDADES

Aula expositiva com explicação de como surgiu a Congada, Patrimônio

Cultural Imaterial em especial na Lapa, destacando a festa de São Benedito. Essa

manifestação popular cultural religiosa que remonta aos tempos da escravidão no

Brasil, quando os escravos foram obrigados a colocar em sua manifestação, os

cultos católicos europeus e negando, muitas vezes, sua própria crença.

Ao ser explorada essa temática é importante destacar:

Os negros quando foram trazidos da África, suas práticas religiosas eram da

igreja Católica?

Comentar sobre quais são os santos protetores dos negros, foram eles

que escolheram? Por que essa escolha?

A festa da Congada tem uma finalidade. Qual seria? Comente.

O professor coloca os objetivos da entrevista e sua importância na

conscientização dos educandos com relação ao trabalho que vão realizar:

Entrevista com o Secretário de Cultura do Município da Lapa.

1. Nome do entrevistado;

2. Qual é a política de preservação do patrimônio cultural da Lapa?

3. Explique como foi escolhida essa festa e quais prédios foram tombados

pelo IPHAN.

4. Como a Congada é vista? É um patrimônio cultural imaterial do município

da Lapa, como ela é valorizada?

5. No município da Lapa há outras manifestações culturais que podem ser

consideradas patrimônio cultural?

6. A Congada é reconhecida pelo Poder Público e pela população lapeana

como sendo uma das raízes que marcaram a identidade do Paraná e do

Brasil, pela sua importância histórica?

7. Há um incentivo financeiro municipal para a manutenção da Congada?

8. Em 2011, a Lapa recebeu o título de “Capital Brasileira da Cultura”, como

a Congada está incluída nesse contexto?

23

Os alunos realizarão uma pesquisa individual sobre São Benedito e sua

história.

AVALIAÇÃO

Deve ser feita de forma diagnóstica, durante as atividades desenvolvidas

no decorrer das aulas.

Pela observação acerca da compreensão dos alunos sobre o que é

patrimônio cultural material e imaterial e a importância da Congada de São

Benedito e sua relação com a escravização do negro no Brasil e também

com a religião afro e católica. Análise dos trabalhos individuais e em grupo.

Pelo interesse e participação nas atividades desenvolvidas.

UNIDADE III - 20 DE NOVEMBRO – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

OBJETIVO: Viagem no tempo e no espaço em busca das origens africanas na

cultura brasileira, possibilitando a reflexão, análise e o resgate da nossa

identidade afrodescendente, contribuindo para a superação do racismo e da

desigualdade racial no Brasil.

Em 20 de novembro, quando se comemora a vitória do Zumbi de Palmares,

símbolo da Liberdade e da Resistência Negra.

Levante a cabeça, vislumbre as estrelas, acorde o Zumbi que existe em você! Rosa Margarida Rocha

ATIVIDADES

Serão desenvolvidas atividades de forma interdisciplinar, como por exemplo:

Abertura com um grupo de alunos mostrando a influência rítmica do

continente africano;

24

Outros grupos de alunos representando:

1. As cores da África;

2. A capoeira;

3. Os quilombos;

Numa roda os alunos desenvolverão a “Hora do Conto” resgatando

histórias e lendas africanas;

Trazer uma cantora negra para cantar um samba;

Brincadeiras de roda e outras pertencentes a cultura afro.

Um grupo de teatro, interpretando a peça “Por que chapeuzinho vermelho

não pode ser negra?”

Convidar um representante do Candomblé para explicar sobre o sagrado

que está atrás dos cultos afros e como os Candomblés oferecem subsídios

para o estudo e aplicação da Lei 10.639/03.

Palestra com um representante do grupo da Congada onde explanará

sobre a história, trajetória e serão mostrados alguns trajes e a coreografia da

Congada;

Encerrando essa data dedicada a Zumbi dos Palmares, haverá um desfile

de penteados afros, vestimentas, adereços, utensílios, etc. Será eleita a

mais bela aluna “Poli Afro”, beleza negra.

Essas atividades serão realizadas durante os períodos matutino e

vespertino, envolvendo todos os alunos, professores e funcionários.

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Como um desafio e compromisso para o

desenvolvimento da consciência negra na comunidade

lapeana, criar o Conselho Municipal Afrodescendente;

Negociação com o Poder Executivo Municipal, a fim de

que seja doado ao grupo Congada de São Benedito, um

terreno com o intuito da construção de sua sede própria,

onde abrigará sala de reuniões, quadra para ensaios e

todo o acervo da Congada em um museu aberto a

visitação que se intitulará “Palácio da Congada”;

26

REFERÊNCIAS

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Cortez, 2004.

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promulgado em 5 de outubro de 1988.

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Antonio da Cunha. Lapa/PR. 2010.

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Fundamental. Cadernos Temáticos: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana:

educando para as relações etnicorraciais, Paraná,Curitiba: SEED, 2006.

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de

História, Paraná, Curitiba: SEED, 2008.

PINSKY, Jaime. Escravidão no Brasil. 6. ed. São Paulo: Global, 1987.

PINTO, Inami Custódio. Folclore no Paraná. Curitiba: SEED. Pr, 2010.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo:

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SANTOS, Hélio. A Busca de um Caminho para o Brasil.São Paulo. SENAC, 2001.

SANTOS, M. Pesquisa reforça preconceito. Folha de São Paulo. Caderno

Especial. Domingo. P.8. São Paulo, 1995

SCHIMIDT, M.A.; CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.

VALLE, Marilia Souza do. A Lapa histórica, preservada e mística origens e

formação. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 1999.

VÍDEO A Cor da Cultura. Patrocínio MEC, Fundação Palmares, Futura, Petrobrás,

CIDAN, Rede Globo, 2010.

SITES PARA PESQUISA:

www.acordacultura.org.br

www.ceert.org.br

28

www.criola.org.br

www.cultura.pr.gov.br

www.ensinoafrobrasil.org.br

www.mulheresnegras.org

www.mundonegro.com.br

www.museuparanaense.pr.gov

www.olodum.com.br

www.palmares.gov.br

www.politicasdacor.net

www.portalafro.com.br

www.revistaideias.com.br/congadadalapa

www.stevebiko.com.br

www.unidadenadiversidade.org.br