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material complementar PARATODOS 2016 1 MATERIAL COMPLEMENTAR UM FILME DIRIGIDO POR MARCELO MESQUITA A MAIOR BARREIRA É O PRECONCEITO #VAMOSMUDARESSAHISTÓRIA

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material complementar PARATODOS

2016

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MATERIAL COMPLEMENTAR

UM FILME DIRIGIDO POR MARCELO MESQUITA

A MAIOR BARREIRA É O PRECONCEITO #VAMOSMUDARESSAHISTÓRIA

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ELABORAÇÃO DO MATERIAL COMPLEMENTAR

COORDENAÇÃO EDITORIAL Taturana Mobilização Social

AUTORALiliane Garcez

REVISÃODiego Thimm Barcelos

DIAGRAMAÇÃOVictoria Andreoli

COLABORAÇÃOAção EducativaAPAE-SPColetivxsInstituto Rodrigo Mendes

ESTE MATERIAL FOI PRODUZIDO NO ÂMBITO DO PROJETO DE DISTRIBUIÇÃO DO FILME PARATODOS EM ESCOLAS PÚBLICAS, DESENVOLVIDO EM PARCERIA PELA SALA12 FILMES E TATURANA MOBILIZAÇÃO SOCIAL, COM APOIO DA CAIXA LOTERIAS. TEM COMO OBJETIVO APOIAR ATORES DE COMUNIDADES ESCOLARES E OUTROS INTERESSADOS EM AMPLIAR DIÁLOGOS SOBRE A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

DOCUMENTÁRIO | BRASIL 2016 | 100 MIN

PRODUTORASala 12 Filmes

COPRODUÇÃOBarry Company

DISTRIBUIÇÃOO2 Play

DIREÇÃOMarcelo Mesquita

ROTEIROPeppe Siffredi

DISTRIBUIÇÃO NAS ESCOLASTaturana Mobilização Social

PARATODOS

TATURANAmobilizacao social

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27

33

37

41

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NATAÇÃO27 Sobre o esporte28 Tema em foco: PRECONCEITO31 Como discutir esse assunto32 Objetivo da atividade

CANOAGEM33 Sobre o esporte34 Tema em foco: IGUALDADE35 Como discutir esse assunto36 Objetivo da atividade

FUTEBOL37 Sobre o esporte38 Tema em foco: TRABALHO EM EQUIPE 39 Como discutir esse assunto40 Objetivo da atividade

ESPORTE NA ESCOLA41 educação física inclusiva42 atividades inspiradoras

PALAVRAS-CHAVES

PARA SABER UM POUCO MAIS

06

04

11

22

21

APRESENTAÇÃO

O DOCUMENTÁRIO PARATODOS06 Sinopse e ficha técnica07 A linguagem do cinema08 Entrevista com o diretor10 Distribuição alternativa: no cinema e nas escolas

AQUECENDO A DISCUSSÃO11 Quem são as pessoas com deficiência?13 Acessibilidade: eliminar barreiras para a participação de todas e todos19 Educação: participar, aprender e ensinar

ENTRANDO NO FILME >>>

ATLETISMO22 Sobre o esporte23 Tema em foco: SUPERAÇÃO25 Como discutir esse assunto26 Objetivo da atividade

SUMÁRIO

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O ano de 2016 ficará marcado para

sempre na história do Brasil e na

memória de cada um de nós. Nos

meses de agosto e setembro, o país

recebe atletas sem e com deficiência

para participarem dos maiores eventos

esportivos do mundo: as Olimpíadas e

as Paralimpíadas.

Em geral, nos interessamos muito

pelas disputas de medalhas nas

Olimpíadas. Afinal, são de tirar o fôle-

go! Mas, e em relação à performance

dos atletas paralímpicos? Talvez nem

tanto assim, não é?

Ano após ano, nosso país tem se

destacado nas diferentes modalidades

e competições paralímpicas. Em

Londres, nas Paralimpíadas de 2012,

conseguimos o sétimo lugar!

Da vontade de mostrar quem

são essas pessoas, surgiu o filme

PARATODOS. A equipe de filmagem

acompanhou diversos esportistas de

quatro modalidades paralímpicas,

percorrendo diferentes partes do

território nacional e do mundo. Foram

quatro anos de pesquisa e produção.

O enredo apresenta diferentes

momentos desde a preparação, a

concentração e a competição propria-

mente dita. Os protagonistas – atletas

profissionais da natação, atletismo,

futebol e canoagem – têm uma meta

em comum: representar bem o Brasil

e, de preferência, chegar ao pódio

na Rio2016.

De forma envolvente e poética, o

filme joga luz ao que, por vezes, não

pensamos: atletas com deficiência são

PESSOAS que têm sonhos, desejos,

dificuldades, talentos, vontades. E que

os esportistas paralímpicos treinam,

competem, ganham e perdem. Ou

seja, não são nem coitadinhos, nem

super-heróis.

Diferente de outras produções, o filme

PARATODOS será lançado simulta-neamente em circuito comercial nos cinemas e em sessões exclusi-vas para as comunidades escolares participantes do projeto. Professo-

ras e professores são convidados para

serem protagonistas nesse lançamento

conjunto, e podem ajudar a inspirar

muitas conversas e diálogos.

APRESENTAÇÃO

NEM HERÓIS,

NEM COITADINHOS!

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APRESENTAÇÃO

Pensando nisso, elaboramos esse material com o objetivo de apoiar os debates junto aos estudantes e possibilitar que as Paralimpíadas deixem um legado humano importante: a quebra de barreiras atitudinais – preconceitos, estigmas, generalizações, estereótipos – em relação às pessoas com deficiência.

<<

Acreditamos que assistir ao PARATODOS nos inspira a fazer perguntas diferentes; debatê-lo pode estimular a busca por ultrapassar nossos preconceitos.

Esse movimento permanente e fun-damental extrapola a sala de aula, transversaliza conteúdos e investe nas discussões sobre ética e valores para forjarmos cotidianamente uma educação inclusiva e cidadã.

Yohansson do Nascimento, da modali-dade atletismo, reelabora com suas pa-lavras o espírito olímpico: “A vontade de se preparar tem que ser maior que a vontade de vencer”.

BONS ENCONTROS PARA TODAS E TODOS!

AJUDE A CONSTRUIR ESSA REDE CULTURAL: COMPARTILHE A EXPERIÊNCIA DE EXIBIR O FILME EM SUA ESCOLA

O filme PARATODOS já nasceu com uma vontade: chegar aos cinemas e, ao mesmo tempo, em escolas de todo o país.

O objetivo é formar uma verdadeira rede cultural com grande potencial de diálogo sobre acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência. E o ano de Paralimpíadas no Brasil é um momento privilegiado para isso!

Professoras, professores e toda a comunidade escolar tornam-se parceiros e protagonistas nesse processo. O registro de todo esse movimento, de pessoas que assistiram e discutiram a obra, é muito importante.

ACESSE WWW.TATURANAMOBI.COM.BR E CONTE

COMO FOI A EXPERIÊNCIA DE EXIBIR O FILME

EM SUA ESCOLA!

A

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[ IMAGENS DE MAKING OF DO FILME ]

Se você olhar para o que uma pessoa pode fazer, em vez do que ela não consegue, a perspectiva muda e perde-se a visão de coitadinho.

É partindo desta premissa que PARATODOS mergulha no cotidiano de alguns dos principais atletas paralímpicos brasileiros para investigar os bastidores do esporte de alta performance. O filme acompanha o cotidiano das equipes de Atletismo, Natação, Canoagem e Futebol de 5 nos duros treinamentos e principais competições, registrando com sensibilidade seu dia a dia na luta por vitórias, recordes e medalhas.

Ao levantar e emocionar plateias mundo afora, esses atletas despertam a atenção para um tema urgente: a necessidade de ampliar o diálogo sobre inclusão e mobilidade da pessoa com deficiência na sociedade brasileira.

SINOPSE FICHA TÉCNICA

Brasil | documentário | 2016 | 100 min

Direção: Marcelo Mesquita

Roteiro: Peppe Siffredi

Elenco: Alan Fonteles Oliveira, Daniel Dias, Fernando Cowboy Rufino, Fernando Fernandes, Ricardinho Alves, Susana Schnarndorf Ribeiro, Terezinha Guilhermina, Yohansson do Nascimento e outros.

Direção de Arte e Animação: Ricardo Fernandes

Direção Musical: Fábio Góes

Canção Original: Marcelo Yuka

Edição de Som: Pedro Lima e Marcelo Cyro

Montagem: Jair Peres, Felipe Lacerda, Daniel Grinspum e Marcelo Mesquita

Direção de Fotografia: Alexandre Vianna e Pedro Ciampolini

Produção: Sala12 Filmes

Coprodução: Barry Company

Distribuição: O2 Play

Mobilização e distribuição nas escolas: Taturana Mobilização Social

O DOCUMENTÁRIO

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AS PROFISSÕES NO MUNDO DO CINEMA

O cinema é uma arte coletiva. Para um filme ficar pronto, é necessário muito trabalho em equipe. E essa equipe é composta por diversos profissionais, que exercem funções diferentes e complementares. Você sabe o que faz um diretor de arte? Um produtor? Um diretor de fotografia? Um montador?

Por exemplo, o diretor de fotografia, a partir de sua visão estética, orienta a câmera para captar uma determinada luminosidade ou tonalidade, define os enquadramentos (a imagem mais próxima ou mais afastada da câmera, que elementos entram e quais ficam fora do quadro), entre outras coisas.

VEJA MAIS SOBRE AS PROFISSÕES DO CINEMA NA REVISTA MNEMOCINE

B

VEJA MAIS SOBRE LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA NA CÂMERA COTIDIANA

“LENDO” UM FILMEO cinema compreende obras de

diferentes gêneros e formatos

(documentário, ficção, videorrepor-

tagem, websérie etc.), e usa diversos

elementos específicos para construir

narrativas.

Por exemplo, os enquadramentos,

ângulos de filmagem e cortes na edição

são elementos narrativos na elaboração

de um filme, assim como o roteiro (a

forma como a história é contada).

Esses e outros elementos constituem

a “linguagem cinematográfica”.

A linguagem de um filme é resultado

das opções estéticas e narrativas do

realizador (por exemplo, definição do

gênero, trilha sonora, uso de animação,

montagem), mas também contém

elementos da história do próprio

cinema. Um realizador trabalha a partir

das influências de outros realizadores e de seu repertório pessoal, e incorpora as possibilidades técnicas que surgiram ao longo da história, como por exemplo a câmera digital.

Como nas outras artes, quanto mais se conhece sua linguagem, mais se amplia a possibilidade de compreender uma obra e sua relação com o mundo do cinema e com ambiente social onde foi produzida.

O filme PARATODOS pode ajudar a exercitar esse olhar. Buscar respostas para questões como “qual o tema escolhido e qual a mensagem do filme”, “em que contexto o filme está inserido”, “como a história é contada (quem são os personagens, que acontecimentos são priorizados, como foi escrito o roteiro)” é um caminho para descifrar e aprofundar essa linguagem.

O DOCUMENTÁRIO

A LINGUAGEM DO CINEMA

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COMO SURGIU A IDEIA DE FILMAR O PARATODOS?

A ideia, o estalo veio em 2012, quando eu estava assistindo pela primeira vez aos jogos paralímpicos, que naquele ano foram em Londres. Nunca tinha assistido, mesmo sendo fanático por futebol, por tênis, por basquete, por qualquer esporte. Liguei a TV, estava vendo a prova de atletismo do Alan Fonteles e fiquei surpreso, porque o estádio estava lotado e as Olimpíadas já tinham acabado. Então essa foi a primeira questão que surgiu: “como é que tem tanta gente, né?”, “o que é isso?”. Depois eles anunciavam que o melhor do mundo do atletismo paralímpico ia ganhar a medalha facilmente, que era o Pistorius, e de repente um brasileiro vai lá e vence. Eu nunca tinha visto esse menino na vida, o Alan Fonteles, e ele estava ganhando do maior de todos os tempos. “Caramba, como é que a gente tem um brasileiro ganhando do melhor do mundo e eu não sabia?”. Então pensei: “taí uma ideia para um filme, vou desenhar um projeto, posso filmar durante três ou quatro anos, e lanço antes dos jogos no Brasil, para que de repente as pessoas tenham essas respostas na ponta da língua quando assistirem aos Jogos”. E com isso veio todo um debate maior... comecei a me aprofundar, a ver a questão da inclusão, a entender que poderia transbordar o esporte para outros assuntos da sociedade, e aí sim o filme começou a se desenhar.

ENTREVISTA COM O DIRETOR MARCELO MESQUITAFazer um filme envolve trabalho em equipe, momentos bons e ruins, anos de pesquisa e filmagem, e muitas mudanças até se chegar à versão final.

O diretor de PARATODOS, Marcelo Mesquita, conta um pouco sobre como foi esse processo e sobre a opção por distribuir o filme em escolas ao mesmo tempo que nos cinemas.

>>>

O DOCUMENTÁRIO

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COMO É FAZER UM DOCUMETÁRIO?

Eu costumo dizer que é durante a edição que você descobre o roteiro final do documentário. No documentário, você parte de uma ideia, de um argumento. Você filma e, depois, na edição, realmente define os rumos da história. Ao contrário um pouco do que ocorre na ficção, que você segue o roteiro muito de perto, muito próximo ao que estava preestabelecido. No caso do PARATODOS, depois das filmagens, quando estávamos na edição, começaram a surgir perguntas: quantas histórias poderíamos contar dentro do documentário? Qual seria a duração de cada uma delas? Porque a vontade era contar todas: não teve uma história de um atleta que pesquisamos que não era digna de um filme. Essa premissa de querer mostrar o plural, de mostrar como eles eram diferentes, e iguais, e como isso tinha uma força, foi o maior desafio. Assim, no primeiro desenho tínhamos quinze atletas, depois passamos para doze, depois reduzimos o filme para cinco histórias, uma de cada atleta... Então achamos que era muito pouco, e finalmente ampliamos para quatro histórias sobre grupos de diferentes atletas e diferentes modalidades, que é o que o filme se tornou.

QUAIS FORAM OS MOMENTOS MAIS FORTES DURANTE A FILMAGEM?

Ver o Alan Fonteles em Lyon (França), no seu auge, foi um negócio incrível. Ao mesmo tempo, depois vimos o Alan um pouco deprimido por tudo que ele passou. Documentar um momento difícil de uma pessoa que de fato é real, não é um personagem fictício, é complicado. O mesmo se aplica para todas

as transformações, acho que o filme tem altos e baixos dos atletas. Filmar a vitória é muito fácil, embora você tenha que estar lá atento, mas filmar, por exemplo, a Susana Scharndorf, personagem da natação, vendo a sua doença evoluir, é muito triste, é difícil. Mas também tem uma beleza por trás: ver como ela lida com isso, com coragem e leveza. O mesmo vale para a Terezinha [Atletismo] , ou para o que o Fernando [Canoagem] enfrentou em Milão, visto que a classificação funcional é um problema dentro do esporte paralímpico. Foi extrema a dificuldade da nossa equipe para chegar perto do Fernando, porque ele estava muito nervoso. E não é culpa dele e nem da nossa equipe. Era um momento difícil de estar com uma câmera. Se era difícil para ele vencer a prova, imagine vencer com um monte de loucos seguindo ele com duas câmeras 24 horas por dia. Esses são alguns momentos fortes que eu me lembro.

POR QUE VOCÊ ESCOLHEU DISTRIBUIR O PARATODOS NAS ESCOLAS?

Eu optei por uma distribuição diferenciada porque eu cansei de fazer cinema para pouca gente. A verdade é essa! Eu acho que trabalhar um filme na escola, no processo de formação, é uma honra e uma oportunidade muito grande para ambos os lados, para o realizador e para quem está assistindo. E fazer disso um projeto gigante é interessante e importante. É uma conquista, não é fácil! Lutamos muito junto aos patrocinadores e aos órgãos

>>>

O DOCUMENTÁRIO

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públicos envolvidos para conseguir toda a estrutura. Agora depende de vocês, que fazem parte das comunidades escolares, espalharem o que vocês viram nas salas de aulas para os amigos, colegas, familiares. E se vocês acharem o filme relevante e importante de fato, provem que a gente pode fazer mais! Divulguem a iniciativa para que essa distribuição realmente seja PARATODOS, que seja diferenciada. Eu gostaria muito de ouvir de vocês, de entender o retorno e fazer isso mais vezes durante a minha carreira de cineasta e a dos meus companheiros de trabalho.

COMO É FAZER UM FILME SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA?

Olha, os cuidados e os aprendizados ao se fazer um filme sobre uma pessoa com deficiência não são diferentes de você fazer um filme com uma pessoa sem deficiência. E talvez esse seja o maior ensinamento. Às vezes, ao falar nesse assunto, ficamos cheio de dedos: como será que eu faço ou não faço? Mas se você tratar a pessoa de igual para igual, você já começa a fazer o filme sem perceber. Esse foi o aprendizado de todas as pessoas que colaboraram ao longo dos quatro anos de produção: elas perceberam isso com muita facilidade e talvez essa seja uma forma legal de entender a sociedade, porque a questão imagética, ela é muito pequena, né? Todos nós somos diferentes, tem um ali com óculos, outro sem óculos, um tem o cabelo enrolado, outro tem o cabelo liso, um é negro, outro é branco, outro é loiro, um é homossexual, outro é heterossexual, um tem os dois braços, um tem um só braço, enfim, a diferença não está na questão imagética e sim em procurar igualdade no discurso, na sociedade, no coração. Então, eu acredito que esse tenha sido o ensinamento: entender que o diálogo é simples e verdadeiro, uma vez que você se coloca de uma forma aberta a ele.

DISTRIBUIÇÃO ALTERNATIVA: NOS CINEMAS E NAS ESCOLAS AO MESMO TEMPO

PARATODOS é mais que um filme, é uma iniciativa! Foi pensado para entrar em cartaz nos cinemas e, ao mesmo tempo, em escolas públicas de várias regiões do país, em um circuito especial articulado pela Taturana Mobilização Social.

A meta é chegar a pelo menos 200 mil estudantes de todo o país – o que seria um dos maiores públicos que um documentário nacional já teve! Com isso, queremos tornar o filme acessível a todos, ampliar a visibilidade dos nossos atletas paralímpicos e estimular o diálogo sobre inclusão e acessibilidade da pessoa com deficiência em ambientes de formação.

Essa estratégia também é uma resposta às dificuldades de um filme brasileiro, principalmente documentário, chegar ao grande público: ainda há pouco espaço para produções brasileiras nas salas comerciais, e menos ainda para documentários. Muitas vezes as programações das salas de cinema não acolhem esse tipo de filme, com a justificativa de que não geram interesse.

PARATODOS está lotado de drama e de histórias interessantes, e tem grande chance de driblar as dificuldades do mercado para chegar ao máximo possível de pessoas. Acreditamos que esse formato de distribuição – lançar um filme em escolas e nos cinemas ao mesmo tempo – seja uma possibilidade de se trabalhar outros títulos no cinema nacional. Ajude a espalhar essa ideia!

D

O DOCUMENTÁRIO

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No dia a dia, convivemos com mulheres, homens, adultos, crianças, adolescentes, idosos, heterossexuais, gays, lésbicas, travestis, transgêneros, negros, brancos, pessoas de diferentes etnias e procedências. Dentro de cada uma dessas características, há outras tantas diferenças. Ou seja, os adultos, por serem adultos, não são iguais entre si; os negros, também não, os indígenas, tampouco. Temos várias dessas características juntas: posso ser uma mulher, branca, adulta, lésbica. Variedade que não tem fim.

Nós educadoras e educadores sabemos na prática o quanto somos diversos; afinal, em nossas salas de aula e escolas cada um é UM. A condição de deficiência pode ser uma das características dentro dessa diversidade. Ela, entretanto, não define a pessoa, nem a transforma em um ser de outro planeta. Nem coitadinhos, nem super-heróis – pessoas com deficiência são pessoas como você e como eu: têm sonhos, desejos, dificuldades, talentos, vontades...

Em nosso cotidiano, já ouvimos as pessoas com deficiência serem chamadas de deficientes, portadores de deficiência, especiais, pessoas com necessidades especiais. Essas expressões, que muitos de nós falamos, e outras tantas, foram sendo criadas e modificadas ao longo do tempo.

AQUECENDO A DISCUSSÃO

QUEM SÃO AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA?

[ IMAGENS DO FILME ]

>>>

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12

Isso porque, como acontece com vários outros segmentos sociais, a designação de como ser nomeado pelos outros faz parte de suas discussões e reflexões. O nome marca a identidade do movimento, e, portanto, das pessoas que dele fazem parte. É diferente do nome da gente que nos acompanha a vida toda; o nome com o qual designamos as pessoas com deficiência está em debate constante.

EI VOCÊ! Às vezes ficamos em dúvida sobre como se referir às pessoas com deficiência. Esse documento da Diversa – plataforma de troca de experiências e construção de conhecimento sobre educação inclusiva, do Instituto Rodrigo Mendes – conta um pouco da trajetória desses termos ao longo da história.

E

PARA SABER MAIS, O

DOCUMENTÁRIO HISTÓRIA

DO MOVIMENTO POLÍTICO

DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

NO BRASIL MOSTRA COMO

BRASILEIRAS E BRASILEIROS

COM DEFICIÊNCIA COMEÇARAM

A LUTAR PELOS SEUS DIREITOS!

F

AQUECENDO A DISCUSSÃO

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UMA CONVENÇÃO É UM ACORDO ENTRE PAÍSES PARA QUE ELES OBEDEÇAM ÀS MESMAS REGRAS SOBRE UM ASSUNTO ESPECÍFICO. QUANDO UM PAÍS ASSINA E RATIFICA (APROVA) UMA CONVENÇÃO, ELA SE TORNA UM COMPROMISSO E ORIENTA A (RE)ELABORAÇÃO DE LEIS E AS AÇÕES DAQUELA NAÇÃO.

G

ACESSIBILIDADE: ELIMINAR BARREIRAS PARA A PARTICIPAÇÃO DE TODAS E TODOS Para além da nomenclatura, o consenso internacional sobre os direitos desse segmento está escrito na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 2006

No Brasil, esse documento tem status de emenda constitucional, ou seja, todas as outras leis, chamadas de infraconstitucionais, devem seguir o que está na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.

A definição de pessoa com deficiência na Convenção diz que: “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Com isso, afirma que Deficiência é um conceito em evolução que se baseia numa perspectiva social. Assim, a eliminação ou redução das barreiras para que todos possam usufruir dos benefícios construídos pela sociedade é tarefa de todos nós.

>>>

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material complementar PARATODOS

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A DEFICIÊNCIA, ou melhor, os diferentes impedimentos físicos, sensoriais, intelectuais ou mentais, como tantas outras características humanas, tem um amplo espectro. No dia a dia, quando nos relacionamos com estudantes ou colegas educadores com deficiência, sabemos que aquela característica não diz tudo sobre aquela pessoa. Nem a cor da sua pele, nem a cor dos seus olhos, nem a informação do lugar de onde ela nasceu. Essas são apenas primeiras informações. A convivência e a interação que fazemos, por exemplo, na escola, promovem conhecimento mútuo e possibilitam questionar alguns estereótipos. Toda pessoa é um conjunto de características. Recortar e lidar com apenas uma delas pode nos fazer perder a chance de perceber o quanto é prazeroso conhecer pessoas; sem e com deficiência! E para conviver, precisamos estar juntos, ou seja,

ACESSIBILIDADE

>>>

SEGREGAÇÃO

INTEGRAÇÃO INCLUSÃO

TODOS DEVEM TER ACESSO A TODOS OS LUGARES.

EXCLUSÃO

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De acordo com o decreto no. 5296/2004, todos os prédios de uso público (repartições públicas, hospitais, escolas, universidades, shopping centers, bibliotecas etc) deveriam se tornar acessíveis a partir do segundo semestre de 2007.

Atualmente, considera-se acessibilidade o conjunto de intervenções no ambiente que, na sua relação com a pessoa com deficiência e mobilidade reduzida, promovem a equiparação de oportunidades com autonomia no acesso à informação, à mobilidade, à realização de procedimentos e participação em atividades desenvolvidas por diversas áreas e nos diferentes espaços.

DEFICIÊNCIA = impedimentos de longo prazo X barreiras existentes.

ACESSIBILIDADE = ausência de barreiras que garante a igualdade de oportunidades.

I

>>>

ACESSIBILIDADE

H

SÍMBOLOS QUE INDICAM LOCAIS ACESSÍVEIS

Em 2015, foi criado um novo logotipo de acessibilidade com o objetivo de simbolizar a esperança de acesso igual para todos, equiparando oportunidades. Ele informa que o serviço ou produto de uso público contêm informações, serviços, tecnologias de comunicação, bem como acesso físico acessíveis às pessoas com deficiência.

ANTES >> 2015NOVO LOGOTIPO DA ACESSIBILIDADE

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16

ACESSIBILIDADE

>>>

O conceito de ACESSIBILIDADE é central na luta das pessoas com deficiência pela igualdade de oportunidades em todas as esferas da vida, pois aproxima o pleito desse grupo aos da sociedade como um todo. Como nós todos temos direito ao acesso a bens e serviços, investe-se na melhoria das condições do ambiente para diminuir a desvantagem desta ou daquela pessoa, ainda que esses fatores, por vezes, não constituam barreiras para os que não têm deficiência.

J

IGUALDADE DE DIREITOS X IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

Todas e todos temos direito à vida, liberdade de ir e vir, educação, saúde, moradia. É o que chamamos de direitos básicos. Porém, muitas vezes, barreiras sociais, econômicas e culturais impedem o acesso e o exercício desses direitos. Ou seja, a igualdade de todas as pessoas garantida pelos direitos humanos depende do estabelecimento de igualdade de condições para se efetivar.

Por exemplo, uma biblioteca que possui corredores muito estreitos pode impedir um cadeirante de frequentá-la; um filme sem audiodescrição pode impedir um cego de assisti-lo. Essas condições concretas podem fazer com que pessoas deixem de exercer seu direito de participação na sociedade. A igualdade de oportunidades busca corrigir esses desequilíbrios e contemplar a todas e todos. Por isso a acessibilidade, além de trazer benefícios para toda a comunidade, é central para a luta das pessoas com deficiência.

VEJA MAIS SOBRE IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NO MÓDULO DA NATAÇÃO, PAG.29

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material complementar PARATODOS

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ACESSIBILIDADE

- ACESSO COMO -

DIREITO

QUEBRA DE BARREIRAS

AÇÕES PARA A EQUIDADE

AÇÕES AFIRMATIVAS

AÇÃO INTEGRAL E INTEGRADA

AÇÕES ARTICULADAS E CONECTADAS NO

TERRITÓRIO

APOIOS ESPECÍFICOS

RECURSOS PARA AUMENTO

DA FUNCIO- NALIDADE

RECURSOS PARA

O ACESSO

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18

Um conceito que tem complementaridade com a acessibilidade espacial é o de TECNOLOGIA ASSISTIVA, que pode ser definida resumidamente como todos os recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover autonomia e participação.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência dispõe que para possibilitar a participação, deverão ser tomadas medidas para que esse segmento tenha acesso ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação. Diferente do que podemos pensar, a acessibilidade não é somente uma questão espacial e arquitetônica. Inclui também a acessibilidade comunicacional e atitudinal.

A acessibilidade comunicacional possibilita que pessoas com deficiência visual, auditiva e múltiplas participem de forma equitativa de nossa sociedade. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), o código Braille, a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia acessíveis são alguns exemplos.

De todas as barreiras, as atitudinais são as mais difíceis de serem eliminadas. Os preconceitos, estereótipos e discriminação ainda estão presentes nas relações entre as pessoas. E isso tem tudo a ver com a Educação, pois como educadoras e educa-dores sabemos que ela é um instrumento potente para fazer com que esses me-canismos de exclusão desapareçam.

A aplicação da acessibilidade e do desenho universal nos ambientes das cidades está aos poucos desmistificando este tema e mostrando que ambos não são exclusivos para as pessoas com deficiência, pois buscam permitir que todos utilizem os mesmos espaços urbanos sem nenhum tipo de segregação.

Participar da sociedade é um direito e a acessibilidade tem como objetivo a independência e a autonomia, com igualdade de oportunidades. Todos somos beneficiários da acessibilidade... mas alguns dependem dela para a equiparação de oportunidades.

ACESSIBILIDADE

K

DESENHO UNIVERSAL E TECNOLOGIAS ASSISTIVASDesenho Universal significa a concepção de

produtos, ambientes, programas e serviços a serem

usados, na maior medida possível, sem necessidade

de adaptação ou projeto específico, por todas as

pessoas: com ou sem deficiência, com mobilidade

reduzida (como idosos, crianças, gestantes)

e indivíduos com estatura diferenciada.

O desenho universal não exclui a utilização,

quando necessária, de tecnologias assistivas

(ou ajudas técnicas). Esse termo engloba produtos,

recursos, metodologias, estratégias, práticas e

serviços (desde uma bengala a um computador

ou carro adaptado, passando por fisioterapia,

fonoaudiologia e muitos outros recursos) que

promovem a funcionalidade relacionada à atividade

e participação de pessoas com deficiência,

incapacidades ou mobilidade reduzida. Tanto o

desenho universal quanto as tecnologias assistivas

têm como objetivo final aumentar a autonomia,

independência, qualidade de vida e inclusão social

das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

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material complementar PARATODOS

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19

Em uma escola que é de todos e para todos,

devemos pensar possibilidades a partir da

singularidade de cada pessoa em cada contexto,

com planejamento e avaliação voltados para a

construção da autonomia e participação. Assim,

inclusão escolar não é o inverso de exclusão escolar!

É o processo de modificação do sistema escolar

para torná-lo adequado a todo e cada educando.

Nessa perspectiva, hoje a educação especial

é compreendida como o conjunto de serviços,

recursos e estratégias específicas que favorecem

o processo de escolarização dos estudantes com

deficiência nas salas comuns do ensino regular e a

sua interação no contexto educacional. O principal

serviço dessa área é o atendimento educacional

especializado (AEE). Assim, o AEE apoia e é apoiado

pelas atividades desenvolvidas no ensino comum,

induzindo a reorganização da sala de aula, da

escola e das redes de ensino.

EDUCAÇÃO: PARTICIPAR, APRENDER E ENSINAR

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A ESCOLA PARATODOS

As pessoas têm o direito de ir à escola. Quem tem

deficiência não pode ser excluído da educação por causa

dela. De acordo com o conceito de educação inclusiva,

deve estar na escola comum e não numa escola separada,

e tem direito à mesma educação e currículo que as

outras crianças e adolescentes. Os governos e os agentes

públicos que atuam na educação devem garantir as

condições e meios necessários para efetivar este direito.

L

>>>

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Eis o grande desafio que a movimento inclusivo propõe à escola: lidar com a diversidade e buscar respostas para alunos e situações diferentes, para gerar experiências significativas de aprendizagem. Ou seja, romper com a ideia de homogeneidade em que fomos formados: a criança ideal, abstrata, que se desenvolve e aprende de uma forma única.

Nos sistemas educacionais que têm como perspectiva a inclusão, os talentos de cada um são reconhecidos, estimulados e potencializados. Cada pessoa, educador e/ou estudante, é membro importante e responsável que atua como apoio aos demais e tem o direito de realizar seus projetos na comunidade em que vive. O avanço desse processo de valorização e de trabalho nas diferenças contribui para o pleno exercício da cidadania e reflete o grau de amadurecimento da sociedade.

Quando optamos pela perspectiva da educação inclusiva, o que está em jogo não é apenas a presença de crianças com deficiência nas classes comuns do ensino regular, e sim a capacidade da comunidade escolar de reinventar os processos educativos, do planejamento à avaliação, e tornar a educação melhor para todos, sem mecanismos de seleção ou discriminação. Participar, aprender e ensinar sem vírgulas ou “desde que”!

EDUCAÇÃO

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ENTRANDONO FILME

M

AJUDE A CONSTRUIR ESSA REDE: ACESSE WWW.TATURANAMOBI.COM.BR E

CONTE-NOS COMO FOI A EXPERIÊNCIA DE EXIBIR O FILME EM SUA ESCOLA!

Esta parte do material é dedicada a apoiar o trabalho com o filme na escola a partir das 4 modalidades retratadas em PARATODOS. Dentro de cada uma, escolhemos um tema para animar a discussão. As atividades sugeridas são apenas fontes de inspiração, assim como os temas em foco.

Cada educador pode e deve elaborar discussões e atividades que vão além das propostas aqui, e digam respeito a sua escola. Ou se preferir, pode também consultar outras fontes inspiradoras,

como o banco online Diversa, que reúne atividades para trabalhar a questão da inclusão da pessoa com deficiência na escola. Vale tudo para gerar bons debates com as turmas!

Um dos objetivos da distribuição do PARATODOS nas escolas é fomentar uma verdadeira rede cultural com grande potencial de diálogo sobre acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência. O registro de todo esse movimento, de pessoas que assistiram e discutiram a obra, é fundamental!

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ATLETISMOSOBRE O ESPORTEO atletismo nas Paralimpíadas é composto pelas provas de pista (corridas de 100 m, 200 m, 400 m, 800 m, 1.500 m, 10.000 m e revezamentos 4 X 100 m e 4 X 400 m), saltos (altura, distância e triplo), provas de rua (maratona), provas combinadas (pentatlo) e provas de arremessos (peso) e lançamentos (disco, dardo e club).

Atletas cegos, como no caso de Terezinha Guilhermina [foto do meio], ou com baixa visão são acompanhados por guias que devem orientá-los espacialmente nas provas. Conforme vimos no filme, os guias das provas são específicos para cada atleta. Nas palavras de Terezinha, “eu e o Guilherme Santana somos uma equipe”.

Além de atletas com deficiência visual, participam dessa modalidade atletas com deficiência intelectual e com deficiência físico motora, como é o caso de Yohansson do Nascimento [foto inferior, à frente dos outros atletas] e Alan Fonteles. Alan utiliza próteses especiais para corrida e Yohansson não, ou seja, os equipamentos, também, são específicos para cada atleta, dependendo da modalidade e da deficiência.

ENTRANDO NO FILME

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Podemos aproveitar o que vimos no filme PARATODOS para

conversar um pouco sobre um tema presente quando se trata

de atletas que estão se preparando para competir: SUPERAÇÃO.

Ser atleta profissional é uma atividade de trabalho e, como

qualquer outra ocupação, tem exigências quando se almeja ser

o melhor. Para se tornar um esportista de ponta, por exemplo,

é necessária dedicação integral para treinar um determinado

número de horas por semana, visando o aprimoramento físico

e técnico. Além disso, ter uma dieta balanceada para reduzir o

desgaste físico e repor as energias é imprescindível.

No filme PARATODOS, a modalidade atletismo é representada

por atletas com histórias de vida muito diferentes e que,

em determinado momento, decidiram se profissionalizar. A

sequência de cenas mostra bem essas realidades e a busca

cotidiana dos atletas por superação. Nas palavras de Yohansson,

“às vezes as pessoas acreditam mais em mim do que eu

próprio”. A contínua aspiração por melhores desempenhos,

em treinos e competições, é o que definimos por desejo de

superação, tanto para atletas olímpicos como paralímpicos!

Entretanto, quando o atleta tem deficiência, não raro, surge um

outro componente. Parece, às vezes, que o fato da pessoa com

deficiência ter escolhido ser esportista, é, em si, uma superação.

Por que será que essa ideia vem à nossa cabeça?

Talvez pela falta de convivência, ainda temos certa dificuldade de compreender que pessoas com deficiência são pessoas: têm sonhos, desejos, dificuldades, talentos, vontades. Muitas vezes, quando estamos diante de uma pessoa com deficiência, temos a tendência de superprotegê-la, o que, no limite, significa tratá-la como “café com leite”. Quando são atletas de ponta, isso fica impossível... então vamos ao outro extremo: elas se tornam verdadeiros super-heróis e super-heroínas.

O filme PARATODOS nos dá a oportunidade de compreender que a condição de deficiência não define uma pessoa, nem a transforma em um ser de outro planeta. Terezinha Guilhermina nos lembra em um de seus depoimentos que “pessoas com deficiência têm defeitos e qualidades”, e Alan Fonteles nos alerta “que o atleta não é uma máquina” e que para ter a oportunidade de fazer parte da delegação brasileira de atletismo, precisou voltar a treinar muito e mostrar que é realmente um atleta de ponta.

Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), nos dá uma boa dica: “Se você primeiro olhar a pessoa e o potencial que ela tem, ao invés do que ela não consegue fazer, você passa a tratá-la de forma diferente e perde a visão do coitadinho”.

ATLETISMO

TEMA EM FOCO

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ATLETISMO

ESPORTE DE ALTA PERFORMANCE X EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA

No Brasil, pelo menos 30 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, e uma grande parcela dessa população é formada por crianças e adolescentes que enfrentam enormes barreiras para exercer cidadania e construir sua autonomia com dignidade.

O esporte, assim como a educação física, podem ser ferramentas extraordinárias para a mudança desse contexto, desde que pensados a partir de uma perspectiva inclusiva, que garanta a participação de todos. Nesse sentido, ambos devem ser compreendidos para muito além da chave da competição e da formação de atletas para o esporte de alta performance, que partem do princípio olímpico de valorizar o mais forte, o mais ágil e o mais rápido – e consequentemente, exclui as pessoas que não se enquadram nesse perfil.

A escola, por meio das aulas de educação física inclusiva, pode oferecer espaços para a apresentação de diferentes modalidades esportivas e assim, criar oportunidades para o desenvolvimento do potencial de todos os estudantes, sejam eles com ou sem deficiência.

VEJA MAIS SOBRE ESPORTE DA ESCOLA NA PAG.41

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DICA DE COMO DISCUTIR ESSE ASSUNTOPara iniciar a atividade, sugerimos que você exiba novamente o trecho do filme PARATODOS sobre atletismo. Peça aos estudantes que selecionem cenas e/ou diálogos que traduzam a ideia que eles têm de superação.

Após esse primeiro momento, você pode dividir os estudantes em grupos e pedir que eles expressem, por meio de montagem de cartaz ou painel, um conceito coletivo do tema em foco, relacionando com situações vivenciadas no dia a dia. Podem ser utilizados fotos de jornais e revistas, desenhos, grafites, frases etc.

Ao término dessa montagem, sugerimos que os cartazes sejam expostos nas paredes da sala para que todos os alunos possam visualizar os trabalhos. É bacana reservar um tempo para essa observação. Em seguida, já em círculo, o grupo passa a conversar sobre quais foram as sensações que cada um teve ao realizar essa atividade e qual a relação entre o trecho do filme e a situação cotidiana escolhidos.

A partir desses depoimentos, vale uma boa discussão sobre os diferentes usos da palavra superação quando se referem a pessoas com e sem deficiência, esportistas ou não. Para apoiar esse debate, sugere-se a leitura do artigo 8 da Convenção

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, sobre “Conscientização”, com destaque para o seguinte fragmento:

OS ESTADOS PARTES SE COMPROMETEM A ADOTAR MEDIDAS IMEDIATAS, EFETIVAS E APROPRIADAS PARA:

A_ CONSCIENTIZAR TODA A SOCIEDADE, INCLUSIVE AS FAMÍLIAS,

SOBRE AS CONDIÇÕES DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E FOMENTAR

O RESPEITO PELOS DIREITOS E PELA DIGNIDADE DAS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA;

B_ COMBATER ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS E PRÁTICAS NOCIVAS

EM RELAÇÃO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (...);

C_ PROMOVER A CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE AS CAPACIDADES

E CONTRIBUIÇÕES DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.

Para finalizar, faça uma rodada de avaliação da atividade perguntando o que os estudantes levarão do que foi discutido para seu cotidiano.

ATLETISMO

ATLETISMO

SUPERAÇÃO

ATIDUDINAL

8

MODALIDADE

TEMA

BARREIRA

ARTIGO DA CONVENÇAO

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O OBJETIVO DESSA ATIVIDADE É QUE OS

ESTUDANTES, A PARTIR DAS DISCUSSÕES

REALIZADAS, COMPREENDAM QUE ALGUMAS

MANEIRAS CORRIQUEIRAS DE USAR A

IDEIA DE SUPERAÇÃO PODEM CONSTITUIR

BARREIRAS ATITUDINAIS NAS RELAÇÕES

ENTRE AS PESSOAS COM E SEM DEFICIÊNCIA.

AO POSSIBILITAR A DISCUSSÃO SOBRE

ESSES SENTIMENTOS E PERCEPÇÕES, CADA

PARTICIPANTE TEM A OPORTUNIDADE DE

REFLETIR E, PORTANTO, CRIAR NOVAS

FORMAS DE RELACIONAMENTO.

ATLETISMO

[ ALAN FONTELES, DO ATLETISMO, UM

DOS PERSONAGENS DO FILME ]

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NATAÇÃOSOBRE O ESPORTENa natação paralímpica, os atletas participam de provas individuais e de revezamento nos estilos livre, costas, peito, borboleta e medley, em distâncias que variam de 50 m a 400 m. Os atletas são divididos em 14 classes esportivas e cada um deles recebe, por sua vez, 3 classes que são atribuídas a partir de suas capacidades funcionais específicas em relação ao estilo de nado.

A largada pode ser feita de diversas posições, com ou sem auxílio, conforme o grau de funcionalidade de cada atleta. O sinal sonoro que dá início à prova é acompanhado de um sinal luminoso.

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ENTRANDO NO FILME

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Podemos aproveitar o que vimos no filme PARATODOS para conversar um pouco sobre: DEFICIÊNCIA, FUNCIONALIDADE E PRECONCEITO.

Compreender os dois primeiros conceitos – deficiência e funcionalidade – é imprescindível para que entendamos a organização das Paralimpíadas. Por ser um tema complexo e muito presente em nosso cotidiano, discutir preconceito a partir de um filme que tem como ambiente o mundo do esporte paralímpico pode ajudar a refletir e trazer para o nosso dia a dia novas possibilidades de ações.

Lembramos que as deficiências são divididas em quatro grandes grupos: deficiência intelectual/ mental, deficiência física, deficiência auditiva e deficiência visual. Dentro de cada um desses grupos, existem muitas categorias e especificidades.

A Classificação Internacional de Doenças (CID), publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), tem como objetivo padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10, última versão desse documento, fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde, é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID.

Como já sabemos, o conceito atual de pessoa com deficiência não se restringe às condições individuais, pessoais. Tampouco considera a deficiência uma doença. Por ser uma condição, seu conceito se forja na relação entre as pessoas e as barreiras. Assim, utilizar a CID 10 para entender a pessoa com deficiência tornou-se insuficiente.

Nesse movimento, no ano de 2001, a OMS aprovou o uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF tem como propósito estabelecer uma relação entre as origens e as causas da condição de saúde de um indivíduo e sua funcionalidade no desenvolvimento das atividades que compõem sua vida. Estruturada a partir de três domínios - “corpo”, “atividade e participação” e “contexto” –, a CIF, em conjunto com a CID, possibilita uma avaliação multidimensional.

Com essa reelaboração, a deficiência passa a não ser mais entendida como uma doença, e a condição de funcionalidade do corpo da pessoa com deficiência deve ser compreendida em relação a outros fatores que podem facilitar ou dificultar o acesso aos direitos e à participação.

Assim, fica mais fácil entender que cada um de nós, pessoas sem e com deficiência, somos singulares, pois somos forjados pelas nossas características físicas e sensoriais, por nossas formas de realizar atividades e participar dos diferentes contextos de nossas vidas!

NATAÇÃO

TEMA EM FOCO

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NATAÇÃO

O

O CONCEITO DE FUNCIONALIDADEA classificação de funcionalidade não traz como proposta apenas o suporte para o nivelamento de capacidade/desempenho, como acontece no esporte competitivo. A compreensão deste conceito está relacionada ao olhar sobre o corpo em relação com o ambiente, seus facilitadores e suas barreiras. O guizo da bola de futebol, por exemplo, permite o aumento da funcionalidade de pessoas cegas no desempenho da atividade de jogar futebol. O estímulo sonoro, nesse caso, é externo ao corpo, atuando como facilitador no aumento do desempenho.

Para além das atividades esportivas, a relação entre barreiras e facilitadores delineiam a condição de desempenho de pessoas com deficiência, ou seja, sua funcionalidade. Em um cenário hipotético, uma pessoa com impedimentos motores nos membros inferiores pode não conseguir se locomover da entrada da escola até sua sala de aula. Se esta mesma criança utilizar cadeira de rodas, ela passa a ter outra condição de funcionalidade na locomoção/mobilidade. Porém, se a sala de aula ficar no segundo andar e não houver elevador ou rampa, a criança, mesmo com a cadeira de rodas, novamente vivencia a não participação.

Desta maneira, se, no campo dos esportes, pensar em funcionalidade é relacionar esta questão à classificação funcional, permitindo a constituição de critérios de igualdade na competição, pensar sobre a funcionalidade em outros ambientes é compreender o corpo em relação ao contexto. Portanto, empreender esforços para atuar na disponibilização de facilitadores e na diminuição das barreiras significa considerar a deficiência como parte da diversidade humana e estabelecer atitudes não excludentes, rompendo com pensamentos e ações preconceituosos.

VEJA MAIS SOBRE BARREIRAS E ACESSIBILIDADE NA PÁG.13

Resumindo, a Classificação Internacional de Doenças (CID) e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) estabelecem critérios para que nossas características e especificidades sejam organizadas e entendidas por profissionais de todos os países. A composição entre as duas é fundamental para ampliarmos o olhar e deixarmos de classificar o diferente como doente e incapaz.

No filme, conhecemos um pouco da história da nadadora Susana Schnarndorf, que tem uma doença degenerativa, apontada na CID 10. Por conta dessa enfermidade, sua funcionalidade tem diminuído progressivamente, o que impacta nos critérios que compõem a CIF. Assim, para con-tinuar competindo de forma equitativa com suas adversárias, será necessário que ela seja reclassificada no que diz respeito à classe esportiva antes da próxima Paralimpíada. Ou seja, independente do diagnóstico ou prognóstico relativo à doença de Susana, ela, enquanto atleta paralímpica, busca treinar e, em suas palavras, “reaprender a nadar” com suas novas funcionalidades para competir e ganhar novamente a medalha de ouro, provavelmente numa outra classe.

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Compreender a deficiência como parte da diversidade humana é uma questão básica para não excluir algumas pessoas, tampouco repetir atitudes e pensamentos preconceituosos.

Mas, espera...será que eu tenho preconceitos? A sensação de não saber o que fazer, por exemplo, pode indicar que, diferente das outras diferenças, a deficiência é muitas vezes entendida como uma limitação, e somos tomados por um sentimento de dó e de querer ajudar, sem perguntar para a própria pessoa.

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Por outro lado, quando observamos uma pessoa com deficiência que desenvolve as atividades com autonomia, vem uma ideia de que aquela pessoa é “especial”, pois consegue ser um atleta “apesar da deficiência”!

Daniel Dias resume muito bem qual o sentimento de uma pessoa que é alvo de nosso preconceito: “sempre fui alegre, esse é meu jeito. Mas houve momentos, quando entrei na escola, que foi um impacto diferente para mim e para quem estava lá. Eu nunca estudei numa escola especial...eu sempre estudei em escolas normais...então quando eu entrei para a escola, foi um momento difícil. Fui chamado de saci, aleijado, cheguei chorando em casa. Meus pais conversaram muito comigo e eu entendi que preconceito existia, existe e vai existir”.

NATAÇÃO

DÊ UMA AJUDINHA A SI MESMO, REVEJA SEUS CONCEITOS

Quem nunca teve o impulso de querer ajudar uma pessoa com deficiência, sem nem mesmo perguntar antes se ela precisa da nossa ajuda? E mais, se quer nossa ajuda? Essa campanha do Instituto Mara Gabrilli aborda a convivência entre pessoas com e sem deficiência. São vídeos de personagens com diferentes tipos de deficiência, e que dramatizam situações cotidianas cômicas no convívio com pessoas sem deficiência. O roteiro de cada vídeo foi elaborado a partir de relatos de pessoas com deficiência! Para rir de si mesmo :-)

ALGUNS VÍDEOS: DEFICIÊNCIA VISUAL, DEFICIÊNCIA FÍSICA,

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL, DEFICIÊNCIA AUDITIVA

P

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DICA DE COMO DISCUTIR ESSE ASSUNTO

NATAÇÃO

PRECONCEITO

ATIDUDINAL

5

MODALIDADE

TEMA

BARREIRA

ARTIGO DA CONVENÇAO

Sugerimos que você inicie a atividade passando novamente o trecho do filme PARATODOS sobre natação.

Em seguida, apresente o significado de preconceito, substantivo masculino composto pelo sufixo pré e o substantivo conceito, segundo um dicionário de sua confiança. Para facilitar, seguem as definições do dicionário Michaelis:

> CONCEITO OU OPINIÃO FORMADOS ANTES DE TER OS

CONHECIMENTOS ADEQUADOS;

> OPINIÃO OU SENTIMENTO DESFAVORÁVEL, CONCEBIDO

ANTECIPADAMENTE OU INDEPENDENTE DE EXPERIÊNCIA OU RAZÃO;

> SUPERSTIÇÃO QUE OBRIGA A CERTOS ATOS OU IMPEDE QUE

ELES SE PRATIQUEM;

> ATITUDE EMOCIONALMENTE CONDICIONADA, BASEADA EM

CRENÇA, OPINIÃO OU GENERALIZAÇÃO, DETERMINANDO SIMPATIA

OU ANTIPATIA PARA COM INDIVÍDUOS OU GRUPOS.

Após esse momento, abra o debate com a turma solicitando que opinem sobre o significado dessa palavra no seu cotidiano, por meio do relato de experiências pessoais em que foram alvo ou protagonistas de atitudes preconceituosas. Ajude a garantir que o foco da discussão seja o conceito de “preconceito” da

forma como foi apresentado para o grupo, com base no que está escrito no dicionário. O objetivo dessa etapa é ampliar a compreensão por meio de situações reais.

Quando você achar que já é suficiente, pode solicitar que os estudantes, em duplas ou trios, relacionem a noção adquirida do que é preconceito a cenas/diálogos assistidos no filme PARATODOS, e escrevam um pequeno texto relacionando deficiência e preconceito.

NATAÇÃO

[ SUSANA SCHNARNDORF, DA NATAÇÃO, UMA DAS PERSONAGENS DO FILME ]

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conteúdo complementar PARATODOS

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Para apoiar esse debate, você pode apresentar o artigo 5 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que trata de “Igualdade e não-discriminação”:

A_ OS ESTADOS PARTES RECONHECEM QUE TODAS AS PESSOAS

SÃO IGUAIS PERANTE E SOB A LEI E QUE FAZEM JUS, SEM QUALQUER

DISCRIMINAÇÃO, A IGUAL PROTEÇÃO E IGUAL BENEFÍCIO DA LEI.

B_ OS ESTADOS PARTES PROIBIRÃO QUALQUER DISCRIMINAÇÃO

BASEADA NA DEFICIÊNCIA E GARANTIRÃO ÀS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA IGUAL E EFETIVA PROTEÇÃO LEGAL CONTRA A

DISCRIMINAÇÃO POR QUALQUER MOTIVO.

Ao final, peça que os pequenos grupos trabalhem juntos na leitura dos textos produzidos pelos participantes e criem pelo menos uma atividade que possa ser desenvolvida na escola para ampliar esse debate para toda a comunidade escolar, com a intenção de diminuir/eliminar as situações de preconceito em relação aos estudantes e/ou educadores com deficiência.

Para finalizar, peça que o grupo escolha uma ou duas atividades e estabeleça um cronograma para seu desenvolvimento. Não esqueça de fazer uma rodada de avaliação!

O OBJETIVO DESSA ATIVIDADE

É QUE OS ESTUDANTES, A PARTIR

DAS DISCUSSÕES REALIZADAS,

COMPREENDAM O QUE É PRECONCEITO

DE FORMA GERAL, E ESPECIFICAMENTE

EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA. AO POSSIBILITAR QUE

ALÉM DA DISCUSSÃO CONCEITUAL, OS

ESTUDANTES CRIEM FORMAS DE ATUAÇÃO

CONCRETA NO COTIDIANO DA ESCOLA,

POTENCIALIZA-SE O PROTAGONISMO

DOS ALUNOS PARA A ELIMINAÇÃO DE

TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO.

DICA DE COMO DISCUTIR ESSE ASSUNTO

NATAÇÃO

NATAÇÃO

PRECONCEITO

ATIDUDINAL

5

MODALIDADE

TEMA

BARREIRA

ARTIGO DA CONVENÇAO

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CANOAGEMSOBRE O ESPORTEA paracanoagem é um esporte náutico de velocidade disputado geralmente em canais construídos artificialmente. O percurso tem 200 m e é realizado em raias demarcadas por boias. Utilizam-se dois tipos de embarcações: os caiaques e as canoas havaianas. Cada barco é adaptado conforme as necessidades do canoísta. Essas adaptações são realizadas principalmente na pegada do remo e nos assentos, buscando a posição em que o atleta possa utilizar todo seu potencial.

São disputadas provas masculinas e femininas individuais, e mistas em duplas, subdivididas em classes que, como nos demais esportes paralímpicos, levam em consideração a funcionalidade do atleta.

ENTRANDO NO FILME

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Podemos aproveitar o que vimos no filme PARATODOS para conversar um pouco sobre um tema presente tanto quando se trata de competições como fora delas: IGUALDADE.

Sabemos que uma competição, para ser considerada justa, deve ter como ponto de partida que qualquer um dos participantes tenha possibilidade real de ser vencedor. Quando o assunto é Paralimpíada ou Olimpíada, estamos falando de competições que reúnem esportistas de alto rendimento. Até chegarem lá, esses atletas passaram por diversas competições e seletivas que “chancelaram” seus passaportes rumo à competição maior. O atleta Fernando Fernandes fala da “pegada” dos treinamentos da modalidade de canoagem: “Os trechos apontam para mais do que acho possível”, traduzindo o esforço empreendido.

Essa alta carga de competitividade faz com que a igualdade ganhe contornos mais fortes. No caso dos atletas com deficiência,

um dos pontos centrais nessa questão é a classificação funcional.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL é o conjunto de critérios que definem quais

grupos de deficiências podem competir nos diferentes esportes, e também

qual o grau de limitação relacionado à deficiência e às tarefas específicas

de cada modalidade. Assim, atletas com diferentes deficiências – mas

que tenham certa relação – podem competir juntos em pé de igualdade.

VEJA MAIS SOBRE O CONCEITO DE FUNCIONALIDADE NA PÁG.29

Q

CANOAGEM

TEMA EM FOCOAinda nas palavras de Fernando: “O esporte paralímpico não é só uma inclusão social. No começo ele é uma inclusão social. Quando chega aqui é alto rendimento, é performance. Isso aqui é meu trabalho, eu sobrevivo disso. Eu acho que está na hora da classificação funcional começar a respeitar isso. Porque tem gente que se prejudica por isso e a pancada é forte”.

O ponto de partida para essa classificação funcional é a

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade

e Saúde (CIF). A CIF tem como propósito estabelecer uma

relação entre as origens e as causas da condição de saúde de

um indivíduo e sua funcionalidade no desenvolvimento das

atividades que compõem sua vida. Estruturada a partir de três

domínios - “corpo”, “atividade e participação” e “contexto”-,

possibilita uma avaliação multidimensional.

A avaliação da condição de funcionalidade compõe o parâmetro

de igualdade nas diferentes competições paralímpicas. É a

partir dela que são organizados os agrupamentos por classe,

determinando contra quem cada atleta irá competir. Fernando

define esse momento que compõe a paracanoagem em uma

frase irônica, dirigindo-se ao diretor do filme: “Você achando que ia mostrar os cadeirantes, tudo bonitinho, olha que lindo esse mundo. É... A chapa é quente”.

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DICA DE COMO DISCUTIR ESSE ASSUNTO

CANOAGEM

IGUALDADE

ATIDUDINAL

3

MODALIDADE

TEMA

BARREIRA

ARTIGO DA CONVENÇAO

Sugerimos que você inicie a atividade passando novamente o trecho do filme PARATODOS sobre canoagem e solicite aos estudantes que discutam sobre a ideia de igualdade, respondendo a 3 perguntas:

> O QUE ACHAM DA SITUAÇÃO?

> ALGUÉM JÁ EXPERIENCIOU SITUAÇÕES SEMELHANTES?

> COMO AVALIAM SITUAÇÕES COMO ESSAS?

Depois desse “aquecimento” das ideias em grupo, solicite que os estudantes escrevam individualmente um pequeno texto sobre igualdade, expondo sua opinião para clarificação dos seus próprios pensamentos.

Em seguida, novamente em grupo, você pode apresentar o artigo 3 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que trata de “Princípios gerais”. Os princípios da Convenção são:

A_ O RESPEITO PELA DIGNIDADE INERENTE, A AUTONOMIA

INDIVIDUAL, INCLUSIVE A LIBERDADE DE FAZER AS PRÓPRIAS

ESCOLHAS, E A INDEPENDÊNCIA DAS PESSOAS.

B_ A NÃO-DISCRIMINAÇÃO;

C_ A PLENA E EFETIVA PARTICIPAÇÃO E INCLUSÃO

NA SOCIEDADE;

D_ O RESPEITO PELA DIFERENÇA E PELA ACEITAÇÃO DAS

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COMO PARTE DA DIVERSIDADE

HUMANA E DA HUMANIDADE;

E_ A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

A partir da leitura do texto e dos momentos de discussão anteriores, peça ao grupo que estabeleça relações entre igualdade e o artigo da Convenção. Antes do debate, porém, é importante que você ressalte a diferença entre igualdade de Direitos e igualdade entre as pessoas, pois não é raro pessoas sem deficiência considerarem que o fato de algumas pessoas terem determinada deficiência as torna iguais. Ou seja, a deficiência acaba por se sobrepor a ideia de pessoa. O filme PARATODOS permite que, ao expor seus conceitos sobre igualdade, os estudantes percebam que esse princípio é uma questão presente em qualquer grupamento humano em situações de competição ou do nosso dia a dia

VEJA MAIS SOBRE IGUALDADE DE DIREITOS X IGUALDADE

DE OPORTUNIDADES NA PÁG.16

CANOAGEM

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material complementar PARATODOS

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O OBJETIVO DESSA ATIVIDADE É QUE OS

ESTUDANTES, A PARTIR DAS DISCUSSÕES

REALIZADAS, COMPREENDAM O QUE É

IGUALDADE DE UMA FORMA GERAL, COMO

ELA IMPACTA NA PRÓPRIA IDEIA DO

QUE É UMA COMPETIÇÃO JUSTA E COMO

ESSA QUESTÃO PODE SER ENTENDIDA

ESPECIFICAMENTE EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA. AO POSSIBILITAR

QUE OS ESTUDANTES SE COLOQUEM NA

SITUAÇÃO E DEPOIS FAÇAM UM MOVIMENTO

PARA CONCEITUAR O TERMO IGUALDADE,

AMPLIA-SE O REPERTÓRIO DO GRUPO PARA

LIDAR COM SITUAÇÕES COTIDIANAS DENTRO

DA ESCOLA QUE ENVOLVAM ESSA TEMÁTICA.

CANOAGEM

[ FERNANDO “COWBOY” RUFINO, DA CANOAGEM, UM DOS PERSONAGENS

DO FILME ]

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FUTEBOLSOBRE O ESPORTEO futebol de 5 é praticado por pessoas cegas, do sexo masculino, com equipes formadas por um goleiro vidente (pessoa sem deficiência visual) e quatro jogadores cegos na linha. O goleiro atua na área retangular de 2 m X 5 m, bem menor do que a área do futebol de campo ou de salão. O restante do time joga vendado como forma de deixar todos nas mesmas condições sensoriais.

Os jogos são disputados em 2 tempos de 25 minutos, com intervalo de 10 minutos. Vence o time que fizer mais gols. As partidas ocorrem em quadras externas, com o piso podendo ser emborrachado, de cimento, madeira ou grama sintética. Sobre as linhas laterais, ao longo de toda a quadra, são posicionadas bandas geralmente feitas de compensado de madeira com 1,5 m de altura, de modo que a bola só sai de jogo quando ultrapassa essa banda lateral ou pela linha de fundo.

A bola possui guizos em seu interior, cujo som orienta os atletas. Também podem auxiliar os jogadores: o técnico, com atuação restrita ao terço central da quadra; o goleiro, no terço defensivo; e o chamador, no terço de ataque atrás da baliza adversária. É o chamador quem bate nas traves, em geral com uma base de metal, no momento da cobrança de uma falta, ou um pênalti ou um tiro livre. Para evitar o choque, os jogadores dizem a palavra “voy” quando se deslocam em direção à bola.

ENTRANDO NO FILME

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Podemos aproveitar o que vimos no filme PARATODOS para conversar um pouco sobre um tema muito presente quando se trata de esportes coletivos e, também, de nosso dia a dia na escola: TRABALHO EM EQUIPE.

Os esportes coletivos, tanto amadores quanto de alto rendimento, exigem não só preparo físico e técnico individuais, mas também treinamento do conjunto de atletas que compõem cada time. Esse entrosamento, como se diz na gíria do futebol, é o que ganha o jogo. Nesse tipo de esporte, chegar ao topo é tão difícil como em qualquer outra modalidade, mas quando você vira o time a ser vencido, de alguma forma, é necessário criar constantemente novas estratégias, pois seus adversários estudam suas características de jogo.

Nas palavras do jogador Ricardo Steinmetz Alves, conhecido como Ricardinho: “É muito difícil alcançar as coisas que eu alcancei no futebol e a nossa equipe tam-bém. E é mais difícil ainda, sem dúvida, manter”.

Para enfrentar esse nível de competitividade e sair dessa marcação cerrada, o trabalho em equipe é fundamental. No futebol de 5, além dos jogadores dentro da quadra é muito importante o entrosamento com os integrantes da equipe técnica. Diferente do futebol de campo, que estamos mais acostumados a assistir, há um treinamento tanto do goleiro, quanto do chamador e do próprio técnico em relação às diferentes formas de orientar os jogadores. Para o chamador Felipe Campos, “Cada atleta gosta de uma forma de ser orientado, não tem um padrão”. Assim, pode se dizer que o trabalho extrapola as quatro linhas e considera as singularidades de cada um.

As brincadeiras na concentração, a técnica aliada a malandragem dentro de campo e as batucadas comemorando mais uma vitória mostram o quanto o trabalho em equipe faz toda a diferença nesse esporte e na vida!

FUTEBOL

TEMA EM FOCO

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DICA DE COMO DISCUTIR ESSE ASSUNTO

FUTEBOL

TRABALHO EM EQUIPE

ATIDUDINAL

MODALIDADE

BARREIRA

ARTIGO DA CONVENÇAO

Sugerimos que você inicie a atividade passando novamente o trecho do filme PARATODOS sobre futebol de 5 e solicite aos estudantes que respondam individualmente à pergunta:

“Do que assistiu no filme, você acha que o trabalho em equipe foi um diferencial para que eles fossem campeões na competição? Qual o momento que mais chamou a sua atenção?”

Destaque os trechos que mais aparecem nas respostas dos estudantes e abra a discussão pedindo para que eles expliquem o porquê da escolha.

Para apoiar essa discussão, indicamos a leitura do artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que trata de “Educação”, com destaque para o seguinte fragmento:

1) OS ESTADOS PARTES RECONHECEM O DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA À EDUCAÇÃO. PARA EFETIVAR ESSE DIREITO SEM DISCRIMINAÇÃO E COM BASE NA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES, OS ESTADOS PARTES ASSEGURARÃO SISTEMA EDUCACIONAL INCLUSIVO EM TODOS OS NÍVEIS, BEM COMO O APRENDIZADO AO LONGO DE TODA A VIDA, COM OS SEGUINTES OBJETIVOS:

A_ O PLENO DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL HUMANO E DO SENSO DE DIGNIDADE E AUTOESTIMA, ALÉM DO FORTALECIMENTO DO RESPEITO PELOS DIREITOS HUMANOS, PELAS LIBERDADES FUNDAMENTAIS E PELA DIVERSIDADE HUMANA;

B_ O MÁXIMO DESENVOLVIMENTO POSSÍVEL DA PERSONALIDADE E DOS TALENTOS E DA CRIATIVIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, ASSIM COMO DE SUAS HABILIDADES FÍSICAS E INTELECTUAIS;

C_ A PARTICIPAÇÃO EFETIVA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA EM UMA SOCIEDADE LIVRE.

FUTEBOL

A partir da leitura, caso não tenha surgido ainda, você pode introduzir no debate que tudo aquilo que se estabelece como obrigação para as pessoas com deficiência é nossa meta para todos. Ou seja, trabalho em equipe e inclusão tem tudo a ver! Esse é um dos princípios da educação física inclusiva (VEJA MAIS NA PÁG. 41).

Depois dessa rodada, proponha que o grupo pense em tudo que foi discutido, tendo como foco a organização de uma atividade em que todos participem e aprendam juntos.

Como forma de iniciar o planejamento, peça que os estudantes observem os diferentes movimentos que ocorrem cotidiana-mente no ambiente escolar (locomoção, alimentação, higiene, uso do espaço recreativo, uso do espaço da sala de aula, per-cepção dos sinais de troca de espaço/atividade etc.) e levantem as barreiras e os facilitadores para sua efetivação. A partir desse levantamento, criem situações nas quais pessoas com diferentes capacidades funcionais sejam participantes ativos no grupo.

Essa atividade pode ser desenvolvida tanto na sala de aula como em outros espaços na escola. Se possível, envolva outros educadores.

Para aumentar as possibilidades da atividade, você pode ainda informar aos estudantes que eles ocupam um lugar de decisão, por exemplo: o do diretor, coordenador pedagógico ou professor. Incentive a criatividade pontuando que o trabalho em equipe não está só no esporte, e que, como é mostrado no filme, não é preciso deixar de ser quem você é para entrar no grupo, pois cada um tem um tanto a contribuir, ensinar e aprender. Converse com a turma sobre formas de efetivar as propostas apresentadas no dia a dia da escola.

TEMA

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O OBJETIVO DESSA ATIVIDADE É QUE

OS ALUNOS CONSIGAM, A PARTIR DA

DISCUSSÃO SOBRE O FUTEBOL DE 5,

TRANSPOR A POTENCIALIDADE DO TRABALHO

EM EQUIPE PARA DENTRO DA ESCOLA.

AO PROPOR ATIVIDADES QUE PODEM SER

EFETIVADAS, AMPLIAM SEU SENTIMENTO DE

PERTENCIMENTO AO GRUPO, PERCEBENDO A

IMPORTÂNCIA DO TRABALHO EM EQUIPE NAS

DIFERENTES ESFERAS DA VIDA.

FUTEBOL

[ RICARDINHO, DO FUTEBOL DE 5, UM

DOS PERSONAGENS DO FILME] ]

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ESPORTE NA ESCOLA QUAL A DIFERENÇA ENTRE EDUCAÇÃO FÍSICA

INCLUSIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA?

A educação física nasceu associada a uma visão homogeneizadora do ensino, pautada pela busca do alto rendimento e pela competição. Esse modelo resultou na exclusão sistemática dos estudantes que não atingiam o desempenho esperado ou não se enquadravam no perfil físico buscado pelos educadores.

Durante muito tempo, os estudantes com deficiência fizeram parte desse processo de exclusão, com exceção às atividades de educação física adaptada, voltadas exclusivamente para esse público.

Atualmente, estamos acompanhando o surgimento da educação física inclusiva, que pressupõe a participação de todos os estudantes em uma mesma atividade. Essa proposta, alinhada com a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, implica no entendimento das especificidades de cada aluno e na flexibilização de recursos e regras das atividades físicas. Isso envolve não só alterações nas práticas físicas existentes, como também a criação de novas atividades. O desenvolvimento desse novo paradigma pressupõe a eliminação de barreiras e a ressignificação dos objetivos da educação física.

VEJA MAIS SOBRE O TEMA E CONHEÇA EXPERIÊNCIAS INCLUSIVAS CONTADAS POR

EDUCADORES DE TODO O PAÍS NO PROJETO PORTAS ABERTAS PARA A INCLUSÃO –

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA TODOS, DO INSTITUTO RODRIGO MENDES.

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BADMINTON – NATAL (RN)

Na escola Luiz Maranhão Filho, em Natal, poucos alunos com deficiência participavam das aulas de educação física. Assim, a equipe de professores escolheu o Badminton como estratégia para a inclusão de todos os estudantes nas aulas de educação física.

Após apresentar a evolução histórica e os fundamentos do esporte aos estudantes, a equipe planejou adaptações nas regras do jogo, juntamente com os alunos. Com isso, as necessidades particulares de cada um foram ouvidas e consideradas na definição das novas regras.

Dentre as principais adaptações realizadas, houve a diminuição do espaço físico para os alunos com limitações motoras, a substituição do apito por uma bandeirinha e o auxílio do intérprete de Libras para os alunos surdos e a assessoria da professora de apoio para os alunos em cadeiras de rodas. Para os alunos com autismo, foi proposta a diminuição na pontuação dos sets para que eles não perdessem a concentração e o interesse pelo jogo.

O projeto permitiu também a construção de parcerias entre as professoras de educação física, a professora da sala de recursos multifuncionais, a coordenadora pedagógica e os gestores. O esporte, numa perspectiva inclusiva, passou a ser mais considerado pela própria direção da escola, que disponibilizou mais recursos para a aquisição de materiais.

ESPORTE NA ESCOLA

PARA SE INSPIRAR

EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA INCLUSIVA

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PARA SE INSPIRAR

EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA INCLUSIVA

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ESPORTE NA ESCOLA

FELIPEBOL – RIO DE JANEIRO (RJ)

Felipe era um aluno com deficiência da rede pública do bairro de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, e sempre era privado do direito de participar das aulas de educação física. Essa realidade de exclusão mudou quando seu professor decidiu buscar formas de garantir o direito de Felipe de participar.

Em conjunto com a equipe da escola, começou a desconstruir as regras dos esportes praticados pelos alunos. No primeiro momento, foram explorados o basquete adaptado e algumas atividades circenses, que permitiam a Felipe participar, porém de forma ainda tímida. Foi então que o professor decidiu criar um novo esporte, pensado a partir das particularidades do Felipe e dos demais estudantes. Surgiu o Felipebol.

O Felipebol é um jogo em que os alunos ficam na mesma posição que Felipe, que precisa se apoiar nos quatro membros para se locomover. As regras do jogo são simples: ele deve ser jogado com as mãos e somente o goleiro pode ficar em pé. O jogo conquistou a todos os estudantes, passando na frente até do futebol em termos de preferência da turma. Nas palavras do próprio Felipe: “Antes eu jogava futebol parado na cadeira. Mas agora, que eu participo de verdade, eu jogo muito mais: viro cambalhotas, faço muitos gols e comemoro”.

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AAcessibilidade 13, 15, 16

atitudinal 18

comunicacional 18

Atendimento educacional especializado (AEE) 18, 19

Atletismo 22

Autonomia 18, 19

BBarreiras 5, 13, 15, 17, 29

atitudinais 5, 18, 26

CCanoagem 36

Cego 16, 37

Cinema 5, 7, 10

Classificação 28, 29

funcional 9, 29, 34

Internacional de Doenças (CID) 28, 29

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) 28, 29

Competição 24, 34, 35, 36, 39, 41

Competitividade 34, 38

Conscientização 25

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 13, 25, 32, 35, 39, 41

PALAVRAS-CHAVES

DDeficiência 11, 12, 14, 15, 19

auditiva 13, 18, 28, 30

física 13, 28, 30

físico-motora 22

intelectual 13, 22, 28, 30

visual 13, 18, 22, 28, 30, 37

Desempenho 23, 29, 41

Desenho universal 18

Direitos Humanos 16, 39

Distribuição alternativa 10

Diversidade 11, 20, 29, 35

EEducação 5, 16, 18, 19, 20

especial 19

inclusiva 5, 12, 19, 20

Educação física 41

adaptada 41

inclusiva 24, 41, 42, 43

Equipe 4, 6, 7, 8, 22, 38

Escola 2, 5, 9, 10, 14, 19

Esporte 22, 24, 27, 33, 37

de alta performance 6, 24 Estereótipo 5, 14, 18, 25 >>>

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PALAVRAS-CHAVES

FFicha técnica 6

Funcionalidade 18, 28, 29, 34

Futebol de 5 37

IIgualdade 10, 29, 32, 34, 36

de condições 13

de direitos 16

de oportunidades 15, 16, 18, 39

Impedimentos 13, 14, 15, 29

Inclusão 2, 5, 14, 20

escolar 19

LLíngua Brasileira de Sinais (libras) 18, 42

Linguagem do cinema 7Locomoção 29, 39

MMobilidade 15, 18, 29

NNatação 27

PParticipação 13, 16, 18, 24, 28, 34, 35, 39, 41

Pessoas com deficiência 5, 10, 11, 13, 16, 18, 30, 36, 41

Potencial 5, 21, 23, 24, 33, 40

Preconceito 5, 18, 25, 29, 30

Profissões 7

RRede cultural 5, 21

SSinopse 6Superação 23, 25, 26

Surdo 42

TTecnologias assistivas 18

Trabalho em equipe 38, 40

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REFERÊNCIAS

Censo Demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2012.

Classificação Internacional de Doenças (CID 10).

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006).

Decreto no. 5296 de 02 de dezembro de 2004.

Guia de Aprendizagem da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. UNICEF, 2013.

Guia Escolar Paralímpico – Transforma Educação. Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil .

Li l iane Garcez. Dissertação de Mestrado, 2004. Da construção de uma ambiência inclusiva no espaço escolar.

Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver sem Limite – Decreto 7.612/11.

PARA SABER UM POUCO MAIS

DICAS DE SITES

AÇÃO EDUCATIVA

APAE-SP

COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO

DIVERSA – EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA PRÁTICA

FUTEBOL E CULTURA

INCLUSIVE - INCLUSÃO E C IDADANIA

INSTITUTO MARA GABRILLI

INSTITUTO RODRIGO MENDES

MAIS DIFERENÇAS

OBSERVATÓRIO DO PLANO VIVER SEM L IMITE

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO – (SECADI/MEC)

SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (SNPD/SDH)