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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA RAIMUNDO ARISTEU PANTOJA BARRETO WANESSA CRISTINA DE SÁ MORAES WANESSA DOS SANTOS NASCIMENTO A IMPORTÂNCIA DO USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE PARA A CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS BELÉM 2013

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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA

RAIMUNDO ARISTEU PANTOJA BARRETO

WANESSA CRISTINA DE SÁ MORAES

WANESSA DOS SANTOS NASCIMENTO

A IMPORTÂNCIA DO USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE PARA A CONSERVAÇÃO

DE ALIMENTOS

BELÉM

2013

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RAIMUNDO ARISTEU PANTOJA BARRETO

WANESSA CRISTINA DE SÁ MORAES

WANESSA DOS SANTOS NASCIMENTO

A IM PORTÂNCIA DO USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE PARA A CONSERVAÇÃO

DE ALIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado às Faculdades Integradas

Ipiranga, Curso Superior de Tecnologia em

Radiologia, Turma RDN103, sob

orientação acadêmica do Profº Stanley

Xavier, na tipologia Monografia.

BELÉM

2013

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RAIMUNDO ARISTEU PANTOJA BARRETO

WANESSA CRISTINA DE SÁ MORAES

WANESSA DOS SANTOS NASCIMENTO

A IMPORTÂNCIA DO USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE PARA A CONSERVAÇÃO

DE ALIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado às

Faculdades Integradas Ipiranga, como requisito para a

obtenção do Grau de Tecnólogo em Radiologia, na

tipologia Monografia.

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A Deus, por nos dar forças para que chegássemos

ao final do curso e que nos impulsiona para

superar os desafios da profissão.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por ter cumprindo mais uma etapa de nossas

vidas;

Às nossas famílias, que nos deram todo o apoio para que tivéssemos forças pra

continuar sem desistir;

Aos nossos professores que tiveram muita paciência para nos ensinar tudo que

sabemos hoje;

Aos nossos amigos que sempre estiveram ao nosso lado.

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Só as árvores que não podem sair de seu lugar é que

devem se sujeitar ao que lhes advém.

Tu que podes, anda, luta, busca a realização de teus

sonhos, pois nada é jogado dos céus.

O sabor da conquista só é valorizado quando a luta

é mantida sem esmorecimento.

AnairWeirich

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RESUMO

Este estudo tem o objetivo de destacar a importância do uso da radiação ionizante para a

conservação de alimentos, o estudo ressaltará que a irradiação de alimentos, conforme a

Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001, é um processo físico de tratamento que

submete o alimento a doses controladas de radiação ionizante, com finalidade sanitária,

fitossanitária e/ou tecnológica. Desse modo, o objetivo geral é de destacar a importância do

uso da radiação ionizante para a conservação de alimentos, além de identificar a legislação

brasileira pertinente à radiação ionizante como forma de conservação de alimentos; pesquisar

os alimentos autorizados pela ANVISA para o recebimento da tecnologia da radiação

ionizante; e observar as diferenças entre produtos que recebem a radiação ionizante e aqueles

que não são processados por essa tecnologia. A metodologia aplicada foi à pesquisa

bibliográfica. Concluiu-se que a pesquisa e discussão sobre a radiação ionizante indicam que

os alimentos irradiados são alimentos que mantém o sabor e consistência por vários dias em

temperatura ambiente, beneficiando principalmente os consumidores, entendendo-se que tal

técnica é parte do desenvolvimento tecnológico e aplicações técnicas a partir de estudos

científicos que, certamente, em um futuro próximo abrangerá grande diversidade de alimentos

conservados pela técnica da radiação ionizante.

Palavras-Chave: Conservação de Alimentos. Radiação Ionizante. Alimentos Irradiados.

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ABSTRACT

This study aims to highlight preservation, the study will highlight the food irradiation,

according to the RDC Resolution the importance of the use of ionizing radiation on for food

No.21, dated January 26, 2001, Isa physical processor treatment subjects the food to

controlled doses of ionizing radiation, aiming sanitary, and python sanitary and / or

technological. Thus, the overall goal is to highlight the importance of the use of ionizing

radiationforfood preservation, and identify the relevant Brazilian legislation to ionizing

radiation as a form of food preservation, food sear authorized by ANVISA for receiving

technology of ionizing radiation and observe the differences between products receiving

ionizing radiation and those that are not processed by this technology. The methodology used

was the literature research. It was concluded that the research and discussion indicate that

ionizing radiation irradiated foods are foods which retains the flavor and consistency for

several days at room temperature,especiallybenefitconsumers, it being understood that this

technique esparto technological development and applicationtechniquesfromscientific studies

that, certainly in the near future will cover wide range offoodspreservedby the technique of

ionizing radiation.

Keywords: Food Preservation. Ionizing Radiation. Irradiated Foods.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11

2 OBJETIVOS................................................................................................................. 15

2.1 OBJETIVO GERAL

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

3 REVISÃO TEÓRICA................................................................................................. 16

3.1 A ALIMENTAÇÃO HUMANA.......................................................................... 16

3.2 A RADIAÇÃO IONIZANTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.................... 17

3.2.1 O Papel da Vigilância Sanitária........................................................................ 19

3.3 A RADIAÇÃO IONIZANTE NA CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS......... 21

3.3.1 Principais Tipos de Radiação Ionizante para Alimentos............................. 22

4 METODOLOGIA....................................................................................................... 27

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 29

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 33

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 35

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Selo utilizado em alimentos irradiados 21

FIGURA 2- Irradiador Gama para o Processamento de Alimentos 22

FIGURA 3-4 Filetes de frango e peito de peru ionizado, produzido pela NASA, sem

prazo de validade. Radiciação em massa de pizza.

23

FIGURA 5 – Frutas Irradiadas e Não Irradiadas 24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela comparativa do efeito da radiação ionizante no prolongamento da

vida útil de alguns

24

Tabela 2. Efeitos da Radiação Ionizante em Alguns Alimentos 25

Tabela 3 - Doses Máximas Permitidas em kGy no Brasil 26

Tabela 4 –5 Alguns efeitos da Radiação Ionizante. Efeitos da Radiação ionizante sobre

Parasitas. 31

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Vicente e Saldanha (2012), a descoberta da radioatividade pelo físico francês

Antoine Henri Becquerel (1852-1908) permitiu a utilização de radiações ionizantes em

tratamentos médicos e, a partir de 1945 descobriu-se a importância da técnica para a

preservação de alimentos e da Segunda Guerra Mundial, o que se fez necessário, segundo os

autores, em vista do aumento da população e da necessidade de estocagem de alimentos para

seu transporte de um lugar a outro, além do que o setor industrial de alimento, que trabalha

predominantemente para a exportação, necessita de meios de conservação dos alimentos a

serem exportados (para outros estados ou até países) visando à manutenção de sua qualidade,

fazendo-se necessária, portanto, a adoção de técnicas de preservação que evite que os

alimentos armazenados pela indústria sejam deteriorados por pragas e insetos.

A radiação ionizante é uma técnica necessária ao agronegócio ou agribusiness,

favorecendo as safras brasileiras e, portanto, de grande importância para a economia nacional

e, dessa forma, importantes na forma de atuação no mercado interno e no mercado externo,

resultando em implementações estratégicas que permitam a ampliação quali-quantitativa da

produção tanto para o consumo interno quanto para a exportação da produção agrícola

brasileira (BATALHA, 2005).

Tem-se, assim, que a irradiação “visa impedir a multiplicação de microrganismos que

causam a deterioração do alimento, tais como bactérias e fungos, através da alteração da

estrutura molecular dos mesmos, além de inibir a maturação de algumas frutas e legumes”

(USP-CENA, 2005 apud VICENTE, SALDANHA, 2012, p. 51).

É, portanto, uma técnica de segurança alimentar que permite a aplicação da tecnologia

para a manutenção da qualidade dos alimentos, aumentando, inclusive, seu tempo de

permanência nas prateleiras dos supermercados sem que estrague, também evitando a perda

da produção pela indústria agrícola e, ainda, evitando o aumento dos custos com a saúde

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pública na medida em que previne doenças associadas à ingestão de alimentos contaminados

por microorganismos patogênicos (Salmonella, Escherichia coli patogênica; Clostridium

perfringens; toxinas do Staphylococcus aureus e Bacilluscereus) (MODANEZ, 2011).

Expõe Modanez (2011) que a radiação ionizante vem sendo testado na esterilização de

alimentos desde o início do século XX, com sua regulamentação nos Estados Unidos da

América pelo Foodand Drug Administration (FDA), órgão correspondente à Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), desde 1963; sendo que a partir de 1997 a World

Health Organization (WHO), depois de estudos comprovarem que a técnica da radiação

ionizante não é nociva à saúde, autorizou a utilização da técnica para todo tipo de alimento e,

desse modo, cerca de 60 países já possuem legislação regulamentando a técnica em mais de

100 tipos de alimentos.

No Brasil, a legislação existe desde o Decreto-Lei nº 986, de 21 de outubro de 1969,

que institui normas básicas sobre alimentos, definindo o que é o alimento irradiado, conforme

seu artigo 2º, VII:

VII - Alimento irradiado: todo alimento que tenha sido intencionalmente submetido

à ação de radiações ionizantes, com a finalidade de preservá-lo ou para outros fins

lícitos, obedecidas as normas que vierem a ser elaboradas pelo órgão competente do

Ministério da Saúde;

Por sua vez, o Decreto no 73.718, de 29 de agosto de 1973, estabeleceu as normas

gerais sobre irradiação de alimentos, determinando o art. 3º que “poderão ser utilizadas nos

alimentos as irradiações ionizantes, em geral, cuja energia seja inferior ao limiar das reações

nucleares que poderiam induzir radioatividade no material irradiado”, determinando que a

irradiação de alimentos somente possa ser realizada “por estabelecimentos devidamente

licenciados pela autoridade competente e após autorização da Comissão Nacional de Energia

Nuclear” (art. 4º), desde que comprovada sua não alteração nutritiva e que, quando expostos à

venda ou entregues ao consumo tragam na embalagem a identificação do processo (art. 8º).

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Evolutivamente, a Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos (DINAL)

emitiu a Portaria Dinalno 9, de 8 de março de 1985, apresenta as normas gerais para a

irradiação de alimentos no Brasil, ainda determinando que a “dose média global absorvida por

um alimento submetido a um processo de irradiação não excederá 10 kGy1·, com a finalidade

de assegurar a inocuidade do alimento irradiado, sob os pontos de vista toxicológico,

nutricional e microbiológico”. Determina, também, a relação de alimentos cuja irradiação é

autorizada, dentre os quais se incluem o arroz, a batata, cebola, feijão, milho e trigo; algumas

especiarias e a pimenta do reino; frutas como o mamão e o morango; peixe e produtos do

peixe; e aves, todos com a aplicação de radiação ionizante por meio de Raios Gama de 60

Co e

137Cs.

A Portaria nº 30, de 25 de setembro de 1989, da DINAL, estende o uso da tecnologia

da radiação de alimentos para frutos como o abacate, o abacaxi, banana, caqui, goiaba,

laranja, limão, manga, melão e tomate, a partir da aplicação de Raios Gama de 60

Co ou 137

Cs

ou raios de elétron com a energia de radiação até 10 MeV.

Observa-se, nesse sentido, que existem três tipos de energia ionizante: (1) os raios

gama, cuja fonte mais comum é o radioisótopo Cobalto 60, que penetra no alimento,

resultando em pequenas e inofensivas mudanças moleculares, tal como ocorrem no ato de

cozinhar, enlatar ou congelar, não deixando resíduos e, assim, podendo ser consumidos

imediatamente após a aplicação da técnica; (2) os raios X; e (3) os feixes de elétrons

Estabelece que as fontes de radiação autorizadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear

para o processo e técnica da radiação ionizante são: os Isótopos radioativos emissores de

radiação gama: Cobalto-60 e Césio-137; b) Raios X gerados por máquinas que trabalham com

energias até 5 MeV; e c) Elétrons gerados por máquinas que trabalham com energias de até 10

1 Unidade conhecida como “Gray”, Gy ou “rad”. Um Gray equivale a um Joule de energia por quilograma de

alimento irradiado. 1 GY = 100 rads.

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MeV, devendo-se observar a quantidade mínima suficiente para a finalidade pretendida, ou

seja, a irradiação ionizante não deve comprometer as propriedades funcionais e/ou os

atributos sensoriais dos alimentos.

Resolução ANVISA n.21, de 26 de janeiro de 2001 (DOU de 29 de janeiro

de 2001 considera a atualização e o avanço dos estudos sobre a irradiação de

alimentos para a aprovação de um regulamento técnico (art. 1).

Estabelecendo normas para as instalações e controle do processo de

irradiação de alimentos que, segundo a resolução, não substitui as boas

práticas de fabricação ou boas práticas agrícolas.

Considerando-se o objetivo de destacar a importância do uso da radiação ionizante

para a conservação de alimentos, o estudo ressaltará que a irradiação de alimentos, conforme

a Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001, é um processo físico de tratamento que

submeto o alimento, “já embalado ou a granel, a doses controladas de radiação ionizante, com

finalidades sanitária, fitossanitária e/ou tecnológica”.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Destacar a importância do uso da radiação ionizante para a conservação de alimentos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar a legislação brasileira pertinente à radiação ionizante como forma de

conservação de alimentos;

Pesquisar os alimentos autorizados pela ANVISA para o recebimento da tecnologia da

radiação ionizante;

Observar as diferenças entre produtos que recebem a radiação ionizante e aqueles que

não são processados por essa tecnologia.

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3 REVISÃO TEÓRICA

3.1 A ALIMENTAÇÃO HUMANA

Historicamente, em relação à alimentação, no início da civilização o homem se

alimentava basicamente de plantas. No entanto, ao longo do tempo, vem se afastando, cada

vez mais dos hábitos alimentares de seus ancestrais, já que nos últimos decênios, com o

desenvolvimento industrial e consequente migração das populações rurais para os centros

urbanos, a alimentação básica humana sofreu profundamente modificações: aumento do

consumo de alimentos processados e óleos refinados, em detrimento dos alimentos naturais

não processados; aumento do consumo de carboidratos e de sacarose, sob a forma de açúcar

refinado; diminuição do consumo de fibras e aumento do consumo de alimentos de origem

animal, em substituição àqueles de origem vegetal (VASCONCELOS, 2005).

Ainda assim, o homem teve de continuar a se alimentar de produtos naturais, não

processados, visando suprir suas necessidades de vitaminas que, segundo Vasconcelos (2005)

são substâncias orgânicas (o que as diferencia dos elementos como o ferro, o iodo, o

magnésio, etc.) que não podem ser elaborados pelo organismo, sendo, portanto, necessário

obtê-los através dos alimentos, além do que são extremamente frágeis, isto é, podem ser

destruídas facilmente pelo calor, pelos ácidos, pelos álcalis, pela luz e pela presença de certos

metais. (Avaliação nutricional de coletividades. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005).

Dessa forma, a alimentação, assim como todas as outras necessidades do organismo

humano, tem regras e leis que devem ser obedecidas, segundo o autor referenciado, para quem

não se pode determinar a alimentação somente pelo gosto e prazer que os alimentos

proporcionam. Deve-se saber se os alimentos são adequados e saudáveis, se vão contribuir

para o bom funcionamento, boa defesa e resistência do organismo, ou seja, para a saúde do

organismo como um todo (EVANGELISTA, 2004).

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3.2 A RADIAÇÃO IONIZANTE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil, a legislação existe desde o Decreto-Lei nº 986, de 21 de outubro de 1969,

que institui normas básicas sobre alimentos, definindo o que é o alimento irradiado, conforme

seu artigo 2º, VII:

VII - Alimento irradiado: todo alimento que tenha sido intencionalmente submetido

à ação de radiações ionizantes, com a finalidade de preservá-lo ou para outros fins

lícitos, obedecidas as normas que vierem a ser elaboradas pelo órgão competente do

Ministério da Saúde.

Por sua vez, o Decreto no 73.718, de 29 de agosto de 1973, estabeleceu as normas

gerais sobre irradiação de alimentos, determinando o art. 3º que “poderão ser utilizadas nos

alimentos as irradiações ionizantes, em geral, cuja energia seja inferior ao limiar das reações

nucleares que poderiam induzir radioatividade no material irradiado”, determinando que a

irradiação de alimentos somente possa ser realizada “por estabelecimentos devidamente

licenciados pela autoridade competente e após autorização da Comissão Nacional de Energia

Nuclear” (art. 4º), desde que comprovada sua não alteração nutritiva e que, quando expostos à

venda ou entregues ao consumo tragam na embalagem a identificação do processo (art. 8º).

Evolutivamente, a Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos (DINAL)

emitiu a Portaria Dinalno 9, de 8 de março de 1985, apresenta as normas gerais para a

irradiação de alimentos no Brasil, ainda determinando que a “dose média global absorvida por

um alimento submetido a um processo de irradiação não excederá 10 kGy2·, com a finalidade

de assegurar a inocuidade do alimento irradiado, sob os pontos de vista toxicológico,

nutricional e microbiológico”. Determina, também, a relação de alimentos cuja irradiação é

autorizada, dentre os quais se incluem o arroz, a batata, cebola, feijão, milho e trigo; algumas

especiarias e a pimenta do reino; frutas como o mamão e o morango; peixe e produtos do

2 Unidade conhecida como “Gray”, Gy ou “rad”. Um Gray equivale a um Joule de energia por quilograma de

alimento irradiado. 1 GY = 100 rads.

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peixe; e aves, todos com a aplicação de radiação ionizante por meio de Raios Gama de 60

Co e

137Cs.

A Portaria nº 30, de 25 de setembro de 1989, da DINAL, estende o uso da tecnologia

da radiação de alimentos para frutos como o abacate, o abacaxi, banana, caqui, goiaba,

laranja, limão, manga, melão e tomate, a partir da aplicação de Raios Gama de 60

Co ou 137

Cs

ou raios de elétron com a energia de radiação até 10 MeV.

Observa-se, nesse sentido, que existem três tipos de energia ionizante: (1) os raios

gama, cuja fonte mais comum é o radioisótopo Cobalto 60, que penetra no alimento,

resultando em pequenas e inofensivas mudanças moleculares, tal como ocorrem no ato de

cozinhar, enlatar ou congelar, não deixando resíduos e, assim, podendo ser consumidos

imediatamente após a aplicação da técnica; (2) os raios X; e (3) os feixes de elétrons.

Por fim, a Resolução ANVISA nº 21, de 26 de janeiro de 2001 (DOU de 29 de janeiro

de 2001) considera a atualização e o avanço dos estudos sobre a irradiação de alimentos para

a aprovação de um regulamento técnico (art. 1º), estabelecendo normas para as instalações e

controle do processo de irradiação de alimentos que, segundo a resolução, não substitui as

boas práticas de fabricação ou boas práticas agrícolas.

Estabelece que as fontes de radiação autorizadas pela Comissão Nacional de Energia

Nuclear para o processo e técnica da radiação ionizante são: os Isótopos radioativos emissores

de radiação gama: Cobalto-60 e Césio-137; b) Raios X gerados por máquinas que trabalham

com energias até 5 MeV; e c) Elétrons gerados por máquinas que trabalham com energias de

até 10 MeV, devendo-se observar a quantidade mínima suficiente para a finalidade

pretendida, ou seja, a irradiação ionizante não deve comprometer as propriedades funcionais

e/ou os atributos sensoriais dos alimentos.

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3.2.1 O Papel da Vigilância Sanitária

A Vigilância Sanitária constitui um subsetor específico da Saúde Pública e,

historicamente, as práticas referentes às ações da vigilância sanitária remontam às

preocupações das organizações sociais com o nocivo, noção social e historicamente definida

como fundamento para a imposição de medidas de controle.

As ações da vigilância sanitária visam o controle sanitário do ambiente, dos alimentos,

do exercício da medicina e farmácia e, gradativamente, de numerosos produtos, tecnologias e

serviços – objetos de trocas comerciais – intrinsecamente envolvidos no complexo

saúde/doença/cuidado e qualidade de vida.

Segundo Costa (2005), as ações de Vigilância Sanitária constituem tanto uma ação de

saúde quanto um instrumento da organização econômica da sociedade. Com a intensa

produção e circulação das mercadorias, os riscos à saúde ocorrem em escala ampliada: as

consequências de produtos defeituosos colocados no mercado podem afetar a saúde de

milhões de consumidores, extrapolando as fronteiras de um país; também afetam a

credibilidade nos produtos e nas instituições públicas encarregadas do controle sanitário,

provocando enormes prejuízos econômicos. Nesse sentido, a ação protetora da Vigilância

Sanitária abarca não apenas cidadãos e consumidores, mas também os produtores.

Os serviços de saúde e certas categorias de produtos sob controle sanitário são

indispensáveis à consecução do direito à saúde, pelo qual as ações de Vigilância Sanitária

ultrapassam o âmbito da defesa e proteção da saúde do consumidor, para abarcar a população

como um todo, bem como as questões relativas à preservação do meio ambiente, já que

influenciam, diretamente, no direito à saúde e ao meio ambiente equilibrado, conforme institui

a Constituição Federal, em seu art. 225, segundo Costa (2005).

As ações de Vigilância Sanitária abrangem cada vez mais categorias de objetos de

cuidado, partilhando competências com órgãos e instituições a partir de contatos entre a

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atividade administrativa e a educacional, dessa forma podendo contribuir para a preservação

do meio ambiente.

No Brasil existem as seguintes funções de Vigilância Sanitária:

- Normatização e controle de bens, da produção, armazenamento, guarda, circulação,

transporte, comercialização e consumo de substâncias e produtos de interesse da saúde, suas

matérias-primas, coadjuvantes de tecnologias, processos e equipamentos;

- Normatização e controle de tecnologias médicas, procedimentos e equipamentos e

aspectos da pesquisa em saúde;

- Normatização e controle de serviços direta ou indiretamente relacionados com a

saúde, prestados pelo Estado e modalidades do setor privado;

- Normatização e controle específico de portos, aeroportos e fronteiras, abrangendo

veículos, cargas e pessoas;

- Normatização e controle de aspectos do ambiente, ambiente e processos de trabalho,

e saúde do trabalhador. Nos artigos 196 e 200 da Constituição Federal, a Vigilância Sanitária

é definida como obrigação do Estado, não pairando dúvidas sobre a posição que desfruta o

conjunto de ações desse campo como componente do conceito atual de saúde.

O Código de Defesa do Consumidor tem, no conceito de vulnerabilidade do

consumidor no mercado de consumo, o cerne dos princípios que dão sustentação aos direitos

do consumidor de onde emana o fundamento da regulação das relações produção-consumo

para assegurar proteção ao elo mais frágil e vulnerável da cadeia.

O Código do Consumidor reforça a legislação de Vigilância Sanitária, reafirmando a

responsabilidade do produtor pela qualidade dos produtos e serviços ofertados no mercado de

consumo, como também a responsabilidade institucional da Vigilância Sanitária em

desenvolver atividades de informação ao consumidor e de controle da informação e

publicidade no mercado de consumo, ressaltando-se que em respeito ao direito do

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consumidor, os alimentos irradiados devem ser identificados com um símbolo específico

internacionalmente utilizado (Figura 1).

FIGURA 1 - Selo utilizado em alimentos irradiados

FONTE: Calçada et al (2010, p. 27).

3.3 A RADIAÇÃO IONIZANTE NA CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS

Vicente e Saldanha (2012) explicam que no processo da radiação ionizante em

alimentos ocorre a eliminação microbiana e, mediante isso, o aumento da vida útil do

alimento, pois impede a multiplicação dos microorganismos (fungos e bactérias) causadores

de sua deterioração, por meio da alteração da estrutura molecular dos mesmos, também

auxiliando a inibição da maturação das frutas.

Dentre as principais fontes de radiação utilizada para a irradiação de alimentos tem-se

a Radiação Gama Isótopo 60

Co (Cobalto 60), a partir da técnica de bombeamento com

nêutrons de metal e um reator nuclear (Figura 2), ressaltando Vicente e Saldanha (2012) que o

Cobalto 60 possui benefícios em relação à sua disponibilidade, custos, possui forma metálica

e é insolúvel em água, possibilitando, dessa forma, maior segurança ambiental.

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FIGURA 2- Irradiador Gama para o Processamento de Alimentos

FONTE: Calçada et al (2010, p. 27).

A Radiação Gama é constituída de radiações eletromagnéticas resultantes do

decaimento de certos radioisótopos, tais como o 60

Co (Cobalto 60) ou o 137

Ce (Césio 137),

conforme explicam Vicente e Saldanha (2012).

Outra fonte citada pelos autores é a partir dos Aceleradores de Elétrons, isto é,

equipamentos que produzem feixes de elétrons de alta energia e que produzem milhões de

Gray (Gy) em frações de segundos. Os Raios X, por sua vez, possuem radiação

eletromagnética de energias apropriadas.

3.3.1 Principais Tipos de Radiação Ionizante para Alimentos

Calçada et al (2010) citam os seguintes tipos de radiação ionizante para alimentos:

a- Radapertização: também conhecida como esterilização, é o tratamento do alimento

com radiação ionizante suficiente para prevenir a decomposição e a toxidez de origem

microbiana, cujas doses se situam entre 25 a 45 kGy em uma técnica que é normalmente

empregada para produtos cárneos (Figura 3). Segundo os autores, nesse caso, os produtos

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“não têm prazo de validade, mesmo em temperatura ambiente, desde que a embalagem seja

mantida intacta” (CALÇADA et al, 2010, p. 5).

FIGURA 3 - Filetes de frango e peito de peru ionizado, produzido pela NASA, sem prazo de validade.

FONTE: Calçada et al (2010, p. 5).

b- Radiciação: é o tratamento do alimento com dose de energia ionizante suficiente

para a redução de bactérias patogênicas viáveis e não produtoras de esporos, também

inativando os parasitas presentes nos alimentos. As doses empregadas nessa técnica estão

entre 2 e 8 kGy e são geralmente aplicadas na pasteurização de sucos, carnes frescas, massas

frescas etc. (Figura 4).

FIGURA 4 – Radiciação em Massa de Pizza

FONTE: Calçada et al (2010, p. 5).

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c- Radurização: é utilizado para a redução de microorganismos deterioradores viáveis

e em associação a outros métodos, tais como a refrigeração. As doses aplicadas estão entre 0,4

a 2,5 kGy, podendo ser utilizada para prevenir brotamentos em bulbos e tubérculos e também

para retardar o tempo de maturação e a deterioração de frutas e hortaliças, além de controlar

sua infestação por insetos e ácaros (Figura 5).

FIGURA 5 – Frutas Irradiadas e Não Irradiadas

FONTE: Calçada et al (2010, p. 5).

Calçada et al (2010) apresenta uma tabela comparativa do efeito da radiação ionizante

no prolongamento da vida útil de alguns alimentos (Tabela1).

Tabela 1. Tabela comparativa do efeito da radiação ionizante no prolongamento da vida útil de alguns

alimentos. FONTE: Calçada et al (2010, p. 8).

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Ressalta-se que, comparativamente, o tempo de vida útil dos alimentos irradiados é

muito maior em relação aos alimentos não irradiados, pois permite maior tempo de

conservação, mantendo suas propriedades, haja vista que a quantidade de energia utilizada no

processo de aquecimento não conduz a radioatividade para os alimentos, que também não

entram em contato físico direto com a radiação, e ainda reduz as perdas por maturação e

envelhecimento do produto, dessa forma aumentando-lhe o tempo de conservação e mantendo

a qualidade, sem alteração de sabor, aparência e aroma do alimento para o consumo.

Portanto, dentre outros benefícios, a irradiação de alimentos possui, ainda, a vantagem

de destruir bactérias prejudiciais à saúde humana (a exemplo das salmonelas, que contamina o

frango; e a Escherichia coli, que contamina a carne), além de também destruir

microorganismos causadores de intoxicação alimentar e, segundo Aderaldo (2008), é uma

técnica segura de proteção e conservação dos alimentos.

Alves (2011) apresenta os efeitos da radiação ionizante em alguns tipos de alimentos,

observando-se que também estão incluídas as especiarias e grãos, relacionando as respectivas

doses em kGy conforme o tipo de alimento e os efeitos benéficos da irradiação (Tabela 2).

TIPO DE ALIMENTO DOSE EM KGY EFEITO

CARNE, FRANDO, PEIXE,

MARISCO, ALGUNS

VEGETAIS, ALIMENTOS

PREPARADOS.

20 – 70 Esterilização. Os produtos tratados podem

ser armazenados à temperatura ambiente.

ESPECIARIAS E OUTRAS

FRUTAS

8-30 Reduz o número de microorganismos e

destrói insetos: substitui produtos químicos.

CARNE, FRANGO, PEIXE. 1 – 10 Retarda a deterioração, mata alguns tipos de

bactérias patogênicas (Salmonela).

MORANGOS E OUTRAS

FRUTAS

1 – 4 Aumenta o tempo de prateleira, retarda o

aparecimento de mofo.

GRÃOS, FRUTAS E

VEGETAIS.

0,1 – 1 Mata insetos ou evita sua reprodução. Pode

substituir parcialmente os fumigantes.

BANANA, ABACATE,

MANGA, MAMÃO E OUTRAS

FRUTAS NÃO CÍTRICAS.

0,25 – 0,35 Retarda a maturação.

CARNE DE PORCO 0,08 – 0,15 Inativa a Trinchinela.

BATATA, CEBOLA, ALHO. 0,05 – 0,15 Inibe o brotamento.

Tabela 2. Efeitos da Radiação Ionizante em Alguns Alimentos. FONTE: Alves (2011, p. 2).

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No Brasil, dentre os alimentos que podem passar pelo processo de irradiação, de

acordo com a legislação autorizada pela ANVISA têm-se, conforme tabela abaixo, os

produtos autorizados, relacionados aos objetivos e as doses máximas permitidas em kGy

(Tabela 3).

Tabela 3 - Doses Máximas Permitidas em kGy no Brasil. FONTE: Alves (2011, p. 3).

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4 METODOLOGIA

Segundo Alves (2003, p.52) “a metodologia, trata-se do momento em que o

pesquisador especifica o método que irá adotar para alcançar seus objetivos, optando por um

tipo de pesquisa”.

No caso deste estudo, a pesquisa é do tipo revisão bibliográfica, de acordo com

Oliveira (2000, p. 58), toda pesquisa científica requer a utilização de um método de

investigação. Método, segundo o autor, “é uma forma de pensar para se chegar à natureza de

um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo”.

Para a concretização do estudo da temática sobre a importância do uso da radiação

ionizante para a conservação de alimentos foi utilizada, como técnica de trabalho, a pesquisa

exploratória, utilizando fontes secundárias e primárias. Andrade (2002) enumera quatro

finalidades substanciais para a pesquisa exploratória: a) acumular maiores informações a

respeito do assunto a ser investigado; b) facilitar a delimitação do tema da pesquisa; c)

orientar a fixação dos objetivos; e d) descobrir enfoques dados ao assunto.

Quanto aos procedimentos técnicos, foi adotada a pesquisa bibliográfica e documental.

De acordo com o conceito de Alves (2003, p.53) pesquisa bibliográfica é “aquela

desenvolvida exclusivamente a partir de fontes já elaboradas – livros, artigos científicos,

publicações periódicas, as chamadas fontes de papel”, tendo como vantagem cobrir uma

ampla gama de fenômenos que o pesquisador não poderia contemplar diretamente. No

entanto, deve-se ter o cuidado de, ao escolher tais fontes, certificar-se de que sejam seguras.

Conforme destacam Lakatos e Marconi (2001), a pesquisa bibliográfica abrange toda a

bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo. Sua finalidade é colocar o

pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado

assunto. São consideradas como principais tipos de fontes a imprensa escrita, em forma de

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jornais e revistas; as publicações em livros, publicações avulsas; assim como os meios

eletrônicos.

Por sua vez, a pesquisa documental, segundo Lüdke (2006, p. 38), “pode se constituir

numa técnica valiosa de abordagem de dados relativos à temática estudada”, seja

complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos

de um tema ou problema.

O estudo de material coletado deu origem ao desenvolvimento teórico, que constituiu

uma visão detalhada da temática estudada e, nesse sentido, foram selecionados artigos, tanto

de língua estrangeira quanto os nacionais, seguindo alguns critérios de seleção como: abordar

o uso da radiação ionizante para a conservação de alimentos; o histórico do uso desse tipo de

radiação, suas características, a legislação brasileira, especificamente a Resolução ANVISA

nº 21, de 26 de janeiro de 2001 (DOU de 29 de janeiro de 2001); a Portaria no 30, de 25 de

setembro de 1989 (Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos); a Portaria Dinal

no 9, de 8 de março de 1985 (Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos); o

Decreto no 73.718, de 29 de agosto de 1973, que estabelece normas gerais sobre irradiação de

alimentos; e o Decreto-Lei nº 986, de 21 de outubro de 1969, que institui normas básicas

sobre alimentos (e define alimento irradiado).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa teórica realizada para o entendimento da radiação ionizante, seus efeitos e

benefícios para a conservação de alimentos indica que a irradiação é uma técnica que aumenta

o período de conservação dos alimentos e que possibilita o retardo da maturação de frutas e

legumes, também reduzindo a infecção por bactérias, fungos e outras pragas, aumentando sua

vida útil e melhora a qualidade dos alimentos tanto para a indústria alimentícia e

supermercadista quanto para o consumidor.

A pesquisa também esclareceu que a técnica da radiação ionizante ou irradiação de

alimentos não utiliza a mesma dose para todo e qualquer tipo de alimento, já que possui

procedimentos individualizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

por meio de legislação vigente, especificando quais alimentos podem ser processados pela

irradiação e as doses máximas de kGy, bem como os tipos de radiação ionizante aplicada ao

tipo específico de alimento. (Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 Jan. 1999).

Considera-se o importante papel da Vigilância Sanitária cujas ações constituem tanto

uma ação de saúde quanto um instrumento da organização econômica da sociedade. Com a

intensa produção e circulação das mercadorias, os riscos à saúde ocorrem em escala ampliada:

as consequências de produtos defeituosos colocados no mercado podem afetar a saúde de

milhões de consumidores, extrapolando as fronteiras de um país, bem como podem afetar a

credibilidade dos produtos e das instituições públicas encarregadas do controle sanitário,

provocando enormes prejuízos econômicos. Nesse sentido, a ação protetora da Vigilância

Sanitária abarca não apenas cidadãos e consumidores, mas também os produtores.

Ressalta-se, também, que o Código do Consumidor reforça a legislação de Vigilância

Sanitária, reafirmando a responsabilidade do produtor pela qualidade dos produtos e serviços

ofertados no mercado de consumo, como também a responsabilidade institucional da

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Vigilância Sanitária em desenvolver atividades de informação ao consumidor e de controle da

informação e publicidade no mercado de consumo.

Assim é que existem três tipos de radiação ionizante: a Radapetização (para carnes); a

Radiciação (para sucos e massas frescas) e aRadurização (para bulbos e tubérculos e para

frutas e hortaliças), nesse sentido salientando-se que nosetor de fruticultura, o Brasil apresenta

excelentes condições para se tornar um dos maiores polos produtivos de frutas tropicais para o

mercado mundial, acreditando-se que a técnica da radiação ionizante, em vista do crescente

aumento do consumo mundial de frutas frescas e processada pode beneficiar de forma

especial o Brasil, aproveitando os novos valores que imperam nos países desenvolvidos, que

são a conservação ambiental e a qualidade de vida (obtida, entre outras condições, pela

melhoria na qualidade da alimentação).

De completo desconhecimento da população em geral, esse processo, após este estudo,

conduz à compreensão e a percepção das mudanças havidas na qualidade e aparência,

principalmente de frutas e legumes expostos nos grandes supermercados, em comparação aos

mesmos produtos vendidos em feiras livres e pequenos comerciantes, não havendo nenhum

tipo de campanha informativa para que o consumidor tenha conhecimento de que os alimentos

autorizados a passarem por tal processo são beneficiados para possibilitarem maior qualidade

no consumo, evitando doenças por contaminação alimentar, bem como beneficiando a

indústria alimentícia, supermercados e consumidores que, a partir do processo da radiação

ionizante, podem aumentar, desde que adequado, o tempo de armazenamento sem que o

alimento estrague.

Ao contrário, torna-o mais seguro para o consumidor, não existindo, conforme alegam

alguns críticos, perdas significativas de nutrientes dos alimentos irradiados, havendo tão

somente alguns efeitos químicos e biológicos (Tabela 4) que não são suficientes para que a

radioatividade atinja o alimento.

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Efeito Resultados

Frutos

Benéfico Maturação atrasada Bananas, mangas, papaia.

Deterioração controlada Tomates, morangos, figos.

Não benéfico Pouca tolerância Peras, abacates, limões,

laranjas, maçãs, melões.

Amadurecimento acelerado Pêssegos, nectarinas

Tabela 4 – Alguns efeitos da Radiação Ionizante. FONTE: Calçada et al (2010, p. 16).

No entanto, deixa-se claro que a técnica da radiação ionizante ou irradiação não pode

ser aplicada a qualquer tipo de alimente, dependendo, pois, do objetivo de conservação ou

maturação, pelo que se adéqua a intensidade da radiação e, dessa forma, a técnica e a

intensidade são diferentes para carnes processadas, carnes frescas, sucos, frutas, legumes e

hortaliças, importando salientar que a irradiação não compromete o alimento, ou seja, não

torna o alimento radioativo, beneficiando-o com a eliminação de microorganismos

patogênicos causadores de doenças (Tabela 5), esterilizando-os e desinfetando-os.

Tabela 5 – Efeitos da Radiação Ionizante sobre Parasitas. FONTE: Calçada et al (2010, p. 11).

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Dessa forma, a radiação ionizante, em alguns casos, aumenta em seis vezes o tempo de

vida útil de alimentos como a batata, que normalmente possui vida útil de 1 mês, com a

irradiação chega há durar 6 meses; mesmo tempo de duração da cebola (que normalmente

duraria 2 meses), entre outros alimentos beneficiados.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os resultados obtidos na pesquisa bibliográfica, considera-se o cumprimento

dos objetivos atribuídos à pesquisa, no sentido de destacar a importância do uso da radiação

ionizante para a conservação de alimentos; observa-se, que a pesquisa e discussão sobre a

radiação ionizante indicam que os alimentos irradiados são alimentos que mantém o sabor e

consistência por vários dias em temperatura ambiente, beneficiando principalmente os

consumidores, entendendo-se que tal técnica é parte do desenvolvimento tecnológico e

aplicações técnicas a partir de estudos científicos que, certamente, em um futuro próximo

abrangerá grande diversidade de alimentos conservados pela técnica da radiação ionizante,

Este estudo também identificou a legislação brasileira pertinente à radiação ionizante

como forma de conservação de alimentos, dessa forma apontando os alimentos autorizados

pela ANVISA para o recebimento da tecnologia da radiação ionizante, o que ensejou o

cumprimento dos objetivos específicos deste estudo, conclui-se, que o setor produtivo

brasileiro, aí se considerando não só o setor de produção de frutos, mas também de grãos,

carnes e outros, possui imenso potencial produtivo e de exportação, que vem sendo

beneficiado pela técnica da radiação ionizante, pois os alimentos irradiados possuem maior

tempo de conservação, sem prejuízo de sua qualidade, aparência e sabor, possibilitando o

fechamento de grandes negócios com outros países, em vista do maior tempo de durabilidade

desses produtos e a possibilidade de maior tempo de armazenamento, diferentemente do que

ocorre com produtos que não são processados por essa tecnologia.

No entanto, observou-se o desconhecimento do consumidor em relação aos produtos

irradiados, sugerindo-se à indústria de alimentos, em parceria com as grandes redes de

supermercados, a implantação de campanha informativa destinada a esclarecer e informar os

consumidores dos benefícios, para os alimentos e saúde humana, dos alimentos irradiados;

igualmente não deverá ser deixada de lado a venda de uma imagem de confiabilidade, em que

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as ações promocionais devem ter como alvo tanto os clientes e compradores em potencial,

como o consumidor final, estreitando o relacionamento com os agentes de mercado

internacionais, levando ao consumidor (nacional e do exterior) as informações corretas da

fruticultura brasileira e de seus outros produtos beneficiados com a técnica da radiação

ionizante.

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