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EXPLICAR O MUNDO, EXPLICANDO-SE... NARRATIVAS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADETDAH E SEUS (RE) POSICIONAMENTOS SUBJETIVOS FRENTE A SI MESMA, A FAMÍLIA E A ESCOLA Suzana Maria Capelo Borges Universidade Estadual do Ceará RESUMO O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em três cidades do Baixo Jaguaribe: Limoeiro do Norte, Morada Nova e Tabuleiro do Norte, Ceará, a partir das narrativas, de três meninos e uma menina diagnosticados com TDAH, com idades entre 9 e 11 anos. Buscou-se compreender, ouvindo suas vozes, como percebiam a si mesmas, suas famílias e suas escolas e como eram vistas na comunidade escolar e no seio das famílias. O TDAH pressupõe problemas cognitivos, embora não seja uma dificuldade de aprendizagem. Interfere no comportamento e na interação social dos indivíduos e seus principais sintomas são a hiperatividade/ impulsividade e a falta de atenção e concentração. Tendo como objetivos investigar os significados construídos pelas crianças acerca de si, de suas famílias e suas escolas através de entrevistas narrativas; compreender a criança que apresentam de TDAH como sujeito singular que age e sofre influências ambientais e históricas; analisar através de entrevistas narrativas, as percepções infantis sobre si, suas famílias e as escolas através de suas falas, vivências e experiências subjetivas; conhecer o papel da escola na formação e na forma dos professores interagirem com essas crianças; destacar semelhanças e diferenças nos significados das (re) construções subjetivas das crianças, segundo níveis de escolaridade, faixa etária, gênero, condição social e cultural. Os resultados mostraram que as crianças tem uma percepção real acerca do que são e do que são os outros. Avaliam suas possibilidades e querem ter voz ativa em suas vidas. Gostam das famílias como são, embora apresentem incompreensões. Percebem que suas escolas são boas, mas não atendem às suas necessidades. Gostam das professoras, dos colegas e apresentam aspectos que precisam mudar para tornarem-se melhores. Ao dar-lhes voz, elas refletem e avaliam-se e também analisam famílias, escolas e sociedade. Palavras-chave: Crianças com TDAH. Narrativa infantil. Famílias. Escola. Introdução A investigação narrativa, tem se constituído fonte profícua e fértil de conhecimento por utilizar a fala do sujeito como foco de investigação. Diferentes estudos (MACEDO e SPERB, 2007; RABELO, 2011; NELSON, 2011) nas ciências humanas, destacam a forma como as estórias, sejam elas escritas ou através da oralidade, constituem uma possibilidade de compreender a natureza e as condições de vida humana, tanto no contexto individual quanto no social. A compreensão de que é possível conhecer melhor as situações, histórias e acontecimentos da existência humana através das narrativas pode Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade EdUECE - Livro 3 02174

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EXPLICAR O MUNDO, EXPLICANDO-SE... NARRATIVAS DE CRIANÇAS

COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE–

TDAH E SEUS (RE) POSICIONAMENTOS SUBJETIVOS FRENTE A SI

MESMA, A FAMÍLIA E A ESCOLA

Suzana Maria Capelo Borges – Universidade Estadual do Ceará

RESUMO

O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em três cidades do Baixo

Jaguaribe: Limoeiro do Norte, Morada Nova e Tabuleiro do Norte, Ceará, a partir das

narrativas, de três meninos e uma menina diagnosticados com TDAH, com idades entre

9 e 11 anos. Buscou-se compreender, ouvindo suas vozes, como percebiam a si mesmas,

suas famílias e suas escolas e como eram vistas na comunidade escolar e no seio das

famílias. O TDAH pressupõe problemas cognitivos, embora não seja uma dificuldade de

aprendizagem. Interfere no comportamento e na interação social dos indivíduos e seus

principais sintomas são a hiperatividade/ impulsividade e a falta de atenção e

concentração. Tendo como objetivos investigar os significados construídos pelas crianças

acerca de si, de suas famílias e suas escolas através de entrevistas narrativas; compreender

a criança que apresentam de TDAH como sujeito singular que age e sofre influências

ambientais e históricas; analisar através de entrevistas narrativas, as percepções infantis

sobre si, suas famílias e as escolas através de suas falas, vivências e experiências

subjetivas; conhecer o papel da escola na formação e na forma dos professores

interagirem com essas crianças; destacar semelhanças e diferenças nos significados das

(re) construções subjetivas das crianças, segundo níveis de escolaridade, faixa etária,

gênero, condição social e cultural. Os resultados mostraram que as crianças tem uma

percepção real acerca do que são e do que são os outros. Avaliam suas possibilidades e

querem ter voz ativa em suas vidas. Gostam das famílias como são, embora apresentem

incompreensões. Percebem que suas escolas são boas, mas não atendem às suas

necessidades. Gostam das professoras, dos colegas e apresentam aspectos que precisam

mudar para tornarem-se melhores. Ao dar-lhes voz, elas refletem e avaliam-se e também

analisam famílias, escolas e sociedade.

Palavras-chave: Crianças com TDAH. Narrativa infantil. Famílias. Escola.

Introdução

A investigação narrativa, tem se constituído fonte profícua e fértil de

conhecimento por utilizar a fala do sujeito como foco de investigação. Diferentes estudos

(MACEDO e SPERB, 2007; RABELO, 2011; NELSON, 2011) nas ciências humanas,

destacam a forma como as estórias, sejam elas escritas ou através da oralidade, constituem

uma possibilidade de compreender a natureza e as condições de vida humana, tanto no

contexto individual quanto no social. A compreensão de que é possível conhecer melhor

as situações, histórias e acontecimentos da existência humana através das narrativas pode

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favorecer a percepção acerca do que as crianças elaboram sobre si próprias, sobre a escola

enquanto espaço de vivências e socialização compartilhada com colegas e professores,

pois é o local onde permanece por várias horas durante o dia. Tomar a criança como

centro de suas preocupações, vê-la como sujeito de reflexão e direitos, favorece avaliar a

compreensão que ela tem sobre si mesma, suas escolas e famílias, recorrendo às

observações e entrevistas, em suas respectivas escolas.

Tendo por objetivo investigar os significados construídos por essas crianças

acerca de suas famílias e de suas escolas através de entrevistas narrativas e ainda:

compreender a criança que apresenta TDAH como sujeito singular que age e sofre

influências ambientais e históricas; analisar, a partir de entrevistas narrativas, as

percepções infantis acerca da família e da cultura escolar através de suas falas, vivências

e experiências subjetivas e o papel da escola em sua formação enquanto sujeitos; conhecer

as formas dos professores interagirem com essas crianças; destacar semelhanças e

diferenças nos significados das (re) construções subjetivas das crianças, segundo seus

níveis de escolaridade, faixa etária, gênero, condição familiar e cultural. Buscou-se ainda

verificar os comportamentos e desempenho dessas crianças em sala de aula.

Fundamentou esta pesquisa os trabalhos de Brown (2007), Conners (2009) Mattos

(2003) Capelo Borges (2005) estudiosos da temática, que facilitaram compreender e

aprofundar o tema.

Os procedimentos metodológicos incluíram: observação participante e entrevistas

individuais por meio de historias. A observação participante realizada com as 04 crianças,

totalizou 06 horas de sessões de 50 minutos com cada uma. As observações foram

desenvolvidas em sala de aula, em atividades escolares variadas. As entrevistas

individuais foram efetuadas através de uma historinha com um personagem imaginário,

a quem demos o nome de Chico. O mesmo chegava à cidade e queria conhecer as escolas

e as famílias das crianças. As questões exploravam aspectos das atividades escolares, o

que gostavam e o que não gostavam em suas escolas, aspectos das relações familiares,

como se sentiam em casa e na escola, dentre outras, as quais foram respondidas pelas 04

crianças ao destacarem suas formas de viver e compreender a si mesmas e ao mundo.

As crianças, sujeitos da pesquisa foram três meninos e uma menina diagnosticados

com TDAH, com idades entre 9 e 11 anos. Elas foram selecionadas por gestores das

escolas dos 03 municípios: 01 criança em Limoeiro do Norte, 02 em Morada Nova e 01

em Tabuleiro do Norte. Todas as crianças estudavam em escolas públicas de seus

municípios.

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Algumas considerações sobre o TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade é considerado pela medicina

um problema neurobiológico que ocorre no cérebro devido ao mau funcionamento de

neurotransmissores, dentre os quais a dopamina e a norepinefrina, responsáveis pela

regulação das funções executivas do cérebro, relacionadas ao planejamento e a execução

das atividades, à memória de trabalho, inicialização e finalização de tarefas. A atenção

sustentada, a inibição dos impulsos e o controle das emoções se desenvolvem nos

primeiros anos de vida, não obstante, a criança com TDAH apresenta déficit nessas

funções e dificuldades em manter e sustentar a atenção na realização das tarefas

(MOOJEN et al. 2003).

Se considerarmos apenas a visão médica, essas crianças precisam usar medicação

estimulante e que regula a atividade do córtex cerebral, região do cérebro responsável por

essas funções. A prescrição e o uso da medicação dependerão de cada caso e servirão para

facilitar seus processos de atenção, concentração e aprendizagem. Como parece ter

origem genética, pois há sempre alguém da família que apresenta o transtorno, sabe-se

que ocorre devido à interação de fatores de risco ambientais e biológicos. Porém, o

indivíduo que vive em um ambiente familiar desestruturado ou estressante, terá ampliada

a probabilidade de desenvolvimento dos sintomas (CONNERS, 2009).

Há registros sobre as características do TDAH há quase dois séculos. Inicialmente

foi visto como uma impulsividade orgânica, disfunção cerebral mínima, síndrome

hipercinética, distúrbio do déficit de atenção, dentre outras denominações. Na versão do

Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-IV-1995), o termo Transtorno de

Déficit de Atenção/ Hiperatividade, passou a defini-lo até os dias de hoje.

As características aparecem ainda na infância e intensificam-se quando a criança

vai à escola e lhe exigem atenção e concentração. Os principais sintomas são a

desatenção, a hiperatividade e uma impulsividade exageradas, em relação às demais

crianças da mesma idade. A hiperatividade é o sintoma mais comum e lembrado pelos

professores porque as crianças levantam-se das carteiras, são inquietas, correm muito,

não conseguem concentrar-se e manterem-se paradas quando estão sentadas. Geralmente

são vistas como preguiçosas e rápidas no falar e agir. Os professores relatam que elas

metem-se na conversa dos outros, não esperam sua vez de falar e têm dificuldades para

iniciar e terminar suas tarefas. (LOUZÃ-NETO, 2010)

Como o TDAH não é uma dificuldade de aprendizagem, mas tem consequências

sobre ela pela falta de atenção e concentração, interfere na vida escolar das crianças e

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gera baixo rendimento escolar. Essas dificuldades são ampliadas quando as pessoas com

esse transtorno sentem-se inferiores aos outros, pois não conseguem realizar suas

atividades a contento, nem explicar porque não conseguem. Esses sentimentos minam o

interesse em aprender e pode prejudicar o autoconceito e baixar a estima e até gerar

depressão.

O diagnóstico não é um procedimento rápido e deve ser confirmado após alguns

meses de observação por parte dos profissionais, pais e professores e, somente, quando

as Pessoas que apresenta o TDAH, manifestam seis dos nove sintomas de desatenção ou

seis dos nove sintomas de hiperatividade/impulsividade. As características do TDAH são

divididas em três subtipos: o tipo desatento, o tipo hiperativo/impulsivo e o tipo

combinado, com características dos outros dois tipos. Essas complicações envolvem

dificuldades nas diversas funções cognitivas e comprometem também a qualidade de vida

do indivíduo nos aspectos familiar, social e profissional. Pode haver ainda incidência de

transtornos associados: Transtorno Opositor Desafiante, Transtorno de Ansiedade,

Transtorno de Conduta, dentre outros (BROWN, 2009).

Para compreender como a criança se percebe e é (re)conhecida pelos outros, foram

elaboradas questões sobre elas, as escolas, colegas, professoras e famílias, utilizando-se

o personagem imaginário, Chico, que chega à escola e pede que lhe contem o que sabem

sobre a escola, as professoras e como são suas famílias e as relações com seus pais e

irmãos. Suas respostas foram divididas em blocos que serão apresentadas nessa ordem:

as atividades escolares e as professoras; o que gostam da escola e o que não gostam; o

que gostam da família e o que não gostam; como se percebem e percebem suas famílias

e professoras (LAJONQUIÈRE, 2003).

As narrativas das crianças sobre as escolas e suas famílias.

Pretendíamos com essa pesquisa olhar a infância levando em conta a capacidade

da criança de nomear-se, nomear o mundo e narrá-lo. E enquanto constrói significados,

constitui seu próprio discurso e constitui a si mesma e ao mundo, de certa maneira. Ela

é capaz de refletir sobre suas experiências, narrar suas vivências e experiências e

considerar a escola e a família como primeiros espaços de formação e significativas

repercussões ao longo da vida.

As crianças e a escola

Todas as crianças receberam nomes fictícios para não serem identificadas no

decorrer do trabalho. O primeiro bloco de perguntas envolveu as atividades e rotinas

escolares e suas respostas mostraram que dos quatro alunos, apenas um, a quem

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chamaremos Dito, tem uma percepção negativa da escola e quer deixar de estudar porque

prefere trabalhar no campo, ajudar na plantação de feijão do avô e andar com ele, de moto,

pelo cercado.

Em contrapartida, os outros três tem uma visão positiva da escola, gostam de estar

lá e se relacionam bem com as professoras e os colegas.

Inquiridos sobre os objetivos para irem à escola, respondem de maneira clara e

convicta, que vão à escola para aprender, estudar, saber ler e “ficarem inteligentes”. A

escola é também o espaço em que brincam, jogam bola, conversam e é, enfim, um lugar

de muita diversão. Todas as crianças afirmam preferir brincar a estudar, o que não nos

surpreende, porque julgamos que a escola parece sempre incapaz de satisfazer às

necessidades lúdicas dos alunos. Essa compreensão nos instiga a encontrar novas e mais

interessantes formas de trabalhar com a aridez dos conteúdos curriculares, especialmente

com as crianças pequenas.

Para o aluno sair-se bem na escola e ter bom comportamento, era necessário ser

quieto, calado, conversar pouco, fazer favores e ser gentil, segundo Ana, que tem 09 anos

de idade, faz o 4º ano e foi a única menina indicada. Para ela seus colegas são divertidos,

brincalhões e danados, embora ela goste mais das meninas que dos meninos. Ana acha

que as atividades na escola dos adultos são mais difíceis, muito mais que na escola de

crianças. As outras três crianças corroboram essa ideia afirmando que os alunos grandes

mostram indiferença ou batem nos pequenos e na escola dos grandes se estuda e não se

brinca.

O segundo bloco de questões inquiria sobre como se sentiam na escola, o que mais

gostavam e o que não gostavam. Três crianças relatam que fazem as atividades, gostam

de brincar, estudar e conversar com os colegas e consideram as professoras e os colegas

muito legais. Ana afirma gostar de conversar com a professora, mas acha que deveria ser

mais paciente e não brigar com ela quando pede para beber água ou ir ao banheiro. Quer

que sua escola tenha mais carteiras e a sala de aula seja mais bonita, pois está muito feia

e estragada. Isso demonstra o estado deplorável em que algumas escolas municipais se

encontram.

Ana é uma criança com vários problemas, pois além de apresentar TDAH, tem

perda auditiva severa e deficiência intelectual. Não obstante essas dificuldades, a criança

está evoluindo, aprendendo e consegue sair-se bem na escola. Sua professora a vê como

uma aluna com deficiências, que consegue superá-las lentamente, desenvolvendo-se bem,

pois tem boa grafia, relaciona-se bem, não gosta de brigas ou confusões e é educada, bem

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cuidada, e vem à escola todos os dias usando uniforme, limpa e cheirosa. Ana percebe

que em sua família há muito carinho por ela. Sua professora compreende que ela só

consegue superar suas dificuldades porque sua mãe é dedicada e comprometida com o

desenvolvimento escolar da filha, preocupa-se com ela, leva-a as consultas e está sempre

presente na escola. Percebe-se a importância que o apoio dado pela família e a aceitação

da professora, refletem-se em seu desempenho escolar e em seu desenvolvimento.

Ao perguntarmos se gostavam das atividades escolares e o que faziam na escola,

Dito, 10 anos, 3º ano, considerava a escola legal, explicando como eram essas atividades

e rotinas:

É bom na escola... eu brinco... eu chego na sala de aula e a professora conta

uma história... Hoje ela contou uma história de um menino que não sabia

abraçar. Eu vou pra brincar, vou pra jogar bola... e eu estudo às vezes, faço

o dever, a lição de casa, leio livros de historinha, ... Brincar eu brinco, mas

dou trabalho à professora...

Dito, gosta da professora porque passa poucos deveres e argumenta que sente

preguiça de estudar. Ele explica que os colegas batem nele e aí se aborrece, revida e parte

para cima, dando “muita pancada”. Ele julga que os meninos grandes não devem ficar

junto dos pequenos e sim separados para não “tirar brincadeiras” com os pequenos, como

era o seu caso. Por essa razão, acha que deveria haver escolas para pessoas grandes e para

pequenas. Sobre as condições da escola, reivindica uma coberta para a quadra, que é

muito quente, e que haja mais bolas para jogar, pois uma só gera briga e confusão na hora

do recreio. Não gosta também que sua professora brigue com ele porque conversa muito

e porque não o deixa sair para beber água, não o deixa sentar como quer e nem permite

que vá mais cedo para casa. Dito afirma que não quer mais estudar, mas não pode ir contra

a vontade de sua mãe.

A minha mãe não deixa eu parar de estudar e eu quero parar... por que eu

não gosto, porque é ruim... gosto não... porque a gente fica aqui até tarde...

Eles gostam que eu estude... às vezes eu dou trabalho na escola e eles me

orientam a não dar trabalho... e não deixam que eu pare de estudar...

Dito, tem dificuldade de aprendizagem e apresenta dificuldade para concentrar-se

e fazer suas tarefas, o que afeta seu desempenho na escola. Sua professora afirma que ele

não se concentra nas atividades, nas explicações porque fica mexendo com os colegas.

Durante as observações percebemos que ele frequentemente saía da sala se estava

inquieto e valia-se de a sede e da necessidade de tomar água como forma de escapar das

aulas. E como não se concentra, levanta-se e passeia entre as carteiras dos colegas, não

obedece e nem coopera com a professora.

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Dito concorda com seus pais, quando brigam com ele quando chegam reclamações

da escola, pois sabe que dá trabalho à professora. Ele considera sua professora ruim, uma

má professora, argumentando que ela reclama de tudo o que ele faz em sala.

É, ela é ruim! Por que ela fica só brigando com a gente... o cabra não pode

sentar na cadeira... do jeito que a gente quer... que ela fica só reclamando...

quando a gente vai beber água, ela fica reclamando...tudo reclama... Não é

boa professora!

Breno, de 11 anos de idade e que faz o 2º ano, gosta da escola porque é boa, legal

e afirma que vai ao colégio para estudar, brincar e jogar no recreio. É uma boa escola

porque lá aprende a ler e escrever. Entretanto, quer trocar de sala porque um colega lhe

bate e porque tem que voltar no contra-turno, para o reforço escolar. Ele gosta da

professora porque ela lhe dá coisas para brincar e o ajuda a aprender a ler e a escrever.

Ele gosta também de alguns colegas, não de todos, com quem brinca de pega-pega.

Breno tem problemas na aprendizagem por sua falta de atenção, concentração e

interesse, nas atividades de estudo. Durante as observações percebemos que participa

pouco das atividades, não se concentra nas tarefas, levanta-se e circula entre as carteiras

dos colegas, sai da sala e, se volta, não consegue mais prestar atenção à aula. Parece

também não gostar de estar na escola, não ter interesse pelo estudo, pois nem os livros

traz. E ainda está no 2º ano de escolaridade! Parece ser um menino triste, solitário e senta-

se longe dos colegas e, sua professora incentiva isso e argumenta que se ele sentar

próximo aos outros, não há como dar aulas.

Breno parece agressivo e, se alguém faz algo que não gosta, imediatamente agride

o outro, verbal ou fisicamente. Um fato que presenciamos na sala assustou-nos, pois ao

tentar sair da sala e, encontrar a porta fechada, teve um rompante de ira e violência, chutou

o cesto do lixo, jogou a mesinha no chão, rasgou as revistas que havia na sala, jogou-as

sobre os colegas com raiva e ainda chutou o monitor, que tentou impedi-lo de sair da sala.

Dan, tem 9 anos de idade e faz o 1º ano, afirma que vai para a escola para aprender

a ler e estudar, mas gosta mesmo é de se divertir e aprender sobre os animais, porque quer

ser “doutor de bichos”. Durante a conversa refere-se sempre ao personagem Chico, que

lhe foi apresentado no inicio da entrevista:

Eu gosto mesmo é de brincar, de ‘se divertir’, viu Chico! Eu gosto muito é de

aprender sobre as coisas, sobre transito, sobre bicho, sobre pato, sobre

cobra... Eu quero ser doutor... mas um doutor de bichos...

Ele gosta da professora e dos colegas embora não goste da escola. Explica que

gostaria que a sua escola fosse “só de gente pequena porque, escola grande deveria ser

para gente grande e escola pequena para gente pequena” e acredita que “na escola de

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criança se brinca e na de adulto se estuda”. Dan confessa divertido que só tem zero nas

notas e que na escola gosta mesmo é de jogar no computador. Fica feliz quando a mãe lhe

dá moedas para comprar lanche na escola e quer muito que o pai vá a sua sala e fale com

a sua professora. Os pais parecem ser duros com ele e por isso acha a que sua família

poderia ser melhor:

[...] meu pai briga muito comigo, mas com a minha mãe, a gente brinca

muito... de cabra-cega... Mas é boa a minha família...

Durante as atividades em sala de aula Dan não se interessa em fazê-las e prefere

ficar brincando. Se a professora chama a atenção e exige as tarefas, muitas vezes, não

quer e não faz nada. Entretanto, nas observações, percebemos que se a professora

conversa e lhe pede com jeitinho para fazer as tarefas e, se ele vê os colegas fazendo,

também faz as suas. Em alguns momentos ele realmente nada faz, nem se interessa pelas

atividades e brinca, pois não consegue ficar parado. Como tem apenas 9 anos de idade,

precisa do carinho da professora e disputa sua atenção com os outros. Percebemos que

ele era muito afetivo e cativava as pessoas e, vez ou outra, conversava conosco e nos

tratava amorosamente.

As crianças e as famílias

Pedimos que as crianças contassem ao Chico como eram suas famílias. Todas

responderam que eram legais e boas, porque compravam presentes, coisas e porque

passeavam juntos. Disseram que levavam bronca dos pais quando faziam algo errado e

duas afirmaram que apanhavam e eram chamadas à atenção. Um menino revelou que

apanhara de seu padrasto, que brigava e lhe dava tratamento diferenciado dos filhos

legítimos, frutos de outra relação.

Perguntamos como eram as relações familiares e, no geral, as crianças afirmam

que se relacionam bem, à exceção de Dito, que demonstra claramente não gostar de seu

padrasto e não ser bem tratado por ele. Ele explica

Com a minha mãe é bom... mas com meu padrasto não dá certo não... a gente

quer comprar uma coisa e ele só compra para o filho dele. Ele comprou um

laser para o filho dele e não comprou um para mim também. Não gosto do

meu padrasto. Uma vez ele bateu em mim, porque a tinta da casa estava

assim, caindo... e eu tirei um pedaço... aí pegou e caiu a outra metade....

Ana também tem um padrasto, mas afirma que se dá bem com ele e gosta muito

de sua família, especialmente da mãe, embora ela lhe dê boas palmadas quando a

desrespeita. Seu padrasto trata-a bem, como um pai de quem parece gostar. Não admite,

porém, que a mãe brigue com seu pai e explica que o seu pai “verdadeiro” foi embora

porque “sua mãe não gostava mais dele”, mas o seu “outro pai e que mora em sua casa,

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trata-a muito bem e à sua mãe também”. Ana ajuda a mãe nas tarefas caseiras e faz tudo,

enxuga pratos, organiza suas coisas e ajuda a sua mãe na cozinha. Considera sua família

“super legal” e lembra de suas duas irmãs:

[...] tenho duas irmãs... que moram em outra cidade. Não brigo com elas... a

gente se ama. Gosto delas, elas são bonitas...

Dito, em contrapartida, demonstra claramente não estar satisfeito com o

tratamento que recebe do padrasto, que parece ser grosseiro e não ter paciência com o

menino.

Não tem nada pra fazer o cabra... fica em casa só assistindo televisão. Não

gosto de ajudar o meu padrasto, porque ele é todo besta, fica dando carão na

gente direto. Ele chama a minha mãe de doida... Ele briga comigo e eu não

sei por que. A gente tá indo tudo bem, faz tudo direitinho e ele pega e fica

brigando...

Dan afirma que as coisas pioram quando ele dá trabalho na escola, pois aí é que

os pais brigam com ele e afirma

Brigam muito comigo... porque às vezes eu dou trabalho na escola... porque

eu fico sendo ruim... e os meninos ficam tirando brincadeira comigo e eu parto

pra porrada... fico brabo.. Mas eles são é bom... Não dá carão na gente, mas

em vez em quando minha mãe me dá palmada, porque às vezes eu não faço

as coisas que ela manda... O meu comportamento é bom... ruim às vezes. Mas

eu gosto mesmo é de ir lá para o cercado do meu avô... ajudar ele na

plantação de feijão...

Dito, afirma gostar de estar na casa de seu avô, porque lá sente-se livre e pode

ajudá-lo na plantação de feijão, além de fazer o que mais gosta, que é andar na moto do

avô, dentro do cercado. Mas não quer dormir lá, pois sua avó, um dia, bateu-lhe com o

chinelo.

Sobre os irmãos, Dito e Dan responderam que não tinham irmãos. Ana tinha duas

irmãs, gostava delas, mas moravam em outra cidade. Breno afirma que brinca com o

irmão mais velho, pois ele é bom irmão, que o ensina a brincar de pega-pega e deixa que

desenhe em seu caderno carros, motos e bicicletas, mas não gosta quando brigam e ele

lhe bate. Todas as crianças afirmam gostar de suas famílias e adoram as viagens para

Fortaleza ou cidades circunvizinhas e os passeios que fazem juntos, como ir à pracinha

tomar sorvete e brincar no parquinho.

As praças, como espaços sociais, são citadas por todas elas porque são o “coração”

das cidades do interior e os passeios são muito comuns em qualquer uma delas.

Geralmente, é na praça da Matriz, que se realizam a maior parte das festividades

religiosas, atividades políticas ou campanhas sociais. No entorno das praças há sempre

pequenos comércios relacionados ao entretenimento, como lanchonetes, restaurantes,

sorveterias, locadoras de vídeo, etc. Nelas, se instalam parques de diversões, pula-pula,

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piscina de bolas e outros brinquedos nos quais, aos finais de semana, essas crianças iam

se divertir.

Uma de nossas questões esquadrinhava o que gostam e o que menos gostam de

fazer quando estão em casa. Ana gosta muito de assistir filminho e ver novela infantil e

de ajudar a mãe nos trabalhos domésticos. Dito gosta de ver televisão e assistir filmes, só

não gosta de ajudar o padrasto, pois briga com ele. Breno gosta de brincar, subir em

árvores e em cima da casa, mas não gosta de estudar e fazer os deveres de casa. Dan gosta

de ver televisão, jogar no vídeogame e andar de bicicleta no meio da rua. Todos gostam

de ganhar brinquedos e de ganhar dinheiro para comprar o que querem e afirmam não

gostar de presenciar brigas na família.

Observamos que a participação das crianças nas tarefas familiares é bastante

comum, como é o caso de Ana, 9 anos de idade que ajuda a mãe na casa e a enxugar os

pratos. Ela tem, além do TDAH, deficiência auditiva e deficiência intelectual. Breno, 11

anos, ajuda os pais nas tarefas e tem responsabilidades, como ir ao Banco pagar a conta

de energia e desligar o ventilador ao sairem. Dito, 10 anos, não ajuda o padrasto nas

tarefas de casa, mas adora ajudar o avô na lavoura, plantando feijão no roçado.

Considerações finais

O convívio com as crianças, em suas escolas e nas cidades aonde viviam, deram-

nos a visão dos sentimentos e do universo de significados e vivências das quatro crianças,

através de suas narrativas. Permitiu também que elas passassem a ressignificar suas

experiências no momento em que as narravam. Essa percepção tem sérias consequências

na compreensão e (re)posicionamentos da criança que (re)configura em suas narrativas

ela mesma, a escola, a família, seus costumes, sua cultura e permitem que ela (re)construa

sua identidade, porque a noção de quem somos se constrói narrativamente, através da

reflexão e do (re)torno sobre si mesmo (RICOEUR, 1997).

Ao narrarem-se as crianças percebem claramente quando estão certas e também

quando estão erradas e sabem exatamente onde e porque erraram. Essa compreensão

permite que elas se (re)posicionem frente ao que sabem de si mesmas e aos modos como

os outros as veem. Ana, diz ao final da narrativa, que é uma criança feliz! Apesar de todas

as dificuldades que enfrenta.

As professoras pouco sabem sobre as crianças e sobre o TDAH e admitem ter uma

formação que não permite trabalahar adequadamente com suas dificuldades. As escolas,

por sua vez, não tem boa estrutura para oferecerem uma educação de qualidade para todos

os alunos. As crianças não recebem da escola cuidados especiais nem atenção às suas

Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade

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características e as professoras parecem não saber o que fazer com elas e assim, deixam

que fiquem à vontade.

Dar voz a crianças ainda pequenas e usar como instrumento de pesquisa as

narrativas, admite a capacidade de reflexão da criança e do pesquisador, pois ambos, ao

seu modo, podem distanciar-se de si mesmos para dar sentido ao percebido e o vivido e,

assim, podem mudar. Ao narrar suas experiências, também (re) conhecem suas

habilidades, fragilidades e humanidades e refletem sobre suas posturas, as de suas

professoras, de seus pais, seus hábitos familiares, suas (des)motivações, vontades,

preferências e formas de lazer, que para nós, transformaram-se em conhecimento e fonte

de prazer.

A partir dos elementos de sua cultura, a criança narra para si mesmo e para o outro

o que vivencia. Ao construir essas narrativas, situam ou contrastam seus relatos

individuais num amplo espectro cultural, ao organizar suas experiências, narrando

histórias que são reais e tem sentido para elas. Ao outro, o pesquisador, cabe

essencialmente cuidar, com rigor, da interpretação da voz das crianças para dar sentido

ao que sabem sobre si mesmas, suas famílias e o que experimentam na escola.

Dar voz às crianças e permitir que se tornem sujeitos, contando suas historias, suas

vidas e experiências, facilita a compreensão de que são pessoas únicas, com

individualidades, idiossincrasias e modos de ver a si mesmas, ao (re)conhecer as formas

específicas de ver e representar o mundo, simplesmente narrando-se. Através do olhar da

criança, pode-se ainda (re)conhecer a educação básica que temos no Brasil, que parece

distante de atender às exigências da sociedade contemporânea.

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