evolução da construção civil

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI PATRÍCIA RINA TÉSIO A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL, NOS ÚLTIMOS 100 ANOS, NA CONSTRUÇÃO E RESTAURAÇÃO DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS: O CASO DA ESTAÇÃO DA LUZ SÃO PAULO 2007

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  • i

    UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    PATRCIA RINA TSIO

    A EVOLUO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL,

    NOS LTIMOS 100 ANOS, NA CONSTRUO E

    RESTAURAO DE EDIFICAES HISTRICAS: O

    CASO DA ESTAO DA LUZ

    SO PAULO

    2007

  • ii

    PATRCIA RINA TSIO

    A EVOLUO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL, NOS LTIMOS 100 ANOS, NA CONSTRUO E

    RESTAURAO DE EDIFICAES HISTRICAS: O CASO DA ESTAO DA LUZ

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado como exigncia parcial

    para obteno do ttulo de Graduao

    do Curso de Engenharia Civil da

    Universidade Anhembi Morumbi.

    Orientador: Prof. Eng. Antonio Calafiori Neto

    SO PAULO

    2007

  • iii

    PATRCIA RINA TSIO

    A EVOLUO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL, NOS LTIMOS 100 ANOS, NA CONSTRUO E

    RESTAURAO DE EDIFICAES HISTRICAS: O CASO DA ESTAO DA LUZ

    Trabalho apresentado em: 08 de Novembro de 2007.

    ______________________________________________ Prof. Eng. Antonio Calafiori Neto

    ______________________________________________ Prof. Wilson Shoji Iyomasa

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Graduao do Curso de Engenharia civil da Universidade Anhembi Morumbi

    Comentrios:_________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

    ___________________________________________________________________

  • iv

    Dedico esse trabalho aos meus pais, minha av

    e ao meu marido pelo apoio e carinho.

    Sem vocs eu no chegaria at aqui

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Sr Maria Cristina Monzello da Companhia Paulista de Trens

    Metropolitanos CPTM pela ateno e o tempo dispensados.

    Aos professores da Universidade Anhembi Morumbi, em especial ao meu orientador

    Professor Calafiori pelo auxlio e dedicao na concluso desta etapa.

    Ao meu marido Carlos pela pacincia, compreenso e por estar ao meu lado me

    apoiando em todos os momentos.

    Aos amigos queridos Ricardo Kerr e Fernando Mihalik pelo apoio e incentivo no

    incio da jornada.

    Aos arquitetos Luiz Paulo Andrade e Felipe Scroback pela compreenso e ajuda.

    Pessoas como vocs fazem toda a diferena

  • vi

    RESUMO

    Este trabalho aborda o processo evolutivo da Engenharia Civil no Brasil, das primeiras obras, dos materiais de construo e tcnicas empregadas no incio do sculo a sua evoluo aos tempos modernos. A Estao da Luz foi a obra escolhida para o desfecho do tema, pois uma obra que foi crescendo e se aprimorando junto com a Engenharia do Pas. Palavras Chave: Restauro; Histria da Engenharia; Estrada de Ferro;

  • vii

    ABSTRACT This work approaches the evolutionary process of Civil engineering in Brazil, the first buildings, the materials and techniques used on the beginning of the century to its evolution to current times. The Estao da Luz is the building chosen to show the theme, because its a building that was growing and developing together with the engineering of the country. Key words: restauro, Engineery history, railroads

  • viii

    LISTA DE FIGURAS Figura 5.1 Estao da Luz construda em 1898. O relgio foi transferido para a

    torre atual (ABPF, 2007) ______________________________________________ 12

    Figura 5.2 Os dois sistemas funiculares em funcionamento. Acima o segundo

    sistema (ABPF, 2007) ________________________________________________ 13

    Figura 5.3 Perfil Esquemtico do Sistema Funicular da Serra Nova. Construdo

    entre 1895 e 1901 (ABPF, 2007)________________________________________ 14

    Figura 5.4 Nveis de interveno do sistema (Restrepo, Beatriz, 1985). ________ 17

    Figura 6.1 A primitiva estao de So Paulo, na poca de sua abertura. Foto

    cedida por A. C. Belviso (Estaes Ferrovirias, 2007). ______________________ 18

    Figura 6.2 Gravura A Estao da Luz em 1880. (Artigo de Henrique Ferraz A

    Histria de So Paulo por suas Imagens N 23 - 2004) _____________________ 19

    Figura 6.3 A segunda estao, cerca de 1880. Foto cedida por A. C. Belviso

    (Estaes Ferrovirias, 2007).__________________________________________ 19

    Figura 6.4 Fachada Lado Brs (Acervo Andrade Gutierrez) _________________ 20

    Figura 6.5 A ento novssima estao, em 1902. Foto cedida por Hermes Y.

    Hinuy _____________________________________________________________ 21

    Figura 6.6 A Estao da Luz em 1903. _________________________________ 21

    Figura 6.7 A Estao da Luz Elevao Lado Santos _____________________ 22

  • ix

    Figura 6.8 A Estao da Luz Elevao Rua Mau _______________________ 23

    Figura 6.9 Estao da Luz - 1919 - Construtores G. & A. Masini (Brazil Post Card

    2007)____________________________________________________________ 23

    Figura 6.10 Estao da Luz - Photo - 1914 - Ed. Rotschild & Co. (Brazil Post

    Card 2007 ________________________________________________________ 24

    Figura 6.11 Saguo de entrada da Estao da Luz, em 1910. (Livro Cem Anos

    Luz) ______________________________________________________________ 24

    Figura 6.12 O incndio da Estao da Luz (Veja So Paulo - Fotos Acervo

    RFFSA) ___________________________________________________________ 25

    Figura 6.13 Parte da Lei n 14.096 de Incentivo a Recuperao do Centro

    (Prefeitura de So Paulo) _____________________________________________ 27

    Figura 6.14 A estao sendo reformada, no final de 2002. Foto Luis Rafael de

    Souza (Estaes Ferrovirias, 2007). ____________________________________ 27

    Figura 6.15 O inicio das obras de restaurao da Estao da Luz ____________ 28

    Figura 6.16 Pontos de infiltrao nas estruturas (Andrade Gutierrez 2004) ____ 28

    Figura 6.17 Detalhe da Tcnica empregada para recuperao dos arcos da

    Fachada___________________________________________________________ 29

    Figura 6.18 Detalhe da situao das esquadrias antes do restauro ___________ 30

    Figura 6.19 Detalhe da Tcnica empregada para recuperao das esquadrias __ 30

  • x

    Figura 6.20 A Estao da Luz Antes e Durante a Reforma (Revista Museu 2006) 31

    Figura 6.21 As novas instalaes da Estao da Luz com liberao de

    passagens subterrneas Interligao Metr / CPTM _______________________ 31

    Figura 6.22 As novas instalaes da Estao da Luz com liberao de

    passagens subterrneas Interligao Metr / CPTM _______________________ 32

    Figura 6.23 Seo Esquemtica do Sistema de Impermeabilizao ___________ 33

    Figura 6.24 Lmpadas de tecnologia moderna tm tonalidade de luz prxima

    das incandescentes __________________________________________________ 34

    Figura 6.25 Croqui simplificado do projeto luminotcnico ___________________ 35

    Figura 6.26 A Reinaugurao da Fachada da Estao da Luz aps sua

    restaurao em 24/01/2004 - Aniversrio de 450 anos de So Paulo ___________ 36

    Figura 6.27 O Museu da Lngua Portuguesa _____________________________ 37

    Figura 6.28 O Museu da Lngua Portuguesa _____________________________ 37

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABCP Associao Brasileira de Concreto Portland

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABPF Associao Brasileira de Preservao Ferroviria

    BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

    COC Centro Oswaldo Cruz

    CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

    DPH Departamento do Patrimnio Histrico

    IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas

    NB Norma Brasileira

    RFFSA Rede Ferroviria Federal S.A.

    SPR So Paulo Railway

    UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

  • xii

    SUMRIO

    1. INTRODUO ___________________________________________________ 1

    2. OBJETIVOS _____________________________________________________ 2

    2.1 Objetivo Geral _______________________________________________ 2

    2.2 Objetivo Especfico ___________________________________________ 3

    3. MTODO DE TRABALHO E ORGANIZAO __________________________ 4

    3.1 Fontes de Pesquisa___________________________________________ 4

    3.2 Organizao / Apresentao do Tema ___________________________ 4

    4. JUSTIFICATIVA__________________________________________________ 5

    5. A EVOLUO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL ____________________ 6

    5.1 Pesquisas Especficas ________________________________________ 8

    5.1.1 Materiais empregados no inicio do Sculo XX _________________ 8

    5.1.2 Estrutura em Concreto ____________________________________ 8

    5.1.2.1 A Primeira Norma Tcnica Brasileira - Normalizao do Concreto

    no Brasil ________________________________________________________ 9

    5.1.3 Estrutura em Ao ________________________________________ 10

    5.1.4 Estrada de Ferro So Paulo Railway ________________________ 11

    5.1.5 Patrimnio Histrico Pblico Cultural _______________________ 14

    5.1.6 Conservao e Restauro __________________________________ 15

    6. A ESTAO DA LUZ ____________________________________________ 18

    6.1 Da Inaugurao a Primeira Reforma ____________________________ 18

    6.2 A Estao da Luz como a Conhecemos _________________________ 20

    6.3 O Incndio _________________________________________________ 25

    6.4 A Reconstruo e a Degradao _______________________________ 25

  • xiii

    6.5 A Restaurao ______________________________________________ 27

    6.5.1 Recuperao de Fachadas ________________________________ 28

    6.5.2 Recuperando e Inovando _________________________________ 31

    6.5.3 Luminotcnica __________________________________________ 33

    6.6 O Museu da Lngua Portuguesa _______________________________ 36

    7. CONCLUSES _________________________________________________ 39

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _____________________________________ 40

  • 1

    1. INTRODUO A evoluo de um Povo, Nao ou Civilizao ao longo da Histria mostrada pelas

    riquezas culturais com as quais so feitas suas construes. A Arquitetura e a

    Engenharia Civil, desde os tempos mais remotos ditam o grau de tecnologia e

    avano cultural da Sociedade.

    A Engenharia Civil no Brasil comeou de forma singela, as primeiras obras de porte

    social foram feitas por Oficiais Engenheiros e Mestres Pedreiros, conhecedores da

    poca, vinham com experincia passada por geraes, no possuam faculdade,

    apenas o conhecimento adquirido e mesmo assim estas obras sobreviveram ao

    tempo para contar e deixar sua marca na histria.

    A Estao da Luz nasceu assim, de forma discreta para atender uma necessidade

    local, mas com o crescimento da cidade e da cultura do caf as mudanas se

    fizeram necessrias e a Estao foi evoluindo a passos largos para uma poca onde

    tudo acontecia de uma forma peculiar. A primeira Estao nasceu em 16 de

    fevereiro de 1867 e desde ento no parou, foi demolida, construda, pegou fogo, foi

    recuperada, restaurada e adaptada a uma cidade que no para nunca.

    Hoje mais de 100 anos de sua primeira construo a cidade segue crescendo,

    evoluindo, suas construes ainda mais audaciosas no desafiam apenas em

    beleza, luxo, tecnologia mas tambm desafiam a gravidade com seus arranha-cus

    cada vez mais altos.

    Agora as atenes no esto apenas voltadas ao novo, mas tambm no resgate do

    passado, usando novas tecnologias para resgatar o que foi construdo noutra poca,

    em outro tempo e cultura para mostrar que o que se tem hoje apenas fruto dos que

    comearam l trs Oficiais Engenheiros.

    O intuito deste contar um pouco desta histria, como a Engenharia Civil caminhou

    nos ltimos 100 anos e a Estao da Luz exemplifica com muita riqueza toda essa

    jornada.

  • 2

    2. OBJETIVOS

    O objetivo deste trabalho apresentar as mudanas sofridas na Engenharia Civil

    principalmente na Construo no decorrer do sculo XX. Essas mudanas se

    apresentam no somente no tipo de construo, mas tambm nas tcnicas

    construtivas, no tipo de material e na mo-de-obra empregadas.

    Mesmo sem as tcnicas e a tecnologia dos dias de hoje foi possvel construir obras

    grandiosas que sobreviveram ao tempo para dar os detalhes minuciosos de suas

    construes ricas em detalhes e grandiosas fachadas.

    O homem foi capaz de grandes obras e continua crescendo e evoluindo suas

    tcnicas, por onde se olha pode-se ver obras monumentais e grandiosas, obras

    imponentes e que demonstram resistir ao tempo, desafiando a gravidade, para

    deixar para as futuras geraes uma rica herana.

    Demorou muito, mas em tempo percebeu-se que o passado estava praticamente

    perdido em runas e lixo e hoje trabalha-se para recuperar a riqueza das grandes e

    memorveis construes do incio do sculo.

    Com isso a engenharia viu-se em mais um desafio, como recuperar estas obras sem

    que estas perdessem sua verdadeira essncia, e assim evoluir a engenharia no que

    se refere s tcnicas de restauro.

    2.1 Objetivo Geral Com as novas tecnologias, as tcnicas do presente e as lies aprendidas no

    passado tem-se a base necessria para trabalhar em favor da Histria guardada nas

    paredes de cada prdio, cada casa, e restaurar as edificaes que contam boa parte

    da evoluo das cidades.

  • 3

    Assim, estudando o passado e aprimorando tcnicas, os engenheiros esto se

    tornando capazes de resgatar a memria grandiosa do glamour da era do caf.

    Recuperando obras que fazem parte da histria.

    A Estao da Luz por ser um marco histrico apresentado como estudo de caso.

    2.2 Objetivo Especfico

    O presente trabalho tem como objetivo, abordar a importncia do restauro do

    patrimnio histrico do pas e a conservao dos mesmos por meio de tcnicas e

    trabalho em equipe.

    As obras de restauro podem envolver apenas as questes de modificao de uso,

    ou pintura de fachadas, mas tambm podem ser mais delicadas como reforo

    estrutural, impermeabilizao e madeiramento de telhados, reforma de pisos, neste

    caso a recuperao envolve estudos mais minuciosos.

    Para tanto deve-se levar em conta alguns pontos importantes, como:

    Levantar questes quanto a finalidade do bem a ser restaurado (dando uma nova funcionalidade sem destruir sua origem).

    Estudar para conhecer, atravs de um estudo minucioso que se conhece a histria do bem a ser restaurado para resgatar suas origens.

    Deve-se levar em conta os cuidados estticos do antigo com o novo, no conflito das necessidades modernas ocasionado pelo "high tech".

  • 4

    3. MTODO DE TRABALHO E ORGANIZAO

    A forma de apresentao do trabalho proposto se apresenta a seguir em tpicos:

    3.1 Fontes de Pesquisa

    Para elaborao deste foram utilizados meios digitais (internet) de fontes

    conhecedoras do tema abordado, livros de histria, visitas a rgos pblicos e

    privados e entrevistas com engenheiros, arquitetos e funcionrios pblicos.

    3.2 Organizao / Apresentao do Tema

    O tema se apresenta da seguinte forma:

    3.2.1 Histrico sobre a evoluo da Engenharia Civil no Brasil com o intuito de

    apresentar como a engenharia caminhou no perodo de cem anos (como foi seu

    quadro evolutivo).

    3.2.2 Mtodos e Tcnicas de Restauro como funciona, e quais as etapas para a

    realizao.

    3.2.3 Estudo de Caso Estao da Luz da construo (focando as etapas

    construtivas, as dificuldades, os materiais utilizados) a restaurao (mtodos e

    tecnologias empregados no restauro).

  • 5

    4. JUSTIFICATIVA

    A partir de 1990 e integrado ao paradigma do desenvolvimento sustentvel, as

    grandes cidades passaram a buscar o renascimento dos centros urbanos, com a

    revitalizao de suas reas centrais e reutilizao dos patrimnios (fsico, social e

    econmico) instalados e da sua melhor utilizao possvel, viabilizando o sistema

    econmico atravs das melhores respostas socioculturais (VITRUVIUS, 2007).

    A revitalizao de reas e imveis degradados busca um melhor aproveitamento de

    espaos existentes em vrios aspectos inclusive econmico, social e cultural.

    Com esta revitalizao que se objetiva reverter o processo de degradao e

    abandono do centro da cidade atravs de intervenes (restauro e modernizao de

    edifcios histricos, praas e caladas, qualidade ambiental, pluralidade econmica,

    incluso social, segurana e iluminao).

  • 6

    5. A EVOLUO DA ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL

    Para que se possa entender a evoluo da Engenharia Civil no Brasil nos ltimos

    cem anos se faz necessrio um breve histrico de seu surgimento, para que assim

    se faa entender seu quadro evolutivo.

    A Engenharia Civil no Brasil iniciou suas atividades de forma no regulamentada no

    perodo colonial com a construo de fortificaes e igrejas (MORAES, 2005).

    Durante esse perodo atuavam duas categorias de profissionais na rea de

    engenharia: os oficiais Engenheiros e os Mestres Pedreiros. Os primeiros eram

    oficiais do Exrcito Portugus, com o objetivo principal de executar obras de

    engenharia (alguns nem tinham um curso regular na rea, mas eram os nicos que

    tinham algum conhecimento sistemtico a respeito), e os Mestres, tambm

    chamados mestres de risco, eram os que projetavam e construam as edificaes

    em geral, e seus conhecimentos eram passados de gerao a gerao (sem

    nenhum conhecimento cientfico) (TELLES, 1984).

    Em 1792, criada pelo vice Rei D. Luiz de Castro, a Real Academia de Artilharia,

    Fortificao e Desenho, precursora da engenharia no (UFRJ, 2007).

    Em 4 de Dezembro de 1810 o futuro Rei D. Joo VI assinou uma lei criando a

    Academia Real Militar do Rio de Janeiro, a primeira escola de engenharia brasileira

    (que posteriormente teria seu nome mudado para Escola Politcnica). Nessa poca

    quem executava tais servios era chamado de engenheiro militar (mesmo no

    exercendo a carreira militar) (UFRJ, 2007).

    Na Escola Politcnica do Rio de Janeiro, no ano de 1858 criado o curso de

    engenharia civil, ministrado aos no militares, isto , aos civis. O curso era voltado

    as tcnicas de construo de estradas, pontes, canais e edifcios (UFRJ, 2007).

    Em So Paulo a primeira Escola de Engenharia A Escola Politcnica de So Paulo

  • 7

    nasce em 1893, e assim por diante as escolas de engenharia vo se espalhando

    por todo o pas (Pernambuco 1895, Porto Alegre 1896, Bahia 1897) (TELLES,

    1984).

    O Pas passou por muitas mudanas no final do sculo XIX e incio do sculo XX,

    nesse perodo devido a cultura do caf e posteriormente o desenvolvimento

    industrial, as riquezas geradas serviram de alavanca para o crescimento.

    A cultura do caf trouxe as cidades grandes mudanas, como as estradas de ferro,

    os prdios, e as casas.

    Essas mudanas se viam nas grandes obras riqussimas e imponentes erguidas nos

    centros das cidades, sendo hoje de relevante valor histrico. Este patrimnio que

    conta a memria dos tempos ureos do caf, e tantas outras histrias da cidade de

    So Paulo e do Brasil estavam esquecidas, at mesmo perdidas diante das grandes

    obras que a evoluo e o futuro trouxeram.

    Com o perodo de evoluo que o Brasil passou nos ltimos 50 anos, o pas se

    esqueceu do passado memorvel e se voltou exclusivamente ao futuro e a um

    presente que passa to rpido que mal pode se acompanhar.

    O rico passado deu espao a uma invaso de excludos sociais, desabrigados,

    meliantes e desocupados, transformando essa riqueza em favelas verticais, os

    centros histricos em lugares de alto ndice de insegurana e risco.

    Os centros das grandes metrpoles se tornaram escuros, sujos, com caladas e

    edificaes obstrudas e deterioradas.

    Em 1991, as iniciativas privadas por meio de parcerias com as Prefeituras, Bancos

    (como o BID) e as associaes (como a Viva o Centro em So Paulo) deram incio

    ao Programa de Revitalizao, com o intuito de recuperar a Histria e as riquezas

    do Pas.

  • 8

    5.1 Pesquisas Especficas

    Para se compreender de forma clara os assuntos a serem expostos nos itens

    subseqentes, aqui so focados os termos tcnicos e as pesquisas especficas

    quanto ao caso a ser estudado.

    5.1.1 Materiais empregados no incio do Sculo XX

    No incio do sculo XX as obras ricas e suntuosas eram privilgios das igrejas,

    enquanto que as construes residenciais e prdios pblicos eram de construo

    simples, em sua maioria em pedra e cal nas proximidades do litoral e em taipa

    (tcnica construtiva a base de argila e cascalho utilizada com o objetivo de erguer

    uma parede dicionrio) no restante do pas, o que diferenciava as classes sociais

    era apenas o tamanho das residncias.

    Com a influncia da Misso Artstica Francesa e a introduo do estilo Neo-

    Clssico, que passou a ser exigido como padro de status no pas nascem as

    edificaes em estrutura metlica e tijolos (TELLES, 1984).

    Como o estilo Neo-Clssico exigia uma mo-de-obra especializada para a execuo

    das fachadas e interiores minuciosamente ornamentados, os estrangeiros trataram

    de suprir essa necessidade e esse mercado foi monopolizado por italianos e

    portugueses (TELLES, 1984).

    5.1.2 Estrutura em Concreto Existem relatos sobre o emprego do cimento em obras civis desde sculos a.C., mas

    o cimento da forma que conhecido hoje utilizado como concreto se deu incio em

  • 9

    1824, com a inveno do Cimento Portland (material feito a partir da queima em

    altas temperaturas de rocha calcria e argila moda), resultando no clnquer na

    Inglaterra.

    Em 1836, comeam na Alemanha os primeiros estudos e ensaios para determinao

    da resistncia a trao e compresso do cimento modernizao (ABCP, 2007).

    As primeiras experincias do Concreto Armado (com a introduo de ferragens

    numa massa de concreto) se fez 1850 pelo francs Joseph Louis Lambot

    (CIMENTO, 2007).

    No Brasil, a primeira tentativa de aplicar os conhecimentos relativos fabricao do

    cimento Portland ocorreu aparentemente em 1888, quando o comendador Antnio

    Proost Rodovalho empenhou-se em instalar uma fbrica na fazenda Santo Antnio,

    de sua propriedade, situada em Sorocaba-SP. Posteriormente, vrias iniciativas

    espordicas de fabricao de cimento foram desenvolvidas. Assim, chegou a

    funcionar durante trs meses, em 1892, uma pequena instalao produtora na ilha

    de Tiriri, na Paraba. A usina de Rodovalho operou de 1897 a 1904, voltando a

    operar em 1907 e extinguindo-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do

    Itapemirim, o governo do Esprito Santo fundou, em 1912, uma fbrica que funcionou

    at 1924, sendo ento paralisada, voltando a funcionar em 1936, aps

    modernizao (ABCP, 2007).

    As primeiras obras em concreto armado que se tem relato oficial no Brasil so de

    1905 e 1907 com a Ponte sobre o Rio Maracan (CIMENTO, 2007).

    5.1.2.1 A Primeira Norma Tcnica Brasileira - Normalizao do Concreto no Brasil Normalizao: Atividade que estabelece, em relao a problemas existentes ou

    potenciais, prescries destinadas utilizao comum e repetitiva com vistas

    obteno do grau timo de ordem em um dado contexto (ABNT, 2007).

  • 10

    Em 28 de setembro de 1940 nasce a Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ABNT, que seria a responsvel pela normatizao / padronizao do emprego dos

    materiais utilizados na construo civil em nosso pas (ABNT, 2007).

    Definir qual foi a primeira norma da ABNT pode parecer uma tarefa simples, mas

    essa definio tem uma relao estreita com o processo de criao da entidade

    uma idia que surgiu na cabea de alguns idealistas, que perceberam a

    necessidade de padronizar os critrios tcnicos utilizados pelos setores produtivos

    nacionais. Essa proposta adquiriu consistncia nas trs Reunies de Laboratrios de

    Ensaio realizadas entre 1937 e 1940, que tinham como objetivo a criao das

    primeiras normas de ensaio para a tecnologia do concreto, um problema que vinha

    afetando a construo civil do Pas.

    A ABNT foi fundada na terceira dessas reunies e j nasceu com um acervo de

    normas prontas ou em fase de elaborao, elas foram desenvolvidas junto com o

    processo de criao da entidade e graas ao esforo coletivo dos seus fundadores.

    O que se sabe que, nessa data 28 de setembro de 1940 , as normas NB-1

    Clculo e Execuo de Obras de Concreto Armado e MB-1 Cimento Portland

    Determinao da Resistncia Compresso j existiam, embora ainda no tivessem

    sido aprovadas e, muito menos, adotadas pelo setor de construo civil. A NB-1,

    norma de procedimento e clculo, e a MB-1, um mtodo de ensaio, eram, portanto,

    duas normas complementares. Os poucos registros histricos existentes indicam

    que a NB-1 foi elaborada por uma comisso de estudos do concreto armado e sua

    aprovao se deu na mesma 3 Reunio de Laboratrios de Ensaio em que a ABNT

    foi fundada (trecho retirado na integra do documentrio Normas ABNT, 2006 p. 34).

    5.1.3 Estrutura em Ao

    O ao na construo civil utilizado desde o sculo XVI na Inglaterra, no Brasil tem-

    se relatos de sua utilizao no sculo XVIII importado da Inglaterra, Esccia e

    Blgica (DIAS, 1999).

  • 11

    A primeira Fbrica de Estrutura Metlica a Companhia Brasileira de Construo

    Fichet Schwartz Hautmont se instalou no Brasil no ano de 1923 em Santo Andr

    SP (DIAS, 1999).

    A primeira usina siderrgica de grande porte no Brasil a Companhia Siderrgica

    Nacional deu-se em 22 de Junho de 1946 em Volta Redonda RJ (DIAS, 1999).

    As primeiras obras onde a estrutura metlica foi aplicada no Brasil foram as estradas

    de ferro sculo XIX (DIAS, 1999).

    5.1.4 Estrada de Ferro So Paulo Railway

    Em 1859, o Baro de Mau, junto com um grupo de pessoas, convenceu o governo

    imperial da importnca da construo de uma estrada de ferro ligando So Paulo ao

    porto de Santos. O trecho de descida (800m) da Serra do Mar era considerado

    impraticvel; por isso, Mau foi atrs de um dos maiores especialistas no assunto: o

    engenheiro ferrovirio britnico James Brunlees.

    Este que veio ao Brasil e considerou o projeto vivel, o projeto foi executado por

    Daniel Makinson Fox, engenheiro que havia adquirido experincia na construo de

    estradas de ferro atravs das montanhas do norte do Pas de Gales.

    Ele props que a rota para a escalada da serra deveria ser dividida em 4 declives,

    tendo cada uma, uma inclinao de 8%. Nesses trechos, os vages seriam puxados

    por cabos de ao. No final de cada declive, seria construda uma extenso de linha

    de 75m de comprimento, chamada de "patamar", com uma inclinao de 1,3%. Em

    cada um desses patamares, deveriam ser montadas uma casa de fora e uma

    mquina a vapor, para promover a trao dos cabos. Assim, aprovada a proposta

    pelo britnico nasce a So Paulo Railway Company - S.P.R.

  • 12

    A estrada foi construda sem o auxlio de explosivos, pois o terreno era muito

    instvel. A escavao das rochas foi feita somente com cunhas e ponteiras

    metlicas. Alguns cortes chegaram a 20m de profundidade. Para proteger o leito dos

    trilhos das chuvas torrenciais foram construdos paredes de alvenaria de 3m a 20m

    de altura, o que consumiu 230.000m de alvenaria.

    Inaugurada em 16 de fevereiro de 1867 (mesmo com todas as dificuldades a

    construo foi concluda 8 meses antes do esperado 8 anos), a primeira linha da

    So Paulo Railway foi criada pela necessidade do transporte de caf do interior at o

    porto de Santos. (ABPF, 2007).

    Em 1874, a primeira estao do Alto da Serra foi inaugurada. No ano de 1898, uma

    segunda estao foi construda em madeira, ferro e telhas francesas, vindos da

    Inglaterra. Esta estao tinha como caracterstica principal o relgio fabricado pela

    Johnny Walker Benson, de Londres, que se tornou uma referncia direcional na

    neblina (Figura 5.1).

    Figura 5.1 Estao da Luz construda em 1898. O relgio foi transferido para a torre atual (ABPF, 2007)

    A partir de 1896, paralela primeira linha (Serra Velha), iniciou-se a construo da

    segunda linha (Serra Nova), sendo inaugurada em 28 de dezembro de 1901 (ABPF,

    2007).

  • 13

    Esta linha era formada por 5 planos e 5 patamares, criando um novo sistema

    funicular (sistema funicular consiste na utilizao de cabos de ao reforado, para

    auxiliar o trfego de composies ferrovirias trens, bondinhos, etc. - dicionrio) em

    linhas frreas muito ngremes. Os novos planos inclinados atravessavam 11 tneis

    em plena rocha enfrentando um desnvel de 796 m, que se iniciavam em

    Piaaguera. A primeira estao foi desativada e reutilizada, posteriormente, como

    cooperativa dos planos inclinados.

    Na So Paulo Railway o grande diferencial foi a utilizao das mquinas fixas e dos

    sistemas funiculares para a superao do trecho de serra, num desnvel de 800m

    em aproximadamente 10km de extenso (Figura 5.2).

    Figura 5.2 Os dois sistemas funiculares em funcionamento. Acima o segundo sistema (ABPF, 2007)

    O sistema funicular consiste num conjunto de patamares, sendo cada um composto

    basicamente por uma mquina fixa, que move uniformemente um cabo de ao que

    desliza sobre polias e movimenta dois trens, presos ao cabo de ao, um que sube e

    outro que desce at os prximos patamares (Figura 5.3).

  • 14

    Figura 5.3 Perfil Esquemtico do Sistema Funicular da Serra Nova. Construdo entre 1895 e 1901 (ABPF, 2007)

    5.1.5 Patrimnio Histrico Pblico Cultural

    O Patrimnio Cultural compreende trs categorias de elementos significativos da

    memria social de um povo ou de uma nao (COC, 2007).

    9 A primeira categoria engloba os elementos da natureza; do meio ambiente. 9 A segunda representa o produto intelectual, a acumulao do conhecimento,

    do saber, pelo homem no decorrer da histria.

    9 A terceira abarca os bens culturais enquanto produtos concretos do homem, resultantes da sua capacidade de sobrevivncia ao meio ambiente.

    No sculo XIX, aps a Segunda Guerra Mundial e Revoluo Industrial se deu incio

    ao processo de preservao do patrimnio histrico, inicialmente para restaurar os

    Monumentos destrudos na guerra.

    Os Monumentos so parte do patrimnio cultural, eles servem como um elo entre

    presente e passado dando um sentido de continuidade. A sua preservao

    pressupe um projeto de construo do presente mas sem se esquecer das glrias

    do passado.

  • 15

    O patrimnio cultural, as cidades e os monumentos histricos passaram a ocupar

    lugar de destaque na vida cotidiana e na economia da sociedade moderna. O

    Estado participa ativamente deste movimento de valorizao porque a ele cabe, na

    maioria das vezes, a deciso sobre o que ser preservado pelas aes de

    tombamento conduzidas em nvel federal, estadual ou municipal (MORAES, 2005).

    Hoje existem diretrizes para a conservao, manuteno e restaurao do

    Patrimnio Histrico mundial, essas diretrizes esto expressas nas Cartas

    Patrimoniais.

    Existem tambm rgos voltados preservao, como Departamento do Patrimnio

    Histrico DPH, criado em 1975, tem suas origens no Departamento de Cultura,

    idealizado e dirigido por Mrio de Andrade em 1935. Tendo originalmente a

    atribuio de preservar e divulgar os documentos relativos memria da cidade de

    So Paulo, o DPH teve gradativamente sua competncia ampliada. Passou a ser a

    instituio responsvel pela formulao e implementao de polticas de

    preservao e valorizao dos conjuntos documentais, dos acervos tridimensionais e

    do patrimnio edificado e ambiental de significado histrico e cultural.

    Desempenhando papel relevante na cidade, contribuindo no processo de construo

    da cidadania e na promoo da melhoria da qualidade de vida, o DPH tem sua

    atuao estruturada a partir das atividades desenvolvidas por suas trs Divises

    Tcnicas, quais sejam, Arquivo Histrico Municipal, Iconografia e Museus,

    Preservao e por uma Diviso de Administrao. Atualmente a Diretoria do DPH, a

    Diviso de Preservao e a Diviso de Administrao esto sediadas no Edifcio

    Ramos de Azevedo (DPH, 2007).

    5.1.6 Conservao e Restauro

    A primeira condio para a preservao de um patrimnio tombado a conscincia

    de seu valor histrico, artstico, cientfico e/ou afetivo, pela coletividade envolvida

  • 16

    (COC, 2007). Outra condio fundamental seu uso efetivo. Nada contribui tanto

    para a degradao de um prdio como a sua no utilizao (COC, 2007).

    Toda matria tem uma vida til determinada por suas caractersticas intrnsecas e

    pela forma como mantida. Assim, a manuteno sistemtica, preventiva ou

    corretiva a melhor maneira de se preservar um patrimnio, tombado ou no (COC,

    2007).

    A restaurao faz-se necessria quando a degradao dos materiais chegou aos

    limites de comprometimento da integridade de um determinado bem cultural (COC,

    2007).

    Restaurao de obras de arte so intervenes a posteriori, feitas pelos prprios

    autores das obras ou por terceiros, no sentido de conservar, recuperar ou mant-las

    em bom estado (COC, 2007).

    Resumidamente, o trabalho de restaurao de monumentos arquitetnicos

    tombados pode ser discriminado nas seguintes etapas (COC, 2007):

    9 Pesquisa Histrica do Edifcio; 9 Levantamentos Arquitetnicos e Fotogrficos; 9 Mapeamento de danos; 9 Diagnstico do quadro de deteriorao; 9 Formulao dos critrios e tcnicas de interveno a serem usados j

    considerando a adaptao para os novos usos;

    9 Execuo dos projetos a serem aprovados pelos rgos oficiais fiscalizadores;

    9 Elaborao das especificaes de servios e materiais bem como dos cronogramas fsico-financeiros que nortearo a execuo das obras de

    restaurao;

    9 Acompanhamento tcnico das intervenes.

    comum usar o termo Restaurao de forma genrica, englobando uma srie de

    procedimentos no cuidado dos bens culturais. Porm h definies que especificam

  • 17

    mais detalhadamente as diferentes formas de atuao (Figura 5.4).

    Figura 5.4 Nveis de interveno do sistema (Restrepo, Beatriz, 1985).

  • 18

    6. A ESTAO DA LUZ

    Num perodo onde a cidade contava com pouco mais de 30.000 habitantes, passou

    a contar com sua primeira linha de bondes Largo do Carmo/ Estao da Luz

    puxados por trao animal. (Histrico Demogrfico do Municpio de So Paulo -

    CENSO 1872).

    Foi neste perodo e com a chegada da ferrovia que nasceu a Estao da Luz.

    Situada na Praa da Luz n 1 Centro de So Paulo o Prdio da primeira Estao

    da Luz foi inaugurado em 16 de Fevereiro de 1867 juntamente com a Ferrovia

    Santos-Jundia operada pela The So Paulo Railway Company Ltd. (Figura 6.1).

    Figura 6.1 A primitiva estao de So Paulo, na poca de sua abertura. Foto cedida por A. C.

    Belviso (Estaes Ferrovirias, 2007).

    6.1 Da Inaugurao a Primeira Reforma

    A Estao da Luz foi inaugurada num prdio pequeno e ampliada posteriormente

    para atender o nmero cada vez maior de passageiros e mercadorias.

    A primeira viagem de apresentao do andamento das obras entre as paradas do

  • 19

    Brs e da Luz em 1865, trouxe uma surpresa desagradvel. Uma composio

    descarrilhou causando a morte do maquinista, ferimentos em alguns passageiros

    como o Baro de Itapetininga , a demisso do engenheiro fiscal e o cancelamento

    de um banquete comemorativo preparado no Jardim da Luz.

    Somente na Estao da Luz foram gastos 150 milhes de libras esterlinas, sem

    incluir o rebaixamento do leito frreo que retirou 252.230 m de terra. Realizado para

    eliminar a passagem de nvel que prejudicava o desempenho da largada do trem e

    para criar sobre ele uma ponte no mesmo nvel das ruas facilitando o trfego dos

    carros. (Sampa Centro, 2007).

    Figura 6.2 Gravura A Estao da Luz em 1880. (Artigo de Henrique Ferraz A Histria de So Paulo por suas Imagens N 23 - 2004)

    Alguns anos depois (1880), o prdio foi ampliado - ou derrubado e outro maior foi

    feito - para atender demanda cada vez maior de passageiros e mercadorias ali

    embarcadas e desembarcadas (Figuras 6.2 e 6.3)

    Figura 6.3 A segunda estao, cerca de 1880. Foto cedida por A. C. Belviso (Estaes Ferrovirias, 2007).

  • 20

    6.2 A Estao da Luz como a Conhecida Hoje

    Finalmente, por volta de 1890, a SPR (So Paulo Railway) decidiu aumentar a

    estao e fazer algo compatvel com o rapidssimo crescimento da cidade na poca.

    (Figura 6.4).

    Figura 6.4 Fachada Lado Brs (Acervo Andrade Gutierrez)

    Presumivelmente escolhida em um catlogo ingls pelas autoridades locais. Seu

    projeto atribudo ao engenheiro ingls Henry Driver, sendo similar Flinders Street

    Station, uma estao existente em Melbourne, Austrlia. (So Paulo 450 anos).

    Os materiais da construo foram todos importados. "A Estao da Luz veio pelo

    Oceano Atlntico desmontada. Pea por pea viajou de navio: pregos, tijolos,

    madeira (pinho-de-riga irlands), telhas cermicas de Marselha, Frana, e a

    estrutura de ao de Glasgow, Esccia. Material suficiente para cobrir uma rea de

    7.520 metros quadrados, ao custo de 150 mil libras esterlinas." A estrutura metlica

    tinha 150 metros de comprimento. O edifcio tinha 150 metros de comprimento de

    fachada com uma torre de 50 metros de altura. (So Paulo 450 anos).

    A nova estao foi finalmente inaugurada em maro de 1901, quando a antiga j

    havia sido demolida (a demolio havia se iniciado em maio de 1900) (Figuras 6.5 e

    6.6).

  • 21

    Figura 6.5 A ento novssima estao, em 1902. Foto cedida por Hermes Y. Hinuy (Estaes Ferrovirias, 2007).

    Figura 6.6 A Estao da Luz em 1903. (Artigo de Henrique Ferraz A Histria de So Paulo por suas Imagens N 23 - 2004)

    A Estao da Luz ocupa uma rea de 7.500m quadrados do Jardim da Luz, onde se

    encontram as estruturas trazidas da Inglaterra que copiam o Big Ben e a abadia de

    Westminter (Figuras 6.7 e 6.8).

  • 22

    Figura 6.7 A Estao da Luz Elevao Lado Santos (Projeto fornecido pela CPTM, 1988)

    Ateno para a riqueza de detalhes no projeto

  • 23

    Figura 6.8 A Estao da Luz Elevao Rua Mau

    (Projeto fornecido pela CPTM, 1988)

    No houve inaugurao, j que o trfego foi sendo deslocado aos poucos, mas no

    demorou muito para a que o novo marco da cidade fosse considerado como sala de

    visita de So Paulo. Todas as personalidades ilustres que tinham a capital como

    destino eram obrigadas a desembarcar l. Empresrios, intelectuais, polticos,

    diplomatas e reis foram recepcionados em seu saguo e por l passavam ao se

    despedir.

    Em 1900, o cenrio brasileiro estava bem diferente. A urbanizao tinha tomado

    conta da cidade e j se contava com ruas caladas, iluminao a gs e linhas de

    bondes. A Estao da Luz se tornara um carto-postal Paulista (Figuras 6.9 e 6.10).

    Figura 6.9 Estao da Luz - 1919 - Construtores G. & A. Masini (Brazil Post Card 2007)

  • 24

    Figura 6.10 Estao da Luz - Photo - 1914 - Ed. Rotschild & Co. (Brazil Post Card 2007

    Nesta poca, So Paulo vivia os prsperos anos da cafeicultura. A Estao da Luz

    era um ponto de encontro da elite paulistana, que desfilava e regozijava seus

    costumes de influncia europia (Figura 6.11).

    Figura 6.11 Saguo de entrada da Estao da Luz, em 1910. (100 Anos Luz)

    A Estao tornou-se a porta de entrada da cidade tambm para os imigrantes,

    promovendo a pequena vila de tropeiros a uma importante metrpole. Esta

    importncia, concedida So Paulo Railway Station, como era oficialmente

    conhecida, durou at o fim da Segunda Guerra Mundial.

    A partir da os transportes rodovirios e areos, considerados mais rpidos e

    eficientes, se tornaram os meios mais utilizados nas grandes metrpoles. Em So

  • 25

    Paulo, as ferrovias iniciaram seu processo de declnio e a Estao da Luz comeou

    a perder sua importncia econmica e requinte social.

    6.3 O Incndio

    Na madrugada de 6 de novembro de 1946, dois dias antes da So Paulo Railway

    entregar a ferrovia nas mos do governo federal (fim da concesso de noventa

    anos), ocorreu um gigantesco incndio que s deixou sobreviver a ala leste e as

    plataformas da Estao (teorias conspiratrias sustentaram na poca, sem

    comprovao, que a SPR seria responsvel pelo fogo) (Figura 6.12).

    Figura 6.12 O incndio da Estao da Luz (Veja So Paulo - Fotos Acervo RFFSA)

    6.4 A Reconstruo e a Degradao

    Os custos para a reconstruo foram arcados pelo governo e se estendeu de 1947 a

    1951. A Estao recebeu, ento, o terceiro andar nas partes que foram atingidas

    pelo fogo e mais pilastras de sustentao. A partir da, os trens passam a percorrer

    somente os bairros do subrbio.

  • 26

    A partir deste perodo, o transporte ferrovirio entrou em um processo de

    degradao no Brasil, assim como o bairro da Luz, levando a Estao a igualmente

    degradar-se. Na dcada de 1990 passou por uma srie de reformas, uma das quais

    encabeada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da

    Rocha.

    A estao representa o marco zero da linha ferroviria paulista. Diariamente,

    passam pelo local 40 trens e cerca de 235 mil usurios. A Luz possui cerca de 13 mil

    metros quadrados de rea, na estao h acessos para trs linhas da CPTM. A Luz

    oferece tambm acesso a importantes atraes culturais da vida paulistana, como a

    Pinacoteca do Estado, o Museu de Arte Sacra, a Sala So Paulo e O Museu da

    Lngua Portuguesa.

    A estao uma espcie de templo magnitude do poder do caf na histria da

    cidade. Erguida junto ao Jardim da Luz, por dcadas a sua torre dominou a

    paisagem paulistana. O seu relgio era o principal referencial para acerto dos

    relgios da cidade.

    No perodo de auge da estao ela compunha um conjunto arquitetnico que no s

    era um referencial urbano como efetivamente fazia parte da vida cotidiana do

    municpio. A Estao, vizinha ao Jardim da Luz, compunha com o edifcio da

    Pinacoteca do Estado um marco na definio da regio da Luz (So Paulo 450

    anos).

    Alm disso, at meados dos anos 70, um terceiro elemento configurava aquele

    espao de forma bastante marcante: na perspectiva da Avenida Tiradentes

    localizava-se, em frente Pinacoteca, um monumento figura de Ramos de

    Azevedo. Com as obras do metr de So Paulo, conduzidas na dcada de 70, o

    Monumento a Ramos de Azevedo teve de ser removido do local, o que alterou

    radicalmente a configurao espacial da paisagem, assim como a sua percepo

    cotidiana dos transeuntes do local. Por outro lado, a Estao da Luz ganhou uma

    certa monumentalidade.

    Em 1982, o complexo arquitetnico da Estao da Luz foi tombado pelo Conselho

  • 27

    de Defesa do Patrimnio Histrico, Artstico, Arqueolgico e Turstico (Condephaat)

    e em 2005 comeam os trabalhos da Prefeitura de So Paulo com um programa de

    recuperao para o centro de So Paulo (Figura 6.13).

    LEI N 14.096, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2005 (Projeto de Lei n 592/05, do Executivo)

    Dispe sobre a criao do Programa de Incentivos Seletivos para a regio adjacente Estao da Luz, na rea central do Municpio de So Paulo, nos termos que especifica. JOS SERRA, Prefeito do Municpio de So Paulo, no uso das atribuies que lhe so conferidas por lei, faz saber que a Cmara Municipal, em sesso de 30 de novembro de 2005, decretou e eu promulgo a seguinte lei: Art. 1 Fica institudo o Programa de Incentivos Seletivos para a regio adjacente Estao da Luz, com o objetivo de promover e fomentar o desenvolvimento adequado dessa rea central do Municpio de So Paulo, nos termos das disposies constantes desta lei. 1 Para os fins do Programa ora institudo, a regio adjacente Estao da Luz - regio-alvo - a rea compreendida pelo permetro iniciado na interseco da Avenida Rio Branco com a Avenida Duque de Caxias, seguindo pela Avenida Duque de Caxias, Rua Mau, Avenida Csper Lbero, Avenida Ipiranga e Avenida Rio Branco at o ponto inicial. 2 O Programa de Incentivos Seletivos ter a durao de 10 (dez) anos, contados da data da publicao desta lei, respeitada a validade dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, expedidos em razo do Programa ora criado, bem como o prazo de concesso dos incentivos fiscais tratados nos incisos II, III, IV e V do 1 do art. 2 desta lei.

    Figura 6.13 Parte da Lei n 14.096 de Incentivo a Recuperao do Centro (Prefeitura de So Paulo)

    6.5 A Restaurao

    Em 2002, inicaram-se as obras para restaurao da Estao da Luz, um marco para

    a Cidade no auge da era do caf. A obra foi batizada como sendo um presente para

    a Cidade em seu aniversrio de 450 anos (Figuras 6.14 e 6.15).

    Figura 6.14 A estao sendo reformada, no final de 2002. Foto Luis Rafael de Souza (Estaes Ferrovirias, 2007).

  • 28

    Figura 6.15 O inicio das obras de restaurao da Estao da Luz (Revista Engenharia 2003)

    6.5.1 Recuperao de Fachadas

    A recuperao das fachadas foi a primeira etapa do projeto de Restaurao, com o

    objetivo de criar um centro de referncia da lngua portuguesa, um espao

    totalmente dedicado preservao e celebrao da nossa lngua. A iniciativa,

    orada em R$ 30 milhes, fruto da parceria entre Ministrio da Cultura, IBM Brasil,

    Correios, TV Globo, Petrobras, Secretaria de Estado da Educao de So Paulo,

    Vivo, Votorantim, Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    (BNDES). A realizao da Secretaria de Estado da Cultura de So Paulo e da

    Fundao Roberto Marinho com o apoio da Lei Federal de Incentivo Cultura. Em

    alguns pontos, a Estao da Luz apresentava problemas graves, como infiltraes

    (Figura 6.16).

    Figura 6.16 Pontos de infiltrao nas estruturas (Andrade Gutierrez 2004)

  • 29

    Muitas vezes, o trabalho dos restauradores precisava ser feito no prprio local,

    quando se tratavam de peas maiores ou fixas (Figura 6.17).

    Figura 6.17 Detalhe da Tcnica empregada para recuperao dos arcos da Fachada (Andrade Gutierrez 2004)

    Porm, grande parte dessa operao foi mesmo realizada dentro de um laboratrio

    instalado no prprio edifcio. Rosceas, folhas de acanto, balastres e pinculos

    entre tantos outros elementos artsticos tiveram que ser refeitos para devolverem o

    efeito original.

    Antes de se refazer qualquer pea, foi preciso passar por uma cuidadosa

    investigao. O Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT), mediu a quantidade e

    avaliou a composio dos materiais que compem as argamassas e os elementos

    arquitetnicos das fachadas. S assim foi possvel repetir as mesmas frmulas

    usadas na poca da construo (no final do sculo XIX) e depois, na reconstruo

    do edifcio (entre 1947 e 1951). Essa preocupao garante que o aspecto final do

  • 30

    edifcio se mantenha uniforme.

    Para a definio da cor da pintura foi preciso fazer muita pesquisa. Ao todo, foram

    feitas prospeces estratigrficas tcnica que revela as camadas de tinta originais

    em 40 pontos diferentes das argamassas e em mais 60 outros locais, entre portas

    e estruturas metlicas. Alm das anlises do IPT e dos estudos realizados pela

    equipe de restauro, que apontavam para o uso de tinta em tons de amarelo, foi

    encomendada uma segunda avaliao, realizada pelo professor Mrio Mendona de

    Oliveira, da Universidade Federal da Bahia. Especialista no assunto, o professor

    confirmou que o trabalho seguia no rumo correto (Figuras 6.18 e 6.19).

    Figura 6.18 Detalhe da situao das esquadrias antes do restauro (Andrade Gutierrez 2004)

    Figura 6.19 Detalhe da Tcnica empregada para recuperao das esquadrias (Revista Museu - 2006)

    A obra, que comeou em maio de 2003, contribuiu na recuperao de esquadrias,

    cobertura, os muitos elementos artsticos e at mesmo a caixa do grande relgio,

    que tambm volta a funcionar. Foram oito meses de muito trabalho, que gerou 100

    empregos diretos, entre engenheiros, arquitetos, restauradores, pedreiros,

  • 31

    marceneiros etc., e mais 150 indiretos. Ao longo desse perodo, foram restaurados

    4.230 m de alvenaria, alm de 123 esquadrias e cerca de 400 elementos artsticos

    diferentes (Figura 6.20).

    Figura 6.20 A Estao da Luz Antes e Durante a Reforma (Revista Museu 2006)

    6.5.2 Recuperando e Inovando

    A recuperao da Estao da Luz no se enquadra apenas como arquitetnica mas

    tambm funcional, com o intuito de facilitar o deslocamento dos usurios de trens e

    metr a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM, decidiu executar uma

    galeria de interligao entre a Estao da Luz (trens) e a Estao Luz do Metr.

    Figura 6.21 As novas instalaes da Estao da Luz com liberao de passagens

    subterrneas Interligao Metr / CPTM

  • 32

    Esta interligao acontece por meio de um tnel (trecho LK-3) e a construo de um

    saguo subterrneo sob a Estao da Luz (trecho LK-5) (Figuras 6.21 e 6.22).

    Figura 6.22 As novas instalaes da Estao da Luz com liberao de passagens subterrneas Interligao Metr / CPTM

    O tnel LK-3 ficou por conta do consrcio constitudo pelas empresas Augusto

    Velloso, Telar e Tejofran, com projeto da Figueiredo Ferraz/ Protran.

    Um dos pontos principais desta obra a sua impermeabilizao, por meio da

    utilizao de uma geomembrana de PVC com espessura de 3 milmetros, protegida

    por dois geotxteis no tecidos, um em cada face, envolvendo totalmente o tnel.

    Esta soluo indita no Brasil, apesar de bastante utilizada em outros pases,

    principalmente na Europa (Revista Engenharia 2003).

    6.5.2.1 Detalhes Construtivos

    A galeria de interligao (para unir metro e trens) foi escavada no sistema cut and

    cover, at uma profundidade de aproximadamente 20 metros, suportada por

    estacas cravadas no solo e uma parede intermediria de blocos ou de concreto

    armado dependendo do trecho entre as estacas. A estrutura do tnel

    constituda por uma parede de concreto armado com cerca de 60 centmetros de

    espessura, uma laje de teto e um piso tambm de concreto armado.

  • 33

    Nas paredes a geomembrana de PVC protegida por dois geotxteis no tecidos,

    um em cada face, e instalada entre a parede diafragma e a parede estrutural do

    tnel de 0,6m de espessura. No piso, a geomembrana est sendo instalada sobre

    uma base de concreto regularizado e posteriormente protegida por uma camada de

    argamassa de cerca de 0,05m, para em seguida receber o concreto armado

    estrutural que vai compor o piso. No teto a geomembrana est sendo instalada sobre

    a laje do tnel, previamente regularizada, e, na seqncia, recebe uma camada de

    proteo mecnica de argamassa tambm de 0,05m antes da vala ser reaterrada

    (Figura 6.23).

    Figura 6.23 Seo Esquemtica do Sistema de Impermeabilizao

    6.5.3 Luminotcnica

    O projeto luminotcnico preocupou-se, segundo Franco, em iluminar o todo e, ao

    mesmo tempo, enfatizar os principais detalhes da fachada que resultam na

    diversificada volumetria - os focos dos projetores so dirigidos s linhas de janelas e

    mansardas, torre e ao relgio.

    Os projetores que iluminam a fachada foram instalados na marquise que cobre o

    acesso quela ala. Tanto a parte mais alta como a mais prxima do trreo deveriam

    ter a mesma intensidade de iluminao, sem ocorrncia de recortes e reas de

    sombras, explica Franco.

  • 34

    Para evitar esse tipo de efeito, que poderia ser provocado por equipamentos

    tradicionais, os autores especificaram um refletor de facho assimtrico. Ele distribui

    uniformemente a luz pela fachada e foi equipado com lmpadas de vapor metlico

    de bulbo cermico, que consomem menos energia e tm boa qualidade na

    reproduo de cores.

    Para destacar as linhas de janelas, a inteno era instalar os equipamentos de

    iluminao junto aos peitoris e valorizar seus requadros. Prevaleceu, porm, a

    proposta - que parece atender melhor s necessidades do projeto do centro de

    estudos - de colocar os equipamentos na parte interna do vo. Um anteparo em

    gesso, que simula a provvel soluo final, foi o recurso empregado por Franco e

    Fortes, enquanto as obras da Estao da Luz da Nossa Lngua permanecem em

    andamento (Figura 6.24).

    Figura 6.24 Lmpadas de tecnologia moderna tm tonalidade de luz prxima das incandescentes

    Nas janelas, a iluminao feita por lmpadas fluorescentes compactas, que

    resultam numa iluminao difusa, adequada ao efeito planejado.

    Embaixo da marquise, fontes de luz foram fixadas no teto e direcionadas para o

    primeiro segmento da fachada; o piso iluminado por rebatimento. No saguo

    interno, foram mantidas as luminrias, que receberam lmpadas de vapor metlico.

    A torre tambm recebeu iluminao especfica. Cada uma de suas quatro faces

  • 35

    recebe luz a partir de projetores individuais de longo alcance com regulagens

    diferenciadas e providos com lmpadas de vapor metlico de bulbo cermico. O

    objetivo obter a maior homogeneidade possvel em todos os lados (Figura 6.25).

    Figura 6.25 Croqui simplificado do projeto luminotcnico (Revista Projeto Design, 2004)

  • 36

    Com o equipamento luminotcnico posicionado junto ao maquinrio e os projetores

    direcionando a luz para as quatro faces, o relgio ganhou brilho e visibilidade.

    Como regra geral, o projeto de luminotecnia buscou tonalidade de luz que se

    aproximasse da fornecida pelas lmpadas incandescentes, utilizando, porm,

    equipamentos de tecnologia moderna (Texto retirado na integra da Revista Projeto

    Design 2004).

    Figura 6.26 A Reinaugurao da Fachada da Estao da Luz aps sua restaurao em 24/01/2004 - Aniversrio de 450 anos de So Paulo

    6.6 O Museu da Lngua Portuguesa

    O local escolhido para a instalao do primeiro Museu da Lngua Portuguesa no

    podia ser mais apropriado: a cidade de So Paulo.

    A escolha do local tambm no podia ser mais apropriado o edifcio da Estao da

    Luz, da tambm o nome Estao Luz da Nossa Lngua (Figuras 6.27 e 6.28).

  • 37

    Figura 6.27 O Museu da Lngua Portuguesa

    Figura 6.28 O Museu da Lngua Portuguesa

    O museu que foi inaugurado em 20 de Maro de 2006 e o segundo do gnero no

    mundo (o primeiro o Museu da Lngua Africana frica do Sul).

    O museu constitudo por um espaoso Hall de entrada, por um grande auditrio

    (com capacidade para cerca de meio milhar de pessoas), uma ampla Praa da

    Lngua, e por mltiplas salas de exposies (umas permanentes, outras

    temporrias), entre muitos outros espaos.

    O Museu da Lngua Portuguesa pretende ser mais um importante instrumento de

    contribuio para a promoo da Lngua Portuguesa, quer no Brasil, quer pelo

    mundo fora.

  • 38

    Os vrios espaos deste moderno museu foram concebidos para manifestarem um

    ambiente multimdia, onde encontram-se imagens, msica, vdeo, a voz humana,

    etc.

    O Museu composto por diversos espaos, dentre eles:

    9 rvore da Lngua, uma mega escultura (com cerca de 16 metros de altura) criada pelo designer Rafic Farah. em que se tenta visualizar de uma forma

    mais simplificada a evoluo e toda a exuberncia e prodigalidade da Lngua

    Portuguesa.

    9 Auditrio. Onde so passados, numa tela de nove metros de largura, filmes sobre a origem, a histria, a diversidade, a importncia da linguagem e das

    lnguas para o Homem.

    9 Praa da Lngua. Este espao, uma espcie de anfiteatro, afigura-se uma das principais reas do Museu, at pela sua profusa dimenso. Aqui so

    difundidos textos das obras clssicos da prosa e da poesia em Lngua

    Portuguesa, quer em sons, quer em imagens, fixas ou em vdeo. um

    planetrio de palavras no qual efeitos visuais so projectados no tecto e

    num piso que se alumia.

    9 Linha do Tempo da Histria da Lngua Portuguesa, desde h seis mil anos (raz do Indoeuropeu), passando pelo Latim clssico e vulgar, as lnguas

    romnicas antigas, at actualidade. Num grande painel, so mostradas as

    trs Lnguas principais que formam o portugus falado no Brasil - o portugus

    de Portugal, a Lngua dos ndios e dos africanos. tambm apresentado

    atravs de 120 relevantes obras da Literatura brasileira a evoluo do

    portugus falado no Brasil.

  • 39

    7. CONCLUSES

    A Engenharia Civil no Brasil comeou de forma singela mas cresceu, tem suas

    bases na riqueza vinda da Europa, mas tambm no que aprendeu em sua jornada

    de evoluo.

    A estao da Luz parte da histria da Engenharia Civil no Pas, com sua

    construo inicial simples sem nenhum atrativo que cresceu com o tempo, evoluiu

    com o conhecimento vindo de fora e seus engenheiros que desafiavam a realidade

    para conclu-la.

    A Estao passou por diversas fases e realidades at se tornar na Edificao

    conhecida hoje, e que por falta de ateno se perdeu no esquecimento.

    Com o Programa de Recuperao do Centro de So Paulo criado pela Prefeitura

    comearam os trabalhos para recuperao da memria Paulista e as tcnicas da

    construo civil se voltaram para outro trabalho, o de restauro.

    Assim a Estao da Luz demonstra mais um passo da evoluo da Engenharia

    brasileira, a de recuperar, a de reaprender com o que foi criado por pessoas que j

    no esto mais presentes para auxiliar em sua reconstruo.

    Novas lies, novos aprendizados e mais uma vez a Engenharia se supera,

    tornando-se ainda mais incrvel e desafiadora.

    Este trabalho memorvel feito na Estao da Luz uma prova viva e incrivelmente

    linda de que possvel o passado viver em harmonia com as tecnologias do

    presente e principalmente que se houver interesse possvel resgatar toda a histria

    de um pas que tem tanto h contar.

  • 40

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 100 anos Luz. Disponvel em: . Acesso em: 10/07/07

    A Histria de So Paulo por suas Imagens. Disponvel em:

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