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ESTUDO DOS NÍVEIS DE
PLANEJAMENTO DE ESPAÇO DA
COOPERATIVA DE SERVIÇOS
AGROFLORESTAIS E INDUSTRIAIS NO
MUNICÍPIO DE BARCARENA - PA
Cintia Blaskovsky (UEPA)
Breno Richard Brasil Santos (UEPA)
Leandro da Costa Corrêa (UEPA)
Thiago Henrique Vieira Galvão (UEPA)
WALBER SOUZA DO RÊGO (UEPA)
O planejamento do espaço destinado para as instalações de empresas,
qualquer que seja seu ramo de atividade, é de vital importância para a
adequação conjunta com suas operações, pois erros de localização
podem condená-las ao fracasso, por mmais que, internamente, elas
possuam fatores geradores de alta produtividade. Seus custos
logísticos totais, por exemplo, podem não ser compensatórios, diante
de fatores como a distância de fornecedores, carência de mão-de-obra
qualificada, entre outros. Este artigo visa analisar a situação da
localização das instalações já existentes de uma empresa formada por
uma cooperativa produtora de sandálias e brinquedos educativos cujas
matérias-primas são oriundas de resíduos de madeira e de borracha de
uma grande empresa mineradora do município de Barcarena - Pará.
Através do modelo de planejamento do espaço, o qual analisa as
instalações desde um nível mais geral até um mais específico de
detalhamento, de modo que se possa chegar a proposições de
melhorias da mesma.
Palavras-chaves: Planejamento do Espaço; Localização; Layout;
Cooperativa.
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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1. Introdução
A Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais (COOPSAI), foi fundada em 13 de
janeiro de 1995 tendo nos seus quatro primeiros anos se dedicado ao mercado de trabalho
como prestadora de serviços gerais no processo de terceirização de grandes projetos
empresariais de Barcarena, no estado do Pará. A partir do quinto ano de existência, em
parceria com a Albras e a Prefeitura de Barcarena desenvolveu uma Unidade de Reciclagem e
Compostagem de Lixo na Vila dos Cabanos ampliando sua responsabilidade social no seu
contexto participativo, melhorando as condições ambientais e sanitárias das comunidades
locais.
Participando do programa denominado “Nosso lixo tem futuro”, com a finalidade de
transformar lixo em produto e cidadania, a COOPSAI amplia para uma unidade fabril com
objetivo de produzir sandálias e brinquedos educativos e recreativos a partir de correias de
borracha e madeira descartada pela Albras e outras coligadas da Companhia Vale do Rio
Doce (CVRD), configurando uma nova fase da COOPSAI. Contudo, desenvolvendo
atividades de ocupação e renda para aproximadamente 240 cooperados que são remunerados
de acordo com sua produção mensal advinda do reaproveitamento dos resíduos.
Porém, seus produtos precisam competir em preço e qualidade e dessa forma há que se
observar as inovações tecnológicas e adequação do seu arranjo físico industrial para atender a
demanda de produtos e manter a competitividade de oferta.
O presente trabalho compreende analisar como estão dispostos os níveis de planejamento de
espaço (NPE) da COOPSAI, partindo do nível de planejamento global até um nível de
planejamento mais específico, identificando a ocorrência de seus fluxos (materiais, pessoas e
informações), justificando os reais motivos das decisões tomadas referentes ao arranjo físico
industrial atual.
2. Referencial teórico
Quando há um pensamento de iniciar o projeto de uma instalação de negócios, geralmente se
pensa no layout dos departamentos, das salas, dos utensílios, ou seja, em questões cujo nível
de detalhamento é grande. Porém, quando não há um planejamento das instalações em níveis
mais amplos, todos os esforços empregados em níveis de maior detalhamento podem não
surtir o efeito desejado, pois decisões mais estratégicas com relação à localização das
instalações, número de filiais, tamanho das plantas etc, podem comprometer o funcionamento
das mesmas. Segundo Lee (1998, p.13): “O layout ou planejamento do espaço é o foco central
do projeto de instalações e domina o pensamento da maioria dos gerentes. Mas o layout da
fábrica ou do escritório são apenas um nível de detalhe”.
Apesar de não terem a merecida atenção, na concepção das instalações de uma empresa, o
detalhamento mais amplo é importante, pois questões estratégicas maiores são decididas em
primeiro lugar. Lee (1998, p. 15) sugere que:
Esses níveis com maior impacto estratégico e custo de planejamento mais baixo
recebem a menor atenção. Conseqüentemente, muitas vezes, as decisões com maior
impacto estratégico são tomadas com o conhecimento menos confiável.
Nota-se que as decisões referentes à localização estão ligadas à questões estratégicas.
Segundo Martins e Laugeni (2001, p. 90): “A seleção do local para implantação de uma
empresa, fábrica ou depósito de produtos é uma decisão ligada à estratégia operacional”.
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Moreira (1998, p. 47) argumenta que: “Qualquer que seja o tipo de negócio em que esteja
envolvida a empresa, mas principalmente se ela for uma indústria, as decisões sobre
localização são estratégicas e fazem parte integral do processo de planejamento”. Para Ballou
(2001, p.379): “As decisões de localização envolvem a determinação do número, da
localização e do tamanho das instalações a serem usadas.” Conforme Gaither e Frazier (2006,
p.169):
Para muitas empresas, planos de capacidade de longo prazo e localizações das
instalações são as decisões estratégicas mais importantes a serem tomadas.
Considerando a estratégia de uma empresa como um resumo de seus produtos, processos e
principais tarefas de produção é importante que as decisões quanto a localização sejam
acuradas, pois caso hajam muitos erros, a empresa pode incorrer em altos custos logísticos.
Uma ferramenta útil para tomada de decisões é separar em níveis de planejamento. Lee (1998,
p.13) informa que: “É útil pensar no planejamento do espaço em cinco níveis [...]”. a tabela 1
informa os níveis de planejamento do espaço.
Nível Atividade UPE típica Ambiente
Global Localização e seleção Locais Mundo ou País
Supra Planejamento Características de Construções ou Local Local
Macro Layout da Construção Células ou Departamentos Construção
Micro Layout de Departamento Características de Células ou Estações de
Trabalho
Células ou estações de
trabalho
Sub-
micro
Projeto das Estações de
Trabalho Localização de Ferramentas Estação de trabalho
Fonte: Adaptado de Lee (1998, p. 14)
Tabela 1 - Os níveis de planejamento do espaço
2.1 NPE global
Neste nível de planejamento são tomadas decisões quanto à localização em um nível mais
amplo de planejamento, nas quais são determinados aspectos externos gerais das instalações
como: informações de bens, processos e serviços a serem produzidos e aspectos geográficos e
macroeconômicos.
Não é exigido um grande número de pessoas, pois envolve alguns altos executivos e um ou
dois gerentes industriais. Para Lee (1998, p.15): “O custo do planejamento do nível 1 é
pequeno”. Em níveis mais inferiores são exigidos cada vez mais pessoas, análises e
engenharia detalhada.
A determinação da localização de instalações de empresas depende de inúmeros fatores.
Martins e Laugeni (1998, p.91) colocam que: “Para uma decisão adequada quanto à
localização deve-se determinar: a capacidade que é necessária, quando é necessária e a
localização dessa capacidade”. De acordo com Bowersox e Closs (2007, p. 463): “Ganhos
com economias de escala na produção e reduções no custo de transporte são objetos de
atenção nos estudos de localização de centros de distribuição”. Gaither e Frazier (2006, p.
169) enfatizam que:
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O planejamento das instalações inclui determinar quanta capacidade de produção a
longo prazo é necessária, quanta capacidade adicional é necessária, onde as
instalações de produção devem estar localizadas, e o layout e características das
instalações.
Não devem ser levados em consideração apenas fatores com baixo custo, como preço de
imóveis e custos de mão-de-obra, pois quando a operação global das instalações é levada em
consideração, seu custo pode ser alto devido à outras operações. Sobre este assunto, Lee
(1998, p.16) destaca que:
A determinação do número e localização exige muito mais do que a simples procura
das taxas de mão-de-obra mais barata e das maiores vantagens tributárias. As
habilidades disponíveis de mão-de-obra e suas atitudes em relação ao trabalho,
serviços de apoio à produção de ferramentas e suprimentos de materiais, políticas e
às vezes geopolítica também devem ser consideradas.
A investigação nesse nível mais amplo de análise pode revelar, por exemplo, que uma
empresa pode estar instalada em um país com instabilidade política, o que pode incorrer em
encargos geopolíticos para a mesma, assim como destruir sua capacidade de produção ou
estar sujeita ao esgotamento de matérias-primas.
O local mais indicado para abrigar as instalações de uma empresa não é o que detêm os
menores custos de operação, porém é o que gera instalações otimizadas e produtivas em seus
processos. Para Lee (1998, p.16):
Os resultados do planejamento correto das instalações otimizadas para os mercados
e localizadas próximo aos mais importantes recursos – recursos que, cada vez mais,
envolvem conhecimento, habilidade e infra-estrutura, em lugar de matérias-primas.
2.2 NPE supra
A análise do nível de planejamento do espaço supra considera aspectos externos (marginais) e
internos (gerais) das instalações. Segundo Lee (1998, p. 16): “No nível de planejamento do
supra-espaço ocorre o planejamento do local”, ou seja, considera número, tamanho e
localização de prédios, no tocante à aspectos internos e, infra-estrutura, como estradas,
distribuição de água, gás e ferrovias, no tocante à aspectos externos e de apoio.
A decisão quanto ao local já é mais precisa, porém ainda há impactos estratégicos, pois o
planejamento ainda tem conseqüências em longo prazo e de longo alcance.
A análise deve ser capaz de prever impactos na vizinhança na implantação e operação das
instalações, além da saturação e possíveis expansões das mesmas.
2.3 NPE macro
Na análise macro do planejamento do espaço são estabelecidos o foco e a organização básica
de espaços da organização. Segundo Lee (1998, p.16):
No nível de planejamento do macro-espaço, um macro-layout planeja cada prédio,
estrutura ou outra sub-unidade da instalação. Normalmente esse é o nível mais
importante de planejamento, pois estabelece o foco ou a organização básica da
fábrica.
Neste nível de análise é determinado o projeto físico geral da instalação considerando apenas
aspectos internos aos limites da instalação, tais como:
Número, tamanho, uso e disposição de prédios e área de acesso
Infra-estrutura interna necessária (energia, água, gás, escadas, etc.)
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Disposição externa de cada prédio, estrutura ou sub-unidade
Nota-se, portanto que ao se concretizar essa fase do planejamento do espaço já é possível
visualizar a localização geral de departamentos e os fluxos gerais (materiais, informações e
pessoas) e, por conseguinte a influência da mesma nos custos das operações, na flexibilidade
para aumento de capacidade e a necessidade de investimentos, no que diz respeito à máquinas
e equipamentos. Erros nesta fase comprometer as instalações da empresa, conforme coloca
Lee (1998, p.17): “[...] uma instalação mal planejada pode resultar em aumento dos custos de
manuseio, confusão e inflexibilidade”.
2.4 NPE micro
Nesta fase do planejamento do espaço é determinado o arranjo interno de cada prédio,
estrutura ou sub-unidade. São consideradas a localização, o tamanho e a disposição das salas,
de maneira que seu uso seja definido de forma precisa. A infra-estrutura interna necessária de
cada prédio também é determinada. Como resultado tem-se o micro layout das instalações.
Conforme Gaither e Frazier (2006, p. 197):
Planejar o layout da instalação significa planejar a localização de todas as máquinas,
utilidades, estações de trabalho, área de atendimento aos clientes, áreas de
armazenamento de materiais, corredores, banheiros, bebedouros, divisórias internas,
escritórios e salas de computador, e ainda os padrões de fluxo de materiais e de
pessoas que circulam nos prédios.
Alguns aspectos sociotécnicos e ergonômicos (em uma abordagem mais ampla) são
dominantes nesse nível, pois a análise é mais focada do que nas demais. Segundo Lee (1998,
p. 17): “A localização de equipamentos e móveis específicos é determinada no planejamento
do micro-espaço.”.
2.5 NPE submicro
Este nível do planejamento do espaço é que possui maior grau de detalhamento, pois
considera aspectos internos às salas sob aspectos ergonômicos. É definida a melhor disposição
dos recursos (estações ou postos de trabalho) internos à sala. Segundo Lee (1998, p. 18): “As
estações de trabalho e os operários são a preocupação do quinto nível”.
Os erros produzidos neste nível de planejamento podem induzir problemas mais específicos,
pois são relativos à má disposição dos elementos que compõe o posto de trabalho. Lee (1998,
p. 21) coloca que: “Quando necessárias, as mudanças normalmente são menos perigosas em
termos de interrupção da produção”.
3. Metodologia
Como método para este estudo de caso, primeiramente houve a definição do local a ser
pesquisado, seguido de uma investigação teórica e uso de material para a apropriação do
assunto, assim como de conceitos e cenários similares. Após esta etapa, realizamos a
construção de um roteiro de procedimentos para a análise de cada nível de planejamento de
espaço, estabelecendo a seguinte ordem de análise: NPE Global, NPE Supra, NPE Macro,
NPE Micro e NPE Submicro. Assim, viabilizando o levantamento de dados in loco, onde a
partir de todos estes pontos recolhidos, fosse possível realizar considerações sobre as
informações captadas, identificando as principais dificuldades e propondo soluções a este
arranjo físico industrial.
4. Estudo de caso
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4.1 Nível global
O presente trabalho tem, conforme exposto anteriormente, como objeto de estudo a
Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais (COOPSAI). A cooperativa tem como
atuação o estado do Pará, unidade utilizada para análise global. A partir da delimitação do
Estado, define-se, doravante nessa análise global, a Unidade de Planejamento de Espaço
(UPE) como sendo Cidade.
A COOPSAI está localizada em Barcarena - PA, mesmo município onde se encontra seu
principal fornecedor, Albras. O mercado atendido pela cooperativa é majoritariamente a
cidade de Belém e municípios próximos da Região Metropolitana de Belém (RMB).
Figura 1 - Mapa de fluxos em análise global
Como pode ser observado, os fluxos (materiais, pessoas e informações) são resumidos e
simplificados na figura 1, visto que a comunicação da COOPSAI se dá prioritariamente
dentro do município com seu fornecedor e fora deste com a RMB. Quanto ao arranjo físico
associado, pode-se afirmar que é um arranjo por produto, uma vez que os materiais seguem
sempre um caminho fixo, linear desde o fornecedor até o mercado consumidor. Como
justificativas para a localização da unidade no município destacam-se prioritariamente a
proximidade da unidade da Albras, visto que a desenvolvimento da COOPSAI é um projeto
de Responsabilidade Social e Ambiental da empresa em virtude da geração de renda e
qualidade de vida aos cooperados e pessoas da região e com característica principal de
redução de impactos ambientais causados pelos lixos industriais.
4.2 Nível supra
Em se tratando do nível supra, delimitamos a localização da Cooperativa para a rodovia PA
483, Km 21 na Vila Murucupi. A planta encontra-se em local isolado da concentração urbana,
portanto o aumento de fluxos de pessoas e materiais gerados com a implantação do projeto
não gerou impactos para a população, exceto no trânsito dos rejeitos da Albras para a
COOPSAI, os quais aumentam momentaneamente o fluxo de materiais pela cidade.
Quanto ao fluxo de pessoas o caminho é basicamente o mesmo dos materiais, uma vez que os
cooperados moram em sua grande maioria no município de Barcarena. Os fluxos podem ser
resumidos na figura 2, abaixo.
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Figura 2 - Análise de fluxos no nível supra (Fornecedor - COOPSAI)
Complementando a análise, estendemos os fluxos para o mercado consumidor, e o resultado
foi semelhante.
Figura 3 - Análise de fluxos no nível supra (Fornecedor – COOPSAI - Belém)
Os fluxos de informações seguem o mesmo trajeto, já que a COOPSAI de certa forma é
periodicamente vistoriada pela Albras, e a cooperativa faz parte do programa de
Responsabilidade Social e Ambiental desta. A extensão, o mercado é a principal fonte de
informação para o planejamento da produção, que, mesmo de forma simplista, é realizado.
4.3 Nível macro
Aprofundando a análise partimos para o nível macro, o qual é delimitado pelo terreno da
unidade estudada. Como a COOPSAI possui apenas uma planta, esta será analisada.
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Figura 4 – Análise macro: mapa do terreno
Os fluxos de materiais estão separados por produtos - sandálias e brinquedos. O depósito de
matéria-prima dos brinquedos (madeira) tem armazenagem inadequada, ficando exposta ao ar
livre, sujeito as condições climáticas, como sol e chuva, o que prejudica a qualidade do
material devido a umidade elevada, fungos e outros, para os produtos finais da cooperativa.
Além dessa área de armazenagem de madeira, há também, outra área coberta para esse
mesmo fim, o que em parte preserva a madeira das intempéries do ambiente, no entanto a
disposição desses materiais ainda é feita de maneira desordenada, sem qualquer processo de
separação, classificação ou tratamento.
Ao se observar as instalações no nível macro, pode-se perceber, entre os prédios um arranjo
físico por produto, uma vez que sempre se segue a mesma sequência de fluxo de materiais e
informações.
4.4 Nível micro
Em um nível mais detalhado de análise, partimos para o nível micro, onde será explorada a
linha de produção de brinquedos em virtude de este ser o produto de maior importância para a
cooperativa, além de ser a única linha a qual obtivemos acesso.
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Figura 5 – Layout atual da linha de produção de brinquedo
O leiaute atual não apresenta conformidades para uma produção constante de brinquedos, e de
certa forma não apresenta uma estrutura que possa o enquadrar em algum tipo de arranjo
físico conhecido. As máquinas estão dispostas aleatoriamente. A matéria-prima alojada em
partes dispersas dificulta na organização e problematiza ainda mais a qualidade do produto
final. Não existem corredores definidos para o trânsito dos cooperados, sendo até perigosa a
circulação. Há várias mesas no meio do processo produtivo sem utilização definida, podendo
atrapalhar os fluxos. Essa configuração dificulta até mesmo a análise dos fluxos, visto que são
completamente aleatórios e desestruturados.
Figura 6 – Visão geral do layout proposto
Foram analisados os brinquedos que seriam produzidos, o seu processo e o espaço disponível
para esta produção. Assim, concluímos que a melhor opção de acordo com o que dispomos, é
a produção por processo. Quando todos os agentes que irão compor esta operação
(informação, pessoas, maquinas e etc.) fluírem pela operação, será percorrido processo a
processo, de acordo com suas necessidades. Abaixo mostramos onde estão localizados os
processos. No layout atual, realizamos a análise técnica adequada, entre o processo de
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produção dos brinquedos, em conjunto com o espaço disponível. Podemos observar no layout
proposto, a realocação das máquinas de acordo com a norma regulamentadora 12 (NR-12),
distância entre as máquinas é 1,30m e distância das áreas de circulação é de 1,20 m. Estas
distâncias proporcionam ao cooperado a segurança na produção. As máquinas foram
analisadas de acordo com a sua principal função, demonstrando, então, no layout proposto o
agrupamento de acordo com a similaridade das operações, como detalhado a tabela a seguir:
Ordem Área Máquinas
1 Aplainar Plaina e Desengrosso
2 Cortar Serra Circular, Serra Fita e Esquadrejadeira
3 Perfurar Furadeira Horizontal e Furadeira Vertical
4 Outras máquinas Tupia
5 Tornear Torno e Cavilha
6 Lixar Lixadeira Horizontal, Lixadeira Vertical e Lixadeira Manual.
Tabela 2 – Agrupamento das máquinas no novo layout
Figura 7 – Visão detalhada do layout proposto
4.5 Nível submicro
No que diz respeito a análise do submicro espaço, escolhemos para ser o objeto de estudo
nesta etapa, o posto de trabalho do operador que manuseia a máquina esquadrejadeira. Onde,
este tipo de máquina tem a função de dimensionar peças, as quais são serradas em ângulos ou
retas. A mesma apresenta uma mesa móvel, também conhecida como carro deslizante
esquadrejador, o que agiliza e melhora a precisão de corte.
Este posto de trabalho foi escollhido devido às especificações necessárias com relação ao
conforto e segurança que o operador precisa ter para manuseá-la. A seguir vemos um exemplo
de uma máquina esquadrejadeira:
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Figura 8 – Foto de uma esquadrejadeira (à esquerda) e foto de um operador usando a máquina na
COOPSAI (à direita)
Para garantir a qualidade de vida do operador, a máquina esquadrejadeira, por possuir partes
móveis, deve apresentar um espaçamento que garanta a segurança do operário, ou seja, não
deve estar muita próxima das paredes ou de outras máquinas e equipamentos.
Segundo a NR 12 (1997), “entre partes móveis de máquinas e/ou equipamentos deve haver
uma faixa livre variável de 0,70m (setenta centímetros) a 1,30m (um metro e trinta
centímetros), a critério da autoridade competente em segurança e medicina do trabalho”.
Além de tudo, o operador deve possui os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
necessários para sua proteção, tais como óculos, luvas e protetores auditivos; observando a
qualidade aceitável de uso.
Sobre este tema, a NR 6 destaca que:
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes
circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.
Além destas medidas, para dar maior confiabilidade na segurança do trabalhador, o operador
deve estar familiarizado com o equipamento, ou seja, faz necessário que o mesmo receba
treinamento para garantir seu desempenho na tarefas realizadas.
Com relação ao arranjo físico associado a esta estação, podemos identificar um arranjo por
processo, pois nota-se um sequenciamento de tarefas que se classificam em funções
específicas. No caso da estação analisada, a mesma realiza a função de cortes mais precisos e
específicos nos insumos de madeira utilizados. Antes de chegar à estação analisada, a matéria-
prima passa pela máquina de serra circular que realiza apenas cortes padrões na madeira (de
45º e 90º). Após a passagem pela esquadejadeira, inicia-se o processo de lixagem que é
realizado nas estações onde estão as máquinas: lixadeira vertical e lixadeira horizontal. Este
processo é ilustrado na figura 9 a seguir:
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Figura 9 – Mapeamento dos processos envolvendo a máquina esquadrejadeira
5. Considerações Finais
A análise do Arranjo Físico é de suma importância para o projeto de instalações industriais,
seja em um momento embrionário, seja em uma ampliação. Pode-se perceber que não é uma
tarefa simples, principalmente quando, na concepção do projeto, tais pontos não são
considerados. Decisões a nível global podem influenciar diretamente no sucesso do
empreendimento. Tendo em vista o estudo de caso proposto, sugerimos algumas melhorias.
No nível supra, como sugestão podemos citar a necessidade de aprofundar estudos com
considerações aos custos, para propor se viável, a utilização do modal misto de rodoviário e
hidroviário, já que poderia reduziria significativamente os custos relacionados ao transporte
da mercadoria aos clientes. Partindo da cooperativa, em hipótese, os produtos seriam
encaminhados até o porto Arapari, onde seriam conduzidos para o centro de Belém usando
balsas, reduzindo também o tempo despendido ao transporte.
No nível macro sugerimos o melhor aproveitamento do espaço dentro da fábrica, através da
construção de prateleiras verticais, que ordenará melhor o estoque e facilitará o manuseio da
matéria-prima, além de se adotar melhores critérios para seleção e separação de materiais, de
modo que a qualidade dos produtos seja incrementada.
Sugestões nos níveis micro e submicro já foram expostas anteriormente, não restando mais
sugestões do grupo para tal. Por fim consideramos que a ausência de um planejamento a nível
de espaços das instalações dificultaram a coleta e análise de dados ao longo do trabalho. A
disposição, por muitas vezes confusa, dos fluxos relacionados de certa forma justificam os
níveis global e supra, no entanto a partir do nível macro são necessários vários ajustes.
Para almejarmos a excelência, o presente trabalho não é um fim em si próprio, podendo ser
ampliado para um estudo mais aprofundado para mapear os fluxos dos processos referentes
aos principais produtos da cooperativa.
Referências
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