introduÇÃo aos sistemas agroflorestais
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INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS
ALINE MARIA COSTANTIN
MSc. AGROECOSSISTEMAS
INSPETORA DE RECURSOS NATURAIS
NATURATINS
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INTRODUÇÃO
As técnicas agroflorestais têm sido desenvolvidas empiricamente e vêm sendo
utilizadas há várias gerações pelos índios e o homem do campo em diferentes partes do
mundo, mas só recentemente tem despertado interesse como atividade científica. De um
modo geral, os sistemas agroflorestais têm sido apontados como de grande relevância por
contribuir com o desenvolvimento de comunidades rurais. No mundo tropical, tais técnicas
têm sido utilizadas com eficácia, principalmente para atender as seguintes necessidades: a
produção de alimentos associando cultivos agrícolas (arroz, milho, feijão, mandioca...)
com manejo de espécies florestais de valor; a provisão de sombra em cultivos de
rendimento e exportação (café, cacau, etc.); a produção de lenha extraída do bosque
secundário ou produzida tradicionalmente em cercas vivas, combinadas com cultivos
agrícolas ou pastagens; a valorização de pastagens naturais ou melhoradas, com a
associação de árvores madeireiras que também protegem o solo, a pastagem e os animais.
É objetivo dos sistemas agroflorestais otimizar a produção por unidade de
superfície, respeitando sempre o princípio de rendimento contínuo, principalmente através
da conservação/manutenção do potencial produtivo dos recursos naturais renováveis:
conservação dos solos, recursos hídricos, fauna e das florestas nativas.
A maior dificuldade encontrada no sistema está na limitação de conhecimento por
parte dos agricultores e até mesmo dos técnicos e pesquisadores, o que dificulta sua
implantação na maioria das regiões.
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Os sistemas agroflorestais são considerados como uma alternativa de uso dos
recursos naturais que, normalmente, causam pouca ou nenhuma degradação ao meio
ambiente, principalmente por respeitarem os princípios básicos de manejo sustentável dos
agroecossistemas.
Altieri (2002) cita a definição do ICRAF (Centro Internacional para Pesquisa
Agroflorestal), nos seguintes termos:
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O Sistema Agroflorestal é um sistema sustentável de manejo de solo e de plantas que procura aumentar a produção de forma contínua, combinando produção de árvores (incluindo frutíferas e outras) com espécies agrícolas e animais, simultaneamente ou seqüencialmente, na mesma área, utilizando práticas de manejo compatíveis com a cultura da população local.
Altirei (2002), Dubois (1996) e Macedo (2000) conceituam os sistemas
agroflorestais como formas de uso e manejo dos recursos naturais nos quais espécies
perenes de porte arbóreo são utilizadas em associação com cultivos agrícolas e/ou animais,
em uma mesma área, durante um mesmo período ou em uma seqüência temporal.
De acordo com Altieri (2002), qualquer que seja a definição é consenso que o
Sistema Agroflorestal representa um conceito de uso integrado da terra, particularmente
adequado às áreas marginais e a sistemas de baixo uso de insumos.
Segundo Macedo (2000), os SAFs são sistemas de uso e manejo dos recursos
naturais que integram consorciações de árvores e culturas agrícolas e/ou animais de forma
científica, ecologicamente desejável, praticamente factível e socialmente aceitável pelo
produtor rural, de modo que este obtenha os benefícios das interações ecológicas e
econômicas resultantes. São consorciações que se alicerçam em princípios de
sustentabilidade, pois envolvem aspectos ambientais, econômicos e sociais.
Para Kageyama (1999), o conceito mais tradicional de SAF apontava que o simples
fato de juntar uma espécie agrícola com uma florestal já caracterizava esse tipo de sistema,
levantando-se a vantagem de maximizar a utilização do espaço aéreo e radicular. Isto
representou, de fato, o inicio de um movimento em favor do plantio consorciado que hoje
tem culminado num sistema multi-espécies, imitando a alta diversidade natural,
principalmente nos ecossistemas tropicais.
O avanço nos SAFs a partir da experimentação empírica por agricultores e, mais
recentemente, a partir de experimentos mais formais, denominados científicos, vêm
mostrando que os sistemas mais complexos imitando as florestas naturais, utilizando os
conceitos de biodiversidade e sucessão ecológica, apontam novos horizontes para a
agricultura nos trópicos. (KAGEYAMA, 1999).
Para Macedo (2000), os SAFs têm sido classificados de diferentes maneiras, quanto
a sua estrutura no espaço, seu desenho, sua importância relativa e a função dos diferentes
componentes, assim como os objetivos da produção e suas características sociais,
ecológicas e econômicas.
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3. PRINCÍPIOS
PRINCÍPIO ECOLÓGICO
Baseiam-se no princípio ecológico denominado biodinâmica da sobrevivência,
proporcionando o máximo aproveitamento da energia solar vital, através da
multiestratificação diferenciada de uma grande diversidade de espécies de usos múltiplos,
as quais exploram os perfis vertical e horizontal da paisagem, visando à utilização e
recirculação dos potenciais produtivos dos ecossistemas. Sua diversidade de espécies
vegetais forma uma estratificação diferenciada do dossel de copas e do sistema radicular
das plantas no solo.
As espécies arbóreas, por geralmente possuírem raízes mais profundas, exploram
maior volume de solo, sendo capazes de absorver nutrientes e água que os cultivos
agrícolas não conseguem. Com isso, a competição entre os indivíduos diminui e a retirada
de nutrientes e água do solo pelas plantas é diferenciada e aumentada.
O dossel de copas, formado pela diversidade de espécies vegetais, proporciona a
cobertura do solo através da deposição da camada densa de material orgânico, gerada,
continuamente, pela queda de folhas e ramos das diferentes culturas. Isto aumenta a
proteção do solo contra a erosão, diminuindo o escoamento superficial, promovendo maior
tempo de infiltração da água, reduzindo a temperatura do solo, aumentando a quantidade
de matéria orgânica e, conseqüentemente, melhorando as propriedades químicas, físicas e
biológicas do solo. Ainda através da estratificação do dossel de copas e da camada
depositada de material orgânico sobre a superfície do solo, ocorre a redução da incidência
direta de radiação solar que o atinge, diminuindo a ocorrência de plantas invasoras que são
extremamente exigentes em luz.
Através da presença do componente arbóreo, ocorrem modificações do microclima,
que são repercutidas no balanço hídrico do solo e contribuem para a elevação da umidade
do solo disponível para as plantas sob a copa das árvores. Isto ocorre devido a menor
incidência de radiação solar que chega ao solo, influenciando, de forma significativa, o
decréscimo da taxa de evaporação de água e a manutenção da umidade do solo. Este maior
teor de umidade no solo favorece a atividade microbiana, o que resulta na aceleração da
decomposição da matéria orgânica e possibilita o aumento da mineralização. As raízes
profundas das árvores podem interceptar os nutrientes que foram lixiviados das camadas
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superficiais e acumulados no subsolo, geralmente fora do alcance do sistema radicular das
culturas agrícolas e/ou pastagens, e ajudam a retorná-los à superfície na forma de
serrapilheira.
PRINCÍPIO SOCIAL
Quando implantados em uma determinada região possuem uma importante função
social, a de fixação do homem no campo devido principalmente ao aumento da demanda
de mão-de-obra e sua distribuição ser normalmente mais uniforme durante o ano (tratos
culturais ocorrem em diferentes épocas e formas, de acordo com as culturas), e da melhoria
das condições de vida, promovidas pela diversificação da produção (produtos agrícolas,
florestais e animais).
Ao serem comparados com os monocultivos os Sistemas Agroflorestais normalmente
produzem maior número de serviços e produtos para o consumo humano. Conferido
principalmente pela utilização de grande diversidade de espécies florestais arbóreas e
arbustivas, e pelas diferentes alternativas de consorciação com espécies agrícolas e/ou
animais, a partir de uma mesma área de terra. Como exemplo os Quintais Agroflorestais,
principalmente os da região Amazônica, que de acordo com Michon apud Macedo (2000)
são capazes de produzir até 40% das necessidades caloríficas de uma família rural.
PRINCÍPIO ECONÔMICO
A sustentabilidade econômica proporcionada pela alternância e diversificação da
produção e de produtos ao longo do ano caracteriza o principal princípio econômico do
Sistemas Agroflorestais.
A escolha de espécies utilizadas nos SAFs deve respeitar a preferência por produtos de
maior aceitação e venda no mercado em determinadas épocas do ano e ser diversificada,
para que o agricultor possa ficar protegido contra as quedas de preço de mercado as quais
nuca atingem todos os produtos ao mesmo tempo. E ainda através da comercialização
escalonada destes produtos aumentar a sua renda.
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A característica de perenidade dos SAFs diminui investimentos anuais pesados,
principalmente com o preparo de solo, adubação e controle de plantas invasoras.
Maiores oportunidades de emprego são geradas no meio rural devido a diversidade de
culturas, pois para o manejo destas é necessário uma gama variada de mão-de-obra.
Através do associativismo e da formação de cooperativas de produtos agroflorestais em
uma determinada região podem estimular a instalação de agroindústrias. Com a
agroindustrialização dos produtos agroflorestais na própria região é possível agregar valor
a estes produtos, gerar empregos e promover melhorias sociais no meio rural.
4. OBJETIVO DOS SAFs
O objetivo da maioria dos SAFs é otimizar os efeitos benéficos das interações entre
os componentes dos sistemas (arbóreo, agrícola e animal), a fim de obter uma produção
comparável com a obtida na monocultura, com os mesmos recursos, dadas as condições
econômicas, ecológicas e sociais predominantes. Para isso os SAFs necessitam:
- manter-se sustentável;
- conferir sustentabilidade aos sistemas agrícolas;
- aumentar a produtividade vegetal e animal;
- direcionar técnicas para uso racional do solo e água;
- diversificar a produção de alimentos;
- estimular a utilização de espécies para usos múltiplos;
- diminuir os riscos do agricultor;
- amenizar os fatores adversos do efeito de produção;
- minimizar os processos erosivos;
- combinar a experiência rural dos agricultores com o conhecimento científico.
5. Vantagens relacionadas aos Sistemas Agroflorestais
Como todo e qualquer sistema o contexto do sistema agroflorestal também apresenta
suas vantagens e desvantagens quando comparado a outros modelos agrícolas. Levando em
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conta os diferentes fatores que envolvem um sistema agrícola, os sistemas agroflorestais
apresentam como vantagens as seguintes características:
- Os custos de manutenção e implantação dos sistemas agroflorestais podem ser
mantidos dentro dos limites aceitáveis para o pequeno produtor. O estabelecimento do
sistema exige bastante mão-de-obra, porém esta pode ser reduzida fazendo-se o cultivo das
espécies perenes já na lavoura convencional. Sistemas já bem estabelecidos demandam
pouca mão-de-obra, com o conhecimento aguçado;
- Podem aumentar a renda familiar, e em sua fase de plena produção um consórcio
agroflorestal tem custo baixo de produção e pode gerar maior renda que os roçados
convencionais;
- Os sistemas agroflorestais contribuem com a melhoria da alimentação das
populações rurais. Acontece uma disponibilização de maior variedade e até quantidade
com qualidade de alimentos em muitos casos;
- Ajudam a manter ou melhorar a capacidade produtiva da terra. Ocorre melhor
proteção do solo e uma fertilização natural através da reciclagem de nutrientes;
- Diminuição do êxodo rural, porque facilitam a sedentarização dos agricultores.
Pelo fato de manter o solo produtivo por longos períodos, os SAFs têm grande vantagem
de fixar o agricultor a terra;
- Minimizam os riscos em virtude de uma maior diversificação da produção.
Quanto maior o número de espécies cultivadas menor é o risco relacionado a queda de
preços;
- Possibilitam melhor distribuição de mão-de-obra ao longo do ano. Não existindo
concentração de trabalho em apenas um período do ano;
- Tornam o trabalho mais confortável e favorecem a recuperação e preservação
ambiental. Os trabalhos em geral são realizados na sombra o que melhora o desempenho e
diminui o cansaço e a manutenção de vários extratos vegetais favorecendo a preservação
do ambiente;
- Menor necessidade de insumos, pois ocorre um reaproveitamento dos recursos
intrínsecos do sistema, requerendo menos investimento externo.
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6. Desvantagens relacionadas aos Sistemas Agroflorestais
Segundo Dubois, 1996, os conhecimentos dos técnicos, pesquisadores e dos
agricultores são ainda muito limitados. As relações entre plantas e exigências de muitas
espécies e a maioria dos agricultores nunca cultivou espécies florestais, muito menos
construiu sistemas agroflorestais.
- O manejo dos sistemas agroflorestais de modo geral é mais complicado quando
comparado a outros sistemas de cultivos;
- Em alguns casos o custo de implantação de sistemas agroflorestais é mais elevado,
principalmente quando as mudas de espécies florestais precisam ser compradas em
viveiros;
- O componente florestal pode diminuir o rendimento dos cultivos agrícolas e
pastagens dentro do sistema agroflorestal. A produtividade das diferentes espécies
dependerá das espécies escolhidas e do manejo;
- Os sistemas agroflorestais são de mais difícil mecanização. O uso dos atuais
equipamentos e máquinas é pouco recomendado existindo a necessidade de buscar
alternativas;
- Muitos produtos de sistemas agroflorestais ainda têm mercado limitado. É
preciso formar associações com espírito participativo, com o intuito de buscar
as melhores condições para vender os produtos;
7. Caracterização dos Sistemas Agroflorestais
Sistemas agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo da terra, nas quais
árvores ou arbustos são utilizados em associação com cultivos agrícolas, também com
criação de animais numa mesma área de maneira simultânea ou numa seqüência temporal.
Para caracterizar-se como sistema agroflorestal, é obrigatória a presença de pelo menos
uma espécie florestal arbórea ou arbustiva (Dubois, 1996). São um conjunto de técnicas
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alternativas de utilização dos recursos naturais nos quais, espécies florestais são utilizadas
em associação com cultivos agrícolas e/ou animais em uma mesma superfície. Essas
combinações/associações/consorciações podem ser instaladas e manejadas de maneira
simultânea/escalonada/seqüencial no tempo e no espaço e apresentar caráter temporário ou
permanente (Macedo, 2000). Um SAF é composto por duas ou mais espécies, das quais ao
menos uma é lenhosa e perene (árvore, arbusto, palmeira, bambu) (Van Leeuwen et al,
1999, citado por Macedo, 2000). Segundo Macedo et al (1999), os SAFs são sistemas de
uso e manejo dos recursos naturais que integram consorciações de árvores e culturas
agrícolas e/ou animais de forma científica ecologicamente desejável, praticamente factível
e socialmente aceitável pelo produtor rural, de modo que esse obtenha os benefícios das
interações ecológicas e econômicas resultantes. São consorciações que se alicerçam em
princípios de sustentabilidade, que envolvem aspectos ambientais, econômicos e sociais.
Espécies florestais podem ser combinadas com uma ou mais espécies agrícolas ou
de animais. No caso de espécies de porte médio como citrus, café, cacau e outras que
apresentam o mesmo porte, não são consideradas como componentes florestais em
sistemas agroflorestais, isso em virtude do fato dessas espécies terem passado por um
longo processo de domesticação e melhoramento genético sendo hoje cultivos agrícolas
perenes. Quando do uso dessas espécies devemos consorciá-las com espécies florestais não
domesticadas para a obtenção de um legítimo sistema agroflorestal.
Dentro de um sistema agroflorestal as espécies florestais têm além do papel de
fornecer produtos úteis para o agricultor, o papel de manter a fertilidade do solo e a
biodiversidade. As espécies florestais geralmente têm grande capacidade de reciclar
nutrientes que enriquecerão o solo através da decomposição de ramos e folhas caídos ao
solo, além de abrigar e alimentar a variada fauna local.
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Ao levarmos em conta os diferentes tipos de associações e consórcios além dos
diferentes objetivos, os sistemas agroflorestais são classificados de maneira simplificada
em três grupos:
- Sistemas silviagrícolas: caracterizados através da associação de espécies florestais
com culturas agrícolas anuais ou perenes.
- Sistemas silvipastoris: caracterizam-se através da combinação de árvores ou
arbustos com plantas forrageiras herbáceas e animais.
- Sistemas agrossilvipastoris: tem como característica a criação de animais dentro de
um sistema silvi-agrícola.
Dentro desses três grandes grupos de sistemas agroflorestais existirão diferentes
classificações que dependerão do objetivo, tipo de consórcio, complexidade e outros
fatores que caracterizam o sistema. Dependendo do interesse e do manejo os sistemas
agroflorestais podem evoluir com o passar do tempo, e entrar para outra classificação
(Dubois, 1996).
8. Sistemas Silviagrícolas
8.1 Sistema Alley Cropping (aléias)
Esse sistema surgiu na Ásia, em regiões montanhosas das Filipinas, com a principal
finalidade de reduzir a erosão do solo (Kang et al, 1990, citado por Macedo, 2000). O
sistema de aléias é uma prática normalmente empregada em regiões tropicais da África e
Ásia, o qual vem permitindo melhoria nas características químicas do solo (carbono
orgânico e nutrientes), especialmente na camada superficial, quando comparado ao
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monocultivo (Macedo, 2000). Alley Cropping é descrito como sendo o plantio de árvores
nas entrelinhas das culturas agrícolas para produção de biomassa foliar. O plantio das
espécies florestais é feito em faixas e concomitantemente ou intermitentemente no tempo.
O componente arbóreo tem como função a melhoria e a conservação do solo e a produção
de biomassa foliar (Mac Dicken e Vergara, 1990, citados por Macedo, 2000).
As culturas anuais em virtude de suas características agronômicas, são plantas que
exigem bastante luz para se desenvolver e produzir adequadamente sendo assim bastante
complicado seu cultivo em agroflorestas densas e com vários extratos de plantas. Para
evitar a concorrência especialmente por luz estes cultivos são possíveis apenas em
situações onde se tenha um arranjo de plantas e um manejo que permita boa luminosidade,
permitindo assim o bom desenvolvimento das plantas.
Na fase inicial da implantação de uma agrofloresta em áreas antes ocupadas pela
agricultura convencional, o cultivo de plantas anuais torna-se possível e em certos casos
até interessantes. Faz-se o plantio das espécies anuais e em conjunto com este ou durante o
desenvolvimento da cultura faz-se também a semeadura de espécies arbóreas. A cultura
anual servirá, em alguns casos de proteção para o estágio inicial de desenvolvimento das
espécies florestais ali semeadas. Até que as condições de luminosidade e a velocidade de
desenvolvimento das espécies arbóreas permitam ser possível o cultivo de espécies anuais.
Esses cultivos dependendo da situação podem persistir durante os dois ou três
primeiros anos iniciais de implantação da agrofloresta.
Em situações onde não se tem condição de regenerar a terra com capoeiras de longa
duração, o terreno pode ser ocupado com espécies de ciclo curto, plantadas em faixas,
intercaladas com faixas de espécies arbóreas ou arbustivas adubadoras, que ajudarão a
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manter a capacidade produtiva do solo. No futuro estas espécies facilitarão a formação de
uma agrofloresta perene se assim desejar.
Para o sucesso do cultivo em aléias deve-se observar diversos fatores que são de
extrema importância no decorrer do desenvolvimento do sistema. A escolha das espécies
arbóreas que serão utilizadas para a formação das sebes verdes deve seguir vários
cuidados.
Deve-se primar por espécies que aceitam podas constantes e bastante drásticas, e
espécies com as quais o nível de competição com as culturas anuais fique em níveis
aceitáveis. Neste caso convém selecionar espécies com sistema radicular profundo e raízes
superficiais que não se afastam muito no sentido lateral.
O sistema de cultivo em aléias apresenta algumas desvantagens que o agricultor
deve analisar com cuidado. O sistema exige bastante mão-de-obra e as podas ou
rebaixamento não podem ser atrasadas. A maioria das podas é feita durante o período de
bastante desenvolvimento das culturas quando o agricultor já está muito atarefado. Além
do aumento da demanda por mão-de-obra, os rendimentos das culturas que ocupam as
aléias aumentam apenas depois do segundo ou terceiro ano. Algumas culturas anuais ou
bianuais podem não se adaptar bem ao sistema de cultivo em aléias.
Apesar das desvantagens, este sistema de cultivo apresenta características
importantes que ajudam a melhorar a fertilidade do solo e prolongar o tempo de uso do
mesmo. O material obtido nas podas e rebaixamento das sebes verdes é espalhado sobre o
solo das faixas de cultivo. A decomposição desse material fornece matéria orgânica para o
solo além de ajudar a reter umidade e aumentar a biodiversidade do solo.
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O processo de implantação das faixas de espécies florestais nas áreas de cultivo em
aléias deve seguir alguns princípios básicos. Em terrenos declivosos o cultivo das sebes
deve seguir as curvas de nível para ajudar na prevenção da erosão do solo. O cultivo dever
ser denso e a distância entre as faixas deve ser definida levando em conta o grau de
declividade do terreno. As distâncias mais comuns entre as sebes variam entre dois a seis
metros e o plantio das plantas adubadoras em geral é feito em filas duplas. Outra maneira
de ter melhor eficiência no controle da erosão é de associar as sebes adubadoras com
cultivo de faixas de gramíneas. Podem ser usadas entre outras o capim cidreira, que tem
crescimento lateral reduzido. No caso da associação de gramíneas como barreiras
antierosivas com as sebes verdes, as primeiras devem ser cultivadas logo abaixo das
espécies arbóreas ou arbustivas para melhorar o controle da erosão e favorecer o
desenvolvimento das sebes verdes.
Em terrenos planos as sebes verdes devem ser cultivadas em linhas paralelas e
orientadas no sentido leste oeste para diminuir o efeito do sombreamento destas sobre os
cultivos agrícolas. Em solos declivosos esta orientação sempre que possível, deve ser
perpendicular ao caminho do escoamento superficial da água da chuva.
Praticamente todos os cultivos agrícolas podem ser desenvolvidos em aléias, sejam
anuais ou plurianuais. O resultado dos cultivos pode ser melhorado com ajustes de
espaçamento e manejo adequado das sebes verdes.
As áreas ocupadas com sistemas de produção em aléias requerem tratos especiais
como, poda seletiva, podas de rebaixamento, eventuais podas de raízes das sebes verdes e
replantio para preenchimento de folhas ou brechas.
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A poda seletiva é feita para diminuir o grau de sombreamento e consiste na retirada
de apenas parte da folhagem das perenes adubadoras. O rebaixamento consiste numa poda
drástica e retirada de toda folhagem, mediante corte feito, em geral, a pouca altura acima
do solo. A altura do corte dependerá da espécie utilizada, assim como a periodicidade dos
mesmos. Os objetivos do rebaixamento são diminuir a competição e aumentar a quantidade
de matéria orgânica no solo. Deve-se fazer o maior número possível de rebaixamentos,
porém sem debilitar demais as perenes adubadoras.
Para diminuir a competição por água e nutrientes entre sebes verdes e cultivos
agrícolas, pode-se aumentar a largura das aléias e fazer a poda das raízes das adubadoras
perenes. O aumento da largura das aléias pode diminuir o grau de adubação esperado,
acelerando assim os gastos das reservas do solo. O sistema de produção em aléias assegura
melhor manutenção da capacidade produtiva do solo, assim mesmo, acontece um gasto
progressivo das reservas do solo, sendo necessário de tempos em tempos oferecer períodos
de descanso ou aplicação de pequenas quantidades de adubo.
8.2 Sistema de Taungya
Este sistema silviagrícola foi desenvolvido inicialmente na Europa, onde os
agricultores faziam semeadura direta de sementes de espécies florestais misturadas com
sementes de espécies agrícolas. Em 1856 o botânico alemão Dietrich Brandis introduziu o
método na Birmânia, onde recebeu o nome de Taungya, que na língua local significa
plantio de encosta. Taungya era o nome dado ao sistema de agricultura de queima e roça
(Flor, 1985, citado por Macedo, 2000). Seu uso no Brasil teve início a partir do trabalho
realizado por Gurgel Filho em 1962, que consorciou Eucalyptos Alba com milho (Passos,
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citado por Macedo, 2000). O termo Taungya está especificamente relacionado a uma roça
em que cultivos agrícolas de ciclo curto são associados, por um certo tempo, a um plantio
uniforme de mudas de uma ou mais espécies madeireiras que, ao crescerem, formam uma
floresta de rendimento e tem como objetivo final produzir madeira para serraria, celulose
ou outros tipos de produtos como compensados, lenha e carvão vegetal.
O sistema de Taungya constitui um sistema silviagrícola de substituição florestal ou
de reflorestamento, baseado em dois componentes: um florestal (principal e permanente) e
outro agrícola (secundário e temporário) (Macedo, 2000). A espécie florestal madeireira é
plantada junto a cultivos agrícolas de ciclo curto (milho, arroz, feijão e mandioca),
aproveitando-se dos cuidados dos cultivos agrícolas. Quando a última safra agrícola
termina, a espécie madeireira plantada já alcança uma boa altura. O lucro obtido pela
venda dos produtos agrícolas ajuda a pagar o custo do plantio das espécies madeireiras. No
Brasil, este sistema é utilizado, principalmente, para diminuir o custo na formação de
florestas de eucaliptos.
Para se formar florestas de rendimento com o método taungya, as mudas da
espécie madeireira são plantadas na roça no início do período das chuvas, e a distância
entre elas varia de acordo com a espécie: de 2,5 x 2,5 metros até 5,5 x 5,5 metros
(respectivamente 1682 e 332 mudas plantadas por hectare). Quando a espécie plantada visa
fornecer madeira de alta qualidade para produzir compensados ou móveis, as mudas devem
ser freqüentemente visitadas e devem ser feitas as eliminações de cipós e, quando
necessário, podas de formação.
Os cultivos agrícolas devem ficar afastados do pé das espécies madeireiras - pelo
menos 40 a 50 centímetros e, no caso da mandioca ou macaxeira, a distância mínima deve
ser maior (60 a 80 centímetros). Para que o pequeno produtor obtenha boas safras dos
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cultivos de ciclo curto, deve plantar as espécies madeireiras mais espaçadas e realizar
podas de formação para corrigir as forquilhas (tronco bifurcado) que poderiam depreciar o
valor das árvores.
A principal vantagem do taungya é diminuir o custo de formação da floresta
plantada, propiciando boas condições de sobrevivência, de crescimento às mudas de
espécies madeireiras e aumentando a disponibilidade de nitrogênio, quando as entrelinhas
são ocupadas com o cultivo de leguminosas (feijão, amendoim).
A principal desvantagem é a competição exercida pelas espécies madeireiras sobre
os cultivos agrícolas. Mas também existem outras, como os riscos de erosão. Quando os
cultivos agrícolas são localizados sobre ladeira, é grande a mão-de-obra exigida durante o
primeiro ano de estabelecimento do taungya.
Duas interações destacam-se em sistema de Taungya: a interferência entre os
cultivos e as árvores (competição e efeitos alelopáticos); e a provisão de sombra das
árvores para os cultivos. A competição por água, luz, nutrientes e espaço depende das
espécies utilizadas, da densidade e do tipo de manejo. A competição excessiva pode
ocasionar redução do rendimento dos cultivos e maior predisposição das plantas a
enfermidades ou ao ataque por insetos (Montagnini et al, 1992, citado por Macedo, 2000).
De acordo com esses autores o excessivo sombreamento dos cultivos pelas árvores
determina o final desse tipo de sistema agroflorestal e o início de uma plantação florestal
pura. A duração do período de cultivo é determinada pela densidade de plantio das árvores:
para densidades elevadas o período de cultivo será curto ou vice-versa. Neste tipo de
associação as plantações florestais crescem melhor que quando se encontram sós, pois
estão mais livres de doenças além de ter seu crescimento favorecido por efeitos residuais
dos fertilizantes empregados aos cultivos agrícolas (Macedo, 2000).
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Segundo Brienza Júnior (1982), citado por Macedo (2000), de acordo com a
dimensão do projeto, as espécies escolhidas e as tecnologia disponíveis, os sistemas
silviagrícolas podem ser dirigidos para uma economia de subsistência ou de mercado, e
cita as seguintes espécies como potenciais para implantação do sistema:
a) Culturas de Ciclo Curto
- Oriza sativa (arroz)
- Zea Mays (milho)
- Phaseolus sp (feijão)
- Vigna unguiculata (caupi)
- Manihot spp (mandioca)
b) Espécies Florestais
- Cordia goeldiana (freijó)
- Swietenia macrophilla (mogno)
- Bertholletia axcelsa (castanha-do-pará)
- Cordia alliodora (uruá)
- Carapa guianensis (andiroba)
- Bagassa guianensis (tatajuba)
- Didymopanax morototonii (morototó)
- Dinizia excelsa (Angelim-pedra)
- Vochysia máxima (quaruba-verdadeira)
- Vateireopsis speciosa (fava-amargosa)
- Jacarandá copaia (parapará)
- Simarouba amara (marupá)
- Eucalyptus spp (eucalipto)
- Pinus sp (pinus)
- Hevea brasiliensis (seringueira)
- Ilex paraguaiensis (erva-mate)
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As culturas intercalares, além de não prejudicarem o crescimento das espécies
florestais, em muitos casos têm gerado benefícios às mesmas, contribuindo para a obtenção
de melhores estandes de desenvolvimento inicial. Apenas no caso de espécies florestais
heliófitas, deve-se atentar para o fato de não se utilizarem no primeiro ano, culturas de
porte mais elevado e altamente competitivas, exceto para a utilização de espaçamentos
florestais mais amplos.
Este sistema apresenta grande perspectiva para produção de madeira em ciclos curtos
(celulose ou lenha), para maximizar a produção por unidade de área, uma vez que as
espécies arbóreas podem ser plantadas em densidades mais altas do que em outros
sistemas. O manejo desse sistema visando a produção de madeira para serraria, com
rotação em torno de trinta anos e desbaste intermediários (madeira para celulose, energia
ou ferramentas), seria preferível a rotações curtas (cinco a dez anos). Com esta medida, a
ciclagem de nutrientes é favorecida, assim como a minimização das perdas por exportação
dos mesmos. Se por um lado o uso de rotações longas podem favorecer a ciclagem de
nutrientes e minimizar as perdas por exportação, existe a desvantagem da imobilidade por
um longo período de tempo, sem que o agricultor tenha rendas intermediárias. Do ponto de
vista econômico, o preparo do solo e as limpezas durante a fase de desenvolvimento inicial
das espécies florestais são custeados, total ou parcialmente, pelas atividades agrícolas
temporárias (Yared et al, 1992, citado por Macedo, 2000).
8.3 Multiestratos ou multiestratificados
São também conhecidos como consórcios agroflorestais comerciais ou policultivos
multiestratificados. São uma mistura de um número limitado de espécies perenes, em geral
menores de dez, manejadas para fins comerciais.
Sua diferença dos Quintais Agroflorestais e da Agrofloresta ocorre em virtude do
número de espécies limitado e o objetivo da produção para comercialização.
Caracterizam-se pela associação de espécies vegetais (árvores, cultivos perenes e
anuais), geralmente de valor comercial, que formam diversos estratos verticais.
No estado do Acre um dos modelos de Sistema Agroflorestal mais comum é o
multiestratificado, superado apenas pelos Quintais Agroflorestais. Entre as espécies mais
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utilizadas pelos agricultores da região destacam-se o cupuaçu, a pupunha, o café, a
castanha-do-brasil, o mogno, e o freijó. Os produtos gerados nesse tipo de sistema
agroflorestaL se destina á venda (Dubois et al., 1996).
8.4 Quebra-ventos
O vento, dependendo de sua intensidade pode provocar danos na propriedade rural.
Nas culturas vegetais, os danos vão desde um estímulo excessivo à evapotranspiração, até
o efeito mecânico da quebra de galhos e arrancamento da planta do solo, podendo provocar
ainda a queda de flores e frutos, a seca de plantas e a erosão do solo.
Os quebra-ventos são fileiras de árvores plantadas no sentido de cortar a direção
dos ventos dominantes, a fim de diminuir sua velocidade e/ou modificar sua direção.
No plantio de árvores para obter uma cortina florestal devem ser plantadas espécies
de valor econômico para serem alcançadas duas finalidades: cortar a velocidade dos ventos
e ter uma fonte de renda alternativa.
Os quebra-ventos agem diretamente sobre o ambiente, proprocionando
sombreamento parcial ou temporário da cultura e diminuindo a velocidade dos ventos,
podendo assim proporcionar um microclima favorável às culturas agrícolas, um aumento
na produção e uma redução nos custos da cultura.
8.5 Cercas vivas
As cercas vivas são linhas de árvores ou arbustos utilizadas com o objetivo de
delimitar uma determinada área. São implantadas basicamente por estacas grandes
(geralmente 2,5m de comprimento e de 8 a 20 cm de diâmetro), que enraízam facilmente, e
sobre as quais se prendem lateralmente os fios de arame. Elas podem ser completamente
fechadas, bem densas ou abertas, interligadas por arames.
Destacam-se pelas possibilidades de obtenção de diversos produtos
(lenha,mourões,etc.), a proteção aos cultivos e animais contra o vento, a delimitação das
áreas de cultivo, pecuária e da propriedade, além da durabilidade em comparação com as
24
cercas tradicionais. Mas este tipo de cerca apresenta desvantagens como: a necessidade de
podas para controlar o crescimento e a dificuldade de eliminação da cerca se necessário.
As espécies mais utilizadas na América Central para postes e cercas vivas incluem
a Gliricídia sepium, Erytrina spp., Spondias spp. e Pithecellobium dulce. Na Amazônia o
modelo mais utilizado é constituído por mourões vivos interligados por arames farpados.
9. Sistemas Silvipastoris
São associações de pastagens com espécies arbóreas, planejadas ou naturais. As
espécies arbóreas podem ser de essências florestais, frutíferas, leguminosas (forrageiras ou
não) e até de espécies de interesse industrial.
A presença de árvores em pastagens tem inúmeras vantagens para os animais,
forrageiras e o solo.
Os animais encontram nas árvores a proteção contra o excesso de insolação, chuva e
vento, obtendo um conforto que refletirá numa melhoria de sua produção.
As plantas forrageiras, principalmente nas regiões tropicais, têm seu desenvolvimento
prejudicado pelo excesso de insolação nas horas mais quentes do dia. Entretanto, na
sombra das árvores elas permanecem viçosas, além de serem favorecidas com a
manutenção da umidade do ambiente pelas árvores.
O solo é muito favorecido pelas árvores que além de se constituírem em verdadeiras
“bombas de adubação”, retirando nutrientes das camadas mais profundas do solo e os
depositando na superfície através das folhas e galhos que caem, protegem com sua sombra
a micro e meso vida do solo, que, por sua vez, usando como alimento os restos vegetais e
dejetos do gado, contribuem para a disponibilização de nutrientes antes indisponíveis às
plantas, promovendo um verdadeiro “circuito virtuoso” que tende a aumentar a fertilidade
do solo (MELADO, 2002).
A introdução de árvores nas pastagens contribui para a intensificação da produção
animal e abre caminho para uma produção mais sustentável e rendosa. Pois as espécies
25
florestais aumentam as perspectivas de retorno econômico a médio e longo prazo,
fornecendo sombra e abrigo para o gado, além de proteger e adubar o solo.
Para a escolha das espécies arbóreas que comporão o sistema devemos buscar as que
reúnam maior número de características desejáveis: facilidade de estabelecimento,
adaptação ao meio ambiente, capacidade de fornecer forragem palatável, ausência de
efeitos alelopáticos negativos sobre as forragens do sub-bosque, tolerância a ataques de
pragas e doenças, ausência de efeitos tóxicos para os animais e capacidade de lhes fornecer
sombra e abrigo. Além destas qualidades as espécies arbóreas devem ser perenes,
resistentes ao vento, ter raízes profundas, possuir capacidade de rebrote e apresentar uma
arquitetura que permita a penetração da luz do sol até o estrato herbáceo.
Dentre as espécies de usos múltiplos mais indicadas para compor os sistemas
silvipastoris na região Norte do Brasil encontramos: a castanha-do-brasil (poteção-sombra
e castanha), pau-d`arco (madeira comercial, sombra), freijó-comum (madeira, sombra e
mel) e ingá-cipó (sombra, adubação do solo, lenha,mel, forragem) (MACEDO, 2000).
Para a região do cerrado destacam-se o baru, a mangaba e a lixeira. Esta última
principalmente pela grande quantidade de folhas que lança ao solo, contribuindo assim
para o aumento da matéria orgânica e a fertilidade do solo (MELADO, 2002).
Segundo Macedo (2000), dentre as vantagens do sistema silvipastoril adiciona-se o fato
de que o agricultor pode adaptá-lo como modificação silvipastoril dos cultivos em aléias,
nos quais são estabelecidas espécies forrageiras entre as linhas de plantio das árvores ou
arbustos. E de acordo com estudos concluídos as pastagens em aléias podem sustentar três
unidades (400Kg) animais/ha na época chuvosa e de duas a duas e meia unidade animal/ha
na época seca. De acordo com essa carga podem ser produzidos de 600 a 700Kg de
carne/ha/ano, nas zonas de trópico chuvoso e de 450 a 650Kg de carne/ha/ano nas zonas do
trópico seco. E ainda com estes sistemas podem ser obtidos aumentos de até 20% na
produção de leite de vaca.
26
10. Sistemas Agrosilvipastoris
Estes sistemas são representados pela associação de animais, geralmente de pequeno
porte, com cultivos agrícolas e árvores ou arbustos em uma mesma área.
A característica sobressalente neste sistema é a presença de animais e de forragem
necessária para sua alimentação, além das árvores inseridas nessa atividade pecuária. O
componente animal introduz um tipo de interação que afeta as práticas de manejo. Os
princípios gerais de manejo se referem aos dois objetivos desse sistema: a produção animal
e a obtenção de produtos arbóreos como os frutos.
De acordo com Macedo (2000), é valido dizer que o termo agrossilvipastoril é utilizado
tanto para classificação de SAFs quanto para a definição de um dos modelos e, portanto, os
quintais agroflorestais que incluem o componente animal, são um tipo de sistema
agrossilvipastoril.
10.1 Quintais Agroflorestais
São áreas de produção localizadas perto da casa, onde são cultivadas espécies
agrícolas e florestais, envolvendo, também, a criação de pequenos animais domésticos
(frangos, patos, suínos, gatos e cachorros) ou animais domesticados (paca) (COSTANTIN,
2005).
Segundo Altieri (2002), os quintais domésticos nos trópicos são exemplos clássicos
de sistemas agroflorestais. Os quintais são formas altamente suficientes de uso da terra que
incorporam diversas culturas com diferentes hábitos de crescimento. O resultado é uma
estrutura semelhante às florestas tropicais, com diversas espécies e uma configuração em
estratos imitando o processo de sucessão. Em toda a zona tropical, os sistemas
agroflorestais tradicionais podem conter mais de 100 espécies de vegetais por quintal
doméstico. São usadas como material de construção, ferramentas, medicamentos, forragem
e alimentação humana.
Os quintais agroflorestais possuem diferentes funções como: produção de
alimentos, criação de pequenos animais, local de adaptação de novas variedades de
27
espécies de plantas, produção de matérias-primas para artesanato, abastecimento da
farmácia caseira, reciclagem de resíduos domésticos, cultivo de plantas ornamentais,
secagem e beneficiamento de produtos agrícolas cultivados em outras áreas da
propriedade, servindo como espaço de convivência, dentre outros aspectos (COSTANTIN,
2005).
FIGURA 01 - Representação de um quintal agroflorestal com arranjos espaciais bem
definidos. FONTE: Dubois (1996).
Os quintais agroflorestais possuem sustentabilidade ecológica e biológica,
juntamente com o alto grau de aceitabilidade social, devido à sua produção diversificada, à
redução dos riscos de perda da produção, ao aumento da eficiência de mão-de-obra, à
produção contínua reduzindo as perdas de pós-colheita, à boa reciclagem de nutrientes e à
redução da erosão em função da boa cobertura do solo (COSTANTIN, 2005).
De acordo com Macedo (2000), estes sistemas baseiam-se no princípio ecológico
denominado biodinâmica da sobrevivência, proporcionando o máximo aproveitamento da
energia solar vital, através da multiestratificação diferenciada de uma grande diversidade
de espécies de usos múltiplos, as quais exploram os perfis vertical e horizontal da
paisagem, visando à utilização e recirculação dos potenciais produtivos dos ecossistemas.
28
Os quintais agroflorestais são o modelo de SAF mais antigo e comum encontrado
em todo trópico úmido. Neles se evidencia mais o trabalho feminino onde, geralmente, é a
mulher que desempenha o papel mais importante na sua formação e manutenção, devido à
proximidade com a casa e o fato dos produtos originados desse quintal influenciarem
diretamente na dieta alimentar da família (frutas, hortaliças, condimentos, plantas
medicinais, pequenos animais). O excesso de produção deste quintal pode ser
comercializado, sendo este, visto como uma ajuda da esposa ao marido no orçamento
doméstico (DUBOIS et al., 1996).
FIGURA 02 - Representação dos diversos estratos de um quintal agroflorestal, segundo
Assare, Oppong e Twum-Ampofo (1990).
11. SAFs RECUPERAÇÃO DE AREAS DEGRADADAS
A degradação dos solos agrícolas vem ocorrendo de diferentes formas, sendo as
principais causas a erosão, a diminuição da matéria orgânica do solo, a exportação de
nutrientes com as colheitas, a lixiviação, e a compactação dos solos, pelas máquinas e
superpastoreio. Esta degradação causa a perda das características físicas, químicas e
biológicas, inviabilizando o desenvolvimento sustentável.
Através da falta de conservação dos solos, ocorre com freqüência a rotação das
áreas de plantio, onde as terras degradadas são abandonadas e em seguida são abertas
29
novas áreas, aumentando a fronteira agrícola. Muitas vezes as terras abandonadas se
transformam em capoeiras.
Todo o método ou sistema de uso da terra somente será sustentável se for capaz de
manter o seu potencial produtivo também para as gerações futuras (comissão Mundial
Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991). Assim, para a recuperação do potencial
produtivo dos ecossistemas agropecuários é necessário, por um lado, oferecer condições
para que os produtores rurais possam assimilar e adotar tecnologias simples, de custo baixo
e apropriadas ao uso e ocupação do solo, e por outro lado, garantir um nível de renda
compatível com os investimentos requeridos para a recuperação das terras degradadas,
aumentando a produtividade.
Os sistemas agroflorestais se apresentam como uma boa opção para a recomposição
de áreas degradadas e estabelecem uma cobertura vegetal perene sobre o local alterado.
Para a recuperação de áreas degradadas pelas atividades agropecuárias as árvores
que serão utilizadas nos sistemas devem apresentar algumas características básicas como:
capacidade de enraizamento profundo; grande resistência a períodos longos de déficit
hídrico e exigir poucos nutrientes para que possam crescer nos solos de fertilidade
marginal.
Em áreas que o principal objetivo da recuperação das áreas degradadas por
atividades agropecuárias é a recomposição de seu potencial produtivo, o sistema
agroflorestal de plantio em faixas de leguminosas (Alley Cropping) se apresenta com
grandes possibilidades de utilização para atingir tal meta.
12. MEDIDAS AMBIENTAIS INERENTES AOS SISTEMAS
AGROFLORESTAIS
Empreendimentos rurais podem causar impactos ambientais de diferentes intensidades
sobre os meios físico, biótico e sócio-economicos, seja em sua fase de implantação e/ou
manejo.
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Algumas propostas são sugeridas por Alvarenga apud Macedo (2000), no quadro
abaixo para minimizaremos os impactos negativos e maximizarem os impactos positivos
causados ao meio ambiente por algumas atividades.
Problemas/Impactos Ambientais Alternativas de Sistemas Agroflorestais
Escassez de lenha
Cercas vivas
Capão de árvores em pastagens
Alley Cropping
Árvores lenhosas em quintais agroflorestais
Sombreamento de cultivos
Erosão/estabilização de terrenos ou dunas
Interplantio de cultivos
Faixas de árvores em culturas em nível
Arboretos de usos múltiplos
Ventos dominantes Quebra-ventos
Escassez de alimentação para animais Cercas vivas ou parcelas com arbustos/árvores forrageiras
Alley Cropping forrageiro
Falta de sombra para cultivos ou animais
Faixas de árvores ou arboretos em pastagens
Policultivos multiestratificados
Plantios sombreados de cultivos
Solos degradados
Alley Croppping
Consórcios com árvores leguminosas
Enriquecimento de capoeiras
Rotação de cultivos/árvores
Alimentação Humana (subsistência)
Quintais Agroflorestais
Frutíferas em pastagens
Policultivos multiestratificados
Sistema Taungya
Delimitação de Propriedades Cercas vivas
Quebra-ventos
Demarcação de pastagens; Divisão de aguadas;
Curral para animais.
Cercas vivas
Alley Cropping forrageiro
Quebra-ventos
Escassez de madeira
Sistema Taungya
Enriquecimento de capoeiras
Árvores/arboretos em pastagens
Policultivos multiestratificados
Cercas vivas
Quebra-ventos
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Pastagens degradadas Árvores leguminosas em pastagens
Alley Cropping
Estiagens prolongadas
Sistemas silvipastoris
Sistemas agrossilvipastoris
Faixas de árvores em nível
Quintais Agroflorestais
Estabilização da agricultura migratória
Sistemas silviagrícolas rotativo
Quintais Agroflorestais
Enriquecimento de capoeiras
Capitalização do produtor rural Capitalização através de árvores nobres em sistemas
agroflorestais
Riscos sócio-econômicos Diversificação com a utilização de espécies de usos múltiplos
em sistemas agroflorestais
Distribuição de mão-de-obra familiar Quintais Agroflorestais
Manejo de sistemas agroflorestais
Competições excessivas nos cultivos Direcionar as técnicas de manejo
Destruição das florestas tropicais Sistemas agroflorestais em reservas extrativistas e áreas
tampão
Destruição da fauna
Enriquecimento de matas secundárias, ciliares e áreas
degradadas com frutíferas nativas.
Silvicultura urbana com espécies restabelecedoras da fauna.
13. Implantação de Agroflorestas
"Implantar um sistema agroflorestal demanda um conhecimento prévio da evolução
do sistema e de como será a sua dinâmica. (...) conhecer um bom projeto implica tomar
decisões que envolvam não apenas a escolha das espécies e o método de plantio, mas
igualmente a composição do mosaico agroflorestal, de acordo com o atual estágio de
sucessão, ou seja, da quantidade e da qualidade de vida consolidada. (...) de forma que as
espécies escolhidas tenham o 'talento' necessário para fazer evoluir todo o sistema"
(Osterroht, 2002).
Ao se pensar em implantar um sistema agroflorestal, deve-se levar em
consideração, que se está implantando um sistema que sob a ótica de uma ou outra cultura,
representará uma diminuição significativa de produção se comparada a produção da
espécie no sistema tradicional, pelo menos na fase inicial. O que torna a agrofloresta
32
altamente produtiva é o conjunto de espécies que se complementam, fazendo com que o
volume de produção da biomassa do sistema seja superior ao da agricultura tradicional.
A associação de diferentes espécies arbóreas, com diferentes ciclos e tamanhos
favorecem a criação de um microclima, que associado a maximização da luz, torna o
sistema cada vez mais complexo e produtivo.
Com condições de vida favorável, inúmeras espécies animais se instalam na
agrofloresta, passando a ter importante função na disseminação de plantas e regulação do
número de indivíduos. É importante que o sistema de agrofloresta busque alcançar os
seguintes objetivos:
- Uma rápida cobertura verde do solo com espécies arbustivas e arbóreas;
- Mesclar espécies presentes com o máximo de espécies futuras;
- Atingir alta diversidade biológica logo na implantação do sistema;
- Implantar espécies com alta capacidade de rebrote;
- Plantar exemplares em excesso para ter abundância de biomassa e permitir podas;
- Fazer atingir alto grau de autodinâmica.
A implantação da agrofloresta poderá ser de forma lenta com baixa diversidade de
plantas ou rápida com alta diversidade de plantas. A forma lenta, demanda menor custo
inicial com mão-de-obra, mas, por outro lado exige uma demanda por mais tempo. Ela faz
com que agrofloresta seja menos dinâmica no início, pela menor possibilidade de interação
entre espécies. Já a forma rápida exige uma maior demanda por trabalho no plantio, mas
em função da sua maior diversidade de espécies, multiplica a possibilidade de interação,
ampliando as chances de otimizar o sistema. Ao entrar em autodinâmica, a reprodução e o
replantio das espécies será exercido pelos animais silvestres a um custo mais baixo.
Não há necessidade de se fazer uma implantação homogênea. Pode-se variar as
espécies de acordo com a conveniência de quem está projetando/implantando a
agrofloresta.
33
A implantação não precisa ser obrigatoriamente com espécies nativas. Muitas
espécies exóticas têm a capacidade de desenvolver bem em solos erodidos e
desequilibrados, formando assim um ambiente para o surgimento das espécies do futuro.
Muitos erros podem ocorrer na implantação da agrofloresta. Dentre eles os mais
comuns são a exclusão de espécies e não alcance da autodinâmica. Numa lavoura
tradicional as plantas expontâneas são vistas como invasoras. Cada espécie tem a sua
importância tanto na produção de produtos ou de biomassa quanto como indicadora e
corretora de desequilíbrios minerais no solo. O domínio de uma espécie invasora indica
que o projeto foi mal concebido e que a agrofloresta foi implantada com pouca diversidade
e em quantidade insuficiente. Assim, a autodinâmica está mal concebida e o sistema se
mantém estático e sem talento (capacidade) de gerar suficiente quantidade e qualidade de
vida.
As pragas e doenças contribuem muito para a otimização do sistema, pois somente
as espécies e exemplares melhor posicionados prevalecem, os demais são eliminados,
indicando erros de implantação e manejo. São benéficos porque contribuem para a
diversidade e são parte importante da teia da vida da agrofloresta.
Outro detalhe importante que deve ser levado em consideração é o papel que cada
espécie desempenhará e que porte atingirá no futuro. O estrato ocupado resultará numa
maior ou menor dinâmica de sucessão e intervenção no sistema.
A agrofloresta poderá ser implantada a partir de uma lavoura tradicional, ou de uma
pastagem, ou ainda do manejo de matas ou dos cerrados.
14. Manejo de Sistemas Agroflorestais
O manejo tem como objetivo recuperar, manter ou aumentar o nível de
produtividade do sistema e favorecer a conservação dos recursos disponíveis. Desse modo,
as técnicas de manejo visam manter a capacidade produtiva do sistema, o balanço de
nutrientes e o suprimento de água aos componentes.
Na escolha das espécies, são considerados os aspectos inerentes a cada espécie
(biologia, ecologia e fenologia), às condições ambientais, ao desenho do SAF, aos de
34
ordem cultural (hábitos alimentares, materiais e crendices) e aos de ordem econômica
(mercado - comercialização e preço). As informações sobre biologia e ecologia das
espécies indicam as necessidades nutricionais, de temperatura, luz e água, dando uma idéia
da densidade de plantio e das associações possíveis.
Depende de vários aspectos, tais como espécies associadas, função de cada
componente no sistema, características dos produtos a serem obtidos, ciclo desejado de
cada componente, tratamentos culturais previstos, tipo de tecnologia empregada e colheita
da produção de cada componente. Atualmente, existe a tendência de se utilizar o plantio
em fileiras ou faixas, pois permite uma melhor ocupação da área e facilita a sistematização
dos tratos culturais e da colheita. É possível estabelecer SAF a partir da introdução de
cultivos agrícolas ou animais em áreas de vegetação natural arbustiva ou do componente
arbóreo em sistemas agrícolas já estabelecidos.
A introdução do componente arbóreo nas áreas agrícolas pode ser feita através da
regeneração natural ou artificial, sendo mais comum esta última, em virtude do
esgotamento do banco de sementes do solo e à ausência da vegetação natural remanescente
nas áreas circunvizinhas. Os tratos silviculturais empregados no manejo de regeneração são
os mesmos aplicados na condução de florestas naturais ou plantadas.
- Arranjo espacial com regeneração artificial - existe uma ampla flexibilidade na
distribuição espacial dos componentes, o que permite um melhor controle das condições
ambientais, obtidos também através do uso de tratamentos silviculturais como a poda e o
desbaste.
- Arranjo espacial com regeneração natural - nas áreas de vegetação nativa, as
espécies de interesse estão distribuídas em diferentes padrões, podendo estar dispersas
regular ou aleatoriamente na área, ou em grupos, dependendo das características dos
processos de dispersão. Esta distribuição natural poderá ser alterada com desbaste ou
adensamentos. A introdução de espécies domesticadas, nestas áreas, pode se dar a partir de
tratamentos de refinamento, podas e de aberturas no dossel, procurando-se privilegiar as
espécies florestais de interesse e compatibilizando a intensidade dos tratamentos
silviculturais às condições ambientais (luz, umidade, temperatura e solo) exigidas pela
espécie introduzida.
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- Arranjo temporal - aproveitam-se as diferenças nas exigências das espécies
através das etapas de crescimento e desenvolvimento e as mudanças ecológicas ocorridas
na sucessão da vegetação. A variável tempo amplia as dimensões do sistema agrícola que,
na maioria das vezes, pode ser considerado bidimensional: Área (A²), enquanto que os
sistemas agroflorestais (SAF) possuem, mais duas dimensões: Área (A²) x Altura (H) x
Tempo (T), o que confere a estes sistemas uma maior complexidade e dinamismo.
O manejo do solo nos SAF deve ser entendido sob o ponto de vista sistêmico. O
ecossistema possui um potencial produtivo natural, cujos nutrientes encontram-se
distribuídos entre os componentes bióticos (vegetação e animais) e no solo. As entradas
ocorrem através de precipitações atmosféricas, fertilizantes químicos ou orgânicos, de
rações e sais minerais, e as saídas pela erosão, lixiviação e colheita. Um dos objetivos do
manejo é a redução das perdas (saídas). A perda por erosão e lixiviação pode ser
parcialmente reduzida com práticas adequadas. No entanto, a colheita é uma atividade
desejável e fundamental nos SAF. As técnicas de manejo do SAF devem cumprir os
seguintes objetivos:
- Manter o solo coberto com vegetação ou com seus resíduos, durante a maior parte do
ano;
- Manter o conteúdo de matéria orgânica das camadas superficiais do solo;
- Manter um sistema de raízes superficiais para contribuir na estrutura e na ciclagem de
nutrientes;
- Minimizar a remoção de matéria orgânica e nutrientes, através da colheita;
- Evitar queimadas.
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução dos modelos atuais de agricultura para sistemas mais intensivos de uso
do solo, coerentes com a manutenção e/ou utilização racional da biodiversidade tropical, só
pode ser realizada de forma gradativa, sem grandes modificações no sistema tradicional.
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Qualquer sistema alternativo para ser bem sucedido deve envolver ao nível de produtor o
plantio de culturas alimentares associado a produtos destinados à venda, capazes de induzir
um processo de captação em benefício do agricultor.
A maior dificuldade encontrada nesse modelo reside na falta de dados (estudos)
científicos que sirvam de base para implantação e condução desse método, e, além disso,
não é possível criar um modelo único devido ao fato da grande diversidade de
características regionais.
A recuperação, principalmente de áreas tropicais, degradadas por atividade
agropecuária e a utilização racional da biodiversidade tropical através dos sistemas
agroflorestais, deverá ponderar no mínimo, dois componentes básicos relativos a custos e a
viabilização técnica. O primeiro relacionado à utilização mínima de insumo e, o segundo à
demanda total de mão-de-obra e sua distribuição durante o ano. Coerentemente, a estas
ponderações, recomendamos os sistemas agroflorestais de plantio em faixas (Alley
Cropping), e os consórcios multiestratificados para enriquecimento de capoeiras em
pousio.
Inserido neste contexto, acreditamos que os sistemas agroflorestais se apresentam
como protótipos alternativos de sustentabilidade, pois estão alicerçados em princípios
econômicos de utilização racional de recursos naturais renováveis, sob exploração
ecologicamente sustentável. E são capazes de gerar benefícios sociais, porém sem
comprometer o potencial produtivo dos ecossistemas, ou seja, se harmonizam aos
fundamentos de que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente, sem comprometer as possibilidades das gerações futuras também atenderem suas
próprias necessidades.
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9. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COPIJN, A. N. Agrossilvicultura sustentada por sistemas agrícolas ecologicamente
eficientes. Rio de Janeiro: FASE, 1988.
COSTANTIN, A. M. Quintais Agroflorestais na visão dos agricultores de Imaruí-SC,
120 fls; Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas (Dissertação de Mestrado)
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.
DUBOIS, J. C. L.; VIANA, V. M.; ANDERSON A. B. Manual agroflorestal para a
Amazônia. Rio de Janeiro: REBRAF, 1996. v. 1. 228p.
GOMES de ALMEIDA, D. .A construção de sistemas Agroflorestais apartir do saber
ecológico local (O caso dos agricultores familiares que trabalham com Agroflorestas em
Pernambuco) Florianópolis: UFSC, 2001. (Dissertação de Mestrado)
MACEDO, R. L. G. Princípios básicos para o manejo sustentável de sistemas
agroflorestais. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000.
MELADO, J. Sistema Agroflorestal I. Agroecologia Hoje. Ano III, n. 15, jul/ago 2002.
OSTERROHT, M. V. Sistema Agroflorestal I. Agroecologia Hoje. Ano III, n. 15, jul/ago
2002.