estudo de motores de combustão interna

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  • 7/22/2019 Estudo de Motores de Combusto Interna

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    Estudo de Motores de Combusto InternaAplicando Anlise Orientada a Objetos

    Jos Eduardo Mautone Barros

    Orientador: Prof. Dr. Ramn Molina Valle

    Belo Horizonte, Fevereiro de 2003

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    Estudo de Motores de Combusto InternaAplicando Anlise Orientada a Objetos

    Jos Eduardo Mautone Barros

    Orientador: Prof. Dr. Ramn Molina VallePrograma de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica

    rea de Concentrao: Calor e Fluidos

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao emEngenharia Mecnica da Escola de Engenharia daUniversidade Federal de Minas Gerais, como parte dosrequisitos para obteno do ttulo de Doutor emEngenharia Mecnica.

    Belo Horizonte, Fevereiro de 2003

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    RESUMO

    Este trabalho trata do estudo de motores de combusto interna visando sua modelagem. Aanlise orientada a objetos foi a abordagem escolhida para elaborar o modelo, por permitir suaevoluo de maneira estruturada e com grande reutilizao de cdigos computacionais. Aorientao a objetos tambm permite o encapsulamento de dados e mtodos, tornandoindependente os modelos relacionados a um dado componente do motor. O objetivo propor ummodelo matemtico e computacional para previso de desempenho de motores de combustointerna alternativos de ignio por centelha. Uma reviso da literatura apresentada cobrindo

    preferencialmente os desenvolvimentos dos ltimos 10 anos na rea de modelagem e ensaios.Um modelo algbrico, baseado em eficincias, apresentado para fins de estudo inicial de ummotor. O modelo de objetos apresentado e discutido numa estrutura de implementao top-down. O equacionamento dos gases dentro do cilindro baseado nas equaes de conservao,incluindo a equao de conservao de quantidade de movimento que usualmente excluda nosmodelos apresentados na literatura sobre motores. Um modelo de queima em duas zonas proposto baseado no equacionamento de onda de combusto, permitindo representar adeflagrao e detonao da mistura no mesmo conjunto de equaes diferenciais. So propostasnovas relaes empricas para a estimativa do fator de turbulncia na combusto e para ocoeficiente de descarga, com escoamento compressvel, em vlvulas tipo borboleta. Umadiferente implementao do procedimento numrico-grfico da evoluo da frente de chama na

    cmara de combusto proposta e discutida. Os diagramas de classes para os componentes domotor so apresentados usando a linguagem padro UML, orientada a objetos. Os resultados desimulao so apresentados para um motor monocilindro, usando gasolina pura e uma misturagasolina/etanol. O modelo implementado foi capaz de reproduzir os dados experimentais dedesempenho, com uma incerteza inferior a 4 %. So apresentados e discutidos os resultados desimulao para as propriedades no interior do cilindro. tambm analisada a capacidade doprograma em modelar o fenmeno de detonao, visando calcular o avano ignio timo, parauma dada condio de operao. O cdigo fonte do programa ser disponibilizado a comunidadecom uma licena tipo GPL.

    Palavras chave: Motores de Combusto Interna, Combusto, Simulao, Orientao a Objetos

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    ABSTRACT

    The work is an internal combustion engine modeling study. The object oriented analysis was

    chosen for develop the model to improve the computational codes. The object oriented approach

    allows to encapsulate all data and methods related to a motor component, becoming a complete

    independent model. The main objective is propose a mathematical and computational model for

    a spark ignition, reciprocating internal combustion engine. A review is presented and cover the

    last 10 years of modeling development. A algebraic model is presented to allow initial analysis

    of an motor. The object model is presented and discussed following a top-down structure. The

    internal cylinder gas is described by conservation equations, including the momentumconservation equation that was excluded from models presented in the literature. A two zones

    model, based on combustion wave equations, is presented, allowing to simulate deflagration and

    detonation with he same differential equations set. Empirical relations are proposed for the

    combustion turbulence factor and for the butterfly valve discharge coefficient with compressible

    flow. Also, a different implementation of the numeric/graphic geometric combustion chamber

    model for flame propagation is presented. All classes diagrams are presented following the

    standard UML. The simulation results are presented for a one cylinder engine, using pure

    gasoline and a mixture of gasoline/ethanol. The model presented was able to predict the

    performance parameters within 4 % from the experimental data. Internal cylinder simulation

    parameters are presented and discussed. Also, an analysis of detonation and advance angle

    optimization is presented. The code will be distributed under the GPL rules.

    Keywords: Internal Combustion Engines, Combustion, Simulation, Object Orientation

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    Dedico este trabalho a minha esposa Delba e a meu filho Otvio,

    pela pacincia que tiveram comigo.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Ramn Molina Valle, pela orientao efetiva e presente.

    Ao amigo Paulo Srgio da Silva, pela ajuda na realizao deste trabalho.

    A todos os professores que tive ao longo da vida.

    A FAPEMIG, Projeto No. 822/98, financiadora do presente trabalho.

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    HOMENAGEM

    Aos 10000 anos dos ffeitos de Alberto Santos Dumont

    Motor Dion-Bouton projetado por Santos Dumont parao Dirigvel "N 1", 1898, com 3,5 hp a 120 rpm.

    Legenda: A e B - Cilindros sobrepostos, C - Hlice, D - Bobinas, E - Tubos de escapamento,

    F - Carburador, G - Tubo de combustvel, H - Tanque de combustvel.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO 1

    2. ESTADO DA ARTE (REVISO BIBLIOGRFICA) 2

    3. OBJETIVOS E RELEVNCIA 19

    4. MODELAGEM DO MOTOR DE COMBUSTO INTERNA(Ciclo OTTO) 21

    4.1. Modelo Algbrico No-Ideal 21

    4.2. Modelo Orientado a Objeto 314.2.1. Sistemas Envolvidos 314.2.2. Modelo de Uma Zona (TReciprocatingEngineModel) 344.2.3. Modelo de Duas Zonas (TTwoZonesEngineModel) 384.2.4. Modelo do Motor Alternativo a Pisto (TReciprocatingEngine) 464.2.5. Modelo de Atrito (TFrictionModel) 524.2.6. Modelo de Perda de Calor (THeatLossModel) 534.2.7. Modelo de Combusto (TCombustionModel) 544.2.8. Modelo de Coletor (TIdealPlenumModel) 624.2.9. Modelo de Gs Ideal (TIdealGas) 654.2.10. Modelo de Escoamento Isentrpico (TIsentropicFlow) 734.2.11. Modelo de Turbocompressor e Sobrealimentadores 754.2.12. Modelo de Carga 75

    4.2.13. Modelos de Componentes do Motor 774.2.14. Classes Auxiliares 1014.2.15. Estrutura do Programa Principal 110

    5. RESULTADOS E ANLISE 1135.1. Ensaios Dinamomtricos 1155.2. Resultados e Anlise para o Motor Monocilindro 118

    5.2.1. Parmetros Globais de Ciclo 1185.2.2. Parmetros de Um Ciclo 1275.2.3. Anlise Multiciclo 1435.2.4. Anlise de Avano de Ignio 1455.2.5. Outros Aspectos 148

    6. CONCLUSES 150

    7. SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS 154

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 155

    ANEXO A Especificaes das Classes

    ANEXO B Dados de Entrada do Programa

    ANEXO C Relatrios de Simulao

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 2.1 (A) Detonao em Motores ICE (Obert, 1971), (B) Propagao da Frente deChama (Taylor, 1988) em motores ICE e (C) Instabilidade Taylor-Markstein(Strehlow, 1985) 7

    FIGURA 2.2 - Tela do programa GECAT para anlise de ciclo real de motores tipoturbina a gs 18

    FIGURA 4.1 Ciclo no-ideal calculado pelo modelo algbrico paraum cilindro do motorFIAT FIRE 1.3 22

    FIGURA 4.2 Resultados do modelo algbrico para o motor FIAT FIRE 1.3 30

    FIGURA 4.3 Sistemas envolvidos na modelagem do motor de combusto interna 31

    FIGURA 4.4 Diagrama de classes dos modelos do motor alternativo a pisto 33

    FIGURA 4.5 Volume de controle para o modelo de Uma Zona (Zerodimencional) 35

    FIGURA 4.6 Volume de controle para o modelo de Duas Zonas (Quase-dimencional)39

    FIGURA 4.7 Diferenas nas condies de contorno nos modelos de Onda de Combusto44

    FIGURA 4.8 Diagrama de classes dos componentes e modelos auxiliares do motor

    alternativo a pisto 47

    FIGURA 4.9 Esquema geomtrico do movimento do conjunto pisto/biela/virabrequim.49

    FIGURA 4.10 Diagrama de classes dos modelos de atrito 52

    FIGURA 4.11 Diagrama de classes do modelo de perda de calor 53

    FIGURA 4.12 Diagrama de classes dos modelos de combusto 54

    FIGURA 4.13 Velocidade de chama laminar em condies padres de vrioscombustveis versus razo de equivalentes ar/combustvel 57

    FIGURA 4.14 Damkhler versus Reynolds da escala integral para motores MIT 59

    FIGURA 4.15 Diagrama de regimes de combusto com a localizao da operao dosmotores MIT 59

    FIGURA 4.16 Fator de turbulncia versus Reynolds de admisso, dimetro adimensionale regime de combusto para motores MIT 60

    FIGURA 4.17 Diagrama de classes dos modelos de coletores 62

    FIGURA 4.18 Coletores tpicos em um Motor de Combusto Interna. 63

    FIGURA 4.19 Volume de controle para o modelo de enchimento e esvaziamento (Quase-dimensional) para Coletores. 63

    FIGURA 4.20 Diagrama de classes dos modelos de gs ideal 65

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    LISTA DE FIGURAS (cont.)

    FIGURA 4.21 Esquema para o modelo de escoamento isentrpico atravs de um orifcio.73

    FIGURA 4.22 Diagrama de classes para modelos de turbocompressores esobrealimentadores 76

    FIGURA 4.23 Diagrama de classes para modelos de carga 76

    FIGURA 4.24 Modelo da biela (Taylor, 1988) 77

    FIGURA 4.25 Diagrama de classes da cmara de combusto 78FIGURA 4.26 Zonas em uma cmara de combusto cilndrica com vela central. 79

    FIGURA 4.27 Desenho das zonas em uma cmara de combusto cilndrica com velacentral, para uma determinada posio do pisto e vrios raios de chama 80

    FIGURA 4.28 Volume da zona de gs queimado/volume morto para uma cmara decombusto cilndrica com vela central. 82

    FIGURA 4.29 rea da frente de chama/rea transversal do cilindro para uma cmara decombusto cilndrica com vela central. 82

    FIGURA 4.30 rea de transferncia de calor da zona de gs queimado/rea lateral do

    volume morto para uma cmara de combusto cilndrica com vela central. 83FIGURA 4.31 rea molhada do pisto pela zona de gs queimado/rea do pisto em umacmara de combusto cilndrica com vela central. 83

    FIGURA 4.32 Desenho 3D de uma cmara de combusto tipo cunha, pisto comreentrncia hemisfrica e com vela central (motor FIAT FIRE 1.3). 84

    FIGURA 4.33 Diagrama de classes de coletor 84

    FIGURA 4.34 Diagrama de classes de came 85

    FIGURA 4.35 Elevaes para diferentes tipos de came 87

    FIGURA 4.36 Geometria tpica de um came medido 87FIGURA 4.37 Diagrama de classes de orifcio, vlvula e janela 88

    FIGURA 4.38 Geometria da vlvula tipo trompete 89

    FIGURA 4.39 Mapa de operao para uma vlvula tipo trompete funcionando comoadmisso (fluxo direto), gs frio 91

    FIGURA 4.40 Mapa de operao para uma vlvula tipo trompete funcionando comoexausto (fluxo reverso), gs quente 91

    FIGURA 4.41 Geometria da vlvula tipo borboleta 92

    FIGURA 4.42 Coeficiente de descarga em funo do Reynolds e do ngulo de aberturade vlvulas borboletas, meio compressvel, regime subsnico 93

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    LISTA DE FIGURAS (cont.)

    FIGURA 4.43 Coeficiente de descarga em funo do Reynolds e do ngulo de aberturade vlvulas borboletas, meio compressvel, regime snico (escoamento entupido) 93

    FIGURA 4.44 Coeficiente de descarga em funo do ngulo de abertura de vlvulasborboletas, meio compressvel, regime subsnico e snico (entupido) 94

    FIGURA 4.45 Mapa de operao para uma vlvula tipo borboleta funcionando nocoletor de admisso 96

    FIGURA 4.46 Diagrama de classes de misturadores ar/combustvel 96

    FIGURA 4.47 Curva de operao do carburador do motor Briggs-Stratton 195400, de319 cm3 99

    FIGURA 4.48 Diagrama de classes de sistema de resfriamento 99

    FIGURA 4.49 Diagrama de classes de controle de avano 100

    FIGURA 4.50 Diagrama de classes auxiliares 108

    FIGURA 4.51 Diagrama de casos de usos para o programa CARE 111

    FIGURA 4.52 Formulrio principal do programa CARE 113

    FIGURA 5.1 Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, monocilindro, quatro tempos,5kW e 319 cm3 115

    FIGURA 5.2 Desempenho medido e simulado, para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 119

    FIGURA 5.3 Comparao entre desempenho ideal, desempenho medido, desempenhosimulado e desempenho motorizado para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400,usando gasolina A e gasolina C 120

    FIGURA 5.4 Consumo de combustvel medido e simulado, para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 122

    FIGURA 5.5 Consumo especfico de combustvel medido e simulado, para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 122

    FIGURA 5.6 Vazo de ar de admisso medido e simulado, para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 123

    FIGURA 5.7 Eficincia volumtrica medida e simulada, para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 123

    FIGURA 5.8 Eficincia trmica padro ideal, medida e simulada, para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A e gasolina C 125

    FIGURA 5.9 Eficincias de combusto, padro, trmica, exergtica e ideal, simuladas,para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A 125

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    LISTA DE FIGURAS (cont.)

    FIGURA 5.10 Razo de mistura ar/combustvel, em massa, estequiomtrica, ideal,medidas e simuladas, para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A egasolina C 126

    FIGURA 5.11 Concentraes de CO e CO2, em base seca, e temperatura de exausto,medidas e simuladas, para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina C

    126

    FIGURA 5.12 Densidades ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton,

    modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 128FIGURA 5.13 Presses ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400,usando gasolina A, a 2400 rpm 128

    FIGURA 5.14 Temperaturas ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 129

    FIGURA 5.15 Velocidades ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 129

    FIGURA 5.16 Comparao entre velocidades do gs, velocidade do pisto e a previstapelo modelo de Woschni, Motor Briggs&Stratton, 195400, usando gasolina C, a 1800 rpm

    131FIGURA 5.17 Concentraes ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 131

    FIGURA 5.18 Concentraes ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina C, a 2400 rpm 132

    FIGURA 5.19 Concentraes na exausto, ao longo do ciclo, para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, a 2400 rpm 132

    FIGURA 5.20 Torques ao longo do ciclo para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400,usando gasolina A, a 1800, 2400 e 3600 rpm 133

    FIGURA 5.21 Disponibilidade e Irreversibilidade ao longo do ciclo para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 133

    FIGURA 5.22 Presses durante a admisso para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 135

    FIGURA 5.23 Presses durante a exausto para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 135

    FIGURA 5.24 Vazes mssicas durante a admisso para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 136

    FIGURA 5.25 Vazes mssicas durante a exausto para o Motor Briggs&Stratton,

    modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 136

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    LISTA DE FIGURAS (cont.)

    FIGURA 5.26 Vazo mssica de Blow-by para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 137

    FIGURA 5.27 Volumes no cilindro durante a combusto para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, a 2400 rpm 137

    FIGURA 5.28 Frao mssica queimada durante a combusto para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, a 2400 rpm 139

    FIGURA 5.29 Raio de chama durante a combusto para o Motor Briggs&Stratton,

    modelo 195400, a 2400 rpm 139

    FIGURA 5.30 Presso no cilindro a combusto para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, a 2400 rpm 140

    FIGURA 5.31 Presso do gs queimado e do gs no queimado durante a combustopara o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina C, a 2400 rpm 140

    FIGURA 5.32 Temperaturas no cilindro durante a combusto para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, a 2400 rpm 141

    FIGURA 5.33 Velocidades no cilindro durante a combusto para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando gasolina A, a 2400 rpm 141

    FIGURA 5.34 Seqncia de ciclos estveis de presso para o Motor Briggs&Stratton,modelo 195400, usando a gasolina C, a 2400 rpm 144

    FIGURA 5.35 Espectro de freqncias dos dados de torque para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando a gasolina C, a 2400 rpm 144

    FIGURA 5.36 Espectro de freqncias dos dados de presso para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando a gasolina C, a 2400 rpm 145

    FIGURA 5.37 Temperatura do gs no-queimado em funo da variao do ngulo deavano para o Motor Briggs&Stratton, modelo 195400, usando a gasolina A, a 2400 rpm

    146

    FIGURA 5.38 Presso do gs em funo da variao do ngulo de avano para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando a gasolina A, a 2400 rpm 147

    FIGURA 5.39 Torque em funo da variao do ngulo de avano para o MotorBriggs&Stratton, modelo 195400, usando a gasolina A, a 2400 rpm 147

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 2.1. - Incertezas nas medies exigidas pela Norma NBR-ISO-1585 16

    TABELA 4.1 Constantes para clculo da velocidade de queima laminar em condiespadres para vrios combustveis (Heywood, 1988) 56

    TABELA 4.2 Especificaes dos casos de usos do programa CARE 113

    TABELA 5.1 Caractersticas do Motor Briggs&Stratton, modelo 195400 116

    TABELA 5.2 Incertezas de medio para ensaios dinamomtricos do Motor

    Briggs&Stratton, modelo 195400, realizado por S, 2001 117

    TABELA 5.3 Incertezas de medio para dados dinamomtricos do fabricante do MotorBriggs&Stratton, modelo 195400 117

    TABELA 5.4 Custos de simulao de uma ou mais configuraes de motor 148

    TABELA 5.5 Custos de ensaio de motor, por configurao (fonte CETEC-MG) 148TABELA 6.1 Comparao entre grupos tecnolgicos de simulao de motores decombusto interna 153

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    SIMBOLOGIA

    ABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasAGR Admission Gas Recirculation Recirculao de Gs de AdmissoASTM American Society of Testing Materials Sociedade Americana de Testes de MateriaisBDC Bottom Dead Center mesmo que PMICARE Cycle Analysis of Reciprocating Engine Anlise de Ciclo para Motores AlternativosCEFET-MG Centro Federal de Educao Tecnolgica de Minas GeraisCETEC-MG Fundao Centro Tecnolgico de Minas GeraisDEMEC Departamento de Engenharia MecnicaEEUFMG Escola de Engenharia da UFMGEGT -Exhaust Gas Temperature - Temperatura de ExaustoFEM

    Finite Elements Method Mtodo dos Elementos FinitosFORTRAN Formula Translation Linguagem Cientfica de ProgramaoGECAT - Graphical Engine Cycle Analysis Tool

    - Ferramenta Grfica de Anlise de Ciclo de MotoresGPL General Public License - Licena Pblica de Uso GeralIBM International Business Machines - Companhia Norte-americana de ComputadoresICE Internal Combustion Engine Motores de Combusto Interna,

    em geral referente a Motores de Ignio por CentelhaICO -Internal Compression Combustion Engine - Motores de Ignio por CompressoISO International Standard Organization Organizao de Padronizao InternacionalJANNAF -Joint Army Navy NASA Air Force Propulsion Organization

    - Organizao Conjunta de Propulso do Exrcito, Marinha, NASA e AeronuticaNASA -National Aeronautics and Space Administration- Administrao Nacional de Aeronutica e Espao

    NBR Norma BrasileiraNEPP NASA Engine Performance Program

    Programa da NASA para Desempenho de MotoresNOx Todos os xidos de NitrognioODE Ordinary Differential Equation - Equao Diferencial OrdinriaOOA Object Oriented Analysis Anlise Orientada a ObjetosPC Personal Computer- Computador pessoalPCI Poder Calorfico Inferior

    PID Controlador Proporcional, Integral e DiferencialPME - Presso mdia efetiva - equivale a BMEP -Brake Mean Effective PressurePMI - Ponto morto inferiorPMS - Ponto morto superiorPUC .- Pontifcia Universidade CatlicaRPM - Rotaes Por MinutoSAE Society of Automotive Engineers Sociedade Internacional da MobilidadeSFC Specific Fuel Consumption Consumo Especfico de CombustvelTDC Top Dead Center mesmo que PMSUFMG Universidade Federal de Minas GeraisUML - Unified Modeling Language - Linguagem Unificada de ModelagemUR Umidade RelativaWOT Wide Open Throttle Plena Carga

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    SIMBOLOGIA (cont.)

    a acelerao ou velocidade do som

    A rea

    Ab constante da Lei de Wiebe

    Ap rea de passagem

    b constantes

    B constantes da velocidade de queima laminar

    C e c constantes

    cd coeficiente de descarga

    Cf consumo de combustvel

    Ci concentrao mssica = frao mssica da espcie i

    cp calor especfico a presso constantecv calor especfico a volume constante

    D dimetro do cilindro

    Da nmero de Damkler

    e eficincia politrpica

    E elevao do came

    ex disponibilidade especfica

    F fora

    f razo de mistura ou fator de atrito ou fator de turbulncia

    g acelerao da gravidade

    H altitude ou entalpia

    h entalpia especficahq coeficiente de pelcula

    M irreversibilidade

    I momento de inrcia

    Keq constante de equilbrio

    ki constantes do polinmio de Golverk

    L altura do cilindro

    Lp distncia entre centros da biela

    M massa ou nmero de Mach

    M peso molecular mdio

    mb constante da Lei de Wiebem vazo mssica

    N rotao

    Nu nmero de Nusselt

    P presso

    P presso mdia

    Pr nmero de Prandtl

    Q calor transferido

    R constante do gs ou raio do virabrequim

    r razo volumtrica

    Re nmero de Reynolds

    s entropia especficaS posio do pisto

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    SIMBOLOGIA (cont.)

    T temperatura

    t tempo

    U energia interna

    u energia interna especfica

    V velocidade do gs

    V velocidade de chama laminar

    e volume

    W trabalho

    x varivel independente

    Xb frao mssica do gs queimado

    Xp distncia projetada pela borboleta da vlvula de entrada de arY vetor de variveis dependentes (uma coluna) ou frao molar

    Smbolos Gregos

    condutividade trmica

    mix razo de mistura ar-combustvel, em massa

    e expoentes da velocidade de queima laminar

    N razo de calores especficos

    c espessura da frente de chama+ variao

    O eficincia

    M ngulo da rvore de manivelas

    S razo de equivalentes ar-combustvel (fator lambda)

    3 razo de equivalentes combustvel-ar

    E viscosidade

    coeficiente estequiomtrico

    _ frao de variao de presso numa etapa do ciclo

    W razo de presses

    J densidade

    [ torque ou razo de temperaturas

    ngulo de inclinao do eixo da biela

    ngulo de abertura da vlvula borboleta

    N velocidade de rotao

    Sobrescritos

    0 condio padro

    i ideal

    stag estagnao

  • 7/22/2019 Estudo de Motores de Combusto Interna

    19/39

    xix

    SIMBOLOGIA (cont.)

    Sub-ndices

    0 atmosfera

    ac ar-combustvel

    ad admisso

    ar ar atmosfrico

    b combusto

    b gs queimado

    ba biela

    bb blow-by

    bo blow-outc compresso

    ca combustvel-ar

    ch chama

    cil cilindro

    cm combustvel-mistura

    comb combusto

    d deslocado

    dc relativo ao volume morto do cilindro

    e expanso

    ef efetivo

    eob fim de queima (end of burnning)ex exausto

    f combustvel ou gs com composio congelada (frozen)

    g gas

    h haste

    i ndice geral ou ndice de espcies qumicas

    ig ignio

    inj injeo de combustvel

    isoS isentrpico

    j jusante

    P perda

    m mecnica

    m montante

    max mximo

    osc movimento oscilatrio

    p pisto

    R relativo a 1000 K

    sat condio de saturao

    t trmica ou turbulncia

    ub gs no queimado

    v volumtrica

    w paredeE atrito

    funo da razo de mistura

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    20/39

    1

    1. INTRODUO

    Desde o sculo dezenove os motores de combusto interna (ICE) tiveram seu

    desenvolvimento ligado a modelos termodinmicos que descrevem o seu funcionamento. Estes

    modelos foram importantes na construo do primeiro motor ICE. No entanto, at a dcada de 60

    do sculo vinte, o empirismo dominou o desenvolvimento tecnolgico destes motores. A partir

    desta dcada, a disponibilidade de meios computacionais mais baratos e poderosos vem tornando

    a simulao uma ferramenta importante na pesquisa de novos motores, permitindo uma

    significativa melhora de desempenho, reduo de emisso de poluentes e viabilizando sistemas

    de controle mais eficientes. Hoje em dia no possvel conceber um novo desenvolvimento sem

    o uso de ferramentas de modelagem. A capacidade de previso dos atuais modelos suficiente

    para eliminar configuraes ineficientes reduzindo assim os custos da fase de experimentaoem prottipos. Contudo, ainda no existe um procedimento de modelagem generalizado que

    permita a evoluo de modelos mais simples para modelos complexos sem a necessidade de

    reescrita total dos cdigos computacionais. O objetivo do presente trabalho lanar as bases de

    tal procedimento usando a Anlise Orientada a Objetos (OOA) nos moldes descritos por

    Furlan, 1998.

    O Departamento de Engenharia Mecnica da UFMG, em especial, o Laboratrio de Motores,

    em funo de necessidades da indstria automobilstica local e da necessidade de uma nova

    gerao de motores aeronuticos para aviao geral, estabeleceu como um objetivo bsico

    desenvolver um programa de simulao de motores de combusto interna a pisto. A filosofia a

    ser seguida visa obter programas computacionais semelhantes aos disponveis para Anlise deCiclo de Motores a Jato desenvolvidos nos ltimos dez anos em projetos da Agncia Espacial

    Americana (GECAT, 1999).

    Neste trabalho o estudo de motores de combusto interna entendido como a proposio de

    um ou mais modelos matemticos, que podem ser analticos, semi-empricos ou empricos, que

    permitam descrever a operao de um motor. Uma vez que este modelo seja calibrado, a partir

    de alguns dados experimentais, ser possvel prever os parmetros de desempenho em condies

    no ensaiadas e tambm avaliar o comportamento de variveis que so de difcil medida

    experimental.

    O presente documento organizado em captulos. No Captulo 2 apresentado um panorama

    da modelagem dos motores de combusto interna at o presente ano, com base em documentosde livre acesso. A relevncia do presente trabalho e seus objetivos imediatos, considerando o

    estado da arte atual, so mostrados no Captulo 3. A modelagem proposta apresentada no

    Captulo 4, juntamente com a estratgia de implementao respeitando as tcnicas de orientao

    a objetos. No Captulo 5 os resultados obtidos com o modelo so comparados com medidas

    experimentais, indicando-se as limitaes do modelo proposto. Os Captulos 6 e 7 trazem as

    concluses gerais e sugestes para a continuao do trabalho.

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    2

    2. ESTADO DA ARTE (REVISO BIBLIOGRFICA)

    As anlises de ciclo de motores a pisto comearam com Beau de Rochas, em 1862,

    concretizando-se tecnologicamente em 1876, com a construo do primeiro motor por Otto. Em

    1892, Diesel prope e executa um motor com ignio a compresso (Obert, 1971). Desde ento,

    os modelos de simulao vem acompanhando e realimentando a evoluo tecnolgica destes

    motores. No primeiro momento, os modelos so algbricos, baseados na teoria termodinmica

    clssica, usando de consideraes simplificadoras que permitiram chegar a solues fechadas. O

    objetivo, perfeitamente cumprido, destes modelos permitir um entendimento do princpio de

    funcionamento dos motores e avaliar qual a mxima eficincia trmica que estes podem atingir.

    A metodologia pode ser chamada deAnlise de Ciclo Ideal de motores a pisto. As definies de

    eficincia e de outros termos significativos para a modelagem so derivadas desta anlise epodem ser encontradas em todos os livros da rea, em especial, mencionam-se os trabalhos, em

    ordem cronolgica, de Obert, 1944 (1 ed.), Taylor, 1968 (1 ed.), Stone, 1985 (1 ed.), Ferguson,

    1986 e Heywood, 1988.

    Obert, 1971, apresenta um extenso estudo sobre os fenmenos envolvidos nos motores de

    combusto interna. A clareza das explicaes supera a ausncia de modelos matemticos mais

    atuais. Tambm apresentada uma anlise da derivada da curva de presso no cilindro versus

    ngulo da rvore de manivelas. Poucos trabalhos seguintes abordaram esta metodologia, que

    permite avaliar o progresso da combusto, revelando informaes sobre os fenmenos de

    ignio, queima e detonao (batimento) no cilindro. A curva de derivada de presso pode ser

    relacionada com a velocidade de queima do combustvel usando tcnicas semelhantes sdescritas em Carvalho e Barros, 1990 e Bueno, Milanez e Velasquez, 2002.

    A principal caracterstica do trabalho de Taylor, 1988, apresentar uma anlise detalhada das

    modificaes do diagrama indicador ideal (presso no cilindro versus volume do cilindro)

    devidas a cada um dos processos no ideais envolvidos, tais como, perdas de calor, aspirao,

    exausto, vlvulas, atrito, etc. A anlise do uso de sobrecarregadores sobre o desempenho do

    motor bem detalhada e traz informaes de seleo de sistemas relevantes para a

    sobrealimentao de motores para uso aeronutico. Tambm so apresentados grficos que

    permitem corrigir as propriedades termodinmicas dos gases de combusto para efetuar clculos

    mais precisos na anlise de ciclo ideal. No volume 2, Taylor, apresenta o atual modelo dinmico

    das partes mecnicas do motor para efeito de avaliao da vibrao e balanceamento de um

    motor a pisto. O balano de foras ao longo do cilindro, biela, da rvore de manivelas e bloco

    do motor postulado e leva em conta a interferncia do movimento alternativo do cilindro sobre

    o movimento rotativo da rvore de manivelas. O enfoque do modelo dinmico de Taylor, 1988,

    voltado para obter relaes fechadas para anlise das vibraes no campo das freqncias.

    Contudo, o modelo bsico envolve as equaes diferenciais necessrias a uma simulao

    dinmica de funcionamento de um motor em regime estacionrio ou transiente.

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    3

    Uma classificao de modelos apresentada por Stone, 1995, dividindo estes em trs grupos,

    descritos abaixo. Foi acrescentado um quarto grupo, referente a modelos algbricos para tornar a

    classificao mais abrangente. Todos os modelos visam fazer previses de eficincia,

    desempenho e emisses do motor a pisto.

    Algbrico - utiliza um sistema de equaes algbricas derivadas de relaes da

    termodinmica clssica, associadas a eficincias que corrigem os resultados do ciclo ideal

    para um ciclo real. Os sistemas de controle em tempo real utilizam este tipo de modelo

    devido ao seu baixo custo computacional e a facilidade de se introduzir correes empricas

    para um motor especfico.

    Zerodimensional ou Fenomenolgico - utiliza um sistema de equaes diferenciais

    ordinrias, associadas a uma srie de modelos empricos para simular o motor. As

    caractersticas internas obtidas do escoamento representam valores mdios. Atualmente, onico mtodo que permite modelar completamente um motor a pisto multicilindro. Um

    mtodo numrico tpico de soluo do sistema de equaes resultantes o Runge-Kutta.

    Quase-dimensional - utiliza um sistema de equaes diferenciais parciais, associadas tambm

    a uma srie de modelos semi-empricos, tais como, de turbulncia, de chama turbulenta, etc.

    Normalmente, envolve como variveis independentes o tempo, ou ngulo da rvore de

    manivelas, e uma dimenso axial. O mtodo mais usado aqui para soluo do sistema de

    equaes o Mtodo das Caractersticas.

    Multidimensional - semelhante aos modelos quase-dimensionais, mas envolve mais de uma

    dimenso fsica (2D e 3D) alm da dimenso temporal. Estas simulaes exigem uma

    descrio detalhada da configurao fsica da parte do motor estudada. Os mtodos

    numricos de soluo mais usados so Volumes Finitos, Diferenas Finitas e ElementosFinitos (mtodos discretizados).

    Neste trabalho ser usado o termo Anlise de Ciclo Real para designar as simulaes usando

    modelos Algbrico, Zero ou Quase-dimensional, para uniformizar a nomenclatura com trabalhos

    da rea de motores a jato (Mattingly, Heiser e Daley, 1987, e Oates, 1988) e softwares de anlise

    de motores aeronuticos (GECAT, 1999).

    Tambm, so apresentados por Stone, 1995, alguns modelos empricos Zerodimensionais e

    outros Quase-dimensionais para combusto, perda de calor e ignio. Destes, os que merecem

    maior destaque, so os modelos empricos para previso do atraso de ignio da mistura

    ar/combustvel para o ciclo Otto e Diesel. Outro aspecto relevante o formato mais moderno dosmapas de desempenho dos motores (grfico Potncia, ou Torque ou PME, e Consumo especficoversus Velocidade de Rotao), estabelecendo assim padres de apresentao dos dados.

    Ferguson, 1986, apresenta a modelagem dos motores em um formato mais adequado a

    computao. So mostrados programas em FORTRAN simulando combusto, perdas de calor,

    enchimento e esvaziamento do cilindro, composio e propriedades termodinmicas dos gases de

    combusto e injeo de combustvel. O padro de mapas de desempenho dos motores idntico

    ao usado por Stone, 1995.

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    4

    Quanto s propriedades termodinmicas dos gases de combusto, o mtodo de clculo usa

    procedimentos desenvolvidos por Gordon e McBride, 1971, considerando um modelo de

    equilbrio qumico e dados das tabelas JANNAF1. Os resultados dos clculos de Ferguson, 1986,

    so apresentados sob a forma de grficos de propriedades termodinmicas dos gases resultantes

    da queima da mistura ar/combustvel, semelhantes aos apresentados por Taylor, 1988. As

    propriedades de transporte de mistura de gases de combusto, necessrias aos modelos de

    transferncia de calor, so calculadas usando tcnicas semelhantes s propostas por McBride,

    Gordon e Reno, 1993.

    O trabalho de Heywood, 1988, pode ser considerado a mais recente compilao das pesquisas

    feitas em motores a pisto at a presente data. O captulo de modelagem descreve os trs tipos de

    modelo citados por Stone, 1995, inclusive com mais detalhes sobre modelos Multidimensionais

    envolvendo turbulncia, atomizao de combustvel e combusto.

    Benson, 1982, apresenta modelos que tratam dos fenmenos transientes nos coletores dos

    motores a pisto. Os modelos apresentados so baseados na soluo analtica ou numrica da

    equao da onda, usando condies de contorno adequadas aos motores de combusto interna. O

    mtodo das caractersticas o usado para obter as das equaes descritivas. A soluo numrica

    baseada em mtodos grficos ou integradores tipo Euler de primeira ordem. Estes mtodos de

    soluo eram mais comuns at a dcada de 70, do sculo vinte, posteriormente Zucrow e

    Hoffman, 1976, introduziram mtodos mais estruturados e de maior ordem de preciso para a

    resoluo das equaes caractersticas.

    Horlock e Winterborne, 1986, editaram uma coletnea de artigos sobre vrios aspectos da

    modelagem de motores. Entre estes se pode ressaltar o captulo escrito por Baruah, que trata em

    detalhes da modelagem da cmara de combusto em duas zonas (gs queimado e gs noqueimado). O procedimento de inicializao da zona dos gases queimados essencial para os

    modelos de duas zonas. Em outros captulos, tambm so abordados aspectos de transferncia de

    calor no cilindro e os fenmenos transientes nos coletores dos motores.

    A modelagem computacional de motores quatro tempos e dois tempos foi objeto do recente

    livro de Blair, 1999. O extenso trabalho pode ser classificado como um modelo Quase-

    dimensional, enfocando os fenmenos transientes ligados ao escoamento de enchimento e

    esvaziamento do cilindro do motor a pisto. O mtodo numrico mais aplicado ao longo do

    trabalho o mtodo das caractersticas no domnio do tempo e com uma dimenso axial (1D),

    associado a solues fechadas de casos transientes tpicos de dinmicas de fluidos compressveis.

    Uma parte do trabalho dedicada ao estudo de gerao de rudo nos motores e tcnicas para suareduo.

    Os trabalhos citados foram publicados na forma de livros. Destes os livros de Obert, 1944

    (1 ed.), Taylor, 1968 (1 ed.), e Heywood, 1988 constituem a melhor literatura para explicar os

    fenmenos que ocorrem durante o funcionamento dos motores de combusto interna.

    A seguir sero referenciados trabalhos sobre temas mais especficos ligados a modelagem de

    motores. Tambm sero analisados aspectos de ensaio de motores, pois os resultados destes

    servem para validar os modelos tericos.

    1 Tabelas de dados termodinmicos de gases editadas pela JANNAF (Joint Army Navy NASA Air Force Propulsion

    Organization) de 1963-1999

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    Uma reviso detalhada de modelos de simulao apresentada por Pucher, 1986. Os modelosso divididos conforme o subsistema do motor a que se referem, do seguinte modo: I - processosinternos ao cilindro; II - fenmenos de escoamento na admisso e na exausto (descarga); III -balano de massa e energia no turbocompressor; IV - Acionamento mecnico sob carga. Osmodelos aplicveis a I incluem: as caractersticas geomtricas, o escoamento no cilindro usandoas equaes de conservao da massa e da energia mais a equao de estado dos gases, atransferncia de calor usando uma equao emprica devida a Woschni, 1967, e a velocidade dacombusto usando a lei de Wiebe, 1967. A relao proposta para a transferncia de calor defcil implementao por no envolver avaliao direta das propriedades de transporte dos gasesde combusto. Os modelos aplicveis a II incluem o chamado modelo de enchimento eesvaziamento baseado nas equaes de conservao da massa e energia em funo do tempo e dovolume, e o mtodo das caractersticas aplicado ao escoamento transiente nos condutos de

    admisso e exausto. O modelo de enchimento e esvaziamento inclui os balanos noturbocompressor usando eficincias retiradas dos mapas do compressor e turbina. Tambm soconsiderados os efeitos de uma configurao multicilindro. importante mencionar que adiferena entre os resultados do modelo de enchimento e esvaziamento e do mtodo dascaractersticas pequena a baixas velocidades de rotao, enquanto que a altas velocidades ospicos de presso so amortecidos no primeiro modelo. O modelo aplicvel a III inclui omovimento rotativo considerando as inrcias do motor associadas s do dispositivo aplicador dacarga. Os resultados permitem boas avaliaes dinmicas do comportamento do motor.

    Chandra, 1991, apresenta uma anlise, com metodologias bsicas, para validar modelosmatemticos de motores a pisto. As regras mais importantes desta metodologia so: a) definirum experimento base; b) executar um estudo paramtrico para testes qualitativos; c) realizar

    testes em separado com cada submodelo; d) planejar os experimentos, variando um parmetro decada vez; visando um nmero reduzido de ensaios e estabelecendo procedimentos para garantir apreciso dos dados; e) manter as constantes do modelo o mais fixas possveis durante avalidao; f) especificar as limitaes para as previses do modelo.

    O trabalho de Hendricks e Soreson, 1990, enfoca a obteno de um modelo Algbricoaplicvel a controle de motores a pisto. Os autores informam que o erro obtido igual ao errotpico dos dinammetros (2 %) e que o modelo deve lidar com uma escala de tempo superior aum ciclo e inferior a 1000 ciclos (tempo de aquecimento tpico de um motor) para que produza

    valores mdios significativos. Devido abordagem da rea de controle usada no

    desenvolvimento do trabalho, a maioria dos submodelos simplificada ou linearizada

    requerendo uma srie de constantes determinadas empiricamente. Como o objetivo destesautores substituir os atuais modelos de controle baseados em tabelas de dados usados nos

    sistemas de injeo de combustvel, no h problema que o mesmo seja vlido somente para um

    dado motor. A simulao transiente tratada, pelos autores, como uma perturbao do regime

    permanente (rotao constante), sendo definido que o tempo para atingir o equilbrio nas novas

    condies de 10 a 1000 ciclos. Outro ponto importante a apresentao de quatro tipos de

    ensaios dinmicos aplicveis aos motores: a) variao em degrau da posio da borboleta de

    acelerao para rotao constante; b) variao em degrau da posio da borboleta de acelerao

    para carga (torque) constante; c) subida de rotao com carga crescente; d) variao em degrau

    de carga para posio da borboleta de acelerao constante. Os sinais em degraus usados,

    possuem um tempo de subida e descida de 0,25 s com um patamar de 0,5 s.

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    6

    Wooddard, Johnson e Lott Jr., 1989, trazem um excelente trabalho de otimizao deturbocompressores utilizando um sofisticado programa de simulao Zerodimensional. Oobjetivo minimizar o consumo de combustvel, considerando restries de torque, detonao,emisses e dos limites de validade dos modelos usados. O modelo Quase-permanente paraavaliar variaes na velocidade de rotao do motor. Outras caractersticas do modelo so:clculo de torque e consumo especfico para motores multicilindros, influncia da misturaar/combustvel, escoamento compressvel, modelo global para o compressor e turbina usandomapas de componentes, temperatura de chama calculada considerando equilbrio qumico eprodutos de combusto completa do combustvel, velocidade de queima emprica, mistura degases com propriedades termodinmicas calculadas das tabelas JANNAF e transferncia de calorpelo modelo de Woschni, 1967. As informaes mais importantes deste trabalho so os critriosaplicados aos parmetros de otimizao, citadas a seguir. Todas as variveis do modelo no

    podem assumir valores negativos. A temperatura da parede do cilindro limitada em 800 K, emfuno do material dos cilindros e pistes. A razo ar/combustvel mnima de 10:3, limite deflamabilidade da mistura. As elevaes mximas das vlvulas dos cilindros so limitadas pelageometria dos motores. O teor de CO na exausto limitado a 3,4 g/ml. A temperatura deexausto deve estar entre 600 K e 1300 K, para eliminar emisso de hidrocarbonetos noqueimados. A temperatura dos gases na cmara de combusto deve ser limitada a 3000 K parareduzir a formao de NOx. O torque deve ser superior ao torque mnimo para o acionamento domotor (ponto morto). A temperatura dos gases no queimados na cmara de combusto no deveultrapassar 1000 K, para evitar a detonao (batimento), pois a temperatura de autoignio tpicapara misturas ar/combustvel 102022 K.

    Esta a primeira implementao de modelos da teoria de detonao de Ricardo, 1922,

    descrita por Taylor, 1988. Ela exige o clculo da combusto por um modelo de duas zonas, umapara os gases no queimados a e outra para os gases queimados, considerando a pressoconstante e temperaturas diferenciadas entre as duas zonas. Todos estes limites so de grandeimportncia em qualquer modelo de motores a pisto, pois constituem parmetros prticos paralimitao de desempenho dos motores, indicando as fronteiras mximas e mnimas dos mapascalculados. Os autores realizaram simulaes para um motor 6 cilindros em V com um bomajuste dos resultados com os dados experimentais. Parte de otimizao foi testada para umacondio de funcionamento do motor, contudo, os parmetros livres para variao envolviamalteraes dimensionais da cmara de combusto e de outros componentes, o que torna osresultados de difcil verificao experimental. O processo de otimizao mais adequado para odesenvolvimento de novos motores e deveria ser calibrado com o uso de um motor monocilindrode fcil modificao em laboratrio. Os autores reportam que o tempo de simulao foi de20 a 60 s em um computador IBM PC 286. Para a otimizao o tempo de computao atingiu25 horas, e apresentava problemas de convergncia comuns aos mtodos de otimizao. Ocdigo do programa foi escrito em FORTRAN e possui 750 linhas.

    importante, neste ponto, mencionar a teoria de autoignio de Ricardo, 1922, que propeque o fenmeno de detonao, ou batimento, resultado da autoignio do gs ainda noqueimado, chamado gs da extremidade, devida a sua compresso causada pela gerao de gasesqueimados aps a ignio. Se a temperatura da frao no-queimada atingir o valor deautoignio, ento esta inicia uma combusto a volume constante que gera ondas de presso nointerior do cilindro (ver figura 2.1-A).

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    7

    Pelo modelo de interao de ondas de presso e frentes de chama proposto por Taylor-

    Markstein (Strehlow, 1985) se inicia uma transio de queima normal para um processo de

    detonao envolvendo ondas de choques, que o fenmeno de batimento dos motores a pisto

    (ver figura 2.1-C). No trabalho de Taylor, 1988, e de Strehlow, 1985, so apresentadas dados de

    fotografias de frente de chamas que comprovam esta teoria. Tambm destas fotos pode-se

    afirmar que a frente de chama de propagao cilndrica com origem no ponto de ignio da

    mistura (para motores de ignio centelha) (ver figura 2.1B). Os sobrealimentadores

    favorecem as condies de presso e temperatura causadoras da detonao.

    (A)

    (C)

    (B)

    FIGURA 2.1 (A) Detonao em Motores ICE (Obert, 1971),

    (B) Propagao da Frente de Chama (Taylor, 1988) em motores ICEe (C) Instabilidade Taylor-Markstein (Strehlow, 1985)

    Bozza et al., 1990, apresentam um trabalho de casamento entre motores ICO e

    turbocompressores em regimes permanente (rotao constante) e transiente. O modelo utilizado

    na anlise Zerodimensional com as seguintes caractersticas: usa duas equaes de

    conservao, massa e energia, transferncia de calor pelo modelo de Annand, turbocompressor

    modelado por equaes de balano com dados de mapas de componentes, balano de potncia no

    eixo do turbocompressor para avaliar transientes de rotao, modelo de enchimento e

    esvaziamento utilizando coeficientes de descarga empricos (Taylor, 1988) e taxa de queima

    emprica para ciclo Diesel. O modelo foi integrado usando o mtodo Preditor-Corretor com umpasso de 1 grau (ngulo da manivela).

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    8

    O experimento usado para verificao do modelo um motor de 1366 cm3

    de cilindrada,

    4 cilindros, ciclo Diesel, e dois tipos de turbocompressores. Os parmetros da lei de queima

    foram ajustados para obter um melhor resultado no diagrama de presso. As curvas de

    desempenho do compressor superestimam sua eficincia, mas so boas qualitativamente. Para a

    turbina, para o diagrama de presso e para a vazo de ar aspirada os resultados apresentam um

    bom ajuste com os resultados experimentais. O comportamento dinmico no foi validado com

    dados medidos, mas uma anlise foi apresentada para uma acelerao do motor de 2000 a

    4500 rpm, com dois intervalos de subida, 0,5 s e 2 s. O motor levou 100 ciclos para estabilizar

    seu funcionamento, sendo que a acelerao de 0,5 s provocou oscilaes na potncia do motor.

    Dos grficos apresentados, as variaes percebidas esto relacionadas com os fatos da mistura

    ar/combustvel ficar mais rica e a eficincia volumtrica cair no incio do perodo de acelerao.

    A mais completa simulao, na literatura consultada, foi feita por Mohanan e Babu, 1991. O

    modelo quase-dimensional usa o mtodo das caractersticas e foi aplicado a um motormulticilindro com duas configuraes de dutos de admisso e exausto, incluindo um

    turbocompressor. O modelo de combusto de duas zonas, com frente de chama cilndrica e

    velocidade de chama turbulenta. As emisses de NOx so estimadas por um modelo cintico

    proposto por Zeldovich (ver Strehlow, 1985). O turbocompressor tratado atravs dos mapas de

    componentes, como no trabalho de Pucher, 1986, mas inclui a vlvula de alvio que controla a

    presso mxima na entrada do cilindro. Os resultados de torque, potncia e consumo especfico

    no diferem mais que 2 % dos dados experimentais de motores multicilindros. O modelo de

    combusto de duas zonas superestima a presso mxima no interior do cilindro. Os resultados

    deste trabalho mostram que o turbocompressor permitiu um aumento de 75 % na potncia, com

    um aumento de 28 % no consumo especfico com o uso de uma vlvula de alvio que evita os

    problemas de detonao da mistura. Na implementao, o tempo de simulao varia de2 a 8 horas em computadores tipo IBM PC AT.

    Rakapoulos, 1993, faz uma anlise exergtica de motores a pisto. O modelo de simulao

    Zerodimensional e envolve: mecanismo cintico de Zeldovitch para o NOx, transferncia de

    calor segundo o modelo de Annand, 1963, propriedades termodinmicas calculadas pelas tabelas

    JANNAF, modelo de combusto de duas zonas, chama cilndrica com velocidade de propagao

    representada por uma equao de segundo grau, equilbrio qumico das principais espcies

    presentes nos gases de combusto, clculo de disponibilidade termodinmica e eficincias

    exergticas. A simulao comparada com resultados experimentais obtidos de um motor

    monocilindro queimando octano (C8H18). O diagrama presso versus ngulo do virabrequim

    mostrou que o ajuste do modelo foi muito bom. O autor menciona que o modelo de duas zonasde combusto resultou em um melhor ajuste que o modelo de uma nica zona. A disponibilidade

    calculada ao longo do ciclo do motor, ou seja, para cada ngulo da rvore de manivelas,

    permitindo verificar quais as etapas do processo so passveis de otimizao.

    Crawford, Celik e Lyons, 1993, apresentam um modelo Zerodimensional enfocando

    principalmente a combusto e a formao de poluentes. O modelo cintico envolve 84 reaes

    qumicas para o hidrocarboneto e 37 reaes para o N2. O modelo de chama segue a lei de Wiebe

    e uma soluo fechada para chama laminar. A transferncia de calor tratada pelas relaes

    devidas a Heywood, 1988. A base do trabalho dos autores o programa descrito no relatrio de

    McBride e Zeleznik, NASA-RP-1094.

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    Os resultados da simulao mostraram um bom ajuste a dados experimentais, usando o

    diagrama de presso. A comparao do modelo cintico com o modelo de equilbrio qumico no

    resultou em diferenas significativas. A vantagem do modelo cintico permitir prever as

    emisses, contudo, no trabalho os resultados no foram validados frente a dados experimentais.

    Kanamaru, Kajimura, Sano e Shimamoto, 1994, apresentam um trabalho de otimizao de

    turbocompressores para motores a pisto. O modelo resultado final de uma srie de trabalhos

    dos autores sobre simulao de turbocompressores. O mtodo de otimizao utilizado o da

    derivada mxima com vnculos impostos (restries). O modelo do motor e do turbo so

    Zerodimensionais. O motor tratado de forma paramtrica atravs da eficincia volumtrica e do

    volume deslocado em funo da rotao. O combustvel tratado como fonte de energia atravs

    do poder calorfico inferior. A turbina e o compressor so tratados como escoamento atravs de

    orifcios introduzindo o balano de energia devido rotao do rotor. Um vnculo entre a turbina

    e o compressor estabelecido pela mesma velocidade de rotao e pelo balano de potncia norotor. Pela primeira vez, um modelo de turbocompressor permite calcular teoricamente os mapas

    de desempenho do compressor e da turbina com um timo ajuste com dados experimentais.

    Tambm so simulados: o trocador de calor (intercooler) usado nos sistemas de

    turbocompressores para resfriar o ar na entrada dos cilindros. O modelo tambm paramtrico

    baseado nas eficincias trmicas do trocador de calor. Um modelo de vlvula de alvio (bypass)

    implementado considerando que aps uma dada presso, a velocidade na turbina cai para zero.

    Os dutos de admisso e exausto so considerados como causadores de perda de carga e perda de

    calor atravs de modelos paramtricos. Os resultados foram obtidos atravs da otimizao em

    condies estticas (rotao constante) e em condies dinmicas. Os resultados so semelhantes

    indicando que a simulao esttica deve ser empregada no processo de otimizao, pois o tempo

    de computao 100 vezes inferior ao tempo gasto pela simulao dinmica. Um exemplo deotimizao apresentado para um motor de 6 cilindros, visando aumentar potncia alterando as

    caractersticas construtivas do turbocompressor.

    Lira, 1999, apresenta um modelo Zerodimensional para um motor Diesel. As caractersticas

    do modelo so: modelo de queima pela Lei de Wiebe modificada para ciclo Diesel, usa duas

    equaes, a da conservao de massa e da energia, a transferncia de calor tratada conforme o

    modelo de Eichelberg, o enchimento e esvaziamento do cilindro isentrpico, usa relaes

    empricas para estimar a razo dos calores especficos dos gases de combusto. O ajuste entre o

    diagrama de presso calculado e o medido muito bom.

    Martin, Fygueroa e Araque, 1999, apresentam dois modelos para clculo de emisses de

    NOx. A mistura ar/hidrocarboneto (CHON) tratada por um modelo de equilbrio qumico entre

    18 espcies qumicas. No segundo, o NOx tratado por um modelo cintico sugerido por

    Zeldovich. Os resultados comprovam que os dois modelos no so semelhantes quanto

    previso de concentrao de NOx no final do ciclo do motor. O modelo cintico apresenta

    melhores resultados.

    Nigro, Ambroggi e Defranco, 1999, tambm mostram um modelo Zerodimensional cujas

    caractersticas so: modelo de equilbrio qumico, combusto em duas zonas, chama cilndrica,

    taxa de queima pela Lei de Wiebe, transferncia de calor pelo modelo de Woschni, propriedades

    termodinmicas dos gases pelas tabelas JANNAF. Os resultados apresentados so apenas

    qualitativos o que impede a avaliao da qualidade do modelo. Uma observao importante

    que no modelo de duas zonas de combusto, a presso comum s duas zonas, mas atemperatura e densidade so diferentes.

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    No Brasil foram realizados bons trabalhos na rea de modelagem de motores a pisto. Gallo,

    1990 e 1992, apresenta uma anlise exergtica de motores a pisto usando como combustvel a

    gasolina e o lcool. O enfoque do trabalho no clculo da exergia (disponibilidade),

    irreversibilidades e eficincia exergtica durante o ciclo do motor. Para isto foi formulado um

    modelo Zerodimensional de duas equaes, incorporando o clculo destas grandezas

    termodinmicas e aplicado a um motor, cujos dados so bem especificados no trabalho. A

    concluso que os dados de irreversibilidade permitem um maior entendimento dos problemas

    de funcionamento dos motores do que usando mtodos baseados somente na Primeira Lei da

    Termodinmica. Os resultados de clculo no foram convertidos em parmetros convencionais

    de desempenho de motores e nem foram comparados com dados experimentais.

    Outro trabalho de simulao foi apresentado por Pereira, 1995, com um modelo

    Zerodimensional de duas equaes diferenciais (conservao da massa e da energia), envolvendo

    transferncia de calor, escoamento pelas vlvulas de admisso e exausto e variao nacomposio qumica dos gases de combusto pelo modelo de equilbrio qumico. Os resultados

    foram apresentados como variao paramtrica sobre as curvas de Potncia, Torque, Rendimento

    Trmico e Eficincia Volumtrica versus Velocidade de Rotao do motor (regime estacionrio).

    Contudo, a falta de comparao com dados experimentais dificulta a avaliao do modelo

    apresentado.

    Vianna e Oliveira, 1995, elaboraram um modelo Quase-dimensional de simulao. O modelo

    considera duas zonas, gases queimados e gases no queimados, sendo a frao queimada dada

    por uma lei emprica senoidal. A transferncia de calor tratada pelas relaes empricas de

    Annand e Woschni. No feita meno ao modelo dos coletores, mas pelos resultados os

    mesmos devem ter sido tratados como reservatrios presso constante. Um aspecto relevantedo trabalho apresentar dados experimentais para validao do modelo, envolvendo os

    parmetros de desempenho (potncia) e medidas de presso no interior do cilindro. Tambm

    apresentada uma anlise paramtrica da influncia das constantes da lei de queima e do modelo

    de transferncia de calor sobre a curva de presso do ciclo do motor.

    Complementando o trabalho acima citado, Vianna, Oliveira e Oliveira, 1996, apresentam um

    modelo Quase-dimensional para coletores de admisso e descarga comparado a um modelo de

    coletor ideal e a medidas experimentais. O mtodo de soluo para o escoamento unidimensional

    nos coletores foi o Mtodo das Caractersticas, conforme proposto por Benson, 1988. O modelo

    de combusto usado foi o de uma zona. Novamente, as medidas experimentais de presso no

    coletor diferenciam este trabalho de outros, tornando a anlise de resultados mais significativa.

    Uma observao importante feita pelos autores que os valores potncia do motor, previstos

    pelo modelo de coletor ideal e coletor unidimensional, so prximos aos medidos. A diferena

    maior ocorre na previso do rendimento volumtrico, sendo o modelo unidimensional mais

    preciso.

    O fenmeno da aspirao em motores a pisto tratado no estudo experimental descrito por

    Hanriot, Valle e Medeiros, 1999. O principal aspecto permitir conhecer as freqncias que

    dominam a variao de presso nestes dutos. Comparaes entre as medidas experimentais e os

    resultados de um modelo Quase-dimensional do coletor de admisso so apresentadas no

    trabalho posterior de Hanriot, 2000. Os efeitos de ressonadores no coletor tambm so

    discutidos.

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    Aguiar e Sodr, 2001 apresentam uma metodologia para incluir o efeito do formato

    tridimensional da cmara de combusto e da posio da vela em um modelo de duas zonas. O

    mtodo consiste em obter os dados de geometria da frente de chama por desenhos

    tridimensionais em CAD para vrias das posies da chama e do pisto. Os dados obtidos so

    transformados em equaes polinomiais que vo fornecer ao programa de simulao a geometria

    instantnea das duas zonas dentro do cilindro durante a combusto. O modelo de combusto de

    duas zonas com a velocidade de queima ajustada por um fator de turbulncia. Os resultados

    demonstraram a equivalncia do modelo numrico-grfico da propagao da frente de chama

    com o modelo analtico. O diagrama de presso experimental usado para validar o modelo de

    duas zonas implementado. Este mtodo de obter os dados sobre a cmara de combusto e sua

    interao com a frente de combusto pode ser considerado uma atualizao do procedimento

    descrito por Obert, 1971, onde: um molde de cera era feito a partir da cmara de combusto do

    motor; a seguir, este era usinado de forma a retirar uma seo hemisfrica a partir do ponto deignio; Os dados de volume e rea da frente de chama eram medidos; o procedimento era

    repetido para vrios raios de chama. Assim, o mtodo de Aguiar e Sodr, 2001, pode ser

    considerado uma verso virtual e conseqentemente mais econmica do mtodo de Obert, 1971.

    O acionamento das vlvulas do cilindro apresentado no trabalho de Porto e Bezerra, 1999,

    enfocando o projeto da geometria do came de forma a se obter a curva desejada de abertura da

    vlvula (elevao). O trabalho de Rego e Martins, 2001 aprofunda o modelo de cames e mostra

    como este pode ser associado a um modelo de motor de combusto interna. O livro de Chen,

    1982, apresenta uma profunda anlise de mecanismos e modelos aplicveis a cames mecnicos.

    Em termos de modelos Multidimensionais, foi apresentada uma anlise detalhada sobre o

    escoamento turbulento bidimensional atravs da vlvula do motor no trabalho de Deschamps,1993 e 1995. O enfoque principal foi a determinao dos perfis de velocidade ao redor da

    vlvula e no interior do cilindro usando um modelo algbrico de segunda ordem para descrever a

    turbulncia. O volume do cilindro foi mantido constante, ou seja, no foi considerando a

    influncia do movimento alternativo do pisto. Heywood, 1988, tambm descreve resultados de

    modelos multidimensionais. Um trabalho moderno, utilizando um modelo de turbulncia tipo

    LES, tridimensional e com malha adaptativa para levar em conta o movimento do pisto foi

    apresentado por Toledo, Penven, Buffat e Vianna, 2002. Contudo, a maioria destes modelos est

    mais preocupada em testar parmetros de turbulncia ou prever zonas de estagnao de mistura

    do que obter os valores dos coeficientes de descarga das vlvulas. O ajuste de um modelo

    multidimensional para prever os coeficientes de descarga permitiria propor um modelo semi-

    emprico mais preciso para ser utilizado nos modelos quase-dimensionais. Outro problema destesmodelos encontrados na literatura a dificuldade de relacionar os campos de velocidades no

    interior do cilindro com as leis empricas para velocidade mdia do gs ou com previses da

    equao de quantidade de movimento usada neste trabalho.

    Os trabalhos de Oliveira, Neves e Vianna, 1995, e Oliveira, Arbos, Vianna e Neves, 1996

    apresentam medidas de presso no cilindro sem e com detonao feita com equipamentos

    adequados e calibrados dinamicamente. Estes trabalhos correlacionaram os sinais dos sensores

    de detonao com a curva de presso medida. O formato da curva de presso para o caso sem

    detonao pode ser assumida como tpica para motores com ignio central e fora do ponto

    timo de avano de ignio. As medies foram capazes de detectar a instabilidade da presso

    no momento da ignio.

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    A calibrao dinmica e aspectos importantes de instalao de sensores nas medies de

    presso so discutidos por Vianna e Carvalho, 1995. Foi detalhado o fenmeno de

    amortecimento do sinal de presso medido em funo do adaptador de instalao do sensor no

    cabeote do cilindro. Os autores indicam que uma tomada separada sofre menos amortecimento

    que uma tomada junto vela de ignio. Outras recomendaes de posicionamento de sensores

    de presso e influncia da temperatura so descritas por Dbendorfer e Wolfer, 1985.

    As medies de presso no cilindro so retomadas por Bueno, Milanez e Velasquez, 2002,

    visando extrair dados de queima e transferncia de calor a partir da derivada da curva de presso.

    Os resultados indicam que as evolues da frao queimada so semelhantes s medidas em

    bombas de queima esfricas (Taylor, 1988). Os procedimentos de tratamento das derivadas de

    presso e sua correlao com a velocidade de queima so semelhantes aos descritos por Carvalho

    e Barros, 1990.

    A potncia de atrito foi estudada por Farinha, Carmona e Vianna, 1990, utilizando medidas

    experimentais. Foi proposta nova relao para motores de ignio por centelha, multicilindros

    dotados de mancais mais modernos e com cilindrada variando de 1300 a 4770 cm3. Esta relao

    supe que a presso mdia de atrito uma funo biparamtrica, de segunda ordem, da presso

    mxima no interior do cilindro e da velocidade de rotao do motor.

    Os aspectos dimensionais dos motores e influncias no desempenho foram tratados no

    trabalho de Zhang, Sinha e Gilmore, 1995. Um modelo dinmico de rotao de corpo rgido com

    amortecimento aplicado ao motor a pisto. Para o regime permanente o modelo resolvido

    analiticamente atravs da expanso em srie de Taylor, considerando apenas os termos de

    primeira ordem. Uma soluo por integrao numrica, usando o mtodo de Monte Carlo para as

    tolerncias tambm proposto. A concluso que os dois mtodos de anlise dos efeitos dastolerncias de fabricao levam a mdias e desvios padres idnticos, mas o mtodo de Monte

    Carlo demanda mais volume de clculos (1500 rodadas de simulao).

    A confiabilidade dos motores e componentes mecnicos tratada nos trabalhos de Golabek e

    Wisniewski, 1996, e de Texeira e Cavalca, 1998. O primeiro especfico sobre motores

    apresentando um modelo de hierarquia de componentes (diagrama tipo rvore). Contudo, ambos

    abordam os aspectos estatsticos da confiabilidade e no apresentam aplicaes diretas, nem

    sugerem valores para os parmetros de distribuies de probabilidade de falha dos componentes.

    A anlise de confiabilidade muito importante para avaliar o comportamento dos motores ao

    longo de sua vida til.

    O trabalho mais extenso e detalhado sobre ensaios de motores a pisto devido a Plint eMartyr, 1999. A primeira anlise apresentada o balano de energia em um banco de ensaios.

    Tomando um banco para motores de 100 kW, a energia consumida no ensaio e tambm

    dissipada para o ambiente da ordem de 300 kW, ou seja, o gasto de energia (eltrica e

    trmica) em um ensaio o triplo de energia gerada pelo motor. Os autores fazem uma descrio

    dos tipos de bancos existentes, os itens bsicos necessrios e descrevem a disposio fsica

    ("layout") destes. O controle do dinammetro descrito como funo de duas variveis:

    acelerao do motor e torque do dinammetro. Os modos de controle so classificados em:

    posio/posio, posio/velocidade, posio/torque (para Diesel), velocidade/torque,

    torque/velocidade. Conforme o parmetro mantido constante no sistema motor/dinammetro,

    respectivamente. Por posio entende-se que o motor ou o dinammetro, ou ambos, esto livres

    para variar o torque com a velocidade, atingindo o equilbrio quando o torque for igual nos dois

    equipamentos.

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    Os dinammetros hidrulicos variam o seu torque com o quadrado da velocidade de rotao.A configurao da instalao eltrica necessria aos bancos descrita em detalhes. Os clculosdas cargas trmicas, dos dutos de ventilao e descries sobre o circuito de resfriamento sotambm apresentados. Uma discusso feita sobre as fundaes (bloco ssmico) do banco, tiposde fixaes absorvedoras de vibraes e nveis de rudo envolvidos, visando isolar o banco doambiente externo. So tambm apresentados os sistemas para o combustvel, gua e exausto dosgases de combusto. Os diversos tipos de dinammetros (Frico, Hidrulicos, Eltricos eAerodinmico) so comparados detalhadamente. chamada a ateno para o fato de que algunstipos de dinammetros possuem direo de rotao fixa para medir torque. Quando umdinammetro chamado de quatro quadrantes isto significa que este capaz de medidas emqualquer sentido de rotao (horrio ou anti-horrio), como por exemplo, os dinammetroshidrulicos. So apresentados os mapas de torque versus rotao, para cada tipo de dinammetro.

    Um mapa tpico para um dinammetro hidrulico contm os limites de: a) carga mxima; b)torque mximo; c) potncia mxima; d) rotao mxima; e) vazo mnima de gua; onde deveser sobreposta a curva de motor a pisto para verificar a adequao do dinammetro.Os critriosde escolha do tipo de dinammetro so listados pelo autor. O acoplamento eixo do motor e eixodo dinammetro analisado em termos de toro mxima e da velocidade crtica do conjunto.As principais variveis de medidas so definidas como sendo torque e consumo especfico decombustvel. O consumo determinado por sistemas de medida volumtricos e mssicos que sodiscutidos em detalhes. As normas de ensaio internacionais da ISO e as normas britnicas soreferenciadas. So discutidas as correes de potncia devido temperatura, presso e umidaderelativa da atmosfera local. Uma avaliao da carga trmica de resfriamento do motor usadapara dimensionar o trocador de calor do banco.

    No trabalho ainda encontrada uma discusso sobre os ensaios de avaliao de perdasmecnicas. Estes testes so classificados em: Diagrama indicador, onde a medida da presso nocilindro permite estimar a presso mdia de atrito; Acionamento externo, onde o motor acionado por um dispositivo externo com a ignio desligada; Morse, onde a ignio de cadacilindro desligada seguindo uma dada seqncia; Linha de Willian, onde a curva medida deconsumo especfico versus torque de um motor Diesel extrapolada para o ponto de consumozero. Os fenmenos envolvendo o preparo da mistura ar-combustvel so tratados do ponto devista das medies e os parmetros envolvidos, ou seja, mistura rica e pobre, razo mssica dear-combustvel, razo ar-combustvel estequiomtrica, fator lambda e razo de equivalentes, sodetalhadamente definidos. As normas mais recentes de emisses e a instrumentao associadaso descritas e os poluentes so definidos (partculas, SO2, NOx, CO2, CO). Os testes transientesso classificados pelo autor conforme a escala de tempo envolvida: 0 a 0,2 s (5 a 500 Hz), paraverificar os efeitos mecnicos no motor; 0,5 a 2,0 s, para avaliar efeitos da transmisso;1,0 a 10 s, para simular e o motorista; 1 a 10 min, para efeitos do perodo de aquecimento domotor.

    A carga tpica sobre o motor, em estradas apresentada, informando que os dinammetros decorrente contnua e alternada so os mais adequados para simular esta curva de carga. Tambmuma discusso detalhada apresentada sobre dinammetros de rolo e sua instalao na rea deensaio. Os teste de lubrificante so listados (Normas ASTM) e h uma introduo sobre as fontesde atrito no motor (acessrios, 22,5%, circuito de leo, 5%, acionamento das vlvulas, 6%,bielas, 10%, rvore de manivelas, 12,5%, pisto, 25%, e anis de vedao, 19%). O sistema de

    aquisio, envolvendo em torno de 40 variveis, descrito e so comparadas as leituras pormeios manuais e por computador.

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    A organizao da equipe de ensaio detalhada no texto. Para a definio da seqncia de

    ensaios sugerido o mtodo estatstico multiparamtrico proposto por Taguchi. Contudo,

    maiores detalhes sobre planejamento de ensaios so encontrados no trabalho de Golverk, 1992,

    descrito mais frente. A seo que trata de anlise de incertezas ultrapassada, sendo

    recomendada o uso das normas ABNT ISO 5725-1 a 6:1994, como guia mais atual.

    O tratamento de dados experimentais o objetivo do trabalho de Golverk, 1992. Pela

    metodologia apresentada, os dados de ensaio em banco de motores podem ser correlacionados

    por um polinmio de segunda ordem, multiparamtrico.

    (2.1)

    onde, SFC = consumo especfico de combustvel

    N = velocidade de rotao[ = torque

    ki = constantes do polinmio, i = 1..6

    O ajuste da equao acima feito pelo mtodo dos mnimos quadrados a partir de dados de

    ensaios. O sistema de equaes para clculo das constantes apresentado no trabalho.

    Convencionalmente, para montar um mapa de desempenho do motor necessrio analisar

    10 a 15 regimes de funcionamento, envolvendo 4 a 5 ensaios em cada regime, com

    12 a 15 variveis monitoradas, ou seja, so necessrias 400 a 600 medies. Assim, o autor

    sugere um grupo reduzido de 35 ensaios que associados metodologia de ajuste polinomial

    permite construir o mapa do motor com um menor esforo experimental (10 vezes menor). A

    faixa de velocidades de rotao recomendada para os ensaios de 0,5 a 1,0 vezes a velocidadenominal de rotao, com intervalos de 0,05. A velocidade mxima de rotao est entre 4 a 6 %

    maior que a velocidade nominal. Para o torque a faixa de ensaio varia de 0,1 a 1,0 vezes o torque

    nominal, com intervalos de 0,1. Os erros experimentais esto na faixa de 1,5 a 2,0 %, e para o

    caso analisado no artigo (motor diesel multicilindro) a diferena entre os parmetros medidos e o

    previsto pelo polinmio ficou entre 0,8 e 1 %. A correlao proposta por Golverk muito til

    para montagem de mapas usando dados publicados de motores, que em geral so fornecidos com

    pouco detalhamento. Na avaliao de desempenho envolvendo o veculo a correlao proposta

    substituir uso de tabelas extensas e interpolao multiparamtricas, poupando tempo de

    computao. No caso de mapas mais complexos, com vrios vales e picos de consumo

    especfico, o ajuste proposto pode ser aplicado por faixas, gerando grupos de coeficiente vlidos

    para cada regio do mapa.

    Stevens, Shayler e Ma, 1995, tambm estudaram a construo de mapas de desempenho de

    motores a pisto. A anlise paramtrica dos dados de ensaios semelhante proposta por

    Golverk, 1992. O parmetro dependente a presso mdia efetiva, e os parmetros

    independentes e suas faixas de variao so: rotao (1000 a 4000 rpm), presso de admisso

    (350 a 900 mbar), razo ar-combustvel (12:1 a 18:1), atraso de ignio (0 a 52 antes do PMS).

    Foram efetuados 27 testes de parmetros em um motor 4 cilindros com um volume deslocado de

    2 litros cada um, conforme seqncia apresentada pelos autores.

    2

    65

    2

    4321

    k

    NkNk

    kNkkSFC +++++=

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    Os resultados foram processados por mtodos estatsticos e por mtodos envolvendo redes

    neurais. O mapa obtido foi considerado bom, desde que seja refinado, com ensaios extras nas

    regies de maior variao. O nmero mximo de parmetros variados ao mesmo tempo foi de 4,

    no sendo recomendado aumentar este nmero. A anlise por redes neurais foi, segundo os

    autores, melhor que a anlise estatstica, contudo, analisando os resultados apresentados pode-se

    considerar que estes no so conclusivos.

    Mauer, 1991, desenvolveu uma tcnica para determinao de torque em funo de medidas

    de variao da velocidade de rotao do motor sem carga. O tipo de ensaio, que foi chamado de

    "snap test", consiste em deixar o motor, com total acelerao, aumentar a sua velocidade de

    rotao sem carga aplicada no eixo. A inclinao da curva de rotao versus tempo (ou ngulo da

    rvore de manivelas), indica a acelerao do motor e pode ser convertida em torque. Os testes

    com um motor de 8 cilindros, 4 tempos, ciclo Diesel, na faixa de 800 a 2900 rpm, mostraram que

    o torque medido em condies estticas difere do torque obtido pelo novo mtodo em apenas2,5 %. Em motores com defeitos nas vlvulas ou no sistema de injeo de combustvel o erro

    atingiu 4 %. Deve-se observar que a curva de torque de um motor Diesel bem linear com a

    rotao.

    Barros, M. T., 1993, descreve a adaptao de um dinammetro tipo Froude para aquisio e

    controle automticos por computador. O trabalho detalha o modelo de vlvula borboletas usadas

    para controlar a quantidade de gua dentro do rotor e, portanto, a carga aplicada. O modelo do

    dinammetro baseado nas equaes de balano da mecnica dos fluidos. O objetivo propor

    uma funo de transferncia mais adequada ao controle da carga do dinammetro. Os parmetros

    da funo foram escolhidos a partir de ensaios do dinammetro sem carga, com carga total e com

    motor acoplado.Fleury e al., 1997, apresentam uma simulao de dinammetro hidrulico acoplado a um

    motor a pisto queimando gs natural. O modelo apresentado Zerodimensional, envolvendo a

    admisso de ar, a dinmica rotacional do sistema e o funcionamento do motor. A admisso de ar

    simulada por equaes de escoamento unidimensional em orifcios com coeficiente de

    descarga para vlvula borboleta. O funcionamento do motor modelado por eficincia trmica,

    vazo de ar na admisso e poder calorfico do combustvel. O modelo de dinmica rotacional

    envolve o torque indicado, o torque de atrito, o torque do dinammetro e o momento de inrcia

    do conjunto motor-dinammetro. O torque do dinammetro calculado pela geometria deste,

    que regula o volume de gua, e pela velocidade de rotao ao quadrado, que controla a perda de

    carga no dinammetro. Neste modelo, de 2 ordem, so considerados mais dois termos, um

    devido ao amortecimento e outro devido a constante de mola do sistema. Os valores usados ou a

    sua forma de clculo no so mencionadas. A vlvula do dinammetro modelada da mesma

    forma que a borboleta de acelerao. O controle usado do tipo PID, podendo manter constante

    o torque ou a velocidade de rotao. Com o modelo, o torque que ser medido previsto a partir

    da posio da vlvula de admisso, do nvel de gua no dinammetro, da posio da vlvula de

    controle, da posio do pisto e da rotao.

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    As simulaes foram feitas para uma acelerao correspondente a uma mudana de ngulo da

    vlvula borboleta de 68 a 80, em 28 s. Para o modo de controle de torque constante, o

    comportamento do torque hidrulico mais suave que a variao do torque do motor. Para o

    modo de rotao constante, o torque hidrulico superior ao torque do motor. Isto ocorre durante

    a durao do transiente e indica que nesta fase as leituras do banco, que so referidas ao torque

    hidrulico, no representam o torque do motor. Como concluso extra, a partir dos dados

    apresentados, pode-se dizer que o modo de velocidade constante possui um tempo de resposta

    menor ( 1 s) que o modo de torque constante ( 2 s). Pode-se ainda dizer que para

    dinammetros hidrulicos, o tempo de resposta da ordem de segundos, permitindo leituras

    dinmicas com variaes da escala de tempo superiores, tais como, efeitos de carga na estrada ou

    cidade. Infelizmente, a confirmao experimental no facilmente executada para ensaios

    transientes.

    A norma de ensaio usada no Brasil a NBR ISO 1585, de Jun/1996, para medidas depotncia lquida de motores a pisto usados em veculos rodovirios. Ela especfica s condies

    de ensaio de motores projetados para veculos rodovirios, as correes nas medidas e as formas

    de apresentao das curvas de potncia e de consumo especfico de combustvel plena carga

    em funo da rotao do motor. As incertezas de medio exigidas para os parmetros medidos

    so apresentadas na Tabela 2.1, juntamente com as incertezas levantadas por calibrao dos

    equipamentos utilizados (ABNT ISO 5725). Os componentes auxiliares a serem montados no

    motor para a medida da potncia lquida efetiva, so somente os necessrios para a operao do

    motor na bancada de ensaio, mantendo a configurao o mais prxima possvel da mesma na

    aplicao pretendida. As condies de regulagem devem ser de acordo com as especificaes de

    produo do fabricante, sem alterao posterior para a aplicao particular.

    TABELA 2.1. Incertezas nas medies exigidas pela Norma NBR-ISO-1585

    Grandeza Incerteza Exigida

    Torque 1 %

    Rotao 0.5 %Fluxo de combustvel 1 %Temperatura de combustvel 2 KTemperatura do ar 2 K

    Presso baromtrica 100 PaContrapresso de exausto 200 Pa

    Depresso de admisso

    50 PaPresso absoluta de admisso 2 %

    A norma estipula as condies para a realizao do ensaio, tais como, amaciamento prvio,

    partida e aquecimento do motor; as condies para montagem dos sensores de temperatura e

    presso; as condies limites e faixas de trabalho para ar, gua e leo e as condies para obter a

    mxima potncia. As condies atmosfricas devem ser o mais prximo possvel das condies

    de referncia, ou seja, 25 C, 100 kPa e 32 % de umidade relativa, a fim de minimizar o fator de

    correo. O limite de temperatura para ensaio 13 at 33 C. O limite para ensaio da presso

    seca 80 at 110 kPa.

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    A correo de torque e potncia medida deve ser feita pelas equaes apresentadas na norma,

    levando em conta, o tipo de motor (Otto ou Diesel), a presso atmosfrica, a umidade relativa e a

    temperatura local. As correes aplicadas objetivam levar as medidas realizadas para as

    condies de referncia, de forma a permitir comparaes com outros ensaios e com os valores

    declarados pelos fabricantes.

    Para a realizao de leituras de dados necessrio que o torque, a rotao e as temperaturas

    estejam constantes a pelo menos um minuto. Sendo que, a rotao no deve desviar mais que

    1 % ou 10 rpm do valor selecionado. As leituras do torque devem ser tomadas com um

    intervalo de, pelo menos, 1 minuto e no devem diferir mais que 2% entre si. Deve-se ressaltar

    que este procedimento visa um sistema de leitura visual e registro a ser executado por um

    operador humano. O ensaio iniciado a mxima rotao, depois se reduz esta, seguindo um

    decremento predeterminado que , em geral, de 500 rpm ou, algumas vezes, de 250 rpm. Este

    procedimento se justifica pelo fato do motor estar no regime de mxima rotao ao fim doperodo de aquecimento, assim mais fcil diminuir sua rotao. Contudo, o regime de

    desacelerao menos sensvel a efeitos dinmicos do conjunto motor-dinammetro sobre a

    medida de torque que o regime de acelerao.

    A norma NBR ISO 1585 especifica ainda as tolerncias para comparao entre as curvas de

    torque e potncia versus rotao medidas e os valores declarados. Para ensaios de verificao dos

    valores declarados as diferenas podem ser de at 4 %. Para ensaios de conformidade de

    produo as diferenas podem ser de at 6 %.

    Outro ponto importante focado por este trabalho a aplicao da Anlise Orientada a Objetos

    modelagem de motores de combusto interna. Atualmente, a indstria de software assumiu

    como padro tecnolgico a orientao a objetos. Contudo, a maior parte das aplicaescientficas continua a ser implementada com tcnicas de programao estruturada. Este fato no

    permite que as aplicaes cientficas faam uso das novas metodologias e ferramentas de

    programao. A modelagem de objetos j uma realidade em aplicaes comerciais e possui a

    pseudolinguagem UML reconhecida como padro internacional (Furlan, 1998 e Fowler, 2000).

    Como exemplo de aplicaes cientficas com modelagem de objetos esto pacotes

    computacionais dedicados soluo de problemas em estruturas usando tcnicas de elementos

    finitos (FEM), descritos por Devloo, 2000 e Pitangueira e Silva, 2000. Deve-se lembrar que a

    modelagem por objetos foi criada para lidar com problemas complexos de modo a permitir gerar

    cdigos bem estruturados, evolutivos e reutilizveis.

    Em 1998, foi colocado venda, somente para o mercado Norte-americano, o programa decomputador denominado GECAT - Graphical Engine Cycle Analysis Tool, destinado a fazer a

    anlise de ciclo real de motores aeronuticos do tipo turbina a gs. O referido programa trata o

    motor de forma modular, permitindo construir o ciclo de funcionamento atravs da adio de

    componentes do motor (figura 2.2). O resultado apresentado, pelo GECAT, a previso de

    desempenho do motor em vrias condies de uso, alm de permitir fazer anlises paramtricas

    para estudos na fase de projeto de novos motores. O modelo implementado unidimensional, em

    regime permanente. Este produto foi desenvolvido pelo programa NEPP (NASA Engine

    Performance Program) sob controle da JANNAF ao longo de 10 anos.

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    Isto indica que existe uma lacuna no mercado de programas de simulao para um software

    de Anlise de Ciclo voltado para Motores a Pisto, tanto para uso automotivo como aeronutico,

    seguindo o mesmo padro do GECAT. Os programas computacionais para anlise de motores a

    pisto existentes no mercado mundial so muito acadmicos, de difcil uso e com formatos de

    sadas de dados, muitas vezes, defasados do desejado para atender as necessidades da indstria.

    Deve-se ressaltar que a maioria dos modelos citados Zerodimensional e envolve duas

    equaes de conservao, Massa e Energia. A maior parte deles tambm trata de motores

    monocilindros. Nenhum dos modelos inclui a equao da conservao da quantidade de

    movimento, que permite ligar os fenmenos que ocorrem no interior do cilindro com o

    acionamento externo da carga, ou seja, torna o modelo capaz de calcular os transientes de

    rotao do motor. Poucos modelos transformaram os dados do diagrama indicador em curvas de

    potncia ou mapas do motor multicilindros, necessrias para a anlise prtica dos motores de

    combusto interna.

    FIGURA 2.2 - Tela do Programa GECAT para Anlise de Ciclo Real deMotores Tipo Turbina a Gs

    Tentando conseguir um pequeno avano na modelagem de motores de combusto interna,

    pretende-se, neste trabalho, realizar o desenvolvimento de uma metodologia terica que permita

    trabalhar com a equao da conservao da quantidade de movimento e ligar os fenmenos que

    ocorrem no interior do cilindro com os parmetros de acionamento externo, obtendo-se

    resultados dos transientes de rotao do motor. Por outro lado, pretende-se elaborar um programa

    de anlise de motores a pisto de fcil utilizao e atualizao, para atender s necessidades da

    indstria na rea de projetos e desenvolvimento.

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    3. OBJETIVOS E RELEVNCIA DO TRABALHO

    Como objetivos deste trabalho tem-se:

    propor um modelo computacional para previso de desempenho (potncia, torque e consumo

    especfico versus rotao) para motores de ignio por centelha (ICE);

    desenvolver um cdigo computacional usando modelagem de objetos de forma a permitir

    maior facilidade para atualizaes futuras (cdigo reutilizvel) e torn-lo disponvel para a

    comunidade;

    adquirir conhecimentos e informaes de funcionamento de motores de combusto internapelo Laboratrio de Motores da UFMG, visando criao de novas tecnologias na rea.

    Os seguintes aspectos foram considerados na colocao destes objetivos.

    Nos ltimos cinco anos, o Brasil ampliou a produo de motores automobilsticos,

    principalmente, na cilindrada de 1000 cm3. Esta produo no est mais restrita ao nmero de

    veculos produzidos no Brasil, pois parte dela est direcionada a exportao para atender

    montadoras no exterior. O nmero de patentes requeridas na rea de motores tambm tem

    aumentado, devido a incorporaes tecnolgicas nos motores, tais como, pequenos

    turbocompressores (Volkswagem e Garret), ressonadores (FIAT), estratgias de fasamento na

    partida (FIAT e Bosch), etc. Entretando, a maio