estabilidade de espécies de arsênio em amostras biológicas...

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CARLOS ALFREDO SUÁREZ Estabilidade de espécies de arsênio em amostras biológicas acoplando cromatografia líquida ou eletroforese capilar com detectores atômicos Tese apresentada ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências Área de Concentração: Química na Agricultura e no Ambiente Orientadora: Profa. Dra. Maria Fernanda G. Giné Rosias Piracicaba 2010

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CARLOS ALFREDO SUÁREZ

Estabilidade de espécies de arsênio em amostras

biológicas acoplando cromatografia líquida ou eletroforese

capilar com detectores atômicos

Tese apresentada ao Centro de Energia

Nuclear na Agricultura, da Universidade de

São Paulo, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Doutor em Ciências

Área de Concentração: Química na Agricultura

e no Ambiente

Orientadora: Profa. Dra. Maria Fernanda G.

Giné Rosias

Piracicaba

2010

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AUTORIZO A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Seção Técnica de Biblioteca - CENA/USP

Suárez, Carlos Alfredo

Estabilidade de espécies de arsênio em amostras biológicas acoplando cromatografia líquida ou eletroforese capilar com detectores atômicos / Carlos Alfredo Suárez; orientadora Maria Fernanda G. G. Rosias. - - Piracicaba, 2010.

147p.: fig.

Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Ciências. Área de Concentração: Química na Agricultura e no Ambiente) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo.

1. Compostos organometálicos 2. Cromatografia líquida de alta eficiência

3. Cromatografia por troca iônica 4. Eletroforese capilar de zona 5. Espectrometria de massas I. Título

CDU 564.19:543.05

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A minha filha, Ana, fonte de toda inspiração e alegria,

porque já não consigo imaginar a vida sem você.....

A minha esposa, Lorena, amiga e companheira,

por estar ao meu lado, e não desistir de mim.......

Aos meus pais Alfredo e Margarita e meus irmãos Marcelo,

Gustavo e Celeste,

Pela educação, carinho e amizade, por estarem sempre apesar das

distâncias.....

DEDICO.

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A minha esposa Lorena e minha filha Ana pela paciência,

À professora Maria Fernanda, pela oportunidade oferecida, pelos ensinamentos e amizade,

Ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura pela oportunidade de realizar meu doutorado,

Ao CNPq pela bolsa e pelo apoio financeiro,

Aos meus sogros Nidia e Guile, por considerarme realmente parte de sua família,

A minha cunhada Guadalupe, pela amizade e alegria de viver contagiante,

À Fátima e Sheila pela inestimável ajuda e disponibilidade durante estes longos anos de

pesquisa,

Ao professor Boaventura pelos ensinamentos em eletrônica e pelo espaço em sua oficina,

À Mário e Marcelo pela amizade, paciência e disposição para a montagem dos diversos

circuitos eletrônicos utilizados durante esta pesquisa,

Ao Professor José Ferreira, pela sessão do espaço para trabalhar com seus equipamentos,

A Gabriel e Zé Paulo pela ajuda com as análises no final deste doutorado,

Aos professores Chico e Zagatto, e aos técnicos Tatinha e Valdemir pelo convívio armonioso,

Ao professores Jorge Sarkis e Marco Aurélio Arruda pelo espaço gentilmente cedido em seus

laboratórios, a Mauricio e Marcelo pela ajuda e assessoramentos dentro dos mesmos,

A todos os colegas e amigos da sessão de Química Analítica, pelos bons momentos de

descontração e diversão.

Aos funcionários da Pós-Graduação e da Biblioteca do CENA-USP, pelo suporte técnico

oferecido sempre com boa disposição e amabilidade,

Agradeço

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RESUMO

SUÁREZ, C. A. Estabilidade de espécies de arsênio em amostras biológicas

acoplando cromatografia líquida ou eletroforese capilar com detectores

atômicos. 2010. 147 p. Tese (Doutorado) - Centro de Energia Nuclear na

Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010.

Neste projeto foram abordados procedimentos analíticos para extração, separação e

identificação de espécies de arsênio encontradas normalmente em quantidades de

traços e ultra-traços em amostras biológicas e ambientais. Entre as amostras alvo

deste estudo, teve-se alimentos de origem marinha como por exemplo camarão. Foi

avaliada a estabilidade das espécies de arsênio nas soluções geradas pelos

processos de extração. Para separação das espécies inorgânicas (arsenito e

arsenato), metiladas (ácidos mono e dimetil arsênio) e orgânicas (arsenobetaina)

empregaram-se as técnicas eletroforese capilar (CE) e cromatografia líquida (LC).

Os sistemas de separação para a determinação das espécies de arsênio foram

acoplados com os espectrômetros massas (ICP-MS), e de fluorescência atômica

(AFS). Os sistemas acoplados apresentaram resolução e sensibilidade na

determinação das espécies de arsênio nas amostras estudadas neste trabalho. A

extração com água de espécies de As utilizando-se banho de ultra-som apresentou

eficiência acima de 78%. A estabilidade das espécies nas soluções padrão e nos

extratos das amostras foi mantida por um período de até uma semana quando

armazenadas em geladeira (+4°C). Visando uma política de química limpa, foi

desenvolvida uma metodologia para evitar desperdiço preparando micro-volumes de

amostras e soluções padrão, para especiação de arsênio por eletroforese capilar.

Para tal se empregou um injetor seqüencial, também foi desenvolvido um dispositivo

de injeção hidrodinâmica para eletroforese capilar. Além disto, as soluções residuais

geradas durante a pesquisa analítica foram tratadas para a recuperação de arsênio

e boro. A extração no ponto nuvem foi empregada para recuperar As entanto que a

precipitação por mineralização hidrotérmica foi aplicada para a recuperação de B . A

aplicação deste procedimento resultou na extração de 80% de arsênio e 75% de

boro. Isto, permitiu converter grandes volumes de resíduos líquidos perigosos em um

pequeno volume de resíduos sólidos.

Palavras-chave: Especiação de arsênio. Extração por ultra-som. Eletroforese

capilar. Cromatografia líquida. Espectrometria de massas com fonte de plasma.

Espectrometria de fluorescência atômica.

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ABSTRACT

SUÁREZ, C. A. Stability of arsenic species in biological samples by coupling

liquid chromatography or capillary electrophoresis with atomic detectors. 2010.

147 p. Tese (Doutorado) - Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade

de São Paulo, Piracicaba, 2010.

Analytical procedures for extraction, separation and identification of arsenic species

at ultra-trace levels in biological and environmental samples were investigated.

Stability studies of arsenic species in sample extracts and standard solutions were

carried out. Separation of arsenite, arsenate, monomethylarsonic and dimethylarsinic

acids and also arsenobetaine were carried out by capillary electrophoresis or liquid

chromatography. Determination of the separated arsenic species was accomplished

by coupling the separation techniques to inductively coupled plasma mass

spectrometry (ICP-MS) or atomic fluorescence spectrometry (AFS). Satisfactory

resolution and sensibility were achieved by the coupled systems described.

Extraction efficiency better than78% were achieved with water in an ultrasonic bath at

the laboratory temperature (23-27°C). Whereas, stability of species in solutions

stored in refrigerator at +4°C was efficient for aperiod up to one week. Micro-volumes

of standards and sample solutions mixed in a sequential injector were prepared for

arsenic speciation by capillary electrophoresis, aiming green chemistry. A time

controlled micro-volume injector device for hydrodinamic injections was also

developed. Finally, waste solutions from arsenic speciation analysis in a system with

hydride generation were treated for arsenic and boron removal. Cloud point

extraction for recovery of arsenic and hydrothermal mineralization of boron by

calcium hydroxide were employed. Satisfactory removal of 80% of arsenic and 75%

of boron from waste solution was achieved. These procedures allowed to reduce

volumes of hazardous waste solutions.

Keywords: Arsenic speciation. Ultra sound extraction. Capillary electrophoresis.

Liquid chromatography. Inductively coupled plasma mass spectrometry. Atomic

fluorescence spectrometry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Eficiência do método de extração por ultra-som empregando somente água como solvente, por comparação do teor total de arsênio nas soluções dos extratos e do material digerido. Validação do método utilizando Material Certificado de Referência Dorm-2. ........................................................................... 37

Figura 2.2 – Estabilidade das espécies de arsênio durante o procedimento de extração em banho de ultra-som a intervalos de 15, 30 e 60 minutos. Os desvios para arsenito, arsenato, monometilarsênio e dimetilarsênio foram de 0,96; 0,99; 1,17 e 0,59 respectivamente. ........................................................................................... 38

Figura 2.3 – Cromatograma do extrato de uma amostra de camarão adicionada com arsenito, arsenato, monometilarsênio e dimetilarsênio, extraídos em banho de ultra-som durante uma hora com a mistura 20:80 metanol-água. ............................ 39

Figura 2.4 – Estabilidade das espécies em solução. Degradação das espécies em soluções padrão armazenadas ema geladeira. Línea pontilhada = solução preparada no dia. Linea sólida = cromatograma após 3 semanas. .......................... 41

Figura 3.1 - Sistema de eletroforese capilar. Foto do sistema de eletroforese capilar projetado no Laboratório de Química Analitica do CENA. 1. Base, 2. Hastes, 3. Vareta, 4. Injetor, 5. Unidade controladora de gás, 6. Válvulas solenóide, 7. Circuito eletrônico, 8. Detector UV/Visível, 9. Recipiente coletor, 10. Fonte de alta voltagem. ........................................................................................................... 57

Figura 3.2 - Circuito eletrônico temporizador. Esquema do circuito eletrônico desenvolvido para controle automático do tempo de injeção de amostras no injetor hidrodinâmico. V1 e V2 = válvulas solenóides de três vias; PBS = botão de pulso (trigger); Tr = transistor BC547; D1, D2 e D3 = diodos 1N4007; S = Botao de liga e desliga. O circuito eletrônico contendo um circuito integrado temporizador, 555 IC, atua como controlador dos tempos de acionamento de V1 e V2. (Desenvolvido por Sivanildo S. Borges (PQ). ............................................ 58

Figura 3.3 – Influência do pH e da ddp aplicada. Variação da corrente elétrica observada com relação aos diferentes pH da solução eletrolítica e à voltagem aplicada .................................................................................................................... 60

Figura 3.4 – Interface CE-ICP. Interface para o acoplamento da eletroforese capilar com espectrômetros de massas o de emissão ótica com fonte de plasma (CE-ICP). a y b mostram duas posições distintas do extremo do capilar no interior do canal de amostragem do nebulizador. ...................................................................... 64

Figura 3.5 – Câmara de separação de fases. Interface para o acoplamento de sistemas de eletroforese capilar ou cromatografia líquida projetado e confeccionado no laboratório de Química Analítica do CENA/USP ...................................................... 69

Figura 3.6 – Eletroferograma de um extrato de camarão seco, extraído em banho de ultra-som empregando-se água como solvente. Se observa o pico correspondente à arsenobetaina além de outros três picos não identificados (?). ... 71

Figura 3.7 - Separação de espécies de arsênio em amostra de camarão extraída por ultra-som com água como solvente. Adição de As5+, MMA, DMA e As3+, em

concentração 100 g/L cada expressados como molécula. (As5+: 52,6 %As; MMA: 53,5% As; DMA: 54,3% As; As3+: 59,5% As). ................................................ 72

Figura 3.8 – Eletroferograma de quatro espécies de arsênio separadas por eletroforese capilar com geração de hidretos na interface e detecção por espectrometria de massas com fonte de plasma. CE-HG-ICP-MS. ....................................................... 73

Figura 3.9 – Eletroferograma de espécies de arsênio em uma amostra de urina contaminada, empregando eletroforese capilar com geração de hidretos na interface com detecção por ICP-SFMS. ................................................................... 74

Figura 4.1 – Esquema do sistema LC-HG-AFS montado no laboratório, A e B são os tampões empregados; V= válvula solenóide, BP= bomba Peristáltica, GL= Câmara de separação gás/Líquido e AFS o detector de fluorescência atômica. ..... 83

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Figura 4.2 – Cromatograma de quatro espécies de arsênio, em diferentes concentrações, quando empregada uma vazão da bomba cromatográfica igual a 1,5 mL/min. ............................................................................................................ 93

Figura 4.3 – Sensibilidade do detector de fluorescência atômica. Cromatograma de uma

solução padrão de As3+ em concentração 10 g/L indicando a variação na relação sinal ruído com as diferentes combinações de sensibilidade do detector

empregadas, utilizando alça de amostragem de 100 L. ......................................... 94 Figura 4.4 - Triplicata da separação de quatro espécies de arsênio, As3+, DMA, MMA e

As5+ pelo sistema acoplado LC-HG-AFS, empregando as condições de trabalho apresentadas na Tabela 4.1. .................................................................................... 95

Figura 5.1 - Peça em formato T para o acoplamento CE-ICP-MS. Observa-se nesta figura a passagem do capilar através dela, além da inserção perpendicular ao capilar para a platina e o tubo para bombeamento da solução auxiliar ................. 107

Figura 5.2 - Representação esquemática do sistema SIA, com uma bomba de seringa de 500 µL e uma bobina para mistura das soluções também de 500 µL e o recipiente para a posterior injeção hidrodinâmica de 200 µL. ................................ 108

Figura 5.3 - Esquema do injetor hidrodinâmico construído em acrílico, onde CE é o capilar eletroforético, S um septo que permite fixar o capilar impedindo vazamentos no sistema, SV é o recipiente de 200 mL e Pt o eletrodo de platina. À esquerda da figura se apresenta o sistema controlado eletronicamente para a injeção temporizada onde V1 e V2 são as válvulas solenóide conectadas em linha, EI o circuito eletrônico, GU o controlador de pressão do gás e Ar o cilindro de argônio. ................................................................................................. 110

FIGURA 5.4 - Eletroferograma de uma amostra de urina liofilizada contendo arsenito (As3+), arsenato (As5+), ácido monometilarsônico (MMA) e ácido dimetilarsínico (DMA). 200 µg/L de As5+ e DMA foram adicionados à amostra. ............................ 117

Figura 5.5 - Eletroferograma de um extrato de camarão pelo sistema CE-ICP-MS detectado na razão m/z= 75. De esquerda para a direita os picos correspondem à arsenobetaina e ao arsenato (As5+) adicionado respectivamente. .................................................................................................... 118

Figura 6.1 - Percentagens de arsênio extraído das soluções laboratoriais de descarte mediante extração no ponto nuvem empregando diferentes concentrações do complexante utilizado. ............................................................................................ 130

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Espécies de arsênio encontradas no meio ambiente (Gong, Lu et al.,

2002). ........................................................................................................................ 22 Tabela 3.1 – Pka’s de espécies de arsênio. Apresentam-se os pka’s conhecidos das

espécies de arsênio em sistemas biológicos e ambientais Adaptado de (Larsen, 1998; Le, Lu et al., 2004; Sun, Macka et al., 2004; Wu e Ho, 2004; Kitagawa, Shiomi et al., 2006; Jaafar, Irwan et al., 2007). *R corresponde às diferentes estruturas de açúcares ligados ao arsênio. .............................................................. 52

Tabela 3.2 – Recopilação de trabalhos que empregaram eletroforese capilar para a separação de espécies de arsênio, se indica nesta tabela o tipo e pH do tampão empregado, modificador de fluxo, caso utilizado, voltagem aplicada, tempo de análise e espécies separadas(*) indicando a ordem de aparecimento das espécies nos respectivos eletroferogramas. ...................................................... 54

Tabela 3.3 – Condições operacionais do acoplamento CE-ICP-MS para a obtenção dos eletroferogramas apresentados nas Figuras 3.6 e 3.7 respectivamente. ................. 65

Tabela 3.4 – Parâmetros empregados para o acoplamento CE-HG-ICP-SFMS para separação das espécies de arsênio em amostras de urina e camarão.................... 70

Tabela 4.1 – Parâmetros de operação do sistema acoplado LC-HG-AFS. ........................... 96 Tabela 4.2 – Tempos de retenção de cada espécie de arsênio estudada quando

empregada uma vazão constante de 1 mL/min. ....................................................... 97 Tabela 5.1 - Parâmetros operacionais para as condições de trabalho empregando o

acoplamento CE-ICP-MS. ...................................................................................... 112 Tabela 5.2 - Volumes em nL injetados no capilar empregando as diversas combinações

de pressão aplicada e tempo de injeção. (n=3) ...................................................... 114 Tabela 5.3 - Tempos de migração e áreas dos picos calculados após 5 injecoes,

detectadas a 185 nm .............................................................................................. 115 Tabela 6.1 - Resultados da % extraída do arsênio presente nas soluções de descarte

originais e nos precipitados obtidos após o tratamento pelo método de extração no ponto nuvem. (n=3) ............................................................................................ 131

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2 Preparação de Amostras para Análise de Espécies .......................................... 17

Resumo ................................................................................................................ 18

Abstract ................................................................................................................ 19

2.1 Introdução ...................................................................................................... 20

2.2 Métodos de extração ..................................................................................... 23

2.2.1 Extração enzimática ................................................................................... 25

2.2.2 Extração por microondas .......................................................................... 27

2.2.3 Extração por ultra-som .............................................................................. 28

2.3 Procedimentos de preservação das espécies de As em solução ............. 30

2.4 Material e Métodos ........................................................................................ 32

2.4.1 Reagentes, soluções e equipamentos. ..................................................... 32

2.4.2 Procedimentos de extração ....................................................................... 33

2.4.3 Conservação das amostras e dos extratos .............................................. 35

2.5 Resultados e Discussão ............................................................................... 36

2.5.1 Eficiência do método de extração ............................................................ 36

2.5.2 Interconversão de espécies ...................................................................... 37

2.5.3 Interferências nas análises dos extratos ................................................. 38

2.5.4 Estabilidade das espécies em solução e dos extratos ........................... 40

2.5.5 Espécies tóxicas na decomposição natural da amostra de camarão ....................................................................................................... 42

2.6 Conclusões .................................................................................................... 42

3 Especiação de As por Eletroforese Capilar Acoplada a Espectrometria de Massas com Fonte de Plasma ........................................................................ 44

Resumo ................................................................................................................ 45

Abstract ................................................................................................................ 46

3.1 Introdução ...................................................................................................... 47

3.2 Material e Métodos ........................................................................................ 49

3.2.1 Reagentes, soluções e equipamentos ...................................................... 49

3.3 Desenvolvimento Experimental ................................................................... 51

3.3.1 Sistema de eletroforese capilar ................................................................ 56

3.3.2 Efeito da variação do pH e da ddp aplicada em eletroforese capilar .......................................................................................................... 59

3.3.4 Acoplamento do sistema de eletroforese capilar com ICP-MS .............. 61

3.3.5 Acoplamento da eletroforese capilar com o ICP-MS e geração de hidretos na interface ............................................................................. 66

3.4 Resultados e Discussão ............................................................................... 70

3.4.1 Determinação de espécies de arsênio pelo sistema acoplado CE-ICP-MS ................................................................................................... 70

3.4.2 Determinação de espécies de arsênio pelo sistema acoplado CE-HG-ICP-MS ............................................................................................. 73

3.5 Conclusões .................................................................................................... 75

4 Especiação de As por Cromatografia Líquida Acoplada a Espectrometria de Fluorescência Atômica ............................................................................... 76

Resumo ................................................................................................................ 77

Abstract ................................................................................................................ 78

4.1 Introdução ...................................................................................................... 79

4.2 Material e Métodos ........................................................................................ 81

4.2.1 Reagentes, soluções e equipamentos ...................................................... 81

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4.2.2 Sistema LC-HG-AFS ................................................................................... 82

4.2.3 Volatilização das espécies de arsênio ...................................................... 83

4.2.4 Espectrometria de Fluorescência Atômica .............................................. 86

4.2.5 Acoplamento da coluna de cromatografia líquida com o Espectrômetro de Fluorescência Atômica ............................................... 88

4.3 Resultados e Discussão ............................................................................... 90

4.3.1 Efeito das vazões de hidrogênio e argônio .............................................. 90

4.3.2 Efeito da vazão dos reagentes inseridos pós-coluna ............................. 91

4.3.3 Efeito das combinações de ajuste da sensibilidade do detector ........................................................................................................ 93

4.4 Conclusões .................................................................................................... 97

5 Minimização dos Resíduos Gerados Durante a Pesquisa ................................. 99

Resumo .............................................................................................................. 100

Abstract .............................................................................................................. 101

5.1 Introdução .................................................................................................... 102

5.2 Material e Métodos ...................................................................................... 105

5.2.1 Sistema de Injeção Seqüencial ............................................................... 105

5.2.2 Injeção Hidrodinâmica ............................................................................. 105

5.2.3 Interface CE-ICP-MS ................................................................................. 106

5.3 Procedimento Experimental ....................................................................... 107

5.3.1 Injeção Seqüencial para preparo das soluções padrão ........................ 108

5.3.2 Introdução de amostras no CE ............................................................... 109

5.3.3 Separação das espécies e recondicionamento do capilar ................... 111

5.3.4 Otimização dos parâmetros na interface CE-ICP-MS ............................ 112

5.4 Resultados e Discussão ............................................................................. 113

5.5 Conclusões .................................................................................................. 118

6 Recuperação dos Resíduos Gerados Durante a Pesquisa .............................. 120

Resumo .............................................................................................................. 121

Abstract .............................................................................................................. 122

6.1 Introdução .................................................................................................... 123

6.2 Material e Métodos ...................................................................................... 125

6.2.1 Reagentes e soluções .............................................................................. 125

6.2.2 Equipamentos ........................................................................................... 126

6.2.3 Recuperação de arsênio .......................................................................... 126

6.2.4 Recuperação de boro ............................................................................... 128

6.3 Resultados e Discussão ............................................................................. 130

6.3.1 Extração de arsênio ................................................................................. 130

6.3.2 Extração de boro ...................................................................................... 131

6.4 Conclusões .................................................................................................. 132

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 134

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12

1 INTRODUÇÃO

No meio ambiente, os elementos traço apresentam normalmente

comportamentos diferentes aos esperados em função das propriedades químicas do

elemento em questão. A obtenção de informações sobre a espécie encontrada em

determinadas condições se torna um pré-requisito fundamental para uma melhor

compreensão de sua distribuição, atividade biológica, e das interações com o meio

ambiente.

O arsênio apresenta uma biogeoquímica oceânica complexa, cujo estudo e

compreensão são importantes uma vez que se refletem na toxicidade de organismos

marinhos. A concentração de arsênio em águas oceânicas é aproximadamente de

1,7 g/L, sendo o arsenato (As5+) a forma predominante. O arsenito (As3+), a forma

mais tóxica e potencialmente carcinogênica, raramente se apresenta em

concentrações maiores do que o 20% do arsênio total (NEFF, 1997). A toxicidade do

arsênio depende de sua forma química e de seu estado de oxidação, os quais

apresentam diversos efeitos biológicos e toxicológicos nos seres vivos. Além das

formas inorgânicas como arsenito e arsenato, encontram-se nos organismos vivos,

compostos organometálicos como ácido monometil e dimetil arsênio (MMAA e

DMAA), óxido de trimetilarsina (TMAO), arsenobetaina (AsB), íon tetrametilarsênio

(TMA+ ou TETRA), arsenoaçúcares e arsenolipídeos (PHILLIPS, 1990).

Alimentos de origem marinha, tais como algas, mexilhões, ostras e moluscos

possuem principalmente arsenobetaina, arsenocolina (AsC) e arsenoaçúcares.

Considerando que a maior parte do As ingerido pelo homem provêm de alimentos de

origem marinha diversos estudos tem sido feitos sobre a degradação das formas

orgânicas de As. Entretanto, tem sido verificadoa que a arsenobetaina se elimina

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13

rapidamente na urina sem aparentes modificações metabólicas. Portanto, existe a

percepção de que todas as espécies organoarseniacais de alimentos de origem

marinho sejam excretados sem alterações, sem provocar efeitos indesejáveis à

saúde humana (LE et al., 2004). Por conseguinte, arsenobetaina parece não ser

acumulada nem mesmo metabolizada no organismo de seres humanos. Entretanto,

uma publicação muito recente, (NEWCOMBE et al., 2010), a partir de resultados da

análise de urina de cinco voluntários submetidos a uma dieta de arroz e suco de

soja, sem teor de arsenobetaina, discutem a possibilidade de que a mesma seja

metabolizada no organismo, uma vez que foi detectada arsenobetaina na urina de

três dos cinco voluntários utilizados na pesquisa.

A decomposição de animais marinhos contendo arsenobetaína sugere a

biodegradação para as formas mais tóxicas de arsênio (metiladas) pelos

microorganismos existentes na flora dos mesmos (KAISE et al., 1998; JENKINS et

al., 2003). Da mesma forma, a decomposição das algas marinhas nos solos em

regiões da Escócia e Inglaterra, revelou a formação de espécies inorgânicas,

arsenito e arsenato e as formas metiladas MMA e DMA, mais tóxicas

(PENGPRECHA et al., 2005). Assim, a conservação dos produtos marinhos, usados

como alimentos ou remédios, deve evitar a degradação das espécies As-orgânicas,

o que disponibiliza as espécies tóxicas de arsênio. Deste modo, estudos de

preservação destas espécies durante o preparo e conservação das amostras

tornam-se importantes.

Os métodos para determinação de espécies de arsênio em tecidos biológicos

são precedidos normalmente por processos de extração, com misturas de etanol ou

metanol/água, em alguns casos realiza-se uma segunda extração para remover

lipídeos (SZPUNAR, 2000). O emprego da extração enzimática e também da

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extração assistida por microondas foi descrita (LAMBLE e HILL, 1996; PARDO-

MARTINEZ et al., 2001; RATTANACHONGKIAT et al., 2004; ACKERMAN et al.,

2005; SANZ et al., 2005). Cabe salientar a importância dos processos de cocção dos

alimentos, não só visando a extração das espécies de interesse, como assim

também o estudo das interconversões e, a possível biodisponibilização de espécies

tóxicas.

Os alimentos são considerados a maior fonte de arsênio ingerido por

populações de áreas que não apresentam problemas de contaminação natural ou

antropogênica Estudos referentes à alimentação humana, realizados em vários

paises, revelaram uma grande variabilidade na ingestão diária total de arsênio, com

valores que oscilaram entre 10 g/dia para os moradores de Mumbai na India

(TRIPATHI et al., 1997) e 345 g/dia para a população do Japão (HERCE-PAGLIAI

et al., 1999). Os alimentos do mar são os contribuintes principais na ingestão total de

arsênio, por tanto, torna-se importante um estudo das variacões no conteúdo total de

arsênio e das espécies encontradas nestes alimentos (DEVESA et al., 2008).

A separação das espécies de arsênio tem sido realizada principalmente por

métodos cromatográficos, tais como, cromatografia gasosa GC (do inglês Gás

Chromatography), cromatografia líquida de alta eficiência HPLC (do inglês High

Performance Liquid Chromatography) e cromatografia iônica IC (do inglês Ion

Chromatography), ou por eletroforese capilar CE (do inglês Capillary

Electrophoresis). Uma variedade de detectores atômicos tem sido acoplada ao

HPLC, incluindo absorção atômica com chama FAAS (HANSEN et al., 1992) (do

inglês Flame Atomic Absorption Spectrometry), fluorescencia atômica AFS (do ingles

Atomic Fluorescence Spectrometry) (MESTER; FODOR, 1997) , emissão ótica com

plasma acoplado indutivamente ICP OES (do inglês Inductively Coupled Plasma

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Optical Emission Spectrometry) e espectrometria de massas com fonte de plasma

ICP-MS (do inglês Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry), (ZHANG et al.,

1996). Na maioria dos casos a derivatização para formação de hidretos, visando

incrementar a sensibilidade dos sistemas, torna-se necessária. Nestes casos, há

necessidade da redução, em linha, das espécies orgânicas, para facilitar a reação

de geração dos hidretos. Entre as técnicas utilizadas para conseguir esta

decomposição em linha têm-se a fotoredução com luz ultravioleta (SLEJKOVEC et

al., 2001), decomposição por microondas (BURGUERA; BURGUERA, 1997), ou

térmica (LOPEZ et al., 1993). Zhang e colaboradores descreveram a fotooxidação

em linha com fonte ultravioleta (UV) após a separação por cromatografia de troca

iônica (ZHANG et al., 1996). Estes autores relataram a determinação de As(III),

As(V) MMA e DMA por HG-AAS em amostras de soro de pacientes com arseno-

uremia.

Gómez-Ariza e colaboradores (GOMEZ-ARIZA et al., 2001) pesquisaram

procedimentos de extração, concentração e derivatização, prévio à separação

cromatográfica, para determinação de espécies de As em amostras ambientais. A

acidificação é comum em amostras de água e outros líquidos para deter ou

minimizar atividades biológicas. Entretanto, este procedimento não é recomendado

quando as amostras contêm espécies organo-metálicas, uma vez que estas são

degradadas em condições ácidas. Nestes casos, são comumente utilizados

solventes tais como, tolueno e metanol (ALI; JAIN, 2004). Feldman e colaboradores

pesquisaram o efeito do ácido clorídrico (HCl) e alguns aditivos como nitreto sódico

(NaN3), cloreto de trimetil benzil amônia, ácido benzóico, cloreto de cetilpiridinio e

metanol sobre amostras de urina, relatando a degradação dos compostos

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organoarseniacais em amostras acidificadas na presença de alguns destes aditivos

(FELDMANN et al., 1999).

Em estudos de especiação o preparo de amostras torna-se essencial, uma

vez que, amostras com elevado conteúdo de sais causam problemas na separação

por eletroforese capilar, resultando em picos alargados, devido à alteração do fluxo

eletroosmótico (ALI; JAIN, 2004). Por outra parte, na separação por cromatografia

líquida deve ser considerada a compatibilidade entre a matriz das amostras e a fase

móvel (FALLON et al., 1987).

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2 Preparação de Amostras para Análise de Espécies

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Resumo

Neste capítulo descrevem-se os fundamentos para a extração das espécies

de arsênio em amostras biológicas, apresenta-se uma pequena mais detalhada

revisão sobre estado da arte em técnicas de extração enzimática, extração assistida

por microondas e extração por ultra-som para análise de especiação, empregando

diferentes solventes como meio extrator. Entretanto, nesta pesquisa foi avaliada a

eficiência da extração assistida por ultra-som em amostras de tubarão e camarão.

Foi conseguida uma eficiência de extração maior que 78% do arsênio total no

material de referência certificado DORM-2. A interconversão das espécies durante o

procedimento de extração foi avaliada submetendo uma solução padrão contendo as

espécies ao mesmo procedimento de extração aplicado às amostras. Foi avaliada a

preservação das espécies nos extratos e nas soluções padrão. Estes extratos foram

posteriormente analisados pelo sistema acoplado LC-HG-AFS.

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Abstract

The main considerations for arsenic species extraction from biological samples

are presented in this chapter. A little review about enzymatic, microwave and

ultrasonic assisted extraction on arsenic speciation from biological samples, by

employing different solvent is also offered. Furthermore the efficiency of ultra-sound

extraction was evaluated in shark and shrimp samples. An efficiency better than 78%

was achieved from DORM-2 certified reference material. Ultra-sound extraction was

also applied to a multi-species standard solution for stability studies of species during

extraction procedure. Extracts and solutions in this work were further analyzed by

LC-HG-AFS

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2.1 Introdução

Quando a meados do século passado começa a vigorar a idéia de

especiação associando-a com efeitos tóxicos e, se começa a perceber a importância

da determinação da espécie química na qual o elemento em questão se encontra,

ao invés da determinação da determinação de teores totais, surge a necessidade de

desenvolver metodologias confiáveis e robustas que permitam a determinação das

espécies presentes nas diversas matrizes abordadas, sem incorrer em erros devido

a possíveis interconversões ou degradação das espécies.

Historicamente em química analítica instrumental os esforços foram focados

na redução de limites de detecção e na ampliação da faixa linear das curvas

analíticas. Embora os detectores mais robustos provejam atualmente limites de

quantificação da ordem de partes por trilhão, tanta sensibilidade freqüentemente se

torna desnecessária uma vez que o erro absoluto introduzido nas diferentes etapas

do processo analítico pode ser de uma ordem de magnitude maior. O erro

introduzido durante o preparo de amostras pode atingir 50% do erro total, entretanto

este erro pode ser ainda maior se considerarmos o preparo de amostras para

análise de especiação onde, matrizes complexas, baixas concentrações das

espécies envolvidas e distribuição heterogênea das mesmas implicam geralmente

na necessidade de implementar procedimentos adicionais como purificação e/ou

pré-concentração. Portanto a otimização de processos de amostragem, preservação

das espécies e melhorias na eficiência de recuperação das espécies durante o

preparo de amostras se tornam de vital importância, constituindo-se estes

parâmetros no principal objetivo em desenvolvimento de metodologias para análise

de especiação (MORIN et al., 1992; CAMARA, 2005).

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Além da água potável, os seres humanos estão expostos ao arsênio através

dos alimentos de origem marinha, os quais contêm as maiores concentrações de

arsênio. Mais de duas dúzias de espécies de arsênio têm sido detectadas (Tabela

2.1), embora existe apreensão acêrca da eficiência dos métodos de extração os

quais podem destruir as espécies originais. A excreção urinaria representa a

exposição recente ao arsênio devido à curta vida media das espécies e por tanto, a

especiação de arsênio em urina se considera como biomarcador de exposição

(GONG et al., 2002).

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Tabela 2.1 – Espécies de arsênio encontradas no meio ambiente (Gong, Lu et al., 2002).

Nome Abreviatura Fórmula química Arsenito (ácido arsinoso) As

III As(OH)3

Arsenato (ácido arsínico) AsV AsO(OH)3

Ácido monometilarsônico MMAV CH3As(OH)2

Ácido monometilarsinoso MMAIII CH3As(OH)2

Ácido dimetilarsínico DMAV (CH3)2AsO(OH)

Ácido dimetilarsinoso DMAIII

(CH3)2As(OH)

Óxido de trimetilarsina TMAO (CH3)3AsO

Trimetilarsina TMAIII (CH3)3As

Íon tetrametilarsônio Me4As+, TMA

+ (CH3)4As

+

Dimetilarsinoil etanol DMAE (CH3)2AsO(CH2)2OH

Arsenobetaina AsB (CH3)3As+CH2COO

-

Arsenobetaina 2 AsB-2 (CH3)3As+(CH2)2COO

-

Arsenocolina AsC (CH3)3As+(CH2)2OH

Arsinas AsH3, MeAsH2, Me2AsH (CH3)xAsH(3-x); (x=0-3)

Etilmetilarsina EtxAsMe(3-x) (CH3CH2)xAsMe(3-x); (x=0-3)

Roxarsone Roxarsone (OH)NO2PhAs(OH)2O

Ácido fenilarsônico PAA PhAsO(OH)2

Ácido hidroxifenilarsônico 4-HPAA (OH)PhAs(OH)2O

p-aminobenzenoarsonato PABA NH2PhAsO(OH)2

Ácido

Aminohidroxifenilarsônico 3-AHPAA NH2(OH)PhAsO(OH)2

Ácido nitrofenilarsônico 4-NPAA NO2PhAsO(OH)2

Ácido

hidroxinitrofenilarsenico 3-NHPAA NO2(OH)PhAsO(OH)2

Ácido ureidofenilarsônico p-UPAA NH2CONHPhAsO(OH)2

Arsênio com grupos

ribosidios Arsenoaçúcares

A temperatura e a forma de cocção dos alimentos também podem modificar

as espécies e concentrações de arsênio, neste sentido, Devesa e colaboradores

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apresentaram recentemente uma completa revisão sobre os efeitos da temperatura

durante a cocção de alimentos ricos em teor de arsênio (DEVESA et al., 2008).

Devido à ampla abrangência da palavra especiação e, às inúmeras

abordagens sobre este tema encontrados na literatura, neste capítulo se considera

prioritariamente a especiação química de compostos de arsênio. Apresenta-se uma

detalhada revisão do estado da arte em preparo de amostras para análise de

especiação, empregando extração enzimática, assistida por microondas e por ultra-

som.

Nesta pesquisa se avaliou a eficiência do procedimento de extração por ultra-

som, assim como também a ocorrência de possíveis interconversões das espécies

nos procedimentos de extração. Estudou-se também a estabilidade dos extratos

conservados em geladeira a 4°C e, ao abrigo da luz.

2.2 Métodos de extração

As metodologias mais usadas para extração de espécies de arsênio são

extração Soxhlet, sonicação, extração assistida por microondas, extração acelerada

por solvente e extração por fluido supercrítico. A sonicação favorece a

homogeneização de amostras sólidas. A extração assistida por microondas envolve

aquecimento das amostras com solvente ou combinação destes, gerando a partição

das espécies entre as fases. Os solventes mais comumente utilizados são: água,

diferentes proporções de metanol/água e metanol/água/clorofórmio (ALI; JAIN,

2004).

A extração de espécies organoarseniacais assistida por microondas utilizando

metanol e mistura de metanol-água tem sido relatada (DAGNAC et al., 1998;

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GOMEZ-ARIZA et al., 2000b). Na extração em banho de ultra-som de espécies de

arsênio em ostras, não foram evidenciadas diferenças significativas na eficiência de

extração quando empregados os solventes, água, metanol e metanol-água (1:1).

(MCSHEEHY et al., 2001). Diversos autores relataram também a utilização de

enzimas nos processos de extração (LAMBLE; HILL, 1996; PARDO-MARTINEZ et

al., 2001; RATTANACHONGKIAT et al., 2004; ACKERMAN et al., 2005; SANZ et al.,

2005). A especiação de arsênio empregando agitação com água como solvente foi

descrita, com eficiência de extração na faixa de 57 a 81% do arsênio total extraído

de amostras de mexilhões, (SOROS et al., 2003). Na comparação de métodos de

extração empregando agitação, extração por ultra-som, extração acelerada por

solvente e extração por microondas, uma eficiência de 100% foi conseguida na

extração aquosa assistida por microondas e de 50% na extração com metanol,

entretanto a extrações por agitação e assistida por ultra-som apresentaram

eficiências de 30% e 20% para os extratos aquoso e com metanol respectivamente

(NARUKAWA et al., 2008). Yuan e colaboradores realizaram uma comparação da

eficiência de métodos de extração, empregando cinco tipos diferentes de solvente ,

estes autores estudaram o rendimento da extração por soxhlet, ultra-som, agitação,

e assistida por microondas; a melhor eficiência de extração foi conseguida

empregando uma mistura etanol-água, entretanto as menores eficiências foram

conseguidas quando empregado metanol puro (YUAN et al., 2005). Mais tarde,

Wrobel e colaboradores apresentaram uma revisão de procedimentos para o pre-

tratamento de amostras com matrizes complexas visando a especiação de arsênio e

selênio (WROBEL; CARUSO, 2005).

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2.2.1 Extração enzimática

O emprego de enzimas em química analítica tem, geralmente a finalidade de

simular processos biológicos ou digestivos dos organismos vivos. As enzimas são

muito utilizadas especialmente para ensaios de biodisponibilidade, seja de

elementos tóxicos ou de nutrientes, as enzimas mais comumente utilizadas são as

enzimas digestivas como proteases, tripsina, lípase, amilase, por exemplo, a

pancreatina, mistura de lípase e amilase pode ser empregada para digerir matrizes

pouco homogêneas (SANZ et al., 2007).

Para extração das espécies de arsênio em alimentos para bebês foram

avaliadas duas enzimas diferentes, pancreatina e tripsina; embora ambas enzimas

tenham apresentado eficiência de extração similares, os extratos em meio de

pancreatina apresentaram superposição de picos de arsenobetaina e dimetilarsênio

nos cromatogramas (PARDO-MARTINEZ et al., 2001). A extração enzimática com

tripsina,de espécies de arsênio em peixes e crustáceos do lago Pak Pa-Nang, um

estuário no meio de uma região de mineração no sul da Tailândia, teve eficiência de

82-100% (RATTANACHONGKIAT et al., 2004). A comparação dos métodos

enzimáticos e métodos químicos de extração para a especiação de arsênio em

farinha de arroz e cinco tipos diferentes de arroz em grão, revelou boa eficiência

para ambos os métodos, contudo quando a extração enzimática foi empregada, se

evidenciou o aparecimento de um pico não identificado no cromatograma

(ACKERMAN et al., 2005). Nam e colaboradores realizaram um estudo da eficiência

de diferentes métodos de extração para especiação de arsênio em amostras de

alimentos e suplementos alimentares. Os autores concluiram que quando

empregada a extração enzimática assistida por ultra-som utilizando -amilase, a

eficiência de extração resultou em 104% para farinha de arroz, 98% para maçã

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congelada, entanto que para espinafres a eficiência de extração foi de apenas 7%

(NAM et al., 2006).

Recentemente foi descrita a lixiviação continua em linha com cromatografia

de intercambio iônico e detecção por ICP-MS para a extração e determinação de

espécies de arsênio em alimentos de origem marinha; mediante o bombeamento em

seqüência de saliva, suco gástrico e suco intestinal artificiais, através de uma coluna

contendo as amostras, 7 espécies de arsênio foram determinadas no extrato de

saliva, sendo esta, segundo os autores, responsável pela remoção de quase a

totalidade do arsênio biodisponível (DUFAILLY et al., 2008).

A extração enzimática assistida por microondas empregando uma mistura de

lipase e pronase E, em meio de tampão fosfato a pH 7,25 e 37°C demonstrou uma

eficiência de extração de 82-94% e 57-97% para os matérias de referência DOLT-2

e BCR-627 respectivamente, sem indução aparente de interconversão das espécies

(REYES et al., 2009).

Uma revisão sobre métodos de extração in-vitro empregando enzimas gastro-

intestinais, métodos conhecidos como biodisponibilidade oral, aplicada a amostras

de solo e alimentos foi realizada enfatizando parâmetros como pH, composição das

amostras e tamanho de partícula empregado (INTAWONGSE E DEAN, 2006). Mais

tarde, Vale e colaboradores apresentam uma revisão e discusão sobre a viabilidade

do emprego de extração enzimática assistida por ultra-som (VALE et al., 2008).

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2.2.2 Extração por microondas

A extração por microondas encontra-se amplamente difundida em função da

eficiência e rapidez no preparo de amostras quando comparada com procedimentos

tradicionais. O emprego de baixas potências, entre 20 e 90 W e pressões normais,

torna possível a extração de compostos organometálicos sem afetar as estruturas

das moléculas extraídas em amostras biológicas e ambientais. No entanto

parâmetros como solvente empregado, potência e tempo aplicados precisam ser

cuidadosamente avaliados para evitar perda de analitos ou interconversões

indesejadas (DIETZ et al., 2007). Nóbrega e colaboradores apresentaram uma

completa revisão sobre o emprego de microondas para análise de especiação de

estanho, arsênio, mercúrio e selênio em diversas matrizes (NÓBREGA et al., 2002).

Mediante um procedimento desenvolvido para otimização de processos de

extração de espécies de arsênio em mexilhões, aplicando uma potência de arredor

de 40W, foi conseguida a remoção de 85% do arsênio total nas amostras em menos

de 4 minutos (DAGNAC et al., 1998). Mais tarde, Ackley e colaboradores,

empregando uma mistura 80:20 de metanol-água e aquecendo a 65°C durante 4

minutos conseguiram a extração de 100% do arsênio no material certificado de

referência DORM-2 (ACKLEY et al., 1999).

A extração assistida por microondas de arsenito, arsenato e dimetilarsênio em

amostras de farinha de arroz, empregando água como meio de extração e posterior

detecção por LC-ICP-MS apresentou uma eficiência de extração de arredor de 100%

sem alterações químicas aparentes (NARUKAWA et al., 2008). Estes autores

descrevem também um decréscimo de 50% na eficiência de extração quando

empregado metanol como meio extrator. Entretanto, foi relatada uma eficiência de

96-105% de extração quando utilizada uma mistura 1:1 metanol-água na extração

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assistida por microondas de espécies de arsênio em amostras de camarão e Mya

arenaria Linnaeus, uma espécie de ostras (Yang et al., 2009).

2.2.3 Extração por ultra-som

A extração assistida por ultra-som, seja por sonda focalizada ou banho de

ultra-som, foi primeiramente empregada para determinação de teores totais de

elementos químicos. No entanto nos últimos anos ocorreu um aumento no número

de publicações que descrevem o emprego da extração assistida por ultra-som,

principalmente banho de ultra-som, em estudos de especiação química. O emprego

de ultra-som permite uma melhor homogeneização do meio aquoso solvente/soluto

das amostras a serem extraídas. Um dos fenômenos mais importantes quando

aplicado ultra-som a uma solução aquosa é o fenômeno de cavitação, fenômeno

físico que ocorre gerando pequenas bolhas que aumentam seu tamanho para

finalmente implodir. Devido a isto, os fenômenos de cavitação são considerados

como micro reatores no interior da amostra, onde se atingem temperaturas de

arredor dos 5000°C e pressões da ordem das 1000 atmosferas, causando erosão

mecânica dos sólidos e ruptura de partículas. Por outro lado, no meio líquido se

formam íons que produzem oxidação ou redução das espécies químicas, por

exemplo, quando empregada água como solvente em extração por ultra-som, são

formados radicais hidroxila além de peróxido de hidrogênio (SANTOS; CAPELO,

2007). Caruso e colaboradores relataram o emprego de extração assistida por ultra-

som em amostras de maçã com uma mistura metanol-água (50:50), a extração em

banho de ultra-som durante 6 horas apresentou porcentagens de recuperação de 72

a 97% para três tipos diferentes de amostras, entretanto, a extração foi melhorada

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consideravelmente (81 a 104%) quando as amostras foram tratadas com -amilase

prévio à extração em banho de ultra-som (CARUSO et al., 2001).

A eficiência do ultra-som para extração de espécies de arsênio em ostras,

empregando diferentes solventes, água, metanol-água (50:50) e metanol foi

avaliada. O procedimento consistiu em submeter uma porção da amostra a duas

extrações consecutivas de uma hora cada em banho de ultra-som, o sobrenadante

resultante foi misturado e em seguida evaporado em rotoevaporador a temperatura

ambiente e finalmente o volume restituído com água deionizada.

Independentemente do solvente empregado, somente 53% do arsênio total foi

extraído, no entanto o perfil cromatográfico não apresentou diferenças dependentes

do solvente empregado (MCSHEEHY et al., 2001).

Uma eficiência de extração de 102% para amostras de camarão e, de 96%

para o material certificado de referência DORM-2 foi conseguido empregando uma

mistura 50:50 metanol-água como solvente. Nessa pesquisa a mesma alíquota da

amostra foi submetida a três extrações de 30 minutos cada uma no banho de ultra-

som. Os extratos foram analisados por LC-ICP-MS (MILSTEIN et al., 2003), segundo

estes autores, variações na composição e pH do solvente não apresentaram

melhoras significativas na eficiência de extração. Estudos de estabilidade das

espécies durante o processo de extração com metanol-água e metanol-cloroformo-

água não apresentaram degradação das seis espécies adicionadas.

Contudo,quando empregada uma mistura tripsina-carbonato de amônia verificou-se

a oxidação de arsenito para arsenato. A mistura metanol-água apresentou melhor

eficiência de extração que a mistura metanol-clorofomio-água para as seis espécies

adicionadas.

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Wahlen e colaboradores, relatam excelente recuperação de arsenobetaina em

materiais certificados de referência, DORM-2, DOLT-2 e TORT-2, empregando água

como solvente previa agitação por 10 minutos, extração em banho de ultra-som à

temperatura do laboratório (24-26°C) durante 20 minutos e posterior centrifugação,

no entanto apresentam diferenças na extração de dimetilarsênio DMA (WAHLEN et

al., 2004). Para especiação de arsênio em algas provenientes da região antártica, a

extração em banho de ultra-som com uma mistura metanol-água (50:50) durante

duas horas a 30°C foi conseguida com eficiência na faixa de 83 a 108% para arsênio

total (WUILLOUD et al., 2006).

2.3 Procedimentos de preservação das espécies de As em solução

Como já mencionado, a estabilidade das espécies resulta ser um ponto

crucial em análises de especiação, entretanto esta estabilidade depende não só das

metodologias de extração, como também das estratégias de amostragem e

preservação tanto das amostras como dos extratos finais até o momento da análise.

Em 1999 Feldman e colaboradores realizaram um estudo da estabilidade de

arsenito, arsenato, MMA, DMA e arsenobetaina em urina. Para isto, as soluções

decorrentes da reconstituição da urina liofilizada foram armazenadas em diferentes

condições de temperatura, luminosidade, com ou sem emprego de ácidos e

conservantes. Empregando material de referência certificado (Toxic Metals in

Freeze-Dried Urine SRM 2670) e amostras de urina de vários voluntários, estes

autores estudaram o efeito da adição de HCl até 0,1 mol L-1, estocando as soluções

a -20°C, 4°C e 25°C. Nestas mesmas temperaturas foi estudado também o efeito de

possíveis conservantes como azida sódica, ácido benzóico, cloreto de

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benziltrimetilamonia e cloreto de cetilpiridina. As soluções com os diferentes aditivos

estudados foram estocadas por períodos de 1, 2, 4 e 8 meses. Segundo estes

autores as soluções sem conservantes podem ser armazenadas por um período de

até 2 meses a temperaturas dentre -20 e 4 °C sem que se verifiquem mudanças na

distribuição das espécies nas amostras estudadas. A adição de conservantes não

ofereceu benefícios aparentes no intuito de conservação das espécies; no entanto

as soluções acidificadas com HCl apresentaram processos de degradação afetando

a recuperação das espécies estudadas. A arsenobetaina demonstrou alta

estabilidade nas soluções estocadas por até 8 meses sem o emprego de

conservantes, verificando-se em alguns casos o aparecimento de até 6 e 2% de

DMA e MMA respectivamente (FELDMANN et al., 1999).

A estabilidade de arsenito, arsenato, ácido monometilrasônico, ácido

dimetilarsínico, ácido fenilarsônico, selenito, selenato, selenometionina, antimonito,

antimonato e telurato em água, urina (NIST SRM 2670n), extrato de peixe (DORM-2)

e material de referência certificado de solo (NIST SRM 2710), armazenadas a -

diferentes temperaturas foi descrita (LINDEMANN et al., 2000). Quando

armazenadas a -20°C por um período de 30 dias as soluções aquosas apresentaram

um considerável decréscimo nas concentrações de arsenito, selenito,

selenometionina e antimonito, assim como a aparição de uma nova espécie de

selênio. A estocagem destas soluções a +20°C apresentou maior estabilidade para

as espécies estudadas, embora tenha ocorrido o aparecimento de uma nova espécie

de selênio em quantidades mínimas após 30 dias.

O material de que estão constituídos os recipientes em que serão

armazenadas as amostras joga um papel preponderante na estabilidade das

espécies. Um estudo revelou a contaminação com arsênio da água Milli-Q

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armazenada em frascos de vidro previamente incubados em uma solução 10% de

ácido nítrico. Os autores atribuíram à provável lixiviação em presença do ácido, uma

vez que As2O é utilizado na industria do vidro (HUANG; ILGEN, 2004). Estes autores

também relatam a adsorção de arredor de 5% de todas as espécies adicionadas nos

diferentes matérias dos frascos armazenados a 5°C, entanto que o DMA apresentou

maior grau de adsorção. Os mesmos testes realizados a 20°C apresentaram

resultados similares, embora neste caso se evidenciou um considerável grau de

oxidação do arsenito para arsenato.

2.4 Material e Métodos

2.4.1 Reagentes, soluções e equipamentos.

Soluções estoque das diferentes espécies de arsênio estudadas neste

trabalho, preparadas e armazenadas em geladeira em frascos de cor âmbar.

1. Arsenito (As3+), AsNaO2 (Merck, Darmstadt, Alemanha)

2. Arsenato (As5+), AsNa2HO4.7H2O (Merck, Darmstadt, Alemanha)

3. Monometilarsênio (MMA) (Supelco, Sigma-Aldrich, USA)

4. Dimetilarsênio (DMA) (Supelco, Sigma-Aldrich, USA)

5. Arsenobetaina (AsB) preparado à partir do material de referência

certificado BCR-626.

Amostras de camarão seco, adquirido em comércios locais.

Amostras de tubarão, cedidas pelo professor José Ferreira.

Material certificado de referência para elementos traço (DORM-2), com teores

certificados para:

1. arsênio total igual a 18 ± 1,1 mg/Kg

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2. arsenobetaina igual a 16,4 ± 1,1 mg/Kg e,

3. Ìon tetrametilarsônio igual a 0,248 ± 0,054 mg/Kg.

Ácido nítrico concentrado, destilado, e peróxido de hidrogênio 30 % v/v,

(Merck, Darmstadt, Alemanha), empregados para realizar as digestões nitrico-

peróxido das amostras e materiais de referência certificado.

Banho de ultra-som de 40 kHz (Thornton, Nova Técnica, Piracicaba-SP,

Brasil)

Bloco de digestão (Tecnal, Piracicaba-SP, Brasil) e, tubos de digestão de 25

ml.

Para todos os experimentos realizados durante este trabalho, se usou

material previamente descontaminados em banhos contendo 10 % (vv-1) de HNO3

por 24 horas. Água de deionizada, purificada em sistema Milli-Q com uma

resistividade de 18.2 MΩ .cm (Millipore, Bedford, MA, USA), foi empregada no

preparo de todas as soluções.

2.4.2 Procedimentos de extração

Uma vez realizada uma minuciosa recopilação de dados sobre diferentes

metodologias reportadas para a extração de espécies de arsênio em diferentes

matrizes, se resolveu avaliar e subseqüentemente adotar como método de extração

para este trabalho, aqueles que estiverem em assentimento com a química limpa.

Por tanto foi escolhido como método de extração para esta pesquisa, a extração em

banho de ultra-som empregando como solvente apenas água ou, em ocasiões, uma

mistura metanol-água em proporção 20:80.

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A eficiência da extração determinou-se pela relação percentual do teor de

arsênio total nas soluções digeridas e nas soluções extraídas em banho de ultra-

som. O procedimento de extração consistiu em pesar 0,25 g do material de

referência certificado DORM-2, agregou-se 20 mL de água ultra pura e se submeteu

à extração em banho de ultra-som por intervalo de uma hora. Para a determinação

do teor total de arsênio foi realizada digestão nítrico-peróxido (HNO3 + H2O2). Para

tal, pesaram-se 0,25 g do material de referência e se adicionou 4 mL de ácido

nítrico, deixou-se esta mistura em repouso por 2 horas, ao cabo deste tempo se

adicionou 1 mL de peróxido de hidrogênio 30% e se levou a mistura a 50°C durante

24h em bloco digestor. Em seguida deixaram-se estas soluções em repouso a

temperatura ambiente até esfriar, quando então foi completado o volume e filtrou-se

em filtro de acetato de celulose de 0,45 m de porosidade. Para a determinação de

arsênio total, foi realizada a redução das espécies para arsenito, para tal fim, se

tomou 5 mL de cada solução, extraídas e digeridas, se adicionou 0,5 mL de uma

solução 50% m/v KI e 10% m/v de ácido ascórbico e as determinações foram

realizadas por espectrometria de fluorescência atômica.

Uma vez determinada a eficiência da metodologia de extração empregada, se

procedeu a investigar a estabilidade de espécies durante o procedimento de

extração. Para tal se realizaram dois procedimentos, primeiro se pesaram 0,25 g do

material de referência, ao qual se adicionou quantidade suficiente de cada uma das

espécies para atingir concentrações na solução final iguais a 12, 12, 16 e 15 µg/L,

de mono e dimetilarsênio, arsenito e arsenato respectivamente. Esta mistura foi

deixada em repouso durante duas horas quando finalmente se completou o volume

e se submeteu ao procedimento de extração. Por outro lado, se preparou uma

solução padrão contendo estas mesmas concentrações de cada espécie, logo

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ambas as soluções foram submetidas à extração por ultra-som em tempos de 15,

30, e 60 minutos. Alternativamente, o mesmo procedimento de extração foi

realizado, empregando como solvente uma mistura metanol-água em uma proporção

20:80.

As análises posteriores a este procedimento levaram-se a cabo empregando

cromatografia líquida acoplada à espectrometria de fluorescência atômica com

geração dos hidretos voláteis na interface. Finalmente estes mesmos procedimentos

foram aplicados às amostras de interesse nesta pesquisa visando à identificação e

quantificação das espécies de arsênio presente nas amostras.

O monitoramento da decomposição da amostra de camarão e, o possível

aparecimento de espécies tóxicas ao longo do tempo também foi realizado. O

procedimento consistiu em pesar 250 g de camarão e, na seqüência cortar em

pequenos pedaços, deixando logo decompor ao ar em capela de fluxo laminar.

Diariamente se tomaram três sub-amostras, as quais foram moídas e submetidas

aos procedimentos de extração descritos acima.

2.4.3 Conservação das amostras e dos extratos

As amostras de camarão seco foram liofilizadas, moídas em moinho

criogênico e posteriormente armazenadas em geladeira.

Os extratos, assim como também as soluções resultantes da digestão das

amostras e as soluções padrão mistas e individuais foram conservadas em geladeira

a 4°C, sem adição de quaisquer conservantes. Semanalmente se realizou a análise

destas soluções com a finalidade de avaliar a estabilidade das mesmas sob estas

condições.

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2.5 Resultados e Discussão

2.5.1 Eficiência do método de extração

Resultados obtidos das experiências realizadas para a determinação da

eficiência do método de extração em termos de arsênio total extraído apresentam-se

na Figura 2.1. Como pode ser observado nesta figura, o método empregado atingiu

uma eficiência de extração maior do que 78%, eficiência maior do que os 53%

relatados anteriormente por McSheehy e colaboradores para 2h de extração

(MCSHEEHY et al., 2001). Entretanto, em uma hora de extração, estes resultados

se equiparam aos resultados obtidos anteriormente por Caruso e colaboradores

empregando 6h de tratamento com uma mistura metanol-água (CARUSO et al.,

2001). Embora já tenha sido relatada uma eficiência de extração de 102%

(MILSTEIN et al., 2003), estes autores empregaram uma mistura metanol-água

(50:50) sem posterior evaporação do solvente e, como veremos posteriormente,

ocorre interferência na detecção por fluorescência atômica provocada pela presença

do metanol nos extratos.

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1 2 3 4 5

5

6

1

2

4

7

co

nta

ge

ns x

10

5

N° de Replicatas

Extraido

Digerido

3

Figura 2.1 – Eficiência do método de extração de As por ultra-som. Apresentam-se os teores totais em 5 repetições da extração aquosa e dos extratos obtidos por digestão total. Validação do método utilizando Material Certificado de Referência Dorm-2.

2.5.2 Interconversão de espécies

Para os estudos de possíveis interconversões entre as espécie durante o

procedimento de extração, se preparou uma solução padrão contendo 15 g/L de

arsenito, arsenato, monometil e dimetil arsênio. Esta solução foi então submetida ao

procedimento de extração em banho de ultrassom, alíquotas de 500 L foram

amostradas a intervalos de 15, 30 e 60 minutos. Os resultados deste procedimento

se apresentam na Figura 2.2.

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As3+ DMA MMA As5+

0

10

20

30

40

50

60

70

80

UF

A

Espécies

15 min

30 min

60 min

Figura 2.2 – Estabilidade das espécies de arsênio durante o procedimento de extração em banho de ultra-som. Análise das soluções após 15, 30 e 60 minutos de duração do procedimento aplicado. Os desvios para arsenito, arsenato, monometilarsênio e dimetilarsênio foram de 0,96; 0,99; 1,17 e 0,59 respectivamente.

Como podemos observar, não houve variações significativas nas

concentrações das espécies ao longo do procedimento de extração, resultados em

consonância com os já relatados para a extração de espécies de arsênio em ostras

(MCSHEEHY et al., 2001).

2.5.3 Interferências nas análises dos extratos

Uma interferência no cromatograma no tempo de retenção correspondente ao

monometilarsênio e dimetilarsênio foi observada como mostrado no cromatograma

da Figura 2.3. quando se empregou mistura 20:80 de metanol-água como solvente

nos procedimentos de extração em banho de ultra-som.

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0 2 4 6 8 10 12

0

50

100

150

200

As5+

UF

A

t (min)

MeOH:H2O (20:80)

Diluido 1+4 H2O

As3+

DMA + MeOH ?

MMA

Figura 2.3 – Cromatograma das espécies de As em amostra de camarão. Extrato de camarão adicionado com arsenito, arsenato, monometilarsênio e dimetilarsênio, extraídos em banho de ultra-som durante uma hora com a mistura 20:80 metanol-água.

Os procedimentos de extração descritos na literatura, que empregam

diferentes proporções metanol-água, normalmente propõem a evaporação da

solução extratora antes de aferir com água para o volume desejado (HEITKEMPER

et al., 2001; VAN HULLE et al., 2002). Entretanto, isto implicaria acrescentar um

passo a mais no preparo de amostras, com a conseqüente possibilidade de mais

erros introduzidos nas determinações finais. Outros autores também empregaram

mistura metanol-água, para a extração por ultra-som, embora a evaporação do

solvente e reconstituição do volume não foi aplicado (MILSTEIN et al., 2003). No

entanto Nam e colaboradores advertem sobre o incremento do sinal de arsênio com

o incremento da proporção de metanol nos extratos quando analisados por ICP-MS

(NAM et al., 2010).

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2.5.4 Estabilidade das espécies em solução e dos extratos

Análises semanais das soluções padrão e dos extratos, armazenados em

geladeira a 4°C, sem adição de conservantes, revelaram a degradação das espécies

metiladas. Transcorridas três semanas, as soluções individuais de monometilarsênio

e dimetilarsênio mostraram quase completa degradação para As5+, entanto que as

soluções padrão de arsenito mostraram uma oxidação para arsenato ao longo deste

mesmo período . No percurso de 2 meses todas as soluções padrão individuais

apresentaram mais de 90% de arsenato. Nas soluções padrão multiespécies, este

comportamento se verificou em tempos menores aos das soluções individuais,

evidenciando-se a quase completa oxidação das espécies para arsenato em um mês

(Figura 2.4). Em extratos de tecidos de frango foram relatadas por Pizarro e

colaboradores a oxidação do arsenito para arsenato. entretanto descrevem uma

boa estabilidade das espécies metiladas nos extratos por até 3 meses. Em extratos

de tecidos de frango houve degradação de arsenobetaina para DMA após dois

meses; enquanto que nos extratos de peixes foi detectada a conversão de

arsenobetaina para uma espécie não reconhecida (PIZARRO et al., 2003).

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0 2 4 6 8 10 12

0

50

100

150

200

MMA

As5+

UF

A

t/min

As3+

DMA

Figura 2.4 – Estabilidade das espécies em solução. Degradação das espécies em soluções padrão armazenadas ema geladeira. Línea pontilhada = solução preparada no dia. Linea sólida = cromatograma após 3 semanas.

Os extratos das amostras de camarão e tecido de tubarão, assim como as

soluções resultantes da digestão total, submetidas ao mesmo procedimento de

armazenagem que as soluções padrão, e sem adição de preservativos,

apresentaram o aparecimento de fungos ao cabo de três semanas. Estes resultados

apresentam ligeira semelhança com resultados apresentados anteriormente

(LINDEMANN et al., 2000) ao estudar a estabilidade de espécies de arsênio, selênio

e antimônio. Estes autores relataram um leve decréscimo na concentração das

espécies de arsênio após 30 dias quando armazenadas as soluções a +3°C e, a -

20°C; conjuntamente com o decréscimo na concentração de arsenito se observou

um aumento na concentração de arsenato. Entretanto, estes resultados contrastam

com os resultados obtidos por Feldman e colaboradores, os quais descrevem a

conservação das espécies e dos extratos por um tempo de até 2 meses a 4°C e -

20°C (FELDMANN et al., 1999).

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2.5.5 Espécies tóxicas na decomposição natural da amostra de camarão

O experimento para monitorar a possível aparição de espécies tóxicas

durante o armazenamento das amostras de camarão deixando-as em contato com o

ar, não evidenciou degradação da arsenobetaina nem aparecimento de novas

espécies. Quando os extratos foram analisados por eletroforese capilar ou

cromatografia líquida, após diferentes períodos de amostragem não foi detectada

nenhuma modificação.

2.6 Conclusões

O método de extração por banho de ultra-som apresenta satisfatória eficiência

na extração total de arsênio (>78%) para análise de especiação em amostras de

tubarão e camarão.

As espécies de arsênio estudadas se mantiveram estáveis durante o

procedimento de extração por ultra-som, sem que se verifiquem alterações das

proporções entre as espécies, tanto em soluções padrão como nos extratos

contaminados com as espécies estudadas. Por tanto a extração por ultra-som pode

ser aplicada em análises de especiação em amostras biológicas, com boa eficiência

de extração mantendo-se a estabilidade das espécies extraídas.

As amostras de camarão seco se mantiveram estáveis ao longo de três

meses ao ar livre, no percurso deste período não foi detectado aparecimento de

espécies tóxicas. Entretanto o armazenamento de soluções padrão e dos extratos

das amostras, em geladeira a +4°C foi eficiente por um curto período, por tanto

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torna-se altamente recomendável realizar as análises imediatamente depois das

extrações.

Por ultimo a extração aquosa em banho de ultra-som resultou ser eficiente e

não apresentou interferências nas determinações por espectrometria de

fluorescência atômica. Entretanto quando empregado 20% de metanol no processo

de extração houve severas interferências nos cromatogramas nos tempos de

retenção de dimetil e monometilarsênio. Por tanto a evaporação dos solventes para

posterior reconstituição de volume com água após a extração, se torna

recomendável para análises por AFS.

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3 Especiação de As por Eletroforese Capilar Acoplada a Espectrometria

de Massas com Fonte de Plasma

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Resumo

Neste capítulo se apresentam os fundamentos para a separação e

determinação de arsenito, arsenato, monometilarsênio, dimetilarsênio e

arsenobetaina em amostras de camarão empregando eletroforese capilar. Também

foi desenvolvido um dispositivo construído em acrílico com um encaixe hermético

para microtubos de 200 L empregados como recipientes para a injeção

hidrodinâmica no do capilar eletroforético adaptado a sistema caseiro de

eletroforese capilar projetado no Laboratório de Química Analítica do CENA-USP.

Apresentam-se também neste capítulo, o acoplamento do sistema caseiro de

eletroforese capilar com sistema de nebulização de alta eficiência para introdução da

amostra espectrômetro de massas com fonte de plasma ICP-MS. O acoplamento

CE-HG-ICP-MS foi também empregado para determinação de espécies de arsênio

em amostras de urina liofilizada.

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Abstract

In this chapter are presented fundamentals for separation and determination of

arsenite, arsenate, monomethylarsinic acid, dimethylarsonic acid and arsenobetaine

fro shrimp by capillary electrophoresis system. A time controlled hydrodynamic

injector devise employing 200 L micro-tubes as recipient for samples and electrolyte

was developed for coupling with a “home-made” capillary electrophoresis system.

A high efficiency nebulizer (HEN) was also employed for the coupling of

capillary electrophoresis system to an inductively coupled plasma mass

spectrometer. Hydride generation was also employed as interface derivatization for

determination of arsenic species in lyophilized urine samples by CE-HG-ICP-MS.

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3.1 Introdução

A eletroforese capilar é um método de separação, baseado na migração

diferenciada pelas diferenças na razão carga/tamanho (z/m) de espécies iônicas ou

ionizáveis através de um campo elétrico, gerado pela aplicação de uma diferença de

potencial (ddp) entre os extremos de um tubo capilar contendo uma solução

eletrolítica. A separação destas espécies se verifica pela ação conjunta da migração

eletrocinética e do fluxo eletroosmótico, produzidos como conseqüência do campo

elétrico gerado no interior do capilar e, da movimentação dos cátions da solução

eletrolítica nas proximidades das paredes do capilar que carregam entre si

moléculas de água, provocando o que se conhece como fluxo eletroosmótico.

Devido à existência deste fluxo eletroosmótico (EOF: do inglês eletroosmotic flow)

torna-se possível realizar a determinação de moléculas aniônicas, catiônicas e, sob

determinadas condições também neutras, numa única separação eletroforética.

Leituras recomendadas sobre os fundamentos e implicações em eletroforese capilar

podemos encontrar em (TAVARES, 1996; 1997; DE MORAES et al., 2009), como

assim também muitas outras publicações que abordam experiências realizadas para

o entendimento desta técnica que reportam resultados de estudos realizados com

diferentes parâmetros implicados na eletroforese capilar e que devem ser levados

em consideração na hora de montar quaisquer experimentos empregando esta

técnica de separação (ATAMNA et al., 1990a; 1990b; ISSAQ et al., 1990;

RASMUSSEN; MCNAIR, 1990; ZHU et al., 1994; BELLO, 1996; MACKA et al., 1998;

STOYANOV; PAWLISZYN, 2004).

Esta técnica tem se mostrado como uma ferramenta seletiva e sensível na

especiação de íons metálicos. Sua relativa simplicidade, seu baixo consumo de

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amostras e reagentes, baixo custo (as colunas capilares são mais baratas que as

cromatográficas), assim como a possibilidade de separar espécies aniônicas e

catiônicas num mesmo sentido e, em reduzidos tempos de análise, têm feito da

eletroforese capilar uma das técnicas de preferência em estudos de especiação.

A eletroforese capilar tem se mostrado ao longo dos últimos anos como uma

técnica de separação robusta e versátil, empregada em química analítica para

separação tanto de espécies iônicas como neutras. O emprego de capilares com

diâmetros internos pequeníssimos (da ordem de alguns micrômetros) permite uma

eficiente dissipação do calor e suprime efeitos de convecção no interior do capilar,

ao mesmo tempo em que permite a aplicação de altas voltagens sem incorrer em

correntes elétricas muito elevadas, minimizando assim os efeitos de aquecimento,

ao longo do tempo, da solução no interior do capilar. A combinação destas

propriedades confere à eletroforese capilar uma alta eficiência de separação, da

ordem de 105-106 platôs teóricos em um curto período de tempo (MORIN et al.,

1992).

A eletroforese capilar em zona (CZE: do inglês capillary zone electrophoresis)

foi utilizada para a determinação de seis espécies de arsênio com detecção UV

(VAN DEN BROECK; VANDECASTEELE, 1998), conseguindo-se a separação e

detecção de As(III), As(V), MMA, DMA, arsenobetaina e arsenocolina, em um tempo

inferior a 10 minutos, em concentrações de 100 g/L. No ano de 2003 foi reportada a

separação de As(III), As(V), MMA, DMA e outros quatro ácidos orgânicos (SUN et

al., 2003), empregando-se detecção por UV em 192 nm; estes autores reportaram

também a determinação simultânea de As(III), As(V), MMA, DMA, Se(IV), Se(VI),

selenocisteína (SeC), selenometionina (SeM) e selenocistamina (SeCM), utilizando

tampão fosfato 15 mmol/l e detecção UV em 195 e 200 nm para as espécies de

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arsênio e selênio respectivamente (SUN et al., 2004). A separação e detecção de

seis espécies de arsênio utilizando um acoplamento CE-ICP-MS foi relatado

(MICHALKE; SCHRAMEL, 1998), conseguindo limites de detecção de 15 g/L para

As(III), MMA, DMA e As(V), e 65 g/L para arsenobetaína e arsenocolina. A

separação destas mesmas espécies foi conseguida mais tarde mediante o

acoplamento CE-ICP-MS (VAN HOLDERBEKE et al., 1999), atingindo-se limites de

detecção de 1-2 g/L.

Embora a maioria dos trabalhos citados refere-se à determinação das

espécies orgânicas e inorgânicas em água, neste trabalho será estudada a

possibilidade de utilização desta técnica para a separação de espécies de arsênio

nos extratos de amostras biológicas. Por outra parte a possibilidade de separação e

detecção de espécies aniônicas, catiônicas e neutras num mesmo sentido de

análise, decorrente da ação do fluxo eletroosmótico, permite a simplificação do

sistema, comparado com a utilização de colunas aniônicas e catiônicas no caso da

cromatografia líquida.

3.2 Material e Métodos

3.2.1 Reagentes, soluções e equipamentos

Soluções estoque de fosfato monobásico (NaH2PO4) e dibásico (Na2HPO4) de

sódio em concentração 1 mol/L cada uma (Merck, Darmstadt, Alemanha).

Brometo de tetradecil trimetilamônio (TTAB) empregado como modificador de

fluxo eletosmótico (Merck, Darmstadt, Alemanha).

Ácido fosfórico empregado para o ajuste do pH dos tampões de trabalho,

(Merck, Darmstadt, Alemanha).

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50

Ácido Nítrico destilado (HNO3), para ser empregado como solução eletrolítica

auxiliar nos sistemas CE-ICP e também para acidificação em linha das

soluções efluentes do capilar eletroforético, nos sistemas CE-HG-ICP (Merck,

Darmstadt, Alemanha).

Tetrahidroborato de sódio (NaBH4) para a reação de geração dos hidretos

voláteis (Nuclear, CAQ Casa da Química Ind. e.Com.Ltda., Diadema-SP,

Brasil)

Capilares de sílica fundida de 75 mm de diametro interno i.d.(Polymicro

Technologies, EUA)

Tubos Eppendorf® de 200 L de volume interno aferido. (MPL materiais para

laboratório, Piracicaba-SP, Brasil)

Fios de platina de 0,3 mm de espessura (Loccus Brasil, São Paulo)

Bomba de seringa (Shimadzu Corporation, Kyoto-Japão).

Unidade controladora de gás (Shimadzu Corporation, Kyoto-Japão) e um

cilindro de gás argônio qualidade analítica (Oxipira, Piracicaba-SP, Brasil

Válvulas solenóide de três vias NR161T031, (NResearch and Development

Incorporated).

Fonte de alta voltagem modelo CZE 1000R (Spellmam, EUA)

Detector UV/Visível LabAlliance com a interface para aquisição de dados

conectada a um computador 486 provido com interface e programa de

aquisição cromatográfica CSW 1.7 (Data Apex Ltda.) funcionando em sistema

operativo Windows®

Espectrômetro de massas de alta resolução com plasma acoplado

indutivamente (HR-ICP-SFMS) (Finnigan modelo Element)

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51

Nebulizador de alta eficiência, HEN (High-Efficiency Nebulizer), (Meinhard,

Santa Ana, CA, USA)

Câmara de separação de fases para geração de hidretos, construída no

laboratório segundo (SUÁREZ; GINÉ, 2005).

Todos os reagentes utilizados para as análises por eletroforese capilar e por

cromatografia líquida foram de grau analítico. As respectivas diluições levaram-se à

cabo empregando água deionizada purificada em sistema Milli-Q com uma

resistividade de 18.2 MΩ .cm (Millipore, Bedford, MA, USA), filtradas em filtro de

acetato de celulose de 0,2 mm de porosidade, previo às análises realizadas.

3.3 Desenvolvimento Experimental

Os mecanismos de separação implicados na eletroforese capilar dependem

das diferenças na mobilidade eletroforética das espécies em solução, esta

propriedade tem estreita relação com as diferenças estruturais de cada soluto, como

por exemplo, seu tamanho, forma ou carga iônica; as quais por sua vez estarão

relacionadas às propriedades físico-químicas do tampão eletroforético empregado,

como pH, força iônica, viscosidade e constante dielétrica, dentre outras. Entretanto a

temperatura afeta diretamente estas propriedades da solução eletrolítica e

conseqüentemente a separação eletroforética, um controle adequado da

temperatura implicará na melhor reprodutibilidade das separações eletroforéticas

(MORIN et al., 1992). Estes autores apresentaram uma detalhada análise da

influência da modificação de parâmetros como pH, temperatura e voltagem aplicada

na modificação do fluxo eletroosmótico, da carga iônica de quatro espécies de

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52

arsênio, assim como de suas respectivas mobilidades eletroforéticas. Na Tabela 3.1

se apresentam algumas das espécies de arsênio encontradas comumente em

amostras biológicas e ambientais com suas respectivas estruturas químicas, pKa,

nome e abreviaturas empregadas na literatura.

Tabela 3.1 – Pka’s de espécies de arsênio. Apresentam-se os pka’s conhecidos das espécies de arsênio em sistemas biológicos e ambientais Adaptado de (Larsen, 1998; Le, Lu et al., 2004; Sun, Macka et al., 2004; Wu e Ho, 2004; Kitagawa, Shiomi et al., 2006; Jaafar, Irwan et al., 2007). *R corresponde às diferentes estruturas de açúcares ligados ao arsênio.

Nome Abreviação Formula química Pka

Arsenito, ácido arsinoso As

III As(OH)3 9,2 – 12,1

Arsenato, ácido arsínico AsV AsO(OH)3 2,25 - 6,77 - 11,60

Ácido monometilarsínico MMAV CH3AsO(OH)2 3,6 – 8,2

Ácido dimetilarsínico DMAV (CH3)2AsO(OH) 1,3 – 6,2

Óxido de trimetilarsina TMAO (CH3)3AsO 3,6

Arsenobetaina AsB (CH3)3As+CH2COO

- 2,1

Roxarsone Roxarsone (OH)NO2PhAs(OH)2O 3,5

Ácido fenilarsônico PAA PhAs(OH)2O 3,6 – 8,8

p-aminobenzenoarsonato PABA NH2PhAs(OH)2O 1,9 (NH3+); 4,1; 9,2

As espécies orgânicas e inorgânicas de arsênio são espécies ácidas que, sob

condições normais, não se apresentam como totalmente dissociadas. O grau de

dissociação destes ácidos, o qual apresenta uma relação direta com a carga iônica

dos mesmos em solução e, influencia diametralmente as suas mobilidades

eletroforéticas, depende de seus respectivos pK assim como do pH da solução

tampão utilizada como eletrólito. Os capilares de sílica fundida, normalmente

empregados em eletroforese capilar, possuem cargas negativas na superfície de sua

parede interna, devido à presença dos grupos silanois (SiO-H+) e, quando aplicada

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53

uma voltagem positiva, por efeito do fluxo eletroosmótico ocorrerá a movimentação

das formas não dissociadas das espécie de arsênio em direção ao cátodo, em

seqüência ocorrerá a migração das espécies negativas parcialmente dissociadas

(GASPAR et al., 2000). Sob estas condições, unicamente as espécies aniônicas que

apresentem mobilidade eletroforética inferior à velocidade do fluxo eletroosmótico

poderão ser observadas nos eletroferogramas. Contudo, um incremento do pH da

solução eletrolítica, embora implique um incremento do fluxo eletroosmótico,

aumentará também a mobilidade eletroforética das espécies de arsênio, devido a um

maior grau de dissociação. Entretanto a direção do fluxo eletroosmótico foi revertida

empregando uma voltagem negativa assim como também, por adição de um

modificador de fluxo, se obteve um menor tempo da análise. Estes autores

conseguiram a separação de 6 espécies de arsênio adicionando brometo de

cetiltrimetilamônia (cetyltrimethylammonium bromide CTAB) ao tampão eletroforético

(50 mmol/L borato, 0,5 mmol/L CTAB, pH 9,3). (Gaspar, Sogor et al., 2000). Na

Tabela 3.2 apresenta-se uma resenha de alguns artigos publicados no campo da

especiação de arsênio com eletroforese capilar, nesta tabela se descreve o tampão

e o modificador de fluxo empregado (caso utilizado), pH, tempo de análise e ordem

de aparecimento dos respectivos picos no eletroferograma.

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54 Tabela 3.2 – Recopilação de trabalhos que empregaram eletroforese capilar para a separação de espécies de arsênio, se indica nesta tabela o

tipo e pH do tampão empregado, modificador de fluxo caso utilizado, voltagem aplicada, tempo de análise e espécies separadas(*) indicando a ordem de aparecimento das espécies nos respectivos eletroferogramas.

Tampão (concentração) Modif. De fluxo (concentração)

pH Voltagem

aplicada (kV) Espécies separadas(*) Tempo

(min) Referência

Fosfato (25 mmol/L) **************** 5,6 20/30 As3+

, DMA, MMA, As5+

, 20/12 (MORIN et al., 1992)

NaH2P04+Na2B407 (0,075+0,025) mol/L

**************** 7,8 20 As

3+, DMA, As

5+

12 (LI; LI, 1995)

Ac. piromelítico, NaOH, trietanolamina, hexamethonioOH

(2,3-6,5-1,6-0,75) mmol/L **************** 7,7 -30 As

5+, As

3+, MMA, DMA < 25 (LIU et al., 1995)

H3PO4 + NaOH **************** 3-13 15 Tio e oxotioarsenatos

30 (SCHWEDT; RIECKHOFF, 1996)

Fosfato (15 mmol/L) SDS1 (10 mmol/L) 6,5 ??????

As3+

, APAO, PAO, DMA, DPAA, APAA, PAA, MMA, As

5+, PAS.

16 (GRESCHONIG et al., 1998)

Na2HPO,/NaH2PO (20 mmol/L)

**************** 5,6 As

3+, DMA, MMA, As

5+, AsC, ASB.

2 (MICHALKE; SCHRAMEL, 1998)

Fosfato 15 mmol/L **************** 6,5 10 As3+

, DMA, PABA, PAA, As5+

< 20 (GIL et al., 1999)

Borato (50 mmol/L) OFM-OH (Waters) 9,4 -25 As

5+, MMA, DMA, As

3+, AsB, AsC.

10 (VAN HOLDERBEKE et al., 1999)

Cromato 5 mmol/L OFM Anion-BT (Waters) 11 10

25 As

5+, As

3+, DMA

As5+

, DMA, As3+

4 6

(NAIDU et al., 2000)

Fosfato + Borato (20 + 10 ) mmol/L

**************** 9,28 +20 As

3+, DMA, MMA, As

5+

20 (ZHANG et al., 2001)

Cromato de sódio 0,5 mmol/L TTAB2 0,5 mmol/L 11,2 -20 As

5+, MMA, As

3+, DMA < 10 (CASIOT et al., 2002)

H3BO3 16 mmol/L (pH ajust.NaOH)

**************** 9,3 30 AsC, AsB, As

3+, DMA, MMA, As

5+

6 (KOELLENSPERGER et al., 2002)

NaHCO3-Na2CO3 (20 mmol/L)

PDDAC3 10 -25

PAO DMA; As3+

, p-ASA, NPAA, PAA, MMA, Roxarsone, As

5+.

12 (SUN et al., 2002)

Fosfato (20 mmol/L) **************** 6,5 +20 As3+

, DMA, MMA, As5+

12 (YIN et al., 2002)

Bicarbonato (2 mmol/L) Fluoresceina (10-7

mol/L) 9,28 +20 As3+

, DMA, MMA, As5+

6 (ZHANG et al., 2002)

NaHCO3-Na2CO3 (50 mmol/L)

Co-EOF NSM stacking 10 -25 As

5+, Roxarsone, MMA, PAA, 4-

NPAA, p-ASA, As3+

, DMA; < 8 (SUN et al., 2003)

1 Sodium Dodecylsulfate,

2 Trimethyltetradecylammonium bromide

3 poly(diallydimethylammoniumchloride)

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Borato + cromato (12,5 + 10) mmol/L

CTAB4 (0,5 mmol/L) 9,4 -25

As5+

, As3+

, MMA, DMA. < 15 (WU; HO, 2004)

Fosfato 10 mmol/L TTAB 0,35 mmol/L 9,0 -20 As5+

, DMA, As3+

4 (AKTER et al., 2005)

Borato (30 mmol/L) **************** 9,3 +30 AsC, AsB, As

3+, DMA, pAs, MMA,

As5+

25 (FORTE et al., 2005)

Fosfato (20 mmol/L) **************** 5,7 +15/30 As

3+, DMA, 3-AHPAA, 4-HPAA, o-

ASA, MMA, 3-NHPAA, As5+

15/20 (ROSAL et al., 2005)

Tris + SDS5

15 mmo/L cada **************** 9,0 +22

AsB, As3+

, AsC, DMA, MMA, As5+

12 (YEH; JIANG, 2005)

Aniônicos primeiro e cationicos depois

**************** 3,2–12,1

-16 As

5+, MMA, As

3+, DMA

TMA+, AsC, TMAO, AsB 6 (cada corrida)

(KITAGAWA et al., 2006)

Fosfato (15 mmol/L)

**************** 10,6 +25 As

3+; DMA; PAA; MMA; roxarsone;

As5+

25 (JAAFAR et al., 2007)

Borato (25 mmol/L) + Metanol (10% v/v)

**************** 9,2 +30 AsB, As

3+, DMA, As

5+

7 (MEERMANN et al., 2008)

PDC6 (10 mmol/L) **************** 10,3 -25 As

5+, MMA, DMA, As

3+ 10 (JAAFAR et al., 2009)

Na2MoO4 + NaClO4

10 mmol/L cada **************** 3.0 -16

As5+

, MMA, DMA 16

(KOSHCHEEVA et al., 2009)

NaH2PO4 + Na2B4O7

(20 + 5) mmol/L **************** 6,5 ±30

As5+

, MMA, DMA, As3+

; e As3+

, DMA, MMA, As

5+

10 (YANG et al., 2009)

NaH2PO4 + Na2B4O7

(20 + 5) mmol/L **************** 6,25 +20 As

3+, DMA, p-As, MMA, As

5+, < 12 (YANG et al., 2009)

# Continuação da Tabela 3.2

4 n-hexadecyltrimethylammonium bromide

5 Sodium dodecyl sulfate

6 2,6-Pyridinedicarboxylic acid

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3.3.1 Sistema de eletroforese capilar

Um sistema de eletroforese capilar, mostrado na Figura 3.1, foi projetado

econstruído no laboratório empregando uma fonte de alta tensão, capilares de sílica

fundida de 75 µm de diâmetro interno e fios de platina de 0,3 mm de espessura. O

sistema de injeção de amostras desenvolvido nesta pesquisa apresenta algumas

modificações com respeito ao descrito anteriormente (LAVORANTE et al., 2004). As

modificações realizadas visaram conferir maior robustez, facilidade de manejo e

redução dos volumes de soluções. Em primeiro lugar foi construída uma estrutura

em acrílico constituída por uma base plana, perpendiculares ao plano desta base

foram inseridas duas hastes quadradas que serviram de guia a estrutura que suporta

os componentes do sistema de eletroforese capilar. Esta estrutura consiste numa

vareta retangular com dois orifícios quadrados, para inserção das hastes já

mencionadas e que, permite ajustar a posição vertical da vareta sem incorrer em

variações de altura entre ambos extremos da mesma. Esta vareta possui ademais

ao longo de seu cumprimento, uma caneleta a modo de guia corrediça para encaixe

do sistema injetor, à direita da figura, e o sistema coletor, à esquerda. Este sistema

de encaixe permite o ajuste da distância entre ambos os recipientes, isto possibilita o

emprego de capilares com diferentes cumprimentos, alem de permitir a fácil

substituição de quaisquer dos componentes, por exemplo, quando se realiza o

acoplamento da eletroforese capilar com sistemas de detecção pós-coluna, o

dispositivo do recipiente coletor se substitui pela estrutura para fixação das

respectivas interfaces.

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Figura 3.1 – Sistema de eletroforese capilar. Foto do sistema de eletroforese capilar projetado no Laboratório de Química Analitica do CENA. 1. Base, 2. Hastes, 3. Vareta, 4. Injetor, 5. Unidade controladora de gás, 6. Válvulas solenóide, 7. Circuito eletrônico, 8. Detector UV/Visível, 9. Recipiente coletor, 10. Fonte de alta voltagem.

O sistema de injeção hidrodinâmico foi também modificado para conseguir

uma melhor precisão nas injeções realizadas, em primeiro lugar se construiu um

injetor empregando-se um tubo recipiente de menor volume, tubo Eppendorf® de 200

µL. Para a injeção hidrodinâmica foi construído um sistema temporizador com duas

válvulas solenóide, conectadas em serie entre uma unidade controladora de gás e o

dispositivo injetor. Os tempos de abertura das válvulas foram controlados por um

circuito eletrônico esquematizado na Figura 3.2, onde o botão S permite a abertura

das válvulas solenóide sem controle de tempo e o botão PBS permite um controle

temporizado de abertura das mesmas.

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Figura 3.2 – Circuito eletrônico temporizador. Esquema do circuito eletrônico desenvolvido para controle automático do tempo de injeção de amostras no injetor hidrodinâmico. V1 e V2 = válvulas solenóides de três vias; PBS = botão de pulso (trigger); Tr = transistor BC547; D1, D2 e D3 = diodos 1N4007; S = Botao de liga e desliga. O circuito eletrônico contendo um circuito integrado temporizador, 555 IC, atua como controlador dos tempos de acionamento de V1 e V2. (Desenvolvido por Sivanildo S. Borges (PQ).

O controle do tempo de injeção depende do circuito integrado IC555 e, do

valor ajustado no resistor variável de 20 kΩ, segundo especificações do fabricante.

Os tempos controlados por este circuito integrado se regem pela fórmula a seguir,

T= R (Ω)/ 1,1 C (F)

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onde T é o tempo em que a válvula ficará aberta, R o valor ajustado no

resistor variável, para atingir o tempo de abertura desejado, e C a capacitância em

faraday do capacitor ligado ao resistor variável (1000 F).

As válvulas solenóides utilizadas para a construção do injetor hidrodinâmico

suportam pressões de até 200 kPa e foram dispostas em seqüência, a modo de

barreira dupla com a finalidade de evitar vazamentos do gás para o recipiente do

eletrólito durante a separação eletroforética.

3.3.2 Efeito da variação do pH e da ddp aplicada em eletroforese capilar

Para estudar a influência da variação do pH na solução eletrolítica foram

preparadas soluções de fosfato monobásico e dibásico de sódio em diferentes

proporções, posteriormente foi medido o pH das soluções resultantes de cada uma

das misturas. Estas soluções foram empregadas como tampão eletroforético e, foi

observada a corrente elétrica resultante para cada solução empregada quando

aplicada uma diferença de potencial. A corrente elétrica gerada durante uma

separação eletroforética tem incidência direta na eficiência de separação, correntes

elétricas muito elevadas provocam aquecimento da solução eletrolítica, induzindo

gradientes de temperatura no interior do capilar (MORIN et al., 1992). Na Figura 3.3

se apresenta a variação da corrente elétrica observada quando aplicadas voltagens

de 10 kV e 20 kV em soluções eletrolíticas com diferente pH.

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60

4 5 6 7 8

0

20

40

60

80

100

120

A

pH

10 kV

20 kV

Figura 3.3 – Influência do pH e da ddp aplicada. Variação da corrente elétrica observada com relação aos diferentes pH da solução eletrolítica e à voltagem aplicada.

Como podemos observar, o aumento da corrente elétrica medida não mantém

uma linearidade ao longo do experimento. Esta falta de linearidade se observa

principalmente quando se atingem correntes elétricas mais elevadas e, está

relacionada ao aumento da temperatura no interior do capilar eletroforético, o qual

provoca variações nas propriedades físico-químicas da solução eletrolítica.

Visando um posterior acoplamento da eletroforese capilar com o

espectrômetro de massas com fonte de plasma, todos os procedimentos descritos

nestes dois itens se realizaram empregando HNO3 em concentração 0,5 mol/L no

recipiente coletor, com o intuito de evadir as interferências provocadas pelo íon

40Ar35Cl no canal de leitura m/z 75 quando empregamos HCl como solução auxiliar.

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3.3.4 Acoplamento do sistema de eletroforese capilar com ICP-MS

Os estudos realizados por Olesik e colaboradores sobre a influência do

volume de solução introduzido no plasma em espectrômetros de emissão ótica ou de

massas com fonte de plasma ICP OES e ICP-MS, empregando vazões de soluções

de amostras da ordem de l/min, comprovando a eficiência da nebulização tanto na

formação do aerossol como no transporte e nos mecanismos de atomização, mesmo

quando empregados volumes da ordem de nl, tiveram vital relevância no

desenvolvimento de acoplamentos de eletroforese capilar com espectrometros

atômicos com fonte de plasma ICP (OLESIK; FISTER, 1991; OLESIK; HOBBS,

1994). Tais estudos levaram a estes autores a publicar em 1995 um trabalho

pioneiro no campo da especiação, acoplando eletroforese capilar com um

espectrômetro de massas com fonte de plasma CE-ICP-MS, para estudar a

separação de espécies de Cr, As, Sr e Sn (OLESIK et al., 1995). A interface

empregada para o acoplamento consistia em um nebulizador concentrico em cujo

canal interno se inseriu, até a ponta, o capilar eletroforético. O segmento final do

capilar eletroforético inserido no canal interno do nebulizador, aproximadamente 4 a

5 cm, foi recoberto externamente com tinta de prata. Esto possibilitou a conexão

elétrica para garantir o aterramento, e foi possivel com esta configuração introduzir

um pequeno volume de amostra no espectrômetro conseguindose um volume morto

muito pequeno. Um ano mais tarde, Kinzer e colaboradores apresentam a primeira

interface que permite a introdução en forma continua de uma solução eletrolítica

auxiliar (KINZER et al., 1996). Nesta mesma linha de pesquisa, ao estudar a

eficiência do acoplamento com o nebulizador DIN (Direct Injection Nebulizer), Liu e

colaboradores propõem a utilização de uma peça em forma de “T” na interface CE-

ICP (LIU et al., 1995). A partir de então surgem diversas pesquisas abordando

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estudos sobre a eficiência de diferentes nebulizadores empregados na interface CE-

ICP para estudos de especiação (LU et al., 1994; 1995; LU; BARNES, 1996; MEI et

al., 1997; KIRLEW et al., 1998; MAJIDI; MILLER-IHLI, 1998a; 1998b; ACKLEY et al.,

2000; DAY et al., 2000). A separação e detecção de seis espécies de arsênio

empregando eletroforese capilar acoplada à espetrometro de massas com fonte de

plasma CE-ICP-MS foi reportado por (MICHALKE; SCHRAMEL, 1998), conseguindo

limites de detecção de 15 g/l para As(III), MMA, DMA e As(V), e 65 g/l para

arsenobetaina e arsenocolina. Um ano mais tarde, empregando também o

acoplamento CE-ICP-MS, (VAN HOLDERBEKE et al., 1999) conseguem a

separação das mesmas seis espécies atingindo-se limites de detecção de 1-2 g/l.

Para o acoplamento do sistema de eletroforese capilar “caseiro” montado no

nosso laboratório com o espectrômetro de massas com fonte de plasma, foi

necessária a realização de ajuste de novos parâmetros. A interface para o

acoplamento foi construída empregando uma peça de PEEK em formato “T” que

permite a passagem de lado a lado do capilar eletroforético, além da introdução de

um fluxo perpendicular de uma solução eletrolítica auxiliar que possibilita fechar a

corrente elétrica no interior do capilar, assim como o transporte dos analitos

emergentes no extremo terminal para o nebulizador do espectrômetro de massas.

Como observado na Figura 3.5, pelo lado esquerdo da peça em T se fixa o capilar

de modo a evitar não só o desplazamento do mesmo como também possíveis

vazamentos das soluções que fluem no interior do sistema. Através da entrada

perpendicular ao capilar eletroforético, além do tubo correspondente para a

introdução da solução eletrolítica auxiliar, foi inserido um fio de platina de diâmetro

igual a 0,3 mm que ficou em contato com esta solução e permitiu o aterramento para

conferir estabilidade elétrica ao sistema. No extremo emergente desta peça em T foi

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fixado também um pequeno tubo de diâmetro interno levemente superior ao

diâmetro externo do capilar, com isto se pretendeu possibilitar a passagem de uma

delgada camada de líquido (solução eletrolítica auxiliar), suficiente como para

permitir o contato elétrico sem provocar diluições muito elevadas dos analitos

emergindo do capilar. Este tubo foi inserido no canal de introdução de amostras do

nebulizador do espectrômetro de massas.

Outro parâmetro extremamente importante a ser considerado neste tipo de

acoplamentos resulta ser a posição do capilar no interior do nebulizador.

Observando a Figura 3.4 poderemos entender alguns aspectos da eficiência de

separação assim como da sensibilidade de detecção, relacionados à posição do

capilar no canal do nebulizador. Os nebulizadores concéntricos, como o

esquematizado nesta figura, apresentam um afunilamento de seu canal de

introdução de amostras, este canal se inicia com alguns poucos milímetros de

diâmetro (no extremo de amostragem, à esquerda) para possibilitar a inserção de

tubos de amostragem, o mesmo se afunila na parte média do nebulizador, até atingir

frações de milímetro, inclusive uns poucos micrômetros, dependendo da vazão de

nebulização nominal de cada tipo, mantendo este diâmetro até o final para

possibilitar o efeito Venturi no extremo de nebulização. Deste modo, o extremo

terminal do capilar eletroforético não deve ficar muito longe do afunilamento, como

se mostra na Figura 3.4a uma vez que o volume da solução auxiliar arredor do

capilar será diametralmente superior ao volume interno do mesmo, isto somado aos

escassos nanolitros de amostra injetados no capilar, provocariam uma diluição muito

elevada dos analitos, comprometendo a sensibilidade na detecção. Entretanto, se

considerarmos que, devido ao bombeamento da solução auxiliar se terá a partir

deste ponto um fluxo do tipo pressurizado, se a distância entre o extremo terminal do

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capilar e o ponto de nebulização for muito grande, ocorrerá junção ou mistura das

espécies com menor separação entre si. Por outro lado, quando posicionamos o

capilar tão perto do afunilamento quanto possível, como observado na Figura 3.4b,

se deve considerar que a vazão da solução auxiliar tem que suprir a vazão de

aspiração do nebulizador, evitando-se assim a aspiração da solução pelo interior do

capilar. Esta vazão, por outro lado, não pode ser maior do que a de aspiração do

nebulizador, de forma a garantir nebulização eficiente. O retorno da solução no

sentido do capilar depende da vazão da solução auxiliar e do posicionamento do

capilar no canal interno do nebulizador. A pressão para o capilar impede a

separação como assim também a saída dos analitos do capilar eletroforético.

Figura 3.4 – Interface CE-ICP. Interface para o acoplamento da eletroforese capilar com

espectrômetros de massas o de emissão ótica com fonte de plasma (CE-ICP). a y b mostram duas posições distintas do extremo do capilar no interior do canal de amostragem do nebulizador.

O procedimento para verificar que estes fenômenos mencionados não estão

ocorrendo consiste no controle da variação de corrente e a formação de gotas na

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ponta de injeção da amostra no capilar. Se ao aplicarmos a voltagem estabelecida

para a separação eletroforética observarmos instabilidade ou falta de corrente

elétrica significará, ou que pode estar ocorrendo aspiração hidrodinâmica da solução

no interior do capilar, ou a presença de bolhas de ar. Neste trabalho foi utilizado um

nebulizador microconcéntrico de alta eficiência (HEN) com vazão nominal de 100

µL/min.

Os parâmetros para a separação das espécies de arsênio no sistema CE-

ICP-MS se apresentam na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Condições operacionais do acoplamento CE-ICP-MS para a obtenção dos eletroferogramas apresentados nas Figuras 3.6 e 3.7 respectivamente.

Parâmetros empregados no sistema CE-ICP-MS

Capilar 75 mm d.i. 60 cm

Tampão Fosfato 20 mmol/L; TTAB 1,5 mmol/L; pH 9

Eletrólito auxiliar HNO3 0,5 mol/L

Temperatura Temp. do laboratório 20°C

Injeção das amostras 5 s; 25 kpa

Voltagem aplicada -15 kV

Corrente observada ~35 A

Potência do plasma 1,3 kW

Gás auxiliar 0,5 L/min

Gás de refrigeração 12 L/min

Nebulização(*) 100 L/min

(*) ver texto abaixo

O bombeamento da solução eletrolítica auxiliar na interfase CE-ICP foi

realizado através de uma bomba de seringa e, a vazão de bomeamento foi de 100

L/min, vazão nominal do nebulizador empregado. Segundo recomendações do

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fabricante, para atingir a vazão nominal do nebulizador microconcêntrico de alta

eficiência deve ser empregada uma pressão do gás de nebulização de

aproximadamente 100 lbf/pol2, para conseguir esta pressão se utilizou uma fonte

externa de gás argônio, um cilindro de 3 m3, de qualidade analítica, equipado com

um manômetro capaz de medir esta pressão com a precisão requerida. A melhor

relação sinal/ruído foi conseguida quando empregamos 114 lbf/pol2, assim sendo,

todas as separações eletroforéticas empregando o sistema CE-ICP-MS foram

realizadas empregando esta pressão do gás de nebulização.

3.3.5 Acoplamento da eletroforese capilar com o ICP-MS e geração de hidretos

na interface

A geração de hidretos têm sido uma das técnicas mais utilizada para a

introdução de espécies gasosas no ICP a partir de amostras líquidas. Espécies

voláteis de As, Se, Sb, Bi e outros elementos sao formados por reducão química

com borohidreto de sódio ou potássio em meio ácido com excelente eficiência

(HOWARD, 1997). Esta técnica tem sido talvez o principal método de derivatização

de amostras na determinação de espécies inorgânicas de arsênio (HOLAK, 1969).

Desenvolvida inicialmente como método para absorção atômica (AAS), onde

o borohidreto (III) de sódio ou potássio (NaBH4 ou KBH4) dissolvido em solucoes

diluidas de hidrôxido de sódio é utilizado como reagente redutor para produzir arsina

em méio ácido (Hung, Nekrassova et al., 2004).

O acoplamento da geração de hidretos em linha com detectores atômicos

AAS (espectrometria de absorção atômica), AFS (espectrometria por fluorescência

atômica) ICP OES (emissão atômica com plasma) e ICP-MS (espectrometria de

massas com plasma), incrementa a sensibilidade da análise, e reduz possíveis

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efeitos de matriz, (KARTHIKEYAN; HIRATA, 2003). A principal vantagem desta

técnica acoplada ao ICP é que não há necessidade do emprego de nebulizadores,

utilizando, a fase gasosa, separada da fase líquidda num dispositivo de separação

de fases é transportada com maior eficiência para o plasma.

O primeiro acoplamento da eletroforese capilar com detecção por

espectrometria de massas com fonte de plasma e derivatização para a geração de

hidretos voláteis na interface CE-HG-ICP-MS, foi descrito em 1997 por Magnuson e

colaboradores, estes autores reportam a separação de espécies de arsênio em um

tempo inferior a 15 minutos e, em um segundo trabalho reportam a separação de

espécies de arsênio e selênio em 16 min (MAGNUSON et al., 1997a; 1997b).

Nesses trabalhos a separação de fases foi realizada empregando uma membrana

tubular de PTFE expandido de alta densidade, entretanto os hidretos são

transferidos devido a pressão gerada pela reação no interior do sistema. Para evitar

pressão sobre o capilar eletroforético foi utilizando uma mini bomba isolando o

sistema eletroforético do sistema HG-ICP. Mais tarde, Richardson e colaboradores

reportam um sistema de tubos concêntricos para a introdução da solução auxiliar e

dos reagentes HCl e NaBH4 para a reação de geração dos hidretos. A pressão

gerada no interior do sistema contornou-se mediante o controle da vazão e

concentração do ácido e do redutor e, a separação de fases se realizou em uma

câmara ciclônica refrigerada (RICHARDSON et al., 2004). Suárez e Giné (2005),

reportam a separação de espécies inorgânicas de arsênio utilizando como câmara

de separação de fases o corpo de uma seringa de plástico de 10 mL, em cuja base

foram inseridos dois tubos, para entrada do borohidreto de sódio e extração do

resíduo líquido gerado; o ácido, que serviu também como solução eletrolítica auxiliar

foi introduzido mediante uma peça em formato T num tubo concêntrico com o

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extremo terminal do capilar eletroforético. A solução ácida contendo as espécies

separadas goteja livremente desde uma altura fixa e a reação ocorre ao entrarem as

gotas em contato com a solução redutora no interior da câmara de separação.

Uma vez que a sensibilidade da detecção por CE-UV é muito baixa para as

necessidades analíticas deste trabalho e, recordando que o arsênio é um elemento

químico encontrado em níveis de traços em amostras biológicas e ambientais, após

a avaliação dos parâmetros para as separações eletroforéticas, se procedeu ao

acoplamento deste novo sistema de eletroforese capilar com o espectrômetro de

massas com fonte de plasma, mediante derivatização para a geração dos hidretos

voláteis de arsênio na interface. Esta interface foi construída baseada na interface

apresentada anteriormente (SUÁREZ; GINÉ, 2005), esquematizada na Figura 3.5.

Neste sistema não ocorre pressão contra o capilar porque este encontra-se recuado

dentro de um tubo e a conexão direta da câmara com a tocha facilita o transporte

dos gases, o que aumenta a eficiência de condução dos hidretos para perto de 10%.

A renovação das soluções na base da câmara foi ajustada de forma a evitar efeitos

de memória entre as espécies.

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Figura 3.5 – Câmara de separação de fases. Interface para o acoplamento de sistemas de eletroforese capilar ou cromatografia líquida projetado e confeccionado no laboratório de Química Analítica do CENA/USP

Neste acoplamento, o gás de nebulização foi empregado para o transporte

dos analitos gasosos gerados na reação de geração de hidretos, um tubo que em

condições normais de operação se conecta ao nebulizador, foi adaptado na lateral

da seringa utilizada como câmara de separação, como se mostra na Figura 3.5. A

otimização da vazão deste gás esta relacionada com a limpeza da câmara de

separação para evitar que os analitos separados no capilar eletroforético se juntem

nesta câmara comprometendo desta maneira a eficiência da análise.

Os parâmetros otimizados para o emprego desta interface no acoplamento

CE-HG-ICP-MS são detalhados na Tabela 3.4 a seguir.

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Tabela 3.4 – Parâmetros empregados para o acoplamento CE-HG-ICP-MS para separação das espécies de arsênio em amostras de urina e camarão.

Parâmetros empregados no sistema CE-HG-ICP-MS

Capilar 75 mm d.i. 40 cm

Tampão Fosfato 10 mmol/L; TTAB 0,35 mmol/L; pH 10

Eletrólito auxiliar HNO3 0,5 mol/L (1 mL/min)

Borohidreto de sódio 1 % em 0,1% NaOH (0,5 mL/min)

Temperatura Temp. do laboratório 20°C

Injeção das amostras 5 s; 25 kpa

Voltagem aplicada -15 kV

Corrente observada ~60 A

Potência do plasma 1,3 kW

Gás auxiliar 0,5 L/min

Gás de refrigeração 12 L/min

Nebulização(*) 0,6 L/min

(*) limpeza da câmara de separação de fases.

3.4 Resultados e Discussão

3.4.1 Determinação de espécies de arsênio pelo sistema acoplado CE-

ICP-MS

Após a otimização dos parâmetros incumbidos na interface CE-ICP se

realizaram determinações em amostras de camarão. Na Figura 3.6 se apresenta um

eletroferograma de um extrato de camarão seco, como podemos observar ocorreu o

aparecimento de um único pico correspondente à arsenobetaina AsB.

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0 2 4 6 8 10

0.0

3.0x106

6.0x106

9.0x106

???

AsB

cp

s

t (min)

Figura 3.6 – Eletroferograma de um extrato de camarão seco, extraído em banho de ultra-som empregando-se água como solvente. Se observa o pico correspondente à arsenobetaina além de outros três picos não identificados (?).

No mesmo eletroferograma se observam outras três possíveis espécies não

identificadas, marcadas pelos signos de interrogação.

Na seqüência se procedeu a adicionar na solução da amostra concentrações

conhecidas de arsenito, arsenato, monometil e dimetilarsênio ao extrato, observa-se

na Figura 3.7 a separação das 5 espécies de arsênio num tempo de 11 minutos, a

intensidade do sinal para arsenobetaina foi diminuído devido à diluição sofrida na

mistura das soluções.

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Figura 3.7 - Separação de espécies de arsênio em amostra de camarão extraída por ultra-

som com água como solvente. Adição de As5+, MMA, DMA e As3+, em

concentração 100 g/L cada expressados como molécula. (As5+: 52,6 %As; MMA: 53,5% As; DMA: 54,3% As; As3+: 59,5% As).

Como observado nesta figura, a recuperação de DMA foi inferior à

recuperação das outras espécies, possivelmente devido a efeitos de matriz. Outros

autores têm relatado discrepâncias na extração aquosa assistida por ultra-som de

DMA em amostras biológicas (WAHLEN et al., 2004). Entretanto, a utilização do

nebulizador de alta eficiência combinado com o ICP-SFMS conferiu a este

acoplamento proposto apresentou maior sensibilidade que outros sistemas

propostos anteriormente (CASIOT et al., 2002) e comparável com os resultados

apresentados por Yang e colaboradores (YANG et al., 2009).

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3.4.2 Determinação de espécies de arsênio pelo sistema acoplado CE-

HG-ICP-MS

Com a finalidade de conseguir maior sensibilidade na detecção das espécies

de arsênio separadas por eletroforese capilar se empregou o sistema CE-HG-ICP-

MS descrito no item 3.3.5. O eletroferograma apresentado na Figura 3.8

corresponde à separação de quatro espécies de arsênio em soluções padrão em

concentração 50 g/L, como arsênio de: As5+, MMA, DMA, e As3+.

0 2 4 6 8 10

0.00

1.50x106

3.00x106

4.50x106

As3+

DMAMMA

As5+

cp

s

t (min)

Figura 3.8 – Eletroferograma de quatro espécies de arsênio separadas por eletroforese capilar com geração de hidretos na interface e detecção por espectrometria de massas com fonte de plasma. CE-HG-ICP-MS.

Este acoplamento CE-HG-ICP-MS foi empregado também para determinar

espécies de arsênio em amostras de urina contaminadas com quatro espécies de

arsênio, arsenito, arsenato, mono e dimetilarsênio. Um eletroferograma

correspondente a estas amostras se apresenta na Figura 3.9. Podemos observar

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que os eletroferogramas das amostras diferem levemente dos eletroferogramas

obtidos com as soluções testemunha, isto demonstra a incidência muito forte dos

efeitos de matriz.

0 2 4 6 8 10

4.0x104

8.0x104

1.2x105

As3+

DMA

MMA

As5+

cp

s

t (min)

Figura 3.9 – Eletroferograma de espécies de arsênio em uma amostra de urina contaminada, empregando eletroforese capilar com geração de hidretos na interface com detecção por ICP-SFMS.

O emprego de um eletrólito diferente e um capilar de cumprimento menor que

o empregado no acoplamento CE-ICP, permitiu melhorar o tempo total da análise,

contornando um possível maior tempo resultante da derivatização para geração de

hidretos na interface. Os resultados obtidos, tanto para as soluções padrão como par

as amostras de urina contaminada, apresentaram maior sensibilidade e resolução

dos picos que resultados descritos anteriormente para amostras de água de torneira

e de rio adicionadas com as mesmas espécies estudadas neste trabalho

(MAGNUSON et al., 1997a; RICHARDSON et al., 2004).

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3.5 Conclusões

Os sistemas acoplados CE-ICP e CE-HG-ICP empregados neste trabalho são

uma ferramenta acessível e robusta para análise de especiação. As análises

empregando os sistemas descritos são realizadas em tempos relativamente curtos.

Estes sistemas devem ser otimizados para cada caso e, procedimentos

analíticos como adição de padrão e testes de recuperação são altamente

recomendados, uma vez que apresentam alta sensibilidade a efeitos de matriz.

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4 Especiação de As por Cromatografia Líquida Acoplada a

Espectrometria de Fluorescência Atômica

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Resumo

Neste capítulo se apresentam os fundamentos para a separação e detecção

das espécies de arsênio em amostras de camarão empregando cromatografia

líquida de alta eficiência. Proporciona-se ademais a avaliação dos parâmetros para a

otimização de um sistema acoplado LC-HG-AFS. O sistema LC-HG-AFS foi montado

empregando uma coluna de troca aniônica Hamilton PRP-X-100, uma bomba

isocrática de cromatografia líquida, uma válvula solenóide de três vias para a troca

dos eluentes, uma bomba peristáltica para bombeamento dos reagentes inseridos

pós-coluna e o espectrômetro de fluorescência atômica com sua respectiva câmara

de geração de hidretos.

Visando a redução do volume de resíduos líquidos nocivos para o meio

ambiente, gerados durante as pesquisas, foi implementado de um fluxo adicional de

hidrogênio para a manutenção da chama do espectrômetro de fluorescência. Para

tal fim foi utilizado um rotâmetro adicional com escala adequada para a mensuração

das vazões de hidrogênio empregadas.

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Abstract

Fundamentals for arsenic speciation in shrimp samples by liquid

chromatography are presented in this chapter. The evaluation of parameters for the

optimization of coupling system LC-HG-AFS are also offered. This system was

ensemble by using an anion exchange column (Hamilton PRP-X-100), an isocratic

chromatography pump, a three way solenoid valve and the atomic fluorescence

spectrometer.

In order to avoid unnecessary large amounts of waste solutions generated

during this research, an additional hydrogen flow was introduced into the HG-AFS

system for flame upholding. For that an additional rotameter was adapted to the

system.

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4.1 Introdução

A cromatografia é um método físico-químico de separação, baseada na

migração diferencial dos componentes de uma mistura devido a diferentes

interações entre a fase móvel e a fase estacionária, imiscíveis entre si (DEGANI et

al., 1998). Diversas forças físicas e químicas atuam entre os componentes da

amostra e as duas fases, as quais determinam a separação e resolução das

espécies, assim a separação pode ser considerada como resultado da distribuição

destas espécies entre as duas fases (FALLON et al., 1987). A cromatografia líquida

de alta eficiência CLAE ou HPLC (do inglês High Performance Liquid Chromatografy)

tornou-se possível devido a tecnologias capazes de empacotar dentro de colunas

altamente resistentes, partículas da ordem de 4 a 10 m. Isto aumentou

consideravelmente a superfície de contato entre a fase móvel e a fase estacionária,

melhorando-se assim a eficiência de separação. Entretanto para possibilitar a

passagem da fase móvel através do empacotamento na coluna, de baixa

permeabilidade, se necessitaram bombas capazes de bombear a elevadas pressões

uma vazão continua sem pulsação, daí que o primeiro nome dado a esta técnica

fosse cromatografia líquida de alta pressão (DEGANI et al., 1998).

A cromatografia de intercâmbio iônico tem seu fundamento nas interações

entre as cargas das moléculas presentes na amostra e as cargas imobilizadas na

fase estacionária. Esta técnica se subdivide em intercambio aniônico e intercambio

catiônico dependendo de que as cargas imobilizadas na fase estacionária sejam

positivas ou negativas respectivamente.

Uma das colunas cromatográficas mais utilizadas em cromatografia líquida

para separação de espécies de arsênio, em diversos tipos de amostras, é a coluna

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de troca aniônica Hamilton PRP-X100. Esta coluna foi empregada em diversos

trabalhos nos quais realizou-se o acoplamento em linha da cromatografia líquida

com diferentes sistemas de detecção tais como: espectrometria de massas com

fonte de plasma (IC-ICP-MS) para determinação de As(III), As(V), MMA e DMA em

amostras biológicas (THOMAS; SNIATECKI, 1995), determinação de espécies de

arsênio em algas comestíveis (VAN HULLE et al., 2002); para determinação de

espécies de arsênio acumuladas em lá de carneiros expostos a arsenuaçúcares

(RAAB et al., 2002); com geração de hidretos em linha e detecção por

espectrometria de absorção atômica (IC-HG-AAS) para especiação de As(III), MMA,

DMA, arsenobetaina (AsB), arsenocolina (AsC), óxido de trimetilarsina (TMAO) e íon

trimetilarsônio em amostras de urina humana (Tsalev, Sperling et al., 1998);

acoplada a espectrometria de emissão atômica ICP-AES (hoje denominada ICP

OES) para separação de As(III), As(V) e DMA (SCHLEGEL et al., 1994), e com a

derivatização pós-coluna para a geração dos hidretos (IC-HG-ICP-AES) para a

determinação específica de As(III), As(V), MMA e DMA (GETTAR et al., 2000).

Alguns autores têm acoplado esta coluna em sequência com colunas de troca

catiônica, SuperCosil LC-SCX visando a separação de espécies aniônicas e

catiônicas em moluscos (SOROS et al., 2003), Hamilton PRP-X200 para estudos de

estabilidade de espécies de arsênio em raiz (PIZARRO et al., 2003), Alltech

Adsorbosphere SCX 5U para determinação de espécies de arsênio em materiais de

referência (SLEJKOVEC et al., 1999) e detecção por fluorescência atômica (AFS).

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4.2 Material e Métodos

4.2.1 Reagentes, soluções e equipamentos

Soluções estoque de fosfato monobásico (NaH2PO4) e dibásico (Na2HPO4) de

sódio em concentração 1 mol/L cada uma. O tampão de trabalho foi

semanalmente preparado por diluições adequadas das soluções estoque para

alcançar a concentração e o pH desejados para o carregador e o eluente

empregado na cromatografia líquida.

Ácido fosfórico empregado para o ajuste do pH dos tampões de trabalho,

(Merck, Darmstadt, Alemanha).

Ácido clorídrico (HCl), em concentração 1,5 mol/L para acidificação em linha

das soluções efluentes da coluna cromatográfica, (Merck, Darmstadt,

Alemanha).

Tetrahidroborato de sódio (NaBH4) para a reação de geração dos hidretos

voláteis necessários para a detecção por fluorescência atômica, (Nuclear,

CAQ Casa da Química Ind. e.Com.Ltda., Diadema-SP, Brasil).

Ácido nítrico destilado e metanol de qualidade cromatográfica, (Merck,

Darmstadt, Alemanha), empregados para preparar a solução utilizada para a

regeneração da coluna cromatográfica segundo instruções do fabricante.

Coluna de troca aniônica Hamilton PRP-X100, com dimensões iguais a 250

mm de cumprimento e 4,1 mm de diâmetro, tamanho de partículas de 10

micrômetros, (Hamilton Company, Reno, Nevada-USA).

Bomba isocrática para cromatografia líquida LC-10AD, (Shimadzu

Corporation, Kyoto-Japão).

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Injetor manual para cromatografia líquida Rheodyne 7125 com alça de injeção

de 100 µL marca, (Rheodyne, Systec, Innovadyne Products, Berkeley,

California-USA).

Válvula solenóide de três vias NR161T031, (NResearch and Development

Incorporated).

Rotâmetro para medição do fluxo adicional de hidrogênio com escala

graduada de 10 a 160 mL/min, calibrada para medição de argônio a 25°C e 3

kPa de pressão, (AppliTech Indústria e Comércio de Equipamentos Industriais

Ltda., Santana de Parnaíba – SP, Brasil).

Bomba peristáltica de oito canais marca Ismatec, (Ismatec S.A., Glattbrugg,

Suiza)

Espectrômetro de fluorescência atômica modelo PSA Excalibur, (PS Analytical

Ltd., Orpington, Kent, Reino Unido).

Câmara de separação de fases para geração de hidretos, própria do

espectrômetro de fluorescência atômica PSA Excalibur.

Todos os reagentes e soluções utilizadas para as análises por cromatografia

líquida acoplada ao espectrômetro de fluorescência foram de grau analítico. As

respectivas diluições levaram-se a cabo empregando água purificada em sistema

Milli-Q com uma resistividade de 18.2 MΩ .cm (Millipore, Bedford, MA, USA).

4.2.2 Sistema LC-HG-AFS

Foi montado no laboratório um sistema acoplado LC-HG-AFS utilizando uma

bomba isocrática para cromatografia líquida, coluna de troca aniônica Hamilton PRP-

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X100, e um detector de fluorescência atômica PSA Excalibur para arsênio. Devido à

falta de uma bomba de gradiente, se adaptou na entrada da bomba isocrática uma

válvula solenóide de três vias, a qual permitiu intercambiar as soluções empregadas

como eluente na separação cromatográfica através de um controle programável dos

tempos de abertura e fecho da válvula. Um esquema detalhado do sistema montado

se apresenta na Figura 4.1 a seguir.

Figura 4.1 – Esquema do sistema LC-HG-AFS montado no laboratório, A e B são os tampões empregados; V= Válvula solenóide, BP= Bomba Peristáltica, GL= Câmara de separação Gás/Líquido e AFS o detector de fluorescência atômica.

4.2.3 Volatilização das espécies de arsênio

A volatilização dos elementos químicos para fins analíticos foi amplamente

utilizada ao longo dos anos pelos químicos, o conhecido teste de Marsh foi

pioneiramente descrito em 1836 para a identificação de arsênio, mais tarde em 1861

Bloxam descreve um método eletrolítico para formação de arsina (AsH3) e estibina

(SbH3). Devido às vantagens desta técnica, que permite separar o analito de sua

matriz, o emprego da mesma foi explorado para todos os elementos capazes de

formar hidretos voláteis. Desde um ponto de vista analítico a geração de hidretos

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voláteis considera-se como uma reação de redução do metal ou metalóide a ser

analisado, onde o redutor químico, geralmente zinco metálico ou borohidreto de

sódio (LABORDA et al., 2002).

Várias publicações cientificas hão sido reportadas ao longo dos anos

abordando diversas hipóteses sobre os mecanismos implicados nas reações de

formação dos respectivos hidretos. Neste sentido, Pergantis e colaboradores

apresentaram um estudo dos mecanismos de reação na geração de hidretos de

arsênio, empregando reagentes marcados com deutério e análise por espectrometria

de massas (PERGANTIS et al., 1997). No mesmo ano, Howard apresentou uma

visão do emprego da geração de hidretos em análise de elementos traços

(HOWARD, 1997).

Além do arsênio, outros elementos químicos como antimônio, bismuto,

germânio, chumbo, selênio, telúrio, estanho e vanádio são elementos formadores de

hidretos voláteis (LABORDA et al., 2002). A geração de hidretos de cádmio e zinco

também foi descrita para detecção por espectrômetros de fluorescência atômica

(SUN et al., 2002; LI et al., 2004). Mais recentemente D’Ulivo e colaboradores

publicam um estudo sobre os mecanismos de reação implicados na formação de

hidretos voláteis de bismuto, antimônio, arsênio, germânio, estanho e selênio

empregando compostos deuterados e espectrometria de massas (D'ULIVO et al.,

2005). Esse mesmo ano foi publicada uma revisão criteriosa e completa sobre os

mecanismos de geração de hidretos e a atomização em espectrometria de absorção

atômica (AAS) (KUMAR; RIYAZUDDIN, 2005).

Devido aos excelentes limites de detecção atingidos quando se aplica a

técnica de geração de hidretos voláteis, especialmente quando acoplada a métodos

de atomização como, por exemplo, tubos de quartzo aquecido, espectrômetros de

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absorção atômica, de fluorescência atômica ou de emissão ótica com fonte de

plasma, esta técnica é amplamente empregada para determinação de elementos em

uma extensa diversidade de matrizes tais como amostras ambientais, biológicas ou

alheações metálicas (CAMPBELL, 1992; LABORDA et al., 2002).

A técnica mais comumente utilizada para a volatilização das espécies de

arsênio é a reação com borohidreto de sódio (NaBH4) em meio ácido, geralmente

ácido clorídrico (HCl). O primeiro trabalho encontrado nos sítios de busca cientifica

data de 1960, onde a detecção de hidretos de arsênio, selênio, antimônio, bismuto,

telúrio, chumbo e estanho em amostras de carvão mineral foram reportados

empregando-se um tubo de quartzo aquecido (NADKARNI, 1982). Uma vantagem

muito importante desta técnica é que não há necessidade de se utilizar

nebulizadores, a fase gasosa é separada da fase líquida impedindo o arraste dos

sólidos para dentro do plasma, o que provocaria um elevado efeito memória e baixa

eficiência de ionização.

Embora a condição ácida para a reação de geração de hidretos seja mais

comumente proporcionada pelo emprego de ácido clorídrico, as condições de

reação assim como a eficiência da geração dos hidretos de arsenito As(III), arsenato

As(V), ácidos monometil e dimetilarsênio (MMA e DMA), empregando-se diferentes

ácidos orgânicos e inorgânicos foi estudado por Anderson e colaboradores

(ANDERSON et al., 1986). Entretanto, na determinação de hidretos de arsênio por

espectrômetros de massas com fonte de plasma (ICP-MS), a escolha de outro ácido

como ácido tioglicólico ou nítrico é recomendável devido á interferência espectral

ocorrida na massa 75 provocada pelo íon 40Ar35Cl+ produzido no plasma.

Embora as espécies de arsênio mais comumente conhecidas como

formadoras de hidretos sejam as espécies mais tóxicas arsenito, arsenato e os

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ácidos mono e dimetil arsênio, a faixa de espécies de arsênio capazes de ser

detectadas mediante formação de hidretos voláteis pode ser ampliada através da

incorporação de processos de decomposição post-coluna, onde as espécies não

reativas são convertidas em arsenato (AsV) antes da reação de volatilização

(DAGNAC et al., 1999; GOMEZ-ARIZA et al., 2000a). De fato alguns autores

utilizaram a distinção entre espécies borohidreto reativas e não reativas, fato este

que levou à proposição de aplicar métodos analíticos para determinação de

espécies toxicologicamente relevantes em alimentos, baseados na presunção de

que estas espécies são hidreto reativas enquanto outras espécies presentes em

alimentos, principalmente arsenobetaina e arsenoaçúcares seriam espécies não

reativas (SCHMEISSER et al., 2004). No entanto este último enfoque pode ser

confrontado devido à publicação em 2002 da presença de uma pequena resposta de

arsenoaçúcares à geração de hidretos sem o emprego de decomposição pós-coluna

(SANCHEZ-RODAS et al., 2002). Este fato foi confirmado mais tarde com o relato da

determinação de quatro espécies de arsenoaçúcar mediante geração de hidretos

pós-coluna e detecção por espectrometria de massas com fonte de plasma (ICP-MS)

(SCHMEISSER et al., 2004). Entretanto, a identificação e quantificação de

tioarsenoaçúcares ((CH3)2AsX-açúcar-R) onde X pode ser um oxigênio ou sulfeto e

R= OH, PO4, SO3 ou -SO4, ácido dimetilarsinoil acético DMAA, dimetilarsinoil etanol

DMAE e um análogo sulfídrico do ácido dimetilarsenico DMAS (REGMI et al., 2007).

4.2.4 Espectrometria de Fluorescência Atômica

O emprego da fluorescência atômica como técnica analítica foi pioneiramente

descrito por Winefordner e colaboradores no ano de 1964, os quais, no mesmo ano

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publicam um artigo descrevendo a determinação de zinco, cádmio e mercúrio por

espectrometria de fluorescência atômica (WINEFORDNER; STAAB, 1964;

WINEFORDNER; VICKERS, 1964). Até então a fluorescência atômica era

empregada para estudo da estrutura eletrônica dos átomos (BROWNER, 1974).

A fluorescência atômica consiste na excitação de átomos por fótons, para

produzir átomos excitados que emitiram uma radiação durante um brevíssimo

período de tempo (nano segundos), quando retornarem ao estado fundamental. A

fonte de excitação pode ser uma fonte de linha estreita, onde a meia largura

espectral da radiação será mais estreita do que a linha de absorção dos átomos do

analito no atomizador; ou uma fonte contínua ou semicontínua, onde a meia largura

espectral da radiação de excitação e maior do que a linha de absorção do analito no

atomizador. A intensidade da fluorescência dependerá criticamente da intensidade

da fonte de excitação, assim como da concentração dos analitos presentas nas

amostras estudadas (WINEFORDNER, 1978).

A espectrometria de fluorescência atômica oferece maior sensibilidade e

limites de detecção mais baixos, comparada com a espectrometria de absorção

atômica convencional, principalmente para metais cujas líneas de ressonância

fundamental recaem abaixo de 320 nm. Um bom enfoque para o uso de

espectrômetros de fluorescência atômica é a introdução de amostras gasosas, que

faz menos crítica a escolha do sistema de atomização. Assim a cromatografia

gasosa e a geração química de vapor (CVG) consideram-se os sistemas ideais de

introdução de amostras para AFS. Em geral, se empregam espectrômetros de

fluorescência atômica não dispersivos com fotomultiplicadores sensíveis unicamente

à radiação UV (não detectam a radiação solar), com resposta típica entre 160 e 320

nm com ou sem o uso de filtros óticos que reduzem a faixa espectral empregada.

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88

Detectores de fluorescência atômica não dispersivos são simples e permitem a

detecção simultânea de varias líneas do espectro (D'ULIVO et al., 2009). Em

espectrômetros de fluorescência comerciais, como o PS Analytica, a atomização se

realiza em uma chama, alimentada pelo hidrogênio proveniente da reação de

geração dos hidretos com NaBH4 concentrado 1,5-4% m/v, em meio fortemente

ácido (geralmente 30% HCl). Para a manutenção desta chama se requer fluxos

elevados de reagentes, 4,5 mL/mincom a conseqüente geração de grandes volumes

de resíduos químicos. Dédina e colaboradores em 1998 desenvolveram o “Miniature

Ar-H2 Diffusion Flame” (MDF), que consistia na utilização de uma mistura 70/30 de

argônio e hidrogênio respectivamente, obtendo assim uma chama miniaturizada,

mais estável e com menor interferência que a chama dos atomizadores

convencionais (DÉDINA et al., 1998).

4.2.5 Acoplamento da coluna de cromatografia líquida com o Espectrômetro de

Fluorescência Atômica

Com o sistema LC-HG-AFS montado, procedeu-se à realização dos estudos

para a obtenção da melhor sensibilidade do sistema. Para escolher as vazões do

ácido e do redutor envolvidos na reação de geração dos hidretos, tomou-se como

parâmetro o sistema convencional de operação do gerador das espécies voláteis,

acoplado ao detector de fluorescência atômica, as vazões do ácido e do carregador

de amostras correspondem a duas vezes a vazão do redutor, sendo estas 9 mL/min

para os dois primeiros e 4,5 mL/min para o redutor respectivamente. Levando em

consideração que, no sistema convencional estas vazões são imperativas, devido á

necessidade de geração de grandes volumes de hidrogênio para a manutenção da

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chama no detector de fluorescência atômica e, uma vez que no nosso sistema

implementou-se um fluxo adicional de hidrogênio para tal fim, as quantidades de

ácido e de redutor seriam estritamente necessárias para a geração das espécies

voláteis. Uma vez que a quantidade de amostra injetada seria da ordem de, no

máximo 100 L, não há a necessidade de consumir tais volumes de reagentes. Por

tanto, foram escolhidos para o bombeamento do ácido e do redutor, tubos de tygon®

de diâmetros diametralmente inferiores aos empregados no sistema convencional,

no entanto manteve-se a proporção 2:1 antes mencionada. Uma vez fixado o

tamanho dos tubos de bombeamento a otimização das vazões empregadas levou-se

à cabo por variação da freqüência de rotação da bomba peristáltica.

Os estudos de otimização do sistema foram levados a cabo empregando-se

uma solução padrão de concentração 30 µg/L de As3+, os seguintes parâmetros

foram investigados:

Vazão do gás hidrogênio implementado para a manutenção da chama

no espectrômetro de fluorescência atômica.

Vazão dos reagentes implicados no sistema, HCl, NaBH4 e da bomba

cromatográfica.

Vazão do gás de arraste (Argônio)

Implementação de um fluxo auxiliar de gás de arraste

Combinação dos parâmetros de sensibilidade do software de controle

do espectrômetro de fluorescência atômica e da sensibilidade do

próprio detector.

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4.3 Resultados e Discussão

4.3.1 Efeito das vazões de hidrogênio e argônio

Com a finalidade de evitar a produção de grandes volumes de resíduos

líquidos, quando se faz necessária a manutenção da chama do espectrômetro de

fluorescência atômica mediante altas vazões do ácido e do redutor, como

mencionado na secção 4.2.5, implementou-se um fluxo adicional de hidrogênio. O

controle da vazão do hidrogênio implementado no sistema se realizou, num primeiro

passo, mediante um dos rotâmetros próprios do equipamento, os quais possuem

graduação de 0 a 600 cm3/min, com incremento de escala de 25 em 25 unidades.

Uma vez que a vazão mínima requerida para manter acesa a chama no

espectrômetro resultou entre 50 e 75 cm3/min, decidiu-se adquirir um rotâmetro

capaz de mensurar vazões menores para obter melhor ajuste e visualização da

escala. Adquiriu-se então um rotâmetro com escala de 10 a 160 cm3/min e

incrementos de 10 cm3/min calibrado para argônio.

A vazão mínima requerida para ligar a chama do espectrômetro de

fluorescência, empregando o novo rotâmetro, resultou ser 70 cm3/min. Entretanto,

quando se introduz na câmara de separação argônio como gás auxiliar para um

melhor transporte dos analitos separados para o detector verificou-se a extinção da

chama por diluição do hidrogênio auxiliar. Experimentos subseqüentes revelaram

que a vazão mínima de do hidrogênio auxiliar para manter a chama era de 80

cm3/min, empregando argônio somente para limpeza da câmara de separação de

até 1 L/min. Entretanto quando aplicada uma vazão de hidrogênio superior a 100

cm3/min, perde-se qualquer sinal devido à saturação do detector. Por tanto, a vazão

do hidrogênio auxiliar resulta um parâmetro crítico para a sensibilidade do sistema,

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fato este que já foi relatado anteriormente (GOMEZ-ARIZA et al., 1998). A vazão

ótima de trabalho para o gás hidrogênio auxiliar, resultou ser de 90 cm3/min.

De igual modo que o gás hidrogênio implementado, o gás argônio empregado

na câmara de separação para limpeza desta e transporte dos hidretos gerados, joga

um papel importante na sensibilidade do sistema acoplado. Vazões muito baixas

deste gás provocam um transporte ineficiente dos analitos para o detector,

resultando em picos muito largos e, podendo verificar-se inclusive superposição

destes picos cromatográficos. Por outro lado, quanto menor o volume de gás

argônio, maior será a concentração de hidrogênio na chama do espectrômetro e,

como já mencionamos no item 4.3.1, isto provoca uma saturação no detector.

Entretanto, uma vazão muito elevada provoca perda de sensibilidade devido a um

menor tempo de permanência dos analitos na chama do espectrômetro (fonte de

excitação dos átomos), além disto provoca a diluição da concentração de hidrogênio

levando a extinção da chama.

4.3.2 Efeito da vazão dos reagentes inseridos pós-coluna

A vazão dos reagentes empregados pós-coluna para as reações de geração

dos hidretos voláteis joga também um papel importante na cinética de reação,

limpeza da câmara de separação e conseqüentemente na sensibilidade do sistema.

Uma vez decididas as medidas de tubos de bombeamento e, mantendo-se

aproximadamente a relação 2:1 para as vazões de ácido e redutor respectivamente,

mencionados na seção 4.2.5, procedeu-se à modificação das velocidades de

rotação da bomba peristáltica entre 20 e 40 rpm (rotações por minuto), obtendo-se

vazões de 0,8 a 1,6 mL/min para o ácido e de 0,5 a 1,0 mL/min para o redutor.

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Sob estas condições houve uma melhora na intensidade do sinal quando

aumentada a rotação da bomba até 25 rpm, mantendo-se significativamente

invariável na faixa de 25 a 30 rpm, com decréscimo do mesmo acima deste valor.

Esta perda de sensibilidade deve-se provavelmente ao fato de que velocidades de

bombeamento muito elevadas implicam menor tempo de contato dos reagentes com

as espécies emergentes da coluna cromatográfica, afetando a cinética da reação.

Por outro lado, vazões muito baixas, resultam em menor tempo de limpeza do

sistema resultando em uma junção das espécies separadas na coluna com

superposição dos picos obtidos no cromatograma.

Entretanto, no estudo da vazão ótima de trabalho da bomba cromatográfica

foram testados 1,0 e 1,5 mL/min para a fase móvel. Embora hajamos conseguido um

menor tempo de análise quando aplicada a vazão de 1,5 mL/min, como podemos

observar na Figura 4.2, sob estas condições obteve-se um maior erro na

repetibilidade dos tempos de retenção das espécies, principalmente para o As5+, o

mais fortemente retido na coluna e, em alguns casos se verificou uma superposição

dos picos correspondentes a DMA e MMA. A excelente repetibilidade dos tempos de

retenção para a espécie As3+ observada nesta figura se deve á não retenção desta

espécie na coluna cromatográfica empregada.

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0 2 4 6 8 10 12

0

50

100

150

200

Alt. (U

F)

t (min)

As3+

DMA

MMA

As5+

Figura 4.2 – Cromatograma de quatro espécies de arsênio, em diferentes concentrações, quando empregada uma vazão da bomba cromatográfica igual a 1,5 mL/min.

4.3.3 Efeito das combinações de ajuste da sensibilidade do detector

O espectrômetro de fluorescência atômica para análise de arsênio PSA

Excalibur possui um resistor variável graduado na escala de 0 a 10 com subdivisões

de 0,1 que permite modificar o ganho do sinal durante as análises visando melhorar

a sensibilidade de detecção. Além deste dispositivo, chamado de “ganho fino do

detector”, o software próprio do equipamento, para ajuste de parâmetros da análise

como filtros de aquisição de dados, curva de calibração, identificação das amostras,

diluições realizadas etc., permite também aumentar a sensibilidade do detector em

1(uma), 10 (dez), 100 (cem) ou 1000 (mil) vezes. Este recurso é chamado de “ganho

grosso” do equipamento e o valor ajustado nele multiplica o valor ajustado no

detector, conseguindo-se assim uma escala de sensibilidade (amplificação do sinal)

de 0,1 a 10000.

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Considerando que, quando aumentamos a sensibilidade do detector

conseqüentemente incrementamos também a magnitude do sinal de fundo (ruído do

sinal), com a finalidade de determinar as melhores condições para as análises

cromatográficas realizadas durante esta trabalho, se procedeu a verificar a resposta

do detector do espectrômetro de fluorescência atômica com diferentes combinações

de amplificação de sinal. Se levássemos em consideração apenas os valores inteiros

de ambos parâmetros, no mínimo teríamos 40 combinações, se fixou um número

determinado de combinações, os quais se apresentam na Figura 4.3.

4.0 4.5 5.0 5.5

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Altu

ra (

UF

)

Tempo (min)

100-1

100-3

100-6

100-9

1000-1.5

1000-2

Sensibilidade

Figura 4.3 – Sensibilidade do detector de fluorescência atômica. Cromatograma de uma

solução padrão de As3+ em concentração 10 g/L indicando a variação na relação sinal ruído com as diferentes combinações de sensibilidade do

detector empregadas, utilizando alça de amostragem de 100 L.

Como esperado (Figura 4.3), a relação sinal/ruido aumenta

consideravelmente com o aumento da faixa de amplificação do espectrômetro de

fluorescência, o que permitiria atingir limites de detecção da ordem dos ng/L.

Entretanto, também podemos observar uma ligeira instabilidade da linha de base

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para valores de amplificação acima de 1000 onde, embora a razão sinal/ruído não

se veja afetada, a linha de base forma um desenho de ondas ao longo do

cromatograma. Assim, em caso de aparecer um pico quando a onda estiver no seu

ponto máximo, teríamos perda de sinal por saturação do detector. Esta instabilidade

se deve à elevada corrente elétrica induzida no detector quando se aumenta o seu

ganho. Observados estes resultados, se procede a realizar todas as determinações

cromatográficas com a combinação software/detector 100/9 (900 de amplificação).

Uma vez estabelecidas as melhores condições para a determinação das

espécies formadoras de hidreto empregando o sistema acoplado LC-HG-AFS, se

procedeu a análise dos extratos de amostras de camarão seco moído e liofilizado,

obtidos por extração em banho de ultra-som empregando água como solvente.

Como esperado, as amostras de camarão e de tubarão não apresentaram

espécies formadoras de hidreto. Entretanto, na Figura 4.4 se mostra um

cromatograma em triplicata da separação das quatro espécies de arsênio estudadas,

adicionadas em concentrações aleatórias ao extrato de camarão.

0 2 4 6 8 10 12

0

20

40

60

80

100

120

UF

Tempo

As3+

DMA

MMA

As5+

Figura 4.4 - Triplicata da separação de quatro espécies de arsênio, As3+, DMA, MMA e As5+

pelo sistema acoplado LC-HG-AFS, empregando as condições de trabalho apresentadas na Tabela 4.1.

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Na Tabela 4.1 são apresentados os parâmetros operacionais escolhidos para

o funcionamento do sistema LC-HG-AFS, decorrentes dos resultados obtidos nos

estudos prévios. Entanto que na Tabela 4.2 se apresentam os tempos de

aparecimento de cada espécie no cromatograma assim como seus respectivos

desvios.

Tabela 4.1 – Parâmetros de operação do sistema acoplado LC-HG-AFS.

Espectrômetro de Fluorescência Atômica

Detector Excalibur PSAnalytical

Comprimento de onda 193,7 nm

Largura de banda 20 nm

Corrente primaria 27,5 mA

Corrente do boost 35,0 mA

Vazão do H2 auxuliar para formar a

chama

90 (400,7 corrigido) mL/min

Geração de Hidretos

Solução ácida HCl 1,5 mol/L (1 mL/min)

Agente redutor NaBH4 1,5% m/v em 0,1 mol/L de NaOH (0,6 mL/min)

Vazão do Ar da câmara de separação 600 mL/min (na camara de separação)

Vazão do Ar auxiliar 350 mL/min

Cromatografia Líquida

Coluna Hamilton PRP-X100 (250 x 4,1 mm i.d., partículas de 10

m)

Temperatura da coluna Temperatura do laboratório (23-26°C)

Vazão da fase movel 1 mL/min

Fase móvel A 12 mmol/L NaH2PO4/Na2HPO4; pH 6,22

Fase móvel B 24 mmol/L NaH2PO4/Na2HPO4; pH 6,22

Seqüência de Eluição 0-5 min A, 5-12 min B, 12-15 min A

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Tabela 4.2 – Tempos de retenção de cada espécie de arsênio estudada quando

empregada uma vazão constante de 1 mL/min.

Espécie As3+ DMA MMA As5+

T de retenção (min) 4,898 ± 0,012 6,261±0,009 8,035 ± 0,038 9,726 ± 0,006

Os limites de detecção encontrados para as quatro espécies estudadas

empregando este sistema acoplado, considerando 3 foi de 2,10 g/L para As3+;

3,82 g/L para DMA; 2,23 g/L para MMA e 1,19 g/L para As5+ respectivamente,

expresados em concentrações de arsênio. Valores uma vez mais um pouco acima

dos valores relatados anteriormente (GOMEZ-ARIZA et al., 1998). Entretanto o

sistema mostrou-se satisfatoriamente robusto e sensível para as aplicações deste

trabalho.

4.4 Conclusões

O sistema acoplado LC-HG-AFS mostrou-se robusto e sensível para as

determinações de espécies de arsênio. A implementação de um fluxo auxiliar de

hidrogênio para a manutenção da chama no espectrômetro de fluorescência atômica

resultou de vital importância, não só na redução de volumes de resíduo gerados

como também na sensibilidade do sistema devido à formação de uma chama mais

estável. Em comparação com outras técnicas espectrométricas como ICP-MS ou

ICP OES o espectrômetro de fluorescência atômica resulta mais barato e fácil de

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manipular. Com tudo, a sensibilidade e os limites de detecção do sistema podem ser

ainda melhorados.

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5 Minimização dos Resíduos Gerados Durante a Pesquisa

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Resumo

Nesta pesquisa foi utilizado um sistema de análises químicas com injeção

seqüencial para a manipulação de micro-volumes de amostras e soluções padrão de

espécies de arsênio, visando a redução de resíduos líquidos contendo arsênio na

especiação por eletroforese capilar acoplada a um espectrômetro de massas com

fonte de plasma. Foi desenvolvido um dispositivo com controle eletrônico para a

injeção hidrodinâmica de pequenos volumes no capilar eletroforético atingindo-se

precisões menores do que 2%. Este sistema foi otimizado para a determinação de

cinco (5) espécies de arsênio em urina liofilizada e extratos de camarão empregando

um volume de 50 L da solução das amostras.

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Abstract

Sequential injection analysis is proposed for managing micro-volumes of sample and

arsenic species solutions for speciation analysis by capillary electrophoresis focusing

on the reduction of hazardous waste residues. An electronically controlled

hydrodynamic injector was projected to introduce micro-volumes of solutions

prepared by SIA into the CE capillary with precision better than 2%. The

determination of arsenite, arsenate, monomethylarsonic acid, dimethylarsinic acid,

and arsenobetaine was performed from 50 uL volumes of lyophilized urine and

extract of shrimp with the system hyphenated to inductively coupled plasma mass

spectrometry (CE–ICP–MS).

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5.1 Introdução

As metodologias analíticas para a especiação de arsênio tem sido e,

provavelmente continuaram sendo, profundamente estudadas devido à alta

toxicidade deste elemento. Entretanto o desenvolvimento de metodologias analíticas

implica largas horas de investigação e ajustes dos parâmetros envolvidos na

otimização destas metodologias. Assim sendo, incorre-se indefectivelmente na

produção de grandes volumes de soluções de descarte ricas em arsênio. Compete

então, a nós pesquisadores, incluir nestes procedimentos, metodologias que visem

minimizar o volume de resíduos gerados, tanto durante a otimização dos processos

analíticos como das análises em si.

Dentre as metodologias mais comumente usadas na análise por especiação

encontramos a que inclui técnicas de separação, como são, por exemplo, a

cromatografia líquida e a eletroforese capilar (LC e CE do inglês Liquid

Chromatography e Capillary Electrophoresis respectivamente). A combinação destas

duas técnicas de separação, com técnicas de detecção de alta sensibilidade como

são a espectrômetria de massas e de emissão ótica com fonte de plasma (ICP-MS e

ICP OES) tem sido amplamente empregada para especiação de arsênio

(TERLECKA, 2005). No entanto, a derivatização para a volatilização das espécies

separadas tem sido implementada com o intuito de melhorar a eficiência de

transporte destes analitos para os detectores, (MAGNUSON et al., 1997a). A system

combining capillary electrophoresis with hydride generation was successfully

hyphenated to ICP OES for this purpose (SUÁREZ; GINÉ, 2005).

Além de apresentar alta resolução dos picos no eletroferograma e, a

possibilidade de se terem a separação das espécies aniônicas e catiônicas numa

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103

única análise, a eletroforese capilar apresenta a vantagem de necessitar µ L de

amostras, com a conseqüente geração de baixos volumes de resíduos. Estas

características da eletroforese capilar representam um importante rol considerando a

instabilidade das espécies arsenito (As3+) e arsenato (As5+) em meio aquoso (HALL

et al., 1999) entretanto implicam na necessidade de preparar diariamente as

soluções padrão multi-espécies e a conseqüente produção de maiores volumes de

soluções de descarte com alto teor de arsênio.

Um método não cromatográfico para a especiação de compostos de arsênio

em amostras de peixes tem sido descrito, empregando a geração dos hidretos

voláteis de arsênio e detecção por fluorescência atômica (HG-AFS) (CAVA-

MONTESINOS et al., 2005). Entretanto, com estes procedimentos, além da

necessidade de tratamentos matemáticos e estatísticos, geram-se grandes

quantidades de resíduos líquidos com elevado grau de acidez e teores de arsênio.

Considerando-se, que, para a geração dos hidretos voláteis das diferentes espécies

de arsênio torna-se necessária a otimização de processos separados para cada

espécie, além de mais uma etapa de digestão das amostras para a determinação do

teor total de arsênio.

A preparação de soluções analíticas empregando sistemas de injeção em

fluxo (FIA do inglês Flow Injection Analysis) em linha com os sistemas de detecção

tem sido descrito anteriormente (HINDSON et al., 2004). Sistemas em fluxo com

injeção seqüencial (SIA do inglês Sequential Injection Analysis) acoplados com

eletroforese capilar têm sido propostos para efetuar injeção hidrodinâmica de

pequenos volumes de amostra dentro do capilar eletroforético (FANG et al., 1999;

KUBAN et al., 1999; WU et al., 2002; KULKA et al., 2006; HORSTKOTTE et al.,

2007).

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A principal vantagem dos sistemas SIA reside na sua flexibilidade e

versatilidade para a automatização completa da pré-mistura de pequenos volumes

de amostras e soluções padrão, com a possibilidade de manipulação de micro-

volumes. Visando melhorar a versatilidade do pré-tratamento em linha das amostras

e, a total automatização do sistema em combinação com a eletroforese capilar, foi

descrito em 2002 um procedimento, aproveitando a miniaturização de um sistema

SIA, para misturar micro-volumes de soluções (µSI) empregando um dispositivo Lab-

On-Valve (LOV) (WU et al., 2002). Outros autores propuseram um sistema

completamente automatizado combinando µSIA em linha com eletroforese capilar

(µSIA-CE) empregando seringa de 100 µL para preparar diferentes misturas de

adenosina e adenosina monofosfato com propósitos de calibração do sistema

analítico (KULKA et al., 2006). Nesse trabalho reporta-se a injeção hidrodinâmica

das amostras, soluções padrão e soluções para o recondicionamento do capilar. A

conexão em linha de ambas técnicas requer a automatização completa do processo

analítico incluindo o recondicionamento e limpeza do capilar eletroforético. Embora

seja informado neste trabalho a injeção de 40 nL de amostra e uma precisão de 5%

das áreas dos picos detectados por UV, não se reporta o volume necessário para

preencher o sistema completo até o capilar.

Mais recentemente, (HORSTKOTTE et al., 2007) descrevem a completa

automatização de um sistema SIA-CE para injeção de amostras e soluções padrão,

assim como também das soluções requeridas para o condicionamento do capilar

eletroforético. Estes autores reportaram a necessidade de 100 µL de solução para

cada injeção no capilar.

Nesta pesquisa, a capacidade do sistema µSIA de manipular pequenos

volumes foi explorada para a preparação in-situ de micro-litros de soluções padrão

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contendo espécies de arsênio, visando empregar estas soluções seja, nos

processos de calibração externa ou adição de padrão para identificação e

quantificação das espécies. Estas soluções foram depositadas em pequenos

recipientes de 200 µL para a sua posterior injeção hidrodinâmica no capilar

eletroforético.

5.2 Material e Métodos

5.2.1 Sistema de Injeção Seqüencial

Um sistema de injeção seqüencial SIA Lab® (FIAlab Instruments Inc.,

Bellevue, WA, USA) foi empregado para preparar micro-volumes de soluções padrão

mixtas de multi-espécies. O sistema SIA foi equipado com uma válvula de oito vias,

uma seringa de vidro de 500 µL, uma bobina de de 30 cm de comprimento e 0,2 mm

i.d. de poliéter éter cetona (PEEK do inglês polyether ketone). Capilares de PEEK de

10 cm de comprimento e 65 um i.d.foram utilizados para a conexão das vias da

válvula do SIA com os recipientes contendo as soluções a serem misturadas para o

preparo dos padrões.

5.2.2 Injeção Hidrodinâmica

O dispositivo para injeção hidrodinâmica similar ao descrito anteriormente por

Lavorante e colaboradores (LAVORANTE et al., 2004) foi construído com um tubo

de 200 µL (Eppendorf AG, Hamburgo, Alemanha) e instalado numa plataforma em

acrílico. Para favorecer a injeção hidrodinâmica foi acoplada ao sistema uma

unidade controladora de gás, (DGU unit, Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão)

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conectada a um cilindro de argônio de 1 m3 (Oxipira, Piracicaba-SP, Brasil). Para

melhorar a precisão e minimizar possíveis erros sistemáticos devido ao operador foi

desenvolvida uma interface com circuito eletrônico temporizado para controlar duas

válvulas solenóides de três vias acopladas em sequencia (NResearch, Stow, MA,

USA). Detector espectrofotométrico ( LabAlliance, mod.500, State College, PA, USA)

e provido de software cromatográfico (CSW 1.7, Data Apex Ltd., Praga, República

Tcheca).

5.2.3 Interface CE-ICP-MS

O sistema de eletroforese capilar foi construído no laboratório empregando-se

capilares de sílica fundida de 75 µm i.d. (Polymicro Technology, Phoenix, AZ, USA) ,

como eletrodos foi empregado 3,5 cm de fios de platina de 0,3 mm de diâmetro

(Loccus, Biotech, São Paulo, Brazil) conectados a uma fonte de alta voltagem (CZE-

1000R, Spellman, Hauppauge, NY, USA).

A interface CE-ICP-MS foi acoplada usando uma peça de PEEK em forma de

T (Upchurch Scientific, Oak Harbor, WA, USA) através da qual passa o capilar

eletroforético .

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Figura 5.1 – Peça em formato T para o acoplamento CE-ICP-MS. Observa-se nesta figura a passagem do capilar através dela, além da inserção perpendicular ao capilar para a platina e o tubo para bombeamento da solução auxiliar.

Foi usada uma bomba peristáltica de oito canais (Ismatec, mp-8, Zurich,

Switzerland). Um tubo de polietileno de 3 cm de comprimento e 0,5 mm i.d. , uma

conexão em T e um nebulizador de alta eficiência (HEN Meinhard, Santa Ana, CA,

USA), o qual, foi inserido numa câmara de nebulização do tipo ciclônica. O ICP-MS

(Element 1, Finnigan MAT, Bremen, Germany), foi empregado para a detecção das

espécies de arsênio.

5.3 Procedimento Experimental

A manipulação das soluções no sistema SIA foi otimizada de forma

independente da separação eletroforética. Esta configuração independente de

ambos os sistemas foi adotada visando reduzir o volume de soluções de descarte

contendo arsênio e, a possibilidade de reduzir o tempo da análise por superposição

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dos processos de preparo das soluções a serem injetadas no capilar e o

recondicionamento do mesmo.

O sistema proposto foi empregado para analisar espécies de arsênio em

amostras de camarão e urina por acoplamento de um sistema de eletroforese capilar

ao espectrômetro de massas.

5.3.1 Injeção Seqüencial para preparo das soluções padrão

O injector sequencial esquematizado na Figura 5.2, foi programado para

preparar diariamente 500 µL de soluções padrão mistas na concentração de 200

µg/L para cada espécie.

Figura 5.2 - Representação esquemática do sistema SIA, com uma bomba de seringa de 500 µL e uma bobina para mistura das soluções também de 500 µL e o recipiente para a posterior injeção hidrodinâmica de 200 µL.

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Na seqüência de ações programadas as soluções aspiradas pela bomba de

seringa do SIA desde seus respectivos recipientes foram misturadas na bobina de

mistura e, revertendo a direção do fluxo do bombeamento, foram posteriormente

depositadas nos tubos Eppendorf® de 200 µL. Estes tubos de 200 µL foram

posteriormente encaixados no injetor do CE.

As soluções de padrões secundários foram preparadas pelo SIA e a partir

delas, devidamente misturadas, foram preparadas as soluções multi-espécies

necessárias para o ajuste dos parâmetros eletroforéticos. A adição das soluções de

espécies individuais foi efetuada nas amostras, tanto para propósitos de

identificação das espécies nas amostras como para quantificação das mesmas.

5.3.2 Introdução de amostras no CE

Um injetor hidrodinâmico eletrónicamente controlado foi projetado para o

sistema de eletroforese capilar segundo o esquema apresentado na Figura 5.3. O

injetor foi construído em acrílico. Na parte inferior da mesma encontra-se o encaixe

para o recipiente contendo a amostra ou o eletrólito segundo corresponda e, este

recipiente por sua vez consiste em um tubo Eppendorf® de 200 µl. A peça em

acrílico apresenta também três perfurações de finíssimo diâmetro (formando três

vias de comunicação que convergem no encaixe do tubo Eppendorf®), estas

correspondem às entradas do capilar eletroforético, do fio de platina e do gás para a

pressurização. O capilar eletroforético e o fio de platina estarão submersos na

solução contida no tubo. Por sua vez a entrada do gás estará conectada com as

válvulas solenóides do sistema de controle eletrônico através de um tubo de

polietileno de 0,8 mm i.d. e o fio de platina conectado com a fonte de alta tensão.

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Para os estudos de precisão do volume injetado no capilar empregou-se uma

solução 100 mmol/L de cisteína detectado à 214 nm segundo descrito anteriormente

(Lavorante, Gervasio et al., 2004).

Figura 5.3 - Esquema do injetor hidrodinâmico construído em acrílico, onde CE é o capilar eletroforético, S um septo que permite fixar o capilar impedindo vazamentos no sistema, SV é o recipiente de 200 uL e Pt o eletrodo de platina. À esquerda da figura se apresenta o sistema controlado eletronicamente para a injeção temporizada onde V1 e V2 são as válvulas solenóide conectadas em linha, EI o circuito eletrônico, GU o controlador de pressão do gás e Ar o cilindro de argônio.

Para estudos dos parâmetros de pressurização do recipiente para injeção da

amostra no capilar foram empregadas 5, 10 e 20 kPa controlados pela unidade

DGU, durante 5, 10 e 20 segundos controlados pelo circuito integrado IC 555 do

circuito eletrônico esquematizado na Figura 3.2, apresentada no capítulo 3, item

3.3.1.

Outro parâmetro investigado para este injetor foi a influencia do volume de

solução contida no recipiente. Para tal fim os recipientes foram carregados com 50 e

60 µL da solução padrão de cisteína e se realizaram 12 injeções aplicando pressões

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de 5 e 10 kPa. A repetibilidade das injeções foi avaliada aplicando o teste chi-

quadrado (y2) para comparar as áreas dos picos obtidos para cada injeção.

5.3.3 Separação das espécies e recondicionamento do capilar

O acondicionamento inicial do capilar eletroforético foi realizado mediante a

injeção em seqüência das soluções HCl 1 mol/L, água, NaOH 0,1 mol/L e solução

tampão respectivamente durante 10 minutos cada uma, empregando o modo de

injeção não temporizado do circuito eletrônico e aplicando uma pressão de 15 kPa.

A cada cinco separações eletroforéticas foi realizado um recondicionamento simples

injetando as soluções empregadas no acondicionamento inicial, na mesma

seqüência, durante 30 s cada uma, seguidas pela injeção do tampão eletroforético

durante 1 minuto a uma pressão de 25 kPa antes da injeção da próxima amostra.

A separação eletroforética das espécies arsenito (As3+), arsenato (As5+),

mometilarsênio (MMA) e dimetilarsênio (DMA) evaluou-se empregando uma solução

padrão de concentração 10 mg/L de cada espécie injetada a 10 kPa durante 5

segundos. A repetibilidade do sistema foi avaliada em função dos tempos de

migração e as áreas dos picos de cada espécie após cinco separações

eletroforéticas com a injeção de NaOH 0,1 mol/L e tampão após cada separação.

Os parâmetros empregados para a separação eletroforética acoplada ao

espectrômetro de massas são apresentados na Tabela 5.1.

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Tabela 5.1 - Parâmetros operacionais para as condições de trabalho empregando o acoplamento CE-ICP-MS.

Voltagem aplicada no CE (kV) -15

Solução eletrolítica (Fosfato) (mmol/L) 20

Modificador de fluxo eletroosmótico TTAB (mmol/L) 1,5

Solução auxiliar HNO3 (mmol/L) 0,5

Vazão da solução auxiliar na interface CE–ICP (µL/min) 120

Comprimento do capilar (cm) 45

Energia aplicada no plasma (kW) 1,3

Vazão do argônio do plasma (L/min) 12

Vazão do argônio de nebulização (mL/min) 100

Massa monitorada no modo “single íon” 75

5.3.4 Otimização dos parâmetros na interface CE-ICP-MS

Para a otimização dos parâmetros do espectrômetro de massas para a

interface CE-ICP-MS, primeiramente foi injetada, através do capilar e a uma pressão

constante de 25 kPa, uma solução padrão de As3+ de concentração 100 µg/L,

enquanto a solução auxiliar foi bombeada a uma vazão constante de 100 µL/min

com o intuito de simular a diluição sofrida pelos analitos neste tipo de interfaces.

Enquanto isto o espectrômetro de massas era operado no modo “single íon”

monitorando sinal da razão m/z 75.

A interface CE foi conectada a um nebulizador de alta eficiência inserido

numa câmara de nebulização ciclônica e a pressão de nebulização foi ajustada para

800 kPa fornecendo uma vazão nominal de aspiração de 100 µL/min. A vazão da

solução auxiliar foi ajustada para 120 µL/min com o intuito suprir a demanda de

aspiração do nebulizador, sem incorrer em erros devido à aspiração da solução

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contida dentro do capilar, o que ocasionaria um menor tempo de separação mais

provavelmente com picos menos definidos; ou retardar a separação das espécies

devido a uma aspiração insuficiente da solução auxiliar provocando a entrada desta

solução dentro do capilar o que se conhece como “Back Pressure”.

5.4 Resultados e Discussão

O injetor hidrodinâmico eletronicamente controlado desenvolvido durante esta

pesquisa permitiu a introdução de volumes controlados de amostra no capilar

eletroforético mediante o ajuste da pressão aplicada e do tempo de abertura das

válvulas solenóides para a pressurização do recipiente contendo a amostra, inserido

no injetor. Os efeitos de ambos parâmetros sobre o volume de amostra injetado são

apresentados na Tabela 5.2. Como observado nesta tabela o volume injetado

aumenta linearmente com o aumento do tempo de injeção, estes resultados

encontram-se em concordância com os resultados apresentados por Altria (1996).

Os dados desta tabela revelam também que variações no tempo de injeção resultam

em maior precisão do que variações na pressão aplicada. Estes resultados

confirmam a robustez do circuito eletrônico em termos de precisão no tempo de

injeção. Considerando que o volume de amostra injetada no capilar eletroforético

deve ser menor do que 10% do volume total do mesmo e que volumes maiores

injetados afetam a estabilidade da corrente elétrica (ALTRIA, 1996), desprende-se

dos resultados apresentados na Tabela 5.2 que unicamente 5 (cinco) combinações

de pressão e tempo aplicado podem ser empregadas visando respeitar os limites de

volume injetado.

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Tabela 5.2 - Volumes em nL injetados no capilar empregando as diversas combinações de pressão aplicada e tempo de injeção. (n=3)

Pressão (kPa) 5 10 20 R2 Tempo de injeção (s)

5 46 ± 1 99 ± 1 230 ± 6 0.9972

10 142 ± 2 297 ± 8 662 ± 16 0.9985

20 327 ± 7 674 ± 17 1429 ± 19 0.9996

R2 0.9999 0.9998 0.9997

O fato de que na eletroforese capilar são empregados volumes muito

pequenos de solução, induziu-nos a supor pequenas variações de volume no

recipiente contendo as amostras a serem injetadas acarretaria variações no volume

das mesmas injetado no capilar. No entanto os resultados revelaram que variações

de volume de até 20% no interior do recipiente da amostra não apresentaram

variações significativas no volume de amostra injetado, com o qual pudemos

demonstrar a robustez do injetor hidrodinâmico desenvolvido.

Embora haja a necessidade de se reduzir o volume de resíduos líquidos

contendo arsênio, o volume de solução dentro do recipiente deve ser suficiente para

manter imersos a platina e o capilar eletroforético para garantir a estabilidade da

corrente elétrica durante a separação. O eletrodo de platina e o capilar eletroforético,

submersos na solução tampão, não devem ficar em contato entre si.

Comparando com outros trabalhos empregando o acoplamento em linha SIA-

CE, embora o volume injetado tenha sido apenas 50 µL, o volume total para

preencher o sistema foi de 100 µL, o que leva a pensar que a cada injeção 50 µL de

amostra são descartados (HORSTKOTTE et al., 2007).

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A otimização do sistema SIA para preparar as soluções de forma

independente à separação eletroforética e dos processos de recondicionamento do

capilar, possibilitou a operação simultânea de ambos sistemas, minimizando-se o

tempo de análise como assim também os riscos de contaminação.

O volume de solução eletrolítica no recipiente de injeção no capilar foi de 50

µL, volume suficiente para mergulhar o eletrodo e o capilar nela garantindo o contato

elétrico do sistema eletroforético. Esta solução prove os eletrólitos necessários para

que ocorra a eletroforese, entretanto alguns íons têm mobilidade eletroforética maior

que outros, o que provoca um empobrecimento dos mesmos no volume residual. Por

esses motivos deve ser substituída freqüentemente, o que em nossos experimentos

ocorreu a cada três separações eletroforéticas, gerando-se um volume de descarte

menor do que os volumes descartados quando empregadas configurações em linha

FIA-CE ou SIA-CE.

Os parâmetros envolvidos na separação eletroforética das espécies de

arsênio detectadas a 185 nm e, a repetibilidade do volume de amostra injetado no

capilar eletroforético são apresentados na Tabela 5.3. Os resultados apresentaram

um desvio padrão relativo (SRD) menor do 1,6% para o tempo de migração e menor

do que 2,6% para as áreas dos picos.

Tabela 5.3 - Tempos de migração e áreas dos picos calculados após 5 (cinco) injeções, detectadas a 185 nm

As specie Migration time (s) Peak area (mV . s)

MMA 1,533 ± 0,021 546,54 ± 12,68

As(III) 1.707 ± 0,015 153,07 ± 3,95

As(V) 2,053 ± 0,032 261,29 ± 6,53

DMA 2,190 ± 0,031 367,27 ± 8,08

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Quando se aplica injeção hidrodinâmica se injeta no capilar uma porção da

amostra, a relação das espécies na amostra se mantém na alíquota injetada. No

entanto quando se aplica injeção eletrocinética, ocorre uma discriminação de

espécies em função de suas mobilidades eletroforéticas, deste modo a amostra se

empobrece nas espécies com maior mobilidade eletroforético a cada injeção

realizada. A repetibilidade do volume de amostra injetado no capilar eletroforético e,

a precisão do sistema injetor em função da variação de volume no recipiente,

permitiu a reutilização de um mesmo recipiente contendo a amostra para realizar

repetidas injeções, uma vez que a composição da solução não se verá modificada

quando empregamos injeção hidrodinâmica. Este fato apresenta-se em absoluta

concordância com o intuito de diminuir os volumes de resíduos gerados.

A vantagem apresentada na manipulação do sistema CE-ICP-SFMS, de

forma independente do sistema SIA para o preparo das soluções a serem

analisadas, foi a possibilidade de determinar espécies de arsênio em extratos de

amostras naturais devido ao elevado poder de detecção do SFMS, além da geração

de reduzidos volumes de resíduos. Empregando esta combinação de técnicas, o

volume de resíduo contendo arsênio gerado após análise de 10 amostras foi de 1,5

mL, dos quais aproximadamente 185 µL representam a solução multiespécie

empregada para otimizar a separação eletroforética, 240 µL correspondem as

soluções das espécies individuais empregadas para preparar as soluções

multiespécies e otimizar o processo de adição de padrão, e o restante corresponde

ao volume de água empregado para lavar o sistema SIA.

O eletroferograma apresentado na Figura 5.4 corresponde à análise de uma

amostra de urina liofilizada contaminada com 200 µg/L de MMA e arsenato (As5+). A

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separação das quatro espécies de arsênio apresentou-se com boa resolução em um

tempo inferior aos 5 minutos.

Figura 5.4 - Eletroferograma de uma amostra de urina liofilizada contendo arsenito (As3+),

arsenato (As5+), ácido monometilarsônico (MMA) e ácido dimetilarsínico

(DMA). 200 µg/L de As5+ e DMA foram adicionados à amostra.

Um extrato aquoso de camarão também foi analisado encontrando-se no

mesmo principalmente arsenobetaina, outras espécies de arsênio não foram

detectadas nestes extratos. Na Figura 5.5 se apresenta um eletroferograma do

extrato de camarão contaminado com 200 µg/L de arsenato (As5+).

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Figura 5.5 - Eletroferograma de um extrato de camarão pelo sistema CE-ICP-MS detectado

na razão m/z= 75. De esquerda para a direita os picos correspondem à

arsenobetaina e ao arsenato (As5+) adicionado respectivamente.

5.5 Conclusões

A programação do sistema SIA para manipular micro-volumes de amostras e

soluções padrão das espécies de arsênio, operando em forma independente da

separação eletroforético, assim como a miniaturização do dispositivo utilizado para a

injeção hidrodinâmica das soluções no capilar eletroforético, possibilitou a redução

significativa do volume de resíduos contendo arsênio gerado durante o procedimento

analítico.

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A implementação do sistema SIA para prepara in-situ micro-volumes de

soluções padrão e otimizar a adição de padrão nas amostras apresentou resultados

satisfatórios. Este procedimento permitiu ademais a redução considerável (em torno

de 87%) dos volumes resíduos de arsênio gerados durante o preparo dos padrões.

Outra vantagem deste sistema apresentado foi o desenvolvimento do micro-

injetor hidrodinâmico para eletroforese capilar que possibilitou a injeção precisa e

reprodutível de nanolitros de solução no capilar eletroforético. Além disto, os

eletroferogramas apresentaram boa resolução e baixa dispersão dos picos

separados num tempo menor do que 5 minutos. Por outro lado o emprego de um

nebulizador de alta eficiência (HEN) inserido numa câmara ciclônica de nebulização,

possibilitou a melhoria na eficiência de transporte das espécies separadas para o

plasma do MS.

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6 Recuperação dos Resíduos Gerados Durante a Pesquisa

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Resumo

As soluções de descarte resultantes da análise de especiação de arsênio,

empregando geração dos hidretos com birohidreto de sódio ou potássio, apresentam

elevadas concentrações de boro, principalmente na forma de ácido bórico. Por outro

lado, estas soluções apresentam resíduos de arsênio, provavelmente devido a

tempos de reação muito curtos, diferenças na cinética de reação de cada espécie

estudada ou o emprego de concentrações elevadas nos processos de otimização

dos métodos de análise. Neste trabalho, se realizou a remoção de boro e arsênio

dos resíduos líquidos gerados durante as pesquisas analíticas. Para a remoção de

arsênio se utilizou a técnica de extração no ponto nuvem, entretanto a remoção de

boro se realizou mediante a precipitação por mineralização hidrotérmica com

hidróxido de cálcio.

Após a otimização dos procedimentos de remoção, as soluções de descarte

laboratoriais foram submetidas a tratamento para a remoção dos respectivos

elementos químicos. Finalmente os resíduos líquidos foram analisados por

espectrometria de emissão ótica com fonte de plasma (ICP OES). A comparação

dos níveis de arsênio e boro entre as soluções tratadas e não tratadas evidenciou

satisfatórias porcentagens de remoção.

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122

Abstract

Waste solution from arsenic speciation analysis in which hydride generation

method with sodium or potassium boron hydride are employed presents high

concentration of boron, mainly as boric acid. As well, these solutions probably

contains some arsenic residues, perhaps due to short time of reactions, disparity on

the reactivity of each specie or high concentration of those species used during

analytical performance processes. In this work, the recovery of arsenic and boron

from laboratories waste solutions after analytical developments is carried out.

Meaning decontamination procedures, cloud point extraction was employed as a

method for recovery of arsenic from these solutions. Also, boron precipitation by

hydrothermal mineralization with calcium hydroxide was carried out.

After optimization of the complexation and extraction conditions, waste

solution was treated by submitting its to this procedure. The amount of arsenic and

boron in treated and non-treated waste solution was analyzed with Inductively

Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry (ICP OES). The comparison of

arsenic and boron levels between both solutions showed satisfactory percentages of

extraction.

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123

6.1 Introdução

O volume de resíduos gerados durante as análises de especiação química

costuma ser muito elevado. Quando empregamos técnicas de separação como a

cromatografia líquida ou a eletroforese capilar, acopladas com detectores como

espectrômetros de massas com fonte de plasma, existe a necessidade de se manter

vazões dos reagentes em torno a 1 ou 2 mL/min, para suprir a demanda dos

nebulizadores empregados na interface destes sistemas acoplados. Se

considerarmos que a eficiência de nebulização para a maioria dos nebulizadores

comumente utilizados encontra-se em torno de 5%, ou seja, apenas 5% do líquido

nebulizado atingirá a fonte de excitação e, conseqüentemente o 95% restante virará

impreterivelmente lixo. Isto é 95 % do arsênio empregado para preparar as soluções

padrão ou presente nas amostras estará sendo descartado como resíduos líquidos.

Por outro lado, quando empregamos derivatizações pós-coluna para geração

de espécies voláteis e, em ocasiões, prévio a este, mais um passo para a

decomposição das espécies não geradoras de hidretos, aumenta-se o número de

reagentes implicados e, por conseguinte a quantidade de resíduos gerados

aumentará ainda mais. Entretanto, por se tratar esta de uma técnica de separação

de fases, na qual as espécies voláteis geradas são separadas da fase líquida e

transportadas para a fonte de excitação, todos os reagentes líquidos envolvidos no

processo da análise constituirão as soluções de descarte. A técnica de geração dos

hidretos voláteis mediante a reação entre o borohidreto de sódio ou potássio em

meio ácido constitui uma das técnicas mais comumente usadas para a produção de

espécies voláteis de arsênio. Embora as espécies orgânicas de arsênio, como

arsenobetaina, arsenocolina, arsenoaçucares e arsenolipideos constituem espécies

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que não formam hidretos voláteis na reação com borohidreto de sódio, estas

espécies são usualmente, após a separação cromatográfica, transformadas em

espécies capazes de formar hidretos mediante reações em linha como oxidação ou

foto-oxidação (HANSEN et al., 1992; LOPEZ et al., 1993; ZHANG et al., 1996a, b;

BURGUERA; BURGUERA, 1997; SLEJKOVEC et al., 2001). Entretanto,

recentemente foi reportada a geração de hidretos de arsênio a partir de

arsenoaçúcares por reação direta com o borohidreto de sódio sem prévio tratamento

de degradação das mesmas (SCHMEISSER et al., 2004; REGMI et al., 2007).

Subseqüentemente, resíduos líquidos derivados de processos analíticos de

especiação, constituídos por várias etapas de derivatização, podem conter resíduos

de arsênio, provavelmente devido a tempos de reação muito pequenos como para

completar a estequiometria total da reação, somados às concentrações elevadas

dos padrões empregadas durante as etapas de otimização da técnica desenvolvida

e, às diferenças na cinética de reação de cada espécie no processo de formação

dos hidretos. Por outro lado, estas soluções devem conter também elevadas

quantidades enxofre, provenientes da utilização do persulfato de potássio (K2S2O8)

empregado nos processos de foto-oxidação das espécies orgânicas de arsênio e,

grandes quantias de boro, geralmente na forma de ácido bórico, proveniente da

volatilização das espécies com borohidreto de sódio. Amplamente distribuído no

meio ambiente, principalmente na forma de ácido bórico ou sais de borato, embora

considerado um elemento essencial, a diferença entre a essencialidade e a

toxicidade deste elemento apresenta-se muito estreita. O excesso de boro

proporciona efeitos negativos à saúde humana, aos animais e aos vegetais, por

exemplo, o limite tolerável de boro para cítrus e alguns cereais de interesse

comercial encontra-se em torno a 2 ou 3 mg/L, por outro lado a União Européia

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125

recomenda um limite tolerável de boro em água potável de 0,3 mg/L (ITAKURA et

al., 2005).

De tal modo, além de processos robustos e eficientes para análise de

especiação, encontramo-nos com a necessidade de implementar ou desenvolver

métodos que nos permitam recuperar, se não a totalidade, pelo menos grande parte

do resíduo gerado no processo todo, seja quando empregamos análise de rotina ou

realizamos pesquisa para desenvolvimento de novas técnicas analíticas.

6.2 Material e Métodos

6.2.1 Reagentes e soluções

Nesta etapa da pesquisa, um tratamento para recuperação de resíduos de

arsênio e boro foi aplicado às soluções de descarte geradas durante a análise de

especiação de arsenito (As3+), arsenato (As5+), ácido monometilarsônio (MMA) e

ácido dimetilarsínico (DMA), por geração de seus hidretos voláteis mediante a

reação com borohidreto de sódio em meio ácido, após a separação eletroforética.

Dentre os ácidos presentes nestas soluções de descarte encontram-se ácido nítrico,

ácido clorídrico e ácido tioglicólico.

Soluções estoque 20% m/v de Dietilditiofosfato de amônia (Aldrich Chemical

Company, Inc. Milwaukee, USA), empregado como complexante e, 5% m/v de

Triton® X-114 (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Germany) empregado como

surfactante.

Solução 5 mol/L de ácido clorídrico (Merck, Darmstadt, Alemanha).

Água purificada em sistema Milli-Q (Millipore, Bedford, MA, USA) com uma

resistividade de 18,2 MΩ cm.

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126

Hidróxido de cálcio (Merck, Darmstadt, Alemanha).

6.2.2 Equipamentos

Para os procedimentos de extração do arsênio pela técnica de extração no

ponto nuvem e de boro por co-precipitação com hidróxido de cálcio, foram

empregados tubos de digestão de 50 ml.

As temperaturas necessárias para os respectivos processos de extração de

arsênio e boro foram atingidas empregado um bloco de digestão da marca Tecnal

com controle de temperatura (Tecnal, Piracicaba-SP, Brasil).

Os teores de boro e arsênio nas soluções de descarte, antes e depois dos

respectivos tratamentos aplicados para recuperação destes elementos foram

determinados mediante um espectrômetro de emissão ótica com fonte de plasma

indutivo (ICP OES), Perkin Elmer, modelo Optima 3000 com vista axial e radial.

6.2.3 Recuperação de arsênio

A recuperação do arsênio presente nas soluções de descarte laboratoriais foi

realizada por aplicação do método de extração por ponto nuvem (CPE: do inglês

Cloud Point Extraction). Devido a sua relativa simplicidade, desde as primeiras

publicações aplicadas na determinação de manganês e zinco (GOTO et al., 1977;

WATANABE; TANAKA, 1978), esta técnica tem se transformado nos últimos anos

num dos principais métodos de pré-concentração e remoção para aplicação em

diversas áreas como ambiental, clínica, geológica e de alimentos dentre outras

(SILVA et al., 2006).

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Os agentes surfactantes (ou tensoativos, também denominados detergentes)

podem formar, em solução aquosa, agregados coloidais denominados micelas. A

concentração mínima do surfactante requerida para a formação destas micelas

denomina-se concentração micelar crítica (CMC) e, neste ponto haverá um equilíbrio

entre a concentração das micelas formadas com os monômeros do surfactante em

solução (QUINA; HINZE, 1999).

A metodologia de extração no ponto nuvem consiste no ajuste de certas

condições do sistema, de forma a atingir a concentração micelar crítica CMC, seja

com modificação da temperatura ou pressão, ou até mesmo a adição de uma

substância apropriada a uma solução aquosa de um surfactante, provocando a

formação de micelas as quais apresentam uma face turba, o que se conhece como

ponto nuvem. Neste ponto a solução original se divide em duas fases, um pequeno

volume rico em surfactante, contendo os elementos de interesse retidos nas

estruturas micelares e, a fase aquosa empobrecida nos analitos separados

(BEZERRA et al., 2005).

Neste trabalho, a extração no ponto nuvem foi empregada para a

descontaminação das soluções de descarte, produzidas durante as pesquisas

analíticas de especiação de arsênio e geração de seus respectivos hidretos

mediante a reação com borohidreto de sódio em meio ácido. Tomaram-se como

base os procedimentos empregados por Da Silva e colaboradores para

determinação de arsênio em água do mar (DA SILVA et al., 2000).

Alíquotas de 40 mL das soluções de rejeito foram colocadas em tubos de

digestão de 50 mL, antes da adição do complexante DDTP procedeu-se à

acidificação da solução para pH 0,5 com HCl. Uma vez acidificadas as soluçõese,

adicionou-se alíquotas de DDTP a fim de atingir concentrações finais de 1,0; 1,5 e

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2,0 % m/v do complexante, com o intuito de determinar as melhores condições para

a maior extração possível do arsênio presente nestas soluções, mantendo-se a

concentração do surfactante adicionado (Triton X-114) em 0,05% m/v. Todos os

tubos foram completados a volume de 50 mL e colocados em bloco de digestão até

atingir uma temperatura de 40°C, mantendo esta durante uma hora. Após este

procedimento os tubos contendo as soluções foram deixados a temperatura

ambiente durante 12 horas, ao termino deste período, os tubos foram introduzidos

em banho de água com gelo com a finalidade de incrementar a densidade dos

precipitados e, facilitar à separação de ambas as fases mediante inversão dos tubos.

Finalmente os precipitados separados (~0,5 mL) para cada uma das

concentrações empregadas do complexante foram digeridos com 0,5 mL de ácido

sulfúrico (H2SO4) concentrado e 0,5 mL de peróxido de hidrogênio (H2O2) 30%. As

soluções digeridas foram analisadas por espectrometria de emissão ótica com fonte

de plasma (ICP OES) para determinação do arsênio extraído.

6.2.4 Recuperação de boro

O ácido bórico é uma importante fonte de boro utilizado na indústria em

inúmeros processos, por tanto são gerados a cada dia altíssimas quantias de

soluções de descarte com elevadas concentrações de boro. Por tanto há uma

necessidade de contar com técnicas de recuperação que possam efetivamente

remover o boro destas soluções. Varias técnicas têm sido propostas para a remoção

do boro em águas residuais industriais, embora muitas delas apresentem algumas

importantes desvantagens. Por exemplo, a co-precipitação com hidróxidos metálicos

aparece como ineficiente e ecologicamente pouco efetiva devido à baixa taxa de

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remoção e necessidade de grandes quantias de hidróxidos. A evaporação-

cristalização apresenta-se efetiva unicamente sob condições de elevadíssimas

concentrações de boro. A extração por solventes requer a utilização de alguns

reagentes muito caros além da maioria deles serem tóxicos. A remoção de boro por

intercambio iônico, embora seja uma das técnicas mais eficientes, requer processos

de regeneração das resinas tão freqüentes que permite o tratamento somente de

pequenos volumes de rejeitos. Outras das técnicas mais empregadas são, a osmose

reversa e a ultra-filtração, embora apresentem elevados custos de manufatura e

manutenção das membranas empregadas (ITAKURA et al., 2005).

Para a recuperação de boro das soluções residuais geradas nesta etapa da

pesquisa, foi empregada a precipitação por mineralização hidrotérmica empregando

hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], descrita por (ITAKURA et al., 2005), estes autores

removeram mais de 99% do boro dissolvido em água, artificialmente preparada em

laboratório a uma concentração de 500 mg/L de boro.

O tratamento hidrotérmico consistiu na adição de 3 gramas de hidróxido de

cálcio, e 1,5 gramas de ácido fosfórico a cada 30 mL da solução de descarte,

posteriormente os recipientes foram aquecidos a 130°C durante 14 horas,

posteriormente foram esfriados a temperatura ambiente durante uma hora. Após

separação os sobrenadantes foram analisados por espectrômetro de emissão ótica

com fonte de plasma ICP OES. Segundo os autores deste trabalho de referência, o

precipitado obtido pelo tratamento hidrotérmico proposto corresponde a um minério

natural de boro.

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6.3 Resultados e Discussão

6.3.1 Extração de arsênio

Como observado na Figura 6.1, o incremento na concentração do

complexante DDTP de 1% para 1,5% não apresentou diferenças significativas na

porcentagem de arsênio retido, entretanto quando uma concentração de 2% do

complexante foi empregada, observou-se um leve decréscimo na quantidade de

arsênio extraído. Como conseqüência destes resultados e, visando à utilização da

menor quantidade possível de reagentes, adotou-se 1% como concentração de

trabalho para o complexante DDTP. Por outro lado, em concordância com resultados

apresentados anteriormente por da Silva e colaboradores (DA SILVA et al., 1998),

empregou-se uma concentração final do surfactante Triton X-114 igual a 0,05% m/v.

0% 1% 1,5% 2%

0

20

40

60

80

100 Precipitado Digerido

78

,11

+/-

0,3

0

79

,79

+/-

0,4

5

79

,92

+/-

0,5

4

Tratamento

10

0,5

7 +

/- 0

,50

%A

s / R

es.P

uro

n=

3

Res.Puro

Figura 6.1 - Percentagens de arsênio extraído das soluções laboratoriais de descarte

mediante extração no ponto nuvem empregando diferentes concentrações

do complexante utilizado.

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131

Como esperado, foi conseguida a complexação do arsênio presente nas

soluções de descarte e sua separação dos outros elementos como sódio ou boro

presentes nas mesmas.

Em torno de 80% do arsênio presente nas soluções de descarte foi

recuperado na fase orgânica precipitada, aproximadamente uns 0,5 mL. Assim o

volume de rejeitos líquidos, ricos em arsênio, produzidos após as pesquisas

analíticas foi reduzido 80 vezes uma vez que a cada 40 mL de resíduo gerado se

obteve em torno de 0,5 mL de precipitado contendo em torno de 80% do arsênio

presente nos resíduos líquidos sem tratamento.

6.3.2 Extração de boro

Os precipitados de boro obtidos pelo método de mineralização hidrotérmica

foram separados da fase líquida, secados e armazenados. Na Figura 6.2 se

apresenta a percentagem de recuperação do boro em função do empobrecimento da

fase líquida após o tratamento hidrotérmico, comparadas com o resíduo original sem

nenhum tipo de tratamento.

Tabela 6.1 - Resultados da % extraída do arsênio presente nas soluções de descarte originais e nos precipitados obtidos após o tratamento pelo método de extração no ponto nuvem. (n=3)

Tratamento Teor de Boro (cps) % Recuperada

Branco 372,57 ± 4,53 0,03

Resíduo Tratado 4,35e5 ± 7,67e3 65,75

Resíduo S/tratamento 1,27e6 ± 9,91e3 100,0

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Foi conseguida uma recuperação de 75% do boro presente nas soluções

residuais geradas no nosso laboratório, estes resultados encontram-se distantes dos

de 99% recuperados de soluções de boro artificiais relatado por Itakura e

colaboradores (2005). No entanto, salienta-se que, com o intuito de evitar perdas de

arsênio por evaporação, as soluções de descarte receberam um primeiro tratamento

para extração do arsênio mediante a complexação com DDTP e extração no ponto

nuvem com Triton X-114. Com isto, a composição das soluções foi modificada pela

presença de resíduos dos reagentes aplicados na primeira etapa da

descontaminação. Por tanto, a menor porcentagem de recuperação do boro aqui

obtido, provavelmente se deva a interferências destes resíduos na formação dos

precipitados.

Embora a remoção do boro presente nas soluções de descarte haja sido

menor do que o esperado, o principal objetivo desta etapa da pesquisa, a remoção

do boro e, a minimização do volume de resíduos após os experimentos analíticos foi

conseguido satisfatoriamente, uma vez que por cada 30 mL de solução tratada

obteve-se um precipitado ocupando um volume final inferior a 4 mL, uma redução de

volume maior do que 7 vezes.

6.4 Conclusões

Majoritariamente utilizadas em química analítica como técnicas de pré-

concentração para determinação de elementos traços, as técnicas de extração de

arsênio no ponto nuvem e precipitação do boro com hidróxido de cálcio podem ser

perfeitamente empregadas para a descontaminação das soluções de descarte

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geradas durante a pesquisa, ricas nestes elementos. Aplicando estes procedimentos

para a minimização dos resíduos perigosos gerados nos laboratórios, além de se

cumprir com as normas internas dos diversos conselhos de ética na pós-graduação,

contribui-se com a química limpa e redução de danos ocasionados ao meio

ambiente.

As fases orgânicas precipitada, ricas em arsênio, derivadas da extração no

ponto nuvem, assim como os precipitados sólidos de boro resultantes da

mineralização hidrotérmica, podem posteriormente ser liofilizadas e armazenadas,

ocupando assim um espaço muito menor do que os grandes volumes de rejeitos

líquidos gerados corriqueiramente.

Por outro lado, consideráveis quantias de arsênio e boro que, normalmente

seriam descartadas, agora podem ser reutilizadas, mediante a regeneração ou

reconstituição dos resíduos secos para preparar soluções padrão. Com isto, além de

contribuir com a minimização de efeitos adversos no meio ambiente, colabora-se

com a redução de gastos desnecessários com reagentes.

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