escal mania

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30 R. Psiquiatr. RS, 26' (1): 30-38, jan./abr. 2004 Recebido em 27/05/2003. Revisado em 15/07/2003. Aprovado em 16/12/2003. INTRODUÇÃO Em 1971, Beigel et al 1 elaboraram a primei- ra escala de avaliação do estado maníaco. Esta escala foi concebida para ser administrada por enfermeiras que observassem pacientes maní- acos em Unidades de Internação psiquiátrica. Desde então, surgiram mais três escalas de avaliação de pacientes maníacos para serem administradas por enfermeiras 2-4 . Surgiram tam- bém cinco escalas para avaliação do estado maníaco para serem administradas por clíni- cos 5-9 e, ainda, uma escala para avaliação con- junta por clínicos e enfermeiras 10 . A maioria destas escalas 3,6-8 é derivada da primeira esca- la elaborada, que foi a Escala de Beigel de Avaliação do Estado Maníaco 1 . A escala de Secunda e colaboradores 10 , por sua vez, é deri- vada de uma combinação de instrumentos já existentes, enquanto que a escala para avalia- ção de mania mais recentemente elaborada, que é a escala de Altman ou CARS-M 9 , é deri- vada do SADS (Schedule for Affective Disor- ders and Schizophrenia) 11 . Como se observa, portanto, o número de escalas de avaliação de mania é relativamente limitado. Por outro lado, sabe-se que a avalia- ção de drogas anti-maníacas requer instrumen- tos adequados para medir tanto a severidade da mania 12 , quanto a eficácia de uma determi- nada medicação. Infelizmente, nem todas as escalas de mania foram testadas em relação a diferentes qualidades psicométricas. Testar tais qualidades é algo necessário para se confirmar se tais instrumentos são efetivamente adequa- dos. Por exemplo, todas as escalas de mania apresentam relatos de confiabilidade aceitá- veis 9 , mas apenas algumas apresentam valida- de concorrente contra escalas de avaliação glo- Desenvolvimento da versão em português da Escala de Avaliação de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR) Trabalho realizado nos Departamentos de Bioquímica e de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. * Médico Psiquiatra do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Mestre em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutorando em Bioquímica (UFRGS). ** Médico, Aluno do Curso de Especialização em Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS, Mestrando em Psiquiatria pela UFRGS *** Médica, Residente do Serviço de Psiquiatria do HCPA. **** Médica, Residente do Serviço de Dermatologia Sanitária da Secretaria da Saúde do estado do Rio Grande do Sul. ***** Professor Titular do Departamento de Bioquímica da UFRGS. ****** Professor Adjunto do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. Flávio Shansis* Marcelo T. Berlim** Betina Mattevi*** Gabriela Maldonado**** Ivan Izquierdo***** Marcelo Fleck****** Artigo original

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  • Desenvolvimento da verso Shansis et alii

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    R. Psiquiatr. RS, 26'(1): 30-38, jan./abr. 2004

    Recebido em 27/05/2003. Revisado em 15/07/2003. Aprovado em 16/12/2003.

    INTRODUOEm 1971, Beigel et al1 elaboraram a primei-

    ra escala de avaliao do estado manaco. Estaescala foi concebida para ser administrada porenfermeiras que observassem pacientes man-acos em Unidades de Internao psiquitrica.Desde ento, surgiram mais trs escalas deavaliao de pacientes manacos para seremadministradas por enfermeiras2-4. Surgiram tam-bm cinco escalas para avaliao do estadomanaco para serem administradas por clni-cos5-9 e, ainda, uma escala para avaliao con-

    junta por clnicos e enfermeiras10. A maioriadestas escalas3,6-8 derivada da primeira esca-la elaborada, que foi a Escala de Beigel deAvaliao do Estado Manaco1. A escala deSecunda e colaboradores10, por sua vez, deri-vada de uma combinao de instrumentos jexistentes, enquanto que a escala para avalia-o de mania mais recentemente elaborada,que a escala de Altman ou CARS-M9, deri-vada do SADS (Schedule for Affective Disor-ders and Schizophrenia)11.

    Como se observa, portanto, o nmero deescalas de avaliao de mania relativamentelimitado. Por outro lado, sabe-se que a avalia-o de drogas anti-manacas requer instrumen-tos adequados para medir tanto a severidadeda mania12, quanto a eficcia de uma determi-nada medicao. Infelizmente, nem todas asescalas de mania foram testadas em relao adiferentes qualidades psicomtricas. Testar taisqualidades algo necessrio para se confirmarse tais instrumentos so efetivamente adequa-dos. Por exemplo, todas as escalas de maniaapresentam relatos de confiabilidade aceit-veis9, mas apenas algumas apresentam valida-de concorrente contra escalas de avaliao glo-

    Desenvolvimento da verso em portugusda Escala de Avaliao de Mania deBech-Rafaelsen (EAM-BR)

    Trabalho realizado nos Departamentos de Bioqumica e de Psiquiatria eMedicina Legal da UFRGS.* Mdico Psiquiatra do Servio de Psiquiatria do Hospital de Clnicas dePorto Alegre (HCPA). Mestre em Bioqumica pela Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS). Doutorando em Bioqumica (UFRGS).** Mdico, Aluno do Curso de Especial izao em Psiquiatria doDepartamento de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS, Mestrando emPsiquiatria pela UFRGS*** Mdica, Residente do Servio de Psiquiatria do HCPA.**** Mdica, Residente do Servio de Dermatologia Sanitria da Secretariada Sade do estado do Rio Grande do Sul.***** Professor Titular do Departamento de Bioqumica da UFRGS.****** Professor Adjunto do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legalda UFRGS.

    Flvio Shansis*Marcelo T. Berlim**Betina Mattevi***Gabriela Maldonado****Ivan Izquierdo*****Marcelo Fleck******

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    bal ou contra outras escalas de mania1,3,6,8,9. Umoutro parmetro, o da validade externa, foi ava-liado em quatro destas escalas5,8-10, a partir demudanas nos seus escores durante tratamen-to. J a validade interna foi avaliada a partir daanlise de correlao em quatro escalas1,6,8,13ou da anlise dos componentes principais emtrs destes instrumentos2,9,14; entretanto, estesprocedimentos de avaliao da validade inter-na so mais sugestivos do que conclusivos15.Desta forma, conclui-se que, alm do nmerolimitado de escalas de avaliao de mania dis-ponveis, muitas delas no foram ainda comple-tamente testadas em relao s suas qualida-des psicomtricas. A maioria apresentalimitaes metodolgicas que restringem suautilidade clnica e diagnstica16, assim comosugerem questionamentos sobre os resultadosdos ensaios clnicos que as utilizam.

    Em pases de lngua portuguesa, como oBrasil, a situao ainda mais problemtica, namedida em que h apenas um instrumento deavaliao de mania validado que a Escala deMania de Young modificada para o portuguspor Vilela e Loureiro17. A escala de Young foicriada em 19788 e , ainda hoje em dia, a maisutilizada em ensaios clnicos que avaliam no-vas drogas anti-manacas. Apesar de ser umaescala bastante fcil de ser usada, esta escalapossui uma srie de limitaes metodolgicas(como por exemplo, a escolha arbitrria de trsitens que recebem pontuao maior do que osoito itens restantes e a pouca valorizao desintomas psicticos). Nosso grupo disponibili-zou, recentemente, a verso em portugus daEscala de Mania de Altman e colaboradorespara ser administrada pelo clnico (EACA-M)18,assim como criamos um Guia para Avaliaodo Estado Manaco (GAEM)19 em portugus, oqual permite serem preenchidas as escalas deYoung, Altman e de Bech-Rafaelsen.

    Com o intuito de disponibilizar mais uminstrumento de avaliao do estado manacoem nosso meio, que seja vlido e confivel, osautores do presente estudo desenvolveram averso em portugus da Bech-Rafaelsen Ma-nia Scale (BRMaS) de Bech e colaboradores7.Esta escala j foi traduzida para o francs20 epara vrias lnguas nrdicas como o dinamar-qus, o finlands, o noruegus e o sueco21. Aescala em portugus chamar-se- Escala paraAvaliao de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR) ou Escala de Mania de Bech-Rafaelsen.Dessa forma, os objetivos desse artigo so: (1)descrever a metodologia de elaborao da ver-so em portugus da EAM-BR, (2) transmitir asimpresses dos profissionais que a utilizaram e

    (3) disponibilizar a escala na ntegra em lnguaportuguesa (Anexo 1).

    MTODOS

    Procedimentos para adaptao da BRMaSpara ser utilizada em nosso meio

    Inicialmente, um grupo formado por 2 psi-quiatras e 3 acadmicos de medicina brasilei-ros traduziu a escala original para o portugus.Em seguida, uma tradutora especializada fez averso dessa escala do portugus para o ingls(back-translation). Essa verso em ingls foi,ento, enviada para o autor da BRMaS (PerBech) para que esse a confrontasse com aescala original em ingls. As discrepncias en-contradas foram discutidas entre o autor e ogrupo brasileiro com trocas de e-mails, a partirdo que foi obtida a traduo definitiva para oportugus. Esse procedimento, abrangendo aum s tempo o conhecimento dos dois idiomase do construto clnico de mania, favoreceu aobteno de uma verso equivalente original,tanto do ponto de vista da estrutura lingsticaquanto do ponto de vista do contedo semnti-co.

    Desenvolvimento da Verso Original emIngls da Escala

    A escala descrita no presente artigo, intitu-lada Bech-Rafaelsen Mania Scale (BRMaS)13,foi desenvolvida para ser aplicada na forma deuma entrevista semi-estruturada breve condu-zida pelo clnico. O objetivo da elaborao porparte de seus autores foi o de inclu-la como umdos plos de avaliao de estados manaco-melanclicos, no qual o plo da melancoliaseria avaliado pela escala de Hamilton paradepresso22. A BRMS investiga a presena ver-sus a ausncia de sintomas manacos, sua se-veridade e sua mudana em resposta ao trata-mento. Ela derivada primariamente dasescalas de mania de Beigel1 e de Petterson5 econtm 11 itens. Cada item pontuado em umaescala de Likert de 5 categorias, onde 0 = nopresente, 1 = bastante leve ou duvidoso, 2 =leve, 3 = moderado, 4 = severo. O ltimo dositens da escala referente a trabalho pontuado na primeira avaliao do paciente enas avaliaes subseqentes de forma diferen-te e, por isso, est representado como doissub-itens distintos. Na construo da escala, ositens foram selecionados pela sua relevnciaterica e prtica para o comportamento mana-co em oposio escala de depresso de Ha-

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    milton7. A BRMaS administrada, em geral, em15 a 30 minutos, e sua pontuao contemplaaspectos relatados pelo paciente e observadospelo entrevistador.

    Propriedades Psicomtricas da EscalaOriginal

    As informaes apresentadas abaixo sooriundas de diversos artigos12,23,24 que, ao longodos ltimos anos, foram avaliando as diferentesqualidades psicomtricas da BRMaS, uma vezque o artigo que a originou7 apenas apresenta-va a confiabilidade inter-avaliadores.

    A) AVALIAO DA CONFIABILIDADE

    Confiabilidade Inter-avaliadores

    A confiabilidade inter-avaliadores foi deter-minada, no artigo original, a partir da pontuaofeita por quatro psiquiatras na avaliao de 38pacientes, com idade entre 25 e 70 anos (24com sintomas depressivos e 14 com sintomasmanacos). Trs destes 14 pacientes manacosforam avaliados em duas ocasies, o que origi-nou, portanto, 17 avaliaes de apresentaesde mania. Cabe ressaltar, ainda, que o nmerode avaliadores variou de paciente para pacien-te e, como afirmam os prprios autores, a m-dia dos escores pontuados foi feita indepen-dentemente do nmero de avaliadores7.Usando, portanto, o total de escores obtidos, aconfiabilidade inter-avaliadores foi de 0,80 peloCoeficiente de Correlao Intraclasse (ICC) que o melhor forma de avaliar este parme-tro25 e de 0,95 pelo coeficiente de Spearman mtodo hoje em dia considerado inadequadopara avaliao da confiabilidade inter-avaliado-res. Em um outro estudo, bem mais recente,publicado em 200124 com 124 pacientes em epi-sdio manaco, a confiabilidade inter-avaliado-res foi avaliada por dois psiquiatras em 30 des-tes pacientes. Usando o coeficiente de Pearson(tambm um mtodo no muito adequado paraeste fim), o resultado foi de 0,92. De qualquerforma e, independentemente do mtodo utiliza-do, parece haver uma excelente concordnciaentre os pontuadores para a grande maioriados itens.

    B) AVALIAO DA VALIDADE

    B.1) Validade de ContedoO contedo da BRMaS, como citado ante-

    riormente, foi baseado nas escalas de mania de

    Beigel1 e de Petterson5. A BRMaS foi desenvol-vida um pouco antes da terceira edio do Ma-nual Diagnstico e Estatstico da AssociaoAmericana de Psiquiatria (DSM-III)26 e da dci-ma edio da Classificao Internacional deDoenas (CID-10)27. Contudo, o universo dositens para mania similar ao DSM-III, DSM-IV28e CID-10. Em outras palavras, a validade decontedo da BRMaS parece ser adequada23.

    B.2) Validade ConcorrenteA validade concorrente foi aferida atravs

    da comparao entre os escores totais da BR-MaS e os da Clinical Global Impression Scale(CGI) em uma amostra de 80 pacientes23. ABRMaS foi comparada CGI, definindo-secomo resposta uma reduo de 50% ou maisnos escores desde a avaliao basal at o tr-mino do estudo de resposta ultra-rpida de 6dias a antipsicticos em quadros de mania. Uti-lizando-se a BRMS, 52,5% dos pacientes obti-veram resposta, enquanto que com a CGI estendice foi de 30%, e esta diferena foi estatisti-camente significativa (p < 0,01). A tabela 1apresenta a estandartizao da BRMaS em ter-mos das categorias apresentadas pela CGI.Desta forma, se observa que a um aumento dosescores na BRMS h um aumento correspon-dente na CGI. Ao escore de incluso da CGI de3 ou mais como apresentando mania, corres-ponde o escore de 15 ou mais pontos na BRMS.

    Tabela 1: Estandartizao da Bech-RafaelsenMania Scale (BRMaS) quando comparada Clinical Global Impression Scale (CGI)*Clinical Global Impression BRMaS (mdia +/- DP)Scale (CGI) (categorias (pontuao na escala)diagnsticas)1. Sem mania 5.2 +/- 1.82. Mania duvidosa 10.0 +/- 5.23. Mania leve 15.3 +/- 7.04. Mania moderada 20.9 +/- 8.05. Mania grave 28.6 +/- 7.06. Mania severa 32.5 +/- 3.5* Adaptada de Bech P et al, 2001.23

    B.3) Consistncia InternaOs testes clssicos para avaliao da con-

    sistncia interna so o Coeficiente a de Cron-bach e a Anlise dos componentes principais29.J os testes menos clssicos como os testesque avaliam o conceito de dimensionalidade

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    so os do Coeficiente de Loevinger de homoge-neidade 30 e a Anlise de Rash15,31. A diferenaentre estes conceitos de que a consistncia a identificao de um item relacionado a umavarivel isolada sem requerer uma estruturahierrquica entre os itens. J a dimensionalida-de requer que os itens relacionados a umavarivel isolada tambm possuam uma estrutu-ra hierrquica ou uma ordem mostrando quealguns itens medem o grau leve da varivel,outros, seu grau moderado e, finalmente, ou-tros medem seu grau severo. Se uma ordemhierrquica entre os itens de uma escala conse-gue ser demonstrada, ento o escore total deum item individual possuir suficiente fora es-tatistica.

    Um Coeficiente a de Cronbach com valoresentre 0,70 e 0,90 considerado adequado. Apartir de trs estudos que avaliaram no seutotal 80 pacientes manacos, sendo 61 mulhe-res e 19 homens, que haviam recebido medica-o antipsictica agudamente (zuclopentixol,haloperidol e clorpromazina), foi calculado o ade Cronbach. Na avaliao basal, este coefici-ente foi de 0,80 e no primeiro dia de medicaofoi de 0,90, resultados considerados satisfatri-os23.

    Em relao ao Coeficiente de Loevinger dehomogeneidade, coeficientes de 30 ou maisso considerados aceitveis. Nos mesmos es-tudos citados anteriormente23, na avaliao ba-sal, ele foi limtrofe (= 0,29), mas no primeirodia de medicao foi de 0,49.

    Em um estudo realizado com 80 pacientesmanacos em uso de ltio ou de anticonvulsi-vantes23, a anlise do componentes principaisevidenciou um fator geral. Este fator explicou36,3% da varincia na avaliao basal e 52,2%no dia 1. Em outro estudo24 envolvendo 124pacientes com mania (40 homens e 84 mulhe-res), a anlise dos componentes principais en-controu trs fatores que explicavam 40,3%davarincia. O primeiro fator e o mais forte podeser chamado de fator de ativao-euforia(29,4%), o segundo refere-se aos itens relacio-nadas hostilidade-destrutividade (6%) e o ter-ceiro representa transtorno de sono (4,9%).

    Na anlise de Rash, uma verso dicotmi-ca dos itens tem sido usada e o nvel de rejei-o utilizado de p 0,01. No estudo j cita-do23, a anlise de Rash aceitou os 11 itens daBRMS para constiturem apenas uma dimensodos estados manacos. Na avaliao de base, op foi de 0,44 na comparao entre baixos esco-res com altos escores, e de 0,17 quando com-parados os pacientes homens com as mulhe-res. Em um outro estudo12, que realizou a

    anlise da estrutura latente desta escala a par-tir do Modelo de Rash, os resultados forambastante semelhantes. Cabe salientar que nes-te outro estudo foram avaliados 100 pacientescom graus de leve a moderado de mania, en-quanto que no outro estudo que avaliava aeficcia dos antipsicticos havia mais pacien-tes includos com mania severa. Portanto, es-tes dois estudos proporcionam o achado psico-mtrico mais robusto da BRMS, qual seja: aanlise de dimensionalidade pelo mtodo deRash demonstrou, tanto em pacientes com ma-nia leve e moderada, quanto nos pacientes commania severa, que esta uma escala unidimen-sional. Em outras palavras, que o escore totalda BRMS possui fora estatstica para medir aseveridade dos estados manacos.

    Importante ressaltar, entretanto, que o tra-balho de Licht e Jensen12 utilizando vrios m-todos para anlise da estrutura latente daBRMS, chegou s seguintes concluses: a) ex-cluiu o item trabalho, pois todos os pacientesestavam internados e, por definio na escala,receberiam pontuaes 3 ou 4; b) o modeloestatstico utilizado permitiu simplificar as cate-gorias de escores. Com isso, as categorias querecebiam pontuao 1 e 2 passaram a ser pon-tuadas como 1 e as categorias que recebiampontuao 3 e 4 passaram a receber o valor 2;c) dos dez itens restantes (sem o item traba-lho), quatro apresentaram parmetros de bai-xa discriminao e, por isso, passaram a rece-ber pontuao apenas de 0 e de 1 (para todosos escores acima de zero). Estes itens foram:humor, auto-estima, sono e interesse sexual.Em funo destes novos escores, por este tra-balho12, a pontuao na BRMS teoricamenteiria variar entre 0 a 16, e no mais 0 a 44 comona verso original. Com isso, Licht e Jensen12denominam a escala, que resultou do seu cui-dadoso trabalho, de BRMaS-M (ou MaS-M), ouBech-Rafaelsen Mania Scale Modified. Apesarda robustez da anlise psicomtrica utilizada,esta verso modificada da escala original notem sido largamente utilizada.

    Impresso dos profissionais queutilizaram a EAM-BR

    A verso em portugus da Escala de Ava-liao de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR)mostrou ser este um intrumento fcil e objetivode ser utilizado. No possui, entretanto, nco-ras explicativas como as existentes na Escalade Altman original9 e na sua verso para o Por-tugus de Shansis e colaboradores18, assimcomo na Escala de Young modificada em portu-

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    gus por Vilela e Loureiro17. Estas ncoras pro-porcionam uma segurana maior ao entrevista-dor, o que no ocorre na grande maioria deescalas existentes em psiquiatria. Estas expli-caes aparecem tanto como definies con-ceituais ao lado do ttulo de cada item, comotambm aparecem na forma de exemplos emcada um dos nveis de severidade. Isto facilitaenormemente a tarefa de pontuao.

    Percebe-se que a EAM-BR um instru-mento com muito bom potencial, de fcil mane-jo e que possibilita uma boa avaliao de umquadro manaco eufrico clssico. Apresenta,entretanto, limitaes para avaliao de qua-dros mais graves (no h itens para alucina-es, por exemplo, nem pontua outros delriosque no os grandiosos), assim como para qua-dros subsindrmicos (como alis, quase todasas escalas de mania). Resultados objetivos dasqualidades psicomtricas da verso em portu-gus da EAM-BR sero objeto de futuras publi-caes.

    DISCUSSOPara a elaborao de EAM-BR, os seus

    itens foram selecionados pela sua relevnciaterica e prtica para o comportamento mana-co em oposio escala de depresso de Ha-milton22. Na realidade, esta uma caractersti-ca interessante do construto conceitual destaescala que tenta abarcar o largo espectro dosestados manaco-melanclicos.

    Por outro lado, chamam a ateno algumaslimitaes importantes nesta escala, em espe-cial no que diz respeito aos ditos sintomas psi-cticos. A EAM-BR no possui nenhum itemque avalie alucinaes sintoma bastante co-mum em quadros de mania grave. Tambm,avalia pobremente alteraes de pensamento.Apenas no item de auto-estima aparecemidias supervalorizadas de grandeza, assimcomo verdadeiros delrios grandiosos; entre-tanto, outros tipos de delrios (persecutrios,por exemplo) no so avaliados. Neste aspectoem particular, chama a ateno que a escala deYoung8 a escala de mania mais utilizada naliteratura tambm apresenta importantes fa-lhas na avaliao destes sintomas to comunsem apresentaes manacas, como os sinto-mas psicticos.

    Em relao confiabilidade inter-avaliado-res, a EAM-BR apresenta uma excelente con-cordncia entre os pontuadores para a grandemaioria dos itens avaliada pelo Coeficiente deCorrelao Intraclasse (ICC), que hoje consi-derado o melhor padro de mensurao desta

    qualidade psicomtrica. Em relao aos estu-dos de validade, a EAM-BR apresenta excelen-tes resultados quando so avaliados a sua con-sistncia interna e validao concorrente.Mostrou-se ser bastante sensvel s mudanasabruptas ocorridas aps o uso de antipsicticosem quadros manacos, e esta variao se deuem paralelo quelas ocorridas na CGI.

    No que diz respeito avaliao da consis-tncia interna, alm do Coeficiente a de Cron-bach e da Anlise dos componentes principaisque geralmente so descritos nos estudos devrios instrumentos em psiquiatria, a escala deBech-Rafaelsen a nica escala de avaliaode mania que apresenta estudos com anlisede dimensionalidade. Na anlise da estruturalatente desta escala a partir do modelo de Rash,por exemplo, demonstrou, tanto em pacientescom mania leve e moderada, quanto nos pa-cientes com mania severa, que uma escalaunidimensional: mede, portanto, a severidadedos estados manacos. No excelente trabalhode Licht e Jensen12, foram utilizados vrios m-todos para anlise da estrutura latente daBRMS. Neste trabalho o item trabalho foi ex-cludo, pois todos os pacientes estavam inter-nados e, por definio na escala, receberiampontuaes 3 ou 4. Alm disso, este modeloestatstico permitiu simplificar as categorias deescores (a escala passou a possuir apenasdois escores). Dos dez itens restantes (sem oitem trabalho), quatro apresentaram parme-tros de baixa discriminao (humor, auto-esti-ma, sono e interesse sexual). A escala queresultou deste cuidadoso trabalho passou a serchamada de BRMaS-M (ou MaS-M), ou Bech-Rafaelsen Mania Scale Modified. A escala mo-dificada que resultou deste estudo possui ro-bustez na anlise psicomtrica util izada,entretanto no tem sido muito utilizada.

    Em relao a sua verso em portugus aEAM-BR , todos os cuidados foram tomadospara que a mesma mantivesse em outra lnguaas suas caractersticas originais, tanto do pontode vista da estrutura lingstica quanto do pon-to de vista do contedo semntico. Para tanto,os autores do presente artigo preocuparam-seem realizar todas as etapas necessrias paraeste fim, a saber: a) painel bilnge de traduoe discusso de todos os itens; b) retrotraduopor pessoa habilitada e com larga experinciaem verses de escalas em nosso meio; c) envioao prprio autor da escala da nova verso emingls originada a partir da sua traduo para oportugus; d) discusso com o autor dos pontospendentes, bem como nova discusso entre osparticipantes do grupo de pesquisadores brasi-

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    leiros at se chegar a um consenso. Com isso,entende-se que a verso que agora est sendodisponibilizada comunidade cientfica de ln-gua portuguesa a mais prxima possvel daescala original.

    CONCLUSESEm nosso meio, alm do desenvolvimento

    pelo nosso grupo da verso em Portugus daEscala Administrada pelo Clnico para Avalia-o de Mania (EACA-M) Escala de Mania deAltman18 , temos apenas a verso j validadaem portugus da escala de Young modificada(EAM-m) por Vilela e Loureiro17. Ainda que estaseja a escala mais amplamente utilizada emensaios clnicos, algumas crticas sobre ela vmgradativamente ocorrendo na comunidade cien-tfica, em especial sobre a sua validade decontedo em relao complexidade das apre-sentaes de uma sndrome manaca e faltade mais trabalhos avaliando as suas proprieda-des psicomtricas. A Escala de Mania de Bech-Rafaelsen possui tambm algumas destas limi-taes conceituais existentes na escala deYoung; entretanto, seus autores e colaborado-res vm publicando trabalhos bastante consis-tentes que avaliam muitas propriedades psico-mtricas7,12,15,21,23,24. Neste sentido, a escala deBech-Rafaelsen vem contribuindo para a comu-nidade cientfica interessada em escalas, poisvem sendo submetida a diferentes estudos edemonstra boas qualidades psicomtricas.

    A sua verso em portugus aqui apresen-tada, denominada de Escala de avaliao demania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR), vem sejuntar escala de Young17 e escala de Altmanpublicada por nosso grupo18, para tambm ficardisponvel comunidade cientfica de lnguaportuguesa. A EAM-BR possui uma verso bemcuidada e contou com a anuncia do prprioautor da escala original. Desta forma, os auto-res do presente trabalho disponibilizam umanova escala de mania em portugus que apre-senta robustez nas suas qualidades psicomtri-cas e aguardam para que a mesma possa sertestada em nosso meio. Alm disso, esperamque a mesma possa melhor guiar a prtica di-ria dos psiquiatras de lngua portuguesa nomanejo de pacientes manacos.

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    RESUMO

    No presente artigo, apresentado o desenvolvi-mento da verso em portugus da Bech-RafaelsenMania Rating Scale (BRMaS) de Bech e colaborado-res intitulada: Escala de Avaliao de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR). A EAM-BR foi desenvolvidapara ser aplicada na forma de uma entrevista semi-estruturada breve conduzida pelo clnico. Ela investi-ga a presena versus a ausncia de sintomas mana-cos, sua severidade e sua mudana em resposta aotratamento. So descritas as qualidades psicomtri-cas da escala original. Com este artigo, a comunida-de cientfica passa a dispor em portugus de mais umimportante instrumento para avaliao do estadomanaco.

    Descritores: Escalas de avaliao, mania, transtornode humor bipolar.

    ABSTRACT

    In this article the authors present the develop-ment of the Portuguese-language version of a scaleintended to evaluate the manic state: Bech-Rafael-sen Mania Rating Scale (BRMaS). The BRMaS wascreated in order to assist the clinician to evaluate amanic patient in a semi-structured interview. Thisarticle provides the scientific community with an im-portant instrument to rate manic presentations in nati-ve speakers of Portuguese.

    Keywords: Bipolar Disorder. Mania. Semi-StructuredInterview.

    Title: Development of the Portuguese Version of theBech-Rafaelsen Mania Rating Scale (BRMaS)

    RESUMEN

    En este artculo se presenta el desarrollo de laversin en portugus de la Bech-Rafaelsen ManiaRating Scale (BRMaS) de Bech y colaboradores titu-lada: Escala de la Evaluacin de Mana de Bech-Rafaelsen (EAM-BR). La EAM-BR fue desarrolladapara ser aplicada en la forma de entrevista semi-estructurada breve conduzida por el clnico. Ellainvestiga la presencia versus la ausencia de snto-mas manacos, su severidad y su mudanza en respu-esta al tratamiento. Son descriptas las cualidadespsicomtricas de la escala original. Con este artculola comunidad cientfica dispone, en portugus, de unimportante instrumento a ms para la evaluacin delestado manaco.

    Palabras-clave: Escalas de evaluacin, mana, tras-torno de humor bipolar.

    Ttulo: Desarrollo de la versin en Portugus de laEscala de Evaluacin de la Mana de Bech-Rafaelsen(EAM-BR)

    Endereo para correspondncia:Flvio ShansisAv. Taquara, 586/60690460-210 Porto Alegre RSE-mail: [email protected]

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    ANEXO 1: Escala de Avaliao de Mania de Bech-Rafaelsen (EAM-BR)(Bech P, Rafaelsen O, Kramp P, Bolwig T, 1978)Verso em portugus: Shansis F, Berlim M, Mattevi B, Maldonado G,Izquierdo I, Fleck M, 2003

    Lista de Definies

    1. Atividade (motora)0: Atividade motora normal, expresso facial adequada.1: Atividade motora levemente aumentada, expresso facial vvida (animada).2: Atividade motora um tanto excessiva, gestos vvidos (animados).3: Atividade motora francamente excessiva, movimentando-se a maior parte do tempo. Levanta-

    se uma ou vrias vezes durante a entrevista.4: Constantemente ativo, inquieto e com muita energia. Mesmo se solicitado, o paciente no

    consegue sentar sossegado.

    2. Atividade (verbal)0: Atividade verbal normal.1: Um tanto falante.2: Muito falante, sem intervalos espontneos na conversao.3: Difcil de interromper.4: Impossvel de interromper, domina completamente a conversao.

    3. Fuga de idias0: Discurso coeso, sem fuga de idias.1: Descries vvidas (animadas), explicaes e elaboraes sem perder a conexo com o

    tpico da conversao. O discurso ainda coeso.2: Repetidamente, difcil para o paciente permanecer no tema, uma vez que o paciente

    distrado por associaes ao acaso (freqentemente faz rimas, sons, trocadilhos, partes deversos ou msica).

    3: A linha de pensamento regularmente interrompida por associaes dispersivas.4: difcil a impossvel seguir a linha de pensamento do paciente, uma vez que o paciente

    constantemente pula de um assunto para outro.

    4. Voz/Nvel de rudo0: Volume de voz normal.1: Fala alto sem ser barulhento.2: Voz discernvel distncia, um tanto barulhenta.3: Vociferante, voz discernvel longa distncia, barulhento, cantando.4: Gritando, berrando, ou usando outras formas de barulho devido rouquido.

    5. Hostilidade/destrutividade0: Sem sinais de impacincia ou hostilidade.1: Um tanto impaciente ou irritvel, mas o controle est mantido.2: Marcadamente impaciente ou irritvel. Provocao mal tolerada.3: Provocativo, faz ameaas, mas pode ser acalmado.4: Violncia fsica manifesta. Fisicamente destrutivo.

    6. Humor (sentimentos de bem-estar)0: Humor neutro.1: Humor levemente elevado, otimista, mas ainda adaptado situao.2: Humor moderadamente elevado, gracejando, rindo.3: Humor marcadamente elevado, exuberante tanto nas atitudes quanto no discurso.4: Humor extremamente elevado, completamente inadequado situao.

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    7. Auto-estima0: Auto-estima normal.1: Auto-estima levemente aumentada, vangloriando-se um pouco.2: Auto-estima moderadamente aumentada, vangloriando-se. Uso freqente de superlativos.3: Gabando-se, idias irreais.4: Idias grandiosas; impossvel de ser corrigido.

    8. Contato0: Contato normal.1: Levemente intrometido, metendo o bedelho.2: Moderadamente intrometido e argumentador.3: Dominador, manipulador, diretivo, mas ainda dentro do contexto.4: Extremamente dominante e manipulador, fora do contexto.

    9. Sono (mdia das ltimas 3 noites)0: Durao habitual do sono.1: Durao do sono reduzida em 25%.2: Durao do sono reduzida em 50%.3: Durao do sono reduzida em 75%.4: Ausncia de sono.

    10. Interesse sexual0: Interesse e atividades sexuais habituais.1: Leve aumento do interesse e das atividades sexuais.2: Moderado aumento do interesse e das atividades sexuais.3: Marcado aumento do interesse e das atividades sexuais, como demostrado pelas atitudes e

    discurso.4: Completamente e inadequadamente absorto na sexualidade.

    11. TrabalhoA. Na primeira avaliao do paciente0: Atividade de trabalho normal.1: Atividade levemente aumentada, mas a qualidade do trabalho est levemente reduzida, uma

    vez que a motivao est mudando; o paciente est relativamente suscetvel a distraes.2: Atividade aumentada, mas motivao claramente flutuante. O paciente tem dificuldades em

    julgar a qualidade de seu prprio trabalho e a qualidade est de fato diminuda. Freqente-mente discute no trabalho.

    3: Capacidade para trabalho claramente reduzida e de tempos em tempos o paciente perde ocontrole. Tem que parar de trabalhar e ser afastado. Se o paciente hospitalizado, ele podeparticipar alguma horas por dia das atividades da enfermaria.

    4: O paciente est (ou deveria estar) hospitalizado e incapaz de participar de atividades deenfermaria.

    B. Em avaliaes semanais0: a) O paciente retomou o trabalho no seu nvel de atividade normal.

    b) Quando o paciente no ter nenhum problema em retomar o trabalho normal.1: a) O paciente est trabalhando, mas o esforo est um pouco reduzido devido a ter mudado a

    sua motivao.b) duvidoso se o paciente pode retomar o trabalho normal em escala completa, devido tendncia distrao e mudana de motivao.

    2: a) O paciente est trabalhando, mas a um nvel claramente reduzido, por exemplo, devido aepisdios de no-comparecimento.b) O paciente ainda est hospitalizado ou em dispensa. Ele s est hbil a retomar o trabalhose precaues especiais forem tomadas: superviso prxima e/ou reduo do tempo.

    3: O paciente ainda est hospitalizado ou afastado e incapaz de retomar o trabalho. Nohospital, ele participa algumas horas por dia nas atividades da enfermaria.

    4: O paciente ainda est hospitalizado e, em geral, incapaz de participar das atividades daenfermaria.