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* Trabalho realizado na University of Miami Miller School of Medicine - Miami (USA). Conflito de interesse declarado: Nenhum. 1 Chief Resident of Pediatric Dermatology - University of Miami Miller School of Medicine - Miami (USA). 2 Professor – Departments of Dermatology and Cutaneous Surgery and Pediatrics. Director – Division of Pediatric Dermatology - University of Miami Miller School of Medicine - Miami (USA). ©2006 by Anais Brasileiros de Dermatologia Erupções vesicopustulosas benignas no neonato * Benign vesicopustular eruptions in the neonate * Tami de Araújo 1 Lawrence Schachner 2 An Bras Dermatol. 2006;(4):359-66. Artigo de Revisão Resumo: As erupções vesicopustulosas neonatais compreendem um grupo de desordens que surgem nas primeiras quatro semanas de vida. Apresentam extensa relação de diagnósticos diferenciais e, na maioria das vezes, podem ser identificadas clinicamente ou mediante recur- sos laboratoriais simples. Os dermatologistas devem reconhecer esses quadros cutâneos e, sobretudo, saber diferenciá-los de outras dermatoses graves e potencialmente fatais. Palavras-chave: Acne; Candidíase; Escabiose; Herpes simples; Impetigo; Literatura de revisão; Melanose; Recém-nascido Abstract: Neonatal vesicopustular eruption comprise a group of disorders with onset in the first four weeks of life. These conditions present multiple differential diagnoses and can be usually identified by clinical examination or simple laboratory procedures. Dermatologists should be able to recognize these eruptions, and most importantly, to differenciate them from serious and life-threatening dermatoses. Keywords: Acne; Candidiasis; Herpes simplex; Impetigo; Literature review; Melanosis; Newborns; Scabies 359 INTRODUÇÃO As erupções vésicopustulosas são comuns no período neonatal, definido como as primeiras quatro semanas de vida. Apesar de haver vários diagnósticos diferenciais (Quadro 1), métodos simples podem aju- dar a diferenciá-los, e mais importante, a distinguir as erupções pustulosas benignas e transitórias das erupções pustulosas quadros graves e potencial- mente fatais. A avaliação inicial do recém-nascido que apre- senta erupção pustulosa deve incluir uma anamnese cuidadosa, com ênfase nas complicações durante a gestação, história familiar de doenças cutâneas, tipo de parto e idade gestacional, e presença ou ausência de sintomas sistêmicos ou anomalias. Várias sín- dromes podem apresentar erupções vésicopustu- losas durante o período neonatal, como acroder- matite enteropática, histiocitose das células de Langerhans, incontinência pigmentar, síndrome da hiperimunoglobulina E, e hipoplasia dérmica focal. Portanto o envolvimento de vários sistemas deve levar o clinico a investigar os aspectos característicos de cada síndrome para um diagnóstico preciso, trata- mento, e orientação e aconselhamento aos pais. Uma descrição completa dessas síndromes e de doenças vésico-bolhosas primárias no neonato que podem ser potencialmente graves, como epider- mólise bolhosa, pênfigo vulgar, herpes gestacional, acrodermatite enteropática e urticária pigmentosa podem ser encontrada em fontes abrangentes como Schachner e Hansen. 1 Após realizar uma anamnese cuidadosa e um exame físico completo, pode-se solicitar exames com- plemetares de rotina na prática dermatológica, como o teste de Tzanck, coloração de Gram, exame direto com KOH e biópsia de pele, quando relevantes para estabelecer o diagnóstico. A discussão abaixo irá fornecer informações sobre dados da amamnese, do exame físico e laboratorial para ajudar a distinguir as

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* Trabalho realizado na University of Miami Miller School of Medicine - Miami (USA).Conflito de interesse declarado: Nenhum.

1 Chief Resident of Pediatric Dermatology - University of Miami Miller School of Medicine - Miami (USA).2 Professor – Departments of Dermatology and Cutaneous Surgery and Pediatrics. Director – Division of Pediatric Dermatology - University of Miami Miller School of Medicine -

Miami (USA).

©2006 by Anais Brasileiros de Dermatologia

Erupções vesicopustulosas benignas no neonato*

Benign vesicopustular eruptions in the neonate*

Tami de Araújo1 Lawrence Schachner2

An Bras Dermatol. 2006;(4):359-66.

Artigo de Revisão

Resumo: As erupções vesicopustulosas neonatais compreendem um grupo de desordens quesurgem nas primeiras quatro semanas de vida. Apresentam extensa relação de diagnósticosdiferenciais e, na maioria das vezes, podem ser identificadas clinicamente ou mediante recur-sos laboratoriais simples. Os dermatologistas devem reconhecer esses quadros cutâneos e,sobretudo, saber diferenciá-los de outras dermatoses graves e potencialmente fatais. Palavras-chave: Acne; Candidíase; Escabiose; Herpes simples; Impetigo; Literatura de revisão;Melanose; Recém-nascido

Abstract: Neonatal vesicopustular eruption comprise a group of disorders with onset in thefirst four weeks of life. These conditions present multiple differential diagnoses and can beusually identified by clinical examination or simple laboratory procedures. Dermatologistsshould be able to recognize these eruptions, and most importantly, to differenciate themfrom serious and life-threatening dermatoses. Keywords: Acne; Candidiasis; Herpes simplex; Impetigo; Literature review; Melanosis;Newborns; Scabies

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INTRODUÇÃOAs erupções vésicopustulosas são comuns no

período neonatal, definido como as primeiras quatrosemanas de vida. Apesar de haver vários diagnósticosdiferenciais (Quadro 1), métodos simples podem aju-dar a diferenciá-los, e mais importante, a distinguir aserupções pustulosas benignas e transitórias daserupções pustulosas quadros graves e potencial-mente fatais.

A avaliação inicial do recém-nascido que apre-senta erupção pustulosa deve incluir uma anamnesecuidadosa, com ênfase nas complicações durante agestação, história familiar de doenças cutâneas, tipode parto e idade gestacional, e presença ou ausênciade sintomas sistêmicos ou anomalias. Várias sín-dromes podem apresentar erupções vésicopustu-losas durante o período neonatal, como acroder-matite enteropática, histiocitose das células deLangerhans, incontinência pigmentar, síndrome dahiperimunoglobulina E, e hipoplasia dérmica focal.

Portanto o envolvimento de vários sistemas develevar o clinico a investigar os aspectos característicosde cada síndrome para um diagnóstico preciso, trata-mento, e orientação e aconselhamento aos pais.

Uma descrição completa dessas síndromes ede doenças vésico-bolhosas primárias no neonatoque podem ser potencialmente graves, como epider-mólise bolhosa, pênfigo vulgar, herpes gestacional,acrodermatite enteropática e urticária pigmentosapodem ser encontrada em fontes abrangentes comoSchachner e Hansen.1

Após realizar uma anamnese cuidadosa e umexame físico completo, pode-se solicitar exames com-plemetares de rotina na prática dermatológica, comoo teste de Tzanck, coloração de Gram, exame diretocom KOH e biópsia de pele, quando relevantes paraestabelecer o diagnóstico. A discussão abaixo iráfornecer informações sobre dados da amamnese, doexame físico e laboratorial para ajudar a distinguir as

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FIGURA 1: Eritema tóxico neonatal

doenças benignas transitórias e as infecções leves dosquadros infecciosos graves que podem ocorrerdurante o período neonatal.

I. ERUPÇÕES NEONATAIS PUSTULOSAS NÃOINFECCIOSAS1. Eritema tóxico neonatal

O eritema tóxico foi descrito originalmente porBartholomaeus Melinger, em 1472, e recebeu o nomede eritema tóxico neonatal (ETN) por Leiner, em1912.2 O ETN é uma doença benigna, auto-limitada aoperíodo neonatal, bastante comum em recém-nasci-dos a termo, mas rara em prematuros ou com peso denascimento inferior a 2500g. É observada em aproxi-madamente um terço de todos recém-nascidos atermo.3 Não há preferência por raça e acomete meni-nos e meninas igualmente. Em estudo publicadorecentemente, vários fatores predisponentes ao ETNforam identificados, como sexo feminino, parto atermo, recém-nascido de primigesta, estação do anoao nascimento (verão e outono), e parto vaginal.4

Não há preferência por raça e acomete meninos emeninas igualmente. Em estudo publicado recente-mente, vários fatores predisponentes ao ETN foramidentificados, como sexo feminino, parto a termo,recém-nascido de primigesta, estação do ano ao nasci-mento (verão e outono), e parto vaginal.5 Como a ETNé uma dermatose de curta duração, os dados deprevalência diferem de acordo com a o tempo de vidado neonato no momento do exame.6-10 As áreas mais afe-tadas são face, tronco, braços e nádegas, e é raro oenvolvimento das regiões palmar e plantar. As lesõespodem durar vários dias e raramente persistem porvárias semanas. A extensão das áreas maculares e pápu-las vermelhas varia de poucos milímetros a vários cen-tímetros com sobreposição de pápulas e pústulas em 1a 2 mm. Pode haver poucas lesões, mas geralmenteaparecem em grande quantidade e muitas vezesevoluem com formação de períodos intermitentes deatividade e desaparecimento, com a resolução espon-tânea das lesões individuais no intervalo de horas a dias.Existem relatos de casos de recidiva de ETN, e de outrosapenas com lesões focais.5,11,12 A etiologia do eritema tóx-ico neonatal é desconhecida. As causas não compro-vadas incluem diátese atípica, sensibilidade imediata aalérgenos ou resposta a estímulos térmicos, mecânicosou químicos.13,14 Alguns autores sugerem que o ETN sejauma reação cutânea aguda semelhante à da doença enx-erto contra hospedeiro, desencadeada pelos linfócitosmaternos transferidos imediatamente após o parto.5,15

O diagnóstico é clinico e o teste de Tzanck (col-oração de Giemsa ou Wright) do conteúdo da lesão rev-ela numerosos eosinófilos e confirma a suspeita clínica.Os achados laboratoriais podem incluir eosinofilia deaté 18% em até 15% dos casos.11 O exame direto comKOH e cultura bacteriana são negativos. A biópsia depele é normalmente desnecessária; quando realizada,mostra pústulas intrafoliculares subcórneas, com acú-

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QUADRO 1: Diagnóstico diferencial

Não-infecciosas: benignasAcropustulose infantilFoliculite pustulosa eosinofílicaEritema tóxicoMiliáriaMelanose pustulosa transitória neonatal

Não-infecciosas: potencialmente gravesAcrodermatite enteropáticaEpidermólise bolhosaHiperqueratose epidermolítica Incontinência pigmentarHistiocitose das células de LangerhansUrticária pigmentosaHerpes gestacional-neonatalPênfigo vulgar-neonatal

Infecciosas: geralmente levesCandidíase neonatalImpetigo neonatalEscabiose

Infecciosas: gravesInfecções bacterianas (Chlamydia, Escherichia coli, Hemophilus influenza, Klebsiella pneumoniae, Listeria Monocytogenes, Pseudomonas aeruginosa, Staphilococcus aureus, Streptococcus, estreptococo beta hemolítico do grupo A)Sífilis Candidíase congênitaSíndrome da pele escaldada estafilocócicaInfecções virais (citomegalovírus, herpes, varicela)

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mulo denso de eosinófilos; por isso não existem lesõespalmo-plantares. As lesões maculares mostram infiltra-do eosinofílico perivascular na derme superior.

O diagnóstico diferencial deve incluir melanosepustulosa transitória neonatal, candidíase congênita,miliária, infecções bacterianas, infecção por herpes sim-ples, escabiose, foliculite pustulosa eosinofílica e acro-pustulose infantil. O eritema e o aparecimento dos sin-tomas com um a três dias de vida pode distinguir oeritema tóxico da melanose pustulosa transitória neona-tal, embora ambas doenças sejam comuns e possamocorrer simultaneamente. As infecções bacterianas sãogeralmente causadas por Staphylococcus aureus, masinfecções neonatais ocasionais por Streptococcus dogrupo B, Pseudomonas aeruginosa, Listeria monocyto-genes, Hemophylus influenzae e Klebsiella pnemoniaepodem ocorrer com pústulas. A coloração por Grammostra a presença de microorganismos e o teste deTzanck de todos os quadros acima apresenta revelar pre-dominância de neutrófilos. A melanose pustulosa tran-sitória neonatal também apresenta predominância deneutrófilos. O diagnóstico diferencial para candidíasepode ser feito baseado em um resultado positivo nasolução de hidróxido de potássio. A miliária pode serexcluída com base na sua localização extrafolicular edevido à presença de linfócitos na coloração de Wright.

O eritema tóxico é uma doença auto-limitada enão requer nenhum tratamento além de tranqüilizaros pais.

2. Melanose pustulosa transitória neonatalA melanose pustulosa transitória neonatal

(MPTN) foi descrita pela primeira vez porRamamurthy em 1976. A incidência varia de 0,16 a15% e a doença é mais comum em recém-nascidosnegros.16,17 No Brasil, estima-se que a MPTN ocorra em9,57% dos neonatos.10 É uma doença benigna de

recém-nascidos a termo, caracterizada pela presençaao nascimento de pústulas ou vesículas sem eritemacircundante (Figura 2). Essas vésicopustulas rompemcom facilidade, com subseqüente formação de mácu-las pigmentadas que são circundadas de forma carac-terística por um colarete de escamas. Essas máculaspodem persistir por meses mas geralmente desapare-cem espontaneamente dentro de 3 a 4 semanas. Asáreas mais afetadas são fronte, parte posterior dasorelhas, queixo, pescoço, parte superior do tórax,costas, nádegas, abdômen e coxas, mas todas as áreaspodem ser acometidas, inclusive as regiões palmar eplantar. Formas puramente maculares podem indicarerupção vésico-pustulosa intrauterina.1 A etiologia daMPTN é desconhecida. A influência genética pareceimprovável, pois foi relatado apenas um caso dadoença em gêmeos idênticos.18

A coloração de Wright ou Giemsa do conteúdoda pústula mostra neutrófilos e eventuais eosinófilos.Não são observados organismos e as culturas bacteri-anas e virais são negativas.19 A biopsia de pele mostrapústulas intracórneas ou subcórneas. O diagnósticodiferencial é o mesmo usado para eritema tóxiconeonatal. Nenhum tratamento é necessário.

3. Acropustulose infantilA acropustulose infantil é uma doença benigna

crônica ou recorrente, com vesículas e pústulas muitopruriginosas nos pés e nas mãos (Figura 3). Foi descritapela primeira vez em 1979, por Kahn e Rywlin e porJarret e Ramsdell. Sua etiologia é desconhecida, e afetaprincipalmente meninos negros.20 A doença pode iniciardurante o período neonatal e continuar durante oprimeiro ano de vida e infância. Os lactentes e criançasgeralmente apresentam prurido grave, distúrbios desono, irritabilidade e perda de apetite. As manifestaçõesclínicas limitam-se à pele, e os recém-nascidos são

FIGURA 2: Dermatose pustulosa neonatal transitória FIGURA 3: Acropustulose infantil

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saudáveis. As lesões cutâneas consistem em vésicopustu-las sem eritema circundante, e acometem de forma car-acterística as regiões palmar e plantar, dorso das mãos epés, laterais dos dedos dos pés e das mãos. Grupos delesões podem aparecer em ciclos de dois a quarto sem-anas, e lesões individuais duram de três a sete dias. Osprimeiros episódios apresentam maior número delesões, diminuindo nos episódios subseqüentes até a res-olução permanente aos 2 a 3 anos de idade.

A etiologia ainda é desconhecida, e algumas teo-rias sugerem um padrão de reação em indivíduos pre-dispostos à infecção ou infestação. Uma história pre-gressa de escabiose antes do diagnóstico de acropustu-lose infantil é freqüente mas raramente documentada.

Os resultados dos estudos laboratoriais sãogeralmente normais, mas já foram relatados casos deeosinofilia periférica.1,20

O teste de Tzanck ou a coloração de Gram doconteúdo da pústula revela numerosos neutrófilos,alguns eosinófilos e nenhuma bactéria. A biópsia depele mostra pústulas intradérmicas ou subcórneascom neutrófilos ou eosinófilos. Também podem serencontradas vesiculação focal e degeneração de quer-atinócitos com necrose celular.

O principal diagnóstico diferencial é escabiose esão necessárias muitos raspados de pele para descartaruma infestação ativa. Um exame cuidadoso depacientes com histórico de escabiose tem falhado demodo significativo em realmente confirmar infes-tação.21 Os esfregaços para coloração de Gram eWright, e soluções com hidróxido de potássio (KOH)devem ajudar a eliminar candidíase, impetigo, varicela,e infecções por herpes simples. Pode confundir comeritema tóxico e melanose pustulosa transitória neona-tal, mas ambas são doenças assintomáticas e tran-sitórias, o que torna a diferenciação mais fácil.

A acropustulose infantil irá desaparecer espon-taneamente em um ou dois anos. O tratamento comcorticosteróides tópicos potentes é geralmente eficazno controle de surtos. Os anti-histamínicos oraispodem aliviar o prurido em lactentes mais velhos,mas são contra-indicados em neonatos devido aoefeito colateral indesejado de sedação. Em casosgraves, o uso de dapsona na dose de 1 a 2mg/kg/diapode ser eficaz; no entanto este tratamento deve serreservado para casos graves que não respondem acorticosteróides tópicos potentes. Os níveis iniciaisde glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) e o moni-toramento rigoroso do hemograma completo e dasplaquetas são adequados, assim como a avaliaçãoclínica para metahemoglobinemia, febre, icterícia,palidez ou púrpura.

4. Acne NeonatalA acne neonatal, ou pustulose cefálica neona-

tal, foi descrita como surgindo nas primeiras semanasde vida e manifestando-se como múltiplas pápulas,comedões ou pústulas eritematosas inflamatórias nonariz, fronte e bochechas.22 Embora a etiologia nãoesteja claramente definida, a acne neonatal pareceresultar do estímulo de glândulas sebáceas porandrógenos maternos e do recém-nascido. Algunsrelatos recentes sugerem o envolvimento deMalassezia spp na etiopatogênese da doença.23-25 Aslesões desaparecem espontaneamente dentro de uma três meses, à medida que as glândulas sebáceasregridem, e não há formação de cicatriz. A acne quesurge aos 18 meses é muito mais preocupante do queaquela que surge aos 18 dias de vida, com relação àspatologias no eixo adrenal-hipófise-gonadal. A maior-ia dos casos de acne neonatal não requer tratamento.A loção de peróxido de benzoíla a 2,5% ou umasolução de eritromicina a 2% são alternativas seguras.

5. MiliáriaMiliária é um termo usado para descrever

obstruções dos ductos écrinos que resultam em rupturados ductos e bloqueio da sudorese normal na pele. Onível de obstrução determina as manifestações clínicas.Pode ser encontrada em até 15% dos neonatos, e ocorremais comumente em climas mais quentes, em berçáriossem ar-condicionado, e em lactentes febrís.

A miliária cristalina (miliaria alba) é o tipo maiscomum de miliária e manifesta-se por minúsculasvesículas não inflamatórias vesículas sem eritema cir-cunjacente. Essas lesões são assintomáticas, superfici-ais e podem ter a aparência de gotas de orvalho sobrea pele. Os locais mais afetados são a fronte e partesuperior do tronco. A miliária cristalina representa aruptura dos ductos écrinos na camada córnea.

A miliária rubra (brotoeja) é causada pelaobstrução intra-epidérmica dos ductos sudoríparoscom escape de suor dentro do duto e resposta infla-matória secundária local. As lesões são pápulas,vesículas ou pústulas eritematosas, não-folicularesmedindo de um a três milímetros. Afeta principal-mente a face, o pescoço e o tronco. A miliária rubraocorre mais tarde que a miliária cristalina, geralmenteapós a segunda semana de vida. Às vezes pode evoluirpara lesões pustulosas (miliária profunda), mais pre-dominantes no tronco e nas extremidades, e reflete aoclusão dos ductos écrinos na junção dermo-epidér-mica. A miliária profunda é rara em recém-nascidos.

O diagnóstico de miliária é feito pela obser-vação clínica. A causa precisa é desconhecida. Algunsdefendem que o envolvimento da substância polis-sacarídea extracelular produzida por certas cepas deStaphylococcus epidermidis na obstrução dos ductossudoríparos e a oclusão dos poros por edema epidér-mico celular podem ser os eventos iniciais.

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O uso de emolientes muito espessos pode resul-tar em um quadro de miliária profunda em lactentes,especialmente naqueles com dermatite atópica.

6. Foliculite pustulosas eosinofílicaA foliculite pustulosas eosinofílica (ou pustu-

lose eosinofílica) foi descrita pela primeira vez emadultos, por Ofugi e cols.,e, em lactentes, por Lucky ecols. em 1984.26 Pode surgir desde o nascimento oudurante os primeiros dias de vida com pústulasamareladas predominantemente no couro cabeludo ena face, mas também no tronco e nas extremidades.As pústulas geralmente formam crostas dois a trêsdias após o surgimento e podem recidivar em gru-pos.27 O curso da doença com períodos de atividade edesaparecimento pode durar vários anos. Prurido eirritabilidade são comuns em lactentes mais jovens.

O teste de Tzanck ou a coloração de Gram doconteúdo das pústulas mostram numerosos eosinófi-los. Alguns pacientes apresentam eosinofilia e leucoc-itose nos hemogramas obtidos durante o surto. Asamostras da biópsia das pústulas mostram eosinófilose espongiose eosinofílica na epiderme, com densoinfiltrado dérmico perifolicular de eosinófilos, his-tiócitos, e linfócitos. Culturas para bactérias, fungos evírus são todas negativas.28

A etiologia é desconhecida. Foi sugerido quepode representar uma forma mais persistente deeritema tóxico neonatal, com base em semelhançashistopatológicas. O diagnóstico diferencial inclui pio-dermite do couro cabeludo, eritema tóxico, melanosepustulosa transitória neonatal, acropustulose infantil,foliculite bacteriana ou fúngica, escabiose, candidíase,e histiocitose das células de Langerhans. A apresen-tação clínica, localização e histologia dessas lesões per-mitem a diferenciação com todas essas enfermidades.

A ocorrência de foliculite pustulosa eosinofílicapersistente, generalizada, não remitente foi observa-da em lactentes com AIDS grave e é considerado ummarcador de pior prognóstico.

O tratamento é moderadamente bem sucedidocom o uso de corticosteóides tópicos de baixa emédia potência e/ou antibióticos. Os anti-histamíni-cos podem ajudar a controlar o prurido. Outros trata-mentos que podem ser úteis incluem dapsona, cime-tidina oral e prednisona sistêmica.

II. ERUPÇÕES PUSTULOSAS INFECCIOSASNEONATAISII.a. Infecções bacterianas

1. Impetigo bolhosoO impetigo bolhoso é caracterizado por vesícu-

las, pústulas ou bolhas flácidas em bases eritematosasque rompem com facilidade deixando uma fina faixade descamação na margem de uma erosão úmida.

Pode surgir logo no segundo ou terceiro dia de vida.Essas lesões apresentam rápida re-epitelização e nãodeixam cicatrizes. A região das fraldas e as pregas dapele são locais comumente envolvidos.

Determinadas cepas de Staphylococcus aureus(fagos do grupo II, fagotipos 3A, 3C, 55 ou 71) têm acapacidade de produzir uma exotoxina exfoliativaque causa o impetigo bolhoso. Quando as toxinasentram na circulação sistêmica, existe potencial parao envolvimento generalizado da pele, tambémchamado de síndrome da pele escaldada estafilocóci-ca.29 As lesões desta síndrome apresentam coloraçãode Gram negativa, mas em geral as culturas bacteri-anas são positivas.

O diagnóstico de impetigo é facilmente obtidocom a coloração de Gram de uma pústula, que revelaneutrófilos e aglomerados de cocos Gram- positivos.As culturas bacterianas confirmam o diagnóstico.

As infecções localizadas podem ser tratadascom um antibiótico tópico como a mupirocina ouácido fusídico. Lesões mais disseminadas necessitamde tratamento sistêmico.

2. Outras infecções bacterianasAs infecções bacterianas podem ser adquiridas

durante o período pré-natal, durante o parto, ou apóso nascimento. O estreptococo beta-hemolítico dogrupo B, Listeria monocytogenes, Hemophilusinfluenza e Pseudomonas aeruginosa são as bactériasque podem produzir pústulas e sepse em neonatos.

IIb. Infecções virais1. Infecção pelo vírus herpes simples (HSV)Aproximadamente 5% das infecções neonatais

por HSV são infecções verdadeiramente intrauterinas,que resultam em um bebê infectado ao nascer.1 Comoo período primário de inoculação viral e ocorredurante o parto, e dado o tempo variável de incubação,a HSV neonatal pode se manifestar a qualquer momen-to entre as primeiras 4 a 6 semanas de vida. Até umquarto dos recém-nascidos infectados apresentam ossinais da infecção do primeiro dia de vida.30

A maior parte (70%) das infecções pelo vírus her-pes simples são causadas pelo HSV tipo 2. O HSV-2 podeser adquirido pelo neonato através da placenta, porviremia durante a gestação, durante o nascimento pelapassagem por um canal de parto infectado, ou após onascimento pelo contato com humanos infectados.Cerca de 16% a 30% das mulheres nos Estados Unidossão soropositivas para HSV-2, e 0,3% a 2% das mulheresportam o HSV pela vagina no momento do parto.

Os sintomas iniciais da infecção por HSV dis-seminada são letargia, hipotermia ou hipertermia,irritabilidade e má alimentação. Os achados cutâneossão os primeiros sinais visíveis em aproximadamente

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dois terços dos neonatos infectados com o HSV.Vesículas ou pústulas únicas ou agrupadas com baseeritematosa aparecem em grupos na pele e nas mem-branas mucosas. Os olhos também podem ser afeta-dos. O herpes neonatal pode espalhar rapidamenteenvolvendo o sistema nervoso central e/ou múltiplosórgãos internos. A condição do neonato pode deteri-orar rapidamente, portanto o diagnóstico imediato epreciso é mais do que desejável.

O teste de Tzanck das bases das vesículas revelacélulas epiteliais gigantes multinucleadas, indicativas deinfecção por herpes. A cultura viral e o exame de imuno-fluorescência direta podem ser usados para confirmar odiagnóstico. A biópsia revela vesícula intraepidérmicaproduzida por degeneração hidrópica e reticular dascélulas epidérmicas. Observa-se presente uma acantólisesignificativa. Podem ser encontradas células multinucle-adas e corpos de inclusão eosinofílica.

A infecção disseminada por HSV não tratadapode ser fatal em muitos casos. Embora tenho sidodemonstrado que a vidarabina é tão eficaz quanto oaciclovir em recém-nascidos infectados por HSV, amaioria dos especialistas utiliza o aciclovir nessespacientes devido à relativa facilidade de administração.

Caso a gestante apresente lesões de herpesgenital ativo no trabalho de parto, recomenda-seuma cesariana se a bolsa estiver rota há menos de seishoras. A prevenção é o melhor tratamento, e osrecém-nascidos devem ser protegidos contra aexposição ao HSV sempre que possível.

IIc. Infecções fúngicas 1. CandidíaseA infecção por Candida pode ser dividida em

duas formas, congênita e neonatal. A candidíase con-gênita é uma infecção intrauterina, e a candidíase neona-tal é adquirida quando o bebê passa pelo canal de parto

contaminado. Nas duas formas o organismo causador éa Candida albicans, um patógeno encontrado no canalvaginal de 20 a 25% das mulheres grávidas. A infecçãointrauterina pode ocorrer pela subida de Candida pelavagina, penetrando pela bolsa rota ou intacta.

Na candidíase congênita, as lesões estão pre-sentes ao nascimento ou aparecem nas primeiras 12horas após o parto (Figura 4). Em geral o exantemadissemina pelo corpo todo, inclusive face, tórax,costas e extremidades. Em geral não há envolvimentoda região oral ou de fraldas. A forma congênita nor-malmente começa como máculas e vesículas eritem-atosas, que rapidamente evoluem para pústulas. Umamarcante descamação segue a fase aguda com lesõescrostosas exfoliativas. Em geral não há sinais dedoença sistêmica nem alterações hematológicas.30

A candidíase neonatal normalmente se manifestaapós o sétimo dia de vida, e se manifesta como aftas epústulas e vesículas com lesões satélite confinadas àregião da fralda. Freqüentemente há envolvimento daspregas interglúteas e cervicais (Figura 5), períneo, gen-itália, região suprapúbica, nádegas e parte interna dascoxas. Nessas áreas a candidíase evolui para formação deescamas, placas vermelhas brilhantes, com lesõessatélites pustulosas e vesiculares distintas na periferia.Não há sintomas constitucionais. Na candidíase neona-tal, a C. albicans pode muitas vezes ser isolada das fezes.

O diagnóstico de candidíase é feito através dapresença de pseudo-hifa e esporos na solução dehidróxido de potássio de uma pústula ou escama, e éconfirmado por cultura de fungos.

A candidíase é tratada de forma tópica comderivados de imidazol, como creme de miconazol,clotrimazol, ou cetoconazol. As lesões duram aproxi-madamente duas semanas, descamam e desaparecemsem resíduo. As aftas são tratadas com nistatina oral.

A candidíase sistêmica disseminada é rara e

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FIGURA 5: Candidíase neonatalFIGURA 4: Candidíase congênita

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acomete principalmente recém-nascidos prematur-os, de baixo peso, pacientes imunodeprimidos eneonatos que necessitam de terapia intensiva comprocedimentos invasivos. Pode afetar pulmões,meninges, rins, bexiga, articulações, e de maneiramenos freqüente, fígado, coração e olhos. A can-didíase disseminada está associada com significativamorbi-mortalidade. A propagação da assadura porCandida para o tronco e tronco e extremidades devealertar o clínico para a possibilidade de disseminaçãoda infecção. Febre intermitente resistente a anti-piréticos, com lesões cutâneas por Candida oucelulite no local de inserção do catéter intravenoso, ecandidemia ou candidúria persistentes, mesmo naausência de achados cutâneos ou sintomas sistêmi-cos, indicam a presença da doença disseminada.

É difícil confirmar o diagnóstico de candidíasedisseminada. É comum a ocorrência de infecção dis-seminada com cultura negativa. O diagnóstico é con-firmado isolando-se Candida albicans no sangue,abscessos, urina, ou outros fluidos corporais, ou pelapresença do microorganismo na biópsia cutânea. Oinício precoce do tratamento é fundamental para oprognóstico. A anfotericina B ou 5-flucitosina por viaintravenosa são as drogas de escolha. O uso dessesmedicamentos exige cuidadoso monitoramento dosefeitos colaterais. Um recém-nascido prematuropode sofrer uma síndrome da pele escaldada porCandida que é devastadoramente fatal.

2. Foliculite por MalasseziaLeveduras de Pityrosporum (Malassezia fur-

fur) causam pitiríase versicolor, que é geralmentevista como uma doença de adolescentes e adultosjovens, mas que pode ser uma causa rara de foliculiteem neonatos. As lesões cutâneas consistem em pápu-las foliculares e pústulas esparsas na face e no courocabeludo. O diagnóstico baseia-se em exame diretopositivo com KOH e cultura do conteúdo das pústu-las. O tratamento é feito com o uso tópico de deriva-dos de imidazol como creme de miconazol, clotrima-zol, ou cetoconazol.

II.c Infecções parasitárias1. EscabioseA escabiose é uma doença contagiosa causada

pelo Sarcoptes scabiei, um ácaro parasita, que invadea camada córnea. Após um período e incubação deduas a seis semanas, o paciente desenvolve um exan-tema extremamente pruriginoso. Caso a infestaçãoocorra logo após o parto, a doença pode ser observa-da em recém-nascidos.

A escabiose é uma erupção clínica distinta, car-acterizada por pápulas e vesículas pruriginosas,pequenos túneis com trajetos lineares junto com

escoriações, eczematização, formação de crostas ouinfecção secundária. O modelo clínico de escabioseem recém-nascidos difere daquele encontrado emlactentes mais velhos, crianças, e adultos. Em criançasmais velhas e adultos, a maior parte das lesões con-centra-se na prega interdigital, punho, axila, dobra dobraço, cintura, períneo e genitália. Em lactentes e cri-anças pequenas, a infestação rapidamente se tornamais generalizada, geralmente envolvendo as regiõespalmar e plantar, cabeça, pescoço, e face. As vesículassão comuns em neonatos, e existe uma tendência àformação precoce de pústulas no curso da infestação.Irritabilidade, má alimentação, e falha em ganharpeso são também bastante característicos. Uma anam-nese cuidadosa e o exame físico nas pessoas quecuidam do bebê freqüentemente revelam umahistória ou prurido e/ou lesões típicas de escabiose.Locais freqüentes na mãe são a região peri-areolar dasmamas, punhos e dedos.

O diagnóstico definitivo é obtido através deexame microscópico de raspados de lesões sem esco-riações em solução de óleo mineral. A presença deácaros adultos, ovos, larvas ou fezes confirma o diag-nóstico.

O tratamento de escolha é creme de permetri-na a 5% aplicado da cabeça aos pés durante 6 horas.Quando não há disponibilidade deste creme, osneonatos podem ser tratados com enxofre a 5% dis-solvido em vaselina. As preparações que contêm enx-ofre fazem uma certa sujeira, mancham, têm odordesagradável e devem ser aplicadas por três noites. Éessencial tratar todos os membros da família e as out-ras pessoas que cuidam do bebê. Além de lavar asroupas e a roupa de cama em água bem quente. Éimportante diferenciar a escabiose nodular neonatalda histiocitose X, que pode simular clinicamente aescabiose.

CONCLUSÕESAs erupções pustulosas em recém-nascidos

podem ter inúmeras apresentações e significadosclínicos. Os métodos simples de diagnóstico podemajudar a diferenciá-la, e mais importante, a separar aserupções pustulosas benignas transitórias de doençasgraves e potencialmente fatais. �

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AGRADECIMENTOAs fotos clínicas deste artigo foram cedi-

das pela dra. Luciana Pereira e dr. BernardoGontijo.

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