entre o passado e o presente as experiências do ensino de...
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Título: Entre o passado e o presente: As experiências do ensino de História no
Curso Normal Médio Indígena Povos do Pantanal - MS.
Carlos Alberto Panek Junior1
Palavras chaves: Educação Escolar Indígena; Formação de Professores Indígenas; Ensino História. Resumo:
O objetivo deste trabalho é apresentar as experiências desenvolvidas no Curso
Normal Médio Indígena Povos do Pantanal-MS relacionadas com o ensino de História.
A proposta de trabalho envolveu diferentes discussões referentes ao ensino para as
séries iniciais a partir da construção de diferentes metodologias e práticas pedagógicas.
1 Mestre História UFGD; Membro da Sociedade Brasileira de Arqueologia- SAB; Professor do Curso Normal Médio Indígena Povos da Região do Pantanal MS – Área História/ SED-MS
Título: Entre o passado e o presente: As experiências do ensino de História no
Curso Normal Médio Indígena Povos do Pantanal - MS.
Carlos Alberto Panek Junior2
Com o objetivo de discutir as práticas de ensino este trabalho irá apresentar um
panorama das discussões realizadas no Curso Normal Médio Indígena Povos do
Pantanal/ SED-MS referentes ao ensino de História. O curso de Formação teve inicio no
ano de 2007 e seu término em 2010, com 106 cursistas matriculados das etnias Guató,
Atikum, Ofayé, Kinikinau, Kadiwéu e Terena.
O curso foi estruturado a partir dos seguintes componentes curriculares: Ciências
Sociais; Língua e Lingüística; Matemática; Metodologias de Ensino; Ciências da
Natureza e Cultura dos Indígenas da região do Pantanal desenvolvidos em diferentes
etapas.
1. Etapas do curso
O curso foi realizado com carga horária diferenciada, com a disponibilidade de
tempo para execução das atividades propostas, estágio supervisionado e interação
comunitária, sendo assim distribuído:
1.1. Tempo Escolar (TE):
Foi o período em que os cursistas deslocam de suas comunidades para
desenvolver o estudo presencial dos componentes curriculares presentes no quadro do
curso. O TE ocorreu nos meses de janeiro e julho por um período de 15 a 22 dias.
1.2. Encontros de Pólo: Serviu de aprofundamento dos conteúdos estudados durante as
etapas presenciais. O Encontro de Pólo ocorreu nos meses de maio e outubro por um
período de 3 dias.
2 Mestre História UFGD; Membro da Sociedade Brasileira de Arqueologia- SAB; Professor do Curso Normal Médio Indígena Povos da Região do Pantanal MS – Área História/ SED-MS
1.3. Tempo Escolar na Comunidade (TEC): Foi o período em que o cursista
desenvolveu suas atividades em sua comunidade de origem tendo um acompanhamento
pedagógico.
O TEC envolveu ações e reflexões pedagógicas, além de atividades de pesquisa
e relatórios que retrataram o conhecimento da realidade, a produção de materiais e sua
ação docente.
Essa etapa também compreende o Estágio Supervisionado que ocorreu quando
o cursista esteve na sua prática diária.
2. Ensino de História
De acordo com os componentes curriculares do curso, o ensino de História
envolveu em conjunto com outros ramos do conhecimento, os seguintes pontos:
Etnocentrismo; Cultura; Mudança cultural; Cosmologia; História das aldeias dos povos
indígenas de Mato Grosso do Sul e sua relação com os demais contextos históricos;
Compreensão do funcionamento da sociedade brasileira; Estudo da legislação e dos
direitos indígenas; Utilização da história oral do grupo, compartilhando e divulgando o
confronto das diferentes visões e versões; Momentos de rupturas; Instrumentos de
construção do professor pesquisador; Orientação e uso de fontes etnográficas, mapas,
plantas e outros; Organização do espaço nas aldeias e sua relação com os entorno local,
regional, estadual, nacional e internacional; Compreensão do espaço geográfico como
uma totalidade que envolve espaço e sociedade, natureza e homem.
As propostas consideraram os conteúdos relacionados com as discussões
presentes no RCNEI (Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas). Os
eixos procuraram envolver aspectos relacionados com a chamada Educação
Intercultural, Especifica e Diferenciada.
De acordo com o RCNEI:
Intercultural: Porque deve reconhecer e manter a diversidade cultural e lingüística;
promover uma situação de comunicação entre experiências socioculturais,
lingüísticas e históricas diferentes, não considerando uma cultura superior à outra;
estimular o entendimento e o respeito entre seres humanos de identidades étnicas
diferentes, ainda que se reconheça que tais relações vêm ocorrendo historicamente
em contextos de desigualdade social e política.
Bilíngue/multilingüe: Porque as tradições culturais, os conhecimentos acumulados, a
educação das gerações mais novas, as crenças, o pensamento e a prática religiosos,
as representações simbólicas, a organização política, os projetos de futuro, enfim, a
reprodução sociocultural das sociedades indígenas são, na maioria dos casos,
manifestações através do uso de mais de uma língua. Mesmo os povos indígenas que
são hoje monolíngues em língua portuguesa continuam a usar a língua de seus
ancestrais como um símbolo poderoso para onde confluem muitos de seus traços
identificatórios, constituindo, assim, um quadro de bilingüismo simbólico
importante.
Especifica e diferenciada: Porque concebida e planejada com reflexo das aspirações
particulares de cada povo indígena e com autonomia em relação a determinados
aspectos que regem o funcionamento e orientação da escola não-indígena. (RCNEI,
1998).
A partir dessas temáticas a proposta de ensino de História foi planejada de
acordo com os seguintes eixos:
• Estudo e Escrita da História
• História e Historiografia dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul.
• Metodologias e práticas de ensino nas séries iniciais.
3. Etapas de trabalho.
3.1. Primeira Etapa – Janeiro de 2008. Com o objetivo de apresentar fundamentos básicos da disciplina de História
forma propostas discussões sobre os principais elementos que marcam a escrita da
História. Por fim, foi proposta um debate sobre a importância da memória e dos
diversos tipos de registro e sua relação com a cultura.
No primeiro momento foi apresentado a temática “O que História”. Conforme
planejado a aula foi dividida em dois momentos. O primeiro momento consistiu em
apresentar aos cursistas o significado da palavra História e qual a relação dessa palavra
com o estudo do passado e do presente (História da História).
Neste processo de nascimento foram abordados aspectos importantes como a
escrita da História e principalmente os interesses e objetivos envolvidos.
(Eurocentrismo, Civilização, Evolução, Grandes personagens, Datas comemorativas...).
Foi necessário estabelecer esta reflexão sobre o nascimento da Ciência História
para que fosse estabelecida uma relação direta com a História dos Povos Indígenas no
Brasil.
Esta relação foi construída inicialmente na sala de aula através do mito (mitos de
criação do homem, dos elementos da natureza, animais, vegetais). Várias narrativas
foram apresentadas pelos cursistas envolvendo a chuva, conhecimentos antigos e
crenças que foram importantes para dar seqüência a proposta de discussão sobre o que é
História.
Estabelecer a ligação entre conhecimentos, narrativas e crenças serviu de ponte
para apontar os sujeitos que participam da História, isto é, demonstrar que todos os
seres humanos fazem parte da História.
Em torno desta discussão foram trabalhados os seguintes tópicos:
• História do homem, visto como ser social, vivendo em sociedade. • Somos parte da História • Todos desempenhamos um papel
Com estes elementos presentes a História Indígena passou a ser destacada em
sala de aula, tanto para aqueles que vivem e fazem parte da História como para aqueles
que registram e escrevem a sua História.
Mas de que forma é estudada e escrita a História indígena? Como Trabalhar? O
que pode ser considerado? O que ensinar? Quais os conhecimentos? O segundo momento envolveu a exibição do filme “Como se você a primeira
vez”. O filme apresentou a história de uma jovem que sofre um acidente e sua memória
é afetada. Ela só se lembra dos momentos de sua vida antes do acidente. Acontece que o
acidente ocorreu há vários meses e ao acordar todo dia pela manhã, ela não lembra do
que aconteceu no dia anterior.
A relação do filme com o ensino e o estudo da História foi demonstrar como o
rapaz (seu namorado) formula (estratégias) para que ela, mesmo não tendo a lembrança
do dia anterior, conseguisse entender o seu papel e a sua importância. Os exemplos das
estratégias (registros) no filme são: a produção de um vídeo que era exibido todo dia
pela manhã para ela, fotografias, depoimento dos amigos e pinturas. O mais interessante
é que a própria moça começa a escrever um diário registrando suas lembranças no
papel.
O trabalho em sala apontou alguns elementos importantes: primeiro que cada um
possui e vive uma História; que esta História é registrada de diferentes maneiras, seja
através da nossa própria memória, fotografias, vídeos, documentos escritos, diários,
objetos, músicas, enfim uma variedade de registros.
Também foi proposta uma dinâmica na qual seria possível visualizar a questão
do tempo e memória. Ela consistiu na escolha de dez cursistas para que a realizaram a
seguinte tarefa:
Nove cursistas ficaram fora da sala de aula e somente um deles ficou escutando
uma história que o professor contou para ele. Cada um dos cursistas escolhidos
representava um século na “linha do Tempo”. Na Seqüência da atividade o segundo
contava para o terceiro; o terceiro contava para o quarto até o décimo cursista entrar na
sala.
Ao trabalhar com o “tempo” e a narrativa ficou destacada a própria dinâmica da
História e das sociedades humanas, já que a narrativa foi sendo modificando a medida
que ia sendo contada. Ao mesmo tempo em que alguns elementos eram esquecidos
outros eram incorporados a história.
Foi um exercício para entender um pouco da dinâmica da construção, do registro
e da transmissão da História de um povo e também dos elementos culturais de cada
Etnia.
3.2. Segunda Etapa – Janeiro de 2009
Esta segunda etapa foi desenvolvida com a presença do professor Dr. Giovani
José da Silva que apresentou um panorama sobre as questões indígenas na região do
Pantanal, no passado e no presente, nos Estados de Mato Grosso e de Mato Grosso do
Sul, destacando os estudos das seguintes Etnias:
• Terena
• Kadiwéu
• Guató (MT e MS)
• Kamba
• Atikum
• Kinikinau
• Ofayé (da região de Cerrado, MS)
• Bororo (MT)
• Guarani/ Kaiowá
Neste trabalho foram abordados também os seguintes pontos:
• Guerras (Guerra do Paraguai, Guerra do Chaco)
• Migrações (do Chaco, da Bolívia, de Pernambuco,entre outras.)
• Contatos inter-étnicos e com a sociedade não-indígena
• Cultura e tradição
Durante as aulas foram apresentados mapas e referências bibliográficas. Uma
importante discussão a respeito de Cultura e Tradição marcou o último dia de aula, em
que os alunos puderam refletir sobre algumas questões antropológicas relevantes para
trabalhos em sala de aula.
Também foi realizada uma atividade que analisou a representação dos povos
indígenas no Mato Grosso do Sul através da imprensa. Essa atividade foi organizada a
partir de recortes de jornais publicados nos últimos cinco meses no Estado de Mato
Grosso do Sul.
Esses recortes foram apresentados para que os cursistas analisassem, em grupos,
as informações sobre as populações indígenas do Estado do Mato Grosso do Sul. No
caso especifico das reportagens o eixo central destacou a questão das demarcações das
terras indígenas na região sul do Estado.
Para contribuir com as discussões sobre o processo de demarcação das terras
indígenas este presente o cacique da Mãe Terra – Município de Miranda, senhor
Zacarias que expôs a luta e seus desafios da Etnia Terena e Kinikinau.
3.3. Terceira Etapa – Julho 2010
A terceira etapa foi marcada pelas discussões sobre as temáticas e metodologias
para o ensino de História. O eixo central desta etapa foi o planejamento e organização
de atividades voltadas para o ensino nas séries iniciais considerando a utilização do
livro didático.
Como primeira atividade foi realizada o seguinte trabalho: Ela consistiu na
utilização do quadro, na qual foram escolhidos alguns alunos para escrever partes de um
texto presente no livro didático. Durante todo o tempo os cursistas apenas copiavam ora
as atividades que eram colocadas no quadro ora através da prática do ditado. Não foi
realizada nenhuma reflexão ou comentário por parte do professor. No final do dia o
professor solicitou que os alunos fizessem um resumo do texto copiado no caderno.
Foi uma experiência interessante observar os cursistas, já que muitos diziam as
seguintes palavras: “QUE AULA CHATA”. É claro que muitos não resistiram e caíram
no sono durante essa fascinante prática.
A chamada “aula pesadelo”
No dia seguinte foi revelado o porque desta aula apelidada de “pesadelo”. Os
futuros professores estiveram diante de práticas que são freqüentes nas escolas. O
problema não estava na utilização do quadro, mas na falta de um planejamento e da
postura do professor diante dos conteúdos trabalhados.
A seguir foi proposta uma atividade que teve objetivo de apresentar aos cursistas
conhecimentos básicos de etnografia, exercitando o olhar do mesmo para uma
perspectiva diferenciada da cultura e da sociedade que o envolve.
Após uma breve exposição sobre como a etnografia se situa nas ciências sociais
partiu-se para as seguintes orientações:
• Possíveis locais de observação: escolas, bares, lanchonetes, igreja, praça, museu,
pontos turísticos, lojas, supermercados, casas, etc.
• Chegando ao lugar escolhido, deve-se olhar em volta e fazer um desenho do que
lhe chamar mais atenção na paisagem.
• Desenhar a paisagem e/ou o local visitado com detalhes.
• Embaixo de cada desenho, cada cursista deve escrever o seu nome, a intenção ou
o motivo de ter feito o desenho e informações adicionais do que acontecia
naquele lugar no momento da observação.
Na sala de aula os cursistas organizaram os desenhos no mural. Depois compararam
os desenhos iniciando um debate a partir das seguintes questões:
• Todos desenharam a mesma coisa?
• E as intenções foram as mesmas?
A dinâmica procurou trabalhar com a questão do olhar e da percepção dos
sentidos. Foi proposto para os cursistas estabelecerem uma nova dimensão no
planejamento de suas aulas, isto é, de pensar em novas estratégias de ensino que aliem a
utilização dos livros didáticos presentes nas escolas e as discussões que foram
abordadas durante o curso.
Para realizar este trabalho os cursistas foram divididos em grupos para analisar
os livros didáticos. Feito isto foi iniciada a construção de propostas de ensino para o
conteúdo de História. O trabalho foi dividido entre a construção do planejamento
(objetivos e metodologias) e a aplicação desse planejamento em sala de aula.
Cada grupo apresentava o seu planejamento e iniciava a aula procurando aliar
diferentes ramos do conhecimento dependendo das temáticas apresentadas.
Quadro 1: Divisão dos Grupos e Temas trabalhados
TEMA CONSIDERAÇÕES TEMA CONSIDERAÇÕES MINHA HISTÓRIA
PINTURAS, DANÇAS E COSTUMES DIFERENTES DA MESMA ETNIA-TERENA ETNIA GUATÓ CASAS TRADICIONAIS e CASAS ALVENARIA. MUDANÇA NO CLIMA E VEGETAÇÃO.
TECENDO HISTÓRIA
ORIGENS DO HOMEM QUEM PARTICIPA DA HISTÓRIA? QUEM ESCREVE A HISTÓRIA?
NOSSA CASA NOSSO LAR
APRESENTAÇÃO FOTOS DE CASAS ANTIGAS DA ALDEIA FEITAS DE PALHAS, CASAS E MODO DE VIDAS DIFERENTES.
QUEM É VOCE?
TRABALHAR COM A DIFERENÇA; IDENTIFICAR OS NOMES HISTÓRIA DOS NOMES.
TEMPO DE MUDANÇA
MUDANÇAS QUE SOFREMOS DESDE QUE NASCEMOS? CACTERÍSTICAS DE CADA CRIANÇA
POVOS QUE OS PORTUGUESES ENCONTRARAM NO BRASIL
CONTATO DOS NÃO INDÍGENAS COM OS INDÍGENAS.
DE VOLTA AO PASSADO
JOGO DA MANDIOCA – KADIWÉU (brincadeiras) HISTÓRIA RESPEITO AOS COSTUMES, A LÍNGUA.
MINHA HISTÓRIA
NASCIMENTO FAMILIA
MEDINDO O TEMPO
-CALENDÁRIOS; MOVIMENTO DE ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO DA TERRA - AS FASES DA LUA; IMPORTÂNCIA PARA A PLANTAÇÃO, CORTE DE MADEIRA, PALHA, CABELO....
OBJETOS DE OUTROS TEMPOS
COMPARAR OS OBJETOS (CULTURA MATERIAL) ESTUDOS DA HISTÓRIA ATRAVÉS DOS OBJETOS
MEDINDO O TEMPO
O QUE É TEMPO? O QUE FAZEMOS PARA MEDIR O TEMPO?
OS VIAJANTES, AS VIAGENS
DIFERENTES MEIOS DE TRANSPORTES, ANTIGOS E ATUAIS
RETRATOS DE PAISAGENS
PAISAGEM? UNIDADE VISÍVEL; MUDANÇAS NA PAISAGEM, ONTÉM E HOJE
MODOS DE TRABALHAR EM DIFERENTES ÉPOCAS
MEMÓRIA DIFERENTES MODOS DE TRABALHO, PRODUTOS. TECNOLOGIA
POVOS QUE OS PORTUGUESES ENCONTRARAM NO BRASIL
MAPAS ETNIAS LINGUAS TERRITÓRIO
OURO HUMANO – SER E VIVER ESCRAVO
A ESCRAVIDÃO NO BRASIL: INDÍGENAS E AFRICANOS QUESTÃO DO TRABALHO NO BRASIL
As temáticas perpassaram as atividades propostas nos livros de primeiro ao
quinto ano (séries iniciais) e procuram realizar a ligação com a História dos povos
indígenas nas mais diversas perspectivas. Concomitantemente alguns cursistas ficavam
responsáveis pela memória do dia registrando todas as atividades que foram realizadas,
seja em língua portuguesa, seja nas línguas indígenas presentes no curso. Foi um
importante instrumento para estabelecer uma reflexão sobre o que cada um observou e a
maneira como está observação foi transmitida para o papel (documento), a chamada
intencionalidade.
Aquidauana, dezesseis de julho de 2010.
A aula iniciou com a leitura da memória do dia anterior. Em seguida a
professora Macedonia fez a leitura de uma mensagem que nos fez refletir um pouco
sobre um projeto pessoal. A mesma disse aos curtistas a importância de termos uma
biblioteca própria em casa.
Depois o professor Carlos solicitou aos cursistas que se reunissem novamente
em grupos para escolher outros temas para trabalhar, estudar e fazer o planejamento.
No período vespertino iniciamos as apresentações dos grupos. O primeiro grupo
com o tema QUEM É VOCÊ, apresentou a importância do nome de cada aluno, depois
a cursista Andréia chamou alguns alunos a frente para participarem de uma dinâmica
na qual os alunos cantaram uma cantiga utilizando o nome de cada aluno. O segundo
grupo apresentou sobre a NOSSA HISTORIA. O terceiro grupo apresentou o tema
TECENDO HISTORIA. Eles falaram sobre a importância de construir e preservar a
nossa historia de produzirmos nossos artesanatos, cultivar a agricultura revitalizando a
nossa cultura. O quarto grupo apresentou sobre OBJETOS DE OUTROS TEMPOS,
eles falaram sobre objetos antigos comparando com os de hoje. O quinto grupo
apresentou o tema OS VIAJANTES E AS VIAGENS, falamos sobre os diversos tipos de
transportes rodoviários, ferroviários, aéreos e fluviais comparando com os do passado
e os atuais, falamos também sobre a chegada dos portugueses ao Brasil., Encerramos
nossas apresentações com uma dinâmica em que foram feitas 11 perguntas para os
alunos responderem. As perguntas estavam no interior de uma caixa. Tocamos uma
música enquanto a caixa passava de mão em mão, quando a música parava o aluno que
ficasse com a caixa tirava uma pergunta e levantava para responder, e assim passava
adiante. O sexto grupo falou sobre: OS INDIOS NO BRASIL DE HOJE, povos
indígenas na época do descobrimento e nos dias de hoje..
Cursista: Daiana Candelário Santana
Etnia: Terena
Aldeia: Marçal de Souza - Campo Grande MS
4. Considerações finais
O ensino de História não pode ficar restrito a metodologias que levem a um
conjunto de fatos e datas. A importância da História está em fazer com que o aluno
estabeleça uma reflexão entre o passado e o presente, isto é que tenha sentido para
entender o seu presente e o seu passado. A intenção do Ensino de História no Curso
Normal Médio Povos do Pantanal foi demonstrar que a falta de materiais específicos
relacionados a temática indígena não é empecilho para desenvolver metodologias que
permitam ao aluno estabelecer uma reflexão sobre a sua História e de sua Etnia.
Cabe ao professor buscar informações seja em livros, internet, bibliotecas e
principalmente no tesouro mais precioso que esta a sua disposição: as comunidades
indígenas e suas diferentes possibilidades de pesquisa (oralidade, paisagem, mestres
tradicionais, rezadores, ceramistas...). Para chegar a esse resultado os futuros
professores tiveram contato com diferentes perspectivas permitindo a utilização de
ferramentas necessárias para realização de um trabalho diferenciado e especifico.
5. Referencias Bibliográficas
PACHECO, Vavy. O que é História. Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense. São Paulo, 1993. EREMITES DE OLIVEIRA. Jorge. Arqueologia das Sociedades Indígenas no Pantanal. Editora Oeste, Campo Grande, 2004. PANEK, Carlos Alberto. Sistemas de Assentamento: Uma abordagem para o estudo da cultura material e grupos étnicos. Dissertação de Mestrado – UFGD, 2006. BARROS, José de Assunção. O campo da História: Especialidades e Abordagem. Editora Vozes, São paulo, 2006. CURTONI, R. P. Paisagem Cultural. Universidade Santiago de Compostela. 2000.