em defesa do patrimÔnio cultural: a construÇÃo … · tipo de pichação que coloca em evidencia...
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EM DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL: A CONSTRUÇÃO MIDIÁTICA DA
PICHAÇÃO.
BRUNO STROHMEYER MARQUES1
ILANIL COELHO2
Desde o primeiro momento que nos enveredamos a problematizarmos a prática da
pichação em seu contexto histórico, nos vimos surpreendidos pelas sensibilidades envoltas na
lida com as representações sobre o tema. No momento em que se depositam as esperanças nos
espíritos do passado, atribui-se uma determinada quantia de fé nas estruturas de outrora e
estes acabam por serem reivindicadas conforme as disputas do tempo presente. Desta forma a
violência contra estes alicerces, que suportam as narrativas de memória, não é apenas uma
agressão a um determinado bem, mas sim, a toda uma rede de valores onde grupos disputam a
legitimidade do hoje a partir dos discursos sobre o ontem.
Neste contexto de mobilizações em torno destas falas sobre o passado, os ataques a
essas estruturas que sustentam a legitimidade do antigo, acabam por estimular muitas vezes
mais do que sentimentos de pesar sobre uma obra destruída. Quando a imagem do busto de
Dona Francisca, após a sua decapitação, é divulgada no meio virtual os comentários não
apenas lamentam uma obra danificada, mas também tentam apontar os supostos responsáveis
pelo assassinato da nobre3. Pessoas vindas de fora e que não possuem as raízes do tradicional
passado joinvilense são os principais alvos das acusações do crime e estes vestígios de
devastação poderiam ser indícios da presença de sujeitos que desestabilizam a estrutura do
presente a partir dos ataques aos alicerces do passado.
O historiador Clovis Gruner constata uma cidade de angustia na Joinville da década de
70, onde pairava a idéia de que “nos logradouros do centro a imagem cada vez mais presente
é a da decadência, com a horda de bárbaros tomando de assalto a cultura e a civilização”
(GRUNER, 2003: p.177). O crime, de forma geral seria o grande responsável pela
1Bolsista CAPES e mestrando do Programa em Patrimônio Cultural e Sociedades pela Universidade da Região
de Joinville – UNIVILLE. 2 Doutora em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e professora do Programa
de Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedades e departamento de História da Universidade da Região de
Joinville – UNIVILLE. 3 Tal interpretação é fruto da análise do grupo: Joinville de Ontem do Facebook, que possui a função de vincular
imagens de outrora, bem como de patrimônios que tangenciem o passado da cidade de Joinville.
Link para acessar a postagem:
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disseminação do sentimento, bem como a atividade da imprensa4 que não desempenhava
apenas sua função de informar a população, “mas de cumprir uma espécie de serviço de
utilidade publica, alertando ao máximo a população a cerca dos riscos cotidianos” (GRUNER,
2003: p.178). Este sentimento de angustia se renova hoje, não mais apenas pelo crescimento
do crime, mas agora pelo medo da insurgência dos vândalos. Estes últimos vistos como
destruidores dos alicerces das virtudes da sociedade joinvilense, afinal estes “outsiders”
viriam de outras paragens e não compartilhariam as raízes do tradicional passado joinvilense.
Ainda em Joinville, no ano de 2014, a Prefeitura Municipal se dedicou a construir uma
campanha contrária ao vandalismo. Um pequeno vídeo fora vinculado a televisão bem como
uma imagem colocada em outdoors e divulgada tanto na mídia impressa quanto em redes
sociais. Esta campanha apontava a prática do vandalismo como uma destruição deliberada do
espaço e convocava os munícipes a denunciarem os atos. Fato é que o poder público tem o
direito e o dever de zelar pela segurança e preservação dos espaços públicos e campanhas de
conscientização vêm de encontro a esta perspectiva. Entretanto o conteúdo abordado não se
constrói a partir de uma idéia de “uso sustentável” do espaço, onde os munícipes deveriam
zelar pelo local, ela se baseia na pura criminalização e cerceamento das práticas de
vandalismo e pichação, elenca inimigos sociais que seriam os reais responsáveis pelos
espaços deteriorados e atribui a responsabilidade do cidadão comum (aquele que não se
enquadra como vândalo) de denunciar todo e qualquer tipo de prática neste sentido.
Primeiramente a propaganda partiu da homogeneização das práticas consideradas
vandalismo, tratando a pichação e a quebra de objetos como atividades irracionais que partem
de uma necessidade de um sujeito de destruir qualquer coisa que veja pela frente. Não que não
haja expressões que caminhem por este viés, entretanto será que elas representam o todo ou
até mesmo a maioria? Será que uma pichação pode ter um efeito para além da destruição
deliberada? Para além do estigma do vandalismo? Ou até mesmo construir relações sensíveis
e dialógicas com a cidade, expressando sentimento e representações sobre a mesma?
Outro ponto que destacamos na propaganda da Prefeitura é a forma com que tentam
construir a figura do pichador ou do vândalo colocando na imagem central uma família
tradicional, em um típico café da manhã até terem a sua tranqüilidade roubada e atacada pela
invasão de vândalos ao seu espaço privado. Esta propaganda materializa a presença do
transgressor e o coloca em oposição a valores tradicionais em uma afronta direta a família e
4Leia aqui os jornais impressos analisados pelo historiador em sua obra.
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ao espaço privado do lar. Assim como Gruner (2003) localiza a partir da década de 70 que o
“temor caminha lado-a-lado com o joinvilense” (2003: p.177) e a ameaça não se restringe
apenas ao espaço público mas evidencia que a “ameaça da violência invade também a
intimidade das famílias, de seus lares”, e acaba por construir o imaginário de que “ninguém
está a salvo”. (2003: p.177 - 178)
A propaganda reformula o status de “medo”, não seriam mais apenas os crimes
violentos que ameaçam a vida da população Joinvillense, mas agora os crimes contra o
patrimônio assumem lugar de destaque desestabilizando o presente a partir da demolição dos
pilares das referencias de passado e supostamente coloca em risco a vida dentro do espaço
privado. Desta forma acaba por construir uma dicotomia entre pessoas de bem, famílias
tradicionais em oposto aos vândalos delinquentes destruidores da ordem. A propaganda inicia
a construção de um inimigo social, aquele sujeito que deve ser amplamente combatido, pois
acaba por ser responsabilizado por uma série de problemas encontrados em nossa sociedade e
novamente evidencia a criminalização como único mecanismo utilizado pelos dispositivos de
estado para solucionar a problemática do vandalismo.
Mediante a estas intempéries do tempo presente nos dedicamos neste artigo a análise
dos discursos construídos por um segmento da imprensa joinvillense sobre a prática da
pichação no espaço urbano. Mais do que pensar a cidade em si, tivemos o cuidado em analisar
o contato que o leitor teria com os termos pichação, grafite, vandalismo e perceber em que
contexto estes estavam relacionados ou não e desta forma procuramos compreender diferentes
aspectos e perspectivas que buscavam atribuir sentidos diversos a prática estudada.
Ao pensarmos a pichação em meio aos complexos urbanos contemporâneos, nos
recordamos dos escritos de Calvino sobre a cidade de Tamara, afirmando que os olhos
daqueles que adentravam pelas ruas não viam “coisas mas figuras de coisas que significam
outras coisas” (CALVINO, 1972 :p.8). Assim ao percorrer uma cidade você não se da conta
dela em si, mas dos símbolos imbricados em representações sobre os aparatos materiais,
placas nos guiam, letreiros comunicam eventos, outdoors anunciam bens a serem consumidos.
Os complexos urbanos comunicam mensagens e representam sentidos sobre o real, assim as
pichações podem simbolizar mais do que mera tinta na parede e seus sentidos podem ser
interpretados a partir das narrativas constituídas pela imprensa sobre os escritos urbanos.
Inicialmente buscamos analisar e definir uma noção de discurso e para tanto nos
enveredamos para o estudo da linguista Eni P. Orlandi (1999). Para a autora o discurso “não
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se trata de transmissão de informação apenas” (1999: p.21), desta forma não pensamos os
artigos jornalísticos como meros transmissores de informação “pois, no funcionamento da
linguagem, que põem em relação o sujeito e sentidos afetados pela língua e pela história,
temos um complexo processo de constituição desses sujeitos e produção de sentidos e não
meramente de informação” (1999: p.21). Imbricadas neste discurso estão complexos jogos de
relações sociais e simbólicas e estes acabam por mobilizar processos de identificação e
edificam sentidos argumentativos sobre o real. Analisar os recortes jornalísticos sobre a
pichação é mais que compreender o teor informativo das notícias, é verificar como as formas
de abordagens sobre o tema vão sendo alteradas perante os jogos de identificação com o
objeto de análise, ou seja, não pretendemos considera-los mensagens a serem decodificadas
por sujeitos que leem o jornal, mas sim como efeito de sentidos que são criados sobre a
temática analisada.
Ainda na perspectiva de Orlandi (1999) nos inclinamos em pensar o discurso
compreendendo que “as margens de dizer o texto também fazem parte dele” (1999: p.22), ou
seja, pensamos o dito assim como o não dito, presente dentro de contextos históricos. O que é
dito sobre um determinado fato se insere em uma trama a partir da necessidade de enunciação
do tempo em que é falado, assim como pode ser esquecido ou alterado seu significado
mediante necessidade do seu tempo. Não se trata, portanto em pensar a partir da prática da
analise de discurso, nos propomos a refletir o discurso dentro do campo da história, a partir do
ponto de que o discurso, como fonte para a pesquisa em história, pode ser pensado de forma
qualitativa e não apenas quantitativo.
Como marco temporal de análise buscamos recolher o material jornalístico a partir do
ano 1980 considerando dois motivos fundamentais na escolha: o primeiro, partindo da
atribuição das práticas de vandalismo e desrespeito com o patrimônio aos não nascidos na
cidade. Sendo assim analisamos se, a partir dos anos 80, ano que segundo a historiadora Ilanil
Coelho “Joinville passou a se destacar no cenário catarinense, entre outros aspectos, como a
cidade mais populosa, em função da vinda e do estabelecimento de migrantes” (2011: p.19), a
figura do migrante estava de certa forma ligada a prática da pichação.
No segundo aspecto levamos em consideração as memórias de pichadores da cidade
de São Paulo e nos utilizando do documentário “Pixo”5 pudemos compreender mais sobre o
5 O documentário “Pixo” retrata a o fenômeno como expressão cultural na cidade de São Paulo, mobiliza
principalmente memória de pichadores e pessoas ligadas a prática. O documentário mostra a realidade dos
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fenômeno urbano a partir das narrativas dos próprios pichadores. Segundo o documentário o
tipo de pichação que coloca em evidencia uma guerra de imagens que se intensificou nas
ultimas décadas nos grandes centros urbanos acompanhando a emergência juvenil no
protagonismo cultural teria tido início nos anos de 1980. Este tipo de pichação se distingue
das anteriormente realizadas, como durante o maio de 68 em Paris ou nos movimentos de
contestação da ditadura civil-militar no Brasil. A pichação se distingue por apresentar um
conteúdo implícito a uma comunidade de pichadores e por ser uma prática territorial onde os
grupos passam a demarcar os espaços a partir das grafias nos muros. Não cabe a nos neste
artigo verificar os diferentes tipos de pichações, ou de grafias urbanas, nem tampouco
verificar a validade da gênese da prática, entretanto a presença das pichações são
fundamentais no debate sobre os indícios destes sujeitos em meio aos complexos urbanos e
suas grafias como apropriações táticas da urbe e das narrativas históricas que atravessam os
patrimônios culturais urbanos.
No início da década de 80 o Jornal A Notícia segue em sua empreitada de denunciar os
casos que evidenciavam a calamidade vivenciada pela cidade de Joinville. O formato de
denuncia tomado por ele tem quase função de o jornal tomar para si a prática de não apenas
comunicar os ocorridos, mas servir como veiculo protetor da ordem vigente. A matéria de que
os jovens que se encontravam próximos ao cemitério municipal da cidade, acabavam
“perturbando o sono de todos os moradores das imediações, e num aciente vergonhoso aos
nossos mortos, ali sepultados” (A NOTÍCIA, 1980), ecoa sob o caos em uma nova Joinville,
esta por sua vez tomada pelo efeito do desrespeito as suas supostas tradições, onde nem mais
os mortos estariam livres daqueles que conduzem o espírito devastador.
No mês seguinte o jornal se encarrega de uma matéria sobre o vandalismo nas praças
da cidade. Os aspectos de denúncia misturados com a propaganda das belezas naturais do
espaço evidenciam novamente a função discursiva de colocar os comportamentos desviantes
em antagonismo ao que se espera da imagem de uma cidade bela e organizada. Para Osni
Alvaro de Oliveira, membro do departamento de parques e jardins a única solução seria “a
Prefeitura investir em campanhas educativas para evitar o que vem acontecendo
pichadores, acompanha algumas ações, os conflitos com a polícia e mostra um outro olhar sobre algumas
intervenções já muito exploradas pela mídia. O filme não traz respostas, mas fornece argumentos para o debate.
O documentário está disponível gratuitamente no link: https://www.youtube.com/watch?v=JjS0653Gsn8
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(vandalismo)” (A NOTÍCIA, 1980). Apenas através de uma conscientização as pessoas
saberiam na necessidade de manter os espaços conservados.
A ideia de uma campanha de conscientização é reforçada no dia seguinte a matéria
anteriormente abordada quando, no editorial, o jornal A Notícia afirma no título que o que
vem ocorrendo com as praças da cidade é “Questão de educação” (A NOTÍCIA, 1980), o
artigo inicia-se afirmando que “de nada adianta a prefeitura investir recursos vultuosos na
conservação de praças e jardins e determinar campanhas de plantio de arvores nas vias
públicas se, sistematicamente, persistirem as agressões e de vandalismo contra o patrimônio
público” (A NOTÍCIA, 1980). A reportagem claramente aponta não para uma falta de a
municipalidade atuar junto aos espaços públicos e favorecer a convivência nos ambientes,
mas ao fato da existência do vandalismo não permitir que as atividades de conservação sejam
duradouras.
Ao final, tendo apontado o problema, a existência de práticas de vandalismo que
devastavam as praças, e a solução, uma mistura de denuncia e práticas educativas que
fortalecessem o sentimento de valorização e atribuição de “importância do verde”, o editorial
enuncia o grande problema das práticas de vandalismo, estas obviamente se envolvem no
campo da depredação, mas estão amplamente ligadas aos discursos sobre a cidade e o
enfeiamento que ela passa a partir da presença da destruição deliberada em áreas que
deveriam ser ocupadas pelo colorido da natureza. Segundo o jornal:
Com campanhas de esclarecimento e mesmo com a formação de uma opinião
pública mais civicamente constituída, é que o Município conseguirá diminuir este
indicie de destruição, fator que tão negativamente depõem contra a imagem de uma
Joinville ordeira e pacata, imagem que há poucos anos ainda desfrutávamos
perante o Estado e o País.(A NOTICIA, 1980)
Assim para o Jornal A Notícia, a imagem da Joinville ordeira e pacata passava a se
estraçalhar, vítima da ação devastadora dos grupos que seguem assolando não apenas os
espaços públicos, mas toda a segurança ancorada em uma suposta tradição de uma cidade
ordeira.
No mesmo corpo em que fora escrito o artigo anteriormente citado a presença de uma
charge torna a opinião do escrito ainda mais emblemática. Ao apresentar o que seria,
aparentemente, um palestrante que traria “a solução (...) para a conservação de praças e
jardins” (A NOTICIA, 1980), em um cartaz demonstraria a presença de um policial,
devidamente armado fazendo a guarda de uma praça. Percebe-se o pensamento do jornal
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voltado a um discurso de necessidade de contenção pelos aparatos policiais a estas práticas
desviantes. Sendo assim a solução apresentada não é apenas uma questão de educação, mas da
transferência de um conhecimento imposto, onde aquele que detém o poder da norma,
“educa” através da vigilância e da punição daquele que tenta burlar a ordem de um local, e
assim a educação deveria vir através da repressão.
A primeira menção a pichação no jornal A Notícia só veio no ano de 1985, Clio sorria
para nós e nos colocava a analisar uma coluna que pouco chamava atenção. Que importância
teria à coluna sobre moda na escrita sobre pichação? Neste caso os escritos do Jornal A
Notícia sobre uma tendência do verão de 85 nos fez refletirmos sobre a ausência dos escritos
sobre pichação na primeira metade de década dos 80. Esta ultima fora dedicada a evidenciar
os fatores que vinham minando as tradições joinvilenses e transformando-a em uma
localidade decadente, o vandalismo se apresenta ali como um dos indícios dos assaltos
realizados a cultura e a civilização, entretanto será que neste período o jornal relacionaria a
presença de pichações à prática do vandalismo?
Segundo os escritos do A Notícia sobre as tendências de 85 os graffitis “não invadiram
apenas os muros da cidade. Agora eles ocupam novo espaço nas camisetas do verão 85” (A
NOTICIA, 1985), não seria novidade, hoje, a utilização do grafite como mecanismo
publicitário, afinal ele já ocupa protagonismos em campanhas de perfumes, roupas, relógios,
óculos e demais bens de consumo bem como de ações de revitalização de espaços urbanos
idealizados por vários governos municipais e estatuais. Entretanto na continuidade do artigo o
jornal em questão evidencia que: “Depois de estimularem a imaginação de pichadores, eles
atraíram a atenção de confecções” (A NOTÍCIA, 1985), sendo assim, aparentemente, a ideia
que se forma sobre o que seria pichação não distingue claramente a diferenciação entre grafite
e pichação. De acordo com Pimentel (2012, p.56) “o Brasil é o primeiro país a promover
dentro da subcultura do grafite a separação entre grafite e pichação e também o primeiro a ter
uma lei que privilegia um em detrimento do outro”. Vale lembrar também que a lei que
criminaliza a pichação e o grafite entra em vigor apenas em 19986 e a que diferencia pichação
de grafite passa a vigorar apenas em 20117. Partindo destes indícios pode-se pensar que a
6O art. 65 da lei 9.605/98 define a pichação como crime, sujeitando o seu praticante de três meses a um ano de
detenção e multa. 7A partir de uma reformulação de 2011, com a lei 12.408/11, cria-se uma diferenciação entre o grafite e a
pichação, no qual o primeiro assume um caráter legal, desde que autorizado pelo proprietário do lugar grafitado e
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pichação não possui, num primeiro momento, a representação distante do grafite bem como
pode ser considerada um elemento que não se enquadra no conceito de vandalismo.
Em 1986 o texto de Valentina Nunes, também publicado pelo jornal A Notícia,
distancia ainda mais a pichação do conceito de vandalismo. Sua abordagem parte das
manifestações da década de 60 e 70, em especial 1968, quando a juventude pelo mundo ousou
estampar nos muros dos complexos urbanos seus sentimentos, visões de mundo e desejos de
justiça e de igualdade. A autora utilizou as pichações da cidade de Florianópolis como
material empírico, entretanto as representações sobre o tema são lidas e apropriadas na cidade
de Joinville. Segundo ela, “nos últimos anos, as pichações voltam com força total,
principalmente nos grandes centros” (NUNES, 1986) e o principal motor desta suposta
retomada dos muros seriam as eleições inevitáveis que vinham sendo debatidas e o processo
de abertura política que colocaria fim a ditadura civil-militar em vigência desde 1964.
De acordo com a autora “para serem fiéis ao termo pichar, existem aqueles que atacam
com mais contundência: ‘chora PDS’, ‘estamos sendo enganados pelo Ulisses’, ‘Amim, testa
de ferro da oligarquia’, ‘tantos e tortos’, e por ai afora” (NUNES, 1986). Desta forma fica
explicito que a relação construída ao termo pichação está imbricada não ao vandalismo, mas
sim a liberdade de expressão, aparentemente em voga em um período em que o Brasil passa a
exercitar seus primeiros momentos (legais) do exercício de uma política plena e assim a
existência de pichações e escritos nos muros estão ligadas a um sentimento inevitável de
anseio por participação política, da possibilidade de poder bradar os desejos de futuro.
Não podemos concluir também que existe um pensamento hegemônico no referente as
representações construídas sobre pichação pois este tipo de prática muitas vezes mobiliza
sentimentos variados dependendo de como são interpretadas, por não concordarem com o que
está escrito, por não compreenderem o sentido da mensagem ou até mesmo por se sentirem
lesados na necessidade de re-pintar o local. A autora do artigo ainda deixa pistas para pensar
esta prática no âmbito da individualidade: “e para essas pessoas que gostam de reprimir a
liberdade de expressão dos cidadãos, já bolaram uma resposta: ‘quem mandou pintar o muro
de branco...” (NUNES, 1986). Ela evidencia neste instante a existência de sujeitos que se
portavam contrários às mensagens nos muros, entretanto coloca que simbolicamente a
mensagem extrapola o seu sentido enquanto frase a ser decodificada por um leitor,
pelos órgãos públicos responsáveis. Já a pichação continua enquadrada restritivamente na categoria de crime
ambiental, contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.
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evidenciando este período em que o que está em voga não é a manutenção dos muros brancos
(que representam a inexistência do pensamento diferente), mas sim a liberdade de colorir os
muros alheios, dando visibilidade ao pluralismo cultural e as perspectivas de mundo a tanto
tempo censuradas nos porões da ditadura.
Seguindo as pistas de percebermos os pensamentos contrários a prática da pichação,
nos reportamos no ano seguinte a matéria anteriormente citada, a outra que retrata a cidade de
São Bento do Sul e a ação de um grupo autointitulado “combatente de pichadores” (A
NOTÍCIA, 1987). Este artigo atribui a pichação uma característica depreciativa, onde um
grupo de civis teria de se unir para evitar que jovens “de pincel em punho (...) sujem muros,
portas e paredes” (A NOTÍCIA, 1987). Entretanto, o fato da matéria não se localizar no
espaço destinado as denuncias policiais, bem como não apresentar um caráter de denúncia, me
faz refletir que a pichação não apresentava um pânico generalizado no referente a segurança,
mas apenas um descontentamento daqueles que acabavam por ter seus muros manchados pela
tinta ou pelos materiais anexados.
A cidade de Joinville segue em seu silencio absoluto no referente a problemática da
pichação. Em um artigo escrito para o jornal A Notícia, Gert. R. Fischer destaca abertamente
os mau bocados vividos pelos joinvillenses, seu tom não é mais denunciativo, aparentemente
vê uma Joinville entregue ao descaso e a perda completa de suas tradições, um caminho
aparentemente sem retorno, entretanto deposita no espírito de outrora um sentimento
nostálgico, o caminho que deveria ser seguido. O artigo é desenvolvido tendo como ponto de
análise a praça Castelo Branco, localizada no centro de Joinville nas imediações do serviço de
correio e telégrafos da época. O autor atribui o fato das “coisas irem de mal a pior”
(FISCHER, 1987) a presença de sujeitos indesejados nos espaços públicos joinvillenses,
primeiramente a de um senhor que não desempenha a finco as perspectivas de trabalho da
suposta tradição joinvillense, segundo ele: “O encarregado da limpeza da praça, um senhor
mulato aparentando uns 55 anos (...) passa o dia inteiro sob o manto da Aleurites molucana,
uma frondosa nogueira” (FISCHER, 1987). O segundo apontamento desenvolvido pelo autor
do artigo atribui a presença de “mariposas” que atuam até mesmo durante o dia e identifica
um certo constrangimento daqueles que necessitam utilizar os serviços de correio e telégrafos
ao serem “abordados pelas mulheres-de-vida-fácil, para programinhas relâmpagos”
(FISCHER, 1987).
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A lógica da tradição do trabalho seria acionada contemporaneamente através de
algumas pichações realizadas em Joinville, espalhadas por vários locais da cidade. A
intencionalidade discursiva impulsionando heranças culturais que tem como base a lógica do
trabalho pode ser posta em cheque a partir do momento em que uma intervenção urbana nos
evidencia sujeitos que não foram assujeitados por este discurso. A pichação é novamente um
sintoma de uma cidade praticada de outra forma, onde uma parede não representa apenas um
mecanismo para separar aqueles que estão dentro de um determinado espaço daqueles que
estão do lado de fora, mas também espaço de divulgação de ideias e elemento comunicacional
de memórias de pichadores. Em sua profusão estética esta pichação busca evidenciar uma
memória não retratada nos patrimônios da cidade, suscitando a crítica diante de vivências,
cuja única lógica entre o nascer e o morrer é a do trabalho, bem como evidenciar a
possibilidade de existência de um formato organizacional novo, uma nova possibilidade de
mundo que subverta a lógica do trabalho e da disciplina.
O ato vandálico evidencia como as narrativas que atravessam os monumentos
históricos podem ser interpeladas pela ação do homem comum, que se apropria muitas vezes
dos antigos discursos históricos e através de sua intervenção atribui um sentido que para o
interventor represente melhor uma fala possível. Fica evidente que para o pichador os
monumentos que construíram uma narrativa pedagógica não fazem coro às memórias e
vivencias protagonizadas por ele em meio a cidade e assim homogeneizar a problemática do
vandalismo é desconsiderar as invenções cotidianas do homem/mulher comum, suas
reivindicações e desejos.
Em 1998 o jornal A Notícia divulga a distribuição de cartilhas de leis ambientais,
colocando em vigor, em fevereiro daquele ano, um projeto que promove uma alteração
substancial às representações sobre a pichação, considerando esta prática crime ambiental
onde o infrator poderia receber uma penalidade de 3 meses a um ano de detenção e em caso
de dano a algum patrimônio cultural tombado, de seis meses a um ano. É a primeira vez que a
constituição passa a se preocupar diretamente com os escritos nos muros e acaba por atribuir
uma penalidade específica tanto ao grafite quanto a pichação e é necessário estar atento a
alguns aspectos deste momento. Fato primeiro é que a lei não promove a dicotomia entre
grafite e pichação, mesmo aparentemente já existindo uma diferença (visto que ambas foram
citadas), ambas passam a serem consideradas crimes ambientais. Para analisar o segundo
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ponto é necessário um entendimento maior do que seria a pichação, partimos então da
compreensão do filosofo Nestor Garcia Canclini:
O grafite é [...] uma escritura territorial da cidade, destinada a afirmar a presença
e até mesmo a posse sobre um bairro. As lutas pelo controle do espaço se
estabelecem através de marcas próprias e modificações dos grafites de outros. Suas
referências sexuais, políticas ou estéticas são maneiras de enunciar o modo de vida
e de pensamento de um grupo que não dispõe de circuitos comerciais, políticos ou
dos mass media para expressar-se, mas que através do grafite afirma seu estilo. Seu
traço manual, espontâneo, opõe-se estruturalmente ás legendas políticas ou
publicitárias ‘bem’ pintadas ou impressas e desafia essas linguagens
institucionalizadas quando as altera. O grafite afirma o território, mas desestrutura
as coleções de bens materiais e simbólicos (CANCLINI, 2013, p.336-337)
Canclini considera a pratica da pichação (que o autor se refere como grafite visto que o
Brasil é o único país a construir uma dicotomia entre pichação e grafite conforme
anteriormente mencionado) como uma escrita territorial, afirmação de presença, composta por
um discurso político de anunciação a um modo de vida e de pensamento de um determinado
grupo, tal pratica desafia a linguagem institucionalizada, afinal ela passa a ser questionada
pela inventividade de sujeitos que no cotidiano se utilizam de ações táticas para burlar tais
estratégias de controle.
Se durante a década de 80 a pichação estava diretamente ligada aos anseios inevitáveis
por abertura política, bem como pela possibilidade de poder esbravejar as intenções de futuro,
quais os motivos levariam a transformação de concepção durante o ano de 1998? Para
responder tal pergunta nos fazemos valer da ideia do grego Chatzigiannis, quando o mesmo
(re)pensa o vandalismo e sua relação com o patrimônio cultural, segundo o autor: “O conceito
de contexto é crucial para interpretação dos eventos históricos” visto que “É formado por
ideias socio-politicas de uma determinada sociedade e constitui em um valor comum”. Se
pensarmos o ano de 1998 dentro de uma lógica de estabilidade democrática brasileira e que a
prática da pichação, como coloca Canclini se contrapõe aos circuitos comerciais de mídia, a
existência destas práticas nos muros dos complexos urbanos demonstram sentimentos
desfavoráveis aos grupos políticos em vigência.
Este pensamento se reforça, quando no ano 2000, o jornal A Notícia publica um artigo
que denuncia um “tapume de praça pichado novamente” (A NOTÍCIA, 2000). Durante uma
manifestação realizada na capital do estado de Santa Catarina, contrária a situação econômica
vivida pela sociedade brasileira, com mensagens escritas por todos os espaços do tapume o
grupo declarou o seu descontentamento com a situação atual do país, bem como com o atual
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governo. Diferentemente daquilo que ocorre durante a segunda metade da década de 1980
onde as críticas (através da pichação) são vistas como parte das projeções de futuro e estas
surgem como parte do jogo democrático, durante a manifestação a “PM não tinha ordem para
reprimir o protesto, mas apenas deveria evitar a eventual baderna” (A NOTÍCIA, 2000).
Percebemos então que a alteração de perspectiva faz com que a pichação e o grafite passem a
carregar uma característica pejorativa e depreciativa.
Esta representação depreciativa da pichação é vista nos jornais referentes à cidade de
Joinville, apenas no ano 2001. É importante pontuar que este ano representa um marco para os
patrimônios da cidade que foram fundamentais para a estruturação de um discurso de
retomada das supostas tradições joinvilenses. Os alicerces do passado ancoraram os discursos
que refletiriam as origens do povo, todos seriam bem vindos, entretanto, deveriam conhecer,
respeitar e valorizar os costumes narrados pelos prédios tombados, museus e monumentos.
Diego Finder Machado afirma que através do processo pedagógico das festividades do
sesquicentenário o processo linear da história joinvilense levaria todos os seus moradores a
um futuro grandioso. Desde os primeiros imigrantes que ergueram a cidade a partir do nada
até a tentativa de “impelir as pessoas a tentar superar este passado de agruras na construção de
um mundo melhor para se viver, que se imaginava em um pensamento bastante otimista,
possível em tempos futuros” (MACHADO, 2009, p.95), buscou-se constituir uma narrativa,
onde a grandeza da cidade se daria pela entrega disciplinar ao trabalho duro.
Diego Finder Machado (2009), ao analisar as comemorações dos 150 anos da cidade,
reflete acerca dos sentidos históricos que foram criados a partir de seus discursos e marcos
patrimoniais. A visão de que Joinville teria iniciado de um “vazio demográfico”, e que, com o
esforço dos imigrantes, se constituiu como a grande cidade do Sul do Brasil, visão esta que já
havia sido retratada pelo monumento “Os Pioneiros”, passa a ser reforçada quando da
inauguração em 2001 do monumento “A Barca”, numa menção a histórica barca Colon que
teria trazido os primeiros imigrantes a Joinville. Esta seleção temporal e étnica não se
configura como mero acaso. De acordo com Pollak (1989: p.4), a sociedade se constitui em
“verdadeiras batalhas da memória” onde grupos distintos disputam no discurso o
protagonismo da história. Assim, o aviso nos dado por Machado (2009: p.35) evidencia uma
seleção de marcos com a finalidade de constituir um discurso sobre o processo imigratório:
“Épreciso advertir aqui, tentando ao menos sinalizar alguns caminhos, que as histórias das
terras de Joinville excedem, em amplitude e complexidade, o processo colonizador iniciado
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em meados do século XIX”. É importante frisar também que para Machado tais discursos e
comemorações teriam um “desejo pedagógico aos ‘forasteiros’”. Estes, que teriam vindo fazer
parte da cidade no decorrer de sua existência, seriam bem vindos, desde que assimilassem a
história e se integrassem ao projeto de futuro da mesma.
A matéria de Arlei Zimmermann (2001) já parte de um pressuposto de que em
Joinville “Pichadores exageram”, mesmo tentando conciliar posteriormente afirmando que a
prática “divide opiniões”, o texto, que aborda dois pontos de vistas sobre as escritas nos
muros, é carregado de palavras que atribuem à pichação uma condição subversiva e
depreciativa. Outro fator marcante no artigo se dá pela presença de uma preocupação com as
pichações localizadas em prédios históricos. Esta visão sobre a pichação pode estar atrelada a
proposta das festividades do sesquicentenário, afinal se uma estética urbana é proposta a partir
da presença de monumentos que valorizem o passado e a tradição de Joinville, a presença de
sujeitos indesejados, bem como, de marcas que apontem a um caminho contrário a esta
estetização deveriam ser apagadas e condenadas.
Primeiramente podemos constatar como as atribuições de sentidos estão relacionadas
às narrativas tradicionais da cidade. A reportagem constrói uma dicotomia entre a pichação e
o grafite, algo comum na contemporaneidade, entretanto tal concepção se da a partir de uma
construção histórica, chegando até mesmo a ter a diferenciação explicita pela constituição
federal8. Neste artigo, publicado pelo jornal A Notícia, interpretamos que o grafite recebe uma
característica de arte e é encarado como uma profissão a ser seguida, através dele o grafiteiro
conseguiria superar o anonimato do vandalismo e de certa forma se adaptar a sociedade
através da adequação a lei, segundo a reportagem o grafite deve ser feito apenas em locais
autorizados “caso o contrário vira pichação, que é só depredação” (ZIMMERMANN, 2001).
Desta forma vislumbramos que a pichação segundo o autor está diretamente ligado a
desordem, anonimato, vandalismo, depredação e destruição, por outro lado o grafite oferece
uma saída a quem, por algum motivo, tenha optado pelo primeiro caminho. As festividades do
sesquicentenário não fecham à cidade de Joinville a presença do diferente, entretanto reforça
as tradições pioneiras para que essas sejam respeitadas e seguidas, sendo assim, a grafitagem
8 A partir de uma reformulação de 2011, com a lei 12.408/11, cria-se uma diferenciação entre o grafite e a pichação, no qual o primeiro assume um caráter legal, desde que autorizado pelo proprietário do lugar grafitado e pelos órgãos públicos responsáveis. Já a pichação continua enquadrada restritivamente na categoria de crime ambiental, contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.
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se apresenta como a versão redentora a quem opta pela arte urbana, onde o seu praticante teria
uma profissão e seguiria a lei, ou seja seguiria as tradições de ordem e trabalho.
Considerações Finais:
Atentar o olhar às marcas urbanas é estabelecer uma preocupação com o saber fazer do
morador comum. É perceber como suas memórias se relacionam com as grandes narrativas
oficiais. Até mesmo algo que poderia parecer uma demonstração de “desrespeito” a um
patrimônio público pode ser analisado como passível de um sentido histórico. É necessário
então estender o olhar, compreender uma pichação para além do seu conceito criminal,
percebendo nela uma forma de territorialização na cidade. É a retomada do discurso, da
palavra por intermédio da escrita nos muros. Escritas que podem nos instigar a perceber a
intencionalidade do praticante do urbano e ver que o patrimônio cultural está inserido em uma
rede de poder do tipo estratégico e tático dinâmico. Podemos concluir desta forma que o ato
de pichar deve extrapolar o discurso do vandalismo e ser compreendido como um elemento
comunicacional e de apropriação de lugares e objetos patrimoniais. O pichador, ao inscrever
uma assinatura em um monumento ou construção, toma pra si aquele objeto, conferindo- lhe,
a partir da marca de sua presença, um novo uso. Demonstra sensibilidades destoantes em
relação ao valor estabelecido durante o processo de patrimonialização, definindo que aquele
discurso e aquela marca de identificação patrimonializada não o pertence.
REFERÊNCIAS:
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CANCLINI, Néstor García. CULTURAS HÍBRIDAS: ESTRATÉGIAS PARA ENTRAR E
SAIR DA MODERNIDADE. São Paulo: Edusp, 2013.
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Deliberate Destruction of Cultural Heritage. E-conservation the online magazine. no. 25, p.
182 – 195, spring 2013.
COELHO, Ilanil. Pelas Tramas de uma Cidade Migrante. Joinville: Editora Univille, 2011.
GRUNER, Clóvis. LEITURAS MATUTINAS: Utopias e Heterotopias da Modernidade na Imprensa Joinvilense (1951 – 1980). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2013.
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MACHADO, Diego Finder. Redimidos pelo passado? Seduçoes Nostálgicas em uma Cidade
Contemporânea. (Joinville, 1997-2008). Dissertação: - Universidade do Estado de Santa
Catarina. Florianópolis, 2009.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: Princípios e procedimentos. Campinas:
Pontes, 1999.
PIMENTEL, Maria de Oliveira. Curitiba em cores: a prática do grafite e da pichação frente
ao marketing urbano da capital paranaense. Dissertação – Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra. Coimbra, 2012.
POLLAK, Michel. Memória, esquecimento, silêncio. Revista Estudos Históricos, Rio de
janeiro, vol. 2,n.3,1989.
REPORTAGENS:
ARRUAÇAS Defronte ao Cemitério Municipal Continuam Impunes. A Notícia, Joinville, 23
abril 1980.
ESCOLAS recebem cartilha sobre lei ambiental. A Notícia, Joinville, 05 Jun. 1998.
FISCHER, Gert. R. Conversando com Castelo Branco. A Notícia, Joinville, 01 Fev. 1987.
GUERRA aos pichadores. A Notícia, Joinville, 07 fev. 1987.
GRAFFITIS nas camisetas. A Notícia, Joinville, 06 fev. 1985.
PRAÇAS e árvores sujeitas ao vandalismo destruidor. A Notícia, Joinville, 11 maio 1980.
NUNES, Valentina. O muro aceita tudo, quando o dono da casa está dormindo. A Notícia,
Joinville, 05 Jun. 1986.
QUESTÃO de educação. A Notícia, Joinville 13 maio 1980.
TAPUMES de praça pichados novamente. A Notícia, Joinville, 01 março, 2000.
ZIMMERMANN, Arlei. Pichadores exageram e dividem opiniões. A Notícia, Joinville, 22
jan. 2001.
Websites:
WAINER, João; OLIVEIRA, Roberto T. Pixo – Documentário sobre pichação e pichadores.
São Paulo: 04 Dez. 2013. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=JjS0653Gsn8>