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“Projeto Aula dada, Aula Estudada” - AULA 06

Processo de Independência Brasileiro: Crise do

Sistema Colonial e a Luta Pela Autonomia.

By Kadú Costa Pinto

INTRODUÇÃO

- Não Houve Grito do Ipiranga e Não é Possível Limitar

a Independência do Brasil ao 7 de Setembro de 1822.

- A Independência Não Mudou a Caráter Colonial de

Nossa Economia e de Nossa Sociedade.

Influências do XVIII: Revolução Industrial, Revolução

Francesa e Guerras Napoleônicas.

Periodização do Processo Emancipacionista:

Meados do Século XVIII Até 1831 (Abdicação de D.

Pedro I)

A CRISE DO SISTEMA COLONIAL (Fim do XVIII e Início do XIX):

- Crise do Antigo Regime;

- Crise do Antigo Sistema Colonial;

- Crise Metropolitana;

- Influência das Ideias Iluministas.

DESAGREGAÇÃO DO ANTIGO REGIME:

- Crise do Absolutismo

- Crise do Mercantilismo

- Crise do Capitalismo Comercial

MOTIVOS DA CRISE:

- Revolução Industrial (Capitalismo Industrial Não Admitia Barreiras ao

Consumo e ao Comércio – Monopólio Comercial e Trabalho Escravo)

- O Intervencionismo Se Tornou um Entrave ao Crescimento Econômico

(Oposição ao Absolutismo e ao Mercantilismo)

- Revolução Francesa e Independência dos EUA

Já Não Cabia Mais o Sistema Ancorado Em: Monopólio Comercial (Pacto

Colonial, Escravidão e Tráfico Negreiro)

O DECLÍNIO COLONIAL

- Progressivo Afrouxamento dos Laços Econômicos, Políticos e

Ideológicos Que Prendiam Uma Colônia à Metrópole (Inversão

Colonial).

- O Tiro no Pé (Origens dos Conflitos de Interesse entre

Metrópoles e colônias):

* População Colonial Crescia;

* Produção Colonial Aumentava;

* Tarefas Administrativas na Colônia Se Ampliavam;

* Urbanização Colonial Aumentava (Surgimento de

novas Camadas Sociais)

- Pontos de Corrosão do Sistema:

A) EUROPA: Crise do Antigo Regime nas Metrópoles Tirou a

Base de Sustentação do Sistema Colonial (Economia e Ideologia

Caíram)

B) AMÉRICA: Populações Coloniais Começaram a Combater o

Domínio Metropolitano.

DECLÍNIO COLONIAL NO BRASIL

- Período Colonial Tranquilo? Não!

1) Conflitos Violentos Entre Escravos e Senhores a Partir do Século

XVII e Principalmente no XVIII:

2) Consumidores se Opunham aos Monopólios Metropolitanos

(Mercadorias Passavam Antes Por Portugal encarecendo os Produtos

Aqui Consumidos; Além de Impostos e Taxas Alfandegárias);

3) A Classe Dominante Colonial se Opunham à Metrópole (Desde as

Invasões Holandesas a Crise Lusitana Impedia de Praticar Bons Preços

Pelos Produtos Exportados da Colônia).

4) Sistema Burocrático Cada Vez Maior (Crescimento do Aparelho

Administrativo) A Partir da Sociedade Aurífera (Militarismo, Tributarismo

e Fiscalização Forte Sobre as Arrecadações = Autoritarismo

Exacerbado – Revolta Das Camadas Médias Surgentes).

Obs.: A Partir da Burocratização Acentuada, a Metrópole Começou a

Perder Importância, já que Tudo Passa A Ser Decidido Por Órgãos na

Própria Colônia.

REVOLTAS NATIVISTAS:

Contestavam o controle metropolitano sobre assuntos específicos, sem

contudo, apresentarem um projeto separatista.

1ª) REVOLTA DE BECKMAN (Grão Pará e Maranhão 1684):

Insatisfação dos colonos da região com o monopólio exercido pela

Cia de Comércio do Maranhão (Grande Corrupção e Falta de

Fornecimento de Escravos) , porque o fornecimento de escravos e

mercadorias era irregular e excessivamente caro. A insatisfação

também se revela em relação ao controle dos jesuítas sobre a mão-

de-obra indígena e a proibição da coroa para a Escravização de

Indígenas.

Liderados por Manuel e Thomas Beckman, os revoltosos invadiram

armazéns da Cia de Comércio do Maranhão e o Colégio dos Jesuítas

em São Luís.

A Coroa reagiu e o líder foi condenado à morte, mas, de certa forma,

atendeu às exigências dos colonos: Extinguiu a Cia de Comércio e

voltou a permitir a escravização de indígenas.

2ª) GUERRA DOS EMBOABAS (Minas-Gerais 1708 -1709):

Disputa entre paulistas, que haviam descoberto o ouro na

região, e forasteiros portugueses, nordestinos e cariocas, que

calçavam botas altas (“emboabas” – Palavra de origem tupi

que significa “Aves de pés emplumados”), que para lá haviam

se dirigido com as notícias das descobertas.

A vitória coube aos emboabas (Líder: Manuel Nunes Viana

aclamado governador após o conflito).

Ao Final a Coroa Criou a Capitania de São Paulo e Minas de

Ouro (Mais Extensa da Colînia.

Para melhor controlar a população foram criadas vilas nos

povoados mais populosos:

- Vila de Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo (Atual Mariana)

– 1711; Vila Rica; Sabará; São João Del Rei; Vila Nova da

Rainha (Caeté) e Vila do Príncipe (Serro).

3ª) GUERRA DOS MASCATES (Pernambuco (1710-1714):

Concorrência Antilhana: Olinda em Crise e Recife

Prosperando.

Fruto da disputa entre os senhores de engenho, que viviam

em Olinda, e os comerciantes portugueses, que moravam em

Recife e levavam o nome de “mascates”. A redução das

exportações de açúcar, em decorrência da concorrência

antilhana, fez aumentar as dívidas dos senhores com os

mascates. Estes se aproveitam da situação e pressionam pela

elevação de recife à categoria de vila, ocasionando a revolta

dos olindenses.

Concessão da Autonomia: 1710

4ª) REVOLTA DE FELIPE DOS SANTOS OU REVOLTA DE VILA

RICA (Minas Gerais 1720): Gerada pelo descontentamento dos

mineradores da região com a notícia da instalação de uma casa de

fundição em Vila Rica, o que iria acabar com o contrabando de ouro

desenvolvido na região.

Principais Exigências: Redução do Preço dos Alimentos e Anulação

do Decreto que Criava as Casas de Fundição.

Liderada por Felipe dos Santos, tropeiro e minerador português e pelo

minerador e comerciante português Pascoal da Silva Guimarães, que

acabaram presos e Felipe dos Santos morto e esquartejado por ordem

do governador da capitania, o temido Conde de Assumar.

A Coroa portuguesa, para evitar novos conflitos, criou a capitania de

Minas Gerais separada de São Paulo.

Obs.: Das Casas de Fundição, o Ouro seguia para a Provedoria da

Fazenda Real (Órgão do Governo Português responsável pelo

recolhimento d ouro no território colonial).

5ª) Aclamação de Amador Bueno (São Paulo, 1641):

Local: São Paulo

Período: Logo Após do Final da União Ibérica

Motivo: Colonos Queriam Manter Suas Relações Com

Espanhóis do Rio da Prata.

Ações: Tentaram aclamar Amador Bueno da Silva

como “Rei” de são Paulo, Mas o Próprio Amador Não

Aceitou Nem o Cargo e Nem o Título.

Resultado: O Movimento Encerrou-se em Poucas

Horas e Hoje Nem Todos os Historiadores o Aceitam

Como Nativista.

AMADOR BUENO

(Fatec) A Revolta de Beckman, no século XVIII, a Guerra dos

Emboabas, a Guerra dos Mascates e a sedição de Felipe dos

Santos em Vila Rica, no século XVIII, tiveram em comum o

fato de que:

a) representaram uma tentativa de combate à ação

desempenhada pelo sistema de exploração das Companhias de

Comércio.

b) visavam promover a autonomia dos núcleos regionais, com a

valorização do elemento nacional.

c) apresentavam medidas reivindicatórias sem, contudo,

oferecerem um projeto de separação política de Portugal.

d) tentaram promover, sem êxito o término da exploração do

sistema de escravidão africana.

e) pretendiam estabelecer medidas reformistas, a fim de criar

novas condições sociais menos sujeitas à influência do

liberalismo português.

REVOLTAS SEPARATISTAS

Os finais do século XVIII na colônia brasileira são

marcados por duas grandes revoltas: a

INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789) e a CONJURAÇÃO

BAIANA (1798). Ao contrário dos movimentos

nativistas, defendia-se a separação entre colônia e

metrópole, revelando a existência, entre determinados

grupos sociais, de um desejo de autonomia e

independência.

INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)

CAUSAS:

* Intensa tributação sobre a atividade mineradora, cuja

produção decaía anualmente. Já em 1720, mineradores

haviam se revoltado contra a criação das casas de

fundição (Revolta de Filipe dos Santos); a política de D.

Maria I para a região foi a de intensificação da cobrança

de impostos atrasados – inclusive com a decretação da

derrama, o que assustava os mineradores endividados

– além de proibição da fabricação de artigos

manufaturados na colônia para não deslocar a

escravaria da atividade de mineração (Alvará de 1785);

* Constantes arbitrariedades e corrupção por parte das

autoridades encarregadas do controle da região,

aumentando o descontentamento da população local;

"Martírio de Tiradentes", quadro de Francisco

Aurélio de Figueiredo e Melo, 1893 "Tiradentes esquartejado" - Pedro Américo, 1893

•A administração do Visconde de Barbacena,, novo

governador da capitania (1788), encarregado da

execução das dívidas atrasadas;

* O exemplo da independência das 13 colônias inglesas

(1776), oferecendo uma real possibilidade de

rompimento com Portugal;

* A influência, ainda que restrita a uma parcela mínima

da população, das ideias iluministas, entendidas, na

colônia, como propostas anti-metropolitanas.

ATIVIDADES REVOLUCIONÁRIAS:

* Mantinham reuniões clandestinas desde 1788 (Alvarenga

Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa,

os religiosos Carlos Toledo e José Oliveira Rolim, além do

contratador Joaquim Silvério dos Reis (Traidor) e de Joaquim

José da Silva Xavier)

* Revolta teria início na data em que a DERRAMA fosse

cobrada (esperavam o apoio da população local)

* Propostas:

* Morte do Governador de Minas

* Independência da Capitania seguida da emancipação

das demais capitanias (Instauração de Uma República

Brasileira)

* Construção de uma universidade em Vila Rica

* Criação de Fábricas em Minas Gerais

Obs: A Escravidão não seria abolida, o que revela caráter

elitista no movimento.

Cândido Portinari. Despojos de Tiradentes

DESFECHO:

* Com a traição do Contratador em troca do perdão de suas

imensas dívidas, os inconfidentes foram presos após a

suspensão da derrama.

* Interrogados, todos confessaram a participação no

movimento, apontando Tiradentes como líder e responsável

pela conspiração, culpa que assumiu sozinho em 1790.

* Inicialmente foram condenados à morte, tiveram suas

sentenças modificadas para exílio, sendo mantida, apenas, a

condenação de tiradentes.

* Tiradentes foi executado em 21/04/1792, no Rio de Janeiro.

Sua punição foi “exemplar” de forma a afastar qualquer outra

pretensão emancipacionista na colônia brasileira. Seu papel de

“herói”, contudo, só foi estabelecido durante a campanha

republicana, quando se buscava uma figura que pudesse

simbolizar a luta brasileira contra a dominação portuguesa.

Leitura da sentença dos inconfidentes, por Leopoldino Faria.

CONCLUSÃO:

Os Conjurados Mineiros eram quase todos da elite

mineradora, suas ideias liberais eram inconsistentes,

adotavam como modelo a República norte-americana e

pretendiam basicamente a Independência de Minas

Gerais.

CONJURAÇÃO BAIANA (REVOLTA DOS ALFAIATES

/ A REVOLTA DOS BÚZIOS) - 1798:

CAUSAS:

* Escassez e os elevados preços dos gêneros alimentícios, gerados

pela liberação dos preços, pela atuação de atravessadores e pela

reduzida produção interna, já que a mão-de-obra da região

concentrava-se na produção de açúcar e tabaco para exportação;

* a precária situação da massa de escravos e mulatos em Salvador,

submetida à fome, castigos e preconceito, o que dava origem a

incidentes de rebeldia e a um clima de tensão sócio-racial;

* a Influência das ideias iluministas e das propostas da França

revolucionária, embora limitada a poucos membros da elite branca;

* as ideias de liberdade e o exemplo da revolta haitiana, mostrando

um caminho a ser seguido contra a opressão e rumo a uma

verdadeira revolução social.

“Abomináveis Princípios Franceses”

ATIVIDADES REVOLUCIONÁRIAS:

* Reunidos em torno de uma sociedade secreta -

“Cavaleiros da Luz” – religiosos e mulatos baianos

divulgavam suas ideias junto a elite e entre as camadas

populares: igualdade social e construção de uma

sociedade igualitária e democrática; independência em

relação a Portugal; Constituição de uma república

igualitária no Brasil.

* Na madrugada de 12/08/1798, os revolucionários

afixaram diversos panfletos na cidade de Salvador,

divulgando suas ideias e conclamando a população a

unir-se ao movimento.

DESFECHO:

* As investigações foram imediatas e os responsáveis

pelo movimento foram sendo presos, todos alfaiates ou

soldados, pardos ou negros.

* as delações se sucediam e foi implantado um clima de

terror policial na cidade, com casas invadidas, prisões

arbitrárias e torturas.

* Mesmo membros da elite branca, como Cipriano

Barata e Moniz Barreto, foram presos, embora contra

eles nada fosse provado além das divulgações das

ideias “revolucionárias” francesas.

* Ao final da devassa, seis participantes foram

condenados à morte, sendo quatro enforcados e

esquartejados, e os demais condenados ao exílio.

CONCLUSÃO:

Os Conjurados de Salvador eram quase todos do

povo, tinham como exemplo os radicais (Jacobinos) da

Revolução Francesa e admitiam a ideia de estender a

Independência a toda a colônia.

INCONFIDÊNCIA CARIOCA

(Rio de Janeiro – 1794)

* Não chegou a ser concretizada;

* Inspiração: Revolução Francesa;

* Intelectuais fundaram uma sociedade literária em 1786

no Rio de Janeiro onde criticavam elementos sociais do

Brasil Colônia;

* Intelectuais foram denunciados por José Bernardo da

Silva Frade;

*Revoltosos foram acusados de conspirar contra a

religião e o governo;

* Membros: Poeta Manoel Inácio da Silva Alvarenga;

Vicente Gomes e João Manso Pereira (Ficaram presos

2 anos e meio e posteriormente liberados por falta de

provas).

CONSPIRAÇÃO DOS SUASSUNAS

(Pernambuco – 1801)

* Proprietários do Engenho Suassuna (Francisco de

Paula, Luís Francisco e José Francisco = Irmãos

Cavalcanti de Albuquerque);

* Reuniões na Sociedade Secreta Areópago de Itambé

(Maçonaria);

* Objetivo: Proclamar uma República Liberal com o

auxílio de Napoleão Bonaparte;

* Houve conspiração contra os revoltosos e os líderes

foram presos de liberados por falta de provas.

REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817):

CAUSAS:

* Descontentamento com a presença da Corte em outras partes da colônia;

* Queda do Preço do Açúcar em função da concorrência com o açúcar de

beterraba europeu;

* Elevação de impostos (para sustentar a corte no Brasil);

AÇÃO:

* Proprietários de Pernambuco, reunidos a religiosos, comerciantes

brasileiros e homens livres, além de militares, passam a defender a

proposta separatista e republicana (influência pela organização dos

Estados Unidos e pelas independências da América Espanhola).

DESFECHO:

* Em março de 1817 é deposto o governador da Província e estabelecido

um governo republicano provisório composto por representantes de

tendências diversas. É decretada a liberdade de comércio, de imprensa e

religião.

* Houve repressão violenta e os líderes foram condenados à prisão ou

mortos na forca.

Motivo do Fracasso: Contradições entre as ideias liberais e a realidade

socioeconômica do Brasil (Liberalismo Econômico = Convinha à Elite e

ao Povo / Liberalismo Político = Convinha Apenas à Elite).

CONCLUSÃO:

Mais Abrangente das três principais revoltas

emancipacionistas pois incluiu elementos do povo, das

camadas médias e até mesmo dos grandes fazendeiros.

Bem como por terem tentado expandir a revolta para o

restante do Brasil.

Obs.: Foi o único processo separatista que ultrapassou

a fase conspiratória e chegou a proclamar a

independência.

Além de Pernambuco se espalhou pela Paraíba, Rio

Grande do Norte e Alagoas.


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