CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
ESTUDO DAS ENTEROPARASITOSES CORRELACIONANDO AS
CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E SANITÁRIAS DE CRIANÇAS
QUE FREQÜENTAM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS
Noelí Fátima Silveira
Lajeado, junho de 2008
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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
ESTUDO DAS ENTEROPARASITOSES CORRELACIONANDO AS
CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E SANITÁRIAS DE CRIANÇAS
QUE FREQÜENTAM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS
Noelí Fátima Silveira
Monografia apresentada na disciplina de Estágio Supervisionado III do curso de Graduação em Farmácia, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Profa. Msc. Luciana Weidlich
Lajeado, junho de 2008
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que sem ele não teria forças
para chegar até aqui.
Aos meus pais que tanto sonharam com este momento, pois através das
palavras de carinho e incentivo, contribuíram muito para esta conquista.
Em especial as minhas filhas Taís e Tamara que amo muito e foram para
mim a fonte de coragem, incentivo e luta durante toda esta trajetória.
Ao meu esposo Lorival, pela compreensão, paciência e apoio dedicado. Pois
sem tudo isso jamais poderia realizar este tão esperado momento.
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AGRADECIMENTO
As minhas colegas de aulas, pelos momentos de aprendizado constante, pela
amizade que aos poucos foi crescendo entre nós.
A minha amiga e colega Aline Blankenheimer pela amizade e principalmente
pele grande ajuda durante a pesquisa para este trabalho de conclusão.
Aos professores, em especial a professora Luciana Weidlich, pela paciência,
dedicação e empenho na orientação deste trabalho.
A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para que este
trabalho consiga atingir aos objetivos propostos.
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RESUMO
Estudos populacionais em diferentes regiões do Brasil mostram freqüências diversas na ocorrência de parasitoses, que geralmente variam de acordo com as condições sócio-econômicas e sanitárias, principalmente em paises subdesenvolvidos. Foi realizado um estudo transversal com investigação parasitológica em 10% das crianças de 1 a 6 anos que freqüentam escolas púbicas e privadas em Lajeado (236 crianças), no período de agosto de 2007 a maio de 2008, das quais foram analisadas amostras de fezes utilizando a técnica de sedimentação por centrifugação. Este trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de enteroparasitoses nesta população, correlacionando com as condições sócio-econômicas e sanitárias das famílias. Obteve-se um índice de 7% de positividade representando um total de 17 amostras positivas, sendo que 55% destas foram de crianças de escolas públicas e 45% de escolas privadas. Os parasitos mais prevalentes foram Giardia lamblia (64,6%), Ascaris lumbricoides (11.7%), Trichuris trichiuria (11,7%), Entamoeba coli (6%) e Endolimax nana (6%). As conseqüências trazidas por essas doenças incluem a diminuição do desenvolvimento físico e do aproveitamento escolar em crianças, o agravamento de quadros de desnutrição, diarréia, má absorção da alimentação e anemias.
PALAVRAS-CHAVES : Enteroparasitoses. Crianças. Condições sanitárias. Condições sócio-econômicas.
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ABSTRACT
Population studies in different regions of Brazil demonstrate different occurrences of parasitosis, which normally vary according to the socioeconomic and sanitation status, especially in underdeveloped countries. A transversal study with parasitological investigation was performed on 10% of 1 to 6-year-old children who attend public and private schools in Lajeado (236 children), from August 2007 to May 2008, from whom stool samples were analyzed using the sedimentation through centrifugation process. This study has the objective of evaluating the prevalence of enteroparasitosis among this population, correlating it with the socioeconomic and sanitation status of these families. A positive rate of 7% was found, representing a number of 17 positive samples, where 55% of the positive samples were from children who attend public schools and 45% from children who attend private schools. The most frequently found parasites were Giardia lamblia (64,6%), Ascaris lumbricoides (11.7%), Trichuris trichiuria (11,7%), Entamoeba coli (6%) e Endolimax. nana (6%). The consequences brought up by these diseases include a decrease in physical growth and school performance, the aggravation of malnourishment, diarrhea and poor nutrient absorption situations as well as anemia.
KEY WORDS: Enteroparasitosis. Children. Sanitation status. Socioeconomic status.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – Ascaris lumbricoides (vermeadulto)....................................................24
FIGURA 02 - Ovo fértil de Ascaris lumbricoides...................................................25
FIGURA 03 - Ovo de Trichuris trichiura.....................................................................26
FIGURA 04 – Enterobius vermiculares: (a) macho; (b) fêmea repleta de ovos; (c) ovo
característico.............................................................................................................28
FIGURA 05 - Strongyloides stercoralis......................................................................29
FIGURA 06 - Taenia solium: escólex com rostro armado, proglote grávida com
ramificações uterinas pouco numerosas e dendríticas..............................................32
FIGURA 07 - Taenia saginata: escólex sem rostro, proglote grávida, com muitas
ramificações uterinas e dicotômicas..........................................................................33
FIGURA 08 - Ovo de Taenia sp................................................................................34
FIGURA 09 - Ovo de Schistossoma mansoni...........................................................36
FIGURA 10 - Cisto e trofozoíto de Giardia lamblia....................................................38
FIGURA 11 - Cisto de Entamoeba coli......................................................................40
FIGURA 12 - Cisto de Endolimax nana.....................................................................41
FIGURA 13 - Cisto e trofozoíto de E. histolytica........................................................43
FIGURA 14 - Prevalência de parasitoses intestinais entre os participantes do
estudo........................................................................................................................49
FIGURA 15 - Distribuição das enteroparasitoses de acordo com o sexo em crianças
de 1 a 6 anos, no município de Lajeado....................................................................49
FIGURA 16 - Prevalência de parasitos intestinais nas análises positivas.................50
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FIGURA 17 - Prevalência de enteroparasitoses relacionada à faixa etária dos
participantes do estudo.............................................................................................51
FIGURA 18 - Freqüência de parasitoses de acordo com a escolaridade dos pais ou
responsáveis.............................................................................................................52
FIGURA 19 – Prevalência das parasitoses intestinais de acordo com a renda
familiar.......................................................................................................................53
FIGURA 20 – Prevalência de parasitoses intestinais em relação à presença de
animais no domicílio..................................................................................................54
FIGURA 21 - Prevalência da parasitoses intestinais em relação ao tipo de escola
freqüentada...............................................................................................................54
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LISTA DE TABELAS
TABELA 01 - Prevalência de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 6 anos em
cada uma das três escolas públicas estudadas, no município de Lajeado...............55
TABELA 02 - Prevalência de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 6 anos em
cada uma das escolas privadas estudadas, no município de Lajeado......................55
TABELA 03 – Limpeza de verduras e frutas.............................................................56
TABELA 04 – Relação entre utilização de medicamentos antiparasitários e
positividade das amostras.........................................................................................56
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS........................................ ............................................................... 13 2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 13 2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 13
3 REFERENCIAL TEÓRICO.............................. ................................................... 14 3.1 Parasitismo ..................................................................................................... 14 3.2 Epidemiologia.................................................................................................. 16 3.3 Diagnóstico...................................................................................................... 19 3.3.1 Exame parasitológico de fezes .................................................................... 20 3.3.2 Outros métodos diagnósticos....................................................................... 21 3.4 Prevenção ....................................................................................................... 21 3.5 Tratamento...................................................................................................... 22 3.6 Sintomas ......................................................................................................... 23
4 TIPOS DE PARASITOS............................... ...................................................... 24 4.1 Helmintos ........................................................................................................ 24 4.1.1 Nematódeos................................................................................................. 25 4.1.1.1 Ascaris lumbricoides ................................................................................. 25 4.1.1.2 Trichuris trichiura....................................................................................... 27 4.1.1.3 Enterobius vermiculares............................................................................ 28 4.1.1.4 Strongyloides stercoralis ........................................................................... 30 4.1.2 Cestódeos .................................................................................................... 31 4.1.2.1 Hymenolepis nana e Hymenolepis diminuta ............................................. 32 4.1.2.2 Taenia solium (tênia do porco) e Taenia saginata (tênia do boi) .............. 33 4.1.3 Trematódeos ................................................................................................ 36 4.1.3.1 Schistossoma mansoni ............................................................................. 36 4.2 Protozoários .................................................................................................... 37 4.2.1 Giardia lamblia ............................................................................................. 38 4.3 Amebas ........................................................................................................... 40 4.3.1 Entamoeba coli ............................................................................................ 40
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4.3.2 Endolimax nana ........................................................................................... 41 4.3.3 Entamoeba hartmani.................................................................................... 42 4.3.4 Entamoeba dispar ........................................................................................ 42 4.3.5 Entamoeba histolytica .................................................................................. 42
5 MATERIAIS E MÉTODOS .............................. ................................................... 45 5.1 Local do estudo............................................................................................... 45 5.2 Tipo de estudo ................................................................................................ 45 5.3 População ....................................................................................................... 45 5.4 Metodologia..................................................................................................... 45 5.5 Descarte de material biológico ........................................................................ 47 5.6 Aspectos éticos ............................................................................................... 47
6 RESULTADOS....................................... ............................................................ 48
7 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 58
8 CONCLUSÃO ........................................ ............................................................ 63
REFERÊNCIAS......................................................................................................65
APÊNDICES...........................................................................................................69
ANEXOS ............................................................................................................... 73
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1 INTRODUÇÃO
O estudo das enteroparasitoses é muito importante em todo o mundo, visto
que vários trabalhos de pesquisas já mostraram um elevado índice de contaminação
parasitária, principalmente em crianças em idade escolar e pré-escolar.
O estudo da parasitologia é fundamental, pois as doenças parasitárias são
freqüentes na população mundial. Um levantamento multicêntrico das parasitoses
intestinais revelou que 53% de crianças estavam parasitadas e 51% destas
poliparasitadas (Cinermann, 1999). Alguns parasitos apresentam grave problema de
saúde pública, sendo na maioria das vezes, ao lado da má nutrição, os
responsáveis por deficiências no desenvolvimento físico e intelectual das crianças.
Estudos realizados em diversas regiões do Brasil mostram resultados
semelhantes, trazendo como conseqüências dessas doenças o baixo peso,
desnutrição, diarréia, anemia, baixo desenvolvimento físico e intelectual. Os fatores
sócio-econômicos e sanitários, a baixa escolaridade, educação e hábitos de higiene,
juntamente com a falta de informações contribuem para o aumento das infecções
parasitárias (Ferreira e col., 2006)..
Estudo feito com 222 crianças de um loteamento na periferia de Porto Alegre
revelou positividade em 46% das amostras analisadas (Bencke e col., 2006). Outro
estudo feito também na periferia de Porto Alegre, com crianças de 6 a 12 anos do
núcleo da FEBEM (Fundação de Bem Estar do Menor), revelou 59,5% de
positividade sendo que, 21,6% estavam monoparasitadas, 26,8% biparasitadas,
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9,5% triparasitadas e 1,6% poliparasitadas. Os parasitos mais prevalentes foram
Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura (Mylius e col., 2003).
Este estudo visa proporcionar o conhecimento da real situação das doenças
parasitárias, que acometem crianças que freqüentam escolas de educação infantil
no município de Lajeado, possibilitando assim, orientá-las quanto a prevenção,
transmissão e tratamento adequado, como também levar estes resultados até as
autoridades para que possam dar uma melhor atenção, e saber da importância da
profilaxia das doenças parasitárias através de um trabalho contínuo, em equipe,
com participação de representantes do municípios, das escolas e dos bairros, com o
objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida à população.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a prevalência de enteroparasitoses na população de crianças de 1 a 6
anos de idade, na cidade de Lajeado.
2.2 Objetivos específicos
- Estabelecer a prevalência de enteroparasitoses em crianças de 1 a 6 anos
que freqüentam escolas de educação infantil públicas e privadas, na cidade de
Lajeado, estado do Rio Grande do Sul (RS)
- Avaliar a possível relação entre o índice de contaminação e as condições
sócio-econômicas e sanitárias das crianças estudadas.
- Orientar os responsáveis pelas crianças sobre a importância da análise
parasitológica, orientação médica, e tratamento adequado.
- Estimular os professores das escolas no sentido de despertar o interesse
pelo conhecimento do estado de saúde das crianças.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Parasitismo
O inter-relacionamento entre os seres-vivos é enorme e fundamental para a
manutenção da vida, pois o meio ambiente e os seres vivos estão em permanente e
constante processo de adaptação mútua (evolução). O relacionamento entre os
seres vivos visa dois aspectos: obtenção de alimentos e proteção. Existem vários
tipos de associações entre os animais, sendo uma delas o parasitismo, definido
como toda relação ecológica, desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes,
em que se observa, através de associação íntima e duradoura, uma dependência
metabólica de grau variável (Rey, 2002).
O parasitismo é uma relação direta e estreita entre dois organismos
geralmente bem determinados: o hospedeiro (o homem), e o parasito, vivendo o
segundo às custas do primeiro, tendo um relacionamento com bases nutricionais,
sendo o hospedeiro indispensável ao parasito, que dele separado, morrerá por falta
de nutrição (Silva; Santos, 2001).
As doenças parasitárias denominadas parasitoses intestinais ou
enteroparasitoses são transmitidas aos seres humanos através da ingestão de ovos
ou cistos presentes em alimentos contaminados, cujos agentes etiológicos são
organismos que em pelo menos uma das fases do ciclo evolutivo localiza-se no
aparelho digestivo do homem, sendo responsáveis por quadros assintomático, ou
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por diversas alterações, como diarréia, desnutrição, anemia, dores abdominais,
perda de peso, febre e sintomas respiratórios (Neves, 2000).
Tais problemas afetam principalmente as populações de baixa renda, que
vivem em condições precárias de saneamento básico e higiene, sendo as crianças
as mais atingidas e prejudicadas pelas doenças, uma vez que seus hábitos de
higiene são, na maioria das vezes, inadequados e sua imunidade ainda não é
totalmente eficiente para a eliminação dos parasitos (Ferreira; Andrade, 2005). De
acordo com Benke e col. (2006), as conseqüências trazidas por essas doenças são
diversas e incluem a má absorção de nutrientes, diminuição do desenvolvimento
físico e do aproveitamento escolar em crianças.
A doença parasitária ocorre em conseqüência de um desequilíbrio entre a
ação do parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. O grau de
intensidade depende de vários fatores que envolvem a idade e o estado nutricional
do hospedeiro, a forma infectante e os órgãos atingidos (Neves, 2000). Alguns
nematódeos desenvolvem-se no solo, penetram na pele dos seres humanos,
passam palas vênulas, pulmões, alvéolos, causando pneumonite. A infecção pode
limitar-se à luz do intestino ou pode envolver um processo complexo com migração
do verme adulto ou imaturo nos tecidos. Também podem migrar pela traquéia e
serem deglutidos, fixando-se na mucosa do intestino e alimentando-se de sangue e
nutrientes, causando graves problemas de saúde no hospedeiro.(Craig; Stitzel,
2005).
De acordo com Rey (2002), a localização mais freqüente de parasitos
humanos ocorre no aparelho digestivo, principalmente em sua luz, ou nas vias
excretoras das glândulas anexas. É possível que muitos parasitos tenham tido sua
origem na adaptação que sofreram as espécies de vida livre ao transitar
ocasionalmente pelo tubo digestivo dos atuais hospedeiros, misturados aos
alimentos ingeridos por estes.
As doenças infecciosas e parasitárias continuam, segundo a Organização
Mundial da Saúde, a figurar entre as principais causas de morte, sendo
responsáveis por 2 a 3 milhões de óbitos por ano, em todo o mundo. Uma em cada
dez pessoas sofre da infecção por uma ou mais das dez parasitoses comuns que
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incluem: ascaridíase, ancilostomíase, malária, tricuríase, amebíase, filaríases,
esquistossomoses, giardíase, tripanossomíases e leishmanioses (Rey, 2002).
A transmissão de helmintos está diretamente relacionada com as condições
de vida e de higiene das comunidades urbanas e rurais. Conforme Mylius e col.
(2003), estes parasitos apresentam alta prevalência entre populações de baixo nível
sócio-econômico, onde os padrões de vida, higiene ambiental, educação sanitária e
outras normas básicas para a proteção são inadequados e deficientes. Alguns dos
parasitos mais freqüentemente transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou
poeira são encontrados: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Hymenolepis nana,
Taenia sp, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis (Neves,
2000).
3.2 Epidemiologia
As hortaliças, em especial as consumidas cruas, podem conter larvas e ovos
de helmintos e cistos de protozoários, provenientes de águas contaminadas por
dejetos fecais de animais e/ou do homem. Como as hortaliças são amplamente
comercializadas e consumidas no Brasil, o consumo de verduras cruas constitui
importante meio de transmissão de parasitos intestinais. Um estudo na cidade de
Florianópolis, Santa Catarina, avaliou a presença de parasitos intestinais em três
tipos de hortaliças (rúcula, agrião e alface-crespa). A análise parasitológica mostrou
alta freqüência na maioria das amostras analisadas, de 40% a 76%, (Soares;
Cantos, 2005).
As favelas, compostas por conjuntos de casebres, usualmente com baixas
condições sanitárias e meio ambiente poluído, são o local mais propício para
contaminação parasitária, especialmente entre crianças e adultos jovens. Algumas
favelas estão situadas nas proximidades dos depósitos de lixo, enquanto outras,
perto dos limites do esgoto. Estudo feito em três localidades de vilas periféricas de
Porto Alegre (Vila Fátima, Campo do Tuca, Vila dos papeleiros) em uma população
de 594 pessoas, amostras fecais foram analisadas e apresentaram positividade de
39,5% para A. lumbricoides, 36,6% para T. trichiura e 18% para G.lamblia (Assis e
col. 2003).
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O ambiente exerce um importante papel na transmissão das parasitoses, já
que os ovos embrionados de vários parasitos, por exemplo, A. lumbricoides, quando
eliminados no solo através das fezes do hospedeiro definitivo, não possuem
capacidade de infecção. Essa capacidade só é adquirida após processo evolutivo de
duração variável, necessitando para isso de ambiente com condições de umidade,
temperatura e luz apropriadas, pelo qual água e alimentos possam ser
contaminados (Campos e col., 2002).
De acordo com Assis e col., (2003), no Brasil, as enteroparasitoses figuram
entre os principais problemas de saúde publica e, no entanto, a investigação dessas
doenças tem sido negligenciada. As campanhas de controle e erradicação não
requerem grandes financiamentos, capacitação humana e complexo equipamento
médico de alta tecnologia, mas de imediata conscientização das populações sobre
higiene, educação sanitária e de uma urgente campanha de tratamento em massa.
Estudos populacionais em diferentes regiões do Brasil mostram freqüências
diversas na ocorrência das parasitoses intestinais. Essas variações acontecem de
acordo com as condições locais de saneamento, que podem ser expressas pelo
número de ligações de água e esgoto existentes e pelas características das
populações analisadas. Isso se agrava quando são consideradas algumas zonas
rurais e as periferias das grandes cidades, cujas populações em geral têm baixo
nível sócio-econômico e vivem em precárias condições de saneamento básico
(Bencke e col. 2006).
Foram analisadas 191 amostras de fezes em um estudo feito em alunos da
escola da rede pública da periferia de Porto Alegre. Destas amostras processadas,
encontrou-se positividade em 69 exames (36%). Os parasitos mais prevalentes
foram Ascaris lumbricoides, com 35 amostras (50,72 %); Giardia lamblia, com 19
amostras (27,53%); Trichuris trichiura, com 17 amostras (24,63 %); e Entamoeba
sp., com 15 amostras (21,73%). Encontrou-se poliparasitismo em 19 amostras,
representando 27,53% das amostras positivas (Roque e col. 2005).
Em alguns tipos de infecção parasitária foi observada concentração elevada
de imunoglobulina E (IgE). Um mecanismo proposto para explicar o aumento nos
níveis totais de IgE é a secreção liberada pelos parasitos, de fatores que estimulam
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a produção de Inter Leucina 4 (IL-4), levando ao aumento dos níveis de IgE. Com
um total de 101 pacientes foi realizado estudo através de análise de fezes e títulos
de IgE específico anti-ascaris, dos quais 73% dos resultados foram positivos,
embora o exame parasitológico das fezes tenha gerado resultados positivos em
apenas 34% dos participantes (Sourense; Sakali; 2006).
De acordo com estudo realizado por Malta, (2006), foram analisados 342
amostras de fezes em crianças freqüentadoras de 04 creches na cidade de
Votuporanga - SP. Desta investigação foram obtidos dados referentes à classe pré-
escolar, dados pessoais e parâmetros sócio-econômicos. Os resultados positivos
das análises foram de 37% para as crianças e 16,5% para os adultos (merendeiras
e professoras). As amostras apresentaram 21,5% de positividade para meninos e
15,0% para as meninas. Os hábitos de higiene do hospedeiro, assim como a renda
familiar, não apresentaram correlação com as taxas de prevalências.
De acordo com Silva e Col. (2005), no Nordeste apesar de alguns avanços
nas últimas décadas, parte da população encontra-se ainda em precárias condições
de vida. A Pesquisa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) revelou resultados
inferiores à média brasileira. Talvez essa situação esteja relacionada ao êxodo rural
onde muitos vão residir em assentamentos clandestinos expondo-se a todos os
tipos de risco, onde quase sempre as condições de vida são precárias.
As parasitoses intestinais apesar de serem conhecidas no Brasil são pouco
estudadas nas diferentes regiões. É necessária uma avaliação de estratégias e
medidas de saúde a serem implementadas nestas regiões para que reduza ou
elimine os parasitos intestinais, os quais acabam causando sérios problemas de
saúde na população. Em um estudo feito na cidade de concórdia-SC com exames
parasitológicos de pacientes atendidos pela Secretaria Municipal de Saúde
(SESAMA) e um laboratório do município, um total de 9024 pessoas atendidas, e foi
detectada uma positividade de 12,6% em um período de 30 meses (Marques,
Bandeira, Quadros, 2005).
Nos últimos anos os estudos realizados vêm apresentando resultados
decrescentes de infecção parasitária. A diminuição dessas doenças talvez seja
devida à melhoria das condições sócio-econômicas e sanitárias em alguns locais.
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Mesmo com essa melhora ainda existem regiões com altas prevalências de
enteroparasitoses necessitando de um trabalho contínuo e de uma conscientização
das autoridades para um trabalho em equipe junto às escolas, com palestras,
levando assim um melhor conhecimento sobre transmissão e tratamento destes
parasitos, assim como modos de higiene pessoal e adequada limpeza dos
alimentos, evitando novas infecções (Ferreira; Andrade, 2005).
Para o combate das parasitoses intestinais, além da melhoria das condições
sócio-econômicas e da infra-estrutura em geral, é necessário também, o
engajamento comunitário que é um dos aspectos fundamentais para implantação,
desenvolvimento e sucesso dos programas de controle (Silva; Santos, 2001).
Portanto, até que sejam implementadas medidas mais eficazes como melhorias da
qualidade de vida, considera-se importante a realização de exames de fezes para o
diagnóstico correto e tratamento adequado das parasitoses (Carrilo; Lima; Nicolato,
2005). Conforme Márquez e col. (2002), a implementação de um sistema adequado
para o tratamento de esgoto e encanamento de água potável, juntamente com a
educação sanitária da população, o diagnóstico e o tratamento de indivíduos
infestados contribui decisivamente para a redução da incidência das
enteroparasitoses.
Fatores como condições higiênico-sanitárias precárias associadas à falta de
tratamento adequado de água e esgoto facilita a disseminação de ovos, cistos e
larvas, sendo a transmissão também facilitada pelo aumento do contato entre
pessoas em ambientes fechados, pois o grande número de indivíduos presentes em
um mesmo ambiente não permite muitas vezes obedecer às normas de higiene
contribuindo para o alto grau de enteroparasitismo (Uchoa e col., 2004).
3.3 Diagnóstico
A análise laboratorial é feita através de exame macroscópico para amostras
fecais não preservadas no qual se determina a consistência, o odor, a cor, a
presença ou ausência de sangue, de muco, de proglotes e de vermes adultos. O
exame microscópico é o utilizado para visualizar cistos e trofozoítas de protozoários
e ovos, larvas, e pequenos adultos de helmintos, utilizando-se as técnicas de
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sedimentação espontânea ou sedimentação por centrifugação com posterior
observação do sedimento, corado com solução de lugol, ao microscópio, com
aumentos de 100X e 400X (De Carli, 1994; Neves, 2000).
O exame microscópico para pesquisa de parasitos deve ser realizado por
pessoas habilitadas. De acordo com De Carli (1994), um diagnóstico incorreto
resulta em dois tipos de erros: de interpretação ou de procedimento. Os erros de
interpretação são devidos à falta de conhecimento das várias espécies que muitas
vezes não se assemelham às figuras encentradas, como também os diferentes tipos
de artefatos presentes nas fezes que podem causar dúvida no momento da
interpretação. Diagnóstico duvidoso deve ser estudado até sua identificação, ou
encaminhado a um especialista, ou, ainda, pode haver a necessidade de solicitar
mais uma amostra do paciente.
Os erros de procedimento são uma conseqüência do uso incorreto do
microscópio, de esfregaço impropriamente preparado, erro de preparação da técnica
ou falta de experiência para uma pesquisa criteriosa de certas espécies. A
identificação segura e correta de parasitos depende de critérios morfológicos, os
quais estão sujeitos a uma colheita bem feita e a uma boa preservação dos
espécimes fecais (De Carli, 1994).
Não existe uma uniformidade de conduta relacionada com o número de
amostras que devam ser colhidas. A maioria dos estágios de evolução dos parasitos
não aparece no material fecal em número constante todos os dias, de maneira que
a colheita de fezes em dias alternados propiciaria uma porcentagem maior de
resultados positivos (De Carli, 1994).
3.3.1 Exame parasitológico de fezes
Existem vários métodos que podem ser empregados na pesquisa de ovos e
larvas de helmintos e cistos e trofozoítos de protozoários. A maioria das formas
parasitárias pode ser pesquisada através de métodos de sedimentação ou
enriquecimento (Lutz, 1919; Hoffman, Pons & Janer, 1934; Ritchie, 1948), que têm
como objetivo a sedimentação, espontânea ou por centrifugação, do material fecal,
concentrando as formas parasitárias presentes para aumentar a sensibilidade da
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identificação microscópica. Estes métodos são amplamente utilizados na prática
clínica, como métodos laboratoriais de rotina para identificação da maioria dos
enteroparasitos. Outros testes, menos utilizados rotineiramente (Faust, 1938),
utilizam a propriedade que alguns ovos de helmintos têm de flutuarem na superfície
de soluções saturadas, e são utilizados para pesquisa específica de ovos de
ancilostomídeos, por exemplo (De Carli, 1994; Neves, 2000).
Algumas vezes métodos quantitativos são importantes para avaliar a
intensidade de uma infecção parasitária através do número de ovos encontrados
nas fezes, ou para avaliar a efetividade do tratamento. O número de ovos
encontrado é calculado de acordo com a quantidade em grama de fezes. O método
de Kato 1960; Katz, Chaves & Pellegrino, 1972 é o mais empregado na rotina para
determinar quantitativamente o número de ovos (Neves, 2000).
3.3.2 Outros métodos diagnósticos
Existem outros métodos diagnósticos, de utilização mais restrita, como o
ensaio imunoenzimático (ELISA) para a cisticercose, usado para pesquisar o
antígeno, imunofluorescência indireta (IFI), para pesquisa de anticorpos específicos
contra o parasita no soro do paciente e coprocultura que podem ser utilizados, como
no caso da amebíase causada por Entamoeba histolytica (Póvoa e col., 2000).
3.4 Prevenção
Conforme Secretaria do Estado de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro a
prevenção das parasitoses exige medidas simples, mas é preciso que se crie o
hábito de executá-las rotineiramente como lavar as mãos sempre que usar o
banheiro ou antes das refeições, conservar as mãos sempre limpas, unhas
aparadas, e evitar colocar a mão na boca, beber somente água filtrada ou fervida,
lavar bem os alimentos antes do preparo, principalmente se forem consumidos crus,
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andar sempre com calçado, comer apenas carne bem passada, não deixar crianças
brincarem em terrenos baldios com lixo ou água poluída.
Enfim, para que se estabeleçam as medidas curativas e profiláticas
necessárias para a diminuição do número de pessoas infectadas é importante que
se conheça a prevalência das enteroparasitoses e as principais espécies
encontradas em cada população específica (Márquez e col., 2002).
3.5 Tratamento
O tratamento é feito com medicamentos antiparasitários específicos após a
identificação do agente causador. O diagnóstico é feito principalmente através da
análise laboratorial e o tratamento farmacológico vai depender do tipo de parasito
encontrado. Para infecções causadas por protozoários, como giardíase, amebiase, e
tricomoníase, os fármacos mais indicados são: metronidazol, tinidazol, ornidazol, e
secnidazol (Neves, 2000). Enquanto que infecção por helmintos o tratamento eficaz
é realizado com administração de anti-helmínticos como mebendazol, albendazol,
ivermectina, praziquantel e outros (Fuchs, 1998).
A terapêutica eficiente requer além do medicamento específico, cuidados
especiais na alimentação, através de dieta rica e de fácil absorção, pois em geral o
organismo do paciente está debilitado e a mucosa intestinal lesada (Neves, 2000).
Das infecções causadas por nematódeos, a estrongiloidíase é a mais difícil
de ser tratada. O mebendazol usado para outros parasitos, não atua sobre S.
stercoralis, mas outras drogas do grupo benzimidazólicos (tiabendazol,
cambendazol e albendazol), são usadas, específicas para este caso (Neves, 2000).
Para o tratamento de doenças causadas por cestódeos o fármaco de escolha
para o tratamento é o praziquantel administrado em uma dose oral única de
25mg/kg de peso (Markell; John; Krotoski, 2003). Para tênias adultas é indicado o
uso de niclosamida. Para cisticercose o tratamento eficaz se dá com uso de
praziquantel, anticonvulsivantes para crises convulsivas, corticosteróides para
sintomas do sistema nervoso central e cirurgias (Leventhal; Cheadle, 2000).
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O tratamento para todas as espécies de trematódeos é praziquantel, em
alguns casos pode-se administrar o tetracloroetileno e bitionol (Leventhal; Cheadle,
2000).
3.6 Sintomas
Os sintomas variam de acordo com o grau de infecção, a fase do ciclo em
que se encontra o parasito e a espécie de parasito que causa a infecção. O quadro
pode ser assintomático como também podem causar vários sintomas que vão desde
sintomas mais leves como de quadros graves (Neves, 2000).
Alguns sintomas podem ser observados em comum, para os nematódeos:
cólicas intermitentes, perda do apetite, irritabilidade, abdômen saliente, carência
nutricional, dor abdominal, diarréia, náuseas, vômitos, disenteria, prolapso retal,
eosinofilia, anemia, má nutrição, perda de peso e retardamento no desenvolvimento.
Alguns quadros clínicos incluem febre, mal estar, sintomas de pneumonia. Também
pode haver prurido anal, perda de sono, nervosismo, vaginite, edema local e
manifestações de urticária, sintomas mais relacionados a determinada espécies
(Neves, 2000; Rey, 2002).
Nas infecções causadas por cestódeos os sintomas mais leves são os
mesmos encontrados nos nematódeos. No caso da cisticercose (causada por
Taenia solium), os cisticercos podem atingir o sistema nervoso central, alojar-se no
encéfalo ou no olho. Essa migração pode ser fatal se desenvolver a forma racemosa
no cérebro (Neves, 2000; Leventhal; Cheadle, 2000).
Os sintomas de infecções causadas por trematódeos podem apresentar
dermatite, febre, tosse, mialgias, mal estar, hepatomegalia, cirrose hepática, diarréia
sanguinolenta, obstrução intestinal, hipertensão, infecções tóxicas, fibrose
peritoneal, bronquite crônica, icterícias, hepatomegalia, dor abdominal, anorexias,
úlceras na mucosa do intestino delgado (Leventhal; Cheadle, 2000).
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4 TIPOS DE PARASITOS
Os parasitos intestinais encontrados em seres humanos se dividem entre os
helmintos e os protozoários, e estes são separados por grupos. Os helmintos
envolvem os nematódeos, cestódeos e trematódeos. Os protozoários intestinais são
de grande prevalência na população humana, e os de maior importância clínica são
Giardia lamblia e Entamoeba histolytica. Outras amebas encontradas são apenas
comensais que vivem livremente no intestino sem causar nenhuma doença. Para
delineamento de estudos e para correta identificação laboratorial, é importante que
se conheça as doenças causadas por estes organismos, modo de transmissão, ciclo
biológico, diagnóstico e tratamento (Neves, 2000).
4.1 Helmintos
Os helmintos são animais multicelulares e compreendem os nematódeos,
cestódeos e trematódeos. Destes alguns são de vida livre enquanto outros são
exclusivamente parasitos do homem (Markell; John; Krotoski, 2003).
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4.1.1 Nematódeos
Os nematódeos são vermes cilíndricos, redondos, que incluem as espécies
de vida livre e as dependentes metabolicamente de um hospedeiro para realizar o
seu ciclo de vida. As diferentes espécies variam de tamanho desde poucos
milímetros até mais de um metro de comprimento. Possuem uma cutícula dura, trato
digestivo bem desenvolvido, os sexos são separados, sendo o macho geralmente
menor que a fêmea (Markell; John; Krotoki, 2003).
Estes organismos fazem parte do grupo pertencente ao filo Aschelminthes da
classe Nematoda e, entre os gêneros e espécies mais encontrados estão: Acaris
lumbricoides, Trichuris trichiura, Strongyloides stercoralis, Enterobius vermicularis,
Ancylostoma duodenale (Neves, 2000).
4.1.1.1 Ascaris lumbricoides
Maior verme cilíndrico que parasita o trato intestinal humano, conhecido
desde os primórdios da história. É alongado, cilíndrico, com as extremidades
anteriores e posteriores cônicas, mais ou menos arredondadas (figura 1). A cabeça
é provida de três lábios carnudos. O macho mede 12 a 31 cm de comprimento e a
fêmea 25 a 35 cm (Neves, 2000).
FIGURA 01 - Lumbricoides (verme adulto)
Fonte: Leventhal; Cheadle, 2000.
Os ovos fertilizados de A. lumbricoides são esféricos, grosseiramente
granulosos, em geral não enchem completamente a casca, têm uma fina membrana
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interna altamente permeável, uma camada intermediária relativamente espessa,
incolor, lisa, e na parte externa uma camada grossa que funciona como uma
membrana protetora auxiliar (figura 2). Na ausência do macho, a fêmea produz ovos
estéreis de formato subesférico (ovos inférteis). No solo, os ovos resistem à
putrefação e suportam as mudanças da temperatura, ficando viáveis por mais de um
ano e o desenvolvimento até a fase de larva infectante é de 3 a 4 semanas (Neves,
2000).
FIGURA 02 - Ovo fértil de Ascaris lumbricóides
Fonte: Leventhal; Cheadle, 2000.
- Ciclo biológio
Quando ingeridos ovos infectantes, conforme anexo A, as larvas
desenvolvem-se no duodeno, penetram na parede intestinal, entram nos vasos
sanguíneos ou linfáticos, sendo transportadas para o fígado, o coração, e daí para a
circulação pulmonar. Ao fim de cerca de 20 dias de infecção, e depois de duplicar o
seu comprimento, nos tecidos pulmonares, começa a migração, via traquéia até o
intestino, envolvendo um período de 2 a 3 meses após a exposição, onde os ovos
maduros começam a ovoposição no intestino. O verme adulto é expulso
espontaneamente ao final de 12 meses (Markell; John; Krotoski, 2003).
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4.1.1.2 Trichuris trichiura
São vermes que vivem no intestino grosso da pessoa infectada. Parasitos
humanos, prevalentes nos climas úmidos, quentes ou temperados. Medem 3 a 5 cm
de comprimento, sendo os machos pouco menores que as fêmeas. Os ovos,
estreitos, em forma barril, (figura 3),com tamanho que varia entre 50 e 55
micrômetros de comprimento por 22 ou 23 micrometros de largura, possuem um fino
revestimento interno, transparente, uma casca exterior acastanhada e em cada pólo,
uma protuberância transparente, semelhante a uma vesícula (Rey, 2002).
FIGURA 03 - Ovo de T. trichiura
Fonte: Leventhal; Cheadle, 2000.
- Ciclo biológico
O embrião contido no ovo recém eliminado se desenvolve no ambiente para
se tornar infectante, este em condições favoráveis do solo pode permanecer viável
por um longo período de tempo. Os ovos infectantes podem contaminar alimentos
sólidos e líquidos e assim serem ingeridos pelo homem conforme anexo B. Após
cerca de uma hora da ingestão dos ovos, as larvas eclodem e transformam-se em
vermes adultos. Fêmeas e machos que habitam no intestino grosso se reproduzem
sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo juntamente com as
fezes (Neves, 2000).
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- Transmissão
Os ovos de T. trichiura eliminados nas fezes do hospedeiro infectado
contaminam o ambiente em locais sem saneamento básico. Como os ovos são
resistentes às condições climáticas, podem ser disseminados pelo vento, pela água
ou através de moscas em contato com alimentos como também crianças que tem
hábitos de comer terra ou de brincar e depois se alimentar com as mãos sujas
(Neves, 2000).
4.1.1.3 Enterobius vermicularis
Possui distribuição geográfica mundial, mas tem incidência maior nas regiões
de clima temperado. É muito comum em nosso meio atingindo principalmente a
faixa etária de cinco a 15 anos, apesar de também ser encontrado em adultos
(Neves, 2000).
A fêmea (figura 4B), mede cerca de 1 cm de comprimento, por 0,4 mm de
diâmetro, tem cauda pontiaguda e longa. O macho (figura 4A), tem comprimento de
cerca de 5 mm, por 0,2 mm de diâmetro, a cauda fortemente recurvada em sentido
ventral, com um espículo presente e apresenta um único testículo (Neves, 2000).
O ovo mede cerca de 50 micrômetros de comprimento por 20 de largura.
Apresenta aspecto em forma de um D, sendo um dos lados achatado e o outro
convexo. A membrana é dupla, lisa, transparente e apresenta no seu interior uma
larva conforme mostra a figura 4 (Neves, 2000).
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FIGURA 04 – E. Vermiculares : (a) macho; (b) fêmea repleta de ovos; (c) ovo
característico.
Fonte: Neves, 2000.
- Ciclo biológico
Em uma pessoa infectada por E. vermicularis os machos são eliminados junto
com as fezes e morrem. As fêmeas repletas de ovos durante a noite dirigem-se para
o ânus. Os ovos eliminados, já embrionados se tornam infectantes em poucas horas
e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado as larvas rabditóides eclodem
e sofrem duas mudas no trajeto intestinal até o ceco, transformando-se em vermes
adultos (Neves, 2000).
- Transmissão
O mecanismo de transmissão pode se dar através de ovos presentes na
poeira ou alimentos ingeridos por um novo hospedeiro (heteroinfecção), ou, quando
é ingerido pelo mesmo hospedeiro que os eliminou (autoinfecção externa).
A transmissão, mais raramente, pode se dar por autoinfecção interna, onde
as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco transformando-
se em vermes adultos. Existe processo chamado retroinfecção no qual as larvas
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eclodem na região perianal, penetram pelo ânus, migram pelo intestino grosso até o
ceco, onde se transformam em vermes adultos (Neves, 2000).
A suspeita clínica de enterobiose se dá através do sintoma de prurido anal
noturno. O melhor método é o da fita adesiva colocada na região perianal e
observada em microscópio. Essa técnica deve ser feita logo pela manhã, antes da
pessoa banhar-se e repetida em dias sucessivos, caso o resultado for negativo
(Neves, 2000).
4.1.1.4 Strongyloides stercoralis
São pequenos nematódeos que vivem em geral no solo ou na água, como
seres de vida livre. Parte do seu ciclo de vida é no solo, mas outra parte do ciclo é
obrigatoriamente parasitária e tem como habitat a parede intestinal o homem (Rey,
2002).
A fêmea parasito é partenogenética, possui corpo cilíndrico, com aspecto
filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Mede 1,7 a
2,5 m de comprimento por 0,03 a 0,04 mm de largura. O macho é menor, tem sua
cauda recurvada ventralmente conforme figura 5 (Rey, 2002).
FIGURA 05 - Strongyloides stercoralis
Fonte: www.cisa.org.br/categoria.html?FhIdTexto=2501...
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- Ciclo biológico
No solo as larvas rabditóides eliminadas nas fezes têm duas possibilidades
evolutivas, podendo seu ciclo ser direto ou indireto conforme anexo C. No primeiro
caso, essas larvas no meio exterior, sofrem mudas e passam a evoluir para larvas
filarióides infectantes. No ciclo indireto as larvas podem sofrer várias mudas no solo
e produzir machos e fêmeas de vida livre, as quais põem ovos onde saem novas
larvas rabditóides que evoluem finalmente para fiaroióides infectantes (Rey, 2002).
No hospedeiro as larvas penetram através da pele, alcançam a circulação
venosa, realizam um ciclo que passa pelo coração, artérias pulmonares, rede capilar
dos pulmões. Perfurando os capilares chegam aos alvéolos, bronquíolos, traquéia e
laringe para serem deglutidas. Quando chegam na cavidade intestinal os vermes
adultos já estão formados (Rey, 2002).
- Transmissão
As larvas filarióides infectantes penetram usualmente através da pele, ou,
ocasionalmente através das mucosas, principalmente da boca e do esôfago. A
penetração ocorre também através da pele dos pés, quando descalços (Neves,
2000).
Para pesquisa de Strongyloides stercoralis há a necessidade de realização do
método Baerman-Moraes, e devem ser feitas de três a cinco coletas de fezes com
dias alternados para confirmação da presença da larva. Quando o exame de fezes é
repetidamente negativo é indicado a Coprocultura. Também pode-se realizar
pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos orgânicos, endoscopia digestiva,
biópsia intestinal, esfregaço citológico e necropsia em casos de morte. Exames por
métodos indiretos como hemograma, diagnóstico por imagem, métodos
imunológicos podem ser usados (Neves, 2000).
4.1.2 Cestódeos
Os cestódeos são endoparasitas desprovidos de epiderme, de cavidade geral
e de sistema digestivo, denominados vermes de fita, por serem alongados e
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semelhantes às fitas. Por não possuir boca e nem aparelho digestivo, absorvem
todos os nutrientes através do tegumento. Dependendo da espécie o verme adulto
pode medir desde poucos milímetros até vinte metros de comprimento. O ciclo de
vida desses organismos em geral são indiretos, isto é, pelo menos um hospedeiro
intermediário é necessário para sustentar o desenvolvimento larvário (Leventhal;
Cheadle, 2000).
A classe cestóda envolve os seguintes parasitos mais comuns: Hymenolepis
nana e H. diminuta, Taenia saginata, Taenia solium, Echinococcus granulosus,
Diphyllobothrium latum (Leventhal; Cheadle, 2000).
4.1.2.1 Hymenolepis nana e Hymenolepis diminuta
Denominadas “tênia anã do homem”, são parasitos relativamente pequenos,
com apenas alguns centímetros de comprimento. A infecção em humanos é
normalmente transmitida pelo parasito H. nana enquanto que o H. diminuta é o
parasito habitual de ratos e raramente do homem, quando ocorre a infecção
humana, não causa nenhuma alteração orgânica, em geral o verme é eliminado dois
meses após a infecção (Neves, 2000).
A infecção por H.nana é mais freqüente em crianças, mas também ocorre em
adultos. O verme adulto possui o córtex com quatro ventosas, os segmentos são
largos e longos, as proglotes maduras contém um conjunto de órgãos reprodutivos
masculinos e femininos. Os ovos são liberados pelos segmentos grávidos antes de
se separarem e contém uma ancosfera com seis acúleos em uma membrana rígida
onde estão presentes oito filamentos, denominados filamentos polares os quais
servem para diferenciar os ovos de H. nana dos da H.diminuta (Markell; John;
Krotoski, 2003).
- Transmissão
Os ovos são ingeridos juntamente com alimentos ou água contaminada ou
pelo mecanismo mão-boca. Ovos adultos eclodem no intestino delgado. A
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ancosfera, que tem seis acúleos, escava uma vilosidade da mucosa intestinal, onde
em poucos dias transforma-se em uma larva cisticercóide, ou seja, uma larva
pequena. Quando totalmente desenvolvida a larva passa para a luz do intestino
delgado, onde se transforma em um verme adulto (Leventhal; Cheadle, 2000).
4.1.2.2 Taenia solium (tênia do porco) e Taenia sag inata (tênia do boi)
A tênia da carne de porco, T. solium, é encontrada em carne defumada ou
mal cozida. O verme adulto é conhecido popularmente como solitária, atinge vários
metros de comprimento, possui escólex com quatro ventosas, rostro armado com
dupla coroa de ganchos que serve para fixação na mucosa intestinal e ramificações
uterinas com proglote grávida conforme figura 6 (Neves, 2000).
FIGURA 06 - T. solium : escólex com rostro armado, proglote grávida com
ramificações uterinas pouco numerosas e dendríticas .
Fonte: Neves, 2000.
A tênia da carne bovina, T. saginata, tem distribuição mundial. Os vermes
adultos podem atingir um comprimento de 25m, mas geralmente tem menos da
metade deste tamanho. O escólex possui quatro ventosas e um pequeno rostelo
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sem ganchos, o qual serve para diferenciar as duas espécies de Taenia, como
também a maior quantidade de ramificação uterina (figura 7) que a T. saginata
apresenta em relação T. solium (Markell; John; Krotoski, 2003).
FIGURA 07 - T. saginata : escólex sem rostro, proglote grávida, com muitas
ramificações uterinas e dicotômicas
Fonte: Neves, 2000.
- Ciclo biológico
Os ciclos biológicos das duas espécies de Tênias são semelhantes. A T.
solium tem o suíno como hospedeiro intermediário, enquanto que para a tênia
saginata o hospedeiro intermediário é o boi, sendo o homem hospedeiro definitivo.
O ovo embrionado (figura 8) é eliminado nas fezes pelo homem parasitado e
ingeridos pelo gado ou porcos. No estômago dos animais, os embrióforos (casca do
ovo) sofrem ação da pepsina, liberando as ancosferas (Neves, 2000).
No intestino, as ancosferas sofrem ação dos sais biliares e são liberadas do
embrióforo movimentando-se no sentido das vilosidades, onde penetram com auxilio
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dos acúleos. Apartir de quatro dias adaptados às condições fisiológicas do novo
hospedeiro, penetram nas vênulas e atingem as veias, vasos linfáticos e todos os
órgãos e tecidos do organismo. A larva cresce na carne e eventualmente se
transforma em cisticerco infeccioso (Neves, 2000).
O homem, ao alimentar-se de carne crua ou mal cozida, ingere os cisticercos,
que depois de ingeridos sofrem ação do suco gástrico, desenvaginam-se e fixam-se,
através do escólex, na mucosa do intestino delgado, onde se transformam em tênia
adulta que pode atingir até oito metros em alguns meses (Neves, 2000).
A cisticercose ocorre quando o homem, acidentalmente, ingere ovos viáveis
de T. solium, desenvolvendo um ou mais cisticercos em algum órgão do corpo
(Neves, 2000).
FIGURA 08 - Ovo de Taenia sp
Fonte: www.farmacia.ufmg.br/ACT/figura_parasitas.htm
- Transmissão
A transmissão acontece quando o homem ao alimentar-se, ingere cisticercos
presentes em carnes suínas ou bovinas cruas ou mal cozidas. A cisticercose
humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis de T. solium através de
mãos sujas contaminadas com ovos de tênia de suas próprias fezes que são
levadas a boca (auto-infecção externa), durante o vômito ou movimentos
retroperistálticos do intestino (auto infecção interna) ou quando o homem ingere
juntamente com os alimentos, os ovos de T. solium de outro hospedeiro
(heteroinfecção), (Leventhal; Cheadle, 2000).
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4.1.3 Trematódeos
Na classe Trematoda encontramos a família Schistomatidae, que apresenta
sexo separado e são parasitos de vasos sanguíneos de mamíferos e aves. Essa
família é dividida em duas subfamílias: Bilharzielinae e Schistosomatinae. A primeira
parasita aves e alguns mamíferos domésticos ou silvestres. Apenas a segunda é
que parasita o homem e, portanto de interesse médico (Neves, 2000).
Os trematódeos são helmintos em forma de folha, achatados
dorsoventralmente e não segmentedos. As espécies parasitas habitam o intestino e
vários tecidos do homem. Variam de tamanho, de poucos milímetros a vários
centímetros de comprimento. Possuem duas ventosas em forma de taça e o corpo é
coberto por uma cutícula resistente (Leventhal; Cheadle, 2000).
Os ovos dos trematódeos possuem casca lisa, dura, transparente e
geralmente castanho-amarelada ou castanha. O miracídio é coberto por cílios com a
casca de contorno liso (Markell; John; Krotoski, 2003). Estes organismos podem
estar presentes no homem, tendo como seu habitat o intestino, fígado e pulmões ou
vivendo como organismo adulto nos vasos sanguíneos abdominais do hospedeiro
definitivo. Entre as espécies de Schistossoma encontrados estão S. haematobium,
S. japonicum, S. mekongi, S. intercalatum e S. mansoni. Apenas a espécie S.
mansoni é encontrada no Brasil pelas condições ambientais favoráveis. A doença
transmitida por este parasito é conhecida popularmente como “barriga d’agua” ou
“mal do caramujo” (Neves, 2000).
4.1.3.1 Schistossoma mansoni
- Ciclo biológico
O verme adulto põe ovos que saem do hospedeiro definitivo com as fezes. O
ovo (figura 9) eclode na água liberando um miracídio que nada até encontrar o
molusco hospedeiro. No interior deste, cada miracídio transforma-se em um
esporocisto primário, que gera esporocistos filhos, os quais formam cercárias no seu
interior. Após abandonar o molusco, as cercárias nadam em busca de novo
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hospedeiro (vertebrado, homem), onde completarão a sua evolução para chegarem
a vermes adultos (Rey, 2002).
FIGURA 09 - Ovo de Schistossoma mansoni
Fonte: http://www.farmacia.ufmg.br/ACT/figura_parasitas.htm
- Transmissão
As cercárias móveis do Schistossoma (trematódeos do sangue) penetram
diretamente na pele do homem. O local de penetração mais freqüente é nos pés e
nas pernas por serem áreas do corpo que mais ficam em contato com águas
contaminadas (Markell; John; Krotoski, 2003).
4.2 Protozoários
Os protozoários são constituídos de organismos eucariontes unicelulares.
Com uma única célula para sobreviver, realizam todas as funções mantenedoras da
vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Quanto à sua
morfologia, podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos
de cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma
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organela locomotora especializada. Cada grupo de protozoários possui
diferenciação morfológica pela qual pode ser identificado (Neves, 2000).
Existem dois modos principais de transmissão de infecção por protozoários:
pela ingestão de protozoário no estágio infectante ou pela transmissão por um
artrópode vetor. Os protozoários podem se apresentar em várias formas evolutivas
geralmente na forma de cisto ou trofozoíto (Leventhal; Cheadle, 2000).
Estágio imóvel em forma de cisto fica protegido por membrana cística
formada pelo parasito, o que protegerá quando estiver em meio impróprio. Neste
estágio o protozoário está pronto para ser transmitido a um novo hospedeiro (Neves,
2000). A forma móvel (trofozoíto) é ativa, se alimenta, se reproduz, multiplica-se e
mantêm sua colônia dentro do hospedeiro (Neves, 2000).
Entre o subfilo Mastigophora, a espécie mais comumente encontrada no trato
digestivo do homem é a Giardia lamblia. Para o subfilo Sarcodina (as amebas), as
espécies mais encontradas em amostras de fezes através de análise laboratorial
são: Entamoeba hystolitica, Entamoeba coli e Endolimax nana (Rey, 2002).
4.2.1 Giardia lamblia
A G. lamblia é um pequeno protozoário flagelado que parasita o homem e
vários animais domésticos ou silvestres. O ciclo de vida apresenta formas de
trofozoítos e cistos. O trofozoíto (figura 10) mede entre 10 a 20 micrometros de
comprimento e 5 a 15 micrometros de largura. Tem formato de pêra, possui uma
área achatada, simétrica e um par de núcleos no seu interior, dois feixes de fibras
ou axonemas, quatro pares de flagelos (Rey, 2002).
Os cistos (figura 10), são ovóides e medem de 8 a 14 micrometros. Em
coloração permanente dos cistos observam-se quatro núcleos e quatro corpos
medianos, todos dispersos de uma maneira aparentemente desordenada (Rey,
2002).
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FIGURA 10 - Trofozoíto e cisto de Giardia lamblia
Fonte: http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D210%26cn%3D1736
- Ciclo de vida
Após a ingestão do cisto pelo hospedeiro (homem), o desenvolvimento é
iniciado no meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre
a colonização do intestino delgado pelos trofozoítos. Este se reproduz por divisão
binária longitudinal, resultando em dois trofozoítos binucleados. O ciclo se completa
pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Dentro do cisto
ocorre nucleotomia, podendo ele apresentar-se então com quatro núcleos. Os cistos
são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem
sobreviver, pelo menos, dois meses no meio ambiente (Neves, 2000).
- Transmissão
A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos maduros e são
transmitidos principalmente através da ingestão de água sem tratamento, alimentos
contaminados, de pessoa a pessoa, por meio de mãos contaminadas, em locais de
aglomeração humana, entre membros familiares quando um estiver contaminado,
através de contatos homossexuais e por contato com animais domésticos infectados
(Neves, 2000).
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- Sintomas
A giardíase pode ser assintomática, mas os pacientes que desenvolvem
sintomas podem apresentar diarréia, perda de peso, dor abdominal, insônia, perda
do apetite, náuseas, vômitos, fezes e gases com odor fétido, irritação mecânica da
mucosa intestinal, focos inflamatórios, síndrome da má absorção em infecções
pesadas (Neves, 2000; Leventhal; Cheadle, 2000).
- Diagnóstico
Apesar do diagnóstico clínico ser sugestivo, é conveniente a comprovação
por exame laboratorial. Deve-se fazer exame parasitológico de fezes através do
método de sedimentação espontânea, cujo sedimento é corado com lugol ou
corantes permanentes nos pacientes para a identificação de cistos ou trofozoítos
nas fezes. Os trofozoítos são observados somente nas fezes diarréicas, logo após a
evacuação. Pelo menos três amostras de fezes devem ser examinadas e um
esfregaço corado permanente de cada amostra deve ser preparado e examinado
(Neves, 2000; Leventhal; Cheadle, 2000).
4.3 Amebas
As amebas são protozoários da ordem Amoebida e compreendem cinco
espécies do gênero Entamoeba. As espécies que habitam no intestino humano
envolvem os comensais Entamoeba coli, Endolimax nana, Entamoeba harmani,
Entamoeba dispar, entre outras, e o patógeno Entamoeba histolytica, causador da
amebíase (Markell; John; Krotoski, 2003).
4.3.1 Entamoeba coli
Parasito não patogênico da cavidade intestinal, onde se nutre de bactérias e
detritos alimentares, seus trofozoítas e cistos são eliminados com as fezes. Os
cistos (figura 11), são esféricos e ligeiramente ovóides, medem 15 a 20
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micrômetros, parede espesse e apresentam de 1 a 8 núcleos, segundo o grau de
maturidade (Rey, 2002).
FIGURA 11 - Cisto de Entamoeba coli
Fonte: www.farmacia.ufmg.br/ACT/figura_parasitas.htm
4.3.2 Endolimax nana
É uma ameba comensal que vive no intestino humano sem causar nenhum
mal, mede 10-12 micrômetros de comprimento, com o citoplasma claro, membrana
nuclear fina e sem grãos de cromatina, cariossoma grande e irregular. O cisto (figura
12), mede 8 micrômetros, é oval contendo até quatro núcleos pequenos, às vezes
podem ser vistos corpos cromatóides pequenos e ovóides (Neves, 2000).
FIGURA 12 - Cisto de Endolimax nana
Fonte: www.cdfound.to.it/HTML/E_nana1.htm
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4.3.3 Entamoeba hartmani
Esta ameba vive como um comensal na luz do intestino grosso. As
características morfológicas são semelhantes a Entamoeba histolytica e a díspar,
tanto nos trofozoítos como nos cistos sendo, contudo é uma ameba de tamanho
menor (Cinermann, 1999).
4.3.4 Entamoeba dispar
A Entamoeba dispar é um parasita comensal que não causa doença, não é
invasiva, sua morfologia é semelhante a Entamoeba histolytica com exceção do
tamanho. Deve-se tomar cuidado ao diferenciar as duas espécies, pois a E.
histolytica é sintomática, os eritrócitos ingeridos estão presentes em seus
trofozoítos, juntamente com uma resposta sorológica positiva. Ao contrário, um teste
sorológico negativo e amebas semelhantes à E. histolytica nas fezes indicam a E.
dispar (Markell; John; Krotoski, 2003).
4.3.5 Entamoeba histolytica
A E. Histolytica (figura 13), é o agente etiológico da amebíase, importante
problema de saúde pública que leva ao óbito anualmente cerca de 100.000
pessoas, constituindo a segunda causa de mortes por parasitoses (Neves, 2000).
- Transmissão
A transmissão se dá através da ingestão de formas resistentes, os cistos, em
geral com água ou alimentos contaminados por fezes de indivíduos portadores da E.
histolytica. Alem disso, falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de
cistos (Neves, 2000).
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- Sintomas
As formas sintomáticas apresentam cólicas, diarréia, fezes moles ou
pastosas, às vezes contendo muco ou sangue, febre moderada. Casos agudos e
fulminantes podem ser encontrados acometendo todo o cólon e são classificados
como disenteria amebiana aguda. O paciente apresenta inúmeras evacuações
mucosanguinolentas, grave disenteria, freqüentemente com perfurações do
intestino, peritonite, hemorragia, colites pós-disentéricas e mais raramente,
estenose, apendicite e ameboma. A amebíase extra-intestinal causa abscesso
hepático e se apresenta com dor, febre, calafrios, hepatomegalia, anorexia e perda
de peso. Os abscessos pulmonares e cerebrais são raros (Neves, 2000).
- Ciclo biológico
O ciclo se inicia pela ingestão de cistos maduros, junto de alimentos e água
contaminada. Passam pelo estômago, chegam ao final do intestino delgado ou início
do intestino grosso, local do desencistamento, liberando formas metacíclicas, as
quais sofrem sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a
quatro e depois oito trofozoítos. Estes migram para o intestino grosso onde
colonizam, ficando aderidos à mucosa do intestino (Neves, 2000).
Os trofozoítos também podem desprender-se da parede da mucosa e, na luz
do intestino grosso, transformar-se em pré-cistos, e posteriormente secretam uma
membrana cística e passam para a forma de cistos tetranucleados que são
eliminados juntamente com as fezes normais ou pastosas (Neves, 2000).
Por mecanismos não bem conhecidos os trofozoítos invadem a submucosa
intestinal multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem, através da
circulação porta, atingir outros órgãos como o fígado, pulmão, rim, cérebro ou pele
(Anexo D), causando a amebíase extra-intestinal (Neves, 2000).
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FIGURA 13 - Cisto e trofozoíto de E. histolytica
Fonte: Santos, 2005.
- Diagnóstico
O diagnóstico clínico se torna difícil devido aos sintomas da amebíase serem
comuns a outras doenças que produzem disenteria ou diarréia. O diagnóstico deve
basear-se nos exames parasitológicos em dias alternados já que eliminação do
parasito nas fezes é intermitente e irregular. Para demonstrar o caráter invasivo da
ameba deve-se recorrer aos métodos imunológicos como a técnica de ELISA (Rey,
2002).
O diagnóstico diferencial é importante já que outras amebas possuem
características semelhantes. O exame parasitológico positivo acompanhado de
teste sorológico será necessário para comprovação (Markell; John; Krotoski, 2003).
- Tratamento
Para a amebíase da luz intestinal os principais fármacos utilizados são:
Teclosan, furamida, furuato de diloxamida, etofamida e clefamida. O tratamento da
amebíase tecidual as drogas de escolha são os Nitroimidazóis como o metronidazol
(Fuchs, 1998).
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5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Local do estudo
Escolas de educação infantil, públicas e privadas, do município de Lajeado,
Rio Grande do Sul.
5.2 Tipo de estudo
Transversal.
5.3 População
O município de Lajeado possui atualmente 28 escolas de educação infantil,
sendo 20 escolas públicas e comunitárias e 8 escolas privadas. A população
estudada constitui-se de 10% das crianças de 1 a 6 anos que estudam nas escolas
de educação infantil de Lajeado.
5.4 Metodologia
A amostragem de 10% de crianças de 1 a 6 anos que estudam tanto em
escolas públicas quanto privadas foi obtida através de sorteio de algumas escolas
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para participar no estudo. Uma amostra de fezes de cada uma destas crianças foi
coletada e analisada, ou seja, foram analisadas amostras de fezes de 10% das
crianças com idade entre 1 e 6 anos que estudam em escolas na cidade de
Lajeado.
As amostras foram coletadas pelos pais ou responsáveis em frascos
fornecidos. As coletas feitas em casa foram conservadas em geladeira ou enviadas
imediatamente para a escola. Para as amostras coletadas sem condições de
refrigeração, foi fornecida solução de formol 10% para a sua conservação até
análise.
O processamento das amostras foi realizado pela Técnica de Ritchie (1948),
com algumas modificações. No frasco contendo a amostra foi adicionada solução de
formol 10%, homogeneizando com palito de madeira. Uma pequena amostra da
mistura foi colocada em um tubo de ensaio e o volume completado com solução de
formol. O tubo de ensaio contendo a mistura foi centrifugado por 2 minutos e após
foi desprezado o sobrenadante. Com o auxilio de uma pipeta de Pasteur, uma gota
do sedimento foi colocado em duas partes da lâmina, onde em uma parte foi
adicionada uma gota de lugol e a outra parte somente o sedimento. Cobriu-se com
lamínula e observou-se em microscópio óptico, em aumento de 100x e 400x para
identificação de ovos, larvas ou cistos de parasitos.
Os responsáveis pelos participantes consentiram com a participação das
crianças, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), e
respondendo ao questionário (apêndice B) sobre condições sócio-econômicas e
sanitárias e hábitos de higiene das famílias dessas crianças. O TCLE e o
questionário foram entregues aos pais através da direção das escolas. Tanto o
questionário quanto o TCLE foram formulados em linguagem leiga e acessível para
serem lidos e respondidos sem auxílio.
Os pais das crianças foram informados dos resultados dos exames através
de laudos (anexo E) que foram encaminhados através das escolas.
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5.5 Descarte de material biológico
Os resíduos da preparação das amostras foram tratados com solução de
hipoclorito de sódio (água sanitária) durante uma hora antes de serem descartados
em vaso sanitário. Os materiais descartáveis utilizados foram acondicionados em
embalagens apropriadas para lixo biológico, autoclavados e descartados.
5.6 Aspectos éticos
Foram coletadas e utilizadas somente as amostras das crianças cujos pais ou
responsáveis consentiram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE - apêndice A). Aos responsáveis foi explicado o objetivo e a importância do
trabalho, bem como o procedimento adequado para coleta das amostras. Coleta
esta que não causa qualquer tipo de inconveniente ao paciente, pois não utiliza
método invasivo, portanto, não há prejuízos possíveis à saúde das crianças.
A identidade das crianças será mantida em sigilo, assim como os nomes das
escolas. Os resultados serão apresentados de forma numérica, sem qualquer tipo
de identificação ou referência aos participantes.
Os TCLE serão arquivados sob responsabilidade do pesquisador responsável
pelo prazo de 5 anos.
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6 RESULTADOS
De acordo com a Secretaria de Educação do município de Lajeado, 2400
crianças de 1 a 6 anos freqüentam escolas públicas e privadas no município, sendo
1700 crianças em escolas públicas e 700 em escolas privadas. Obteve-se
autorização voluntária dos responsáveis para a participação de 236 crianças (9,8%),
sendo 170 (10%) de escolas públicas e 66 (9,4%) de escolas privadas. Foi aplicado
também um questionário (apêndice B) com perguntas sobre hábitos de higiene e
condições sócio-econômicas e sanitárias. Deste questionário 40 participantes da
pesquisa não responderam, outros responderam somente algumas questões, mas a
maioria respondeu todas as perguntas elaboradas.
O exame parasitológico de fezes (EPF) das amostras destas 236 crianças de
1 a 6 anos que freqüentam escolas de educação infantil públicas e privadas do
município de Lajeado revelou um índice de 7% de positividade, com 17 amostras
positivas (figura 14).
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Positivo7%
Negativo93%
FIGURA 14 - Prevalência de parasitoses intestinais entre os
participantes do estudo
Das 236 amostras analisadas, 124 (52,5%) eram de crianças do sexo
feminino e 112 (47,5%) do sexo masculino. Entre as meninas, 6 (4,8%) estavam
parasitadas, e entre os meninos, 11 (9,8%) (Figura 15).
4,8%
9,8%
Masculino
Femenino
FIGURA 15 - Distribuição das enteroparasitoses de a cordo
com o sexo em crianças de 1 a 6 anos, no município de
Lajeado
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Do total de 17 amostras positivas, em 11 (64,6%) identificou-se G. lamblia,
em 2 (11,7%) A. lumbricoides, em 2 (11,7%) T. trichiuria, em 1 (6%) E. coli e em 1
(6%) E.nana (figura 16).
6,0%6,0%11,7%11,7%
64,6%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
G. lambli
a
A. lum
brico
ides
T. trich
iuria
E. coli
E. nan
a
Parasitos identificados
Por
cen
tage
m
FIGURA 16 - Prevalência de parasitos intestinais na s análises
positivas
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As faixas etárias de 2 a 3 anos e 5 a 6 anos de idade apresentaram prevalências
significativamente maiores que as outras faixas etárias (p<0,05), como pode ser
observado na figura 17.
18%
29%
6%
18%
29%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
1 a 2 anos 2 a 3 anos 3 a 4 anos 4 a 5 anos 5 a 6 anos
Faixa etária
Pre
valê
ncia
FIGURA 17 - Prevalência de enteroparasitoses relaci onada à
faixa etária dos participantes do estudo
A freqüência de parasitoses em relação à escolaridade dos pais ou
responsáveis foi de 36% para ensino médio completo, 29% para ensino fundamental
incompleto, 14% para ensino fundamental completo e superior completo, e 7% para
pós-graduação (figura 18).
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14%
29%
36%
14%
7%E.fundamental completo
E.fundamentalincompleto
E.médio completo
Superior completo
Pós-graduação
FIGURA 18 - Freqüência de parasitoses de acordo com a
escolaridade dos pais ou responsáveis
Comparando renda familiar e prevalência de parasitoses, 37% das crianças
com resultado positivo eram de famílias com renda entre 1 e 3 salários mínimos,
31% com renda entre 3 e 5 salários mínimos, 16% com renda até 1 salário mínimo,
12% com 5 a 10 salários mínimos e 4% de crianças cujas famílias têm renda acima
de 10 salários mínimos (figura 19).
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16%
37%
31%
12%
4%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Renda familiar
Pre
valê
ncia
Até 1 salário
1 a 3 salários
3 a 5 salários
5 a 10 salário
Mais de 10 salários
FIGURA 19 – Prevalência das parasitoses intestinais de
acordo com a renda familiar
A maioria dos participantes do estudo 60% (116), os quais responderam a
pergunta, relataram a presença de animais em seu domicílio. Das amostras
positivas encontradas, 59%(10) eram de crianças que conviviam com animais em
casa, 23%(4) não tinham animais em seu domicílio e 18%(3) não responderam. Os
animais mais freqüentemente citados foram: cachorro, gato, pássaros e galinha
(figura 20).
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54
59%
23%18%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Presença deanimais nodomicílio
Ausência deanimais nodomicílio
Não responderam
FIGURA 20 – Prevalência de parasitoses intestinais em
relação a presença de animais no domicílio
Nas escolas públicas a prevalência de parasitos intestinais foi de 55%
enquanto que para as crianças de escolas privadas a prevalência foi de 45%(figura
21).
55%
45%Públicas
Privadas
FIGURA 21 - Prevalência da parasitoses intestinais em relação
ao tipo de escola freqüentada
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Foram realizado exames parasitológico de fezes de crianças de 3 escolas de
educação infantil públicas do município de Lajeado. Estas escolas foram
representadas por letras, para manter o sigilo das identidades (tabela 01).
TABELA 01 - Prevalência de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 6 anos
em cada uma das três escolas públicas estudadas no município de Lajeado
Escola A B C Total
Nº. Positivos (%) 5 (5%) 3 (18%) 5 (9%) 13 (7,6%)
N°. Negativo (%) 95 (95%) 14 (82%) 48 (91%) 157 (92 ,4%)
Total 100 17 53 170 (100%)
Fonte: elaborado pela autora.
Após o término da pesquisa nas escolas públicas, iniciou-se o inquérito
parasitológico de crianças de escolas privadas, que foram representadas conforme
a seqüência de letras em ordem alfabética (tabela 02).
TABELA 02 - Prevalência de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 6 anos
em cada uma das escolas privadas estudadas no munic ípio de Lajeado
Escola D E F G H I Total Nº. Positivos (%) 0 0 0 0 4 (27%) 0 4 (6%) Nº. Negativos (%) 13 9 13 15 11(73%) 1 62(94%)
Total 13 9 13 15 15 1 66 (100%) Fonte: elaborado pela autora.
A prevalência de parasitos em relação ao número de pessoas que convivem
no mesmo domicílio das crianças participantes foi de 46% para crianças que
convivem com 4 pessoas, 31% convivem com 5 pessoas, 15% com 3 pessoas e 8%
com 6 pessoas na mesma casa.
O presente estudo revela que 171 pessoas (87%), não fazem a limpeza
(desinfecção) de verduras e frutas corretamente antes de comer, conforme a tabela
03.
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TABELA 03 – Limpeza de verduras e frutas
Participantes (%) Resposta 17 (8%) Deixa de molho em água sanitária 171 (87%) Lava somente com água da torneira 3 (2%) Lava somente com água da torneira/outros 1 (1%) Não lava 3 (2%) Outros
Fonte: elaborada pela autora.
Sobre o destino do lixo na residência, dos 193 participantes que responderam
à pergunta, 191 participantes (99%) relataram que o lixo é recolhido pelo caminhão
(coleta da prefeitura municipal), e somente 2 (1%) participantes afirmam que o lixo é
colocado em depósito no bairro ou queimado.
Quanto ao tipo de água utilizada para cozinhar e beber, a maioria dos
participantes, 127 (65%), respondeu que utiliza água somente de torneira (água
encanada da rede pública). Dos demais participantes, 13 (7%) usam somente água
de poço, 13 (7%) caixa d’agua, 12 (6%) outros tipos de água, 1(0,5%) água de rio e
1 (0,5%) de torneira e poço.
O hábito de lavar as mãos foi declarado por 190 participantes, dois relataram
não ter esse hábito e 44 não responderam. O costume de andar descalço foi
declarado para 73 crianças, comparado com 120 que não costumam andar
descalças, sendo que 43 não responderam.
Das 236 crianças que participaram do estudo, 110 (47%) já haviam feito
tratamento com medicamento antiparasitário, 40 (17%) nunca fizeram tratamento e
86 (36%) não responderam.
TABELA 04 – Relação entre utilização de medicamentos antiparasi tários e positividade das amostras.
Nº.De participantes (%) Faz tratamento para verminoses?
Positivos (%) Negativos (%)
110 (47%) Sim 7 (6%) 105 (94%) 40 (17%) Não 9(22%) 31(78%) 86 (36%) Não responderam 1(%) 83 (99%) Fonte: elaborada pela autora.
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Das 17 amostras com resultados positivos, 7 (41%) eram de crianças que já
haviam feito tratamento pelo menos uma vez, das quais, 4 (25%) ocorrências foram
de crianças que fizeram tratamento a mais de 1 ano, 2 (13%) de crianças cujo
tratamento foi realizado de 6 meses a 1 ano atrás e 1 (6%) ocorrência cuja criança
realizou tratamento de 2 a 5 meses atrás. Outras 9 (56%) ocorrências foram de
crianças que nunca fizeram tratamento e 1 (6%) delas não respondeu.
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7 DISCUSSÃO
A prevalência de parasitoses intestinais encontrada em exames de fezes da
população estudada de 236 crianças foi de 7%. Resultados semelhantes a este são
encontrados, como o estudo realizado por Ferreira e Andrade (2005), no qual a
prevalência de parasitos foi de 11,5%, já outros estudos demonstram valores mais
altos como a pesquisa feita por Roque e col. (2005), onde o índice de infecções
parasitárias foi de 36% em crianças da escola da rede pública da periferia de Porto
Alegre.
Na população estudada, 124 eram meninas e 112 meninos, para os quais
estimou-se a prevalência de infecção por sexo, onde os resultados mostraram que
as infecções parasitárias são mais prevalentes nos meninos com 9,8% do que nas
meninas 4,8%. Embora a diferença não seja significativa, outros estudos mostram a
mesma tendência de maior freqüência de infecções parasitárias em crianças do
sexo masculino. A explicação deve ser encontrada no fato de estarem os meninos
mais expostos ao ambiente peridomiciliar durante as atividades de lazer.
Provavelmente, estes ambientes encontram-se contaminados por ovos e larvas de
helmintos intestinais, contribuindo dessa maneira para a disseminação dos
parasitos. Amostras de fezes foram analisadas em crianças com idade de 7 a 14
anos residentes em Salvador Bahia, e os resultados positivos encontrados foram de
70,1% para sexo masculino e 62,1% para sexo feminino (Prado e col. 2001).
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Entre os parasitos encontrados, a maior prevelência foi de G. lamblia com
64,6%, A. lumbricoides e T. truchiuria com 11,7% e E. coli, E. nana com 6%. Em
estudo realizado por Baptista e col. (2006), pode-se observar um predomínio de G.
lamblia sobre as demais enteroparasitoses, segundo ele, a maior prevalência de
infecções parasitárias por este parasito é comum, por ser infectante já no momento
de sua eliminação, enquanto que ovos de A. lumbricoides e T. trichiura requerem
um período de maturação de pelo menos três semanas em solo úmido e sombreado
antes de se tornarem infectantes.
As verduras e frutas mal lavadas são fontes de contaminação parasitária. Em
estudos realizados com hortaliças foi detectada a presença de parasitos intestinais,
entre eles helmintos e protozoários (Souto, 2005). O presente estudo revelou que
171 (87%) pessoas lavam verduras e frutas somente com água da torneira, sendo
que o recomendado é deixar de molho em água com hipoclorito de sódio. Segundo
Sato (2007), a utilização de cloro é muito eficiente e muito utilizada em limpezas de
verduras, pois tem função germicida de amplo expectro.
Em relação ao tipo de água utilizada para beber e cozinhar, a maior parte da
população pesquisada utiliza água da torneira (água encanada da rede pública),
outros relataram fazerem uso de água de poço e de caixa d’agua. Destes, o mais
preocupante é das pessoas que utilizam caixa d’agua, pois não se sabe se a
limpeza é feita corretamente e regularmente, como também o consumo de água de
poço, existindo a possibilidade dessa água estar contaminada.
Em relação ao hábito de lavar as mãos, a maioria, 190 participantes,
costumam lavar as mãos, somente dois responderam que não lavam e os restantes
dos participante não responderam. Quanto ao hábito de andar descalço, 73 crianças
costumam andar descalças e 120 sempre andam com calçado. O hábito de lavar as
mãos freqüentemente, declarado pelas famílias dos participantes, revela uma
condição adequada de hábitos de higiene, o que provavelmente contribui para
diminuição da infecção por enteroparasitos. A higiene das mãos, como também as
condições sócio-econômicas, foram fatores determinantes para os resultados
positivos encontrados em exames parasitológicos realizados em escolares do
município de Estivia Gerbi no estado de São Paulo, onde das 930 amostras
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analisadas, 11,5% apresentaram positividade para pelo menos um parasito ou
comensal intestinal (Ferreira; Andrade, 2005).
Não foi possível observar diferença na prevalência de parasitoses entre
escolas públicas e privadas, que apresentaram proporções semelhantes. No
entanto observou-se diferença na distribuição das parasitoses de acordo com a faixa
de rendimentos das famílias e com a escolaridade dos pais das crianças
participantes. Estudo realizado por Machado e col. (1999) apresentou 61,1% de
positividade para crianças de escolas públicas, comparado com 9,7% em crianças
de escolas privadas. A prevalência de parasitoses em relação à escolaridade dos
pais revelou uma tendência de maior número de infecções parasitárias em crianças
cujos pais possuem apenas o ensino fundamental ou ensino médio. Conforme
Ferreira e col. (2006) uma boa escolaridade dos pais favorece as condições de
saúde de seus filhos, um adequado cuidado, bem como o combate às deficiências
nutricionais.
A relação entre renda familiar e prevalência parasitária também deve ser
considerada. Neste estudo pode-se observar que as infecções parasitárias
predominam em famílias onde a renda familiar é mais baixa, considerando assim o
fator sócio-econômico importante por estar diretamente relacionado com estas
doenças. Os locais onde moram pessoas com baixas condições sócio-econômicas,
vivendo em precárias condições de vida, geralmente são ambientes que propiciam a
instalação de certos parasitas, os quais podem trazer graves problemas de saúde
principalmente em crianças (Marquez e col. 2002).
Outro estudo realizado no bairro Santo Antônio, na cidade de Lajeado, local
com condições sanitárias menos adequadas que a média da cidade, onde residem
pessoas com baixa condição sócio-econômica sanitárias, reforça esta relação entre
baixas condições sócio-econômicas e sanitárias e maior prevalência de
enteroparasitoses. O estudo revelou positividade de 33% naquela população,
provavelmente devido à falta de condições sanitárias adequadas e insuficiente
educação em hábitos de higiene e saúde (Silveira e col., 2007). Assim, pode-se
destacar a influência das condições econômicas e sanitárias de cada população na
prevalência de enteroparasitoses.
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A prevalência de parasitos intestinais predominou com 59% para as crianças
que possuem animais em casa. Em estudo parasitológico realizado com fezes de
cães em convívio com crianças foi realisado por Xavier e Farias (2004), em Pelotas-
RS, 20,8% dos cães estavam infectados por helmintos ou protozoários. Muitos
proprietários de animais desconhecem o risco de transmissão e as conseqüências
trazidas por essas doenças, havendo necessidade de orientação correta por parte
de profissionais da área.
Estudos demostram que onde existem aglomerados de pessoas a chance de
contaminação parasitária aumenta quando pessoas contaminadas convivem no
mesmo ambiente. Conforme Ferreira e col. (2006), a disseminação de parasitos
pode ocorrer de pessoa para pessoa, através de contato entre indivíduos infectados,
mãos contaminadas ou através de seus dejetos que são eliminados a céu aberto.
Nos resultados apresentados não pode-se comprovar esta relação já que este
estudo apresentou maior prevalência parasitária (46%) em crianças que convivem
com 4 pessoas na família, 31% que convivem com 5 possoas, 15% com 3 pessoas
e 8% com 6 pessoas na família.
Em relação ao tratamento com medicamentos antiparasitários nas crianças
estudadas, a maioria dos participantes relataram que costumam fazer o tratamento
em seus filhos, sendo que alguns deles estavam fazendo o tratamento no momento
da pesquisa e outros haviam feito o tratamento há pouco tempo. Os dados
apresentados mostram que as crianças que nunca fizeram tratamento com
antiparasitários apresentaram maior prevelência de parasitos em relação às
crianças que haviam feito. No entanto, 41% das crianças com amostras positivas já
haviam feito tratamento, das quais 3 fizeram tratamento há menos de um ano, o que
demonstra que o tratamento realizado, isoladamente, não previne novas infecções,
ressaltando a importância da realização periódica de exames parasitológicos de
fezes, a fim de detectar infecções iniciais. Uma vez que o agente infeccioso é
conhecido, o tratamento específico pode ser realizado e medidas profiláticas mais
dirigidas são possíveis.
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O EPF é um exame não-invasivo, de fácil coleta de amostra, de baixo custo e
boa sensibilidade, representando .um excelente método para utilização em estudos
populacionais, bem como na clínica médica.
Os pais das crianças foram informados dos resultados dos exames através
de laudos que foram encaminhados através das escolas, estimulando assim o
interesse pela consulta médica e pela busca do tratamento junto ao posto de saúde
do município.
Os parasitos por mecanismos diversos prejudicam a saúde do hospedeiro,
reduzindo a resistência do organismo e predispondo a outras infecções. A melhoria
das condições higiênicas no ambiente do indivíduo, o progresso da educação,
facilidade de serviços médicos, assistência social e profilaxia são fatores
responsáveis pela redução das doenças infecciosas e parasitárias (Mylius e col.
2003).
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8 CONCLUSÃO
O controle efetivo das parasitoses intestinais depende de vários fatores,
devendo ser colocado entre as prioridades de saúde pública, pois sem medidas de
saneamento, higiene e moradia e, principalmente educação, dificilmente se
conseguirá eliminar as verminoses do nosso meio.
Podemos concluir que os percentuais de positividade das amostras fecais
para enteroparasitos observados neste estudo condizem com alguns trabalhos
publicados na literatura que estudaram populações semelhantes e são mais baixos
se comparados a vários outros estudos. É importante considerar, neste caso, as
particularidades de cada população estudada, sendo Lajeado um município que tem
bom nível sócio-econômico e boas condições sanitárias, dentro do contexto
brasileiro. O fato de que a positividade foi maior em crianças de famílias com nível
sócio-econômico menor chama a atenção para a necessidade de maiores estudos
na população do município que reside em áreas com condições sanitárias menos
adequadas, a fim de detectar possíveis prevalências maiores nesta população e
realizar as medidas cabíveis para controle da doença.
Não foi possível observar diferença na prevalência de parasitoses entre
escolas públicas e privadas, que apresentaram proporções semelhantes. sendo
necessário que ambas as classes tomem medidas preventivas. Informando a cada
escola os resultados obtidos neste estudo, esperamos despertar o interesse e a
preocupação das escolas quanto à necessidade de prevenção constante de
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transmissão parasitária, revendo hábitos de higiene e condições sanitárias e de
abastecimento de água nas suas dependências.
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APÊNDICES
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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclare cido
As infecções parasitárias (causadas por vermes) podem causar doenças graves nas crianças, podendo levar a conseqüências como diminuição do desenvolvimento físico, mau aproveitamento escolar das crianças, desnutrição, diarréia, má absorção da alimentação e anemias.
Este estudo está sendo realizado em várias escolas de Lajeado, e nós pretendemos saber se muitas crianças da cidade estão com infecção por parasitos. Para isso, será analisada uma amostra de fezes de cada criança participante.
Para participar do estudo, os pais devem coletar uma amostra de fezes da criança no frasco que será fornecido pelo pesquisador, e responder a um questionário.
A coleta de amostra não trará nenhum tipo de desconforto ou prejuízo aos participantes. Os resultados das análises serão enviados à escola e entregues aos responsáveis palas
crianças. O estudo será feito de forma séria e sigilosa, os nomes das crianças ou das escolas não serão divulgados, sendo conhecidos apenas pelos pesquisadores.
Este trabalho é realizado por uma aluna do curso de Farmácia da UNIVATES. Pelo presente consentimento livre e esclarecido, declaro estar ciente das informações
recebidas sendo de livre aceitação a participação no estudo intitulado: “ESTUDO DAS ENTEROPARASITOSES CORRELACIONANDO AS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E SANITÁRIAS DE CRIANÇAS QUE FREQÜENTAM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL PÚBLICAS E PRIVADAS NO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS”,
Fui igualmente informado (a):
• Da garantia de esclarecer qualquer dúvida sobre os procedimentos, riscos e benefícios ou outras questões relacionadas ao trabalho;
• Da liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, se assim desejar, sem que isso me traga qualquer prejuízo;
• Da garantia que não serei identificado (a) e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas a minha privacidade;
• De que serão mantidos todos os preceitos éticos legais, pela resolução 196/96, durante e após o término do trabalho;
• Do compromisso e acesso às informações ou todas as etapas do trabalho, se assim desejar; O presente documento será apresentado em duas vias, ficando uma via assinada com o
pesquisador e a outra com o informante.
Responsável pelo trabalho: Noeli Fátima Silveira Curso de Graduação em Farmácia/Univates Fone:51 3748 5390
Orientadora: Prof. Farm. Luciana Weidlich ________________________________ Responsável pela criança – nome:__________________________________ _________________________________ Noeli Fátima Silveira _________________________________ Profa. Luciana Weidlich Local e Data: ______________________________________ CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES Rua Avelino Tallini, 171 Bairro Universitário Lajeado-RS Cep: 95900000 ESTE DOCUMENTO FOI ANALISADO E APROVADO PELO COEP DA UNIVATES em 18/07/07
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APÊNDICE B – Questionário
ESTUDO DAS ENTEROPARASITOSES CORRELACIONANDO AS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E SANITÁRIAS DE CRIANÇAS
QUE FREQÜENTAM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS
Nome da criança: _________________________________
Endereço: _________________________________________________________
Dados pessoais
Nome do pai/mãe ou responsável
Ocupação
Idade
Escolaridade
Número de pessoas que moram na mesma casa
1. Qual é a sua renda familiar?
Até 1 salário-mínimo ( ) 1 a 3 salários ( ) 3 a 5 salários ( ) 5 a 10 salários ( ) mais de 10 salários ( )
2. A quanto tempo de reside na área? ________________________________
3. Sua casa é : própria ( ) alugada ( ) madeira ( ) alvenaria ( )
4. Qual o tipo de banheiro? banheiro privada ( ) patente ( )
5. Como costuma limpar as verduras cruas e frutas a ntes de comer?
deixa de molho em água sanitária ( ) lava somente com água da torneira ( )
não lava ( ) outros:___________________________________________________
6. Você tem contato com horta ou lavoura? ( ) sim ( ) não
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7. Qual a forma de adubação da lavoura ? (tipo de adubo/esterco utilizado)
___________________________________________________________________
8. Qual é o destino do lixo da sua casa?
coletado pelo caminhão ( ) depósito de lixo no bairro ( ) queimado ( )
enterrado ( ) outros ( )___________________________
9. A sua família tem animais em casa? ( ) sim ( ) não
Quais?_____________________________________________________________
10. A água usada para beber e cozinhar na sua casa é de:
( ) torneira ( ) rio ( ) poço ( ) caixa dágua ( ) outros___________
11. Você faz algum desses tipos de tratamento com a água antes de beber ou cozinhar?
( ) ferve ( ) coloca cloro ou água sanitária ( ) filtra ( ) outros
12. Tem o costume de lavar as mãos ? ( ) sim ( )não
13. Quando costuma lavar as mãos ? depois de ir ao banheiro ( ) antes de comer ( ) antes de cozinhar ( ) depois de limpar as crianças ( )
14. Seu filho (a) tem o costume de andar descalço? ( ) sim ( ) não
15. Costuma fazer tratamento para verminose em seu filho (a)?
( ) sim ( ) não
16. Há quanto tempo fez tratamento pela última vez em seu filho?____________
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ANEXOS
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Ciclo biológico de Ascaris lumbricoides ANEXO B – Ciclo biológico de Trichiuris trichiura ANEXO C – Ciclo biológico de Strongyloides stercoralis ANEXO D – Localização da Entamoeba histolytica ANEXO E – Laudo de Exame Parasitológico de fezes
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ANEXO A
Ciclo de A. lumbricoides : 1) ovo não embrionado no exterior; 2) ovo torna-se embrionado (L1 rabditóide); 3) embrião passa para L3 rebditóide infectante (dentro do ovo); 4) contaminação de alimentos ou mãos veiculando ovos até a boca. Daí chegam ao intestino delgado, onde emergem as larvas que vão ao ceco, chegam ao sistema porta e depois ao fígado; ganham veia cava, vão ao coração, pulmões e faringe; larvas então são deglutidas e chegam ao intestino delgado, transformando-se em vermes adultos, ocorrendo ovoposição dois a três meses após a infecção. Fonte: Neves, 2000.
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ANEXO B
Ciclo do Trichiuris trichiura : a) macho e fêmea no ceco; 1) eliminação de ovos nas fezes; 2) ovos tornando-se enbrionados; 3) ovo infectante contaminando alimentos; ovo segue esôfago e atinge estômago, onde é semidigerido; larva eclode no duodeno e migra para o ceco; durante a migração, sofre três mudas; cerca de um mês após a infecção, as fêmeas iniciam a postura. Fonte : Neves, 2000.
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ANEXO C
Ciclo biológico de Strongyloides stercoralis . Homem elimina larvas rabditóides nas fezes; sendo que: 3n evoluirá para larvas filarióide infectante no ciclo direto; 2n evoluirá para fêmea de vida livre e 1n para macho de vida livre, que após a cópula originarão ovos, larvas rabditóides e filarióides infectantes através do ciclo indireto no solo. Larvas infectantes (L3) penetram ativamente pela pele ou mucosa-circulação-coração-pulmões-faringe-intestino-fêmea-partenogenética-ovoposição; fp – fêmea partenogenética; fvl – fêmea de vida livre; lf – larva filarióide; lr – larva rabditóide; mvl – macho de vida livre; o – ovo. Fonte : Neves, 2000.
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ANEXO D
Localização da E. histolytica : 1) localização primária no intestino grosso; 2-9) localizações secundárias: 2) úlcera perineal; 3) “abscesso”esplênico (hematogênico); 4) “abscesso”pulmonar (hematogênico); 5) “abscesso” cerebral (via hematogênica); 6) “abscesso” pulmonar (contigüidade); 7) “abscesso” hepático (hematogênico); “abscesso” hepático (contigüidade); úlcera cutânea (contigüidade). Fonte : Neves, 2000.
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ANEXO E
Exame Parasitológico de Fezes
Data: 05/05/08 Nome do Paciente : xxxxxxxxx Metodologia utilizada : Sedimentação por centrifugação Exame macroscópico: Fezes pastosas Exame microscópico: presença de cistos de Giardia lamblia
_________________________ Farm. Bioq. Luciana Weidlich
CRF/RS 7382
Este exame é parte do trabalho de conclusão do curso de graduação em Farmácia da UNIVATE intitulado “ESTUDO DAS ENTEROPARASITOSES CORRELACIONANDO AS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS E SANITÁRIAS DE CRIANÇAS QUE FREQÜENTAM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL PÚBLICAS E PRIVADAS DO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS”, realizado pela acadêmica Noeli Fátima Silveira, com orientação da Profa. Luciana Weidlich, portanto, é realizado para fins de pesquisa e deve ser utilizado criteriosamente para fins diagnósticos.