ESCOLAS SUSTENTÁVEIS
Construindo o futuro da Educação
Francisco Antonio Romanelli
Seminário de Educação Inclusiva – Três Corações20 de novembro de 2014
Desenvolvimento sustentável&
Agenda 21
Antes,algumas considerações sobre
DESENVOLVIMENTO é um mecanismo
econômico que expressa o crescimento de
uma região
O DESENVOLVIMENTO depende da extração
de riquezas junto à natureza para satisfazer o
conforto do ser humano e as suas
necessidades
A NATUREZA, no entanto, tem um limite de
riquezas a oferecer, sem que se prejudique em
seu equilíbrio natural de sustentação de todas
as formas viventes do planeta
Quando a exploração ultrapassa as
possibilidades de recuperação da
NATUREZA, o DESENVOLVIMENTO é não
sustentado
O DESENVOLVIMENTO não sustentado
desequilibra o sistema natural e o mecanismo de
distribuição de rendas: o resultado é a
devastação do ambiente e aumento da pobreza e
da miséria
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é aquele que
propicia o crescimento enquanto preserva a NATUREZA
e melhora as condições sociais da população,
garantindo ambiente saudável e adequado para as
PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES
AGENDA 21 é o instrumento
internacionalmente adotado que tem como
objetivo elaborar e implementar um plano de
desenvolvimento sustentável
AGENDA 21 LOCAL é um processo de Agenda
21 que atua em uma área previamente limitada
em seus contornos geográficos
AGENDA 21 LOCAL DO MUNICÍPIO tem
como área de atuação as divisas do
Município
AGENDA 21 é administrada por um FÓRUM
PERMANENTE: um grupo de pessoas
representando diversos segmentos do poder
PÚBLICO e da SOCIEDADE CIVIL
O FÓRUM PERMANENTE é um COLEGIADO instituído
dentro de critérios de GESTÃO DEMOCRÁTICA
PARTICIPATIVA e a ele compete fazer o diagnóstico
da situação socioambiental do Município e elaborar o
PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,
baseado em diagnóstico participativo, aponta as
vulnerabilidades ambientais e sociais do Município e
o caminho a se percorrer para conseguir condições
ideais à existência humana
A responsabilidade de implantar o PLANO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é de toda a
comunidade envolvida: PODER PÚBLICO, SETOR
ECONÔMICO e SOCIEDADE CIVIL
“O homem tem o direito fundamental à liberdade, igualdade e
adequadas condições de vida, num meio ambiente cuja qualidade
permita uma vida de dignidade e bem estar, e tem a solene
responsabilidade de proteger e melhorar o meio ambiente, para a
presente e as futuras gerações”
Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano 1972.
Princípio 1
“Os seres humanos estão no centro das preocupações com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza”
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 1992.
Princípio 1
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 225
Educação ambiental &
sustentabilidade
Quais são as diferenças ?
Agora,as considerações sobre
A dimensão ambiental é um dos suportes da
sustentabilidade. Quando educamos ambientalmente para um
mundo
“ecologicamente equilibrado”,
estamos em busca de um sistema escolar
sustentável.
O QUE É Educação ambiental?
SÃO OS processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem, através de processos
educativos formais e não formais:
•valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente que é “bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
O QUE É Educação ambiental?
Educação ambiental: componente essenc i a l e
permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, “em TODOS os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter
F O R M A L e NÃO-FORMAL”.
QUANDO SE FALA em meio ambiente ecologicamente
equilibrado
é de se ter em mente que esse equilíbrio só surgirá da firme
sustentação no tripé da sustentabilidade:
1) Natureza preservada
2) Desenvolvimento econômico e
3) Justiça social
Respeitando-se a diversidade e a cultura
É impossível um modelo sustentável que não respeite a
diversidade
... ou a Cultura
PORTANTO, fazer educação
ambiental é fazer educação para a
sustentabilidade. Em um sistema insustentável não há
povo ambientalmente educado nem
preservação do patrimônio ambiental,
seja natural, artificial, cultural, do trabalho, das
relações sociais ou individual
Dificilmente, um aluno ou professor desconhece os
princípios básicos da conservação ambiental:
não destruir nem agredir seres naturais e natureza,
cuidar do meio ambiente e preservar as riquezas naturais,
economizar água e energia; utilizá-los moderadamente,
poupar a vida, plantar árvores e proteger o ambiente vivo,
não gerar resíduos em excesso e destiná-los,
não poluir, não sujar, não queimar, não grafitar, não estragar,
Etc. etc. etc...
Os cidadãos em geral, por causa dos meios de comunicação de
massa ou por causa do que os filhos lhes ensinam, estão cientes
da importância de preservar o ambiente. Qualquer cidadão abordado em
vias públicas é capaz de pontuar com precisão onde se encontram os
problemas que assolam o meio ambiente.
Não há mais como se falar em destruição ambiental
ingênua
NO ENTANTO, a situação não melhorou e aparentemente não mudará em prazo
curto de tempo.
Está passando da Hora de R e f l e t i r :
Se todos estão cientes da gama e da gravidade dos problemas
ambientais, por que a situação continua piorando? Se todos querem
paz, por que tanta violência ? A resposta é óbvia mas não tem
solução fácil: a sociedade se escora em paradigmas equivocados.
Mudar a realidade, ou transformá-la em uma realidade mais adequada, passa
pelo imperativo de refazer os paradigmas .
É necessário que se construa um processo eficiente de
Sustentabilidade
É um dos princípios básicos da Educação Ambiental (Lei 9795/99,
Art. 4.º): “São princípios básicos da educação ambiental: [...] II - a concepção do meio ambiente
em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e
o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”)
A sustentabilidade idealizada só será realizada quando,
desconstruindo os paradigmas imperantes no agora, construirmos novos e
mais adequados paradigmas para o daqui a pouco.
A educação ambiental não é novidade nos currículos e grades escolares. É
disciplina inter, multi e transdisciplinar, transversal e obrigatória
em todos os níveis de ensino no Brasil. É
responsabilidade de todos, inclusive da coletividade. A
expressão EA surgiu pela primeira vez em 1965, em uma Conferência de
Educação na Grã-Bretanha e, depois disso, sempre esteve presente nas
discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade.
Chegou ao sistema jurídico brasileiro em 1981, de maneira definitiva, pela
Lei 6938/81 que institui a Política Nacional de Meio
Ambiente prevendo Educação Ambiental em todos os
níveis de ensino. A Constituição da República de 1988
consagrou a educação ambiental como obrigação do poder público,
dever da coletividade e direito de todos.
A Educação Ambiental obrigatória está na Lei de Diretrizes e Base da
Educação desde 1996 e incorporou os Parâmetros Curriculares
Nacionais em 1997. Consta do Plano Nacional de Educação. A Lei
9795/99 instituiu a política nacional de educação ambiental.
E a Escola Sustentável: É POSSÍVEL?
A Educação Ambiental pretende despertar a consciência
socioambiental do educando e com isso contribuir para: frear a
destruição em curso, recuperar o ambiente, enfrentar as crises
iminentes através de uma nova postura de relacionamento
ambiental . Essa nova postura é a que se espera vir de mecanismos de
desenvolvimento de
sustentabilidade.
Cabe à escola desenvolver UM NOVO MODELO DE ENSINO como
resposta às transformações necessárias do agora; adequado
às necessidades intelectuais do presente e adequado à gestão da
política econômica, ambiental e social do futuro imediato
tendo por missão evitar os graves e perversos resultados das crises
socioambientais próximas.
Persistindo o modelo atual, equivocado, não há perspectiva de se ter
Ambiente equilibrado necessário à sadia qualidade de vida
Vamos refletir :Alguns paradigmas modernos:
Educação Ambiental é um “tema atual”. À escola cabe
promovê-la. O Estado tem que elaborar o currículo
escolar adequado. O professor de geografia, biologia ou
ciências é que deve passar os conteúdos. Os adultos não
conseguem aprender, por isso, o importante é educar as
crianças. Alguém tem que conscientizar (ou sensibilizar)
as pessoas. O que falta ao mundo é paz.
É preciso um novo olhar sobre os atuais
paradigmas
Esses são entendimentos
sedimentados pelo pensamento que,
ainda hoje, tem forte influência na área de
Educação Ambiental, no âmbito escolar,
governamental ou na sociedade.
É preciso consciência plena da necessidade de se tomar
novos rumos
O pensamento coletivo se constrói em estratos de
conclusões que vão se firmando como verdades
perceptíveis, dada sua repetição e confirmação
permanentes e consistentes, e que são os enunciados de nossos
paradigmas. Isso nos leva ao aumento da resiliência
psicológica e, consequentemente, à psicoadaptação
a situações constituídas, ainda que indesejadas ou pouco
cômodas.
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O pensamento “petrificado” propicia percepção equivocada da
realidade
CONTINUANDO A REFLETIR...
Na área de educação, em geral, e na da educação ambiental, em
particular, não poderia ser diferente. A partir do instante em que se
falou da necessidade de se promover educação ambiental de forma
abrangente, as construções paradigmáticas peculiares não
cessaram de ter lugar. Toda escola hoje promove, dentro de seus
mecanismos de ensino-aprendizagem e segundo os ditames legais,
educação ambiental consistente.
Paradigmas estabelecidos tendem a fazer o ser humano agir como os
macacos da experiência
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... e a se tornar insensível aos problemas sociais e ambientais que o
afligem
Dificilmente, um aluno desconhece os princípios mais
importantes da conservação ambiental:
- preservar, recuperar;
- economizar (principalmente água e energia);
- poupar e proteger a vida;
- reduzir, reaproveitar e reciclar os resíduos;
- descartar corretamente os demais;
- consumir conscientemente;
- não poluir;
- não queimar
e por aí a fora...
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A percepção meramente intelectual dos problemas ambientais pode inspirar
atitudes equivocadas
Os cidadãos em geral, instruídos pelos meios de
comunicação de massa estão cientes da importância de
preservar o ambiente: qualquer cidadão abordado em vias
públicas é capaz de pontuar onde se encontram os maiores
problemas que prejudicam o meio natural.
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O cidadão está ciente da quantidade e da qualidade dos
problemas ambientais e sociais
NO ENTANTO, a situação básica não mudou e aparentemente
não mudará em prazo de tempo curto.
Voltemos a REFLETIR:
se todos estão cientes da gravidade dos problemas ambientais,
por que a situação continua piorando? Se todos querem paz, por
que tanta violência? A resposta é óbvia mas não tem solução fácil: a
sociedade se escora em paradigmas equivocados. Mudar a
realidade, ou transformá-la em uma realidade melhor, passa por: os
paradigmas tem que ser revistos e refeitos.
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O conhecimento, por si só, não constrói a solução quando não se muda o
paradigma
Há urgência em se construir um processo amplo e global de
sustentabilidade, princípio basilar da educação ambiental:
Lei 9795/99, Art. 4o “São princípios básicos da educação ambiental: [...] II - a concepção
do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio
natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”
(destacou-se).
A sustentabilidade só será viável quando, desconstruindo os
paradigmas imperantes no agora, construirmos novos e mais
adequados paradigmas para o daqui a pouco.
Atitudes emergentes e incisivas devem ser tomadas na busca da
sustentabilidade
A educação ambiental deve compor os currículos educacionais de
maneira inter, multi e transdisciplinar, de forma
transversal, e é obrigatória a todos os níveis de ensino no Brasil,
além de ser responsabilidade de todos, inclusive da coletividade. O
conceito começou a tomar forma a partir de 1965, quando a
expressão surgiu pela primeira vez em uma Conferência de
Educação na Grã-Bretanha e sempre esteve presente
nas discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade em todo o
planeta.
Em busca da Escola Sustentável:
Construindo um sistema de educação para a sustentabilidade
A sustentabilidade exige a reestruturação do sistema humano em nova
maneira de pensar e agir
ESCOLA SUSTENTÁVEL: É POSSÍVEL?
A Educação Ambiental visa a maturidade da consciência
socioambiental do educando para reduzir a destruição em curso,
recuperar o ambiente degradado e enfrentar as crises
iminentes resultantes da excessiva exploração do ambiente
natural e do esgarçamento do tecido social. Essa é a postura
que se espera dos mecanismos de construção da
sustentabilidade na escola.
O novo modelo de pensamento e ação somente poderá vir da
escola sustentável
PORTANTO, PODE-SE CONCLUIR QUE:
cabe à escola preparar mentes adequadas a desenvolver e suportar
um novo sistema global de governo, desenvolvimento,
preservação ambiental e melhoria social.
Assim, nada mais apropriado do que se falar em sustentabilidade da
escola e em educação para a sustentabilidade.
A adoção de medidas de recuperação ambiental e social é
urgente
Isso implica em UM NOVO MODELO DE ENSINO que seja
(i) resposta às transformações necessárias às necessidades
intelectuais do presente,
(ii) adequado à gestão da política econômica, ambiental e social do
futuro imediato que tem por missão evitar os graves e perversos
resultados das crises de (e que se agravarão cada vez mais na
persistência do atual modelo equivocado).
Somente a harmonia entre as partes é que pode recuperar o
todo
PARA ISSO,
a escola deverá criar um conjunto de mecanismos internos
adequados, aqui denominado Sistema Escolar de Sustentabilidade
(mas que a escola poderá nomear como melhor lhe aprouver), que,
embasado em novos e adequados paradigmas, possa propiciar a
construção de um programa amplo estratégico de planejamento
e práxis, escorados em dois instrumentos: na Agenda 21 Escolar e
no Plano Escolar de Desenvolvimento Sustentável.
O “SISTEMA” deverá estabelecer:
1 - metodologia que respeite conteúdos multi, inter e
transdisciplinares (recomenda-se a inclusão de educação filosófica,
cívica, social, ambiental e econômica);
2 - práxis holística integrada adequada às suas propostas e aos
seus objetivos;
3 - mapeamento e demarcação clara de área de influência e
atuação;
4 - sensibilização ampla dentro da área de influência e atuação;
5 - métodos e atividades permanentes de avaliação, reflexão,
revisão dos conteúdos e correção de rumos.
O equilíbrio adequado entre os componentes ambiental, social e
econômico é que trará a
sustentabilidade
PRIMEIRO PASSO:
DESVELAR E REVER OS PARADIGMAS ATUANTES
Revelar, rever, desmontar, remontar paradigmas vigentes e criar
novos paradigmas é essencial.
A adoção de nomenclatura específica é desimportante.
Conceitos inéditos surgirão e, com eles, nova metodologia, novos
instrumentos e nova nomenclatura. Cabe a cada conjunto escolar,
com a sabedoria que lhe é peculiar, rearranjar a nomenclatura
que lhe pareça apropriada e que dê maior valia e viço a sua
empreitada.
Modelos formais novos acabam sendo enquadrados na ótica dos
paradigmas antigos
Lembrando-se que
Adotar nomes adequados à sustentabilidade é um processo
coletivo de introspecção, de renascimento verbal da escola, de
automatização de um novo pensar filosófico, amparo da práxis
pertinente ao processo; o caminho que se vai fazendo e
construindo no curso da caminhada em busca do mundo
sustentável.
[...]
Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar
Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar
Caminhante não há caminho
senão marcas no mar...
[...]
Antônio Machado (1875 – 1939). “Cantares”
Caminhos novos, aparentemente inviáveis, muitas vezes são os que levam
ao destino necessário
Para facilitar,
Adota-se alguns nomes adaptados, como “família escolar”,
identificando o modelo da escola holística, esférica, global, com
trânsito de conhecimentos-saberes-aprendizagens veiculados em todos
os sentidos e composto tanto por seus corpos administrativo, docente,
discente, como pela família do educando, pela comunidade de entorno e
pelos laços espirituais e culturais que a todos liga, diferentemente
da escola tradicional (estratificada, de forma piramidal, com a
administração no topo e o corpo discente na base).
A família escolar deve se afastar do paradigma piramidal e buscar um
paradigma holístico, circular e esférico
Também,
“parceiro interativo” para designar o aluno, educando, já
que a ele, como repertório de saberes particulares e
construtor autônomo de conhecimentos, se atribui a
interação com toda a comunidade da família escolar, de forma
cooperativa capaz de partilhar saberes em benefício do
conjunto.
Na construção do processo de educação sustentável é importante existir a
interação e a permuta de saberes
O caminho
a ser trilhado é novo, mas deve ser definitivo. O trabalho é
permanente e constante. Retornos ao ponto de partida são
possíveis e, em algum momento, importantes, às vezes inevitáveis e
até desejáveis, mas a busca da sustentabilidade é perene. Os
instrumentos adotados para a viagem, em forma de Agenda 21
Escolar somada ao Plano Escolar de Desenvolvimento
Sustentável, ou outros elaborados pela família escolar ou por ela
renomeados, são ferramentais apropriados para dar segurança à
viagem que a escola empreende.
Os rumos antigos são inequivocamente inadequados. Há necessidade de adotar
novos caminhos
Ainda
que a busca por um novo destino seja cheia de surpresas e
empecilhos, a escola viajará segura através desses instrumentos.
Antes de se buscar a sustentabilidade, há que se reconstruir o veículo
adequado para a viagem. O veículo hoje utilizado é construído de
materiais já ultrapassados – pensamentos e paradigmas – que,
certamente, não resistirão às intempéries da viagem, nem atravessarão
oceanos e desertos das inúmeras tribulações e problemas escolares.
Isso porque seus mecanismos de viagem sempre o conduzem a um
mesmo lugar, apenas viajando em círculos e, por mais que
caminhem, sempre retornarão ao ponto de partida.
É imprescindível fugir da “ditadura” dos paradigmas impostos por
interesses particulares
Uma maneira razoável
De construir um novo veículo, com materiais atuais e adequados,
é buscar os paradigmas em que hoje estamos assentados, revê-los,
desmontá-los, retificá-los e edificar novos paradigmas, com
maior potencial de trabalho: paradigmas dos novos horizontes de
uma escola transformadora e criadora.
Grupos de interesses particulares, sem compromisso com a sustentabilidade,
tendem a desvirtuar o sentido de
paradigmas adequados
SEGUNDO PASSO - REENGENHARIA PARADIGMÁTICA:
REMONTANDO PARADIGMAS PARA A SUSTENTABILIDADE
A escola deverá fazer uma autoanálise, um exame de
consciência, para denunciar a si mesma seus paradigmas
ultrapassados e indesejáveis. Colocar-se sob análise crítica de
seus integrantes: diretoria, administração, apoio, educandos
(parceiros interativos), familiares, sociedade em que se insere, enfim
de todos os membros da família escolar. Isso não é fácil;
somos nós mesmos os criadores e fomentadores do modelo
antigo, dos paradigmas ultrapassados que se antepõem como
obstáculos à nova jornada.
Paradigmas equivocados não dão suporte adequado aos processos de
sustentabilidade
A família escolar,
tem critérios de reflexão e autocrítica bastante sensíveis e, a
cada momento, mais aprimorados. Há um evidente processo de
transformação em curso e tal transformação busca encontrar
espaço adequado na criação de novos modelos aos
paradigmas do futuro. A cada passo caminhado, horizontes,
fronteiras e paisagens novas vão se descortinando e compondo o
novo mundo ideal.
Novas condições, adequadas à vida saudável, advirão de
novos hábitos
Começando o desmonte...
Primeiro: educar para a sustentabilidade não é
simplesmente “fazer “ educação ambiental. O conceito de
sustentabilidade é mais amplo que isso. A gestão adequada do ambiente
natural é imprescindível, mas é apenas uma parte do todo. Assim, a
educação ambiental já presente nas grades curriculares deverá
empoderar-se do pensamento sustentável e transformar a educação
ambiental já praticada em educação para a
sustentabilidade.
As transformações podem começar pela reengenharia de
paradigmas atuais
Segundo: para se objetivar no ensino, a Educação para a
Sustentabilidade não precisa ser imposta e orientada via
normatização legal. A mente dos educandos do hoje e suas
inúmeras necessidades vitais do agora, a transformação científica e
filosófica, a severa destruição dos sistemas naturais e sociais, a
degradação do pensamento econômico têm mais agilidade que os
mecanismos políticos. As normas dificilmente antecipam os rumos de
solução das necessidades, mas, habitualmente, correm na
retaguarda dos problemas que advém do desenrolar delas. Muitas
das vezes, com muito atraso. Assim, a escola não pode ficar à
espera, aguardando movimentação oficial.
As leis e a atuação política sempre são anacrônicas. A necessidade de
transformação é
imediata
Terceiro: a escola tem que reconhecer sua força política.
Sustentabilidade passa pela consciência do papel de construtora,
criadora, modificadora, transformadora de normas e regras legais, de
filosofias basilares e de movimentações sociais positivas. Há que se
ver como o organismo vivo e poderoso que é, composto não apenas
por ordens e emanações superiores, mas pela soma de todas as
suas partes físicas, psíquicas e de interação com o meio
social, econômico, natural, cultural em que se situa. A família escolar
há de se constituir forte o bastante para colaborar com a
transformação dos rumos da política e da economia
para destinos sustentáveis.
A sociedade escolar tem força política suficiente para constranger
os poderes dominantes e fazê-los direcionar seu potencial para a
solução de problemas socioambientais
A família escolar é viva
É um organismo pluricelular capacitado a metabolizar conhecimento e
práticas positivas consequentes, multiplicá-los e evoluir-se
continuamente. Os educadores, oxigenados pela vida da escola,
perceberão que, na interação com os educandos, também se educam;
os educandos, da mesma forma, perceberão que o ensino é vivo e
lhes transfere vida interior, capacitando-os a usufruir de melhor
qualidade de vida e de vida mais saudável, a engajarem-se com
embasamento teórico e técnico em movimentos sociais e políticos e a
transformar eficientemente o velho e construir sabiamente o
novo mundo.
Os velhos paradigmas têm que ser substituídos por
novas atitudes
Quarto: atribuir às crianças de hoje a responsabilidade de
consertar o mundo de amanhã é falácia cruel. É obrigação dos
adultos entregar um mundo recuperado e saudável para toda
forma de vida. Ensinar as crianças para que criem o futuro sustentável
porque os adultos já não têm chances de se educar é um dos
paradigmas mais perigosos que impedem o acesso ao mundo
sustentável. O ensino do agora compõe a mente do daqui a pouco
e daqui a pouco a criança será outra: as crianças de hoje crescerão
e se transformarão em adultos. Não existe “criancêz” eterna. O adulto
de amanhã, formado com a mente de hoje, será mera cópia do
adulto de hoje e repetirá os mesmos equívocos.
É obrigação da atual geração entregar um mundo adequado à vida das
novas gerações
Quinto: o sistema ensino-aprendizagem é cooperativo. É uma
situação interativa entre educadores e parceiros interativos ou
“educandos”; é uma troca de saberes e experiências entre eles, em
diálogo amplo e honesto do qual também participam, como atores
essenciais, as pessoas e os fatores econômicos, sociais e ambientais
formadores da relação dialógica. Há de se ter consciência de que o ato
de ensinar também o é de aprendizagem, cabendo ao educador a
humildade da sabedoria de encontrar conhecimentos que o
enriqueçam cada vez mais até mesmo na inércia, na estultícia, no
descaso ou no desacato do educando. Afinal, o chamado “mau
aluno” é o mesmo que constrói o “bom professor”.
Os paradigmas mudam, mas as dificuldades educacionais
permanecem. As novas soluções constroem o
educador
Sexto: todo aluno quer aprender e aprende. É um ser aberto ao
conhecimento e dele tem sede. Os problemas de deficiência de
aprendizagem são patologias do sistema educativo e do sistema
social; não são falhas individualizadas. Na família escolar tem-se
consciência que o indivíduo em formação tem linguagem peculiar.
Ele dialoga de alguma forma e essa forma nem sempre é uma
daquelas padronizadas pelo conjunto. Aos demais componentes
dessa família cabe, pela experiência acumulada e pelos saberes dos
quais empoderaram-se, encontrar a linguagem universal do
diálogo.
O necessário diálogo entre educador e educando exige sempre
novas linguagens
Sétimo: a parca situação financeira da escola não justifica a
escusa em buscar sustentabilidade. A sustentabilidade não é
privilégio único de quem tem condições financeiras de bancar os
custos com as diversas etapas do processo. Em primeiro lugar temos
que perceber que o paradigma do só se faz com dinheiro é um
desses que estamos tentando ultrapassar. Alterar o modo de pensar e
agir, apropriar-se de conhecimentos e de experiências, edificar práxis
valorosas, não custa dinheiro. Custa energia mental, boa vontade,
autocrítica, empenho, valores não mensuráveis por mecanismo
monetário e, como diz a máxima popular, não há dinheiro que
pague.
A falta de recursos econômicos não pode impedir a escola de construir a
educação sustentável
Neste mundo,
onde riqueza contrasta com escombros, o desafio da escola é
formar as mentes do futuro imediato para que, ao tomarem a
posse do governo mundial, possam afastar o risco do naufrágio iminente
dos sistemas econômico, social e ambiental globais, à custa de
reengenharia intelectual e criação de novos modelos de vida e
paradigmas filosóficos. As transformações do presente pedem a
transformação paradigmática dos educandos. À escola incumbe a
excelsa missão de ser a plataforma de transformação de tal amplitude.
Modelos antigos podem ser rearranjados para permitir a
nova educação
TERCEIRO PASSO – ENCONTRANDO A SUSTENTABILIDADE:
É ESSA A FERRAMENTA DA TRANSFORMAÇÃO?
O conceito de sustentabilidade é singelo e elementar: um modelo de
sistema de ocupação do planeta que possa satisfazer as
necessidades das gerações presentes sem comprometer
a sobrevivência das futuras, com compromissos de
preservação ambiental, justiça social, economicamente
viável, e que respeite a diversidade particular e cultural
dos muitos povos que entrelaçam interesses no mundo globalizado.
Modelos sustentáveis são imprescindíveis à sobrevivência da
espécie humana
A Agenda 21
É a principal ferramenta na construção da sustentabilidade. É
um conjunto de medidas com prazo de execução “agendado” (por isso
o nome Agenda) durante o século XXI (por isso, 21) para se chegar ao
desenvolvimento sustentado. Foi edificada com base em inúmeras
pesquisas e estudos que vieram à luz antes e durante a Conferência
Rio Eco 92 e consubstanciada em um documento volumoso. Nesse
documento, previu-se a construção de Agendas diversas: a global,
que submeteria os países signatários e as locais – que seriam as
agendas internas das nações: municipais, corporativas, de
regiões específicas, de bairros etc.
Não há tempo a perder. Todos devem construir imediatamente sua
agenda socioambiental
Previu-se, também, a construção de Agenda voltada à educação
socioambiental, necessária ao novo modelo de sustentabilidade e
à aplicação prática e eficiente desse modelo. As metas,
metodologia, mecanismos de reflexão e revisão, cronograma,
programas de financiamento etc. que sustentam qualquer processo
de agenda 21 devem constar de um plano estratégico,
denominado Plano de Desenvolvimento Sustentável.
A educação para a sustentabilidade é a mais importante
estratégia de sobrevivência da espécie
O plano de desenvolvimento está para a agenda assim como o
projeto arquitetônico está para o edifício em
construção, com a diferença que, enquanto a agenda é um
edifício cuja construção se aprimora, mas nunca termina, o
plano é projeto de uma arquitetura sempre em
transformação e, por isso, sempre estará se
atualizando.
Atualizações periódicas das estratégias de sustentabilidade são
imprescindíveis
Comecemos ...
pela preparação do terreno. Esse corpo prático de obras faz parte dos
movimentos de início da Agenda. Primeiramente, busquemos nosso alvará
de construção, nossa formalização legal.
Se a iniciativa for da própria escola, o ato, quase que seguramente, será
também a portaria, baixada pela reitoria, pelo diretor ou, quando for o caso,
por conselho – ou órgão similar – autorizado a tanto. Esse “alvará” de início de
obras é o marco inicial, ou pedra fundamental de todo o processo. Nada
impede que um único educador isolado resolva construir um processo de
sustentabilidade em sua sala, mas os efeitos de um trabalho singular,
a despeito de relevantes, serão acanhados em relação ao todo do
ambiente escolar.
As aparências muitas vezes confundem o entendimento do
conceito
A próxima ação será a constituição de um comitê provisório
(multidisciplinar), com a função de mediar etapas preliminares
dos trabalhos até que se possa estabelecer um fórum
permanente de discussões ou debates. Esse comitê poderá ser
nomeado pelo órgão responsável, que celebrou o marco inicial
formal do processo, ou construído através de reuniões de onde se
extraiam voluntários ou membros eleitos, após debates de
esclarecimento e apoio. Não há número adequado de membros
para a composição do comitê, cabendo a cada estabelecimento
verificar sua utilidade. Apenas, para maior eficácia, deverá ser
composto por membros dos diversos segmentos da família
escolar.
Pontos de vista são tomados de acordo com os ângulos de visada. A
visão multidisciplinar consegue ver de forma mais
completa
A seguir, investidos das credenciais concedidas, os
“engenheiros” do início da obra passarão à demarcação dos
limites da construção. Aqui será criada a família escolar:
determina-se uma área de abrangência, geograficamente
além dos muros escolares, na qual serão incluídos todos os
membros da família, física, espiritual e psicologicamente, e se
estabelece uma estratégia inicial de atividades.
É importante que sejam definidos os limites espaciais e temporais da
agenda de sustentabilidade
No começo, a principal dessas atividades será a sensibilização geral
e completa de toda a área de abrangência. O processo de
sensibilização é gradativo e, geralmente, já evoluído dentro do
estabelecimento escolar nas atividades de educação ambiental. Ou
seja, aquelas atividades de educação ambiental praticadas no âmbito
escolar, quase em sua totalidade, estão no patamar da sensibilização:
palestras, mostras de vídeos, de arte, científicas ou técnicas, cuidados
com os resíduos, panfletagem, aulas típicas, passeata, blitz educativa
etc. etc.
Cabe ao comitê provisório, nesse passo, cuidar para que a
abrangência da sensibilização seja ampla e eficiente.
Para a sensibilização ampla, é importante o entrosamento com toda a
comunidade participante
O andar seguinte a ser construído, é o do diagnóstico participativo.
O grupo de construtores – o comitê provisório – mediará busca geral e
abrangente, dentro da área (física, educacional e psicológica) de
atuação delimitada, com participação ampla, de situações que
precisam ou possam ser melhoradas, ou que devam ser
desconstruídas, criadas ou recriadas para que o processo de
sustentabilidade tenha suporte sólido. Os diagnósticos participativos
poderão ser obtidos através de questionários ou de encontros,
reuniões, debates, seminários, pesquisas etc., e tentarão encontrar
os focos críticos de vulnerabilidade social, familiar e escolar, os
problemas que deles derivaram, o momento em que surgiram, as
perspectivas de como solucioná-los.
O diagnóstico participativo deve ser claro e objetivo para que se evitem
múltiplas interpretações
Em seguida, passa-se a mediação das tarefas a um fórum
permanente de discussões e debates e o comitê provisório é
dissolvido. A metodologia para se estabelecer o fórum é pertinente a
cada estabelecimento, observados seus interesses e suas
particularidades (aliás, como todo o processo de construção da
Agenda), mas, sugere-se que seja o mais universal possível,
constituído por pessoas representativas de todos os segmentos
presentes na família escolar: educadores, administradores escolares,
corpo pedagógico, educandos, pais, responsáveis, sociedade de
entorno, empreendimentos econômicos, órgãos públicos etc.
O fórum permanente deve procurar objetivos convergentes utilizando-se de
consenso
Ao fórum caberá, por meio de discussões amplas e abrangentes,
transformar o resultado dos diagnósticos participativos no
Plano de Desenvolvimento Escolar Sustentável. A palavra mágica
das reuniões do fórum é “Consenso”. A complexidade do plano
dependerá das potencialidades da família escolar, nos diversos
aspectos e – inclusive e principalmente – no grau da consciência
sustentável desenvolvida pelo conjunto. Assemelha-se a um
projeto de trabalho (e o arcabouço de um bom projeto educativo,
razoavelmente adaptado, poderá servir de esqueleto ao Plano).
Aqui, é importante estabelecer prioridades.
Em equipes multidisciplinares é comum visões divergentes. As
divergências devem ser sanadas pelo fórum, através de
consenso
Partirá do diagnóstico já obtido, como justificativa, e rumará
em busca da sustentabilidade necessária, como objetivo,
enriquecendo, à maneira da elaboração de projetos, os passos
a serem seguidos com metas, ações, compromissos,
financiamentos, cronogramas, planos de revisão e
retomada de rumos etc., sempre procurando alcançar um
sentido prático de solução ou melhoria das situações
vulneráveis diagnosticadas.
A agenda socioambiental e o plano de sustentabilidade devem ser
sempre reavaliados e readaptados a
situações novas
A Agenda poderá ser mediada por um fórum e o Plano por outro,
paralelamente. Enquanto o plano se desenvolve por um lado, por
outro, a agenda estará sendo reescrita, de acordo com a análise
reflexiva de ambos os momentos e as necessidades que surgiram
no percurso. Ou, ao contrário, poderão ser mediados por um
único fórum. O processo inteiro é sempre coletivo e o coletivo
dos membros do processo é que sempre lhe darão forma e vida.
A agenda e o plano de sustentabilidade são agentes e consequentes
deles mesmos. São interagentes.
Um não existe sem o outro
Importante lembrar que a Agenda e o Plano não são estanques,
limitados, estratificados, segmentados. O processo nunca
termina; é cíclico e permanente em moto contínuo,
enriquecendo-se das experiências e conhecimentos obtidos no
caminho a cada volta. Deve ser holístico, reflexivo, revisto
frequentemente; ratificado, retificado, confirmado ou alterado, mas
sempre vivo e sempre participativo. Exames críticos de
consciência periódicos são importantes: erramos? Onde?
Quando? Por quê? Podemos rever, refazer, retificar,
reconstruir...?
Obrigado pela atenção(fotos, gravuras e charges capturadas na internet,
através do portal Google Imagens.
Sem referência de autoria)
35-9905.5246
REFERÊNCIAS & INDICAÇÕES:
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CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 2003. P. 141-167.
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DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: Princípios e práticas. 9 ed. (revista e ampliada). São Paulo: Gaia, 2004.
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