acolheita14x21 · dos que, dotados de livre-arbítrio como todos nós, plan-taram sementes de...

1ª ediçãoMatão, SP

2017

A COLHEITA – CONTOS DE CAUSA E EFEITO

Capa: Equipe O ClarimProjeto gráfico: Equipe O ClarimRevisão: Lúcia Helena Lahoz Morelli

Todos os direitos reservados© Casa Editora O Clarim(Propriedade do Centro Espírita O Clarim)Rua Rui Barbosa, 1070 — Centro — Caixa Postal 09CEP 15.990-903 — Matão-SP, BrasilFone: (16) 3382-1066CNPJ: 52.313.780/0001-23Inscrição Estadual: 441.002.767.116www.oclarim.com.broclarim@oclarim.com.brwww.facebook.com/casaeditoraoclarim

FICHA CATALOGRÁFICA

Gabriella De Angelis, pelo Espírito MiramaxA Colheita – Contos de Causa & Efeito1ª edição: Outubro/2017 - 6.000 exemplaresMatão/SP: Casa Editora O Clarim224 páginas – 14 x 21 cmISBN – 978-85-7357-163-9 CDD – 133.9

Índice para catálogo sistemático:

133.9 Espiritismo133.901 Filosofia e Teoria133.91 Mediunidade133.92 Fenômenos Físicos133.93 Fenômenos Psíquicos

Impresso no BrasilPresita en Brazilo

Prefácio e Nota do Autor

A mente tem um poder de criação fantástico. São milhares os irmãos desencarnados socorridos diaria-mente na Crosta Terrestre e nos Umbrais. Cristalizam o pensamento em fatos, cenários, sentimentos, opiniões e conceitos errôneos e ultrapassados, muitas vezes defor-mando o perispírito a ponto de se tornarem animalescos.

Muitos nem se dão conta de que desencarnaram e ficam vagando na Crosta Terrestre, sendo alvo de ob-sessores vampirescos. Outros desejam ficar próximos de seus familiares por afinidade ou por uma questão pen-dente que não lhes permite o desligamento deste plano. Outros, ainda, algozes de reencarnações anteriores ou mesmo da atual, obsidiam as suas vítimas, desejando conscientemente fazer-lhes o mal.

Os fluidos deletérios são absorvidos pelo perispíri-to daqueles de quem ele se aproxima e que com ele tem uma afinidade vibratória. Se sintonizaram com o irmão

sofredor é porque esses irmãos não mantiveram a cons-tante vigilância nos seus atos e pensamentos. Os fluidos deletérios acabam por prejudicar o corpo físico, ocasio-nando doenças que podem muito bem serem tratadas através de uma conduta positiva dirigida ao caminho do bem e imaculada dos vícios que são acumulados.

O propósito Divino é a depuração do espírito atra-vés do desenvolvimento moral alicerçado nas sólidas fundações da Doutrina do Cristo. Isso só é possível quando o homem, que é dotado de livre-arbítrio, se der conta de que há leis universais inderrogáveis e impres-critíveis que regem tudo o que está acima e abaixo dele e que tudo o que fizer de bom ou de mal será creditado ou debitado no Livro das Almas.

Olhem para o exemplo vivo que foi Jesus, mode-lo de perfeição. Não temam se doar para não se expo-rem. Amem os vossos irmãos, mesmo os vossos inimi-gos. Perdoem sempre as ofensas e se dispam de todas as mágoas, ressentimentos e rancores que só prejudicam o vosso perispírito e consequentemente vosso corpo físico.

Somos filhos de um mesmo Pai. A centelha divina habita o coração de cada um de nós. Deus opera mila-gres em nossas vidas quando esse amor é canalizado para o caminho do bem, do sentimento de fraternidade ao próximo, da caridade sem propósitos egoísticos.

Elevem-se moralmente. Tenham paciência, resig-nem-se diante dos obstáculos que são postos em vosso caminho para a vossa própria evolução espiritual; sejam irmãos abnegados e puros de coração, tenham fé, medi-tem, orem, vigiem os vossos pensamentos, analisem os vossos atos, não sejam impulsivos. Amem-se, estudem com dedicação e adquiram conhecimento para aplicá-lo em prol do próximo e de vós mesmos, visando ao vosso desenvolvimento moral.

Esta singela obra foi baseada em fatos reais, mas não retrata com fidelidade todos os acontecimentos, da-tas, lugares, estabelecimentos e nomes dos personagens. Qualquer semelhança será mera coincidência.

São relatos de frutos colhidos por espíritos encarna-dos que, dotados de livre-arbítrio como todos nós, plan-taram sementes de diferentes ordens de vicissitudes.

Deus, em sua infinita bondade e justiça, dá a cada um conforme suas obras. Ninguém se furta à Lei de Causa e Efeito, que equilibra as relações e propicia o progresso dos espíritos.

Tenham uma gratificante leitura.Miramax

10 | Gabriella De Angelis, pelo Espírito Miramax

Sumário

1o ContoIrmão Marcelo - Reencarnação expiatóriae obsessão ........................................................................ 13

Capítulo 1: Auxílio e resgate ......................................... 15Capítulo 2: Padre Albano e a Santa Inquisição .......... 27

2o ContoIrmãos João Carlos, Carolina & Fernando - Os laços das desavenças ................................................................ 31

Capítulo 1: O mau comportamento de Adriano ........ 33Capítulo 2: A trama de uma tragédia .......................... 43Capítulo 3: O plano reencarnatório ............................. 59

A Colheita – Contos de Causa & Efeito | 11

3o ContoIrmãos Lourenço, Júlia & Daniel - Convívioem família - Reparação .................................................. 65

Capítulo 1: A relação familiar ....................................... 67Capítulo 2: O desencarne de Lucinha .......................... 79Capítulo 3: Lucinha e o crime de infanticídio ............ 81Capítulo 4: A adoção de Lourenço ............................... 85Capítulo 5: Evaristo e o pedido de perdão ................. 91Capítulo 6: A expiação de Júlia e a reforma íntima ... 95Capítulo 7: O filho desejado ........................................ 107Capítulo 8: Daniel e a reparação de um erro ............ 111

4o ContoMaria Augusta - Crime. Depressão.Paranoia. Obsessão ...................................................... 115

Capítulo 1: O temperamento de Maria Augusta ..... 117Capítulo 2: O casamento de Aurora e Eugênio& A Fazenda Esplendor ............................................... 121Capítulo 3: O escravo Sebastião ................................. 125Capítulo 4: A carta de alforria e o casamento ........... 131Capítulo 5: A negra Josefa ........................................... 137Capítulo 6: A traição .................................................... 139


Capítulo 7: Sebastião e a luta pela sobrevivência& O desencarne de Josefa ............................................. 157Capítulo 8: Matias e sua insanidade mental ............. 163Capítulo 9: O casamento de Maria Augusta, A frágil saúde de Francisco & A culpa e a paranoia .............. 169Capítulo 10: O assassinato de Marília ....................... 183Capítulo 11: A obsessão e as perturbações psíquicas,A internação de Maria Augusta & Resgateno Umbral ...................................................................... 195Capítulo 12: O desencarne de Sebastião .................... 203Capítulo 13: A saúde de Amélia ................................. 207Capítulo 14: Faustina: Doutrinação e auxílio ........... 213

1o Conto

IRMÃO MARCELOReencarnação expiatória e obsessão


Capítulo 1

Auxílio e resgate

Quando fui médico psiquiatra no século XIX a medicina não era avançada como é nos dias de hoje na Terra. Tratávamos como loucos todos os que apre-sentavam alguma anomalia na mente; eram interna-dos em sanatórios e eletrocutados para se acalmarem. Os mais severos ficavam presos às camas com cintas grossas e rígidas, e os menos severos podiam circu-lar com camisa de força. Os demais, os alienados, que não apresentavam perigo aparente, circulavam pelos corredores do hospital cambaleantes porque dopados com fortíssimos psicotrópicos.

Lembro-me de que, em meu consultório, uma mãe compareceu acompanhando seu filho adolescente de 14 anos. Estava desesperada e procurou-me como último recurso para o caso do garoto. Benzimentos, chás de er-vas, amuletos, patuás para afastar os maus espíritos e


exorcismo não haviam adiantado. Ouvindo o relato e tomando conhecimento das medidas que tinham sido tomadas, diagnostiquei o caso como loucura.

Seus pais o internaram no sanatório e lá ele ficou por longos anos. Era um rapaz franzino, não coordena-va as ideias, falava palavras mal pronunciadas, entre-cortadas. Tudo havia começado quando ele atingira a puberdade. O garoto delirava, sofria de suor noturno, urinava com frequência, gritava em alta voz desespe-radamente, clamando por socorro. Dizia que via mons-tros que o ameaçavam e o agrediam com palavras de baixo calão. Sentia seu corpo queimar, enquanto muitos homens desfigurados riam dele e falavam: “Queime, padre assassino, bastardo!”.

Não conseguia dormir. Atônito, ficava acordado por horas durante a madrugada; dizia que se escondia no porão, mas que “eles” o achavam. Quando seu corpo já não suportava, caía prostrado no chão e lá ficava até o amanhecer, sendo então acudido por sua mãe.

Triste imagem a do menino que, além disso, pa-decia da chamada “doença dos ossos de vidro”. Caía com facilidade e várias vezes já havia quebrado as cos-telas, as pernas, os braços, as mãos, enfim, era um meni-no sensível a qualquer queda mais brusca, fraco e sem mobilidade. Não podia brincar como as outras crianças.


Passava o dia entretido com seus caminhões de madeira e bonecos de chumbo, sempre sozinho.

Quando desencarnei, soube, quase 30 anos depois, que o pobre rapaz vivia em total alienação sobre a cama do sanatório onde eu trabalhara. Ele fora meu paciente e tudo o que eu fizera por ele fora dopá-lo e deixá-lo amarrado à cama.

Veio-me a oportunidade de ajudá-lo como se de-via ajudar, pois já tinha conhecimento da causa de todo o seu sofrimento.

O pedido veio a mim por intermédio de sua mãe Eulália, que habitava em outra Colônia. Eu estava na Colônia de transição “Luz do Caminho” e havia começado meu trabalho de socorrista aos irmãos de-sencarnados nos Umbrais. Na época eu ajudava no resgate de todos os irmãos que haviam se arrependi-do de seus atos e humildemente clamavam por aju-da, por misericórdia. Não eram os perturbados, os alienados de todo o gênero, os loucos atirados à lama do desespero, atolados no lodo, presos ao passado e escravos de seus algozes. Não, meu trabalho no início era mais fácil.

Obtive o alvará do Ministro do Auxílio, Sr. Fabia-no, um padre jesuíta que lá já trabalhava havia mais de um século e meio, para desempenhar um novo ofício


como médico de almas, vestido de humildade e amor, abnegado ao próximo.

Fui ao sanatório em companhia do irmão Serafim, que muito trabalha em prol das almas obsidiadas.

Quando lá chegamos, no quarto lúgubre e frio onde se encontrava o nosso querido irmão Marcelo, de-paramos com uma cena muito dramática. Seus maio-res ossos estavam encurvados devido às várias quedas e fraturas sofridas. Ele estava inerte na cama, com os olhos abertos como que em estado catatônico, e parecia que sua mente se encontrava vazia pela leitura que dela fizemos. Seu olhar perdido e sem brilho nos dava a im-pressão de que seu espírito não estava abrigado naquele corpo, mas estava.

Ao seu redor, vários irmãos sugavam seu fluido vital, o pouco que ainda lhe restava: vampiros, obsesso-res, oportunistas, enfim, um bando de almas perdidas que precisavam de ajuda tanto quanto Marcelo.

Serafim me disse que os obsessores eram vítimas de sua penúltima reencarnação como padre católico na Inglaterra, no século XII.

Havia sido um homem cruel que, em nome de Deus, sacrificara muitos cristãos sob a acusação de he-resia. Muitos inocentes haviam sido torturados. A cena era medonha. Os seus perispíritos estavam deformados


e eles sofriam dores horríveis, mas conseguiam driblar o sofrimento com os fluidos vitais do enfermo. A pró-pria raiva que sentiam os fazia esquecer as dores por alguns instantes. O sofrimento de Marcelo os fortificava e eles tinham como meta matá-lo. Não nos viam, tal era a baixíssima vibração daqueles irmãos.

O corpo de Marcelo apresentava inchaços nas jun-tas, feridas e hematomas causados pela falta de exercí-cio e também pelos fluidos deletérios que eram absorvi-dos por todo o seu corpo.

Vimos que um chip tinha sido implantado em seu cérebro havia aproximadamente quatro anos, e esse aparelho lhe causava dores fortíssimas na cabeça. Os médicos não tinham conseguido diagnosticar o motivo, e em um dia quente de verão, devido ao aumento da pressão arterial, ele sofrera um derrame cerebral. Seu caso era gravíssimo; partimos com o coração penalizado e aflito. Queríamos ajudá-lo e sabíamos como fazê-lo.

Quando, na Colônia, nós nos reunimos com o Mi-nistro Fabiano e lhe contamos o que havíamos visto, ele atenciosamente ouviu tudo e fez anotações, em uma agenda, sobre o caso relatado.

De posse do histórico de Marcelo, o ministro Fa-biano se reuniu com os outros Ministros do Auxílio a fim de tomarem uma decisão rápida e eficaz na ajuda ao


irmão. Eram nove Ministros, todos trabalhando havia mais de cem anos, irmãos experientes, trabalhadores in-cansáveis e devotos ao próximo.

Esperei ansioso pelas notícias. No dia seguinte, fui informado por Serafim de que os Ministros tinham de-cidido socorrer o irmão na Colônia. Sua passagem seria em breve, nada podia se feito por ele na Terra. Seu esta-do era gravíssimo; já não podiam recuperar a matéria, mas sim o espírito. De comum acordo, o Sr. Fabiano, que presidia o conselho, reuniu-se com o Ministro Pasquale, da Regeneração, pedindo-lhe que enviasse ao sanató-rio irmãos preparados para o resgate de almas prestes a desencarnar sem que fossem alvejadas pelos obsessores que lá estavam presentes. Não seria fácil, até porque o nosso irmão estava sintonizado com eles.

Decidiram enviar cinco irmãos que trabalhavam no resgate de indivíduos obsidiados tanto na Terra quanto nos Umbrais.

Lá chegaram e não foram vistos. Iniciaram os tra-balhos com uma prece em círculo ao redor da cama do enfermo e bloquearam a passagem de quaisquer outros irmãos, a não ser a deles. O bloqueio se fez através da mente conjunta dos irmãos que plasmaram ao redor da cama um círculo protetor de cor azul-cobalto eletrica-mente magnetizado e que irradiava altíssimas descar-


gas elétricas, o que impedia a passagem. Só eles podiam romper a barreira com a força de seus pensamentos.

Logo os obsessores se aperceberam de que algo estava errado. Tentaram inutilmente romper a barreira, mas não conseguiram, sendo arremessados contra a pa-rede. Assustaram-se, e o esforço que fizeram os deixou fracos. Logo depois, uma rede foi lançada sobre eles. Essa rede, altamente fortificada por fios de aço, era difícil de romper. Tentaram dela sair, mas foi em vão. A rede es-tava magnetizada com fluidos relaxantes e soníferos que faziam com que eles se acalmassem e dormissem. Levou um bom tempo para todos se tranquilizarem, mas, após quase duas horas de gritos, ameaças e esperneio, tudo saiu a contento.

Outros irmãos vindos das Câmaras de Retificação lá aportaram para levar os obsessores que já dormiam profundamente. Eram irmãos revoltosos e seria neces-sário, para o sucesso do tratamento, que fossem trata-dos não como sanguessugas inescrupulosas, mas como filhos do mesmo Pai, necessitados de caridade, respeito e amor. Precisavam se arrepender, perdoar e ser per-doados. O irmão Marcelo também era um devedor, e devia pedir perdão por todas as insanidades que come-tera. Todos os irmãos resgatados iriam aos poucos en-tender o porquê de tudo, a origem de seus sofrimentos.


A bondade de Deus não deixa nenhum de seus filhos à mercê de misericórdia. As Leis Divinas são justas e in-derrogáveis. Todos por ela são alcançados.

Marcelo foi magnetizado com energias salutares, fluidos positivos irradiados por mim e pelos irmãos ali presentes. Eu não participei do processo de desencarne. Fiquei curioso, mas não estava preparado sequer para entender o modo de fazê-lo.

Seu perispírito estava lesionado, repleto de cha-gas e fístulas adquiridas pela cristalização de seus pró-prios pensamentos. Os irmãos o limparam através de desdobramento astral e bloquearam o fluxo de energia ao subconsciente por meio de um processo demorado e complexo. O paciente ficou em estado de total inanição mental, seu cérebro parou de funcionar, como se ele ti-vesse tido morte cerebral. Só depois disso é que pude-ram iniciar o desencarne.

Ficaram lá por quase 11 horas, cansados, mas fe-lizes por terem ajudado aquela infeliz criatura a desen-carnar sem o processo doloroso que muito provavel-mente iria enfrentar. Se nada fosse feito, Marcelo teria sido prisioneiro dos obsessores que o levariam para o Umbral e lá passaria terrível martírio.

Logo que desencarnou, nós o levamos para a Câ-mara de Retificação. Quando acordou, começou a gritar


e a se contorcer desesperadamente, clamando por so-corro, do mesmo modo como procedia quando jovem na Terra. Era seu pensamento cristalizado. Aplicamos passes de prostração e assim ele ficou calmo. Dormiu profundamente por um mês. Nesse ínterim, os irmãos que lá trabalhavam foram tirando de seu perispírito os últimos resquícios dos miasmas acumulados.

Após esse período, fui vê-lo. Ele já havia se acal-mado, conseguia se levantar, mas ainda estava fraco. Dava poucos passos e logo sentia tontura e fraqueza nos braços e nas pernas. Foi conduzido ao hospital, onde ficou em um grande e confortável quarto por quase três meses.

Eu o visitava com frequência e conversávamos so-bre sua última reencarnação na Terra, seu sofrimento e meus procedimentos incorretos aplicados em seu trata-mento. No início ele estava arredio para comigo. Eu pa-cientemente expliquei que não havia outra solução para o seu caso porque nem eu nem meus colegas de pro-fissão tínhamos qualquer conhecimento sobre obses-são, além do que não acreditávamos e não aceitávamos o espiritismo. Éramos católicos praticantes, e naquela época o espiritismo estava germinando. Os espíritas se reuniam em suas casas a fim de evitar represálias. Era uma nova e diferente concepção de enxergar a vida e a


morte. Para mim, tudo aquilo era uma invenção e não havia como provar a existência dos espíritos.

Pedi perdão; havia contribuído mais para o seu sofrimento por completa ignorância a respeito das Leis Divinas. Preso a uma cama de hospício, pratica-mente dopado o tempo todo, fora mais fácil para os obsessores atacarem-no. Ele me perdoou, e, no fim do tratamento, havia se tornado meu amigo. Era outro homem, caminhava pelo jardim a passos firmes, es-tava confiante e alegre. Não sentia mais as dores que o afligiam quando reencarnado na Terra. Seu espírito estava livre da obsessão e de toda a carga negativa que nele havia sido depositada.

O tratamento foi intenso; de dois em dois dias seu espírito era magnetizado por mim e três irmãos que tra-balham nas Câmaras de Retificação.

Orávamos com ele. Quando não estávamos por perto, irradiávamos energias positivas ao irmão. Nós o ensinamos a entrar em sintonia conosco nos momentos de irradiação. Explicamos a ele sobre a positividade da mente e o ensinamos a bloquear qualquer manifestação do pensamento dirigido a ele com o fito de prejudicá-lo. Para isso, orientamos que deveria manter-se vigilante através de uma conduta regrada na moral cristã e em orações diárias. Nosso irmão aprendeu bem as lições.


Adaptou-se aos hábitos e ao ambiente da Colônia “Luz do Caminho” e entendeu o porquê de sua última reen-carnação ter sido tão expiatória.

Nos finais de tarde, nós íamos ao Templo das Con-solações, meditar e entrar em sintonia com os 11 minis-tros do Ministério da Aliança Fraternal, que, às 18 horas em ponto, se reúnem para irradiar a paz a todos os ir-mãos da Colônia e da Terra. Todos em uníssono oramos pela paz e a divina misericórdia às almas desconsola-das. Irradiamos energias salutares mentalizando a po-pulação do globo terrestre.

O templo, uma das mais belas edificações da Co-lônia, de forma circular, tem a ametista incrustada em suas paredes internas. O piso é de quartzo límpido, e podem-se ver as mais conhecidas passagens da vida de Jesus esculpidas no próprio cristal. Há três grandes por-tais de vitral também com a imagem de Jesus, sua mãe Maria e os 12 apóstolos. A abóbada em quartzo branco é sustentada por quatro sólidas vigas de decântio, um ma-terial parecido com o ferro terrestre, mas que é transpa-rente, quase imperceptível aos olhos. Há vários bancos enfileirados feitos também de quartzo límpido. São, no total, 11 bancos de cada lado.

Tudo foi geometricamente planejado e construído por seres de outra dimensão, de uma esfera superior,


da órbita de Júpiter, que aqui aportaram para ensinar aos Ministros do Planejamento Colonial um pouco de sua arquitetura. Foram eles também que trouxeram o decântio especialmente para essa obra.

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