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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AUDITORIA INTERNA X CONTROLES INTERNOS: AS DIFERENÇAS, AS RESPONSABILIDADES E A INTEGRAÇÃO COMO FERRAMENTAS PARA A GESTÃO NO MERCADO DE SEGUROS Por: Aleciano Santana de Souza Orientador Prof.ª Luciana Madeira Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUDITORIA INTERNA X CONTROLES INTERNOS:

AS DIFERENÇAS, AS RESPONSABILIDADES E A INTEGRAÇÃO

COMO FERRAMENTAS PARA A GESTÃO NO MERCADO DE

SEGUROS

Por: Aleciano Santana de Souza

Orientador

Prof.ª Luciana Madeira

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AUDITORIA INTERNA X CONTROLES INTERNOS:

AS DIFERENÇAS, AS RESPONSABILIDADES E A INTEGRAÇÃO

COMO FERRAMENTAS PARA A GESTÃO NO MERCADO DE

SEGUROS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Auditoria e Controladoria

Por: Aleciano Santana de Souza

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, meus familiares, amigos e

todos aqueles com quem tenho a grata

oportunidade de aprender no dia a dia.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao Sr. Antonio e

Sra. Josefa, meus pais, que não só me

deram a vida, mas me ensinaram o valor

que ela possui.

Dedico também à minha linda Carolina e

a meus filhotes Gian Francisco e João

Victor.

5

RESUMO

Dentro de uma realidade de recursos escassos, Auditoria Interna e Controles

Internos apresentam-se como ferramentas eficazes para a gestão das

organizações.

O complemento de papéis entre Auditoria Interna e de Controles Internos

tornam os objetivos mais definidos e os riscos mitigados.

De forma bem abrangente a Lei SOX contribui com esse mecanismo, já que

muitas organizações adotam em suas estruturas de Controles Internos as

recomendações do COSO.

Os Controles Internos podem ser definidos como instrumentos adotados pela

organização para que os Riscos às suas atividades (Processos) sejam

evitados ou minimizado. Pode-se classificar os Controles, quanto às suas

funcionalidades, como detectivos, corretivos ou preventivos.

Como se sabe, é obrigatoriedade imposta às seguradoras brasileiras o

estabelecimento de um Sistema de Controles Internos, por sua vez decorrente

de uma nova, mas já consolidada ordem mundial, que, para efeitos dos

negócios de seguro, tem seu ápice no processo internacional denominado

Solvência. Ele trouxe a necessidade da revisão de conceitos e práticas sobre a

atividade de Auditoria Interna visando dotá-la de instrumentos que fossem

compatíveis.

METODOLOGIA

6

Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica que aborda

os assuntos propostos no tema.

A base bibliográfica é constituída com principalmente pelas obras: de Willian

Attie (auditoria) e Sérgio Vidal (Controles Internos).

O trabalho norteou-se também na Legislação vigente para as empresas

brasileiras do setor de Seguros, e para isso fundamentou-se em pesquisas aos

sites SUSEP, IBRACON, CFC e Revista FUNENSEG.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Fundamentos de Auditoria e Controles Internos 11 1.1 Origem e Evolução da Auditoria 11 1.2 Auditoria Interna e Externa 13 1.3 Controles Internos 15 1.4 Tipos de Controles 16 1.5 O Controle Interno e a Cultura Organizacional 17 CAPÍTULO II – COSO 20 2.1 Conceito 21 2.2 Processo de Implementação 23 2.3 Elementos fundamentais do geren- ciamento de riscos corporativos 24 2.3.1 Ambiente de Controle 24 2.3.2 Fixação de Objetivos 26 2.3.3 Identificação de Eventos 27 2.3.4 Avaliação e Gerenciamento de Riscos 30 2.3.4.1 Escalas de Medição 31 2.3.4.2 Técnicas Qualitativas 32 2.3.5 Respostas a Riscos 32 2.3.6 Atividades de Controles 33 2.3.7 Informação e Comunicação 35 2.3.8 Monitoramento 36 CAPÍTULO III – Lei Sarbanes- Oxley 38 3.1 Introdução à Lei 38 3.2 Questões Relacionadas à SOX 39 3.2.1 Seção 302 40 3.2.2 Seção 404 41 CAPÍTULO IV – Auditoria Interna X Controles Internos no mercado de Seguros 43 4.1 Fundamentos 43

8

4.1.1 Circular 249 42 4.1.2 Circular 118 45 4.1.3 Circular 280 46 4.1.4 Circular 380 50 4.1.5 Circular 340 51 4.1.6 Circular 344 52 4.2 Conteúdos do Planejamento/ Trabalhos de campo 53 4.2.1 Definição de Auditoria Interna 53 4.2.2 Alcance Inferido 54 4.2.3 Auditoria da Qualidade das Atividades de Controle 55 4.2.4 Auditoria da Conformidade 57 4.2.5 Auditoria do Seguimento Das Ações Estratégicas 57 4.2.6 Auditoria do Processo de Gestão De Riscos 58 4.2.7 Auditoria do Ambiente de Controle Comunicação & Divulgação 58 4.3 Dossiês, Relatórios de Auditoria e Planos de Ação 60 CONCLUSÃO 64

BIBLIOGRAFIA 66

INTRODUÇÃO

9

Em muitas organizações confundem-se os papéis da Auditoria Interna

e de Controles Internos. A atuação dessas áreas em complemento uma da

outra pode contribuir para uma Gestão Eficiente? Em alguns segmentos, tais

como o mercado de seguros faz-se obrigatória a existências de ambas. Como

se desenvolve as funções na mitigação dos riscos?

Segundo Lisboa (2012), novos riscos surgem com novos tipos de estruturas

corporativas e mudanças na tecnologia da informação. Muitos controles sobre

informações e ativos têm sido comprometidos ou ate eliminados como

resultado de processos de reengenharia, terceirização, downsizing e redução

de níveis organizacionais.

Compartilha Vidal (2004) que a analise, o mapeamento e a priorização de

decisões são tarefas essenciais para que a estratégia funcione, visando a

Gestão de Riscos, desse modo, uma integração forte das áreas de Auditoria

Interna e Controle Interno.

Ter ciência dos processos de uma organização, dos seus clientes, seus

fornecedores e seus colaboradores é fundamental para a continuidade dos

negócios.

Cita Gomes (2011) que a instituição de controles internos nas organizações é

bem variadas, podendo ser: contábeis, financeiros, patrimoniais e

operacionais. Além disso, deve- considerar aspectos de verificação preventiva,

ou seja, os controles devem preferencialmente atuar juntamente com as

atividades diárias.

Cada membro de uma organização é responsável pelo gerenciamento dos

riscos corporativos. A responsabilidade final recai sobre o presidente, que

deverá assumir o “comando da responsabilidade”. Outros gerentes apoiam a

filosofia de gerenciamento de riscos, fomentam a conformidade com o apetite

a riscos e gerenciam os riscos dentro de suas esferas de responsabilidade, em

consistência com as tolerâncias a riscos. Outras pessoas da organização

10

respondem pela execução do gerenciamento de riscos corporativos, de acordo

com diretrizes e protocolos estabelecidos. A diretoria propicia informações

úteis para a realização do gerenciamento de riscos, porém não responde pela

eficácia do referido gerenciamento.

Ressalta o COSO (2004) que uma característica típica da forma pela qual o

gerenciamento de riscos corporativos é implementado consiste no grau de

detalhes com que as funções e responsabilidades são claramente definidas e o

fato de estas serem ou não atribuídas de maneira centralizada ou

descentralizada. Embora, a execução do processo possa variar amplamente

de organização para organização, este possui inúmeros pontos comuns.

O surgimento da auditoria e a sua posterior definição nos conceitos de

auditoria interna e externa foram desenvolvendo nas organizações novas

culturas. As necessidades de fomentar ambientes de Controles Internos

inspirados no COSO e as exigências da SOX fazem as organizações reverem

seus conceitos e estratégias. O mercado segurados brasileiro, através da

SUSEP passa a definir suas regras com base nestes conceitos.

CAPÍTULO I

FUNDAMENTOS DE AUDITORIA E CONTROLES

INTERNOS

11

1.1 – Origem e Evolução da Auditoria

Segundo Sá (2005), o termo auditor, evidenciando o titulo de quem pratica esta

técnica, tenha aparecido nos fins do século XIII, na Inglaterra, durante o

reinado de Eduardo.

Ainda conforme Sá (2005) a ‘’Joint Stock Companies Act’’, de 1844 foi à

primeira lei estabelecida especificamente para regular a atividade empresarial.

Em um de seus artigos ela requeria a designação de um auditor para avaliar

apenas o balanço patrimonial da organização. Naquela época não havia

intenção de auditar os demais demonstrativos contábeis, inclusive a

demonstração de resultados porque o seu objetivo era tão somente atender as

preocupações dos banqueiros em assegurar-se que as possuíam condições de

honrar suas dividas.

Almeida (1996) cita que a auditoria contábil surgiu em nosso país como parte

do sistema capitalista. No início, as empresas eram fechadas e pertenciam a

grupos familiares. Com a expansão do mercado e a acirrada concorrência,

surgiu a necessidade de a empresa ampliar as suas instalações, investir no

desenvolvimento tecnológico e aprimorar os controles e procedimentos

internos em geral, principalmente objetivando a redução de custos, na intenção

de tornar seus produtos mais competitivos no mercado.

Como conseqüência, as demonstrações contábeis passaram a ter uma

importância muito grande para os futuros aplicadores de recurso. Como

medida de segurança contra a possibilidade de manipulação de informações,

os futuros investidores passaram a exigir que essas demonstrações fossem

examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida

capacidade técnica, a exemplo do que já era feito nos EUA, na Inglaterra e em

outros países de economia desenvolvida. (ALMEIDA, 2008).

Para Attie (2008):

12

“Com o surgimento da globalização e expansão dos mercados

– resultando no acirramento da concorrência, as empresas tiveram que

investir em tecnologia e aprimorar os controles e procedimentos

internos, com o interesse de reduzir custos e tornar seus negócios mais

competitivos.

Entretanto, a necessidade de capitais para investimentos tornou

necessária a captação de recursos de terceiro. Para que terceiros

disponibilizassem recursos, exigiam que as demonstrações financeiras

da entidade fossem analisadas por profissionais que não tivessem

ligação com a mesma, ou seja, alguém independente. Surge então a

profissão do auditor, profissional responsável em analisar as contas e

emitir uma opinião.

Em síntese, a causa da evolução da auditoria foi a do desenvolvimento

econômico dos Países, do crescimento das empresas e expansão das

atividades produtoras, gerando crescente complexidade na

administração dos negócios e de práticas financeiras.

No Brasil, o surgimento do mercado de auditoria está relacionado com

influências especificas, entre as quais:

a) A instalação de filiais e subsidiárias de empresas brasileiras através

de entidades internacionais;

b) Necessidades de financiamentos de empresas brasileiras através de

entidades internacionais;

c) Crescimento dos negócios (necessidade de capital de giro e

investimentos fixos), descentralização e diversificação de atividades

econômicas;

d) Evolução de mercado de capitais;

e) criação das normas de auditoria para as instituições financeiras,

determinadas pelo Banco Central do Brasil;

f) Criação da CVM – comissão de valores mobiliários;

g) Promulgação da Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404) em 1976.”

1.2 – Auditoria Interna e Externa

Existem diferenças entre o Auditor Interno e a Auditor Externo, embora

ambas possuam interesses comuns, como o de evitar ou eliminar o risco de

fraudes e de erros nas organizações. Operam em diferentes graus de

profundidade e extensão.

13

De acordo com o IBRACON (2014):

“O auditor interno preocupa-se com o desenvolvimento do

empreendimento da entidade, é um funcionário integrante do quadro da

empresa e pretende testar a eficiência dos controles internos e dos

sistemas utilizados. A auditoria interna é realizada em muitas empresas

com sucesso, e requer uma organização rígida e autônoma para

necessárias verificações. Com a expansão dos negócios, a

administração da empresa, sentiu a necessidade de dar maior destaque

as normas ou aos procedimentos internos, pelo fato de que com a

expansão empresarial os administrados não haveria como acompanhar

pessoalmente todas suas atividades. Entretanto, de nada valia a

implantação desses procedimentos internos sem que houvesse um

acompanhamento, com a intenção de verificar se estes estavam sendo

seguidos pelos empregados da empresa. A auditoria interna para

atender à administração da empresa tem um maior grau de

periodicidade e profundidade e visando também as outras áreas não

relacionadas com contabilidade. O auditor externo é um profissional

contratado pela organização para realização do trabalho de forma

independente, sem vinculo empregatício. É um consultor que pode

auxiliar na melhor adequação dos registros contábeis da empresa,

inclusive na emissão de parecer, se necessário. Seu foco é a

confiabilidade dos registros da empresa.

A auditoria externa, em virtude de sua função garantidora no exame de

fidedignidade das Demonstrações Financeiras, pode-se utilizar-se de

parte dos serviços da auditoria interna, sem, contudo deixar de cumprir

o seu objetivo. Deve, portanto, Coordenar suas ações de modo que

seus programas adotem procedimentos idênticos e impeçam a

execução de tarefas repetidas.”

Segundo Cavalcante (2012), as principais diferenças entre auditor interno e o

auditor externo são as seguintes:

Auditoria Interna

Auditoria Externa

A auditoria é realizada por um funcionário da empresa

A auditoria é realizada através de contratação de um profissional independente

14

O objetivo principal é atender as necessidades da administração

O objetivo principal é atender as necessidades de terceiros no que diz respeito à fidedignidade das informações financeiras

A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizado para desenvolver aperfeiçoamento e para induzir ao cumprimento de políticas e normas, sem estar restrito aos assuntos financeiros

A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizado para determinar a extensão do exame e a fidedignidade das demonstrações financeiras

O trabalho é subdividido em relação às áreas operacionais e às linhas de responsabilidade administrativa

O trabalho é subdividido em relação às contas do balanço patrimonial e da demonstração do resultado

O auditor diretamente se preocupa com a detecção e prevenção de fraude

O auditor incidentalmente se preocupa com a detecção e prevenção fraudes, a não ser que haja possibilidade de substancialmente afetar as demonstrações financeiras

O auditor deve ser independente em relação às pessoas cujo trabalho ele examina, porém subordinado às necessidades e desejos da alta administração

O auditor deve ser independente em relação à administração, de fato e de atitude mental

A revisão das atividades da empresa é contínua

O exame das informações comprobatórias das demonstrações financeiras é periódica, geralmente semestral ou anual.

1.3 – Controles Internos

O COSO (2004) define controles como o processo desenvolvido para garantir,

com razoável certeza, que sejam atingidos os objetivos da empresa no que

tange à eficiência e efetividade operacional, confiança nos registros contábeis

e financeiros e conformidade com regras externas e internas.

15

O controle é um mecanismo manual ou sistêmico que minimiza ou elimina a

possibilidade de ocorrência dos riscos do negócio. Controles internos são

colocados para prevenir ou detectar erros.

Segundo a Vidal (2004), Pode-se medir a necessidade da existência de

controles analisando-se o ciclo vital de uma empresa. Em sua fase inicial, o

dono é o ponto principal e dele emanam os comandos e as verificações, ou

seja, os controles. Na medida em que a empresa cresce e se diversifica, maior

e mais complexa se torna sua estrutura organizacional e, consequentemente,

torna-se inviável que o empresário sozinho controle todas as fases e

atividades.

A origem do controle interno está relacionada às necessidades de informações

sobre a atuação empresarial. Na busca dessas informações evoluiu-se na

busca de um controle mais efetivo e consciente, segundo as características de

cada empresa.

De acordo com o COSO ERM(1992), toda organização deve possuir uma

hierarquia de objetivos que suportem a execução da estratégia e a realização

daquilo que a organização tem como os seus motivos de existência.

Para atingir os seus objetivos, as organizações dispõem de diversos recursos

como pessoas com as mais diversas competências, processos de negócios de

diversas naturezas e infraestrutura física e tecnológica para suportar suas

operações. Além dos recursos da organização, o ambiente externo também

possui grande influencia.

Atualmente percebe-se que os controles precisam atuar com uma finalidade

extremamente preventiva. Não basta que os problemas sejam identificados e

corrigidos.

Cita Vidal (2004), que cada vez mais os processos têm de se apresentar ágeis

e seguros, através de controles que identifiquem claramente os seus objetivos

16

e assegurem que os riscos de possíveis problemas sejam prevenidos. Ao

mesmo tempo, nem todos os problemas que atuam sobre os processos são

previsíveis.

1.4 – Tipos de Controles

De acordo com Vidal (2004), os controles são empregados segundo uma natureza

específica.

• Preventiva: atuam como uma forma de prevenir a ocorrência dos riscos,

exercendo o papel de uma espécie de guia para execução do processo ou

na definição da atribuições e responsabilidades.

• Detectiva: detectam algum risco no processo, porém não impedem a

ocorrência.

• Corretiva: servem como base de correção das causas, mas após a

ocorrência.

Os principais tipos de controles e suas respectivas naturezas são:

Alçadas (prevenção): são os limites determinados a um funcionário, quanto a

possibilidade de este aprovar valores ou assumir posições em nome da empresa.

Conciliação (detecção): é a confrontação da mesma informação com dados

vindos de bases diferentes, adotando as ações corretivas, quando necessário.

Segregação de Funções (prevenção): a segregação é essencial para a

efetividade dos controles internos. Ela reduz tanto o risco de erros humanos

quanto o risco de ações indesejadas.

Sistemas Informatizados (prevenção e detecção): controles feitos através de

sistemas informatizados.

Normatização Interna (prevenção): é a definição, de maneira formal, das regras

internas necessárias ao funcionamento da entidade. As normas devem definir

17

responsabilidades, políticas corporativas, fluxos operacionais, funções e

procedimentos.

1.5 - O CONTROLE INTERNO E A CULTURA ORGANIZACIONAL

Cita a FUNENSEG (2011) que os riscos que afetam a organização de

forma alguma estão confinados a uma unidade organizacional, processo ou

sistema. Neste sentido, um cliente mal atendido na ponta é consequência de

uma combinação de interconexões casuais complexas e muitas vezes ocultas

entre, por exemplo, um desenvolvimento de produto inadequado, um

treinamento superficial, uma contração de profissional com experiência

limitada, um sistema de informação excessivamente manual etc.

Ainda segundo FUNENSEG (2011), a analogia ideal para a ideia de que um

evento pode ser apenas a consequência visível de um conjunto interconectado

de eventos e a situação em que a colocação da última carta de baralho, em

uma pirâmide de cartas, provoca a queda de todas as cartas da pirâmide.

Certamente, a razão para a queda da pirâmide é bem mais complexa do que a

última carta colocada, a qual pode ter simplesmente disparado a queda de

todas as outras cartas. Por outro lado, analisar a estrutura das cartas

montadas, identificado os potencias pontos de vulnerabilidade na ligação entre

as cartas e definido quais controles poderiam ter impedido a queda, é a tarefa

analítica de grande dificuldade devido à infinidade de possibilidade de

combinações de causas interconectada que justifiquem o evento ocorrido.

“Assim, um dos grandes benefícios trazido por um

sistema de controles internos está no entendimento sistêmico

da operação de uma organização, ajudando a superação da

forma de atuação excessivamente funcional da maioria das

organizações. Essa forma excessivamente funcional está ligada

ao fato de que cada unidade organizacional atua como um silo

independente, solucionando seus problemas e otimizando suas

decisões localmente. Portanto, o risco operacional tende a ser

18

tratado de forma superficial e simplista, não havendo uma

atuação na causa raiz do problema e, por muitas vezes,

gerando novos riscos em outras áreas(FUNENSEG 2011)”.

De acordo com FUNENSEG (2011), ressalta-se a grande dificuldade existente

em organizações para realizar sua rotina operacional do dia a dia e,

periodicamente, reavaliá-la para identificar melhorias e readaptá-la às

mudanças ocorridas no ambiente interno e externo. Não há dúvidas de que

diversos são os motivos para essa inércia organizacional: indisponibilidade de

tempo devido à rotina diária; dificuldade de patrocínio para viabilizar

mudanças; lentidão pra sair da zona de conforto a que todos estão

acostumados etc.

Um terceiro grande benefício que um sistema de controles internos é capaz de

trazer para a organização está relacionado à capacidade dessa organização

demonstrar e comunicar ás diversas partes interessadas a respeito da maneira

como vem assegurando o atingimento dos seus objetivos. Hoje, encontramos-

nos num contexto em que os órgãos regulatórios vêm criando novas

exigências com relação à capacidade das organizações em demonstrar que

possuem o controle sobre os seus riscos, em que os investidores exigem maior

visibilidade em relação à gestão das organizações onde estão investindo, e

clientes, parceiros, funcionários e a sociedade em geral exigem

constantemente maior transparência no que diz a respeito à governança

empresarial.

As análises e documentações relativas a cada riscos identificado e controles

implementados podem ser facilmente compiladas em reportes externos. Dessa

maneira, um sistema de controles internos bem estruturados permite a uma

organização demonstrar que afetivamente se preocupa e age em consonância

com as preocupações dos diversos atores envolvidos no seu negócio.

O capitulo a seguir trará conceitos a cerca do COSO e sua importância nas

auditorias e controles internos das empresas.

19

CAPÍTULO II

COSO – GERENCIAMENTO DE RISCOS

CORPORATIVOS

2.1 – Conceito

Segundo Vidal (2004), em 1985, foi criada, nos Estados Unidos, a

National Commission on Fraudulent Financial Reporting (Comissão Nacional

20

sobre Fraudes em Relatórios Financeiros), uma iniciativa independente, para

estudar as causas da ocorrência de fraudes em relatórios

financeiros/contábeis.

Está comissão era composta por representantes das principais associações de

classe de profissionais ligados à área financeira. Seu primeiro objeto de estudo

foram os controle internos. Em 1992 publicaram o trabalho “ Internal Control –

Integrated Framework” (controles internos – Um modelo integrado). Esta

publicação tornou-se referência mundial para o estudo e aplicação dos

controles internos.

Posteriormente a Comissão transformou-se Comitê, que passou a ser

conhecido como COSO – The comitee of Sponsoring organizations (Comitê

das organizações Patrocinadoras). O COSO é uma entidade sem fins

lucrativos, dedicada à melhoria dos relatórios financeiros através da ética,

efetividade dos controles internos e governança corporativa. É patrocinando

por cinco das principais associações de classe de profissionais ligados à área

financeira no Estados Unidos, saber:

AICPA – American institute os certified public accounts (instituto Americano de

contadores Públicos certificados).

AAA- American Accounting Association (Associação Americana de

Contadores).

FEI – Financial Executives Internacional (Executivos Financeiros Internacional).

IIA – The Institute of Internal Auditors (Instituto dos Auditores Internos).

IMA – Institute of Management Accountants (Instituto dos Contadores

gerenciais).

Vidal (2004) cita:

“Seus integrantes são representantes da indústria, dos

contadores, das empresas de investimento e da Bolsa de

Valores de Nova York. O primeiro presidente foi James C.

Tradeway, de onde originou o nome “Tradeway Comission”

21

Atualmente o cargo da presidência é ocupado por John

Flaherty.

Para os integrantes do COSO, o ponto de partida é a definição

de controle interno, entendendo-o como um processo,

desenvolvido para garantir, com razoável certeza, que sejam

atingidos os objetivos da empresa, que são estruturados nas

seguintes categorias:

a)Eficiência e efetividade operacional (objetivos de

desempenho ou estratégia): esta categoria está relacionada

com os objetivos básicos da entidade, inclusive com os

objetivos e metas de desempenho e rentabilidade, bem como

da segurança e qualidade dos ativos;

b)confiança nos registros contábeis/financeiros (objetivos

de informação): todas as transações devem ser registradas,

todos os registros devem refletir transações reais, consignadas

pelos valores e enquadramentos corretos;

c)Conformidade (objetivos de conformidade) com leis e

normativos aplicáveis à entidade e sua área de atuação”.

5.2 – Processo de Implementação

De acordo com o COSO(2004), o processo de implementação

apresenta uma variedade de técnicas úteis para a aplicação de elementos

específicos da estrutura de gerenciamento de riscos corporativos.

Em vista da ampla gama de abordagens e escolhas disponíveis, mesmo as

organizações semelhantes implementam o gerenciamento de riscos

corporativos de forma diferente, aplicado os conceitos e princípios pela

primeira vez ou avaliando se o processo existente de gerenciamento de riscos,

o qual poderá ter-se desenvolvido com o passar do tempo, é realmente eficaz.

22

Assim, apresenta-se a seguir, uma breve descrição das etapas, comuns em

um sentido mais amplo, adotado pelas administrações:

a) preparo da Equipe Líder: essa equipe se tornará estreitamente familiarizada

da estrutura de gestão de riscos, que propicia um entendimento e uma

linguagem comum, além do alcance necessário ao desenho e a

implementação do processo de gerenciamento de riscos corporativos que será

capaz de abordar com eficácia as necessidades singulares da organização.

b) Compromisso da alta administração: essa liderança executiva articula os

benefícios de gerenciamento de riscos corporativos, estabelece e comunica os

compromissos assumidos, para o respectivo investimento de recursos. O

suporte do presidente da organização e pelo menos a participação inicial direta

e visível também contribui para o êxito do processo.

c)Desenvolvimento do plano de implementação: as responsabilidades são

identificadas, e o sistema de gerenciamento do projeto é implementado. O

plano serve como meio de comunicação e coordenação consistente com a

liderança da equipe.

d)Avaliação da situação atual: inclui uma avaliação da forma como os

componentes, conceitos e princípios do gerenciamento de riscos corporativos

estão atualmente sendo aplicados na organização, requer que se determine a

filosofia de gerenciamento de riscos que evoluiu na própria organização e se

existe um entendimento uniforme.

e) Visão do gerenciamento de riscos corporativos: a equipe líder desenvolve

uma visão que estabelece a forma como o gerenciamento de riscos

corporativos será utilizado em seu avanço e como será integrado à

organização para que possa alcançar seus objetivos.

f)Desenvolvimento de capacidade: essa tarefa inclui a definição de funções e

responsabilidades e modificações no modelo organizacional, nas políticas, nos

processos, nas metodologias, nas ferramentas, nas técnicas, nos fluxos de

informações e nas tecnologias.

g)O plano de implementação: o plano inicial é atualizado e otimizado,

adicionando profundidade e amplitude para a cobertura de outras avaliações,

desenho e implementações.

23

h)Desenvolvimento e distribuição do gerenciamento da mudança: as ações são

desenvolvidas conforme necessário para implementar e sustentar a visão de

gerenciamento de riscos como parte de seu processo contínuo de

gerenciamento.

i)Monitoramento: a administração analisará e reforçara continuamente as

capacidades de gerenciamento de riscos como parte de seu processo contínuo

de gerenciamento.

5.3 – Elementos fundamentais do gerenciamento de

riscos corporativos

FUNENSEG (2011) salienta que o processo de controle interno é

constituído de elementos que estão inter-relacionados entre si, e presente em

todo o controle interno, são eles:

5.3.1 – Ambiente de controle interno

O ambiente interno engloba o tom de uma organização, influenciando a

consciência de riscos de seu pessoal e a base de todos os outros

componentes do gerenciamento de riscos corporativos, propiciando disciplina e

estrutura. Os fatores do ambiente interno incluem a filosofia de gerenciamento

de riscos corporativos, seu apetite a riscos, supervisão pela diretoria executiva,

integridade, valores éticos e competência do pessoal organização e a forma

como a administração atribui autoridade e responsabilidade e organiza e

desenvolve sua pessoal.

24

Impacto

O ambiente interno organizacional tem significado impacto sobre a forma como

o gerenciamento de riscos corporativos é implementado e funciona de forma

continua. O ambiente externo é o contexto no qual os demais componentes do

gerenciamento de riscos são aplicados, tipicamente com um efeito substancial,

positivo ou negativo.

Filosofia de gerenciamento de riscos

A filosofia de gerenciamento de riscos de uma organização é um conjunto de

convicções e atitudes compartilhadas que caracterizam a forma com essa

organização considera o risco em tudo aquilo que faz do desenvolvimento e da

implementação de estratégias ás suas atividades do dia-a-dia, se reflete em

virtualmente tudo aquilo a administração faz para operar a organização. A

filosofia esta presente em declarações da política, comunicações escritas e

verbais e tomada de decisões. Independente do fato de a administração e

enfatizar políticas escritas, normas de conduta, indicadores de desempenho e

relatórios de exceção, ou operar mais informalmente, principalmente mediante

contato pessoal com o apenas com palavras, mas nas ações do dia-a-dia.

O gerenciamento de riscos corporativos nos oferece:

a) Aceitação responsável dos riscos;

b) Suporte a administração e diretoria executiva;

c) Resultados aprimorados;

d) Responsabilidade fortalecida;

e) Gerenciamento otimizado.

Integridade e valores éticos

A integridade e o compromisso com valores começam com o individuo.

Os julgamentos de valor, de atitude e de estilo baseiam-se em experiências

individuas. Em nenhum outro lugar os valores éticos e a integridade são mais

importantes do que o presidente e a equipe da alta administração. O código de

conduta de uma organização possibilita uma conexão entre a missão ou a

visão d organização e suas políticas.

25

5.3.2 – Fixação de Objetivos

São fixados no âmbito estratégico, estabelecendo-se uma base para os

objetivos operacionais, de comunicações e de conformidade. Toda

organização enfrenta uma variedade de riscos oriundos de fontes externas e

internas, sendo o estabelecimento de objetivos, condição previa para a

identificação eficaz de eventos, avaliação de riscos e resposta a rico. Os

objetivos são alinhados ao apetite a riscos, que impulsiona os níveis de

tolerância a risos para a organização.

Objetivos Estratégicos

Ao considerar formas alternativas de alcançar seus objetivos estratégicos, a

administração identifica os riscos associados a uma taxa de opções

estratégicas e considera suas implicações. Várias técnicas de identificação de

eventos e de avaliação de riscos discutidas a seguir e em capítulos posteriores

podem ser utilizadas no processo de fixação de estratégias.

Objetivos correlatos

Os objetivos no âmbito de toda a organização são vinculados e integrados a

objetivos mais específicos que fluem em cascata através da organização, para

os sub-objetivos estabelecidos para várias atividades, como vendas, produção

e funções de engenharia e de infra-estutura.

Determinação das tolerâncias a Riscos

Tolerâncias a riscos são níveis aceitáveis de variação referentes ao

cumprimento dos objetivos (...). Uma operação dentro dos limites de tolerância

a ricos possibilita à administração maior garantia de que a organização

permanece dentro dos limites de seu apetite a riscos, o que, por sua vez,

propicia maior grau de conforto de que a organização atingirá os seus

objetivos.

26

5.3.3 – Identificação de Eventos

Alguns eventos podem ocorrer a afetar a organização, a administração

identifica esses eventos em potencial e determina se estes são oportunidades

ou se são eventos desfavoráveis Os eventos que geram impacto negativo

representam riscos, que demandam avaliação e resposta da administração. Os

eventos que geram impacto positivo representam oportunidades que a

administração canaliza de volta aos processos de fixação de estratégia e de

objetivos. Ao identificar eventos, a administração considera uma variedade de

fatores internos e externos que podem dar origem a riscos e oportunidades, no

contexto de toda a organização.

Vínculo de Eventos com Objetivos

Em algumas circunstâncias a identificação de eventos relacionados a um

objetivos específicos é razoavelmente direta, como os eventos em potencial e

seus impactos são identificados e relacionados com o objetivo, com a

tolerância ao risco associado e com a unidade de medida. Em outras

circunstâncias, a identificação de riscos não é imediatamente evidente e requer

a utilização de inúmeras técnicas que também serão analisadas.

Técnicas de identificação de eventos

A administração de uma organização poderá adotar qualquer quantidade de

técnicas para identificar eventos em potencial que afetam a realização dos

objetivos. Essas técnicas são utilizadas na identificação de riscos e de

oportunidades, por exemplo, na ocasião da implementação de novo processo

comercial, da reformulação de processo existente ou da avaliação de

processo. Podem, também, ser empregadas em conexão com o planejamento

estratégico ou com o planejamento da unidade de negócios, ou mesmo na

ocasião da análise de novas iniciativas ou mudanças organizacionais. Essas

técnicas podem ser utilizadas periódica ou continuamente.

Inventário de Eventos

27

A administração utiliza listas de eventos em potencial comuns a uma

determinada indústria ou área funcional, as quais são desenvolvidas pelo

pessoal interno da organização ou são empregadas, em relação a um projeto,

a um processo ou a uma atividade especifica e podem ser de valia porque

asseguram uma visão consistente por meio de atividades semelhantes na

organização. Caso seja desenvolvido externamente, esse estoque de eventos

será otimizados ou personalizado de acordo com as circunstâncias da empresa

para relacionar-se mais adequadamente com os riscos da organização e para

ser consiste com a linguagem comum de gerenciamento de riscos

empresariais.

Seminários com facilitadores

Os seminários com facilitadores do processo da identificação de ventos

reúnem indivíduos das mais variadas funções e níveis com a finalidade de

extrair conhecimento do grupo como um todo para desenvolver uma lista de

evento, na medida em que se relacionam. Os resultados desses seminários

geralmente dependem da profundidade e da magnitude das informações que

os participantes relatam. Algumas organizações realizam seminários

destinados à alta administração para estabelecer as estratégias, e, também

para identificar eventos capazes de afetar a realização dos objetos estratégicos

corporativos.

Entrevistas

É comum as entrevistas serem conduzidas individualmente ou, ás vezes, com

até dois entrevistados, nas quais o entrevistador estará acompanhado de outra

pessoa que fará as anotações. Essas entrevistas têm por finalidade identificar

as opiniões pessoas e o conhecimento de eventos reias passados em

potencial.

Questionários e pesquisas

Os questionários abordam uma gama de questões que devem ser

consideradas pelos participantes, com base na opinião destes a respeito dos

28

fatores internos e externos que originam ou podem originar eventos. As

questões podem ser abertas ou fechadas, dependendo do objeto. Podem,

também, ser dirigidas a apenas uma ou a várias pessoas, ou podem ser

utilizadas em conjunto com uma pesquisa de caráter mais amplo, em uma

organização u dirigida a clientes, fornecedores ou outras partes externas.

Análise do fluxo de processo

No geral, a análise do fluxo de processo diz respeito à representação

esquemática de um processo, visando entender melhor os inter-

relacionamentos de seus componentes de entrada, tarefas, saída e

responsabilidades. Após esse mapeamento, os eventos podem ser

identificados e considerados à luz dos objetivos de processo. Da mesma forma

que em outras técnicas de identificação de eventos, a análise de fluxo de

processo pode ser utilizada para observar um nível detalhado na organização.

Principais indicadores de eventos e alerta de mudança

Os principais indicadores de eventos, geralmente denominados de indicadores

de riscos, são medidas qualitativas ou quantitativas de que possibilitam insight

a respeito de eventos em potencial. Para que possam se úteis, os principais

indicadores de riscos devem estar disponíveis à administração de forma

oportuna, a qual dependendo do tipo de informação poderá ser diária,

semanal, mensal ou tempo real. Os alertas de mudança enfocam as

operações da dia-a-dia e são relatados com base na exceção, isto é, quando

um parâmetro preestabelecido é ultrapassado. As organizações geralmente

possuem alerta de mudança estabelecimento entre unidades comerciais ou

departamentos. Para que possam ser eficazes, esses alertas devem

estabelecer o momento em que a administração deve ser notificada, e a

programação da notificação deve considerar a opinião da referida

administração sobre o tempo necessário para adotar as medidas cabíveis.

Inter-relacionamentos de eventos capazes de afetar os objetivos

29

Em muitas circunstâncias, diversos eventos podem influenciar a realização de

um objetivo. Para conseguir algum entendimento determinadas empresas

utilizam diagramas de árvores de eventos, também conhecidos como

diagramas de espinha de peixe. Esse diagrama possibilita um meio para

identificar e representar gratificamente a forma como diversos eventos podem

afetar sua realização.

Classificação de eventos

Há agrupamento de eventos em potencial semelhantes permite que a

administração identifique oportunidades e riscos com maior eficácia. Algumas

organizações classificam os eventos em potencial para assegurar que seus

esforços para identificá-los sejam complementos. A classificação também pode

facilitar o desenvolvimento posterior de uma visão dos riscos em portfólio.

5.3.4 – Avaliação e Gerenciamento de Riscos

A avaliação de riscos permite que uma organização considere até que ponto os

eventos em potencial podem impactar a realização dos objetivos.

Avaliação de riscos é a identificação e análise dos riscos associados ao não

cumprimento das metas e objetivos operacionais, de informação e de

conformidade. Este conjunto forma a base para definir como estes riscos serão

gerenciados, eles podem ser avaliados como inerentes ou residuais.

a) Risco Inerente

O risco inerente para uma organização é aquele que representa a ausência de

qualquer medida que a administração possa adotar para alterar sua

probabilidade ou impacto.

b) Risco Residual

30

O risco residual é o que permanece após a resposta da administração para

reduzir um risco inerente.

5.3.4.1 - Escalas de medição

Quando se estima a probabilidade e o impacto de eventos em potencial, sejam

eles inerentes ou residuais, utiliza-se algum tipo de medição Há quatro tipo

gerais medição. Há quatro tipos gerais de medição.

a) medição nominal – É a forma mais simples de medição e requer o

agrupamento de eventos em categorias, como econômicas, tecnologia ou meio

ambiente. Não exige nenhum tipo de ordenação. Os números atribuídos são

utilizados apenas para fins de identificação, não podem ser ordenadas,

classificados ou agregados.

b) Medição ordinal – Nesse tipo de medição, os eventos são relacionados por

ordem de importância, possivelmente com rótulos, como alto, médio, baixo ou

em ordem de classificação ao longo de uma escala.

c)Medição intervalar – As medidas intervalares utilizares utilizam uma escala

numérica. Se, por acaso, ao impacto da perda de produção de um

equipamento fundamental for atribuído o valor “três”, ao impacto de uma hora

de falta de energia o valor “seis”, e ao efeito 100 postos vagos o valor “nove”, a

administração poderá afirmar que a diferença no impacto potencial entre a

perda de um equipamento e uma hora de falta de energia, será a mesma que

a diferença entre uma hora de falta de energia e 100 postos vagos.

d) Medição de proporção – A escala de medição de proporção permite que se

conclua que se ao impacto potencial de um evento for atribuído o valor “três” e

a outro evento o valor “seis”, o segundo evento terá o dobro de impacto

potencial do primeiro.

5.3.4.2 - Técnicas Qualitativas

A despeito do fato que algumas avaliações qualitativas de risco expressam-

se em termos subjetivos e outras em termos mais objetivos, a qualidade da

31

avaliação dependerá em grande parte do conhecimento e da capacidade do

julgamento das pessoas envolvidas, o seu entendimento dos eventos em

potencial e a dinâmica existente.

5.3.5 – Respostas a Riscos

Risco é a probabilidade de perda ou incerteza associada ao cumprimento de

um objetivo. Após identificar e avaliar os riscos importantes, a organização

determina de que forma responderá a estes.

Ao considerar as respostas, a organização avalia o efeito destas na

probabilidade e no impacto dos riscos, bem como os custos e benefícios. No

caso de riscos significativos, a organização considerará o potencial das

respostas.

Exemplos de respostas para evitar, compartilhar, reduzir e aceitar o risco:

a) evitar: abandonar uma unidade de negócios, linha de produtos, segmento

geográfico.

b)Compartilhar: seguro contra perdas imprevistas significativas. Participação

em acordos de formação de consórcios de empresas. Transferência de riscos

mediante instrumentos do mercado de capitais. Terceirização de processos

comerciais.

c) Reduzir: diversificação dos produtos oferecidos. Estabelecimento de limites

operacionais. Estabelecimento de processos comerciais eficazes. Otimização

da participação da administração nos processos decisórios e monitoramento.

Redistribuição do portfólio dos ativos para reduzir a exposição a certos tipos de

perdas. Realocação de capital entre as unidades operacionais.

d) Aceitar: fazer a própria seguridade contra perdas. Confiar em proteções

naturais no portfólio. Aceitar riscos se compatíveis às tolerâncias a risco.

32

Na mesma forma que na avaliação inerente, o risco residual pode ser avaliado

de forma qualitativa ou quantitativa. De um modo geral, as mesmas medidas

utilizadas na avaliação do risco inerente são também empregadas na avaliação

do risco residual.

Praticamente todas as respostas a risco geram algum custo direto ou indireto

que é comparado com os benefícios gerados. O custo inicial para formular e

implementar uma resposta (processos, pessoal e tecnologia) é considerado

como o custo para manter a resposta de forma continua. Os custos e os

benefícios associados podem ser medidos quantitativa ou qualitivamente, por

meio da unidade de medida tipicamente consistente com aquela que é

empregada para estabelecer o objeto correlato e a tolerância ao risco.

5.3.6 – Atividades de Controles

São aquelas que, quando executadas a tempo e de maneira

adequadas,Permitem a redução ou administração dos riscos. As atividades de

controle ocorrem por toda organização, em todos os níveis e em todas as

funções.

Após selecionar as respostas a risco, a organização identifica as atividades de

controle necessárias para assegurar que estas sejam executadas adequadas e

oportunas.

Exemplos de como as atividades de controle se alinham com cada tipo de

respostas para evitar, compartilhar, reduzir e aceitar o risco:

a) Proteção contra riscos: em seu esforço para melhorar as margens

operacionais, uma empresa de software considerou a possibilidade de

transferir suas atividades de programação para um país com custos de mão de

obra mais reduzidos. Após avaliar os riscos associados, a administração

decidiu que a referida transferência estaria além do apetite a riscos da

33

companhia e que a contratação de atividades de programação seria realizada

apenas dentro do país de origem da empresa.

b) Redução de riscos: a administração de um hospital reconheceu que sua

capacidade de proteção de saúde e do bem-estar de seus pacientes seria

afetada desfavoravelmente por falhas no fornecimento de energia. A

administração decidiu instalar geradores elétricos para geração de energia em

casos de falha no fornecimento.

c) Compartilhamento de risco: uma empresa de manufatura determinou que

uma paralisação prolongada de sua fábrica tivesse um impacto significativo em

sua capacidade de cumprir as metas de produção. Tendo por base a avaliação

do capital da empresa, sua tolerância a riscos e custos de compartilhar o risco

com uma seguradora, a administração aprovou a contratação de cobertura de

seguro para o valor da produção perdida por um prazo máximo de seis meses.

d) aceitação de risco: a administração de uma empresa identificou mudanças

nos preços mundiais de commodities como um risco. Após avaliar a

probabilidade e o impacto do risco, bem como considerar a tolerância a riscos

da empresa, a administração decidiu aceitar o risco. A empresa adotou uma

política pela qual o departamento de tesouraria reavalia formalmente a

exposição a cada três meses e informa ao comitê administrativo da sua

recomendação de adotar ou não uma estratégia de hedge.

5.3.7 – Informação e Comunicação

Informação

As informações são necessárias em todos os níveis de uma organização, para

ajudá-la a identificar, avaliar e responder aos riscos, gerir a empresa, bem

como alcançar os seus objetivos.

As informações de fontes externas e internas são colhidas e analisadas na

fixação de estratégias e objetivos, na identificação de eventos, na análise de

riscos e na determinação de respostas a riscos, alem da condução de um

34

gerenciamento de riscos empresariais eficazes e desempenho de outras

atividades de gestão.

Os sistemas de informação usam dados gerados internamente e de fontes

externas, fornecendo dados para o gerenciamento de riscos e para decisões

bem fundamentadas em relação aos objetivos. Todo o pessoal recebe uma

mensagem clara da diretoria executiva que as responsabilidades pelo

gerenciamento de riscos corporativos devem ser levadas a sério. Os

empregados entendem as suas próprias funções no contexto do

gerenciamento de riscos empresariais, bem como as suas atividades

individuais relacionam-se com o trabalho de outros.

A informação é o combustível que move as organizações.

Comunicação

A comunicação é o fluxo de informações dentro de uma organização,

entendendo que este fluxo ocorre em todas as direções – dos níveis

hierárquicos superiores aos níveis hierárquicos inferiores, dos níveis inferiores

aos superiores, e comunicação horizontal, entre níveis hierárquicos

equivalentes.

A comunicação é essencial para o bom funcionamento dos controles.

Informações sobre planos, ambiente de controle, riscos, atividades de controle

e desempenho devem ser transmitidas à toda entidade. Por outro lado, as

informações recebidas devem ser identificadas, capturadas, verificadas quanto

à sua confiabilidade e relevância, processadas e comunicadas às pessoas que

as necessitem, tempestivamente e de maneira adequada.

A administração fornece comunicação especifica e dirigida que determina as

expectativas de comportamento e de responsabilidades do pessoal. Esse

procedimento inclui uma declaração clara da filosofia e abordagem de

gerenciamento de riscos, bem como uma delegação nítida de autoridade. A

35

comunicação de processos e procedimentos deverá estar alinhada com a

cultura desejada a ser capaz, dessa forma, de sustentá-la.

O processo de comunicação pode ser formal ou informal.

a) Processo formal: acontece através dos sistemas internos de comunicação-

que podem varias desde complexos sistemas computacionais a simples

reuniões de equipes de trabalho – e são importantes para obtenção das

informações necessárias ao acompanhamento dos objetivos operacionais, de

informação e de conformidade.

b) Processo informal: ocorre em conversas e encontros em clientes,

fornecedores, autoridades e empregados, é importante para obtenção das

informações necessárias à identificação de riscos e oportunidades.

5.3.8 – Monitoramento

O Monitoramento é a avaliação dos controles internos ao longo do tempo. Ele

é melhor indicador para saber se os controles internos estão sendo efetivos ou

não.

O monitoramento é feito tanto através do acompanhamento continuo das

atividades quanto por avaliações pontuais, tais como auto-avaliação, revisões

e eventuais e auditoria interna.

Embora os procedimentos de monitoramento contínuo geralmente propiciem

informações importantes sobre e eficácia de outros componentes de

gerenciamento de riscos corporativos, recomenda-se conduzir um exame

totalmente novo, de tempos em tempos, com enfoque direto na eficácia do

gerenciamento de riscos corporativos.

A função do monitoramento é verificar se os controles internos são adequados

e efetivos.

36

a) controles adequados: são aqueles em que os cinco elementos do controle

(ambiente, avaliação de riscos, atividade de controle, informação, comunicação

e monitoramento)estão presentes e funcionando conforme planejado.

b) controles eficientes: são eficientes quando a alta administração tem uma

razoável certeza do grau de atingimento dos objetivos operacionais propostos;

de que as informações fornecidas pelos relatórios e sistemas corporativos são

confiáveis; e quando as leis, regulamentos e normas pertinentes estão sendo

cumpridos.

A abordagem do próximo capitulo tratará da ênfase à Lei Sarbanes Oxley.

37

CAPÍTULO III

LEI SARBANES-OXLEY

Cita Vidal (2004) que em 30 de julho de 2002, o Presidente dos Estados

Unidos sancionou em lei o Sarbanes-Oxley Act (o Ato). Algumas das

determinações do Ato são de aplicação imediata pelas companhias abertas

com registro na Securities and Exchange Commission (SEC)

Ainda de acordo com Vidal (2004), o Ato aplica-se a todas as companhias

registradas da SEC, o que expande sua aplicação a empresas que são de

origem norte-americanas.

Dentre as principais disposições, destaca-se:

• certificação do CEO (Chief Executive Officer) e do CFO (Chief Financial

Officer).

“Nos escândalos contábeis norte-americanos,

executivos alegaram que não tinham conhecimento das

praticas contábeis indevidas(reconhecimento incorreto de

receitas, por exemplo). A Sarbanes-Oxley visa desencorajar

alegações deste tipo, por intermédio de medidas como

controles internos mais rigorosos(VIDAL 2004).”

6.1 - INTRODUÇÃO À LEI

Vidal (2004) ressalta que a seção 302(a) do Ato passa a requerer que o CEO e

o CFO certifiquem as informações financeiras e não financeiras contidas nos

relatórios anuais. Esta certificação também inclui controles internos, definidos

em duas dimensões:

38

a) controles internos propriamente ditos;

b) controles e procedimentos de divulgação.

O modelo de certificação a ser assinado pelo CEO e CFO deve ser

exatamente o mesmo apresentado no Ato, não sendo permitidas modificações.

Este ato introduziu responsabilidades criminais que, em certos casos, podem

envolver prisão de até vinte anos para CEOs e CFOs pelo fornecimento,

proposital ou não, de certificações incorretas ou não verdadeiras. O referido

processo de certificação introduz os seguintes requerimentos às empresas e a

seus administradores:

• o CEO e o CFO devem certificar as informações financeiras e não

financeiras contidas nos relatórios anuais;

• as empresas devem manter controles internos, definidos em duas

dimensões: controles internos propriamente ditos e controles e

procedimentos de divulgação (disclosure controls and procedures); e

• o CEO e o CFO estarão certificando que avaliaram a efetividade

desses relatórios até, no máximo, noventa dias da data de

arquivamento das informações (Form 20-F). O Form 20-F deve

informar sobre o resultado dessa avaliação.

A SEC não estipulou procedimentos e controles de divulgação específicos que

devam ser adotados; ao contrário, espera que as empresas desenvolvam um

processo que seja consistente com o seu negócio e fundamentado em suas

atividades de gerenciamento, supervisão e controles internos.

39

6.2 - QUESTÕES RELACIONADAS A SOX

De acordo com Vidal (2004), A SOX define boas práticas de governança e

ética corporativa, tais como:

• código de ética corporativo;

• restrição a empréstimo e concessão de crédito para diretores;

• código de ética para executivos financeiros e insiders;

• restrição à contratação de serviços dos auditores externos;

• quarentena para a contratação de funcionários que já atuaram como

auditores externos (nível executivo para a área financeira);

• comitê de Auditoria;

• combate a fraudes financeiras;

• estruturação e monitoramento dos controles internos;

• governança em tecnologia da informação;

• gestão e gerenciamento de riscos.

Mais notadamente, a SOX é contundente quanto ao papel critico dos controles

internos, definindo-o como um processo desempenhado pela alta gestão,

diretores, gerentes e demais funcionários, visando a alcançar o sucesso no

negócio, em três categorias:

• eficiência e eficácia das operações;

• confiança nos reportes financeiros;

• submissão às leis e regulamentos aplicáveis.

“A Sarbanes-Oxley estabelece,

explicitamente, a responsabilidade da alta gestão pelo

estabelecimento, avaliação e monitoramento da eficácia dos

controles internos sobre os relatórios financeiros.

40

A maior parte da discussão em

torno da SOX está focada nas seções 302 e 404.

6.2.1 - Seção 302

A alta gestão deve assumir

pessoalmente a responsabilidade pela divulgação dos controles

e procedimentos. Uma certificação de que os controles foram

avaliados quanto à sua eficiência deve ser emitida,

trimestralmente. Essa certificação deve declarar que todas as

deficiências de controle, deficiências materiais e fraudes foram

informadas para o comitê de Auditoria e para os auditores

independentes.

6.2.2 - Seção 404

Determina uma avaliação anual dos controles e

procedimentos internos, para elaboração dos reportes

financeiros. Adicionalmente, os auditores independentes devem

emitir um relatório separado, atestando a aderência da

administração em prover eficientes controles internos e

procedimentos, para os reportes financeiros.

Passos para o desenvolvimento

do programa de controle interno.

1) Comprometimento e organização

Entender como a SOX aplica-

se à empresa ajudará no desenvolvimento do programa de

controle interno.

2) Escolher uma estrutura adequada de controle interno

Para alcançar os objetivos de

controle da SOX, muitas cias. desenvolveram sua estrutura de

controle interno, seguindo as recomendações do Commettee of

Sponsoring Organizations of the Treadway Comission (COSO).

41

Apesar de outras estruturas existirem, acredita-se que o COSO

será um modelo dominante (VIDAL 2004)”.

A seqüência abordará o papel conjunto de Auditoria Interna e Controles

Internos nas empresas do mercado segurador; as determinações da SUSEP, e

como estas áreas agregam para a estratégia empresarial.

42

CAPÍTULO IV

AUDITORIA INTERNA X CONTROLES INTENOS

NO MERCADO DE SEGUROS

7.1 - FUNDAMENTOS

7.1.1 - Circular 249

De acordo com FUNENSEG (2011), no mercado segurador brasileiro a

atividade de Auditoria Interna tornou-se compulsória a partir da edição da

Circular SUSEP 249, de vinte de fevereiro de 2004. Aquele regulamento

estabeleceu a obrigatoriedade da implantação e implementação de um

Sistema de Controles Internos nas seguradoras brasileiras, inspirado no

padrão COSO (Commitee of Sponsoring Organizations of Treadway

Commision), que, por sua vez, tem como um de seus elementos o

Monitoramento.

Reza a Circular 249:

“Os controles internos (...) não poderão deixar de

prever (...) o acompanhamento sistemático das

atividades desenvolvidas, de forma a avaliar se os

objetivos estão sendo alcançados, se os limites

estabelecidos, as leis e os regulamentos aplicáveis

estão sendo cumpridos, bem como assegurar a

pronta correção de eventuais desvios”( Circular

SUSEP 249, de vinte de fevereiro de 2004)

43

A atividade de auditoria interna deve fazer parte do Sistema de Controles

Internos.

Nesses dispositivos vislumbra-se, em primeiro lugar, e de forma

inquestionável, a definição da obrigatoriedade da atividade de Auditoria Interna

nas seguradoras brasileiras.

Em seguida se revela o primeiro subconjunto de atribuições da Auditoria

Interna, formado por certas vertentes que se complementam:

ü a avaliação periódica da qualidade dos componentes do Sistema de

Controles Internos (padrão COSO) visando mantê-los como atributos

essenciais para garantir que a seguradora administre eficazmente seus

riscos operacionais e, consequentemente, aumente as possibilidades de

alcançar seus objetivos estratégicos;

ü a verificação sistemática da conformidade dos negócios e atividades da

seguradora com relação, por um lado, a leis e regulamentos oficiais e, por

outro, a políticas e normas internas, de forma a permitir a rápida correção

de eventuais desvios e a implementação de melhorias para mitigar a

possibilidade de sua repetição;

ü o acompanhamento das recomendações registradas nos relatórios até a

sua efetiva implantação; e

ü a organização e guarda dos dossiês de auditoria (papéis de trabalho,

evidências, desdobramentos das recomendações, etc.).

A Circular SUSEP 249(2004) também registra que os controles internos (...)

não poderão deixar de prever (...) a existência de testes periódicos de

segurança para os sistemas de informação mantidos em meio eletrônico (...).

44

Por essa determinação, em paralelo com a implementação de processos

eficazes de planejamento, gestão, desenvolvimento, suporte técnico,

segurança lógica, física e de telecomunicações, planos de contingência e de

continuidade dos negócios, se pode inferir que a Auditoria Interna deve tomar

para si a atribuição de, periodicamente, avaliar a qualidade do que se

convencionou chamar de Governança de TI. Esses trabalhos de “auditoria de

sistemas” objetivam aportar sugestões de melhoria e/ou de correção de

eventuais desvios. Independentemente da seguradora já ter adotado ou não

um padrão de Governança de TI, é recomendável que a Auditoria Interna

realize seus trabalhos de campo de auditoria de sistemas tendo em conta a

referência aceita internacionalmente e já aventada pela SUSEP denominada

COBIT (Control Objectives for Information and related Technology),

recomendado pela ISACF – Information Systems Audit and Control Foundation,

e que abarca os aspectos Planejamento e Organização, Aquisição e

Implementação, Entrega e Suporte e Monitoração da Governança de TI.

No tocante à fonte de recursos para executar os trabalhos de campo de

Auditoria Interna, a Circular 249 estipula que:

“(...) a atividade de auditoria (...), quando não executada

por unidade de específica da própria sociedade ou

entidade integrante do mesmo conglomerado (...), poderá

ser exercida por auditor independente, desde que não seja

aquele responsável pela auditoria das demonstrações

financeiras”.

Verifica-se assim que a atividade de Auditoria Interna nas seguradoras

brasileiras pode ser também executada sob regime de terceirização de

serviços. Essa abertura remete a três possibilidades:

ü a terceirização integral da atividade, ou seja, a entrega a terceiro, em

regime de outsourcing, de todas as tarefas pertinentes (planejamento,

45

execução dos trabalhos de campo, emissão de relatórios, seguimento de

recomendações, etc.);

ü a designação de um responsável próprio pela atividade para gerir as tarefas

de planejamento, emissão de relatórios e seguimento de recomendações,

contratando-se terceiro para executar todos os trabalhos de campo; ou

ü a terceirização parcial dos trabalhos de campo da unidade própria, em

especial daqueles aspectos em que a carga horária ou a especialização

requerida não justifique contar com recursos humanos em tempo integral

na folha de pagamento.

FUNENSEG(2004) considera que a eleição da melhor alternativa dependerá

da cultura da seguradora, de seu porte, de suas necessidades e circunstâncias

inerentes a cada caso. Na decisão recomenda-se levar em conta também a

obrigatoriedade da subordinação da atividade de Auditoria Interna ao Conselho

de Administração ou à Diretoria, posto que, dependendo da opção, o contato

com os Altos Administradores, com o Comitê de Auditoria, com os Auditores

Externos e, eventualmente, com a SUSEP, será exercido por pessoa

formalmente alheia à estrutura organizacional da seguradora.

7.1.2 - Resolução 118

Muito embora a Resolução CNSP 118, de vinte e dois de dezembro de 2004,

tenha sido emitida para regular a prestação de serviços dos Auditores

Independentes às seguradoras, ela contém aspectos importantes relacionados

à atividade de Auditoria Interna. É de se destacar os seguintes:

“É vedada a contratação e a manutenção de auditor

independente (...) caso fique configurada (...)

prestação concomitante de serviços de auditoria

independente e de consultoria, principalmente com

46

serviços de consultoria que envolvam (...) auditoria

interna”.

“As sociedades supervisionadas deverão solicitar ao

auditor independente que produza (...) os seguintes

documentos: (...) relatório circunstanciado sobre o

descumprimento de dispositivos legais e

regulamentares, que tenha, ou possa vir a ter,

reflexos relevantes (...) na continuidade das

operações da sociedade (...); relatório

circunstanciado sobre a adequação dos controles

internos aos riscos suportados pela sociedade

(...)”(Circular SUSEP 118, de vinte e dois de

dezembro de 2004).

Esses pontos da Resolução 118, em primeiro lugar, ratificam o que já foi

mencionado com relação à Circular 249 no tocante à proibição de se contratar

o Auditor Independente que revisa as demonstrações financeiras para,

também, executar a atividade de Auditoria Interna de forma terceirizada. Em

segundo lugar, determina que, entre os relatórios semestrais que devem ser

encomendados aos Auditores Independentes, um deles verse sobre a

conformidade das atividades e negócios e outro à qualidade dos controles

internos, alcances que, como já comentado, são também parte das atribuições

da Auditoria Interna

Infere-se ainda, pelas regras da Resolução 118, que ao Comitê de Auditoria,

por delegação do Conselho de Administração, entre outras atribuições

correlatas, cabe o acompanhamento da qualidade da atividade de Auditoria

Interna, de seu planejamento ao acompanhamento de suas recomendações —

notadamente do que diz respeito aos alcances antes comentados —, tocando-

lhe, sempre que entender necessário convocar a dar explicações qualquer

gestor que não tiver implantado o que tiver sido recomendado.

47

7.1.3 - Circular 280

Cita FUNENSEG (2011) que a Circular 280 regulamenta e detalha o escopo

dos trabalhos de campo que devem resultar nos dois relatórios

circunstanciados que as seguradoras devem encomendar aos Auditores

Independentes: o sobre a adequação dos controles internos e o sobre o

descumprimento de dispositivos legais e regulamentares. Percebe-se, assim,

estreita afinidade com o alcance a ser seguido pela atividade de Auditoria

Interna, conforme já comentado, motivo pelo qual esse regulamento é

importante referência para o planejamento e os trabalhos de campo desta.

Quanto a isso seria relevante destacar os seguintes detalhes e aspectos:

“O relatório circunstanciado sobre a adequação dos

controles internos deverá avaliar a eficácia e a

eficiência (...) destacando as deficiências

encontradas, levando em consideração os principais

processos existentes na sociedade e abordando o

ambiente de controle, a avaliação de riscos, as

atividades e procedimentos de controles, os

processos de informação e comunicação, e a

monitoração”(Circular SUSEP 280).

Embora não seja diretamente mencionado, nota-se que o padrão de controle

interno exigido é o já comentado COSO. Com efeito, Ambiente de Controle,

Avaliação de Riscos, Atividades de Controle, Informação e Comunicação e

Monitoração são os elementos que, associados ao Estabelecimento de

Objetivos Estratégicos, conformam aquela referência internacional, que define

o controle interno como sendo um processo desenvolvido para garantir, com

razoável certeza, que sejam atingidos os objetivos da empresa no que tange a

eficiência e efetividade operacional, confiança nos registros contábeis e

financeiros e conformidade com regras externas e internas.

48

Essa inferência ganha força quando a Circular 280 descreve cada um deles e

destaca o que eles devem conter, como segue:

“(...) entende-se (...), como ambiente de controle, a

cultura de controles da sociedade (...),

especialmente a postura da sociedade

supervisionada e a consciência de controles das

pessoas que a compõe; (...) como avaliação de

riscos, a identificação e a análise dos riscos

associados aos objetivos do negócio (...); como

atividades de controle, as políticas e os

procedimentos que asseguram que as ações

necessárias para gerenciar riscos sejam executadas

adequadamente; (...) como processos de informação

e comunicação, aqueles que garantem a

identificação, a captura e a comunicação das

informações necessárias ao gerenciamento da

sociedade supervisionada; (...) e como monitoração,

o processo que avalia a qualidade da performance

do sistema ao longo do tempo, através de um

acompanhamento continuo das atividades,

avaliações separadas, ou uma combinação dos dois.

A avaliação do ambiente de controle deverá incluir

fatores como integridade e valores éticos,

competência e experiência dos administradores,

planejamento estratégico, aspectos de governança e

estrutura organizacional, estilo e filosofia de

administração, atribuição de responsabilidades,

práticas e políticas de recursos humanos.

A análise da avaliação de riscos deve incluir a

capacidade da sociedade supervisionada na análise

49

de fatores internos e externos, e de levar em

consideração a probabilidade de ocorrência e o

impacto nas operações.

Os processos de informação e comunicação devem

permitir que todos os funcionários entendam suas

responsabilidades na estrutura de controles internos,

bem como a forma pela qual suas atividades estão

relacionadas às atividades dos outros. A avaliação

(...) deve levar em consideração a capacidade de

manter uma comunicação efetiva, em um sentido

amplo, fluindo através de toda a organização, tanto

verticalmente como horizontalmente.

A avaliação da monitoração deve levar em

consideração a independência da auditoria interna, a

frequência das inspeções e se a sociedade

supervisionada implementa suas recomendações.

(...) O monitoramento contínuo deve ser avaliado

quanto à sua independência, sua eficácia e sua

eficiência” (Circular SUSEP 280).

A Auditoria Interna relaciona-se com todos os elementos do COSO definidos

pela Circular, na medida em que a ela cabe executar o monitoramento

periódico da qualidade de cada um, nos termos da Circular 249, já comentada.

7.1.4 - Circular 380

Conforme FUNENSEG(2011), a Circular 380 dispõe sobre os controles

internos específicos visando à prevenção dos delitos de lavagem de dinheiro,

ocultação de bens, direitos e valores, ou que com eles possam relacionar-se, o

acompanhamento das operações proposta por pessoas politicamente expostas

e à prevenção e coação do financiamento ao terrorismo. Nela a SUSEP reforça

50

conceitos e práticas do controle interno sob o COSO e as atribuições que se

espera da atividade de Auditoria Interna para esse tema específico:

“(...) as sociedades devem (...) desenvolver e

implementar (...) procedimentos de controles

internos efetivos e consistentes (...) que

contemplem a identificação, avaliação e

controle e monitoramento dos riscos de serem

envolvidas em situações relacionadas à

lavagem de dinheiro, bem como para prevenir

e coibir o financiamento ao terrorismo (...)

(...) Os procedimentos de controles internos

(...) devem contemplar (...) estabelecimento

de uma política (...) que inclua diretrizes sobre

avaliação de riscos (...) manualização e

implementação dos procedimentos (...)

elaboração e execução de programa de

treinamento específico de qualificação dos

funcionários (...) elaboração e execução de

programa de auditoria interna (...)”(Circular

SUSEP 380).

Vê-se, nos dispositivos destacados, os elementos do COSO antes comentados

e a clara definição do papel da Auditoria Interna, qual seja a validação da

qualidade da estrutura de controles internos implementada com o objetivo

específico de prevenir a consecução dos mencionados crimes, o que está em

linha com a Circular 249 que trata do Sistema de Controles Internos em sua

abrangência maior.

7.1.5 - Circular 340

51

A Circular 340, em meio a disposições que dão tratamento aos resultados das

fiscalizações da SUSEP que tenham escopo a avaliação dos Sistema de

Controles Internos, vê-se os seguintes aspectos:

“A sociedade / entidade supervisionada

poderá requerer ao Chefe do Departamento

de Fiscalização da SUSEP, em até 30 (trinta)

dias, contados do recebimento do Ofício de

recomendações mencionado no art. 1o,

prazos para saneamento das deficiências dos

controles internos encontradas (...)

No requerimento enviado à SUSEP deverá

constar o plano de ação e o prazo de

implementação de cada item de deficiência

(...)

Auditoria Interna da sociedade / entidade

deverá acompanhar a execução dos planos

de ação (...) A sociedade/ entidade deverá

encaminhar à SUSEP relatório validado pela

Auditoria Interna caso seja identificado

descumprimento dos prazos constantes dos

planos de ação aprovados (...)”(Circular

SUSEP 340).

Como se vê, à Auditoria Interna foi atribuída a missão de acompanhar a

implementação das recomendações da SUSEP dirigidas à melhoria ou ajustes

de aspectos do Sistema de Controles Internos das seguradoras fiscalizadas,

bem como de validar os argumentos, explicações e justificativas apresentadas

àquele órgão no caso de descumprimento dos prazos de implementação

registrados nos planos de ação elaborados.

7.1.6 - Circular 344

52

A Circular 344 disciplina acerca dos controles internos específicos visando à

prevenção contra fraudes. Nesse documento a SUSEP volta a reforçar

conceitos e práticas do controle interno sob o COSO e as atribuições que se

espera da atividade de Auditoria Interna:

“As sociedades deverão (...) desenvolver

estudos sobre o risco de serem objeto de

fraudes, principalmente com relação aos

produtos comercializados e suas práticas

operacionais.(...) Com base nos estudos (...),

deverá ser desenvolvida e implementada, na

forma da legislação vigente, estrutura de

controles internos específicos, validada pela

auditoria interna, para tratar dos riscos

identificados. A estrutura de controles internos

(...) deverá contemplar, no mínimo, (...) o

estabelecimento de uma política de

prevenção, detecção e correção de fraudes,

(...) avaliação de riscos na contratação de

funcionários e no desenvolvimento de

produtos, (...) implementação de

procedimentos de identificação de riscos de

fraude referentes a produtos e procedimento,s

(...) manualização e implementação dos

procedimentos de prevenção, monitoração e

identificação de fraude,s (...), elaboração e

execução de programa de treinamento contra

fraudes para os funcionários e pessoas com

as quais mantenham relacionamento

comercial, (...) e elaboração e execução de

programa de auditoria interna que verifique o

53

cumprimento dos procedimentos referidos

(...)”(Circular SUSEP 344).

Repete-se, nos dispositivos destacados, a visão dos elementos do COSO já

comentados e, de novo, menciona-se claramente a definição do papel da

Auditoria Interna no assunto tratado pela norma, isto é, a validação da

qualidade da estrutura de controles internos implementada com o objetivo

específico de prevenir fraudes, tudo também em linha com a Circular 249.

7.2 - CONTEÚDO DO PLANEJAMENTO / TRABALHOS DE

CAMPO

7.2.1 - Definição de Auditoria Interna – IIA

Cita FUNENSEG (2011) que perfeitamente alinhado com as referências

internacionais de controle interno, em especial com o padrão COSO, o IIA –

Institute of Internal Auditors, que, no Brasil, tem seu capítulo no AUDIBRA –

Instituto dos Auditores Internos do Brasil, assim define a missão da atividade

de Auditoria Interna:

“A Auditoria Interna deve agregar valor e

contribuir para melhorar as operações. Sua

missão é aportar ajuda para que os objetivos

sejam atingidos, mediante ações sistemáticas

de avaliação e melhora da efetividade da

gestão de riscos, do controle interno e dos

processos de governança corporativa”( IIA –

Institute of Internal Auditors).

Esse enfoque deve se dar mediante criteriosa avaliação da qualidade do

controle interno e da governança corporativa, que, portanto, passa a ser a

54

função mais nobre da Auditoria Interna segundo o padrão COSO e, por

consequência, como já se comentou, segundo a SUSEP. É evidente que

trabalhos de campo de Auditoria Interna podem, direta ou indiretamente,

redundar na identificação de erros, omissões, negligências, imperícias ou atos

de má fé; no entanto, esses devem ocupar cada vez menos espaço no

planejamento anual e, sempre que realizados, ficar caracterizados pelo estudo

aprofundado do que deve ser melhorado no sistema de controle interno para

que eventuais situações anômalas não voltem a ocorrer.

7.2.2 - Alcance Inferido

Em resumo, e com base nos fundamentos acima comentados, pode-se inferir

que o planejamento da atividade de Auditoria Interna nas seguradoras

brasileiras deve, pelo menos, alcançar trabalhos que:

ü avaliem a qualidade das Atividades de Controle, inclusive daquelas

voltadas especificamente à prevenção de fraudes internas e externas e

ao tratamento dos indícios de lavagem de dinheiro, tratamento de

pessoas politicamente expostas e prevenção do financiamento ao

terrorismo;

ü permitam aferir o grau de conformidade dos negócios e atividades à

legislação, à regulamentação, às políticas corporativas e às normas

internas;

ü propiciem opinião independente sobre o andamento e evolução das

Ações Estratégicas;

ü validem a consistência do processo de Gestão de Riscos;

55

ü levem ao diagnóstico do grau do Ambiente de Controle e do processo

de Comunicação & Divulgação, inclusive a medição do nível da cultura

interna de controle e da conscientização do público interno a respeito;

ü permitam coletar dados gerais para emitir o informe semestral sobre o

Controle Interno preconizado pela Circular 249; e

ü representem adequado seguimento da implementação de

recomendações de melhoria de aspectos do Sistema de Controles

Internos e/ou de correções de desvios de conformidade, inclusive

daquela oriundas de fiscalizações da SUSEP

7.2.3 - Auditoria da Qualidade das Atividades de Controle

Essa variável da atividade de Auditoria Interna no Sistema de Controles

Internos tem por objetivo comprovar se há controles internos efetivos e

consistentes — qualidades preconizadas na Circular 249 — para gerir um

processo ou um subprocesso no que tange à formalização de políticas,

normas, procedimentos, controles e meios de monitoramento permanente.

Deve levar em conta, inclusive, a definição dos níveis hierárquicos e das

responsabilidades, a segregação de funções, os níveis de controle e os

objetivos dos mecanismos de controle.

É recomendável que o escopo dos trabalhos de campo não foque áreas da

estrutura organizacional, mas sim o fluxo de um processo ou subprocesso,

independentemente da quantidade de áreas que ele alcance. Essa estratégia:

ü alarga a visão do Auditor dando a ideia de começo, meio e fim;

ü permite identificar oportunidades de melhoria que não seriam visíveis caso

a ótica fosse localizada; e

56

ü auxilia antecipar os efeitos de recomendações importantes em todo o fluxo,

evitando sugestões que, embora se mostrem razoáveis em um

subprocesso, podem ter impacto negativo ou nulo quando considerado o

processo integral.

“Assim, por exemplo, dever-se-ia auditar a qualidade

das Atividades de Controle do processo de sinistros iniciando-

se pelo subprocesso de aviso, passando-se pelos

subprocessos de constituição de reserva, regulação, análise e

liquidação, e terminando no subprocesso de contabilização da

indenização, sem importar quantas áreas ou subáreas estejam

envolvidas (no exemplo poderiam ser a Central de Atendimento,

a Área de Peritos, a Área de Análise de Sinistros, o Contas a

Pagar e a Contabilidade). Além disso, essa estratégia

despersonaliza a auditoria e auxilia no esforço de eliminar o

ranço fiscalizador na medida em que considera como mais

importantes os procedimentos, rotinas, sistemas e controles, ao

invés das pessoas e/ou das unidades por elas

geridas”(FUNENSEG 2011).

7.2.4 - Auditoria da Conformidade

Segundo FUNENSEG (2011), essa vertente da atividade de Auditoria Interna

tem por objetivo verificar a conformidade das atividades e negócios da

seguradora à legislação vigente, à regulamentação estabelecida, às políticas

editadas e às normas internas. Essa fase dos trabalhos de campo pode ser

antevista na auditoria da qualidade das atividades de controle, mediante a

identificação de pontos críticos e a identificação prévia de testes de aderência,

sistêmicos ou documentais.

Recomenda-se realizar essa fase da auditoria tão logo se encerre a fase da

avaliação da qualidade das atividades de controle, não só porque a memória

recente do fluxo do processo ou subprocesso auditado facilita a tarefa, mas

57

também porque seus resultados auxiliam a corroborar a necessidade da

implementação das melhorias sugeridas.

Adquire especial destaque, nessa etapa dos trabalhos de campo, a boa

definição do alcance dos exames, de forma que se possa, por um lado,

concentrá-los nas transações mais importantes, consideradas as variáveis de

tempo (período de análise), materialidade, relevância dos negócios, e, por

outro lado, a conveniência de alcançar todos os ramos e produtos operados

pela seguradora.

7.2.5 - Auditoria do Seguimento das Ações Estratégicas

Esta parte dos trabalhos de campo não deve ser entendida como de avaliação

das ações estratégicas ou até mesmo dos objetivos estratégicos, ou seja, à

emissão de opinião se eles são corretos ou adequados. Isso porque a

definição do planejamento estratégico cabe ao Conselho de Administração,

apoiado pela Alta Administração ou, eventualmente, por um Comitê

Estratégico, para os quais a Auditoria Interna serve como consultoria e não

como avaliadora.

Este segmento da atividade de Auditoria Interna, portanto, objetiva agregar

valor à Alta Direção, mediante o oferecimento de uma análise independente,

primeiro sobre a qualidade da gestão do modelo de estabelecimento de

objetivos estratégicos e segundo sobre o andamento das ações estratégicas

previamente definidas com vistas à consecução dos objetivos estratégicos.

Aqui também se invocam o teor da Circular 249 da SUSEP, o padrão COSO

de controle interno e a definição de Auditoria Interna do IIA, que mencionam

claramente que a Auditoria Interna tem de dedicar parte de suas atividades à

efetivação dos objetivos estratégicos.

Para executar essa importante parte de suas atribuições, a Auditoria Interna

tem, obviamente, de conhecer o processo e a metodologia de desenho do

58

planejamento estratégico, as atividades estratégicas concebidas para alcançar

os objetivos traçados, os gestores responsáveis pelas ações e os prazos

estimados para sua implementação e as métricas que possibilitam avaliar a

evolução de determinada ação.

7.2.6 - Auditoria do Processo de Gestão de Riscos

No padrão COSO de controle interno, a Gestão de Riscos é formada pela

Identificação dos Riscos, pela Avaliação dos Riscos e pela Resposta aos

Riscos. Trata-se, com efeito, da principal base do controle interno, uma vez

que, por um lado, deve levar em conta os objetivos estratégicos e, por outro,

ser a fonte para o desenho das Atividades de Controle.

Por isso, a Auditoria Interna deve dedicar especial atenção à auditoria da

qualidade do processo de Gestão de Riscos, independentemente de ele ser

centralizado ou descentralizado, manual ou sistêmico, corporativo ou

individualizado, permanente ou periódico.

7.2.7 - Auditoria do Ambiente de Controle / Comunicação &

Divulgação

Por envolver os aspectos subjetivos do Sistema de Controles Internos, a

auditoria do Ambiente de Controle exige certa flexibilidade dos auditores

internos, uma vez que raramente serão encontradas as condições materiais e

as evidências físicas ou lógicas com que se está acostumado a trabalhar. Por

outro lado, esse aspecto da auditoria de controle interno tem estreita relação

com a cultura da seguradora e sua filosofia no trato com os colaboradores,

clientes e parceiros, detalhes que devem ser necessariamente levados em

conta.

59

Por afinidade, pode-se incluir nos trabalhos de campo avaliações que

permitam aferir também a qualidade da Comunicação & Divulgação, que é

outro componente do Sistema de Controles Internos.

Nos trabalhos dessa espécie deve-se, com o maior grau de objetividade

possível, buscar aferir o sentimento do público interno com relação a fatores

como atitude, obediência a leis, regulamentos, políticas e normas internas,

integridade e valores éticos, competência e experiência, planejamento

estratégico, governança, estrutura organizacional, estilo e filosofia de

administração, atribuição de responsabilidades e práticas e políticas de

recursos humanos. Em suma, há que se encontrar uma forma de medir a

consciência dos colaboradores, de qualquer nível, com relação aos controles

internos.

No desafio de diminuir o grau de subjetividade que caracteriza essa parte do

Sistema de Controles Internos, o auditor deve conhecer e analisar os

mecanismos utilizados pela seguradora visando à disseminação da cultura de

controle entre seus colaboradores e os recursos utilizados para bem divulgar e

comunicar ao público interno o que ela espera em termos de atitude, postura e

comportamento com relação ao assunto.

7.3 - DOSSIÊS, RELATÓRIOS DE AUDITORIA E PLANOS DE

AÇÃO

“É parte do Princípio da

Imparcialidade da Auditoria Interna condicionar os resultados de

seus trabalhos de campo à evidência da verdade,

convenientemente apurada. Em razão disso, também para a

vertente da avaliação da qualidade do Sistema de Controles

Internos e da verificação da conformidade, é relevante

organizar as evidências que respaldam os exames realizados,

notadamente aquelas que redundarem em comentários de

60

auditoria e recomendações de melhoria ou de tratamento de

eventuais desvios” (FUNENSEG 2011).

O conjunto de documentos físicos, programas computadorizados ou outras

evidências de quaisquer espécies que consubstanciam e comprovam a

realização dos trabalhos de campo forma o que genericamente se conhece

como papéis de trabalho. Independentemente de terem sido fornecidos pelos

auditados ou terceiros ou gerados ou obtidos pelos próprios auditores, devem

receber tratamento adequado no tocante à organização, guarda e

confidencialidade. Podem ainda ser separados entre:

ü permanentes, aqueles que podem ser utilizados em trabalhos futuros, tais

como o fluxograma do processo de análise de sinistros de incêndio, um

programa computadorizado do cruzamento entre a data da proposta e a

data de emissão da apólice; e

ü temporários, aqueles que dizem respeito exclusivamente ao trabalho

realizado, tais como um relatório computadorizado de apólices de vida

emitidas após quinze dias do recebimento da proposta e um recibo de

indenização não assinado pelo beneficiário.

FUNENSEG(2011) considera como premissa, os papéis de trabalho e a sua

coleção adequadamente organizada — o dossiê de auditoria —, devem, por

um lado, registrar as informações obtidas e os exames e análises procedidos

e, por outro lado, constituir base confiável, suficiente e inquestionável das

conclusões obtidas, tanto as relacionadas com o atestado da boa qualidade do

Sistema de Controles Internos e da conformidade, quanto as inerentes às

recomendações de melhoria ou de correções de desvios. Eles formam,

portanto, a base fundamental do relatório de auditoria e, por isso, caso não se

possam obter evidências com aquelas qualidades, faz-se necessário fazer as

ressalvas necessárias para explicar essa circunstância.

61

Os relatórios de auditoria, por sua vez, devem ser organizados e redigidos de

forma a propiciar perfeita compreensão do alcance ou escopo do trabalho, os

limites dos testes realizados em termos de tempo e abrangência, as

conclusões gerais e específicas, a evolução desde a auditoria anterior e,

dependendo da cultura da seguradora, a manifestação dos auditados. Devem

se pautar por serem documentos bem fundamentados para, mediante

comentários, justificativas, recomendações e sugestões, agregar valor e

auxiliar a Alta Administração na melhoria contínua do Sistema de Controles

Internos da seguradora e, por conseguinte, na consecução de seus objetivos

estratégicos.

“Pode ser ainda conveniente formatar

planos de ação, derivados das recomendações registradas nos

relatórios, a serem preenchidos pelos responsáveis diretos. Nele seria

de mencionar a providência a ser adotada, a data estimada de sua

implantação e nome de quem conduzirá a ação, criando-se mecanismo

para permitir à Auditoria Interna o acompanhamento das

implementações, as cobranças necessárias e o encaminhamento ao

Comitê de Auditoria nos termos da Resolução 118.

É relevante considerar que a Circular 249 manda que evidências e

relatórios de Auditoria Interna fiquem à disposição da SUSEP pelo

prazo de cinco anos”.(FUNENSEG 2011)

62

CONCLUSÃO

De forma geral, é fundamental que as organizações identifiquem e avaliem

os riscos operacionais, a fim de que haja maior segurança no alcance do

seu planejamento estratégico.

A maturidade nos níveis de controles internos garante que a instituição

esteja em CONFORMIDADE com a lei e regulamentos internos e externos,

bem como evite, detecte e trate qualquer desvio ou inconformidade que

possa ocorrer.

63

A atuação da auditoria interna testando o funcionamento dos controles

relevantes e verificando a aderência às normas internas e de reguladores

(SUSEP, etc.), solidifica os objetivos das companhias de seguros.

O alcance dos objetivos das organização atendem referencias de:

• Efetividade e eficiência operacional: diz respeito aos objetivos básicos

da empresa, inclusive com os objetivos e metas de desempenho e

rentabilidade, bem como da segurança e da qualidade dos ativos;

• Confiabilidade nos relatórios financeiros: todas as transações devem ser

registradas, todos os registros devem refletir transações reais,

consignadas pelos valores e enquadramentos corretos;

• Conformidade: com as leis e normativos aplicáveis à entidade e sua

área de atuação.

No que diz respeito à sua relação com o sistema de controles internos da

empresa, a auditoria deve proceder à realização de exames e avaliação da

eficácia, com a finalidade de determinar se o sistema fornece razoável

certeza do atingimento dos objetivos da empresa.

Evidencie que Auditoria Interna, Controles Internos e Gestão de Riscos são

parte integrante do gerenciamento corporativo e asseguram os processos

definidos pela alta administração.

Os papéis da Auditoria Interna e de Controles Internos são distintos.

Cabendo à primeira os testes e à segunda área a definição de ambientes

de controles. Uma área complementa o trabalho da outra, e o resultado são

riscos minimizados e uma gestão mais eficiente.

Quando analisei empresas que possuem a obrigatoriedade de implantação

dessas duas áreas por força da legislação do órgão regulada, como é o

caso das Seguradoras, perante a SUSEP, fica mais evidente os papéis, e

onde deve haver mitigação dos riscos.

64

BIBLIOGRAFIA

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Implantação – Exemplos de Processos Organizacionais. São Paulo:

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