problemáticas da historiografia da alquimia
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Diálogos com a História 2
Márcia Maria Menendes Motta | Alan Dutra Cardoso
Sarah Vanessa Santos Correia | Vanessa Costa Ferreira
Organizadores
Trabalhos apresentados na 3ª Semana de História da UFF(março de 2015)
ISBN: 978-85-63735-20-1
Diálogos com a História 2 Trabalhos apresentados na 3ª Semana de História da UFF
(março de 2015)
Organizadores:
Márcia Maria Menendes Motta
Alan Dutra Cardoso
Sarah Vanessa Santos Correia
Vanessa Costa Ferreira
Niterói,
PPGHistória-UFF
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Reitor: Sidney Luiz de Matos Mello Vice-Reitor: Antonio Claudio Lucas da Nóbrega Coordenação do Programa de Pós-Graduação em História: Ana Maria Mauad de Souza Andrade Essus e Samantha Viz Quadrat
Copyright © dos autores, 2016.
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo
ou em parte, constitui violação do copyright.
Diagramação: Alan Dutra Cardoso
Revisão: Alan Dutra Cardoso e Vanessa Costa Ferreira
Apoios:
Ficha catalográfica
M319 Diálogos com a História 2: trabalhos apresentados na 3ª Semana de
História da UFF (março de 2015) / Márcia Maria Menendes Motta,
Alan Dutra Cardoso, Sarah Vanessa Santos Correia, Vanessa Costa
Ferreira (orgs.).
Niterói-RJ: PPGHistória-UFF, 2016.
540 páginas
ISBN: 978-85-63735-20-1
1. História. 2. Teoria, Metodologia e Ensino da História. 3.
Antiguidade 4. Idade Média. 5. Época Moderna. 6. Contemporaneida-
de.
CDD: 902
Comissão Científica
Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima
Prof. Dr. Alexandre Santos de Moraes
Prof. Dr. Carlos Gabriel Guimarães
Prof. Dr. Cezar Teixeira Honorato
Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho
Profa. Dra. Denise Rollemberg Cruz
Profa. Dra. Giselle Martins Venâncio
Prof. Dr. Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Neves
Profa. Dra. Janaina Martins Cordeiro
Prof. Dr. Jorge Victor de Araújo Souza
Profa. Dra. Juniele Rabelo De Almeida
Profa. Dra. Karla Guilherme Carloni
Profa. Dra. Larissa Moreira Viana
Prof. Dr. Marcelo Bittencourt Ivair Pinto
Profa. Dra. Márcia Maria Menendes Motta
Profa. Dra. Marina Monteiro Machado
Prof. Dr. Mário Grynszpan
Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos
Profa. Dra. Nívia Pombo Cirne dos Santos
Profa. Dra. Renata Rodrigues Vereza
Profa. Dra. Renata Torres Schittino
Profa. Dra. Tatiana Silva Poggi de Figueiredo
"Sei que meu trabalho não resolve os problemas dos pesquisadores que lidam com fenômenos
ideológicos. Minha ambição é apenas ajudá-los a não se confundir, diante de um quadro tão
impregnado de relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos
agora".
Leandro Konder, filósofo e historiador.
SUMÁRIO
Sobre a Semana de História e este livro ..................................................................... 11
Apresentação: CONHECIMENTO, AVALIAÇÃO E LIBERDADE!
Márcia Maria Menendes Motta ....................................................................................... 13
Parte 1 – Teoria, Metodologia e Ensino da História
Capítulo 1: E.P. THOMPSON E ARISTÓTELES: A UTILIZAÇÃO DA LITERATURA
ENQUANTO FONTE HISTÓRICA
Antonio Lessa Kerstenetzky ............................................................................................ 18
Capítulo 2: A CRÍTICA ESTÉTICO-POLÍTICA DO SURREALISMO: UM DEBATE EM
TORNO DE WALTER BENJAMIN, MICHAEL LÖWY E GEÖRGY LUKÁCS
Cairo de Souza Barbosa ..................................................................................................... 26
Capítulo 3: OSCILAÇÕES NO TEXTO FICCIONAL: À CIÊNCIA OS LOUROS, À FICCÇÃO
O ERRO
Edson Silva de Lima ........................................................................................................... 35
Capítulo 4: AS HISTÓRIAS DE LÉVI-STRAUSS: A NOÇÃO DE HISTÓRIA A PARTIR
DO PENSAMENTO LEVISTRAUSSIANO
João Gabriel Ramos Mendes da Cunha ............................................................................. 47
Capítulo 5: DIÁLOGOS ENTRE CINEMA E HISTÓRIA: O FILME COMO FONTE E EM
SALA DE AULA
João Gomes Junior ............................................................................................................. 57
Capítulo 6: A HISTÓRIA SOCIAL E A BEGRIFFSGESCHICHTE. A COMPLEXA
RELAÇÃO NO DIÁLOGO “INTER-HISTORIOGRÁFICO”
João Victor da Mota Uzer Lima ........................................................................................ 69
Capítulo 7: A HISTORIOGRAFIA BANDEIRANTE E O PENSAMENTO
EVOLUCIONISTA
Luiz Pedro Dario Filho ...................................................................................................... 84
Capítulo 8: OS USOS DAS MÚLTIPLAS LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA:
REFLEXÕES SOBRE O CURRÍCULO DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA
Maria Aparecida da Silva Cabral, Emanoel Azevedo e Erika Maria Araujo .................. 96
Capítulo 9: ESCRITORES E/COMO INTELECTUAIS: O CASO DE HARUKI MURAKAMI
EM NORWEGIAN WOOD.
Mateus Martins do Nascimento ..................................................................................... 105
Parte 2 – História Antiga
Capítulo 10: SEXUALIDADE FEMININA E REPRESENTAÇÃO DO EROS NO ÓIKOS
ATENIENSE (SÉCULO V A.C)
Juliana Magalhães dos Santos ........................................................................................ 115
Capítulo 11: OFERENDAS VOTIVAS E AGÓN NO SANTUÁRIO A DEMÉTER E KORÉ
EM ACROCORINTO
Mariana Figueiredo Virgolino ....................................................................................... 121
Capítulo 12: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E ARQUEOLOGIA: O SAMBAQUI DA
BEIRADA EM SAQUAREMA
Marlon Barcelos Ferreira ............................................................................................... 129
Capítulo 13: SER GREGO EM HERÓDOTO
Mateus Mello Araujo da Silva ......................................................................................... 140
Parte 3 – História Medieval
Capítulo 14: IDENTIDADE E ALTERIDADE NO MUNDO ÁRABE-ISLÂMICO ATRAVÉS
DA VIAGEM DE IBN BATTUTA (1304-1368)
Afonso Celso Malecha Teixeira ...................................................................................... 147
Capítulo 15: PROBLEMÁTICAS DA HISTORIOGRAFIA DA ALQUIMIA
Bruno Sousa Silva Godinho ............................................................................................ 159
Capítulo 16: A JUSTIÇA COMO PILAR DA REALEZA MEDIEVAL INGLESA – INÍCIO
DO SÉCULO XV
Caio de Barros Martins Costa ......................................................................................... 167
Capítulo 17: A PAZ DE DEUS E SEU PAPEL NA CONSOLIDAÇÃO DA ORDEM
SENHORIAL FRANCESA
Lucas Moreira Calvo ........................................................................................................ 178
Capítulo 18: UMA BREVE REFLEXÃO ACERCA DA RELAÇÃO CIDADE-CAMPO. O
FORAL DE GUIMARÃES (SÉCULOS XI-XII)
Matheus Godioli Pires Camacho .................................................................................... 190
Capítulo 19: RENASCIMENTO CULTURAL DO SÉCULO XII-XIII NA TÓPICA
SATÍRICA DOS CARMINA BURANA
Maycon da Silva Tannis .................................................................................................. 200
Capítulo 20: PATER PAUPERUM: A MANIFESTAÇÃO POLÍTICA DO AFFECTUS
PIETATIS NA CONDUÇÃO DOS POBRES NA REALEZA CAPETÍNGIA (SÉC. XIII)
Wanderson Henrique Pereira ........................................................................................ 211
Parte 4 – História Moderna
Capítulo 21: VELHOS SELVAGENS, NOVAS TAPUIAS: JURISDIÇÕES IMPERIAIS
IBÉRICAS E AS NOVAS HIERARQUIAS AMERÍNDIAS NA AMÉRICA PORTUGUESA
(1545-1592)
Bento Machado Mota ...................................................................................................... 222
Capítulo 22: “CONHECER PARA DOMINAR”: OS SIGNIFICADOS DE
EVANGELIZAÇÃO AMERÍNDIA PARA O FRANCISCANO BERNARDINO DE SAHAGÚN
Daniella Fraga .................................................................................................................. 231
Capítulo 23: LUÍS DOS SANTOS VILHENA: PENSAMENTO ILUSTRADO NA COLÔNIA
Gabriel de Abreu M. Gaspar ............................................................................................ 239
Capítulo 24: CRISTÃOS-NOVOS NA ÉPOCA MODERNA: A EMIGRAÇÃO COMO
ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO DA FÉ MOSAICA
Gislaine Gonçalves Dias Pinto ........................................................................................ 246
Capítulo 25: O VILANCICO NA CAPELA REAL. O NATAL DE 1640
Laís Morgado Marcoje .................................................................................................... 259
Capítulo 26: MOURISCAS JUDAIZANTES NO PORTUGAL DO SÉCULO XVI
Rachel Romano dos Santos ............................................................................................. 267
Capítulo 27: A INSERÇÃO DE MULHERES INDÍGENAS EM ESPAÇOS FRONTEIRIÇOS
Suelen Siqueira Julio ....................................................................................................... 280
Capítulo 28: REPRESENTAÇÕES FEMININAS NO TEATRO DE ANTONIO RIBEIRO
CHIADO
Vanessa Gonçalves Bittencourt de Souza ...................................................................... 288
Capítulo 29: NA MIRA DA INQUISIÇÃO: AS RELAÇÕES INTERÉTNICAS DE PADRES
SODOMITAS NO IMPÉRIO PORTUGUÊS
Veronica de Jesus Gomes ................................................................................................ 296
Parte 5 – História Contemporânea
Capítulo 30: “DA UNIVERSIDADE ‘MODERNIZADA’ À UNIVERSIDADE
DISCIPLINADA”: NOTAS DE UM TRABALHO SOBRE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO
BRASIL DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX.
Alan Dutra Cardoso ......................................................................................................... 309
Capítulo 31: LUGARES DE MEMÓRIA: CENÁRIOS DE DISPUTAS DE HISTÓRIA E
IDENTIDADE: O MUSEU AFRO BRASIL E O SEU PAPEL NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
Ana Carla Hansen da Fonseca ......................................................................................... 318
Capítulo 32: HISTÓRIA, GÊNERO E LITERATURA NA SÉRIE PARADIDÁTICA ELES
FIZERAM A HISTÓRIA DO BRASIL
André Barbosa Fraga ..................................................................................................... 328
Capítulo 33: ÓRGÃOS DE VIGILÂNCIA E CONTROLE NA DITADURA MILITAR NA
COMUNIDADE ACADÊMICA: ANÁLISE DOCUMENTAL A PARTIR DE OFÍCIOS
CONFIDENCIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA ENTRE 1971 A 1974
Anne Alves da Silveira, Ceci Bastos de Souza Pardo Casas e Louise Anunciação Fonseca
de Oliveira ........................................................................................................................ 341
Capítulo 34: POLICIAMENTO EM SÃO PAULO: ADMINISTRAÇÃO DOS POSTOS DE
COMANDO DAS GUARDAS POLICIAIS (1834-1850)
Bruna Prudêncio Teixeira .............................................................................................. 352
Capítulo 35: A SOCIEDADE CEARENSE LIBERTADORA E UM PROJETO DE
ABOLIÇÃO NO CEARÁ (1881-1884)
Camila de Sousa Freire .................................................................................................... 364
Capítulo 36: O PROTAGONISTA DE CINEMA: OS HERÓIS MASCULINOS DA NOVA
HOLLYWOOD
Carlos Vinícius Silva dos Santos ..................................................................................... 372
Capítulo 37: HISTÓRIAS CONECTADAS E SANTOS NEGROS
Caroline dos Santos Guedes ............................................................................................ 384
Capítulo 38: CONSIDERAÇÕES ACERCA DA LITERATURA DE VIAGEM EM
DOMINGO F. SARMIENTO E PAUL GROUSSAC
Daiana Pereira Neto ........................................................................................................ 392
Capítulo 39: MERCADÃO DE MADUREIRA: COMÉRCIO DE ANIMAIS E TRADIÇÃO
Danilo Monteiro Firmino ................................................................................................ 401
Capítulo 40: BOTICAS, FUNCIONÁRIOS DO ULTRAMAR E INTERMEDIÁRIOS DO
TRÁFICO A SERVIÇO DA CURA: FINAL DO SÉCULO XVIII E PRIMEIRA METADE DO
SÉCULO XIX BRASIL/ANGOLA. O FORTALECIMENTO DA REDE DE
CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS
Fernanda Ribeiro Rocha Fagundes ................................................................................ 411
Capítulo 41: DE COMO FOI INVENTADO O FEUILLETON-ROMAN, E DO SUCESSO DE
ALEXANDRE DUMAS (1836-1850)
José Roberto Silvestre Saiol ............................................................................................ 422
Capítulo 42: RETRATOS DO BRASIL: A FOTOGRAFIA PÚBLICA NOS ARQUIVOS DO
IBGE
Marcus Vinícius de Oliveira ........................................................................................... 430
Capítulo 43: ENTRE CARTAS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA
REVOLUÇÃO DE 1924 EM SÃO PAULO E DE SUAS LIGAÇÕES COM A COLUNA
MIGUEL COSTA PRESTES
Maria Clara Spada de Castro ......................................................................................... 441
Capítulo 44: A OBRA “MÁXIMA” DO BRASILEIRO – PEQUENA ANÁLISE SOBRE O
PROJETO DA ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA DO INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO
ENTRE O MODERNISMO E O NACIONALISMO (1937-1973)
Mariana Rodrigues Tavares ........................................................................................... 452
Capítulo 45: A CAIXA ESTADUAL DE CASAS PARA O POVO – CECAP – E O INTERIOR
PAULISTA: A ATUAÇÃO DE UMA AUTARQUIA GOVERNAMENTAL NA
CONSTRUÇÃO DE CONJUNTOS HABITACIONAIS
Michele A. Siqueira Dias ................................................................................................. 464
Capítulo 46: CONFLITO POLÍTICO EM QUADRINHOS: O EMBATE ENTRE
CATOLICISMO E COMUNISMO NA OBRA TINTIM NO PAÍS DOS SOVIETES
Morgana Oliveira Rocha da Silva ................................................................................... 473
Capítulo 47: EXTENSÃO RURAL E O II PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
(II PND) – 1974-1979
Pedro Cassiano Farias de Oliveira .................................................................................. 482
Capítulo 48: A PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL NOS TEMPOS DE
DODSWORTH: ADMINISTRAÇÃO E INTERVENÇÃO URBANA (1937-1945). NOTAS
DE UMA PESQUISA EM ANDAMENTO
Pedro Sousa da Silva ....................................................................................................... 498
Capítulo 49: A IDADE DA TERRA: A REVOLUÇÃO DO TERCEIRO MUNDO NA
AMÉRICA LATINA DE GLAUBER ROCHA
Quezia da Silva Brandão ................................................................................................. 509
Capítulo 50: VOZES DO ATLÂNTICO NEGRO: AUTOBIOGRAFIAS E MEMÓRIAS DA
ESCRAVIDÃO NOS ESTADOS UNIDOS (1772-1897)
Rafael Domingos Oliveira ............................................................................................... 518
Capítulo 51: O JORNAL DO COMMERCIO, O ABOLICIONISMO E O JOGO POLÍTICO
IMPERIAL: NOTAS DE PESQUISA
Roger Anibal Lambert da Silva ....................................................................................... 531
159
Capítulo 15: PROBLEMÁTICAS DA HISTORIOGRAFIA DA ALQUIMIA
Bruno Sousa Silva Godinho1
O propósito deste texto, como indica seu título, é apontar as problemáticas da
historiografia da alquimia e debater seus princípios teóricos e metodológicos. Como
objeto de estudo, a alquimia sempre teve uma grande gama de pesquisadores. No
entanto, os historiadores só a estão resgatando como tema de pesquisa em tempos
mais recentes. Em geral, vemos um certo afunilamento dos pesquisadores, com boa
parte dos trabalhos emanando de pesquisadores da história da ciência – resgatando
na alquimia as bases de algumas ciências modernas, como a química e a medicina.
De nossa parte, embora reconhecendo os esforços destes historiadores da
ciência, visamos aqui uma abordagem que traga a alquimia para uma “modalidade”
da História na qual suas características tenham maior acolhimento: a saber, a História
do Imaginário. Para isso, traremos uma discussão acerca das vertentes
historiográficas da alquimia, com base em texto de Lawrence M. Principe e William R.
Newman, e por oposição a esse, texto de George-Florin Calian.
Embora a alquimia tenha ganhado destaque entre os círculos intelectuais
como objeto de estudo nos séculos XVII e XVIII2, suas principais vertentes
historiográficas começaram a surgir em meados do século XIX. Elencadas por
Lawrence Principe e William Newman em artigo publicado em obra coletiva, dirigida
por Anthony Grafton e William R. Newman3, são elas: a interpretação setecentista; a
espiritual; a jungiana; a pampsíquica; e, finalmente, a positivista ou presentista.
Segundo os autores, a interpretação setecentista da alquimia visava uma
separação entre a alquimia e a nova ciência da química. Segundo os autores, as
palavras “alquimia” e “química” eram utilizadas indistintamente para se referir a
1 Graduando em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Bolsista do DAE/UNIRIO. 2 Elias Ashmole é um dos principais estudiosos da alquimia do século XVII, tendo sido responsável por uma grande compilação de textos alquímicos, o Theatrum Chemicum Britannicum. A obra ainda é republicada, em edição fac-símile. Cf. Elias Ashmole, Theatrum Chemicum Britannicum, Kessinger Publishing, 2010. 3 GRAFTON, Anthony; NEWMAN, William R (orgs.). Secrets of nature. Cambridge, 2001.
160
uma mesma prática. No século XVIII, a alquimia teria significado um verdadeiro
charlatanismo para a maioria dos autores.4
A escola esotérica, situada no século XIX, considera que as operações
apresentadas em textos alquímicos se referem apenas de forma superficial ou até
mesmo não se referem a processos físicos. Na verdade, nessa interpretação a
terminologia utilizada seria alegórica, de maneira a acomodar processos de
transformação mística, moral ou espiritual. Neste sentido, a obtenção do ouro pelos
alquimistas seria na realidade uma forma de enobrecimento moral ou espiritual.5
Na interpretação do psicanalista Carl Gustav Jung, a alquimia lida não com
experimentações químicas, mas na verdade com processos psíquicos que,
textualmente, são representados em uma linguagem pseudo-química. Logo, a
interpretação jungiana também vê na alquimia uma espécie de infraestrutura que se
organiza sob o pretexto de uma outra linguagem. Porém, para Jung, não se trata de
uma questão moral ou espiritual, e sim do desenlace de processos psíquicos.6
According to Jung, alchemists were concerned less with chemical reactions than with psychic stats taking place within the practitioner. The practice of alchemy involved the use of “active imagination” on the part of the would-be adept, which led to a hallucinatory state in which he “projected” the contents of his psyche onto the matter within his alembic.7
Interessa notar que a linguagem utilizada pelos alquimistas era ora
considerada alegórica (pela escola esotérica), ora elusiva (por Jung). Quando utilizada
alegoricamente, aludia aos astros (daí sua recorrente associação com a astronomia e
astrologia) para o estabelecimento do paralelo entre o mundo celeste e o mundo
terreno. Já o psicanalista acreditava que as evocações de dragões, reis moribundos e
casais copulando seria uma forma de projeção do subconsciente na matéria. Note-se
que embora essas diferentes categorias simbólicas (astros e supostas projeções) sejam
4 PRINCIPE, Lawrence M.; NEWMAN, William R. Some problems with the historiography of alchemy. In: GRAFTON, Anthony; NEWMAN, William R. Secrets of nature. Cambridge, 2001, p. 386. 5 Op. cit., p. 388. 6 Op. cit., p. 401. 7 Op. cit., p. 402. “De acordo com Jung, os alquimistas estariam menos preocupados com reações químicas do que com estados psíquicos ocorrendo dentro do praticante. A prática de alquimia envolvia o uso de “imaginação ativa” da parte do aspirante a adepto, que levava a um estado alucinatório em que ele “projetava” os conteúdos de sua psique na matéria contida em seu alambique” (Nossa tradução).
161
privilegiadas por um e outro estudioso, não eram categorias simbólicas exclusivas.
Muito pelo contrário, eram utilizadas correntemente em um mesmo texto.
A interpretação pampsíquica, por sua vez, reúne elementos das duas
anteriores. Mircea Eliade, principal expoente, acreditava que a alquimia encerrava
uma relação entre os elementos do mundo – os astros teriam correspondentes
terrenos – e, assim como Jung, acreditava que os adeptos alcançavam certos
patamares da consciência inacessíveis àqueles não iniciados. Para Eliade, a alquimia
funcionava de acordo com uma lógica em que o mundo era orgânico. O advento do
mecanicismo da ciência moderna teria sido a morte não só da alquimia, mas da visão
cósmica de mundo.8
Eliade stressed that the chemical side of alchemy became pronounced only when the discipline “decayed” or “degenerated” from its primeval simplicity. As the “sacred” side of alchemy declined, the ecstatic experiences of the adept abated, making it possible for the newly “profane” science of chemistry to emerge and for precise laboratory observations to be made. This division of sacred alchemy from profane chemistry also recalls the spiritual interpretation of alchemy.9
Finalmente, a interpretação positivista ou presentista traduz-se numa visão
limitada da alquimia. Os autores entendem que os presentistas fazem parte de uma
tradição historiográfica que privilegia ideias históricas com base em um nível de
conexão ou similaridade com as atuais tendências científicas, desqualificando o
contexto histórico e cultural destas ideias. Essa tendência, doravante, levou a uma
marginalização dos estudos acadêmicos (e propriamente históricos) da alquimia.10
George-Florin Calian, em texto de 2010, reflete sobre as críticas de Principe e
Newman sobre as vertentes historiográficas. Para ele, a crítica dos autores
anteriormente estudados é uma rejeição comum vinda do campo da história da
ciência. Segundo Calian, a tese dos autores está bem difundida atualmente e pode ser
descrita como
8 Op. cit., p. 409. 9 Op. cit. “Eliade enfatizou que o lado químico da alquimia se tornou evidente apenas quando a disciplina “decaiu” ou “degenerou” de sua simplicidade inicial. Com o declínio do caráter “sagrado” da alquimia, as experiências extáticas do adepto diminuíram, tornando possível que a nova “profana” ciência da química emergisse e que observações de laboratório precisas fossem feitas” (Nossa tradução). 10 Op. cit., p. 415-16.
162
an attempt to introduce a kind of exclusivist position (it can be called eliminativism) into the field of scholarly research on alchemy, the assumption being that alchemy does not have strong enough spiritual component to it within the scope of the history of religion or similar fields of research.11
Para eles, a interpretação espiritual – incluindo C.G. Jung e Mircea Eliade –
emanaria de uma visão do “senso comum” sobre a alquimia, de tal maneira que lhe
restaria apenas a história da ciência como matriz acadêmica.12
Calian indica que, na realidade, o “senso comum” corresponde à própria
interpretação da dupla de autores: que o alquimista é um homem de laboratório.
Poucas pessoas estariam familiarizadas com as interpretações de Jung e Eliade; na
verdade, apenas pelo esoterismo ou pelo olhar de autores tradicionalistas como Titus
Burckhardt teria a interpretação espiritual sido difundida. E Principe e Newman
falham em apontar que autores como Burckhardt rejeitaram a interpretação
jungiana, por sua metodologia psicológica, que retirava da alquimia seus
componentes metafísicos e os transferiam à psique.13
The hypothesis of the psychologists evaporates as soon as one realizes that the true alchemists were never ensnared in any wish-fulfilling dream of making gold, and that they did not pursue their goal like sleepwalkers or by means of passive ‘projections’ of the unconscious contents of their souls! On the contrary, they followed a deliberate method, of which the metallurgical expression – the art of transmuting base metals in silver or gold – had admittedly misled many uninitiated enquirers, although in itself it is logical and, what is more, truly profound.14
Na esteira da análise de Calian, consideramos que seja da maior importância
evitar interpretações exclusivistas como as de Principe e Newman, que tentam
11 CALIAN, George-Florin. Alkimia operativa and alkimia speculativa. Some modern controversies on the historiography of alchemy. Annual of Medieval Studies. Budapeste, 2010, p. 170. “uma tentativa de introduzir um posicionamento exclusivista (pode ser chamado eliminativismo) no campo da pesquisa acadêmica sobre alquimia, tendo por pressuposto que a alquimia não possui um componente espiritual forte o suficiente que a coloque no escopo da história da religião ou campos de pesquisa similares” (Nossa tradução). 12 Op. cit., p. 175. 13 Op. cit. 14 BURCKHARDT, Titus. Alchemy. Shaftesbury, 1986, p. 9. “A hipótese dos psicólogos desaparece a partir do momento em que se percebe que os verdadeiros alquimistas nunca estiveram entrelaçados em nenhuma desilusão de produzir ouro, e que eles nunca perseguiram seu propósito como sonâmbulos ou por meio de projeções passivas dos desejos inconscientes de suas almas! Ao contrário, eles seguiam um método intencional, do qual a expressão metalúrgica – a arte de transmutar metais comuns em prata e ouro – reconhecidamente enganou muitos pesquisadores não-iniciados, embora em si mesmo seja lógico e, ademais, verdadeiramente profundo” (Nossa tradução).
163
atribuir à alquimia importância menor dentro de um espectro cultural tão diverso e
complexo. A alquimia, considerada pelos próprios adeptos como uma espécie de “arte
régia”15, deveria ter como sua matriz acadêmica não a história da ciência que a reduz
aos experimentos de laboratório, mas sim uma abordagem que possibilite uma
construção teórica e metodológica mais ampla.
Roger Chartier, ao pensar a história cultural, propõe que “aquilo que é real,
efectivamente, não é (ou não é apenas) a realidade visada pelo texto, mas a própria
maneira como ele a cria, na historicidade de sua produção e na intencionalidade da
sua escrita”16. Há de se levar em consideração que, apesar de possuir uma
transversalidade que abarca elementos da filosofia medieval, da iconografia cristã, da
cabala, do hermetismo e tantas outras manifestações culturais, os textos alquímicos
possuem uma forma própria de representar e conceber o mundo. Levando-se em
consideração as palavras de Chartier, podemos evocar a chamada “história do
imaginário”, nas palavras de Jacques Le Goff:
O imaginário pertence ao campo da representação mas ocupa nele a parte da tradução não reprodutora, não simplesmente transposta em imagem do espírito mas criadora, poética no sentido etimológico da palavra.17
Em ensaio publicado em obra coletiva, dirigida por Jacques Le Goff, a
historiadora Evelyne Patlagean dá uma definição ainda mais precisa e referida pelo
próprio Le Goff posteriormente no prefácio de seu O imaginário medieval:
O domínio do imaginário é aquele constituído pelo conjunto das representações que exorbitam do limite colocado pelas constatações da experiência e pelos encadeamentos dedutivos que estas autorizam. Isto é, cada cultura, portanto cada sociedade, e até mesmo cada nível de uma sociedade complexa, tem seu imaginário.18
15 Op. cit., p. 23. “Alchemy too was called an art – even the ‘royal art’ (ars regia) – by its masters, and, with its image of the transmutation of base metals into the noble metals gold and silver, serves as a highly evocative symbol of the inward process referred to”. “Alquimia também era chamada uma arte – mesmo uma ‘arte real’ (ars regia) – por seus mestres, e, com sua imagem da transmutação dos metais comuns nos metais nobres ouro e prata, serve como grande símbolo evocativo do processo interior a que nos referimos” (Nossa tradução). 16 CHARTIER, Roger. A história cultural. Entre práticas e representações. Lisboa, 2002, p. 63. 17 LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Lisboa, 1994, p. 12. 18 PATLAGEAN, Evelyne. A história do imaginário. In: LE GOFF, Jacques. A História Nova, São Paulo, 1990, p. 291.
164
A história do imaginário oferece uma área privilegiada para o estudo da
alquimia, pois devido a suas intensas trocas culturais – que podem ser traçadas aos
primeiros séculos do Islã medieval19 – podem ser formados não um, mas vários
imaginários alquímicos em função da diferenciada historicidade da alquimia.
Podemos citar por exemplo pensadores ocidentais da Idade Média reconhecidos como
alquimistas em pelos menos três séculos: Alberto Magno, no século XIII20; George
Ripley, no século XV21; e Paracelso, no século XVI.22
A alquimia é, por excelência, uma das mais fortes formas de representação que
a Idade Média teve, desde seus primórdios remotos. Em cada momento e em cada
sociedade que ela esteve presente, sua forma de compreensão e representação do
mundo foi muito própria e ligada a elementos diversos. A alquimia árabe, por
exemplo, ligava-se aos conceitos teológicos do islã:
A alquimia não constitui um simples saber acerca dos minerais, uma disciplina entre outras. Representa o saber dos saberes, a ciência que contém a chave de todas as compreensões possíveis nesse mundo; é a sabedoria por excelência. Sua origem não é humana; ela é parte, como já expusemos no início, de saberes esotéricos transmitidos por Deus aos profetas, aos Imãs e aos grandes santos. A alquimia revela o segredo íntimo do mundo que é a própria estrutura humana. Constitui, a exemplo do Corão e de outros livros sagrados, o saber último do Homem Perfeito, do próprio Imã. Nesse sentido, o conhecimento da Pedra Filosofal é comparável ao encontro com o Irã e opera a transmutação do próprio alquimista em gnóstico perfeito, em “órfão” adotado: isso em razão de uma doutrina jābiriana que aqui não poderá ser abordada, ou seja, a da transformação por intermédio do conhecimento, o conhecedor se adequando interiormente ao que ele compreende.23
Principe e Newman afirmam em seu texto que o interesse pela alquimia esteja
retornando; todavia, não se pode deixar que seja retomado sob a batuta doutrinadora
e centralizadora de uma história da ciência que limite esse tema a uma espécie de
19 Cf., por exemplo: LORY, Pierre. A alquimia islâmica: uma ciência do devir humano. In: PEREIRA, R.H. de S. Busca do conhecimento. Ensaios de filosofia medieval do Islã. São Paulo, 2007. 20 Cf. verbete “Albertus Magnus, St. (c. 1206-1280)”. In: GUILEY, Rosemary Ellen. The encyclopedia of magic and alchemy. Nova Iorque, 2006. 21 Cf. verbete “Ripley, George (c. 1415-1490)”. In: GUILEY, Rosemary Ellen. The encyclopedia of magic and alchemy. Nova Iorque, 2006. 22 Cf. verbete “Paracelsus (1493-1541)”. In: GUILEY, Rosemary Ellen. The encyclopedia of magic and alchemy. Nova Iorque, 2006. 23 LORY, Pierre. A alquimia islâmica: uma ciência do devir humano. In: PEREIRA, R. H. de S. Busca do conhecimento. Ensaios de filosofia medieval do Islã, São Paulo, 2007, p. 99.
165
“proto-ciência”, subsumido à química moderna.24 É necessário compreender que as
diferentes historicidades da alquimia geram diferentes formas de representação,
portanto, diferenciados imaginários. Essa história da ciência privilegiada pelos
autores vai na contramão dos estudos que ficaram relegados à margem, como
explicado a seguir por Claude-Gilbert Dubois:
Devido ao imperialismo exercido pelos modos de raciocínio predominantes que exaltaram as virtudes da “razão” e do “realismo”, negligenciou-se a produção cultivada nos ambientes populares, ou por hereges e marginais, que não se integrava no quadro estrito do raciocínio codificado segundo normas reconhecidas, ou que perdia o contato com o real para propor utopias inviáveis.25
Mais uma forma de comprovar a validade da história do imaginário para o
estudo da alquimia, é evocar a interpretação jungiana do tema. Como colocado por
Calian,
From a historiographical point of view and from a scholarly perspective, the most problematic issue in the Jungian approach is that he does not have a clearly defined historical approach. He puts together medieval and Renaissance alchemical ideas in an almost infra-historical understanding. His differentiation between medieval and Renaissance alchemy is seen as pointing to the difference between unconscious and conscious mystical implications of processes for an alchemist. He is not interested in the “history of alchemy” as part of historiography; for Jung, alchemy is a science that can stand in a way beyond its historical manifestation and its contextualization does not clarify too much concerning aspects of the cryptic symbols as androgyny or the animus-anima relation.26
Deve-se respeitar que a alquimia possui formas de representação de mundo
próprias, diferente do que pensava Jung. Podemos tomar como exemplo Nicolau
24 CALIAN, George-Florin. Alkimia operativa and alkimia speculativa. Some modern controversies on the historiography of alchemy. Annual of Medieval Studies. Budapeste, 2010, p. 177. 25 DUBOIS, Claude-Gilbert. O imaginário da Renascença. Brasília, 1994, p. 12. 26 CALIAN, George-Florin. Alkimia operativa and alkimia speculativa. Some modern controversies on the historiography of alchemy. Annual of Medieval Studies. Budapeste, 2010, p. 172. “De um ponto de vista historiográfico e de uma perspectiva acadêmica, a questão mais problemática na interpretação jungiana é que ele não possui uma abordagem histórica propriamente definida. Ele junta as alquimias medieval e renascentista em uma compreensão quase supra-histórica. Sua diferenciação entre a alquimia medieval e a renascentista é vista como um apontamento da diferença entre implicações místicas inconscientes e conscientes para um alquimista. Ele não está interesse na “história da alquimia” como parte da historiografia; para Jung, alquimia é uma ciência que consegue se manter para além de sua manifestação histórica e sua contextualização não esclarece muito no que se refere a aspectos dos símbolos crípticos como androginia ou a relação animus-anima” (Nossa tradução).
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Flamel, mítico alquimista, que era cristão e utilizava-se da linguagem de sua religião
para expressar seus trabalhos alquímicos. Para ele, a prática da alquimia afasta os
males do homem, e transforma-o em generoso, piedoso, crente e temente a Deus.
Desse momento em diante, ele será preenchido com a graça e piedade que recebeu de
Deus.27 É necessário, portanto, que não se faça apenas um histórico da alquimia, mas
sim o que se chama de uma “história-problema”, relacionando as práticas alquímicas
a seu determinado contexto de produção. Como colocado por José D’Assunção Barros,
O historiador do Imaginário começa a fazer uma história problematizada quando relaciona as imagens, os símbolos, os mitos, as visões de mundo a questões sociais e políticas de maior interesse – quando trabalha os elementos do Imaginário não como um fim em si mesmos, mas como elementos para a compreensão da vida social, econômica, política, cultural e religiosa. O imaginário deve fornecer materiais para o estabelecimento de inter-conexões diversas.28
À guisa de conclusão, lembramos que há muitas décadas já foi abandonada a
alcunha de Idade das Trevas para a Idade Média. Na maior parte de sua historicidade,
a alquimia está ligada a essa periodização da história. Todavia, é possível identificar
sua sobrevivência nas épocas moderna e contemporânea. Autores como Goethe e
James Joyce interessavam-se pelo tema. E, curiosamente, um dos grandes
admiradores dessa ars regia era Isaac Newton. Depois de René Descartes, Newton foi
talvez o maior revolucionário da física e ciência modernas com suas descobertas. Se
Mircea Eliade considerava o universo cartesiano como a morte da alquimia, que diria
ele do universo newtoniano?
Se mesmo um dos pilares da física moderna se interessava pela alquimia, como
poderíamos ignorá-la? Compete-nos, portanto, como muitos outros historiadores já
fizeram e continuam fazendo, fazer o esforço teórico e metodológico de retirar da
margem da história uma das suas mais preciosas formas de representação de mundo
e trazê-la à luz, encontrando para ela um espaço no palco do imaginário.
27 BURCKHARDT, Titus. Alchemy. Shaftesbury, 1986, p. 25. 28 BARROS, José d’Assunção. Imaginário, mentalidades, psico-história – uma discussão historiográfica. Labirinto, online, 2005.