modelo de adopção de e-participação para moçambique
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Modelo de aceitação e uso da e-Participação para Moçambique.
Joseph Katame 0
Modelo de Adopção de e-Participação em
Moçambique Joseph Katame
#1
#UEM, Praça 25 de Junho, Maputo, 257, Moçambique
Resumo—O presente artigo propõe um modelo de aceitação e uso da e-Participação para ser
usado em Moçambique. A motivação para o desenvolvimento do modelo teve como origem a
observação das manifestações dos munícipes em repudio de algumas decisões tomadas pelo
governo, e da necessidade de avaliar a aceitação e uso da e-Participação pelos cidadãos
através de um modelo mais adequado para a realidade Moçambicana. A construção do
modelo foi baseada no modelo UTAUT e por outros modelos de avaliação de e-Participação.
A metodologia usada basea-se na revisão bibliográfica e interpretismo. O artigo recomenda
que o modelo seja testado com dados reais.
Keywords— governo electrónico, democracia electrónica, e-Participação, adopção de TI,
aceitação e uso da e-Participação.
I. INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos, surgiram novos métodos de interacção entre os governos e os seus
povos (ou seja a participação do cidadão no processo de governação). Esses métodos têm
maior foco o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como ferramentas de
apoio à essa interacção (Kingston, 2007). Surgiu o conceito Governo Electrónico (e-Gov)
como sendo o uso de TICs, para fornecer acesso e entrega rápida, barata, fácil e eficiente de
informações e serviços ao público, às empresas, outras agências (fins lucrativos) e/ou
entidades governamentais (Baqir e Lyer, 2010).
Existem muitos estudos, ao nível internacional, que abordam as TICs como ferramentas de
suporte da participação dos cidadãos na governação dos seus países, referida como
participação electrónica (e-Participação ou e-Part). Por exemplo Aichholzer (2011), aborda o
papel da participação electrónica em estratégias do governo local para melhorar o
desempenho da protecção do clima. Norris (2007), fez um estudo sobre E-Democracia e E-
participação dos governos locais nos Estados Unidos onde concluiu que a e-Part tem um
impacto favorável para a melhoria da governação, embora existam algumas barreiras para o
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seu sucesso tais como privacidade, segurança e dinheiro. Sabe-se também que os países
desenvolvidos têm infraestruturas de TICs avançadas, mas o nível de utilização dos serviços
de governo electrónico (e-Gov) pelos cidadãos é ainda limitado, enquanto que os países em
desenvolvimento ainda estão a lutar para desenvolver e implantar infraestruturas básicas de
TICs, o que limita as pessoas de usarem os serviços de e-Gov (Baqir e Lyer, 2010).
Para o caso de Moçambique, existem iniciativas governamentais que são a Estratégia de
Ciência, Tecnologia e Inovação de Moçambique (ECTIM) aprovada pelo conselho de
ministros em 2006 que tem por objectivo o estabelecimento de um quadro conducente à
realização dos objectivos estratégicos e programas que promovam o desenvolvimento e
melhoria de qualidade de vida, e a Estratégia de Governo Electrónico de Moçambique
igualmente aprovado em 2006.Algumas dissertações abordaram o governo electrónico. Por
exemplo Mutacate (2011), concluiu que existe uma discrepância entre os objectivos definidos
pelo governo em relação ao governo electrónico e o que acontece na prática. Ao nível de
mestrado não há evidências de existirem estudos na área de e-Part em Moçambique, e os
estudos realizados ao nível de licenciatura, embora tenham focado o governo electrónico em
geral, não mostraram evidências de terem sido envolvido o cidadão para se conhecer os
factores que influenciam a adopção da e-Part.
A motivação para o desenvolvimento do trabalho resultou da observação do autor sobre
várias situações de manifestação dos cidadãos, em protesto de várias decisões tomadas pelo
governo. O governo tem afirmado que antes de tomar qualquer decisão são auscultados e
sensibilizados os cidadãos, com a participação dos líderes comunitários. Mesmo assim, após
a implementação de algumas das decisões, os cidadãos revoltam-se de tal forma que colocam
em causa as afirmações do governo. Deste modo, há necessidade de primeiro produzir-se um
modelo e ser usado para avaliar os factores que influenciam a adopção da e-Part pelos
cidadãos. Assim, o presente artigo desenvolve um modelo para avaliação da adopção da e-
Participação em Moçambique. O artigo responde a seguinte questão: que modelo de adopção
deve ser usado para avaliar a adopção da e-Part pelos cidadãos em Moçambique?
II. METODOLOGIA
O objectivo do artigo é desenvolver um modelo de adopção de e-Participação para ser
usado em Moçambique. Como não há preocupação em relação a representatividade numérica
e generalizações estatísticas (Avdic e Eklund, 2010), o presente estudo é de natureza
qualitativa. A pesquisa é de tipo interpretativo (Walsham, 2006), no qual se propõe um
modelo de aceitação e uso de e-Participação tendo como base a construção do autor sobre a
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sua percepção da realidade Moçambicana. Foram realizados trabalhos de campo para a
recolha de dados e informações. No processo de recolha de dados e informações o autor foi o
principal protagonista, isto é, esteve directamente envolvido na recolha de dados (Islam e
Avdic, 2011); interagiu com o governo central e o governo da cidade de Maputo com recurso
às TICs. A interacção com o governo permitiu o autor construir percepções sobre a
maturidade da e-Participação e serviu para confrontar a literatura e o que acontece na
realidade. Foi feita a revisão de literatura de modo a revisitar os modelos anteriores e torna-
los como um ponto de partida.
A interacção com o governo municipal poderia ter sido conduzida em outros municípios,
no entanto a escolha da cidade de Maputo deve-se ao facto de ser a maior cidade do país, e o
autor ser residente da mesma, minimizando-se deste modo os custos da pesquisa.
Foram combinadas as seguintes técnicas e métodos de recolha de dados: (i) Consulta de
documentação disponível; (ii) interacção com o governo local com recurso as TICs e
observação dos resultados desta interacção.
A metodologia usada pode ser representada de acordo com o anexo 1, que possui as
seguintes etapas:
1. Na primeira etapa faz-se uma revisão de literatura com vista a aprofundar e ampliar os
conhecimentos sobre o tema, definir os principais conceitos, identificar as abordagens
utilizadas e algumas conclusões de estudos relacionados. De acordo com Holtom e
Fisher (1999), a revisão de literatura é o primeiro lugar num estudo e serve de base
para a realização do mesmo.
2. Na segunda etapa faz-se a identificação dos meios de e-Participação usados pelo
governo na interacção com os munícipes. A análise dos meios de e-Part usados pelo
governo na interacção com os munícipes, consistiu na aplicação das técnicas de
observação sistemática e participativa.
3. Na terceira etapa faz-se uma análise das respostas recebidas, tendo em conta o número
de respostas recebidas em comparação ao número de contactos realizados, o tempo
que o governo levou a responder e o grau de satisfação do autor em relação às
respostas (anexo 4).
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4. A quarta etapa tem como objectivo desenhar um modelo de aceitação e uso da e-
Participação para ser usado em Moçambique para avaliar os factores que influenciam
a aceitação e uso da e-Participação pelos cidadãos na tomada de decisão do governo.
5. Na quinta e última etapa descute-se o modelo apresentado, tomam-se as conclusões e
as recomendações.
III. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Conceitos findamentais: e-Gov, e-Part, e-Democracia
O e-Gov, também conhecido como governo electrónico, governo digital, governação
electrónica, governo online, e outros nomes similares (Grönlund e Horan, 2004), é um campo
que surgiu no final da década de 1990, num contexto de partilha de experiências entre os
profissionais, mais tarde alargou-se para contextos científicos. O e-Gov é um dos mais
importantes elementos considerados na agenda do sector público na actualidade (Annttiroiko,
2008); garante que os recursos de informação sejam colocados a disposição e domínio
público e age como um catalisador para as actividades sócio-económicas robustas e
comunicadas aos cidadãos (Bwalya, 2011).
Algumas definições de e-Gov são a seguir apresentadas:
• "Uso de TICs, para fornecer rápido, barato, fácil e eficiente acesso e entrega de
informações / serviços ao público, às empresas, outras agências (fins lucrativos) e/ou
entidades governamentais" (Baqir e Lyer, 2010).
• "Abrange a capacidade e a vontade do sector público de implantar as TICs para
melhorar o conhecimento e a informação ao serviço do cidadão" (UNPAN, 2013).
• "... a transformação das relações internas e externas do sector público por meio de
operações em rede, TICs para optimizar a prestação de serviços do governo, a
participação eleitoral e a governação” (Maio, 2009:4).
O e-Gov pode ser classificado em quatro dimensões, tendo como base as funções do
governo (Annttiroiko, 2008):
e-Administração (ou e-Gestão): refere-se a todos os processos administrativos e
operacionais de governo em que as TICs são utilizadas, incluindo as tarefas de
escritório e funções de gestão básicas de organizações públicas, tais como planear,
organizar, dirigir e controlar.
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e-Serviço: refere-se à prestação de serviços públicos destinados a cidadãos e outros
grupos-alvo com base nas TICs.
e-Governação (e-Governação pública): é sobre a gestão e direcção de relações
multi-sectoriais de interessados em uma base não-hierárquica, com a ajuda das TICs
com a finalidade de cuidar da política, serviços e desenvolvimento de funções de
governo.
e-Democracia: é sobre as estruturas democráticas, processos e práticas em que as
TICs são utilizadas para melhorar a inclusividade, transparência, participação cidadã e
tomada de decisão democrática. É uma concepção genérica orientada a ferramenta da
democracia.
. A palavra Democracia pode ser definida como um regime de governo onde as decisões
políticas importantes de um país são directa ou indirectamente influenciadas pelos cidadãos
(Smutz, 2010). Isto é, a soberania é exercida pelo povo (Significados, 2014). Alguns
indicadores para uma democracia de qualidade são: a participação dos cidadãos no processo
político, a sua capacidade de influenciar a formulação das políticas públicas, a abertura do
governo às demandas da população e a transparência com que o governo trata dos assuntos
públicos (AfriMAP, 2009). Hoje em dia, as tecnologias de informação desempenham um
papel importante para a melhoria da qualidade da democracia.
e-Democracia é uma das dimensões do e-Gov. As características de e-Democracia
(Kersting e Baldersheim, 2004) são: informação (a possibilidade de os cidadãos consultarem
informação política, www, e-mail, etc.), comunicação (fóruns na web, páginas de bate-papo,
grupos de notícias; conferências na Internet) e transacção (prestação de serviços, a votação
via Internet). E-democracia é o uso de tecnologias de informação e comunicação nos
processos democráticos (Henderson, Hogarth e Jeans, 2008: 3423);
Um conceito ligado à e-Democracia é a e-Participação (e-Part). De acordo com
UNPAN (2013), e-Part permite melhorar o acesso do cidadão às informações e serviços
públicos, e promover a participação na tomada de decisão pública que afecta o bem-estar da
sociedade, em geral, e do indivíduo, em particular, por meio de:
Aumento de e-informação (informação electrónica) aos cidadãos para tomada
de decisão;
Melhoria de e-consulta (consulta electrónica) para processos deliberativos e
participativos;
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Apoio à e-decisão (decisão electrónica), aumentando a contribuição dos
cidadãos na tomada de decisões.
3.2. Estudos antecedentes (em Moçambique e no Estrangeiro)
Conforme o exposto no capítulo introdutório, existem estudos realizados em
Moçambique sobre o e-Gov em geral. Entretanto não há evidências de existirem estudos
específicos para e-Part. Mas no estrangeiro existem vários estudos realizados tanto para o e-
Gov em geral e para o e-Part em particular.
Estudos realizados constataram que os países em desenvolvimento incluíram nas suas
políticas os projectos de e-Gov como uma prioridade (Bhatnagar e Singh, 2010) e
implementam iniciativas de e-Gov com o objectivo de permitir maior e melhor acessibilidade
dos serviços governamentais e informação para os cidadãos (Mofleh e Wanous, 2008). De
acordo com Baqir e Lyer (2010), os países desenvolvidos possuem infraestruturas de TI
avançadas, mas o nível de utilização dos serviços de e-Gov pelos cidadãos é ainda limitado;
enquanto os países em desenvolvimento ainda estão a lutar para desenvolver e implantar
infraestruturas básicas de TI, o que limita a capacidade das pessoas usarem os serviços de
governo electrónico que já foram desenvolvidos.
Em relação à implementação do e-Gov, os países em desenvolvimento, em África, o
e-Gov é construído através de projectos importados (Baqir e Lyer, 2010). Ou seja, os países
em desenvolvimento, na maioria das vezes tentam replicar um sistema estabelecido em um
outro país ou tentam implementar por conta própria sem pesquisas suficientes ou ainda
tentam popularizar uma visão sem observar os seus valores intrínsicos (Rahman, 2010). Por
isso as iniciativas de e-Gov falham e uma das principais razões para essas falhas é o
descompasso entre a realidade actual e o projecto de sistemas de informação (Cvallo e
Ngoka, 2009).
No caso de Moçambique, os vários estudos concluíram que existem vários aspectos
que devem ser melhorados. Mutacate (2011), concluiu que existe uma discrepância entre os
objectivos definidos pelo governo em relação ao e-Gov e o que acontece na prática. Por outro
lado, não há explicitação da informação governamental que norteia os seus programas e
acções, particularmente o projecto de e-Gov, e existe certa fragilidade de recursos e estruturas
de informação, reiterada pela ausência da inclusão, nas políticas públicas de informação, dos
aspectos inerentes às realidades socioculturais de Moçambique (Dias e Pinheiro, 2012). Por
isso “muito precisa ser feito para alcançar ‘o desenvolvimento como liberdade’”(Macueve,
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2008). Em concordância com Mutacate (2011), Dias (2012) observou que em Moçambique a
implementação da política de e-Gov não teve em consideração todos os aspectos previstos na
fase da sua formulação, como por exemplo os aspectos relacionados com a cultura de
informação. Esta observação tem como consequência a discrepância ou inconsistências na
implementação do e-Gov, e como corolário a inclusão digital é posta em causa.
3.3. Avaliação dos projectos de e-Gov e e-Part
Tal como qualquer projecto, os projectos de e-Gov em geral e os de e-Part em
particular devem ser avaliados para (Aichholzer e Westholm, 2009):
1) conhecer com grande precisão e objectividade a efectividade, o valor e o sucesso de
um projecto, iniciativa ou programa de e-Part.
2) Saber se os objectivos estão a ser ou não alcançados.
3) identificar deficiências, oportunidades de melhoria, aprendizagem organizacional,
gestão optimizada e utilização deste conhecimento para futuros projectos de e-Part.
4) Auditoria e controlo de projectos.
5) Optimizar o desenho sócio-técnico e questões relacionadas com a visão do provedor e
do utilizador.
6) contribuir para o fortalecimento da democracia.
De acordo com Macintosh e Whyte (2008), embora a importância da avaliação de
projectos de e-Part seja reconhecido tanto pelos governos como pela academia, avaliações
rigorosas de e-Part são difíceis de encontrar. Tambouris, Liotas e Tarabanis (2007), sugerem
que a avaliação deve ser realizada por meio de modelos específicos que são desenvolvidos
para esta finalidade. A literatura sugere que a avaliação de projectos de e-Gov pode ser
categorizada em dois aspectos (Bhatnagar e Singh, 2010):
1) avaliação de um conjunto de projectos após a implementação com uma grande
variação em termos de o que é medido e as metodologias usadas ou como foram
conduzidas as medições;
2) O segundo grupo de estudos foca no desenvolvimento de um padrão para avaliação
dos projectos de e-Gov.
Mas que aspectos devem ser considerados durante a avaliação? Estudos identificam
algumas variáveis usadas para avaliar os projectos de e-Gov e e-Part. Por exemplo Azab,
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Kamel e Dafoulas (2009) identificam como variáveis importantes as pessoas, tecnologia,
processos e planeamento estratégico. Mofleh e Wanous (2008), identificam os seguintes
factores que contribuem para o aumento da utilização de serviços de e-Gov pelos cidadãos:
compatibilidade, consciência, experiências anteriores, confiança na Internet, confiança do
governo. Outras variáveis importantes são: custo para o cidadão acessar os serviços e
percepção do cidadão sobre a qualidade do serviço e governação (Bhatnagar e Singh, 2010).
A Organização das Nações Unidas avalia as características de e-Part agrupando as questões
em três categorias gerais (Curtin, 2006): e-informação (que fornecem recursos de informação
para os cidadãos); e-consulta (engajar-se em consulta com os cidadãos); e e-decisão
(consideração de participação dos cidadãos na tomada de decisão).
Os governos locais normalmente usam diferentes tipos de canais na interacção com os
seus munícipes, que incluem canais offline e online. Um estudo realizado por Aichholzer e
Westholm (2009) concluiu que as reuniões físicas permanecem um importante canal de
contacto dos políticos aos cidadãos, seguidas por telefone e email. Tambouris, Liotas e
Tarabanis (2007), concluiram que a maior parte dos projectos se concentraram nas áreas de e-
Part mais elementares, como o fornecimento de informações e sondagens de opinião,
enquanto há uma tendência generalizada para a utilização de acesso usando múltiplos canais,
como por exemplo as tecnologias móveis.
3.4. Identificação dos meios de e-Participação
A identificação dos meios de e-Participação usados pelo governo de Moçambique na
interacção com os cidadãos foi possível através de consulta de documentação, que inclui:
Visita do sítio web do governo de modo a identificar os vários canais existentes para
e-Participação;
Consulta da Estratégia de Governo Electrónico e do Quadro de Interoperabilidade do
Governo Electrónico de Moçambique;
Revisão de literatura, seguindo a abordagem de Tambouris, Liotas e Tarabanis (2007)
que serviu de suporte para a identificação dos meios de e-Participação em utilização.
Assim, foram identificados os seguintes meios ou canais de e-Participação:
Contacto directo - reuniões dos bairros e comícios, balcões de atendimento.
Telefone
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Televisão e Rádio
Portal web do governo.
3.5. Modelos de Avaliação de Projectos de e-Participação
Existem vários modelos e abordagens para descrever a evolução e avaliação da e-Part
(Grönlund, 2009). Muitas abordagens de avaliação baseam-se nos sites web das instituições
governamentais (Panopoulou, Tambouris e Tarabanis, 2009) mas sabe-se que hoje em dia há
uma tendência para a utilização de múltiplos canais (Tambouris e Tarabanis, 2007), como por
exemplo as comunicações móveis, correio electrónico e redes sociais. De acordo com Islam
(2008), a maioria dos padrões não são claros e completos para serem usados pelas instituições
governamentais e privadas para prosseguir com a adopção de participação baseada nas TIC
nos programas de e-Gov e e-Democracia.
Grönlund (2009) revisita alguns modelos de e-Part muito conhecidos, e resume as
suas características, os pontos fortes e fracos da sua aplicabilidade. São modelos de
desenvolvimento e avaliação de projectos de e-Part. Alguns outros modelos mais focados
para a avaliação e medição de e-Part são: METEP (Misnikov, 2013) e Modelo de e-Part
Win-Win (Cvallo, 2009).
3.6. Adopção ou Aceitação e Uso de Tecnologia: o modelo UTAUT
Os modelos referenciados na secção 3.6 são focados para descrever e avaliar os
projectos de e-Participação (Grönlund, 2009), e além disso a maior parte desses modelos
centram-se nos sítios web e projectos governamentais. Conforme o exposto anteriormente, os
modelos existentes são incompletos no sentido de que não podem ser generalizados para
serem utilizados para qualquer país. Por isso há necessidade de testá-los ou adequa-los à
novas situações.
Os modelos apresentados na secção 3.6 por si só não podem ser considerados
convenientes para avaliar a intenção ou aceitação e uso das TICs em geral e da e-Participação
em particular, porque não incorporam os factores que afectam a intenção comportamental. De
acordo com Qingfei, Shaobo e Gang (2008:258), a "intenção comportamental é determinada
pela atitude de um indivíduo e norma subjectiva sobre o comportamento em questão. Atitude,
por sua vez, é determinada pelas crenças de um indivíduo. Crenças são definidas como
probabilidade subjectiva de que o comportamento de um indivíduo resulte em uma
determinada consequência. Norma subjectiva é definida como a percepção do indivíduo sobre
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se outras pessoas que são importantes para ele acham que deve ou não realizar o
comportamento em questão".
A adopção ou aceitação e uso de tecnologia é importante, porque é o veículo que
permite que as pessoas possam participar de um mundo em rápida mudança, onde a
tecnologia tornou-se fundamental para as nossas vidas (Bridges-to-technology, 2005).
Existem várias teorias e modelos de aceitação e uso de TI. As teorias e modelos mais
utilizados podem ser agrupadas em dois níveis (Oliveira e Martins, 2011).): nível individual
(avaliam a aceitação de tecnologia na perspectiva individual) e empresarial (avaliam a
aceitação de tecnologia na perspectiva empresarial). Os modelos ao nível individual são: o
modelo de aceitação de tecnologia (TAM - Technology Acceptance Model), a teoria do
comportamento planeado (TPB - Theory of Planned Behaviour) e a teoria unificada de
aceitação e uso da tecnologia (UTAUT - Unified Theory of Acceptance and Use of
Technology). Os modelos ao nível empresarial são: Difusão da Inovação (DOI - Diffusion of
Innovations) e o modelo de Tecnologia, Organização e Meio ambiente (TOE - Technology,
Organization, and Environment). Entre esses modelos o UTAUT é considerado o mais
abrangente e poderoso com ampla inclusão de factores que influenciam a aceitação e uso de
TI (Qingfei, Shaobo e Gang, 2008). Para além disso o UTAUT sintetiza os elementos dos
vários modelos de aceitação antecessores incluíndo o TAM e TPB (Al-Gahtani, Hubona e
Wang, 2007).
Em UTAUT (figura anexo2), os factores que afectam a intenção comportamental
incluem a expectativa de performance, expectativa de esforço, influência social e condições
facilitadoras. Expectativa de performance refere-se ao grau em que um indivíduo acredita que
a utilização do sistema irá ajudá-lo a alcançar ganhos de desempenho no trabalho.
Expectativa de esforço refere-se ao grau de facilidade associada com a utilização do sistema.
A influência social refere-se ao grau em que um indivíduo percebe quão importante os outros
acreditam que ele deve usar o sistema. Condições facilitadoras refere-se ao grau em que um
indivíduo acredita que uma infra-estrutura organizacional e técnica existe para apoiar o uso
do sistema. Além disso, o modelo UTAUT introduziu factores moderadores como sexo,
idade, experiência e voluntariedade de uso a partir da perspectiva da psicologia social. Esses
factores moderadores ajudam a resolver os problemas de inconsistência e o fraco poder de
explicação dos modelos anteriores e explicar as diferenças de comportamento de diferentes
grupos de pessoas.
O modelo UTAUT foi adaptado ou extendido em vários estudos para ser usado na
avaliação de várias áreas de TI (vide Qingfei, Shaobo e Gang, 2008; Bwalya, 2009; Ogao,
Modelo de aceitação e uso da e-Participação para Moçambique.
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Ikoja-Odongo e Wokadala, 2010; Venkatesh,Thong e Xu, 2012; AlAwadhi e Morris, 2009).
No capítulo asseguir desenvolve-se um modelo para avaliação da adopção da e-Participação
no contexto moçambicano.
IV. MODELO DE ACEITAÇÃO E USO DA E-PARTICIPAÇÃO
O modelo UTAUT foi extendido ou adaptado em vários estudos, no mundo em geral e
em África em particular. Por exemplo, foi adaptado para avaliar a adopção de TICs em países
em desenvolvimento (Aleke, Ojiako e Wainwright, 2011); para identificar e avaliar os
factores que afectam a adopção do e-Gov (AlAwadhi e Morris, 2009; Bwalya, 2009); para ser
usado na avaliação da adopção do comércio electrónico (Qingfei, Shaobo e Gang, 2008). O
UTAUT não é genérico, pois não considera os aspectos específicos de cada país, razão pela
qual é adaptado ou extendido antes de ser usado para situações específicas. Por exemplo, o
modelo UTAUT não aborda aspectos, considerados em alguns estudos, tais como a cultura do
país (Erumban e Jong, 2006; Bwalya, 2009), Infra-estrutura de TI e compromisso do governo
(Bwalya, 2009)
Em Moçambique não há evidência de ter sido validado ou adaptado o modelo
UTAUT para avaliar a aceitação e uso da TI em geral e do e-Gov ou e-Participação em
particular. No presente trabalho o modelo é adaptado para ser aplicado no contexto
moçambicano tendo em conta o subsídio dos modelos apresentados nas secções 3.6 e 3.7.
Como forma de mostrar que esses modelos não podem servir isoladamente para
avaliar a intenção de uso e inspirando-se ao Grönlund (2009), pode-se sintentizar os vários
modelos na tabela 1, tendo em conta o foco do modelo (o que o modelo avalia), a perspectiva
(a avaliação é feita na perspectiva de projecto ou de utilizador?), tipo de democracia aplicável
(directa ou representativa), as variáveis de avaliação (que variáveis principais são usadas na
avaliação?), pontos fortes e fracos (que factores tornam o modelo relevante ou não para o
presente estudo?).
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
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Os modelos Arnstein, IAP2 e Tambouris são mais apropriados à democracia directa, e
portanto não são elegíveis para Moçambique, uma vez que neste caso o tipo de democracia é
representativo. Pela análise dos modelos Arnstein, IAP2, Tambouris, OECD, Lukensmeyer &
Torres e Macintosh pode-se categorizar a e-Participação essencialmente em três níveis: e-
Informação, e-Consulta e e-Decisão. Conforme dito anteriormente, o modelo proposto de
adopção de e-Participação foi construido tomando como base principal o modelo UTAUT. Os
outros modelos foram usados para complementar os aspectos não considerados neste modelo.
O modelo de adopção ou aceitação de e-Participação proposto foi adaptado tendo em
conta a revisão de literatura, da observação participativa do autor e das características dos
modelos apresentados na tabela 1 (anexo 3), e tem em consideração as seguintes dimensões:
Dimensão tecnológica - esta dimensão agrega os factores de natureza tecnológica, tais
como infraestrutura tecnológica, a facilidade de uso de TI, meios de e-Participação e
performance.
Dimensão sócio-económica - esta dimensão agrega as questões sócio-culturais e
económicas, tais como influência social, experiência de uso, condições económicas, a
cultura.
Confiança e Privacidade em
e-Part
Facilidade de Uso
Expectativa de performance
Condições facilitadoras
Questões culturais e
tradicionais
sexo IdadeExperiência em
TI
Aceitação e uso de e-Participação
Confiança no governo
e-Decisão
e-Consulta
e-Informação
e-Mais
Engajamento do governo
Impacto no desenvolviment
o
Dimensão tecnológi
ca
Dimensão sócio
económica
Condições económicas
Moderadores
Figura 2. Modelo proposto de aceitação e uso
IV. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO
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O objectivo do artigo era desenvolver um modelo de aceitação e uso da e-Participação para
ser usado em Moçambique. Servirá de base para avaliar a adopção ou aceitação e uso da e-
Participação. O modelo foi proposto com base na revisão de literatura, interacção do autor
com o governo que permitiu ao autor interpretar as observações. Este modelo leva em
consideração duas dimensões: a dimensão tecnológica e a dimensão sócio-económica. O
modelo é adequado para Moçambique, pois considera os factores críticos tais como a pobleza
(condições económicas) e a cultura e/ou tradição moçambicanas. Considera igualmente o grau
de engajamento do governo, pois é sabido que há um desalinhamento entre o que o governo
planifica e o que acontece na prática na perspectiva de governo electrónico (Mutacate, 2011;
Dias, 2012; Gaster et al., 2009).
Outra particularidade do modelo, é que categoriza a intenção de uso da e-Participação em
quatro níveis, designadamente e-Informar, e-Consultar, e-Decidir e e-Mais. Este útlimo nível
alberga todas as categorias não consideradas nesta categorização, que podem ser encontradas
em outros modelos de avaliação de e-Participação.
Torna-se necessário testar o modelo. Assim, para trabalhos futuros recomenda-se a
aplicação do modelo para avaliar a aceitação e uso da e-Participação como forma de testa-lo.
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Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 19
ANEXO 1. Etapas da pesquisa
Revisão de Literatura
Identificação dos meios de e-Part.
Análise da interacção com o governo
Desenho do modelo de adopção de e-Part
Discussão, conclusões e recomendações
Início
Fim
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 20
ANEXO 2. Modelo UTAUT. Fonte: Venkatesh et. al. (2003:447)
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 0
ANEXO 3. Comparação dos modelos de avaliação de e-Participação. Adaptado de Grolund (2009)
Modelo Foco Perspectiva Tipo de
democracia
Variáveis de
avaliação
Pontos fracos Pontos fortes
Arnstein
Participação
projectos de
Participação
Directa
Não está claro que
variáveis aplicar
Não tem relação com as TICs. Não está
explícito como aplicar.
Classifica a
participação em
forma de nível
de envolvimento
IAP2 Participação projectos de e-
Participação
Directa Não está claro que
variáveis aplicar
Não tem relação com as TICs Formula
suposições sobre
condições sócio-
económicas e
políticas de uma
sociedade
Tambouris
e-Participação projectos de e-
Participação.
Directa Não está claro que
variáveis aplicar
Usa apenas o Nível de envolvimento Avalia projectos
e ferramentas de
e-Part, e o seu
uso foi estendido
para avaliar a
partipação em
geral
OECD
Melhoria de
tomada de
decisão
democrática
projectos de e-
Participação.
Representativa Não está claro que
variáveis aplicar
Usa apenas o Nível de envolvimento. Enfatiza o
compromisso do
governo com o
cidadão.
Lukensmeyer
& Torres
Melhoria de
tomada de
decisão
democrática
projectos de e-
Participação
Representativa Não está claro que
variáveis aplicar
Não está claro que atributos usar. Usa
apenas o Nível de envolvimento.
Classifica a
participação em
forma de nível
de envolvimento
Macintosh
Melhoria do
engajamento dos
cidadãos
projectos de e-
Participação
Não definido
Não está claro que
variáveis aplicar
Não está claro que atributos usar. Usa
apenas o Nível de envolvimento.
Enfatiza o
engajamento do
cidadão na
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 1
participação
METEP e-Participação projectos de e-
Participação
Não definido categorização das
variáveis de avaliação.
Usado para avaliar a e-Participação na
perspectiva de projecto ou
governamental.
Promove as boas
práticas de e-
Participação.
Win-Win e-Participação projectos de e-
Participação
Não definido Não claro. Há apenas
directrizes.
Não está claro que atributos usar.
Avaliação na perspectiva de projecto.
Roteiro claro de
avaliação
UTAUT
Uso de TIC aceitação e uso das
TICs
Não definido Há definição de
variáveis que devem
ser extendidas ou
adaptadas.
Não pode ser usado para todos contextos,
havendo necessidade de adequa-lo para
situações específicas de cada país.
Roteiro claro de
avaliação. Pode
ser adaptado para
vários contextos.
É focado para
avaliação na
pesrpestiva do
cidadão.
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 2
ANEXO 4. Análise das respostas do governo
No presente capítulo faz-se uma análise das respostas recebidas do governo durante a
interacção que o autor teve usando diversos canais. Os canais usados na interacção com o
gorveno são os listados na secção 3.4.2.
O objectivo da interacção com o governo era o de recolher uma experiência preliminar
sobre a forma como o governo implementa na prática os objectivos definidos para o e-Gov.
Os resultados desta interacção servirá igualmente para confrontar com os resultados das
entrevistas realizadas com os munícipes da cidade de Maputo.
A análise das respostas do governo tem em conta a qualidade de respostas recebidas
em comparação ao número de contactos realizados, o tempo que o governo levou a responder
e o grau de satisfação do autor em relação às respostas. Nesta fase não era necessário o
conhecimento profundo sobre o campo de e-Participação por parte do autor. O autor devia
agir como um qualquer munícipe nos contactos que mantinha com os governos.
Os primeiros contactos foram realizadas através do contacto directo na secretaria do
conselho municipal da cidade de Maputo. O primeiro contacto foi a 21 de Março de 2013 e
serviu para submeter uma carta de pedido (anexo I) de autorização para a realização do estudo
da presente dissertação. Passados 45 dias sem resposta, o autor dirigiu-se novamente à
secretaria do Conselho Municipal procurar saber da resposta, mas a secretaria levou cerca de
uma hora a procura de localizar o expediente, para depois afirmarem que ainda não havia
resposta. Seguiram mais dois contactos directos com a secretaria em dias diferentes, mas sem
resposta do pedido. Seguiram-se mais dois contactos directos, desta vez o autor exigia uma
audiência com o Presidente do Conselho Municipal, mas não foi possível porque diziam que o
autor terá resposta e não havia necessidade de marcar audiência.
Tendo fracassado o contacto directo com o município, o autor optou por contacto
telefónico. Foram realizadas quatro chamadas em quatro dias diferentes. A resposta sempre
foi a mesma: a carta ainda não tem resposta.
Outros contactos realizados incluem visitas ao portal do governo de modo a utilizar os
recursos de participação disponíveis, acesso ao portal do município, acesso à página facebook
do município, o e-mail, Rádio e Televisão. Os contactos com os governos central e provinvial
foram realizadas com recurso a um formulário disponível no portal do governo e envio dois e-
mails, um dirigido ao governo central e o outro dirigido aos governadores provinciais. Estes
dois contactos foram sem sucesso, pois o portal mostrou um erro de sistema e os e-mails
nunca foram respondidos (anexo II).
Modelo de aceitação e uso da e-participação para Moçambique.
Joseph Katame 3
O município da cidade de Maputo possui um portal web, uma página no facebook e
endereço de e-mail. O portal (http://www.cmmaputo.gov.mz/) não é regularmente
actualizado, enquanto que a página de facebook não é actualizado desde 13 de Setembro de
2012. Os contactos realizados via portal, e-mail e facebook não deram resultados desejados,
pois o formulário do portal emitiu um erro, o endereço de e-mail disponível no portal retornou
um erro e o comentário na página do facebook não teve resposta (anexo III).
Uma análise preliminar das tentativas de contacto com o governo levanta algumas
possibilidades:
o governo tem os vários canais disponíveis para interagir com os cidadãos, mas não os
usa;
O governo ignora as tentativas de contacto que o munícipe mantém com ele;
Deficiência de alguns canais que apresentam erros.
Estas possibilidades não podem ainda serem consideradas conclusivas uma vez que os
resultados referem-se apenas aos contactos mantidos por um único munícipe (o autor). Haverá
necessidade de entrevistar mais munícipes para perceber a sua percepção. Entretanto estudos
anteriores já levantaram os problemas do desfasamento entre o que é planeado pelos governos
e o que é implementado na prática (Mutacate, 2011; Dias, 2012; Gaster et al., 2009 e
Macueve, 2008).