modelagem hidrolÓgica em um telhado verde experimental
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MODELAGEM HIDROLÓGICA EM UM TELHADO VERDE EXPERIMENTAL
AAAAlan Lamberti Jobimlan Lamberti Jobimlan Lamberti Jobimlan Lamberti Jobim Universidade Federal de Santa Maria — UFSM
[email protected] Dezembro/2011
_______________________________________________________________________________________
RESUMO:RESUMO:RESUMO:RESUMO: O presente trabalho consistiu na modelagem hidrológica de um telhado verde utilizando o modelo de reservatório linear simples. A aplicação do modelo foi viabilizada pela utilização de uma estrutura e coleta de dados experimental, localizado no campus da UFSM, anexo ao prédio do Centro de Tecnologias, na cidade de Santa Maria, RS. Os dados do telhado verde foram obtidos a partir da estação do INMET em Camobi e dos dados da precipitação registradas no telhado verde. Foram calculados os valores da evapotranspiração, do escoamento superficial e da precipitação, para a determinação do volume de água armazenado no solo. Os resultados encontrados são de grande potencial, pois para a taxa de armazenamento de água no solo média foi de aproximadamente 51% e evapotranspiração 9 %, logo, totaliza os 60 % determinados pelo método de reservatório linear simples na redução do escoamento superficial com a utilização de coberturas verde em residências. Palavras Chave: Palavras Chave: Palavras Chave: Palavras Chave: Modelagem hidrológica; ; ; ; Telhado verde; Escoamento superficial.
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
A compreensão dos processos hidrológicos
é fundamental em estudos ambientais, na gestão
dos recursos hídricos e em projetos de obras
hidráulicas. O tempo em que a água permanece nas
diversas partes da hidrosfera influencia, entre
outros, a disponibilidade hídrica, a ocorrência de
inundações e a dinâmica de elementos, nutrientes e
poluentes. A importância dessas inter-relações é
responsável pelo crescente interesse em estudos
hidrológicos. Neste contexto, a modelagem
hidrológica é utilizada como ferramenta para obter
conhecimento mais aprofundado a respeito dos
fenômenos físicos envolvidos e na previsão de
cenários (Moraes, 2003).
Uma das grandes dificuldades para o
adequado planejamento e manejo integrado dos
recursos hídricos diz respeito à falta de métodos
que permitam estimar o efeito dos diversos fatores
que interferem no processo de produção de
escoamento superficial, tendo em vista o fato de
que os métodos desenvolvidos no exterior
apresentam limitações quanto ao seu uso para as
condições edafoclimáticas, pois existem grandes
diferenças nas características do solo, nas plantas e
no clima brasileiro.
De acordo com Goldenfum e Tucci (1996),
o ciclo hidrológico (Figura 1) é o fenômeno global
de circulação fechada da água entre a superfície
terrestre e a atmosfera, impulsionado
principalmente pela energia solar, associada à
gravidade e à rotação terrestre. É o elemento
fundamental da hidrologia, representando a água
em fases distintas e independentes, desde a
ocorrência de precipitações até seu retorno à
atmosfera sob a forma de vapor.
O escoamento superficial é o processo que
corresponde ao componente do ciclo hidrológico
referente ao deslocamento da água sobre a
superfície do solo.
Quando ocorre precipitação numa área
com cobertura vegetal, uma parte do volume total
precipitado é interceptada pela vegetação e o
restante atinge a superfície do solo. No momento
em que a intensidade de precipitação supera a taxa
de infiltração da água no solo, a água começa a
preencher as depressões existentes em sua
superfície e, na seqüência, ocorre o escoamento
superficial (Linsley et al., 1975; Mohamoud et al.,
1990).
Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1 — Esquema representativo do ciclo hidrológico. Fonte: Adaptado de AHRENS, C.D.: Meteorology Today 9th Edition
De acordo com Pruski et al. (2003), todos
os fatores que influenciam a taxa de infiltração da
água no solo interferem, também, no escoamento
superficial resultante. O escoamento superficial
varia em função de uma série de fatores, podendo
ser classificados em agroclimáticos e fisiográficos.
Dentre os fatores agroclimáticos, destacam-se a
intensidade e duração da precipitação, a cobertura
e os tipos de uso do solo, e a evapotranspiração. Os
fatores fisiográficos englobam a área, declividade e
forma da bacia, tipo de solo, topografia, rede de
drenagem e obras hidráulicas presentes na bacia
hidrográfica.
Estimativas dos valores máximos de
escoamento superficial são necessárias não somente
para bacias hidrográficas quanto para bacias
urbanas (Bonta e Rao, 1992). Informações sobre o
volume máximo de escoamento superficial são
necessárias em estudos de manejo da água e solo
para determinar a eficiência dos métodos de
preparo e manejo do solo (Pathak et al., 1989). Eles
também são usados em projetos de obras
hidráulicas como barragens, canais e estruturas
destinadas ao controle da erosão. De acordo com
Schuwab et al. (1981), se o objetivo for armazenar o
escoamento superficial, o conhecimento do volume
total de escoamento é suficiente, mas, se o
problema for transportar o excesso de água de um
lugar para outro, é necessário informações sobre a
vazão de escoamento, especialmente a vazão
referente a um determinado período de retorno.
Dados de escoamento e perda de solo são
freqüentemente obtidos em parcelas experimentais,
as quais não consideram a influência topográfica e
de superfície na produção de escoamento e
sedimentos. Portanto, estes dados não podem ser
extrapolados para quantificar os diversos processos,
que são afetados expressivamente por variações
topográficas e hidrológicas (Huang et al.,2001).
O escoamento superficial pode ser
estimado por métodos empíricos, de uso
generalizado em estudos hidrológicos, e por meio
da modelagem hidrológica, realizada a partir de
fundamentos físicos.
Dentre alguns desses métodos, foram
criados os telhados verdes, que são estruturas que se
caracterizam pela aplicação de cobertura vegetal
em edificações, utilizando impermeabilização e
drenagem adequadas, no qual, surgem como uma
alternativa de cobertura capaz de proporcionar
vantagens na redução de escoamento superficial
gerando assim uma diminuição no pico do
hidrograma, sobre as coberturas convencionais
(CASTRO e GOLDENFUM, 2008).
ÁREA DE ESTUDOÁREA DE ESTUDOÁREA DE ESTUDOÁREA DE ESTUDO
A área de estudo e o período escolhido
para a aplicação da metodologia foi no campus da
Universidade Federal de Santa Maria — Camobi,
anexo ao prédio do Centro de Tecnologias (CT) na
cidade de Santa Maria — Rio Grande do Sul (Figura
2), no período entre 20 de Novembro de 2010 a 28
de Março de 2011. À área de trabalho tem as
coordenadas delimitadoras: 29° 42’46.39’’ S e 53°
43’ 04.36’’ O.
Figura 2 Figura 2 Figura 2 Figura 2 ---- Localização da área de estudo. Fonte: Google Earth.
ANÁLISE DAS VARIÁVEIS HIDROLÓGICASANÁLISE DAS VARIÁVEIS HIDROLÓGICASANÁLISE DAS VARIÁVEIS HIDROLÓGICASANÁLISE DAS VARIÁVEIS HIDROLÓGICAS
Infiltração de água no soloInfiltração de água no soloInfiltração de água no soloInfiltração de água no solo
Infiltração é a passagem da água da
superfície para o interior do solo. O
conhecimento do processo de infiltração é de
fundamental importância para o manejo e
conservação do solo e da água. Isto se deve por
ser a infiltração determinante na ocorrência
do escoamento superficial (Brandão et al.,
2006).
O processo de infiltração é muito
complexo, mesmo quando o solo é
considerado homogêneo e com umidade
inicial uniforme. Geralmente, quando ocorre
uma precipitação, existe um período inicial
durante o qual toda a precipitação se infiltra
no solo. Durante este período, a capacidade de
infiltração da água no solo se reduz
gradativamente, até se tornar menor que a
intensidade de precipitação. A partir deste
momento, a água começa a se acumular sobre
a superfície do solo, podendo ocorrer o
escoamento superficial (Mein e Larson,1973).
A infiltração da água no solo pode ser
representada por modelos teóricos e, ou,
empíricos. Dentre os modelos existentes, o
modelo teórico de Green-Ampt (Green e
Ampt, 1911) se destaca dos demais por se
basear numa análise física do processo,
exprimindo a infiltração em função de
parâmetros físicos do solo, conforme
apresentado na equação:
�� = �� �1 + � � − ��� ��1�
em que: Ti = taxa de infiltração de água no solo
(mm h-1); Ks = condutividade hidráulica do solo
saturado (mm h-1); Ψf = potencial matricial do solo na frente
de umedecimento (mm); ϴs = umidade do solo saturado (cm3 cm-
3); ϴi = umidade do solo no início do
processo de infiltração (cm3 cm-3); I = infiltração acumulada (mm).
O modelo de Green-Ampt foi
derivado da equação de Darcy, sendo
desenvolvido para estimar a infiltração de
água em solos homogêneos. Este modelo
considera que, durante o processo de
infiltração, existe uma carga hidráulica
(H0) constante na superfície do solo e uma
frente de umedecimento bem nítida, acima
da qual o solo se encontra uniformemente
saturado, com condutividade hidráulica Ks,
e que o potencial matricial (Ψf) nesta
frente permanece igual ao valor do
potencial matricial antes da infiltração. Foi
assumido, também, que a água penetra no
solo abruptamente, o que resulta na
formação de duas regiões bem definidas,
sendo a primeira com umidade equivalente
ao solo saturado (ϴs) e a segunda com
umidade igual à que possuía antes do início
do processo (ϴi), o que caracteriza o
denominado movimento tipo pistão,
conforme apresentado na Figura 2.
Figura 2 - Esquema representativo da infiltração conforme pressuposições do modelo de Green-Ampt.
Outro modelo utilizado para
determinação da quantidade de água que
poderá ser infiltrada no solo é o método do
balanço hídrico no solo, representado
abaixo:
∆� = � − � − � − ���2�
onde: ∆V= Variação de volume de água
armazenado no solo;
P = Precipitação (mm);
Q = Escoamento superficial;
G = Percolação;
ET = Evapotranspiração.
Modelagem hidrológicaModelagem hidrológicaModelagem hidrológicaModelagem hidrológica
A modelagem hidrológica é uma técnica
que possibilita o melhor entendimento e
representação do comportamento hidrológico,
sendo que os modelos hidrológicos possuem
grande potencial para caracterizar a
disponibilidade hídrica em condições de mudanças
no clima ou no uso do solo. Com o aumento da
disponibilidade de computadores a partir do final
da década de 1950, criaram-se condições que
propiciaram um acelerado processo de
desenvolvimento de modelos hidrológicos baseados
em conceitos físicos, sendo uma alternativa em
relação aos modelos até então existentes e que
utilizavam somente métodos estocásticos (Tucci,
1998).
Os modelos baseados em processos físicos
têm vários parâmetros e devem ser calibrados em
relação aos dados observados. Normalmente, há
muitas combinações de parâmetros que podem
reproduzir os dados observados, em particular
quando é considerado somente um aspecto de
desempenho do modelo.
Este problema surge devido a erros na
estrutura do modelo, condições de contorno e
variabilidade dos dados observados (Beldring,
2002).
Os modelos distribuídos apresentam
vantagens na sua estrutura teórica em relação aos
outros dois tipos de modelo, pelo fato de que seus
parâmetros têm significado físico, com valores que
podem ser obtidos em análises de campo ou
laboratório. As atividades humanas sobre a área
estudada podem ser representadas por meio da
mudança dos valores dos parâmetros
representativos das características do local, sendo
possível considerar a variação espacial regional
(Wood e O'Connell, 1985).
De acordo com Mendes e Cirilo (2001),
uma das maiores desvantagens em aplicar modelos
distribuídos é que esses utilizam muito mais dados
de entrada do que os modelos concentrados, e os
processos de parametrização e validação são bem
trabalhosos. Contudo, os resultados podem não ser
compensadores, em relação aos modelos empíricos
ou concentrados (Beven; Loague e Grayson, citados
por Mendes e Cirilo, 2001). É possível que esses
comportamentos excepcionais dos modelos
hidrológicos físicos sejam explicados pela
consideração da variabilidade espacial dos dados e
parâmetros sem conhecê-los adequadamente, ou
por incorporá-los de maneira inadequada (Mendes
e Cirilo, 2001).
De acordo com Tucci (1998), a estrutura
dos modelos hidrológicos é baseada nos seguintes
elementos: discretização da bacia hidrográfica
(dependente do modelo), variáveis de entrada
(chuva, evapotranspiração), estrutura básica da
integração dos processos (bacia, canal, encosta),
aquisição de dados físicos das bacias ou locais de
estudo e determinação dos parâmetros.
Modelo reservatório linear simplesModelo reservatório linear simplesModelo reservatório linear simplesModelo reservatório linear simples
O modelo de reservatório linear simples
é utilizado em escala regional e devido à
recessão dos hidrogramas terem
comportamento de função exponencial. Para
que seja valida esta função, deve-se considerar
que na recessão o aqüífero esta apenas
descarregando.
A representação pela equação exponencial
é equivalente à adoção do modelo conceitual de
reservatório linear simples.
���� = ��. � � !" # (3)
onde: K é o coeficiente de armazenamento.
A função exponencial é a solução da
equação diferencial obtida pela inclusão do
reservatório linear na equação da continuidade.
����. � = $����4�
Pela equação da continuidade, sabe-se que
a diferença entre vazão afluente ao reservatório
(I) e a efluente (Q) é a taxa de variação do
armazenamento ao longo do tempo.
CARACTERISTICA DO TELHADO VERDECARACTERISTICA DO TELHADO VERDECARACTERISTICA DO TELHADO VERDECARACTERISTICA DO TELHADO VERDE
Sistema modularSistema modularSistema modularSistema modular
O sistema utilizado neste trabalho é
composto por módulos (figura 3) já
vegetados dispostos lado a lado, colocados
sobre a membrana impermeabilizante. Este
sistema permite a aplicação do ecotelhado
praticamente sobre qualquer tipo de
telhado ou laje, inclinados ou não. O
telhado verde se constitui aqui,
preferencialmente, de planta da espécie
suculenta adaptada a solos rasos, resistentes
a estiagem e de baixa manutenção (figura
4).
No telhado verde existem dois
drenos, sendo um para a parcela com
cobertura verde e a outra para a parcela
testemunha, ambos monitorados em dois
reservatórios com sensores de níveis
individuais, para a determinação do
escoamento superficial. O que garante a
hidratação do sistema modular é a água
retida nos módulos e no substrato, além das
plantas serem perenes, ou seja, não
necessitam de rega e/ou poda, são pouco
consumidoras de água.
Figura 3 - Módulo da Ecotelhado em EVA. Figura 4 — Vista do telhado verde finalizado.
METODOLOGIAMETODOLOGIAMETODOLOGIAMETODOLOGIA
Utilizando os dados dos pluviômetros e de
um pluviografo instalados no telhado verde
com os dados da estação do INMET em
Camobi, foram estimados os parâmetros de
evapotranspiração pelo método de Penman
Monteith. O monitoramento periódico após os
eventos chuvosos foram muito importantes,
pois a parcela gerada de escoamento foi
registrada por dois sensores de níveis,
acondicionados um no reservatório do telhado
verde e o outro no reservatório do telhado
convencional, registrando assim o volume
escoado após cada evento.
Através dos sensores ligados aos
reservatórios, todas as informações foram
catalogadas durante o período de
monitoramento, que foi realizado entre 20 de
novembro de 2010 a 28 de março de 2011 no
Centro de Tecnologias (CT) na UFSM. Os
dados analisados estão organizados nas tabelas
1 a 3.
Na tabela 4 são apresentados os valores do
volume de água armazenado no solo, pelo
método do balanço hídrico no solo.
Foi utilizado uma tabela do ExcelTM, onde
todos os dados coletados foram analisados,
para que posteriormente fossem submetidos a
diversos ensaios de cálculos.
Tabela 1.Tabela 1.Tabela 1.Tabela 1. Valores referentes aos dias com eventos chuvosos e a evapotranspiração diária após o evento.
DataDataDataData Precipitação (mm)Precipitação (mm)Precipitação (mm)Precipitação (mm) Nº de Dias sem Nº de Dias sem Nº de Dias sem Nº de Dias sem
chuvachuvachuvachuva ETo (mm)ETo (mm)ETo (mm)ETo (mm)
24/11/2010 45.4 7 16.77
02/12/2010 21 8 27.9
11/12/2010 6 1 2.5
13/12/2010 24 6 17.05
20/12/2010 35 18 45.57
08/01/2011 24.2 3 6.7
12/01/2011 8 15 30.88
28/01/2011 10 3 6.1
01/02/2011 15 2 6.68
04/02/2011 25 5 9.53
10/02/2011 40 35 65.14
18/03/2011 13 6 14.5
25/03/2011 2 2 2.46
28/03/2011 56 - -
Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Valores totais mensais para precipitação e evapotranspiração de referência do telhado verde.
MêsMêsMêsMês Precipitação (mm)Precipitação (mm)Precipitação (mm)Precipitação (mm) ET ET ET ET oooo (mm)(mm)(mm)(mm)
Dezembro(2010) 86 84.3
Janeiro (2011) 42.2 56.8
Fevereiro (2011) 80 50.3
Março (2011) 71 50
Tabela 3.Tabela 3.Tabela 3.Tabela 3. Valores totais diários do escoamento superficial após os eventos chuvosos (RLS).
DATA Vol. Telhado Convencional (Litros) Vol. Telhado Verde (Litros) % redução
24/11/2010 215.0 190.1 11.6
02/12/2010 16.0 0.0 100.0
02/12/2010 130.0 74.8 42.5
11/12/2010 28.0 11.4 59.3
13/12/2010 57.3 33.8 41.0
20/12/2010 187.5 99.1 47.1
08/01/2011 135.2 29.2 78.4
12/01/2011 12.2 0.0 100.0
28/01/2011 62.1 46.3 25.4
01/02/2011 78.0 15.2 80.5
04/02/2011 177.2 126.9 28.4
10/02/2011 122.8 102.3 16.7
18/03/2011 43.9 0.0 100.0
25/03/2011 10.6 0.0 100.0
% total = 59.3485714
Tabela 4.Tabela 4.Tabela 4.Tabela 4. Valores do volume de água armazenado no solo no telhado verde.
DATA R (TC)
(L) R (TV)
(L) R (TC) (mm)
R (TV) (mm)
P (mm) EVT (mm)
∆V= P-EVT-R (TV)
∆V= P-EVT-R (TC)
24/11/10 215.00 190.11 35.83 31.69 45.4 1.71 12.004 9.57
2/12/10 16.82 0.00 2.80 0.00 1.4 2.64 -1.240 -1.40
2/12/10 130.24 74.87 21.71 12.48 21 2.64 5.881 -0.71
11/12/10 27.63 11.45 4.60 1.91 6 1.3 2.792 1.40
13/12/10 33.84 57.38 5.64 9.56 24 3.03 11.407 18.36
20/12/10 187.54 99.06 31.26 16.51 35 1.06 17.430 3.74
8/1/11 135.22 29.18 22.54 4.86 24.2 1.5 17.837 1.66
12/1/11 12.21 0.00 2.04 0.00 8 1.62 6.380 5.96
28/1/11 62.13 46.35 10.35 7.72 10 1.17 1.106 -0.35
1/2/11 78.08 15.28 13.01 2.55 15 1.65 10.803 1.99
4/2/11 177.29 126.93 29.55 21.16 25 0.95 2.895 -4.55
10/2/11 122.80 102.32 20.47 17.05 40 1.5 21.447 19.53
18/3/11 43.99 0.00 7.33 0.00 8 0.8 7.200 0.67
25/3/11 10.68 0.00 1.78 0.00 2 1.61 0.390 0.22 R = Escoamento superficial, P = Precipitação, ∆V = Capacidade de Armazenamento de água no solo, EVT = Evapotranspiração
Utilizando o método do reservatório linear
simples para determinação do escoamento
superficial no telhado verde e no telhado
convencional após o inicio do tempo de
recessão, foi determinado o volume escoado e
o coeficiente de armazenamento K.
RESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 5 pode-se observar o
gráfico da evapotranspiração de referência diária
para o período de monitoramento do trabalho,
onde o valor máximo foi de 4,6 mm/dia no dia 20
de novembro de 2010, o valor mínimo de 0,4
mm/dia nos dias 22 de fevereiro de 2011, 26 e 27
de março de 2011. O valor médio da
evapotranspiração foi de 2,05 mm/dia, durante o
período de monitoramento. Na figura 6 o gráfico
dos valores das precipitações para os eventos
chuvosos dentro do período do monitoramento.
Figura 5 Figura 5 Figura 5 Figura 5 ---- Gráfico da evapotranspiração diária no telhado verde durante o período de 20/11/2010 a
24/03/2011.
Figura 6Figura 6Figura 6Figura 6 - Gráfico da precipitação no telhado verde durante o período de 20/11/2010 a 24/03/2011.
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
20/11/2010 20/12/2010 20/01/2011 20/02/2011 20/03/2011
Ev
ap
otr
an
spir
açã
o (
mm
)
0
10
20
30
40
50
60
20/11/2010 20/12/2010 20/01/2011 20/02/2011 20/03/2011
Pre
cip
ita
ção
Mé
dia
(m
m)
Com esta série de dados registrados
durante o monitoramento, pode-se perceber a
diminuição na parcela diária do escoamento
superficial (figura 7) durante os eventos chuvosos,
onde o valor total final de redução foi de 59,35%.
Figura 7Figura 7Figura 7Figura 7 - Gráfico do escoamento superficial no telhado verde e no telhado convencional.
Na figura 8 estão representadas as tentativas para determinação do coeficiente de escoamento para o telhado verde e o telhado convencional, onde se pode perceber que para o início da
precipitação os valores de escoamento superficial tanto do telhado verde quanto do telhado convencional ficaram subestimados.
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
250.0
29/10 18/11 8/12 28/12 17/1 6/2 26/2 18/3 7/4
Vo
lum
e (
litr
os)
Escoamento Superficial
T. convencional
T. Verde
Figura 8 Figura 8 Figura 8 Figura 8 ———— Ajuste por tentativas para o coeficiente de escoamento superficial no telhado verde X telhado
convencional.
Os dados confirmam a hipótese de que a
cobertura vegetal sobre os telhados é eficaz no
controle do escoamento superficial. Isto
acontece porque os materiais utilizados são
capazes de elevar o potencial na absorção de
água antes de escoá-la para os coletores
(drenos). Com a utilização em larga escala as
coberturas vegetais poderiam até reduzir o
número de enchentes nas grandes capitais.
CONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃOCONCLUSÃO
Pode-se concluir que as coberturas verdes
foram criadas como resposta ao grande efeito de
impermeabilização dos solos, no sentido de tentar
reverter este quadro de inundações que aflige a
sociedade durante décadas. As suas características
foram comprovadas através de ensaios
experimentais, demonstrando assim, suas vantagens
sobre as coberturas convencionais no que diz
respeito ao escoamento superficial, que atingiu
uma redução total de aproximadamente 60%.
Para um efetivo modelo hidrológico o
método de reservatório linear simples é o que
resulta no mais adequado, tanto para geração do
escoamento superficial quanto para o valor do
coeficiente de armazenamento de água no solo,
este calculado pelo balanço hídrico no solo.
Os valores registrados pelo volume de
armazenamento de água no solo demonstraram
uma capacidade de armazenamento média de ∆V =
50,67% após cada evento chuvoso. Logo, pode-se
perceber que no telhado verde a evapotranspiração
de aproximadamente 9 % somados a capacidade de
armazenamento de água no solo de
aproximadamente 51%, totaliza os 60% na redução
do escoamento superficial urbano.
29
/10
/10
18
/11
/10
8/1
2/1
0
28
/12
/10
17
/1/1
1
6/2
/11
26
/2/1
1
18
/3/1
1
7/4
/11
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
500.000
0.100
0.200
0.300
0.400
0.500
0.600
0.700
0.800
0.900
1.0002
9/1
0
8/1
1
18
/11
28
/11
8/1
2
18
/12
28
/12
7/1
17
/1
27
/1
6/2
16
/2
26
/2
8/3
18
/3
28
/3
7/4
CE (TV)
CE (TC)
PREC. (mm)
REFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIASREFERÊNCIAS
Beldring, S. (2002) MultiMultiMultiMulti----criteria validation of a criteria validation of a criteria validation of a criteria validation of a
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