lp008 2012
TRANSCRIPT
1
Textos em Contexto: Jornalismo, Publicidade, Trabalho, Literatura e Artes/Mídias Tópico: Um início de conversa
Introdução ________________________________________________________________________________________ Olá, Professor(a)!
Estamos iniciando a disciplina LP008 do Módulo 4 do Curso de Especialização em Língua Portuguesa. Nesta disciplina, vamos, em primeiro lugar, conversar com você sobre a necessidade de planejar o seu ensino. Embora improvisemos em muitos âmbitos de nossas vidas, nossas atividades profissionais não devem ser pautadas por improvisações, não é verdade? Por esse motivo, vamos refletir junto com você, no Tema 1,
sobre como planejar e organizar sequências didáticas de modo a poder trabalhar com gêneros textuais/discursivos, sistemática e produtivamente, em sala de aula. Nos Temas 2 e 3, vamos tentar contribuir para que você seja bem sucedido na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que deverá submeter no final do Curso de Especialização em Língua Portuguesa -‐ REDEFOR/LP. Em um primeiro momento, vamos criar situações que contribuam para que você possa definir, dentro da(s) esfera(s) que escolheu para focalizar no TCC (Jornalismo, Publicidade, Trabalho/Estudo, Literatura e/ou Artes/Mídias), os gêneros, os textos, os objetivos e as atividades que vão constituir a sequência didática que cada um de vocês irá elaborar. Por último, pretendemos discutir algumas das características dos textos acadêmicos, focalizando especificamente o gênero TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Esperamos ser bem sucedidas nessa tarefa... Bons estudos a tod@s! Clique aqui1 para assistir ao vídeo de introdução da disciplina.
1 Fonte: http://cameraweb.ccuec.unicamp.br/video/W62UMO6B1BHA/, acesso em 01/06/2011.
2
Tema: 1. Sequências Didáticas: uma unidade de trabalho Tópico 1 -‐ Por que planejar?
Um início de conversa... ________________________________________________________________________________________ Como (re)apresentar aos alunos a língua viva e dinâmica em que vivem desde que começaram a fazer parte deste nosso mundo de linguagem? É possível trazer essa língua para a escola sem que se percam, nessa passagem, os saberes e sabores que nela estão impregnados?
Para responder a essas perguntas, vamos conversar sobre a importância do trabalho de cada professor(a) na sala de aula de ensino de Língua Portuguesa. Vamos falar ainda sobre a possibilidade de tornar esse trabalho mais e mais efetivo, fundamentado sempre em seu desejo de ensinar e nas capacidades de seus alunos; capacidades que muitas vezes eles simplesmente não sabem que possuem. Os "muros da escola" são reais, mas é entre eles que é preciso recriar um mundo possível para cada cidadão. É por isso que acreditamos na possibilidade de trazer a língua viva para a escola: a língua das narrativas, das conversas, das poesias, dos debates, das canções... E é essa língua que precisa ser ensinada, porque, como diz a letra da canção2: "as coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender"... ________________________________________________________________________________________
2 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=V60YWH8ZelA, acesso em 10/04/2011.
3
Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ Para fazer um "Planejamento Estratégico", é preciso identificar, analisar, estruturar e coordenar metas e ações que permitam estabelecer o caminho a ser seguido pelo indivíduo, pela organização ou instituição. Para ser eficaz e alcançar os objetivos propostos, pensar a sua forma de execução é essencial. Veja um exemplo surpreendente!
3 ________________________________________________________________________________________
3Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=xva5B4vx1R4, acesso em 10/04/2011.
4
Mãos à obra ________________________________________________________________________________________ No vídeo que vocês acabaram de ver -‐ que é bastante utilizado para motivar gestores de empresas -‐, o menino sente o desconforto de não ter com quem jogar futebol (qual é a graça de fazer um gol sem um goleiro tentando pegar a bola?) e percebe que algo precisa ser feito para resolver esse problema. Ele poderia, perfeitamente, fazer nada e esperar pela solução. Mas, não! Ele decide agir, considerando os recursos que tem a sua disposição. O jantar à luz de velas, o quarto dos pais à meia-‐luz, o bocejo simulando estar com sono... tudo isso é muito bem PLANEJADO. E, por isso, dá certo. Se é bem verdade que, no exercício da maior parte das profissões, o planejamento é considerado fundamental para o sucesso, quando o que está em jogo é o exercício da docência, é muito comum as pessoas pensarem que para ser um bom professor basta "ter talento" ou "ter nascido pra coisa"... Muitos professores também acham isso: acreditam tanto em suas boas ideias e intuições, que julgam desnecessário planejar seu ensino.
5
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Leia, inicialmente, a afirmação abaixo, retirada de um texto de Rojo (2001, p. 332)4. Nesse trecho, a autora, referindo-‐se ao comportamento de um grupo de professores por ela analisado, afirma: [...] o professor abriu mão de uma de suas atribuições básicas -‐ a de ser dono da voz, isto é, a de planejar seu ensino de acordo com as necessidades e possibilidades de seus alunos -‐, em favor do que é feito pelos autores dos livros didáticos. Agora, preste atenção às palavras da canção "A Voz do Dono e o Dono da Voz"5, composta em 19816, por Chico Buarque de Hollanda. Veja a letra7. Considere a citação e a canção de Chico e discuta com sua turma a pergunta abaixo, no Fórum de Discussão agendado para esta semana:
O material didático também é o dono da sua voz?
4 ROJO, R. H. R. Modelização didática e planejamento: duas práticas esquecidas do professor? In: KLEIMAN, A. B.
(Org.) “A Formação do Professor: Perspectivas da Lingüística Aplicada”. Campinas: Mercado de Letras, 2001. Pp. 313-335.
5 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=c8RWQCz4Ma4, acesso em 10/04/2011. 6 Fonte: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=avozdo_81.htm, acesso em 10/04/2011. 7 Fonte: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45102/ , acesso em 10/04/2011.
6
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Alguns professores, perdendo toda e qualquer autonomia para gerir suas disciplinas, ficam mesmo reféns de livros e materiais didáticos -‐ escolhidos ou não por eles próprios -‐ e têm que conviver, algumas vezes a duras penas, com suas limitações e lacunas, especialmente no que tange a seus alunos e a projetos específicos.
Muitos, no entanto, entendendo que todo material didático (inclusive os mais bem avaliados!) é elaborado tendo em mente um aluno e um professor idealizados, percebem a necessidade de adaptá-‐lo ao seu contexto de ensino. Eles, então, fazem um uso parcial, seletivo do livro/material didático8 e investem na elaboração de unidades de trabalho que vão, mais diretamente, ao encontro dos interesses dos seus próprios alunos, ou que dizem respeito a temas mais atuais. Mas, convenhamos, elaborar uma unidade de ensino não é tarefa banal, como veremos mais adiante. Ao contrário, para que o professor seja bem sucedido nessa tarefa, é preciso que ele tenha muita clareza quanto aos objetivos que pretende alcançar e quanto aos passos necessários para atingir esses objetivos. Sem que ele faça um bom PLANEJAMENTO, suas chances de sucesso serão pequenas...
8 "O professorado se mostra capaz de perceber, nas lacunas e limitações do LD, possibilidades de investir na produção de
alternativas mais compatíveis com o nível de seus alunos e com suas necessidade de consistência pessoal [...] No conjunto dessas intenções e contradições, a certeza maior do professor é a de que o livro didático – escolhido ou não por ele próprio – é instrumento auxiliar e não exclusivo ou excludente. Na maioria dos casos, seu uso é parcial, sujeito à complementações e substituições – sejam elas pontuais ou globais - sempre em função da preservação da congruência pessoal, em nome da qual ele justifica qualquer transgressão.” (COSTA VAL, M. G. et al., 2005, p. 111).
7
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________
Não podemos, no entanto, esquecer-‐nos de que ...o dono prensa a voz, a voz resulta um prato que gira para todos nós. Ou seja, embora se trate -‐ entre as práticas de sala de aula, o currículo e os materiais didáticos disponíveis -‐ de uma relação de entrega e de abandono de guerra e paz contras e prós
é dessa relação que resulta o que "gira para todos nós", isto é, o cidadão e a pessoa que seu aluno poderá se tornar. Pois seu aluno é um projeto de futuro que "gira para todos nós". Assim, embora às "vozes", Deus só tenha dado "seu dó", é preciso que, com essa pequena nota central, busquemos construir uma sinfonia. Considerando o que foi discutido neste tópico, assista ao vídeo:
9
9 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=SkxCEh1af2g, acesso em 10/04/2011.
8
Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Então, reflita: 1. Apresentar propostas para superar uma situação-‐problema escolar sem conhecer com clareza a sua causa é o mesmo que receitar um remédio sem ter o diagnóstico da doença. Concordo10. Discordo11. 2. Alguns professores percebem a importância de planejar suas atividades, embora façam restrições ao modo como o planejamento vem sendo feito na escola. Concordo12. Discordo13. 3. Os livros e outros materiais didáticos são elaborados tendo em mente um grupo de alunos e um professor fictícios. Concordo14. Discordo15.
10 Correto: toda proposta pedagógica deve estar pautada em uma análise cuidadosa das raízes do problema que se propõe a
superar. 11 Incorreto: sem que se tenha compreendido bem a origem de um dado problema escolar é impossível adotar medidas
eficazes para combatê-lo. 12 Correto: um professor pode não estar satisfeito com a forma como os planejamentos são feitos em sua escola, mas isso
não significa que não perceba a importância de planejar. 13 Incorreto: fazer críticas às formas vigentes de planejamento não significa, necessariamente, ser contra planejamentos
escolares. 14 Correto: todos os livros didáticos e materiais – avaliados e não avaliados – são elaborados tendo em vista professores e
alunos idealizados. 15 Incorreto: somente os materiais didáticos elaborados por um professor para uma turma especifica não terão por
referência uma situação de ensino imaginária.
9
Finalizando ________________________________________________________________________________________
16 Neste primeiro tópico, argumentamos que, assim como costumam fazer muitos profissionais de outras áreas, o(a) professor(a) deve planejar, cuidadosamente, suas atividades de ensino. Claro que com isso não estamos querendo dizer que esse seu planejamento deva funcionar como uma camisa-‐de-‐força, impedindo-‐o de tirar proveito, em sua sala de aula, de fatos e situações originalmente não previstas. Tampouco estamos querendo dizer que um bom planejamento de atividades de ensino é suficiente para garantir a aprendizagem. Sabemos que há outras variáveis em jogo, como, por exemplo, as condições, por vezes bastante precárias, de trabalho do(a) professor(a) da rede pública brasileira. No entanto, ainda que um bom planejamento não seja suficiente para assegurar um ensino eficiente, ele é uma condição absolutamente necessária para que isso possa ocorrer!
16 Fonte: http://www.sxc.hu/, acesso em 10/06/2011.
10
Tópico 2 -‐ Revisitando os conceitos de esfera de comunicação e de gêneros textuais/discursivos Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ Com frequência, quando nos vemos frente a uma tarefa desafiadora, tendemos a procrastinar17 a sua realização -‐ Amanhã eu faço isso! -‐ valendo-‐nos das mais variadas formas de desculpas, tal como faz o personagem do vídeo abaixo:
18 Como você, professor(a), precisa elaborar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e submetê-‐lo a uma avaliação, melhor começarmos a planejá-‐lo agora... Como dissemos na apresentação desta disciplina, uma de nossas expectativas é poder contribuir para que você possa tomar decisões informadas acerca do conteúdo do seu TCC, no qual você deverá propor e analisar uma Sequência Didática (SD) para o ensino de Língua Portuguesa em seu contexto de atuação, tendo em mente as necessidades de aprendizagem de seus alunos. As Sequências Didáticas (SDs) trabalham com um ou mais gêneros específicos de uma (ou mais) esfera(s) de comunicação (por exemplo, jornalismo, publicidade, literatura, artes e mídias, trabalho/estudo etc.). Você escolherá uma dessas esferas que estão propostas no título desta disciplina e um ou alguns gêneros que nelas circulam para fazer seu projeto de ensino no formato de Sequência Didática (SD). Para isso, é melhor refletirmos um pouco mais sobre como os gêneros textuais/discursivos funcionam, sobre como são dinâmicos, híbridos e muito complexos. _____________________________________________________________________________________
17 procrastinar pro.cras.ti.nar (lat procrastinare) vtd 1 Deixar para outro dia, ou para um tempo futuro, por motivos
repreensíveis; adiar: Procrastinar tarefas. vtd 2 Delongar, demorar, retardar: Procrastinar uma decisão. vint 3 Usar de delongas: Detestamos procrastinar. Antôn: abreviar. (Michaelis – Moderno Dicionário de Língua Portuguesa).
18 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=j73RmSNqeGM , acesso em 06/05/2011.
11
Mãos à obra ________________________________________________________________________________________ Pare e pense: em quais das atividades abaixo você esteve envolvido na última semana?
No nosso dia a dia, à medida que nos comunicamos, fazemos uso de gêneros, pois tudo o que falamos e escrevemos, todos os nossos discursos têm a forma de textos que materializam, concretizam gêneros diversos. Basta sairmos de casa, encontrar um vizinho e cumprimentá-‐lo, para estarmos engajados em uma interação que constitui o gênero "cumprimento". Em seguida, quando buscamos informações sobre o itinerário de um ônibus, estamos, novamente, envolvidos com um gênero (mapa), que informa e instrui. Enfim, se pararmos para pensar, os gêneros estão, o tempo todo, modelando nossas práticas comunicativas.
12
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Os gêneros textuais circulam em esferas comunicativas. Cada esfera da atividade humana (cotidiana, escolar, literária, científica, jornalística, publicitária etc.) possui um repertório de gêneros que ela constrói, em função de suas finalidades, orientando nossas ações de linguagem em cada uma delas. Há gêneros, por exemplo, que circulam na esfera religiosa (orações, hinários, certificado de batismo etc.), mas não na esfera jurídica, em que vão circular outros gêneros (petição, depoimento, escritura, discurso de defesa e de acusação, sentença, certidão de nascimento etc.). Assim, o(a) professor(a) precisa definir a(s) esfera(s) e o(s) gênero(s) que a ela(s) pertence(m) com os quais pretende trabalhar no seu TCC. Contudo, é importante considerar que, se é bem verdade que cada esfera determina seus gêneros, também é verdade que um gênero pode circular em mais de uma esfera comunicativa, como veremos mais adiante.
13
Colocando os conhecimentos em jogo 2 Você já se pegou cantando uma música sem saber bem de onde ela veio? E uma música de propaganda, um "jingle"? Uma daquelas que você ouve e não esquece e que gruda na orelha? Que tal aquela receita cantada dos "dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim" (que virou uma aula sobre o plural das paroxítonas terminadas em "r")? Ou as lembranças que, nos shows de final de ano, o Rei Roberto traz de volta, com seus "detalhes" e "emoções"? Você já pensou no que essas músicas têm em comum? Qual a finalidade de cada uma delas? A quem se dirigem? Clique na imagem e escute "Pela Internet", uma canção de Gilberto Gil. Preste atenção à letra19:
20 Agora, clique na imagem e veja como essa canção aparece em um comercial do "Itaú Bankline":
21
19 Fonte: http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/68924/, acesso em 17/04/2012. 20 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=7ysEoKtfU2I, acesso em 06/05/2011. 21 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=nJ95ICyvrBE, acesso em 06/05/2011.
14
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Álvaro Caretta (2008)22 descreve o modo como "Pela Internet", de Gilberto Gil, gênero "canção popular" concebido inicialmente23 na esfera artística, é deslocado, no segundo vídeo a que você assistiu, para a esfera publicitária. O autor chama a atenção para o fato de que, embora mantenha sua forma composicional, a canção adquire características específicas nessa esfera discursiva (p. 20). Seguindo a trilha sonora desse autor é possível observar, entre outras coisas24, que o que distingue o gênero "canção popular" é a sua forma composicional: "texto curto, cantado, formado pela relação entre letra e música, dividida em partes A e B, constituídas por versos, organizados em estrofes" (p. 21). Sua finalidade é provocar um efeito estético, marca registrada dos gêneros da esfera artística. Por outro lado, o "jingle" feito para o comercial do Itaú Bankline, construído com base na forma de composição da canção, tem uma finalidade diferente, uma vez que agora faz parte de outra esfera de comunicação (a esfera publicitária): o que se almeja com ele é anunciar um produto oferecido pelo banco e levar o destinatário a utilizá-‐lo. Podemos concluir, então, que, no info(r)mar de nossa vida cotidiana, os gêneros podem "navegar" de uma esfera para outra. O gênero "canção popular", pertencente originalmente à esfera artístico-‐musical, pode dialogar com outras esferas, servindo de modelo para outros gêneros, como o "jingle" na esfera publicitária aqui analisado. Com base nisso, é importante compreendermos que um dado gênero deve ser sempre observado levando-‐se em conta as particularidades de sua esfera de circulação. ________________________________________________________________________________________
22 Fonte: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N3_02.pdf, acesso em 13/05/2011. 23 A canção “Pela Internet”, de Gilberto Gil, foi gravada, em 1997, no CD duplo “Quanta”. 24 Veja a análise detalhada em CARETTA, A. As formas da canção nas diversas esferas discursivas. "Estudos
Linguísticos, v. 37, n.3": 17-24, São Paulo, 2008. Também disponível em http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N3_02.pdf, acesso em 13/05/2011.
15
Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Uma simples olhada para essa imagem amarelada de um fusca modelo antigo basta para reconhecer (ou ao menos supor), mesmo antes de ler o texto completo, que se trata de um antigo anúncio, um gênero produzido na/pela esfera publicitária. Produzido na década de 60, é quase certo, porém, que esse anúncio jamais seria veiculado em um jornal ou revista contemporâneos com a mesma finalidade. Por quê? Podemos dizer, imediatamente, que faltam cores à imagem, que o produto sofreu diversas mudanças e que o consumidor desse tipo de produto também é outro: ele não aceitaria o teor machista do texto que afirma, categoricamente, que mulheres não sabem dirigir (o preconceito, é verdade, sobrevive, mas sua exposição é, agora, camuflada). Na sociedade atual, com as novas tecnologias, alguns gêneros passam por mudanças ainda mais profundas e rápidas. Hoje quase não escrevemos cartas. As notícias, que chegavam a cavalo ou por navio, chegam via satélite, em tempo real. Quase não vemos cartões postais. Quase nunca compramos selos (a não ser para colecionar). O e-‐mail pode funcionar como um correio eletrônico -‐ uma forma de transporte por meio da qual podemos enviar um documento, uma foto, um livro, e pode ser também um gênero textual como o bilhete.
Entendemos, assim, por que Marcuschi (2006) afirma que os gêneros não são categorias estáticas, formas prontas e acabadas, e são sempre produzidos de acordo com as necessidades e exigências sociais e históricas de cada comunidade discursiva. O gênero, portanto, se transforma, mas mantém sempre uma tensão entre essas inovações e a regularidade que nos permite reconhecê-‐lo. ________________________________________________________________________________________
25 Fonte: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/tag/fusca/, 05/06/2011.
(Clique na imagem25 para ampliá-‐la)
16
Colocando os conhecimentos em jogo 5 ________________________________________________________________________________________
Veja o vídeo26 ao lado e tente descobrir quantos gêneros (orais e escritos) você consegue reconhecer nesse comercial. Observe que ele dura apenas 47 segundos e que, se quisermos entender sua composição, temos que parar o vídeo algumas vezes (assim como lemos várias vezes um conto ou um artigo para analisá-‐lo).
Você deve ter observado que a tela se divide com base no gênero história em quadrinhos (HQs), de cuja composição se vale para compor a narrativa, com duas legendas, com a voz do narrador e com onomatopéias gráficas (que lemos enquanto ouvimos a música). Um dos quadros traz uma lista escrita de tarefas. Já na rua, o personagem encontra algumas garotas e conversa com elas e ficamos sabendo, pela imagem de um mapa, a localização de uma "festa". Várias pessoas são convidadas pelo telefone. Um relógio aparece no canto da sala, enquanto os próprios quadrinhos se deslocam junto com os móveis e uma legenda indica que se passaram 10 horas. Aos 28 segundos, o produto volta a ganhar destaque e até o vizinho que geralmente reclama do barulho, pensa que é uma boa ideia. O narrador fala apenas 10 segundos ("os melhores planos começam quando pode ser aberto um barril de...") e a narrativa termina com o anúncio "continuará", tal como se anuncia o próximo capítulo de uma novela. O que importa enfatizar é que, muitas vezes, gêneros têm formas de composição híbridas, nas quais textos e imagens se mesclam, modalidades de linguagem se alternam e vários outros gêneros são convidados para compô-‐los. Isso, entretanto, não impede que o reconheçamos como um determinado gênero: no caso do vídeo que acabamos de analisar, com apenas 6 segundos já sabemos que se trata de um comercial de bebida e nos dispomos a continuar a ler/ouvir essa história narrada de forma tão surpreendente. ________________________________________________________________________________________
26 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=jyCyctAH8pM, acesso em 14/05/2011.
17
Finalizando ________________________________________________________________________________________ Os gêneros constituem um espaço central não só de comunicação e de informação, mas de reconstruções de identidades. Portanto, saber transitar entre os gêneros, de acordo com as esferas a que pertencem ou entre as quais se deslocam e estando atentos para as formas como nos moldam é fundamental para a vida na sociedade contemporânea. Neste Tópico, procuramos retomar brevemente o que foi discutido em várias disciplinas do seu Curso de Especialização em Língua Portuguesa, no que se refere aos conceitos de "esfera de atividade humana" e de "gênero textual/discursivo". O vídeo abaixo serve para reforçar várias das questões por nós abordadas neste segundo tópico do Tema 1 de nossa disciplina. Clique na imagem para assisti-lo.
27
27 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk , acesso em 24/06/2011
18
Atividade Autocorrigível 1 ________________________________________________________________________________________ As afirmações abaixo são corretas ou incorretas? I28. Em nossa vida cotidiana, os gêneros são as formas naturais pelas quais usamos a língua para nos comunicar. Na escola, os alunos precisam dominar apenas os gêneros considerados secundários e, portanto, escritos. II29. Na construção de uma SD para o ensino de um gênero, o professor deve levar em conta o que os alunos já sabem sobre esse gênero. Caso o aluno não saiba, por exemplo, o que significa o termo "infografia", esse gênero não pode ser ensinado. III30. Cada esfera determina seus gêneros, de acordo com suas finalidades, e são eles que em nosso dia a dia orientam nossas ações de linguagem. Embora as "cartas de amor" possam ser bastante diferentes umas das outras, elas têm aspectos bastante conhecidos e que permitem seu reconhecimento imediato. É por essa razão que cada gênero, para ser reconhecido, precisa circular em uma única esfera comunicativa. IV31. Os aspectos conhecidos garantem a estabilidade dos gêneros. Essa estabilidade, no entanto, é relativa, uma vez que os gêneros podem se modificar com o passar do tempo, devido a diferentes fatores como o desenvolvimento de novas tecnologias, etc. E pode até mesmo ocorrer de haver um gênero dentro de outro, por exemplo: uma carta de amor na qual você cita um poema; um conto dentro do qual o personagem escreve uma carta de amor. Agora, passe o cursor para conferir sua resposta.
28 Incorreta. Os gêneros secundários podem ser escritos e também orais como debate regrado, peça teatral, exposição oral,
seminário, etc. 29 Incorreta. Nesse caso, o professor começaria por explicar que esse é um tipo especial de texto icônico-verbal (mescla
texto e imagem) da esfera jornalística que facilita a compreensão de dados da realidade ou de acontecimentos. 30 Incorreta. Renato Russo e Erasmo Carlos cantam “A carta” em http://www.youtube.com/watch?v=5TQ44MnpY2o
Transformada em canção, gênero que pertence à esfera artístico-musical, a carta nela contida não deixa de ser reconhecida como uma “carta de amor”.
31 Correta. Os gêneros são heterogêneos. Alguns são mais estáveis – é o caso de uma carta comercial – e outros estão sempre mudando – o anúncio publicitário, por exemplo.
19
Tópico 3 -‐ O que o professor precisa saber para ensinar? Ponto de Partida ________________________________________________________________________________________ No mundo em que vivemos hoje, o conhecimento circula em quantidade e velocidade cada vez maiores e em todos os meios de comunicação: na televisão e no rádio, nos jornais e revistas, em sites, e-mails, blogs, redes sociais etc. Nesse cenário, o grande desafio para os professores é refletir sobre essa realidade e escolher quais conhecimentos acumulados ao longo da História podem e devem ser transformados em conhecimento escolar ou, em outras palavras, podem e devem converter-se em objetos de ensino. A essa transformação/conversão dá-se o nome de transposição didática32. No caso específico do professor de Língua Portuguesa, o desafio é escolher, dentre as práticas de linguagem adquiridas e acumuladas em diferentes situações de interação social, isto é, dentre os gêneros discursivos/textuais33, os objetos de ensino mais adequados a seus alunos e às suas metas. O trabalho pedagógico com os gêneros (orais, escritos ou multimodais) dá ao aluno a oportunidade de reconstruir essas práticas de linguagem e de se apropriar delas. Essa apropriação se torna efetiva a partir do momento em que o aluno é capaz de dominar um gênero e compreendê-lo/produzi-lo de forma adequada, de modo a poder participar ativamente da comunidade a que pertence. ________________________________________________________________________________________
32 A expressão "transposição didática" foi introduzida, em 1975, pelo sociólogo Michel Verret e, posteriormente, teorizada
por Yves Chevallard no livro "La Transposition Didatique: Du savoir savant au savoir enseigné" (Paris, Ed. La Penseé Sauvage, 1991). Segundo esse autor, “um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O ‘trabalho’ que faz de um objeto de saber a ensinar um objeto de ensino é chamado de transposição didática” (CHEVALLARD, 1991, p. 39).
33 Segundo Bronckart (1999, p. 173), o gênero textual é resultado da “atividade de linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais: em função de seus objetivos, interesses e questões específicas, essas formações elaboram diferentes espécies de textos, que apresentam características relativamente estáveis”.
20
Mãos à obra Para trabalhar com gêneros discursivos/textuais, é fundamental que o professor domine as características dos gêneros que escolhe como objetos de ensino, as condições em que eles são produzidos e o que é possível ensinar a partir deles. Agora, considere a(s) esfera(s) e os gêneros que você selecionou como objetos de ensino para a Sequência Didática (SD) que comporá o seu TCC e reflita: 1) Você conhece bem o funcionamento dessa(s) esfera(s)34? Se não, onde poderá buscar informações a esse respeito? 2) Você conhece bem as características desses gêneros35? Seria capaz de descrevê-‐las? Se não, onde poderá buscar informações a esse respeito? 3) Você sabe as condições em que os textos desses gêneros são, em geral, produzidos36?
• Quem os produz? • Para quem? • Em que modalidades de linguagem (verbal -‐ oral ou escrita; imagem estática;
imagem em movimento; áudio -‐ música ou efeitos sonoros etc.)? • Para circular em que mídias37? Em que suportes38? • Com que finalidades ou propósitos? • Em que campo social39 esses textos são produzidos?
Se você não tem essas respostas, onde poderá procurar informação a respeito? 4) Você tem ideia a respeito do que seus alunos-‐alvo sabem sobre esses gêneros? Sobre seu funcionamento? Sobre suas características? Se não, que medidas poderá tomar para avaliar o que seus alunos-‐alvo sabem ou não a respeito? 5) A partir do que você sabe que eles já sabem, quais de seus aspectos escolheria para ensinar? Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produção, análise da língua e das linguagens)? Conforme você for fazendo essas reflexões, vá anotando em um arquivo Word as providências que tem de tomar para iniciar o trabalho com a SD que planejou inicialmente. Elabore um breve plano de ação, elencando todas as ações e medidas que deve tomar para iniciar seu trabalho. Salve seu arquivo Word e poste-‐o no Diário de Bordo desta semana. ________________________________________________________________________________________
34 Você deve lembrar que, para Bakhtin (2003[1952-53/1979]), a esferas de atividade humana ou de circulação dos
discursos são setores da sociedade (jornalístico, publicitário, científico, artístico, literário, escolar etc.) que têm um funcionamento regrado e uma distribuição de atividades e poderes específica, que regulam as relações entre os participantes dessa esfera ou campo, na qual circula um conjunto particular de gêneros discursivos que garantem, a um só tempo, seu funcionamento e as relações entre os participantes dessa esfera ou campo.
35 Como vimos em outras disciplinas desta Especialização, os gêneros de discurso são formas relativamente estáveis de enunciados (textos), que circulam em esferas/campos sociais específicos e que apresentam temas, formas de composição e estilos próprios a cada um deles (BAKHTIN, 2003[1952-53/1979]).
36 As condições ou situações sociais de produção dos enunciados/textos - situação de enunciação - envolvem os participantes da interação social (locutor/autor - interlocutores/audiência), seus lugares sociais e poderes, as finalidades ou propósitos da interação, o funcionamento sócio-histórico da esfera de atividade humana específica e, mais recentemente, as mídias de circulação dos textos/discursos.
37 Podemos considerar mídias como meios de transmissão e veiculação dos enunciados/textos, tais como as mídias impressa, radiofônica, televisiva, digital.
38 Podemos definir suporte como a superfície em que os enunciados/textos se afixam: o papel, no texto escrito manuscrito ou impresso; as películas e telas dos cinemas, TVs, computadores e dispositivos móveis como celulares e tablets etc.
39 ou esfera de atividade humana
21
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Dissemos que, para trabalhar com gêneros textuais/discursivos, é fundamental que o professor domine as características dos gêneros que escolhe como objetos de ensino, as condições em que eles são produzidos e o que é possível ensinar a partir deles. Tendo esse domínio, o professor deve, então, elaborar um roteiro de ações, como o que você fez, que desemboque em uma Sequência Didática, isto é, em "um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito"40 ou multimodal. Esse conjunto de atividades, ligadas entre si, permite que os alunos dominem as características próprias do gênero em estudo e tenham condições de ler, escrever ou falar cada vez melhor.
As Sequências Didáticas, organizadas de acordo com os objetivos que o professor pretende alcançar, apresentam pelo menos duas vantagens: uma delas é que o professor de Língua Portuguesa pode ensinar os alunos a dominar um gênero de texto/discurso de forma gradual, partindo dos níveis de conhecimento que eles já têm para chegar aos níveis que precisam dominar. Outra vantagem desse tipo de procedimento é permitir o trabalho conjunto de leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais, ou características das linguagens, tornando o ensino menos artificial. É importante destacar que as Sequências Didáticas envolvem tanto atividades de aprendizagem, quanto de avaliação. _________________________________________________________
_______________________________
40 DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um
procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. “Gêneros orais e escritos na escola”. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004[2001], p. 97.
22
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Como organizar uma Sequência Didática? Para responder a essa pergunta, vamos tomar como referência a proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001])41 que aparece representada na figura abaixo42:
43 Suponhamos que um(a) professor(a) decida que é importante que seus alunos dominem a escrita de convites, um gênero textual que hoje é, muitas vezes, enviado eletronicamente. A organização de uma Sequência Didática para o ensino desse gênero pode se dar observando os passos descritos a seguir. 1. Apresentação da Situação Nessa primeira etapa, o(a) professor(a) apresenta aos alunos uma situação-‐problema para motivá-‐los a se engajar nas atividades da Sequência Didática em questão. Ele(a) pode, por exemplo, criar uma situação na qual os alunos deverão enviar um convite, por escrito, a atletas famosos, convidando-‐os para participar da cerimônia de inauguração do novo ginásio da escola. É muito importante que nesse momento fique claro para os alunos a situação, o gênero e o tema a serem trabalhados. Se o(a) professor(a) julgar conveniente, ele(a) pode pedir que os alunos leiam e analisem um convite escrito para servir de modelo.
41 DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um
procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. “Gêneros orais e escritos na escola”. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004[2001].
42 p. 98 43 Esquema da Sequência Didática
23
Colocando os conhecimentos em jogo 3 2. Primeira Produção Textual Nessa etapa, o(a) professor(a) deve propor que os alunos elaborem um primeiro convite escrito, seguindo as instruções dadas por ele(a). Essa primeira produção de um convite escrito tem dois objetivos: permitir que os alunos descubram o que já conhecem sobre o gênero e que o(a) professor(a) avalie, de maneira precisa, as dificuldades encontradas pelos alunos. É a partir desse "diagnóstico" que o(a) professor(a) determinará quantos serão os módulos da Sequência Didática e quais serão seus conteúdos. 3. Módulos Cada módulo proposto deve contemplar um problema específico detectado na primeira produção. Na situação fictícia aqui apresentada, os alunos podem ter mostrado dificuldade, por exemplo, com a abertura e o fechamento do convite, com o grau de formalidade exigido pelo gênero, com o desenvolvimento da argumentação necessária para convencer o atleta a aceitar o convite etc. É importante que o(a) professor(a) se preocupe em variar o tipo de atividades e de exercícios que irá propor em cada um dos módulos na elaboração dessas tarefas e que proponha tarefas nem fáceis, nem difíceis demais. 4. Produção Final Após o término dos módulos, cada um dos alunos deverá elaborar o convite proposto, demonstrando o que aprendeu sobre o gênero, o que permitirá à(o) professor(a) avaliar a eficácia da Sequência Didática que planejou. E na passagem da produção inicial para a produção final o aluno também aprende a importância de re-‐escrever os seus textos. Essa produção final deve efetivamente circular socialmente, ou seja, os alunos deverão, por exemplo, escolher o melhor convite e efeivamente enviá-‐lo aos atletas convidados.
24
Colocando os conhecimentos em jogo 4 Nos módulos, a seleção dos aspectos do gênero a serem trabalhados implica algumas decisões didáticas: 1) Que aspectos da expressão oral, escrita ou multimodal abordar? 2) Como construir um módulo para trabalhar um aspecto particular? 3) Como capitalizar o que é adquirido nos módulos? Para responder à primeira questão, os autores apontam a necessidade de trabalharmos com aspectos dos gêneros envolvidos em diferentes níveis de sua produção/compreensão: Representação da situação de comunicação44. Elaboração dos conteúdos45. Planejamento do texto46. Realização do texto47. No que tange à segunda questão, aconselha-‐se a variedade das atividades de ensino-‐aprendizagem: atividades simplificadas de produção de textos ou trechos; análise e observação de textos do gênero; construção de uma metalinguagem compartilhada entre professor e alunos. Para registrar e capitalizar o conhecimento adquirido, cada Sequência é finalizada com um registro dos aprendizados sobre o gênero durante o trabalho nos módulos, sob forma sintética de lista de constatações, ou de lembrete, ou de glossário.
44 "O aluno deve aprender a fazer uma imagem, a mais exata possível, do destinatário do texto (pais, colegas, a turma,
quem quer que seja), da finalidade visada (convencer, divertir, informar), de sua própria posição enquanto autor ou locutor (ele fala ou escreve enquanto aluno ou representante dos jovens? Enquanto pessoa individual ou narrador?) e do gênero visado." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 103)
45 "O aluno deve conhecer as técnicas para buscar, elaborar ou criar conteúdos. Estas técnicas diferem muito em função dos gêneros: técnicas de criatividade, busca sistemática de informações relacionadas ao ensino de outras matérias, discussões, debates e tomada de notas, citando apenas os mais importantes." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 103)
46 "O aluno deve estruturar seu texto de acordo com um plano que depende da finalidade que se deseja atingir ou do destinatário visado; cada gênero é caracterizado por uma estrutura mais ou menos convencional." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 104)
47 "O aluno deve escolher os meios de linguagem mais eficazes para escrever seu texto: utilizar um vocabulário apropriado a uma dada situação, variar os tempos verbais em função do tipo e do plano do texto, servir-se de organizadores textuais para estruturar o texto ou introduzir argumentos." (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 104)
25
Colocando os conhecimentos em jogo 5 A organização de Sequência Didática que acabamos de descrever, segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001], p. 110), torna concretas as seguintes finalidades:
-‐ preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-‐lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e de falar; -‐ desenvolver no aluno uma relação consciente e voluntária com seu comportamento de linguagem, favorecendo procedimentos de avaliação formativa e de autorregulação; -‐ construir com os alunos uma representação da atividade de escrita e de fala em situações complexas, como produto de um trabalho de lenta elaboração.
26
Atividade autocorrigível 2________________________________________________________________________________________ A partir do que estudamos sobre Sequência Didática, é correto afirmar que: I. O professor deve propor uma produção inicial (oral, escrita ou multimodal), sem maiores estudos prévios, que permita identificar o grau de conhecimento que os alunos já possuem. II. O professor deve planejar uma Sequência Didática considerando o conhecimento que os alunos já têm sobre o gênero a ser ensinado. III. Embora seja importante, a avaliação da produção do aluno não está contemplada na Sequência Didática. IV. O número de módulos necessário a cada Sequência Didática é determinado pela quantidade de problemas detectados na produção inicial. V. O ensino pautado em Sequências Didáticas focaliza, sobretudo, gêneros escritos. a)48 apenas as afirmações I, II e III são corretas b)49 apenas as afirmações II, IV e V são corretas c)50 apenas as afirmações I, II, III e IV são corretas d)51 apenas as afirmações I, II e IV são corretas e)52 todas as afirmações são corretas
48 Tente novamente. 49 Tente novamente. 50 Tente novamente. 51 A alternativa d) está correta porque (III) as sequências didáticas contemplam, sim, a avaliação e (IV) focalizam gêneros
orais, escritos ou multimodais. 52 Tente novamente.
27
Ampliando os conhecimentos I ________________________________________________________________________________________
Para saber mais sobre sequências didáticas, recomendamos que você leia o artigo de Dolz, Noverraz e Schneuwly na íntegra. Denominado "Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento", ele foi publicado, em 2004, pela Editora Mercado de Letras, na coletânea Gêneros orais e escritos na escola. (Para baixar o artigo, clique aqui53)
Outro livro interessante é a coletânea organizada por Angela Kleiman, intitulada A Formação do Professor: Perspectivas da Lingüística Aplicada, publicada em 2001 também pela Mercado de Letras. Nela, voce poderá ler o artigo "Modelização didática e planejamento: Duas práticas esquecidas do professor?", de autoria de Roxane Rojo, em que a autora relata um episódio de planejamento coletivo durante uma experiência de formação de professores. (Acesse o artigo, clicando aqui54)
________________________________________________________________________________________
53Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_conte
xto/DOLZ_NOVERRAZ_SCHNEUWLY_2004.pdf, acesso em 24/06/2011 54Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_conte
xto/ROJO_2001.pdf, acesso em 24/06/2011
28
Ampliando os conhecimentos 2 ________________________________________________________________________________________ Um filme sobre um professor e seu ensino a que vale a pena assistir The Ron Clark Story (O Triunfo)
Gênero: Drama Ano: 2006 Duração: 91 minutos Origem: EUA / Canadá Direção: Randa Haines Elenco: Matthew Perry (Ron Clark), Hannah Hodson (Shameika, Brandon Smith (Tayshawn), Ernie Hudson (Diretor Turner)
(Para ver o trailer, clique aqui55)
SINOPSE Snowden, escola de 1º grau, Aurora, Carolina do Norte, 1994. Ron Clark (Matthew Perry) é um professor temporário, que experimenta um misto de nervosismo e ansiedade ao aguardar o momento de começar no emprego. Mas, antes mesmo de iniciar, demonstra uma rara sensibilidade ao saber se aproximar de um garoto que tinha sido colocado em um castigo humilhante por outro professor. Após 4 anos, os métodos de Clark se mostraram mais do que eficientes, pois classificou sua turma em 1º lugar do município pelo 4º ano seguido. Como uma singela forma de reconhecimento, para se sentir mais permanente, lhe deram uma vaga no estacionamento, inclusive com seu nome gravado. Porém ele quer algo mais da vida e, assim, fala para seus pais que deixará o lugar, antes que usem a vaga como seu túmulo. Sonhando grande, ele vai a Nova York, mesmo sabendo que lá encontrará desafios bem maiores. Ele pretende ser professor no Harlem, apesar de dizerem que tem a cor errada. Ron tenta inutilmente encontrar emprego como professor e, para ter alguma renda, consegue um emprego de garçom. Ao passar na porta da Inner Harlem, uma escola de 1º grau, vê um professor se atracando com um aluno. Este fato faz com que o professor peça demissão e Clark consiga o emprego. Mas, para a surpresa do diretor, Ron quer ser professor da pior turma do colégio. Ninguém sabia, mas ele estava rescrevendo não apenas a sua história, mas também a de várias outras pessoas.
________________________________________________________________________________________
55 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Sd6SFmAaZr8, acesso em 19/04/2011.
29
Ampliando os conhecimentos 3 ________________________________________________________________________________________ Também há algumas coleções de sequências didáticas elaboradas para Ensino Fundamental, com propostas de ensino baseadas em gêneros de discurso/texto, que você pode conhecer:
Coleção Trabalhando com os Gêneros do Discurso56: esta é uma coleção de SDs voltadas ao Ensino Fundamental I-‐II, na qual cada volume é dedicado a um gênero específico. Coordenada pelo Grupo Graphe e por Jacqueline Barbosa e publicada pela Editora FTD, a coleção abrange os seguintes gêneros: receita, carta de solicitação e carta de reclamação, notícia, fábula, conto de fadas e narrativa de enigma.
Os Cadernos de Apoio e Aprendizagem57 da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-‐SP), destinados aos estudantes dos nove anos do Ensino Fundamental tiveram como critérios para seleção das atividades as dificuldades apresentadas pelos alunos na Prova São Paulo e na Prova da Cidade e o desafio que envolve o alcance das expectativas de aprendizagem contidas nos documentos de Orientações Curriculares. Na área de Língua Portuguesa, estes Cadernos foram preparados de modo a contemplar as seguintes esferas discursivas: jornalística, cotidiana, literária (prosa e poesia) e escolar. Há cinco SDs diferentes em cada um dos nove cadernos destinados aos 9 anos do EF. Você pode baixá-‐los, clicando no link acima.
________________________________________________________________________________________
56Fonte:http://www.ftd.com.br/editora-ftd-colecoes/D75/?colecao=4480, acesso em 15/04/2011.
http://www.ftd.com.br/editora-ftd-colecoes/D75/?colecao=4480 57Fonte:http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Anonimo/Cadernosdeapoio.aspx?MenuID=38&MenuIDA
berto=12, acesso em 17/04/2012.
30
Referências Bibliográficas ________________________________________________________________________________________ BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: _____. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1952-‐53/1979]. P. 261-‐306. 4. ed. BRONCKART, J.-‐P. Atividade de linguagem, textos e discursos: Por um interacionismo sociodiscursivo. São Paulo: EDUC, 1999. CHEVALLARD, Y. La transposition didatique: Du savoir savant au savoir enseigné. Paris: Ed. La Penseé Sauvage, 1991. DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. M. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. P. 95-‐128. Tradução e organização de R. H. R. Rojo e G. S. Cordeiro. ROJO, R. H. R. (Org.) A prática de linguagem na sala de aula: Praticando os PCNs. São Paulo/Campinas: EDUC/Mercado de Letras, 2000. ROJO, R. H. R. Modelização didática e planejamento: Duas práticas esquecidas do professor? In: KLEIMAN, A. B. (Org.) A formação do professor: Perspectivas da Lingüística Aplicada. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001. P. 313-‐335.
31
Tema: 2. Elaborando a sua SD...
Tópico 1 -‐ Elaborando sua SD... Um início de conversa... ________________________________________________________________________________________
A imagem ao lado está em um blog na Rede com o título Pausa para um TCC... Isso é o que vamos fazer neste e no próximo Tema de nossa disciplina. O intuito é ajudá-lo(a) a "botar a mão na massa" do seu Trabalho de Conclusão de Curso. No Tema 1, retomamos a ideia de que o ensino de Língua Portuguesa deve focar os gêneros textuais/discursivos que circulam na sociedade, mas que os alunos não dominam, ou dominam apenas parcialmente. Apresentamos, também, uma possibilidade de organização do trabalho com gêneros textuais/discursivos: as chamadas Sequências Didáticas (SDs).
Em seu TCC, como já é de seu conhecimento, você deverá comentar, com base nas teorias sobre as quais vem refletindo ao longo de seu Curso de Especialização, uma proposta de Sequência Didática (SD) sobre um ou mais gêneros de uma dada esfera que você escolheu (dentre cinco possibilidades), no início desta disciplina do Módulo 4, e que deverá aparecer anexada ao final de seu TCC. Neste Tema 2, nosso objetivo é, justamente, ajudá-lo(a) na elaboração dessa sua SD. Para isso, no primeiro Tópico, vamos fornecer orientações de modo que você já consiga dar uma primeira forma a ela. Em seguida, nos Tópicos 2 e 3, vamos analisar partes de duas SDs feitas por colegas seus: uma da esfera jornalística, abordando os gêneros manchete e reportagem, e outra da esfera das artes e mídias, abordando fotonovelas. O que esperamos é que, à medida que formos desenvolvendo nossas análises, você possa ter ideias e suporte para aprimorar a primeira versão de sua SD elaborada, preliminarmente, no Tópico 1. Então, vamos à nossa pausa... ________________________________________________________________________________________
32
Ponto de partida ________________________________________________________________________________________ No Tópico 3 do Tema 1 desta disciplina, após ter refletido sobre várias questões que envolvem a elaboração de uma Sequência Didática -‐ clique aqui para visualizar essas questões58 -‐, você foi convidado a escrever um breve plano de ação, elencando todas as ações e medidas que deve tomar para iniciar seu trabalho, e a postá-‐lo no seu Diário de Bordo.
Assim, o caminho para a elaboração da SD que irá analisar no seu TCC já foi demarcado. Agora, chegou a hora de você trilhar esse caminho: chegou a hora de você elaborar, de fato, a sua SD, retomando as respostas que deu a essas questões. Vamos botar a mão na massa, então? ________________________________________________________________________________________
58 Questões propostas no Tema 1.
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Questoes_Tema_1.pdf
33
Mãos à obra ________________________________________________________________________________________
Para que você possa elaborar sua Sequência Didática, é fundamental, em primeiro lugar, ter clareza de tudo que implica uma resposta à pergunta abaixo:
Para que você mesmo(a) tenha bem claro o que pretende ensinar com a SD que vai elaborar neste Tópico, recupere o que escreveu no Diário de Bordo do Tópico 3 do Tema 1 da nossa disciplina e preencha a versão em Word, que está disponível aqui59 e em Material de Apoio, do quadro ao lado. Depois de tê-‐lo preenchido, publique-‐o no seu Portfólio.
(Clique aqui60 para ampliar o Quadro)
59 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabelab_Tp1_TM2_MaO.doc, acesso 12/08/2012
60 Fonte: https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabelab_Tp1_TM2_MaO.pdf, acesso 12/08/2012
34
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Tendo definido o que pretende ensinar, é chegada a hora de determinar como fazê-‐lo. Vimos, no Tema 1/Tópico 3, que uma SD se organiza da seguinte maneira:
61 Logo, ela se inicia pela apresentação da situação ao aluno. Como vimos, nessa apresentação, o(a professor(a) deve combinar com os alunos uma situação-‐problema para motivá-‐los a se engajar nas atividades da Sequência Didática em questão, principalmente na produção final de um enunciado/texto no gênero62, que terá efetiva circulação social63. Logo, para construir essa apresentação da situação, você deve decidir primeiro qual será essa produção final de efetiva circulação. Vimos também que, nesse momento, é muito importante que fiquem claros para os alunos a situação, o gênero e o tema a serem trabalhados64. Se você julgar conveniente, pode pedir que os alunos leiam e analisem, ainda sem muito detalhamento ou condução de sua parte, alguns textos/enunciados no gênero em questão, para servir de modelo à produção inicial (diagnóstica) com que terminará essa apresentação inicial da situação e a partir da qual o(a) professor(a) poderia readequar os módulos inicialmente propostos, na hipótese de uma implementação da SD. Para fazer isso, será preciso que você já tenha levantado um corpus65 inicial de textos/enunciados interessantes no gênero em questão. Portanto: ao trabalho! Levante o conjunto de textos/enunciados, pense em uma situação-‐problema que crie a situação de produção dos textos dos alunos e vá redigindo a parte inicial de sua SD. Proponha algumas questões abertas para os alunos observarem os textos que você trouxe como corpus de observação. Veja um exemplo, clicando aqui66. ________________________________________________________________________________________
61 Sequência Didática. Fonte: RedeFor. 62 Na dependência do gênero que você escolheu, este enunciado/texto poderá ser uma produção oral (como um telejornal
ou um seminário escolar), escrita (como uma notícia ou verbete) ou multimodal (como um vídeoclipe, uma apresentação teatral).
63 Ou seja, será uma produção de verdade, que circule fora dos muros da escola, que não seja só para ser corrigida. Pode ser, por exemplo, um jornal para a comunidade em que a escola está situada, um vídeolog a ser montado pela turma na Internet etc.
64 Retome as descrições feitas no Quadro que postou em seu portfólio para orientar as descrições que fará para os alunos. 65 Conjunto representativo de dados que dá base a uma análise. No nosso caso aqui, um conjunto interessante e
representativo de textos/enunciados no gênero que você escolheu para ensinar. 66 O Redefor agradece aos autores a possibilidade de usar este exemplo.
35
Colocando os conhecimentos em jogo 2
Lembre-se, professor(a), de que essa primeira atividade de apresentação da situação e de discussão inicial sobre o(s) gênero(s)/esfera(s) escolhidos para ensino deverá culminar em uma primeira produção, por parte dos alunos, do objeto de ensino selecionado, seja ele uma notícia ou reportagem, um videoclipe remixado, uma resenha para fanzine, um debate oral em sala de aula, um rap, um conto, ou quaisquer outros textos/enunciados pertencentes ao(s) gênero(s)/esfera(s) que serão abordados.
Por meio dessa produção inicial, o(a) professor(a) poderá ter uma maior clareza a respeito do que seus alunos já sabem sobre o objeto de ensino e de quais os módulos mais importantes para melhorar suas capacidades discursivas nesses gêneros. Essa primeira produção confirmará ou não as previsões que você fez ao responder hipoteticamente, em sua tabela, à questão:
O que os alunos-alvo em potencial já saberiam sobre esse(s) gênero(s)?
Com base nessa produção, os próprios alunos já começarão a perceber o que precisam aperfeiçoar em termos de conhecimentos e práticas de produção dos gêneros selecionados.
Seria interessante também que essa produção inicial já fizesse parte de alguma maneira da situação-problema que rege a produção final, ou a ela estivesse ligada.
Vejamos um exemplo: se o projeto for um fanzine do grupo ou da turma, você pode solicitar uma primeira resenha crítica de uma banda, filme, minissérie ou game de que o aluno seja fã, pois a resenha e apreciação crítica é um gênero muito importante na composição dos fanzines.67
Ao final das atividades de apresentação da situação, você precisa elaborar uma instrução bem clara para essa produção inicial.
67 "Fanzine é uma abreviação de 'fanatic magazine', mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra
'magazine' (revista) com a sílaba inicial de 'fanatic' [fã]. Fanzine é, portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor ('faneditor'). Engloba todo tipo de temas, assumindo usualmente, mas não necessariamente, uma determinada postura política, com especial incidência em histórias em quadrinhos (banda desenhada), ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, jogos de computador e vídeo-games, em padrões experimentais." (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fanzine, acesso em 11/05/2012)
36
Colocando os conhecimentos em jogo 3
Agora, passemos aos Módulos que vão compor, cada um deles, uma seção de sua SD. Com as respostas às questões:
O que os alunos-alvo em potencial já saberiam sobre esse(s) gênero(s)?
e
Quais aspectos desse(s) gênero(s) seriam ensinados?
você já delimitou, preliminarmente, quantos e quais Módulos serão necessários. Mas é claro que poderá modificar sua escolha ao longo da elaboração de sua SD.
Em várias disciplinas de seu Curso de Especialização você viu que os gêneros textuais/discursivos circulam em certas esferas/situações de comunicação e, nelas, organizam as interações das pessoas, abordando certos temas (e não outros) e apresentando uma forma de composição e estilo relativamente estáveis. É importante que o aluno construa, em seu aprendizado sobre o gênero, uma representação consciente desses aspectos centrais do gênero em questão:
1) Como funcionam as situações de produção68 desse gênero em sua(s) esferas de circulação?
2) Quais temas69 são comumente abordados nesse gênero?
3) Como os textos/enunciados no gênero frequentemente se organizam70 ou se estruturam?
4) Que elementos de linguagens ou da língua71 são importantes para organizá-los assim?
5) Que estilos ou variedades de língua/linguagens72 costumam ser usados nesses textos /enunciados?
68 Muitas vezes, o conhecimento da história do gênero ajuda nessa abordagem do funcionamento da esfera e da situação. 69 Aquilo que é possível dizer em um enunciado desse gênero nesse contexto. O conteúdo temático mais frequente desses
gêneros. Por exemplo, nos fanzines são certos tipos de produtos culturais que são avaliados pelo fã-editor. Nos artigos de opinião, são questões sociais atuais polêmicas e controversas. Nos anúncios, produtos ou serviços que se pretende levar a audiência a consumir etc.
70 Ou seja, sua forma de composição: nas resenhas críticas que compõem os fanzines, essa forma será argumentativa, assim como nos artigos de opinião, pois ambos pretendem convencer o leitor a respeito de um ponto de vista ou posição. Nos anúncios, serão usadas imagens, cores, designs, slogans, para seduzir e persuadir o leitor a consumir produtos e serviços. Nos poemas e letras de canção, frequentemente se recorrerá a versos (métrica e rima) para provocar certos efeitos estéticos etc.
71 Aqui, entramos em uma análise propriamente linguística ou semiótica de elementos da língua ou das linguagens que compõem os enunciados do gênero; ou seja trabalhamos com uma gramática descritiva dos enunciados do gênero. Na argumentação - presente de formas diferentes nas resenhas críticas dos fanzines e nos artigos de opinião, certamente serão importantes a seleção do léxico, as modalizações e as modalidades apreciativas, os articuladores argumentativos. No anúncio, será necessária uma gramática da imagem, que leve em conta o valor das cores, os planos de tomada etc.
37
6) Que elementos de linguagens ou da língua73 são importantes para estilizá-los assim?
Você deverá distribuir essas análises e reflexões em atividades de leitura crítica de enunciados do gênero, de análise das formas e estilo dos gêneros e de produção de enunciados no gênero. Vejamos como isso pode ser feito!
72 Certos gêneros apresentam estilos muito rígidos e inflexíveis, como é o caso na esfera burocrática (formulários,
certidões, atas etc.) ou jurídica (artigos de lei, contratos, sentenças etc.). Nesses casos, podemos explorar essas escolhas fixas na língua padrão (verbos no imperativo, modalidades deônticas, etc.). Outros gêneros serão extremamente flexíveis à estilização, como é o caso dos gêneros das esferas cotidiana e artísticas (literária, musical, pictórica, cinematográfica). Nesses casos, deveremos analizar as propriedades estilísticas específicas de cada enunciado: as escolhas de léxico e variedade desempenham um grande papel na construção linguística do estilo de textos verbais; as escolhas de traços, preenchimentos, diagramação, montagem, por sua vez, dominam a estilização das imagens estáticas e em movimento; as escolhas de ritmo têm grande papel na música e assim por diante.
73 Novamente aqui, passamos a uma análise linguística ou semiótica desses elementos citados.
38
Colocando os conhecimentos em jogo 4
Você se lembra do comercial de cerveja74 que viu no Tópico 2 do Tema 1 (clique no link para revê-‐lo)? Suponha que ele faz parte do corpus que você origanizou para trabalhar com o gênero anúncio televisivo. Após situar o aluno quanto à análise das condições de produção de um anúncio desse tipo75, você pode direcionar o olhar dos alunos, por meio de suas perguntas, para os aspectos do gênero que tornam esse anúncio tão interessante. Dado o tema, o que há na forma de composição do vídeo e em seu estilo que torna o anúncio envolvente?
O tema é o produto a ser consumido a partir da propaganda. O que seduz o consumidor é não somente o produto em si (imagem do copo gelado em que se coloca cerveja) e a praticidade do barril para um contexto de festa, mas, principalmente, a caracterização da festa: pessoas jovens, bonitas, elegantes e ricas (sacolas de compras das moças), em uma festa animada.
Chama a atenção a forma de composição do vídeo: em vez de um simples vídeo da festa, opta-‐se por uma página diagramada como HQ, com as características da forma de composição da HQ (diagramação em quadros, onomatopeias, recordatórios como o da imagem ao lado: "10 horas depois..."). Só que, em vez de desenhos, temos, nos quadrinhos, fotos e vídeos concomitantes. A canção tema76 também compõe a forma do anúncio.
O que torna o estilo do comercial tão chamativo é justamente essa hibridação de HQ (forma de composição) com vídeo (estilização). Além disso, as escolhas de diagramação dos quadros são também estilosas, como você pode ver na imagem ao lado. O ritmo da batida constante da canção também sugere atividade, movimento, cotidiano ou uma festa com este tipo de batida (beat). (Clique nas imagens para ampliá-‐las)
74 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=jyCyctAH8pM, acesso em 11/05/2012. 75 Trata-se de uma anúncio da campanha de lançamento da Heineken Barril. Por isso, nele, é tão importante - como tema -
a organização e o desenrolar da festa, ocasião em que se consome maiores quantidades de cerveja e em que um barril pode ser prático.
76 A canção é "Tired", da jovem cantora inglesa Adele, cuja a marca registrada é a batida pop.
39
Colocando os conhecimentos em jogo 5
Naturalmente, não é o caso de você expor aos alunos uma análise como essa (ou qualquer outra), mas de conduzí-los nessa análise por meio de perguntas como:
• Qual a diagramação que se escolheu para este comercial?
• É própria de que gênero? • Qual a diferença entre o comercial e os textos
desse gênero? E assim por diante... Para conduzir uma análise de corpus é preciso apresentar alguns exemplares de textos/enunciados no gênero; convidar os alunos a uma leitura crítica78 desses textos/enunciados; analisar seus aspectos principais (linguísticos79 ou semióticos80). Portanto, suas seções da SD devem conter subseções de leitura, análise crítica e produção. Lembre-se também de que tudo na sua SD deve conduzir a um objetivo: o de fazer que seus alunos tenham condição de realizar a produção final. Quanto a isso, vimos no Tema 1/Tópico 3 que, para poder fazê-lo, os alunos deverão construir:
• uma representação da situação de comunicação da produção do
enunciado/texto; • uma elaboração mais densa dos conteúdos/temas que irão abordar em sua produção; • um planejamento de seu texto, que especifique todos os passos necessários • Isso inclui, quando se tratar de textos ou objetos digitais, o domínio das ferramentas de produção
(editores de texto, áudio, imagem e vídeo, etc.), que, caso não tenham, os alunos deverão ser orientados a buscar. para a produção;
• para finalmente chegarem à realização do texto/enunciado da produção final. Para que possam fazê-lo, você deverá propor atividades e um tempo (número de aulas) específicos.
Finalmente, essa produção também deve efetivamente ser publicada (dada a público), de acordo com a situação proposta inicialmente, seja na comunidade em que a escola se situa, seja na WWW.
77 Fonte: http://ordinarycomics.blogspot.com.br/, acesso em 11/05/2012. 78 Para conduzir uma leitura crítica dos textos/enunciados, você poderá se apoiar nos temas da LP004. 79 Para uma análise dos aspectos verbais ou linguísticos dos textos nos gêneros, você pode se beneficiar do que está
estudando na LP007, mas também, na dependência dos gêneros que escolheu, do que aprendeu nas LP002, LP003, LP004 e LP006.
80 Para esses, você pode se valer dos conteúdos da LP005.
(Clique na imagem77 para ampliá-la)
40
Finalizando... Bem, esperamos que, ao longo desta semana e da leitura deste primeiro Tópico do Tema 2, você tenha escrito uma primeira versão, ainda que provisória ou parcial, de sua SD. Ao longo da semana, você também pode se valer do Fórum de Dúvidas para discutir com seus colegas e tutor(a) as eventuais dúvidas ou problemas que tenham surgido. No Fórum agendado para esta semana, participe tendo em mente as questões abaixo:
1. Que dificuldades você vem enfrentando na tarefa de planejar a SD que irá analisar no seu TCC?
2. Como você tem tentado ou espera tentar contornar essas dificuldades?
Se não conseguiu escrever a primeira versão de sua SD a contento durante a semana, invista seu final de semana nisso, pois, nos dois próximos Tópicos, vamos analisar duas SDs feitas por colegas seus (uma da esfera jornalística -‐ manchetes e reportagens -‐ e outra da esfera de artes e mídias -‐ fotonovela) para que você possa ir tendo ideias, completando, revendo e detalhando sua própria SD, inspirado(a) nessas análises. Ao final do terceiro Tópico, ao invés de uma dissertação -‐ como sempre faz -‐ você postará em seu Portfólio essa primeira versão revista de sua SD para avaliação pelo seu/sua tutor(a). LEMBRE-‐SE, sua SD tem um limite máximo de 20 páginas. Por isso, coragem, mão na massa e bom trabalho!
41
Tópico 2 -‐ Sequência Didática na Esfera Jornalística Ponto de partida________________________________________________________________________________________ No início desta disciplina, na primeira semana, cada um de vocês foi convidado a escolher o(s) gênero(s) que circulam em uma dada esfera para compor a sequência didática que será descrita e comentada em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Os livros didáticos sempre trouxeram textos para leitura e análise. Nos mais antigos, só entravam textos literários, considerados representantes legítimos da norma culta, do bem escrever e que permanecia como um ideal até mesmo para a modalidade oral. Essa realidade passou por várias mudanças e muitos livros didáticos, nos últimos anos, vêm trazendo vários gêneros de textos, buscando familiarizar os alunos com o extremamente diversificado mundo de textos em que ele vive.
Contudo, na maioria das vezes, esses textos são apresentados como modelos que o aluno certamente reconhece (principalmente pela forma, pela diagramação...), mas não chega a ter deles uma leitura crítica. Essa capacidade, que demanda a interpretação do conteúdo segundo as condições de produção de cada texto (Quem escreve? Para quem? Com que finalidade? Usando qual meio?) é facilitada, em muito, por outra experiência fundamental: a experiência de produzir um texto semelhante. É produzindo que o aluno descobre que pode viver a experiência de "ser" um jornalista, um poeta, um publicitário e aprende a avaliar a produção de cada um desses profissionais.
42
Mãos à obra ________________________________________________________________________________________ Para que possamos desenvolver adequadamente este Tópico, vocês devem ler, obrigatoriamente, a Sequência Didática "O jornal e as suas diferentes linguagens", bem como o "Manual do Educador" que a acompanha -‐ ambos postados no Teleduc. Essa SD foi elaborada por professores de Língua Portuguesa em formação81. As autoras tinham em mente uma turma de alunos do primeiro ano do Ensino Médio que não tinham domínio dos diferentes gêneros que circulam na esfera jornalística, particularmente aqueles veiculados por jornais impressos. Veja, em primeiro lugar, o Quadro de Análise desta SD82, para observar as descrições que nele foram feitas. Para acessá-‐lo, clique aqui83. Considerem, em sua leitura desta SD, as seguintes questões: Como as autoras justificam a escolha da esfera focalizada nessa SD? Que gênero(s) da esfera jornalística as autoras privilegiam? Que aspectos específicos desse(s) gênero(s) elas escolheram para ensinar? Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produção, análise da língua e das linguagens) esses aspectos se enquadram?
81 A sequência didática “O jornal e as suas diferentes linguagens” foi elaborada, em 2008, durante as disciplinas Estágio
Supervisionado I e II do Curso de Letras da Unicamp. De autoria de Ana Paula Armelin Ninci, Angélica Cagnan e Roberta Caroline Silva Salomão, à época graduandas desse curso, a SD é composta por duas unidades e um manual de orientação. O REDEFOR agradece às autoras pela permissão para utilização desse material no seu Curso de Especialização em Língua Portuguesa.
82 Este Quadro de Análise retoma aquele que você elaborou, no Tópico 1 deste Tema 2, para planejar e iniciar sua SD. Use-o para comparar com o seu e completá-lo/retocá-lo, caso seja necessário.
83 Tabela 2 - SD da esfera jornalística
43
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Segundo Rodrigues (2000, p. 214),
a entrada dos diferentes gêneros jornalísticos na escola como objetos de ensino/aprendizagem encontra seu respaldo na necessidade de compreensão e domínio dos modos de produção e significação dos discursos da esfera jornalística, criando condições para que os alunos construam os conhecimentos linguístico-‐discursivos requeridos para a compreensão e produção desses gêneros, caminho para o exercício da cidadania.
84 Os gêneros da esfera jornalística circulam essencialmente em jornais (impressos e digitais), em revistas (impressas e digitais) e em programas de rádio e de televisão. O que determina o pertencimento de um gênero a essa esfera é, principalmente, o fato de ele ter o propósito de informar e de formar opinião. Os gêneros característicos dessa esfera são: manchete, notícia, reportagem, entrevista, editorial, artigo, resenha, crônica, classificados, charge, caricatura, carta do leitor, tirinha etc. ________________________________________________________________________________________
84 Fonte: http://www.sxc.hu/photo/340487, acesso em 17/06/2011.
44
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________
Como vocês observaram em sua leitura, as autoras privilegiam dois dos principais gêneros que compõem o jornal impresso: a manchete e a reportagem. Vejamos, em primeiro lugar, os aspectos específicos do gênero manchete que as autoras escolheram para ensinar:
• elas chamam a atenção dos alunos para a diagramação da primeira página do jornal na qual se encontram as manchetes (ver p. 8 da SD), que são os títulos de maior destaque e que têm por função despertar o interesse do leitor para as notícias e reportagens mais importantes do dia, antecipando, de forma resumida, seus conteúdos.
• com base em dois jornais bastante conhecidos da região de Campinas, São Paulo, as autoras destacam, de forma contextualizada (ver p. 3), a maneira como as linguagens verbal e não-‐verbal utilizadas em manchetes funcionam como índices que contribuem para indicar o público-‐alvo de cada jornal.
• por fim, elas exploram a linguagem de algumas manchetes, convidando os alunos a refletir, criticamente, sobre as diferentes posições assumidas pelos jornais, ainda que não explicitamente (ver p. 5 e 6).
• no primeiro conjunto de manchetes (p. 5), uma delas é destacada para que se discuta um problema relevante e frequente, não apenas em manchetes de jornais -‐ a ambiguidade -‐, que os alunos são chamados a desfazer, re-‐escrevendo o pequeno texto.
• uma questão linguística explorada é o efeito de sentidos provocado pelo uso, em uma manchete específica, do operador argumentativo "até" e o seu papel no grau de (im)parcialidade do jornal.
Os aspectos do gênero manchete trabalhados pelas autoras são retomados na atividade "Descobrindo em Grupos" (p. 7): nela, os alunos são levados a refletir sobre a linguagem utilizada em manchetes acerca de uma mesma notícia, de modo a verificar, a partir de elementos linguísticos e extralinguísticos, o grau de objetividade e (im)parcialidade de cada um dos jornais escolhidos pelos grupos.
45
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Na SD "O jornal impresso e suas diferentes linguagens", as autoras trabalham, além do gênero manchete, o gênero reportagem. Como estratégia de apresentação do gênero, a reportagem é introduzida por meio de uma atividade interativa. Em seguida à leitura da primeira reportagem escolhida, "Espectador prefere filme dublado" (p. 2), as autoras propõem uma atividade em grupo orientada por perguntas. Observem que as perguntas dirigidas aos alunos destacam o propósito comunicativo da reportagem. Além de manterem o foco no tema, levam cada grupo a assumir atitudes responsivas, a se posicionar como espectador capaz de opinar sobre o tema da reportagem e de verificar de que forma está contemplado nas estatísticas que confirmam a preferência destacada no título. A última pergunta, agora individual, retoma a questão da importância do jornal impresso, destacada na abertura da SD. Com base na segunda reportagem (p. 4), as autoras destacam as características do gênero: recuperar informações atualizadas e detalhadas sobre fatos recentes e de grande repercussão ou sobre temas de interesse do público-‐alvo do jornal. A atividade proposta tem por objetivo levar o aluno a identificar características da reportagem; o uso de fontes -‐ especialistas, material coletado, pessoas envolvidas -‐ que conferem veracidade e credibilidade à matéria jornalística. A questão da veracidade e da credibilidade pode ser debatida a partir do filme sugerido pelas autoras: Todos os homens do presidente -‐ uma reportagem investigativa que se transforma em denúncia, provocando a queda do presidente dos Estados Unidos. Finalizando a SD, as autoras pedem aos alunos que escolham uma notícia atual e componham, em grupos, uma pequena reportagem, em uma atividade de produção de texto.
46
Colocando os conhecimentos em jogo 4 As atividades da SD "O jornal e as suas diferentes linguagens", envolvendo os gêneros manchete e reportagem, se enquadram, como se pode perceber, nos eixos de ensino leitura, análise de língua e de linguagens e produção de textos escritos. No entanto, é preciso atentar para o fato de que suas autoras não negligenciam o desenvolvimento da competência para a compreensão e para uso da língua portuguesa em sua modalidade oral: no seu plano de ensino, os alunos são convidados, em vários momentos, a discutirem, em grupos, questões referentes aos textos lidos. Além disso, a partir do visionamento de um documentário sobre a polêmica acerca da substituição dos jornais impressos por jornais on-‐line, os alunos são também estimulados a debater e a se posicionar, oralmente, sobre o assunto (ver p. 7 da SD e p. 5 do Manual para Educadores). Assistam, a seguir, ao vídeo gerador do debate sugerido pelas autoras:
85
85 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=v999vDX0ma4&feature=related , acesso 07/05/2011.
47
Atividade Autocorrigível 3________________________________________________________________________________________ A partir do que lemos na sequência didática O Jornal e as suas diferentes linguagens, é correto afirmar que, nessa SD, as autoras: I. focalizam todos os gêneros que circulam na esfera jornalística II. procuram abarcar alguns dos aspectos passíveis de serem ensinados sobre os gêneros que escolheram para focalizar III. tentam fazer com que os alunos percebam como a linguagem empregada por diferentes jornais em suas manchetes produzem diferentes efeitos de sentido IV. privilegiam apenas o ensino da língua portuguesa em sua modalidade escrita V. abordam o ensino de marcadores argumentativos de forma descontextualizada
a)86 apenas as afirmações I, II são corretas; b)87 apenas as afirmações II e IV são incorretas; c)88 apenas as afirmações II e III são corretas; d)89 apenas as afirmações IV e V são corretas e)90 todas as afirmações são corretas.
86 Tente novamente. 87 Tente novamente. 88 A alternativa c) está correta porque (II) as autoras procuram ensinar alguns aspectos dos gêneros com os quais
decidiram trabalhar (manchete e reportagem) e (III) fornecem evidências de que as manchetes de jornais não são enunciados neutros; ao contrário elas orientam a leitura da matéria que anunciam.
89 Tente novamente. 90 Tente novamente.
48
Finalizando... ________________________________________________________________________________________ Certamente, a SD que analisamos não é perfeita -‐ afinal, ela foi elaborada por alunas de um curso de graduação! Mas, ela tem inúmeras qualidades. Esperamos que você tenha se inspirado nessas qualidades para retocar e ampliar sua própria SD. Na SD que estudamos neste Tópico, o ensino de Língua Portuguesa é todo contextualizado -‐ não há nenhuma tentativa de ensinar qualquer aspecto da língua fora de um contexto de uso. Outra qualidade é que ela foca o jornal impresso, apresentando-‐o como um meio cultural de difusão de informação e conhecimento importantes na vida contemporânea. E a seleção que se fez dos gêneros que circulam em jornais impressos foi muito feliz: sempre que paramos em qualquer banca de jornal, automaticamente, a maior parte das pessoas lê as manchetes e, se por elas se interessarem, vão em busca das reportagens, que elas anunciam. Hoje em dia, também buscamos notícias e entretenimentos em outras mídias como a TV, o rádio e a mídia digital. Mesmo com o advento das novas tecnologias, o jornal impresso continua importante, ainda que por outros motivos que não o explicitado, com muito humor, no vídeo abaixo.
91
91 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=bflf-l5FG7U , acesso em 07/05/2011.
49
Tópico 3 -‐ Sequência Didática na Esfera Artes/Mídias Ponto de Partida ________________________________________________________________________________________
A fotonovela -‐ um gênero voltado para o entretenimento e tradicionalmente publicado em revistas populares destinadas ao público feminino -‐ foi, durante muito tempo, mal recomendada e, por isso mesmo, vista, por educadores, como indigna de ser objeto de ensino. Veja, clicando aqui92, o que o verbete "fotonovela" no E-‐dicionário de Termos Literários tem a dizer sobre esse gênero. Observe a forma como sua linguagem e seu público são qualificados: personagens e roteiros estereotipados, público pouco exigente, com pouca formação e de baixo poder econômico, linguagem redundante, fotografia de baixa qualidade artística devido à preocupação dos editores com o consumo rápido das revistas e com o lucro fácil.
Esse tipo de caracterização, segundo Joanilho e Joanilho (2008, p. 531), fortalece a noção, assumida por muitos, de que a fotonovela é "a prima pobre dos subgêneros literários" e, quando citada em trabalhos acadêmicos, funciona [...] como contra-‐exemplo, uma não literatura, ou meramente um produto da cultura
de massa, que não tem outro objetivo além de caçar níqueis nas carteiras de consumidores desavisados ou não suficientemente educados para evitar produto tão enganoso. Ainda tem um lado mais perverso: funcionar como anestésico da consciência popular.
Os autores entendem que essa caracterização obedece à dicotomia simplista, proposta por uma elite, entre arte erudita e arte popular93. E, mais ainda, ressaltam que devemos fugir de uma simples rejeição do gênero, já que ele se presta a análises sociológicas e históricas acerca de "práticas culturais que podem muito bem nos explicar formas de organização social e modo de agir no cotidiano" (p. 547). Se você quiser -‐ logo de saída -‐ ter elementos para rebater as opiniões depreciativas sobre o gênero fotonovela, clique na imagem do trailer da fotonovela digital "O último cigarro"94, de Fabiano Vianna (FABZ), ao lado.
___________________________________________________________________________________
92 Fonte: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=213&Itemid=2, acesso em
18/05/2011. 93 Fonte: http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=213&Itemid=2, acesso em
18/05/2011. 94 O último cigarro - Trailler. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=DH3BAl3dS5w, acesso em 14/05/2012.
50
Mãos à obra ________________________________________________________________________________________ Mas e do ponto de vista pedagógico? Como justificar a utilização do gênero fotonovela para compor uma sequência didática? Que forma uma SD como essa pode ter? Esse são os temas que iremos discutir neste Tópico de nossa disciplina. Para que possamos discutir uma possibilidade interessante de trabalho com a fotonovela na sala de aula de Língua Portuguesa, vocês devem ler, agora, o texto Oficina de Fotovela, postado no Teleduc. Elaborado pelo professor Eduardo de Moura Almeida95, em colaboração com Jacqueline Peixoto Barbosa, esse texto apresenta uma Sequência Didática voltada para alunos de 7ª e 8ª séries (8º e 9º anos) do Ensino Fundamental. Como no Tópico 2, também elaboramos um Quadro de Análise desta SD para que você possa contrastar com seu Quadro de planejamento de sua SD. Para visualizá-‐lo, clique aqui96. Considerem, em sua leitura desta SD, as seguintes questões:
• Que aspectos específicos desse gênero os autores escolheram para ensinar? • Em que eixos de ensino (leitura/escuta, produção, análise da língua e das linguagens) esses
aspectos se enquadram?
________________________________________________________________________________________
95 Agradecemos aos autores por nos permitirem utilizar este trabalho no Curso de Especialização em Língua Portuguesa
do Programa REDEFOR. 96 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Tabela3_Tp3_TM2_MaO.pdf, acesso em 12/08/2012
51
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ Embora as fotonovelas circulem na esfera jornalística (revistas), elas não são propriamente um produto dessa esfera (não informam, não formam opinião), mas servem ao entretenimento e à apreciação estética. Assim, a fotonovela pode ser caracterizada como um gênero da esfera das ARTES (da imagem) e das MÍDIAS (impressa/digital). A escolha desse gênero no ensino de Língua Portuguesa justifica-‐se porque ele permite o desenvolvimento da capacidade de leitura/produção de textos multimodais, isto é, de textos que utilizam diferentes linguagens, e possibilita que os alunos entrem em contato com diferentes manifestações artísticas, como a fotografia, o cinema, a novela e os quadrinhos. E é justamente devido a essas características que esse gênero tende a mobilizar fortemente os alunos. Além disso, trazer para o interior da sala de aula práticas de letramento nas quais alunos, principalmente aqueles provenientes das camadas populares, efetivamente se engajam fora da escola é algo, como argumentam Rojo e Moura (2011)97, em que a escola precisa investir. A esse respeito, Ribeiro Junior (2011), em seu texto "O audiovisual na escola: Dominação ou transformação" -‐ clique aqui98 para lê-‐lo na íntegra -‐ afirma que, [...] em uma sociedade na qual a comunicação audiovisual tornou-‐se uma hegemonia, não haverá competência comunicativa se os códigos da expressão audiovisual não forem dominados. O ideal seria que os alunos fossem capazes não somente de compreendê-‐los em profundidade, mas também de expressar-‐se por intermédio deles.
________________________________________________________________________________________
97Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_I35.jpg, acesso em 12/08/2012
98Fonte:http://www.ufscar.br/rua/site/?p=3885, acesso em 12/08/2012
52
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Para o autor, o diálogo entre cultura escrita e audiovisual revela a educação como "um processo crítico e humanizador em sintonia com a contemporaneidade". É claro que a inclusão de fotonovelas -‐ assim como de qualquer outro gênero que envolva não apenas textos escritos mas também outras formas de linguagem, outras formas de comunicação -‐ no rol de gêneros a serem trabalhados na sala de aula exige do profissional da educação uma "virada pedagógica". Tal mudança envolve uma predisposição do professor para, livrando-‐se do "porto seguro" representado pelo livro didático e colocando os alunos no papel de autores e protagonistas de seu processo de aprendizagem, incorporar propostas pedagógicas que podem, muitas vezes, "escapar de seu controle". Essa "perda de controle", no entanto, pode ser extremamente salutar, como atesta a experiência descrita no vídeo abaixo.
99 ________________________________________________________________________________________
99 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=1lKi7zqBnko&feature=related , acesso em 07/05/2011.
53
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Para deixar mais clara a forma como a "Oficina de Fotonovela" está organizada, vamos, ao longo da análise desse material, ilustrar o modo como as seções e atividades propostas se encaixam na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), discutida no Tópico 3 do Tema 1 desta disciplina, e cujo esquema (p. 98) adaptamos para a SD estudada agora. Após apresentarem, com clareza, os objetivos da tarefa proposta aos alunos -‐ a elaboração de uma fotonovela -‐, os autores elencam as 5 seções e 8 atividades que compõem a sequência didática (por eles denominada "oficina"). A primeira seção prevê 2 atividades que permitem avaliar o que os alunos já sabem sobre o gênero: na Atividade 1, pede-‐se que eles digam, oralmente, o que acham que as fotonovelas têm, ou não, em comum com os quadrinhos e as novelas de TV e, em seguida, solicita-‐se que escrevam suas próprias definições desse gênero. A Atividade 2 procura aferir o que os alunos conhecem sobre a linguagem dos quadrinhos. Para tanto, os autores solicitam um exercício de preenchimento de balões e quadros de uma pequena sequência narrativa de fotonovela.
(Clique aqui100
para ampliar a imagem) ________________________________________________________________________________________
100 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_T3_P5_zoom.jpg, acesso em 12/08/2012
54
Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________
(Clique aqui101
para ampliar a imagem)
As seções II e III são dedicadas ao ensino de aspectos do gênero fotonovela propriamente dito. As Atividades 3, 4 e 5 da seção II trabalham, com base nos quadrinhos já apresentados e de forma lúdica, temas, personagens, dramas e conflitos que caracterizam uma fotonovela. Simulando uma novela televisiva, o professor apresenta os personagens e conta parte da narrativa, que suspende com o anúncio "Não perca as cenas das próximas aulas". São sugeridas atividades de leitura de fotonovelas (duas atuais e uma mais antiga) na Internet -‐ que funcionam como modelos para os alunos -‐ e um exercício voltado para a construção e descrição (nomes e características psicológicas) dos personagens da fotonovela que os alunos vão criar. Esse exercício culmina com uma produção escrita. Na Atividade 5, o foco é a apresentação do conflito da fotonovela em elaboração. Orientados por perguntas feitas em tom novelesco, os alunos discutem em grupo possíveis rumos na construção do conflito. A Atividade 6 (Seção III) trabalha possibilidades de planos fotográficos a partir de três enquadramentos da protagonista da fotonovela. Observe-‐se que a aquisição desse novo conhecimento será útil para que os alunos possam "ler" criticamente imagens estáticas (fotos e desenhos ou ilustrações) também em outros contextos, como em filmes e HQs. ________________________________________________________________________________________
101Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_cont
exto/LP_D8_T2_T3_P5_zoom.jpg,acesso em 12/08/2012
55
Colocando os conhecimentos em jogo 5 ________________________________________________________________________________________ Na Seção IV, os alunos recebem orientações, passo a passo, para a tarefa de produzir, eles mesmos, uma fotonovela. A Atividade 7 refere-‐se à construção dos elementos textuais e narrativos desse gênero. Para isso, são retomadas as atividades já realizadas (a criação dos personagens e a construção do conflito) que serão, agora, mais detalhadas. Os alunos devem escolher os colegas que vão "posar" como personagens, pensar os cenários que também serão fotografados, de acordo com a narrativa planejada, criando, por fim, o seu desfecho (é nesse momento que os alunos vão, finalmente, saber como termina a história que o professor vem contando enquanto ensina). Na Atividade 8, prevê-‐se que os alunos façam uma atividade de escrita produzindo o roteiro e uma prévia em quadrinhos -‐ ou storyboard102 -‐ da fotonovela que eles mesmos irão produzir. Instruções sobre como montar digital ou manualmente essa fotonovela são dadas em seguida.
(Clique aqui
103 para ampliar a imagem)
102 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Storyboard, acesso em 18/05/2011. 103 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_T3_P7_zoom.jpg, acesso em 18/05/2011
56
Colocando os conhecimentos em jogo 6 ________________________________________________________________________________________
(Clique aqui104 para ampliar a imagem) Por fim, os autores propõem uma última seção -‐ a Seção V -‐ com o objetivo de possibilitar três formas de avaliação. Na primeira, os alunos têm a oportunidade de se autoavaliar, refletindo sobre o processo de aprendizagem que vivenciaram. Em seguida, eles avaliam os trabalhos realizados pelos colegas e, por último, a própria oficina da qual participaram. Ah... e ficam sabendo o que aconteceu com José Augusto e Maria das Dores...
104 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T2_T3_P8_zoom.jpg, acesso em 18/05/2011
57
Finalizando________________________________________________________________________________________ Nos Tópicos 2 e 3 deste Tema, analisamos duas Sequências Didáticas, na expectativa de que essas análises pudessem servir de apoio para que você, professor(a), pudesse inspirar-‐se e tomar decisões acerca da Sequência Didática que está elaborando para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Você, certamente, trabalhou duro, nas três semanas deste Tema 2, para dar forma a uma primeira versão da SD que será analisada no seu TCC. Agora é hora de você fazer uma última revisão em sua proposta, adicionar as imagens -‐ clique aqui105 para ver um tutorial de edição de imagens no Word -‐, diagramá-‐la e postá-‐la em seu Portfólio para ser comentada e avaliada por seu/sua tutor(a).
ATENÇÃO: Sua SD no formato final não deve extrapolar o limite de 20 páginas A4. ________________________________________________________________________________________
105 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/TUTORIAL_Imagens_SD.pdf, acesso em 18/05/2011
58
Ampliando os conhecimentos 1 ________________________________________________________________________________________
A seleção de anúncios publicados no Jornal O Estado de S. Paulo desde 1876 feita pelo jornalista Cley Scholz106 e reunida em um vídeo reflete as diversas mudanças culturais e históricas em nosso país que fizerem com que o gênero "anúncios de produtos" tenha se modificado significativamente. Veja esse vídeo clicando aqui107. A Revista Nova Escola de setembro de 2004 traz uma matéria ("Jornal na sala de aula: leitura e assunto novo todo dia") que oferece boas "dicas" de como utilizar o jornal em aulas de Língua Portuguesa. Se quiser ler essa matéria,
clique aqui108. Aprenda mais sobre a utilização do gênero reportagem em sala de aula, lendo o artigo de Conceição Aparecida Kindermanm intitulado "A produção textual a partir do gênero reportagem: O jornal na sala de aula" e publicado nos Anais do 6º Encontro Celsul -‐ Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul. Clique aqui109 para baixar esse artigo.
Veja uma outra experiência, desta vez em aula de História, que se utilizou do gênero fotonovela para ensinar História Antiga, clicando aqui110. ________________________________________________________________________________________
106 Fonte: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/category/industria-nacional/, acesso em 24/06/2011. 107 Fonte: http://blogs.estadao.com.br/renato-cruz/reclames-do-estadao/, acesso em 18/05/2011. 108 Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/jornal-sala-aula-423555.shtml, acesso em
18/05/2011. 109 Fonte: http://www.celsul.org.br/Encontros/06/Individuais/28.pdf, acesso em 20/05/2011. 110 Fonte: http://educaja.com.br/2011/02/fotonovela-em-aula-de-historia.html, acesso em 18/05/2011.
59
Ampliando o conhecimento 2 ________________________________________________________________________________________
O Preço de uma Verdade Título original: (Shattered Glass) Lançamento: 2003 (EUA) Direção: Billy Ray Atores: Hayden Christensen, Peter Sarsgaard (Charles Lane) Chloë Sevigny, Rosario Dawson, Melanie Lynksley. Duração: 103 min Gênero: Drama Sinopse Stephen Glass (Hayden Christensen) é um jornalista que consegue entrar para a equipe principal do jornal The New Republic, de Washington. Entretanto, dos anos em que trabalha na redação, mais da metade dos textos de sua autoria ou foram inventados ou copiados, o que não impede seu crescimento. Porém sua fama vai por água abaixo após sua farsa ser descoberta. Para ler uma resenha sobre o filme, clique aqui111. Para ver o trailer, clique aqui112. Janela Indiscreta Título original: (Rear Window) Lançamento: 1954 (EUA) Direção: Alfred Hitchcock Atores: Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr. Duração: 107 min Gênero: Ficção Sinopse Em Greenwich Village, Nova York, L. B. Jeffries (James Stewart), um fotógrafo profissional, está confinado em seu apartamento por ter quebrado a perna enquanto trabalhava. Como não tem muitas opções de lazer, vasculha a vida dos seus vizinhos com um binóculo, quando vê alguns acontecimentos que o fazem suspeitar que um assassinato foi cometido. Para ler uma resenha sobre o filme, clique aqui113. Para ver o trailer, clique aqui114.
________________________________________________________________________________________
111 Fonte: http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/cultura/quarent2/cultura1.htm, acesso em 11/05/2012. 112 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=FRfNHzQlOus, acesso em 11/05/2012. 113 Fonte: http://cynemaikrytyka.blogspot.com.br/2010/11/resenha-critica-dos-filmes-janela.html, acesso em 11/05/2012. 114 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rcRHVQop4BM, acesso em 18/05/2011.
60
Referências bibliográficas 1 ________________________________________________________________________________________ ALMEIDA, E. M.; BARBOSA, J. P. Oficina de fotonovela, 2010. Disponível em:<http://www.rededosaber.sp.gov.br/contents/seguranca/GestaoPesquisa/main/file_dmp/PraticasPedag2009/LP_EF_J.pdf>, acesso em: 14/05/2011.
CARETTA, A. A. As formas da canção nas diversas esferas discursivas. Estudos Linguísticos, v.37, n.3, p. 17-24. São Paulo: GEL, 2008. Disponível em:<http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/37/EL_V37N3_02.pdf>, acesso em: 14/05/2011.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências Didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. (Orgs.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. P. 95-128.
GULGUEIRA, G.; BUSNARDO, C. R.; MODENEZ, J. C.; TONINI, N. S. Folhetos de Cordel. Excerto de SD em elaboração para a disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Letras-Noturno do IEL/UNICAMP, inédito.
JOANILHO, A. L.; JOANILHO, M. P. G. Sombras Literárias: A fotonovela e a produção cultural. Revista Brasileira de História, v. 28, n. 56, p. 529-548. São Paulo, 2008. Disponível em : <http://www.scielo.br/pdf/rbh/v28n56/13.pdf>, acesso em: 14/05/2011. NINCI, A. P. A.; CAGNAN, A.; SALOMÃO, R. C. S. O jornal e suas diferentes linguagens. Campinas: IEL/UNICAMP, 2008. Trabalho de final de estágio (inédito).
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: Configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKY, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Orgs.) Gêneros textuais: Reflexões e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. P. 23-36.
61
Referências bibliográficas 2 ________________________________________________________________________________________ RIBEIRO JUNIOR, D. O audiovisual na escola: Dominação ou transformação, 2011. Disponível em: <http://www.ufscar.br/rua/site/?p=3885>, acesso em: 08/05/2011. RODRIGUES, R. H. O artigo jornalístico e o ensino da produção escrita. In: ROJO, R. H. R. (Org.) A Prática de linguagem em sala de aula: Praticando os PCNs. São Paulo: EDUC; Campinas, SP: Mercado de Letras, 2000. P. 207-‐220. ROJO, R. H. R.; MOURA, E. Vidding: Uma leitura subversiva do cânone, 2011 (no prelo). SODRÉ, M. Best-‐seller: A literatura de mercado. São Paulo: Ática, 1985.
62
Tema: 3. Redigindo e apresentando o TCC...
Tópico 1 -‐ A composição do TCC Um início de conversa 1 ________________________________________________________________________________________ Quantas vezes não falamos tranquilamente para nossos alunos: "Agora, vamos fazer uma redação!" Não são poucos os que reclamam dessa tarefa porque quase nada é muito simples de ser traduzido em palavras escritas... No entanto, escrever é preciso. É provável que vários de vocês, neste final de curso, estejam preocupados, receosos, nervosos com a "redação" que deverão nos entregar em poucos meses.
Mas será mesmo que elaborar esse TCC precisa ser algo tão estressante, algo que os deixe tão preocupados? Afinal de contas, trata-‐se de apresentar e discutir um planejamento de unidade de ensino (Sequência Didática) de uma disciplina que é a de vocês. Temos certeza de que, apoiados em sua experiência, dedicação ao curso e uma boa dose de disciplina e organização, a tarefa será muito mais tranquila do que esperam. E para tranquilizá-‐los ainda mais, vamos conversar com vocês, nos dois primeiros tópicos deste Tema 3, sobre algumas orientações que devem seguir ao redigir o seu TCC. Essas orientações estão de acordo com as principais recomendações fornecidas pela Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP -‐ que vocês já conhecem de outras disciplinas -‐ e seguem as orientações da ABNT -‐ Associação Brasileira de Normas Técnicas115. No Tópico 1, vamos focalizar o que deve constar nas páginas iniciais do trabalho (os "paratextos"). Considerações sobre a redação do texto propriamente dito e das Referências Bibliográficas é o que nos propomos a fazer no Tópico 2. ________________________________________________________________________________________
115
Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I06.jpg, acesso em 18/05/2011
63
Um início de conversa 2 ________________________________________________________________________________________ Finalmente, no Tópico 3, vamos discutir a elaboração de resenhas e a confecção do pôster que deverá ser apresentado nos Encontros de Apresentação do TCC. Com tudo isso, esperamos convencê-‐los, como bem nos lembra a canção116 do vídeo abaixo, que a elaboração do seu TCC não é motivo para desesperar... jamais!
117 ________________________________________________________________________________________
116 Fonte: http://letras.terra.com.br/ivan-lins/258963/#selecoes/258963/, acesso em 01/07/2011. 117 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=d5QWcGh9aPo, acesso em 24/05/2011.
64
Ponto de partida________________________________________________________________________________________ Para redigir o seu Trabalho de Conclusão de Curso, você precisa, em primeiro lugar, conhecer a forma como esse tipo de texto acadêmico se estrutura. A figura abaixo sintetiza essa estruturação:
118 Todas as páginas do seu TCC, exceto a capa, deverão ser numeradas. As páginas iniciais (da folha de rosto ao sumário) deverão ser numeradas utilizando-‐se algarismos romanos em sua forma minúscula. A partir da Introdução até o final do trabalho, incluindo as referências e o anexo, devem ser numeradas em arábico. Os números das páginas deverão figurar ao pé da página e centralizados, como no que segue:
119
(Clique nas imagens120 para ampliá-‐las) Observe que o seu TCC deve ter no máximo 20 páginas, contadas a partir da Introdução (sem considerar as referências e o anexo -‐ sua SD). Neste primeiro Tópico, vamos focalizar as páginas iniciais do TCC, tudo bem?
118 Estrutura do TCC 119 Páginas iniciais 120/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I07.png ;
/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I05.png
65
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ A capa do seu TCC deve conter o nome (e o logotipo) da instituição e da unidade onde o trabalho será defendido, a autoria e o seu título, bem como o local e o ano em que ele foi completado. A folha de rosto, por outro lado, deve incluir informações acerca do nível e do curso efetuado.
(Clique nas imagens121 para ampliá-‐las) Se quiser, você pode utilizar as "máscaras" dessas duas páginas iniciais que estão disponíveis no TELEDUC.
121/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I08.jpg ;
/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I09.jpg
66
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Caso queira incluir outras páginas iniciais (dedicatória122, agradecimentos123 e epígrafe124), você deve diagramá-‐las de modo semelhante às diagramações dos exemplos abaixo.
(Clique nas imagens 125para ampliá-‐las)
122 Esse é um texto curto no qual o autor geralmente presta uma homenagem a alguém a quem dedica o trabalho. 123 Página em que o autor agradece a pessoas e instituições que colaboraram para a execução do trabalho. Aqui,
necessariamente, deve-se agradecer à SEE-SP/Escola de Formação/REDEFOR, que subsidiou financeiramente o Curso. 124 Nessa página, pode-se incluir um pequeno texto na forma de citação, significativo para o autor e que, de alguma forma,
“traduz o espírito” do trabalho. 125https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_0
4/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I10.jpg ; https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I11B_rev.jpg ; https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I12.jpg
67
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ Agora, vamos pensar um pouco sobre o resumo do seu TCC... Segundo as orientações da Biblioteca do IEL/UNICAMP, o resumo deve fornecer ao leitor uma síntese das informações mais relevantes do trabalho e deve ser escrito em linguagem clara, concisa e direta. O resumo serve também para divulgar seu trabalho: o leitor lê o resumo para decidir se o que você escreveu é ou não o que ele procura. Há dois tipos básicos de resumo: o resumo informativo, considerado o mais adequado para trabalhos de conclusão de curso e monografias; o resumo descritivo, que tem como foco as razões pelas quais o trabalho foi elaborado. Todas as informações contidas no resumo devem fazer parte do TCC -‐ trata-‐se do resumo de um trabalho já realizado, motivo pelo qual deve ser feito por último.
O texto deve conter um único parágrafo e não deve ultrapassar 500 palavras. Imediatamente após o resumo, você deve indicar as palavras-‐chave126. Algumas dicas para a organização do seu resumo:
• apresente o tema -‐ esfera e gêneros escolhidos para a construção da Sequência Didática -‐, justificando brevemente sua escolha e os objetivos;
• indique, em poucas palavras, os passos seguidos para a organização da SD; • finalmente, teça suas considerações sobre o processo, dando ao texto um tom conclusivo.
126 Do tipo: "sequência didática - fotonovelas - Língua Portuguesa".
68
Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Abaixo, incluímos um resumo bem elaborado para servir de exemplo. Analise, com cuidado, o conteúdo do texto. Em seguida, preste atenção em como deve ser a formatação da página em que o resumo aparece.
(Clique na imagem127 para ampliá-la)
________________________________________________________________________________________
127https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modul
o_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I19.jpg
69
Mãos à obra 1________________________________________________________________________________________ Agora leia os dois resumos abaixo referentes a um mesmo TCC. Por que o segundo não é tão adequado quanto o primeiro?
(Clique nas imagens128 para ampliá-‐las)
128https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modul
o_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I22.jpg ; https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I23.jpg
70
Mãos à obra 2________________________________________________________________________________________
A primeira coisa que chama a atenção é o fato de o segundo resumo ter mais de um parágrafo, o que contraria as normas. Além disso, no fechamento do texto, o autor faz referência a categorias gramaticais que não mencionou antes. Outro problema é a inclusão de "Ensino de Leitura", entre as palavras-‐chave: o objetivo declarado da SD é trabalhar com a modalidade oral e escrita da língua!
71
Colocando os conhecimentos em jogo 5 ________________________________________________________________________________________ Para designar essa parte do TCC, usa-‐se o termo SUMÁRIO (e não índice) escrito em letras maiúsculas (caixa alta), centralizado na página, tal como no exemplo ao lado. O sumário indica o conteúdo do documento, suas principais divisões e seções, na mesma ordem em que aparecem no texto. Cada parte do sumário é seguida pelo número da página em que se inicia. As subdivisões devem vir em tamanho menor, com maiúsculas e minúsculas (caixa baixa). ________________________________________________________________________________________
129https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modul
o_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I20.jpg
(Clique na imagem129 ara ampliá-la)
72
Atividade Autocorrigível 4 ________________________________________________________________________________________ Leia o sumário abaixo. Em seguida, passe o cursor na alternativa que indica todas as partes incorretas
(Clique na imagem130 para ampliá-‐la)
(a) Título; resumo; item 1; item 4. (b) Item 1; item 2.2; item 4.1; item 5. (c) Título; item 1; item 2; item 4. (d) Título; resumo; item 4.1; item 5. ________________________________________________________________________________________
130https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modul
o_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I21.jpg
73
Finalizando________________________________________________________________________________________ Viu como nem tudo é tão difícil? Que tal deixar essa parte inicial preparada, esperando apenas para fazer o resumo no final? Tente fazer um sumário... Você provavelmente irá modificá-‐lo, mas ele já servirá de guia para a redação do texto propriamente dito e para o controle do número de páginas em cada parte. Agradeça! Agradecer é bom! E caso decida incluir uma epígrafe, escolha um poema, uma letra de música, uma frase que reflita sua perspectiva sobre alguma coisa importante. Afinal, o trabalho está começando a ser construído e, como diz o díto popular, seu TCC vai "dar samba" e "da melhor qualidade"131.
132 ________________________________________________________________________________________
131 Fonte: http://letras.terra.com.br/sururu-na-roda/1593301/, acesso em 24/05/2011. 132 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=JO-9hQgoKv4, acesso e, 11/07/2011
74
Tópico 2 -‐ Citações, paráfrases e referências Ponto de partida 1________________________________________________________________________________________ Em vários sites da Internet, você vai encontrar textos que estabelecem, de forma divertida, uma relação entre a rapadura e o trabalho acadêmico. Clique aqui133 para ler um deles. Muitas vezes o texto é difícil porque não fala daquilo que conhecemos melhor. A brincadeira com a rapadura baseia-se no conhecimento especializado, no público a quem o texto se dirige e na sua finalidade. Pense nisso na hora de escrever seu trabalho. Lembre-se de que o seu TCC é um trabalho acadêmico e que, portanto, deve seguir as convenções desse gênero. Mas, lembre-se, também, de que seguir as convenções do gênero "trabalho acadêmico" não significa complicar desnecessariamente o modo de expor suas ideias, como muitos acreditam... Neste Tópico, vamos conversar com você sobre como deve elaborar o que vem após as páginas iniciais (assunto que discutimos no Tópico 1) do seu TCC. Além da organização geral dessa parte do texto - Introdução, Desenvolvimento, Considerações Finais, Referências e Anexo - pretendemos demonstrar de que forma os textos que você leu e que usará para justificar e/ou sustentar teoricamente o seu TCC devem ser referenciados. Como as normas para referência e citações variam de acordo com as instituições ou de acordo com as editoras, vamos seguir, no TCC do Redefor, o conjunto de convenções recomendado pela Biblioteca do IEL/UNICAMP (clique aqui134 para baixá-las) e que estão em sintonia com o que é recomendado pela ABNT.
133 Fonte: http://www.humornaciencia.com.br/laboratorio/simples.htm, acesso em 01/07/2011. 134 Fonte: http://www.iel.unicamp.br/biblioteca/arquivos/Normalizacao_Monografia_Bib_IEL_122008.pdf, acesso em
01/07/2011.
75
Ponto de partida 2________________________________________________________________________________________ Era uma vez um... TCC. Pena que o gênero que você vai escrever não é conto de fadas e, portanto, não se pode começar com essa fórmula que abre as portas para o mundo da ficção. Na Introdução do seu trabalho (que virá logo após o Sumário), você deve começar falando, brevemente, sobre o que o motivou a selecionar a esfera e o(s) gênero(s) que escolheu para compor a Sequência Didática que irá propor no seu TCC. Em seguida, você deve descrever, sucintamente, essa SD: diga como ela está organizada de um modo geral e para que tipo de aluno ela foi pensada. Na seção que corresponde ao Desenvolvimento propriamente dito dessa parte do seu TCC, apresente, em primeiro lugar, a fundamentação teórica do trabalho e, depois, a análise da SD que preparou. Para a fundamentação teórica, você deve consultar o que foi discutido, nas diferentes disciplinas135 do seu Curso de Especialização, sobre a esfera e o(s) gêneros que escolheu focalizar (lembre-‐se de recuperar as informações que levantou a esse respeito no Tema 2 desta disciplina). Para a análise da SD, você deve resumir, no corpo do trabalho, cada uma das partes que pretende analisar e, então, discuti-‐la (inclua no Anexo a SD completa e formatada). Após ter feito a análise da sua SD, elabore suas Considerações Finais. Aqui você deve fazer uma síntese do que foi feito no trabalho como um todo. Nesse momento, aproveite para preparar e/ou revisar o Resumo (que deve vir antes do Sumário). Ah, não se esqueça de incluir, antes do Anexo, as suas Referências Bibliográficas...
135Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I15.png ,acesso em 17/07/2011
76
Mãos à obra________________________________________________________________________________________ Comprar um TCC prontinho na Internet? Nada mais fácil hoje em dia... veja, por exemplo, o anúncio abaixo:
136 Claro que ninguém duvida que essa é uma prática eticamente condenável. No entanto, quando o que está em jogo é o roubo de ideias ou palavras em trabalhos acadêmicos, também conhecido como plágio137, várias pessoas -‐ incluindo aquelas que jamais considerariam roubar um carro ou uma carteira de alguém! -‐ não parecem se sentir nem um pouco constrangidas em fazê-‐lo! Leia mais sobre esse assunto, clicando aqui138. Podemos dizer que, na maioria das vezes, o plágio é mesmo intencional (simples copiar e colar que configura uma fraude). Contudo, é possível que isso aconteça sem que o autor do texto acadêmico tenha de fato a intenção de plagiar. Ele pode simplesmente não saber como e quando citar as fontes -‐ ideias e palavras de autores que utilizou em seu trabalho. Para evitar esse tipo de plágio, sem intenção, preparamos o que vem a seguir. ________________________________________________________________________________________
136 Fonte: http://goiania.olx.com.br/monografia-no-estado-de-goias-tcc-em-goias-tcc-no-estado-de-goias-monografia-em-
goias-iid-146366222, acesso em 31/05/2011. 137O termo “plágio” (do grego “plagios” ao latim “plagiu”) significava, na sua origem, o mesmo que “dissimulado”,
“trapaceiro”. 138 Fonte: www.cecc.eng.ufmg.br/cartilha_sobre_plagio_academico.pdf, acesso em 13/05/2012.
77
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ É importantíssimo que você faça referência a todas as fontes em que se baseou para escrever o seu TCC. Não apenas porque fazê-lo é uma questão de integridade acadêmica - as pessoas nas quais você se baseou para escrever sobre o tema do seu trabalho merecem crédito por aquilo que fizeram antes de você, não é? -, mas também porque fazer referência a outros autores indica que você tem familiaridade com a sua área, mostra ao leitor que você sabe o que está acontecendo no seu campo de atuação... Vejamos, agora, como isso pode e deve ser feito.
Suponhamos que o texto A literatura no Ensino Médio: quais os desafios do professor?139, de Martins (2006), tenha se revelado muito importante para fundamentar a Sequência Didática que você pretende propor, particularmente no que se refere ao trecho abaixo, que se encontra na página 91 do artigo em questão: Há duas maneiras de dar crédito ao que a autora afirma nesse trecho: ou você faz uma referência direta (citação) às palavras que ela usou ou você faz uma referência indireta (paráfrase) ao que ela disse.
139 MARTINS, I. A literatura no Ensino Médio: quais os desafios do professor? In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M.
(Orgs.). Português no Ensino Médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006, p. 83-102.
78
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ Se você quiser citar literalmente as palavras do autor e se o trecho citado for pequeno (até 3 linhas de texto no máximo), você deve incluir a citação, entre aspas, no próprio parágrafo em que ela é comentada, como nos exemplos abaixo (leia-‐os com atenção!):
79
Colocando os conhecimentos em jogo 3 ________________________________________________________________________________________ E se você quiser citar um trecho mais longo desse mesmo texto140? Nesse caso, você deve deslocar a citação 4 cm. para a direita, em um outro parágrafo, sem aspas. Insira a citação em espaçamento e número de fonte menor do que usou no restante do texto, como no exemplo abaixo.
Se preferir, você pode incluir o nome do autor em caixa alta ao final no trecho citado. Veja como clicando aqui141. E se você quiser citar o trecho do texto de Beach e Marshall (1991) que aparece no texto de Martins (2006)? Como você não leu o texto desses autores, você deve indicar a fonte de onde retirou a citação. Veja, abaixo, como fazê-‐lo:
Observe que a palavra apud -‐ uma palavra de origem latina que significa "citado por" -‐ deve aparecer sempre em itálico.
140 Fonte (adaptação): RedeFor.
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP008_Tm3_T2_P4.jpg
141 Fonte (adaptação): RedeFor. https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/LP008_Tm3_T2_P6C.jpg
80
Colocando os conhecimentos em jogo 4 ________________________________________________________________________________________ Na seção anterior, vimos como citar trechos de autores que lemos em trabalhos acadêmicos. Nesta seção, vamos demonstrar como é possível reescrever com nossas próprias palavras -‐ ou seja, parafrasear -‐ as ideias de outras pessoas. Para tanto, vamos nos basear no mesmo trecho retirado de Martins (2006, p. 91), reproduzido novamente abaixo.
Veja como todo esse trecho pode ser adequadamente parafraseado:
Observe que, muito embora não tenhamos reproduzido exatamente as palavras da autora, ainda assim, demos crédito a ela por suas ideias. Caso incluíssemos o que segue em um trabalho acadêmico, estaríamos plagiando-‐a!
81
Colocando os conhecimentos em jogo 5________________________________________________________________________________________ Para que você se sinta mais seguro(a) acerca do modo como deve citar ou parafrasear os autores que leu, discutimos novamente esses procedimentos, agora tendo por base trechos de um outro texto: Quadrinhos e arte sequencial142. Essa discussão está postada, para consulta, no Teleduc. Para conhecê-‐la neste ambiente em que estamos, clique aqui143. Ao final do trabalho, você deve incluir uma lista de todas as publicações e fontes que você leu e usou para chegar às conclusões que chegou no seu TCC. Porque a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) reconhece como aceitáveis diferentes possibilidades, há variações no modo como as referências bibliográficas podem ser apresentadas. Um livro pode ser referenciado, a depender da escolha de convenções feitas pelo autor, pela editora, pelo periódico ou pela universidade de modos distintos, como por exemplo:
• GNERRE, M. (1994). Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes.
• GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
Como já explicamos, no seu TCC você deve seguir as recomendações da Biblioteca do IEL/UNICAMP quando for incluir as referências bibliográficas que utilizou -‐ nesse caso, vale somente o segundo exemplo (GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1994.). Para facilitar o seu trabalho, fizemos uma síntese dessas convenções, destacando os pontos mais importantes. Clique aqui144 para conhecê-‐la. Lembre-‐se de que você não tem que memorizar essa síntese! Ela está disponível no TelEduc -‐ basta consultá-‐la quando chegar a ocasião... ________________________________________________________________________________________
142 EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Tradução de Luís Carlos Borges. 143 Fonte:
https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Falando_um_pouco_mais_sobre_citacoes_e_parafrases3-1.pdf, acesso em 15/07/2011
144 Fonte: https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_contexto/Referencias_Bibliograricas_-_sintese_das_orientacoes_da_Biblioteca_da_UNICAMP_-_REDEFOR2.pdf, acesso em 15/07/2011
82
Colocando os conhecimentos em jogo 6________________________________________________________________________________________
E se você precisar referenciar outras produções culturais (CDs, videoclips, filmes...)? Você vai poder fazer de qualquer jeito? Claro que não... Também nesses casos você precisará seguir as convenções fornecidas pela Biblioteca do IEL/Unicamp.
Ao final da síntese que fornecemos você vai poder ver como referenciar outros tipos de produção, que não bibliográficas: produções de imagens em movimento (filmes, documentários, clips, videocasts...) e de documentos sonoros (discos, CDs, fitas cassetes...). Caso precise referenciar outras produções que não estão incluídas nessa síntese, procure orientações nas próprias normas da Biblioteca que você baixou.
83
Atividade Autocorrigível 5a ________________________________________________________________________________________ A partir das convenções explicadas neste Tópico, e de acordo com as recomendações do Manual da Unicamp, é correto afirmar que:
I. Em um trabalho acadêmico, toda citação, seja ela retirada de livros, revistas, Internet, panfletos etc., deve ser referenciada no corpo do texto e no final do trabalho. II. No caso de uma citação de até 3 linhas, ela fica no corpo do texto, com aspas, e não é necessária a indicação da página, embora a obra deva constar das referências. III. Uma vez que se resolva parafrasear o texto de um autor, sem fazer citação direta desse trabalho, não é preciso indicar a data nem a página da obra consultada. IV. No caso de a citação ultrapassar 3 linhas, é preciso recuar o trecho citado e diminuir a fonte (menor que a fonte usada no corpo do trabalho). É preciso sempre indicar a data e a página da obra consultada. V. No caso de trechos de textos que você não leu, mas que são citados por um autor que você está consultando, não é preciso indicar as fontes, já que não há como fazê-‐lo.
Qual das alternativas abaixo é correta? Passe o cursor para conferir sua resposta. a)145 apenas as afirmações I, II são corretas b)146 apenas as afirmações II e IV são incorretas c)147 apenas as afirmações III e V são corretas alternativa corretas d)148 apenas as afirmações I e IV são corretas e)149 todas as afirmações são corretas
145 Toda e qualquer citação, seja qual fora a sua origem, deve ser referenciada. A afirmativa II está incorreta, porque no
caso de citações diretas a indicação da página é obrigatória. 146 A afirmativa II está incorreta, porque no caso de citações diretas a indicação da página é obrigatória. A afirmativa IV
está correta e considera a formatação e a indicação das referências 147 A afirmativa III está incorreta, porque, mesmo no caso de paráfrases, é preciso indicar a data da obra consultada. A
afirmativa V está incorreta: devemos citar trechos referenciados por outros autores usando o termo apud. 148 A afirmativa I está correta porque toda e qualquer citação, seja qual fora a sua origem, deve ser referenciada. A
afirmativa IV também está correta e considera a formatação e a indicação das referências. 149 A afirmativa II está incorreta, porque no caso de citações diretas a indicação da página é obrigatória. A afirmativa III
também está incorreta, porque, mesmo no caso de paráfrases, é preciso indicar a data da obra consultada. Finalmente, se considerarmos as recomendações da UNICAMP, a afirmativa V está incorreta.
84
Atividade Autocorrigível 5a ________________________________________________________________________________________ Analise, cuidadosamente, o que aparece na caixa de texto abaixo. Considere a síntese que fizemos das orientações fornecidas pela Biblioteca do IEL/UNICAMP para a entrada de referências bibliográficas em Trabalhos de Conclusão de Curso e tente identificar os erros existentes em cada uma das entradas. Para facilitar o seu trabalho, numeramos cada uma delas.
(Clique na imagem150 para ampliá-‐la) Agora, passe o cursor sobre os números abaixo para verificar se você conseguiu identificar corretamente todos esses erros. [1]151 [2]152 [3]153 [4]154 [5]155
150Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/imagemanager/files/lingua_portuguesa/modulo_04/textos_em_c
ontexto/LP_D8_T3_T2_P11.PNG, acesso em 17/07/2011 151 • O prenome do autor está aparecendo por extenso, diferentemente de como os prenomes aparecem nas demais
entradas. • O subtítulo do livro não deveria aparecer em negrito. • Depois do nome da cidade da editora deve-se colocar “dois pontos” e não “vírgula”.
152 • O título do documento deve aparecer em negrito, não em itálico. • “Ministério de Educação” deveria aparecer logo após “BRASIL” e não antes do nome da cidade.
153 • A entrada está no lugar errado. Deveria aparecer depois de Fleuri, 2003. • Faltou indicar o nome da cidade da editora (Porto Alegre: Editora Sulina). • A referência às páginas do artigo está incorreta e no lugar errado. Deveria aparecer assim: Porto Alegre: Editora Sulina, 1996, p. 137-169.
154 • O nome do artigo não deveria estar entre aspas. • Não deveria aparecer “In:” antes do nome do periódico. • Os números das páginas do artigo não foram incluídos. • Faltou indicar a data de acesso à versão on-line do artigo.
155 • Os nomes dos organizadores da coletânea deveriam aparecer assim: SILVA, F.; MOURA, H. (Orgs.). • O título da coletânea (O direito à fala) deveria aparecer em negrito. • Faltou indicar as páginas do artigo.
85
Finalizando... ________________________________________________________________________________________ Nosso objetivo, neste Tópico, foi contribuir para que vocês possam elaborar a parte de seu TCC que deve ser incluída após o Sumário. Discorremos sobre o que deve constar na Introdução, no Desenvolvimento, nas Considerações Finais e no Anexo do trabalho. Também explicamos como citar ou parafrasear textos de outros autores e como listar as referências que utilizaram ao final do trabalho, de modo a impedir que vocês incorram, mesmo que sem querer, em roubo de palavras e/ou ideias. Porque o plágio é uma prática muito presente hoje no ambiente universitário no mundo inteiro, a Universidade de Bergen, na Noruega, se deu ao trabalho de produzir um vídeo que focaliza, de forma bem humorada, esse problema tão sério. Vamos vê-‐lo?
156
156 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=IpC9cfZzC_Y, acesso em 02/06/2011.
86
Tópico 3 -‐ Resenhas e pôsteres Ponto de partida________________________________________________________________________________________ Neste Tópico -‐ o último do Tema 3 e desta disciplina -‐ vamos focalizar a escrita de resenhas acadêmicas, uma competência necessária para que você possa elaborar um bom Trabalho de Conclusão de Curso, e a diagramação e a impressão do pôster que irá apresentar no encontro reservado para a defesa do seu TCC.
Como já vimos em nosso curso, todo gênero discursivo/textual desempenha uma função na sociedade e apresenta determinadas características que nos permitem reconhecê-‐lo quando o encontramos. É o caso, por exemplo, de uma manchete, de uma carta pessoal, de uma receita de comida ou de remédio (bula), de uma entrevista. Reconhecemos como textos do gênero acadêmico resumos, resenhas, artigos, ensaios, teses, dissertações, monografias, trabalhos de conclusão de cursos etc. E é justamente a resenha -‐ um gênero que circula não apenas na esfera escolar, mas também na esfera jornalística e literária -‐ que pretendemos discutir aqui.
Neste momento em que a preocupação mais imediata é a escrita do TCC, você certamente irá buscar apoio em livros e artigos que tenham como temas a esfera e o(s) gênero(s) que escolheu para abordar no trabalho e precisa ser capaz de resenhá-‐los adequadamente. Ser capaz de elaborar boas resenhas significa, em síntese, saber explicitar, de forma clara, sua compreensão global e crítica dos textos lidos, bem como resumir e comentar os aspectos mais relevantes dessas obras para o seu trabalho. Também a elaboração de um pôster de divulgação científica requer o desenvolvimento de algumas habilidades específicas. É preciso ter em mente alguns cuidados para que ele consiga atingir seus objetivos. Esse será o assunto sobre o qual discorreremos ao final deste Tópico. ________________________________________________________________________________________
87
Mãos à obra________________________________________________________________________________________ Toda resenha deve ter por finalidade fazer: (i) uma síntese; (ii) uma análise e (iii) um julgamento de um texto ou de partes dele. Ao elaborá-‐la, o resenhista precisa ser seletivo: não é possível resumir, analisar e emitir opinião sobre todas as partes relevantes de uma obra. A não ser que o façamos de forma superficial, como procura evidenciar, de forma bem humorada, um conjunto de resenhas de obras clássicas da literatura que circula, adaptado de um livro157, pela internet (clique na imagem para conhecer uma de suas versões, em vídeoclipe).158 É importante, assim, que você selecione os pontos que considera básicos no(s) texto(s) que vai resenhar: Que argumento(s) ou conceito(s) nele(s) utilizado(s) precisa(m) ser focalizado(s) em seu Trabalho de Conclusão de Curso? Vamos supor que você queira discutir, em seu TCC, o conceito de "gênero" tal como apresentado por Marcuschi (2006) ou Rojo (2001). A primeira coisa a ser feita é localizar, nesses textos, as passagens que trazem considerações a respeito desse conceito. Depois de lê-‐las com atenção, você deve elaborar um outro texto no qual essas passagens aparecem resumidas159, comentadas e bem articuladas entre si. Antes de redigir sua resenha, certifique-‐se de que compreendeu os trechos do(s) texto(s) que vai resenhar. ________________________________________________________________________________________
157 OTA, H. L. Noventa livros clássicos para apressadinhos. RJ: Galera Record, 2010. 158Fonte da imagem: RedeFor. Fonte do
vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=41ntu4aew7Q&feature=channel&list=UL, acesso em 04/07/2012. 159 Toda resenha contém resumos de partes do texto lido. Nem todo resumo, entretanto, é uma resenha. Para configurar-se
como tal, um resumo deve vir acompanhado de uma análise e, de certa forma, de um julgamento sobre o que se leu.
88
Colocando os conhecimentos em jogo 1 ________________________________________________________________________________________ A elaboração de uma boa resenha depende diretamente dessa compreensão: é impossível resenharmos o que não compreendemos muito bem! Alguém que pretendesse, por exemplo, fazer uma resenha sobre um texto que discorre sobre a complexidade da letra do nosso Hino Nacional Brasileiro, iria muito provavelmente se deparar com análises dos vários versos em ordem indireta ("do que a terra mais garrida", "se ergues da justiça a clava forte"...) e de termos pouco conhecidos ("fúlgido", "impávido", "lábaro"...) que nele aparecem. O primeiro passo do resenhista deveria ser, portanto, ir em busca de fontes que o ajudassem a entender essas construções e esse vocabulário. Um dicionário certamente seria útil, mas também na Internet é possível encontrar ajuda. Veja algumas interpretações no nosso Hino Nacional, clicando nos vídeos abaixo:
160 161
162
160 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=gy3hx2l0X1Q, acesso em 04/07/2011. 161 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=JwOr0wpIqSY, acesso em 04/07/2011. 162 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Txn2p7gIh74, acesso em 04/07/2011.
89
Colocando os conhecimentos em jogo 2 ________________________________________________________________________________________ A resenha é um texto sobre outro texto, de outro autor. É então natural que haja menções ao texto original e é muito importante que o leitor perceba claramente quando quem "fala" é você, o produtor da resenha, ou o autor do texto resenhado. Sempre que fizer uma paráfrase ou uma citação direta do que está dito no texto original, não se esqueça de dar o devido crédito (como vimos no Tópico 2 deste Tema). Em resenhas acadêmicas, há "modos de dizer" as coisas que são típicos -‐ há convenções que precisam ser observadas. A seguir, vamos dar alguns exemplos desses "modos de dizer", imaginando uma situação na qual um resenhista pretendesse abordar um texto que discute o analfabetismo funcional (AF). Se seu interesse recaísse sobre a definição de AF apresentada pelo autor, o resenhista poderia, por exemplo, dizer:
Caso se interessasse pela crítica do autor ao analfabetismo funcional (AF), o que vem abaixo seria uma opção:
Para focalizar o ponto de vista do autor sobre o AF, o resenhista poderia afirmar:
90
Colocando os conhecimentos em jogo 3________________________________________________________________________________________ O resenhista também pode querer destacar a importância do tema, citando uma justificativa do autor. Nesse caso, seria preciso indicar a página do texto original em que isso é feito:
Caso interesse, o autor da resenha pode apresentar uma síntese do conteúdo, destacando os pontos mais importantes do artigo. Nesse caso, é preciso discutir esse conteúdo e apresentar argumentos, posicionando-‐se com relação à questão tratada:
A avaliação ou apreciação do artigo se caracteriza pelas marcas subjetivas -‐ emprego da primeira pessoa do singular ou do plural163 -‐ e por palavras, expressões de conotação valorativa.
163 Lembre-se de que qualquer que seja a sua escolha – primeira pessoa do singular ou do plural – você deve ser
consistente ao redigir sua resenha.
91
Colocando os conhecimentos em jogo 4________________________________________________________________________________________ Caso o resenhista queira se distanciar do texto, ele pode empregar o verbo em terceira pessoa do singular acompanhado do pronome "se". Veja como isso é feito:
Ele pode concluir a resenha, fazendo uma síntese do que foi discutido:
Finalmente, é importante observar que as convenções que regem a escrita de resenhas acadêmicas permitem que o seu autor recomende (ou desaconselhe!) a leitura do texto resenhado:
Com o que vimos dizendo, de forma resumida, pretendemos demonstrar que a escrita de resenhas acadêmicas não é um "bicho de sete cabeças"... Basta apenas você selecionar os textos que são relevantes para o seu TCC, lê-‐los com bastante atenção para se certificar de que os entendeu bem, identificar os trechos que pretende parafrasear ou citar literalmente e ficar atento, na hora de escrever, aos "modos de dizer" específicos desse gênero textual. E para que você se sinta ainda mais confiante na realização dessa tarefa, é importante agora ler o texto "Resenha: o que é, como se faz"164, disponibilizado na Internet pelo professor Ronaldo Martins.
164 Fonte: http://www.ronaldomartins.pro.br/materiais/resenha.htm, acesso em 19/06/2011.
92
Colocando os conhecimentos em jogo 5________________________________________________________________________________________ A partir de agora, vamos fazer algumas considerações sobre a elaboração do pôster que vocês deverão apresentar nos Encontros de Defesa dos Trabalhos de Final de Curso. A primeira coisa a enfatizar é que a função desse pôster é a de sintetizar, de forma clara e objetiva, as informações mais relevantes contidas no seu trabalho. Lembre-‐se de que as pessoas que irão conversar com você durante esse encontro vão se deparar não apenas com o seu pôster, mas com vários outros que provavelmente terão interesse em conhecer. E é por isso que elas devem ser capazes de ler e compreender todas as informações que você quer transmitir em pouco tempo. E é por isso, também, que o seu pôster precisa ser capaz de chamar a atenção dos presentes... Pense nele como uma propaganda do seu trabalho! Boas propagandas são sempre atraentes para quem as vê, não é? Caso contrário, elas passariam despercebidas... Para que o seu pôster seja visualmente atraente e rapidamente compreensível, você precisa pensar muito bem na sua diagramação. A "poluição" visual -‐ excesso de textos e de imagens -‐ afasta os leitores, que não se sentem convidados a "entrar" no trabalho. Além do excesso de informação, outro erro muito comum na elaboração de um pôster é a falta de destaque dado ao título e às suas diferentes seções. Para evitar que isso ocorra, procure estabelecer um bom equilíbrio entre espaço livre, texto e imagens. Clique aqui165 para ver um exemplo de um pôster recomendável e aqui166 para ver o de um pôster não recomendável nesse sentido. Esses exemplos foram retirados de um material instrucional utilizado pela Diretoria de Apoio Didático, Científico e Computacional da Faculdade de Medicina da UNICAMP.
165Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I30.jpg, acesso em 17/07/2011 166Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/LP_D8_T3_I32.jpg, acesso em 17/05/2011
93
Colocando os conhecimentos em jogo 6________________________________________________________________________________________ Vejamos agora o que você deve considerar quando for elaborar cada uma das partes do seu pôster.
1. CABEÇALHO O cabeçalho deve conter, nesta ordem: o título do trabalho, o nome do autor (adicione o seu e-‐mail para contato), os nomes das instituições (UNICAMP, REDEFOR e Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) e palavras-‐chave. Essas informações devem estar centralizadas e devem vir uma abaixo das outras. Dê destaque ao título -‐ que não deve ser longo demais! -‐ utilizando uma fonte grande, como, por exemplo, 60 pontos ou um pouco mais. Empregue fontes um pouco menores para o restante das informações. Ao lado dos nomes das instituições, coloque os seus logotipos. Separe as palavras-‐chave por hífen. 2. TEXTO Um bom pôster tem apenas cerca de 60% do seu espaço preenchido por texto -‐ o resto é ocupado por imagens, diagramas ou fotografias. Lembre-‐se: pôsteres compostos só, ou principalmente, de textos são ótimos... para espantar leitores! Portanto, é importantíssimo que você se empenhe em escrever o texto para o seu pôster de forma sucinta e objetiva de modo a ter espaço para ilustrações. Use frases curtas e diretas -‐ evite orações longas e estruturas complexas, porque elas não convidam à leitura. Utilize espaçamento duplo entre parágrafos.
Organize o seu texto em tópicos. Destaque, com números ou cores, cada um deles para guiar o leitor. Ah! E não use letras muito pequenas (o ideal é que elas tenham entre 24 a 36 pontos). Lembre-‐se de que as pessoas devem ser capazes de ler o seu pôster confortavelmente a cerca de 1,5m de distância167. A inclusão de referências bibliográficas é opcional, mas, se decidir fazê-‐lo, inclua, em letras menores, apenas as obras mais relevantes para o trabalho.
167Para saber se o texto está legível a essa distância, coloque o zoom a 100% dele e afaste-se 1,5m da tela. Se você
conseguir lê-lo com facilidade, o tamanho das letras é suficiente.
94
Colocando os conhecimentos em jogo 7________________________________________________________________________________________ 3. IMAGENS Lembre-‐se de que uma boa imagem pode valer mais do que mil palavras! Mas, para que isso possa ocorrer, ela tem que ser elucidativa -‐ tem que exprimir algo pertinente ao trabalho -‐ e não ser uma mera "decoração" no seu pôster. Por isso, capriche na hora de escolhê-‐las. Se utilizar fotografias, certifique-‐se de que elas sejam nítidas, tenham bom contraste e alta resolução (mínimo de 300 dpi)168. Cuidado também com o tamanho das fotos e imagens: se forem pequenas demais não será possível perceber com clareza o que elas representam. Sobretudo, não exagere. Evite saturação de cores, muitos enfeites e firulas e concentre-‐se na objetividade das informações. Clicando no vídeo ao lado, você irá perceber que, quando se faz o contrário, o resultado pode não ser muito bom... Para facilitar o seu trabalho, preparamos um template (um modelo) de pôster elaborado no Power Point (você também pode fazer o seu próprio modelo utilizando o programa Corel Draw, se preferir). Clique aqui169 para baixá-‐lo. Você pode "brincar" com esse template de modo a personalizar o seu pôster. Nós fizemos isso, modificando as cores e fontes, numerando e "preenchendo" as caixas de texto dos subtítulos, rearranjando a disposição de textos e imagens. Veja o resultado clicando aqui170. Ficou bem diferente, não é? Caso você precise aprender como fazer essas modificações, clique neste tutorial171. Não deixe a elaboração do seu pôster para o último minuto... Inclusive porque será necessário levá-‐lo para plotar172 com antecedência. Redija versões preliminares dos textos que pretende incluir. Comece a selecionar imagens ou fotos relevantes. Vá rabiscando, em uma folha de papel, diferentes modos de diagramá-‐lo antes de trabalhar no template. Assim que você estiver satisfeito(a) com o resultado obtido, leve o arquivo a uma gráfica especializada para que ele possa ser plotado173. Ah, não se esqueça de informar à pessoa responsável pela plotagem que o seu pôster deverá ter 90cm de largura e 1m de altura!
168 Cuidado! Fotos que, quando pequenas, parecem perfeitamente nítidas, se ampliadas, podem parecer, a depender de sua
resolução, “granuladas”. 169Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/POSTER_TEMPLATE_1-1.ppt, acesso em 17/07/2011 170Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/POSTER_TEMPLATE_2-1.ppt, acesso em 17/05/2012 171Fonte:https://autoria.ggte.unicamp.br/tinymce/plugins/filemanager/files/lingua_portuguesa/mod
ulo_04/textos_em_contexto/PASSO-A-PASSO.pdf, acesso em 17/05/2012 172 Imprimir em um suporte. 173 “Plotar” significa “imprimir em grande formato”.
95
Finalizando________________________________________________________________________________________ Neste Tópico, nos propusemos a discutir com vocês a elaboração de resenhas e pôsteres acadêmicos. Esperamos que o que dissemos seja útil, agora que estão na reta final do seu Curso de Especialização em Língua Portuguesa, prontos para começar a dar a forma final ao seu TCC... Nesta disciplina LP008, buscamos discutir pontos-‐chave para a elaboração de seu TCC: a necessidade de planejamento de suas ações didáticas; as SDs como um dispositivo de planejamento de ações didáticas; como elaborá-‐las; o formato geral de um TCC e suas normas; as formas de citar, parafrasear e resenhar e, finalmente, como elaborar seu pôster para a defesa. Esperamos que você tenha aproveitado essas explicações para dar um bom impulso ao seu trabalho, que poderá agora ser finalizado nos próximos meses. Gostaríamos, nesta ocasião, de agradecer a todos por terem nos acompanhado nesta jornada, na qual, não tenham dúvidas, também aprendemos muito. Em nome de todos os participantes do Curso, queremos nos despedir dizendo que foi uma honra e um grande prazer tê-‐los conosco neste caminho. Desejamos a vocês muito sucesso e esperamos re-‐encontrá-‐los em breve! Em um Curso como este, em que tivemos oportunidade de falar de língua, de línguas, de dialetos, de linguagens, de imagens e canções, de textos e de pessoas que escrevem
e crescem, talvez uma boa despedida seja o vídeoclipe da canção Uma palavra174, de Chico Buarque, interpretado por Clara Sandroni, fazendo votos de que nossas e suas palavras sejam sempre palavras de "habitar fundo o coração do pensamento". Forte abraço a todos e todas!
175
________________________________________________________________________________________
174 Fonte: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/86075/, acesso em 14/05/2012. 175 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=UEw6sSuEi2c, acesso em 21/06/2011.
96
Ampliando o conhecimento 1________________________________________________________________________________________
O livro de autoria de Maria Lúcia C. V. O. Andrade, também intitulado "Resenha", oferece subsídios para que você possa aprofundar seu conhecimento sobre a escrita desse gênero, um dos mais solicitados não apenas em textos acadêmicos, mas também em publicações referentes a produções teatrais, música, cinema e literatura. Publicado pela Editora Paulistana em 2006, ele faz parte da coleção " Aprenda a Fazer".
O professor Airton Cattani, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponibilizou, na internet, uma apresentação sobre a elaboração de pôsteres científicos. Nela, você vai encontrar várias dicas de como diagramá-‐lo de forma criativa. Conheça essa apresentação177, clicando aqui178.
________________________________________________________________________________________
176 Fonte: http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf, acesso em 21/06/2011. 177 Disponível em http://www.propesq.ufrgs.br/eventos/documentos/posterSIC2005.ppt, acesso em 14/06/2011. 178 Fonte: www.propesq.ufrgs.br/eventos/documentos/posterSIC2005.ppt, acesso em 21/06/2011.
De autoria de Anna Rachel Machado (Coord.), Lília S. Abreu-‐Tardelli e Eliane Lousada, o livro "Resenha", publicado pela Parábola Editorial em 2004, fornece orientações sobre a escrita desse gênero. A obra é o segundo volume de "Leitura e Produção de Textos Acadêmicos", uma coleção que visa suprir a falta de material didático para a produção dos gêneros textuais utilizados no ensino médio e no meio universitário.
(clique aqui176 para baixá-‐la)
Para entender melhor a questão do plágio acadêmico, leia a cartilha "Nem tudo o que parece é: Entenda o que é plágio", uma publicação on-‐line da Universidade Federal Fluminense. Além de descrever os diferentes tipos de plágio e discorrer sobre suas implicações éticas e legais, essa cartilha também explica o que é o conjunto de licenças Creative Commons, um modelo alternativo ao sistema tradicional de copyright.
97
Ampliando o conhecimento 2 ________________________________________________________________________________________ De forma instigante, o filme abaixo nos faz pensar sobre as dificuldades enfrentadas por todos que escrevem, inclusive sobre a possibilidade de plágio...
Clique aqui179 para assistir a um trailer comentado do filme.
Janela Secreta Título original: Secret Window Lançamento: 2004 (EUA) Direção: David Koepp Atores: Johnny Depp, John Turturro, Maria Bello, Timothy Hutton. Duração: 106 min. Gênero: Ficção Sinopse Mort Rainey (Johnny Depp) é um escritor em crise, que acaba de se separar de sua esposa (Maria Bello) após tê-‐la flagrado com outro homem. Mort decide se isolar em uma cabana à beira do lago Tashmore, em busca de tranquilidade. Porém lá aparece John Shooter (John Turturro), que começa a atormentá-‐lo ao acusá-‐lo seguidamente de plágio.
Não deixe, também, de assistir ao filme abaixo (já sugerido neste curso...), porque ele nos faz refletir sobre ética e produção de conhecimento.
A Rede Social Título original: (The Social Network) Lançamento: 2010 (EUA) Direção: David Fincher Atores: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Rooney Mara. Duração: 121 min. Gênero: Drama Sinopse: Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, leva a complicações em sua vida social e profissional.
Clique aqui180 para assistir ao trailer.
179 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Fjgq9EY_G0U, acesso em 05/07/2011. 180 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=6VtX6przSlI, acesso em 05/07/2011.
98
Referências Bibliográficas ________________________________________________________________________________________ ANDRADE, M. L. C. V. O. Resenha. São Paulo: Editora Paulistana, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação e documentação trabalhos acadêmicos -‐ apresentação em documentos apresentação. Rio de Janeiro, 2005. COMISSÃO DE AVALIAÇÃO DE CASOS DE AUTORIA. Departamento de Comunicação Social -‐ Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense. Cartilha "Nem tudo o que parece é: Entenda o que é plágio". Disponível em <http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-‐sobre-‐plagio-‐academico.pdf>, acesso em 15/04/2011. EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial. Tradução de Luís Carlos Borges. São Paulo: Martin Fontes, 2001. MACHADO, A. R.; ABREU-‐TARDELLI, L. S.; LOUSADA, E. Resenha. São Paulo: Parábola Editora, 2004. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: Configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais: Reflexões e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006, p. 23-‐36. MARTINS, I. A literatura no Ensino Médio: Quais os desafios do professor? In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (Orgs.). Português no Ensino Médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006, p. 83-‐102. MARTINS, R. T. Resenha: O que é, como se faz. Disponível em <http://www.ronaldomartins.pro.br/materiais/resenha.htm>, acesso em 19/06/2011.