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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE
CURSO:FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL
Ednelza Menezes Viana
Kathiúucia Tharles Brito Cordeiro
Neliane Moraes da Silva
Maria Raquel Silva do Nascimento
Vanessa Laurianne Rodrigues Silva
O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENETE SOCIAL JUNTO AO IDOSO
Manaus / AM
2015
Ednelza Menezes VianaKathiúucia Tharles Brito Cordeiro
Neliane Moraes da SilvaMaria Raquel Silva do NascimentoVanessa Laurianne Rodrigues Silva
O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTNENTE SOCIAL JUNTO AO IDOSO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Serviço Social do Centro Universitário do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social
Orientadora: Profª Gilmara Teles
Co-orientadora: Profª Francenilda
Manaus / AM
2015
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo analisar o exercício profissional do Assistente Social junto
à demanda idosa, identificando as mudanças ocorridas no seio da profissão, as conquistas,
retrocessos pela legitimidade da mesma, os posicionamentos adquiridos pelos profissionais
nas diferentes conjunturas da sociedade brasileira, bem como a luta pela autonomia
profissional e a legitimação do projeto ético-políitico assumido pelo Assistente Social na
consolidação dos direitos sociais. Descreveremos a concepção de trabalho no âmbito do
Serviço Social e analisaremos a importância das conquistas da Política Nacional do Idoso e do
Estatuto do Idoso apontando suas diretrizes, princípios e desafios do Assistente Social na
efetivação de direito por meios das pPolíiticas pPúblicas existentes.
Palavras-chave: Trabalho; sServiço sSocial; iIdoso.
THE EXERCISE PROFESSIONAL OF ASSISTIENTE SOCIAL WITH THE ELDERLY
ABSTRACT
The present article aims to analyze the pProfessional pPractice sSocial wWorker with the
elderly DEMAND demand , identified as occurring changes within the profession, as
Aachievements, setbacks fFor the legitimacy of SAME same , mMates bBought fFor
pProfessionals NAS of the dDifferent situations of the bBrazilian sSociety aAs Wwell aAs
one sStruggle for aAutonomy pProfessional and ethical legitimacy of the pProject -political
assumed social wWorker hair on cConsolidation of social rRights . Describe the work of
design no sScope of sSocial wWork and analyze the importance of aAchievements of the
nNational pPolicy for the eElderly and the eElderly pointing YOUyourR gGuidelines ,
pPrinciples and cChallenges to sSocial worker in execution of inIN lLaw mMeans of existing
pPublic pPolicies .
Key Words: Work; sSocial service; eElderly
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................... 1
1. TRABALHO........................................................................................................................................................................2
1.1 O trabalho tido como intelectual e braçal..............................................................................................2
1.2 Transformações no mundo do Trabalho................................................................................................3
2. SERVIÇO SOCIAL............................................................................................................................................................5
2.1 Emergência do Serviço Social........................................................................................................................5
3. IDOSO................................................................................................................................................................................12
3.1 Direito do Idoso e Serviço Social...............................................................................................................12
3.2 As Políticas Públicas relacionadas ao Idoso.......................................................................................16
3.3 Os desafios do Serviço Social na consolidação de Direitos dos Idosos...............................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................................20
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................... 21
1
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por finalidade realizar um debate a cerca da atuação
profissional do Assistente Social na efetivação de direitos junto aos ao idosos, explanando
sobre as mudanças ocorridas no seio da profissão desde a sua genealogia, onde
identificaremos as transformações ocorridas na sociedade e como estes fatores contribuíram
para atuação do profissional na contemporaneidade.
Para elaboração desde trabalho, de caráter bibliográfico, foram utilizados livros,
artigos científicos publicados, Politica Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso e Constituição da
República Federativa Brasileira.
No primeiro bloco será apresentado um breve conceito a cerca do trabalho,
ressaltando as transformações na sociedade, destacando como se dá o processo de trabalho na
contemporaneidade.
No segundo bloco será realizado um resgate histórico da profissão do Serviço
Social, bem como das transformações ocorridas na profissão, destacandoressaltando os
marcos históricos de maior relevância, para a melhor compressão de sua real importância na
formação do perfil do profissional contemporâneo diante do compromisso ético-poliítico e os
desafios no fazer profissional.
No terceiro e úultimo bloco abordaremos o idoso como sujeito de direitos,
destacando este como uma das diversas demandas que chegam ao Serviço Social na
atualidade, destacando ainda a importância da articulação das políticas públicas existentes
para a consolidação de direitos do idoso tal como os desafios do fazer profissional na
consolidação dos mesmos.
2
1. TRABALHO
Este estudo tem por finalidade fazer uma breve reflexão acerca do trabalho na
sociedade contemporânea e como este se materializa no exercício profissional do Assistente
Social junto ao idoso.
Para isso, necessitamos primeiramente identificar os processos de trabalho na qual
estão inseridos os profissionais de aAssistência Ssocial a fim de definir sua atuação perante a
demanda idosa, e desta forma, apontar os seus desafios e os seus instrumentais interventivos.
Analisaremos, portanto definições a respeito de trabalho com intuito de esclarecer
e compreender a prática profissional, assim como as transformações do mundo de trabalho na
atualidade. Observaremos como tais mudanças influenciaram diretamente a atuação do
Assistente Social.
1.1 O trabalho tido como intelectual e braçal
Como analisaremos a seguir, trabalho poderá ser vistoa a partir de duas
perspectivas: intelectual e braçal. Mas, o que se tem em mente é que quando pensamos em
trabalho, baseado no conhecimento cotidiano, estamos nos referindo em prestar um serviço
em troca de recursos financeiros para suprir nossas necessidades básicas, ou mesmo, a
execução de uma atividade física e/ou intelectual.
De acordo com Albornoz, (2008, p. 11) “Todo trabalho supõe tendência para um
fim e esforço. Para alguns trabalhos, este esforço será preponderantemente físico; para outros,
preponderantemente intelectual. Contudo, parece míope e interesseira esta classificação que
divide trabalho intelectual e trabalho corporal”.
Segundo a autora em nossa sociedade o trabalho divide-se em duas formas:
Intelectual e físico, mas nota-se que um depende exclusivamente do outro para existir, ou seja,
para que o trabalho se concretize é necessário fazer uso da teoria e prática para realização de
qualquer atividade.
Partindo dos questionamentos apresentados pela autora, o trabalho é o resultado
de uma ação, seja ela física ou intelectual, apresentado como um objeto concreto ou mental,
que determina algo subjetivo, onde o objetivo realizado possa ser chamado de trabalho. Tal
3
ideação é o que move o profissional ao ter que realizar uma solução para um determinado
conflito de classes ou intervir na ausência/ineficiência dos direitos dos usuários, como no
caso, os direitos que assiste a demanda idosa.
Parafraseando Iamamoto (2008, p. 60) “ O trabalho é a atividade própria do ser
humano, seja ela material, intelectual ou artística”. Deste modo, entende-se que o trabalho
intelectual faz-se necessário tal qual o trabalho braçal, desta forma o assistente social utilizará
da práxis no seu exercício profissional, práxis esta que se desenvolve a partir de uma prévia
ideação, onde o mesmo utilizará de toda a teoria obtida na literatura existente correlacionando
aos materiais técnicos operativos para traçar estratégias de atender a demanda que chega até o
mesmo.
Para Antunes (2000, p. 123), “É a partir do trabalho, em sua cotidianidade, que o
homem torna-se um ser social, desligando-se de todas as formas não humana.” Portanto,
partindo deste pensamento nota-se uma concordância entre os autores Albornoz (2008),
Iamamoto (2008) e Antunes (2000), onde ambos defendem a idéeia de que o trabalho nasce a
partir de uma preévia ideação, ou seja, realiza trabalho previamente na sua consciência para
assim realizar estratégias para favorecer sua atuação profissional.
Esse pensamento converge para a realização da práxis profissional, analisando as
transformações do mundo do trabalho, a fim de compreender a contradição existente na
sociedade contemporânea: Capital x Trabalho. Para assim desenvolver estratégias na
consolidação de direitos, destacando o direito da demanda idosa.
1.2 Transformações no mundo do tTrabalho
Ao analisarmos a sociedade contemporânea observamos profundas mudanças no
seio do trabalho, estas mudanças foram de fundamental importância para compreendermos a
estrutura da sociedade e sua influência na atuação do Serviço Social. Abordaremos a seguir as
transformações e as relações de trabalho a que estão sujeito os profissionais de Assistência
Social.
O mundo do trabalho sofreu profundas transformações no fim do século XIX
com a revolução industrial, período em que emergiu a divisão de classes entre proletariado e
burguesia e que, modificou os rumos do trabalho na história da humanidade. A classe
trabalhadora segue comercializando a sua força de trabalho, assalariada e que percorre
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despossuída dos meios de produção. Contudo, houve uma diminuição da classe operária
industrial tradicional.
Observa-se uma profunda transformação nos modos de produção na
contemporaneidade, iniciada na revolução industrial, onde houve mudanças significativas
neste modo de produção, com a chegada das máquinas e a tomada de consciência por parte
dos trabalhadores em exigir por seus direitos. M, mudanças estas que com o decorrer dos
anos, foram se readaptando inclusive na área de atuação do Assistente Social.
Para Antunes (2000, p. 47) “O mais brutal resultado destas transformações é a
expansão sem precedentes na era moderna, do desemprego estrutural, que atinge o mundo em
uma escala global”. Segundo o autor estas transformações se refletem claramente hoje em
nossa sociedade, portanto para que um profissional se mantenha no mercado, este deve
defender os interesses do capital mesmo que isto signifique esquecer seus próprios interesses,
sujeitando-se as novas formas de exploração e negando a sua identidade de classe.
As transformações no modo de produção se deve basicamente a implementação de
estratégias de organização de processo de trabalho como o fordismo, o taylorismo e
acumulação flexível ou toyotismo. Tanto o fordismo quanto o taylorismo implicaram em
estabelecer um processo de trabalho em larga escala para atender um consumo massivo. E é
nesse período que o profissional do Serviço Social desenvolve-se para atender as crescentes
desigualdades sociais com o intuito, a princípio, de minimizar conflitos de classes.
Com a implementação do toyotismo, tem-se a flexibilização do processo de
trabalho, que acarreta no crescimento da desregulamentação dos direitos de trabalho, no
surgimento da informalização da contratação dos trabalhadores; além do estabelecimento da
terceirização de serviços, cobrando uma nova postura do Serviço Assistente Social quanto ao
seu exercício profissional.
Pode-se assim dizer que o Assistente Social é um produto do meio das
transformações do trabalho, e que até a esse período atendia exclusivamente aos interesses do
capital. Porém, observa-se que a partir tais transformações no mundo do trabalho influenciou
diretamente na prática do Assistente Socialesse profissional, desde sua gênese até os dias
atuais, adotando prática específica para as demandas que lhe são apresentadas.
5
2. SERVIÇO SOCIAL
Para tratar sobre o exercício profissional do Assistente Social na
contemporaneidade faz se necessário realizar um resgate histórico da profissão desde sua
genealogia até os dias atuais, pontuando as transformações da sociedade e como esta
influenciaramesta influenciou no fazer profissional.
Além disso, identificar os fatores determinantes que desencadeou a necessidade de
um profissional que trabalhasse no conflito direto de interesses: burguesia x proletariado,
apoiando-nos nas perspectivas de Martinelli (1997), Netto (2005), Iamamoto (2008),
Martinelli (1997) e Montaño (2011).
Este resgate se faz necessário para que se possa obterobtenção de uma melhor
compreensão sobre a atuação do Assistente Social na contemporaneidade, conhecer o
contexto histórico e como se dava a atuação do Serviço Social naquela conjuntura, ou seja, em
meados do século XIX. Além disso,, identificar o momento histórico onde o profissional
adota para si a perspectiva marxista, questionando seu fazer profissional, assim como suas
bases teórico metodológico e ético-político.
2.1 Emergência do Serviço Social
Desde sua genealogia, o Serviço Social sofreu diversas mudanças em seu fazer
profissional, estas mudanças fizeram- se necessário devido às transformações pela qual a
sociedade passou, desde o sistema feudal até os dias atuais.
Ao destacar o contexto histórico da sociedade capitalista, nos remetemos
inicialmente para a crise do sistema feudal, tendo em vista que é a partir desse momento
histórico que temos a transição de um sistema para outro, reconfigurando assim as mudanças
na estrutura da sociedade, bem como nas relações sociais.
Para colaborar com essa reflexão, Martinelli (1997, p.31) ressalta que “os séculos
XIV e XV vão encontrar, porém, o feudalismo imerso a graves crises, de um lado decorrentes
da intensa difusão das transações monetárias em seu interior e de outro da desintegração da
estrutura feudal em função do amadurecimento de suas próprias contradições internas”. A
autora salienta ainda que a economia do feudalismo que era basicamente agrária, voltada a
troca de mercadoria, foi lentamente substituída pela volta da circulação das moedas nos
6
feudos, lembrando também da separação do trabalhador de seus modos de produção e este por
sua vez passou a vender sua força de trabalho para os novos burgueses, anteriormente
conhecidos como senhores feudais. Ne, neste contexto, a economia que era apenas de sub
existência passou a valorizar o lucro e utilizar-se dos meios de exploração para obtê-lo.
Com a instalação do capitalismo e, seu desenvolvimento, nota-se que as
desigualdades sociais já existentes, desde o feudalismo, se agravaram com as chegadas das
máquinas e a exploração direta da força de trabalho pelo burguês. Este trabalhador que não
possui mais a terra para plantar e sobreviver passa a negociar o único bem que lhe resta neste
momento, sua força de trabalho, porém esta relação capital x trabalho nunca se deu de forma
harmoniosa e houve a necessidade da criação de um profissional que trabalhasse neste
conflito direto de interesses.
Abranger a emergência do Serviço Social como profissão nos instiga à apreensão
das particularidades que envolvem o contexto da consolidação do capitalismo e a sua
essencial relação com o processo sócio histórico que o precede ao período em que o sistema
capitalista passa a conceder um novo sistema econômico e social ao propor novas formas para
o processo de produção e acumulação do capital, e afeiçoar diretamente as relações sociais
dos indivíduos, de forma que se advêm ao novo formato de sistema econômico conforme
Netto (2005).
Ao falar do surgimento do profissional de Serviço Social, nota-se, portanto que há
um impasse quanto ao surgimento da profissão, onde de um lado encontramos Lima, Vieira ( )
que defendem o surgimento da profissão no seio da Igreja Católica e este, por sua vez, uma
tecnificação da filantropia até se tornar o profissional que temos hoje.
E por outro lado temos teóricos como Martinelli (1997), Netto (2005), Iamamoto
(2008), Martinelli (1997) e Montaño (2011) que defendem a ideéia que o surgimento do
Serviço Social se fez necessário devido aos acontecimentos na sociedade nas diferentes
esferas: política, econômica e social no final do século XIX.
Para Montaño (2011, p. 23) apud Lima (1986:56) “O Serviço Social na sua
primeira etapa, quer dizer, na sua gênese se caracteriza “fundamentalmente pela caridade, a
beneficência e a filantropia como atitudes dominantes na Idade Média”“. Observamos que
esta visão endogenista é defendida pelo autor, onde este acredita que o profissional nasceu na
Igreja com as damas da caridade utilizando-se da filantropia.
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Ainda para Montaño (2011, p 25) apud Vieira “Falar de caridade, filantropia e
Serviço Social, em quaisquer dos casos, significa considerar as formas de ajuda, apenas
diferentes por ser modus operandi e a sua organização”. Assim, “ajuda aos outros [pode ser
vista] em qualquer de suas dimensões, seja caracterizada como caridade, filantropia ou
Serviço Social”. Nesse sentido, percebe-se claramente que a visão de bondade e boa moça
estavam impregnadas neste contexto social, onde as suas práticas estão voltadas diretamente a
ajuda e bem feitoria, muitas vezes também entendidos como uma forma de garantir o seu
lugar no céu.
Indo de sentido oposto à primeira visão, Montaño (2011) afirma que:
O Serviço Social não é apenas uma possibilidade, não se cria a partir de si mesmo, não surge somente como evolução de ações que os filantropos resolveram imprimir às suas práticas. Ele é dinamizado e estipulado (pois é necessários aos fins e a manutenção desta ordem) pelo projeto conservador que contempla as reformas dentro deste sistema. (MONTANO, 2011, p 25 apud NETTO, 1992a: 25)
Nessa direção, rompendo com a visão endógena e se fundamentando na
perspectiva críitica de Marx temos a perspectiva histórica crítica sobre o surgimento da
profissão, onde este profissional deve a sua existência ao surgimentoaparecimento das lutas
sociais iniciadas pelos trabalhadores no final do século XIX.
A “Questão Social” não determina por si só, a gênese do Serviço Social (Idem:14) . Ela apenas da base para a emergência da profissão quando se transforma em objeto de intervenção do Estado, quando surge uma mediação política ente a “questão social” e o Estado, mediação esta instrumentalizada pela políticas sociais cujo o executor terminal é o Assistente Social. (MONTAÑO, 2011, p.34 apud NETTO)
A partir da afirmativa de Montano (2011), que ressalta que o surgimento da
profissão não se deu de forma aleatória, mas como resultado de lutas por parte dos
trabalhadores que nesta conjuntura encontram-se demasiadamente insatisfeitos com as
mudanças ocorridas no seio do trabalho. Desta forma não era preocupação para o Estado as
problemáticas sociais, este por sua vez só passa a ser entendido como sujeito de voz quando
surge a mobilização das classes trabalhadoras e a chegada da questão social no final do século
XIX que já começava a sentir os efeitos da crise capitalista que aconteceria no século
seguinte.
Como Martinelli relata (2000, p. 94) relata “A sociedade capitalista estava à beira
de um colapso, com uma economia deteriorada e com um quadro social bastante preocupante,
em que os índices de desemprego cresciam e o pauperismo se generalizava”. A autora afirma
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que o clima de tensão existente nas ruas afastava cada vez mais a certeza de tranquilidade, o
que se via era “a questão social” que atemorizava a burguesia, lembrando a sua fragilidade da
ordem social que produzira.
Neste embate direto entre o Capital x Trabalho, onde o Estado começa a notar que
às ações paternalistas, filantrópicas e opressoras não eram mais suficiente para controlar as
massas de insatisfeitos, temendo a perda de sua soberania, busca estratégias de se manter no
poder, e assim como parte destas estratégias convida as damas da sociedade a se qualificarem,
dando origem ao surgimento dos primeiros profissionais.
Conforme Martinelli (2009), a partir desse contexto, a primeira escola de Serviço
Social européia surge em Amsterdã ,(Holanda,) no ano de 1899. Na Alemanha inicia-se o
curso de agentes sociais que culminou na origem da primeira escola Alemã no ano de 1908. A
partir daí esses cursos se disseminaram pela Europa e Estados Unidos, isso explica- se pelo
fato do Estado demandar esse serviço.
Segundo Martinelli (2009, p.107), “A “questão social” encontrava-se em plena
efervescência em um mundo que se preparava para as grandes guerras mundiais, para a
Revolução Russa e tantos outros embates que marcaram o século XX”. Assim sendo, é a
partir desse momento que a prática da assistência caminha em direção à profissionalização
referenciando a ação social a conhecimentos e procedimentos técnicos especializados.
Conforme Iamamoto e Carvalho, no que tange ao cenário brasileiro, a profissão
surge como um instrumento diretamente ligado à Igreja Católica, caracterizando-se como
reguladora das expressões da “questão social”. Em 1935 através por meio da Lei 2439 foi
criado o Departamento de Assistência Social do Estado, primeira iniciativa desse gênero no
Brasil, e as primeiras escolas surgem no final de 1930, em meio ao processo de
industrialização (capitalismo industrial), primeiramente na cidade de São Paulo em 1936, e
posteriormente, em 1937, no Rio de Janeiro, fruto do Centro de Estudos e Ação Social –
CEAS, que pautava em discutir a questão social dentro dos ensinamentos cCatólico e
retomada de prestigio junto à sociedade capitalista.
As atividades do CEAS se orientarão para a formação técnica especializada de quadros para a ação social e a difusão da doutrina social da Igreja. Ao assumir essa orientação, passa a atuar como dinamizador do apostolado laico através da organização de associações para moças católicas e para a intervenção direta junto ao proletariado. [...] São promovidos diversos cursos de filosofia, moral, legislação do trabalho, doutrina social, enfermagem de emergência, etc. (IAMAMOTO e CARVALHO, 1991, p.177).
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A partir da assertiva, verifica-se que em nosso país o Serviço Social enquanto
profissão tem uma ligação direta entre a Igreja Católica e o Estado a fim de amenizar os
impactos do avanço do capitalismo e consequentemente das expressões da “questão social”.
Indo em sentido contrário, e apoiando-nos nas perspectivas de Martinelli (1997), Iamamoto
(2007), Martinelli (1997), Netto (2005) e Montaño (2011), convergimos com a perspectiva
histórico- critica onde afirma que o Serviço Social surge da necessidade de haver um
profissional que trabalhe juntamente aos conflitos das classes trabalhadoras no final do século
XIX. Nas décadas de 40 e 50 houve um reconhecimento da importância da profissão, que foi
regulamentada em 1957 com a Lei 3.252.
Conforme Iamamoto (2007), com essa regulamentação e levando em consideração
o momento vivenciado no pPaís, se fez necessário uma reformulação da prática da assistência
que nesse contexto – embora já reconhecida enquanto profissão - ainda encontrava-se
impregnada com suas raízes cCatólicas filantrópicas e conservadoras. Questionamentos a
cerca da prática e teoria vinda dos próprios profissionais dá início ao chamado Movimento de
Reconceituação que fez transparecer todas as inquietações e insatisfação da profissão,
questionando sobre sua prática profissional.
A profissionalização e o desenvolvimento do Serviço Social são fruto do padrão de desenvolvimento do pós – guerra, sob a hegemonia norte-americana tencionada pela guerra fria, ante as ameaças comunistas. Esse padrão de desenvolvimento demarca um largo ciclo expansionista da economia internacional, sob a liderança do setor industrial. (IAMAMOTO, 2007, p.29)
Neste período, aonde o Brasil vem sofrendo com o Governo autocrático
proveniente da Ditadura Militar, o Serviço Social brasileiro começa a rever suas bases
teóricas e metodológicas do fazer profissional, libertando–se das amarras do modelo latino
americano por entender que a realidade da mesma se difere da realidade brasileira e portando
não pode ser tomada como modelo absoluto para sua atuação.
Uma tentativa de ruptura com o conservadorismo do Serviço Social tradicional é
lançada, buscando-se uma renovação, uma mudança na postura da prática do Serviço Social,
onde o mesmo finalmente assume uma dimensão política da profissão, visto que, nesse
momento abre-se a possibilidade dos profissionais identificarem a existência de duas classes –
antagônicas - “burguesia e proletariado” - impossibilitando a neutralidade profissional.
Chegava a hora de se posicionar em favor do projeto de uma das classes.
É importante ressaltar que o Movimento de Reconceituação não foi homogêneo,
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pois cada profissional tinha uma perspectiva diferente sobre como o Serviço Social deveria
sofrer alterações, estava dividido em revolucionários e conservadores, onde o primeiro
buscava uma renovação transformadora e o segundo uma modernização conservadora, ou
seja, o primeiro bloco se dividia em reatualizar o Serviço Social para melhor atender os
interesses do Estado e o segundo bloco em voltar sua prática a atuar junto ao trabalhador.
Pensar a profissão não exige apenas detectar as determinações de sua inserção na sociedade. Implica, ainda, identificar as raízes teóricas que é caudatária, que vem informando certas óticas de leitura da sociedade e do exercício profissional. Implica, pois, recuperar algumas características de herança cultural e intelectual e vem ao discurso profissional e a compressão da prática do Serviço Social. (IAMAMOTO, 2000, p.195)
Diversos seminários foram realizados com a fim de se produzir discussões e
alternativas na busca desse “novo” perfil profissional, um perfil onde o profissional pudesse
ter uma visão diferenciada da realidade social. Documentos como de Araxá (1967),
Teresópolis (1970) adotando uma perspectiva positivista, Sumaré (1978), Alto da Boa vista
(1984) sob a perspectiva fenomenológica e Belo Horizonte (1972/1975) com a perspectiva
dialética critica, foram elaborados nesses seminários na busca de tais propostas, culminando
nas primeiras expressões de Renovação da profissão. Hoje, esses documentos são
considerados marcos histórico do Serviço Social. .
Segundo Montaño (2011) o fazer profissional do Assistente Social passou por
intensas mudanças, onde a prática necessitou ser repensada e reformulada para atender as
demandas existentes nos dias atuais, dessa forma observa-se no Código de Ética do Assistente
Social de 1993 uma nova forma de atuar junto às novas demandas e suas particularidades,
ultrapassar os desafios e utilizar-se do conhecimento técnico operativo no agir profissional,
rompendo de vez com o profissional executor de atividades terminais e tornando-se um
profissional propositivo apoiado na dialética critica de Marx.
O desafio não é simples, mas já tem sido assumido por diversos profissionais, especial aos a segunda metade dos anos 1980. Nesta empresa vai-se o futuro da profissão. No entanto não recai na pesquisa o único fator determinante do desenvolvimento profissional. Ela deve se rebater na formação profissional mais qualificada (...) e na reciclagem e atualização dos profissionais de campo. (MONTAÑO, 2011. P.200).
Neste sentido e de controvérsia sobre o que é ensinado na matriz curricular nas
instituições do Serviço Social e a realidade encontrada nos campos de atuação, o autor
salienta ser necessário fazer uso da teoria adquirida nos anos de graduação para que este
profissional esteja em constante requalificação para atuar junto aos novos desafios do fazer
profissional, rompendo com o imediatismo, enxergando além do aparente, apreendendo a
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realidade social em sua totalidade, sendo estratégias utilizadas pelos profissionais no
cotidiano da prática profissional.
Conforme o artigo publicado pelo CFESS (2013),
É importante salientar que as lutas também são travadas no interior da profissão; logo, são conquistas no campo da luta pela hegemonia, que se expressam hoje, por exemplo, no Código de Ética. Rompemos, de forma inédita, em 1986 e 1993, com as referências ético-políticas e teórico-metodológicas dos Códigos de Ética do Serviço Social, desde a sua origem. Rompemos com a herança conservadora da profissão, explicitando a dimensão política da profissão, desvelando a pretensa “imparcialidade” ético-política e assumindo um compromisso com os usuários, inseridos em sua condição de classe. Rompemos com a herança metafísica dos Códigos anteriores, adotando-se uma fundamentação histórica, orientada pela tradição marxista e com valores que foram “decifrados” em seu significado emancipatório e operacionalizados no conjunto do CEP. (CFESS, 2013, p. 2)
Por fim vale salientar que o Serviço Social existente hoje é resultado de uma
trajetória histórica da sociedade, onde este profissional necessitou qualificar-se para que o seu
agir profissional obtivesse resultados satisfatórios, lembrando sempre que este profissional
atua no embate direto da relação Capital x Trabalho se apoiando no projeto ético político e no
Código de Ética de 1993, onde determina seus valores e diretrizes.
Ter realizado este resgate histórico foi de extrema importância para a
compreensão da origem do Serviço Social, para entender a conjuntura na qual surgiu e suas
especificidades, as mudanças sofridas no seio de sua atuação e o compromisso projeto ético
político assumido pelos Assistentes Sociais. Apropriar-se da teoria marxista trouxe para a
atuação uma nova visão de interpretar o sujeito enquanto detentor de direito, entendendo que
cada sujeito tem uma particularidade e especificidade e, portanto necessita ser trabalhado o
usuário individualmente e não somente coletivo. Este direcionamento diferenciado na atuação
trouxe para a profissão um amadurecimento em sua prática profissional,. o que possibilitou
que o Assistente Social atuasse junto aos usuários das políticas públicas, onde podemos
destacar os usuários da faixa etária idosa.
Compreendemos assim que o desafio profissional junto às novas demandas
sociais, entre elas o idoso, constitui-se em desafios constantes, onde este atua na consolidação
de direitos mediante as políticas publicas, trazendo a este idoso à identidade de sujeito de
direitos e parte da sociedade como qualquer outro cidadão.
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3. IDOSO
Vivemos em uma sociedade, onde todos são livres e iguais perante a Constituição
Federal, mas o que notamos é uma sucessiva regressão de direitos para com o cidadão e estes
direitos estão sendo cada dia mais usurpados por aqueles que detêm o poder político-
econômico e que é evidenciado pelo fim do Welfare State1 e a chegada do Neoliberalismo2 de
acordo com Iamamoto (2008) e Antunes (2011). Neste tópico abordaremos como foi
constituído os Ddireitos dos iIdosos, as pPolíticas Ppúblicas voltadas para o iIdoso e as
estratégias utilizadas pelo Assistente Social na cConsolidação destes direitos.
3.1 Direito do Iidoso e Serviço Social
Antes, porém, precisamos ter uma pequena compreensão sobre direito.
Encontramos na literatura diversas definições a respeito de direito, contudo, baseado em
Costa (2001) pode-se dizer pelo senso comum, segundo Latorre apud Costa (2001), que
direito pressupõe ser um conjunto de normas de conduta estabelecidas para regular as relações
sociais e que são garantidas pela intervenção do poder público. E tal garantia se consolida
com a Constituição de um Estado, instrumento político-jurídico destinado a assegurar o
exercício de direitos sociais e individuais de uma sociedade.
Em nosso país, a Constituição Federal, promulgada em 1988 exerce essa função
em que o direito tem a finalidade de proporcionar uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, promovendo a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça. Esse tratamento universal e humano é o conceito básico abordado por
Vicente Ráo (1991) apud Martins (2011).
"É o direito um sistema de disciplina social fundado na natureza humana que, estabelecendo nas relações entre os homens uma proporção de reciprocidade nos poderes e deveres que lhe atribui, regula as condições existenciais dos indivíduos e dos grupos sociais e, em conseqüência, da sociedade, mediante normas coercitivamente impostas pelo Poder Público". (Vicente Ráo, 1991 apud Martins, 2011)
Essa definição caracteriza o pensamento positivista, onde o direito é
fundamentado na lei imposta pelos homens, o direito positivo, como argumentado em Martins
(2011). Mas, acrescenta princípios da universalidade e do direito natural à vida, à liberdade e
ao pensamento, essência dos direitos humanos estabelecida em 1948 e que nortearam as lutas
contra a discriminação e as desigualdades sociais como abordado por Barroco (2011).
1? Walfere Statem- procurar???2 Neoliberalismo
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É neste contexto que o profissional de serviço social deve atuar, observando as
leis contidas na legislação vigente que irão nortear a atuação visando a efetivação dos direitos
constituídos. Compreendemos, portanto que direito além de ser um conjunto de medidas e
regularização de relações sociais que junto com o poder público objetivam evitar e repreender
toda e qualquer discriminação, violência e injustiça que venha acometer os cidadãos de uma
sociedade, constitui um instrumento sócio-jurídico indispensável para o agir profissional do
aAssistente Ssocial.
Na questão do idoso percebemos na vida cotidiana que os direitos dos idosos a
muito conquistado são muitas das vezes ignorados ou mesmo esquecidos. A atuação do
profissional de serviço social vem garantir a aplicabilidade desses direitos conquistados, e que
foram resultados de intensas mobilizações de inúmeras associações de idosos durante a
década de 90, como mencionado por Rodrigues (2001).
Tais mobilizações se devem em parte ao fato que no Brasil antes da Constituição
de 1988 termos uma trajetória de escassas e mesmo, tímidas conquistas no âmbito legal dos
direitos voltados aos idosos. Podemos perceber isso no resgate feito por Machado (2013) nos
aArtigos do Código Civil (Lei n.º 3.071/1916), que fez notório o direito à prestação de
alimentos recíproco entre pais e filhos; do Código Penal (Decreto-Lei n.º 2.848/1940), que
garantia pena atenuada, suspensa ou prescrita para maiores de 70 anos; do Código Eleitoral
(Lei n.º 4.737/1965), que resguardava a prioridade na hora de votar além de facultar o voto à
maiores de 70 anos.
Na década de 1960, a pessoa idosa era notada apenas por seu desgaste físico em
decorrência da idade e por sua improdutividade em relação ao trabalho, o que ocasionava a
marginalização da pessoa idosa na sociedade. Nessa época, apenas os trabalhadores
empregados eram assistidos por um sistema de proteção social, como a Caixa de
Aposentadoria e Pensão (CAP), muito insignificante para atender a realidade da população
idosa.
Todos estes direitos, até então alcançados, não podem ser negados, pois foram
garantias legais conquistadas pelos idosos, neste período da história. Até a década de 1970,
todos os trabalhos realizados com idosos, derivavam de filantropias, realizados por
instituições religiosas e/ou de caridade. Mas a partir desse período, é que passou a ser notório
o aumento populacional dessa parcela de indivíduos de acordo com Rodrigues (2001, p. 150).
14
Em virtude disso, foram realizados diversos programas sociais e seminários
voltados para atender os interesses da classe idosa na qual resultou na elaboração de um
documento contendo as diretrizes básicas para esse segmento populacional, intitulado:
Políticas para a 3ª Idade – Diretrizes Básicas.
Surge em 1976, através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) um
programa de assistência ao idoso denominado Programa de Assistência ao Idoso (PAI),
destinado a organizar e implementar grupos de convivência para idosos previdenciários nos
postos de atendimento desse Instituto, como relatado por Rodrigues (2001, p. 150).
Em 1977, tem-se a Reforma da Previdência, na qual foi instituída o Sistema
Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) tendo a Fundação Legião Brasileira e
Assistência (LBA) como responsável pelo atendimento aos idosos no território nacional. Tais
atendimentos realizados em centros sociais proporcionavam a distribuição de alimentos,
próteses, órteses e afins. Já, em 1987 houve uma reestruturação na LBA, o que transforma o
programa PAI no Projeto de Apoio à Pessoa Idosa (PAPI), que conforme salienta Rodrigues
(2001, p.155) propunha:
... ações complementares de apoio ao cidadão e a família e ações voltados para as pessoas idosas, visando dar-lhes oportunidades de maior participação em seu meio social e, também desenvolver a discussão ampla de sua situação como cidadãos, suas reivindicações e direitos além de valorizar todo o potencial de vivência dentro das comunidades. (Rodrigues, 2001, p.155).
Com a Constituição Federal de 1988, a questão do idoso, passou a ter uma
significativa importância onde: “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de cuidar dos
idosos, assegurando-lhes uma participação na vida comunitária, protegendo sua dignidade e
bem-estar, garantindo-lhes o direito à vida” (art. 230).
A partir de então, inúmeras associações de idosos baseados nas Políticas para 3ª
Idade se mobilizaram e realizaram diversos seminários que culminaram na elaboração de um
novo documento que serviu de base do plano pPreliminar para a Política Nacional do Idoso.
Baseado nesse documento foi implementada no Brasil, a Lei n.º 8.842, sancionada em 4 de
Janeiro de 1994, na qual dispõem sobre a Política Nacional do Idoso (PNI) e a criação do
Conselho Nacional do Idoso, buscando efetividade dos princípios constitucionais, tornando
um instrumento legal e legítimo de proteção à pessoa Idosa. É definido em seu Art. 1º que:
“A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do Idoso, criando
15
condições para promover sua autonomia integração e participação efetiva na sociedade” (PNI,
1994, p.1).
De um modo geral a Política Nacional do Idoso destaca-se em suas diretrizes por
viabilizar alternativas de participação entre a sociedade e o iIdoso, implementando,
formulando e avaliando políticas pertinentes a partir dos seus representantes, com o objetivo
de assegurar os direitos sociais do idoso, proporcionando as condições que possibilitem a
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e estabelecendo normas para que os
direitos sociais do idoso sejam consolidados. No entanto, essa lei teve grandes dificuldades de
ser implementada devido ao fato de ser uma lei abrangente e necessitar de outras leis para
efetivação das ações e direitos dos idosos em questão, como comenta Paz e Goldman (2007).
Inicia-se então um intenso debate a respeito da questão e que resultou na criação
do Estatuto do Idoso, Lei n.º 10.741 de 1º de outubro de 2003, que visa a consolidação dos
direitos prescritos na PNI e norteia os rumos para a efetivação dos mesmos. Tal documento
tem representatividade singular no âmbito das conquistas dos direitos da pessoa iIdosa e
sinaliza as responsabilidades da sociedade e do pPoder Ppúblico.
Neste contexto, observa-se que o direito obteve um grande avanço com o
surgimento da Política Nacional do Idoso e do Estatuto do Idoso, mas a existência de tais
políticas não significa necessariamente que o iIdoso tenha acesso aos seus direitos, ou seja,
este cidadão embora tenha seus direitos garantidos por lei necessita ainda lutar por sua
efetivação. Conclui-se que a atuação do aAssistente Ssocial é de extrema importância tanto
para efetivação dos direitos dos idosos quanto para enfrentamento de suas demandas, o que
infere em estabelecer políticas públicas que visam atender os desafios atuais e futuros dos
profissionais de Serviço Social.
3.2 As p Políticas pPúblicas relacionadas ao Idoso
Conforme Kauchakje (2008, p. 61), a atuação do Aassistente Ssocial junto ao
iIdoso requer um suporte teórico-crítico que viabilize a aplicabilidade de políticas públicas
definidas como “formas de planejamento governamental que têm o objetivo de coordenar os
meios e os recursos do Estado e também do setor privado para a realização de ações
relevantes e politicamente determinado”. Nesse tópico abordaremos as políticas públicas
16
existentes de atenção ao idoso, pois é fundamental que o profissional saiba além dos motivos
e causas dos conflitos inerentes a demanda idoso, as políticas de âmbito social adotado para
atender-los.
A Constituição Federal vigente estabelece um ‘tripé’ de Seguridade Social que é
composto pela Previdência Social, Saúde e Assistência Social. Este direito articula o acesso
aos direitos contributivos (tributários) e transferências de renda não contributivas vinculadas à
assistência social.
A Assistência Social, integrada a Seguridade Social, é uma Política Pública não
contributiva. É um direito de todo cidadão e um dever do Estado em garantir este direito. Em
15 de outubro de 2004, iniciou-se um marco importante no campo da Assistência Social, à
aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e regularizada em 2005 pelo
Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Garantida constitucionalmente e fortalecida com uma Política Nacional própria, a
Assistência Social garante de forma mais ampla os direitos por ela estabelecidos, amplia o
campo de conquistas, possibilitando um maior acesso dos vulneráveis às garantias
constitucionais que, propõem a emancipação dos indivíduos, e potencializam o acesso aos
serviços por estes estabelecidos favorecendo uma promoção social para os que outrora
estavam distanciados dos direitos sociais, como descritos por Gomes (2009).
A Assistência Social visa garantir proteção social a todos os que dela necessitam, independentemente de qualquer contribuição prévia. Isso significa que qualquer cidadão brasileiro tem direito aos benefícios, serviços, programas e projetos sócio assistenciais sem o caráter contributivo, o que permite eliminar ou reduzir os níveis de vulnerabilidade e/ou fragilidade social (GOMES, 2009, p. 14)
A Política Nacional de Assistência Social possibilita à pessoa idosa e à sua
família, a garantia efetiva dos direitos sociais através da inserção destes nos programas,
serviços, projetos e benefícios com vínculo direto com o Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), contribuindo para o enfrentamento desta demanda social.
Conforme Gomes (2009), para atender este novo paradigma, as ações de
assistência social dividem-se em duas categorias de atenção, que se apresentam, conforme o
contexto da demanda atendida e a complexidade do atendimento: proteção social básica e
proteção social especial.
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A proteção social básica consiste na prevenção de situações de risco pessoal, e
estimula o desenvolvimento de vínculos familiares e comunitários, promovendo o
fortalecimento desses vínculos, além de uma maior compreensão dos direitos sociais. Tais
ações e benefícios constituem-se métodos de proteção contra o isolamento ou mesmo contra o
abandono familiar dos idosos. A aplicabilidade dessa proteção deve-se a ação em conjunto
dos Centros de Convivência para Idosos, do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do
programa Bolsa Família, das ações socioeducativas promovida pelo Programa de Atenção
Integral à Família (PAIF) e do apoio e orientação a grupos de cuidadores de idosos. Entende-
se, portanto, que essa proteção contribui para enfrentamento das desigualdades presente na
sociedade, de forma que venha garantir o bem-estar social e mental da pessoa idosa.
A proteção social especial compõe-se de serviços, programas e projetos que tem
por objetivo prestar atendimento especializado a famílias e indivíduos em situação de risco
pessoal e social e violação de direitos. Destina-se, portanto em atuar na defesa da pessoa idosa
vitima de abandono, violência física ou psicológica, abuso sexual e negligência. As ações são
exercidas pelos: Centro de Referência da Assistência Social (CRAS); Centro de Referência
Especializado em Assistência Social (CREAS); Poder Judiciário; e Ministério Público. Assim
sendo, essa ação age na promoção de benefícios sociais garantido pelo Estatuto do Idoso e
pelas leis de proteção da pessoa idosa.
Observa-se assim o quão necessário a existência de um profissional que atue no
seio deste conflito e mediante as políticas públicas existentes contribua para garantir os
direitos dos idosos em questão. Desta forma, o assistente social, compromissado com seu
código de ética, é um profissional capacitado através de seu conhecimento teórico-
metodológico capaz de fazer uma leitura da realidade do usuário e assim contribuir para
efetivação dos seus direitos e do serviço prestado com qualidade, no caso para a pessoa idosa.
3.3 Os desafios do Serviço Social na consolidação de dDireitos dos iIdosos
Ao longo da trajetória do Serviço Social nota-se uma constante transformação na
sua prática profissional, essas transformações se deram devido a fatores como contexto sócio
histórico, cultural, econômico e a chegada de novas demandas. Demandas estas já existentes
por muitos anos em nossa sociedade, porém a questão do Idoso possui uma história recente no
18
âmbito do Serviço Social sendo uma demanda com grandes desafios na efetivação de direitos,
como apresentado por Campelo e Paiva (ano).
Chega-se, assim, ao momento atual. Apesar dos esforços que vêm sendo dedicados no sentido de efetivar, na prática, políticas sociais capazes de causar impactos positivos no cotidiano da população idosa, ainda predomina a cidadania de papel, ou seja, a maioria da população sofre as conseqüências do processo histórico de desigualdade social, contando unicamente com o aparato legal. (CAMPELO; PAIVA, ano, p. 192).
Essas demandas impulsionaram,impulsionaram como visto, o desenvolvimento de
uma legislação especifica de proteção aos idosos e que é concomitante aos trabalhos
desenvolvido pelos assistentes sociais, direcionado majoritariamente à população que vive em
condição de vulnerabilidade social, como é o caso do idoso. Excluída do processo produtivo,
da produção de bens e serviços, essa população procura no Assistente Social o profissional
que poderá orientá-la para que possa usufruir o bem-estar social.
Segundo Peixoto (1998, p.71) “a velhice do século XIX, se impunha
essencialmente para caracterizar as pessoas que não podiam assegurar seu futuro
financeiramente”. Esta visão de improdutividade por parte da terceira idade ainda é
ilusoriamente perpassada na nossa sociedade, porém observamos que este idoso, embora
esteja fora do mercado de trabalho formal ainda faz parte da mão de obra que mantêm o
mercado capitalista atual. As atividades exercidas dentro de sua casa, por exemplo, demonstra
o quanto o idoso com sua força ainda consegue executar uma tarefa. Mas isso é caracterizado
pelo grau de conservação adaptativa de um individuo idoso em relação a sua idade
cronológica, denominada de idade funcional como salientado por Neri (2008). Neste contexto,
o assistente social tem como desafio apresentar à sociedade que o idoso em determinada
circunstancia ainda pode ser produtivo, o que remete as proposições de Iamamoto (2007), em
que consiste em apresentar novas soluções para uma determinada realidade.
Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo. (...) Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes passíveis de serem impulsionadas pelo profissional (IAMAMOTO, 2007, p. 20-21).
Conforme Iamamoto (2006), vale vale ressaltar que para uma prática satisfatória
este profissional necessita se apropriar da história de seu usuário, desvendando sua realidade
social, sua cultura e suas reais necessidades para assim traçar os mecanismos de intervenção
19
junto ao seu agir profissional. No que tange ao acadêmico, este por sua vez ao sair das
instituições de ensino deve utilizar-se da sua bagagem teórica adquiridos nos anos de
graduação e correlacioná-lo a prática profissional para enfrentamento dos desafios do seu
cotidiano.
O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional, em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do Assistente Social. (IAMAMOTO, 2006, p. 52)
Este desafio contemporâneo necessita ser superado a cada dia, onde o Assistente
Social enquanto sujeito parte do sistema Capitalista, pois vende sua força de trabalho, também
necessita se apossar de estratégias para realizar sua prática profissional, sempre respeitando as
diretrizes do Código de Ética da profissão. Além disso, deve estar apto a decifrar o contexto
ao redor do usuário e aplicar seu conhecimento teórico-crítico, como observado por Campelo,
Paiva (ANO).Um profissional culturamente versado e politicamente atento ao tempo histórico; atento para decifrar o não dito, os dilemas implícitos no ordenamento epidérmico do discurso autorizado pelo poder. (CAMPELO; PAIVA, ANO, p. 31)
A partir dos pressupostos apresentados e embasados nas técnicas de atuação do
profissional, compreendemos que o Assistente Social precisa estar atualizado para criar
estratégias no enfrentamento para efetivação dos direitos da pessoa idosa, e garantindo assim
o seu compromisso ético-político com a sociedade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
.....
Atendendo então, as novas exigências, o Serviço Social na prática junto à fase
idosa, têm um desafio de orientar a população do verdadeiro papel do idoso, garantindo seu
lugar numa sociedade que passa por grandes mudanças que estão centradas no avanço
tecnológico, favorecendo a relação entre mercado e consumo, e nessa lógica valorizam a
quem produz e consome.
A situação de ser útil apenas pelo que produz na sociedade capitalista influi
diretamente sobre a vida e personalidade da pessoa idosa, que passa a ter certas condutas
desviantes por se acharem improdutivos e acreditarem que sua relação com a natureza é por
intermédio do trabalho.
Portanto, diante da questão do idoso que vive momentos de exclusão social, é
propenso o dialogo entre as diferentes faixas etárias a fim de despertar a sensibilidade por
todos os cidadãos que sofrem diversas formas de discriminação, além de potencializar a
pessoa idosa a acreditar em si, como pessoa de direitos, isso levara a redescobrir sua
verdadeira identidade, assumir-se como pessoa imprescindível a sua improdutividade social.
Assim, cabe ao Serviço Social, em sua função ética e política, organizar e
trabalhar os direitos sociais do idoso, resgatar sua dignidade, estimular consciência
participativa do idoso objetivando sua integração com a sociedade, trabalhando o idoso na sua
particularidade e singularidade, levando em consideração que é ele a parcela de uma
totalidade complexa e contraditória, e que faz da população.
21
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IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações e serviço social no Brasil, 14. Ed. – São Paulo – Cortez, 2001
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NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e serviço social. 4. Ed. - São Paulo – Cortez, 2005.
MONTAÑO, Carlos. A natureza do Serviço Social. Ensaio sobre a sua gênese, a “especificidade” e sua reprodução. São Paulo – Cortez, 2011.
22
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Antunes, 2000
Martinelle, 1997
Iamamoto e Carvalho, 1991
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Machado, 2013
Campelo e Paiva