bombardeios incendiÁrios das royal e u.s. airforces sobre cidades germÂnicas (1940-45)
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VISÃO DOS DERROTADOS: A FOTOGRAFIA ALEMÃ (1942-1949)
Dra. Sylvia Ewel Lenz
Universidade Estadual de Londrina
Resumo
Apresento algumas imagens alemãs tiranas na a Segunda Guerra e após-45 cujo realismo
deve-se à derrota da ditadura nacional-socialista e extinção do Estado alemão. Ao
contrário dos aliados ocidentais que liberaram fotografias como bons e vitoriosos e do
regime totalitário de Stálin que demonstra a força patriótica de seu povo. Contextualizo
cada foto e indico portais onde é possível pesquisar imagens originais.
Palavras-chaves: Segunda Guerra Mundial - cotidiano - mulheres
Abstrac:
Herewith I present some German images taken during II World War and after 1945
which realism are due to the defeat of the Nazism and the German State extinction. Other
than the western allies who liberated only photos as good and victorious and from the
brutal Stalinism regime which demonstrate the patriotic power of their people. I do
contextualize each image and indicate sites where one can research original images.
Key-words: II WW - daily life - women
Imagens livres da censura dos vencedores
Após a Reunificação da Alemanha, negociada com os aliados vencedores em 1990,
a historiografia tem sido contada pelos filhos e netos da Segunda Guerra segundo a
vivência dos vencidos. Eles têm recorrido a diários escritos naquela época para elaborar
suas memórias e assim, resolver traumas silenciados durante décadas. Historiadores, e
não só alemães, passaram a ter acesso a arquivos até então fechados, principalmente
situados nos antigos países satélites e da URSS (CORTOUIS, 2006).
Aliás, nome escamoteado no novo império moscovita, pois não representava a
união consensual dos povos; nem a res-publica no sentido do bem comum; muito menos
soviética, pois os sovietes foram excluídos do governo e socialista, somente para o
proletariado, posto que a elite política vivia luxuosamente.
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Imagem oficial da RAF do ponto de vista de quem lança as bombas - WCPD
Além do mais, apesar do modismo da História Social segundo vertentes
marxistas e da Escola dos Anais, a narrativa das guerras continuou a ser elaborada
segundo a ótica política dos vencedores. Afinal, historiadores, principalmente do leste
europeu e os alemães, durante décadas viram-se cerceados pela censura oficial, além da
restrição de acesso a determinados arquivos.
Ou seja, a História Social, the Social Studies, History from below, Ecoles des
Annales, só aconteceram entre os países vencedores dos aliados ocidentais. Portanto,
antes de ser acusada de revisionista da história alemã, ressalto que finalmente, após a
queda do império moscovita, também lá a memória longamente silenciada de seus súditos
também tem sido pesquisada.
Afinal, Joseph Stálin foi soberano de 1922 a 1953, quase vinte anos a mais que o
ditador alemão (1933-1945), e repressão stalinista atingiu pelo menos três gerações em 31
anos de tirania. O secretário-geral do partido único manteve os súditos sob censura
acirrada além de mandar burgueses e intelectuais para serem “reeducados” nos Gulag -
campos de trabalho soviético. Muitas pessoas, receosas da KGB - Comitê de Segurança
do Estado, destruíram documentos pessoais - cartas, manuscritos, diários, fotografias -
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com medo da repressão e tortura. Aproveito para mencionar a vasta obra do historiador
britânico Orlando Figes que resgatou o cotidiano russo sob a tirania de Stálin.
Ele apresenta, mediante inúmeras entrevistas com pessoas de diversas idades, a
vida privada e silenciada de gerações de soviéticos: “Essas pessoas são heróis de
Sussurros. Em sentido verdadeiro, este é seu livro; eu apenas lhes dei voz. Para nós, estas
são história, para elas, são suas vi das. A cada estágio do trabalho neste livro, estive
sempre muito consciente do meu dever como historiador de contar a história dessas
pessoas de uma forma que elas pudessem reconhecer como sendo uma reflexão
verdadeira sobre sua experiência.” (FIGES, 2010, p. 740-741) 1
O mesmo se passou nos países satélites de Moscou, pela escala de suicídios em
maior grau na Hungria e na Republica Democrática Alemã, capital Berlim Oriental,
criada após a fundação da República Federal da Alemanha, (a Ocidental), capital Bonn,
ambos Estados que cindiram a nação alemã em 1949. Nos países do leste europeu o
partido único ditado por Moscou, comandava o Estado garantido pela polícia política
estatal de seus governos, sob égide da KGB. Para não mencionar demais regimes
autoritários, inclusive na Europa Ocidental como o salazarismo e o franquismo, o
castrismo em Cuba, os regimes militares na América Latina, o maoísmo e seguidores
ferrenhos leste asiático...
Agora, como a Alemanha de Hitler perdeu a guerra numa derrota incondicional, ou
seja, total, sem negociação alguma, muito pelo contrário, imagens feitas durante e após o
conflito não sofreram censura. O mesmo pouco vale para os aliados vencedores que só
deixavam publicar fotografias e filmagens quando estavam por cima da situação, mas não
como derrotados... Segundo o blog “história sem cortes”, a diversidade temática das
imagens alemãs confere-lhes uma qualidade ao mesmo tempo singular e caleidoscópica2.
Como foram tiradas em grande parte por pessoas comuns, e não só fotógrafos
oficiais do governo, retratam, sem maquiagem, o cotidiano brutal dos civis e mesmo
militares alemães: “... as dos alemães são muito interessantes por causa da fonte uma vez
que a Alemanha nazista foi extinta junto com o Estado alemão. Não havia mais controle
de qual imagens liberar. São fantásticas pois mostram a guerra como era e não como
alaguem queria que nós a olhássemos”. 3
O grande problema foi o silêncio que durante décadas abafou os traumas
decorrentes da guerra e da violência sob ocupação estrangeira. Na Alemanha Oriental e
na Europa do Leste, sob domínio soviético a guerra ideológica ainda permaneceria até
3
1990. Portanto, somente após a Reunificação da Alemanha, a reconstrução do leste
alemão e o retorno da alemã capital para Berlim, começaram as pesquisa acadêmicas, ao
resgate de memórias, desabafos em diários, e debates gerais.4
Destruição total (1940-1945)
Civis e bombeiros resgatam corpos de vítimas de bombardeios em Colônia.
Churchill ordenara: “The maximum use of fire on the German cities” - com
bombardeios massivos e incessantes, realizados em etapas – destruição, incêndio e efeitos
retardatários – para aniquilar os civis e destruir as cidades alemãs. A intenção inicial era
atingir fábricas de armamentos, porém a tecnologia estava longe de acertar os alvos,
atingindo civis em seus bairros residenciais, em hospitais, maternidades, asilos e até
campos de trabalho forçado onde se encontravam prisioneiros civis estrangeiros, além de
campos de concentração.
Ninguém era poupado – mulheres, idosos, crianças, grávidas, parturientes e até
prisioneiros estrangeiros, inclusive judeus. Os civis exauriam-se na defesa quase
diária contra os constantes ataques aéreos, no enterro dos mortos, voltada para a
sobrevivência e a reconstrução. Portanto, precisava antes dormir entre um bombardeio e
outro, carecendo de energia para derrubar Hitler, seguramente entrincheirado em seu
Bunker de Berlim.
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Da parte dos britânicos e americanos, o bombardeios eficazes e sistemáticos foram
aperfeiçoados a ponto de atingir a destruição de todas as cidades alemãs de médio e
grande porte (FRIEDRICH, 2006, p. 94). Cientificamente elaborado, o lançamento das
bombas seguia uma metodologia tecnológica, conforme relatado por Guilherme,
brasileiro que voltara para Alemanha com sua mãe para visitar a avó e só pode retornar
após a guerra:
A sequência determinada pelos engenheiros pirotécnicos fora desenvolvida
empiricamente e a partir de 1943 seguia sempre o mesmo padrão: primeiro as
bombas de grande deslocamento de ar, que em alemão eram denominadas “minas
aéreas” e em inglês blockbusters, em média pesavam 500 kg e uma tonelada, e cujo
efeito principal era o grande deslocamento de ar, destelhando aqueles casarios velhos
e quebrando janelas, além de dificultar o avanço dos bombeiros pelas ruas
danificadas. Em seguida vinham as vagas de bombas incendiárias, formadas por
galões de 20 a 30 litros de fósforo líquido misturado a borracha e gasolina e que, a o
explodirem, atingiam uma área de 50 metros quadrados com fogos que não podiam
ser apagados com água. A partir do fim de 1944, os engenheiros pirotécnicos haviam
aperfeiçoado as bombas de fósforo para explodirem e atingirem um raio de até 200
metros. Vinha na vaga seguinte o despejo de milhares de bastões incendiários
oitavados de 55 cm de comprimento com invólucros de zinco e alumínio e contendo
pó de térmita, uma mistura de óxido de ferro com alumínio, que, uma vez acesa
pelas espoletas, resultava em combustão em altíssimas temperaturas, queimando e
cuspindo fogo durante 10 a 15 minutos (CONSTANTINO, 2010, p. 50-51).
O objetivo dos aliados era destruir não só a produção bélica como também a
indústria civil, oficinas, lojas, estações ferroviárias, enfim, toda a infra-estrutura pública
além das moradias da população civil como ocorreu na Batalha do Ruhr empreendida
para quebrar o front ocidental. E arrasou um quarto da maior região industrial alemã,
catedrais, universidades, bispados, museus, antigas bibliotecas. Fotos aéreas dos
bombardeios eram enviadas para o Primeiro Ministro e nos círculos decisórios e na
cúpula dirigente ninguém alimentava ilusões quanto ao destino dos citadinos: “o que
também se podia depreender do sarcasmo de Churchill, ao comentar que os alemães não
precisavam mais viver em suas cidades, devendo ir para o campo e assistir, do alto das
colinas, à queima de suas casas.” (FRIEDRICH, 2006, p. 94)
A primeira das mais atingidas por este processo foi Lübeck, além de Bremen,
Hamburgo, antigas cidades hanseáticas e demais portos bálticos até Dantzig, na intenção
de não só chacinar civis como destruir o passado histórico e cultural da Alemanha. No
verão de 1943, Hamburgo recebeu a média de uma bomba por habitante. O resultado
agradou Churchill: o extermínio imediato de 40 mil mortos e 900 mil desabrigados.
A intenção era destruir o porto e minar a produção de submarinos, no entanto os
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bombardeios arrasaram os bairros operários e o centro histórico da maior cidade
hanseática. Na Operação Gomorra, a Royal Air Force lançou, além das bombas comuns,
96.430 bastões incendiários e 2.733 bombas líquidas sobre um quilômetro quadrado o
que desencadeou o turbilhão de fogo (FRIEDRICH, 2006, p. 209-210) 5. Em outubro de
1943 os ingleses criam os termos hamburgization e to hamburgize the German Cities
como método de ataque aéreo para aniquilar as cidades alemãs e a população civil. No
desespero, pessoas corriam aos porões das moradias, os bunkers ou abrigos construídos
pelo governo que, no entanto, viravam criptas nas quais elas morriam sufocadas de calor
ou por causa da falta de oxigênio; quem saiu às ruas para tomar ar fresco foi chacinado
pelo furacão de ar quente.
Friedrich compara a intensidade dos bombardeios em Hamburgo e Dresden à dos
nucleares no Japão; na cidade portuária, três horas condenaram à morte total doze
quilômetros quadrados (FRIEDRICH, 2006, p. 28 e 30). Militares britânicos e americanos
avançavam pela região renana e industrial do Ruhr, no oeste alemão, e quando não
matavam “por engano”, libertavam os prisioneiros civis, militares e judeus dos campos de
trabalho.
Diante dos contínuos bombardeios aéreos sobre as principais cidades alemãs, as
autoridades nazistas mandaram remover boa parte dos habitantes para regiões rurais,
alojando-os em escolas, igrejas, ou hospedando-os com estranhos. Centenas de milhares
de crianças urbanas foram enviadas pelo programa Kinderlandverschikung para lares
situados em áreas rurais, vivendo com famílias estranhas ou sob tutela de jovens
hitleristas - uma das medidas mais drásticas do regime que separou as mães, uma vez que
os pais estavam na guerra, de seus filhos.
Muitas cidades ficaram despovoadas, a população reduzida em até 10%, pois não
havia infraestrutura, casas para morar, nem escritórios, oficinas, fábricas, lojas ou
consultórios para trabalhar. Mesmo assim muitos citadinos preferiam voltar, compartilhar
a desgraça com amigos e familiares, a morar com estranhos no interior. Afinal, havia um
choque sociocultural entre o pessoal do campo e os citadinos, além da diferença entre os
dialetos, tão díspares que eles mal se entendiam.
No final, a destruição das conexões viárias dificultava a circulação de bens e
pessoas que teriam de passar por longos desvios. Sem correios, comunicações telefônicas
e telegráficas, as famílias não tinham como receber notícias de seus entes queridos e
receavam nunca mais encontrá-los. Nas ruas das cidades em ruínas, os alemães
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esbarravam em centenas de cadáveres expostos, queimados, mutilados, que precisavam
ser enterrados em valas coletivas de modo que a onipresença da morte era mjuito
perturbadora (BESSEL, 2010, p. 366).
Deslocados de guerra: refugiados e prisioneiros de guerra
Inverno de 1945 - família - avó, mãe e filho com seus trastes, descansam para seguir longa
caminhada em fuga da Silésia
Exércitos anglo-americanos chegaram próximos de Berlim, mas foi o Exército
Vermelho que conquistou Berlim. Hitler, ele mesmo austríaco de nascimento, após
insistir tanto numa resistência irracional, finalmente reconheceu a derrota culpando a
fraqueza dos alemães, incapazes de atingir seus objetivos lunáticos... Sem enfrentar a
realidade macabra criada por ele cometeu suicídio junto com Eva Braun, enquanto
Goebbels matou os seis filhos e então tirou a própria vida junto com a mulher.
Finalmente, representantes da Wehrmacht comunicaram a rendição total do Reich - a
Alemanha foi o primeiro país a sofrer derrota total na história:
Nunca na historia moderna um país caíra mais fundo do que a Alemanha em 1945:
sua soberania foi extinta, sua infra-estrutura esmagada, sua economia paralisada,
suas cidades reduzias a entulhos; além disso, a maioria da população estava faminta
e desabrigada, as Forças Armadas desfeitas e os sobreviventes em campos de
prisioneiros de guerra; o governo inexistente; e todo o país ocupado por exércitos
estrangeiros (BESSEL, 2010, p.365).
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Já os civis ansiavam pelo término da guerra, que os libertaria dos contínuos
bombardeios britânicos e americanos, pondo fim ao recrutamento militar que os enviava a
campos de batalha suicidas. Mas isso não representou a paz para o povo que, exaurida e
faminta, temia a vida sob ocupação estrangeira. Esse marco histórico também representou
o início – chamado de Hora Zero - Stunde Null de um povo assustado e acuado em um
país vencido sem futuro. Muitos consideraram que os alemães jamais conseguiriam
refazer suas vidas, ou que economia e ordem social levaria décadas para se recompor.
Até o final da guerra, havia seis milhões de desabrigados vagando por toda
Alemanha, pois de 16 milhões de moradias, um quarto foi arrasado e outro tanto
danificado Muitas pessoas passaram a morar dividir espaços com parentes ou estranhos,
em porões, bunkers e abrigos improvisados. Metade das escolas deixara de existir ou
abrigava os deslocados, mal havia hospitais, asilos, clínicas, e a metade das escolas
estavam destruídas.
Além do mais, faltavam alimentos, pois o leste, celeiro da Alemanha, passara a ser
polonês e tcheco. As vias urbanas estavam atulhadas de escombros, trilhos retorcidos,
bondes e trens não funcionavam, pontes e ferrovias destruídas. Além do mais, ao final da
guerra, cerca de 14 milhões de alemães fugiam dos soviéticos ou eram expulsos pelas
milícias polonesas e tchecas a leste. Em geral chegavam à nova fronteira dos rios Oder-
Neisse6 atônitos, traumatizados, chegavam com seus pertences pessoais ou só a roupa do
corpo, quando assaltados durante o percurso.
Após a rendição incondicional da Alemanha, de oito a nove de maio, o país foi
ocupado pelos aliados que necessitavam de espaços habitáveis e usáveis para morar e
montar seus escritórios. No entanto, no imediato pós-guerra mal havia homens adultos –
mais de três milhões haviam sido mortos durante a guerra e onze milhões feitos
prisioneiros e enviados como trabalhadores forçados para reconstruir os países dos
vencedores. Havia sim, centenas de amputados e feridos, além de milhares de pessoas à
procura da família, do lar destruído, de cidades arrasadas.
Com a eficiente e boa infra-estrutura de transporte inutilizada, restava andar a pé,
pois bicicletas e relógios eram os bens preferidos da soldadesca soviética, e também dos
argelinos, afro-americanos e hindus que serviam como escudo humano para os aliados
ocidentais... A polícia só podia reprimir crimes dos alemães, mas nunca aliados de modo
que estas mulheres ficaram a mercê das necessidades sexuais não só dos soviéticos como
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também de marroquinos, argelinos, afro-americanos e franceses, eventualmente
britânicos.
O Reichsmark também não valia mais nada; recorria- ao escambo de bens para
conseguir alimentos ou a furto e saques para saciar a fome dolorida. Bilhetes escritos à
mão, afixados em locais públicos propunham trocas; móveis por batatas, cigarros por
pão, berços por camas, roupas por sapatos. Fotos e anúncios também pediam informações
sobre familiares perdidos na guerra e durante a fuga e expulsão de alemães do leste.
No cotidiano cinzento e em ruínas só havia algo a fazer: trabalhar, sobreviver e
reconstruir a partir do zero. Era cada um por si e tudo contra todos. As crianças
procuravam restos de comida, ajudavam a cuidar dos menores enquanto suas mães
trabalhavam arduamente na retirada e triagem de toneladas de entulhos.
No campo ainda havia produção de alimentos, porém, nas cidades, quem sequer
tinham mais bens para trocar dependiam do cartão de racionamento já instituído pelo
regime durante a guerra. Em função da fome e da falta de víveres foi instituído o cartão
de racionamento com cinco graus de acordo com o tipo de trabalho exercido e que mal
chegava a mil calorias diárias.
Mas o cartão referente à retirada dos escombros era melhor dos melhores, enquanto
que o da dona de casa, sem marido e com crianças para alimentar, beirava a inanição.
Assim, mães de família, adolescentes e idosas e senhores de todos os níveis culturais se
uniram neste mutirão feminino, durante seis dias por semana, a céu aberto, sob sol, chuva
e neve, de manhã à noite.
Diariamente era difícil locomover-se em meio a ruas entulhadas, conviver com
falta de água potável, de energia elétrica, de saneamento básico e de gás para aquecer as
moradias semi-destruídas e cozinhar. No entanto, como havia bocas famintas, crianças,
bebês, doentes e saudáveis para alimentar, muitas árvores de parques urbanos viraram
lenha, ervas, cogumelos e frutas silvestres colhidas nos bosques. Após as colheitas feitas
sob segurança armada, a população acorria à notei para catar o sobras de folhagens,
tubérculos e frutos.
No final da guerra, adultos civis e militares assassinados por tropas inimigas
estendiam nas estradas, ao lado de cadáveres de crianças e de idosos. Centenas de
famílias de alemães do leste, diante da dizimação, da perda total, preferiam a morte, o
suicídio coletivo – seus corpos apodreciam em casas e prédios: “No primeiro semestre de
1945, realizar as tarefas diárias significava encontrar mortos nas ruas – cadáveres de
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soldados e civis, de estranhos e conhecidos, de pessoas que não podiam ser reconhecidas.
A morte se tornou, com nunca, parte da vida diária” (FRIEDRICH, 2006, 367).
A detenção pelos aliados de prisioneiros alemães - POWs - Prisoners of War - foi
brutal: eram mantidos em campos abertos, sem abrigo, pouca água, comida rara e os
sanitários eram áreas mais baixas onde se faziam as necessidades. Eles dormiam ao
relendo, nas noites frias da primavera e durante o dia ficavam a mercê do sol quente ou
das intempéries - chuva e vento. Aos civis era terminantemente proibido alimentá-los ou
dar água, embora muitos o fizessem à noite ao longo das cercas de arame farpado. No
transporte, eram atulhados em caminhões abertos onde viajavam em pé, horas a fio.
Centenas de alemães aguardavam durante dias a céu aberto até serem enviados para
trabalhar como prisioneiros de guerra nos países dos vencedores.
Do outono 1944 até 1947 houve a maior evacuação étnica, com cerca de catorze
milhões de alemães expulsos do leste alemão (inclusive o território entre os Rios Oder-
Neisse e a Prússia Oriental) dos quais se calcula que mais de doze milhões morreram no
caminho – fome, doenças, violência. E ao chegar eram barrados na fronteira alemã, pois
do outro lado havia um país arruinado sem condições de receber toda esta gente. Até o
seu transporte para Berlim onde havia uma triagem - em geral para aldeias e já que as
cidades estavam destruídas.
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O árduo trabalho da Cruz Vermelha e dos Aliados, principalmente ingleses e
americanos (os franceses recusaram-se a recebê-los) instalou toda esta gente. Durante
anos, décadas, os deslocados viveram em condições precárias, partilhando moradias em
barracas, galpões e antigos campos de confinamento. Em geral, os idosos que insistiram
em permanecer ou eram mortos, ou se mataram ou foram obrigados a emigrar, posto que
a sua permanência se tornara inviável.
As associações de refugiados visavam prestar ajuda mútua, conseguir moradia,
trabalho, partilhar o sofrimento, confraternizar e mais tarde, zelar pela tradição cultural e
gastronômica (KOSSERT, 2009). Mediante o trabalho nelas, alguns se candidataram e
foram eleitos, da forma a agir em prol dos interesses de seus compatriotas. Elas existem
até hoje e contribuíram para zelar pela memória privada destes migrantes forçados,
inclusive na criação de museus para onde muitos doaram fotografias, objetos e até as
chaves de casa, que trouxeram na esperança vã de um dia retornarem...
Traumas femininos: as mulheres alemãs
Mulheres dos escombros trabalham diariamente em mutirão na retirada de entulhos.
No inicio da conquista e ocupação da Alemanha, estima-se que cerca de dois
milhões de mulheres (inclusive prisioneiras de guerra) sofreram violentos estupros da
soldadesca aliada. A fama concentrou-se nas “hordas” soviéticas, muitos nem eram
russos, repercutida no ataque indiscriminado, inclusive a freiras de conventos silesianos,
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muitas das quais engravidaram. Mas o fato é que americanos (brancos e negros),
franceses (argelinos e marroquinos) também se esbaldaram à custa do abuso sexual das
alemãs. Calcula-se que mais de 200 mil mulheres morreram devido aos consecutivos
estupros da soldadesca, seja por que foram contaminadas com doenças venéreas,
provocaram abortos, cometeram suicídio ou imploraram pela morte:
Entre os fugitivos que aguardavam, havia novecentos sobreviventes de um navio de
passageiros utilizado par evacuação e torpedeado pelos russos, o vapor Wilhelm
Gustloff7, que tinham conseguido desembarcar em Kolberg, bem como as mulheres
que chegavam nos comboios, pela praia, muitas das quais pediam ao cadete Wilfried
Sander e seus camaradas da escola de Artilharia Naval “que lhes desse logo um tiro
de misericórdia”. Haviam sido várias vezes violentadas pelos russos, e seus filhos
tinham desaparecido. “Estavam totalmente desmoralizadas, em não conseguiam
conversar. (FRIEDRICH, 2006, p. 165)
Apesar da ruptura com a estória pessoal, por meio de deslocamentos, perda de
famílias, a Hora Zero - Stunde Null, ou seja, o recomeço do nada, representou a libertação
de doze anos de terror e de repressão. Civis dos extintos territórios do leste alemão
tiveram suas propriedades confiscadas e redistribuídas entre russos, poloneses e tchecos
além de serem enviados para campos de trabalho forçado (os antigos de concentração) na
Polônia, Tcheco-eslováquia e URSS, incluindo mulheres e crianças onde muitos
morreram durante o transporte, de fome, doenças ou da violência gratuita dos opressores.
Ao final da guerra milhares de alemães fugiam a pé, em carroças ou em navios e
barcos para o oeste, com seus pertences pessoais; após a guerra, outros milhares foram
expulsos em trens de carga até o Rio Oder, e no caminho sofriam rapinagem ou eram
mortos. Houve casos de famílias inteiras cujos ancestrais há centenas de anos haviam
criado raízes no cultivo da terra, nos negócios, na produção e que inconformados com a
tragédia, decidiam pelo coletivo suicídio, primeiro crianças e depois adultos, com veneno
ou por enforcamento.
Estas fileiras humanas na estrada eram alvos sistemáticos dos aviões de caça, e a
gente aprendeu a se atirar nas valas do acostamento ao ouvir o seu ronco. Depois que
desapareciam no horizonte, saíamos dali e continuávamos a caminhar só parando à
noite, para dormir no chão enquanto as crianças ficavam embrulhadas em
colchonetes, recurso precário porque mesmo com tanta proteção ainda tinham os
pezinhos gelados. Não é preciso dizer que o sono era agitado, em parte pela
impossibilidade de aquecer-nos e também pelo temor de sermos varados por uma
bala. Quando amanhecia retomávamos o percurso e conforme o tempo passava, sem
nada para comer e abatidos pelo cansaço, começamos a entrar em marcha lenta
(FERREIRA, 2007, p. 2)
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Por outro lado, a ausência de homens alemães, feitos prisioneiros, desaparecidos ou
condenados, era compensada pela presença dos homens aliados. Mulheres alemãs, em
grande maioria viúvas ou solteiras, amenizavam o sofrimento diário junto a oficiais, em
relações que também visavam a obter proteção contra a violência da soldadesca. Afinal,
principalmente na área de ocupação soviética (SBZ) os soldados tinham a prática de
realizar estupros – qualquer mulher que se recusasse era assassinada à queima-roupa, com
um tiro na nuca.
Outra história silenciada, das civis alemãs que, junto com filhos, foram tornadas
prisioneiras. Durante a guerra os alemães do Volga, na URSS, já haviam sido deportados
para o Cazaquistão ou Gulags nos Urais, Sibéria e Mar Ártico (Kolyma), para onde
mulheres também foram enviadas após 1945 pelo crime de serem alemães em um total de
um milhão de prisioneiros civis sendo que 10% morriam durante o transporte em vagões
de carga. Do extinto território alemão a leste, cerca de meio milhão, incluindo mulheres e
crianças e idosos, foram enviados pelos soviéticos para os antigos campos de
concentração, confinados, famintos e sem higiene, morriam aos milhares, logo assumidos
pelos poloneses.
Cerca de trinta mil alemães dos Sudetos foram enviados para os campos tchecos
enquanto 160 mil, metade na Iugoslávia sob a vingança dos partisans e a outra na
Romênia, enviados para campos de trabalho forçado no Cáucaso e na Ucrânia. Depois,
mais de seis milhões de alemães que, desde o século XVIII enviados para colonizar
territórios conquistados austríacos os otomanos, foram expropriados, aprisionados e
finalmente expulsos do sudeste europeu – bastavam ser de descendência alemã.
Por fim, outro destino ocultado pela história oficial dos vencedores foi o drama das
alemãs comunistas que, fugidas do regime nazista, foram prestar serviços técnicos ou
como enfermeiras na URSS. No entanto, finda a guerra, passaram a ser perseguidas, e
injustamente acusadas de algum delito e condenadas aos campos de trabalho forçado. Na
realidade o crime era: origem ou nacionalidade alemã mesmo para as que assumiram a
identidade soviética.
Mesmo os que haviam aderido à nacionalidade soviética e renunciado de retornar à
antiga pátria, foram condenadas devido à sua etnia. Parentes residentes na Alemanha
comunista empenharam-se anos, por vezes até décadas, para libertar estas mulheres.
Muitas faleceram sem retornar à terra natal, outras retornaram já idosas e bem debilitadas
(STARK, 1998).
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Durante o nazismo, as alemãs perderam direitos adquiridos na República de
Weimar, e sua vida foi restrita às tarefas do lar ou empregos subalternos como doméstico,
em indústrias têxteis e alimentícias ou na agricultura. O regime nazista mandou-as seguir
o lema dos “3K” – Küche, Kinder, Kirche (cozinha, filhos, igreja), confinadas à vida
doméstica e à reprodução biológica com a: “... construção de uma imagem da mulher
alemã sadia e fértil, de quadril largo e de cabelos trançados em forma de coroa na cabeça.
A magreza é combatida, bem como a maquiagem, o fumo“ (QUETEL, 2009, p. 13).
Mesmo assim, as mulheres alemãs, ricas ou pobres, nobres, burguesas ou plebéias,
há século estavam acostumadas a trabalhar nos afazeres domésticos, uma vez que a
ociosidade era mal vista, exceto em domingos, dia de descanso e feriados santos.
Durante o conflito, na ausência de homens enviados ao front, elas foram convocadas a
trabalhar nas indústrias bélicas sob as rígidas normas das fábricas. A tradição da ética do
trabalho e da parcimônia protestante, a iniciativa comum, os trabalhos em equipe
realizados nas paróquias e os mutirões de bairro, prepararam-nas para a reconstrução
alemã pós-guerra.
Em meio a ruínas, à violência e à fome, elas retiraram com mãos calejadas, baldes e
pás, 400 milhões de metros cúbicos de modo a preparar a reconstrução civil do país. A
sua atitude, força e perseverança marcaram o novo papel das mulheres, conferindo-lhes
autoconfiança e defesa de seus direitos civis. Ou seja, foram as alemãs, e não as
americanas nos anos sessenta que deflagraram o feminismo na prática. Mas também há
milhares de outras que silenciaram a sua dor, vítimas dos estupros dos aliados, expulsas
do leste ou enviadas a campos de trabalho tchecos, poloneses e siberianos.
As mulheres, por sua vez, uniam-se diariamente e se ajudavam na sobrevivência
diária, nos trabalhos domésticos e partilhavam alegrias e tristezas do cotidiano. A partir
de 1º de junho de 1945 os aliados convocaram mulheres de 15 a 65 anos para limpar os
escombros das vias públicas de modo a torná-las novamente transitáveis.
Para os observadores internacionais, perplexos diante da destruição que eles
mesmos perpetraram, levaria trinta anos até que mais de 400 milhões de metros cúbicos
fossem removidos de toda Alemanha. Se transportados em vagões de carga formariam a
extensão de 160 mil quilômetros - a circunferência equatorial da Terra é de 40 mil km! E
como quase não havia homens, exceto idosos, restava às mulheres limpar a sujeira do que
eles – alemães e aliados – haviam deixado.
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A cena de mulheres empoeiradas, com lenços na cabeça, aventais, sapatos
surrados ou mesmo descalças, com pás e carregando baldes passar tijolos uma para outra,
tornara-se comum em toda Alemanha ocupada e até a década de 1950. Inicialmente o
entulho era removido em carrinhos de mão, carroças puxadas por cavalos macilentos e
depois sobre trilhos que elas construíram.
As mulheres limpavam os tijolos, garimpavam e separavam materiais dos
escombros - pesadas vigas, tubulações, portas, janelas, trincos, pias, sanitários,
dobradiças etc. Às senhoras idosas cabia limpar, sentadas, tijolos maciços (inteiros e pela
metade) enquanto outras os amontoavam para serem reusados nas obras de reconstrução.
Muitas aproveitavam madeiras rachadas, sem serventia, para usarem como lenha para
cozinhar e aquecer os cômodos.
O que restava do entulho ainda era triturado e empregado para tapar buracos de
estradas, ruas, pântanos ou mesmo profundas cicatrizes provocadas pelo efeito de bombas
com onze toneladas8. A devastação fora tal que em 1948 ainda se via em Klaudorf:
“1500 crateras de bombas com quatro metros de profundidade. Os campos não se
prestavam mais à lavoura, pois setenta por cento da camada de solo fértil haviam sido
removidos.” (FRIEDRICH, 2006, p. 188).
Juntas, moças, mulheres, idosas e estudantes durante o final de semana, realizaram
um trabalho que até então fora exclusivamente masculino além de se depararem com
corpos de conhecidos ou familiares sob os escombros. A elas também coube, então, o
serviço do trabalho antes feito por bombeiros e prisioneiros de guerra. Elas que, durante o
regime nazista, haviam sido relegadas ao papel de boas donas de casa e boas parideiras,
ou a papéis secundários no trabalho como secretárias, enfermeiras ou até como auxiliares
nos campos de concentração.
Portanto, à medida que os prisioneiros alemães eram liberados e conseguiam
reencontrar a sua família, eram recebidos não mais por uma mulher submissa, mas altiva
e independente; às vezes com outro parceiro, o que provocou um alto índice de divórcio.
Afinal, quando eles conseguiam encontrar os seus entes queridos, a esposa, embora
sofrida e com as mãos calejadas pelo árduo trabalho, havia se tornado chefe da família,
sustentado e educado os filhos.
Junto com outras mulheres, mediante coesão e cooperação mútuas, elas
sobreviveram em meio a perdas pessoais e materiais, a dor, luto, frio, fome e às precárias
condições de moradia. Independentes e, apesar das mãos calejadas pelo trabalho árduo,
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eram altivas e conscientes do importante trabalho de reconstrução de suas cidades. Outras
assumiram cargos até então masculinos como a condução de bondes e ônibus e como
operárias na construção civil, em meio à escassez geral de água, alimentos, lenha e
moradias, para não falar de medicamentos.
Considerações gerais
Até o início do século XXI, mulheres desenraizadas, mas principalmente as alemãs
estupradas e condenadas ao trabalho forçado, tinham vergonha pelo passado, reprimindo-
o à base de tranquilizantes. Mesmo se o sofrimento só tivesse durado horas ou dias, os
traumas psicológicos perduravam para sempre, até com conseqüências físicas, como a
interrupção, parcial ou total, do ciclo menstrual.
E, também, havia tanto trabalho para fazer, o pão do dia para ganhar, crianças e
velhos para cuidar, que mal tinham tempo para partilhavam o sofrimento do pós-guerra.
Estupros em massa e o emprego da mão de obra alemã especializada e de prisioneiros de
guerra foram usados como butim pelos governantes na condição de reparações humanas,
junto com os de materiais tais como confisco de máquinas, ferramentas, fábricas e do
roubo de bens e posse das propriedades.
Para complementar, houve o espetáculo condenatório, humilhante e vexatório em
Nuremberg, transmitido pelas emissoras de rádios para o mundo todo. Contava com a
presença do chefe de Estado soviético, Stalin e do Primeiro Ministro Churchill, em prol
da condenação dos nazistas por crimes contra a humanidade. Dez anos após o término da
guerra, torturas e condições desumanas dos Gulags foram denunciados fora da URSS;
recentemente o massacre de milhares de oficiais poloneses em Katyn, atribuído aos
nazistas, mas de fato perpetrado por soviéticos.
Ações dos aliados ocidentais aclamados como libertadores nos países dominados
pelos nazistas ou até visto como redentores para alemães cansados do regime belicoso,
revelaram-se cruéis e inomináveis. É o caso do bombardeio sistemático sobre a cidade
barroca de Dresden, repleta de feridos de guerra e de refugiados e que teve o centro e
arredores devastados pelo tapete de bombas.
Uma iniciativa de Londres para, nem terminada o conflito, demonstrar aos
soviéticos seu poderio aéreo e militar. Afinal, guerra é por si mesma, um ato decidido
pelos governantes e considerado legítimo nas relações internacionais, mas que sempre
resulta ser um crime contra civis e militares convocados por lei.
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1 Ver também seu portal www.orlando.figes.com em que o autor publicou transcrições e arquivos
sonoros das entrevistas (todas em russo) além de disponibilizar imagens deles. . 2 Usei imagens da Wikimidia Commons - Public Domain - Domínio Público da Wikimedia disponibilizadas
pelo Arquivo Federal Alemão - o Bundesarchiv.
3 http://uncensoredhistory.blogspot.cm.br - publicado em inglês, mas com tradutor para várias línguas.
4 Como o http://www.forumkriegsenkel.de/ onde há relatos e filhos da guerra, em geral de refugiados e
os traumas decorrentes herdados até a terceira geração. 5 Conforme artigo “ Alemães sob chamas: imagens apagadas durante a Guera Fria”, publicado no portal
do III Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Londrina: UEL, 2011, p. 2713-2732. 6 Mais uma redução territorial da Alemanha foi decidida pelos “Três Grandes” em fevereiro de 1945, em
Yalta, cidade soviética e ratificada na Conferência de Potsdam, no verão do mesmo ano. 7 Ao contrário do propagado em noticiários e filmes comerciais, o maior naufrágio não foi o de Titanic,
mas sim deste navio lotado com mais de 10 mil alemães do leste fugidos das tropas soviéticas, dos quais metade eram bebês, crianças e adolescentes morrerem afogadas nas águas gélidas em janeiro de 1945. 8 Mesmo após o fim da Guerra Fria, 165 km do Muro de Berlim foram transformados em brita, ou ainda,
para vender como souvenir... Lá tudo se recicla, há caçambas para vidros, papel, plásticos, metais e roupas usadas, reaproveitadas pela municipalidade.
Fontes:
ANÔNIMA. Uma mulher em Berlim. Rio de Janeiro: Record, 2008.
DÖHNHOFF, Marion. Minha infância na Prússia. São Paulo: Editora 43, 2002.
FERREIRA, Eleanor Stange. Também quero falar - sobrevivente alemã relembra o III
Reich. Canoas: Ed. ULBRA; Porto Alegre: AGE, 2007.
Bibliografia:
BESSEL, Richard. Alemanha, 1945. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
FIGES, Orlando. Susurros. A vida privada na Rússia de Stalin. Rio de Janeiro: Record,
2010.
FRIEDRICH, Jörg. O incêndio - como os aliados destruíram as cidades alemãs 1940-
1945. 2ª. Ed. Rio de Janeiro, Record, 2006.
KOSSERT, Andres. “Verzicht ist Verrat.” In: Kalte Heimat, die Geschichte der
Deutschen Vertriebenen nach 1945. München: Siedler Verlag, 2009.
MACDONOGH, Giles. After the Reich. USA: Basic Books, 2007.
QUETEL, Claude. As mulheres na guerra. São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.
STARK, Meinhard. “Traten keine Probleme auf…” In: KAMINSKY, Annete. Heimkehr,
1948. München, C.H. Beck, 1998.