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Doce Sono
Título original: Sweet Sleep
Por: Archibald G. Brown (1844-1922)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Out/2016
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B877
Brown , Archibald G. – 1785 -1859
Doce sono / Archibald G. Brown Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2016. 25p.; 14,8 x 21cm Título original: Sweet Sleep 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
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"Nosso amigo Lázaro dorme". (João 11:11)
A tristeza tinha visitado a aldeia de Betânia,
porque o amado irmão Lázaro tinha sido acometido de uma enfermidade. Suas duas
irmãs, Maria e Marta o amavam - mas também sabiam que elas não eram as únicas por quem
seu irmão era amado; então mandaram imediatamente um mensageiro a Jesus dizendo:
"Senhor, eis que aquele a quem tu amas está doente!" João 11.3. Nós teríamos suposto que,
logo que tal mensagem chegasse ao nosso Divino Mestre, ele teria se apressado a ir a
Betânia, e com a imposição de sua mão amorosa afastaria a doença. Mas não, "seus caminhos não
são os nossos caminhos, nem os seus pensamentos os nossos pensamentos", porque
quando ouviu o relato sobre o sofrimento, ele ficou ainda dois dias no mesmo lugar.
Que dias cansativos e longos devem ter sido aqueles para as irmãs de Lázaro. Eu posso imaginar Maria dizendo: "Eu tenho certeza que
ele o ama", e Marta respondendo, "Eu sei que ele virá", e elas olhavam uma para a outra, enquanto
seus corações faziam a pergunta que seus lábios se recusavam a pronunciar. "Se ele o ama, então
por que se atrasa?" E agora, seu irmão piora rapidamente, e é evidente para elas, que o fim
está próximo. O último suspiro é dado, os olhos ficaram vidrados, e tristemente elas disseram:
"Ele se foi!"
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A sepultura recebe o pó muito amado, e toda a esperança se extingue nos seios das irmãs. Mas
onde está Jesus? Será que ele esqueceu o seu amigo? ele é ignorante de tudo o que se passou?
Não, ele só está esperando para ser gracioso, pois ele agora está dizendo aos seus discípulos:
"Nosso amigo Lázaro dorme, mas vamos para que eu possa despertá-lo do sono."
Na estrada ele se reuniu pela primeira vez com uma das irmãs, e depois com a outra; e a linguagem de ambas era a mesma: "Senhor, se
tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido." Esta foi a sua crença - mas foi o
propósito de nosso Senhor que o seu amigo devesse provar a morte, para que nenhum
suporte devesse vir antes do final ter sido alcançado; pois ele havia determinado
glorificar a si mesmo, e não por curar uma doença - o que poderia ser atribuído pela
multidão à habilidade meramente humana em medicina - mas levantar o morto à vida, é uma
prerrogativa somente de Deus.
É nosso propósito nesta noite nos debruçarmos sobre as palavras de Nosso Senhor aos seus discípulos: "Nosso amigo Lázaro dorme".
Também vamos tomar a liberdade de deixar de fora a palavra "Lázaro", como é verdade para
todos e cada um dos santos que morrem, que eles somente dormem. Como Igreja temos
sofrido uma grande perda com a morte de nosso
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amado irmão George Starling. Um dos mais consagrados do nosso número foi derrubado.
Um dos amados do Senhor foi removido da terra para o céu. O nosso amigo George Starling
dorme. Mas antes de olharmos para o texto como sendo especialmente aplicável a ele,
vamos com a ajuda de Deus meditar sobre algumas das coisas doces sugeridas por suas palavras.
Temos em primeiro lugar - uma doce relação declarada: "O nosso amigo."
Em segundo lugar - um fato solene sugerido - os amigos de Cristo morrem.
Em terceiro lugar - uma descrição amável dada, "Nosso amigo dorme."
I. Temos então no texto, um relacionamento doce declarado: "O nosso amigo."
Eis aqui uma condescendência maravilhosa. Nosso Senhor não se voltou para os seus discípulos e disse: "Seu amigo dorme", mas ele
se colocou lado a lado com eles em seu carinho e disse: "O nosso amigo." Confesso que, quando
em meu estudo li este versículo lentamente, eu me detive com a maior alegria nesta palavra – e
permaneci sobre ela, e descobri que quanto mais eu fazia isso, mais doce ela se tornava.
Parece-me, para ensinar tão docemente, o fato
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abençoado que Jesus é um com o seu povo. Isto é o mesmo que dizer: "Você o ama? Assim como
eu você reconhece Lázaro entre os seus amigos? Então eu também. Eu sou um com você em suas
tristezas, um com você em suas alegrias, e um com você em suas amizades também."
Agora, para muitos aqui presentes que são crentes no Senhor Jesus, eu diria: "Amados, vocês ocupam esta posição. Vocês são os amigos
de Jesus, e ele voluntariamente os considera como tal."
Vamos por alguns minutos meditar sobre a amizade que Cristo tem por seus filhos, e ao
fazer isso eu iria notar em primeiro lugar, que isto é uma coisa real. Há muita amizade
superficial, muito da boca para fora - mas pouco do coração. Esta é uma época de fraudes; e, entre
elas, a mais hedionda, que é a falsa amizade. Temo que as amizades de hoje em dia são mais numerosas - mas menos reais do que as de
alguns anos atrás. Mas a amizade que existe entre Cristo e seus discípulos não é somente de
palavras: palavras de amor que ele fala, sua verdade, e doces palavras elas são - mas a sua
doçura principal reside no fato de que cada palavra de seu lábio tem um profundo eco em
seu coração.
Isto é também uma amizade que é vivamente retribuída pelos santos. No amor de um santo ao
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seu Salvador, há uma realidade abençoada. Quem mais ele não possa amar com todo o seu
coração, no entanto deve amar assim o seu Salvador. Ele pode estar em dúvida sobre
qualquer outra coisa, mas não pode duvidar do fato de que ele ama Jesus. Com Pedro ele diz:
"Você sabe todas as coisas, você sabe que eu te amo!" (João 21.17)
Nesta amizade, há segredos bem guardados em ambos os lados. O velho ditado é correto "sussurros separam os maiores amigos"; mas em
estreita amizade nada é oculto; assim sussurros nada têm a revelar. Quando Jesus diz a alguém,
"meu amigo", ele declara uma amizade que ignora todo tipo de segredo, pois "o segredo do
Senhor é para os que o temem." (Salmo 25.14)
Diz-lhes os segredos do seu amor, os segredos de seus sofrimentos para eles, os segredos da
glória que tem colocado sobre eles. A doce obra de santificação é aprendida sobre Jesus, e é a
missão do Espírito Santo tomar das coisas de Cristo e revelá-las a nós.
Assim é conosco que somos seus amados; não poderíamos mesmo se quiséssemos, e ainda se pudéssemos, nada poderíamos esconder dele.
Se houver um pecado secreto no coração, se houver uma falha na vida, sois minhas
testemunhas oh santos de Deus, que não haverá
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paz para nós até que, como a mulher do passado, temos que "contar-lhe tudo" (Marcos 5,33).
Fardos pesados rolam para fora da alma, e doce tranquilidade flui por se dizer tudo a Jesus.
Estamos sendo inclinados pela dor, ou
oprimidos e feridos pela aflição? Nós só podemos encontrar alívio da mesma forma que os primeiros discípulos: "eles foram e disseram
a Jesus." (Mateus 14.12)
E oh, como é doce em momentos de silêncio dizer-lhe nas profundezas secretas de nosso
coração, que nós o amamos. Essa é a verdadeira comunhão, quando Cristo diz seus segredos aos
seus discípulos - e os discípulos em troca confidenciam o seu tudo a ele.
Jesus mostra a sua amizade, ajudando na hora da necessidade. Você pode pensar que você tem muitos amigos dispostos a ajudá-lo; sem dúvida
você os tem, assim como você não está agora na necessidade de qualquer ajuda.
Mas espere até que você precise, e vai encontrar a única vez para contar quantos amigos você tem de verdade, pois é quando você precisa
deles; e, então, geralmente não é uma coisa difícil contá-los porque certamente não serão
uma multidão.
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Sem dúvida, no meio da multidão, aqui esta noite, há alguns corações que conhecem a
amargura de descobrir que aqueles a quem eles supostamente seriam mais firmes e fiéis na
hora da provação, tornaram-se como nada.
"Um amigo na necessidade é um amigo de verdade." E quando Jesus chama alguém de "meu amigo", ele mostra sua amizade por mil
provas de amor. Nunca é a amizade de Cristo tão docemente mostrada, como quando mais
precisamos dele.
Além disso, se uma pessoa diz para mim, "meu amigo", eu naturalmente espero que ele vá mostrar sua amizade chamando para me ver.
Apenas assim, doces são as visitas de amor que Jesus faz a seus amigos. Como eles podem ser
descritos? Você não pensou às vezes, talvez quando deprimido ou na doença, "certamente
fulano vai me chamar e ajudar para passar o tédio do dia." Que emoção de alegria que você
experimentou quando a batida conhecida soou, e a voz familiar foi ouvida subindo as escadas.
Mas a batida mais doce que eu conheço, é a daquele que diz à sua igreja: "Eis que estou à
porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele , e
ele comigo. " (Ap 3.20)
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Sim, Jesus convida seus amigos; ele vem a eles em sua solidão; e quando ninguém está perto,
ele fala tão docemente que o tempo voa, e somos obrigados a dizer: "É bom estar sozinho com
alguém senão somente contigo”. Como os discípulos viajando para Emaús, podemos
esquecer a distância, enquanto ele fala conosco pelo caminho, e faz nosso coração arder dentro de nós.
Jesus nunca é causa de vergonha para seus amigos. Uma vez que ele tenha dito, "meu
amigo", ele nunca retira a frase. Existem muitos amigos borboletas que voam ao nosso redor.
Eles são vistos no verão da prosperidade - mas primam pela ausência, no inverno da
adversidade. Quando o sol brilhou em você, você dificilmente poderia contá-los em seu
grande número; mas quando as coisas mudaram, você dificilmente poderia contá-los
afinal.
Uma vez você saiu, e todo mundo parecia conhecer você; mas agora se você andar ao longo da rua todos os seus velhos conhecidos
parecem estar acometidos de uma súbita falta de visão; você é ignorado pelas mesmas pessoas
que costumavam ser as que mais o saudavam.
A maioria deles teria vergonha de ser visto andando com você por meio quilômetro; tais,
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infelizmente! são algumas das amizades insignificantes deste mundo.
Mas se Jesus diz: "Meu amigo," ele vai ficar ao
meu lado em tempos de pobreza, bem como de riqueza. Ele vai ficar ao meu lado quando o
mundo me despreza, e quando todos os outros me deixam. Ele é "um amigo que é mais chegado do que um irmão." (Prov 18.24)
Mais um pensamento antes de eu fechar este primeiro ponto, e que é a amizade de Jesus dura para sempre. Quanto mais doce a amizade - mais
terrível é o golpe quando é cortada. Onde estão muitas das nossas amizades na terra agora?
Quem entre nós não pode olhar para trás e chamar à memória rostos bem-amados que têm
sido escondidos dos nossos olhos durante anos, e permanecerá assim até o toque da trombeta da
manhã da ressurreição.
Na experiência de alguns, o laço mais sagrado na terra foi desfeito. "Até que a morte nos
separe" tem se tornado uma realidade, e a memória de um passado feliz é tudo o que resta
do amor do casamento.
Os pais têm visto os seus botões de rosa murcharem na casa - e amigos do peito foram
arrancados pela mão cruel da morte.
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Tenho poucas dúvidas de que, na congregação de hoje à noite, mil amizades quebradas estão
representadas. Mas a amizade que existe entre Jesus e seus amados nunca pode ser quebrada.
Que minha alma o ouça dizendo: "meu amigo"; que ele sussurre em meu ouvido que estou
entre o número feliz daqueles que ele chama de seus amigos - então aconteça o que acontecer, na doença e dor, ele vai ficar ao meu lado e se
chegará mais perto quando o meu corpo ficar mais fraco.
Na última luta, quando eu suspirar para cada respiração, quando a terra com todo seu brilho
recuar; quando o suor pegajoso estiver em gotas sobre a minha testa, mesmo assim, apesar de
estar surdo para todos os outros sons, meu ouvido ouvirá a sua doce voz dizer: "Meu amigo,
meu amigo!"
E quando a morte for vencida, e apenas o barro frio permanecer, então aqueles lábios amorosos
declararão: "nosso amigo dorme", porque "preciosa aos olhos do Senhor é a morte dos
justos." (Salmo 116.15)
Certamente, então, podemos dizer que no texto desta noite temos uma doce relação
reconhecida: "nosso amigo".
II. Em segundo lugar e mais rapidamente, temos um fato solene sugerido. Os amigos de Cristo
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morrem. A amizade de Cristo não nos isenta da morte. Esta ceifeira da morte a ninguém poupa.
A morte não pergunta se o molho de trigo está maduro para a glória - ou se ainda está verde, e
não preparado para a foice. Ela não pergunta se a vítima é um filho de Deus - ou um dos devotos
do mundo. Este cortador não retém a foice, porque o que vem diante de sua varredura é um dos principais sustentáculos da igreja, ou um
dos seus membros mais brilhantes.
O braço da morte não é paralisado porque
alguém é um amigo de Jesus. Todos são igualmente cortados - o amigo e o inimigo do
Salvador; o lírio do vale - e os cardos do deserto; os preparados e os não preparados.
O pecado deve ter a sua punição. A semente produzirá seu fruto preto; e embora o pecado do crente seja perdoado, no entanto, permanece
enraizado em sua própria natureza. Com apenas duas exceções, todos os amigos de Cristo desde
a época de Abel em diante, tiveram que morrer, e:
"Dez mil para a sua casa sem fim
Este momento solene voa;
E nós estamos à margem que vem,
E esperamos morrer. "
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Cristo permite que seus amigos morram, a fim de tornar manifesto o quão completamente ele
venceu a morte.
Suponha que em vez de experimentar a morte, todos os amigos de Cristo fossem como Enoque que foi arrebatado em glória; talvez a morte se
vangloriasse e dissesse: "Aha, eles não se atrevem a me encontrar no campo. O seu
Senhor tem medo de colocar sua vitória à prova. Seria fácil para eles dizer "Ó morte, onde está o
teu aguilhão?” Porque eles nunca me encontraram em meu próprio vale escuro. Seria
fácil para eles assumirem a vitória quando eles foram poupados da luta."
Agora, o Senhor não terá morte se triunfando desta forma, e, portanto, ele declara: "Meus
amigos devem encontrar você, os orgulhosos vencedores, num único combate eles devem,
um por um, fazer você comer o pó! Diante de meu filho mais fraco, seus terrores vangloriosos
falharão - mil canções de triunfo serão cantadas por lábios trêmulos, sua derrota absoluta deve
ser declarada por todos os meus amigos que morrem." Sim, amigo de Jesus, a menos que o
Senhor volte e o receba em seus braços - você deve morrer, para ser mais um testemunho de
sua vitória sobre o último inimigo.
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Outra razão pela qual os amigos de Jesus morrem, é que eles podem ser postos em
conformidade com o seu Senhor.
Pode parecer estranho para alguns de seus
ouvidos - mas eu acredito que há muitos aqui que preferem morrer, para que possam ser conformados com o seu Mestre em tudo.
Sem dúvida, será uma honra ser um daqueles na Terra quando Jesus vier, e "seremos
arrebatados ... para encontrá-lo no ar, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1
Tessalonicenses 4.17). Mas eu considero ser uma honra maior morrer; para sermos
conformes à Jesus na sua morte; e segui-lo para a sepultura. Certamente estes terão
precedência no dia da segunda vinda do Senhor; por isso é que aqueles que dormem em Jesus
ressuscitarão primeiro, e depois mais tarde aqueles que estão vivos e permanecem vivos
sobre a terra, serão arrebatados.
Que os amigos de Cristo morrem é certo, pois "nossos pais, onde eles estão?" (Zacarias 1.5) Abraão, "o amigo de Deus", foi recolhido a seu
povo, e seu pó depositado na caverna de Macpela. Isaque, Jacó, e Daniel, e todos os
profetas foram para a sepultura; e o discípulo amado, que apoiou a cabeça sobre o peito do
Salvador, tinha que morrer.
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Não estão centenas aqui esta noite que têm, senão que olhar para o registro da família na
antiga Bíblia para ver os nomes dos amigos de Jesus que já há muito adormeceram nos braços
de seu salvador?
Os amigos de Cristo podem igualmente ser chamados a morrer uma morte muito dolorosa. Quão geralmente é uma falácia afirmar que uma
morte fácil é o sinal de graça. Quão comum é a expressão "Tenho certeza de que ele está feliz
agora, pois ele morreu muito calmamente." Não existe maior erro que possa ser feito do que
supor que a natureza da morte, seja qualquer indicação do estado da alma. Alguns dos mais
mundanos morrem sem quaisquer apertos na sua morte; enquanto, por outro lado, alguns dos
mais piedosos morrem com as mortes mais difíceis, acompanhados com a mais aguda
agonia que o corpo humano pode suportar.
Os apóstolos de Cristo foram favorecidos sem mortes fáceis. Pedro foi crucificado. Tiago e
Paulo decapitados. Do restante, poucos escaparam do martírio. E sobre o nobre exército
de mártires? Você não acha que Cristo os amou, mesmo quando envolto em chamas? O que foi
que sustentou o pobre coitado no naufrágio – senão a voz amorosa de Jesus sussurrando em
seu ouvido: “meu amigo”.
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O caso do nosso amigo falecido George Starling é uma prova notável do fato de que os amigos de
Cristo podem ter uma morte dolorosa.
Eu vi dezenas de mortos, e estive junto do leito de morte de muitos filhos de Deus e amigos de
Jesus - mas eu não acho que eu já tenha visto uma viagem mais dolorosa através do vale.
Não me lembro de ter visto uma luta mais dura com a morte até o último momento; e ainda quando nosso Salvador olhou para aquela ala
tranquila no Hospital, e viu nosso irmão se contorcendo de dor, ele disse, "Nosso amigo,
George Starling!"
III. Nós temos neste texto, uma descrição muito terna. "O nosso amigo dorme" e não - o nosso
amigo está morto. Quão doce é esta descrição da morte, e ainda não mais doce do que verdadeira.
Esses versos que você cantou um pouco antes do sermão eram não somente uma poesia doce,
mas uma preciosa verdade.
"Isto não é a morte... morrer,
Para deixar esta viagem cansativa,
E em meio à irmandade no alto,
Estar em casa com Deus.
Não é a morte fechar
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O olho tanto tempo esmaecido pelas lágrimas,
E acordar em repouso glorioso
Para passar anos eternos!
Jesus, Oh Príncipe da vida!
Seus escolhidos não podem morrer;
Como você, eles vencem na contenda,
Para reinarem com você no alto! "
Quão agradável é a ideia de sono. Vamos tentar, e por alguns minutos meditar na metáfora.
Dormir, deve ser um lugar para descansar. O viajante cansado estende-se sobre a relva. O homem rico reclina sobre o leito de dor. Onde os
entes queridos de Jesus descansam? Seus corpos dormem no túmulo - mas a alma
emancipada está envolvida em seus braços amorosos e no seu seio aquecido.
No sono, há um descanso da dor. Você não viu isto, quando sentou ao lado da cama do doente, e agradeceu a Deus quando o sono fechou as
pálpebras do sofredor? A testa que foi franzida com a dor torna-se suavizada; as mãos crispadas
em agonia relaxam; os gemidos são abafados.
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Porque uma dor passageira é uma coisa esquecida.
"O nosso amigo dorme."
Há descanso da dor na morte. Quando recebi o telegrama na sexta à noite, dizendo que o irmão
Starling tinha partido (porque ele morreu apenas alguns instantes depois que eu o havia deixado) eu só podia dizer "graças a Deus, o
pobre homem agora está livre de sua agonia! O doente repousa de seu sofrimento."
No sono, há um descanso quanto aos cuidados deste mundo. Você pode ter ficado preocupado
e aflito durante todo o dia. Um peso de chumbo tem pressionado em cima de seu espírito e um
pressentimento ansioso encheu seu coração. Mas agora o sono leva você em seus braços, a
tensão mental se afasta – o cuidado por algum tempo, pelo menos, é banido.
Da mesma forma, os amigos de Jesus esquecem suas mágoas, quando adormecem Nele. Você já assistiu uma criança soluçando para dormir?
Muitas vezes eu tenho. O pequeno chora como se fosse quebrar seu pequeno coração, e
grandes lágrimas rolam por suas pequenas bochechas. Aos poucos os soluços se tornam
menos frequentes, a última lágrima brilha no olho, e agora ele dorme. Um sorriso se abre em
redor dos lábios. O arco-íris se seguiu à
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tempestade. Da mesma forma, os filhos de Deus, muitas vezes choram - para dormir - e acordam
no céu, sem uma lágrima, porque seu Deus enxugou todas elas.
Dormir implica acordar. Nós somente nos pomos a dormir com a visão de despertar renovados; e é a expectativa de acordar, que
distingue o sono da morte. Jesus somente permite que seus amigos durmam, porque ele
pode garantir o seu despertar. Ele faz os seus amados dormirem, para despertá-los quando a
manhã do dia da ressurreição começa a despontar.
Os entes queridos da maioria de nós que dormem em suas tumbas tranquilos, são vistos
por seu amigo celeste com uma solicitude para além daquela de uma mãe por um recém-
nascido; e quando ele sussurra em seus ouvidos: "Amados, é hora de vocês acordarem!", então, os
que dormiam no pó, ressuscitarão, bonitos, glorificados, e com o orvalho de uma eterna
juventude!
E agora eu quero, como eu disse no início do sermão, inserir as palavras de "George Starling." Sim, o nosso amigo; e eu sei que não há ninguém
aqui presente e que conhecia nosso irmão, que não reivindique a palavra, "nosso amigo George
Starling dorme."
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A maioria de vocês o conhecia, e tudo o que fez, e por isso deve tê-lo amado. Eu não vou, esta
noite, fazer um alto elogio rápido sobre ele; não há motivo para isso, e eu não tenho, senão pouca
simpatia com esta prática. Também não estou pregando o que é geralmente considerado um
sermão fúnebre; mas eu sinto que quando Deus nos permite testemunhar um triunfo notável sobre o último inimigo, é apenas o direito de
dar-lhe uma simples consideração.
Deixe-me, portanto, em uma ou duas palavras, dizer-lhes alguns fatos sobre o nosso amigo que dorme.
Nosso querido irmão orou pela última vez neste lugar há seis semanas. Muitos de vocês vão se lembrar da oração. Foi o que aconteceu naquela
segunda-feira à noite que ficou muito colocado no meu coração que estavam presentes alguns
mais do que usualmente deprimidos em espírito. Ao olhar sobre os presentes para ver
quem chamaria para orar, meu olho caiu sobre o nosso querido irmão, e algo me disse, "peça a
ele." Eu o fiz, e lhe pedi que lembrasse especialmente dos desconsolados e tristes em
sua oração. Ele me disse no hospital, que ele mal sabia como orar naquela noite, pois foi naquele
dia que o médico lhe tinha dito que não havia esperança para ele. Aquela oração nunca será
esquecida por muitos de nós. Houve um modo
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peculiar sobre isso, e não admira; porque o pobre homem estava orando por ele mesmo.
Logo após isso, ele desceu para Chatham, sua terra natal, sendo desejoso de falar de Cristo para alguns de seus velhos amigos lá, antes que
ele não mais estivesse aqui. Ele me disse em seu leito de morte do momento feliz que ele passou
lá; quando doente demais para ficar de pé, ele se sentou em uma cadeira e se dirigiu aos que
costumavam ouvir as suas palavras antes de vir para Londres.
Pouco depois de seu retorno de Chatham, ele entrou no hospital, e foi lá que ele triunfou.
Quando eu fui vê-lo, ele estava na agonia mais excruciante. Eu não vou tentar descrevê-lo;
seria, senão exacerbar os seus sentimentos, e isto não faria qualquer bem. Basta dizer que era
a maior dor que o corpo humano poderia suportar. Eu disse a ele: "Bem, irmão e como você está em sua alma agora?" Ele disse
ofegante, "Ele é precioso – precioso... Oh, ele é precioso... eu não posso te dizer o quão é
precioso."
Alguns momentos depois, ele acrescentou: "Caro pastor. Eu só tenho uma provação, e isso é que minha querida esposa não está tão feliz
como eu estou." Por um momento ou dois tentei animá-lo, e disse, "talvez você possa ser
levantado de novo"; quando, com um olhar que
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carregava convicção ele disse: "Nunca; o Senhor me disse que eu estou indo para casa!" e, em
seguida, voltando-se para mim, disse em intervalos da forma mais simples, "Você pode
explicar, Sr. Brown, como é que eu estou tão disposto a morrer, porque você sabe que eu
tenho todas as razões por que eu deveria desejar permanecer na terra? Tenho apenas vinte e seis anos. Eu tenho uma esposa amorosa e uma
menina querida, e tudo para me fazer feliz, e ainda assim o meu desejo é partir. Eu realmente
gostaria de morrer. Certamente é porque eu quero estar com Cristo, que é muito melhor."
A enfermeira da ala me disse: "se alguma vez houve um bom homem no hospital, este é ele, e
ele é muito grato por tudo. Eu tenho certeza que eu nunca faço qualquer pequeno ato de bondade
para ele, mas apesar de toda a sua dor, o sorriso vem sempre aos seus lábios." Agradeci a Deus
por esse testemunho.
Poucos dias depois, quando sentado ao seu lado, eu falei com ele das alegrias do Céu que o aguardavam; sendo incapaz de falar, ele fez
sinais para a ardósia para ser dada a ele, e, lentamente, escreveu: "Eu tenho a promessa do
Céu dentro do meu coração já agora." No dia seguinte, quando estive lá, eu pensei que ele
estava inconsciente, e eu disse à sua esposa: "Que tipo de noite ele passou?" Ela respondeu
"uma terrível. Ele tem ficado delirante na
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maioria de suas horas; mas mesmo em seu delírio seus pensamentos se desviaram para a
melhor das coisas; porque ele recuperou a voz e cantou um hino." Nosso irmão despertou e
disse: "Será que eu realmente cantei um hino na noite passada, querida? Qual foi?" Ela
respondeu,
"Jesus, o próprio pensamento de Ti,
Com doçura enche meu peito;
Mas mais doce é ver o seu rosto,
E em sua presença descansar."
Eu não poderia deixar de perguntar em que tom ele cantou isto. Ele, apontando para sua esposa, disse: "Eu acho que sei qual é que deve ter sido,
porque eu sou tão apaixonado por ele. Não foi isso?" E para minha surpresa, convocando toda
a sua força, ele começou a cantar a música doce. Olhando para sua esposa, ele disse: "Foi isso não
é?" E ela respondeu: "Sim." No encerramento deste culto vamos cantar esse mesmo hino com
a mesma melodia. Que o Senhor nos ajude a cantar tão sinceramente como ele fez.
Pouco antes de morrer, ele me disse: "Você sabe, pastor, que sempre foi o meu desejo entrar no
ministério e ser dedicado à obra do Senhor, mas agora eu oro para que eu possa ser como Sansão,
e pela minha morte matar mais do que por
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minha vida." É na esperança de que a oração de nosso irmão possa ser respondida, que eu disse
esses fatos simples, mas tocantes.
Depois da agonia mais intensa, acompanhada de alegria verdadeiramente surpreendente, o Senhor deu o descanso ao doente na sexta-feira
à noite.
"Nosso amigo, George Starling, dorme." O Senhor lhe conceda que quando a intimação
vier a nós, Jesus possa dizer: "Meu amigo"; e depois da morte possa isso ser a verdade
registrada, "ele somente dorme." O Senhor o conceda por amor do seu nome. Amém.