do padrão do gosto - david hume

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(Coleção Os Pensadores). Tradução de João Paulo Gomes Monteiro e Armando Mora D’Oliveira. São Paulo: Abril Cultural, 1992, p. 261-271 (diversas edições). Autor: David Hume

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Page 1: Do padrão do gosto - David Hume

(Coleção Os Pensadores). Tradução de João Paulo Gomes Monteiro e

Armando Mora D’Oliveira. São Paulo: Abril Cultural, 1992, p. 261-271 (diversas

edições).

Autor: David Hume

Page 2: Do padrão do gosto - David Hume

Quem é David Hume?

Nasceu em 7 de maio de 1711 em

Edimburgo, na Escócia, no seio de uma

família da pequena nobreza, com

escassas posses.

Em 1723 ingressou na Universidade da

cidade natal, onde estudou

humanidades (embora os seus familiares

quisessem que estudasse

direito), tendo-se familiarizado com os

autores antigos, notadamente Virgílio

(70-19 a. C.) e Cícero (106-43 a. C.), e

com as filosofias do ciclo

helenístico, especialmente o estoicismo

e o epicurismo.

Page 3: Do padrão do gosto - David Hume

Em 1734, o nosso pensador, motivado pela curiosidade

intelectual, viajou para a França e passou uma temporada

em Reims e depois em La Flèche (região de Anjou), a

cidadezinha onde ficava o famoso colégio dos jesuítas que

foi freqüentado por René Descartes (1596-1650), de cuja

metafísica se distanciou, pois buscava compreender o

conhecimento humano e demais atividades do espírito

num contexto científico.

Page 4: Do padrão do gosto - David Hume

David Hume é conhecido como o mais influente pensador

iluminista escocês.

Explicitou os primeiros princípios de sua filosofia aos 27 anos de idade, quando tornou público, em 1738, o Tratado da natureza humana – livro que escrevera na França durante seus estudos realizados no Colégio La Flèche.

Dentre as diversas teorias desenvolvidas por ele ao longo de sua vida, é notável pelo radicalismo cético tendo como preceito o empirismo.

Isto é, a experiência prática como norte para a conclusão e entendimento do cotidiano e comportamento humano.

Filosofia

Page 5: Do padrão do gosto - David Hume

Sua filosofia está fortemente marcada pela tentativa de

introdução do método experimental de raciocínio nos

assuntos morais, o que o levou a concluir que todo saber

e comportamento decorrem de crenças sustentadas na

observação de eventos que se manifestam de forma

regular e uniforme e que, pelo hábito de vê-los

sucederem se, permitem fazer inferências acerca de seus

movimentos.

Em outras palavras...

Page 6: Do padrão do gosto - David Hume

Foram publicados em 1742.

Decorridos dez anos, em 1752, disponibilizou outra parte de seus ensaios com o título de Discursos políticos.

Muitas foram as alterações que Hume realizou neles, ora acrescentando, ora retirando alguns textos, conforme as diversas edições realizadas entre1742 e 1776, quando, já moribundo, promoveu as últimas revisões e ajustes.

Assim, em 1777, foi publicada a versão póstuma da obra que tanto fizera conhecida a filosofia de Hume.

Ensaios morais, políticos e literários

Page 7: Do padrão do gosto - David Hume

Nos ensaios literários, a posição de Hume é semelhante à

moral, visto que a fonte do gosto encontra-se no sentimento deprazer ou dor que um determinado evento pode causar a umobservador, proporcionando-lhe paixões calmas ouviolentas.

Assim, para Hume, o refinamento do gosto ou o senso debeleza ou fealdade, numa obra de arte e literária, tambémé uma paixão do tipo calma, que não causa qualquer tipode agitação na mente do observador e do agente,conduzindo-os ao deleite da obra contemplada.

A questão do gosto:

Page 8: Do padrão do gosto - David Hume

Pode-se apontar que a marca geral dos ensaios está na

contínua tentativa de Hume em manter firme seu

propósito de introduzir nos assuntos morais o método

experimental de raciocínio e de tornar a filosofia

inserida profundamente no cotidiano humano, o que

impediria, em sua visão, que qualquer reflexão mais

meditabunda ou ceticismo radical e extremo viesse a

predominar.

De modo geral...

Page 9: Do padrão do gosto - David Hume

Segundo ele, gosto se discute.

Para compreender como Hume chega a essa conclusão é necessário entender como ele explica a origem do conhecimento.

Segundo esse filósofo, o conhecimento não se origina pura e simplesmente na mente humana.

Não nascemos sabendo.

Adquirimos o saber na experiência.

A possibilidade da universalidade do gosto foi questionada por David Hume, filósofo escocês, em

seu texto Do Padrão do Gosto

Page 10: Do padrão do gosto - David Hume

A partir da experiência é que colhemos nossas

impressões sobre a realidade que, guardadas namemória e ligadas, associadas pelaimaginação, construímos as idéias, como se fossemcópias alteradas da realidade.

O conhecimento advém dos fatos experiências apartir das impressões e das idéias que associamos emnossa mente – por isso essa teoria é chamada deempirismo lógico.

Page 11: Do padrão do gosto - David Hume

Nesse sentido é que Hume se coloca contra qualquer

idéia arbitrariamente imposta sem um consenso apartir da experiência. Por isso, não concorda quesejam possíveis normas moraisabsolutas, metafísicas, fundamentadas puramente narazão.

Apenas uma concordância entre os cidadãos sobre asqualidades morais, baseadas na utilidade e no prazerque proporcionam, é que garante a validade dasregras. E ele também leva esse julgamento aos juízosde gosto.

Page 12: Do padrão do gosto - David Hume

Nos juízos de gosto Hume aponta também para a

idéia de consenso.

E ele demonstra as dificuldades de se chegar a essaidéia comum e a precariedade em concluir algumaidéia definitiva e absoluta sobre o belo.

Ele constata a grande variedade e diferença de gostose opiniões, mesmo entre indivíduos da mesmacultura e que tenham tido a mesma educação.

Page 13: Do padrão do gosto - David Hume

O filósofo chama a atenção para que não sejam

julgados os gostos estranhos, como sendo bárbaros.

Bárbaro, pode ser também o nosso julgamento

diante daquele que é diferente.

Page 14: Do padrão do gosto - David Hume

Não se pode cair na tentação de considerar belo

apenas as preferências de determinadas pessoas ou

culturas, ou seja, essa busca de uma padronização do

gosto não pode significar a mutilação do direito de

discordar e da liberdade de escolha.

Page 15: Do padrão do gosto - David Hume

Regras da arte: para Hume existem algumas regras

fundamentais para definir o que é arte; ela é um

padrão estabelecido socialmente levando em

consideração a beleza a, a delicadeza, o gosto e a

estética.

A Estética E O Padrão Do Gosto Em David Hume

Page 16: Do padrão do gosto - David Hume

Para Hume é um sentimento, uma rara capacidade

que precisa ser lapidada com constante e estremo ardor.

A delicadeza é uma capacidade sutil de perceber as mudanças das afecções estéticas.

Delicadeza

Page 17: Do padrão do gosto - David Hume

Toda afirmação a priori nada diz do objeto e a beleza

em si não se encontra no objeto é um sentimento

subjetivo; assim o que em um determinado pais é

uma virtude em outro pode ser um vicio.

Pré conceito e pré juízo:

Page 18: Do padrão do gosto - David Hume

O gosto é muito variado e por isso influi diretamente

na definição dos juízos.

Assim, a beleza física pode determinar o padrão em

um local em outro pode ser visto como um

problema.

O padrão de gosto e o juízo sobre a arte

Page 19: Do padrão do gosto - David Hume

O padrão do gosto face a formação do juízo acerca

da beleza

Page 20: Do padrão do gosto - David Hume

A beleza, a delicadeza e o gosto estético estão no

subjetivo do sujeito e não no objeto.

Para HUME: “mesmo os homens de parcos

conhecimentos são capazes de notar as diferenças de

gosto dentro do estreito circulo de suas relações, inclusive

entre pessoas que foram educadas sob o mesmo governo e

quem desde de cedo foram inculcados os mesmos

preconceitos”

(HUME, 1973: 315).

Page 21: Do padrão do gosto - David Hume

Deste modo, há diferentes concepções de gosto que

implicam em diferentes entendimentos acerca do

juízo sobre o belo.

Nesta perspectiva existe uma contradição entre esses

gostos na historia.

Page 22: Do padrão do gosto - David Hume

Se olharmos a realidade mais de perto a realidade histórica se

mostrar ainda mais controversa e desafiadora.

Segundo o autor “aqueles para quem a moral depende mais do

sentimento do que da razão tendem a englobar a ética na primeira

observação, sustentando que em todas as questões respeitantes à

conduta e aos costumes as diferenças entre os homens são maiores

na realidade do que à primeira vista podem parecer”

(HUME, 1973: 315).

Page 23: Do padrão do gosto - David Hume

Assim, é natural que procuremos encontrar um padrão de

gosto, uma regra capaz de conciliar as diversas opiniões

dos homens, pelo menos uma decisão reconhecida,

aprovando uma opinião e condenando outra.

Porem, esta busca nos parece um tanto difícil dada à

multiplicidade de gostos existentes.

Contudo, universalizar tal preceito implica em desconsiderar a diversa quantidade de gostos existente.

Page 24: Do padrão do gosto - David Hume

Existe uma Filosofia que distingue sentimento de

julgamento e por isso impede de alcançar intento em

nossa tarefa.

”O sentimento está sempre certo – porque o sentimento

não tem outro referente senão ele mesmo, e sempre real,

quando alguém tem consciência dele” (HUME, 1973:316).

Page 25: Do padrão do gosto - David Hume

Os indivíduos percebem a beleza de modo distinto,

por isso ” beleza não é uma qualidade das próprias

coisas, existe apenas no espírito que as contempla, e

cada espírito percebe uma beleza diferente”

(HUME, 1973: 316).

Por isso, um sentimento somente pode ocorrer quando da conformidade entre ele à realidade. Portanto, não existe beleza em

objeto a beleza é subjetiva.

Page 26: Do padrão do gosto - David Hume

Por conseguinte tentar estabelecer uma beleza real

ou uma deformidade real é infrutífero na mesma

proporção de determinar uma doçura real ou um

amargor real.

Page 27: Do padrão do gosto - David Hume

Beleza

(doçura)

Aquilo que me agrada

Feiura

(amargor)

Aquilo que me

desagrada.

Page 28: Do padrão do gosto - David Hume

Mas, embora todas as regras gerais da arte assentem unicamente na

experiência e na observação dos sentimentos comuns da natureza

humana, não devemos supor que, em todos os casos, os homens sintam de

maneira conforme a essas regras.

Estas emoções mais sutis do espírito são de natureza delicada e

frágil, precisam do concurso de grande numero de circunstancias

favoráveis para fazê-las funcionar de maneira fácil e exata, segundo seus

princípios gerais e estabelecidos (HUME, 1973: 317).

Segundo Hume o fundamento da composição artística é a experiência, portanto não pode ser dado a priori e nem confundida

com uma conclusão abstrata do entendimento.

Page 29: Do padrão do gosto - David Hume

Por isso, é indispensável “uma perfeita serenidade de espírito,

concentração de pensamento, a devida atenção ao objeto: se faltar

qualquer dessas circunstancias, nosso experimento será falacioso e

seremos incapazes de avaliar a católica e universal beleza”

(HUME, 1973: 317).

Isto é, a dificuldade para relacionar sentimento e forma, portanto a

delicadeza, que é a sensibilidade às emoções mais sutis com o

sentido da arte.

Desta forma, toda definição de beleza depende da delicadeza de espírito e do contexto existente, bem

como momento e lugar adequado.

Page 30: Do padrão do gosto - David Hume

Conformidade com o sentido

Beleza

X

Feiura

Divergência de

sentimentos

Relatividade dos critério

Tentativa de padronizar

Page 31: Do padrão do gosto - David Hume

...“uma causa evidente em razão da qual muitos não

experimentam o devido sentimento de beleza é a

falta daquela delicadeza de imaginação que é

necessária para se ser sensível àquelas emoções mais

sutis” (HUME, 1973: 318).

Assim...

Page 32: Do padrão do gosto - David Hume

“a capacidade de perceber de maneira mais exata os

objetos mais diminutos, sem permitir que nada

escape à atenção e à observação, é reconhecida como

a perfeição de cada um dos sentimentos e

faculdades”

(HUME, 1973: 319).

No entender de HUME :

Page 33: Do padrão do gosto - David Hume

Podemos concluir que a sensibilidade consiste em

perceber a variação das pequenas diferenças de paladar,

de maneira semelhante, a rápida e aguda percepção de

beleza deve ser a perfeição de nosso gosto mental,

nenhum homem pode sentir-se satisfeito consigo mesmo

se suspeitar que lhe passou desapercebida qualquer

excelência ou deficiência de um discurso.

Page 34: Do padrão do gosto - David Hume

Hume diz que existe um educação e apuração da

sensibilidade Estética. Desta feita nem todas as

pessoas são aptas para julgar uma obra de arte.

Existem aqueles que julgam com base no exercício,

comparação e amplos conhecimentos, além da boa

vontade e sem preconceitos.

A opinião desses é o padrão para o juízo do gosto e a beleza.

O Críticos ideais

Page 35: Do padrão do gosto - David Hume

PADRÃO

DO

GOSTO

Obras consagradas pelo tempo

Sem preconceitos

Liberdade

Corpo saudável

(sentidos apurados)

Educação dos sentidos

(aperfeiçoamento; acostumar-se com

o belo)