do a aprender - cleverson bastos, vincente keller
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:TRECHO DO LIVRO
oda e qualquer atividade a ser desen-
volvida, seja teorica ou pratica, requer
procedimentos adequados, Justarnente
eo que a palavra mttvdotraduz. Assim sendo,tambem 0estudo e0aproveitarnento das ati-
vidades academicas nao dispensam urn cami-
nho adequado, qual seja, a organizacao, a
disciplina, a dedicacao corretarnente orienta-
da. Tudo isso facilita a atividade e obtem delamaier rendirnento.
Esta obra pretende ser urna resposta as
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Numa linguagem simples e
acessivel, 0 presente livro
desenvolve assuntos de interesse
de todo estudante: mudancas e
diferencas que ocorrem na
passagem do segundo grau ao
curso superior, indicacoes para urn
born aproveitamento nos estudos e
para uma leitura mais veloz e
proveitosa, alem da familiarizacao
dojovem com metodos e teorias
que 0 levarao a produzir seus
proprios trabalhos de cunho
cientifico. Para tanto, este manual
indica caminhos a serem seguidos
para a producao de trabalhos
academicos.
Aprendendo a aprender nao e
uma obra produzida em gabinete-
laboratorio, mas a partir da
vivencia dos Autores em sala de
aula, durante mais de 15anos,
combinando teoria e pratica. Visa
tomar mais agradavel e acessivel
urn assunto por natureza arido e de
diflcil penetracao, mas que, noentanto, e uma das grandes fatias
da hoje denominada pesquisa
cientifica, tendo ainda aplicacoes
as mais diversas imaginaveis, do
que a principio 0 iniciante nem
sempre se da conta.
Por tratar-se de uma obra
dinamica, agil, clara e objetiva, de
facil assimilacao, nao se destina aopublico especializado, mas aos
estudantes de segundo grau que se
preparam para 0 curso superior e
APRENDENDO A APRENDER
Introdueao a Metodologia Cientifica
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Cleverson Leite Bastos
Vicente Keller
<tci:5...A 1901 Nt 020015
tAPRENDENDO A
APRENDER
Introdudio Ii Metodologia Cientifica
• E D IT O R AY VOZE S
Petr6polis1999
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tV a partir da 2a edicao, 1991:
Editora Vozes Ltda.
Rua Frei Luis, 100
25689-900 Petropolis, R J
~ " " I i · " ' M 'W W .vozes.com.-............ Brasil
Todos os direitos reservados. ~ parte
podera ser reproduzida ou transmitida por qualquer
quaisquer meios (eletr6nico ou . incIuindo
. ! ! ! ! ! ~ . .~j~fi 'i 'tu) ou arquivada em
AGRADECIMENTOS
RODRIGUESAgr ad ec emo s a os p ro fe ss or esJ ose S alv ad or P ic co lo e lrin eu
Mar tim pela r ecep ti vi dade ,in ce ntiv o, a po io e r ev isiio d osongtnats.
Este l ivro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda.
Rua Fre i Lui s, 100. Pet r6po li s, RJ - Brasil - CEP 25689-900 - Caixa Post al ' lOonTel .: (OXX24) 237-5112 - Fax: (OXX24) 231-4676.
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APRESENTA{:AO
Mais um manual de Metodologia?
Parece-nos que, hoje, nas nniltiplas areas do Brasil, ou busca-
mos 0 verdadeiro caminho ou ficamos fora do caminho.
A pr ed en do a a pr en de r nasce com estrela. A nova Constituicao
do Pafs propoe a "garantia de padrao de qualidade" na Educacao(art. 206, VII), a "melhoria da qualidade do ensino" (art. 214, ill),eo incentivo ao desenvolvimento cientffico e a pesquisa (cf. art. 218).
Por isso, a obra responde presente no momenta presente. Nao
trata de "novidades", mas credencia-se, no campo especffico, como
sfntese objetiva e didatica, no processo dinamico ensino-aprendiza-
gem.
Apresenta capftulos basicos sobre a Atencao - Memoria -
Testes e Exercfcios - Organizacao do Tempo - Leitura trabalhada
com metodo (a tao necessaria leitura e formacao de habitos de bom
leitor!).
Num segundo momento, discorre sobre a Pesquisa Cientffica.
"A historia humana e a historia das lutas pelo conhecimento da
natureza, para interpreta-la, e, em epoca recente, para domina-la"-
ponderam os Autores. E continuam: "A estruturacao do mundo nao
justifica a alguem sentir-se dispensado de repensar este mundo". Eque 0 ser humano, so ele, possui a nobreza de pensar, acima,
portanto, do poderio esmagador da propria natureza - segundoPascal. '
A estruturacao logica do texto, mostrada a seguir, oferece a
ordenacao de um trabalho, desde a sua introducao, atraves do
desenvolvimento ou corpo da exposicao, ate a conclusao, E desem-
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boca nos tipos e exemplos de trabalhos cientff icos, com as normas
tecnicas de monografias, relatorios, artigos cientificos e resenhas
crfticas.
o pensamento cientffico fecha a obra. Os metodos cientfficos
mais usuais para a ordenacao e 0 desenvolvimento do raciocfnio
(deducao, inducao e suas etapas, dialetica) sao explanados em
esquema didatico, "palpavel"; da mesma forma as correntes me-
todol6gicas (empirismo, estruturalismo, dialetica) e seus corifeus.A bibliografia elencada merece destaque. Cobre 0periodo de
1963-88. Toda de lingua portuguesa. Sem perda de qualidade. Com
ampla possibilidade de estar facil a mao.
Os Autores mesmo, por fun, enriquecem a obra. Nao a pre-
pararam em sala-gabinete. A sala de aula marcou 0pr6prio labora-
t6rio da composicao e experimentacao. 0Prof. VICENTE
KELLER trabalha ha 14 anos em classes de 12, 22 e 32 graus; no
curso superior, ministra Logica, Metodologia, Historia da Filosofia,
Pesquisa. Na FAE - Faculdade Cat6Iica de Administracao e
Economia - leciona ha 3 anos e e Assessor do Departamento de
Administracao, 0 Prof. CLEVERSON LEITE BASTOS conta 8anos de magisterio - FAE, Instituto Vicentino de Filosofia, PUC-
PR - nas cadeiras de L6gica, Metodologia, Filosofia da Ciencia e
Filosofia da Linguagem. Vao ensinando a aprender e e por isso que
seus alunos e Ieitores estarao aprendendo a aprender.
PREFAcIO
Ao ser convidado para escrever 0prefacio, comecei a fazer 0
que vai fazer quem tomar conhecimento deste Iivro: ler e por em
pratica, Sai a procura da acepcao da palavra, segundo a Associacao
Brasileira de Normas Tecnicas, Diz a NB-217, nQ6.2.5., editada em
1978:
Prof. Frei Agostinho Salvador Piccolo, OFM
Diretor da FAE
Prefacio - palavras de esclarecimento, justificacao ou
apresentacao do pr6prio autor, editor ou pessoa de reconheeida
competencia e autoridade ...
Nao sou eu 0 autor, nem 0 editor. Era possfvel sobrar-me 0
resto? Faltava-me ainda procurar algum livro com prefacio encai-
xado por alguem com as qualidades elencadas pela ABNT. Achei.
Ap6s 0 nome, declinava: Presidente da Federacao Intemaeional e
da Sociedade Francesa de Tradutores. Nao yOU eitar 0 Iivro para
voce nao comecar a trabalhar antes do tempo. Diz ele:"0 papel do prefaeiador parece sempre ambiguo. Por defini-
cao, esta Iigado ao autor e admira-lhe a obra, senao como haveria
de comenta-la?"
Esta venda a sinuca em que 0 Cleverson me meteu? Nao yOU
eIogiar porque 0 objetivo do Iivro e que voce aprenda a aprender,
embora nao fique mal elogiar quando "ele merece". Aprender a
aprender!
"A educacao, em seu sentido pleno, comeca depois da idade
escolar, apos a epoca da universidade, quando 0homem se converte
no sujeito de sua propria educacao e sente motivo para continuar a
se instruir e formar".
Paul Lengrand - UNESCO
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Continuar a se instruir. Como? Ora, exercendo 0 espfrito
critico, com relacao ao que ve, ouve. Mas, como continuarse voce
nao comecou ou nao eomecar? E de que modo comecar? E esse 0
objetivo do livro: que voce aprenda como observar, ler e guardar;
como organizar, inventar matrizes e criar.
Para isso, e preciso que voce de fato queira. Se voce nao quer,
nao tera 0direito de nao gostar do livro. Se voce quiser, podera ate
torna-lo melhor, trazendo a sua experiencia de como esta apren-
dendo a aprender.
Termino. Ao acabar de ler essa pagina, voce deve ter apren-
dido tres coisas:
1) 0 que e urn prefacio,
2) Como a gente pode arrurnar uma saida quando nao tem a
"reconhecida competencia e autoridade" para escrever urn pre-
facio.
3) Para aprender a aprender e preciso comecar querendo.
INTRODU~Ao
Curit iba, 17de j ane iro de 1989
I ri ne u Mar timP rof es so r d e Me todol og ia C i en tt fi ca
daPUC-PR .
Toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja te6rica ou
pratica, requer procedimentos adequados. Justamente e 0 que a
palavra metoda traduz. Assim sendo, tambem 0estudo e 0aprovei-
tamento das atividades academicas nao dispensam urn caminho
adequado, qual seia, a organizacao, a disciplina, a dedicacao cor-
retamente orientada. Tudo isso facilita a atividade e obtem dela
maior rendimento.
Esta obra pretende ser uma resposta a s necessidades apresen-
tadas pelos alunos com os quais mantivemos contato em todos estesanos de magisterio. Nossa intencao e fornecer subsfdios que possi-
bilitem ao estudante, a nfvel elementar, identificar e superar suas
dificuldades, obtendo urn rendimento desejavel, Se tal objetivo foi
atingido ou nao, cabe aos colegas professores e aos alunos, a quem
se destina a obra, avaliar.
Nosso ponto de partida foi a constatacao das dificuldades do
atual modelo de ensino universitario brasileiro, fruto do trabalho em
sala de aula, de testemunhos de colegas e de leituras.
Ap6s esta constatacao, apresentamos alguns elementos rela-
cionados ao ensino-aprendizagem que favorecerao a formacao do
habito de estudo, desenvolvido no terceiro capitulo.
No quarto capitulo, tratamos da leitura e analise de textos,
fundamentais a nfvel de terceiro grau, visto que 0 objetivo
primordial da universidade e desenvolver a pesquisa. No quinto e
sexto capftulos, trazemos uma serie de orientacoes referentes a
pesquisa bibliografica e a apresentacao tecnica, como iniciacao a
pesquisa cientifica propriamente dita.
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Finalmente, no setimo capitulo, tentamos introduzir, de modoelementar, repetimos, 0 universitario nas correntes do pensamentocientifico ocidental.
Este trabalbo ~ao esta encerrado. Ele continua aberto a
espera de criticas, sugestoes e complementacoes por parte de cole-gas e alunos.
Os autoresJaneiro, 1989.
Capitulo I
CONSTATAC;AO INIC IAL
Ao rea1izar um estudo da atual situacao do ensino brasileiro
a nfveluniversitario, requer-se, antes de mais nada, um retorno a lei5.540/68,que disp6e sobre 0 ensino superior. Em seu artigo 12, a leidetermina que: "0 ensino superior tem por objetivo a pesquisa, 0desenvolvimento das ciencias, letras e artes e a formacao de profis-sionais de nfveluniversitario".
Uma analise deste artigo destaca tres aspectos importantes:
12 ) Pesquisa - nenhuma disciplina de curso superior sera suficientecom 0contetido desenvolvido nos program as de sala de aula. Alei acrescenta em seu artigo 22 que 0 ensino superior e "indisso-ciavel da pesquisa". Dar, a importancia da pesquisa como ele-mento complementar aos conteudos programaticos dasrespectivas disciplinas, bem como a necessidade de continuidadedo processo de pesquisa alem do curso como tal, pois a especia-lizacao crescente torna cada disciplina uma especialidade cien-tifica quase autonoma,
22 ) Desenvolvimento das ciencias, letras e artes - s6 havera 0
desenvolvimento nas areas citadas se os cursos de nfvel superiordeixarem de ser uma simples transmissao de conhecimentos ja
adquiridos.
32) Formacao de profissionais de nfveluniversitario - 0 profissionaldeve receber, no curso de nfvelsuperior, 0instrumental tecnico-
cientifico que 0 habilite a desempenhar sua atividade com efi-
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ciencia e seguranca, principaImente quando as situacoes se
apresentam diferentes daquelas do ensino.
Outro aspecto que chama a atencao na mesma lei e a "auto-
nomia didatico-cientffica, disciplinar, administrativa e financeira"
concedida a s instituicoes que ministram curso superior. 0 que se
pode inferir do artigo 32e que ele transfere a s instituicoes a respon-
sabilidade pela qualidade do ensino, cujo indicador e a capacitacaodo quadro docente e os profissionais que coloca no mercado de
trabalho. Alem disso, esta autonomia se estende a disciplina, admi-
nistracao e financas das respectivas instituicoes,
A lei dispoe, ainda, normas que articulam a ensino superior
de segundo grau, bem como dispoe sobre organizacao e funcio-
namento dos curs os superiores.
Vma vez feito 0 retorno ao ideal da le~ convem agora con-
fronta-Ia com a realidade do ensino superior ao nosso alcance e
tentar levantar a viabilidade deste ideal.
de 1964, 0que gera uma serie de problemas, como a falta de recursos
materiais, hurnanos e didaticos.
Como resolver tal situacao? A analise da fun~o do Estado
como concentrador de renda mostra que 0 aurnento de vagas nos
cursos superiores dificultava 0 atendimento ao ensino primario e
ginasial e geraria urn outro problema: urn grande mimero de profis-
sionais sem mercado de trabalho. Aliado a este fato, toma-se invi-
avel a poIitica de concentracao de renda, capital e mercado. Emvista disso, ha necessidade de urna nova poIitica educacional.
o cerceamento da continuidade de estudos, presente ja no
objetivo, e concretizado atraves do ambito profissionalizante do
ensino de 22 grau. A lei determina a instalacao de cursos tecnicos
que, teoricamente, dariam condicoes aos educandos de exercerem
uma determinada profissao. Ao lade disto, algumas escolas, atraves
de ajustamentos, preparariam os candidatos ao curso superior.
Quem prepararia e qual a classe dos candidatos? Os privilegios ja
vern do 22 grau.
Resumindo: tal poIitica educacional satisfaria a funcao (nao
educacional) do Estado de realizar sua poIitica economica concen-tradora.
1.1. A lei 5.692/71
A lei 5.692/71 dispoe em seu artigo 12 que: "0 ensino de
primeiro e segundo graus tern por objetivo geral proporcionar ao
educando a formacao necessaria ao desenvolvimento de suas poten-
cialidades como elemento de auto-realizacao, qualificacao para 0
trabalho e preparo para 0exercfcio consciente da cidadania". Ten-
tando interpretar a lei, 0que se pode perceber e que 0objetivo nela
manifesto induz ao cerceamento da continuidade de estudos. Esta
lei e fruto de uma poIitica educacional de urn Estado que se defron-
tava com urn quadro de dificuldades.
Verificava-se uma pratica bastante comum, a de entender 0
ensino universitario como meio de ascensao social. Em algumas
ocasioes, esta pratica era substituida pela ascensao economica como
sinal de status social, ou seja, mesmo sem estudo era possfvel a
ascensao social atraves da ascensao economica. A partir de 1964,
ocorre uma concentracao de mercado, renda e capital cada vez mais
intensa como consequencia de uma poIitica intervencionista cres-
cente do Estado na economia. Aurnenta 0mimero de falencias de
pequenas empresas. Portanto, esta via de ascensao social e dificul-tada, restando a possibilidade de ascensao via diploma universitario,
Constata-se 0 fenomeno peIo mimero de excedentes do vestibular
de 1968: 125.000 em todo 0pais, ° que provoca a contestacao da
polftica educacional. Na verdade, tal mimero veio crescendo a partir
1.2. Efeitos da reforma de 2 1 1 Grau
As observacoes que seguem nao tern 0objetivo de polemizar,
mas constatar uma situacao cronica que toma conta do ensino
brasileiro. As reformas introduzidas no ensino atraves da lei
5.540/68 e as da lei 5.692/71 que foram complementadas pelos
pareceres 45/72 e 76/75 do C.P.E. caracterizam ainda mais esta
profissionaliza~ao. Sob a alegacao de carencia de tecnicos de ensino
medio, a poIitica educacional adotada esconde seu verdadeiro ob-
jetivo: conter a demanda do ensino universitario, tomando-o aindamais elitista e possibilitar ao Estado 0 desempenho de funcoes
poIitico-economicas e nao educacionais. Em outros termos, fazer
do ensino urn instrurnento de dominacao e imposicao de polfticas
repressivas e ideologicas de classe que interessavam para a manu-
tencao do status quo.
Esta poIitica adotada, com grande interferencia do C.P.E., nas
decisoes das instituicoes escolares (nada se podia fazer sem sua
"ben~ao"), e a aplicacao de modalidades diferentes de cursos geram
uma dispersao de forcas (docente e discente). Daf advem uma
inseguranca na atuacao e conseqiiente queda de nivel no ensino
brasileiro.
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o que se pode verificar hoje ISsurpreendente. Em urn levan-tamento generico da realidade constatada, observa-se que amaioriados estudantes que chegam ao terceiro grau manifestam uma seriede deficiencias, entre as quais pode-se destacar:
por insistencia de familiares ou amigos, mas nao possuem certezade que 0 curso escolhido respondera a s suas aspiracoes pessoais eprofissionais. Donde, a inseguranca e a irresponsabilidade em suasatitudes. Talvez esteja at a explicacao para tantas desistencias etrancamentos de matriculas.
Alguns exemplos:
a - 0 desrespeito, ou melhor, a falta de consideracao para com a
pessoa do professor, traduzidos em expressoes tais como: "Amateria e chata", "Este cara e urn saco", "Nao vou com a cara..."
b- 0 mercado paralelo e antietico da "cultura" universitaria: alunosque pagam para outros fazerem ou pagam plagios de pesquisasescolares.
c - A paran6ia da nota e da frequencia.
1.2.1. Imauaidade Cultural
Os conteudos desenvolvidos a nfvel de segundo grau foram
reduzidos em termos de educacao geral para permitir a inclusao deprogramas profissionalizantes. Como conseqiiencia, rebaixamentodo myel cultural. Exemplos:
a - Ao se falar da corrente dos enciclopedistas (da filosofiafrancesa) ha a confusao com 0 individuo que trabalba comenciclopedias.
b - Quando se aborda 0 assunto Evolucao, os alunos lembram queouviram falar de alguns nomes relacionados com0tema, mas naoconseguem distinguir quais os elementos principais.
c - Ao se referir a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais, sabem
apenas que houve conflitos, mas desconhecem fatos ou detalhes,d - Em se tratando de politica nacional, e pedir demais 0nome dos
cinco tiltimos presidentes.
e - Em sala de aula, ao fazer urn exercfcio,urnaluno comenta: "parafazer este exercicio e preeiso conhecer hist6ria, geografia, mate-matica, biologia..." No entanto, as nocoes pedidas no exercfcioeram elementares, tais como: Tiradentes, Pedro Alvares Cabral,Cristovao Colombo, capitais, estados; operacoes simples e mul-tiplica<;ao,adicao e subtracao,
Aliada a este universo cultural restrito, apresenra-se a gritanre
falta de habito de leitura, que ternborn indicador no espanto de umaturma ao constatar que urn dos colegas lia urn livro, em media, acada dois meses.
A consequencia imediata de tais fatos e a geracao de umadependencia cultural, 0pouco ounenhurn credito dado a s pesquisasem sala de aula e 0 recurso a bibliografia estrangeira.
1.2.3. Imat ur id a de Logi ca
Urna primeira impressao que se tern e que alguns alunospassaram diretamente do primeiro para 0 terceiro grau, tao gri-tantes e infantis sao os erros cometidos. Falta sequencia 16gicaderaciocinio, quando se coloca por escrito 0que se pensou. 0 que emurn paragrafo e afirmado, no seguinte e negado. Quanto a redacao,melhor nem comentar. Basta lembrar os erros gramaticais e orto-graficos, grosseiros e'elementares, Alguns exemplos:
a - Em uma prova de filosofia, uma das questoes era: Como Aris-
t6teles argumenta contra Parmenides e Heraclito na questaoacerca do movimento?
Resposta de urn aluno: "Arist6teles diz que 0ser esta (sic) emmovimento intemo de sua essencia (sic) mas esta (sic) essenciais
(sic) nfio mudam podendo ate criar urn novo ser mas mantendo suaessencia primeiro exemplo: 0 ovo nao a galinha, mas a galinhamantem essencia do ovo.Parmenides vai dizer que 0ser nao mudae que tudo e ilusao, da realidade. Heraclito diz que 0mundo esta(sic) em constante movimento e que nenhurn (sic) ser e sempre 0
mesmo".
b - Ouestoes de L6gica:
- Explique: "Em uma consequencia boa 0modo de existencia(tempo do verbo) nao pode variar do antecedente ao conseqiiente".
Resposta: "Dentro de uma perspectiva geral, a frase colocada
diz que emurn acontecimento que de resultado positivo,0
modo deexistencia, nao pode variar do antecedente ao conseqiiente ou seja,
1.2.2. Imaturidade Psicologica
A mentalidade com que muitos alunos alcancam 0 terceirograu e amesma com que iniciaram 0segundo. Nao ha uma definicao
clara de objetivos easpiracoes,
Muitos alunos prestam vestibular
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nao ha liberdade de voce se expressar, viver sua pr6pria identidade.
A frase tem um sentido totalmente ditador, manipulador, legiti-
mando assim, 0poder, que dita normas de como as pessoas devem
se comportar" (sic)
- Explique: 0 que e termo oral?
Respostas: 1) Ter moral e nao fazer mal para os outros ...
2) 0 01a inteligencia .. . (0 que a inteligenciaj)
Conforme pode-se verificar, de modo geral, os alunos chegam
ao terceiro grau despreparados. A preocupacao e refinar os vfcios
adquiridos anteriormente, au seja, descobrir 0 jeito do professor,
seus pontos fracos; conseguir nota para passar de periodo ou de ano;
driblar a chamada e conseguir mimero suficiente de presencas,
conforme 0 exigido; decorar 0 assunto ou desenvolver tecnicas de
"cola"; descobrir os "macetes" para garantir sua promocao.
Com relacao ao corpo docente, da mesma forma, existem
consequencias advindas principalmente da instituicao dos cursos de
pos-graduacao pela Lei 5.540/68. As especializacoes exigidas dos
professores, de um lado, e as condicoes de quase esquecimento da
classe em termos de remuneracao, de outro, acabaram criando um
desniveI entre os professores.
12- Alguns poucos que conseguiram realizar cursos de mestrado e
doutorado continuaram depois suas pesquisas, cada vez mais
especificas. Com isto, distanciam-se da universidade e assumem
outros cargos, que remuneram melhor, ou tornam-se
palestristas, outra forma de conseguir reconhecimento e re-
muneracao.
22 - A grande maioria dos professorcs, para sustentar a si e sua
familia, assume um mimero grande de aulas em uma ou varias
instituicoes de ensino. Como consequencia, falta-lhes tempo
para melhor preparacao das aulas, aprofundamento pessoal,para correcao de provas. Em diversas ocasioes, a falta de tempo
gcra uma coni~encia professor-~uno, c.om a famoso "jeitinho"
brasileiro funcionando: para evitar mais trabaIho, 0 professor
aprova 0aluno que nao apresenta condicoes para tal.
Com esta situacao, quem sai perdendo e 0ensino: professores,alunos, instituicoes, empresas, .indUstri~, a, sociedade. 0 papel dauniversidade, de gerar conhecimento cientffico e preparar profis-sionais de nivel universitario, passa ser conscientizar °aluno, 0ques6 ocorre no final do curso quando ja se peneirou e afunilou e muitosalunos passam a reconhecer a importancia de conteudos estudadosnos primeiros semestres de seu curso.
Cap itu lo IT
FACILITANDO 0 ESTUDO
Ap6s a constatacao do capitulo anterior, cabe esclarecer que
o objetivo deste trabalho e atingir 0 primeiro ano do terceiro grau
em uma tentativa de, senao resolver, ao menos amenizar as defi-
ciencias constatadas. Alem disso, visa fomecer um instrumental ao
alcance dos alunos que lhes possibilite uma melhor convivencia
academica e aproveitamento do curso, transmitindo nocoes fun-
damentais sobre metodos e tecnicas para geracao de conhecimento
cientifico e respectiva expressao deste conhecimento.
Antes de qualquer fundamentacao metodol6gica, vale lem-
brar a importancia da atencao, da memoria e da a s so ci ac ao de i de ia s
na aprendizagem.
2.1~,Aten~ao
o cotidiano apresenta uma gama quase infinita de fenomenos
que se sucedem ininterruptamente, causando nos individuos 0 que
se chama dispersao, No entanto, cada indivfduo e dotado da capa-
cidade de, dentre este turbilhao fenomenico, selecionar alguns e
considera-los isoladamente dos demais. A esta capacidade se da 0
nome de atencao - capacidade de concentracao da inteligencia em
um s6 objeto. 0 fator psico16gico que possibilita esta selecao e 0quea psicologia denomina de "mecanismo de inibicao", que permite
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deixar de lado algumas coisas e considerar outras. Fatos cor-
riqueiros que demonstram esta capacidade podem ser vivenciados
facilmente.
Por exemplo: ao andar por uma rua, urnindivfduo pode chegar
a esbarrar em um seu conhecido sem te-Io identificado previamente;
ou ainda, em caso de concentracao extrema, como estudiosos que
chegam a perder-se no tempo e no espaco, como Newton, que, ao
preparar urn ovo, foi encontrado por sua cozinheira cozendo 0
rel6gio, cronometrando a operacao com 0 ovo; ou Einstein, que
dificilmente calcava as meias do mesmo par. Estes exemplos, na
verdade, nao sao "distracao" mas, ao contrario, sao casos de atencao
dirigida a urn objeto determinado a tal ponto que torna 0 individuo
cego e surdo ao mundo circundante.
Convem lembrar que este mecanismo de inibicao exige dis-
pendio de energia, proporcional ao tumulto do ambiente, 0 que
significa: q ua nt o m a io re a tu rb ule nc ia amb ie nta l, m a io re 0dispendio
d e ene rg ia exigida para manter a atencao e maior e a desgaste do
indivfduo.
~e os .E£inciEios fundamentais I>~a Q des(!IlY()h'imento da..<ltens-ao, pode-se citar:
a - Concentra~iio: Normalmente a atencao fixa-se em urn determi-
l l a d o obieto~navendo casos em que ela pode se dividir entre dais
objetos, embora com perda de eficiencia, como, por exemplo,
estudar, ouvindo musica,
b - Intermitenci.<t: A atencao nao pode se manter fixa por longosperiodos sem perder a eficacia, de onde se conclui que urn
periodo de atencao requer outro de descanso. Este outro peri-
odo deve ser preenchido com objeros diferentes: alternar 0
estudo com mtisica ou passeio.
c- Interesse: Quanto maior e 0 interesse em uma determinada area,
tanto maier sera a facilidade de atencao, Como 0 ensino de
terceiro grau visa a geracao de conhecimento cientifico a nfvel
concreto - "interesse imediato e objeto proximo" (diploma) - e
abstrato - "sem interesse imediato e objeto remoto" (bem-estar
da comunidade) - cabe a cada indivfduo criar e desenvolver seus
interesses e mecanismos de atencao em sua area de estudo ou
atuacao.
EXERCicIOS QUEVJABILlZAM 0DESElvVOLVIMENTO
DAATENc;Ao
1 . T es te d e B ou rb on
A figura abaixo apresenta dez linhas com dez desenhos cada
uma. Deve-se contar mentalmente quantos desenhos de urn deter-
minado tipo existem. Por exemplo: Quantos quadrados com 0apen-
dice para 0 lingulo inferior direito.
o,PJ=]1J Cl-Q PD q Q
p ~ r=JPP' Q [],Pr;JPJJ ~~ q_OTI;] qQD
OJJGc;J Q Q-DTIjJTIP pppp-o onp npp q_UO_~ Up DQ-0 ri n n n p r: riri-upbTI ClfJTI Y o n Q
~~'o q_p QP Q'DP
QPQPP_O~ I T ~Q
2. Tes te d a s l et ra s
Riscar, na figura a seguir, todos os e e todos os t.Uma boa
atencao permitira terminar 0 teste, sem erros, entre quatro e seis
minutos.
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biwtaoaiflsbrdlumfcpywkvbgkqjwvbgkqxzoajmrtoawmfpyxzvbwgkqjcmwf
ypkshrsdwluclawoinbgkkqjxzetaonihrdubgkllaoinshdrlucmfpykvbgqixzavb
gqimfpykhrdlueaocohemtwetaoinshrdlwfpykwxzcmfpetaoinsbhrdlemwxza
vmrifjhoeilritlelstiopiertmvmnswqpietmvnbxcvwokjhhascvfgmnbitypqwerm
putruxcnskoqpidioseimftiuynmpaqirtopmsnabxcvczewujhgplc;:orewmjukolp
bgfrdecewamjikopgtyhujnbvfcdmkiolpc;:yhgtbnvfcdelzmnxvrewxcfvgbhujik
olpc;:uytrfvcdxszaqwebnmklc;:poiJuhnbgvfcfgtyhUJikolpc;:mnbhgytfrdeswqzx
cfvgbhnjmklhyutgfrdesazxtvbhunmjkiolpqwsazxdsaerftgyhnbvmkijhgfdsa
polkmjnhbgtyfredswqaxcvbnmkiuhygtfrcvdxsazerikjghtfvcdfgyuiolkc;:jgfds
qwexcvbnmc;:lkjiuhygbvfcdretyujhnbgvxerswqazmkolpc;:juhtaghfuytnmkplC;:j
fdsaqedrtgyhujiRmnbvcfgtrdeswqazxdcfrtgyhujikor:nnbvghytfredswqavbn
mklopiuyhtgopvcxsewqzxfdsretbygyuhnikmjhngbrcdesanjutyrewqxxzscdf
vgbhpolikujykucxdetrgujnhybmklopc;:sewqavcxnmpolikujyhrewqqiuopc;:mn
biwtaoainsbrdlumfcpywkvbgkqjwvbgkqxzoajmrtoawmfpyxzvbwgkqjcmwf
ypkshrsdwluclawoinbgkkqjxzetaonihrdubgkltaoinshdrlucmfpykvbgqixzavb
gqimfpykhrdlueaocohemtwetaoinshrdlwfpykwxzcmfpetaoinsbhrdlemwxza
vmrifjhoeilritlelstiopiertmvmnswqpietmvnbxcvwokjhhascvfgmnbitypqwerm
putruxcnskoqpidioseimftiuynmpaqirtopmsnabxcvczewujhgplc;:Orewmjukolp
bgfrdecewamjikopgtyhujnbvfcdmkiolpc;:yhgtbnvfcdelzmnxvrewxcfvgbhujik
Olpc;:uytrfvcdxszaqwebnmklc;:poijuhnbgvfcfgtyhujikolpc;:mnbhgytfrdeswqzxcfvgbhnjmklhyutgfrdesazxtvbhunmjkiolpqwsazxdsaerftgyhnbvmkijhgfdsa
polkmjnhbgtyfredswqaxcvbnmkiuhygtfrcvdxsazerikjghtfvcdfgyuiolkc;:jgfds
qwexcvbnmc;:lkjiuhygbvfcdretyujhnbgvxerswqazmkolpc;:juhtaghfuytnmkplc;:
gqimfpykhrdlueaocohemtwetaoinshrdlwfpykwxzcmfpetaoinsbhrdlemwxza
vmrifjhoeilritlelstiopiertmvmnswqpietmvnbxcvwokjhhascvfgmnbitypqwerrn
5. Teste da distribu~iio da ateTlfiio
- Enquanto se escreve algum texto, procurar identificar osruidos que estao a sua volta.
- Duas pessoas falam, aomesmo tempo, assuntos desconexos.Tentar reproduzir 0que cada uma disse.
6. Teste de distribu~iio da ateTlfiio de Dweslhauvers
Na figura abaixo, contar, em voz alta, os circulos e as cruzesseparadamente.
0+0+000+0- + +0+00++000+0++
0+0+000++0-t0
T+O+O+OO++O+
00 + 0 +-++00+0 ++0+00+0+++0+
3. Teste de tetras
Sublinhar todos osn, colocar urn ponto no interior das letraso e riscar todas as letras a na figura acima.
Tempo: oito minutos. Por exemplo: na primeira linha: 1,1,2,2,3,4,5,3,6,4,5,7,etc.
4. Varlafoes do mesmo teste
Usando umjornal ou livro, determinar uma letra qualquer e
executar os mesmos exercfcios, estabelecendo urn limite de tempo
por exemplo: trinta segundos para cada dez linhas. Para dificultar'
aumentar 0mimero de Iinhas ou diminuir 0tempo. '
7.Injluencia maufica do ruido sobre a ate1lflio
Apresentar a alguem trinta letras durante dez segundos, para
que as leia com atencao. Devera repeti-las de memoria. A seguir,
repetir 0 teste com outras letras, produzindo um ruido ao lado da
pessoa. 0 resultado sera uma diminuicao das letras lembradas.
Finalmente, se uma terceira pessoa ficar falando mimeros, ao acaso,
proximo ao individuo em teste 0aproveitamento sera ainda menor.
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8. Na figura abaixo, procurar concentrar-se no ponto central, ate
que sejam eliminadas as circunferencias, voluntariamente. Para
maior complexidade do exercicio, diminuir 0raio das mesmas.
9. Escrever urn mimero de cinco algarismos. Mentalmente, inverter
a posicao deles, retendo 0 mimero resultante. A partir deste
mimero, repetir a operacao indefmidamente.
- Exemplo: 12345 - Inverte-se mentalmente para 23 - 23145
- Nova inversao mental: 23145 - inverte-se para 53 - 53214
2.2.\ Mem6ria\I, )}
10. Na figura ao lado, fixar os olhos na esfera durante algum tempo.
Desviar os olhos da esfera e movimentar os olhos, seguindo 0
contomo dos arcos. "Ver-se-a" a esfera subir e descer pelos arcos.
lnicialmente, movimentar os olhos em urn dos arcos, rea1izando
movimentos de snbida e descida, fazendo 0mesmo com 0 outro
arco. 0 tempo de ida e volta devera ser de urn minuto, aproximada-
mente.
Um argumento utilizado, muitas vezes, por estudantes para
fugirem ao estudo e 0 seguinte:Quanto mais se estuda, mais se conhece
quanto mais se conhece, mais se sabe
quanta mais se sabe, mais se esquece
quanta mais se esquece, menos se sabe
quanto menos se sabe, menos se esquece
quanto menos se esquece, mais se sabe
Portanto ...
No ensino-aprendizagem, 0 esquecimento tern a sua impor-
tancia, embora a psicanalise nao 0 reconheca, Sua explicacao para
cste fato e que as impressoes retidas na memoria nao sao propria-
mente esquecidas, mas registradas no subconsciente ou no incons-
cicnte, dependendo da importancia existencial ou vivencial para 0
individuo. Ao se falar de esquecimento, ressalta-se a impossi-
bilidade da retencao consciente de todos os fatos vivenciados. Caso
contrario, a mente estaria em urn permanente estado de confusao e
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desordem por sobrecarga de dados. Seria impossfvel concentrar-se
em um objeto ou selecionar uma tinica informacao. Por exempIo:
qual seria a soma dos seguintes mimeros: 2,1,5,7,9? soma mental
seria: 2+1=3; 3+5= 8;8+7= 15; 15+9= 24. De toda a sequencia,
o importante e Iembrar 0resultado final: 24;os demais mimeros sao
Iembrados somente 0 tempo necessario em que sao usados, para
desonerar assim a memoria.
A memoria pode ser definida como a capacidade de retencao,
conservacao e Iembran~ de fatos vivenciados pelo indivfduo. Isto
quer dizer que esta capacidade esta sempre relacionada com 0
individuo e sua circunstancia, pois e por eia que 0mesmo mantem
sua propria identidade, como observa Bergson. Sem eIa, 0 indivfduo
deveria reaprender absolutamente tudo: falar, ler, raciocinar,
comer, fazer gestos, que no indivfduo normal sao atividades auto-
matizadas da memoria.
A meIJloria, embora importante para a vida cultural e social
do indivfduo, toma-se perigosa a quem estuda, quando tida como
tinico fator de aprendizagem. Com base na lei do menor esforco,
muitos passam a decorar 0 que estudam, ignorando que ha uma
distincao a ser feita entre decorar e memorizar. Decorar e reter a"forma material" e nao 0 conteudo inteligfvel de determinado co-
nhecimento, ao passo que memorizar e reter a "forma significativa"
de um conteudo inteligivel, ou seja, reter a sua compreensao, A
memorizacao possibilita 0 refraseamento de algo conhecido e nao
sua simples repeti¥iio. A memorizacao da condicoes de reestruturar
o conteiido a partir de dados da memoria, enquanto 0 ter decorado
somente possibilita a repeticao, ainda limitadamente, e por breve
tempo.
Esta capacidade apresenta algumas fases: em primeiro lugar,
experimenta-se percepcoes, emocoes, etc. (fixacao); num segundo
momento, as experiencias passam a ser retidas (conservacao); aseguir, em um terceiro passo, sao lembradas (evocacao ); fmalmente,
a maioria destas experiencias sao eliminadas da consciencia invo-Iuntariamentc (esquecimento).
A meIll6ria e variavel de indivfduo a individuo, tanto por sua-----.-----::: . ....-.
eficiencla quanto por sellS tipos:
a) Visual: facilidade em evocar as imagens daqui lo que se viu.
b) Auditiva: facilidade em evocar aquilo que se ouviu.
c) Motora: evoca¥iio rapida daquilo que se fez.
d) Afetiva: leIllbran~ facil de relacoes emotivas.
e) Locativa: evocacao facil da regiao geografica do objeto ou fato.
f) Nominativa: facilidade em lembrar nomes ou palavras relacio-
nadas.
A eficacia variavel da memoria decorre de que alguns pos-
suem, por exemplo, mais desenvolvimento na visual que na auditiva,
nao significando isto que 0 indivfduo nao possa ou nao deva desen-
volver todos os tipos.
O_9~s~Il"Q!~§mQ~g1!-_tnetn()ri~~ p()sslvel a partir da obser-
van(;i~.QQ_ill!ese denomina lei§.9:a memoria:
a) l3:!!]!!t_tjJ,iiOquanta maior a repeticao de um fato ou impressao,
melhor retencao na memoria.
b) Atencao - a velocidade da retencao e proporcional a atencao com
que se estuda 0 fato.
c) EmQ~iio.:- da intensidade da emocao depende a facilidade de
retencao.
d) I nt er es se - a velocidade e a qualidade de retencao esta em relacao
direta com0
myel de interesse de um individuo.e) E str utu ra - 0 relacionamento de fatos, ntimeros, situacoes com
outros conteudos previamente retidos facilita a memorizacao.
Conforme se observa, a memoria e de suma importancia no
ensino-aprendizagem, podendo ser desenvolvida em todos os seus
tipos. Para que isso se concretize, faz-se necessario, inicialmente, a
identificacao do tipo de memoria mais acentuada e entao, a partir
dela, com alguns exerdcios desenvolver as demais.
EXERCicIOS QUE A UXILlAM NO DESENVOLVIMENTODAMEM6RIA
I . T este de Z ie he n, p ar a m emo ria a ud itiv a.
Enuncia-se uma serie de seis algarismos para alguem e pede-
se que seja repetida: Ex.: 5 -2-9-1-7 -8-
Pode-se dificultar este teste da seguinte forma: enunciando-se
a serie, pede-se a soma de dois outros mimeros. Ex.: 3 + 4. EIJl
seguida, pede-se que repita a serie de seis algarismos mais 0 resul-
tado da soma, da seguinte forma: 5-2-9-1-7-8-(3+4) = 7.
Para maior dificuldade, aumenta-se 0mimero de algarismos
a serem repetidos:
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- 8-3-5-8-7-6-3- (sete algarismos)
- 2-5-7-1-;-9-6-7-0-4- (nove algarismos)
- 9-5-4-3-0-8-7-4-3-6-1-8- (dozealgarismos).
- 7-3-5-8- (quatro algarismos)
- 9-1-4-0-5-6- (seisalgarismos)
- 1-6-3-8-4-5-0-3-9- (nove algarismos)
2. Test e de Claparede, para memoria auditiva.
Sao lidas quinze palavras, a urn ritmo de uma palavra a cadadois segundos. Terminada a leitura, 0individuo deve escrever todas
as palavras ouvidas, nao importando a sua ordem.
Livro - estante - carro - casa - vaca - rua - trem -fuzil - predio - sofa - caneta - maquina - arvore -dinheiro - leopardo.
o teste torna-se mais diffcil quando pede-se que as palavras
sejam reproduzidas na ordem em que foram enunciadas.
6 . T este p a ra a memoria visual.
Os mesmos acima, mas ao inves de serem lidos oralmente
devem ser apresentados em cartoes e lidos por 10,20u30egun-dos, conforme a extensao,
7 . T es te d e m emo ria v is ua l e lo ca tiv a.
3.Memoria audit iv a de f rase s .
Olhar, durante 20egundos, 0 quadro abaixo. Em seguida,repeti-los por escrito, sem alterar a ordem dos algarismos.
4-9-1-3-0
8-7-9-0-1
2-3-0-6-59-8-7-6-2
Le-se uma frase de quinze palavras: "0 estudante fica
bastante preocupado no dia em que deve fazer prova de hist6ria
geral". A seguir, pede-se que a mesma seja repetida.
Observacao: comparar 0 resultado com0 teste anterior: e maisfacil memorizar quinze palavras em uma frase do que quinze pala-
vras soltas (lei da estrutura).
A seguir, deve-se repetir uma frase de linguagem nao comum;
por exemplo: "Tal interferencia do particular para 0geral nao e ,naturalmente, peculiar a ciencia: e urn trace fundamental no pensa-mento humano, sendo tambem a outra funcao da estatistica", Com-
parar os resultados.
8 . Te st e de re conhec imen to de f o r m a s , de Bernstein.
Observar 0quadro abaixopor 20segundos. Ap6s trinta segun-dos transcorridos, apontar no quadro dois as figuras presentes noquadro um,
QUADROI
Repetir as palavras abaixo em ordem inversa:
lean - lapis - autom6vel - livro - saudade - Parana -armario - oculos.
4. Memdna audi tiv a e v el oc idade da i nt el ig en ci a.
5 . S eme lh ant e ao an te ri or .
Repetir os algarismos em ordem inversa
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QUADRon
10. Outros exercfcios que podem auxiliar no desenvolvimento da
mem6ria podem ser realizados a partir de listas de palavras que
devem ser reproduzidas, depois de algum tempo, na ordem em que
foram escritas.
[ 2 ] C J D~
~"
00V~ U 0A
0\
D zJ ()
2.3. Associa~o de ideias
o terceiro fator relevante para 0ensino-aprendizagem e0quese denomina associacao de ideias, uma capacidade que possibilita
ao individuo relacionar e evocar fatos e ideias. Esta capacidade
pode ser constatada, por exemplo, em uma conversa informal. Efacil observar quantos assuntos diferentes vem a tona por fatos e
ideias relacionados com experiencias anteriores dos interlocutores
que sao suscitados pela troca de palavras que a conversao exige.
.{\.associa~ao const~~~_Erincipio£
a) Reiafiio - dois fatos ou ideias apresentam uma relacao entre si,
como os de causa-efeito (fogo-fumaca), meio-fim (prova-
estudo), substancia-atributo (sangue-vermelho), contigiiidade
(ir a Sao Paulo ver urn jogo), semelhanca (pessoa-apelido),
contraste (pobre-milionario).
b) Afetividade - quando urn dos elementos se liga a afetividade(presente - pessoa que 0deu).
c) Espontaneidade e controle - a associacao e independente da
vontade, podendo ser controlada. No exemplo acima, observa-se
tambem que os assuntos apresentam-se de forma dispersiva.
Mas, por ser controlavel, pode ser util izada na aprendizagem,
uma vez que raciocinar e associar deliberadamente conceitos e
juizos.
d) Infinidade - nao ha urn limite para 0processo de associacao. Dai
a vantagem, para quem estuda, de obter urn controle maior sobre
e1a.
e) Egocentrismo - e mais facil associar fatos ou ideias com ex-
periencias individuais.
9. Reprodtu;i io de linhas de Dwelshauvers.
Observar as linhas que formam 0desenho, durante dez segun-
dos e, a seguir, "tentar", reproduzi-Ias em urn papel. Trata-se de um
teste de extrema dificuldade,
EXERCicIOS
Ao inves de indicar alguns exercicios para desenvolver a
capacidade de associacao de ideias, recomenda-se que 0 estudante
procure desenvolver tecnicas pessoalmente, uma vez que a associa-
~ao e muito subjetiva e baseia-se em experiencias individuais. Con-
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vern lembrar que uma das maneiras e a mnemotecnica: processo de
guardar de cor (decorar) algum conhecimento. Consiste no se-
guinte: palavras ou frases que ajudam a lembrar urn conjunto de
conhecimentos, como os medievais usavam para a logica: "Simpli-citerfEcIt convertitur, EvA per accidens, AstO per contrapositio: sic
fit conversio tota". Nesta frase esta contida toda a teoria da conver-
sao das proposicoes, Significa: as proposicoes universais negativas
e as proposicoes particulares afirmativas se convertem simples-
mente, as universais negativas e as universais afirmativas por aci-dente, as universais afirmativas e as particulares negativas porcontraposicao.
Capitulo ill
FORMANDO 0 IIABITO DE ESTUDO
A vida academica de urn estudante de terceiro grau traz
consigo urna serie de altera¢es nos seus habitos estudantis anteri-
ores, que, nao raro, sao viciosos. No ensino de segundo grau, ob-serva-se geralmente: a instituicao e 0 professor exercem controle
psicologico sobre os alunos; a vigilancia e rigorosa tanto para en-
trada como para safda das aulas; as tarefas escolares assemelham-se
a ordens; a faixa etaria e de desenvolvimento intelectual e mais
homogenea; 0 conteudo programatico e determinado e esgotado
pelo professor; 0 aluno trabalha com esquemas apresentados pelo
professor; 0 aluno ouve e "adivinha provas"; nas provas, 0 aluno
repete mecanicamente 0que decorou. Em contrapartida, 0 ensino
superior deve primar por: iniciativa e liberdade individual; havendo
horarios determinados, agora apela-se para a pontualidade dos
individuos; as tarefas exigidas jogam com a responsabilidade do
aluno; junto a urn adolescente pode sentar-se urn gerente de banco
ou uma dona-de-casa, mae de filhos; 0programa e orientado pelos
professores e devera ser complementado com pesquisa pelo aluno;
os esquemas agora deverao ser pr6prios e nao do professor; as
provas passam a ter carater de ava l i a c ao do contetido ministrado,
onde contam, principaimente, assimilacao e compreensao.
Para a realizacao plena de urn estagio a outro, onde 0aluno etratado como adulto serio, responsavel, autodisciplinado e dedi-
cado, toma-se necessaria a mudanca de habitos. Filosoficamente, 0
habito pode ser definido como "uma qualidade estavel e per-
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manente, boa ou ma, que toma a a¢o facil". Nao ha muita diferenca
entre estudar e andar de bicicleta ou nadar, porque qualquer ativi-
dade requer repeticao e disciplina, ate incorporar-se ao comporta-
mento do sujeito. Assim como andar de bicicleta ou nadar niio se
aprende teoricamente, mas andando ou nadando, da mesma forma,
estudar se aprende estudando, ou seja, formando habitos de estudo.
A formacao de habitos requer disposicao, determinacao e disciplina
pessoais.
As consideracoes que se seguem nao rem a finalidade deesgotar 0 assunto, mais de apresentar alguns mecanismos que
podem auxiliar na formacao deste habito.
3.1.2. Material)
3.1.Organiza~o
Considerando que 0ensino universitario, pelo menos em seus
perfodos iniciais, e principalmente teorico, e portanto, fundamen-
tando-se em uma cultura livresca, torna-se necessario que °estudante organize seu material de estudo, Esta organizacao
comeca pela formacao de um acervo pessoal, que consta dos livros
introdut6rios, textos fomecidos pelo professor, revistas e enciclope-
dias especializadas, dicionarios de lfnguas e tecnicos, alem dos
apontamentos de sala de aula. Este acervo devera ser formado no
transcorrer do curso a partir das indicacoes fomecidas pelos pro-
fessores das respectivas disciplinas, segundo sua ordem de facili-
dade e importancia. Em outras palavras, e a formacao de uma
biblioteca pessoal especializada.
As indicacoes que seguem podem, num primeiro momento,
parecer infantis, mas, tratando-se, na maioria dos casos, de pouco
tempo disponfvel para 0 estudo, se observadas, trarao resultados
eficientes. Antes de iniciar 0estudo ou a pesquisa, 0primeiro passo
a ser dado e a coleta e a sele¢o de todo 0material a ser utilizado:
livros, apontamentos, dicionarios, blocos de anotacoes, lapis ou
caneta, etc. e ter 0objetivo do que sevai fazer claramente delineado.Pense-se no desperdicio de tempo que causa, por exemplo, 0 fato
de deslocar-se seguidamente a procura deste ou daquele material.
r \3.1.3. Localou ambiente !
)
3.1.1\Tempo
oprimeiro elemento a ser considerado na formacao do habi to
e 0tempo. Para quem julga que naotem tempo para estudar, 0que
lhe serve de justificativa para 0baixo rendimento escolar, respon-
de-se: "tempo e questao de preferencia". Para namorar, ver um
filme, para passear sempre se acha tempo. Do mesmo modo, quem
quer estudar encontrara tempo. De que maneira? Cronometrando
o tempo gasto nas diversas ocupacoes de rotina diaria, Ao fazer isto,
perceber-se-a facilmente quanta tempo e desperdicado, luxo ao
qual, na sociedade contemporanea, ninguem pode-se dar . 0 espaco
para estudar podera ser aberto, porque normalmente gasta-se mais
tempo que 0 necessario para a execucao de qualquer tarefa. Eimpossfvel que alguem niio consiga abrir espacos de dez ou quinze
minutos entre uma atividade e outra, como por exemplo: refeicoes,
higiene, transportes, etc. Pode parecer pouco, mas bem aprovei-tados, estes espacos representarao, pelo menos, trinta minutos dia-
riamente, tres horas e meia semanalmente, quinze horas
mensalmente e cento e oitenta horas anualmente - e tempo superior
a qualquer disciplina ofertada em um semestre. Aberto 0 espaco,
trata-se de aproveita- lo com 0maximo de concentracao e atencao,
conforme as indicacoes do capitulo anterior e das que se seguirao,
Como se trata de formacao de habito, recomenda-se que os horarios
sejam, de preferencia, sempre os mesmos.
E de suma importancia que 0estudante tenha urn local pro-
prio e apropriado para 0estudo. 0 local devera satisfazer a algumas
condicoes: iluminacao, arejamento, silencio e ordem. Estes itens
devem ser observados por questoes fisiol6gicas e psico16gicas visto
que a memoria tem seu centro primitivo no olfato (arejamento); a
mem6ria e mais auditiva que visual (silencio): ambientes mal ilumi-nados tomam 0 estudo mais cansativo e, como e 6bvio, danificam a
visao; ambiente desordenado e causa de dispersao da atencao
(ordem); caso 0 estudante nao consiga estudar sem ouvir mtisica,
recomenda-se que a utilize a seu favor como fator de associacao,
por exemplo, ouvindo 0 mesmo estilo de mtisica para 0 mesmo
assunto.
3.2. A aula - preparaeao e revisao
o importante nao e somente abrir pequenos espacos de tempo
para estudar, mas primordialmente saber como administra-los, E
34 35
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fundamental que 0 estudante, no processo ensino-aprendizagem,
tenha em mente que ha um limite de tempo para a assimilacao de
contetidos e manutencao da atencao em virtude do stress que causa
a atividade intelectual prolongada, alem de uma hora e tr inta minu-
tos. Donde se conclui que e recomendavel estudarpouco, durantemuito tempo, ou seja, formar a rotina diana de aproveitamento dos
pequenos espacos de tempo abertos para 0 estudo.
I
3.2.3.! Revisao
o trabalho sera facilitado com uma leitura antecipada do
assunto a ser desenvolvido em sala de aula, 0que custar ia em tomo
de dez minutos, 0que nao e muito. Esta leitura antecipada possibi-
litara ao estudante levantar duvidas que serao dirimidas com per-
guntas inteligentes, 0 que resultara em melhor qualidade nas
anotacoes de sala. Outro aspecto da leitura previa esta relacionado
com a atencao, que se dispersa depois de certo tempo. Lendo
anteriormente, a atencao sera distribuida conforme a maior ou
menor dificuldade.
Revisar e reconstruir, de preferencia mentalmente, os con-
teiidos de aula. Esta reconstrucao cumpre 0 ideal estudar pouco,durante muito tempo, evitando desgastes ffsicos e emocionais,
economizando assim noites em claro em vesperas de provas. 0
modo de efetuar a revisao pode ser imediata e integradora. A
imediata deve ser efetuada logo ap6s a aula ou antes do pr6ximo
encontro da mesma disciplina. A maneira mais indicada consiste em
transcrever esquematicamente, e de modo pr6prio, para fichas ou
cademos as anotacoes feitas em sala. A revisao integradora, por sua
vez, visa 'dar um apanhado global do conteudo desenvolvido em
pequenos m6dulos didaticos, que dao a impressao, par~ quem nao
conhece 0contetido, de assuntos estanques. Portanto, nao pode ser
deixada para as vesperas de provas, mas realizada periodicamente
a cada quatro ou seis encontros.
3.2.1.Leitura previa"
3.3 Estudos de grupo
Tendo-se preparado previamente, a aula toma-se 0momento
oportuno para 0 aprofundamento do assunto sob orientacao, cum-
prindo assim sua finalidade. As anotacoes devem ser fonte de estudo
para 0pr6prio aluno. Conclusao: devem ser pessoais, refletindo a
assimilacao e compreensao do aluno e nao simples transcricao do~
esquemas utilizados pelo professor, que s6 ele entende, porque foi
montado segundo a compreensao dele, para 0desenvolvimento da
aula. 0 que na maioria dos casos ocorre e que 0aluno tenta copiar
tudo que e dito, ou nao copia nada, ou espera 0professor ditar.
A finalidade da aula nao sera atingida sem vinculos de um
compromisso serio de cada estudante, agente principal de sua
pr6pria aprendizagem. Este compromisso e~volve: freq~encia,
pontualidade e silencio. Os assuntos desenvolvidos pelas diversas
disciplinas sao em m6dulos didaticos e logicamente concatenados,
dar a necessidade da frequencia, Por sua vez, cada aula tambem
possui uma sequencia didatica e 16gica que, quando interrompida
pela impontualidade ou falta de silencio, e quebrada.
E pratica eomum, entre universitarios, a realizacao de estu-dos e/ou trabalhos em grupo. Para urn melhor aproveitamento
deste tempo gue se de~i<;<l,,!g~~!Uao emgrllpo, algumas indica-
_ S Q ~ _ ! i _ < ! ~ _ S i 1 ~ ~~EJ>ratico:
- Numer~_<!~cO_IllPonentes: nao deve :xeeder.a 5 ~~ineo)elementos, dada a facilidade de dispersao e I parasitismo ;
- Coordenacao: a coordenacao do grupo de estudo deve fiear
ao eneargo de uma pessoa que dirija os trabalhos, marque as
reuni6es e faca as devidas cobrancas:
- Responsabilidade: urn trabalho em grupo s6 se efetiva
quando as tarefas sao assumidas, os horarios sao respeitados,
enfim, quando se decide aproveitar 0 tempo e 0 esforco de urnmodoeomum.
3.2.2.A aula
3637
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Capitu lo IV
b) captar urn conjunto de palavras em cada fixa~o aumenta a
velocidade da leitura.
c) quando se Ie silaba por silaba ou palavra por palavra, alem de a
leitura ser mais lenta, 0significado permanece truncado.
d) para alguem tornar sua leitura mais eficiente precisa aprender a
ler pelo significado, 0 que se consegue captando conjuntos de
palavras. Isto se percebe pelo seguinte quadro:
A LEITURA TRABALHADA COMO
METODO
MRTBF
LIVRO AUTOMOVEL
oBOM LEITOR CAPTA CONJUNTOS
A leitura e urn processo que envolve algumas habilidades,
entre as quais a interpretacao do texto e sua compreensao, 0
processo inicia pelo reconhecimento das palavras impressas, 0que
pode ocorrer sflaba por sflaba, palavra por palavra, con juntos de
palavras ou captacao de frases inteiras. Ap6s 0 reconhecimento,
passa-se a interpretacao do pensamento do autor para, a seguir,
compreende-lo. 0 passo seguinte sera a retencao das ideias do autor
e, quando necessario, a reproducao das ideias de modo pessoal, 0
que confirma a compreensao,
E interessante observar0
mecanismo do processo. A leituranao e simplesmente urn desIizar dos olhos pelas letras impressas. Asemelhanca de urn atleta em movimento, que busca apoio no chao
para impulsionar-se para a frente, da mesma forma os olhos s6
conseguem captar com clareza algo quando se f J X a l I 1 em algum
ponto. Em outros term os, existem os movimentos de saltos e fixa-~oes. Quando 0olho salta, ele permanece cego, nada ve. Quando se
fixa, consegue ver.
- 5 > Algumas conclusoes podem ser tiradas:
a) a boa leitura depende do mimero de fixacoes por linha.
A primeira Iinha se compoe de letras sem significado. A
segunda, duas palavras sem conexao, A terceira, possui urn signifi-
cado. E captada mais facilmente.
e) normaImente, 0tempo de fixa~o para 0leitor lento e para oleitor
rapido e 0mesmo. No entanto, enquanto 0lento sefixa em sflabas
ou palavras, 0rapido se fixa em conjuntos. 0 mau leitor faz ate
doze f ixacoes por linha ao passo que 0 bom leitor executa a
mesma tarefa em duas ou tres.
Diversos autores que estudam 0 processo e 0mecanismo da
leitura apresentam classificacoes diferentes para os diferentes tipos
de leitura. Assim, fala-se de leitura critica, assimilativa, analitica,
etc. que poderiam ser sintetizadas em:a) recreativa, cujo objetivo e trazer satisfacao a inteligencia,
b) critica, onde existe urn confronto de ideias entre 0leitor e 0autor.
c) assimilativa, em que 0leitor reconhece 0autor como autoridade
e procura aprender com ele seu contetido.
o universo cultural e constitufdo pela somat6ria de todas as
experiencias que a especie humana vivenciou ao longo de sua evolu-
~ao. Se cada indivfduo tivesse que recapitular todas as experiencias
acurnuladas pela cultura, teria que passar por todo 0 processo de
evolucao. De modo geral, os livros sao a condensacao desta evolu-
4.1 Leitura eficiente
3839
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~o cultural que e apresentada nos mais variados estilos: romance,
filosofia, psicologia.matematica, hist6ria, sociologia. Ler, portanto,
constitui urn dever e urn direito de aprender, progredir, desen-
volver-se e inteirar-se deste universo cultural. Quem Ie, torna-se
mais apto para enfrentar os problemas e situacoes que a vida social,
profissional, polftica, cultural apresenta. Em se tratando do univer-
sitario, cujo conceito exige urn saber globalizante, e imprescindfvel
a leitura.
Malba Tahan conta a estoria do "homem maravilhoso" queintrigava muitas pessoas. Este homem costumava passar seis horas
diariamente na biblioteca, onde solicitava livros volurnosos de
temas complicados e escritos em lfnguas estranhas. A medida que
o tempo passava, esta atitude despertava a curiosidade dos respon-
saveis pela biblioteca. Ate que 0 bibliotecario decidiu pedir expli-
cacoes a urn homem tao sabio. Grande foi sua surpresa quando
soube que 0 homem maravilhoso nao sabia ler e se utilizava dos
livros para poder dormir confortavelmente na sua poltrona da
biblioteca por ser muito pobre e nao poder descansar em outro
lugar. Moral da hist6ria: nao faz bom leitor 0fato de ter sempre urn
livro a mao.
o bom leitor se faz superando deficiencias de leitura tais
~:
a) mecanismo ocular - ignorando 0 funcionamento deste mecanis-
mo, ha pessoas que leem com movimentos da cabeca, muito
proximas ou muito afastadas do objeto de leitura.
b)sentido truncado - por ler aos pedacos, nao apreende 0 signifi-
cado nem asideias, 0que forca 0retorno a linhas anteriores, para
fixar 0 sentido.
c) '!!ecanismofo'!a.£Z()r-a medida em que Ie, tenta acompanhar os
olhos com movimentos labiais, ou articulando a lingua emboracom a boca fechada, ou quer fazer "leitura em voz baixa", ou seja,
esta subvocalizando.
A superacao das deficiencies de leitura e 0 meio para a
formacao do bom leitor. Isto se consegue com a aplicacao das
indicacoes que seguem:
a)iPrepara~iio.~As atividades hurnanas, de modo geral, envolvem
uma expectativa especffica para cada uma delas. Assim, assistir
a um jogo de futebol implica urn estado emocional e psiquico
diverso daquele com que alguem vai ao cinema ou teatro. Do
mesmo modo a leitura exige que se de vaziio a urn estado emo-
cional e psfquico que the e pr6prio. Se alguem vai a urn jogo, a
cinema ou teatro sem se predispor a isto acabara por julgar a
atividade macante e cansativa. 0 mesmo acontece com a leitura
quando encarada como obrigacao, que cria uma expectativa
negativa, tornando-a ineficiente. Por nao atender a esta exigencia
de preparacao, algumas pessoas veem no livro urn meio para
adormecer rapidamente. A criacao de uma expectativa adequa-
da para a leitura envolve fatores como: ambiente (onibus urbanonunca foi apropriado para a leitura, nem tampouco cam~ e lugar
para isso), nivel de conhecimento de quem se predispOe a ler
(assunto adequado a faixa cultural), selecao de assuntos (dados
sobre 0 autor , orelha do livro, sumario ou indice, introducao,
citacoes, bibliografia sao indicadores iniciais para 0exercfcio cIaleitura).
b) Velocidade - Livros tecnicos, revistas, jornais, novelas exigem
padroes distintos de velocidade, ou seja, 0bom leitor sabe ajustar
a velocidade da leitura de acordo com 0 assunto. No entanto,
convem salientar que 0 aurnento de velocidade nao significa
diminuicao da compreensao, Ao contrario do que se pensa, acompreensao esta na razao direta do aumento de velocidade. Isto
porque, no processo de entendimento, quem comanda e 0 cere-
bro, que nao Ie palavras, mas unidades de pensamento. A
velocidade satisfat6ria e de 400 palavras por minuto, em media.
Como melhorar 0padrao de velocidade?
- 0 primeiro passo e conhecer a velocidade atual. Para tanto,
assinala-se, em urn texto qualquer, 50 0 palavras. A seguir, faz-se a
leitura normaImente, cronometrando 0 tempo total gasto. Ex: se 0
tempo foi de 2 minutos exatos, a leitura corresponde a velocidadede 25 0 palavras por minuto, ou seja, divide-se 0mimero de palavras
lidas pelo tempo gasto e obtem-se 0mimero de palavras lidas porminuto.
- A velocidade da leitura pode ser aurnentada atraves de
exercfcios como:
1) Escolher urn artigo em jornal ou revista, disposto em uma coluna
de mais ou menos 5 em. Ler com saltos de olhos a primeira e a
Ultima palavra de cada linha, tentando captar 0sentido do artigo.
2) Em urn livro nao tecnico, ler em cada linha somente a palavra
inicial, a do meio e a final, estabelecendo tres pontos de fixacao
e procurando captar apenas 0sentido do texto.
40 41
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3) Com umlivro de assunto conhecido, ler tao rapidamente quanto
possivel, captando apenas 0 sentido dos paragrafos. Num
segundo momento, reler e verificar se de fato a ideia principal
foi fixada. Para este exercfcio, anotar 0 tempo inicial e 0 tempo
final.
4) Com 0 aunlio de urna regua branca ou cartolina branca, Ier urn
texto, fazendo-a deslizar sobre aslinhas lidas, empurrando, deste
modo, a leitura.
3) Palavras e frases escritas de modo semelhante, mas de sentido
diverso. Prestar atencao ao sentido e nao it prommcia. Ex: 0velbo viu apagar-se a velinha da velhinha enquanto procurava a
ovelha.
Eu te asseguro que a secura e com agua que se cura.
A tatica artica e contra a Antartica,
.Divirto-me com a tua discricao na descricao da pr6pria
distracao.
Quem conta urn conto a um en ta urn ponto; quem corta urnponto aumenta 0desconto.
Veja bem a distincao entre a extensao do campo e a
extincao do campus.
o animal mau padece de ur n duplo mal: nao sabe que ele emau e n ao distingue 0bem do mal.
cX Subvocaiizacao - 0 uso inconsciente do aparelbo fonad.or na
leitura silenciosa age como ur n freio sobre 0 c e re br o d ific u l-tando-Ihe a leitura por unidade de pensamento.
1) Exercicios para evitar a subvocal izacao podem ser elaborados
com listas de palavras ou frases de diffcil promincia, onde se I eo sentido e nao a pronUncia. Presta-se atencao unicamente ao
sentido, evitando-se movimentos labiais de lingua ou cordas
vocais, sinais de subvocalizacao, Alguns exemplos:
Toco preto, porco crespo.
Pia 0pinto, a pipa pinga.
Tres tristes tigres comiam trigo no trigal.
A pipa pinga e 0pinto pia. Quanto mais 0pinto pia mais a
pipa pinga.
o rato roeu a roupa do rei Ricardo da RUssia.
o tempo perguntou ao tempo: quanto tempo 0 tempo tern.
o tempo respondeu ao tempo que 0 tempo tem tanto
tempo quanto 0tempo tern.
o papo do pato esta no prate de prata do padre.
2) Mesmas palavras ou frases de significados diversos. Presta-se
atencao ao sentido e nao a promincia.
Exemplos:
d)Area de fixa(]iio '_ A medida que se aumenta a area de fixa~o,
aumenta-se tambem a velocidade da leitura e, consequente-
mente, a capacidade de compreensao . Com alguns exerctcios,
t or n a -s e po ss fv e l aumentar a area de f ixacao ,
1 ) Numeros 3 4
Fixando as olhos no centro, Je-se facilmente 34
3 2 4 7 6
Fixando-se os olhos no mimero do centro, le-se 32.476.
Com pena peguei na pena
Com pena pra te escrever
A pena caiu da mao
Com pena de nao te ver,
Vai a garca voando
Com penas que Deus lhe deu
Contando pena por pena
Mais pena padeco eu.
2) Palavras
I roeu I
Io ratoroeu
]I o rata roeu a roupa
42 43
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Fixando-se os olhos na palavra "roeu", le-se facilmente as
outras "0rato" e "a roupa", com a visao periferica,
EXEMPLO:
Ideiaprincipal: crfticas e ironias de Lacan ao existencialismo.
Pormenores importantes: 0 existencialismo desemboca na
subjetividade, como versao modema do cartesianismo.
Ilustracao de apoio: liberdade autentica entre os muros deuma prisao,
Palavras-chave: Lacan - existencialismo - criticas - subjeti-
vidade - versao cartesianismo -liberdade - muros - prisao - prova
impotencia - superar si ruacao .
c) A sublinha bem feita possibilita a releitura do texto com a
continuidade semelhante a Ieitura de urn telegrama. ExempIo:
"Lacan existencialismo criticas. Desemboeava subjetividade
versao cartesianismo. Ex.: liberdade muro prisao prova impotencia
superar situacao".
d) Destacar passagens importantes ou duvidosas com trace ou
interrogacao a margem.
e) Nao interromper a leitura ao encontrar palavras desconhecidas.
Se a leitura corrida do texto nao esclarecer 0 termo em questao,
anotar para posterior consulta.
1) Servir-se de "palavras-ferramenta": substantivo (e verbo); indi-cadores de relacoes entre ideias, tais como: logo, portanto, con-
tudo, ora, em surna, em resumo, por conseguinte, por outro Iado,
de urn lado, de outro ...
o texto a seguir, extraido de Delcio Vieira SALOMON, em
Como [azer uma monografia; p. 45-8, sintetiza 0 que se falou ate
agora sobre leitura e possibilita urn exercfcio de sublinha:
4.2. Tecnleas de leitura trabalhada
Um bom aproveitamento nos estudos, alem da eficiencia na
leitura, supoe a aplicacao sistematica e habitual de outras tecnicas
que facilitam a compreensao, a retencao, a memorizacao e, ainda,a documentacao posterior.
A primeira destas tecnicas e a sublinha - arte de colocar emdestaque as ideias principais e palavras-chave de urn texto. Um texto
corretamente sublinhado permite sua releitura combrevidade,
economizando tempo sem prejuizo de conteudo,
Embora nao haja normas fixas para a execucao da sublinha, eimportante que se erie urn c6digo pessoal, que deve ser mantido.
Convem salientar que 0habito de sublinhar se adquire pela repeti-
~ao, tornando-a mecanica, como 0que acontece com a escrita.
As indicacoes a seguir servem como elementos auxiliares paraa aquisicao desta tecnica:
a) Nao sublinhar na primeira leitura, a menos que se tenha previo
conhecimento do assunto.
b) Sublinhar apenas 0que e realmente importante: ideias principais,
dando destaque a s palavras-chave. A ideia principal, na maioria
das vezes, encontra-se na primeira frase de sentido completo de
urn paragrafo. Como em uma constelacao, a ideia principal esta
circundada de outros elementos que the servem de suporte
explicando-a, apresentando provas, ilustrando-a ou refutando-a,
"Lacan, amigo pessoal de Sartre, nunca poupou 0 existen-
cialismo de crfticas e ironias. Achava que esta corrente de pensa-mento desembocava fatalmente nos becos sem safda de uma
subjetividade que - centrada na autonomia ficticia da consciencia-
nao era mais que uma versao modema do cartesianismo, uma
especie de racionalismo tragico, Por exemplo, a ideia de que a
liberdade nunea se afirma tao autenticamente como entre os muros
de uma prisao, era para Lacan a prova definitiva da impotencia da
pura consciencia existenciali~ta para superar qualquer situacao, anao ser de maneira ilus6ria".
1.SOUZA, Marcie Peter de & CESAROTTO, Oscar. Jacques Lacan. saoPaulo, Brasiliense, 1985,p. 66-8.
BOMLEITOR
omau Ieitor Ie vagarosa-
mente e entende mal 0que Ie.
Tem habitos como:
MAULEITOR
o bom leitor Ie rapida-
mente e entende bem 0que Ie.
Tem habilidades e habit os
como:
1. L€ com objetivo determi-nado. Ex.: aprender certo
assunto - repassar detalhes
- responder a questoes.
1 . L€ s em finalidade.
Raramente sabe por que Ie.
4445
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2.Le un idades d e pe ns amen to .Abarca, num relance, 0sen-tido de um grupo de pala-vras. Relata rapidamente asideias encontradas numafrase ou num paragrafo.
3. Te m varios padroes develocidade.Ajusta a velocidade da lei-tura com 0 assunto que Ie.Se Ie urna novela, ISrapido.Se livro cientffico paraguardar detalhes - Ie maisdevagar para entenderbem.
4.Avalia 0qu e Ie .
Pergunta-se fre queute-
mente: Que sentido temisso para mim?Esta 0 autor qualificadopara escrever sobre 0 as-sunto? Esta ele apresen-tando apenas um ponto devista do problema?Qual ISa ideia principaldeste trecho?Quais seus fundamentos?
5 . P o ss ui b om v oc ab u la rio .
Sabe 0que muitas palavrassignificam. E capaz de per-ceber 0sentido das palavrasnovas pelo contexto. Sabeusar dicionarios e 0 fazfreqiientemente para es-clarecer 0sentido de certostermos, no momento opor-tuno.
2. Le pa la v ra po r pa la v ra .
Pega 0 sentido da palavraisoladamenteEsforca-se para ajuntar ostermos para poder en-tender a frase.Freqiientemente tem dereler as palavras.
3 . S o tem um ritm o de lei tura.Seja qual for 0assunto, Iesempre vagarosamente.
4. A credita em tud o q ue Ie .
Para ele tudo que e im-
presso ISverdadeiro.Raramente confronta 0queIe com suas pr6prias ex-periencias ou com outrasfontes.Nunca julga criticamente 0
escritor ou seu ponto devista.
5 . P o ss u i v o cabul ar io l im i tado.
Sabe 0 sentido de poucaspalavras. Nunca rele umafrase para pegar 0 sentidode uma palavra dificil ounova.Raramente consulta 0dicionario. Quando 0 faz,atrapalha-se em achar apalavra. Tem dificuldadeementender a definicao daspalavras e em escolher 0sentido exato.
46
6 . T em h ab ilid ad es p ar a c on he -
ce r 0v a/o r d o /iv ro .Sabe que a primeira coisa afazer quando se toma umlivro ISndagar de que trata,atraves do titulo, subtitulosencontrados na pagina derosto e nao apenas na capa.Em seguida Ieos titulos do
autor, Edicao do livro. In -dice. "Orelha do livro".Prefacio. Bibliografia ci-tada. S6 depois e que se veem condicoes de decidirpela conveniencia ou naoda leitura. Sabe selecionar 0que Ie.Sabe quando consul-tar e quando ler.
7. Sabe quando deve ler um
l iv ro a t e 0im , q ua nd o in te r-
romper a leitura defini-t iv amen te ou pe ri od ic amen -
te o
Sabe quando e como reto-mar a leitura, sem perda detempo e sem perder a con-tinuidade.
8.Discute f requentemente 0qu e
Ie com colegas.
Sabe distinguir entre im-pressoes subjetivas e valor
objetivo durante as discus-soes.
8 . R ara men te d iscu te co m co le-
ga s 0qu e Ie .
Quando 0 faz, deixa-selevar por impressoes subje-
tivas e emocionais paradefender urn ponto de vista.Seus argumentos, geral-mente, derivam da auto-ridade do autor, da moda,dos lugares comuns, dastiradas eloquentes, dos pre-conceitos.
6. Nao p os su i n en hum critaio
tecnico p ara co nh ecer 0
v a/ or d o l iv ro .
Nunca ou raramente Ie apagina de rosto do livro, 0indice, 0 prefacio, a biblio-grafia etc., antes de iniciar aleitura. Comeca a ler a par-tir do primeiro capitulo. E
comum ate ignorar 0autor,mesmo depois de termi-nada a leitura. Jamais seriacapaz de decidir entre lei-tura e simples consulta. Naoconsegue selecionar 0quevai ler. Deixa-se suges-tionar pelo aspecto mate-rial do livro.
7. Nao s ab e d ec id ir se e con-
v en ie nte o u nao interromper
uma le itu ra .Ou Ie todo 0 livro, ou 0 in-terrompe sem criterio ob-jetivo, apenas por questoessubjetivas.
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o significado etimol6gico de esquema a s eg unda t ec ni ca e"esqueleto", de onde se conclui que so contem os traces essenciaisdo texto, 0 que possibilita realizar as ligacoes entre os elementos e
9. A dq uir e liv ro s c om frequen-cia e cuida de ter sua bibli-o te ca p ar tic ula r. .Quando e estudante pro-cura os livros de textos in-dispensaveis e se esforcaem possuir os chamadosclassicos e fundamentais.
Tern interesse em fazerassinaturas de peri6dicoscientfficos. Formado, conti-nua alimentando sua bibli-oteca e restringe aaquisicao dos chamados"compendios". Tem o habi-
to de ir direto a s fontes; deir alem dos livros de texto.
10.Le assuntos varios.
L e livros, revistas, jomais.
Em areas diversas: ficcao,ciencia, hist6ria, etc. Ha-bitualmente nas areas deseu interesse ou especia-Iizacao.
11. Le m uito e g osta de ler.Acha que ler traz informa-I(oes e causa prazer. Lesempre que pode.
12.0 BOM LEITOR e aqueleq ue n ao e s o bom na hora deleitura.Eborn leitor porque desen-volve urna atitude de vida: econstantemente born leitor.Nao so le, mas sabe ler.
9 . N ao p os su i b ib lio te ca p ar ti-cular.As vezes e capaz de ad-quirir "metros de Iivro"para decorar a casa. Efreqiientemente levado aadquirir livros secundariosem vez dos fundamentais.
Quando estudante, s6 Ie eadquire compendios deaula. Formado, nao sabe 0que representa 0habito das"boas aquisicoes" de livro.
10. Esta condicionado a lersem pre a m esm a especie de
assunto.
11.Le pouco e nao g os ta d e le r.Acha que ler e ao mesmotempo urn trabalho e urnsofrimento.
12.0 MAU LEITOR nao serevela ap ena s n o a to d a lei-
tu ra , s eja s ile nc io sa o u o ra l.E constantemente mau lei-tor, porque se trata de urnaatitude de resistencia aoha-bito de saber ler.
48
o funcionamento do conjunto, permitindo, assim, visualizar 0 todoporque hierarquiza asideias e destaca asdiretrizes que estabelecema unidade e a coerencia do texto.
Do mesmo modo, a geometrizacao tambem nao possui nor-mas fixas. No entanto, algumas indical(oes podem auxiliar suaelaboracao, .
a) Ser fiel ao texto - 0 esquema e extrafdo do texto e nao impostoao texto. As palavras ou termos originais, tanto quanta possfvel ,sao mantidos.
b) Hierarquizar as ideias, destacando as principais com base nostitulos, subtitulos e palavras-chave.
c) Criar urn c6digo uniforme com graficos, setas, desenhos,parentesis, chaves, etc. Esta codificacao, no levantamento deesquemas, e absolutamente pessoal.
o texto acima, sobre 0born e 0mau leitor, pode ser esquema-tizado da seguinte maneira:
Born leitor - habitos
[
- objetivo determinado- unidades de pensamento- varies padrOes de velocidade-avalia- born vocabulario
l-abilidades para conhecer livros
- sabe quando interromper a leitura- discute 0que Ie- forma sua biblioteca particular-Ie varies assuntos- sabe e gosta de ler
-Ie sem fmalidade-Ie palavra por palavra- urn so ritmo vagaroso-niloavalia- vocabulario limitado- nao tern habilidades para conhecero livro
- nao sabe quando interromper aleitura- nao discute 0que Ie- nao forma biblioteca particular- sOle urn tipo de assunto-Ie pouco e nilo gosta de ler
Mau leitor - habitos
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Da geometrizacao ou esquema, nasce 0 resumo, que e acomplementacao da leitura trabaIhada - condensacao do texto em
seus elementos principais. 0 resurno b e r n elaborado tem a fi-
nalidade de dispensar a leitura do original e e escrito para que outras
pessoas entendam. Como nas tecnicas anteriores, elenca-se, abaixo,
alguns passos para a elaboracao de resurnos:
a) nfio resumir ante de ler 0 texto trabalhado pela leitura, sublinha
e esquema. Com isto, evitam-se repeticoes, tomando-o claro,
breve e de facil entendimento.
b) Servir-se das palavras sublinhadas anteriormente, dando-lhe
linguagem fluente.
c) Nas transcricoes literais, usar aspas e citar a fonte.
d) concluir com apreciacoes crfticas de carater pessoal e referencia
bibliografica,
o texto acima pode ser resumido assim:
obom leitor possui e desenvolve habitos de leitura, lendo com
objetivos determinados, buscando unidades de pensamento para
melhor compreensao, Com isto consegue adotar varios padroes develocidade, conforme a dificuldade do assunto. Costuma avaliar e
refletir sobre 0 assunto lido, discutindo-o com colegas, formando
sua pr6pria maneira de pensar e enriquecendo 0vocabulario atraves
de consult as ao dicionario, de palavras nao entendidas durante a
leitura. Ao tomar urn livro em suas maos, folheia-o rapidamente,
verificando tftulos, subtftulos, not as de rodape, etc. para um
primeiro conhecimento. Normalmente, adota criterios sobre
quando interromper a leitura para retoma-la mais tarde com con-
tinuidade e sem perda de tempo. Aos poucos, forma sua pr6pria
biblioteca, compondo-a com assuntos variados. Em suma, 0 bom
leitor sabe e gosta de ler, fazendo disto uma atitude de vida.Em contrapartida, 0 mau leitor I e por obrigacao, sem fi-
nalidade, lendo palavra por palavra e,conseqiientemente, deve reler
muitas vezes 0 assunto para compreende-lo, Adota sempre urn
ritmo vagaroso, sem avaliar 0que I e , aceitando, sem reflexao, tudo
o que I e . Seu vocabulario e limitado, pois nao costuma dirimir
duvidas sobre palavras nao entendidas. Ao tomar urn livro nas maos,
nao costuma folhea-lo para urn primeiro contato. Nao possui crite-
rios para interromper a leitura, perdendo tempo e a continuidade
do assunto; nao discute 0 que I e , e, quando 0 faz, simplesmente
repete opini6es aIheias. 0 mau leiter nao possui biblioteca pr6pria,
nao gosta de Ier, por isso Ie pouco e costumeiramente sobre urn s6
assunto.
(0 texto faz uma clara, breve e objetiva contraposicao sobre
habitos de leitura do bom e do mau leitor. Texto de Delcio Vieira
SALOMON, Como fa ze r u ma m o no gr afia , p.45-8)
4.3. Analise de textos
A aplicacao das tecnicas do metodo de leitura trabalhada e 0preambulo para a interpretacao de textos. Se ha unanimidade, por
parte dos autores, quanto a importancia e necessidade de se inter-
pretar urn texto, por outro lado, nao ha consenso quanta ao modo
de executa-lao No entanto, a discordancia em que se encontram os
autores nesta questao nao pode servir de justificativa para a omis-
sao.
As indicacoes a seguir, sem a pretensao de esgotar 0assunto,
pretendem trazer uma contribuicao e auxilio ao estudante neste
trabalho:
a) As ideias principais, palavras-chave e 0proprio tema ou assuntosao levantados quando da primeira leitura de urn texto, pelo
trabalho de sublinha, esquema e resumo.
b) Ao escrever sobre urn determinado assunto ou tema, 0autor esta
buscando a resposta a urn problema, visto que sem problema nao
M motivacao intelectual. 0 pensamento, por ser discursivo, eexpresso em forma de raciocinio. Captar 0problema enunciado
nesta forma discursiva e 0que possibilita a "leitura por dentro",
ou seja, a interpretacao posterior.
c) 0 que torna possfvel captar 0problema no decorrer da leitura ea formulacao de perguntas dirigidas ao texto. Algumas destas
perguntas respondem a funcoes mentais:
- 0 que 0autor afirma? (Apreensao - captacao do conteudo
basico) .
- Qual 0 significado da afirmacao do autor? (Entendimento-
traducao do contetido para urn significado pr6prio).
- Onde se verifica tal problema? (Aplicacao - transposicao da
situacao significada pelo Autor para outras similares).
- Quais as partes constituintes do texto ? (Analise - divisao do
assunto, comecando do simples ate atingir 0 complexo).
5051
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- Ouais a s ideias essenciais? (Sfntese - reconstrucao do as-
sunto, eliminando 0 secundario e mantendo 0principal).
- Oual 0 valor logico das ideias expressas? (Julgamento -
emissao de juizos de valor).
- Como pensar ou agir perante 0 conhecimento adquirido?
(Criatividade - projetar ideias e condutas novas) .
Como exemplo, pode-se utilizar 0 texto adaptado por Ir ineu
MARTIM, da PUC-PR, de MORGAN & DEESE, em Comoestudar, Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, 1972, p. 38:
Mas, questionavel, considerando-se que M outros fatores impli-
cados COIUO causas do desnfvel intelectual: fatores economicos,
sociais, familiares.
- Como pensar ou agir perante 0conhecimento adquirido? -
o agrupamento homogeneo, ao inves de solucionar , marginaliza
tanto os individuos de OJ. baixo como os de QJ. alto. A margina-
lizacao possui carater ideo16gico, nao soluciona.
AGRUPAMENTO HOMOGP'NEO
"Plano para ajustamento das diferencas individuais quanta a
aptidao mental dos alunos da mesma idade, aplicavel em grandes
colegios, e 0de classificar as criancas em cada serie de acordo com
00.1. Se os alunos forem muito numerosos, pode-se dividir cada
serie em tres turmas, classificando-se na turma mais alta os alunos
cujos OJ. (quociente de inteligencia) forem de 108 para cima; na
turma do meio, criancas com OJ. de 93 ate 107; e na turma mais
baixa, os alunos cujos OJ. forem de 60 a 92. Para essas tres turmas
de cada serie, agora mais homogeneas quanta ao OJ., devera haver
currfculos diferenciados. A turma media devera seguir 0curso com
o currfculo normal. Para a turma superior, 0 curriculo deve ser
enriquecido. E para a turma inferior deve constar do minimo essen-
cial e visar a objetivos academicos mais limitados".
- 0 que 0autor afirma? - Para resolver problemas de diferen-
cas individuais, dividir as series em turmas com OJ. diferentes, aos
quais seriam aplicados programas diferenciados.
- Qual 0 significado da afirmacao do autor? - Proposta para
qual i f i cacao do ensino.
- Onde se verifica tal problema? - Nas escolas, de modo geral,
de 12 e 22 graus.
- Ouais as partes constituintes do texto? - Agrupamentos
homogeneos, aplicaveis em grandes colegios. Classificacao de tur-
mas por OJ. / Aplicacao de programas diferenciados para cada
agrupamento.
- Quais as ideias essenciais? - Divisao de turmas por OJ. /
Aplicacao de programas diferenciados.
- Qual 0valor logico das ideias expressas? - Aparentemente,seria a solucao para 0 desnfvel encontrado nas escolas brasileiras.
52
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A historia humana e a historia das lutas pelo conhecimento danatureza para interpreta-la e para domina-lao Cada geracao recebe
urn mundo interpretado por geracoes anteriores. Esta historia esta
constituida por interpretacoes misticas, profeticas, filos6ficas, cien-
tfficas, enfim, por ideologias. Cada individuo que vem ao mundo ja
o encontra pensado, pronto: regras morais estabelecidas, sociedade
organizada, religioes estruturadas, leis codificadas, classificacoes
preparadas. No entanto, tal estruturacao do mundo nao justifica a
alguem se sentir dispensado de repensar este mundo, porque, caso
contrario, tem-se 0 lugar comum, a mediocridade e, 0 que e pior, a
alienacao.
"0 homem nao passa de U1D canico, 0 mais fraco da natureza,
mas e urn canico pensante. Nao e preciso que 0universo inteiro se
arme para esmaga-lo: urn vapor, uma gota d'agua, bastam paramata-lo. Mas, mesmo que 0universo 0 esmagasse, 0homem seria
ainda mais nobre do que quem 0mata, porque sabe que morre e a
vantagem que 0universo tem sobre ele; 0universo desconhece tudo
isso" (Pascal- Pensamentos) . 0 homem nao vive isolado. Vive no
concreto, cercado pelas circunstancias, 0 ser irracional nao reage
frente a natureza, submete-se. 0 ser racional coloca-se diante da
natureza, assumindo uma atitude de reacao. Por sua capacidade
intelectual, alia-se ao que 0 rodeia, cria coisas novas, lapida sua
consciencia, domina a natureza. Vivendo dentre de uma realidade
que 0 condiciona, 0 hurnano se constr6i. 0 que e aparentemente
negativo, traz riquezas. Por interpretar 0 que 0 rodeia, 0 que lhe
possibilita 0 crescimento, 0 hurnano manipula as circunstancias,
transformando-as, adaptando-as, modificando-as em vista do seu
crescimento. Assim, de produto do meio ele passa a ser 0recriador
da natureza.
o ser hurnano nao pode se dispensar do mundo em que vive,
pois precisa dele. Ha uma interdependencia entre 0 homem e a
natureza, assim como com os homens entre si. Mas 0automatismo
destas relacoes dificulta a sua percepcao e tomada de consciencia,A circunstancia interpretada gera urn sistema mental de ideias ou
crencas dependentes de urn ambiente mental (por exemplo: 0am-
biente rural e mais conservador; 0 urbano e mais liberal). Ao
construir urn esquema mental ("filosofia de vida"), e confrontado
com urn fato novo (qualquer acontecimento que fuja ao esquema
mental), 0homem e levado a rejeita- lo ou refletir sobre ele, visando
assimila-lo, A rejeicao pura e simples gera 0preconceito e 0 fecha-
mento; a reflexao, ao contrario, e 0 que caracteriza 0 espirito
cientifico - atitude pessoal de quem busca solucoes atraves de
pesquisas com metodos apropriados, para os acontecimentos novos
que tem diante de si,A pesquisa cientifica e uma investigacao met6dica acerca de
urn assunto determinado com 0objetivo de esclarecer aspectos do
objeto em estudo. 0 que poderia diferenciar a pesquisa de U1D
estudante e de urn cientista e basicamente 0 seu alcance ou grau. A
finalidade das pesquisas a myel de graduacao e levar 0 estudante a
refazer os caminhos ja percorridos, repensando 0mundo.
Os metodos para este refazer os caminhos consistem basica-
mente, na:
Capitulo V
PESQUISA CIEN 'fD 'ICA
Pesquisa de campo - visa dirimir duvidas, ou obter informa-
<;(oese conhecimentos a respeito de problemas para os quais seprocura resposta ou a busca de confirmacao para hip6teses levan-
tadas e, finalmente, a descoberta de relacoes entre fenomenos ou os
pr6prios fatos novos e suas respectivas explicacoes,
P esq uisa d e la bo ra to rio - e aquela em que 0 pesquisador
procura refazer as condicoes de U1D fenomeno a ser estudado, para
observa-lo sob controle; exige local apropriado (laboratorio) e ins-
trumentacao especial.
P es qu is a b ib lio g ra fic a - e 0 exame ou consulta de livros ou
documentacao escrita que se faz sobre determinado assunto.
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Lembrando que 0objetivo deste trabalho e fomecer subsfdios
ao estudante dos primeiros perfodos do terceiro grau, e conside-
rando que tanto a pesquisa de campo como a de laboratorio nao
podem ser efetuadas sem urna previa fundamentacao te6rica e que
esta e essencialmente livresca ou bibliografica, dar-se-a atencao
especial a ela.
inicia-se por urna previa pesquisa explorat6ria em compendios
didaticos, enciclopedias, boletins, catalogos bibliograficos, ficharios
de bibliotecas, repertories, pessoas ligadas a area. A pesquisa previa
fornecera as primeiras indicacoes concretas sobre a viabilidade dotrabalho.
o passo seguinte consiste na localizacao material da pesquisa,
onde se destacam: e sp aco - pais, estado, instituicao sobre 0qual sera
feita a pesquisa; tempo - sobre que periodo historico versara;
p er so na gen s - autores que tenham especializacao ou envolvimentocom 0 tema; fu ncio na men to - aspectos materias e ideo16gicos que
se encontram envolvidos no assunto, como, por exemplo, simbolos,
conteudos, metodos, valores, sancoes, pressupostos cientfficos ou
filosoficos. Resta salientar a necessidade de esclarecer 0 enfoque
que sera dado ao tema: a pesquisa sera sociol6gica, hist6rica, f ilo-
s6fica, estatistica, psicol6gica, enfim, a que area do conhecimentoela pertence.
5 .1 . Fa se s da pesquisa bibJiognUica
5 .1 .1 . E sco lh a d o tema--~"--'-------
Em trabalhos academicos, e de praxe 0orientador determinar
o tema sobre 0 qual se vai trabalhar. Mesmo assim nao e empresafacil saber exatamente como comecar, visto que os campos da
pesquisa sao muito amplos, dada a alta especializacao e diversifica-
c;ao do saber.
a) 0tema deve ser urn problema sobre 0qual se fara urna demons-
tracao e de onde se extraira urna mensagem.
b) A escolha de urn assunto segue alguns criterios:
- Pesquisador - De nada ou de pouco adianta se propor afazer uma pesquisa sem que esta corresponda a alguma motivacao
de carater pessoal. Desta forma, requer-se que 0 tema esteja ligado
a preferencias pessoais, aptidoes e capacidade levando em conside-.
ra~o 0 tempo e os recursos materiais disponiveis.
- Tema - Para 0 trabalho academico, a originalidade nao e
pre-requisite. Mas, por outro lado, nao fica isenta a criatividade no
esclarecimento do tema escolhido, trazendo uma contribuicao, por
menor que seja, pessoal ou cultural.
- Fontes de assuntos - Perante as amplas dlversificactres do
conhecimento hurnano e das mtiltiplas facetas que a propria reali-
dade apresenta, os assuntos poderao ser encontrados na vivenciadiaria, nas questoes polemicas, na reflexao, como fruto de leituras,
conversacoes, debates, discussoes,
5.1.3. 0 p rimei ro p ro je to t ie p es qu is ~
Escolhido 0 tema e delimitado 0 assunto, 0passo a ser dado
e a elaboracao de urn projeto provis6rio que tem por finalidadeorientar toda a pesquisa e documentacao posteriores em urna tinica
direcao, evitando a dispersao de tempo, energia e material. Elemen-tos do projeto:
a) Tema
b) Delimitacdo
c) l us ti fi ca ti va - Qual 0motivo que leva 0pesquisador a estudar este
tema especffico e nao outro qualquer. Entra na justificativa a
atualidade, importancia pessoal ou cultural, a razao pela qual 0
orientador indicou 0tema.
d) O b je tivo g era l - 0 que pretende 0 pesquisador no desenvolvi-mento do assunto, independente da justificativa.
e) O b jetiv os e sp ec ifico s - Abertura do objetivo geral em outros
menores, que constituirao possiveis capitulos no decorrer da
estruturacao do trabalho.
f) P ro ced im en to s - Alem da documentacao pessoal, justif icativa e
objetivos, consta no projeto 0 modo como se procedera a
pesquisa: por refutacao de hipotese, por comprovacao de urna
opiniao, etc.
5.1.2 . D£Ii_11lj tj I -f iioo assunto
A escolha do assunto e relativamente facil perante a etapa
seguinte, sua delimitacao, A pesquisa bibliografica comeca propria-
mente com a dificuldade que reside na delimitacao do tema, visto
que quanto maior a extensao de urn assunto, menor a sua compreen-
sao. Desta forma, faz-se necessario situar 0assunto, por exigencias
didaticas, em setores bem determinados do saber. Tal delimitacao
56 57
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Indicacoes para a montagem de um fichario:
a) Levantamento bibliografico - a medida que se inicia uma
pesquisa, todo 0material que interessa passa a ser lancado em
fichas, porque nao se pode confiar somente na memoria. Lanca-
se 0 estritamente necessario e de interesse a pesquisa.
b) Ordem de leitura - recomenda-se que a leitura seja iniciada por
obras gerais, atuais e comentarios a s fontes (Do geral e atual para
o especifico e passado).
c) Tipos de fichas - Para cada objetivo ou assunto abre-se uma ficha
especifica, que obedecera uma ordem numerica ou alfabetica,
Na ficha consta: titulo geral (tema ou area de concentracao da
pesquisa);tftulo especifico (titulo de capitulo ou subtitulo de
capitulo), c6digo de ordem de fichamento (numerica ou alfabet-
ica) e referencia bibliografica basica, que consta de autor, titulo(sublinhado), cidade, editor, ano, paginas.
Exemplo: RUIZ, Joao Alvaro, Metodologia Cientifica. Guiapara eficiencia nos estudos. Sao Paulo, Atlas, 1977, 168 p.
. De acordo com 0 contetido, as fichas podem ser:
c.l. Obra inteira - comentario de toda obra, de modo resumido,
indicando 0pensamento do autor e concluindo com um comen-tario pessoal. Deve ser escrita com verbos ativos.
c.2. Tipo citacao - parte da obra, capitulo ou artigo. Transcricao fiel,
deve vir entre aspas; consta 0 mimero da pagina ao final da
citacao, Nos casos de erros graficos ou ortograficos, a transcricao
e textual e acompanhada da expressao sic entre parenteses (sic);
a supressao de palavras no infcio e no final deve ser indicada com
reticencias ... ; a supressao de palavras no meio da citacao deve
ser indicada com reticencias entre parenteses ( ...); a supressao
de paragrafo ou paragrafos indica-se com uma linha de pontos;
nos casos de citacao de citacao, a referencia bibliografica sera
feita imediatamente apos a transcricao, entre parenteses.
c.3. Tipo esboco ou sumario - apresenta as ideias principais de parte
de uma obra ou de uma obra toda, de modo sintetico, mas
detalhado. 0 mimero das paginas e indicado a esquerda da ficha.
cA.Comentario ou analftica - comentarios, analises, interpretacoes,
comparacoes, justificativas, criticas, ressalvas devem constar em
ficha a parte.
c . s Vocabulario tecnico - utilizada para separar definicoes, concei-
tos e termos tecnicos.
Geralmente, para pesquisas, utilizam-se as fichas tipo citacao
e tipo esboco ou sumario. Quando um professor solicita ao
estudante uma ficha de leitura, ele se refere a s fichas tipo obra
inteira e comentario ou analftica. Alem destas observacoes, convem
lembrar que nao e recomendavel a utilizacao do verso da ficha, em
g) Cronograma - A partir do projeto provisorio, 0pesquisador
devera estabelecer data-limite para leitura e documentacao,
redacao provisoria, revisao, redacao definitiva, aspecto datilo-
grafico do trabalho e entrega. 0cronograma tem por finalidade
evitar acumulo de trabalho de Ultima hora e desculpas.
h) Bibliografia basica
A titulo de exemplo, simplificadamente:
Tema - DrogasD elim ita ca o - 0Indice de uso de drogas na juventude.
lustificativa - Trata-se de um assunto extremamente atual,
polemico e que cresce assustadoramente.
Objetivo geral- Determinar se 0uso da droga e em virtude de
vfcio ou doenca,
Objetivos especificos - Constatar 0 Indice do aumento de
consumo.
- Descobrir as influencias recebidas pelos usuaries.
- Discutir as consequencias do uso de drogas no organismo.
- Discutir as orientacoes para combater 0uso e os meios de
coibi-Io.
- Pesquisar 0 tratamento mais adequado.
Procedimento - Discussao das hipoteses sobre a aquisicao do
vfcio ou doenca,
Cronograma - a determinar, conforme as circunstancias.
B ib li og ra fi a ba si ca - a determinar, conforme as necessidades.
5.1.4. D~cumenta~tio
A documentacao tem como apoio a tecnica da leitura traba-
lhada. 0 carater cientifico de uma pesquisa bibliografica e marcadopela qualidade da documentacao que a sustenta. Constitui-se
basicamente de um fichario, onde se fazem as anotacoes e aponta-
mentos que serao utilizados no decorrer da pesquisa propriamente
dita.
58 59
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virtude do manuseio do arquivo. Outro detalhe proveitoso para a
documentacao em fichas e fazer constar, ao pe da ficha, a biblioteca
onde se encontra a obra,
EXEMPLOS DE FICHAS
c. Obra inteira
Metodologia cientifica I Eficiencia nos estudos I 1
RUIZ, Joao A.Metodo l og i a Ci en t if ic a . Guia para eficiencia nos
estudos. Sao Paulo, Atlas, 1977, 168 p.
Destaca a importancia do estudo e apresenta UD1metodo
para a eficiencia. Apresenta indicacoes para 0 born aprovei-
tamento da leitura trabalhada. Indica 0modo como elaborar
trabalhos de pesquisa, destacando a pesquisa bibliografica em
todas as suas etapas e apresenta normas tecnicas para a datilo-
grafia do trabalho.
Na parte teorica, aborda a natureza do conhecimento,
diferenciando conhecimento cientffico, filosofico, teologico,
comum. Discute questoes relacionadas a verdade e certeza,
espfrito cientifico, metodo cientffico, concluindo com urn estudo
sobre a inducao, Finaliza com urn apendice referente a s normas
daABNT.
Indicado para estudantes iniciantes do terceiro grau.
(Biblioteca particular)
6 0
c.2 Tipo citacao
Metodologia cientifica I Documentacao tematica I 1
SEVERINO, Antonio J. A documentacao como metodo de
estudo pessoal. In: Me todol og ia do t rabal ho c ie nt if ic o . 3a ed.Sao Paulo, Cortez &Moraes, 1978, 237 p.
"Tal documentacao e feita, portanto, seguindo-se urn
plano sistematico, constituido pelos temas e subtemas da area
ou trabalho em questao" (p. 111).
" ... as ideias pessoais ( ... ) tambem devem ser transcritas
nas fichas ..."(p. 112).
"A documentacao tematica visa coletar elementos rele-
vantes ..."
"Os elementos a serem transcritos . .."(p. 111).
(Biblioteca particular)
6 1
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c.3. Tipo esboco ou sumario
Isicologia I Poder do subconsciente 1
MURPHY, Joseph. 0 pode r d o sub con sc ie nt e. 29a ed. Rio de
Janeiro, Record, s.d. 262 p.
17-29 Sabendo usar corretamente 0 subconsciente, a pessoa
vivera melhor, com menos problemas. Quando alguem
pensa em algo. p~eju~cial ~tes que aconteca, acabaatraindo para SI situacoes rwns.
48-59 Toda frustracao e consequencia de desejos irrealizados.
Quando se fixa em obstaculos e dificuldades, 0subcons-
ciente reage de acordo e impede 0pr6prio bem.
Por isso, vigiar os pensamentos e manter a menteocupada com pensamentos positivos.
100-108 Cada pensamento aceito como verdade e enviadopelo cerebro ao seu pl~xo solar e trazido ao ~undo
exterior como uma realidade. Pensamentos de ciume,
medo, preocupacao e ansiedade arrebentam .e
destroem nervos e glandulas, trazendo doencas mentais
e ffsicas de toda especie.
(Biblioteca particular)
6 2
c.4. Tipo comentario ou analftica
Metodologia cientffica I Eficiencia nos estudos I 1
RUIZ, Joao A. Metodo log ia c ien tf ica . Guia para eficiencia nos
estudos. Sao Paulo, Atlas, 1977, 168 p.
Obra titil ao estudante iniciante de terceiro grau, princi-
palmente quando trata do metodo de estudo e da leitura traba-
lhada. E de facil leitura e interpretacao,
Posiciona-se favoravelmente ao empirismo ao tratar do
metodo cientffico, nao dando a devida atencao a s outras cor-
ren te s me todo16g i c as.
(Biblioteca particular)
63
. - _Levantam~nto do estado geral da questao, ou seja, 0 que ja
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FilosofiaI
CienciaI 1
foi escnto a respeito,
- Relevancia ou interesse do assunto, sem apontar conclus6es.
- Objetivos do trabalho e intencao do autor.
- Aprese~ta~o das teses discutidas, dos problemas especffi-cos, dos procedimentos adotados no transcorrer da pesquisa. .
- Evita-se: hist6ricos longos, apresentacao precipitada de
resultados.
, -:-Obviamente, pela exigencia de seu contetido, a introducao
e a Ultima parte do trabalho a ser redigida.
b) D esen volvim en to o u co rp o - E 0 contacto que o leitor estabelece
com 0 autor atraves da sua exposicao. E 0 momenta em que 0
autor explica, ou seja, torna evidente 0 tema, atraves de classi-
ficacoes, definicoes e descricoes; discute 0 assunto, comparando
ou confr~)I~.tando p~si¢es; d~mons~a solucoes, garantidas porurna pOS1~0 assumida por SIpr6pno, que e 0 real objetivo de
todo e qualquer trabalho de nfvel academico.
_ A r~da~o ~b~~ece, por exigencias e necessidades Iogicas, e
nao esteticas, a divisao em capftulos e subdivisao em t6picos. Ostftulos e sub~tu!0s devem ser portadores de sentido, ou seja, devem
expressar a ideia exata do contendo.
Segredo da boa redacao do texto definitivo e a paragrafacao.Os paragrafos expressam as partes do raciocinio, assim como 0
~ext;o,em sua totalidade, expressa urn raciocinio mais amplo. A cada
ideia nova ou de referee abre-se paragrafo, de onde se conclui que
seu tamanho nao pode ser nem muito longo, nem muito curto.
. Todo e q~alqu~r trabalho deste nfvel e feito para ser enten-
dido por urn leitor, mdependentemente de seu nfvel de conheci-
mentos tecnicos sobre 0 assunto. Quem escreve esta ensinando ou
introduzindo a outrem em determinado assunto ou area. Com issoa ~em deve ser impessoal, simples, clara e objetiva. Portanto,
evitam-se argumentacoes emotivas ou sentimentais, frases feitas ou
"slogans", terminologia tecnica em excesso e explicacoes circulares
ou repeticoes,
c) Con clu sa o - E urna decorrencia do desenvolvimento ou corpo.
Como tal, deve ser breve, apresentando sinteticamente os resul-
tados da pesquisa. Alem disso, retoma os pontos principais
leyan.tados e desenvolvidos, incluindo 0 ponto de vista do autor
e mdicando 0 alcance dos resultados obtidos.
c.5. Vocabulario tecnico
"Um conhecimento que inclua, em qualquer forma ou
medida, urna garantia da pr6pria validade".
(ABBAGNANO, Nicola. Dic ionari o de f il oso f ia )
"E 0conhecimento certo das coisas por suas causas princi-
pais".
(BRUGGER, Walter. Dic ionari o de f il oso f ia )
"Conhecimento exato e racional de coisa determinada".
(Melhoramentos, Dicionario da Lingua por tuguesa).
5.2. Constru![3o 16gica do texto
Ap6s a pesquisa e a documentacao, e chegado 0momento da
estruturacao 16!?ca do texto, comecando pela revisao do projeto
provisono e releitura da documentacao. De posse de tais elementos,
ordena-.se 0 projeto, agora ja na sua fase definit iva, em capftulos,
secoes, itens, etc. em vista da redacao definitiva que contem:
a) In tr l! tl u f4Q - Ea primeira impressao que 0 leitor tera do trabalho,
daf sua importancia, A introducao contera uma visao geral do
tema desenvolvido, de tal forma que 0 leitor possa fazer urna
previa avaliacao do contetido. Em vista disso, apresenta os se-
guintes elementos:
64 65
Dissenaciio - pesquisa desenvolvida a nfvel de pos-graduacao,
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Capitulo VI
exigida como requisito para a obtencao do grau academico de
mestre. Para tal, a monografia deve revelar domfnio de conheci-
mentos especificos na area de concentracao e capacidade de sfntese,
T es e - sua caracteristica principal e a originalidade. Tambem
e urn trabalho monografico, defendido publicamente, que devera
trazer uma contribuicao efetiva para 0 conhecimento. Requisito
exigido para obtencao do grau academico de Doutor e titulos
universitarios de Livre- Docente e professor ti tular ou catedratico.
b) Ret at or io : -Ea apresentacao final de estudo, pesquisa, atividade,
em que,aIem dos dados coletados, 0autor comunica resultados,
conclusoes e recomendacoes a respeito do assunto trabalhado.
Os elementos constantes em urn relat6rio sao:
- Apresentacao - capa e folha de rosto.
- Sinopse ou abstract - pequeno resurno da natureza da
pesquisa, a ser inc1uido entre 0sumario e 0 corpo do relat6rio.
- Sumario - relac;ao das partes principais do relat6rio.
- Introducao - inc1ui: objetivos,justificativas e hip6teses sobre
as quais se trabalhou.
- Metodologia - inclui: abordagem (indutiva, dedutiva, diale-tica, etc .); procedimento (corrente metodol6gica - hist6rica, tipo-
16gica, funcionalista, estruturalista, etc.); tecnicas utilizadas
(observacao, entrevista, formulario, questionario, etc.); universo da
pesquisa (grupo, local, populacao-alvo, etc.); amostragem (proba-
bilista, aleat6ria, intencional, etc.).
- Embasamento te6rico - teoria que sustenta 0 trabalho,
levantamento de estudos ja realizados sobre 0 assunto e definicao
de conceit os.
- Apresentacao e analise de dados - os dados coletados saoapresentados, obedecendo-se a ordem das hip6teses com as quais
se relaciona.
- Interpretacao - a partir dos dados, evidencia-se a confirma-
c;ao ou rejeicao das hip6teses.
- Conclusoes - decorrencia natural da analise e interpretacao
dos dados.
- Recomendacoes e sugestoes - indica¢es praticas extraidas
das conclusoes.
- Apendice - tabelas, quadros, graficos ilustrativos que naofiguram no texto,
APRESENTA~AO DE TRABALHOS
CIENTIFICOS
6.1. Tipos de trabalhos cientificos
Um trabalho ou uma pesquisa cientifica possuem normas
tecnicas que regulam a sua apresentacao e procedimento. Aforma
de apresentacao e procedimento sao os fato res de discriminacao
dos tipos e graus de alcance de pesquisas e trabalhos. Neste sentido,
fala-se de monografia (trabalhos academicos, trabalhos de gradua-
C;iio,dissertacao, tese), relat6rio, artigos cientificos e resenhas crfti-
cas.
a) Mp /]og ra ji as - Sob 0 titulo de monografia retine-se aqui os
trabalhos que apresentam uma estrutura geral basica:
T ra ba lh os a ca de mic os - e uma pre-monografia, 0 que querdizer, uma pesquisa sobre urn assunto determinado por uma cadeira
ou disciplina, com 0 objetivo de complementacao, reposicao au
esclarecimento para 0aluno.
T ra ba lh os d e g ra du ac ao - e a monografia propriamente dita,
versando sobre urn tema relacionado com 0curso ou urna disciplina.
Implica em orientacao de contetido e tecnica, tendo por finalidade
a conclusao de urn curso. A insti tucionalizacao de tais monografias
de final de curso visa calibrar a qualidade e aproveitamento do
ensino que esta ou aquela faculdade oferece.
66 67
- Anexo - elementos de outra autoria que servem para es- b) Pagina de rosto - consta de cinco (05) elementos:
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clarecer 0 relatorio.
- Bibliografia - relacao de obras e documentos consultados.- Autor ou autores
-Titulo
- Nota indicativa da natureza do trabalho
- Local (cidade)
- Data (mes e ano)
c) Folha de avaliacao
- Deve constar logo ap6s a folha de rosto, em folha distinta,
com ou sem os termos de avaliacao,
d) Distico ou dedicat6ria
- Distico - maxima ou pensamento relacionado com 0 con-
tendo exposto, podendo tambem figurar no inicio das partes princi-
pais do texto.
- Dedicat6ria - homenagem prestada a alguem
e) Agradecimentos
Como 0 distico e a dedicat6ria, os agradecimentos sao dis-
postos em folhas distintas, sem aspas, alinhadas na margem direita.
f) Sumario ou Indice
- Sumario - principais divisoes do trabalho, com indicacao das
respectivas paginas,
- Indice - apresentacao das principais divisoes, itens e sub-
itens de modo detalhado, das partes do trabalho, com a indicacao
das respectivas paginas, ligados, por linha pontilhada, ao mimero dapagina,
o sumario ou Indice deve figurar em folha distinta, ap6s a
folha de rosto, de distico, dedicat6ria ou agradecimentos, que nao
devem constar do sumario.
c) .,1 !fig os c ie ntlfic os - E um estudo de natureza cientifica de
aRresenta~o reduzida, nao se constituindo em um livro. Consta
de introducao, desenvolvimento e conclusao, conforme indica-
c;oes do capItulo antenor. .
d) Resenha critic~- Sfntese critica de um livro ou artigo cientificoque expressa um juizo de valor acerca do assunto. Normalmente,
e feita por pessoas ligadas a area, ou com comprovada capacita-
~o, podendo ainda ser realizada por estudantes sob orientacao
do professor, como exercicio de compreensao e critica. Sua
estrutura consiste em:
- Referencia bibliografica,
- Credenciais do autor .
- Conhecimento - ideias principais, caracter isticas, pre-re-
quisitos para 0 entendimento do assunto, etc.
- Conclusao do autor - onde estao e quais sao as conclusoesdo livro ou artigo em questao,
- Quadro de referencia do livro ou do artigo - corrente
ideologica ou metodol6gica.
- Apreciacao - trata-se de obra cientifica, didatica, de divul-
gacao, merito, estilo, forma e a que publico se destina.
6.2. Normas tecnicas J>.araapresenta£flo de t~!>alhos cientific~s
6.2.1. Forma Geral
A apresentacao dos trabalhos cientificos e normatizada pela
ABNT (Associacao Brasileira de Normas Tecnicas) e consta dos
seguintes elementos:
a) Capa - consta de cinco (05) elementos:
- Instituicao
- Curso a que pertence a disciplina
- Titulo do Trabalho
- Local (cidade)
- Data (mes e ano)
g) Lista de tabelas .e ilustracoes - devera constar, logo ap6s 0
sumario ou fndice, quando 0 mimero de tabelas au ilustracoes
excederem a cinco. Sua construcao grafica e a mesma do summa.
h) Lista de abreviaturas, siglas e sfmbolos,
i) Introducao - apresentacao geral do trabalho, conforme indica-
c;oes do capitulo anterior.
j) Corpo do trabalho
I) Conclusao
6 8 69
m) Apendice e anexo tanto quanta possfvel. A divisao silabica e feita com grifo e nao com
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- Apendice - inclusoes elaboradas pelo proprio autor para
esclarecer ou complementar 0 trabalho.
- Anexo - inclusoes de documentos ou contribuicoes apresen-
tados por outro autor com a finalidade de complementar 0trabalho.
n) Bibliografia - elenco final, em ordem alfabetica, dos autores ou
documentos consultados.
0) Pagina final em branco.
p) Contracapa em branco.
trace.
d) Numeracao ou paginacao
- A numeracao, em arabico, e iniciada com a folha de intro-ducao, que nao leva mimero, impressa no canto superior direito,
urn espa~o duplo acima do texto.
e) Posicao de tftulos
- Tftulos nao numerados - Sumario, lista de tabelas, introdu-
~ao, referencias bibliograficas e conclusao devem ser centrados em
negrito a dois espacos duplos da margem superior.
- Tftulos numerados - Os capftulos do trabalho podem ser
numerados ou nao, Quando nao numerados, sao centrados. Quando
numerados, 0 indicativo numerico inicia a margem esquerda, sepa-
rada do titulo por um toque. Os subtftulos sao transcritos em caixaalta, alinhados junto a margem esquerda.
- Espacos entre titulo e texto: 0mesmo que de texto, ou seja,
um espaco duplo.
- espaco entre texto e titulo: dois espacos duplos.- espaco entre titulo e titulo sem texto: dois espacos duplos.
- Subtftulos de seccoes secundarias sao transcritos em caixa
alta, junto a margem esquerda. As demais subdivisoes ate a quinaria,
que nao devera ser ultrapassada, sao transcritos em caixa Alta/baixa
a margem esquerda.
1) Incisos
Ou subalineas, iniciam a 14 toques da margem esquerda, em
letra mimiscula, com excessao de nomes proprios, terminando com
ponto e virgula e tendo 0mesmo espaco do texto.
g) Citacao
- Direta: transcricao fiel da fonte de apoio que e utilizada na
pesquisa. Quando epouco extensa (ate cinco linhas), e transcrita
entre aspas no paragrafo, em numeracao crescente, por capitulos.
Quando e longa, transcreve-se de modo destacado do paragrafo a
7 (sete) toques da margem esquerda, obedecendo a margem direita.
Ela e datilografada em espaco simples, a tres espacos simples dos
paragrafos anterior e posterior. Quando e citado 0 nome do autor,
transcreve-se em ordem direta com 0 sobrenome em caixa alta.
6.2.2. F ' orma Grtifica_
a) Formato - para trabalhos datilografados, recomenda-se 0papel
A-4 (210mmX297mm). Para trabalhos digitados, formato pa-
drao 8 x 11 pol. (210mmX280mm).
b) Margem
- Superior - 3 em- Inferior - 3 em
- Esquerda - 3 em- Direita - 2 em
c) Espacamento e paragrafo:
- 0 texto e datilografado em espaco duplo, em laudas (um so
lade da folha)
- quando possfvel, utilizar tipos menores para citacoes, notas
de rodape, fonte de tabelas e ilustracoes, em espaco simples.
- 0 espaco entre dois paragrafos e 0mesmo que entre duas
linhas, ou seja, um espaco duplo.
- 0 texto deve ser distribufdo de forma a evitar que0
titulo deuma seccao apareca no final de uma pagina e 0 texto da referida
seccao se encontre na pagina seguinte.
- Deve-se evitar isolar palavras ou uma s6linha de texto numa
pagina.
- 0 paragrafo e iniciado a sete espacos, ou seja, no oitavo
toque da margem esquerda.
- Nao devem ser usados sinais estranhos ao texto (/, +, '),espaco em branco entre as palavras, divisao silabica errada para
manter 0 alinhamento da margem direita, que deve ser observada
70 71
- Indireta: refraseamento de uma ideia de outro autor, - Ordem de apresentacao: e apresentada conforme a ordem
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elaborada pelo redator do texto. A referencia consta na nota de
rodape.
- Oral: proveniente de palestras, conferencias, entrevistas, em
que se cita 0nome do autor. A citacao do referido autor e transcritaentre aspas, com os dados ou credenciais que 0 identifiquem.
- Citacao de citacao: citacao de urn autor atraves de outra
fonte a qual 0pesquisador nao teve acesso direto, Pode se r inc1uida
no paragrafo, indicando a fonte no rodape ou seguir 0tipo de citacaolonga.
- Textos em lingua estrangeira: quando em citacao naodeverao ser traduzidos. A traducao, se necessario, sera feita em nota
de rodape.
h) Notas de rodape
Sao as referencias que aparecem ao final das paginas, Podem
ser: notas de referencia - indicam a fonte consultada;
notas explicativas - explicacoes que nao sao inc1uidas no texto,
para evitar prejufzos a argumentacao,
- As notas explicativas sao indicadas por asterisco, reiniciando
em cada pagina.
- As notas de referencia sao indicadas por mimeros arabicos,
altos, em ordem crescente, continua para 0mesmo capitulo.
- As notas inieiam a dois espacos duplos do texto, datilogra-
fadas em espaco simples, terminando na linha de margem inferior.
Quando a citacao excede a margem inferior, passa-se a pagina
seguinte, como nota de rodape. Entre duas notas, observa-se urn e
meio espaco simples.
- A nota inicia na margem de paragrafo, com a respectiva
chamada, sendo que as demais linhas obedecem a margem do texto.
- Evitam-se expressoes latinas idem, ibidem. Para notas iguais,
indica-se, na primeira citacao, com referencia completa. A partir dasegunda, sobrenome do autor e pagina. Quando forem citadas duas
ou mais obras de urn mesmo autor, cita-se a obra.
- As notas de referencia, por facilidade, podem ser elencadas
no fmal de cada capitulo com 0 titulo: Notas de Referencia,
i) Bibliografia:
E a relacao das fontes e docurnentos consultados para a
elaboracao da pesquisa, constante ao final do trabalho.
alfabetica dos autores.
- Forma de entrada: e feita pelo sobrenome do autor em caixa
alta, seguido do nome, que pode ser abreviado. Nomes em espanhol
ou sobrenomes compostos comecam pelo pemiltimo sobrenome.
Titulos honorificos ou profissionais nao fazem parte do nome.
Exemplos:
RUIZ, Joao Alvaro, ou: RUIZ, JA.GONZALES QUEVEDO, Oscar.
SILVA NETO, Paulo.
FRANCA, Leonel. (no livro: Pe. Leonel Franca, SJ.)
- Os elementos da referenda bibliografica sao separados
entre si por ponto, seguidos de dois espacos,
- A segunda linha da referencia situa-se com pequena entrada
em relacao a primeira (embaixo da terceira letra do nome do autor) .
- Entre duas referencias, usa-se dois espacos simples. Na
mesma referencia, em espaco simples.
- Indica-se a edi~o do documento a partir da segunda (edi-
~ao) do seguinte modo: numero da edicao, seguido de ponto e a
abreviatura ed,
- Na lista bibliografica final nao se repete a nome do mesmo
autor. 0 nome e substituido por urn trace, equivalente a cinco
toques.
- Ordem de apresentacao dos livros:
Autor da publ icacao , Titulo da pubiicacao. Subtitulo (se hou-
ver).
Edicao (se for 0 caso). Local da publicacao: editor(a), ano,mimero de paginas da obra. Exemplo:
MENDONGA, Eduardo Prado de. 0 mundo precisa defilosofia. 4D
ed. Rio de Janeiro: Agir, 1976.210 p.
- Obs.: Quando nao consta:
data - escreve-se: s.d. (sem data)
editor - escreve-se s.ed. (sem editor)
local- escreve-se s.L (sem local)
sem in?ica~o do autor - escreve-se 0editor no Ingar do autor,
com a abreviatura ed.logo ap6s 0nome.
72 73
sem indicacao do autor ou editor - escreve-se Anonimo, nolugar do autor.
BRASIL. Ministerio da Educacao e Cultura ...
PARANA. Secretaria de Estado da Educacao ...
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- Casos especiais:
Sobrenomes compostos de autores estrangeiros: Ex.:
GONZALES LOPES, Jesus
ASTI VERA, Armando
Sobrenomes compostos que formam unidade semantica ou
estao separados por hifen. Ex.:
CASTELO BRANCO, Camilo
OLIVEIRA LIMA, Lauro de
FREIRE-MAlA, Newton
Sobrenomes designativos de parentesco. Ex.:
DELFIM NETO, Antonio
JORDAO SOBRINHO, Joao
Nomes portadores de particulas. Ex.:
DANlKEN, Erick von
MENDON<;A, Eduardo Prado de
Partfculas que fazem parte do sobrenome. Ex.:
MC FADEN, Charles J.
MAC DOWELL, Joao Amazonas
Quando constam dois autores. Ex.:
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade
Quando constam tres ou mais autores. Ex.:
LUCKESI, Cristiano et al.
Autores estrangeiros nao se traduz. Ex.:
SARTRE Jean-Paul
MARX, Karl
Entidades coletivas: entra pelo nome da instituicao, em lugar
do autor. Ex.:
ASSOCIA<;Ao BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS.
Projeto de normas brasileiras - 66 (PNB - 66)
Entidades ligadas a orgaos publicos: obedece a seguinteordem - Pais, ou estado, ou municipio, orgao, reparticao, Ex.:
C - ~arte de uma ~b;;;Do mesmo aut or:
SEVERINO, Antonio Joaquim. Os pre-requisites Iogicos do traba-
lho cientffico, In: - Metodologia do trabalho cientifico. 13a ed.
rev. e ampl. Sao Paulo: Cortez! Autores Associados, 1986, p.
215-26.Autor diferente: Ex.:
AGAZZI, Evandro, Ideologia cientista e tecnocratica. In:
LAD usANs , Stanislavs. Pensamento parcial e total. Sao Paulo:
Loyola, 1977. v. 1.p. 27-41.
i~':_-Publica~6es seria<iaS.EX:;)
REVISTA DE FlLOSOFIA. Curitiba: Pontiffcia Universidade Ca-
t6lica do Parana, 1988.
POVOS E PAISES. Sao Paulo: Abril Cultural, 1962-1973.
Artigos de peri6dicos.
Com autor. Ex.:
Autor do artigo. Titulo do artigo. Titulo do periodico.
Local de publicacao, mimero do volume (mimero do
fasciculo), paginas do artigo, data do volume ou fascfculo.
Exemplo:
LAPORTE, Anna M. A.; VOLPE, Neusa V. Tentativas de solucao
para a crise cultural do seculo XX, segundo Roger Garaudy.
Rev is ta d e F il os ofi a. Curitiba, (1):21-35. set -1988.
Sem especificacao do autor. Ex.:
PROBLEMA de amigo. Veja. Sao Paulo, (49):46-9, 7-dez-1988.
- Artigos de jomal
Com autor. Ex.:
Autor do artigo. Titulo do artigo. Titulo do jomal. Local de
publicacao, data.
CESCATO, Eidi. Industria de autom6veis espera que mercado
intemo melhore este ano. Correio do Povo. Porto Alegre, 3-jan-
1976.
74 75
CRA VES, Flavio Loureiro. Erico Verfssimo e 0 humanismo. 0
Estado deSao Paulo. Sao Pau1o, 27-dez-1975.
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Sem especificacao do autor. Ex.:
TECNICOS vao orientar agrieu1tores no uso de defensivos agrf-
colas. Folha da Manha. Porto Alegre, 4-dez-1985.
4,5 em da borda superior
NOME DA INSTITUI<;;:Ao
(centrad os)
CURSO
DISCIPLINA
I 13 em da borda superior
rmn.o DO TRABALHO
Cidade
Mes e ano
3,5 em da borda 1inferior
76 77
Numeracao
Margem superior
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4,5 em da borda superior 3em
jurn espaco duplo
acima do texto
NOME DO AUTOR
13em da borda superior
2 espacos duplos
INTRODUC;.AO (Titulo centrado
2 espacos
1
entre as
duplos, margens)
o texto, bern como os paragrafos, iniciam a sete
M(7) toques da margem esquerda. 0 espacamento entre
as Iinhas deve ser duplo. Entre urn paragrafo e outro M
a observa-se tambem urn espaco duplo, a
r r
g g
e e
m m
e dsq r
u ee ir t
d a
a+-
-+
3,02 , 5
em
em
Margem inferior 3,0 em
2 espacos duplosdamargemou
4,5 em da borda superior
~
TfruLo DO TRABALHO
Trabalho final da disciplina
Metodologia Cientifica , do curso de .
........................... , sob
orientacao do prof .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . para obtencao
de grau de aprovacao,
3,5 em da borda inferior
CIDADE
MEsEANO
1
7978
Margem superior
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M
ar
gem
esq
uer
da
4,5 em da borda
ou
2 espacos duplos
da margem superior
2. rmn,o DO CAPiTuLO(quando se usa
numera<;ao
progressiva para
capftulos, ele ecolocado junto amargem
esquerda),
2 espacos
duplos
... Infcio do texto, 0espacamento entre as linhas deve
ser duplo. Entre um paragrafo e outro observa-se tam-bem urn espaco duplo.
j 2 espacos duplos
2.1.SUBTfTuLo
o texto inicia a um espaco duplo. 0 subtituIo,
quando numerado, e colocado junto a mar gem
esquerda, em ca ixa alta, sem grifo.
Margem inferior
80
Capitulo vn
o PENSAMENTO C IEN1 'D 'ICO
Ortega y Gasset parte do pressuposto ou da intuicao de que 0humano se encontra intimamente Iigado a s circunstancias que 0
rodeiam, aquilo que e imediatamente dado: "eu sou eu e minhas
circunstancias". Isto e, eu me posiciono como urn dos p610s do
conhecimento frente a objetos com os quais posso contar com,agindo sobre as circunstancias que me rodeiam, assim como as
circunstancias agem sobre mim.
"Nasce 0 homem num mundo, numa cir cunstancia
interpretada, e passa a contar com os objetos que encontra,
segundo a interpretacao vigente. Contamos com, e essa e umadas mais elementares relacoes que mantemos com as coisas.
Contamos com a existencia da rua, quando abrimos a porta decasa para irmos a escola ou ao trabalho. Contamos com
encontrar, no Iugar em que a vimos ontem, as pedras, as casas
e as arvores. Prova disso e a surpresa que provocaria a
ausencia da rua, 0 deslocamento das arvores ou 0
desaparecimento das casas, no momento em que abrissemos
a porta. Ha, em nosso comportamento, um objeto, alvo de
nossa atencao, Arras dele - sem que disso tenhamos nftida
consciencia - hii urn sistema sui genes i s de relacoes, em virtude
do qual os objetos do contomo se vinculam aos objetos de
nossa atencao: contamos com eIes, acreditamos que se
M
ar
gem
d
r
e1
t
a
81
Em um primeiro momenta a relacao sujeito-circunstancia se
apresenta sem segredos. E "evidente" que e 0 sol que se move ao
redor da Terra. Ate 500 anos atras era "evidente", As aparencias
comportam dessa ou daquela maneira, segundo a
interpretacao em que nascemos".1
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"IMAGEM"
enganam, mas para 0 conhecimento espontaneo, na maioria das
vezes, e 0 que vale. Este conhecimento de primeira mao, empfrico
ou comum, surge do viver do cotidiano e se apresenta como ame-
t6dico, assistematico, visando a pratica. Procura explicacoes para
os acontecimentos da vida diaria, no entanto consegue apenas uma
compreensao do que 0 rodeia. Nao interessam relacoes de causa e
efeito. Nao exige uma postura racional , esta mais pr6ximo da fami-
liaridade e convivencia com as circunstancias. E intuitivo, imediato,
concreto, nao reflexo, nem sempre logico. Mais vital que racional
limitado, apresentando-se com respostas ambfguas, falsas, fixando-
se em aparencias e muitas vezes dando origem a discriminacoes e
supersticoes que se cristalizam em forma de cultura. 0que funciona
ou 0 que serve de criterio e 0 bom senso que, como fator de
equilfbrio, leva a observar as circunstancias e descobrir nelas algo
titil para, a partir dai, viver de acordo com 0que se descobriu.
Exemplos desta forma de conhecer sao encontrados nas expl i cacoesdiarias, independente de grau cultural, como a observacao da salini-
dade, cor da agua e movimento das ondas como Indice de mudanca
de tempo para pescadores; ou a observacao da lua e suas fases saoos indices de proximidade ou nao de chuva para agricultores; ou que
nao e bom abrir 0fomo quando se assa um bolo, porque ele murcha.
Por sua vez, 0 conhecimento dito intelectual apresenta graus
de sutileza ou profundidade conforme a categoria de objetos e 0
metodo do qual se serve. Dentre estes graus, destaca-se 0do conhe-
cimento fi losofico e cientifico.
o conhecimento filos6fico e um p en sar sob r e. Nos t il timos 400anos e principalmente de 150 anos para c a, a humanidade viu e
sentiu um progresso muito grande por parte das descobertas cien-
tfficas. A medida que 0 tempo passa, vao-se descobrindo meandros
e capacidades da natureza atraves da tecnologia criada e desenvol-vida pelo pensamento cientffico que impoe seus modelos ao mundo.
Cada a v a n c o tecnol6gico ou cientifico traz consigo uma ameaca de
desestabilizacao do modelo de mundo pensado anteriormente em
funcao de implicacoes destes avances. Veja-se por exemplo, as
impl icacoes da engenharia genet ica e da inseminacao em proveta
em laborat6rios para a etica, a antropologia, a religiao, psicologia;
ou da tecnologia da rob6tica para a economia, administracao,
ciencias sociais. Tem-se que conviver com estas novas circuns-
tancias, embora, de certo modo, doloroso. Justamente e sobre estas
A partir deste c on ta r c om 0 humano relaciona-se com 0
universo que 0cerca, consigo mesmo e com 0que ele caracteriza de
transcendental. A este relacionamento se da 0nome de conheci-
mento. 0humano conhece, possui uma capacidade especifica que
o faz consciente de saber, pois 0animal tambem conhece, mas nao
sabe que sabe. 0 ser animal relaciona-se com as circunstancias que
o rodeiam a base do instinto, imediatamente. 0 homem tambem
estabelece relacoes com as circunstancias atraves dos sentidos, mas
possui uma capacidade (a inteligencia) que the permite abstrair das
coisas materiais 0universal nelas contido. Neste ate de conhecer, se
estabelece uma relacao entre um sujeito que conhece e um objeto
que e conhecido, 0 outro p6lo do conhecimento, da qual surge um
terceiro elemento, a imagem conceitual.
SUJEITO
- - - - - + ~IRCUNSTANCIAS
RELA< ; Ao
ogran de verdade esta em proporcao do grau de coincidencia
entre estes elementos: sujeito - imagem - circunstancias,
A coincidencia pode acontecer em tres nfveis distintos: sen-
sfvel, intelectual ;: consciencia de si, 0 conhecimento sensfvel e arelacao direta do sujeito que conhece e do objeto conhecido, sendo
o dado imediato para 0 acesso a outros nfveis de entendimento, A
myel intelectual M uma abstracao, uma consideracao a parte dosaspectos puramente sensfveis, atingindo agora relacoes essenciais
onde se reflete sobre verdade, ideia, conceito, A consciencia de si euma volta do sujeito que conhece sobre simesmo, tornando-se assim
ele mesmo objeto do proprio conhecimento em urn desdobramento
que e caracteristico do que se chama cons-c ienc ia (ciente duas
vezes), "sei que sei" ou saber que sabe.
1.HEGENBERG, Leonidas. Explicacoes cienti f icas. Introduqao a filosofiada ciencia. 2. ed, sao Paulo: EPU/EDUSP, 1974.310p.
8 283
porque a forma classica deste raciocinio respondia a uma mental i-
dade s6cio-politica de aristocracia: ao senhor cabe coordenar os
trabalhos de um modo intelectual e nao empirico-manual. Tambem
novas circunstancias que se faz necessario pen sa r s ob re . Trata-se de
realidades que escapam a manipulacao cientifica. Servindo-se do
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7.1. Metodos cieotfficos
e pr6prio deste metoda deixar de lado 0aspecto pratico da experi-
mentacao, embora possa partir dela.
b) Indy,~-:- Ainda 00 dizer de Arist6teles, a "indu~o 6 um
procedimento que dos particulares leva ao universal". 0 metodo
indutivo parte da enumeracao de experiencias ou casos particu-
lares para chegar a conclusoes de ordem universal.
Embora suas leis e normatizacao tenham ocorrido na anti-
guidade, foi deixado no esquecimento, sendo somente retomado a
partir de Robert Grosseteste (1168-1253), Roger Bacon (1214-
1292), Francis Bacon (1561-1626) e Galileu Galilei (1564-1642). Tal
retomada acompanha a formacao de uma nova mentalidade s6cio-
politica, marcando 0 nascimento das chamadas ciencias naturais.
No plano economico, este perfodo e marcado pelo inicio da ascen-
~ao ?urguesa. qu~ precisa de um!l metodologia que justifique seusideais expansionistas e de conquista.
. Este metoda foi adotado como procedimento de trabalho por
pr.a!icamente todas as ciencias que nasceram e se.desenvolveram,~~do-se da proposta apresentada por Galileu. Esta proposta
inclui quatro etapas:
Observacao 1-EUlna consideracao atenta dos fatos (ou cir-cunstancias) com 0objetivo de descobrir 0seu comportamento, sua
estru!ID"a, suas causas e consequencias. Exemplos classicos, ver-
dadeiros ou nao sao a experiencia feita por Galileu na torre de Pisa
e a "polemica" queda da ma~ observada por Newton. Exige-se dela
uma serie de condicoes ffsicas, intelectuais (espfrito de observacao
cu~~si~ade cientffica, o?jetividade) e morais (imparcialidade:
paciencia, tempo). AMm disso, a observacao deve ser precisa e exata
para evitar interpretacoes erroneas e, ainda, com registro dos dadosque 0 fato oferece.
. . . .H ipotese r: E provis6ria e temporaria, dando condicoes de
iniciar 0 trabalho. Pode ser demorada e cair por terra quando for
provado 0 contrario. Pode apresentar uma ou mais variaveis.
A hip~tese, embor~ nao tenha regras fixas, deve estar enqua-
drada num SIStemaconceitual, conhecer os metodos todos e tecnicas
de pesquisa existentes e ter condicoes necessarias e suficientes para
fazer uma observacao anahtica da pr6pria hip6tese em tennos de
variaveis,
c a coes destas novas circunstancias e enquadrando-as em uma visao
de inter-relacao de totalidade.
Com 0nascimento da ciencia modema, 0p en sa r s ob re toma-
se operar com. As descobertas cientif icas, possibilitadas por um
novo metodo de trabalho nos campos da ffsica, astronomia, qufmica,
anatomia, botanica e novas circunstancias politicas marcam um
caminho de especializacao crescente. A realidade comeca a seratomizada a partir de descobertas e criacao de instrumental tecno-
16gico que possibilitam 0 seu dominio e manipulacao.
ooperarcom que caracteriza 0pensamento cientifico carrega
consigo elementos pr6prios que 0distinguem das outras formas de
pensar. Pode-se destacar, dentre estes elementos, 0 factual - e
baseado em fatos empiricamente observaveis; 0 geral - embora
parta de fatos particularizados, pretende estender esta investigacao
a leis gerais; 0 objetivo - as conclusoes pretendem ser impessoais,
podendo ser verificadas por instrument os ou outras pessoas; a
linguagem rigorosa - tenta traduzir as proposicoes e leis para uma
linguagem matematica, sendo esta 0 exemplo de imparcialidade erigor; 0previsivel- partindo dos fatos e induzindo leis gerais tenta
prever ocorrencias novas com a intencao de domina-las e manipula-
las, donde se conclui ser impossfvel Ulna "ciencia neutra",
Metodo e um procedimento de investigacao e controle que se
adota para 0desenvolvimento rapido e eficiente de uma atividade
qualquer. Nao se executa um trabalho sem a adocao de algumas
tecnicas e procedimentos norteadores da a~o.
Dentre os metodos mais usuais para 0 desenvolvimento eordenacao do raciodnio, destacam-se: - . . ... .
a) . Q e _ t j ll _ ~ i io - No dizer de Arist6teles, e um raciocfnio no qual,
colocadas algumas coisas, seguem-se necessariamente algumas
outras, pelo fato mesmo de que aquelas existem. E um discurso
mental pelo qual a inteligencia passa do conhecido ao desco-
nhecido, ou seja, descobre uma verdade a partir de outras que
ela ja conhece.
As regras e a normatizacao de tal metodo aconteceram na
antiguidade, principalmente, e durante 0 periodo medieval. Isto
84 8 5
E xperim en taca o s- E 0 processo de verificacao de uma
hip6tese, em que e forcada a repeticao de urnfenomeno para melhor
estuda-lo e para constatar se 0mesmo se realiza sob a a~o das
"Como simplesilustracao de alguns aspectos importantes
da investigacao cientifica vamos considerar 0 trabalho sobre
a febre puerperal, realizado pelo medico htingaro Iguaz
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causas previstas. A experimentacao e urna intensificacao de grau e
observacao que e menos ngida e mais passiva. A atitude do
pesquisador, na experimentacao, e mais ngida e mais ativa. Com a
hip6tese, se estabelece, supostamente, urna relacao de causa-efeito
entre dois fatos. Com a experimentacao, deve-se superar a suposi-
~o e definir 0nexo causal entre dois fatos.
Regras da experimentacao - Estender a experiencia, intensi-ficando a suposta causa para ver se proporcionalmente intensifica-
se 0 suposto efeito.
- Variar a experiencia, tentando relacionar a suposta causa
com outros elementos para ver se 0resultado varia ou nao.
- Inverter a experiencia - ap6s feita a analise do fato, pela
decomposicao de seus elementos, recompo-lo para buscar a verifi-
cacao da suposicao,
T ipo s d e e xp er ime nt ac ao :
Semmelweis, no Hospital Geral de Viena, de 1844 a 1848.
Grande ntimero de mulheres intemadas no Primeiro Service
da Matemidade do Hospital contraia, ap6s 0parto; urna
doenca seria, e muitas vezes fatal, conhecida como febre
puerperal. Em 1844, das 3.157 maes hospitalizadas nesse
Service, 260 (ou seja, 8,2% morreram da doenca; em 1845 a
percentagem era de 6,8%eem 1846, de 11,4%. Essas cifras se
tornavam ainda mais alarmantes quando confrontadas com as
dos casos de morte pela doenca no Segundo Service de
Matemidade do mesmo Hospital, que abrigava quase tantas
mulheres como 0 Primeiro: 2, 3, 2,0 e 2,7 por cento para os
mesmos anos.
Atormentado pelo terrfvel problema, Semmelweis
esforcou-se por resolve-lo, seguindo urn caminho que ele
mesmo veio a descrever mais tarde em livro que escreveu
sobre a causa e a prevencao da febre puerperal.
Comecon considerando varias explicacoes entao em
yoga: algumas rejeitou logo por serem incompativeis com fatosbern estabelecidos; outras, passou a submeter a verificacoes
especificas.
Vma ideia amplamente aceita na epoca atribuia as
devastacoes da febre puerperal a "influencias epidemicas",
vagamente descritas como mud ancas "c6smico-
telurico-atmosfericas" espalhando-se sobre bairros inteiros e
causando a febre nas mulheres intemadas. Mas, raciocina
Semmelweis, como poderiam tais influencias afetar 0
Primeiro Service durante anos e poupar 0Segundo? E como
poderia reconciliar-se essa ideia como 0 fato de estar
grassando no hospital sem que praticamente ocorresse outro
caso na cidade de Viena ou em seus arredores? Uma epidemia
genuma, como 0 e a c61era, nao poderia ser tao seletiva.
Finalmente, Semmelweis nota que algumas mulheres
admitidas no Primeiro Service, residindo longe do hospital e
vencidas pelo trabalho de parto ainda em caminho, tinham
dado a luz em plena rna; pois, a despeito dessas condicoes
desfavoraveis, a taxa de morte por febre puerperal entre esses
casos de "parto de rua" era menor que a media no Primeiro
Service.
Metodol6gica - Experimentacao que se faz para aperfeicoar
metodos e tecnicas de experiencia e pesquisa.
Heuristica - Metodo que leva a descoberta de ideias, instru-
mento que serve de assunto para futuras observacoes ou investi-
gacoes.
De simulacao - Simula-se urna circunstancia para verificar
como determinados elementos interagem nestas circunstancias e
como estes elementos interagiriam em outras circunstancias. Ex.:
Tubos aerodinamicos para astronautas, cabines para voos simu-
lados.
Nomol6gico - Preocupa-se em definir a explicacao cientificade urn determinado fenomeno, ou seja, encontrar a lei.
iT eo ria o u le i tEo momento final: ap6s a constatacao de que
a hip6tese levantada para explicar urn fato observado e confirmadapela experimentacao, transforma-se em teoria ou lei.
Estas etapas se entrelacam mutuamente. Na medida em que
se Ianca a hip6tese, faz-se a experiencia, servindo-se da observacao.
A titulo de exemplo deste procedimento, pode-se relembrar 0caso
de Semmelweis, relatado por Carl G. HEMPEL em seu livro Filo-
sofia da Cienc ia na tura l, paginas 11-16:
86 87
Segundo outra opiniao, a causa da mortalidade noPrimeiro Service era 0 excesso de gente. Mas Semmelweis
Observaram ainda a Semmelweis que no PrimeiroService as mulheres no parto ficavam deitadas de costas e no
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o que em parte se explicava como resultado dos esforcosdesesperados das pacientes para evitar 0Primeiro Service jamal afamado. Ele rejeita tambem duas conjecturassemelhantes entao correntes, observando que nao haviadiferenca entre os dois services quanto a dieta e ao cuidadogeral com as pacientes.
Em 1846, uma comissao nomeada para investigar 0
assunto atribuia a predominancia da doenca no PrimeiroService a danos causados pelo exame grosseiro feito pelosestudantes de Medicina que recebiam seu treino emobstetricia apenas no Primeiro Service. Semmelweis observa,refutando esta opiniao, que:
a) os danos resultantes naturalmente do processo departo sao muito mais extensos que os que poderiam sercausados por urn exame grosseiro;
b) as parteiras que recebiam seu treino no SegundoServico examinavam suas pacientes quase do mesmo modo,
mas sem osmesmos efeitos nocivos;
c) quando, em consequencia do relat6rio da comissao, 0mimero dos estudantes de Medicina ficou diminuido dametade e os seus exames das mulheres foram reduzidos aomfnimo, a mortalidade, depois de breve decIinio, elevou-se aniveis ainda mais altos do que antes.
Varias explicacoes psicologicas tinham sido tentadas.Uma delas lembrava que 0Primeiro Service estava dispostode tal modo que urnpadre, levando 0Ultimosacramento a umamoribunda, tinha que passar por cinco enfermarias antes dealcancar 0 quarto da doente: 0 aparecimento do padre,precedido por um auxiliar tocando uma campainha,produziria urn efeito aterrador e debilitante nas pacientesdessas enfermarias e as transformavam em vftimas provaveisda febre. No Segundo Service nao havia esse fator prejudicialporque 0padre tinha acesso direto ao quarto do doente. Paraverificar esta conjectura, Semmelweis convenceu ao padre detomar urnoutro caminho e de nao soar a campanhia, chegandoao quarto da doente silenciosamente e sem ser observado.Mas a mortalidade no Primeiro Service nao diminuiu.
Segundo Service, de lado.
Mesmo achando a ideia inverossfmil, decidiu, "como urnnaufrago se agarra a urn palha", verificar se a diferenca deposicao poderia ser significante. Introduzindo 0 uso daposicao lateral no Primeiro Service a mortalidade nao sealterou.
Finalmente, no comeco de 1847, urn acidente deu aSemmelweis a chave decisivapara a solucao doproblema. Umseu colega, Kolletschka, feriu-se no dedo com urn bisturi deurn estudante que realizava uma autopsia e morreu depois deuma agonia em que se revelaram os mesmos sintomasobservados nas vftimas da febre puerperal.
Apesar de nessa epoca nao estar ainda reconhecido 0
papel desempenhado nas infeccoes pelos microrganismos,Semmelweis compreendeu que "a materia cadaverica",introduzida na corrente sangiifuea deKolletschka pelo bisturi,e que causara a doenca fatal do seu colega. As semelhancas
entre0
curso da doenca de Kolletschka e a das mulheres emsua cIinica levaram Semmelweis a conclusao de que suaspacientes morreram da mesma especie de envenenamento dosangue: ele, seus colegas e estudantes tinham sido osvefculosdo material infeccioso, pois vinham a s enfermarias logo aposrealizarem dissecacoes na sala de autopsia e examinavam asmulheres em trabalhos de parto depois de lavarem as maosapenas superficialmente, muitas vezes retendo 0 cheironauseante.
Novamente, Semmelweis submeteu sua ideia a urn teste.Raciocinou que, se estivesse certo, entao a febre puerperalpoderia ser prevenida pela destruicao quimica do materialinfeccioso aderido a s maos. Ordenou entao que todos osestudantes lavassemsuasmaos emuma solucao de cal cloradaantes de procederem a qualquer exame. A mortalidade pelafebre comecou a decrescer, caindo em 1847 a 1,27% noPrimeiro Service, enquanto que no segundo era de 1,33.
Justificando ainda mais sua ideia ou sua hipotese, comotambem diremos, Semmelweis observou que ela explicava 0fato de ser a mortalidade do Segundo Service mais baixo: laas pacientes eram socorridas por parteiras, cujo treino naoinc1uiainstrucao anatomica por dissecacao de cadaveres.
88 8 9
E a hip6tese explicava tambem a menor mortalidade
entre os casos de "part os de rua": as mulheres que ja
chegavam trazendo seus bebes ao colo raramente eram
e sociedade industrial nascente, trazendo consigo todo um novo
esquema de mundividencia,
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examinadas ap6s a admissao e tinham assim melhor sorte de
escapar a infeccao,Finalmente, a hip6tese explicava 0 fato de s6 serem
vftimas de febre os recem-nascidos cujas maes tinham
contrafdo a doenca durante 0 trabalho de parto, pois entao a
infeccao poderia ser transmitida a crianca antes do
nascimento, atraves da corrente sangiifnea comum a mae e aofilho, 0que era impossivel quando a mae permanecia sadia.
Ulteriores experiencias clfnicas levaram Semmelweis em
pouco tempo a alargar sua hip6tese. Numa ocasiao, por
exemplo, ele e seus colaboradores, ap6s desinfetarem
cuidadosamente as maos, examinaram primeiro uma mulher
em trabalho de parto que sofria de cancer cervical purulento;
passaram em seguida a examinar doze outras mulheres na
mesma sala, limitando-se a lavar as maos sem repetir a
desinfeccao, Onze das doze pacientes morreram de febre
puerperal. Semmelweis concluiu que essa febre podia ser
causada nao por material cadaverico, mas tambem por"materia ptitrida retirada de um organismo vivo".
De modo geral, 0 que caracteriza a dialetica e 0 confronto
entre dois enfoques contradit6rios sobre um mesmo tema, resul-
tando da r uma compreensao mais abrangente sobre a verdade em
questao. Hegel percebe este movimento de raciocinio e 0define em
tres momentos: posicao (tese) - simples enunciacao de uma verdade
(a ideia que toma consciencia de si); oposicao (antftese) - nega~o
da tese (a ideia que sai de si); superacao (sfntese) - a~o da antftese
sobre a tese, como que numa purificacao de ambas, numa novaposicao, dando origem a um movimento em espiral (ideia que
retorna a si). Esta visao baseia-se na concepcao de que tudo muda
e que os seres carregam em si dois elementos em constante oposi-
~ao. Exemplo classico:
"Tomemos um grao de cevada. Milhoes de graos
semelhantes sao mofdos, fervidos e preparados para obter
cerveja; assim sao consumidos. Mas se este grao encontra
condicoes que lhe sejam propfcias, se cai em terreno apto,
entao da-se uma mudanca especifica sob a influencia do calor
e da umidade, isto e, germina. 0 grao, como tal, deixa de
existir, e negado; em seu lugar, aparece a planta que brotoudele, negacao do grao. E qual sera 0processo vital regulador
desta planta? Cresce, floresce, e fecundada e, finalmente,
produz de novo graos de cevada; quando estes estiverem
maduros, 0caule morre e, por sua vez, nao ja como unidade,. . id d ,,2mas em vmte ou trmta urn a es .
Assim como a inducao nao substitui a deducao, tambem a
dialetica nao substitui a inducao. A dialetica pressupoe ambas, pelo
fato de serem elas insuficientes a s ciencias humanas nascentes,
lacuna que ela veio preencher.
c) D ia tetica - Na hist6ria do pensamento humano existem quatro
..senITdos diferentes para a dialetica, dentre os quais destacam-se
dois:
Para Platao (427-347 aC), dialetica e a tecnica de pesquisa em
que se exercitam duas ou mais pessoas na busca da verdade atraves
do processo socratico de perguntas e respostas. Isto porque, para
ele, a filosofia e uma tarefa nao individual, mas de homens que vivem
juntamente e discutem com benevolencia;
euma atividade de uma
"comunidade da educacao livre" (em vista de seu comunismo).
'v 0 segundo sent ido de dialetica: e a sfntese de opostos desen-
volvida por Hegel (1770-1831) e retomada por Marx (1818-1883) e
seus seguidores.
Poi empregada na antiguidade classica, sendo relegada pos-
teriormente ao esquecimento. Seu reaparecimento esta marcado
pela revolucao cientffica que passa a apresentar a natureza com
processo e evolucao (Lamarck, Darwin, Lavoisier), por um lado, e,
por outro, pelo conflito social entre sociedade medieval decadente
7.2. Correntes metodol6gica~
A preocupacao central da filosofia moderna a partir de Rene
Descartes (1596-1650) e com 0 metodo. Esta preocupacao da
origem a diversas correntes que servem-se dos metodos anterior-
mente citados e se diversificam por enfoques especificos da realida-
de. Em vista dos objetivos deste trabalho, convem frisar que somente
2.F. ENGELS, Anti-Diihring, citado por Me FADEN, Charles J. Filosofiado comunismo, Lisboa: Uniao Grafica, 1963.
90 91
serao citadas as principais correntes metodol6gicas, sem contudo
realizar-se uma discussao filos6fica sobre elas.b) N eo po sitiv ism o o u e mp ir ism o I Og ic o - E a negacao da metaffsica.
E impossfvel estabelecer a constituicao e as leis do mundo
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atraves da reflexao, sem controle empfrico. Na Alemanha, a
negacao da metaffsica vinha da parte do materialismo hist6rico
e dialetico, num projeto de revolucao social, onde se instauraria,
finalmente, 0 reino da racionalidade, num mundo de liberdade
concreta, que seria 0mundo da sociedade comunista. Na Franca,
a negacao nascia do positivismo comteano, tambem ele trazendo
em si0
projeto de uma reforma social, atraves do imperio daciencia e da religiao positiva. Em ambos os casos, a metaffsica
era considerada como superada ou a superar, em nome da
verdade, da liberdade e da dignidade do homem.
Em sentido estrito, 0neopositivismo se prende ao Cfrculo de
Viena e aos pensadores que a ele aderiram. Seus principais repre-
sentantes sao: Moritz Schlick (1882-1936), Rudolf Camap (1891-
1970) e Karl Popper (1902- ). Estes e outros pensadores reunem-se
para discutir as ideias de Ernest Mach (1838-1916), Ludwig Witt-
genstein (1889-1955), Bertrand Russel (1872-1970) e Albert Ein-
stein (1879-1955), elaborando, a partir destas discussoes, as teses do
Cfrculo de Viena, cujas concepcoes da primeira fase sao:- Necessidade de esclarecer os fundamentos do "significado
e do conhecimento" atraves da analise logica da linguagem fomen-
tada por Wittgenstein e pelo projeto de Camap da construcao de
sistemas lingiiisticos artificiais.
- Unificacao do conhecimento humano, mediante 0metodo
logico de analise de Russel/Alfred North Whitehead (1861-1947).
ometodo propoe que as afirmacoes da metaftsica sao destituidas
de significado e revela 0 contetido imediatamente observavel, 0
"dado".
- Eliminar a metaffsica (toda filosofia que pretenda, aprioris-
ticamente, fazer afirmacoes sobre a realidade ou estabelecer n~r-mas) e precisar 0significado de proposicoes cientificas sustentaveis,
- Os conceitos cientfficos sao definidos atraves de ex-
periencias elementares - sentido empfrico - contrapondo 0 pro-
gresso da ciencia com a filosofia, que faz apelo a uma compreensao
incomum.
- 0 significado de um enunciado reside no fato de exprimir
um estado de coisas; se uma frase nao exprime um estado de coisas,
real ou imaginacao, ela nao passa de um pseudo-enunciado. A
comunicacao deve ser intersubjetiva e isto s6 sera possfvel atraves
de signos logico-matematicos.
7.2.1. Empir i smo
Surge na Inglaterra com Francis Bacon (1561-1626) e desen-
volve-se com John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-
1753) eDavidHume (1711-1776). 0empirismoprocuraasupera~o
da especulacao te6rica (em oposicao ao racionalismo). Coloca a
observacao empfrica, 0teste experimental, a mensuracao quantita-
tiva como criterios do que seria ou nao cientifico, do que seria ou
nao verdadeiro. Busca-se reproduzir as condicoes do fenomeno em
laborat6rio, com a pretensao de reconstruir 0 ambiente propfcio
capaz de superar subjetivismos, incursoes de jufzos de valor, in-
fluencias ideol6gicas. Seu metodo basico e a inducao.Inspirados no empirismo, surgem 0positivismo e 0 neoposi-
tivismo.
a) P ositivism o - Desenvolvido por Auguste Comte (1798-1857).
Suas teses fundamentais sao: a ciencia e 0 tinico conhecimento
possfvel e seu metodo e 0 tinico valido, Significa dizer que
somente a ciencia e positiva e positivo, por sua vez, e aquilo que
se pode experimentar. A partir desta concepcao, Comte faz uma
interpretacao da hist6ria; dividindo-a em tres penodos: teologi-
co: as explicacoes aos fenomenos naturais se davam atraves de
causas religiosas; metaffsico: atraves de ideias abstratas e inde-
terminadas; positivo: estudam-se as leis da natureza, que nao sao
mais que relacoes dos fatos entre si, niio como causa e efeito, mas
como sucessiio constante entre um anterior e um posterior. Asciencias sao colecoes de leis a respeito de um determinado objeto
particular: Astronomia, Fisica, Quimica. Segundo 0 maior ou
menor grau de abstracao, Comte propoe uma nova divisiio das
ciencias: matematica, astronomia, fisica, qufmica, biologia e soci-ologia que e 0 cume de todo 0 desenvolvimento cientifico. A
religiao e necessaria para que exista um principio que possibilite
acatar a autoridade e conservar a ordem social. Mas niio uma
religiiio que adore um Deus pessoal, e sim, a religiao da Huma-
nidade, ou seja, aquela composta por todos os homens que foram
titeis a Humanidade.
o positivismo acompanhou e estimulou 0 surgimento e 0
desenvolvimento da sociedade tecnico-industrial,
92 93
- Um enunciado e verdadeiro se exprime urn estado de coisas
efetivamente existentes, falso se inexiste tal estado.
- Um enunciado, se contem conceitos conhecidos, deriva
ciencia sao os problemas e com eles as hip6teses e as conjecturas.
A observacao parte de urn ponto de vista, de urn estimulo, de urn
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deles seu significado; se contem conceito novo, e preciso estabelecer
o significado de tal conceito atraves da experiencia que permite dar
o verdadeiro ou 0falso. Em linhas gerais; esboca-se 0"principio da
verificacao": s6 tem sentido 0 que e passfvel de verif icacao, Um
enunciado se determina atraves da f6rmula pela qual e comprovado(verificado); e a comprovacao (verificacao) consiste no confronto
do enunciado com a observacao empfrica (tese central do cfrculo).Enunciados metaffsicos - carecem de significado factual; enunci-
ados matematicos e logicos - sao tauto16gicos, simb6licos e con-
vencionais, e por este carater sao obrigat6rios. Sua inobservancia
gera contradicao e confusao; juizos de valor (morais, religiosos,
esteticos) - nao existem independentemente do mundo natural (sao
jufzos empfrico-emotivos que nao descrevem fatos mas exprimem
sentimentos ou definem atitudes; sao ideais, parcialmente defen-
saveis, perdendo seu carater teorico porque e uma mistura de poesia
e religiao que expressam urn sentimento vivencial e racional).
- 0 destino da filosofia e analisar 0 significado cognitivo das
afirmacoes cientfficas (sem cogitar significados emotivos). Trans-formar-se em logica da ciencia, cuja atividade e esclarecer signifi-
cados.
Em funcao da perseguicao nazista, sendo a maioria dos inte-
grantes de origem judaica, a partir de 1934 0 Circulo e desfeito e
suas ideias sao levadas a Inglaterra e aos Estados Unidos, inician-
do-se assim a segunda fase, em que as teses anteriores passam a ser
discutidas de forma atenuada, principalmente devido a s crfticas de
Karl Popper ao principio de verificabilidade:
- 0 princfpio de verif icabilidade e uma tese filosofica,
- 0 problema central da filosofia da ciencia nao e 0 da
eliminacao da metaffsica, mas 0 da demarcacao entre ciencia e
pseudociencia,
- Uma assercao s6 e cientffica se refutavel; ahip6tese que tudo
explica, nada explica; a hip6tese tem que ser incompativel com
algum dado experimental, caso pretenda explicar alguma coisa.
- A confirmacao nao tem interesse (Popper lembra Newton),
e sim 0que interessa e a "corroboracao".
o ponto de partida de Karl Popper e a recusa da teoria
indutiva de Bacon, 0 primurn logico genetico da edificacao da
problema. As teorias cientfficas sao acumulos de arriscadas e teme-
rarias conjecturas e a ciencia e invencao de hip6teses, sendo aesperiencia 0 controle das teorias.
As principais teses de Popper sao:
- Todo conhecimento cientifico e conjectural ou hipotetico.
- 0 aumento do conhecimento cientifico consiste em seaprender dos erros que se comete.
- 0 metodo em ciencia e aprender sistematicamente dos
pr6prios erros, propondo audaciosamente teorias novas e indo aprocura dos erros cometidos.
o seu criterio e 0dafalsificabilidade ou controlabilidade, que
e uma alternativa ao criterio neopositivista da verificacao experi-
mental que derruba tambem todas as teorias cientificas porque:
12 ) as leis naturais nao sao confirmaveis, porque sao consti tufdas de
sentencas universais e limitadas, 0 que implica urn mimero in-
finito de possfveis aplicacoes e s6 se pode fazer urn ntimero finito
de observacoes. Ex.: A agua ferve a 100°C. Para a veri f i cacao da
proposicao seria necessario realizar experiencias com toda agua
existente em todo 0cosmos, 0 que e impossfvel,
22 ) as teorias nao podem ser confirmadas indutivamente porque nao
levam a certeza absoluta. Ex . : Todos os cisnes sao brancos. S6 se
tem certeza ate 0aparecimento de urn cisne que nao seja branco.
Ainda, segundo Popper, uma teoria pode ser considerada
cientffica quando satisfizer a duas condicoes:
- ser falsificavel, isto e , poder ser desmentida ou contradita;
- nao ter sido ainda achada falsa de fato (corroborada).
Portanto, 0metodo deve ser dedutivo de confirmacao e 0 exemplo
de tal fato e a origem metodo16gica de muitas teorias.3
7.2 .2 . Es t ru_pJ, ra /j~rn ()
Considera a realidade como composta de estruturas. Estrutu-
ra e urn plano hierarquicamente ordenado, ou seja, uma forma
3. Para maiores detalhes do pensamento de K Popper, ver: A logica da
pesqu isa c i en t if ica . sao Paulo, Cultrix, 1972e Con jec tu ras e re fu t aco es , Brasilia, Edit.Universidade de Brasilia, 1972.
9 495
interior que representa uma ordem intrinseca a todos os fatos,
objetos e sistemas. A estrutura e 0que preserva a unidade dos fatos,
dos objetos e sistemas. Existem relacoes entre os objetos materiais,
analise sincronica descritiva a partir da posicao que as pecas
ocupam no tabuleiro na real izacao de uma determinada partida. Do
mesmo modo, os fenomenos culturais, sociais, psicol6gicos podem
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tanto intemas como extemas. Da mesma forma, 0 sistema social
apresenta uma serie de estruturas diferentes, tais como: social,
economica, politica, educacional.
Cada uma delas pode ser estudada separadamente (sin-
cronia), mas somente uma visao do todo permite uma compreensao
daquela realidade estudada (diacronia).
o estruturalismo como metodologia de abordagem cientifica
para as ciencias humanas inspira-se nas abordagens lingiifsticas
realizadas por, principalmente, Ferdinand de Saussure (1857-1913)
e Roman Jackobson (1896-1982), sendo sua aplicacao estendida por
Claude Levi-Strauss (1908- ) a etnologia, por Michel Foucault
(1926-1984) a filosofia e por Jacques Lacan (1901-1981) a psi-canalise.
Segundo 0 estruturalismo, apreende-se 0 mundo extemo
atraves dos sentidos que, juntamente com 0cerebro, possuem uma
ordenacao pr6pria para segmentar, ordenar e interpretar os es-
timulos recebidos, resultando dai que 0 fenomeno apresenta as
caracterfsticas conforme esta ordenacao, segmentacao e inter-pretacao. Como consequencia, transfere-se a apreensao do mundo
para os produtos da cultura que sao segmentados e ordenados.
Como exemplo, pode-se lembrar 0 espectro cromatico que e con-tinuo embora passe por diversas cores, nao necessariamente sepa-
radas umas das outras. No entanto, apreende-se as cores como
separadas e diferenciadas. Transferindo para a cultura, faz-se a
aplicacao na sinalizacao de transite: vermelho, lembrando sangue,
representa perigo e e 0 sinal para parar. Verde e 0 sinal para seguir
e como meio termo usa-se 0 amarelo, que no espectro e a cor
intermediaria entre verde e vermelho, que significa advertencia,
atencao. Desta forma, pode-se verificar a ordenacao cromatica e asinalizacao de transite possuem a mesma estrutura: 0 espectro
cromatico da natureza e transformado em um produto cultural.
Em linhas gerais, na visao estruturalista, 0elemento relevante
e 0 sincronico (descricao nao hist6rica, apresentando uma imagem
de um dado momento), em detrimento do diacronico (descricao do
desenvolvimento hist6rico, com mudancas e evolucoes). Compare-
se com 0jogo de xadrez, onde pode-se considerar dois estados ou
momentos: 0 do tabuleiro (diz respeito ao momenta atual em que
se realiza uma determinada partida) e 0 do jogo (conjunto do
mimero, natureza e ordem das jogadas). E possfvel fazer uma
ser analisados por suas "estruturas": eles estao em constante modi-
ficacao, mas podem ser entendidos por suas ordenacoes, segmen-
ta~oes e interpretacoes dos seus estados atuais.
a) F un cio na lism o - Euma derivacao do estruturalismo, que destaca
a fun~o como principal estrutura a ser considerada. Fun~o eum conceito viculado ao campo da biologia, onde significa um
con junto de operacoes que manifestam a vida de uma celula ouorganismo (reproducao, nutricao). Passou a ser estendida aantropologia por Talcott Parsons (1902-1979) e Robert Merton
(1915- ) e a psicologia por Willian James (1842-1910), estabele-
cendo-se uma relacao entre a vida organica e a vida social e
mental.
Merton define a fun~o por cinco significados, a saber: re-
uniao publica; ocupacao; cargo ou posicao politica; variaveis emrelacao com outras (sentido matematico); estudo dos papeis resul-
tantes dos fatores sociais e culturais.
Postulados da anQJisefuncional:
1.As atividades padronizadas ou itens culturais sao funcionais para
todo 0sistema social ou cultural.
2.Todos os itens sociais e culturais preenchem funcoes sociol6gicas.
3. Todos os itens sao indispensaveis.
Estes postulados estao interligados. Existem funcoes manifes-
tas ("sao as normas de conhecimento comum para ajustamento e
adaptacao do sistema") e as latentes (nao constam de intencoes,
nem sao reconhecidas).
Pr in c ip io s da anal is e f un ci ona l:
1. 0 item deve ser padronizado (natureza, finalidade, atr ibuicoes,
da ent idade, do diretor, do chefe de pessoal).
2. Conceito de disposicoes subjetivas (motivacao),
3. Conceito de consequencias objetivas (0 que propicia a adaptacao
ou nao, 0ajustamento ou nao de um sistema).
96 97
4. Conceitos de unidades servidas pela funcao (considera-se uni-
dades sociais diferentes: indivfduos, subgrupos, sistemas geral e
cultural).
economia e politica. Administrar significa manter 0 sistema oper-
ando e produzindo, visto que e no controle de conflitos que reside
a habilidade dessa metodologia. A discussao sobre fins da sociedade
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5. Conceitos de exigencies funcionais (pre-requisites para exercer
determinadas funcoes),
6. Conceitos dos mecanismos atraves dos quais se realizam as
funcoes (divisao de papeis, trabalho, ordem hierarquica de
valores).
7. Conceitos de altemativas funcionais (substitutos funcionais). Ositens sao indispensaveis ,
8.Conceito de contexto estrutural (os itens das funcoes tern margem
Iimitada).
9.Conceito de dinamica e da mndanca (fixar a atencao no equilfbrio
social nao e esquecer os desequilfbrios).
10. Problemas de validacao .da analise funcional (as funcoes sao
au to -r ea l im en ta v e is ) .
11.Problemas das implicacoes ideologicas da analise funcional (nao
existe compromisso politico ou ideo16gico).4
b) Sistemismo - Alimenta-se da teoria dos sistemas e das concep-
¢es funcionalistas da sociedade. A teoria dos sistemas parte do
principio de que cada objeto de estudo apresenta uma serie de
relacoes, tanto intemas como extemas. Cada objeto de estudo
pode ser considerado um sistema de natureza psicol6gica, bio-
logica, social, tecnica, etc. A sociedade, segundo 0sistemismo eum fenomeno organizacional capaz de manter e reencontrar seu
equilfbrio, 0 mais importante nao e a inter-relacao das partes.
Cada sistema apresenta uma certa dose de conflito, tanto inter-
namente quanto de convivencia com outros. Estes conflitos exi-
gem uma adaptacao a novos momentos e a novas circunstancias.
Trata-se da capacidade de retro-alimentacao - capacidade que
mantem 0dinamismo de recomposicao do equilfbrio do sistema.
Quando nao consegue a retro-alimentacao circular (respostas
satisfat6rias a s novas circunstancias), entra em colapso.
A influencia de enfoque sistemico hoje e largamente difun-
dida na administracao publica, administracao de empresas,
e substituida pela eficacia dos meios de administra-Ia, Destaforma,
nao se trata de exercer um controle duro mas de convencimento
atraves da manipulacao dos meios de comunicacao social, da in-
dtistria cultural, oposicao domesticada. Pretende estender a mesma
postura a toda a realidade, concebendo a hist6ria como circular ed d
.. 5estacan 0estruturas mvanantes.
7.2 .3. Diaietica
Enquanto para Hegel 0 pensamento cria a realidade, para
Marx oprimeiro dado e 0mundo material, sendo que a contradicao
surge entre estes seres materiais, circunscritos a condicoes hist6ri-
cas e sociais. 0 real apresenta-se como mobilidade, dinamicidade,
multiplicidade, diversidade e contraditoriedade. Do mesmo modo,
o pensamento e ref lexo destas condicoes da realidade, de tal modo
que a natureza s6 e compreensivel a partir da apreensao da
totalidade das relacoes e circunstancias que mantem 0 fato.
Segundo Henri Lefebvre, a dialetica apresenta as seguintesleis:
1. Lei da interacao universal- isolar um fato e depois conserva-lo
pelo entendimento, nesse isolamento, e priva-lo de sentido, de
explicacao, de conteudo, A pesquisa dialetica considera cada
fenomeno no conjunto de suas relacoes com os demais fenome-
nos.
2. Lei do movimento Universal - deixando de isolar os dados e os
fenomenos, 0metodo dialetico reintegra-os em seu movimento.
Busca penetrar naquilo que ja tende para seu fim e anuncia seu
nascimento.
3. Lei da unidade dos contraditorios - a contradicao dialetica e umainclusao dos contradit6rios um no outro e, ao mesmo tempo,
exclusao ativa. 0 metodo dialetico busca captar a ligacao, a
unidade, 0movimento que engendra os contradit6rios, que os
opoe, que faz com que se choquem, que os quebra ou os supera.
A contradicao dialetica difere da formal (deducao aristotelica)
4. Dados extraidos de: TRIVINHOS, Augusto. Introducdo a pesquisa emc i enc ia s soci a is . Slio Paulo: Atlas, 1987,p. 82-9.
5.Para maiores dados, ver Pedro DEMO. Metodo log ia C i end fi ca em ciencias
socials. Sao Paulo: Atlas, 1981.
9 8 99
porque esta permanece na generalidade abstrata, enquanto a
dialetica se estabelece no universal concreto.
4 . Le i do s saltos ( t ransformacao da quantidade em qualidade) - a
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modificacao qualitativa nao e lenta e continua, mas apresenta
caracteristicas bruscas, tumultuosas. Expressa uma crise intema
da coisa, uma metamorfose em profundidade, brusca, atraves de
uma intensificacao de todas as contradicoes. Em outros termos,
pequenas alteracoes quantitativas viio se intensificando ate que,
em um dado momento, ocorre a transformacao qualitativa.
Exemplo: a crescente exploracao do proletariado, por parte daclasse detentora dos meios de producao, gera uma tensao a
principio imperceptfvel, mas que no decorrer do tempo, com 0
aumento gradativo dos individuos alheios ao sistema de produ-
~o produz uma tensao maior que inevitavelmente conduzira arevolucao socialista.
o salto dialetico implica, simultaneamente, a continuidade e a
descontinuidade.
5 . L ei do s up er ac ao ( de se nv olv im e nto em e sp ir al) - a interacao das
forcas em contradicao gera um terceiro momento, superior aos
anteriores, nao de modo destrutivo, mas recriando-os em uma
sintese no momento posterior . Tese-antftese-sfntese que expli-cam 0movimento do mundo e do pensamento.
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UNIVERSIDADEFEDERALDOPARANA.NonnasparaJ1presen ta faodetraba-
lhos: Curitiba: Ed. Universidade Federal do Parana, 1981,156p.
sUMAR Io
Apresentacao, 7
Prefacio.P
Introducao, 11
Capitulo I - Constatacao inicial, 13
1.1. A lei 5.692/71, 14
1.2. Efeitos da reforma do 2Qgrau, 15
1.2.1. Imaturidade cultural, 16
1.2.2. Imaturidade psicologica, 16
1.2.3. Imaturidade logica, 17
Capitulo II-Facilitando 0 estudo, 19
2.1. Atencao, 19
2.2. Memoria, 25
2.3. Associacao de ideias, 31
Capitulo ill-Formando 0habito de estudo, 33
3.1. Organizacao, 34
3.1.1. Tempo,34
3.1.2. Material, 35
3.1.3. Local ou ambiente, 35
1 0 2 103
3.2. A a ula - preparacao e revisao, 35
3 .2 .1 . L e it u ra pr ev ia , 36
3.2.2. A aula , 36
aos estudantes que estao iniciando
sua vida na universidade. Com 0
fim de otimizar seus habitos de
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3.2.3. Revisao, 37 estudo, este livro propoe caminhos
para uma melhoria
verdadeiramente significativa.apitulo IV - A l ei tu r a t rab a lh ada como metodo, 38
4 .1. Le i tura e f ic i en te, 38
4.2. Tecnicas d e l ei tu r a t rab a lh ada , 44
4 .3 . A na lis e d e te xto s, 5 1Cleverson Leite Bastos, formado
em Filosofia, com mestrado pela
PUC-SP na area de concentracao
em L6gica; doutorado em
Comunicacao e Semi6tica na
PUC-SP. Em Curitiba, leciona na
PUC-PR e no Instituto Vicentino
de Filosofia. E co-autor do livro
Aprendendo logica.
Vicente Keller e formado em
Filosofia e Teologia. Mestre em
Educacao, com concentracao na
Area de Recursos Humanos e
Educacao Permanente. E professor
desde 1974, tendo lecionado a
nivel de Ensino Fundamental e
Ensino Medio. Desde 1986, atua
exclusivamente no Ensino
Superior, na FAE (Faculdade
Cat6lica de Administracao eEconomia), onde leciona
disciplinas nas areas de
Metodologia, Filosofia, L6gica e
Tecnicas de Pesquisa, tanto a nivel
de graduacao como de p6s-
graduacao. Ministra cursos e
palestras nestas areas de atuacao
em divers as instituicoes de Ensino
Superior. E co-autor do livroAprendendo logica.
Capitulo V - Pe squ is a c ien tf fi ca , 5 4
5 .1 . F a se s d a p es qu is a bibliografica, 56
5 .1 .1 . E sc oI ha d o t em a , 5 6
5.1.2. Delimitacao d o a ss un to , 5 6
5.13. 0p rime ir o p ro je to d e p es qu is a, 5 7
5.1.4. Documentaeao, 58
5.2. Construcao l6 gi ca d o t ex to , 64
C a pitu lo V I - Apresentacao d e t rabal ho s c ien tf fi co s , 6 6
6 .1 . T ip o s d e t ra ba lh os c ie nt ff ic os , 6 6
6 .2 . No rma s tecnicas p ara a apresentacao d e t rabal ho s
cientfficos, 68
6 .2 .1 . Fo rma gera l, 68
6 .2 .2 . Fo rma grafica, 70
C a pit ulo V II - 0pensamen to c ien tf fi co , 8 1
7.1. Metodos c ien t ff ico s , 84
7 .2 . C o rr en te s me to do l6 gic as , 9 17 .2.1 . Empir ismo , 92
7 .2 .2 . E s tru tural ismo , 9 5
7 .2 .3 . D i al et ic a , 9 9
B ib li ogra fi a , 101
1 0 4