dissertação em vci

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MARCO ANTONIO GOMES VALENTE JUNIOR Avaliação de inibidores voláteis de corrosão por técnicas eletroquímicas sobre o aço. Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química. Orientador: Prof. Dr. Cecilio Sadao Fugivara Co-Orientador: Prof. Dr. Assis Vicente Benedetti Araraquara 2014

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Inibidor de corrosão

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Page 1: Dissertação Em Vci

MARCO ANTONIO GOMES VALENTE JUNIOR

Avaliação de inibidores voláteis de corrosão por técnicas eletroquímicas sobre o aço.

Dissertação apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Cecilio Sadao Fugivara Co-Orientador: Prof. Dr. Assis Vicente Benedetti

Araraquara 2014

Page 2: Dissertação Em Vci

FICHA CATALOGRÁFICA

Valente Junior, Marco Antonio Gomes

V154a Avaliação de inibidores voláteis de corrosão por técnicas eletroquímicas sobre o aço / Marco Antonio Gomes Valente Junior. – Araraquara : [s.n], 2014 102 f. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Química Orientador: Cecilio Sadao Fugivara

1. Físico-química. 2. Inibidores. 3. Corrosão. 4. Aço. 5. Sobrepotencial catódico. I. Título.

Elaboração: Diretoria Técnica de Biblioteca e Documentação do Instituto de Química de Araraquara

Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação

Page 3: Dissertação Em Vci

Marco Antonio Gomes Valente Junior Nome Marco Antonio Gomes Valente Junior

Filiação Marco Antonio Gomes Valente e Mirian Cleide Cavalcante de Oliveira

Valente

Nascimento 25/05/1989 Endereço Residencial: Av. Alberto Toloi,

Quitandinha – Araraquara, SP – Brasil

Telefone: 17 99744-3731

e-mail: [email protected] Endereço Profissional: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,

Instituto de Química de Araraquara, Departamento de Físico-Química Rua Professor Francisco Degni nº55 Quitandinha - Araraquara 14800-900, SP - Brasil Telefone: 16 33016600

Formação acadêmica/titulação 2012 – atual Mestrado em andamento em Química (Conceito CAPES 6).

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP,

Brasil.

Título: Estudo da eficiência de inibidores voláteis de corrosão

aplicado nos aços laminados a frio.

Orientador: Cecilio Sadao Fugivara.

Bolsista do: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico.

2008 – 2011 Graduação em bacharelado em química.

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP,

Brasil.

Page 4: Dissertação Em Vci

Trabalhos completos publicados em anais de congressos 1. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; BENEDETTI, A. V. ; NOCE, R. D. ; FUGIVARA, C. S. . Influence of Buffer Solution on the Tafel Parameters by Varying the Cathodic Overpotential Applied to Steel in Chloride Media. In: 10th Symposium on Electrochemical Methods in Corrosion Research, 2012, Maragogi, AL. 10th Symposium on Electrochemical Methods in Corrosion Research, 2012. p. 18 -1-18 - 3. 2. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . Influência do sobrepotencial catódico na obtenção dos parâmetros eletroquímicos obtidos das curvas de polarização.. In: XXIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2011, São Pedro. XXIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2011. 3. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; FERREIRA, E. A. ; BENEDETTI, A. V. . ESTUDO DE INIBIDORES À BASE DE AMINAS NA CORROSÃO DO AÇO EM MEIO DE ÁGUA- ETANOL CONTENDO CLORETOS. In: XXII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2010, Araraquara-SP. Anais do XXII Congresso de Iniciação Científica da Unesp, 2010. p. 4569-4572. Resumos expandidos publicados em anais de congressos 1. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; ROSA, P. C. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . INIBIDORES DE AMINAS NA CORROSÃO DO AÇO. In: XXI Congresso de Iniciação Científica da UNESP, 2009, São José do Rio Preto, SP. XXI Congresso de Iniciação Científica da UNESP. São Paulo: CGB/PROpe UNESP, 2009. p. 09256-09259. Resumos publicados em anais de congressos 1. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . Curvas de polarização cíclica com medidas in situ de pH local para avaliação de inibidores à base de aminas. In: XIX Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica, 2013, Campos de Jordão. XIX Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica, 2013. 2. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; BENEDETTI, A. V. ; FUGIVARA, C. S. . AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE TAFEL VARIANDO O SOBREPOTENCIAL CATÓDICO NO AÇO EM SOLUÇÃO CONTENDO CLORETOS. In: Encontro e Exposição Brasileira de tratamento de superficie, 2012, São Paulo. Encontro e Exposição Brasileira de tratamento de superficie III INTERFINISH Latino Americano, 2012. p. 472.

Page 5: Dissertação Em Vci

Apresentações de Trabalho 1. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . Curvas de polarização cíclica com medidas in situ de pH local para avaliação de inibidores à base de aminas. 2013. (Apresentação de Trabalho/Simpósio). 2.TEXEIRA, D. A. ; VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. ; Silva, S. C. ; NOCE, R. D. . ESTUDO TEÓRICO E EXPERIMENTAL DE INIBIDORES DE CORROSÃO NO ELETRODO DE ZINCO EM SOLUÇÃO COM DIFERENTE PH. 2013. (Apresentação de Trabalho/Simpósio). 3. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE TAFEL VARIANDO O SOBREPOTENCIAL CATÓDICO NO AÇO EM SOLUÇÃO CONTENDO CLORETOS. 2012. (Apresentação de Trabalho/Congresso). 4. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; BENEDETTI, A. V. . Influência do sobrepotencial catódico na obtenção dos parâmetros eletroquímicos obtidos das curvas de polarização.. 2011. (Apresentação de Trabalho/Congresso). 5. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; FERREIRA, E. A. ; BENEDETTI, A. V. . ESTUDO DE INIBIDORES À BASE DE AMINAS NA CORROSÃO DO AÇO EM MEIO DE ÁGUA- ETANOL CONTENDO CLORETOS. 2010. (Apresentação de Trabalho/Congresso). 6. VALENTE JUNIOR, M. A. G. ; FUGIVARA, C. S. ; ROSA, P. C. ; BENEDETTI, A. V. . INIBIDORES DE AMINAS NA CORROSÃO DO AÇO. 2009. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

Page 6: Dissertação Em Vci

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por todo apoio e incentivo. Ao Prof. Dr. Cecílio Sadao Fugivara pela amizade, paciência e ensinamentos. Ao Prof. Dr. Assis Vicente Benedetti e o Grupo de Eletroquímica de Materiais e pelas discussões e ajudas no laboratório. Aos funcionários da seção de pós-graduação e biblioteca. Aos integrantes e ex-integrantes da república Espanha 1515 da qual fiz parte durante esses anos. Aos amigos da república Xurupitas Farm

A CNPq pela bolsa concedida.

Page 7: Dissertação Em Vci

RESUMO Neste trabalho foi estudada a eficiência de inibidores voláteis de corrosão (VCI)

aplicados na proteção contra a corrosão do aço CFF (chapa fina a frio). Para avaliar

os inibidores foram determinadas as resistências de polarização e alguns

parâmetros cinéticos empregando as técnicas de curvas de polarização cíclica

(CPP), espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS) e Polarização linear (PL).

Também foi investigada a influência do sobrepotencial catódico nas curvas de

polarização e o efeito do pH próximo à superfície do eletrodo nos parâmetros

cinéticos, por meio de medidas simultâneas dos valores de pH empregando um

eletrodo de W/WOx. Os inibidores avaliados foram: etanolamina (ETA),

ciclohexilamina (CHA), diciclohexilamina (DCHA), ácido caprílico (H-CAP), caprilato

de sódio (Na-CAP), caprilato de etanolamina (ETA-CAP), caprilato de

ciclohexilamina (CHA-CAP) e caprilato de diciclohexilamina (DCHA-CAP). Estes

inibidores foram dissolvidos e estudados nas soluções: a) NaCl 0,1 mol L-1 e b)

tampão borato (TB) + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7). Os resultados obtidos mostraram

que os parâmetros das curvas de Tafel dependem do sobrepotencial catódico

aplicado no início das curvas de polarização, pois alteram o valor do pH na

superfície do eletrodo devido às reações de redução do oxigênio e da água, que

produzem hidroxilas, além de remover o filme de óxidos. Observou-se que estes

efeitos são minimizados nas medidas utilizando-se solução tampão. A eficiência dos

inibidores não apresenta variação significativa entre as diferentes técnicas

eletroquímicas. No entanto, as eficiências destes inibidores variam conforme o pH

da solução de NaCl 0,1 mol L-1 ou TB + NaCl 0,1 mol L-1, mostrando que as aminas

protonadas não foram eficientes, enquanto as aminas desprotonadas passivam a

superfície do eletrodo devido ao aumento do pH da solução (> 11,7). Os caprilatos

de aminas foram eficientes tanto na solução de NaCl quanto em tampão borato.

Entretanto, apenas com o caprilato de sódio na solução tampão não foi eficiente. A

presença da amina na solução contendo íons caprilatos pode induzir a formação de

espécies insolúveis ou podem induzir a adsorção dos caprilatos. Os caprilatos de

aminas mostraram uma eficiência contra a corrosão superior a 80%. No entanto, os

resultados obtidos não concordam com os da literatura feitos em câmara úmida.

Palavras-chave: Inibidores; corrosão; aço; sobrepotencial catódico.

Page 8: Dissertação Em Vci

ABSTRACT

In this work, the efficiency of volatile corrosion inhibitors (VCI), applied to the

protection against corrosion of CFF steel, was studied. In order to evaluate the

inhibitors, it was determined the polarization resistances and some kinetic

parameters by using the following electrochemical techniques: cyclic polarization

curves, electrochemical impedance spectroscopy (EIS), and linear polarization. In

addition, it was investigated the influence of cathodic overpotential on the polarization

curves and the effect of pH close to the electrode surface on the kinetic parameters.

The latter was conducted by means of simultaneous measurements of the pH values

employing a W/WOx electrode. The evaluated inhibitors were: ethanolamine (ETA),

cyclohexylamine (CHA), dicyclohexylamine (DCHA), caprylic acid (H-CAP), sodium

caprylate (Na-CAP), ethanolamine caprylate (ETA-CAP), cyclohexylamine caprylate

(CHA-CAP), dicyclohexylamine caprylate (DCHA-CAP). These inhibitors were

dissolved and studied in the following solutions: a) 0.1 mol L-1 NaCl and b) borate

buffer (BB) + 0.1 NaCl mol L-1. The obtained results showed that the parameters of

Tafel curves depend on the cathodic overpotential applied in the beginning of the

polarization curves. These parameters alter the pH on the electrode surface due to

the oxygen reduction and water reactions which produce hydroxyls ions besides

removing the oxides film. It was noticed that these effects are minimized when a

buffer solution is employed. The inhibitors efficiency does not show a significant

variation with respect to the different used electrochemical techniques. However, the

inhibitors efficiency varies as a function of the used solution pH (0.1 mol L-1 NaCl or

BB + 0.1 NaCl mol L-1) showing that the protonated amines were not efficient while

the unprotonated amines passivate the electrode surface owing to an increase in the

solution pH (> 11.7). The amines caprylates were efficient on both NaCl and BB

solutions. Meanwhile, only the BB solution containing sodium caprylate was not

efficient. The presence of amine in the solution containing caprylates ions may

induce the formation of insoluble species or may induce the caprylates adsorption.

The amines caprylates exhibited an efficiency against corrosion higher than 80%

which are not in agreement with results from the literature conducted in humidity

chambers.

Keywords: Inhibitors; corrosion; steel; cathodic overpotential.

Page 9: Dissertação Em Vci

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VCI – Inibidores voláteis de corrosão

CFF – Chapa de aço lamanado a frio

CPP – Curvas polarização cíclica

EIS – Espectroscopia de impedância eletroquímica

PL – Polarização linear

ηcat. – Sobrepotencial catódico

W/WOx – Tungstênio/Óxido de tungstênio

ETA – Etanolamina

CHA – Ciclohexilamina

DCHA – Diciclohexilamina

H-CAP – Ácido caprílico ou octanóico

Na-CAP – Caprilato de sódio

ETA-CAP – Caprilato de etanolamina

CHA-CAP – Caprilato de ciclohexilamina

DCHA-CAP – Caprilato de diciclohexilamina

TB – Solução tampão borato (pH 6,7)

ECorr – Potencial de corrosão

ECA – Potencial de circuito aberto

iCorr - Corrente de corrosão

βa – Coeficiente de Tafel anódico

βc – Coeficiente de Tafel catódico Erepass – Potencial de repassivação

Einv – Potencial de inversão do sentido da varredura

RSG – Resistência de Stern-Geary

RTC – Resistência de transferência de carga

RPL – Resistencia da polarização linear

Rp – Resistencia dos poros

Page 10: Dissertação Em Vci

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………..11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................13

2.1. Inibidores voláteis de corrosão....................................................................13

2.2. Curvas de polarização...................................................................................23

2.3. Aço CFF (Chapa Fina laminado a Frio)........................................................25

2.3.1. Composições químicas da superfície do ferro......................................25

2.3.2. Reações de redução .............................................................................27

2.4. Eletrodo de W/WOx para medida de pH local .............................................31 3. OBJETIVOS...........................................................................................................33

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.....................................................................34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................37

5.1. Efeito do sobrepotencial catódico................................................................38

5.2. Efeito dos inibidores......................................................................................51

5.2.1. Potencial de circuito aberto (ECA)..........................................................51

5.2.2. Curvas de polarização cíclica (CPP).....................................................61

5.2.3. Diagramas de impedância (EIS)............................................................76

5.2.4. Polarização linear (RPL).........................................................................91

6. CONCLUSÕES......................................................................................................95

REFERÊNCIAS..........................................................................................................97

Page 11: Dissertação Em Vci

11

1. INTRODUÇÃO As peças metálicas após passar pelo processo de conformação devem ser

armazenadas e transportadas muitas vezes durante longo período de tempo antes

de serem efetivamente utilizadas. Para evitar sua degradação na superfície das

peças durante o período de transporte e armazenamento, as peças fabricadas

devem receber uma proteção temporária contra a ação da umidade e de poluentes

atmosféricos corrosivos (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004).

Uns dos protetores temporários bastante empregados nas peças metálicas

são os inibidores voláteis de corrosão (VCI – Volatile Corrosion Inhibitor), compostos

que se vaporizam e condensam sobre a superfície metálica tornando-a menos

suscetível à corrosão (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005). A principal vantagem do

VCI em relação aos métodos convencionais de controle da corrosão, além da

facilidade da sua remoção após abertura do invólucro, é que o transporte na fase

gasosa permite atingir toda a superfície metálica sem a necessidade da aplicação

direta sobre o metal. O filme de VCI formado sobre o metal é bastante fino e,

portanto, não interfere no tratamento subsequente da superfície protegida, como na

fosfatização e pintura eletroforética. (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005).

A literatura (VALDES et al., 2006) mostra que existe um grande esforço para

encontrar VCI específico e mais eficiente para determinados metais, além de

desenvolver métodos alternativos que demandam menos tempo ao da câmara

úmida para testes de corrosão de peças metálicas em contato com VCI. O teste de

câmara úmida, conforme a norma IEC 68-2-30 (1980) é adotada no controle da

qualidade pelos transportadores. Por outro lado, os ensaios de corrosão

empregando técnicas eletroquímicas são rápidos, mas a amostra metálica deve

estar em contato com uma lâmina bastante espessa de um eletrólito condutor

(VALDES et al., 2006), condição que não é observada durante armazenagem e

transporte dessas peças metálicas. Isso torna obrigatório o desenvolvimento de

metodologias mais simples, eficientes e rápidas para avaliar a eficiência dos

compostos VCI.

As metodologias eletroquímicas empregadas na avaliação da eficiência do

VCI baseiam-se na obtenção de curvas de polarização (CP) (QURASHI; JAMAL,

2002, p. 387) e espectros de impedância eletroquímica (EIS) (SUDHEER et al.,

2012) realizadas em solução de eletrólito aquoso contendo VCI dissolvido. Essa

condição é diferente daquela em que ocorre o armazenamento e transporte, cujas

Page 12: Dissertação Em Vci

12

peças metálicas estão em contato com vapor de água e de VCI e, portanto, não

ficam imersas numa solução. No entanto, o armazenamento e transporte são feitos

num ambiente cuja umidade pode condensar e formar um filme do líquido ou

gotículas sobre parte da superfície (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005).

De um modo geral, os métodos que utilizam células eletroquímicas com uma

fina camada de solução (100 a 200 µm) têm apresentado bons resultados (CANO et

al., 2005; ZHANG et al., 2006; SUDHEER et al., 2012). Entretanto, outros trabalhos

(QURAISHI; ANSARI; RAWAT, 2009; KANNAN; LAVANYA; NATESAN, 2012)

utilizaram células eletroquímicas convencionais para avaliar os inibidores voláteis de

corrosão, cujo volume de solução empregado é muito espesso. Porém, as diferentes

espessuras de solução sobre a amostra metálica pode influenciar na difusão do

oxigênio até a superfície e, portanto, influenciar na velocidade de corrosão e na

composição do filme formado ocasionando diferentes interpretações.

Li et al. (1997) concluíram que a natureza da superfície metálica é um fator

determinante para a performance dos inibidores, e por isso é comum a utilização de

soluções ácidas (LI et al., 1997; CAO, 1996; MORAD, 2000; LI, 2009) para avaliar a

eficiência dos inibidores, pois nesta condição a exposição do metal base com o

ambiente é maior, devido à decapagem dos filmes de óxidos protetores, e

consequentemente a interação com os inibidores é facilitada. Entretanto, os VCIs

não deveriam ser avaliados em meio ácido, já que alguns estudos mostraram que a

volatilização dos sais ocorre num intervalo de pH entre 5,5 e 8,5 (BASTIDAS; CANO;

MORA, 2005). Rammelt, Koehler e Reinhard (2009, 2011) demostraram por meio de

testes eletroquímicos (EIS, OCP e CP) que a eficiência dos sais de VCIs está

diretamente relacionada com o pH da solução utilizada. Os resultados mostram

também que a proteção de metais ferrosos em embalagens é mais eficaz sob

condições neutras e ligeiramente alcalinas (pH < 9,0) do que em condições

fortemente alcalinas ou ácidas, que dependendo do metal, podem causar um

processo de limpeza de óxidos na superfície, além de tornarem a superfície mais

sensível ao ataque de contaminantes ocasionando uma corrosão localizada.

Em vários trabalhos foram utilizadas soluções aquosas neutras e arejadas

contendo íons cloretos para avaliação de inibidores (TAN; BAILEY; KINSELLA,

1996; GAO; LIANG, 2007; CHEN et al., 2012; SUDHEER et al., 2012; SHERIF,

2011; ABD-EL-KHALEK; ABD-EL-NABEY; ABDEL-GABER, 2012), porém não

consideraram as alterações no pH da solução causados pela adição dos inibidores e

Page 13: Dissertação Em Vci

13

a espessura e composição da camada de óxidos e hidróxidos presentes na

superfície do eletrodo devido à presença de íons cloretos. Estas informações são

importantes para entender os resultados obtidos durante uma curva de polarização,

pois o processo de redução do oxigênio sobre o ferro pode variar com o pH próximo

a superfície (pH local), modificando assim a composição química da superfície

(ZECEVIC; DRAZIC; GOJKOVIC, 1989).

Por estas razões, neste trabalho investigou-se por meio de técnicas

eletroquímicas a influência do pH (local e na solução) na avaliação dos inibidores

voláteis de corrosão em soluções contendo íons cloretos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Inibidores voláteis de corrosão Os inibidores voláteis de corrosão (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004;

BASTIDAS; CANO; MORA, 2005) apresentam várias vantagens em relação aos

métodos comuns de proteção contra a corrosão. Dentre estas vantagens está o

baixo custo de operação, a facilidade de aplicação e não interferem nos tratamentos

posteriores da superfície protegida. Estes inibidores são utilizados na forma de

filmes plásticos ou embalagens de papel infestado com VCI, grânulos envolvidos em

saches (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004; BASTIDAS; CANO; MORA, 2005).

O VCI é definido por ser um composto que produza uma fina camada

protetora sobre a superfície do metal limitando desta forma a penetração de

espécies corrosivas (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004). Estes compostos

utilizados como VCIs podem ser: nitritos orgânicos (aço carbono e latão), carbonatos

orgânicos (aço), benzoatos orgânicos (aço), cromatos orgânicos (bronze) e fosfatos

orgânicos (alumínio) (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005). Damborenea, Bastidas e

Vázquez (1997) utilizaram as aminas como VCI para a inibição da corrosão do ferro

e suas ligas, pois apresentam outras vantagens como baixo peso molecular e

solubilidade em meio aquoso relativamente alto. Normalmente, a maioria dos

inibidores de corrosão orgânicos tem um ou mais átomos eletronegativos (por

exemplo, o oxigênio, nitrogênio e enxofre) na forma de grupos funcionais e/ou

ligações insaturadas (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004).

A adsorção de um VCI e a espessura do filme adsorvido está relacionada com

os grupos funcionais (alcalinos e hidrofóbicos) ligados ao núcleo da molécula

inibidora (DAMBORENEA; BASTIDAS; VÁZQUEZ, 1997). Alguns inibidores atuam

Page 14: Dissertação Em Vci

14

como tampão, mantendo o pH na interface metal-inibidor, proporcionando uma ótima

proteção à corrosão (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005).

A atuação do VCI na superfície metálica pode ser descrito de dois modos

(BASTIDAS; CANO; MORA, 2005): (a) as moléculas são volatilizadas e se rompem

quando alcançam à superfície metálica; ou (b) o inibidor se dissocia antes de chegar

à superfície metálica e satura o ar em contato com o metal com os grupos

protetores. O equilíbrio do sistema e a adsorção na superfície podem ser

influenciados pela quantidade de vapor de água existente no ambiente,

principalmente se a solubilidade do VCI neste meio for alta. O valor do pH local

depende do VCI dissolvido na fina camada sobre a superfície metálica e pode definir

a atuação destes inibidores e a composição química da superfície metálica.

A eficiência do VCI depende bastante da sua pressão de vapor, natureza do

inibidor, temperatura e pressão ambiente. O aumento da temperatura pode afetar o

comportamento do VCI, pois geralmente ocorre a redução de sua eficiência devido à

dessorção da superfície. Caso esta pressão seja bastante elevada, o inibidor poderá

se adsorver e/ou condensar em grande quantidade na superfície metálica,

dificultando as etapas posteriores de tratamento como a fosfatização do aço. Além

disso, uma vaporização pronunciada levará a um rápido consumo do VCI diminuindo

o período de proteção. Entretanto, se a pressão de vapor for muito baixa, o inibidor

não irá cobrir totalmente a superfície antes do ataque por agentes corrosivos. Os

valores de pressão de vapor à temperatura ambiente podem variar entre 10-2 a 10-7

mmHg (VUORINEN; KÁLMÁN; FOCKE, 2004; BASTIDAS; CANO; MORA, 2005).

O tamanho da cadeia carbônica é outro fator que afeta a eficiência dos inibidores,

geralmente cadeias de 6 a 12 carbonos melhoram a atuação do inibidor

(DAMBORENEA; BASTIDAS; VÁZQUEZ, 1997).

Atualmente, os inibidores voláteis de corrosão são empregados na forma de

sais formados através de uma mistura equimolar de aminas e ácidos carboxílicos.

Focke, Nhlapo e Vuorinen (2013) estudaram o comportamento do ácido octanóico

(caprílico) e aminas em sua fase vapor e líquida e mostraram que a eficiência dos

inibidores é melhor em misturas equimolares do que em misturas contendo 3 vezes

mais ácidos do que aminas. Além disso, também foi observada que a composição

destas espécies na fase vapor após um longo tempo de armazenamento é

equimolar, sugerindo a utilização desta proporção para testes futuros.

Page 15: Dissertação Em Vci

15

A atuação dos ácidos carboxílicos sobre o ferro foi estudada desde a década

de 70. Mrowczynski e Szklarska-Smialowska (1975, p. 192) estudaram o efeito do

ácido caprílico dissolvido em soluções aquosas desarejadas contendo íons sulfatos

no intervalo de pH 6 - 12. Os resultados mostraram que a presença do ácido

caprílico inibe a corrosão do ferro, mas sua eficiência diminui com o aumento do pH,

além de afetar a cinética do crescimento de filmes na superfície do eletrodo. Nestas

mesmas soluções, MROWCZYNSKI e SZKLARSKA-SMIALOWSKA (1979, p. 201),

também estudaram a influência do oxigênio na inibição do ferro, e concluíram que a

capacidade inibidora dos ácidos carboxílicos na solução de Na2SO4 é causada por

uma ação sinérgica entre o oxigênio dissolvido e os ânions carboxilatos. Estes

autores mostraram que em soluções contendo íons sulfatos e ácido caprílico 0,020

mol L-1 (Figura 1), a resistência de polarização medido a partir do potencial de 0 V, é

sempre maior em soluções arejadas e com pH 6. Entretanto, em pH 12, não se

observa diferenças nos valores das resistências tanto em solução arejada como na

desarejada. Além disso, verificaram que existe uma concentração crítica para que o

ácido seja um efetivo inibidor (Figura 2).

Figura 1 – Relação entre a resistência de polarização e o potencial do eletrodo de ferro nas soluções desarejadas (curvas 1 e 2) e arejadas (curvas 1` e 2`) contendo íons sulfatos e o ácido caprílico na concentração de 0,020 mol L-1.

Fonte: Mrowczynski; Szklarska-smialowska (1979, p. 201)

Page 16: Dissertação Em Vci

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Figura 2 – Efeito do pH e concentração do ácido caprílico (em mol L-1) na taxa de corrosão do ferro em solução arejada contendo íons sulfatos.

Fonte: Mrowczynski; Szklarska-smialowska (1979, p. 201)

Forker, Reinhard e Rahner (1979) mostraram que em soluções oxigenadas,

os sais de ácidos fracos passivam o ferro somente quando o pH da solução excede

um valor crítico, denominado pHc. Este valor de pH depende do oxigênio dissolvido

na solução (CO2), da natureza do sal (pKa) e a concentração do sal do ácido fraco

(Cs). Forker, Reinhard e Rahner (1979) também mostraram que esta dependência

varia conforme equação 1:

pHc = log Cs – log CO2 + pKa – constante (1)

Posteriormente, Reinhard, Radtke e Rammelt (1992) calcularam a concentração

crítica mínima para que ocorra a passividade do ferro pelos ácidos fracos. No caso

dos caprilatos a concentração crítica é ≥ 0.010 M e o pHc ≥ 5.9 (Tabela 1). Reinhard,

Radtke e Rammelt (1992) ainda concluíram que a passivação é devida ao bloqueio

de complexos insolúveis de carboxilatos de ferro (III) que são formados nos defeitos

da camada de óxidos primários.

Page 17: Dissertação Em Vci

17

Tabela 1 – Condições para que ocorra a passivação química do ferro em soluções saturadas com ar contendo alguns ácidos carbônicos a 25°C.

Fonte: Reinhard; Radtke; Rammelt (1992) Zhu, Kelsall e Spikes (1996) estudaram a presença do ácido octanóico em

soluções fortemente alcalinas sobre o ferro com a finalidade de reduzir o atrito entre

o contato sólido-sólido. Estes autores mostraram que na presença dos íons

caprilatos (CH3(CH2)6CO2-), o pico da corrente anódica (Figura 3) depende da

adsorção do caprilato que compete com as hidroxilas, causando a formação de

octanoato de Fe (II):

Fe0 + 2CH3(CH2)6CO2- = Fe(CH3(CH2)6CO2)2 + 2e- (2)

e octanoato de Fe (III):

Fe(CH3(CH2)6CO2)2 + CH3(CH2)6CO2- = Fe(CH3(CH2)6CO2)3 + e- (3)

Análises de FTIR também mostraram que à medida que o potencial aplicado

aumenta, a queda na corrente é devido à formação destes complexos insolúveis

(ZHU; KELSALL; SPIKES, 1994).

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Figura 3 – Voltamograma cíclico para o eletrodo de ferro em NaOH 0,100 mol L-1 (linha fina) + octanoato 10-3 mol L-1 (linha espessa).

Fonte: Zhu; Kelsall; Spikes (1996)

Alguns trabalhos (JEYAPRABHA; SATHIYANARAYANAN; VENKATACHARI,

2005; LI et al. 1997) mostraram que no ferro, a presença das aminas na solução de

H2SO4 0,5 mol L-1 ocorre um efeito de inibição devido a um processo de adsorção. Li

et al (1997) sugeriram que a adsorção das aminas acontece de duas maneiras,

sendo que a primeira é uma quimissorção da amina em um átomo de nitrogênio

desprotonado (Figura 4a). O segundo mecanismo é uma adsorção resultado da

formação de ligações de hidrogênio entre o nitrogênio da amina protonada e os

óxidos existentes na superfície (Figura 4b).

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Figura 4 – Possível mecanismo de adsorção das aminas: (a) quimissorção na superfície metálica; (b) ligações de hidrogênio formando um filme passivo.

Fonte: Li et al (1997)

No entanto, Luo, Guan e Han (1998) estudando a influência das aminas sobre

o aço em soluções ácidas contendo íons cloretos, mostraram que a eficiência de

inibição destas aminas protonadas não é devido à adsorção, mas pelo ataque dos

íons cloretos na superfície. Por consequência, a aproximação das aminas por

interação eletrostática aumenta a concentração destas espécies até atingir o produto

de solubilidade ocorrendo à precipitação do sal de cloridrato orgânico (cloreto de

amina) na superfície do eletrodo. Na Figura 5 observa-se o esquema de precipitação

do íon cloreto de amina sobre a superfície do aço em soluções ácidas contendo íons

cloretos.

Figura 5 – Esquema da precipitação do cloreto de amina sobre a superfície do aço em soluções ácidas contendo íons cloretos.

Fonte: Luo; Guan; Han (1998)

Page 20: Dissertação Em Vci

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A adsorção de carboxilatos de aminas também foi estudada em meio ácido.

Szauer e Brandt (1981) estudaram oleatos de aminas em meio de H2SO4 e

concluíram que os sais tendem a adsorver quimicamente na superfície do ferro.

Além disso, devido aos grupos funcionais das aminas, os adsorvatos podem formar

ligações transversais causando interações laterais na camada protetora.

De um modo geral, estas observações concordam com o mecanismo de

proteção dos VCIs representado na Figura 6 (BASTIDAS; CANO; MORA, 2005),

onde o grupo funcional (R1), ligado ao núcleo (R0) da molécula inibidora, é

responsável pela subsequente adsorção na superfície metálica. O grupo funcional

(R2) conectado ao grupo R0, determina a espessura e a natureza protetora do filme

adsorvido formada.

Figura 6. Esquema do mecanismo de inibição dos VCIs.

Fonte: Bastidas; Cano; Mora (2005)

Atualmente, os VCIs que apresentam uma grande cadeia carbônica, pH

neutro, baixa pressão de vapor e solubilidade são os sais de caprilatos, por isto,

neste trabalho foram estudados alguns sais de caprilatos á base de aminas. As

aminas estudadas são de diferentes tamanhos e solubilidade em meio aquoso. A

Tabela 2 apresenta os inibidores e precursores dos VCIs utilizados com suas

principais características físico-químicas (LIDE, 2008).

Page 21: Dissertação Em Vci

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Tabela 2 – Características físico-químicas dos inibidores e precursores.

Nome Etanolamina Ciclohexilamina Diciclohexilamina Ácido Caprílico

Fórmula estrutural

Massa Molecular

(g mol-1

) 61,08 99,17 181,32 144,21

Pressão de vapor (mmHg)

0,2 (20°C) 10 (22°C)

23 (37,7°C) 12 (37,7°C) 1 (78°C)

Solubilidade em água

(g L-1

) Miscível Miscível < 1 0,68

pKa 9,50 10,64 ---- 4,90

Densidade (g L-1

) 1,012 (25°C) 0,867 (25°C) 0,912 (20°C) 0,910 (25°C)

Densidade de vapor (vs. ar)

2,1 3,42 6 5

Fonte: LIDE (2008)

Page 22: Dissertação Em Vci

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Baker (1954) estudou a eficiência de aminas, ácidos carboxílicos e sais de

aminas com nitritos e benzoatos. O procedimento adotado por Baker (1954) foi

suspender uma amostra de aço laminado a frio dentro de um tubo de ensaio

tampado contendo o VCI por 20 horas a 75°F. Após este tempo, o tubo era aberto

para a adição de 0,25 ml de água destilada e em seguida era fechado e armazenado

por uma semana a 150°F. No fim do teste a amostra era retirada e analisada. As

amostras foram avaliadas por estimativa da superfície total não corroída. Baker

(1954) classificou o grau de proteção dos VCIs em 5 escalas arbitrariamente: 0, 25,

50, 75 e 100%. Em seu trabalho, Baker (1954) observou que os carboxilatos de

aminas são mais eficientes quando comparados com os nitritos de aminas.

Posteriormente, a eficiência de inibição de alguns carboxilatos de aminas no

aço foi determinada por Vuorinen e Skinner (2002). Os resultados foram obtidos pelo

teste de Skinner (1993), onde a amostra metálica é exposta a uma atmosfera

corrosiva e contendo VCI por 72 horas a 33°C, após o teste as eficiências são

obtidas por perda de massa.

A Tabela 3 mostra os valores das eficiências dos VCIs obtidos por Baker

(1954) e Vuorinen e Skinner (2002). Baker (1954) considerou um VCI eficiente caso

sua inibição fosse > 50%, enquanto que Vuorinen e Skinner (2002) consideraram >

90%. Nesta Tabela estão apresentadas as eficiências dos VCIs que serão

estudados neste trabalho.

Tabela 3 – Eficiência dos VCIs obtidos por testes de câmara úmida.

VCI Baker (1954) Vuorinen e Skinner (2002) Etanolamina 75% ----

Ciclohexilamina 50% ---- Diciclohexilamina 75% ----

Ácido Caprilíco 75% ---- Caprilato de Etanolamina ---- > 90%

Caprilato de Ciclohexilamina ---- 25% Caprilato de Diciclohexilamina ---- 50%

Fonte: Baker (1954); Vuorinen; Skinner (2002)

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2.2. Curvas de polarização As curvas de polarização são utilizadas para avaliar a taxa de corrosão de

diversos materiais metálicos em contato com diferentes meios corrosivos

apresentando diferentes tipos de corrosão. A partir destas medidas determinam-se o

potencial de corrosão (ECorr), a corrente de corrosão (iCorr) e os coeficientes de Tafel,

anódicos (βa) e catódicos (βc) (SIEBERT, 1985, p. 65).

Geralmente, as curvas de polarização são obtidas varrendo-se o potencial

entre a região de sobrepotenciais negativos (ramo catódico) até a região de

sobrepotenciais positivos (ramo anódico). As curvas podem ser registradas variando-

se o potencial e registrando a corrente e vice-versa, e teoricamente são lineares

quando colocadas em gráfico semi-logarítmico. Da intersecção do potencial de

corrosão com uma ou ambas correntes anódica ou catódica, determina-se a corrente

de corrosão que permitirá calcular a velocidade de corrosão. As curvas

experimentais fornecem gráficos semi-logarítmicos que nem sempre correspondem

a uma reta devido à interferência de reações de eletrodo (SIEBERT, 1985, p. 65).

Entretanto, existem algumas limitações no método de extrapolação de Tafel

para a determinação das taxas de corrosão. Dentre essas limitações tem-se: (1) a

necessidade de pelo menos um dos ramos da curva E - log i estar sob o efeito de

polarização por ativação; (2) a corrosão precisa ser uniforme, ou seja, corrosão

generalizada; (3) a exigência de que ao menos uma das regiões de Tafel seja linear

e bem definida, i.e., extensa o suficiente para traçar uma reta com número

significativo de pontos; (4) as mudanças do potencial do eletrodo (sobrepotencial,

equação 4) durante a obtenção da curva de polarização não podem produzir

reações adicionais, além das que já ocorrem na corrosão (MCCAFFERTY, 2005, p.

3202). No entanto, dependendo da solução, do metal e do sobrepotencial catódico

aplicado, duas reações de redução podem ocorrer.

= E aplicado – E Circuito Aberto (4)

Durante a polarização anódica pode ocorrer dissolução do metal (M)

produzindo íons metálicos, enquanto que na polarização catódica, moléculas de

água (equação 5) podem ser reduzidas no catodo para formar íons OH-:

2 H2O + 2 e- H2 + 2OH- (5)

Page 24: Dissertação Em Vci

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ou, no caso de soluções aquosas arejadas ou saturadas com oxigênio, este é

completamente reduzido a OH- (equação 6), independente do pH da solução e da

concentração de Cl- (MIYATA; ASAKURA, 2002, p. 589):

2 H2O + O2 + 4e- → 4OH- (6)

A formação de OH- (equações 5 e 6) elevam os valores de pH próximo à superfície

do eletrodo de trabalho, cuja corrosão está sendo avaliada.

Miyata e Asakura (2002, p. 589), utilizando um eletrodo de disco rotatório de

Fe mostraram que em baixas velocidades de varredura (0,5 mV s-1) as polarizações

catódicas não apresentaram uma histerese significativa, mas em velocidade maiores

(100 mV s-1) observou-se histerese. Este comportamento pode ser explicado pela

formação de hidróxidos na surperficíe do eletrodo conforme a reação (DÍEZ-PÉREZ

et al., 2001):

M0 + 2OH- M(OH)2 (s) + 2e- (7)

Page 25: Dissertação Em Vci

25

2.3. Aço CFF (Chapa Fina laminada a Frio) 2.3.1. Composições químicas da superfície do ferro

As espécies formadas na superfície do eletrodo variam diretamente com o pH.

A partir dos diagramas de Pourbaix, (Figura 7), cujo gráfico Eh – pH, representa as

possíveis espécies em equilíbrio num sistema eletroquímico. (REFAIT; GÉNIN,

1993, p. 797). Refait e Génin (1993, p. 797) mostraram que a oxidação de um

precipitado de hidróxido de ferro na presença de excesso de cloreto ferroso

dissolvido leva à obtenção de uma ferrugem verde (GR1), cuja fórmula é: 3 Fe(OH)2

• Fe(OH)2Cl.nH2O, e, portanto, contém um íon Fe3+ para um íon Cl-. Esta relação

sugere que a oxidação de Fe2+ para Fe3+ é influênciada pela presença do íon

cloreto.

Refait e Génin (1993, p. 797) ainda notaram que quando a razão (R) entre Cl-

/OH- é de aproximadamente 1,143, a reação de formação de GR1 é dada pela

equação:

7Fe(OH)2 + Fe2+ + 2Cl- + ½O2 + (2n + 1)H2O 2[3Fe(OH)2 • Fe(OH)2Cl• nH2O] (8)

Para valores de R > 1,75, o hidróxido inicial é um hidróxido ferroso contendo cloreto,

provavelmente 2Fe(OH)2 • FeOHCl, que também será transformado em GR1.

Porém, além de lepidocrocita (γ-FeOOH), algumas goethita (α-FeOOH) e akageneite

(β-FeOOH) aparecem na composição final com o aumento da razão (R). Além disso,

as variações de pH na presença do oxigênio são fatores importantes na obtenção da

taxa de corrosão do ferro. Mrowczynski e Szklarska-Smialowska (1979, p. 201)

mostraram o comportamento da taxa de corrosão do ferro imerso em soluções com

diferentes aerações em função do pH (Figura 8), e notaram que a taxa de corrosão

na presença de oxigênio é elevada até cerca do pH 11, quando a taxa de corrosão

diminuiu acentuadamente devido à formação de óxidos e hidróxidos de ferro na

superfície. A presença destes compostos podem causar diferentes interpretações

dos parâmetros de Tafel.

Page 26: Dissertação Em Vci

26

Figura 7 – Diagrama de equilíbrio Eh – pH a 25°C, com [Cl-] = 0,35 mol L-1 para o sistema Fe - GR1 - γ-FeOOH – H2O – Cl-. Onde GR1= Fe4(OH)8Cl-.

Fonte: Refait; Génin (1993, p. 797).

Figura 8 – Taxa de corrosão do ferro em soluções contendo íons sulfatos em função do pH e concentração de oxigênio.

Fonte: Mrowczynski; Szklarska-Smialowska (1979, p. 201)

Page 27: Dissertação Em Vci

27

2.3.2. Reações de Redução

Jovancicevic e Bockris (1986, p. 1797) estudaram o mecanismo de redução

do oxigênio num eletrodo de disco rotatório sobre o ferro em solução neutra e

concluíram que a taxa dessa reação sobre ferro passivado é maior que em ferro

puro. Além disso, a redução do oxigênio no ferro puro ocorre por um mecanismo que

envolve 4e- com formação de pequena quantidade de H2O2. No entanto, sobre uma

superfície passiva, a reação envolve 2e- com geração de H2O2. Zecevic, Drazic e

Gojkovic (1989), mostraram nestas mesmas condições, histereses significativas nas

curvas de polarização, devido às mudanças que ocorrem na camada de

óxidos/hidróxidos de ferro devido à formação durante a varredura de potencial a

partir da reação de redução do oxigênio.

Wroblowa e Qaderi (1990, p. 231) estudaram a redução de oxigênio sobre

aço em solução alcalina (NaOH 1 mol L-1) e os resultados obtidos sugeriram que na

região de potencial negativo vs. o eletrodo reversível de hidrogênio (RHE), o único

produto da reação de redução são os íons OH- gerados através de uma série de

mecanismos. Esta geração de OH- pode alterar o pH próximo a superfície do

eletrodo, afetando assim a redução de O2. Gojkovic, Zecevic e Drazic (1994)

mostraram que a redução do O2 pode ser afetada em solução com pH > 11, pois a

partir deste valor as propriedades acido-base do filme passivo mudam e o Fe(OH)2 é

transformado em FeOOH- diminuindo a cinética de redução do O2, já que um dos

sítios da reação é o Fe(II)ox e Fe(III)ox.

A redução de oxigênio também é afetada pela presença dos íons cloretos,

pois estes se adsorvem sobre o ferro diminuindo assim a interação das moléculas de

O2 na superfície do eletrodo (LI et al., 2010). Porém, em soluções não tamponadas e

com pH < 10, as variações de pH e a presença dos íons cloretos não afetam a

corrente catódica (MIYATA; ASAKURA, 2002, p. 589). Cáceres, Vargas e Herrera

(2009) observaram nas curvas de polarização com baixa concentração dos íons

cloretos (0,02 – 0,1 mol L-1) um aumento inicial da taxa de corrosão conforme o

aumento do tamanho dos pites. Após cerca de 3 horas, a taxa atinge um máximo e

começa a diminuir devido à formação de um filme de óxidos cobrindo a superfície e

dificultando a difusão do oxigênio.

Muitos estudos feitos com o eletrodo de ferro em solução tampão borato

comprovaram que a composição do filme de óxidos/hidróxidos pode mudar conforme

Page 28: Dissertação Em Vci

28

o pH da solução (VELA; VILCHE; ARVIA, 1986; LI; CAI; LUO, 2004; DÍEZ-PÉREZ et

al., 2001; SHIMUKI et al., 1996; RUBM, 1993). A solução tampão estabiliza

rapidamente a superfície do ferro devido à formação de um filme fino e compacto de

óxidos/hidróxidos (DÍEZ-PÉREZ et al., 2001).

Díez-Pérez et al. (2001) estudaram o crescimento do filme de hidróxidos e

óxidos no eletrodo de ferro imerso nas soluções tampão borato de pH 7,5 e 8,4 por

voltametria cíclica (Figura 9). Neste voltamograma, o pico I está relacionado com a

dissolução do ferro por meio das reações 9 e 10:

Figura 9 – Voltamograma cíclico do eletrodo de ferro imerso nas soluções tampão borato de pH 7,5 (linha contínua) e 8,4 (linha pontilhada). v = 5 mV s-1.

Fonte: Díez-Pérez et al. (2001)

Fe0(s) Fe2+ + 2e- (9)

Fe0(s) + 2OH-

(aq) Fe(OH)2(s) + 2e- (10)

O processo de oxidação subsequente (pico IIa) e o correspondente processo

de redução (pico IIa`) estão relacionados com a formação de hidróxidos de ferro (III)

descrita pela reação 11:

Page 29: Dissertação Em Vci

29

Fe2+(aq) + 3OH-

(aq) Fe(OH)3(s) + 1e- (11)

O pico IIb e sua redução associada (pico IIb`) correspondem à oxidação dos

óxidos/hidróxidos de ferro (II) formados no primeiro estágio de passivação, para um

filme de óxidos de ferro (II) e ferro (III) como descrito na reação 12:

5FeO(s) + 2H2O Fe3O4/Fe2O3(s) + 4H+ + 4e- (12)

A composição final do filme de óxidos de ferro na região III contém

principalmente íons Fe3+ com cerca de 7% de Fe2+ dependendo do potencial

aplicado. Díez-Pérez et al. (2001) apresentaram também um modelo esquemático

do crescimento do filme de hidróxidos de ferro (II) com o potencial aplicado (Figura

10). Nota-se que na Figura 10a a superfície do eletrodo é livre de óxidos e

hidróxidos de ferro, esta observação já havia sido comprovada por Jovancicevic et

al. (1987) que comprovaram que para a redução completa dos óxidos/hidróxidos de

ferro para Fe0 é necessário aplicar um potencial catódico em torno de -0,97 V numa

solução de tampão borato pH 8,4.

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30

Figura 10 – Esquema do crescimento do filme de hidróxidos de ferro (II) com o potencial aplicado versus Ag|AgCl|KClsat..

Fonte: Díez-Pérez et al. (2001)

Page 31: Dissertação Em Vci

31

2.4. Eletrodo de W/WOx para medida de pH local. Na literatura (VONAU; GUTH, 2006, p. 746) encontra-se vários sensores de

pH preparados para medir as variações da concentração hidrogeniônica, muitas

vezes localizadas em microambientes, utilizando fios ou nanofios de metais/óxidos

metálicos ou não metais com seus respectivos óxidos. Dentre os metais o que tem

sido mais utilizado é o tungstênio/óxido de tungstênio. O eletrodo de

tungstênio/óxido de tunsgstênio se comporta conforme a equação de Nernst no

intervalo de pH 2-11 (WAKKAD; RIZK; EBAID, 1955; LUO; LU; IVES, 1992; TADA;

SUWARA; KANEKO, 2004; PASTI; LAZAREVIC-PASTI; MENTUS, 2012).

Os eletrodos de óxido de tungstênio podem ser preparados a partir da

oxidação do fio de tungstênio ao ar em temperaturas elevadas, por oxidação em

ácido nítrico, por anodização a potencial ou corrente controlada, ou por varredura

potenciodinâmica, etc. O óxido de tungstênio formado sobre o próprio tungstênio ou

sobre outro substrato metálico é montado em microcapilares de vidro ou empregado

diretamente na forma em que foi preparado para ser utilizado de forma fixa.

Os diagramas do potencial do eletrodo de W/WOx e o pH foi proposto por

Pourbaix (1974, p.406), que apresentou os potenciais e as reações de equilíbrio

para o tungstênio e seus óxidos:

W + 2H2O WO2 + 4H+ + 4e- (13)

EWO2 / W = -0,119 – 0,0591 pH (14)

2WO2 + H2O W2O5 + 2H+ + 2e- (15)

E W2O5/ WO2 = -0,031 -0,0591 pH (16)

W2O5 + H2O 2WO3 + 2H+ + 2e- (17)

EWO3/ W2O5 = -0,029 -0,0591 pH (18)

Independentemente das reações descritas para o tungstênio e seus óxidos, o

potencial de equilíbrio apresenta uma relação linear com o pH, pois o íon H+ está

envolvido em todas as etapas. No entanto, em alguns casos observam-se diferenças

na linearidade, provavelmente devido às diferenças na preparação do eletrodo de

tungstênio (WAKKAD; RIZK; EBAID, 1955; LUO; LU; IVES, 1992; TADA; SUWARA;

KANEKO, 2004; PASTI; LAZAREVIC-PASTI; MENTUS, 2012).

Page 32: Dissertação Em Vci

32

A preparação do eletrodo W/WOx é uma etapa importante na obtenção da

linearidade do potencial com o pH. Pašti et al. (2012) estudaram a linearidade desse

eletrodo preparando de 4 diferentes formas de crescimento dos óxidos e concluíram

que os óxidos obtidos por meio da voltametria cíclica forneceram os melhores

resultados. O eletrodo preparado por varredura potenciodinâmica para o

crescimento do óxido de tungstênio produziu o eletrodo mais estável com resposta

linear no intervalo de pH 3-10. O pré-tratamento realizado com varredura de

potencial no eletrodo de W/WOx foi aplicado com bons resultados (TORRESI et al.,

1991).

Page 33: Dissertação Em Vci

33

3. OBJETIVOS Estudar a eficiência de compostos inibidores voláteis de corrosão (VCI)

empregando técnicas eletroquímicas convencionais como curvas de polarização

(CP) e impedância eletroquímica (EIS) e comparar com alguns resultados de

câmara úmida da literatura.

Específicos - Desenvolver ou adaptar metodologias em testes eletroquímicos

convencionais a corrosão do aço CFF em meio de cloretos e VCIs capazes de

reproduzir as condições de armazenamento e transporte das peças na presença do

VCI;

- Estudar o efeito dos sobrepotenciais catódico e anódico no valor do pH local

próximo à superfície da amostra e também na determinação dos parâmetros

eletroquímicos.

- Verificar o efeito dos diferentes tipos de VCI (etanolamina, ciclohexilamina,

diciclohexilamina e seus respectivos sais à base de caprilato) no aço CFF.

Page 34: Dissertação Em Vci

34

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Os estudos eletroquímicos foram feitos numa chapa fina de aço laminada a

frio (CFF) de 2x2 cm2 com a composição: C: 0,0043; Mn: 0,31; S: 0,017; Si: 0,015 e

Al: 0,006 % m/m. As chapas foram polidas com lixas 600 e 1200, seguida de limpeza

no ultrassom com isopropanol durante 5 minutos.

As medidas eletroquímica foram feitas numa célula de vidro com tampa de

PTFE e na base continha um anel de Viton, expondo uma área à solução de 1 cm2.

Todas as medidas foram relacionadas com esta área geométrica. Como eletrodo

auxiliar foi usado uma rede de platina de grande área soldada em vidro. Os

potenciais foram medidos em relação ao eletrodo de referência de Ag/AgCl/KClsat

inserido num capilar de Luggin.

O valor do pH da solução próximo à superfície (cerca de 2 mm) da placa de

aço (pH local) foi obtido a partir da medida do potencial do eletrodo W/WOx (Alfa

Aesar, 99,99%) versus Ag/AgCl/KClsat.. O eletrodo de W/WOx foi preparado a partir

de um disco de tungstênio de 0,25 mm soldado em tubo de vidro de 5 mm, polido

com lixa 1200, seguido de 100 ciclos de anodização potenciodinâmica entre -0,5 V

a 1,2 V (Ag/AgCl/KClsat.) a 50 mV s-1, em H2SO4 0,5 mol L-1 (PASTI; LAZAREVIC-

PASTI; MENTUS, 2012).

As soluções empregadas na obtenção da curva de pH versus potencial do

eletrodo de W/WOx foram: H3BO3 ajustado com HCl (pH 3,4); H3BO3 (pH 4,8); NaCl

0,1 mol L-1 (pH 6,3); H3BO3 + Na2B4O7 (pH 6,9 e pH 8,4); Na2B4O7 (pH 9,2) e

Na2B4O7 ajustado com NaOH (pH 11,0 e pH 12,7). Todas as soluções continham

NaCl 0,1 mol L-1. O eletrodo de W/WOx foi calibrado antes de cada medida de pH

local.

As curvas de polarização foram obtidas em soluções aquosas de NaCl 0,1

mol L-1 (pH 6,3) ou H3BO3 0,35 mol L-1 + Na2B4O7 0,0375 mol L-1 (Tampão Borato -

TB) + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7). Antes das medidas das curvas de polarização foi

registrado o potencial de circuito aberto (ECA) durante 60 min. Nas curvas de

polarização foram aplicados diferentes sobrepotenciais iniciais (ηcat) variando entre -

0,05 V; -0,1 V; -0,2 V; -0,3 V; -0,4 V e -0,5 V vs. ECA até +0,4 V(ηfinal) vs. ECA a 0,17

mV s-1. Nas curvas de polarização com medidas de pH local foram empregados 2

eletrodos de referência, sendo um para cada medida para isolar as impedâncias do

voltímetro e potenciostato.

Page 35: Dissertação Em Vci

35

O ferro dissolvido durante as curvas de polarização foi analisado por

espectrometria de absorção atômica. A concentração dos íons Fe(II) foi

determinado, coletando 0,5 ml de solução próximo à superfície do eletrodo nos

potenciais de: -0,85; -0,72; -0,60; -0,40; -0,29 e -0,10 V vs. Ag/AgCl/KClsat..

Os VCIs utilizados foram etanolamina (ETA), ciclohexilamina (CHA),

diciclohexilamina (DCHA), ácido caprílico (H-CAP), caprilato de etanolamina (ETA-

CAP), caprilato de ciclohexilamina (CHA-CAP) e caprilato de diciclohexilamina

(DCHA-CAP). A procedência dos reagentes foram todas da Sigma Aldrich de

qualidade P.A. Os sais foram preparados pela reação do ácido caprílico (H-CAP)

com etanolamina (ETA), Ciclohexilamina (CHA) ou Diciclohexilamina (DCHA), na

proporção 1:1 dissolvidos em etanol à temperatura ambiente e secos a 50°C.

A concentração da maioria dos inibidores nas soluções de NaCl e TB + NaCl

foi de 0,020 mol L-1 e 0,100 mol L-1. Contudo, nestas soluções a diciclohexilamina

(DCHA) e o ácido caprílico (H-CAP) não se dissolvem em concentrações maiores

que cerca de 0,005 mol L-1. Em concentrações maiores as soluções ficam turvas. A

dissolução dos inibidores na solução de NaCl altera o valor do pH da solução, isto é,

aumenta na etanolamina (ETA), ciclohexilamina (CHA) e diciclohexilamina (DCHA) e

diminui na solução de H-CAP. A dissolução dos inibidores na solução tampão (TB)

também altera o pH da solução, mas o pH foi ajustado com ácido bórico ou hidróxido

de sódio até o valor de pH 6,7.

As curvas de polarização e os espectros de impedância eletroquímica foram

obtidos num potenciostato EG&G \ PAR 283 e FRA Solartron 1255 controlado pelo

programa PowerSuite (medidas de circuito aberto e curvas de polarização) e M398

(EIS), ambos da EG&G PAR. Os valores de potencial para determinação do pH local

foram medidos num multímetro digital HP 34401A com impedância de entrada >

1010 .

As medidas no modo ZRA (zero resistance ammeter) dos valores de corrente

com resistência nula e potencial de circuito aberto simultaneamente foram feitos no

potenciostato EG&G\PAR com o programa PowerSuite. Nesta medida, foi

empregado como referência, um eletrodo de Ag/AgCl/KClsat. e a medida de corrente

foi feita entre os eletrodos de trabalhos e o terra do potenciostato conectado no

eletrodo de disco de Pt com diâmetro de 1 mm .

O estudo da influência dos inibidores foi feito na seguinte ordem: (a) medidas

do potencial de circuito aberto (ECA) por 3 horas; (b) obtenção dos espectros de

Page 36: Dissertação Em Vci

36

impedância eletroquímica aplicando uma amplitude senoidal de 10 mV (rms) sobre o

valor de ECA, partindo de 100 kHz a 10 mHz com 10 pontos por década de

frequência. Os dados de impedância eletroquímica (EIS - Electrochemical

Impedance Spectroscopy) foram tratados com o programa BOUKAMP (1989). A

representação dos diagramas foram plotados de diferentes maneiras: A) Nyquist:

Zreal = f (–Zimag), B) Admitância: Yreal = f (Yimag), C) Bode: módulo da impedância

imaginária (|Zimag|) = f (log f), D) Bode: módulo da impedância (|Z|) = f (log f) e E)

Bode: ângulo de fase = f (log f); (c) A polarização linear (PL) foi realizada aplicando-

se um sobrepotencial de -15 a +15 mV/ECA, a 0,17 mV s-1; (d) Polarização cíclica

potenciodinâmica (CPP - Cyclic Potentiodynamic Polarization) com aplicação de ηcat

= -0,1 V e velocidade de 0,17 mV s-1 até a densidade de corrente anódica atingir 5

mA cm-2, quando o sentido da varredura foi invertido até chegar ao valor do potencial

inicial.

Em todas as medidas realizadas em solução tampão (pH 6,7) foi feito um pré-

tratamento aplicando um potencial de -0,9 V (Ag/AgCl/KClsat.) para a remoção dos

óxidos e hidróxidos da superfície (JOVANCICEVIC et al., 1987).

Page 37: Dissertação Em Vci

37

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Efeito do sobrepotencial catódico

A Figura 11A mostra que o potencial do eletrodo W/WOx medido em

diferentes soluções cujos valores de pH estabilizam em torno de 16 min. Na solução

de pH 6,3, o potencial foi de -0,2 V vs. Ag|AgCl|KClsat. 3 mol L-1, próximo do valor da

literatura (TADA; SUWARA; KANEKO, 2004). A curva de padronização (Figura 11B)

do eletrodo W/WOx mostra uma relação linear do potencial com o pH para 3,4 pH

12,7. Este comportamento permaneceu praticamente constante durante todas as

medidas de pH local, inclusive com adição de inibidores.

O potencial de circuito aberto (ECA) do eletrodo de aço (Figura 12A) logo após

a imersão em NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) começa em torno de -0,65 V e decresce para

cerca de -0,68 V. A Figura 12B mostra que o pH local aumenta até um valor

aproximado de 10,5. Isto indica que o cloreto ataca a superfície do aço contendo um

filme inicial de óxidos/hidróxidos, e, posteriormente, forma um filme poroso de

hidróxidos e cloretos que expõe a superfície do aço, diminuindo o potencial do

eletrodo. Na solução TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7), foi medido um pH local = 6,5 e

permaneceu estável em função do tempo (Figura 12B). Nesta solução tampão, o

potencial inicial é menor do que na solução de NaCl e aumenta com o tempo até um

valor constante em torno de -0,68 V, semelhante ao da solução de NaCl a partir de

30 minutos. O menor valor do potencial do aço na solução tampão é causado pela

redução catódica do filme de óxidos/hidróxidos em -0,9 V.

Page 38: Dissertação Em Vci

38

Figura 11 – (A) Variação do potencial do eletrodo de W/WOx em soluções com diferentes valores de pH contendo 0,1 mol L-1 NaCl e (B) Padronização do potencial vs. pH.

0 4 8 12 16-0.6

-0.4

-0.2

0.0A)

t / min

E W /

WO

x / V

vs.

Ag|

AgC

l| K

Cl 3

mol

L-1

3,4

4,8

6,3

6,9

8,49,2

11,0

12,7

pH

3 6 9 12-0.60

-0.45

-0.30

-0.15

0.00

E W /

WO

x / V

vs. A

g|Ag

Cl|

KCl 3

mol

L-1

pH

EW / WOx = 0,029 V- 0,045pH

r2=0,9970

B)

Fonte: Autor (2014)

Page 39: Dissertação Em Vci

39

Figura 12 – (A) ECA do eletrodo de aço em NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) e (B) Variação do pH local durante a medida do ECA.

0 15 30 45 60-0.700

-0.675

-0.650

-0.625

-0.600

E /

V v

s. A

g|A

gCl|

KC

l 3 m

ol L

-1

NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7)

t / min

A)X Axis Title

0 15 30 45 600

2

4

6

8

10

12

14 NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7)

pH lo

cal

t / min

B)

0 2 4 6 8 10

Fonte: Autor (2014)

De acordo com Kim e Pyun (1996, p. 1093), na superfície do ferro ocorre

adsorção da água formando um filme de FeOH(ad) (equações de 19 a 23).

Fe0 + H2O ↔ Fe.H2O(ad) (19)

A reação da equação (19) pode ser seguida por uma destas duas etapas:

Page 40: Dissertação Em Vci

40

Fe.H2O(ad) ↔ Fe.OH(ad) + H+ + e- (20)

ou

Fe.H2O(ad) ↔ Fe.OH-(ad) + H+ (21)

e

Fe.OH-(ad) ↔ FeOH(ad) + e- (22)

Dependendo do sobrepotencial anódico e o pH da solução, a espécie FeOH(ad) pode

ser dissolvida na solução:

FeOH(ad) → FeOH+(aq) + e- (23)

FeOH+(aq) + H+ → Fe2+ + H2O (23a)

ou crescimento do filme de óxidos (AMARAL; MARTINI; MULLER, 2001):

Fe(OH)(ad) + OH-(aq) ↔ Fe(OH)2 + e- (24)

e

3Fe(OH)2 → Fe3O4 + 2H2O + 2H+ + 2e- (25)

Contudo, na presença de cloretos, este compete com a água e íons OH- e se

adsorve na superfície do ferro formando FeCl(ad), levando à espécies solúveis de

FeCl+(aq) (equações 26 e 27).

Fe0 + Cl- ↔ FeCl(ad) + e- (26)

e

FeCl(ad) ↔ FeCl+(aq) + e- (27)

MacFarlane e Smedley (1986, p. 2240) admitiram que para baixos

sobrepotenciais, a velocidade de dissolução do ferro é acelerada pelos íons cloreto e

hidróxidos com um coeficiente de Tafel de 0,075 V / déc, conforme o mecanismo:

Fe.H2O + Cl- = [FeClOH]-(ad) + H+ + e- (28)

[FeClOH]-(ad) FeClOH + e- (29)

FeClOH + H+ Fe2+ + Cl- + H2O (30)

Page 41: Dissertação Em Vci

41

Aplicando elevados sobrepotenciais, a velocidade depende dos íons

hidroxilas e o valor do coeficiente de Tafel diminui para 0,040 V / déc. Neste caso, o

mecanismo predominante é o mesmo encontrado nas reações 20 a 25.

A Figura 13A mostra as curvas de polarização do aço em NaCl 0,1 mol L-1

aplicando diferentes sobrepotenciais catódicos iniciais (cat,). O processo de redução

do oxigênio é termodinamicamente favorecido nos potenciais próximos ao de

corrosão do aço e, portanto, nessas soluções o coeficiente de Tafel catódico deve

estar relacionado com a redução de oxigênio em meio aquoso. A formação de OH-

(equações 5 e 6) próximo à superfície do eletrodo eleva os valores de pH e por isso,

nestas curvas observa-se que o aumento do valor de cat, até -0,50 V desloca o

potencial de corrosão para valores mais negativos em relação ao potencial de

circuito aberto. No entanto, as curvas de polarização não dependem tanto do cat

inicial para a solução tampão (Figura 13B). Isso indica que na solução tampão não

há alterações significativas nos valores de pH local, concordando com a evolução do

ECA com o tempo (Figura 12A).

O deslocamento do ECorr (Figura 13A) pode ser causado pela remoção do

filme de óxidos/hidróxidos durante a varredura de potenciais na região de

sobrepotenciais negativos (JOVANCICEVIC et al., 1987) e também devido à

geração de bolhas de H2, proveniente da reação de redução da água que

contribuem para o destacamento do filme. Além disso, aplicando cat de -0,5 a -0,4 V

verifica-se também que a corrente anódica não aumenta conforme o potencial

aplicado, chegando a diminuir para cat, de -0,50 V. Isso sugere a formação de um

filme que passiva o eletrodo numa etapa inicial e o filme de óxidos naturalmente

formado é removido e posteriormente com a evolução de hidrogênio e a ocorrência

das reações (5) e (6) aumenta o pH local. Durante a oxidação, ocorre a formação de

um filme de hidróxido na superfície o que bloqueia parcialmente a superfície do

eletrodo, diminuindo a corrente anódica. Essa hipótese é confirmada com a medida

do pH local.

Page 42: Dissertação Em Vci

42

Figura 13 – Curvas de polarização do aço, aplicando diferentes sobrepotenciais iniciais. v = 0,17 mV s-1. A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7).

-1.25 -1.00 -0.75 -0.50 -0.25-8

-7

-6

-5

-4

-3

log

( i /

A cm

-2)

E / V

cat.

-0,050 V -0,100 V -0,200 V -0,300 V -0,400 V -0,500 V

A)

-1.25 -1.00 -0.75 -0.50 -0.25-8

-7

-6

-5

-4

-3

log

(i / A

cm

-2)

E / V

cát. -0,050 V -0,100 V -0,200 V -0,300 V -0,400 V -0,500 V

B)0 2 4 6 8 10

Fonte: Autor (2014)

Page 43: Dissertação Em Vci

43

Na Figura 13B observa-se entre os sobrepotenciais catódicos (cat) de -0,05 a

-0,50 V que as curvas de polarização são praticamente constantes, ao contrário do

observado em NaCl 0,1 mol L-1 cujas curvas se deslocam para valores mais

negativos com o aumento do sobrepotencial catódico. Para a solução tampão

borato, este fato deve estar relacionado com o efeito tampão que neutraliza os íons

OH- formados durante a descarga da água ou redução de oxigênio.

A Figura 14A mostra a variação do pH local com o potencial partindo de

diferentes valores de sobrepotencial catódicos. Com o aumento do sobrepotencial

catódico se observa que o pH local da solução de NaCl 0,1 mol L-1 aumenta

bastante devido à geração de hidroxilas nas adjacências da superfície do aço. A

dissolução do aço na presença de hidroxilas causa o crescimento de filmes de

hidróxidos-cloretos de ferro que precipitam causando o bloqueio parcial da superfície

do eletrodo. Entretanto, na solução tampão ocorreu um pequeno aumento no valor

do pH local de 8 para 9, quando cat variou de -0,40 V para -0,50 V. Isto significa

que a solução tampão não consegue manter o pH local aplicando elevados

sobrepotenciais catódicos.

Na Figura 14A observa-se para o aço em NaCl 0,1 mol L-1 que na varredura

anódica a partir de -0,60 V, o pH local diminui bruscamente tornando a superfície

com características ácidas. A Figura 15 mostra o valor do pH local e da

concentração de ferro durante a curva de polarização entre os potenciais de -0,9 a -

0,3 V. Nesta figura verifica-se que o pH local diminuiu devido ao aumento da

concentração de íons Fe proveniente da dissolução do aço, que na presença de

cloretos forma Fe2+ gerando íons H+ (equações 28, 29 e 30).

Page 44: Dissertação Em Vci

44

Figura 14 – Variação do pH local do eletrodo de aço durante as curvas de polarização aplicando diferentes sobrepotenciais iniciais. A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7).

-1.25 -1.00 -0.75 -0.50 -0.250

2

4

6

8

10

12

14

pH lo

cal

E / V

cat.

-0,050 V -0,100 V -0,200 V -0,300 V -0,400 V -0,500 V

A)

-1.25 -1.00 -0.75 -0.50 -0.250

2

4

6

8

10

12

14

pH lo

cal

E / V

cát. -0,050 V -0,100 V -0,200 V -0,300 V -0,400 V -0,500 V

B)

Fonte: Autor (2014)

Page 45: Dissertação Em Vci

45

Figura 15 – Variação do pH local e concentração do ferro próximo a superfície do aço, medido durante a curva de polarização do aço em solução de NaCl 0,1 mol L-1.

-0.90 -0.75 -0.60 -0.45 -0.300

2

4

6

8

10

12

14pH

loca

l

E / V vs. Ag|AgCl| KCl 3 mol L-1

pH local

0

100

200

300

400[Fe]

Con

cent

raçã

o / m

g L-1

Fonte: Autor (2014)

Na Tabela 4 observa-se os parâmetros cinéticos obtidos das curvas de

polarização para o eletrodo de aço para as soluções de NaCl e TB. Nesta Tabela, os

coeficientes de Tafel anódicos (βa) para o aço em NaCl 0,1 mol L-1, variaram entre

0,06 a 0,07 V dec-1 quando os valores de cat aplicados foram de -0,05 a -0,2 V.

Entretanto, aumentando os valores de cat, para -0,30, -0,40 e -0,50 V não foi

possível obter o βa devido à formação de um filme de hidróxidos de ferro na

superfície, cuja natureza varia com o aumento do sobrepotencial catódico inicial,

dificultando a determinação deste parâmetro. Um potencial mais negativo inicial

deve reduzir o filme de óxido formado naturalmente e, portanto, gerando mais

hidroxilas pela redução da água, o que facilita a formação do filme de

óxidos/hidróxidos no ramo anódico, alterando o coeficiente de Tafel anódico. Neste

caso, as extrapolações de Tafel para obtenção dos parâmetros foram feitos somente

a partir da extrapolação do ramo catódico.

Na Tabela 4 e Figura 16 verifica-se que com o aumento do sobrepotencial

catódico ocorreu uma grande variação nos valores dos coeficientes de Tafel

Page 46: Dissertação Em Vci

46

catódicos (c) de -0,12 a -0,59 V déc-1. A variação no coeficiente de Tafel catódico

pode estar associada principalmente ao transporte e redução de oxigênio em meio

aquoso (JOVANCICEVIC; BOCKIRS, 1986, p. 1797) sobre o filme de óxido/hidróxido

contendo cloretos cuja natureza está variando conforme sobrepotencial catódico

inicial aplicado, o que levaria a um aumento do coeficiente de Tafel catódico.

Em geral, os mecanismos de redução de oxigênio sobre superfícies passivas

de ferro sugerem a formação de peróxido (redução via formação de H2O2) com

coeficiente de Tafel catódico próximo a 0,08 V dec-1 (GOJKOVIC; ZECEVIC;

DRAZIC, 1994). A taxa de redução do oxigênio é maior em superfícies passivadas

do que na livre de óxidos (JOVANCICEVIC; BOCKIRS, 1986, p. 1797). Para

soluções contendo cloretos, o coeficiente de Tafel catódico é em torno de 0,13 V

dec-1 (MIYATA; ASAKURA, 2002, p. 589). Entre cat. = -0,30 e -0,50 V, ocorre a

redução do óxido, além da redução da água (equação 5) com geração de OH-

causando a formação de uma camada de hidróxidos e cloretos, além da geração de

bolhas de H2 que diminui a solubilidade local de oxigênio resultando num valor de c

mais elevado (> 0,40 V déc-1) devido à lenta difusão do oxigênio até a superfície do

eletrodo.

Page 47: Dissertação Em Vci

47

Tabela 4 – Parâmetros das curvas de polarização do aço iniciando em diferentes sobrepotenciais catódicos. A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7).

ηcat

-0,05 V -0,10 V -0,20 V -0,30 V -0,40 V -0,50 V

A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3)

ECA / V -0,68 -0,67 -0,67 -0,68 -0,68 -0,67

ECorr / V -0,68 -0,68 -0,68 -0,76 -0,80 -0,84

iCorr / µA cm-2 9 9 4 7 10 13

βa / V dec-1 0,06 0,07 0,06 ---- ---- ----

βc / V dec-1 -0,12 -0,20 -0,18 -0,27 -0,38 -0,59

B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7)

ECA / V -0,68 -0,68 -0,68 -0,68 -0,68 -0,68

ECorr / V -0,68 -0,68 -0,68 -0,70 -0,71 -0,71

iCorr / µA cm-2 10 17 15 7 7 10

βa / V dec-1 0,08 0,11 0,11 0,10 0,10 0,11

βc / V dec-1 -0,08 -0,15 -0,14 -0,11 -0,13 -0,13

Fonte: Autor (2014)

Page 48: Dissertação Em Vci

48

Na solução tampão, os coeficientes de Tafel anódico para o eletrodo de aço

variam pouco com o sobrepotencial catódico inicial aplicado e o valor médio de a =

0,10 0,01 V dec-1. Nesta solução tampão, a produção de hidroxilas durante a

descarga da água é neutralizada pelo efeito tampão da solução e, com isso não

influencia significativamente nos parâmetros das curvas de Tafel. O processo

catódico que ocorre próximo ao potencial de corrosão deve ser preponderantemente

devido à redução de oxigênio sobre uma superfície de ferro com uma camada fina

de hidróxidos. A Figura 16 mostra que na solução tampão contendo cloretos existe

uma pequena variação nos valores de c com o sobrepotencial catódico cujo valor

médio nos coeficientes de Tafel catódico foi de c = -0,13 0,02 V dec-1. Estes

valores concordam com o da literatura (LI et al, 2010).

Figura 16 – Variação do c obtidos aplicando-se diferentes sobrepotenciais iniciais.

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50.00

0.15

0.30

0.45

0.60 NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7)

c /

V dé

c-1

-cat. / V Fonte: Autor (2014)

A Figura 17 mostra o comportamento da corrente de corrosão (iCorr) do aço

imerso na soluções de NaCl 0,1 mol L-1 e TB + NaCl 0,1 mol L-1. Na solução de

NaCl, a corrente de corrosão medida em baixos sobrepotenciais catódicos (-0,05 a -

Page 49: Dissertação Em Vci

49

0,20 V foi menor que a medida em TB + NaCl devido à formação em circuito aberto

de um filme de hidróxidos/cloretos de ferro pelo ataque dos cloretos e redução do

oxigênio dissolvido na água gerando hidroxilas (equação 6). Na solução tampão, a

espessura do filme de óxidos/hidróxidos na superfície do aço será menor devido ao

pequeno aumento do pH local, diminuindo a formação das hidroxilas. Devido a este

fato, a superfície do aço estará mais exposta ao ataque dos cloretos, causando

aumento na corrente. Aumentando os sobrepotenciais catódicos para -0,30 a -0.50

V, na solução de NaCl, a maior geração de H2 pode levar ao destacamento do filme

de hidróxidos facilitando o ataque do cloreto na superfície do aço, causando

aumento da corrente. Neste mesmo intervalo de elevados sobrepotenciais catódicos

na solução tampão, a diminuição da corrente é causada pela formação de um filme

de hidróxidos gerados pelo excesso de íons OH- formados na redução da água e

que ultrapassam a capacidade da solução tampão.

Figura 17 – Variação da iCorr obtidos aplicando-se diferentes sobrepotenciais iniciais.

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

4

8

12

16

20

NaCl 0.100 M (pH 6.3) TB + NaCl 0.100 M (pH 6.7)

i Cor

r / A

cm

-2

cat. / V Fonte: Autor (2014)

Page 50: Dissertação Em Vci

50

Na Figura 18 verifica-se que os valores da diferença ECA - ECorr obtidos das

curvas de polarização do aço em solução tampão são praticamente constantes até o

sobrepotencial inicial de -0,20 V e depois aumentam em cerca 0,030 V aplicando

sobrepotencial catódico de -0,50 V. Na solução de NaCl 0,1 mol L-1, a variação de

ECA - ECorr aumenta bastante a partir do sobrepotencial catódico de -0,30 V

chegando a uma diferença de 0,170 V em cat = -0,50 V. Aplicando sobrepotenciais

bastante elevados na região da redução catódica da água, a geração de grande

quantidade de bolhas de hidrogênio, remove o filme de hidróxidos e expõe a

superfície ao ataque dos cloretos levando o potencial de corrosão para valores mais

negativos.

Figura 18 – Variação da diferença entre os potencias de circuito aberto e de corrosão (ECA – ECorr) em função do sobrepotencial catódico inicial

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50

40

80

120

160

200

EC

A-E

Cor

r / m

V

-cat. / V

NaCl 0.100 M (pH 6.3) TB + NaCl 0.100 M (pH 6.7)

Fonte: Autor (2014)

Page 51: Dissertação Em Vci

51

5.2. Efeito dos inibidores 5.2.1. Potencial de circuito aberto (ECA)

A Figura 19 mostra a variação dos potenciais de circuito aberto (ECA) em

função do tempo do aço imerso nas soluções contendo inibidores dissolvidos em: A)

NaCl 0,1 mol L-1 e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7). Na solução de NaCl 0,1 mol L-1

(pH 6,3) isento de inibidores, observa-se na Figura 19A que o ECA começa em -

0,55 V e estabiliza-se em -0,68 V após cerca de 30 minutos e permanece neste

potencial. Este potencial é mais negativo se comparado com a solução de NaCl

contendo inibidores. Isto indica que o cloreto deteriora o filme de óxido/hidróxido da

superfície, expondo o metal base (equações 28, 29 e 30). Quando o aço é imerso

em solução de NaOH 0,020 mol L-1 (pH 12,3) o potencial foi deslocado para valores

mais positivos ( -0,39 V), indicando a formação de um filme de hidróxidos que

protege a superfície. Este comportamento também foi observado na solução de

NaCl contendo os inibidores ETA 0,100 mol L-1 (pH 11,7) e CHA 0,020 (pH 11,8) e

0,100 mol L-1 (pH 12,2). No entanto, nas soluções de NaCl contendo baixas

concentrações de ETA 0,020 mol L-1, DCHA 0,005 mol L-1 e NaOH 0,002 mol L-1, o

potencial começa num valor mais positivo devido ao filme de hidróxidos e depois

decresce e estabiliza entre -0,60 a -0,65 V a partir de 1 hora de imersão. Este

comportamento indica que a concentração dos inibidores não é suficiente para

impedir o ataque dos cloretos nos filmes de hidróxidos formados na superfície do

aço.

Com a solução de NaCl contendo sais de caprilatos (Na-CAP, ETA-CAP,

CHA-CAP e DCHA-CAP) com pH 6,0 a 6,8 observou-se que o potencial de circuito

aberto após 3 horas de imersão variou entre -0,20 V a -0,25 V, isto é bem superior

ao das outras soluções ( aminas, ácido caprílico e NaOH). Entretanto, para o H-CAP

0,005 mol L-1 (pH 3,3), o potencial de medido foi bem menor (ECA = -0,65 V),

provavelmente devido ao aumento da acidez do meio que deteriora a superfície.

Page 52: Dissertação Em Vci

52

Figura 19 – Potencial de circuito aberto (ECA) do eletrodo de aço na presença ou não de inibidores dissolvidos em: A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) com adição de inibidores 0,020 mol L-1 .

0 1 2 3 4 5-0.7

-0.6

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

EC

A / V

t / h

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA 0,100 mol L-1

CHA 0,020 mol L-1

NaOH 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

NaOH 0,002 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

NaCl 0,100 mol L-1

A)

0 1 2 3 4 5-0.7

-0.6

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

EC

A / V

t / h

CHA-CAP

DCHA-CAP

ETA-CAP

Na-CAP

TB + aminas (pH 6,7)

TB

B)

X Axis Title

Fonte: Autor (2014)

Page 53: Dissertação Em Vci

53

Na Figura 19B observa-se que o ECA do aço na solução TB (pH 6,7) na

ausência de inibidores permanece constante em cerca de -0,68 V. Com a adição das

aminas (ETA, CHA e DCHA) nota-se que o ECA praticamente não foi alterado. No

entanto, com os caprilatos de aminas (ETA-CAP, CHA-CAP e DCHA-CAP) o

potencial foi deslocado para valores bem mais positivos, sendo maior para o de

CHA-CAP (ECA -0,15 V) e menor para o ETA-CAP (ECA -0,50 V). O mesmo

aumento no potencial não foi observado com o Na-CAP, que aumentou muito pouco

em relação ao da solução de TB.

A Figura 20 mostra variação do pH local do aço imerso nas soluções

contendo inibidores dissolvidos em: A) NaCl 0,1 mol L-1 e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1

(pH 6,7). Na Figura 20A observa-se que o aço imerso na solução de NaCl na

ausência de inibidores o pH local aumenta até chegar num valor próximo de 10,

devido à formação de hidroxilas (equação 6) e depois diminui lentamente devido à

formação de hidróxi-cloretos de ferro, gerando íons H+ (equação 28). Na Tabela 5

verifica-se que a adição dos inibidores causa uma pequena diferença entre o pH

local na superfície do eletrodo e o da própria solução, sendo geralmente o pH local

maior que da solução, exceto para os sais de caprilatos que são menores. Já na

Figura 20B, com o controle da solução tampão, o pH local de todas as soluções

permaneceram entre 6,0 e 7,0.

Page 54: Dissertação Em Vci

54

Figura 20 – pH local do eletrodo de aço durante 3 horas de imersão nas soluções contendo os inibidores dissolvidos em: A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7).

0 1 2 3 4 5

4

6

8

10

12

14

pH lo

cal

t / h

NaOH 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

CHA 0,020 mol L-1

ETA 0,100 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

NaOH 0,002 mol L-1

NaCl 0,100 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

Na-CAP 0,020 mol L-1

H-CAP 0,020 mol L-1

A)

0 1 2 3 4 55

6

7

8

TB (pH 6,7) + NaCl 0,100 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

CHA 0,020 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,020 mol L-1

Na-CAP 0,020 mol L-1

pH lo

cal

t / h

B)

Fonte: Autor (2014)

Page 55: Dissertação Em Vci

55

A Tabela 5 contêm os valores do potencial de circuito aberto (ECA), pH da

solução e pH local para o aço imerso nas soluções contendo inibidores dissolvidos

em: A) NaCl 0,1 mol L-1 e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7). Observa-se que na

solução A, as aminas aumentam o pH da solução (pH > 11) devido ao pKa destas

espécies serem > 9,5. Neste pH, a superfície do eletrodo de ferro se passiva

espontaneamente mesmo na ausência de inibidores (MROWCZYNSKI;

SZKLARSKA-SMIALOWSKA, 1979, p. 201). No entanto, para as soluções que

contêm baixa concentração de aminas e hidróxidos de sódio (0,005 a 0,020 mol L-1),

a presença dos íons cloretos dificulta a formação da camada passiva, exceto para a

CHA que contém um pKa elevado (10,6).

Os íons caprilatos dissolvidos na solução A (Tabela 5) mostraram dois

comportamentos: para o ácido caprílico a diferença do potencial de corrosão em

relação do NaCl foi pequena (ΔE < 0,030 V). Entretanto, o ECA na presença dos sais

de caprilatos foi deslocado para valores mais positivos, em torno de -0,20 V,

indicando que houve uma provável estabilização pela formação ou adsorção de

alguma espécie sobre a superfície.

Forker, Reinhard e Rahner (1979) mostraram que em soluções oxigenadas

contendo sais de ácidos fracos o ferro é passivado somente quando o pH da solução

excede um valor crítico, denominado pHc. Este valor de pH depende do oxigênio

dissolvido na solução (CO2), da natureza do ácido (pKa) e da concentração do sal

(Csal). Eles também mostraram que esta dependência muitas vezes pode ser escrita

na forma da equação 1 (pHc = log Cs – log CO2 + pKa – constante). Posteriormente,

Reinhard, Radtke e Rammelt (1992) calcularam a concentração crítica para que

ocorra a passividade do ferro por estes ácidos fracos, e no caso dos caprilatos a

concentração crítica é ≥ 0,010 mol L-1 e o pHc ≥ 5,9.

Por esta razão, a solução contendo o ácido caprílico não pode passivar o

ferro, já que sua concentração e o pH da solução (Tabela 5) são menores que os

valores críticos. No entanto, os sais de caprilatos aparentam ter os mesmo efeitos de

passivação, pois a concentração é de 0,020 mol L-1 e os valores de pH ≥ 5,9.

Entretanto, os sais de caprilatos dissolvidos na solução tampão mostraram

diferentes variações de ECA (Figura 19B), indicando que a solução tampão interfere

atuação dos caprilatos. Isto pode ser explicado pelo efeito tampão que minimiza a

variação do pH local causado pela redução do oxigênio na solução (FORKER;

Page 56: Dissertação Em Vci

56

REINHARD; RAHNER, 1979). Já os sais de caprilatos contendo aminas mostraram

que a atuação na passividade do ferro é dependente da amina ligada ao caprilato.

Tabela 5 – Valores do potencial de circuito aberto (ECA), pH da solução (pHsol.) e pH local (pHlocal) na superfície do aço após 3 horas de imersão soluções contendo os inibidores dissolvidos em: A) NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,3) e B) TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7).

Fonte: Autor (2014)

A Figura 21 mostra a variação da corrente medida com resistência nula (modo

ZRA) entre o eletrodo de trabalho e o disco de Pt. Ao mesmo tempo foi medido

também o potencial de circuito aberto do aço imerso na solução de NaCl 0,100 mol

L-1 (A) e com adição de ETA 0,020 mol L-1 (B), ETA 0,100 mol L-1 (C) e ETA-CAP

0,020 mol L-1 (D). Na solução de NaCl (Figura 21A), o potencial inicial diminuiu e

permaneceu constante em torno de -0,67 V, enquanto que a corrente apresentou

uma oscilação entre 0,6 a 0,8 µA cm-2 devido às reações de dissolução do ferro

pelos cloretos e redução do oxigênio na solução.

Solução A) Solução B) Cinib/ mol L-1 ECA / V pHsol. pHlocal ECA / V pHsol. pHlocal

NaCl 0 -0,68 6,3 8,7 -0,68 6,7 7,1

NaOH 0,002 -0,65 11,3 11,6 ---- ---- ----

0,020 -0,39 12,3 14,0 ---- ---- ----

ETA 0,020 -0,61 11,2 12,2 -0,67 6,7 6,5

0,100 -0,35 11,7 12,4 ---- ---- ----

CHA 0,020 -0,38 11,8 12,3 -0,67 6,7 6,6

0,100 -0,40 12,2 13,4 ---- ---- ----

DCHA 0,005 -0,63 11,7 13,6 ---- ---- ----

0,020 ---- ---- ---- -0,67 6,7 6,6

H-CAP 0,005 -0,65 3,3 4,3 ---- ---- ----

Na-CAP 0,020 -0,23 6,2 5,4 -0,66 6,7 7,1

ETA-CAP 0,020 -0,22 6,8 5,5 -0,49 6,7 7,0

CHA-CAP 0,020 -0,23 6,5 5,6 -0,12 6,7 6,8

DCHA-CAP 0,020 -0,24 6,0 5,5 -0,18 6,7 7,1

Page 57: Dissertação Em Vci

57

Figura 21 – Variação da corrente em função do potencial de circuito aberto do aço na solução de: (A) NaCl 0,100 mol L-1 e com adição de: (B) ETA 0,020 mol L-1, (C) ETA 0,100 mol L-1 e (D) ETA-CAP 0,020 mol L-1.

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0-0.68

-0.66

-0.64

-0.62

-0.60

E / V

t / h

A)

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

i /

A cm

-2

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0-0.65

-0.60

-0.55

-0.50

-0.45

-0.40

E / V

t / h

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

i /

A cm

-2

B)

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0-0.65

-0.60

-0.55

-0.50

-0.45

-0.40

-0.35

E /

V

t / h

C)

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5i /

A

cm

-2

0 2 4 6 8 10

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

E / V

t / h

D)

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

i /

A cm

-2

Fonte: Autor (2014)

Com adição de ETA 0,020 mol L-1 (Figura 21B), observou-se um aumento do

potencial ( -0,43V), seguida de uma brusca diminuição para -0,61 V. Enquanto isso,

a corrente inicialmente diminuiu e depois aumentou quando houve a queda do

potencial. Enquanto o potencial permaneceu praticamente constante, a corrente

aumentou e começou a oscilar com frequência menor do que na solução de NaCl. A

queda brusca de potencial pode ser explicada pelo ataque do cloreto que rompe o

filme de hidróxidos/óxidos de ferro. A oscilação pode ser causada por um processo

de dissolução e formação de hidróxidos e cloretos de ferro.

Quando a ETA foi adicionada na concentração de 0,100 mol L-1 (Figura 21C)

o potencial aumentou e atingiu um estado estacionário em torno de -0,40 V,

enquanto que a corrente diminuiu com pequenas oscilações para ≈ 0,15 µA cm-2 .

Nesta condição, o aumento da concentração da ETA de 0,020 a 0,100 mol L-1,

embora com pequeno acréscimo no valor do pH (11,2 para 11,7), causou um

grande aumento na proteção do aço. A partir do pH 11, pequenas variações causa

Page 58: Dissertação Em Vci

58

um decréscimo significativo na velocidade de corrosão (Figura 8) e, portanto, devido

à formação de hidróxidos e óxidos mais estáveis dificulta o rompimento deste filme

pelo cloreto.

Na presença de ETA-CAP 0,020 mol L-1 com pH = 6,8 (Figura 21D), observa-

se um aumento do potencial até ≈ -0,27 V e depois tende a estabilizar, enquanto a

corrente diminui para cerca de ≈ 0,4 µA cm-2. A variação do potencial pode estar

relacionada com a formação de octanoato de Fe(II/III) (equação 2 e 3), espécies

insolúveis que bloqueiam a superfície diminuindo a corrente.

A Figura 22 mostra as imagens do aço obtidas após as medidas do potencial

de circuito aberto e corrente no modo ZRA do aço imerso por 3 horas na solução de

NaCl 0,100 mol L-1 (A) e com adição de ETA 0,020 mol L-1 (B), ETA 0,100 mol L-1 (C)

ou ETA-CAP 0,020 mol L-1 (D). A Figura 22E mostra o esquema das diferentes

regiões de corrosão do aço após a retirada da célula eletroquímica. Este esquema

mostra as seguintes regiões: (A) em contato com o ar, (O) em contato com o Anel de

Viton®, (B) borda do eletrodo próximo ao Anel de Viton® e (C) centro do eletrodo em

contato com a solução.

Na Figura 22A observa-se que a corrosão do aço foi uniforme na região do

centro do eletrodo e aparentemente ocorreu corrosão por fresta na região em

contato com o Anel de Viton®. Entre esta região e a borda próximo ao Anel de

Viton® apareceu uma coroa que não foi atacada pelo cloreto e, portanto, seria a

região catódica devido à proximidade do Anel de Viton® que pode permear o

oxigênio e causar a reação de redução do oxigênio na superfície do aço.

Na imagem obtida na presença de ETA 0,020 mol L-1 (Figura 22B) observa-se

uma grande região com corrosão uniforme e em alguns pontos aparecem corrosão

localizada e outra grande região atacada próxima à borda. Devido à maior

concentração de oxigênio na região do anel de Viton® gera uma região catódica

devido à redução do oxigênio na solução e produção de hidroxilas, induzindo uma

formação de óxidos de ferro (equações 24 e 25) e, consequentemente, maior ataque

do cloreto nesta região.

Page 59: Dissertação Em Vci

59

Figura 22 – Imagens do aço obtidas no escâner EPSON L355 após as medidas do potencial de circuito aberto e corrente no modo ZRA do aço imerso por 3 horas na solução de: (A) NaCl 0,100 mol L-1 e com adição de: (B) ETA 0,020 mol L-1, (C) ETA 0,100 mol L-1 e (D) ETA-CAP 0,020 mol L-1. (E) esquema das regiões de corrosão.

Fonte: Autor (2014)

Viton® Viton®

Viton® Viton®

Viton®

Page 60: Dissertação Em Vci

60

Na solução fortemente alcalina contendo ETA 0,100 mol L-1, pH 11,7 (Figura

22C), não foi observado sinais de corrosão na superfície o aço imerso na solução,

pois nesta condição a grande concentração de hidroxilas dificulta o ataque do cloreto

devido à espessa camada de hidróxidos formados. Além disso, foi observado que

houve corrosão por fresta na região em contato com o anel de Viton®, sendo mais

acentuada nas bordas do anel em contato com ar.

Na presença de ETA-CAP 0,020 mol L-1 (Figura 22D) nota-se que a região

central foi pouco atacada enquanto que na região das bordas do anel em contato

com a solução apareceram precipitados, provavelmente da interação dos íons

caprilatos e a superfície do ferro (equação 2 e 3). O composto pouco solúvel nas

bordas da célula, provavelmente pode ser o caprilatos de ferro, uma vez que devido

à elevada concentração de oxigênio, acelera o processo da reação dos caprilatos no

aço (MROWCZYNSKI; SZKLARSKA-SMIALOWSKA, 1979, p. 201).

Page 61: Dissertação Em Vci

61

5.2.2. Curva de Polarização Cíclica (CPP - Cyclic Potentiodynamic

Polarization)

A Figura 23 mostra as curvas de CPP obtidas para o aço na solução de NaCl

0,1 mol L-1 na ausência e presença de NaOH, H-CAP, aminas e caprilatos das

aminas . Na solução de NaCl (Figura 23A) observa-se que a partir do ECorr (-0,68 V)

a corrente aumentou até atingir 5 mA cm-2. Este valor de corrente onde ocorreu a

inversão da varredura em 0,20 V foi denominado de potencial de inversão (EInv). No

sentido da varredura decrescente de potenciais, a corrente diminuiu tendendo a um

valor mínimo em -0,61 V, cujo potencial é definido como potencial de repassivação

(Erepass), onde a formação de pites ou a corrosão por fresta é estável (ANDERKO;

SRIDHAR; DUNN, 2004). As curvas registradas na varredura crescente e

decrescente de potenciais são praticamente coincidentes, exceto pelo menor valor

da corrente mínima e potencial de repassivação pouco mais positiva do que o de

corrosão.

As CPP obtidas na solução de NaCl + NaOH 0,002 e 0,020 mol L-1 (Figura

23B e 23C) mostraram comportamento distintos. No caso da solução de NaCl +

NaOH 0,002 mol L-1, as curvas obtidas na varredura direta e inversa não apresentam

diferenças significativas, enquanto com NaOH 0,020 mol L-1 verificou-se na

varredura crescente de potenciais, um aumento significativo de corrente,

característico de corrosão por pites. Na varredura decrescente, o potencial de

repassivação foi deslocado para valores mais negativos em relação ao potencial de

corrosão. Além disso, observou-se um grande aumento na corrente mínima medida

na varredura inversa.

Na solução de NaCl com adição das aminas (Figuras 23D a 23H) também

mostraram comportamentos distintos. No caso das soluções com baixa

concentração de aminas, NaCl + ETA 0,020 mol L-1 e NaCl + DCHA 0,005 mol L-1,

foi observado comportamento semelhante ao da solução de NaCl + NaOH 0,002 mol

L-1, isto é, com pequenas diferenças nas curvas obtidas na varredura crescente e

decrescente de potenciais. No caso das soluções com maiores concentrações das

aminas, as curvas das varreduras crescentes e decrescentes de potenciais ficaram

bastante deslocadas, semelhante ao ocorrido com a solução de NaCl + NaOH 0,020

mol L-1.

Page 62: Dissertação Em Vci

62

As curvas de polarização cíclica obtidas nas soluções de NaCl + caprilatos

(Figuras 23I a 23M) mostraram algumas características que dependem do pH da

solução. Na solução de NaCl + H-CAP 0,005 mol L-1, as curvas apresentaram pouca

diferença entre as varreduras direta e inversa, exceto pelo valor de potenciais mais

negativo na varredura inversa. Entretanto, em relação aos sais de caprilatos à base

de Na ou aminas, as curvas na varredura crescente de potenciais foram mais

positivas do que na varredura decrescente.

Figura 23 – Curvas de CPP na solução de NaCl 0,1 mol L-1 com e sem adição de

NaOH, aminas, ácido caprílico e caprilatos de aminas.

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

A) NaCl 0,100 mol L-1 (pH 6,3)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

B) NaCl +NaOH 0,002 mol L-1 (pH 11,3)

E

E

Page 63: Dissertação Em Vci

63

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.75

-0.50

-0.25

0.00

0.25

E / V

log ( i / A cm-2)

C) NaCl + NaOH 0,020 mol L-1 (pH 12,3)

E

E

-7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

D) NaCl + ETA 0,020 mol L-1 (pH 11,2)

E

E

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

E) NaCl + ETA 0,100 mol L-1 (pH 11,7)

E

E

Page 64: Dissertação Em Vci

64

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

F) NaCl + CHA 0,020 mol L-1 (pH 11,8)

E

E

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

G) NaCl + CHA 0,100 mol L-1

(pH 12,2)

E

E

-7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

H) NaCl + DCHA 0,005 mol L-1 (pH 11,7)

E

E

Page 65: Dissertação Em Vci

65

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

I) NaCl + H-CAP 0,005 mol L-1 (pH 3,3)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

J) NaCl + Na-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,2)

E

E

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E / V

log (i / A cm-2)

K) NaCl + ETA-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,8)

E

E

Page 66: Dissertação Em Vci

66

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

L) NaCl + CHA-CAP 0,020 mol L-1 (pH 6,5)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

0.9

E /

V

log ( i / A cm-2)

M) NaCl + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,0)

E

E

Fonte: Autor (2014)

A Tabela 6 mostra os parâmetros obtidos das CPP na solução de NaCl 0,1

mol L-1 na ausência e presença de diferentes concentrações de inibidor (Cinib)

(Figuras 23). Observa-se que os valores de ECorr das soluções contendo NaCl +

NaOH 0,002 ou 0,020 mol L-1 são mais positivos do que na solução de NaCl 0,100

mol L-1 (-0,68 V), sendo que o maior deslocamento do ECorr foi na solução mais

concentrada de NaOH (-0,38 V). No caso da solução de NaCl contendo ETA, DCHA

e HCAP em baixas concentrações mostraram pequenos deslocamentos do potencial

de corrosão (-0,61 a -0,65 V) em relação ao NaCl (-0,68 V). Com a solução de NaCl

+ ETA, o aumento da concentração de 0,020 para 0,100 mol L-1 deslocou o potencial

de -0,61 para -0,34 V. Entretanto, em solução de NaCl + CHA em baixas

Page 67: Dissertação Em Vci

67

concentrações observou-se que o potencial foi mais positivo (-0,36 V) em relação ao

das soluções de NaCl contendo ou não ETA, DCHA e HCAP . No caso da CHA, o

aumento da sua concentração praticamente não alterou seu potencial (-0,39 V).

Para a solução de NaCl contendo sais de caprilatos (Na-CAP, ETA-CAP,CHA-CAP e

DCHA-CAP) na concentração de 0,020 mol L-1 foi medido um potencial mais positivo

(-0,17 a -0,21 V) em relação ao da solução de NaCl.

Nas soluções de NaCl contendo as aminas ETA (0,020 mol L-1) e DCHA

(0,005 mol L-1) em baixas concentrações, as correntes de corrosão no eletrodo de

aço obtidas das curvas de polarização (Figura 24) apresentam um valor da ordem de

5 µA cm-2 (Tabela 6). Os valores de corrente também foram da mesma ordem (6,4 a

10 µA cm -2 nas soluções de NaCl contendo H-CAP 0,005 mol L-1 ou NaOH 0,002

mol L-1. Aumentando as concentrações da ETA para 0,100 mol L-1 e NaOH para

0,020 mol L-1 ocorreu uma diminuição significativa nas correntes de corrosão.

Entretanto, na solução de NaCl + CHA 0,020 e 0,100 mol L-1, a corrente de corrosão

medidas nas duas concentrações foram bastante baixas (0,1 µA cm -2).

Comportamento similar foi verificado em NaCl contendo Na-CAP, ETA-CAP,CHA-

CAP ou DCHA-CAP, quando a corrente de corrosão medida foi bem menor à da

solução de NaCl (12 µA cm -2 ).

Quando a corrente anódica chegou a 5 mA cm-2 no eletrodo de aço em NaCl

0,100 mol L-1, o potencial de inversão foi da ordem de 0,20 V. Nas solução de NaCl

+ NaOH 0,002 e 0,020 mol L-1, além de ETA e CHA 0,020 mol L-1, também foram

medidos potenciais de inversão na mesma ordem (0,18 a 0,27 V). Aumentando a

concentração da ETA e CHA para 0,100 mol L-1, nesta solução, houve um acréscimo

no potencial de inversão para 0,34 e 0,39 V, respectivamente, que também foi

observado nas soluções de NaCl + DCHA e H-CAP 0,005 mol L-1. O maior aumento

nos valores dos potenciais de inversão também foi observado para a solução de

NaCl contendo os sais de caprilatos (Na-CAP, ETA-CAP e CHA-CAP) que variaram

entre 0,44 a 0,47 V. Contudo, para a solução de NaCl + DCHA-CAP houve um

aumento muito maior no valor deste potencial (0,83 V) que o medido para outras

soluções.

O coeficiente de Tafel anódico (βa) obtido da curva de polarização (Tabela 6)

para a solução de NaCl 0,1 mol L-1 foi de 0,080 V dec-1. Para as soluções de NaCl e

NaCl contendo NaOH 0,002 mol L-1, ETA 0,020 mol L-1, DCHA e H-CAP 0,005

mol L-1, o valor de βa não variou, mas praticamente dobrou em soluções mais

Page 68: Dissertação Em Vci

68

concentradas de NaCl + NaOH 0,020 mol L-1 e ETA 0,100 mol L-1. Para a solução de

NaCl + CHA 0,020 ou 0,100 mol L-1, os valores de βa foram elevados e praticamente

iguais ( 0,18 e 0,16 V déc-1) em relação a outras aminas. Entretanto, para a solução

de NaCl com sais de caprilatos (Na-CAP, ETA-CAP e CHA-CAP) foi obtido valor de

βa = 0,030 V déc-1. Este baixo valor do βa indica que a cinética de dissolução do aço

na presença de cloretos e caprilatos favorecem a dissolução do ferro no estágio

inicial de anodização produzindo sais de caprilatos. Em NaCl + DCHA-CAP

observou-se, ao contrário em relação aos outros caprilatos, um valor elevado de βa

= 0,13 V déc-1, mostrando que diminuiu a cinética de dissolução do aço.

O coeficiente de Tafel catódico (βc) na solução de NaCl 0,100 mol L-1, pH 6,3

é bastante elevado (βc = -0,23 V déc-1) mostrando um processo de cinética lenta que

depende da difusão do oxigênio até a superfície do eletrodo e geração de hidroxilas.

Entretanto, na literatura (MIYATA; ASAKURA, 2002, p. 589), para o aço em soluções

oxigenadas contendo cloretos, o coeficiente catódico encontrado foi de -0,13 V déc-1

e, portanto, abaixo do valor medido neste estudo. Nas soluções com baixa

concentração de NaCl contendo NaOH, ETA, DCHA e H-CAP, o valor de βc variou

entre -0,11 a -0,20 V déc-1. Aumentando a concentração do NaOH e ETA, diminuiu o

valor de βc para -0,08 a -0,06 V déc-1, respectivamente. Para a solução de NaCl +

CHA 0,020 e 0,100 mol L-1, o comportamento foi similar ao observado para os

valores de βa, isto é, não dependem da sua concentração. Com os caprilatos, os

coeficientes de Tafel catódicos foram menores que as obtidas em NaCl, DCHA e H-

CAP, mas maiores que em ETA e CHA na mesma concentração. Convém salientar

que nas aminas, a sua adição na solução de NaCl, aumenta o pH da solução. Em

soluções fortemente alcalinas, o valor do coeficiente de Tafel catódico ( -0,08 V

déc-1) concorda com o valor da literatura (GOJKOVIC; ZECEVIC; DRAZIC, 1994),

pois provavelmente nesta solução a superfície está coberta por uma grossa camada

de hidróxidos/óxidos que facilita a reação de redução do oxigênio.

Os valores de resistência de polarização obtidos a partir dos parâmetros de

Tafel foram calculados pela equação de Stearn-Geary (AMERICAN..., 1999, p.1):

RSG icorr] (31)

Page 69: Dissertação Em Vci

69

Na Tabela 6 observa-se que as resistências de polarização (RSG) das

soluções de NaCl com NaOH 0,002; ETA 0,020; DCHA 0,005 e H-CAP 0,005 mol L-1

apresentam valores pequenos de RSG da ordem de 2,5 a 4,3 kΩ cm2. Estes valores

são comparáveis ao da solução de NaCl com RSG = 2,1 kΩ cm2. Aumentando a

concentração da ETA e NaOH verifica-se um grande aumento no valor de RSG da

ordem de 100 vezes. Na solução de NaCl + CHA 0,020 ou 0,100 mol L-1, o valor de

RSG também foi bastante elevado ( 200 kΩ cm2) e não depende da concentração do

CHA. Por outro lado, a solução de NaCl com sais de caprilatos produziu um

aumento de cerca de 5 a 15 vezes, sendo mais eficiente com a DCHA-CAP.

Partindo do valor de RSG do Na-CAP (11 kΩ cm2) observa-se que a resistência

aumenta de 13 para 35 kΩ cm2 com os sais das aminas ETA, CHA e DCHA,

respectivamente.

Page 70: Dissertação Em Vci

70

Tabela 6 – Parâmetros obtidos das CPP na solução de NaCl 0,1 mol L-1 com e sem adição de NaOH, aminas, caprilatos ácidos e

de aminas .

Cinib / mol L-1 pHsol. ECorr / V Einv / V Erepass / V iCorr / µA cm-2 βa / V dec-1 βc / V dec-1 RSG / kΩ cm2

NaCl 0 6,3 -0,68 0,20 -0,61 12 0,08 -0,23 2,1

NaOH 0,002 11,3 -0,65 0,20 -0,61 10 0,08 -0,20 2,5

0,020 12,3 -0,38 0,24 -0,59 0,1 0,16 -0,08 231

ETA 0,020 11,2 -0,61 0,18 -0,61 5,5 0,06 -0,11 3,1

0,100 11,7 -0,34 0,34 -0,61 0,1 0,16 -0,06 189

CHA 0,020 11,8 -0,36 0,27 -0,60 0,1 0,18 -0,07 218

0,100 12,2 -0,39 0,39 -0,60 0,1 0,16 -0,08 231

DCHA 0,005 11,7 -0,61 0,31 -0,61 5,4 0,08 -0,16 4,3

H-CAP 0,005 3,3 -0,65 0,32 -0,56 6,4 0,07 -0,18 3,4

Na-CAP 0,020 6,2 -0,18 0,47 -0,48 1,0 0,03 -0,14 11

ETA-CAP 0,020 6,8 -0,20 0,47 -0,48 0,8 0,03 -0,13 13

CHA-CAP 0,020 6,5 -0,17 0,44 -0,48 0,5 0,03 -0,11 20

DCHA-CAP 0,020 6,0 -0,21 0,83 -0,51 0,7 0,13 -0,10 35

Fonte: Autor (2014)

Page 71: Dissertação Em Vci

71

A Figura 24 mostra a CPP do aço na solução de TB + NaCl 0,1 mol L-1 com e

sem adição de aminas e caprilatos, mantendo o pH = 6,7 na solução. A maioria das

curvas de polarização cíclica apresenta na varredura decrescente de potenciais, um

valor maior do potencial de repassivação, com exceção das curvas obtidas em

solução de TB+NaCl+CHA-CAP e TB+NaCl+DCHA-CAP. Entretanto, este

comportamento não indica que o maior potencial de repassivação em relação ao de

corrosão na varredura inversa, seja indicativo de que o inibidor seja eficiente. Estes

dois sais de caprilatos foram os que apresentaram maior valor de resistência de

polarização.

Na solução de TB + NaCl (Figura 24A) observa-se que após o ECorr (-0,68 V),

a corrente anódica aumenta exponencialmente até cerca de -0,45 V, chegando a um

valor máximo em 1 mA cm-2, seguido de um decaimento na corrente devido à

formação de hidróxidos e cloretos de ferro (equação 28, 29 e 30) , causando

diminuição na concentração de cloretos na superfície e com isso, facilitando a

formação de hidróxidos (equação 24). Aumentando o sobrepotencial, o filme

passivado de óxidos de ferro (equação 25) se rompe devido à presença de cloretos

que dissolve este filme levando a espécies solúveis.

As CPP do aço na solução de TB + NaCl 0,1 mol L-1 com adição de aminas

ETA, CHA e DCHA, (Figura 24 B-D) não mostraram mudanças significativas em

relação à solução de TB + NaCl. Nesta solução com pH = 6,7, as aminas estão

protonadas, e portanto, a interação com a superfície destas aminas com carga

positiva torna-se fraca (KOVACEVIC; KOKALJ. 2013, p. 7.). Entretanto, foi

observado na literatura (JEYAPRABHA; SATHIYANARAYANAN; VENKATACHARI,

2005; LI, 1997) que estas aminas em meios fortemente ácidos, que também estão

totalmente protonadas, apresentaram eficiência de proteção bastante elevada. Além

disso, Luo, Guan e Han (1998) mostraram que a eficiência de inibição destas aminas

protonadas não depende da sua adsorção, mas pelo ataque dos íons cloretos. Por

consequência, a interação das aminas por atração eletrostática, deverá aumentar a

concentração destas espécies na superfície do eletrodo até atingir o produto de

solubilidade, ocorrendo a precipitação do sal de cloridrato orgânico na dupla camada

elétrica. Na solução de TB + NaCl + aminas (pH 6,7), devido o pH neutro desta

solução, com isso a interação das espécies de cloretos na superfície é menor, e

portanto, diminui a probabilidade da formação de um cloridrato orgânico.

Page 72: Dissertação Em Vci

72

Figura 24 – Curvas de CPP do aço em TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) com e sem adição de aminas e caprilatos na concentração de 0,020 mol L-1.

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E / V

log ( i / A cm-2)

A) TB + NaCl 0,100 mol L-1 (pH 6,7)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2

-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

0.9

E /

V

log ( i / A cm-2)

E) TB + NaCl + Na-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,7)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

B) TB + NaCl + ETA 0,020 mol L-1 (pH 6,7)

E

E

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2

-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

E /

V

log ( i / A cm-2)

F) TB + NaCl + ETA-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,7)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

C) TB + NaCl + CHA 0,020 mol L-1

(pH 6,7)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2

-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

0.9

E /

V

log ( i / A cm-2)

G) TB + NaCl + CHA-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,7)

E

E

-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

E /

V

log ( i / A cm-2)

D) TB + NaCl + DCHA 0,020 mol L-1 (pH 6,7)

E

E

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2

-0.9

-0.6

-0.3

0.0

0.3

0.6

0.9

E /

V

log ( i / A cm-2)

H) TB + NaCl + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

(pH 6,7)

E

E

Fonte: Autor (2014)

Page 73: Dissertação Em Vci

73

A Figura 25 mostra os voltamogramas do aço obtidas na solução TB + NaCl

(pH 6,7) contendo ou não caprilato de sódio (Na-CAP). No voltamograma com a

solução TB + NaCl observou-se um pico em -0,44 V, referente à formação de

hidróxido de ferro (equação 10 e 11) que passiva a superfície do eletrodo, seguida

da formação de óxidos de ferro (equação 12) que são degradados pelo ataque dos

cloretos. Com adição dos íons caprilatos na solução TB + NaCl nota-se a presença

de dois picos pequenos em torno de -0,58 e -0,44 V, seguido de uma diminuição

brusca e estabilização desta corrente entre -0,40 até -0,10 V, devido ao processo de

passivação. Após o potencial de -0,10 V observa-se um grande aumento na corrente

anódica, indicando que a camada passiva foi removida. Os dois picos observados

podem estar relacionados com a formação do caprilato de ferro (ZHU; KELSALL;

SPIKES, 1996).

Na presença dos íons caprilatos (CH3(CH2)6CO2-), o pico da corrente anódica

é devido à adsorção do íon caprilato que compete com cloretos e hidroxilas,

conforme as reações (equações 2 e 3):

Fe0 + 2CH3(CH2)6CO2- = Fe(CH3(CH2)6CO2)2 + 2e-

e

Fe(CH3(CH2)6CO2)2 + CH3(CH2)6CO2- = Fe(CH3(CH2)6CO2)3 + e-

Nos caprilatos de aminas não foi visualizado estes picos porque o potencial

de circuito aberto foi deslocado para cerca de -0,20 V, portanto, a varredura iniciou

acima do processo de formação dos picos anódicos I e II. Provavelmente o

complexo insolúvel à base de caprilatos passivou a superfície do eletrodo e encobriu

a formação dos picos I e II.

Page 74: Dissertação Em Vci

74

Figura 25 – Voltamograma do aço na solução tampão na presença de cloretos e com a adição do caprilato de sódio (Na-CAP).

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2-0.15

0.00

0.15

0.30

0.45

0.60

0.75i /

mA

cm-2

E / V

TB + NaCl (pH 6,7) TB + NaCl + Na-CAP (pH 6,7)

I

I II

Fonte: Autor (2014)

A Tabela 7 mostra os parâmetros obtidos das CPP do aço na solução de TB +

NaCl com e sem adição de aminas e caprilatos, mantendo o pH = 6,7 na solução.

Nota-se que as aminas praticamente não influenciam nos valores de ECorr, Einv, Erepass, iCorr, βa e βc. Por outro lado, na solução TB + NaCl contendo sais de

caprilatos das aminas (ETA-CAP, CHA-CAP e DCHA-CAP) houve uma grande

diminuição nos valores de iCorr e um aumento do potencial ECorr, Einv e Erepass para

valores mais positivos, sendo mais acentuado na solução de TB+NaCl+ DCHA-CAP.

Também para esta última solução, o valor de βa foi maior (0,16 V/ dec) do que em

outras soluções (0,08 a 0,12 V/ dec), indicando que a velocidade de reação de

anodização na solução de TB+NaCl+ DCHA-CAP foi mais lenta. Entretanto, o valor

de βc para os caprilatos ETA-CAP, CHA-CAP e DCHA-CAP foi menor do que em

outras soluções. Ao contrário dos caprilatos das aminas, na solução de TB + NaCl +

Na-CAP não foi observado variação significativa na corrente e potencial de corrosão

em relação à solução de TB + NaCl.

Page 75: Dissertação Em Vci

75

Os valores de RSG obtidos na solução de TB+NaCl (pH 6,7) a partir da

equação 31 concordam inversamente com os valores de iCorr, isto é, quanto menor

o valor da corrente, maior o valor da resistência de polarização. Nota-se que a

resistências dos caprilatos de aminas foram cerca de 10 vezes maiores do que na

solução de TB+NaCl com e sem adição das aminas ou Na-CAP. Esses parâmetros

das curvas de Tafel indicam que os caprilatos de aminas, que estão protonadas,

induzem à passividade do aço em meio de tampão por uma possível formação de

caprilato de ferro bloqueando a superfície do eletrodo ou uma quimissorção destas

espécies no aço (SZAUER; BRANDT, 1981).

Tabela 7- Parâmetros obtidos das CPP na solução de TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) com e sem adição de aminas e caprilatos das aminas e de Na na concentração de 0,020 mol L-1.

ECorr

V Einv

V Erepass

V iCorr

µA cm-2

βa V dec-1

βc V dec-1

RSG kΩ cm2

TB+NaCl -0,68 0,22 -0,61 13 0,08 -0,15 1,7

ETA -0,68 0,27 -0,59 14 0,10 -0,15 1,9

CHA -0,67 0,24 -0,58 15 0,11 -0,15 1,8

DCHA -0,67 0,28 -0,59 14 0,11 -0,15 2,0

Na-CAP -0,66 0,79 -0,53 13 0,12 -0,18 2,4

ETA-CAP -0,54 0,46 -0,51 0,9 0,12 -0,07 21

CHA-CAP -0,18 0,77 -0,48 0,8 0,10 -0,08 24

DCHA-CAP -0,21 0,82 -0,50 1,0 0,16 -0,08 23

Fonte: Autor (2014)

Page 76: Dissertação Em Vci

76

5.2.3. Diagramas de impedância (EIS)

A Figura 26 mostra os diagramas de impedância para o aço obtidos em

solução de NaCl 0,1 mol L-1 e NaCl com adição de ETA 0,020 mol L-1, DCHA 0,005

mol L-1, H-CAP 0,005 mol L-1 e NaOH 0,002 mol L-1. No diagrama de Nyquist (Figura

26A) nota-se que os arcos capacitivos obtidos na presença das aminas, ácido e

NaOH são maiores que da solução de NaCl, indicando que estas substâncias

aumentam a resistência de polarização. Nas Figuras 26B, 26C e 26E observa-se a

presença de duas constantes de tempo para as soluções de NaCl e NaCl + H-CAP,

enquanto que para as soluções de ETA 0,020 mol L-1, DCHA 0,005 mol L-1 e NaOH

0,002 mol L-1 foi observada apenas uma constante de tempo. Na Figura 26D, os

gráficos de (|Zimag|) = f (log f) destas soluções mostram que em alta frequências os

valores da resistência das soluções são praticamente iguais e em baixa frequência,

apesar da impedância aumentar lentamente com a frequência para as soluções

contendo DCHA e ETA.

A Figura 27A mostra os diagramas de Nyquist do aço nas soluções de NaCl

contendo maiores concentrações de ETA 0,100 mol L-1, CHA 0,020 e 0,100 mol L-1 e

NaOH 0,020 mol L-1 em relação ao da Figura 26. Na Figura 27A observa-se que o

aumento da concentração das soluções aumentou bastante o arco capacitivo que

não se completa porque a impedância foi deslocada para frequências bem menores.

O gráfico do ângulo de fase = f (log f) indica que existem 2 constantes de tempo que

se sobrepõe, conforme será calculado pelo ajuste de circuito.

Os diagramas de Nyquist do aço imerso nas soluções contendo caprilatos

das aminas ou Na (Figura 28A) também mostram arcos capacitivos que não se

completam. O diagrama de (|Zimag|) = f (log f) indica que também existem 2

constantes de tempo.

Page 77: Dissertação Em Vci

77

Figura 26 – Diagramas de impedância do aço na solução de NaCl 0,1 mol L-1 e com adição de inibidores e NaOH em baixas concentrações. A) Nyquist, B) Admitância, C) Bode – módulo da impedância imaginária (|Zimag|), D) Bode – módulo da impedância (|Z|) e E) Bode – ângulo de fase.

0.0 0.5 1.0 1.5 2.00.0

0.5

1.0

1.5

2.0

NaCl 0,100 mol L-1 NaOH 0,002 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

-Zim

ag /

k c

m2

ZReal / k cm2

A)

0 2 4 6 8

0

2

4

6

8

NaCl 0,100 mol L-1 NaOH 0,002 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

Yim

ag /

mS

cm-2

Yreal / mS cm-2

C)

-2 -1 0 1 2 3 4 5-5

-4

-3

-2

-1

0

NaCl 0,100 mol L-1 NaOH 0,002 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

log

|Zim

ag| /

k

cm

2

log f / Hz

B)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

NaCl 0,100 mol L-1 NaOH 0,002 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

log

|Z| /

k

cm

2

log f / Hz

D)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

0

10

20

30

40

50

NaCl 0,100 mol L-1 NaOH 0,002 mol L-1

ETA 0,020 mol L-1

DCHA 0,005 mol L-1

H-CAP 0,005 mol L-1

- âng

ulo

de fa

se /

grau

s

log f / Hz

E)

Fonte: Autor (2014)

Page 78: Dissertação Em Vci

78

Figura 27 – Diagramas de impedância do aço nas soluções de cloretos contendo ETA, CHA e NaOH em altas concentrações. A) Nyquist, B) Admitância, C) Bode – módulo da impedância imaginária (|Zimag|), D) Bode – módulo da impedância (|Z|) e E) Bode – ângulo de fase.

0 18 36 54 720

18

36

54

72

NaOH 0,020 mmol L-1

ETA 0,100 mmol L-1

CHA 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

-Zim

ag /

k c

m2

ZReal / k cm2

A)

0 2 4 6 8 10

0

2

4

6

8

10

NaOH 0,020 mmol L-1

ETA 0,100 mmol L-1

CHA 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

Yreal / mS cm-2

Y imag

/ m

S cm

-2

C)

-2 -1 0 1 2 3 4 5-4

-3

-2

-1

0

1

2

NaOH 0,020 mmol L-1

ETA 0,100 mmol L-1

CHA 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

log

|Zim

ag| /

k

cm

2

log f / Hz

B)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

-1

0

1

2

NaOH 0,020 mmol L-1

ETA 0,100 mmol L-1

CHA 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

log

|Z| /

k

cm

2

log f / Hz

D)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

0

20

40

60

80 NaOH 0,020 mmol L-1

ETA 0,100 mmol L-1

CHA 0,020 mol L-1

CHA 0,100 mol L-1

-âng

ulo

de fa

se /

grau

s

log f / Hz

E)

Fonte: Autor (2014)

Page 79: Dissertação Em Vci

79

Figura 28 – Diagramas de impedância do aço nas soluções de cloretos contendo os sais de caprilatos. A) Nyquist, B) Admitância, C) Bode – módulo da impedância imaginária (|Zimag|), D) Bode – módulo da impedância (|Z|) e E) Bode – ângulo de fase.

0 4 8 120

4

8

12

ZReal / k cm2

-Zim

ag /

k c

m2

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

A)

0 2 4 6 80

2

4

6

8

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

Yreal / mS cm-2

Yim

ag /

mS

cm-2

C)

-2 -1 0 1 2 3 4 5-4

-3

-2

-1

0

1

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

log

|Zim

ag| /

k

cm

2

log f / Hz

B)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

log

|Z| /

k

cm

2

log f / Hz

D)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

0

15

30

45

60

Na-CAP 0,020 mol L-1

ETA-CAP 0,020 mol L-1

CHA-CAP 0,020 mol L-1

DCHA-CAP 0,020 mol L-1

-âng

ulo

de fa

se /

grau

s

log f / Hz

E)

Fonte: Autor (2014)

Page 80: Dissertação Em Vci

80

Na Figura 29A, os diagramas de Nyquist do aço foram obtidas nas soluções

tampões de NaCl+ TB (pH 6,7) contendo aminas (ETA, CHA e DCHA). Ao contrário

dos diagramas obtido na solução de NaCl com ou sem adição das aminas, os arcos

capacitivos nas soluções tampões não apresentaram grandes variações. Os

diagramas de ângulo de fase = f (log f) indicam a presença de apenas uma

constante de tempo.

A Figura 30A mostra os diagramas de Nyquist do aço na solução tampão de

NaCl+TB contendo caprilatos de aminas ou Na. Nesta Figura, observa-se que na

solução de NaCl+TB+Na-CAP, o diagrama não mostrou variação significativa em

relação ao da solução de NaCl+TB (Figura 30A). No entanto, com a solução de NaCl

+ TB contendo CHA-CAP e DCHA-CAP, os arcos capacitivos aumentaram em cerca

de 10 vezes. Com exceção do diagrama obtido em NaCl+TB+ETA-CAP, o arco

capacitivo foi intermediário em relação as outras soluções e apresentou um

comportamento linear em baixa frequência, indicativo de um processo difusional. Na

Figura 30B, 30C e 30E, os diagramas indicam que o processo apresenta 2

constantes de tempo.

A literatura (ABD-EL-KHALEK; ABD-EL-NABEY; ABDEL-GABER, 2012) relata

que o aço imerso em soluções neutras contendo cloretos apresenta um circuito

equivalente com duas constantes de tempo e uma impedância relacionada com

processo difusional. Estas constantes foram relacionadas com a dupla camada

elétrica e a camada formada pelos produtos de corrosão, onde ocorre o processo

difusional. O circuito contendo as duas constantes de tempo também foi descrito

para aço em contato com solução fortemente alcalina contendo cloretos, devido à

formação de um filme passivo de hidróxidos formado na superfície (VALCARCE;

VÁZQUEZ, 2008, p. 5007). No caso dos ácidos carboxílicos fracos em contato com o

aço, também é comum relacionar a um circuito equivalente com duas constantes de

tempo e um processo difusional. Este circuito pode ser descrito no caso dos

carboxilatos que bloqueiam os poros da camada de óxidos pela formação de

complexos de carboxilatos de ferro(III) (RAMMELT; KOHLER; REINHARD, 2008).

Page 81: Dissertação Em Vci

81

Figura 29 – Diagramas de impedância do aço imerso na solução tampão borato (pH 6,7) contendo cloretos e aminas (ETA, CHA e DCHA). A) Nyquist, B) Admitância, C) Bode – módulo da impedância imaginária (|Zimag|), D) Bode – módulo da impedância (|Z|) e E) Bode – ângulo de fase.

0.0 0.3 0.6 0.9 1.20.0

0.3

0.6

0.9

1.2

ZReal / k cm2

-Zim

ag /

k c

m2

TB + NaCl 0,100 mol L-1

TB + ETA 0,020 mol L-1

TB + CHA 0,020 mol L-1

TB + DCHA 0,020 mol L-1

A)

0 3 6 9

0

3

6

9

TB + NaCl 0,100 mol L-1

TB + ETA 0,020 mol L-1

TB + CHA 0,020 mol L-1

TB + DCHA 0,020 mol L-1

Yreal / mS cm-2

Yim

ag /

mS

cm-2

C)

-2 -1 0 1 2 3 4 5-5

-4

-3

-2

-1

0

TB + NaCl 0,100 mol L-1

TB + ETA 0,020 mol L-1

TB + CHA 0,020 mol L-1

TB + DCHA 0,020 mol L-1

log f / Hz

log

|Zim

ag| /

k

cm

2 B)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

-1.00

-0.75

-0.50

-0.25

0.00

0.25

TB + NaCl 0,100 mol L-1

TB + ETA 0,020 mol L-1

TB + CHA 0,020 mol L-1

TB + DCHA 0,020 mol L-1

log f / Hz

log

|Z| /

k

cm

2

D)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

0

10

20

30

40 TB + NaCl 0,100 mol L-1

TB + ETA 0,020 mol L-1

TB + CHA 0,020 mol L-1

TB + DCHA 0,020 mol L-1

log f / Hz

- âng

ulo

de fa

se /

grau

s

E)

Fonte: Autor (2014)

Page 82: Dissertação Em Vci

82

Figura 30 – Diagramas de impedância do aço imerso na solução tampão borato (pH 6,7) contendo cloretos e os sais de caprilatos. A) Nyquist, B) Admitância, C) Bode – módulo da impedância imaginária (|Zimag|), D) Bode – módulo da impedância (|Z|) e E) Bode – ângulo de fase.

0 3 6 9 120

3

6

9

12

TB + Na-CAP 0,020 mol L-1

TB + ETA-CAP 0,020 mol L-1

TB + CHA-CAP 0,020 mol L-1

TB + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

ZReal / k cm2

-Zim

ag /

k c

m2

A)

0 2 4 6 80

2

4

6

8

TB + Na-CAP 0,020 mol L-1

TB + ETA-CAP 0,020 mol L-1

TB + CHA-CAP 0,020 mol L-1

TB + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

Yreal / mS cm-2

Y imag

/ m

S cm

-2

C)

-2 -1 0 1 2 3 4 5-4

-3

-2

-1

0

1

TB + Na-CAP 0,020 mol L-1

TB + ETA-CAP 0,020 mol L-1

TB + CHA-CAP 0,020 mol L-1

TB + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

log

|Zim

ag| /

k

cm

2

log f / Hz

B)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

TB + Na-CAP 0,020 mol L-1

TB + ETA-CAP 0,020 mol L-1

TB + CHA-CAP 0,020 mol L-1

TB + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

log

|Z| /

k

cm

2

log f / Hz

D)

-2 -1 0 1 2 3 4 5

0

15

30

45

60

75

TB + Na-CAP 0,020 mol L-1

TB + ETA-CAP 0,020 mol L-1

TB + CHA-CAP 0,020 mol L-1

TB + DCHA-CAP 0,020 mol L-1

-âng

ulo

de fa

se /

grau

s

log f / Hz

E)

Fonte: Autor (2014)

Page 83: Dissertação Em Vci

83

A Tabela 8 mostra o circuito equivalente para cada condição experimental. Os

ajustes dos diagramas de impedância foram feitos pelo programa BOUKAMP (1989)

e foram utilizados quatro diferentes circuitos equivalentes:

1) Rsol (Qdc RTC), 2) Rsol (Qp [Rp (Qdc RTC)]), 3) Rsol (Qp [Rp Op (Qdc RTC)]) 4) Rsol (Qp) (Qdc RTC)

onde Rsol corresponde à resistência da solução, Rp e RTC são relacionadas com as

resistências dos poros e transferência de carga pela interface eletrodo/solução. Q é

o elemento de fase constante relacionado com a capacitância da superfície do

eletrodo com distribuição heterogênea. A impedância do elemento de fase constante

pode ser representada por (BOUKAMP, 1989):

ZQ = Yo-1 (jω)-n (32)

Onde j = (-1)1/2, ω é a frequência angular em rad s-1, Q-Yo está associado a uma

capacitância e Q-n ao expoente que indica o grau de heterogeneidade da superfície.

Para n = 0, Q representa um resistor (R = Yo-1), para n = 1, uma capacitância (C =

Yo) e para n = 0,5 corresponde a um processo difusional semi-infinito (Warburg).

O elemento Op representa a difusão finita nos poros, sendo este elemento

constituído por um valor de O-Yo associado a um coeficiente de difusão e O-B

refere-se à dimensão física dos poros.

Os ajustes com os circuitos da Tabela 8 foram feitos excluindo os dados de

muito baixa e alta frequência (0,05 Hz < ajuste < 10 kHz), a fim de eliminar os pontos

de impedância que não seguiam a tendência das curvas. Os valores de χ2 em torno

de 10-4 a 10-6 correspondem ao baixo erro para cada parâmetro e os ajustes

sobrepostos nos dados experimentais indicam que o diagrama está de acordo com o

circuito equivalente. Os valores obtidos pelos ajustes dos diagramas de impedância

na solução de NaCl e TB+NaCl estão apresentados nas Tabelas 9 e 10,

respectivamente.

Page 84: Dissertação Em Vci

84

Tabela 8 – Circuito equivalente para cada condição experimental.

Circuito equivalente (Ce) Solução Concentração pH

1) Rsol (Qdc RTC),

NaOH

ETA

DCHA

TB + NaCl

TB + ETA

TB + CHA

TB + DCHA

0,002

0,020

0,005

0,100

0,020

0,020

0,020

11,3

11,2

11,7

6,7

6,7

6,7

6,7

2) Rsol (Qp [Rp (Qdc RTC)])

NaOH

TB + Na-CAP

TB + ETA-CAP

0,020

0,020

0,020

12,3

6,7

6,7

3) Rsol (Qp [Rp Op (Qdc RTC)])

NaCl

ETA

CHA

CHA

H-CAP

Na-CAP

ETA-CAP

CHA-CAP

DCHA-CAP

0,100

0,100

0,020

0,100

0,005

0,020

0,020

0,020

0,020

6,3

11,7

11,8

12,2

3,3

6,2

6,8

6,5

6,0

4) Rsol (Qp) (Qdc RTC)

TB + CHA-CAP

TB + DCHA-CAP

0,020

0,020

6,7

6,7

Fonte: Autor (2014)

Page 85: Dissertação Em Vci

85

A Tabela 9 mostra os valores obtidos do ajuste dos diagramas de impedância

aplicando o potencial de circuito aberto (ECA) no eletrodo de aço na solução de NaCl

0,1 mol L-1 com e sem adição de NaOH, aminas ou caprilatos. O diagrama da

solução de NaCl foi ajustado com o circuito Rsol (Qp [Rp Op (Qdc RTC)]). Nesta

solução, os elementos de fase constante dos poros (Qp-Yo) e da dupla camada

elétrica (Qdc-Yo) tem um comportamento capacitivo, pois ambos os Q-n tendem ao

valor de 1. Observa-se também que a presença do elemento de difusão finita O da

ordem de 10-3 S sn cm-2 pode ser atribuída à difusão dos íons cloretos pelos poros da

camada de hidróxi-cloretos formados. As resistências dos poros e da transferência

de carga são relativamente baixas, 18 Ω cm2 e 0,6 kΩ cm2, respectivamente,

indicando que o filme formado na superfície deve ser fino e poroso facilitando

ataque do cloreto nesta camada.

No caso das soluções contendo NaCl com adição de NaOH 0,002 mol L-1,

ETA 0,020 mol L-1 e DCHA 0,005 mol L-1, os ajustes foram feitos com o circuito Rsol (Qdc RTC). A comparação do elemento Q entre as soluções de NaCl e NaCl + NaOH,

ETA ou DCHA mostram que os valores da capacitância da dupla camada elétrica

são da mesma ordem de grandeza, sendo Qdc-Yo variando entre 0,6 a 1 mS sn cm-2

e Qdc-n em torno de 0,85. No entanto, os valores de RTC para as soluções de NaCl +

NaOH, ETA ou DCHA são praticamente o dobro do medido em solução de NaCl,

indicando que o filme formado dificulta o ataque dos íons cloretos.

Nas soluções de NaCl contendo concentrações mais elevadas de NaOH

0,020 mol L-1, os ajustes foram feitos com o circuito Rsol (Qp [Rp (Qdc RTC)]). Para as

soluções de NaCl + ETA 0,100 mol L-1, CHA 0,020 ou 0,100 mol L-1, o circuito

ajustado foi Rsol (Qp [Rp Op (Qdc RTC)]). A comparação entre as soluções mostraram

que os valores de Qdc-Yo diminuíram de 8x10-4 S sn cm-2 (NaCl) para cerca de 3x10-

5 S sn cm-2 para as soluções de NaCl + NaOH 0,020 mol L-1, ETA 0,100 mol L-1, CHA

0,020 ou 0,100 mol L-1. Entretanto, os valores de Qdc-n não variaram

significativamente entre as soluções de NaCl e NaCl + NaOH, ETA ou DCHA.

Os elementos do circuito equivalente relacionados com os poros da superfície

do eletrodo na solução de NaCl e NaCl+ NaOH 0,020 mol L-1, ETA 0,100 mol L-1,

CHA 0,020 mol L-1 mostraram que Qp-Y0 diminuiu de 1x10-4 para cerca de 6x10-5 S

sn cm-2 e o Rp aumentou de 18 para 53 a 73 cm2. Observa-se também que Op-Y0

diminuiu de 3x10-3 (NaCl) para 4 a 9x10-4 S sn cm-2 (ETA 0,100 mol L-1, CHA 0,020

ou 0,100 mol L-1). Contudo, com o aumento da concentração da solução de NaCl +

Page 86: Dissertação Em Vci

86

CHA de 0,020 para 0,100 mol L-1, verificou-se uma maior diminuição no valor de Rp

de 73 para 24 cm2, enquanto o de Op-Y0 aumentou de 4 para 9 x10-4 S sn cm-2. O

menor valor de Rp e aumento no Op-Y0 podem indicar que o diâmetro dos poros

aumentou com a maior concentração da CHA, facilitando a difusão das espécies

dentro dos poros. Com a adição de NaOH 0,020 mol L-1, ETA 0,100 mol L-1, CHA

0,020 ou 0,100 mol L-1 na solução de NaCl ocorreu um grande aumento no valor de

RTC da ordem de 100 vezes.

A diminuição dos valores relacionados com as capacitâncias da dupla

camada elétrica Qdc-Yo e dos poros Qp-Yo e Op-Y0, além do aumento das

resistências de transferência de carga (RTC) e dos poros (Rp) entre as soluções de

NaCl e NaCl + NaOH 0,020 mol L-1, ETA 0,100 mol L-1, CHA 0,020 ou 0,100 mol L-1,

indica que o aumento do pH da solução de 6,3 para cerca de 11,7 favorece a

competição dos íons hidroxilas com os cloretos. Isto favorece a formação de uma

camada mais uniforme e de menor área superficial levando à diminuição da

capacitância.

Na solução contendo NaCl + íons caprilatos, ainda na Tabela 9, muda

consideravelmente a primeira constante de tempo, pois alteram o grau de

heterogeneidade (Qp-n) indicando que existe um processo difusional nos poros. As

resistências dos poros também mudam com relação à solução de NaCl, por

exemplo, no caso do H-CAP, Na-CAP e ETA-CAP os valores são maiores que da

solução de NaCl, mas para CHA-CAP e DCHA-CAP os valores são menores. Nota-

se que existe uma tendência nas resistências dos poros, na medida em que os

ligantes H e Na são substituídos por aminas, a resistência nos poros diminui de 50

para 7 Ω cm2. Isto pode indicar que a presença das aminas ligadas ao caprilato pode

levar à formação de caprilatos de ferro. No entanto esta indução não mostra a

mesma tendência na resistência de transferência de carga, já que ao final de 3 horas

de imersão as resistências permanecem em torno de 9 kΩ cm2.

Page 87: Dissertação Em Vci

87

Tabela 9 – Valores obtidos do ajuste dos diagramas de impedância no potencial de circuito aberto na solução de NaCl 0,1 mol L-1 com e sem a adição de inibidores. *Circuito equivalente (Ce)

Ce* Cinib / mol L-1

Rsol. / Ω cm2

Qp-Yo / S sn cm-2 Qp-n Rp

/ Ω cm2 Op-Yo

/ S sn cm-2 Op-B / s1/2

Qdc-Yo / S sn cm-2 Qdc-n RTC

/ kΩ cm2 χ2

NaCl 3 0,100 156 (0,1%)

1x10-4 (52%)

0,93 (7%)

18 (32%)

3x10-3 (12%)

1,6 (6%)

8x10-4 (12%)

0,91 (2%)

0.6 (10%) 2x10-5

NaOH 1 0,002 153

(0,3%) ---- ---- ---- ---- ---- 6x10-4 (0,9%)

0,83 (0,5%)

1.2 (1%) 2x10-4

2 0,020 109 (0,1%)

5x10-5 (5%)

0,94 (0,6%)

63 (14%) ---- ---- 4x10-5

(6%) 0,80

(0,5%) 114 (1%) 8x10-6

ETA 1 0,020 140

(0,2%) ---- ---- ---- ---- ---- 1x10-3 (0,4%)

0,80 (0,3%)

1.5 (0,9%) 8x10-5

3 0,100 159 (0,1%)

7x10-5 (5%)

0,89 (0,7%)

53 (21%)

6x10-4 (16%)

1,6 (14%)

3x10-5 (12%)

0,95 (2%)

93 (0,5%) 6x10-6

CHA 3 0,020 151

(0,1%) 7x10-5 (7%)

0,89 (1%)

73 (28%)

4x10-4 (28%)

0,3 (6%)

2x10-5 (20%)

0,88 (3%)

107 (0,5%) 5x10-6

3 0,100 140 (0,1%)

5x10-5 (35%)

0,92 (4%)

24 (50%)

9x10-4 (42%)

2,5 (14%)

4x10-5 (49%)

0,89 (3%)

115 (2%) 2x10-6

DCHA 1 0,005 169 (0,2%) ---- ---- ---- ---- ---- 8x10-4

(0,5%) 0,83

(0,3%) 1,6

(0,6%) 9x10-5

H-CAP 3 0,005 145 (0,1%)

3x10-4 (4%)

0,66 (0,8%)

50 (4%)

2x10-3 (4%)

1,4 (3%)

7x10-4 (3%)

0,97 (2%)

0,6 (7%) 7x10-6

Na-CAP 3 0,020 146 (0,1%)

7x10-4 (2%)

0,69 (0,6%)

42 (23%)

1x10-3 (13%)

1,4 (24%)

1x10-4 (11%)

1,0 (3%)

9,1 (3%) 5x10-6

ETA-CAP 3 0,020 143 (0,2%)

1x10-4 (27%)

0,72 (4%)

24 (8%)

3x10-3 (24%)

3,1 (22%)

2x10-4 (15%)

0,83 (3%)

12 (3%) 1x10-5

CHA-CAP 3 0,020 139 (0,1%)

3x10-4 (3%)

0,68 (1%)

6 (9%)

3x10-3 (4%)

2,0 (8%)

2x10-4 (4%)

0,96 (0,5%)

9,3 (1%) 2x10-6

DCHA-CAP 3 0,020 143 (0,1%)

3x10-4 (2%)

0,61 (1%)

7 (6%)

2x10-3 (4%)

1,3 (10%)

1x10-4 (5%)

1,0 (0,7%)

7,6 (1%) 3x10-6

Fonte: Autor (2014)

Page 88: Dissertação Em Vci

88

A Tabela 10 mostra os valores obtidos do ajuste dos diagramas de

impedância aplicando o potencial em circuito aberto no eletrodo de aço na solução

de TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) com e sem adição de NaOH, aminas ou caprilatos

0,020 mol L-1. Os diagramas de impedância mostram apenas uma constante de

tempo e foram ajustados pelo circuito 1. A adição de aminas na solução de TB+

NaCl, praticamente não alteraram os valores de capacitância da dupla camada

elétrica e resistências de transferência de carga. Entretanto, os valores de Qdc-n

para estas soluções tampões estão ao redor de 0,7 indicando que aumentou a

rugosidade da superfície do eletrodo em relação à solução de NaCl.

Para as soluções tampões de NaCl+TB+caprilatos observam-se duas

constantes de tempos e os ajustes dos diagramas foram feitos com os circuitos 2 e

4. Com o caprilato de sódio não houve variação significativa nos valores da

resistência de transferência de carga e capacitância em relação às soluções

tampões contendo as aminas. Os diagramas de EIS obtidos na superfície do aço

após interação com os sais de caprilato mostra duas constantes de tempo devido ao

filme poroso e a dupla camada elétrica. Com a adição de caprilatos de aminas na

solução tampão, ocorreu um grande aumento na resistência de transferência de

carga de cerca de 8 a 13 vezes, mas os valores de Qdc-Yo não variaram

significativamente ( 10-4 S sn cm-2). No entanto, os valores de Qdc-n variaram em

torno de 0,5 para as soluções de TB+NaCl contendo Na-CAP ou ETA-CAP,

indicando um processo difusional na superfície, enquanto nas soluções contendo

CHA-CAP ou DCHA-CAP, os valores de Qdc-n ficaram em cerca de 0,9, isto é,

tendendo à uma superfície com características capacitivas.

A adição de Na-CAP na solução de TB+NaCl apresenta um valor de Qp-Yo em

torno de 3 x10-4 S sn cm-2, sendo uma ordem de grandeza maior do que obtido com

adição de ETA-CAP. Entretanto, os valores de Qp-n ficaram em torno de 0,8,

sugerindo que o filme superficial apresentam características capacitivas. Além disso,

a resistência do poro diminui de 611 Ω cm2 (Na-CAP) para 105 Ω cm2 (ETA-CAP). A

diminuição do valor de Qp-Yo e Rp na solução de TB+NaCl contendo ETA-CAP em

relação ao do Na-CAP, indica que a etanolamina influencia na formação de um filme

mais compacto e menor área devido, provavelmente à maior interação do ETA-CAP

com o aço.

Entretanto, para os sais CHA-CAP e DCHA-CAP o parâmetro Qp-n ( 0,4)

sugerem um processo difusional de espécies na superfície, enquanto que os valores

Page 89: Dissertação Em Vci

89

de Qp-Yo foram próximos a 10-2 S sn cm-2, mostrando a área superficial aumentou

bastante em relação a Na-CAP. As diferenças no filme formado na presença de

Na-CAP e caprilatos de aminas podem ser atribuídos à adsorção inicial do caprilato

na superfície do eletrodo e posteriormente estas espécies adsorvidas interagem com

as aminas (SZAUER; BRANDT, 1981). Estas aminas podem induzir à formação de

produtos insolúveis na superfície ou tornar a adsorção dos caprilatos mais efetiva.

Este modelo está de acordo com o circuito empregado no ajuste dos diagramas de

EIS, já que existe um elemento capacitivo em série com a resistência da solução e

os processos de transferência de cargas.

Page 90: Dissertação Em Vci

90

Tabela 10 – Valores obtidos do ajuste dos diagramas de impedância no potencial de circuito aberto na solução de TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7) com e sem a adição de inibidores na concentração de 0,020 mol L-1. *Circuito equivalente (Ce)

Ce* Cinib

/ mol L-1 Rsol

/ Ω cm2 Qp-Yo

/ S sn cm-2 Qp-n

Rp / Ω cm2

Qdc-Yo / S sn cm-2

Qdc-n RTC

/ kΩ cm2 χ2

TB + NaCl 1 0,100 125

(0,3%) ---- ---- ----

6x10-4

(1%)

0,71

(0,6%)

0,9

(1%) 3x10-4

TB + ETA 1 0,020 128

(0,3%) ---- ---- ----

7x10-4

(1%)

0,72

(0,5%)

0,9

(0.9%) 2x10-4

TB + CHA 1 0,020 115

(0,3%) ---- ---- ----

7x10-4

(1%)

0,73

(0,6%)

0,9

(1%) 3x10-4

TB + DCHA 1 0,020 120

(0,4%) ---- ---- ----

5x10-4

(1%)

0,73

(0,6%)

1,0

(1%) 3x10-4

TB + Na-CAP 2 0,020 131

(0,1%)

3x10-4

(2%)

0,78

(0,4%)

611

(5%)

6x10-4

(5%)

0,6

(2%)

0,9

(4%) 6x10-6

TB + ETA-CAP 2 0,020 142

(0,3%)

2x10-5

(27%)

0,82

(3%)

105

(20%)

2x10-4

(1%)

0,49

(1%)

7,6

(4%) 5x10-5

TB + CHA-CAP 4 0,020 142

(0,1%)

6x10-3

(2%)

0,30

(2%) ----

3x10-4

(0,2%)

0,88

(0,1%)

12

(0,5%) 2x10-6

TB + DCHA-CAP 4 0,020 147

(0,2%)

7x10-3

(9%)

0,38

(4%) ----

2x10-4

(0,3%)

0,89

(0,2%)

12

(0,8%) 1x10-5

Fonte: Autor (2014)

Page 91: Dissertação Em Vci

91

5.2.4. Polarização linear (PL)

A Tabela 11 mostra as resistência obtidas pela polarização linear nas

soluções de NaCl 0,1 mol L-1 e TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7), com e sem adição de

inibidores. De um modo geral, observa-se que os valores de resistência de

polarização (RPL) apresentam alguns desvios em relação às resistências obtidas nas

curvas de polarização e impedância eletroquímica. No entanto, a polarização linear

pode revelar a mesma ordem e dimensão de inibição do aço observada nas outras

técnicas eletroquímicas.

Tabela 11 – Resistências obtidas pela polarização linear nas soluções de NaCl 0,1 mol L-1 e TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7), com e sem adição de inibidores.

Cinib.

/ mol L-1 pHsol.

RPL kΩ cm2

NaCl TB (pH 6,7)

NaCl 0 6,3 1,3 1,1

NaOH 0,002 11,3 1,4 ----

0,020 12,2 149 ----

ETA 0,020 11,2 1,8 1,1

0,100 11,7 121 ----

CHA 0,020 11,8 137 1,1

0,100 12,2 144 ----

DCHA 0,005 11,7 2,0 ----

0,020 ---- ---- 1,2

H-CAP 0,005 3,3 1,6 ----

Na-CAP 0,020 6,2 7,9 1,6

ETA-CAP 0,020 6,8 6,6 8,5

CHA-CAP 0,020 6,5 15,4 15,5

DCHA-CAP 0,020 6,0 18,3 12,9

Fonte: Autor (2014)

A Tabela 12 mostra os valores da eficiência dos inibidores para as diferentes

técnicas para avaliar a resistência de polarização (RSG, RPL e RTC) nas soluções de

Page 92: Dissertação Em Vci

92

NaCl 0,1 mol L-1 e TB + NaCl 0,1 mol L-1 (pH 6,7), com e sem adição de inibidores. A

estimativa da eficiência do inibidor (EI) é obtida a partir dos valores de resistências

conforme a equação:

EI% = [(R` – R) / R` ] x 100 (7)

onde R são as resistências obtidas na ausência dos inibidores, enquanto que R` são

as obtidas com os inibidores (JEYAPRABHA; SATHIYANARAYANAN;

VENKATACHARI, 2005).

Tabela 12 – Eficiência dos inibidores a partir das resistências de polarização (RSG, RPL e RTC) nas soluções de NaCl e TB + NaCl (pH 6,7).

Cinib.

/ mol L-1 pHsol. NaCl TB + NaCl (pH 6,7)

Resistência RSG RTC RPL RSG RTC RPL

NaOH 0,002 11,3 16% 50% 7% ---- ---- ----

0,020 12,2 99% 99% 99% ---- ---- ----

ETA 0,020 11,2 32% 60% 28% 10% 0% 0%

0,100 11,7 99% 99% 99% ---- ---- ----

CHA 0,020 11,8 99% 99% 99% 5% 0% 0%

0,100 12,2 99% 99% 99% ---- ---- ----

DCHA 0,005 11,7 51% 62% 30% ---- ---- ----

0,020 6,7 ---- ---- ---- 15% 10% 8%

H-CAP 0,005 3,3 38% 0% 19% ---- ---- ----

Na-CAP 0,020 6,2 81% 93% 83% 30% 0% 31%

ETA-CAP 0,020 6,8 84% 95% 80% 92% 88% 87%

CHA-CAP 0,020 6,5 90% 93% 91% 93% 92% 93%

DCHA-CAP 0,020 6,0 94% 92% 93% 93% 92% 91%

* RSG – Resistências obtidas pelas curvas de polarização

RPL – Resistências obtidas pela polarização linear

e RTC – Resistências obtidas pelos ajustes dos diagramas de impedância.

Fonte: Autor (2014)

Page 93: Dissertação Em Vci

93

Na Tabela 12 observa-se que as eficiências menores que 65% correspondem

às condições experimentais onde não houve uma proteção eficiente para o aço,

estas condições são: os inibidores ou NaOH em baixas concentrações, as aminas

protonadas e o caprilato de sódio quando dissolvido na solução tampão. Nota-se

também que as eficiências obtidas entre 80 e 95% correspondem às soluções

contendo os sais de caprilatos, e as eficiências maiores que 99% são encontradas

para soluções fortemente alcalinas, ambas as condições mostraram bons resultados

contra a corrosão.

A condição onde as aminas estão em baixa concentração não mostram boas

eficiências, pois o número de sítios de interação das aminas com o ferro são baixos

devido à superfície estar bloqueada pela presença de óxidos, hidróxidos e cloretos

de ferro. E quando as aminas mostram boas eficiências (> 99%) é devido ao elevado

pH da solução que espontaneamente passiva o eletrodo, já que o mesmo

comportamento é encontrado na solução de NaOH 0,020 mol L-1, pois existe uma

camada espessa de hidróxidos de ferro que protegem do ataque do cloreto. No caso

das aminas protonadas na solução tampão não são observadas as mesmas

eficiências que em soluções ácidas (JEYAPRABHA; SATHIYANARAYANAN;

VENKATACHARI, 2005; LI, 1997), isto porque as aminas quando protonadas

apresentam baixa interação com o ferro e o pH neutro diminui a formação de sais de

cloretos orgânicos (LUO; GUAN; HAN, 1998).

As soluções contendo os íons caprilatos mostram dois comportamentos

diferentes que são dependentes do pH da solução. Quando os caprilatos dissolvidos

na solução de NaCl 0,100 mol L-1, ou seja, não existe o controle do pH pela solução

tampão, observa-se que ocorre a passivação do aço pela formação de caprilato de

ferro independentemente do sal de caprilato, exceto para o ácido caprílico que não

contém as condições de pH e concentração necessárias para que ocorra a

passivação. No entanto, em solução tampão, o caprilato de sódio mostrou-se

ineficiente quando comparado com os caprilatos de aminas. Isto indica que a

espécie amina ligada ao caprilato pode induzir a formação de produtos na superfície

que contribuem para a proteção do aço ou podem influenciar na adsorção através de

uma interação lateral entre as espécies adsorvidas (SZAUER; BRANDT, 1981).

Embora a Tabela 12 mostre que a eficiência de inibição obtida para testes em

solução contendo caprilatos foi > 80%, estes valores não são concordantes com os

resultados apresentados de câmara úmida na literatura (BAKER, 1954; VUORINEN;

Page 94: Dissertação Em Vci

94

SKINNER, 2002). A Tabela 13 mostram os valores de eficiência obtidos pela técnica

de espectroscopia de impedância eletroquímica e os resultados obtidos por câmara

úmida descrito na literatura (BAKER, 1954; VUORINEN; SKINNER, 2002). As

eficiências dos inibidores selecionadas a partir da técnica de EIS foram às soluções

com maior concentração de inibidor. A Tabela 13 mostra que tanto para as aminas e

o ácido caprílico as eficiências obtidas por EIS em NaCl e TB+NaCl não concordam

com os resultados obtidos por Baker (1954). Além disso, os resultados de caprilatos

de ciclohexilamina e de diciclohexilamina também não concordam com os da

literatura (VUORINEN; SKINNER, 2002), exceto para o caprilato de etanolamina.

Tabela 13 – Eficiência dos VCIs obtidos por testes de EIS e câmara úmida.

Inibidor EIS (NaCl)

EIS (TB+NaCl) Baker (1954) Vuorinen e Skinner (2002)

ETA 99% 0% 75% ---- CHA 99% 0% 50% ----

DCHA 62% 10% 75% ---- H-CAP 0% ---- 75% ----

ETA-CAP 95% 88% ---- > 90% CHA-CAP 93% 92% ---- 25%

DCHA-CAP 92% 92% ---- 50%

Fonte: Baker (1954); Vuorinen; Skinner (2002); Autor (2014)

Os resultados discordantes entre a técnica de EIS e câmara úmida indicam

que os testes eletroquímicos convencionais realizados numa camada espessa de

solução não são recomendados para avaliar as eficiências de inibição dos VCIs. Isto

porque o aço imerso na solução não simula a condição de formação de um filme fino

de solução aquosa na superfície contendo os sais dissolvidos e aminas em contato

com o oxigênio da câmara, pois nestas condições a sua concentração em contato

com o aço é muito maior do que na célula eletroquímica convencional. Como

demonstrado por Forker, Reinhard e Rahner (1979), a concentração de oxigênio é

um fator importante para a passivação dos caprilatos, e por isto foram observados

resultados discordantes entre os testes na solução e câmara de vapor. Além disso,

os testes eletroquímicos não levam em consideração a pressão de vapor destas

espécies.

Page 95: Dissertação Em Vci

95

6. CONCLUSÕES

As curvas de polarização obtidas para o aço na solução de NaCl em

diferentes sobrepotenciais catódicos iniciais podem resultar em diferentes

interpretações, isto porque na região catódica podem haver mais de uma reação de

redução que geram íons OH- que aumentam o pH local. A presença das hidroxilas

interfere nos parâmetros de Tafel através da formação dos hidróxidos de ferro que

modificam e bloqueiam a superfície.

Os parâmetros de Tafel obtidos das curvas de polarização do aço imerso na

solução tampão borato (pH 6,7) praticamente não mudam com o sobrepotencial

catódico inicial aplicado, pois o efeito tampão neutralizam as hidroxilas gerada pelas

reações de redução de oxigênio e água.

Os inibidores voláteis de corrosão foram dissolvidos nas soluções de NaCl e

tampão borato (TB) + NaCl (pH 6,7) e avaliados por técnicas de curvas de

polarização, micropolarização linear e espectroscopia de impedância eletroquímica.

Os resultados obtidos pelas três técnicas eletroquímicas são concordantes, no

entanto existem diferenças nos resultados obtidos entre os inibidores dissolvidos na

solução de NaCl e na solução tampão (pH 6,7).

A solubilização dos inibidores na solução de NaCl 0,1 mol L-1 modificam o pH

da solução, provocando também alterações na superfície do eletrodo. A adição das

aminas causam um aumento no valor de pH para valores bastante elevados (pH >

11), que pode ocasionar numa espontânea passivação na superfície pela formação

de hidróxidos de ferro. Já com a adição do ácido caprílico, o pH da solução diminui

tornando a superfície isenta de hidróxidos, no entanto a concentração do ácido e o

pH da solução não permitem a passivação do aço. Nas soluções contendo sais de

caprilatos observou-se que as variações nos valores de pH foram pequenas e o aço

é passivado após 3 horas de imersão independentemente do sal de caprilato. Além

disso, as curvas de polarização mostraram que na medida em que ocorre a

dissolução do ferro maior será a proteção do aço, já que maior será a formação do

caprilato de ferro.

Na solução de TB + NaCl 0,1mol L-1 (pH 6,7), as aminas que possuem caráter

alcalino estão protonadas tornando-as ineficientes. No caso dos sais de caprilatos, a

passivação do aço pode ser influenciada por dois fatores: as variações de pH local

são pequenas devido ao efeito tampão; e/ou a presença das aminas induzem a

Page 96: Dissertação Em Vci

96

formação do caprilato de ferro insolúveis ou a adsorção destas espécies bloqueando

superfície do eletrodo.

As eficiências dos inibidores obtidas nos testes eletroquímicos convencionais

não são recomendadas para avaliar os VCIs, pois nestas condições o contato do

oxigênio é muito menor do que na condição de vapor e o pH da solução pode

modificar a superfície do eletrodo impedindo a interação Ferro-inibidor.

Page 97: Dissertação Em Vci

97

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