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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS- PONTAIS ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO PETROLÍFERO DE SERRA, MACAU/RN, A PARTIR DE TESTEMUNHOS POR VIBRAÇÃO MONOGRAFIA Natal 2021

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Page 1: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DA TERRA

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA

CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-

PONTAIS ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO

PETROLÍFERO DE SERRA, MACAU/RN, A PARTIR DE

TESTEMUNHOS POR VIBRAÇÃO

MONOGRAFIA

Natal

2021

Page 2: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA

CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-

PONTAIS ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO PETROLÍFERO

DE SERRA, MACAU/RN, A PARTIR DE TESTEMUNHOS POR

VIBRAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Geologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Geologia.

Orientador: Helenice Vital

Coorientador: Germano Melo Júnior

Natal

2021

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DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA

CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR DE ILHAS BARREIRAS-PONTAIS

ARENOSOS, NO ENTORNO DO CAMPO PETROLÍFERO DE SERRA, MACAU/RN,

A PARTIR DE TESTEMUNHOS POR VIBRAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Geologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Bacharel em

Geologia.

Trabalho apresentado em 27/04/2021

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Helenice Vital (Orientadora)

Departamento de Geologia /UFRN

Prof. Dr. Germano Melo Júnior (Coorientador/ Membro interno)

Departamento de Geologia /UFRN

Dr. André Giskard Aquino da Silva (Membro externo)

Me. Paulo Roberto Cordeiro de Farias (Membro externo)

Natal

2021

Page 4: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

Para minha família, minha base de tudo!

Page 5: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus e à minha família: minha mãe Júnia, meu pai Edilson, minha irmã

Danielly, meus avós, tios e primos que sempre me apoiaram e incentivaram.

Aos meus amigos que estiveram comigo seja no início da minha trajetória, seja agora

no encerramento dessa etapa. Minhas melhores amigas da época do ensino fundamental Jaíslla

e Mara Raquel; meus respeitosos amigos do IFRN: Analyce, Edivânia, João Victor, Haria,

Melqui, Luan, Wisley; meus amigos da ONHB: Bia, Elli, Clara, Hygo, Allana, Arthur; meus

amigos que estiveram comigo no início da minha trajetória na UFRN: Alberto e Ingrid; e os

amigos que fiz durante a graduação em Geologia: Ana Lídia, Anna Luisa, Breno, Cairo,

Fabiana, Jerônimo, Jasmin, Jéssica, João Victor, Luana, Marcos, Marilia, Rafael (meu

companheiro de laboratório), Rodrigo, Silas, Thiago... e tantos outros que de alguma forma

cruzaram meu caminho. Em especial Adriano, Flora, Larissa e Richely que compartilharam

comigo perrengues de trabalhos em grupo e atividades de campo.

Ao meu companheiro de campos, atividades e da vida, Hemerson Lucas, por sempre

estar ao meu lado me apoiando.

À Geologus Jr. pela oportunidade de vivenciar o mercado de trabalho ainda dentro da

faculdade e oferecer uma enriquecedora experiencia profissional e pessoal.

À todos os professores pelos ensinamentos geológicos e da vida, compartilhados ao

longo dos anos. Aos servidores do Departamento de Geologia da UFRN, por todo apoio e

suporte durante minha passagem pela graduação. À Professora Iracema Miranda (Museu

Câmara Cascudo) por ter disponibilizado o laboratório, seu tempo e conhecimento.

Ao Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental

(GGEMMA) pela infraestrutura oferecida e à toda sua equipe pela convivência,

acompanhamento e conhecimento compartilhado, em particular à equipe que auxiliou nas

atividades de campo e laboratório. À minha orientadora Professora Helenice Vital (Dept.

Geologia) por todos os ensinamentos, e pela dedicação e atenção que tem comigo e com todos

seus orientandos.

À PETROBRAS (UO/RNCE) pelo fornecimento dos dados dos testemunhos para

realização desse trabalho e à UFRN pela infraestrutura disponibilizada (Laboratórios de

Geologia e Geofisica Marinha e Monitoramento Ambiental – GGEMMA/DG/PPGG, Geografia

Física – LabGeoFis/DGEO e de Análise Ambiental/MCC).

Aos agentes financiadores: FUNPEC/UFRN/CAMPO SERRA 26209 e CNPQ (PQ

315742/2020-8).

À todas as pessoas que não foram mencionados aqui, mas que direta ou indiretamente

contribuíram para minha formação acadêmica e pessoal.

Page 6: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

“A felicidade pode ser encontrada mesmo nos momentos

mais sombrios, se você lembrar de acender a luz.”

Alvo Dumbledore

Page 7: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

RESUMO

No litoral setentrional do Rio Grande do Norte são encontrados corpos arenosos paralelos à

linha de costa, que isolam áreas protegidas do impacto do mar aberto, constituindo sistemas

dinâmicos de ilhas barreiras – pontais arenosos. O estudo trata da descrição e análise de 12

testemunhos de material sedimentar coletados em quatro pontos distintos em pontais arenosos

(ARPrI e CPrI1) e ilhas barreiras (CPrI2 e CPRI3), na região de Macau/RN. O sedimento foi

coletado através do método de testemunhagem por vibração, que possibilita uma amostragem

contínua e pouco perturbada de materiais pouco consolidados. Foram recuperados 15,75 metros

de material sedimentar que foram submetidos a estudos de perfilagem radioativa, textura, cor,

composição, mineralogia, granulometria e estruturas sedimentares. Após a descrição

macroscópica, os testemunhos foram amostrados em intervalos regulares, resultando em 58

amostras que foram destinadas à análise granulométrica, dentre as quais 52 foram submetidas

às análises químicas (quantificação do teor de matéria orgânica e de carbonato de cálcio). Os

resultados obtidos mostraram no geral perfis com uma leve diferença no padrão de

empilhamento. O conjunto de testemunhos CPrI1 (A, B, C) e CPrI2 (A, B, C), apresentaram

uma variação sutil e gradual, com um padrão de granocrescência ascendente, tendo em seu topo

material ligeiramente mais grosso que em sua base. Enquanto o conjunto de testemunhos ARPrI

(A, B, C) e CPrI3 (A, B, C) apresentou um padrão inverso, com granodecrescência ascendente,

contendo em sua base sedimento de granulometria areia grossa, afinando em direção ao topo

para areia fina. Em todos os testemunhos houveram variações nos teores de carbonato de cálcio

e de matéria orgânica, os teores de carbonato registrados variaram de 0,35 a 32,36%, enquanto

os teores de matéria orgânica apresentaram valores entre 0,47 e 25,7%. As características

apresentadas pelos sedimentos presentes nos testemunhos estudados permitiram identificar os

depósitos de praia/ilha barreira, depósitos de canal de maré e depósitos de planície de maré,

representativos de sistemas tropicais de alta energia.

PALAVRAS-CHAVE: Testemunhos. Ilha Barreira. Análise Sedimentar.

Page 8: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

ABSTRACT

In the northern coast of Rio Grande do Norte are found sandy bodies parallel to the coastline,

which isolate protected areas from the open sea impact, constituting dynamic systems of barrier

islands - spits. The study deals with the description and analysis of 12 core samples of

sedimentary material collected at four different points on sandy headlands (ARPrI and CPrI1)

and barrier islands (CPrI2 and CPRI3), in the region of Macau, Rio Grande do Norte state.

Sediment was collected using the vibration method, which allows for continuous, undisturbed

sampling of poorly consolidated materials. A total of 15.75 meters of sedimentary material was

recovered and submitted to radioactive profiling, texture, color, composition, mineralogy,

granulometry and sedimentary structures studies. After the macroscopic description, the cores

were sampled at regular intervals, resulting in 58 samples that were used for granulometric

analysis, among which 52 were submitted to chemical analysis (quantification of organic matter

and calcium carbonate content). The results obtained showed profiles with a slight difference

in stacking pattern. The CPrI1 (A, B, C) and CPrI2 (A, B, C) samples showed a subtle and

gradual variation, with an ascending granocrescence pattern, with material slightly coarser at

the top than at the bottom. The ARPrI (A, B, C) and CPrI3 (A, B, C) core samples show an

inverse pattern, with ascending granodecrescence, containing a coarse sand sediment at the

base, tapering towards the top to fine sand. In all core samples there were variations in calcium

carbonate and organic matter contents, the recorded carbonate contents varied from 0.35 to

32.36%, while the organic matter contents presented values between 0.47 and 25.7%. The

characteristics presented by the sediments present in the studied cores allowed the identification

of beach/island barrier deposits, tidal channel deposits, and tidal plain deposits, representative

of tropical high-energy systems.

KEY-WORDS: Cores. Barrier Island. Sedimentary Analysis.

Page 9: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

Lista de Figuras

Figura 1.1: Mapa de localização da área de estudo e dos pontos de sondagem. ........ 15

Figura 1.2 - Vista da área de estudo. A) Vista da estrada de acesso às bases dos poços

do Campo de Serra; B) Vista aérea do pontal arenoso da área de referência. ............... 16

Figura 1.3 – Bloco diagrama ilustrando os vários subambientes em um sistema de

ilha barreira. ................................................................................................................ 17

Figura 1.4 – Climograma da cidade de Macau/RN. ................................................... 18

Figura 1.5 - Mapa geológico simplificado da porção emersa da Bacia Potiguar

(modificado de Cassab, 2003; Angelim et al., 2006). ................................................ 21

Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da área de estudo. ................................... 24

Figura 2.1 – Fluxograma com a metodologia. ........................................................... 26

Figura 2.2 - A) Tubo de alumínio utilizado na sondagem por vibração, B) Detalhe

do retentor na base do tubo de alumínio que previne a perda do material amostrado,

C) Vista do tripé e testemunho coletado na área CPrI1, D) Fechamento do topo do

testemunho e sua identificação, E) Visão geral da área CPrI1. .................................... 27

Figura 2.3 - Cartela de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009). ...................... 29

Figura 2.4 - Escala granulométrica de campo. ........................................................... 30

Figura 2.5- Amostragem dos testemunhos em laboratórios da UFRN. A) e B)

testemunhos marcados a intervalos regulares para amostragem; C) detalhe de

amostragem e D) testemunho amostrado a intervalos regulares. ............................... 31

Figura 2.6 – A) Lavagem dos sedimentos nos béqueres; B) Estufa utilizada para

secagem dos sedimentos; C) Amostra quarteada; D) Separação de 5g destinado para

determinação do teor de carbonato. ............................................................................. 32

Figura 2.7 - Conjunto de peneiras posicionado no agitador. ........................................ 33

Figura 2.8 – A) Béqueres com 5g da amostra de sedimento mais 20 ml de ácido

clorídrico (HCl) a 10%; B) Pesagem inicial do filtro de papel; C) Filtros e funis

utilizados na lavagem das amostras para retirada do HCl. ........................................... 34

Figura 2.9 - Cadinhos na mufla. .................................................................................. 35

Figura 2.10 - Lupa binocular utilizada na observação e descrição de parâmetros

texturais e mineralógicos. ........................................................................................... 36

Figura 3.1 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI

A. ................................................................................................................................ 38

Figura 3.2 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI A. .................................. 39

Figura 3.3 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI

B. ................................................................................................................................ 40

Figura 3.4 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI B. .................................. 41

Figura 3.5 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI

C. ................................................................................................................................ 42

Figura 3.6 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI C. .................................. 43

Figura 3.7 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 95 cm descrito para o

testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 44

Figura 3.8 – Fotografia mostrando o intervalo de 95 e 30 cm descrito para o testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 45

Figura 3.9 – Fotografia mostrando o intervalo entre 30 e 0 cm descrito para o

testemunho CPrI1 A. .................................................................................................. 46

Figura 3.10 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 A. ................................ 46

Figura 3.11 – Fotografia mostrando os intervalos entre 125 e 56 cm descritos para o

testemunho CPrI1 B. .................................................................................................. 47

Page 10: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

Figura 3.12 – Fotografia mostrando o intervalo de 56 a 0 cm descrito para o

testemunho CPrI1 B. ................................................................................................... 48

Figura 3.13 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 B. ................................ 49

Figura 3.14 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 25 cm descrito para o

testemunho CPrI1 C. .................................................................................................. 50

Figura 3.15 – Fotografia mostrando o intervalo entre 25 e 0 cm descrito para o

testemunho CPrI1 C. ................................................................................................... 51

Figura 3.16 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 C. ................................ 51

Figura 3.17 – Fotografia mostrando o intervalo entre 120 e 50 cm descrito para o

testemunho CPrI2 A. .................................................................................................. 52

Figura 3.18 – Fotografia mostrando os intervalos entre 50 e 0 cm descritos para o

testemunho CPrI2 A. ................................................................................................... 53

Figura 3.19 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 A. ................................ 54

Figura 3.20 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI2

B. ................................................................................................................................ 55

Figura 3.21 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI 2 B. ................................ 56

Figura 3.22 – Fotografia mostrando o intervalo de 104 a 25 cm descrito para o

testemunho CPrI2 C. ................................................................................................... 57

Figura 3.23 – Fotografia mostrando o intervalo de 25 a 0 cm descrito para o

testemunho CPrI2 C. Os círculos pretos indicam fragmentos de conchas. .................. 58

Figura 3.24 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 C. ................................. 58

Figura 3.25 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI3

A. ................................................................................................................................ 60

Figura 3.26 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 A. ................................. 60

Figura 3.27 – Fotografia mostrando o intervalo de 93 a 31 cm descrito para o

testemunho CPrI3 B. ................................................................................................... 61

Figura 3.28 – Fotografia mostrando o intervalo de 31 a 0 cm descrito para o

testemunho CPrI3 B. ................................................................................................... 62

Figura 3.29 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 B. ................................. 63

Figura 3.30 – Fotografia mostrando o intervalo entre 105 e 70 cm descrito para o

testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 64

Figura 3.31 – Fotografia mostrando o intervalo entre 70 e 33 cm descrito para o

testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 65

Figura 3.32 – Fotografia mostrando o intervalo de 33 a 0 cm descrito para o

testemunho CPrI3 C. ................................................................................................... 65

Figura 3.33 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 C. ................................. 66

Figura 3.34 – A) Feições microscópicas da amostra 1 sob polarizadores paralelos.

Porções avermelhadas correspondem hidróxidos de ferro. As partes brancas

correspondem a grãos de quartzo; B) Feições microscópicas da amostra 2 sob

polarizadores paralelos. Grãos mono e policristalinos de quartzo aparecem com

cores claras e formas angulosas, imersos numa matriz fina, provavelmente argilosa,

de tons castanhos claros. ............................................................................................. 67

Figura 4.1 – Carta litoestratigráfica para o testemunho ARPr1 A mostrando a

integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a

interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 71

Figura 4.2 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI1 B, mostrando a

integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a

interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 73

Page 11: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

Figura 4.3 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI2 B, mostrando a

integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a

interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 74

Figura 4.4 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI3 A, mostrando a

integração dos dados de testemunhos e perfis coregama, possibilitando a

interpretação e posterior identificação dos sistemas deposicionais. ............................ 76

Page 12: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Localização geográfica das áreas dos testemunhos estudados. ................ 26

Tabela 4.1 - Classificação de sedimentos para a plataforma continental do nordeste

brasileiro (Vital et al. 2005b após Larsonneur 1977, Dias 1996 e Freire et al. 1997). 68

Tabela 4.2 - Características e descrição das fácies identificadas. ................................ 69

Page 13: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................14

1.1 APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS...................................................................................14

1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO............................................................................15

1.3 SISTEMAS DE ILHAS BARREIRAS...............................................................................16

1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS..........................................................................................17

1.4.1 CLIMA...............................................................................................................................18

1.4.2 HIDROGRAFIA....................................................................................................................18

1.4.3 VEGETAÇÃO......................................................................................................................19

1.4.4 VENTOS.............................................................................................................................19

1.4.5 ONDAS...............................................................................................................................20

1.4.6 CORRENTES.......................................................................................................................20

1.4.7 MARÉS..............................................................................................................................20

1.5 CONTEXTO GEOLÓGICO...............................................................................................21

1.5.1 CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL.........................................................................................23

1.5.1.1 Depósitos Flúvio-Marinhos...........................................................................................23

1.5.1.2 Depósitos de Mangue.....................................................................................................24

1.5.1.3 Depósitos eólicos litorâneos vegetados.........................................................................24

1.5.1.4 Depósitos eólicos litorâneos não vegetados..................................................................25

1.5.1.5 Depósitos Litorâneos Praiais........................................................................................25

2. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................26

2.1 AQUISIÇÃO DE DADOS EM CAMPO...........................................................................26

2.2 ATIVIDADES EM LABORATÓRIO................................................................................28

2.2.1 PROCESSAMENTO DOS TESTEMUNHOS................................................................................28

2.2.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTOS...........................................................30

2.2.2.1 Análise granulométrica.................................................................................................32

2.2.2.2 Teor de Carbonato de Cálcio.........................................................................................33

2.2.2.3 Teor de Matéria Orgânica.............................................................................................34

2.2.2.4 Análise morfoscópica e minaralógica...........................................................................35

2.3 INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................36

3. RESULTADOS....................................................................................................................37

3.1 ARPRI.................................................................................................................................37

3.1.1 ARPRI A...........................................................................................................................37

3.1.2 ARPRI B...........................................................................................................................39

3.1.3 ARPRI C............................................................................................................................41

Page 14: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

3.2 CPRI1..................................................................................................................................43

3.2.1 CPRI1 A............................................................................................................................43

3.2.2 CPRI1 B............................................................................................................................47

3.2.3 CPRI1 C............................................................................................................................49

3.3 CPRI2..................................................................................................................................52

3.3.1 CPRI2 A............................................................................................................................52

3.3.2 CPRI2 B............................................................................................................................54

3.3.3 CPRI2 C............................................................................................................................56

3.4 CPRI3..................................................................................................................................59

3.4.1 CPRI3 A............................................................................................................................59

3.4.2 CPRI3 B............................................................................................................................61

3.4.3 CPRI3 C............................................................................................................................63

3.5 MATERIAL DA ESTRADA DE ACESSO.......................................................................66

4. DISCUSSÕES......................................................................................................................68

5. CONCLUSÕES...................................................................................................................77

REFERÊNCIAS......................................................................................................................79

Page 15: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

14

1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO E OBJETIVOS

Na porção norte da costa do estado do Rio Grande do Norte são encontrados corpos

arenosos dispostos paralelamente à linha de costa, que isolam áreas protegidas do impacto do

mar aberto, constituindo sistemas dinâmicos de ilhas barreiras – pontais arenosos.

A dinâmica costeira existente na área tem provocado erosão em locais onde foram

instaladas facilidades destinadas ao apoio logístico para a produção de petróleo, tais como

estrada de acesso, bases de locação de poços e bases de apoio, fazendo com que o material

erodido dessas instalações fosse transportado em direção ao continente (com deposição em

manguezal ou sedimentos praiais adjacentes), ou mesmo em direção ao mar, em função dos

processos marinhos reinantes na área. A estrada e as bases foram construídas a partir da

compactação de material de empréstimo composto por piçarra (material sedimentar areno-

argiloso extraída de jazidas da região).

O presente trabalho aborda a descrição e análise de 12 testemunhos de material

sedimentar coletados em quatro pontos distintos de pontais arenosos e ilhas barreiras localizado

próximo à cidade de Macau/RN (Figura 1.1), que fazem parte do projeto “Avaliação das

características físicas e texturais de solos do campo de Serra, Macau/RN - Bacia Potiguar”

PETROBRAS/UFRN/FUNPEC. Os testemunhos foram coletados pelo método de

testemunhagem por vibração, onde foram recuperados 15,75 metros de material sedimentar

submetidos a estudos de perfilagem radioativa, textura, cor, composição, mineralogia,

granulometria e estruturas sedimentares presentes.

Objetivos

O principal objetivo desse estudo foi a caracterização sedimentar de depósitos de praia

e ilha barreira do litoral setentrional do estado do Rio Grande do Norte, identificando as fácies

e ambientes deposicionais presentes neste sistema tropical, com foco nas estruturas

sedimentares, composição, textura, mineralogia, raios gama e, particularmente, na sua

sequência vertical. Dessa forma, contribuindo com a ampliação do conhecimento sobre as fácies

sedimentares presentes nos depósitos.

Considerando a dinâmica costeira atuante na área e os efeitos erosivos produzidos no

tocante à desagregação e transporte dos sedimentos que formavam as bases de poços e acessos

às mesmas, tem-se como objetivo secundário verificar se os sedimentos recuperados nos

testemunhos analisados apresentavam alguma composição mineralógica que poderia ser

Page 16: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

15

atribuída ao material de empréstimo oriundo da erosão da estrada de acesso e bases das locações

de poços de petróleo instalados nas proximidades.

1.2 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo se localiza no litoral setentrional do Rio Grande do Norte, em uma

região de ilha barreira-pontal arenoso, situado próximo ao município de Macau/RN (Figura

1.1).

Macau está distante aproximadamente 185 km da capital do estado (Natal/RN), sendo o

acesso feito pela BR 406. Através da RN-403 tem-se acesso aos campos de petróleo Macau e

Serra, onde os testemunhos foram coletados (Figura 1.2).

Figura 1.1 - Mapa de localização da área de estudo e dos pontos de sondagem.

Fonte: Autoria Própria.

Page 17: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

16

Figura 1.2 - Vista da área de estudo. A) Vista da estrada de acesso às bases dos poços do Campo de Serra; B)

Vista aérea do pontal arenoso da área de referência.

Fonte: Helenice Vital.

1.3 SISTEMAS DE ILHAS BARREIRAS

Ilha barreira é definida por Suguio (1980) como um corpo arenoso linear, exposto

durante a maré, disposto paralelamente à linha de costa, que isola áreas protegidas (baías,

lagunas e planícies de maré) do impacto do mar aberto.

A evolução das ilhas barreiras modernas têm ocorrido desde o início do Holoceno. O

desenvolvimento dessas ilhas barreiras é controlado por uma série de fatores dentre os quais se

destacam: flutuações do nível do mar, variações no suprimento de sedimentos, topografia pré-

deposicional, contexto estrutural (taxa de submersão ou emersão da bacia) e regime

hidrográfico (MOSLOW, 1984; BAGNOLI, 1988; SILVEIRA, 2002).

As ilhas barreiras são compostas, em sua maioria, por uma praia bem desenvolvida,

dunas costeiras e vários ambientes em seu lado terrestre, incluindo planícies de maré, pântanos

ou leques de lavagem (Figura 1.3).

De acordo com Walker (1984), os sistemas de ilhas barreiras apresentam três elementos

geomórficos principais: a própria cadeia arenosa de ilha barreira, o corpo de água atrás dela

(lagoa ou estuário) e os canais que cortam a barreira e conectam a lagoa ao mar aberto (canais

de maré). A partir dessa estrutura geomórfica pode-se afirmar que esse sistema é composto por

três grandes sistemas deposicionais clásticos: 1) o complexo barreira-praia submaré a subaéreo

2) a região atrás da barreira ou lagoa submaré-intermaré, e 3) o delta submaré-intermaré e o

complexo de canais (WALKER, 1984).

Page 18: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

17

Figura 1.3 – Bloco diagrama ilustrando os vários subambientes em um sistema de ilha barreira.

Fonte: Walker, 1984.

Segundo Vital (2009) no Rio Grande do Norte os pontais arenosos e ilhas barreiras estão

restritos ao litoral setentrional. A distribuição desses pontais arenosos e ilhas barreiras é

limitada por dois sistemas de falhas principais, os sistemas de Carnaubais e Afonso Bezerra. Os

sistemas ilhas barreiras e pontais arenosos são constituídos por sedimentos arenosos e

frequentemente recobertos por dunas, sua evolução, como apontam estudos, tem ocorrido de

maneira cíclica, onde se tem um antigo sistema de ilhas barreiras desenvolvendo pontais

arenosos atuais e pontais arenosos que foram recentemente separados do continente para formar

ilhas barreiras (XAVIER NETO et al., 2001; LIMA et al., 2001, 2002; SILVEIRA, 2002;

SOUTO, 2002; VITAL, 2009). Esse sistema prograda para oeste, devido à ação da intensa

deriva litorânea neste sentido, causando a erosão da linha de costa (ALVES et al., 2003;

CHAVES et al., 2006; VITAL 2006; VITAL et al., 2018).

1.4 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A distribuição dos sedimentos, ao longo da linha de costa, é regida por um conjunto de

fatores oceanográficos, tais como, regime de maré, influxo fluvial, ondas e processos

atmosféricos (PERILLO, 1996; PAIVA, 2019). Segundo Costa (2010) para a região de estudo

a importância dos elementos climáticos, aliada a outros fatores é determinante para a intensa

dinâmica costeira local.

Page 19: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

18

1.4.1 CLIMA

A área de estudo apresenta um clima tropical equatorial quente, semiárido, considerando

a classificação de Nimer (1989) (COSTA, 2010). É uma região quente e seca com chuvas

escassas, anualmente sofrendo estiagens. A temperatura média anual é superior a 27ºC, com

máxima de 32°C e mínima de 23°C, de acordo com dados de 2006 a 2018 do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET) (SOUZA E CHAVES, 2017). De acordo com Costa (2010), a insolação é

considerada uma das mais fortes do Brasil no mês de novembro, apresentando médias anuais em

torno de 2.600 horas/ano e 7,22 horas/dia (medidas da Estação Meteorológica de Macau entre 1961

e 1990).

A região é caracterizada por duas estações: uma seca com período mais longo 7 a 8

meses (junho a janeiro) e uma estação úmida (inverno) com período pluvial curto nos meses de

fevereiro a maio (IDEMA, 1999; COSTA 2010). A precipitação média anual é em torno de

500mm (SILVA, 2019). Segundo Costa (2010), a partir de dados do IBGE, a umidade relativa

média anual é 68%, podendo ocorrer uma variação anual de 20%.

Figura 1.4 – Climograma da cidade de Macau/RN.

Fonte: Silva, 2019.

1.4.2 HIDROGRAFIA

No município de Macau a rede hidrográfica está inserida na bacia hidrográfica Piranhas-

Açu, considerada a maior da Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental, com área total

de 43.683 km² (Agência Nacional das Águas, 2016). Em seu curso foram construídos dois

reservatórios que perenizam o rio: Curema/Mãe d’Água, na Paraíba, e Armando Ribeiro

Gonçalves, no Rio Grande do Norte.

Page 20: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

19

A feição hidrográfica que se destaca na área é o estuário do rio Açu, sendo constituída

por canais de maré e pelos rios Casqueira e Conceição, localizados a leste da cidade de Macau.

Esses rios são de médio porte e sua contribuição é proveniente do continente e ocorre por

drenagens ativas nos períodos chuvosos, com baixas vazões, sendo subordinados a ação das

marés (COSTA, 2010).

1.4.3 VEGETAÇÃO

De acordo com o Banco de Dados de Informações do IBGE no município de Macau a

vegetação presente em 37,7% do território é a Savana estépica arborizada, 23,4% correspondem

a Formação Pioneira com influência fluviomarinha, 11,4% é de Formação Pioneira com

influência marinha. No município 23,9% da cobertura vegetal foi substituída por áreas para

agropecuária, 2,6% da área se refere a corpos d’água, 0,8% são dunas e 0,2% é a cobertura

urbana.

A vegetação da região é marcada por dois tipos principais, a vegetação de caatinga e a

vegetação litorânea (manguezais e restingas). A Savana-Estépica Arborizada (vegetação de

caatinga) é caracterizada por nanofanerófitos de até 5 metros de altura, com uma distribuição

espaçada ou aberta, comumente apresentando divisão em galhos e muita ramificação, contendo

espinhos ou acúleos. A Formação Pioneira com influência fluviomarinha corresponde a uma

vegetação de caráter edáfico que constitui os manguezais e campos salinos, situados em terrenos

sedimentares holocênicos nas desembocaduras dos rios, onde ocorre o encontro das águas doces

com as águas salgadas. Nesses locais cresce uma vegetação adaptada à salinidade das águas,

como Rhizophora mangle, Avicenia e Laguncularia racemosa. A Formação Pioneira com

influência marinha é caracterizada pela vegetação conhecida como restinga, que recebem

influência direta das águas do mar, sendo representada pelos gêneros Ramirea e Salicornia.

Essa vegetação ocupa as faixas de praias, as formações dunares e dos cordões arenosos

litorâneos.

PROCESSOS COSTEIROS

1.4.4 VENTOS

No litoral do nordeste brasileiro os ventos sopram de E/NE e E/SE, de acordo com Vital

et al. (2008), conforme pode ser inferido a partir da observação da direção de deslocamento de

campos de dunas. Na área de estudo os ventos predominantes são os ventos alísios vindos de

E-NE. Sazonalmente não há grandes variações na distribuição da direção dos ventos, porém

observa-se uma predominância dos ventos de NE durante o inverno. A velocidade média dos

Page 21: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

20

ventos é de 20,5 km/h, sendo registradas maiores velocidades durante a estação seca. Nos

meses de abril e maio são registradas velocidades médias mais baixas, em torno de 15,8 km/h

e em outubro os ventos atingem as maiores velocidades médias de cerca de 25,5 km/h

(SILVEIRA, 2002; PAIVA, 2019).

1.4.5 ONDAS

Na área de estudo as ondas chegam à costa na mesma direção dos ventos predominantes

(vindos de E-NE) (ALVES, 2001), tendo as alturas máximas atingidas durante o inverno e

outono (PAIVA, 2019). Essas ondas possuem uma altura média de 0,56 m com altura máxima

de 1,23 metros e mínima de 0,27 metros, e um período de onda média de 7,5 segundos

(FRAZÃO, 2005; VITAL, 2009). Na zona de arrebentação a altura das ondas varia entre 0,80

e 0,22 m (TABOSA et al. 2001; SILVEIRA 2002; LIMA 2004; CHAVES 2005; VITAL, 2009).

1.4.6 CORRENTES

As correntes litorâneas no setor setentrional do estado fluem paralelamente à costa,

principalmente para oeste, podendo mudar de direção de acordo com as marés (VITAL, 2009).

A ação dos ventos alísios de sudeste sobre as ondas faz com que estas atinjam a costa em um

ângulo característico capaz de originar as correntes de deriva litorânea, que possuem uma maior

capacidade de transporte de sedimentos ao longo da costa, com velocidades que variam de 0,2

a 1,05 m/s (ROCHA, 2010). Essas correntes são responsáveis por transportar sedimentos de

leste para oeste, desenvolvendo as formas encontradas paralelas à linha de costa como ilhas

barreiras e pontais arenosos. De acordo com Vital (2009), subordinadamente ocorrem as

correntes de maré, que durante as marés altas fluem em direção a oeste-noroeste, de maneira

oblíqua à costa com valor máximo de 0,97 m/s, e durante as marés vazantes as correntes fluem

perpendicular a oblíqua à costa, na direção norte, tendo uma velocidade máxima de 0,50 m/s.

1.4.7 MARÉS

O estado do Rio Grande do Norte é caracterizado por um regime de mesomaré semi-

diurna, nesse regime a amplitude entre a maré alta e a maré baixa é superior a 2 metros e inferior

a 4 metros, realizando duas preamares e duas baixa mares no período de 24h. No litoral norte,

onde se encontra a área de estudo, as marés possuem altura máxima de 3,3 metros durante as

marés de sizígia e 2,5 metros nas marés de quadratura (ARAÚJO et al. 2004; VITAL, 2009).

Nessa região a maré apresenta condições bastante energéticas, mobilizando continuamente

sedimentos ao longo da costa. A forte influência da maré se reflete na presença de deltas de

Page 22: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

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maré vazante ao longo do sistema ilha barreira-spits e na foz dos rios, assim como spits

perpendiculares à costa (VITAL, 2005; VITAL et. al, 2008).

1.5 CONTEXTO GEOLÓGICO

No contexto geológico regional a área de estudo está inserida na porção central da Bacia

Potiguar emersa, sendo recoberta por depósitos sedimentares mais recentes.

A Bacia Potiguar é uma bacia de margem passiva localizada na porção oriental do

nordeste do Brasil, abrangendo o estado do Rio Grande do Norte e menos expressivamente o

estado do Ceará (porção ocidental) (Figura 1.5). A bacia limita-se a norte pela isóbata de 2.000

m, a leste com a Alto de Touros, a sul com o embasamento cristalino e a oeste com a Bacia do

Ceará pelo Alto de Fortaleza. Em sua área de aproximadamente 48.000 km2, 45% da cobertura

sedimentar, que corresponde a 21.500 km2, se encontra emersa, enquanto que 55% (26.500

km2) corresponde a porção submersa (PESSOA NETO et.al, 2007).

Figura 1.5 - Mapa geológico simplificado da porção emersa da Bacia Potiguar (modificado de Cassab, 2003;

Angelim et al., 2006).

Fonte: Santos, 2013.

A bacia tem como embasamento rochas cristalinas pré-cambrianas da Faixa Seridó,

composta pelo Complexo Caicó, Grupo Seridó e corpos graníticos. Segundo Jardim de Sá

(1994) o Complexo Caicó possui gnaisses e migmatitos de idades paleoproterozoicas. O Grupo

Seridó é composto pela Formação Jucurutu, com paragnaisses e mármores, Formação Equador,

composta por quartzitos e metaconglomerados e Formação Seridó, constituída principalmente

Page 23: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

22

por micaxistos. Os corpos graníticos são representados por duas gerações, sendo a mais nova

de idade ediacarana.

As rochas sedimentares presentes na Bacia Potiguar são organizadas em três unidades

litoestratigráficas de acordo com Araripe e Feijó (1994): Grupo Areia Branca, Grupo Apodi e

Grupo Agulha.

O Grupo Areia Branca, cujos sedimentos foram depositados a partir do Neocomiano,

está disposto de forma discordante sobre o embasamento cristalino e reúne arenitos, folhelhos

e siltitos da Formação Pendência e Pescada, e rochas areno-carbonaticas (arenitos, folhelhos,

pelitos e calcilutitos) da Formação Alagamar.

O Grupo Apodi, por sua vez, é constituído por sedimentos tanto siliciclásticos quanto

carbonáticos depositados entre o Albiano e o Campaniano, englobando os sedimentos

siliciclásticos da Formação Açu, calcarenitos, calcilutitos e folhelhos da Formação Ponta do

Mel, arenitos, folhelhos, siltitos e turbiditos da Formação Quebradas e rochas calcárias da

Formação Jandaíra.

Por fim, o Grupo Agulha, estratigraficamente no topo da bacia, composto pelas

Formações Ubarana (arenitos, folhelhos e argilitos), Guamaré (calcarenitos e calcilutitos),

Tibau (arenitos grossos) e o Grupo Barreiras, considerado por muitos autores como uma

unidade litoestratigráfica única por possuir algumas diferenças faciológicas decorrente de

diferentes sistemas deposicionais.

Eventos magmáticos estiveram presentes ao longo do desenvolvimento da bacia, sendo

reconhecidos três eventos principais. O magmatismo Rio Ceará Mirim, que ocorreu do

Jurássico Inferior ao Cretáceo Inferior, é representado por um enxame de diques de direção E-

W no embasamento próximo a borda sul da Bacia Potiguar. O magmatismo Serra do Cuó,

caracterizado por derrames basálticos de afinidade alcalina, se instalou concomitante à

deposição da Formação Jandaíra durante o Campaniano/Santoniano. O magmatismo Macau,

mais recente e o mais importante da bacia, ocorre desde a porção offshore da Bacia Potiguar

até a parte central de Pernambuco como plugs, diques, derrames e soleiras de olivina basalto.

Segundo Pessoa Neto et al. (2007), o preenchimento da bacia está relacionado com as

diferentes fases da sua evolução tectônica e corresponde a três supersequência: Rifte (fase Rifte

I e II), Pós-Rifte (fase Pós-Rifte) e Drift (fase termal). A Supersequência Rifte é constituída por

depósitos flúvio-deltaicos e lacustres correspondentes as Formações Pendência e Pescada

(Berriasiano/Eo-Aptiano). Na Supersequência Pós-rifte houve a deposição de uma sequência

Page 24: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

23

flúvio-deltaica, assim como os primeiros registros da ingressão marinha, representada pelas

rochas areno-carbonáticas da Formação Alagamar. A Supersequência Drifte é representada por

uma sequência flúvio-marinha transgressiva (Formações Açu, Ponta do Mel, Quebradas,

Jandaíra e Ubarana) recoberta por uma sequência clástica e carbonática regressiva (Formações

Ubarana, Tibau e Guamaré). Entre o Eoceno e o Oligoceno foram depositadas as rochas

vulcânicas associadas à Formação Macau.

De acordo com Bezerra et al. (2009), no topo da coluna estratigráfica da Bacia Potiguar,

encontram-se unidades sedimentares de idade pleistocênica a holocênica. Estas coberturas

sedimentares são compostas pelos colúvios e alúvios sub-recentes, depósitos aluvionares

antigos, beachrocks, dunas, sedimentos de praia recentes, aluviões e sedimentos de mangue.

1.5.1 CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL

Na área de estudo o arcabouço geológico compreende unidades holocênicas que estão

sobrepostas a unidades do Neógeno (Formações Tibau e Barreiras). Geomorfologicamente a

área está inserida unidade Planície Costeira, com feições como Dunas Fixas, Planícies

Interdunares, Dunas Móveis, Depressões Interdunares, Falésias, Planície Flúvio-Estuarina,

Planície de Maré, Barras Arenosas e Ilhas Barreiras.

Os sedimentos presentes na zona costeira onde está localizada a área de estudo

constituem Depósitos Litorâneos Praiais, Depósitos Eólicos Vegetados, Depósitos Eólicos

Litorâneos Vegetados e Não Vegetados, Depósitos de Mangue e Depósitos Flúvio-Marinhos

(Figura 1.6).

1.5.1.1 Depósitos Flúvio-Marinhos

Os depósitos flúvio-marinhos ocorrem associados à planície de maré em áreas

protegidas da energia da costa por pontais arenosos e ilhas barreiras. Eles estão sob influência

das interações entre as flutuações de marés e o fluxo fluviais. Os sedimentos são constituídos

por camadas de areia muito fina, cinza-esverdeada, intercaladas com sedimentos síltico-

argilosos escuros, pobremente selecionados e com alto teor de carbonato de cálcio e matéria

orgânica (inclusões de restos vegetais características de áreas com manguezais) (BEZERRA et

al., 2009). Podem ser encontrados conchas em posição de vida, fragmentos de conchas e clastos

de lama (VITAL et al., 2013).

Page 25: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

24

Figura 1.6 – Mapa geológico simplificado da área de estudo.

Fonte: Autoria Própria.

1.5.1.2 Depósitos de Mangue

Os depósitos de mangue estão relacionados a ecossistemas florestais costeiros de

influência marinha, localizados na região intermaré, sob forte dependência da energia das marés

e da cunha salina (VITAL et al., 2013). Também ocorrem em regiões abrigadas da costa, e

seus limites com os depósitos flúvio-marinhos são variáveis espacial e temporalmente. Os

sedimentos são caracterizados pela elevada quantidade de material lamoso (silte e argila) com

quantidade subordinada de areia fina. São fortemente bioturbados pela ação de crustáceos,

moluscos e bivalvios sésseis. As estruturas sedimentares encontradas são laminação plano-

paralela (nos sedimentos mais finos) e estratificação cruzada (nos sedimentos mais grossos). A

proporção de matéria orgânica (contendo restos de madeira, folhas e turfas) dos depósitos de

manguezal é de maneira geral maior que dos depósitos fluvio-marinhos. As idades desses

depósitos encontradas para duas amostras datadas pelo método do 14C foram de 5.500 e 1.500

anos (BEZERRA et al., 2003; BEZERRA et al., 2009).

1.5.1.3 Depósitos eólicos litorâneos vegetados

Os depósitos eólicos se localizam na faixa litorânea, sendo representados por campos

de dunas que podem ser móveis ou estar fixados por vegetação. Nos depósitos eólicos vegetados

Page 26: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

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os sedimentos são compostos por areias quartzosas de granulometria fina a média, bem

selecionadas e com grãos subarredondadas a arredondadas com grãos, esféricos a sub-esféricos

(TABOSA et al., 2001; TABOSA, 2002; LIMA 2004; SOUTO, 2004; COSTA NETO, 2009;

VITAL et al., 2013). A vegetação que recobre essas dunas é constituída por gramíneas e

cactáceas.

1.5.1.4 Depósitos eólicos litorâneos não vegetados

Os depósitos eólicos litorâneos não vegetados são representados pelas dunas móveis,

acumulações eólicas mais recentes, que apresentam principalmente a forma barcanóide,

podendo ainda ter variadas formas. Esse depósito possui granulometria areia fina a média, de

composição quartzosa, por vezes com fragmentos de conchas e níveis de minerais pesados. Os

grãos são bem selecionados, arredondados a subarredondados e esféricos a subesféricos

(SOUTO, 2004; BEZERRA et al., 2009). Os depósitos interdunas são constituídos por

sedimentos grossos e fragmentos de conchas que não foram capazes de migrar junto com a

duna.

1.5.1.5 Depósitos Litorâneos Praiais

Os depósitos litorâneos praiais são representados por sedimentos de praia,

principalmente da zona de estirâncio, deltas de maré vazante e sistemas de ilhas barreiras-

pontais arenosos (VITAL et al., 2013). Eles ocorrem paralelos e por vezes perpendiculares à

linha de costa, sendo compostos por areias quartzosas com granulometria variando de muito

fina a muito grossa, de coloração cinza claro a esbranquiçado, com grandes quantidades de

bioclastos (>5%) e, por vezes, de minerais pesados. O constante retrabalhamento desses

sedimentos por processos costeiros marinhos e eólicos gera variações morfológicas na praia,

como a geração de terraços marinhos, cúspides praiais, bermas e dunas frontais (SOUTO, 2004;

BEZERRA et al., 2009). As idades obtidas para esses depósitos variam de cerca de 5.500 anos

AP a cerca de 300 anos AP (BEZERRA et al., 2009).

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26

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia adotada no presente trabalho é composta de três fases: aquisição de

materiais e dados em campo, atividades em laboratório e a integração e análise dos dados

obtido, que serão detalhadas a seguir.

Figura 2.1 – Fluxograma com a metodologia.

Fonte: Autoria Própria.

2.1 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS E DADOS EM CAMPO

Os testemunhos foram coletados por uma equipe do Laboratório de Pesquisa em

Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA) do Departamento de

Geologia da UFRN como etapa integrante do projeto “Avaliação das características físicas e

texturais de solos do campo de Serra, Macau/RN - Bacia Potiguar”. As coletas foram feitas em

marés de sizígia entre os meses de março e abril de 2018 em quatro áreas de praias/ilhas

barreiras durante a maré baixa (Tabela 2.1).

Três áreas são de praias/ilhas barreiras próximas às bases e acessos erodidos, que podem

ter recebido material de empréstimo transportado (CPrI1, 2, 3) e uma área é de praias/ilhas

barreiras sem interferência antrópica, para comparação (ARPrI). Em cada área foram adquiridos

3 testemunhos (nomeados de A, B e C), totalizando 12 testemunhos. Amostras do material de

empréstimo na estrada de acesso ao Campo de Serra também foram coletadas para análise.

Tabela 2.1 - Localização geográfica das áreas dos testemunhos estudados.

Testemunho Latitude (UTM) Longitude (UTM) Zona UTM Posicionamento

ARPrI 9439046 S 781198 E 24M Margem Oceano

CPrI1 9437314 S 768756 E 24M Margem Oceano

CPrI2 9437681 S 767008 E 24M Margem Oceano

CPrI3 9437492 S 766948 E 24M Margem rio Casqueira

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27

Os testemunhos foram coletados utilizando o método de testemunhagem por vibração

conhecido como vibracoring. Esse método de amostragem permite recuperar testemunhos

contínuos e não perturbados (indeformados) de materiais não consolidados, pouco compactados

ou semi-litificados, podendo recuperar amostras de diferentes comprimentos dependendo das

propriedades do sedimento.

O princípio por trás desta técnica são vibrações de alta frequência e baixa amplitude que

são geradas por um motor e transferidas para o tubo através de um eixo de aço. A vibração

então percorre do topo até a base do tubo de testemunho anexado. Essa energia vibracional

liquefaz o sedimento, permitindo que o tubo penetre nos sedimentos liquefeitos. Foram usados

tubos de alumínio com 50mm de diâmetro, 1,58mm de espessura e 6000 mm de comprimento,

e com o auxílio de um tripé e uma talha os tubos foram retirados (VITAL et al., 2018) (Figura

2.2). O sedimento fica aprisionado dentro do tubo após a retirada do mesmo do substrato.

Figura 2.2 - A) Tubo de alumínio utilizado na sondagem por vibração, B) Detalhe do retentor na base do tubo de

alumínio que previne a perda do material amostrado, C) Vista do tripé e testemunho coletado na área CPrI1, D)

Fechamento do topo do testemunho e sua identificação, E) Visão geral da área CPrI1.

Fonte: VITAL et al. (2018).

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28

2.2 ATIVIDADES EM LABORATÓRIO

2.2.1 PROCESSAMENTO DOS TESTEMUNHOS

Após a coleta, os testemunhos foram levados ao Laboratório de Sedimentologia da

PETROBRAS, Unidade de Operação do Rio Grande do Norte e Ceará (UO-RNCE), para serem

fotografados e analisados com coregama (VITAL et al., 2018).

De acordo com Nery (2013), a radioatividade é a propriedade pela qual os átomos de

grande número atômico (Z) emitem espontaneamente radiação, devido à instabilidade de seus

núcleos. Dessa forma, as rochas e sedimentos podem apresentar uma maior ou menor

radioatividade dependendo da quantidade de elementos radioativos presentes. Naturalmente os

elementos radioativos se encontram nas rochas ígneas e com processos como erosão e

transporte eles são redistribuídos na água e nos sedimentos. A variação de concentração dos

elementos radioativos depende de vários fatores como a natureza em si dos sedimentos e a

presença de organismos vivos nas águas em que ocorreu a deposição (NERY, 2013). Por

exemplo, as argilas e/ou folhelhos são sedimentos mais radioativos que os outros, pois

apresentam uma grande capacidade de reter átomos de grande número atômico, como Urânio e

Tório.

Para se obter os perfis de raios gama, podem ser usados alguns tipos de detectores de

radiação, nesse caso foi utilizado o cintilômetro. Esse equipamento contém um cristal

(comumente de fósforo, com iodeto de sódio e tálio ativado) que emite finas centelhas de luz

quando atingido por um fóton. Acoplado ao cristal tem-se um tubo fotomultiplicador, que

amplifica a corrente elétrica em um milhão de vezes, a luz é então convertida em pulsos

elétricos. A altura de cada pulso elétrico depende da quantidade de energia captada (NERY,

2013).

Os testemunhos foram colocados a uma velocidade constante e passados pelo

cintilômetro, o que permitiu leituras em intervalos de 2 cm. A ferramenta utilizada nesse caso

foi a de Raios Gama de Espectrometria, que possui multicanais analisadores, que discrimina

cada um dos componentes do espectro energético (U, Th e K), e a soma deles (U+Th+K). Os

valores obtidos são expressos em Unidade API – (UAPI) (uma UAPI é igual a 1/200 da leitura

feita entre os valores máximos e mínimos do poço padrão nos Estados Unidos, de acordo com

Nery (2013)). As concentrações individuais dos elementos são dadas em partes por milhão

(ppm) para U e Th e percentagem (%) para K. Os valores obtidos foram colocados em uma

planilha no software Excel para fazer a representação gráfica dos perfis.

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29

Realizadas as fotografias e a perfilagem de raios gama, os testemunhos foram levados

para o GGEMMA onde foram feitas as descrições visuais. Para compor esse trabalho foram

estudados 12 testemunhos.

Por vez cada testemunho foi colocado em cima de uma bancada e com o auxílio de uma

régua de 100 cm foram marcados os intervalos em que o sedimento apresentava características

semelhantes e medidas as respectivas profundidades. As descrições foram feitas sempre do topo

para a base dos testemunhos e a cada intervalo as características observadas foram a cor,

granulometria, e presença/ausência de matéria orgânica, conchas e estruturas sedimentares

(estratificações, marcas de raiz).

Na determinação da cor de cada intervalo descrito foi utilizada como padrão a cartela

de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009) (Figura 2.3). Essa cartela inclui cores que

podem ser aplicadas na descrição de amostras úmidas e secas. Dessa forma, a cor apresentada

pelo sedimento era comparativamente traduzida para uma cor presente na tabela e anotado seu

nome e número conforme consta na cartela. Com relação à granulometria foi identificado

apenas de maneira qualitativa se tratava de areia grossa, média, fina ou lama (silte/argila)

utilizando-se uma escala granulométrica transparente (Figura 2.4).

Figura 2.3 - Cartela de cores “Rock Color Chart” de Munsell (2009).

Page 31: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

30

Figura 2.4 - Escala granulométrica de campo.

Fonte: Autoria Própria.

2.2.2 PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTOS

Após a descrição macroscópica, foram definidos intervalos de amostragem para a

realização de análises da granulometria, teor de carbonato e teor de matéria orgânica. Cada

testemunho foi amostrado em segmentos equidistantes, sendo quatro intervalos principais: 5 a

10 cm, 33 a 38 cm, 62 a 67 cm e 90 a 95 cm (Figura 2.5 A e B). A escolha da amostragem em

intervalos equidistantes para a realizar as análises se deu por observar apenas pequenas

variações na textura e granulometria (VITAL et al., 2018). Em alguns testemunhos foram

amostrados outros intervalos, quando visualmente eram apresentadas diferenças dos intervalos

equidistantes predefinidos ou quando os testemunhos possuíam profundidades maiores que 100

cm (105 a 110 cm, 124 a 129 cm, 133 a 138 cm, 148 a 153 cm, 162 a 167 cm, 174 a 179 cm

para o testemunho ARPrI A; 99 a 104 cm para o testemunho CPrI1 A; 110 a 115 cm para os

testemunhos CPrI2 e 3 A; 125 a 130 cm para o testemunho CPrI2 B).

No total foram obtidas 52 amostras para as análises de teor de carbonato e de matéria

orgânica, e 58 amostras para análise granulométrica. Os sedimentos amostrados foram então

acondicionados em sacos plásticos identificados com o nome do testemunho e profundidade da

amostra (Figura 2.5 C e D).

As amostras foram tratadas inicialmente no Laboratório de Sedimentologia do Setor de

Estudos Ambientais no Museu Câmara Cascudo da UFRN onde foram lavadas e secas. As

amostras foram lavadas para retirar o sal, pois como foram coletados na linha de costa, um

ambiente de alta salinidade, os sedimentos podem apresentar uma quantidade expressiva de sais

solúveis em água que podem interferir nos resultados das análises realizadas. Os sedimentos

foram colocados em béqueres de 1000 ml e adicionado água até a medida de 600 ml (Figura

2.6 A).

Page 32: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

31

Figura 2.5- Amostragem dos testemunhos em laboratórios da UFRN. A) e B) testemunhos marcados a

intervalos regulares para amostragem; C) detalhe de amostragem e D) testemunho amostrado a intervalos

regulares.

Fonte: VITAL et al. (2018).

A cada 12h a água era substituída, esse procedimento foi realizado até totalizar 3 ciclos

de lavagem. Para os sedimentos de granulometria silte e argila após decorridas as 12h se ainda

houvesse material em suspensão na água era necessário fazer uso de uma centrífuga para

acelerar o processo de decantação. O material era colocado em potes específicos da centrífuga

e pesados na balança de modo que todos tivessem a mesma massa (completando com água

quando necessário) e acondicionados na centrífuga, onde permaneciam por 60 minutos.

Finalizada a lavagem foi retirado o excesso de água e o sedimento foi colocado em um

recipiente de alumínio e levado para secar em uma estufa à 60ºC (temperatura que não desidrata

argilominerais) (Figura 2.6 B). Quando secas as amostras foram quarteadas e foi separado 10g

do material, sendo 5g destinado para determinação do teor de carbonato e 5g para matéria

orgânica (Figura 2.6 C, D). O restante foi pesado para se fazer a análise granulométrica.

Page 33: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

32

Figura 2.6 – A) Lavagem dos sedimentos nos béqueres; B) Estufa utilizada para secagem dos sedimentos; C)

Amostra quarteada; D) Separação de 5g destinado para determinação do teor de carbonato.

Fonte: Autoria Própria.

2.2.2.1 Análise granulométrica

As análises granulométricas foram realizadas no laboratório de Geografia Física –

LabGeoFis, Departamento de Geografia da UFRN. Para a análise granulométrica foi utilizado

o método de peneiramento a seco, com base na metodologia descrita por Folk (1968). No

peneiramento foi utilizado um conjunto de peneiras com aberturas de malha de 2 mm, 1 mm,

0,500 mm, 0,250 mm, 0,125 mm, 0,063mm e um aparador (Figura 2.7). O sedimento foi pesado

e colocado no conjunto de peneiras que foi levado ao agitador durante 15 minutos, após isso o

sedimento retido em cada peneira foi pesado e anotado o valor.

Page 34: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

33

Figura 2.7 - Conjunto de peneiras posicionado no agitador.

Fonte: Autoria Própria.

Os dados obtidos no peneiramento foram inseridos no software Sistema de Análise

Granulométrica - SAG (LAGEMAR/UFF, 2000; DIAS & FERRAZ, 2004) para cálculos de

parâmetros estatísticos como média, mediana, assimetria, selecionamento e curtose e para a

classificação do material sedimentar.

2.2.2.2 Teor de Carbonato de Cálcio

A quantificação do teor de carbonato foi feita no Laboratório de Geoquímica do

Departamento de Geologia da UFRN. Para a quantificação do teor de carbonato 5 gramas da

amostra de sedimento foram colocadas em um béquer e adicionados 20 ml de ácido clorídrico

(HCl) a 10% (Figura 2.8 A). O ácido clorídrico reage com o carbonato (CaCO3) presente na

amostra, de acordo com a equação a seguir, dessa forma podemos quantificar posteriormente

quanto de massa de CaCO3 existia antes de ser dissolvido pelo ácido.

4 HCl + 2 CaCO3 ↔ 2CaCl2 + 2CO2 + 2H2O

O tempo de imersão da amostra no ácido era variável, sendo apenas retirada quando não

ocorresse mais reação. Após o fim da reação as amostras foram lavadas para retirar o ácido.

Nessa etapa foram utilizados filtros de papel, que foram pesados previamente, funis e

recipientes de vidro de 1L (Figura 2.8 B). Os funis foram colocados em suportes, e os filtros

dobrados e encaixados nos funis, com o recipiente de vidro em baixo. O material (sedimento +

ácido) foi então despejado no filtro e adicionou-se água aos poucos até encher o recipiente

(Figura 2.8 C). Os filtros então foram colocados em recipientes e levados à uma placa

Page 35: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

34

aquecedora na temperatura de 60ºC. Quando secos os filtros foram pesados novamente e a

massa final do sedimento pôde ser calculada subtraindo a massa inicial do filtro da massa final.

Para calcular o teor do carbonato foi utilizada a seguinte equação:

Teor de carbonato= Massa inicial do sedimento − Massa final do sedimento

Massa inicial do sedimentox 100

A massa inicial do sedimento é a massa da amostra antes do ataque ácido e massa final

do sedimento é a massa do filtro com o sedimento menos a massa inicial do filtro.

Figura 2.8 – A) Béqueres com 5g da amostra de sedimento mais 20 ml de ácido clorídrico (HCl) a 10%;

B) Pesagem inicial do filtro de papel; C) Filtros e funis utilizados na lavagem das amostras para retirada do HCl.

Fonte: Autoria Própria.

2.2.2.3 Teor de Matéria Orgânica

A quantificação do teor de matéria orgânica também foi realizada no Laboratório de

Geoquímica do Departamento de Geologia da UFRN. Em cadinhos previamente pesados, foram

colocados 5 gramas de sedimento de cada amostra, separados anteriormente.

Para realizar a queima da matéria orgânica presente no sedimento, os cadinhos foram

colocados em uma mufla a uma temperatura de 600ºC, durante um intervalo de tempo de 5

horas (Figura 2.9). Após as 5 horas esperou-se os cadinhos esfriarem, e os mesmos foram

novamente, para quantificar a massa restante após a eliminação da matéria orgânica. Com os

valores da massa do sedimento antes e depois do processo de queima, é conhecida a massa de

Page 36: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

35

material que foi consumida e assim pode-se calcular o teor de matéria orgânica através da

equação a seguir:

Teor de matéria orgânica = Massa inicial − Massa final

Massa inicial x100

Onde: Massa inicial = massa inicial da amostra no cadinho – massa do cadinho

Massa final = massa final da amostra no cadinho – massa do cadinho

Figura 2.9 - Cadinhos na mufla.

Fonte: VITAL et al. (2018).

2.2.2.4 Análise morfoscópica e minaralógica

A observação de parâmetros texturais e mineralógicos foi realizada no GGEMMA,

utilizando-se a lupa binocular, com luz refletida de 45° e luz transmitida, marca Zeiss, modelo

Stemi SV-11, com aumento máximo de 40 vezes (Figura 2.10). Para a captura das imagens

microscópicas, foi utilizada uma câmera digital acoplada à lupa. Uma quantidade representativa

de cada intervalo amostrado foi levada à lupa, descrevendo-se o arredondamento, a esfericidade

e a composição mineralógica desse material.

As análises texturais, que envolvem a descrição do arredondamento e esfericidade dos

grãos, foram realizadas fazendo-se comparações com escalas padrão, como a de Powers (1953)

e adaptações de Dias (2004). As análises mineralógicas quantitativas foram estimadas através

de comparação visual com tabelas padrões de porcentagem dos constituintes minerais como de

Terry e Chilingar (1955) (VITAL et al., 2018). A identificação dos minerais foi conduzida

tendo como base suas propriedades físicas observadas ao microscópio com auxílio do atlas

“Minerais em grãos – técnicas de coleta, preparação e identificação” de Pereira et al. (2005).

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36

Figura 2.10 - Lupa binocular utilizada na observação e descrição de parâmetros texturais e mineralógicos.

Fonte: Smith, 2017.

2.3 INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A partir dos dados obtidos pode-se confeccionar gráficos para uma melhor

representação visual dos resultados. Para a análise litoestratigráfica foram utilizadas a descrição

e fotografias dos testemunhos, calibrados com os resultados da perfilagem com o coregama

(API, K, Th e U), e características sedimentológicas. Foram produzidas curvas de teor de

carbonato de cálcio e teor de matéria orgânica utilizando o Excel.

Além disso, com as descrições macroscópicas e análises granulométricas foi possível

elaborar uma coluna litoestratigráfica para cada testemunho estudado utilizando o SedLog 3.1,

um software de desenho de colunas estratigráficas desenvolvido por Dimitrios Zervas,

integrante do SE Asia Research Group, do Departamento de Ciências da Terra e do

Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Londres. Um aprimoramento

gráfico das colunas foi realizado com o software CorelDraw. Com esse conjunto de informações

foi possível fazer interpretações acerca do sistema deposicional.

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37

3. RESULTADOS

Nessa seção serão apresentados os resultados obtidos a partir da descrição macroscópica

do material da estrada de acesso e dos testemunhos, integrado as diferentes analises realizadas

em laboratório.

3.1 ARPrI

Os testemunhos foram coletados na retaguarda da ilha barreira próxima ao distrito de

Diogo Lopes, mais afastados dos demais testemunhos.

3.1.1 ARPRI A

Esse testemunho possui 195 cm de comprimento, e apresenta de sua base até 113 cm

sedimento de coloração cinza escuro médio (N4), constituído predominantemente por areia

muito fina a fina exibindo por sua vez alguns níveis de areia média (Figura 3.1). A areia média

presente nos intervalos de 153 a 144 cm e 132 a 124 cm é pobremente selecionada, de cor cinza

claro médio (N6) e apresenta teor de carbonato de cálcio de 22,18% e 24,26%. A areia muito

fina a areia fina é pobre a moderadamente selecionada, com teor de carbonato entre 25,49% e

32,36%. O perfil de raios gama apresenta valores com uma ampla variação entre 9,38 e 65,24

API (Figura 3.2).

A partir de 113 cm há uma mudança na coloração do sedimento, dessa profundidade até

100 cm tem-se material de granulometria areia fina moderadamente selecionado, de cor marrom

amarelado pálido (10YR 6/2), com teor de carbonato de 11,55% (Figura 3.1). Entre 100 e 38

cm tem-se areia média moderadamente selecionada, de cor marrom amarelado pálido (10YR

6/2), com grãos subangulosos e esfericidade média, compostos em sua maioria por quartzo,

contendo também alguns grãos de K-feldspato, monazita, ilmenita e estaurolita (Figura 3.1). O

teor de carbonato de cálcio registrado foi entre 7,52 e 10,68%, e o teor de matéria orgânica 2,04

e 2,18%. Valores entre 0,57 e 20,92 API são registrados no perfil de raios gama (Figura 3.2).

Na profundidade de 38 cm há diminuição na granulometria do sedimento, até o topo do

testemunho a granulometria passa a ser areia fina pobre a moderadamente selecionada, cor

marrom amarelado pálido (10YR 6/2) com grãos subarredondados e com alta esfericidade,

tendo além de quartzo alguns minerais pesados (~2%) como ilmenita, turmalina, epídoto,

monazita (Figura 3.1). Os teores de carbonato e de matéria orgânica ficaram entre 6,85 - 7,71%

e 3,34 - 9,34%, respectivamente. Esse é o intervalo com os menores valores do perfil de raio

gama (0,84 - 8,19 API) (Figura 3.2).

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Figura 3.1 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI A.

Page 40: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

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Figura 3.2 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI A.

3.1.2 ARPRI B

Com 190 cm, esse testemunho é constituído de sua base até 110 cm por areia fina de cor

cinza escuro (N3), com um nível de sedimento de granulometria areia média entre 165 e 155

cm (Figura 3.3). O perfil de raio gama apresentou valores entre 0,71 e 23,22 API.

Na profundidade de 110 cm há uma mudança abrupta na cor e na granulometria do

sedimento, que passa a apresentar granulometria areia média e cor laranja muito pálido (10YR

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40

8/2) (Figura 3.3). O sedimento é moderadamente selecionado, com grãos subangulosos com

alta esfericidade, composto por aproximadamente 8% de bioclastos e 92% minerais

siliciclásticos (quartzo e cerca de 3% de minerais pesados como epídoto, K-feldspato, ilmenita).

O teor de carbonato de cálcio apresentou os valores de 8,21 e 9,85% e o teor de matéria orgânica

2,08 e 2,42%. Os valores API de raios gama variou de 0,54 a 19,92 API (Figura 3.4).

A partir de aproximadamente 60 cm há uma transição gradual para sedimento de

granulometria areia fina e permanece nessa granulometria até o topo do testemunho (Figura

3.3). Nesse intervalo a areia é moderadamente selecionada, com grãos subangulosos a

subarredondados de esfericidade média a alta, a composição é 7% de bioclastos e 93% de

minerais siliciclásticos que além de quartzo possui grãos de K-feldspato, turmalina, monazita e

ilmenita. Os teores de carbonato de cálcio e de matéria orgânica foram, respectivamente, 6,38

e 6,66% e 1,86 e 2,35%. Os valores do perfil de raio gama ficaram entre 0,53 e 13,73 API

(Figura 3.4).

Figura 3.3 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI B.

Page 42: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

41

Figura 3.4 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI B.

3.1.3 ARPRI C

O material da base do testemunho (143 cm) até 127 cm foi pouco recuperado, não sendo

possível realizar a descrição. A partir de 127 a 115 cm há presença de areia fina de cor preto

acastanhado (5YR 2/1) (Figura 3.5). Os valores do perfil de raio gama oscilaram entre 13,51 e

18,15 API (Figura 3.6).

Entre 115 e 30 cm há uma mudança na coloração e na granulometria do sedimento, que

passa a ser areia média, moderadamente selecionada, com cor laranja muito pálido (10YR 8/2)

(Figura 3.5). Seus grãos são subarredondados, com esfericidade média a alta, cuja mineralogia

Page 43: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

42

é em sua maioria quartzo com alguns grãos de ilmenita, epídoto, turmalina e monazita. O teor

de carbonato apresenta valores entre 6,97 e 7,87%, e o teor de matéria orgânica variou entre

0,73 e 2,00%. O perfil de raio gama apresentou valores entre 0,55 e 14,04 API (Figura 3.6).

Na profundidade de 30 cm até o topo do testemunho o sedimento grada de areia média

para areia fina, moderadamente selecionada, com coloração cinza amarelado (5Y 8/1) (Figura

3.5). Os grãos são subangulosos, com alta esfericidade, e a composição mineralógica é

predominada por quartzo, contendo também ilmenita, epídoto e monazita. Nesse intervalo os

teores de carbonato e de matéria orgânica são 7,15% e 0,81%, respectivamente. Os valores API

de raios gama variou entre 0,55 e 0,64 (Figura 3.6).

Figura 3.5 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho ARPrI C.

Page 44: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

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Figura 3.6 – Integração dos perfis para o testemunho ARPrI C.

3.2 CPRI1

Esses testemunhos foram coletados na margem para o oceano do pontal arenoso e serão

descritos abaixo.

3.2.1 CPRI1 A

Esse testemunho possui 115 cm. De sua base até 95 cm o testemunho é composto por

areia muito fina, moderadamente selecionada, cor cinza escuro médio (N4) (Figura 3.7). O teor

de carbonato é de 14,57% e o teor de matéria orgânica fica em torno de 3,57%. O perfil de raio

gama nesse intervalo apresentou valores entre 8,84 e 34,73 API (Figura 3.10).

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Figura 3.7 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 95 cm descrito para o testemunho CPrI 1 A.

Entre 95 e 30 cm a granulometria é areia fina, de cor cinza escuro médio (N4), com

algumas camadas de cor cinza claro médio (N6). A areia é muito bem selecionada a pobremente

selecionada, tendo o grau de selecionamento decrescendo em direção ao topo do testemunho.

Seus grãos apresentam uma esfericidade média a alta, sendo subarredondados a angulosos. Os

minerais presentes além do quartzo são monazita, epídoto, ilmenita e K-feldspato, com

fragmentos de conchas em alguns intervalos (Figura 3.8). O teor de carbonato de cálcio nesse

intervalo varia entre 15,46 e 22,52%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 2,04 e

7,26%, os valores do perfil de raio gama oscilaram entre 25,11 e 42,35 API (Figura 3.10).

Page 46: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

45

Figura 3.8 – Fotografia mostrando o intervalo de 95 e 30 cm descrito para o testemunho CPrI1 A.

Na profundidade de 30 cm há um contato brusco, com mudança na cor do sedimento e

uma possível marca de carga. Até 10 cm tem-se areia fina de coloração marrom amarelado

pálido (10YR 6/2). Entre 10 cm e o topo do testemunho há sedimento na fração areia média a

grossa, pobremente selecionada, com grãos subarredondados, alta esfericidade, composta

principalmente por quartzo com apenas 2% de minerais pesados (que incluem monazita,

epídoto, ilmenita e turmalina) (Figura 3.9). O teor de carbonato de cálcio é de 7,87%, e o teor

de matéria orgânica 1,11%. Quanto ao perfil de raios gama o valor máximo da contagem total

de radiação gama medido foi de 41,81 API enquanto o valor mínimo foi de 25,45 API (Figura

3.10).

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Figura 3.9 – Fotografia mostrando o intervalo entre 30 e 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 A.

Figura 3.10 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI 1 A.

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3.2.2 CPRI1 B

O testemunho apresenta em sua base (125 cm) até 91 cm lama cor cinza escuro médio

(N4) intercalada com areia muito fina a fina, cor cinza claro médio (N6), moderadamente

selecionada (Figura 3.11). Os grãos são subangulosos, com baixa esfericidade. Além do quartzo

os minerais presentes são muscovita e ilmenita. O teor de carbonato de cálcio nesse intervalo

varia entre 18,41% e 22,52%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 2,45% e 6,06%.

Os valores de raio gama ficaram entre 22,87 e 30,72 API.

Da profundidade de 91 cm até 56 cm há sedimento na fração areia fina a média com

coloração cinza escuro (N3) (Figura 3.11), pobremente selecionada, com grãos

subarredondados, baixa esfericidade, composta principalmente por quartzo com monazita,

epídoto e ilmenita como minerais acessórios. O teor de carbonato de cálcio é de 23,55% e o

teor de matéria orgânica 9,04%. O perfil de raio gama apresenta valores entre 21,35 e 39,43

API (Figura 3.13).

Figura 3.11 – Fotografia mostrando os intervalos entre 125 e 56 cm descritos para o testemunho CPrI1 B.

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A partir de 56 cm há uma mudança na cor do sedimento, que passa a ser cinza muito

claro (N8) (Figura 3.12). Nesse intervalo tem-se areia fina, moderadamente selecionada, com

grãos subarrendondados e alta esfericidade, sendo constituída principalmente de quartzo e

monazita, epídoto, turmalina e ilmenita como minerais acessórios. O teor de carbonato é o

menor registrado em todo o testemunho, sendo 5,33% e o teor de matéria orgânica cai para

1,94%. Esse sedimento na porção superior grada para areia fina a média, pobremente

selecionada, com grãos subarredondados, esfericidade média e composta predominantemente

por quartzo, contendo também monazita, epídoto e K-feldspato. Os teores de carbonato e de

matéria orgânica registrados foram 9,59% e 1,86%, respectivamente. Os valores de raio gama

desse intervalo são os maiores do testemunho, estando entre 34,52 e 55,89 API (Figura 3.13).

Figura 3.12 – Fotografia mostrando o intervalo de 56 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 B.

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Figura 3.13 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 B.

3.2.3 CPRI1 C

O testemunho CPrI1 C possui 115 cm e é composto basicamente por sedimento de

granulometria areia fina (Figura 3.14), com algumas variações no grau de selecionamento. Em

sua base a areia fina, de cor cinza escuro (N3), é pobremente selecionada, destacando-se a

presença de 10,5% de areia muito grossa e 11,6% de silte. Os grãos são subangulosos com

esfericidade alta, e sua composição mineralógica é predominantemente por quartzo, com

ilmenita e K-feldspato como acessórios.

Indo em direção ao topo do testemunho, entre 73 e 38 cm, tem-se areia fina

moderadamente selecionada cor cinza escuro médio (N4) com intercalações de areia média cor

cinza claro médio (N6). A areia fina tem grãos subangulosos com esfericidade alta, e

constituída por quartzo, tendo ilmenita como mineral acessório. Entre 38 e 25 cm tem-se uma

maior quantidade de sedimento na fração areia muito fina. Os grãos são subangulosos com

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esfericidade média, e sua composição mineralógica é dominada por quartzo, contendo também

ilmenita e epídoto.

Entre 115 e 25 cm os teores de carbonato de cálcio decrescem em direção ao topo,

apresentando valores entre 9,59 – 21,71% e 1,27 – 8,46%, respectivamente. Nesse intervalo os

valores do perfil de raios gama varia entre 21,83 e 108,24 API, com valores crescendo com o

aumento da profundidade (em direção à base do testemunho) (Figura 3.16).

Figura 3.14 – Fotografia mostrando o intervalo entre 115 e 25 cm descrito para o testemunho CPrI1 C.

A partir de 25 cm até a porção mais superficial do testemunho tem-se areia fina a média

e há uma mudança na coloração e no selecionamento, o contato entre os intervalos se dá maneira

inclinada. A areia possui cor cinza muito claro (N8), é pobremente selecionada, contendo

bioclastos e grãos siliciclásticos (em sua maioria quartzo, e também grãos de K-feldspato,

ilmenita, monazita, epídoto) subangulosos e esfericidade alta (Figura 3.15). Nesse intervalo

foram registrados os menores teores de carbonato e de matéria orgânica, que foram

respectivamente de 8,53% e 0,83%. O perfil de raios gama apresenta valores entre 22,48 e 44,13

API (Figura 3.16).

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Figura 3.15 – Fotografia mostrando o intervalo entre 25 e 0 cm descrito para o testemunho CPrI1 C.

Figura 3.16 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI1 C.

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3.3 CPRI2

Os testemunhos desse grupo estão a oeste dos testemunhos CPrI1 e a norte dos CPrI3,

na também na margem para o oceano da ilha barreira.

3.3.1 CPRI2 A

Esse testemunho possui 120 cm, tendo em sua base areia muito fina a fina, de cor

marrom amarelado escuro (10YR 4/2) (Figura 3.17), moderadamente selecionada, cujo teor de

carbonato de cálcio fica em volta de 15,49% e o de matéria orgânica 1,48%. Os maiores valores

do perfil de raio gama são registados nesse intervalo (28,18 a 113,35 API) (Figura 3.19).

A partir de 95 cm o sedimento de granulometria areia fina, é moderadamente a bem

selecionado (Figura 3.17), com grãos subangulosos e baixa esfericidade. Sua composição

mineralógica envolve além de quartzo, minerais pesados (~3%) como epídoto, ilmenita,

estaurolita e cerca de 5% de bioclastos. Os teores de carbonato e de matéria orgânica variam

entre 1,45 - 10,22% e 1,57 - 8,21%, respectivamente. O perfil de raios gama apresentou valores

entre 3,51 e 26,39 API (Figura 3.19).

Figura 3.17 – Fotografia mostrando o intervalo entre 120 e 50 cm descrito para o testemunho CPrI2 A.

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53

Em direção ao topo do testemunho tem-se uma transição gradual na granulometria do

sedimento, até a profundidade de 50 cm, que passa para areia muito fina a fina, com coloração

marrom amarelado pálido (10YR 6/2), pobremente selecionada, com grãos angulosos de

esfericidade média (Figura 3.18). A composição mineralógica é dominada por quartzo, tendo

também ilmenita, epídoto, K-feldspato, estaurolita e bioclastos. Os teores de carbonato e

matéria orgânica são, respectivamente, 10,20% e 0,84%. Os valores de raio gama variam 2,71

e 3,5 API (Figura 3.19).

Entre 30 cm e o topo, o testemunho apresenta areia fina a média, cor laranja muito pálido

(10YR 8/2), pobremente selecionada, com grãos angulosos e alta esfericidade, com cerca de

7% de bioclastos e além de quartzo minerais como ilmenita, epídoto, turmalina e k-feldspato

(Figura 3.18). Para esse intervalo os teores de carbonato de cálcio e de matéria orgânica os

valores não ultrapassaram 11,79% e 0,77%, respectivamente. O perfil de raios gama apresentou

valores entre 3,24 e 14,61 API (Figura 3.19).

Figura 3.18 – Fotografia mostrando os intervalos entre 50 e 0 cm descritos para o testemunho CPrI2 A.

Page 55: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

54

Figura 3.19 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 A.

3.3.2 CPRI2 B

O testemunho CPrI2 B, com 145 cm, apresenta de sua base até 15 cm areia fina cor

cinza médio (N5), alternada com camadas de areia média, cuja cor é marrom amarelado pálido

(10YR 6/2) (Figura 3.20). Nesse intervalo, o grau de selecionamento varia de moderadamente

a bem selecionado. Seus grãos são angulosos a subangulosos, com esfericidade média a alta,

cuja composição, além do quartzo, inclui alguns bioclastos (4%) e minerais pesados como

turmalina, epídoto e ilmenita. O teor de carbonato de cálcio é bastante variável, exibindo valores

entre 1,36 e 13,33%, assim como o teor de matéria orgânica que teve valores entre 0,71 e 13%.

Nesse intervalo o perfil de raio gama apresenta valores entre 0,53 e 46,88 API (Figura 3.21).

De 15 cm até 5 cm tem-se a presença de areia média a grossa de coloração laranja muito

pálido (10YR 8/2) (Figura 3.20), pobremente selecionada, com grãos subangulosos e

esfericidade média, composta por bioclastos (4%), quartzo e outros minerais (5%) como

Page 56: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

55

monazita, epídoto, turmalina, K-feldspato. Apresenta teores de carbonato e matéria orgânica de

0,77% e 19,52%, respectivamente, sendo o menor e o maior valor de todo o testemunho. Os

valores do perfil de raio gama variam de 1,27 a 6,95 API (Figura 3.21). Nos 5 cm finais tem-se

novamente areia fina.

Figura 3.20 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI2 B.

Page 57: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

56

Figura 3.21 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 B.

3.3.3 CPRI2 C

De sua base (104 cm) até aproximadamente 25 cm, o testemunho é constituído por areia

fina, moderadamente selecionada, de coloração marrom amarelado escuro (10YR 4/2), com

grãos subangulosos de esfericidade média a alta (Figura 3.22). A composição mineralógica é

predominantemente quartzo, com alguns minerais pesados (<5%) como epídoto, turmalina,

monazita e ilmenita, e bioclastos (<10%). O teor de carbonato de cálcio nesse intervalo varia

entre 0,88 e 1,76%, enquanto o teor de matéria orgânica fica entre 10,94 e 25,70%, os valores

do perfil de raio gama oscilam entre 0,37 e 10,24 API (Figura 3.24).

Page 58: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

57

Figura 3.22 – Fotografia mostrando o intervalo de 104 a 25 cm descrito para o testemunho CPrI2 C.

De 25 cm até o topo, o sedimento é de granulometria areia grossa, pobremente

selecionado, e cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2). Os grãos são angulosos e tem uma

alta esfericidade. Quanto a composição, além do quartzo são observados alguns minerais

pesados, como monazita, turmalina, epídoto, ilmenita, e aproximadamente 20% de bioclastos,

sendo possível visualizar alguns fragmentos de conchas (Figura 3.23). Os teores de carbonato

e de matéria orgânica foram de 1,13% e 17,97%, respectivamente. Para esse intervalo o perfil

de raios gama teve como valor máximo da contagem total de radiação gama 9, 88 API e mínimo

de 0,98 API (Figura 3.24).

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58

Figura 3.23 – Fotografia mostrando o intervalo de 25 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI2 C. Os círculos

pretos indicam fragmentos de conchas.

Figura 3.24 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI2 C.

Page 60: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

59

3.4 CPRI3

Os testemunhos descritos nessa seção foram coletados na margem do rio Casqueira, na

retaguarda da ilha barreira.

3.4.1 CPRI3 A

Nesse testemunho, de sua base (125cm) até 81cm de profundidade, há sedimento de

granulometria areia média a grossa, cor marrom amarelado moderado (10YR 5/4) (Figura 3.25),

moderadamente selecionada, com grãos subangulosos e baixa esfericidade. Sua composição

envolve cerca de 11% de bioclastos e 89% de minerais siliciclásticos representados por quartzo

como mineral principal e aproximadamente 2% de epídoto. Esse intervalo contém alguns

fragmentos de raízes. O teor de carbonato de cálcio chegou ao seu valor máximo para esse

testemunho no intervalo entre 90 e 95cm, com um valor de 10,02%. O teor de matéria orgânica

apresentou valores entre 5,53% e 6,82%. O perfil de raio gama teve uma contagem total de

radiação gama entre 4,18 e 29,71 API (Figura 3.26).

Entre 81 e 75 cm há um nível de areia grossa cor laranja acinzentado (10YR 7/4). A

partir da profundidade de 75 cm até o topo, o sedimento apresenta-se homogêneo com

granulometria areia fina, moderada a bem selecionada, de coloração cinza amarelado (5Y 8/1)

(Figura 5). Os grãos são subangulosos a subarredondados, com esfericidade média a alta. Sua

composição envolve em sua maioria minerais siliciclásticos, com predomínio de quartzo, mas

com alguns minerais pesados como ilmenita, monazita, epídoto, magnetita e turmalina. Há

também alguns bioclastos. Nesse intervalo foram registrados valores entre 0,35% e 0,62% de

carbonato de cálcio e 2,86% e 8,25% de matéria orgânica. Os valores do perfil de raio gama

ficaram entre 0,53 e 8,67 API (Figura 3.26).

Page 61: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

60

Figura 3.25 – Fotografia mostrando os intervalos descritos para o testemunho CPrI3 A.

Figura 3.26 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 A.

Page 62: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

61

3.4.2 CPRI3 B

De sua base (93 cm) até a profundidade de 74 cm, o testemunho apresenta sedimento de

granulometria areia média, moderadamente selecionada, com coloração laranja acinzentado

(10YR 7/4), grãos subangulosos com esfericidade média. Na mineralogia, predomina o quartzo,

havendo alguns minerais pesados (~3%) como epídoto, monazita, ilmenita e turmalina (Figura

3.27). A partir de 74 cm há uma mudança na textura do sedimento, que passa a apresentar

granulometria areia grossa até a profundidade de 67 cm, destacando-se a presença de

fragmentos de concha ao longo de todo o intervalo (Figura 3.27). Entre 67 e 31 cm o sedimento

volta a apresentar características semelhantes às descritas anteriormente, contendo restos de

raízes em algumas partes do intervalo. O teor de carbonato de cálcio apresentou baixos valores

(0,39% e 0,47%), o teor de matéria orgânica foi de 3,67% e 5,18%. O perfil de raio gama desse

intervalo apresentou valores entre 0,66 e 59,29 API (Figura 3.29).

Figura 3.27 – Fotografia mostrando o intervalo de 93 a 31 cm descrito para o testemunho CPrI3 B.

Page 63: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

62

A partir de 31 cm até 10 cm há presença de sedimento na fração areia fina a média, com

coloração cinza amarelado (5Y 8/1), contendo alguns restos de raízes (Figura 3.28). Por fim,

entre 10 cm e o topo tem-se areia fina, moderadamente selecionado, com grãos

subarredondados de alta esfericidade, em sua mineralogia destaca-se quartzo contendo alguns

grãos de estaurolita, epídoto e K-feldspato. Os teores de carbonato e matéria orgânica para esse

intervalo são respectivamente 0,59% e 3,25%. Os valores de raio gama apresentaram uma

pequena variação estando entre 0,52 e 0,55 API (Figura 3.29).

Figura 3.28 – Fotografia mostrando o intervalo de 31 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI3 B.

Page 64: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

63

Figura 3.29 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 B.

3.4.3 CPRI3 C

O testemunho CPrI3 C apresenta, de 105 até 80 cm de profundidade, sedimento de

granulometria areia grossa, pobremente selecionado, com cor laranja acinzentado (10YR 7/4).

Os grãos são subangulosos e possuem uma alta esfericidade. Sua composição é de 86% de

minerais siliciclásticos (quartzo e por vezes K-feldspato e epídoto) e 14% de bioclastos, com

fragmentos de conchas por todo intervalo e destacando a presença conchas maiores entre 99 e

105 cm (Figura 3.30). O teor de carbonato de cálcio é 26,94%, e o teor de matéria orgânica

0,89%. Com relação ao perfil de raio gama os valores em API ficaram entre 0,63 e 15 (Figura

3.33).

Entre 80 e 70 cm encontra-se areia fina cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2). A

partir de 70 até 33 cm tem-se uma gradação de areia grossa para areia média, moderadamente

selecionada, de cor marrom amarelado (10YR 5/4) (Figura 3.31). Os grãos são subangulosos a

subarredondados com esfericidade média a alta, e constituídos predominantemente por quartzo

Page 65: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

64

com alguns bioclastos e minerais como epídoto, monazita, k-feldspato, estaurolita e ilmenita.

O teor de carbonato variou entre 0,52 e 6,17%, e o teor de matéria orgânica ficou entre 0,47%

e 4,48%. Neste intervalo são registrados os maiores valores do perfil de raio gama (15,07 - 20,1

API) (Figura 3.33).

Figura 3.30 – Fotografia mostrando o intervalo entre 105 e 70 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.

Da profundidade de 33 cm até o topo do testemunho tem-se areia fina de cor cinza

amarelado (5Y 8/1), moderadamente selecionada, com grãos subangulares e alta esfericidade,

cuja composição envolve bioclastos (6%) e minerais siliciclásticos com minerais pesados (3%)

como epídoto, monazita, além de quartzo e K-feldspato (Figura 3.32). Os teores de carbonato

de cálcio e matéria orgânica para esse intervalo são respectivamente 1,18% e 4,11%. Os valores

do perfil de raio gama decrescem em direção ao topo do testemunho, com mínimo de 5,39 e

máximo de 16,55 API (Figura 3.33).

Page 66: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

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Figura 3.31 – Fotografia mostrando o intervalo entre 70 e 33 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.

Figura 3.32 – Fotografia mostrando o intervalo de 33 a 0 cm descrito para o testemunho CPrI3 C.

Page 67: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

66

Figura 3.33 – Integração dos perfis para o testemunho CPrI3 C.

3.5 MATERIAL DA ESTRADA DE ACESSO

A análise do material recolhido da estrada de acesso ao Campo de Serra permitiu a

identificação de dois tipos de sedimentos: 1) um material siltítico – argiloso, friável,

ligeiramente avermelhado, que microscopicamente apresenta uma matriz de hidróxido de ferro

envolvendo fragmentos submilimétricos de quartzo (Figura 3.34 A); 2) um arenito fino a siltito,

com clastos milimétricos de quartzo anguloso (1-4mm), mal selecionados, e matriz argilosa

verde clara. Microscopicamente, é um arenito microconglomerático. Contém fragmentos

angulosos ou subarredondados de quartzo mono e policristalino, com quantidade razoável de

poros (30%), matriz fina argilosa, provavelmente de caolinita e hidróxidos de ferro (Figura 3.34

B).

Page 68: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

67

Figura 3.34 – A) Feições microscópicas da amostra 1 sob polarizadores paralelos. Porções avermelhadas

correspondem hidróxidos de ferro. As partes brancas correspondem a grãos de quartzo; B) Feições

microscópicas da amostra 2 sob polarizadores paralelos. Grãos mono e policristalinos de quartzo aparecem com

cores claras e formas angulosas, imersos numa matriz fina, provavelmente argilosa, de tons castanhos claros.

Fonte: VITAL et al. (2018).

Page 69: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

68

4. DISCUSSÕES

Analisando as características dos testemunhos foi possível aplicar a classificação de

sedimentos para a plataforma continental do nordeste brasileiro (Vital et al., 2005b, após

Larsonneur, 1977; Dias, 1996; Freire et al., 1997) usada em Vital (2008) para a definição das

fácies sedimentares (Tabela 4.1).

Tabela 4.1 - Classificação de sedimentos para a plataforma continental do nordeste brasileiro (Vital et

al. 2005b após Larsonneur 1977, Dias 1996 e Freire et al. 1997).

Fonte: Vital et al. (2008).

A partir da integração dos dados da descrição e análises químicas e morfoscópicas, foi

possível individualizar 4 fácies sedimentares ao longo dos 12 testemunhos analisados: areia

siliciclástica com grânulos e cascalho, areia siliciclástica, lama terrígena e marga arenosa.

A fácies areia siliciclástica com grânulos e cascalhos foi identificada apenas na parte

superior do testemunho CPrI2 C, nos 30 cm iniciais, sendo caracterizada por sedimento de

granulometria areia grossa, cor marrom amarelado pálido (10YR 6/2), pobremente selecionado,

com presença de fragmentos de conchas. Os grãos siliciclásticos são angulosos e possuem uma

alta esfericidade. Nessa fácies o teor de carbonato de cálcio foi baixo (1,13%), e o teor de

matéria orgânica (17,97%) registrou um dos maiores valores dentre os testemunhos.

A fácies areia siliciclástica é a mais abundante, estando presente em todos os

testemunhos. Nessa fácies há uma grande variação das características dos sedimentos: a

granulometria dos sedimentos varia de areia muito fina a areia grossa, com grau de

selecionamento variando de muito bem a pobremente selecionado, os grãos são

subarredondados a subangulosos.Os teores de carbonato de cálcio variam de 0,35% a 26,94%,

e os teores de matéria orgânica entre 0,47% a 25,70%.

Page 70: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

69

A fácies lama terrígena está presente nos testemunhos ARPrI, em profundidades

maiores que 1 metro, e em particular na porção mais superficial do testemunho ARPrI A. Nessa

fácies o sedimento apresenta granulometria areia fina, pobremente selecionada, com grãos

subarredondados. Os teores de carbonato são de 6,85 e 29,89%, e de matéria orgânica 9,34%.

A fácies marga arenosa foi identificada em alguns intervalos abaixo de 130 cm de

profundidade nos testemunhos ARPrI, estando intercalada com fácies lama terrígena e areia

siliciclástica. Nesses testemunhos essa fácies é caracterizada por sedimento de granulometria

areia muito fina a fina, moderadamente selecionada e teor de carbonato de cálcio de 32,36%.

Um resumo das características de cada fácies é apresentado na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Características e descrição das fácies identificadas.

Fácies /

Características

Areia Siliciclástica

com grânulos e

cascalho

Areia

Siliciclástica

Lama

Siliciclástica Marga Arenosa

Granulometria Areia grossa

Areia muito fina a

grossa Areia fina

Areia muito fina

a fina

Selecionamento Pobremente

selecionada

Muito bem a

pobremente

selecionada

Pobremente

selecionada

Moderadamente

selecionada

Arredondamento Anguloso

Subarredondado a

subanguloso Subarredondado -

Teor de

carbonato de

cálcio

1,13% 0,35% a 26,94% 6,85% e 29,89% 32,36%

Teor de matéria

orgânica 17,97% 0,47% a 25,70% 9,34% -

No ambiente de praia/ilha barreira, os processos de deposição são controlados pela ação

de ondas e correntes de maré, que atuam retrabalhando os sedimentos ao longo da costa. Dessa

forma, os materiais mais finos (silte/argila) são transportados em suspensão enquanto os mais

grossos são depositados, gerando um empilhamento arenoso, como observado nos testemunhos

descritos.

As características apresentadas pelos sedimentos presentes nos testemunhos estudados,

aliadas a dados bibliográficos e ao conhecimento acerca da localização das amostras,

permitiram caracterizar os depósitos originários dos sedimentos como depósitos de praia/ilha

barreira, canal e planície de maré. Dos 12 testemunhos estudados (4 áreas, sendo 3 testemunhos

em cada área) as discussões serão realizadas apresentado detalhadamente em figuras um

testemunho representativo de cada área.

Page 71: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

70

Os testemunhos ARPrI foram coletados na chamada Barra do Cabeção, próxima ao

distrito de Diogo Lopes, a nordeste dos outros testemunhos estudados e fora da área de ação

antrópica. Esses testemunhos recuperaram material sedimentar até quase 2 metros de

profundidade. O perfil de raio gama mostra maiores valores na base do testemunho,

caracterizando a presença de sedimentos de granulometria mais fina. Em direção ao topo os

valores de raio gama caem, sendo indicativo de sedimentos mais grossos que na porção inferior;

esse padrão indica uma granocrescência ascendente, sugerindo um aumento da energia de

deposição.

O intervalo inferior dos testemunhos (da base até 110 cm) é constituído por areia muito

fina a fina, pobre a moderadamente selecionada, com quantidade significativa de sedimento na

fração silte (> 15%) e alguns níveis de areia média. Nesse trecho os teores de carbonato de

cálcio apresentam os maiores valores dentre todos os testemunhos (entre 22,18% e 32,36%).

Considerando esses aspectos e a localização dos testemunhos na retaguarda do pontal arenoso,

associou-se esse pacote a depósitos de planície de maré (Figura 4.1), uma vez que de acordo

com Bezerra (2009) esses depósitos ocorrem nas áreas abrigadas da energia da costa, e

correspondem a sedimentos constituídos basicamente por areia fina a silte, pobremente

selecionados e com alto teor de carbonato de cálcio e matéria orgânica.

Os 110 cm iniciais são compostos por areia fina pobre a moderadamente selecionada

nas porções superficiais, que grada para areia média moderadamente selecionada com o

aumento da profundidade. Esse intervalo foi interpretado como pertencente a depósito de praia

(Figura 4.1).

Os testemunhos CPrI1 estão localizados na margem voltada para o oceano da

extremidade leste do pontal arenoso. Esses testemunhos apresentam dois ciclos com

granocrescência ascendente, na qual o tamanho do grão aumenta gradualmente em direção ao

topo, indicando um aumento da energia no sistema durante a deposição de cada ciclo.

Page 72: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

71

Figura 4.1 – Carta litoestratigráfica para o testemunho ARPrI A mostrando a integração dos dados de

testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas

deposicionais.

Page 73: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

72

A parte superior dos testemunhos (do topo até aproximadamente de 30 a 50cm) é

composta por areia fina a média, que grada para areia média a grossa nas porções mais

superficiais, pobremente selecionada, com conteúdo significativo de bioclastos, foi relacionada

à zona de estirâncio de depósitos de praia (faixa de praia entre o nível máximo da maré alta e

mínimo de maré baixa) (Figura 4.2). Essa associação foi possível devido à compatibilidade das

características dos sedimentos dos testemunhos com a de sedimentos descritos anteriormente

por Bezerra (2009) para essa região. Segundo o autor retromencionado, os sedimentos dos

depósitos de praia são encontrados principalmente na zona de estirâncio, sendo constituídos por

areias inconsolidadas quartzosas com granulometria variando de fina até muito grossa, sendo

rica (> 5%) em bioclastos e, algumas vezes, em minerais pesados.

Nas porções intermediária e inferior, os testemunhos apresentam sedimento de

granulometria areia muito fina a fina, de coloração cinza escuro. É pobre a moderadamente

selecionado, com alguns intervalos contendo quantidades significativas de silte, além de

apresentar fragmentos de conchas. Em função dessas características, pode-se interpretar que a

deposição desse intervalo ocorreu em uma região protegida, como de planície de maré (Figura

4.2).

Os teores de carbonato e matéria orgânica apresentam a mesma tendência nos três

testemunhos desse grupo, com uma diminuição dos teores em direção ao topo dos testemunhos.

Os valores do teor de carbonato (5,33% a 23,55%) são maiores que os do teor de matéria

orgânica (0,93% a 9,04%).

Os testemunhos CPrI2 também se encontram na margem voltada para o oceano, na ilha

barreira a oeste dos testemunhos CPrI1. Os sedimentos descritos nesses testemunhos

apresentam granulometria variando de areia muito fina a areia grossa bem a pobremente

selecionada, com quantidades significativas de bioclastos principalmente nas porções mais

superiores (alcançando 20% no testemunho CPrI2 C).

Page 74: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

73

Figura 4.2 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI1 B, mostrando a integração dos dados de

testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas

deposicionais.

Na base são encontrados os sedimentos mais finos por vezes intercalado com areia

média, o que indica uma alternância da energia deposicional. Em direção ao topo há uma

gradação para sedimentos mais grossos. Os teores de carbonato de cálcio e matéria orgânica

apresentam um perfil inverso. Nos intervalos onde os teores de carbonato apresentavam os

Page 75: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

74

maiores valores, os teores de matéria orgânica eram os mais baixos e vice-versa. Com base nas

características granulométricas e composicionais foi possível associar a deposição dos

sedimentos descritos nesses testemunhos à zona de estirâncio do sistema praia/ilha barreira

(Figura 4.3).

Figura 4.3 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI2 B, mostrando a integração dos dados de

testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas

deposicionais.

Page 76: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

75

Os testemunhos CPrI3 por sua vez estão localizados na retaguarda da ilha barreira, na

margem voltada para o rio Casqueira. Eles apresentam de maneira geral areia média a grossa

de coloração laranja acinzentado na base e porções intermediárias, que grada para areia fina de

cor cinza amarelado no intervalo mais superior do testemunho. A profundidade em que ocorre

a mudança de textura entre areia média/grossa para areia fina varia nos testemunhos. Os teores

de carbonato de cálcio foram os menores registrados entre todos os testemunhos, com exceção

do teor apresentado na porção basal do testemunho CPrI3 C (26,94%), onde se destaca também

a presença de uma valva inteira de um organismo.

Esses testemunhos apresentam um padrão diferente dos demais, com um afinamento

textural para o topo. Esse padrão é predominante em depósitos de canais sinuosos ou de maré

com uma diminuição para cima na velocidade do fluído dentro de um canal. As informações

aqui mencionadas juntamente com conhecimentos bibliográficos permitiram interpretar a

porção basal desses testemunhos como depósitos de canal de maré, enquanto a porção mais

fina, superior, apresentou características de depósito de praia (Figura 4.4).

Comparando o material dos testemunhos com aqueles da coletados na estrada de acesso,

não foram observadas correspondências. As características apresentadas pelos sedimentos

descritos nos testemunhos se assemelham às descrições de sedimentos típicos encontrados em

regiões de praia/ilha barreira. Soma-se a isso, a semelhança nas características encontradas entre

os testemunhos localizados na área possivelmente afetada pela erosão e transporte do material

de empréstimo, com as do testemunho coletado na área de referência, não atingida pela ação

antrópica. Pequenas variações são registradas, mas estas foram atribuídas a dinâmica costeira

da região, que é bastante intensa.

Dessa forma, é possível afirmar que não há contribuição significativa do material

erodido da estrada de acesso nas áreas próximas, reafirmando o que foi colocado por Mascena

(2020), que fez uma análise estatística dos sedimentos de área, e em seu trabalho afirmou que

não há indícios suficientes que comprovem a contaminação dos sedimentos da ilha barreira pelo

material oriundo da erosão do material de empréstimo utilizado na estrada.

Page 77: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

76

Figura 4.4 – Carta litoestratigráfica para o testemunho CPrI3 A, mostrando a integração dos dados de

testemunhos e perfis coregama, possibilitando a interpretação e posterior identificação dos sistemas

deposicionais.

Page 78: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

77

5. CONCLUSÕES

A utilização da técnica de testemunhagem por vibração, associada a análises

granulométricas, teor de carbonato de cálcio e teor de matéria orgânica, além da perfilagem

desses testemunhos por sensores de raios gama, constitui uma ferramenta eficaz na

caracterização dos depósitos sedimentares não aflorantes em regiões de praia/ilha barreira.

A partir das análises realizadas nos sedimentos recuperados, foi possível caracterizar os

depósitos de praia/ilha barreira encontrados próximo a cidade de Macau/RN, reconhecendo nas

sequências recuperadas os depósitos de alguns subambientes encontrados em um sistema de

ilha barreira, como depósitos de praia/ilha barreira, canal e planície de maré.

Os testemunhos ARPrI, de maneira geral, apresentaram nas suas porções iniciais areia

fina pobre a moderadamente selecionada, gradando para areia média moderadamente

selecionada com o aumento da profundidade, o que levou a interpretar essa porção dos

testemunhos como pertencente a depósito de praia. Já no intervalo inferior até a base, os

testemunhos eram constituídos por areia muito fina a fina, pobre a moderadamente selecionada,

com quantidade significativa de sedimento na fração silte e alguns níveis de areia média. Essas

características, associadas à localização dos testemunhos na retaguarda do pontal arenoso,

permitiu associar esse pacote a depósitos de planície de maré.

Os testemunhos CPrI1 apresentam uma variação sutil e gradual dos sedimentos, com

um padrão de granocrescência ascendente, sendo constituídos de areia muito fina a grossa, com

teores de carbonato e matéria orgânica que diminuem em direção ao topo dos testemunhos. O

intervalo inicial, composto por areia fina a grossa pobremente selecionada, foi relacionado à

zona de estirâncio de depósitos de praia. Enquanto que a porção intermediária e inferior, com

areia muito fina a fina de coloração cinza escuro, pobre a moderadamente selecionado, foi

interpretado como depositada em uma região protegida, como de planície de maré.

Os testemunhos CPrI2 também apresentaram um padrão de granocrescência ascendente.

Sua granulometria variou de areia muito fina a areia grossa, sendo os sedimentos mais finos na

base, gradando para sedimentos mais grossos no topo. Essa sucessão arenosa foi associada a

deposição dos sedimentos na zona de estirâncio do sistema praia/ilha barreira.

Os testemunhos CPrI3, de maneira geral, possuem areia média a grossa na base e

porções intermediárias, gradando para areia fina na porção superior dos testemunhos. Com as

informações, foi possível interpretar a porção basal desses testemunhos como depósitos de

canal de maré, enquanto a porção mais fina, superior foi caracterizada como depósito de praia.

Page 79: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

78

Com relação ao padrão de empilhamento, os testemunhos CPrI1 e CPrI2 apresentam

uma variação sutil e gradual, com um padrão de granocrescência ascendente, tendo em seu topo

material ligeiramente mais grosso que em sua base, enquanto isso, o testemunho CPrI3

apresenta um padrão inverso, com granodecrêscencia ascendente, contendo em sua base

sedimento de granulometria areia grossa, diminuindo para o topo, onde se tem areia fina.

Dentre os testemunhos de uma mesma área foram encontradas algumas variações na

distribuição granulométrica, de carbonato e matéria orgânica. Essas variações são

compreendidas como naturais e próprias de ambientes costeiros, nos quais a dinâmica de ondas,

correntes e marés que atuam na região são capazes de provocar pequenas mudanças de um

ponto para o outro. Os baixos valores de sedimentos finos indicam a alta energia do ambiente.

Os parâmetros avaliados não mostraram diferenças significativas entre os sedimentos

no entorno do Campo Serra e aqueles da área de referência, sem interferência antrópica, bem

como são diferentes do material utilizado na estrada.

Page 80: DHULYA RAFAELLY DAS CHAGAS ROCHA CARACTERIZAÇÃO …

79

REFERÊNCIAS

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