devoção e festas na historiografia brasileira edilece souza couto departamento de história - ufba
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Devoção e Festas na Historiografia Brasileira
Edilece Souza CoutoDepartamento de História -
UFBA
O ato de festejar...
1. Implica uma determinada estrutura social de produção. A festa é preparada, custeada, planejada e realizada segundo regras elaboradas no interior da vida cotidiana;
2. Envolve a participação coletiva na sociedade ou em grupos nos quais os participantes ocupam lugares distintos e específicos;
3. Aparece como uma interrupção do tempo social, suspensão temporária das atividades diárias;
4. Articula-se em torno de um ente real ou imaginário, um acontecimento social ou político;
5. Pode gerar produtos materiais ou significativos, principalmente a produção de uma identidade.
O tempo festivo
“Seja qual for a complexidade de uma festa religiosa, trata-se sempre de um acontecimento sagrado que teve lugar ab origine e que é, ritualmente tornado presente. Os participantes da festa tornam-se os contemporâneos do acontecimento mítico” (Mircea Eliade. O Sagrado e o Profano, p. 75).
Por meio das festas – religiosas, cívicas ou carnavalescas – podemos conhecer uma coletividade, identificar atitudes, comportamentos, tensões, visões de mundo, representações culturais e simbólicas.
Festa: objeto da História
“[...] assim como não há uma História imóvel, também não há uma festa imóvel. A festa na longa duração, assim como a podemos analisar através dos séculos, não é uma estrutura fixa, mas um continuum de mutações, de transições, de inclusões com uma das mãos e afastamentos com a outra...” (Michel Vovelle. Ideologias e Mentalidades, p. 251).
A Puxada do Mastro de São Sebastião – Olivença (Ilhéus-Ba)
O Mastaréu
O Mastro de São Sebastião
Festas e tempo históricoTransformações sociais, políticas e econômicas:
1850 – Fim do tráfico negreiro;1854 – Proclamação do dogma da Imaculada Conceição;1888 – Libertação dos escravos;1889 – Proclamação da República. D. Luís Antônio dos Santos ordena o fechamento das portas da Igreja do Bonfim no dia da festa;1912 – Início das reformas urbanas em Salvador;1924 – Entrega do 1° presente a Mãe d’Água no Rio Vermelho;1930 – Nossa Senhora Aparecida é a nova padroeira do Brasil. Em Salvador, separação entre a festa de Sant’Ana e a de Iemanjá;1931 – Inauguração do Cristo redentor no Rio de Janeiro.
Veraneio – Os arrabaldes e subúrbios dessa capital, bem como as pitorescas povoações à beira-mar já se acham plenas de veranistas e famílias que abalam da cidade para o gozo de melhores ares, na estação das frutas e dos banhos de mar.Rio Vermelho, Barra, Itapagipe, Itaparica, Mar Grande, Madre de Deus e Bom Jesus já saíram da monotonia do costume e se vão tornando aprazíveis logradouros risonhos, com a presença do belo sexo e das crianças travessas.Em todas essas localidades, uma nova vida, uma alegria nova.[1]
[1] VIDA elegante. Diário de Notícias, Salvador, 10 dez. 1913. Diário Social, p. 2.
Santa Bárbara e Iansã
Antigo Mercado de Santa Bárbara na Cidade Baixa – Salvador-Ba
Saída da procissãono Pelourinho
Terreiro de Jesus
Chegada da procissão ao Corpo de Bombeiros
Banho de Cheiro
Santa Bárbara e o alimento ritual de Iansã
Nossa Senhora da Conceição da Praia e Iemanjá
Diversidade do culto a Senhora da Conceição em Salvador
Conceição da Praia da Irmandade de N. Sra. Da Conceição da Praia – Igreja Matriz, 8 de dezembro;Conceição dos pescadores do mercado – Igreja Matriz, 9 de dezembro;Conceição dos empregados, despachantes, ajudantes e caixeiros – Alfândega Federal, 9 de dezembro;Conceição dos funcionários – Diretoria das Rendas – Catedral, 15 de dezembro;Conceição dos Pobres dos moradores da Caixa d’Água – Igreja do bairro, meados de dezembro;Conceição Amparo dos Artistas – músicos e moradores de Periperi – Igreja do bairro, 17 de dezembro.