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DIARIO DE PERNAMBUCO REcEFE, 6 DE AGOSTO DE 2001 vlllwmmmms^ 12 0 ESCAND A LO D A MANDIO CA E A MORTE DE PE DRO JORG E

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DIARIO DE PERNAMBUCO

REcEFE, 6 DE AGOSTO DE 2001

vlllwmmmms^

12

0 ESCANDALO DA MANDIOCAE A MORTE DE PEDRO JORGE

DIARIO DE PERNAMBUCO

RECIFE, 6 DE AGOSTO DE 2001 - CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO

A incrivel lustbria de

" ios"palac que 5urgiamdo Chao seco, com o

dinheiro da mandioca

m maio de 1981 espalhou-setimidamente - primeiro pelacaatinga e pelas pequenas cidades

sertanejas - uma historia que falava debelas construcoes, mansoes, quasepalacios, no Sertao de Pernambuco,onde a mais extrema miseria deveriaestar exposta. 0 tamanho dasconstrucoes e os requintes de luxoaumentavam no imaginario coletivo,mas nao se cogitava de exagero quandose afirmava que aquilo era coisa deladroagem. A boca-pequena secomentava que mais de um bilhao decruzeiros do Banco do Brasil de Florestatinham ido parar nas contas de algunsespertos, num passe de magica. Quandoa gatunagem comecou a ser descoberta,soube-se que tinha agricultor que is ao

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PATATICA Comunica4eo & Ediwra

Fonres:FundacaoJoaquim Nabuco,Arquivo Pdbbco do Estado dePernambuco. Arquivo do Diano dePernambuco

Banco do Brasil pedir CR$ 20 mil emprestados e ofinanciamento chegava a Cr$ 400 mil. Oficialmente, odinheiro teria sido destinado ao plantio de mandioca. Naverdade, porem, ele havia se espalhado em 300financiamentos irregulares, que eram associados aquelasmansoes com piscinas, construidas onde faltava agua atepara matar a sede. Fazendeiros inventaram enormes--extensoes de terra que nao existiam. Somando o totalregistrado no Branco do Brasil daria 4.748 quilometrosquadrados, area superior a do municipio.Politicos de oposicao que sabiam do "fenoreno" naotinham muito entusiasmo para denunciar orque faltavamprovas robustas e ate porque se vivia ainda um climamuito dificil. 0 pais era governado por militares, de formalmais atenuada, depois da anistia de 79, mas ainda trnha o I,rescaldo dos tempos de silencio forcado. Quem denunciasspqualquer irregularidade do sisterna era logo tachado decomunista e passava a ser visto como um terrorista empotencial.Uma briga de familial sertanejas, porem, iria furar abarreira de silencio em torn do que viria a ser conhecidocomo "escandalo da mandioca". Um Ferraz, adversarioferrenho de um Novaes, comecou a espalhar a informacaoo escandalo comecou a ganhar corpo. Nao fosse a briga defamilias, tudo teria permanecido abafado, beneficiando umepunhado de pessoas que utilizavam todos os meios paratirar proveito. Um ganhava porque tudo passava por suasmaos. Outro, porque estava muito proximo e nao podia ficatde fora. Mais adiante, um outro se impunha pela patente,mais outro porque gerenciava a agencia do Banco e assim arede se estabelecia num pacto de confianca quebrado pelosentimento de vinganca entre os Ferraz e os Novaes deFloresta, um pobre municipio sertanejo que precisariaacumular o orcamento durante trinta e tres anos parachegar aos valores que foram distribuidos irregularmente apretexto do plantio de mandioca.

DIARIo DE PERNAMBUCo

REUFE, 6 DE AGOSTO DE 2001 - CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO

de confianca quebrado pelo sentimento devinganca entre os Ferraz e os Novaes de Floresta,um pobre municipio sertanejo que precisariaacumular o oraamento durante trinta e tres anospara chegar aos valores que foram distribuidosirregularmente a pretexto do plantio de mandioca.

HOUVE RANGER DEDENTES QUANDO AHISTORIA COME^OUA GANHAR MUNDOSAs irregularidades comecaram a se espalhar e

nao havia como esconde-las, principalmenteporque as informacoes tinham origem

inclusive atraves de politicos ligados ao sistema. 0Banco Central mandou uma auditoria paraFloresta e a historia causou uma grandeconsternacao. Liderava o esquema de fraude toda adirecao do Banco do Brasil na cidadepernambucana. 0 chefe de fiscalizacao, umcarioca, suicidou-se na cidade de Arcoverde, ondehavia comprado um predio por 12 milhoes decruzeiros. 0 chefe de cadastro negociou umtratamento especial com os inspetores do Banco doBrasil em troca de informacoes sobre aengrenagem e o que se ficou sabendo dai pordiante deixou a populacao estarrecida: haviacadastros falsificados, financiamentos em nome dedefuntos, fazendeiro que tirava dinheiro em nomede ate quarenta "laranjas" - aqueles queemprestavam o nome para a negociata -, aplicacaodo custeio agricola em caderneta de poupanca,desvio do dinheiro da mandioca para construcaode casas, compras de imoveis e automoveis,abertura de comercio e ate para o plantio de outraslavouras, tudo isso sob o manto do perdao dadivida. 0 esquema montado era simples: na horado acerto de contas, os fazendeiros beneficiadosapelariam para um programa federal e um segurocobriria as lavouras "que haviam sido destruidaspela seca". 0 problema foi que choveu.Em julho a Policia Federal prendeu um bancarioenvolvido no escandalo e que ja se encontrava emRondonia. 0 juiz federal Genival Matias decretou aprisao preventiva desse e de outros bancarios, masa relacao era enorme: tinha 100 implicados. Urndos bancarios ouvido pelo juiz federal GenivalMatias desenhou em rapidas linhas o que estavaacontecendo em Floresta; "A agencia do Banco doBrasil virou uma bagunca, um saco furado,chegando ao ponto de as oporacoes corretas seremuma excecao. Dos financiamentos efetuados, em

sua quase totalidade os recebedores nadaplantaram".Em setembro, o ministro daFazenda, Ernane Galveas, determinou abusca e apreensao dos bens moveis eimoveis de onze indicados em decreto deprisao administrativa. No mesmo mes, aPolicia Federal apreendeu cerca de 150arenas que estavam em poder de um dosimplicados. Em novembro, o ex-chefe doescritorio da Emater em Floresta informavaao juiz que nas vistorias realizadas em 1981em Floresta foram encontradas pessoas quemoravam em casas de taipa e queoficialmente tinham sido beneficiadas comfinanciamentos de tres milhoes, ate quatromilhoes de cruzeiros.

UM PROCURADORDA REPUBLICA EABATIDO NA PORTADE UMA PADARIAA noticia, na prilneira paging do

DIARIO de 4 de marco de 1982 abalouPernambuco e se espalhou por todo o

Pais:"Coen tres tiros de revolver (um no bravo,

outro no abdomen e o ultimo no queixo) foiassassinado, as 18h40m de ontem, proximoa sua residencia, o procurador da RepublicaPedro Jorge Melo, que apresentou denunciacontra 25 pessoas envolvidas no'escandaloda mandioca'. 0 bel. Pedro Jorge de Melotinha 32 anos de idade, saiu de suareside"ncia, na Rua Mauricio Viana, 204,Jardim Atlantico, Casa Caiada, Olinda, paracomprar leite e pao. Mal tinha saido dapadaria com um pacote de leite e paes, foiacertado por um desconhecido de cor clara,com presumivelmente 29 anos, de camisade manga comprida branca, que correu ateum Chevette Hatch de cor bege, que ja oesperava com o motor ligado. Segundotestemunhas, o homicida estava de 'tocaia'em um dos predios vizinhos. Ao ver oprocurador tombar mortalmente ferido, umcobrador de onibus tentou anotar a placa doChevette, sendo atingido pelo outroocupante do veiculo, sendo levado aspressas ao Hospital da Restauracao, onde seencontra internado. Acredita a policia queas informacoes do rapaz sejam importantes,pois ele viu os ocupantes do carro e as

DIARio DE PERNAMEUCO

REcn, 6 DE AGOS7O DE 2001 - CRIM QUE ABALARAM PERNAMBUCO

placas, que nao devem ser'frias', pois senao osassassinos nao teriam tentado elimina-lotambem".

No dia 5 de marco de 1982 nao se falava emoutra coisa em Pernambuco e a imprensa davacobertura muito discreta ao caso porque todas asatencoes estavam voltadas para a visita dopresidente Figueiredo. 0 prefeito de Olinda,Germano Coelho, decretou luto oficial de tresdias no municipio. A Assembleia Legislativaaprovou voto de pesar requerido pelo deputadoSergio Longman. No requerimento, o deputadoalertava que o gangsterismo estava agindo emPernambuco e desafiava a todos.

0 que se dizia do procurador? Quase umbeneditino. Havia nascido em Alagoas e veioestudar no Recife, onde ficou. Estudou no Mosteirode Sao Bento, de onde saiu como "professosimples". Bem perto de ser um beneditino. Osfrades celebraram uma missa de corpo presentecom mais de 500 pessoas, predominantementejuizes, advogados e politicos de oposicao.

A Policia Federal passou a proteger a casa daviuva do procurador Pedro Jorge. 0 MinisterioPublico Estadual manifestou repddio e condenoucom veemencia "o covarde e brutal assassinato".No dia 8 de marco era preso o primeiro suspeitodo crime, um dos funcionarios do Banco doBrasil, envolvido no caso. No dia 9 de marcochegava ao Recife o procurador-geral daRepublica para acompanhar as investigacoes. Nachegada do procurador-geral, Inocencio Martires,o escandalo ganhou nova dimensao: ficou-sesabendo que o procurador Pedro Jorge estavaafastado do caso da mandioca e a AssociacaoNacional dos Procuradores Federais anunciouque iria apurar as razoes. Martires dissesimplesmente que havia recebido uma carta dePedro Jorge pedindo afastamento do caso, semfazer qualquer mencao a ameacas queporventura estivesse sofrendo. 0 procurador foi,assim, assassinado quando ja estava fora doprocesso. A policia Federal informou que haviaprendido mais tres suspeitos, sem revelar osnomes. Agora eram quatro detidos noDepartamento de Policia Federal.

A Comissao de Justica e Paz distribuiu notaoficial lamentando a viole"ncia que havia gerado amorte do procurador e reafirmava seu protestocontra a impunidade. E lembrava que ha quasedez anos "tombou o ex-procurador Djalma Rapososem que ate hoje seus assassinos sejam conhecidose, sobretudo, punidos". Lembrou, tambem, amorte do padre Henrique, em 1969, "sem que atehoje sequer se busque ler o que ja diz o processo".

Pedro Jorge

Procuradores federais de todo o Pais sereuniram no Recife em solidariedade a familiade Pedro Jorge e, tambem, para reivindicar aapuracao das diligencias desenvolvidas pelaPolicia Federal.

Uma noticia dessas normalmente tomariaum enorme espaco em qualquer jornal, mas

o crime coincidiu com a vinda aPernambuco do general Figueiredo e,naturalmente, ele tomaria todo espaco. A

morte do procurador e a repercussao,principalmente nos meios juridicos, ocupariaum espaco discreto nos dias seguintes, mas adeterminacao do governo federal em apurar

o que havia acontecido permitiu que onoticiario crescesse, mesmo quando um oficialda Policia Militar, o entao major Ferreira,passou a ser o principal suspeito. Primeiro, dehaver executado o procurador e depois comoautor intelectual. 0 major negou tudo, emdepoimento no dia 29 de marco. 0 depoimentoteve um grande destaque e houve mobilizacaode um grupo anticomunista fanaticoidentificado como TFP - Tradicao, Familia ePropriedade. A presenca da TFP apoiando omajor dava uma conotacao politica ao atentado.

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RECwE, 6 DE AGOSTO DE 2001 - CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO

QUEM DEU 0 TIROQUE MATOU 0PROCURADOR? ESSAERA A QUESTAO

urante todo mes de abril de 1982 a policiaficou tateando em torno de pistas. Prendeu

^.. ' quatro suspeitos, chegou a pensar que oexecutor havia sido o major - um eximio atirador -e a historia se arrastou por todo mes de abril, jaentao com uma hipotese que ganhava corpo: oautor dos tiros que mataram o procurador jadeveria ter sido silenciado. No final de abril omajor Ferreira foi afastado do cargo. No dia 29uma testemunha - cujo nome nao foi divulgadopela policia - dava detalhes do crime. Disse que omatador levava o revolver preso no pulso por umacorreia de couro e amparou o bravo que segurava aarma com a outra mao. Era uma indicacao muitoclara de que se tratava de um pistoleiro.

A policia intensificou as investigacoes no Sertaoe no inicio de maio ja se anunciava que estavamuito proxima a descoberta do matador. No dia 4de maio, dois meses depois do crime, a noticiaganhava destaque: Preso o pistoleiro que matou oprocurador. No dia seguinte ele era exposto para asfotografias da imprensa, depois de haver detalhadotoda a trama e a execucao do procurador PedroJorge. Agora nao havia mais como o major Ferreirasustentar que era inocente. 0 pistoleiro Elias NunesNogueira, de Serra Talhada, a 420 quilometros doRecife, confessou em depoimento a Policia Federalcouro havia assassinado o procurador Pedro Jorge deMelo e Silva, a mando do major Jose Ferreira dosAnjos, que o contratou por Cr$ 200 mil. 0 pistoleirodisse que atirou tres vezes com um revolver Tauruscalibre 39, com balas dumdum (especiais) entreguespelo major Ferreira. 0 sargento PM Jose Lopes deAlmeida levava uma espingarda 12 e foi quern fez oreconhecimento do procurador.

Major Ferreira

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REC[FE, 6 DE AGOSTO DE 2001 - CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO

A HISTORIA COMOFOI CONTADA PELOHOMEM QUE DEUOS TIROS MORTALS

No dia 15 de fevereiro de 1982 o entao majorFerreira, da Policia Militar de Pernambuco,se encontrou corn EHAC Nine Noa>FJRA e

teve com ele um acerto em Serra Talhada, dentrode um carro de marca Variant II, que era depropriedade do militar. Em maio, quando foi presocomo executor da morte do procurador PedroJorge, o pistoleiro contou uma Tonga historia,que passou a constar das paginas 478 a 486do processo, e que o DIARIO resumiu assim:

"Elias, eu quero que voce va ao Recifepara fazer um servico: matar oprocurador da mandioca, que esta meprejudicando e a amigos meus", ordenouFerreira.

Como Elias estava ern Serra Talhadaapenas para vingar a morte do seu irmaoassassinado por Vilmar Gaia, um pistoleirofamoso em Pernambuco, a principio relutou.Entretanto, Elias devia favores ao major, pois esteprendera certa vez Vilmar Gaia que, ate hoje,ninguem sabe como fugiu da cadeira.

Corn a promessa de que depois que matasse oprocurador o major ajudaria na busca a VilmarGaia, Elias comecou a acertar o "servico". Preto deCr$ 200 mil, sendo Cr$ 100 mil a vista e o restanteapos o crime. Ainda titubeante, Elias perguntou aIrineu Ferraz (que o acompanhara para o encontro)se devia mesmo aceitar. Este, como nao se querendoenvolver, respondeu:Voce e quern sabe. 0 majorFerreira e amigo e a gente deve favor a ele. Se vocequiser it va e, se nao quiser, nao va". Elias foi.

No dia seguinte, o sargento Lopes foi busca-lo emSerra Talhada. Chegou de madrugada a casa domajor Ferreira, onde dormiu. As 8h30m Lopes jaestava para apanhar Elias a fim de comecarem asbuscas ao procurador. A essa altura, o pistoleiro jaestava com o revolver cedido pelo major, pois seencontrasse Pedro Jorge devia mata-lo logo. Buscasinfrutiferas. Quatro dias depois Elias resolveu voltarpara Serra Talhada, porque estava perdendo muitotempo.

'Mas voce ja vai? perguntou o oficial militar.'Nao vai nem passar o Carnaval aqui?' Comonao tinha jeito, o major concordou, masmarcou para o dia 27 um novo contato, nacentral da Telpe, por volta das 19h30.

Elias foi para Varzea do Ico, onde moraseu pai, e ficou la ate o novo contato com omajor. No dia 27, como combinara, o pis-toleiro recebeu o recado. 'Elias, faz tudo eretorna hoje para o Recife, pois o servico temque ser feito ate o dia 3. Quando chegar fiqueno mesmo lugar'.

Na capital, Elias admirou-se do carro, umChevette Hatch, cor bege, a alcool, que estavaa sua espera com o sargento Lopes aovolante. Voces estao com um carro bonito',comentou Elias, ao mesmo tempo que con-hecia mais uma pessoa: Euclides de SouzaFerraz, o Clido.

Rodaram varios dias sem sucesso em buscado procurador. No dia 3 de marco voltaram ase encontrar. Agora a equipe ficara completa:Heronides Cavalcanti e Jorge Ferraz, queestavam no Detran, se uniram a Elias e Lopes.Os dos primeiros dirigiam um Passat e foramem direcao a Olinda. Vamos pegar o homemhoje de qualquer jeito', falou Clido.

Deram muitas voltas e, ja a noite, pararamnum sinal. Finalmente viram um Passat decor azul. Era o procurador. 0 sargento Lopesultrapassou o veiculo de Pedro Jorge variasvezes para que Elias gravasse sua fisionomia.Pedro Jorge, como fazia sempre, antes dechegar parou na Panificadora Panja.Comprou pao e leite.

'Elias, desca e atire no homem', ordenouLopes. 0 pistoleiro sentiu que era a Nora. Nasua memoria a recomendacao: 'Atire nacabeca'. Os tres disparos compassados. Doisatingiram o alvo e o terceiro a porta do carro.0 pistoleiro permaneceu mais alguns segun-dos para confirmar se a missao estavacumprida. Elias deu doffs pulos para tras,entrou no carro e fugiram para a cidade deVitoria de Santo Antao".

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RECIEE, 6 DE AGOSTO DE 2001- CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO

0 LIBELO ERA 0SINAL DE QUEPATENTE NAODAVA IMUNIDADE

No dia 3 de marco de 1983, um ano depoisda morte do procurador Pedro Jorge,Pernambuco viveu intensas emocoes. A

capela do Mosteiro de Sao Bento, em Olinda,ficou lotada para a celebracao de uma missalembrando a morte do procurador. A liturgia foicelebrada por dom Basilio Penido, amigo dePedro Jorge. Em improviso, ele falou sobre oprocurador e disse que Pedro Jorge sempre haviaprocurado fazer o been. 'Era um exemplo parasua geracao', disse dom Penido. E emocionadofez votos para que a Justica fosse realizada com apunicao dos acusados. No mesmo dia, oprocurador Aristides Junqueira apresentava aJustica Federal o libelo contra sete acusados peloassassinio do procurador e tentativa dehomicidio contra o estudante Joao Batista Viana.Do entao major Jose Ferreira dos Anjos, disse oprocurador: "0 reu Jose Ferreira dos Anjos, aoconcorrer para a pratica do homicidio contraPedro Jorge de Melo e Silva assumiu o risco de-cometimento do crime praticado contra JoaoBatista Vianna, para assegurar a impunidade dohomicidio praticado contra Pedro Jorge". Acusa omajor de ter cedido seu autombvel - o ChevetteHatch - para transporte dos pistoleiros e praticado crime. Mais: "o reu ajustou a execucao damorte da vitima, mediante paga a outrem.0 reu ajustou a morte da vitima por motivotorpe (vinganca)". Com o ex-major, a deminciase estendia a Heronides Cavalcanti Ribeiro,que concorreu para o crime dando coberturaa execucao de Pedro Jorge e foi "o autor dodisparo que produziu lesoes em Joao BatistaViana Pereira", para "assegurar a impunidadedo homicidio contra Pedro Jorge". No libelocontra Euclides de Souza, diz o procuradorque o reu concorreu para o crime dandocobertura a sua execucao. 0 reu Jose Lopesconcorreu para o crime transportando o autordos disparos ate o local da execucao. Foi,tambem, quem identificou a vitima para o autordos disparos. E o libelo continua, explicando aparticipacao de Irineu Ferraz, Jorge Ferraz e,finalmente, Elias Nunes Nogueira, autor dosdisparos, executou o crime mediantepagamento.

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