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APOSTILA GEOGRAFIA Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBM-MG Soldados Bombeiros Militar Organização: Prof. Alex Campos 2018

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APOSTILA – GEOGRAFIA

Corpo de Bombeiros Militar de

Minas Gerais - CBM-MG

Soldados Bombeiros Militar

Organização: Prof. Alex Campos

2018

Prefeitura de Juiz de Fora / SDS – DISQ / Curso Preparatório para Concursos Rua Marechal Deodoro, 230 / 3º andar – Centro. Tel.: (32) 3690-8503 / 3690-8533

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SUMÁRIO

O espaço natural e econômico; orientação, localização, representação da Terra

e fusos horários.......................................................................................... 3

A Terra: características e movimentos; evolução; camadas da Terra. A deriva

continental e a tectônica de placas. Rochas: tipos; características. solos:

formação; conservação. Relevo terrestre e seus agentes................................... 15

A atmosfera e sua dinâmica: tempo; clima. As grandes paisagens naturais da

Terra....................................................................................................................... 21

Aspectos demográficos: conceitos fundamentais.................................................. 29

Aspectos econômicos gerais: comércio; recursos naturais e extrativismo

mineral; fontes de energia; indústria; agricultura................................................... 37

Geografia do Brasil: regiões brasileiras: aspectos físicos; aspectos humanos;

aspectos políticos; aspectos econômicos.............................................................. 62

Geografia geral: as relações econômicas no mundo moderno: A crise

econômica mundial; os blocos econômicos; a questão da multipolaridade. A

globalização. Focos de tensão e conflitos mundiais………………………………... 77

Prefeitura de Juiz de Fora / SDS – DISQ / Curso Preparatório para Concursos Rua Marechal Deodoro, 230 / 3º andar – Centro. Tel.: (32) 3690-8503 / 3690-8533

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Sistemas de Localização e Representação Cartográfica:

A representação da realidade por meio de

desenhos foi uma das primeiras formas de comunicação utilizada pelo ser humano.

Os mapas antigos são importantes documentos históricos - revelam parte da concepção que se tinha do mundo nos mais diversos períodos. Assim, o desenvolvimento da cartografia foi um instrumento fundamental da evolução da humanidade.

Na Antiguidade, os mapas eram utilizados para

traçar rotas e representar as principais informações sobre o espaço geográfico. Com o surgimento das primeiras civilizações, passaram a ser muito mais que um instrumento de orientação e localização: serviam para definir as estratégias militares de conquista de novas terras e povos para organizar a cobrança de impostos das regiões conquistadas. Ainda hoje os mapas servem para fazer a guerra. Com base neles são desenvolvidas as estratégias militares e localizados os principais alvos de ataques, como as bases militares e as áreas de infraestrutura (pontes, viadutos, estradas, usinas de produção de energia) para imobilizar o exército atacado.

A partir do desenvolvimento da navegação, no

século XIII, houve um importante avanço da cartografia. Foram criados documentos cartográficos pelos navegadores genoveses, que precederam Cristóvão Colombo. Com as grandes navegações (Processo desenvolvido nos séculos XV e XVI por países europeus, que buscavam conquistar, através do Atlântico, novas rotas comerciais com o Oriente, além de fontes de matérias-primas e mentais preciosos. Espanha e Portugal foram os países pioneiros; desenvolveram grandes avanços na tecnologia náutica e no conhecimento de astronomia, que possibilitaram a conquista de novas terras, a partir da dominação de vários povos, sobretudo na América), boa parte do mundo tornou-se conhecida, e foram desenvolvidos métodos para representar o globo em forma de plano (o planisfério). Essa representação do espaço terrestre em planisfério tem sido aperfeiçoada e utilizada até hoje.

No século XIX, a cartografia serviu de apoio ao

desenvolvimento capitalista. Com a Revolução Industrial, ampliaram-se os intercâmbios comerciais entre países e a disputa por novas terras (fontes de matérias-primas), no processo conhecido como neocolonialismo.

Nesse período, tornou-se necessário

sistematizar tempo e espaço. O sistema de transporte ferroviário à longa distância necessitava de uma demarcação lógica das diferentes horas existentes entre estações distantes umas das outras, em países de grandes dimensões territoriais (como os Estados Unidos e o Canadá). Surgiram os fusos horários (O sistema internacional de

marcação de tempo, utilizado até hoje, foi proposto em 1878 pelo canadense Sanford Fleming. Em 1883, as ferrovias dos Estados Unidos passaram a adotar este sistema), representados por meio da cartografia nos mapas do globo terrestre.

A cartografia conta atualmente com muitos

recursos. O mapeamento feito por satélites indica a localização de elementos contidos no espaço geográfico com precisão e detalhes, além de permitir o acompanhamento das frequentes transformações ocorridas na paisagem. Por meio de imagens de satélites, é possível registrar e acompanhar quase todas as atividades realizadas em terra, como o deslocamento de uma tropa militar ou a evolução do desmatamento de uma região.

Espaço Geográfico: Não subjetivo, uma reflexão

sobre a produção do espaço, onde o homem

estabelece as relações entre natureza e sociedade.

Segundo Geógrafo Milton Santos é um “conjunto

indissociável, solidário e também contraditório de

sistemas de objetos e sistemas de ações”. O

homem interagindo com o espaço, na construção

deste, podendo ser solidário e/ou contraditório.

Lugar – espaço “particular” relacionado ao

lugar de alguém, de cada indivíduo

(subjetivo) Ex.: Casa, Rua, Bairro.

Paisagem – descrição do espaço,

elementos naturais e culturais do espaço,

Ex: descrição de uma imagem / foto de

determinada época; de um local em área

em específico.

Espaço Natural: é o ambiente original próprio da

natureza, composto pelos rios, a vegetação, os

relevos, elementos climáticos, entre outros fatores

que caracterizam o que há no espaço natural. É o

espaço que ainda não foi modificado pela ação

O espaço natural e Econômico; orientação,

localização, representação da Terra e fusos horários

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humana.

Podendo também ser chamado de espaço

terrestre e subdividido em natural e urbano

(transformado; construído, explorado pela ação

humana – sofrendo interferência antrópica).

Espaço Econômico: tem origem na atividade

humana. As relações que se estabelecem quando

seres humanos atuam sobre o espaço físico na

busca de sobrevivência, desenvolvimento e

conforto. Se caracterizando por relações de

produção, consumo, tributação, investimento,

exportação, importação e de migração.

Espaço de Planejamento:

É a jurisdição definida por determinada instituição

(pública ou privada), para o foco estratégico de

sua atuação econômica. Ex.: área de atuação de

um determinado plano de desenvolvimento

regional; região de planejamento com projetos

e/ou programas definidas para determinadas

regiões com referência espacial bem definida.

Planos de desenvolvimento regional são

exemplos típicos de delimitação de região de

planejamento pelo setor público.

Ex.: A Companhia de Desenvolvimento de Minas

Gerais (Codemge) é uma empresa estatal,

integrante da Administração Pública Indireta do

Estado de Minas Gerais, sendo acionista

majoritária da (Codemig) Companhia de

Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais

uma empresa pública constituída na forma de

Sociedade Anônima e controlada pelo Estado de

Minas.

Após fevereiro de 2018, as atividades realizadas

pela Codemig passaram a ser executadas pela

Codemge.

Codevasf – Companhia de Desenvolvimento dos

Vales do São Francisco e do Parnaíba com

programas e ações em que o foco principal é o

desenvolvimento regional.

Espaço Polarizado:

É a constituição de um grande ambiente

econômico ou populacional com características e

afinidades, que exerce certa liderança sobre

outros centros circunvizinhos. O nome região

polarizada (ou nodal) traz implícito a existência de

um polo (ou nó).

Uma região polarizada pode, portanto, ser

pensada como área de influência de certo pólo.

A partir do polo, as funções que os subespaços

desempenham podem ser hierarquizadas de forma

decrescente, como na Teoria dos Lugares Centrais:

o espaço organiza-se dispondo lugares

subordinados em torno de certo lugar central; o

conjunto total é funcionalmente integrado e as

funções que os diferentes lugares desempenham

podem ser hierarquizadas a partir do lugar central.

Ex.: Polo moveleiro da cidade de Ubá-MG,

convergindo fábricas e a mão de obra da cidade e

região para fabricação de móveis.

Orientação

O processo de orientação desenvolve-se

para atender à necessidade de deslocar-se em um determinado rumo, mesmo quando não é possível guiar-se pelos acidentes geográficos.

Meios de Orientação:

a) Sol: onde nasce é o Leste; onde se põe é

o Oeste; a partir daí, temos os pontos cardeais: N – norte (setentrional); S – sul (meridional); L ou E – leste ou este (oriental); O ou W – oeste (ocidental). b) Lua: processo idêntico ao do Sol.

c) Cruzeiro do Sul: aponta o Sul (apenas no

Hemisfério Sul).

d) Ventos: conhecendo-se a direção dos

ventos dominantes.

e) Bússola: sua agulha imantada aponta sempre para o norte magnético.

Rosa-dos-Ventos

É formada com os pontos cardeais: Norte, Sul,

Leste, Oeste, pontos colaterais e os pontos subcolaterais.

Colaterais ficam entre os pontos cardeais: NORDESTE – NE – entre norte e este; SUDESTE – SE – entre sul e este; SUDOESTE – SO – entre sul e oeste; NOROESTE – NO – entre norte e oeste.

Subcolaterais ficam entre os pontos

cardeais e os colaterais: N NE – NOR – NORDESTE; N

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NO – NOR – NOROESTE; E NE – ES – NORDESTE; E SE – ES – SUDESTE; S SE – SU – SUDESTE; S SO – SU – SUDOESTE; O SO – OES – SUDOESTE; O NO – OES – NOROESTE.

Sistema de Localização Cartográfica e Fusos Horários:

As Coordenadas Geográficas

Qualquer lugar da Terra pode ser localizado

por meio de um sistema de coordenadas formado por linhas imaginárias: os meridianos e os paralelos. Os meridianos ligam o polo geográfico norte ao polo geográfico sul e os paralelos cruzam perpendicularmente os meridianos.

Os Paralelos e as Latitudes

O Equador – o paralelo principal – está

traçado a distância de dois polos, formando um plano que divide horizontalmente a Terra em duas partes iguais: o hemisfério Norte, também chamado setentrional ou boreal, e o hemisfério Sul, também chamado meridional ou austral.

A distância de qualquer ponto da superfície terrestre em relação à linha do Equador recebe o nome de latitude, e é dada em graus. Definiu-se, portanto, como 0º a latitude do Equador. Nos hemisférios Norte e Sul têm-se, respectivamente, latitudes norte (N) e sul (S), que medem até 90º. Assim, se forem traçados 90 paralelos equidistantes (situados a igual distância), em

cada hemisfério, a distância entre eles será de 1º. Todos os lugares situados num mesmo paralelo têm a mesma latitude.

Além do Equador, há quatro outros paralelos importantes: o trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, no hemisfério Norte, e o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, no hemisfério Sul.

Os trópicos estão distantes 23º27‟ (23 graus e 27 minutos) em relação ao Equador e indicam os imites máximos ao Sul e ao Norte em que os raios solares incidem verticalmente durante o solstício de verão. A faixa do planeta situada ente os Trópicos de Capricórnio e de Câncer é denominada zona tropical ou intertropical, e nela os raios solares incidem perpendicularmente num determinado período do ano. Ao norte do trópico de Câncer e ao sul do Trópico de

Capricórnio, os raios solares vão atingir a superfície terrestre sempre de forma inclinada (oblíqua nas zonas temperadas e tangente nas zonas polares).

Solstícios e Equinócios

Quando os raios solares incidem direta e

verticalmente sobre o trópico de Capricórnio

(aproximadamente em 21 de dezembro), temos no

hemisfério Sul o início do verão e o dia mais longo

do ano (Nesse caso, consideramos dia como o

período de iluminação, entre o nascente e o

poente, entre os momentos em que o Sol aparece e

se põe) - O chamado Solstício de verão. Ao mesmo

tempo, acontece no hemisfério Norte o Solstício

de inverno, com o início do inverno e o dia mais

curto do ano. Essa situação inverte quando os

raios incidem sobre o Trópico de Câncer

(aproximadamente em 21 de junho).

Apenas em dois dias do ano – 21 de março e

23 de setembro – os hemisférios Norte e Sul

recebem a mesma quantidade de luz e calor.

Nesse fenômeno, conhecido como Equinócio, a

duração do dia é igual à da noite; os raios solares

incidem perpendicularmente à linha do Equador, de

forma que os limites da zona iluminada da Terra

passam exatamente pelos dois polos. No dia 21 de

março, inicia-se a primavera no hemisfério Norte e

o outono no hemisfério Sul, ocorrendo o inverso

no dia 23 de setembro.

Os Círculos Polares estão distantes 66º33‟ da

linha do Equador e 23º27‟ dos polos. Eles

assinalam o limite máximo de iluminação total das

regiões polares nos solstícios de verão. Assim, no

dia do início do verão, não há noite na região polar,

que recebe os raios solares durante 24 horas. No

início do inverno (solstício de inverno) acontece

exatamente o contrário.

Essa variação na distribuição dos raios solares

nos dois hemisférios, que dá origem às estações do

ano, é consequência da inclinação do eixo

terrestre, em combinação com o movimento que

a Terra faz ao redor do Sol durante o período de um

ano – o movimento de translação.

Incidência dos raios solares no início do verão e

do inverno em ambos os hemisférios

A variação no tempo de duração do dia (período de iluminação) e da noite em cada lugar

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da terra é tanto maior quanto mais distante o lugar estiver da linha do Equador. A “posição” do Sol no firmamento também altera a incidência dos rios solares: para a maior parte do território brasileiro, por exemplo, eles incidirão aproximadamente a partir da direção norte, ora aproximadamente a partir da direção sul (quando for próximo do meio-dia). Para as localidades que são atravessadas pelo Trópico de Capricórnio e principalmente para as que estão ao sul dessa linha, os raios solares vão atingir a superfície aproximadamente a partir do norte, por volta do meio-dia. É por isso, por exemplo, que nessas localidades (situadas ao sul ou no trópico de Capricórnio), em muitas propagandas de apartamentos, destaca-se o fato de os quartos e a sala estarem voltados para o norte – face norte.

Os Meridianos e as Longitudes

O Equador – o paralelo principal – divide a

esfera terrestre em duas partes iguais. Já os meridianos, como não circundam totalmente a esfera terrestre, só a dividem em duas partes iguais ou hemisférios junto com seu meridiano oposto, chamado anti-meridiano.

Em 1884 foi estabelecido como referencial ou principal o meridiano de Greenwich, que passa próximo à cidade de Londres. A partir dessa data, o meridiano de Greenwich e o seu anti-meridiano passaram a dividir, por convenção, a esfera terrestre em dois hemisférios: Leste ou Oriental e Oeste ou Ocidental.

No subúrbio da cidade de Greenwich, próxima a Londres (Inglaterra), havia um observatório astronômico no qual, desde o século XVIII, eram efetuados cálculos astronômicos para auxiliar os navegadores. Em 1884, o meridiano que passava por esse observatório foi escolhido como referência inicial, de longitude 0º (zero grau). Em 1958, o observatório de Greenwich foi desativado e transformado em museu.

A distância de qualquer ponto da superfície terrestre em relação ao meridiano de Greenwich recebe o nome de longitude, dada

em graus. A longitude de Greenwich é, portanto, 0º. Nos hemisférios Leste e Oeste têm-se, respectivamente, longitudes leste (L) e oeste (O), que medem até 180º. Assim, os meridianos 180º leste e oeste coincidem.

Para determinar a localização exata de um ponto na superfície terrestre basta ter sua latitude e sua longitude.

Sistema de Posicionamento Global – GPS

Esse sistema (Global Position System, em

inglês) foi projetado para fornecer o

posicionamento instantâneo e a velocidade de

um ponto na superfície terrestre ou próximo

dela, através das coordenadas geográficas. O

apoio técnico ao sistema é dado por uma

constelação de 24 satélites distribuídos por seis

órbitas em torno da Terra. A altitude da órbita,

20.200 km, foi calculada de modo que cada

satélite passe sobre o mesmo ponto num

intervalo de 24 horas.

O GPS pode ser aplicado em vários ramos

de atividade, onde a localização geográfica é uma

informação necessária. Foi originalmente

concebido para ser utilizado na navegação

aérea, marítima, terrestre e para a localização de

expedições exploradoras. E tornou-se

importante instrumento para a realização de

levantamentos topográficos (Refere-se à

topografia – à descrição e representação gráfica

de um lugar, considerando as formas do terreno,

suas características naturais e artificiais –

construções humanas), e geodésicos (Refere-

se à geodésia – ciência que tem por objeto de

estudo as dimensões e a forma do planeta Terra

ou de uma parte de sua superfície); demarcação

de fronteiras (entre países, estados e municípios),

de unidades de conservação e de terras

indígenas, implantação de eixos rodoviários,

além do monitoramento de caminhões de

cargas, carros e outros veículos de transporte.

A determinação das coordenadas geográficas é

feita com base no aparelho de localização digital

conhecido por GPS, que possibilita o conhecimento

exato da latitude, longitude e altitude de um lugar.

Este aparelho possui também as funções de telefone

móvel e câmara fotográfica digital.

O IBGE opera uma rede de estações de GPS

(Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo)

permanentes, composta de dez estações, sendo,

portanto, uma ferramenta de suporte para utilização

dessa tecnologia no Brasil e o principal elo com os

sistemas de referência internacionais.

Os Fusos Horários

Na segunda metade do século XIX,

praticamente todas as partes do mundo já eram

conhecidas. O desafio do homem passou a ser o

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de criar e aperfeiçoar meios de comunicação e de

transporte, com o objetivo de facilitar o acesso e o

contato entre as diversas áreas do planeta.

Assim, um sistema comum para determinar a

hora local tornava-se cada vez mais necessário.

Em 1884, representantes de 25 países

reunidos em Washington estabeleceram uma

divisão do mundo em 24 fusos de uma hora,

tendo como referência as linhas de longitudes e

baseando-se no fato de que a Terra demora

praticamente 24 horas (o movimento de rotação

da Terra completa-se em exatamente 23 horas,

56 minutos e 4 segundos), para dar uma volta

completa em torno do seu próprio eixo. Dessa

forma, dividindo os 360º da circunferência

terrestre por 24, temos a medida de cada fuso

horário: 15º.

Cada fuso é delimitado por dois meridianos,

e todas as localidades situadas dentro dos

limites de um fuso têm o mesmo horário: a

chamada hora legal.

O fuso referencial para determinação das

horas é o de Greenwich, cujo centro é 0º; os

limites desse fuso são os meridianos 7º30‟ leste

e 7º30‟ oeste. A hora determinada pelo fuso de

Greenwich recebe o nome de GMT (Greenwich

Meridian Time). A partir disso, são

estabelecidos os outros limites de fusos horários,

cada um com um meridiano em seu centro. Por

exemplo, uma localidade situada a 38ºO tem

como centro de seu fuso horário o meridiano de

45ºO, cujos limites são 37º30‟O e 52º30‟O.

Como a Terra gira de oeste para leste, os

fusos a leste de Greenwich têm as horas

adiantadas (+) em relação à hora desse fuso

inicial. Já os fusos situados a oeste têm as horas

atrasadas (-) em relação à hora de Greenwich.

O fuso não é exatamente uma faixa reta e

contínua ligando um polo a outro. Assim, o

horário de determinadas áreas de alguns países

não correspondem ao horário do fuso em que

estão localizadas. Existe um limite prático entre os

fusos: eles seguem os contornos dos limites

entre os Estados-Nação ou entre as unidades

administrativas e de federação (como estados e

províncias) em que alguns países se dividem.

Os países com grande extensão territorial no

sentido leste- oeste são atravessados por vários

fusos. A Rússia, por exemplo, possui 11 fusos

horários.

Mesmo sem um mapa é possível calcular os

fusos de determinadas localidades desde que se

saibam suas longitudes e o horário e longitude de

outro local, que será tomado como referência.

Os Fusos Horários no Brasil

Devido à sua grande extensão no sentido

leste-oeste, o Brasil apresenta quatro fusos

horários diferentes.

A maior parte do território fica no segundo

fuso horário (atrasado três horas em relação a

Greenwich), que corresponde à hora oficial do

Brasil – ao horário de Brasília.

Nesse fuso estão incluídas as regiões Sul,

Sudeste, Nordeste e parte das regiões Norte e

Centro-Oeste.

O limite prático dos fusos acompanha a divisão

política do país para evitar a existência de dois

fusos dentro do mesmo estado, exceção feita ao

Amazonas e ao Pará (os maiores estados do

país).

Lembre-se:

Equinócio é a data em que o dia e a noite

apresentam a mesma duração;

Solstício é a data em que o dia e a noite

apresentam a maior assimetria possível. O

solstício de verão ocorre quando o período de

insolação (dia) é o maior do ano. Por sua vez, o

solstício de inverno ocorre quando se registra a

noite mais longa do ano.

O Brasil, desde setembro de 2013, possui

novamente quatro fusos horários.

Como a Terra leva aproximadamente vinte e

quatro horas para completar o ciclo do movimento

de rotação – que resulta na existência alternada

entre dias e noites –, o planeta é dividido em

24 fusos horários, em que cada fuso representa

uma hora em sua área de abrangência. Essa

contagem é feita a partir do Meridiano de

Greenwich, uma linha imaginária estabelecida

por convenção e que “corta” a cidade de Londres e

toda a sua extensão em direção ao sul.

Dessa forma, todos as localidades que se

encontram a leste (oriente) em relação a

Greenwich tem suas horas somadas pelo

número de fusos de distância, enquanto tudo o

que se encontra a oeste (ocidente) tem suas

horas diminuídas.

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O território brasileiro, por se encontrar no

hemisfério ocidental, possui o seu horário

atrasado em relação ao meridiano

mencionado. Além disso, em razão de o país

possuir uma ampla extensão, sua localização

é dividida em quatro fusos horários, cuja

demarcação oficial (a hora legal) é

estabelecida conforme o mapa a seguir:

Mapa com os fusos horários brasileiros. As

linhas representam a hora real, e as cores

indicam a hora legal.

As linhas verticais traçadas acima

representam o horário “real” dos fusos, isto é, a

hora exata em relação ao distanciamento de

cada um dos fusos horários. No entanto, se essa

divisão fosse adotada à risca, ficaria muito

complicado para certas localidades que

estariam posicionadas em dois fusos

diferentes ao mesmo tempo. Por isso,

estabelece-se no Brasil – e também no mundo

– à hora legal, que é adotada oficialmente

pelos governos, representada pelas diferenças de

cores no mapa acima.

O primeiro fuso horário brasileiro encontra-se

duas horas atrasado em relação ao Meridiano de

Greenwich e uma hora adiantado em relação ao

horário de Brasília. Esse fuso abrange apenas

algumas ilhas oceânicas pertencentes ao Brasil,

como Fernando de Noronha e Penedos de São

Pedro e São Paulo.

O segundo fuso horário do país encontra-

se três horas atrasado em relação a Greenwich e abrange a maior parte do território nacional, com a totalidade das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, além dos estados do Pará, Amapá, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal. É o horário oficial de Brasília.

O terceiro fuso horário encontra-se quatro

horas atrasado em relação a Greenwich e uma

hora em relação ao horário de Brasília. No horário de verão, essa diferença aumenta para duas horas, pois os estados abrangidos (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e a maior parte do Amazonas) não fazem parte desse horário especial.

O quarto fuso horário encontra-se cinco horas

atrasado em relação a Greenwich e duas horas em relação ao horário de Brasília, aumentando para três horas durante o horário de verão. Abrange somente o estado do Acre e uma pequena parte oeste do Amazonas. Esse fuso foi extinto no ano de 2008, onde a área passou a integrar o fuso de -4, no entanto, em setembro de 2013, essa extinção foi revogada após aprovação em um referendo promulgado em 2010.

O Horário de Verão no Brasil

O horário de verão foi adotado pela primeira vez

no Brasil em 1931. Ocorreram vários períodos de interrupção, mas está sendo aplicado de modo contínuo desde 1985. Sua função primordial é a economia de energia, que nos últimos anos oscilou entre 1 e 2%, quantidade especialmente importante em anos de racionamento energético.

Em geral, o horário de verão estende-se de outubro a fevereiro, período em que, especialmente no Centro-Sul, a duração dos dias é bem maior. Nesse período o governo determina que a população adiante os relógios uma hora. Isso permite aproveitar melhor a luz natural, mantendo as luzes apagadas durante mais tempo.

Na maioria dos estados das regiões Nordeste e Norte, mais próximos do Equador, o horário de verão não tem sido adotado. Como nessa área a duração dos dias e das noites não varia muito ao longo do ano, os benefícios do horário de verão seriam desprezíveis.

A Linha Internacional de Mudança de Data

Cerca de 900 Km, em linha reta, separam São

Paulo (SP) de Campo Grande (MS). Se em São Paulo são 8 horas, em Campo Grande são 7.

Devido à diferença de fuso entre as duas cidades, se um avião fizer o percurso São Paulo – Campo Grande no tempo de uma hora, a hora local de chegada em Campo Grande curiosamente será a mesma da saída em São Paulo.

Como as distâncias são as mesmas, num primeiro momento essas colocações causam surpresa.

Antonio Pigafetta, responsável por registar o diário de bordo da primeira viagem de circunavegação da Terra, capitaneada por Fernão

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de Magalhães, surpreendeu-se: chegou às ilhas Cabo Verde numa quinta-feira, 10 de julho de 1522, embora seu diário de bordo acusasse quarta-feira, 9 de julho de 1522. Como a circunavegação foi realizada no sentido contrário ao movimento de rotação da Terra, a expedição perdeu um dia no calendário.

LID: A LID – Linha Internacional da Data – é o marco imaginário que indica onde um dia acaba e começa o seguinte. Definida no final do século XIX, ela passa pelo oceano Pacífico e corresponde, aproximadamente, ao anti-meridiano de Greenwich, situado a 180º do meridiano inicial. Por convenção internacional, a LID determina a mudança de data civil na Terra. O horário na faixa de fuso em que a linha está situada é o mesmo tanto de um lado como de outro da linha. No entanto, a parte leste (o lado direito, se olharmos para uma mapa com o norte na parte de cima) da LID, situada no hemisfério Oeste (Ocidental0, tem um dia a menos em relação à parte oeste (o lado esquerdo), situada no hemisfério Leste (Oriental).

Outra observação curiosa: se viajarmos para oeste e dermos uma volta completa ao redor da Terra, “perderemos” um dia, pois estaremos caminhando contra o sentido do movimento de rotação – nesse caso, os dias são mais longos. Na situação oposta, se circundarmos a Terra no sentido leste, ganharemos um dia, pois estaremos viajando no mesmo sentido do movimento de rotação da Terra: de oeste para leste.

A mudança da data já gerou fatos curiosos. Por exemplo: o imperador do Japão faleceu à

1h25min do dia 25 de dezembro de 1926, em seu país. Como o Brasil está situado a leste da linha internacional de mudança de data e o Japão, a oeste, o falecimento foi noticiado aqui na tarde de 24 de dezembro. Como consequência disso, a embaixada do Japão, no Rio de Janeiro, decretou luto pela morte do soberano de seu país, teoricamente, na véspera do seu falecimento.

Elementos dos Mapas

Os mapas são sempre uma simplificação do

mundo real, feita sobre uma superfície geométrica plana (papel ou monitor de computador). Por mais detalhes que o mapa tenha, ele sempre é uma simplificação do lugar que o cartógrafo quer representar.

Título:

Os mapas têm uma linguagem própria, profundamente ligada à Geografia, e um conjunto de regras bem definidas. Para

desenhar um mapa ou para poder entende-lo, é necessário conhecer essa língua cartográfica, com a qual, por meio de signos, se realiza uma forma de comunicação entre as pessoas. Trata-se de uma linguagem visual e universal, sujeita a regras convencionadas por organizações e tratados internacionais.

Em função de seu uso e de outros aspectos técnicos, os mapas apresentam algumas diferenças entre si:

a) Mapa básico – é sempre desenhado a partir de um preciso levantamento do local a ser cartografado. Usa uma escala pequena, representando grandes partes da superfície terrestre, com poucos detalhes. Quase sempre apresenta limites políticos-administrativos. Normalmente é usado para representar uma parte do mundo ou até mesmo todo ele; é o caso do chamado mapa-múndi

Os mapas de pequena escala não apresentam muitos detalhes, servindo para dar uma noção geral sobre diferentes aspectos de grandes porções da superfície terrestre.

b) Carta – é um mapa com escala grande, ou

seja, mostra detalhes do local representado. É ideal para mostrar locais pequenos, geralmente partes de uma região ou cidade. Raramente apresenta limites político-administrativos entre países.

Os mapas de grande escala são ideais para representar espaços pequenos, mostrando detalhes do espaço geográfico. Quando apresenta muitos detalhes, um mapa desse tipo pode também ser chamado de planta.

c) Mapa temático – é amplamente utilizado na

Geografia moderna e na divulgação de informações de outras ciências, em especial por meio da mídia. Por meio de símbolos quantitativos e qualitativos, o fenômeno a ser representado é mostrado em sua distribuição espacial.

As duas formas mais comuns de mapa temático são:

* Cartograma – é uma representação cujo

objetivo maior é mostrar informações sobre a

distribuição espacial do objeto de estudo. É

geralmente baseado em mapas bastante precisos,

nos quais se lançam as informações cujo

comportamento espacial queremos conhecer. O

interesse maior do cartograma é o conteúdo, ou seja,

as informações que ele apresenta sobre uma

população, uso do solo agrícola, distribuição

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espacial da indústria, etc.;

* Anamorfose – é um mapa no qual as superfícies reais (geralmente países ou estados e regiões de um país) sofrem uma distorção para se tornarem proporcionais à variável que está sendo representada.

Quaisquer que sejam os tipos de mapas, todos

eles têm dois problemas para resolver: como reduzir proporcionalmente o que será representado e como representar num espaço geométrico plano o que é, na realidade curvo?

Na realização dessas tarefas, especialmente da segunda, ocorrem inevitáveis distorções. Essas dificuldades técnicas, são parcialmente solucionadas por meio de:

* Escalas, que estudam o problema da dimensão do local a ser representado, ou seja, realizam uma relação matemática entre as dimensões reais do objeto a ser cartografado e as medidas do mapa a ser criado;

* Projeções, que estudam o problema da forma, já que todas as áreas terrestres que

ultrapassam 100 quilômetros de extensão exigem que se leve em conta a curvatura do planeta.

Orientação:

A orientação é sem dúvida um elemento fundamental, pois sem ela fica muito difícil de responder a pergunta “onde?”, considerando que a carta, o mapa, a “planta” ou outro tipo de representação espacial, sob os preceitos da Cartografia, é uma parcela de um sistema maior, o planeta Terra (se for esse o planeta trabalhado). E, em sendo assim, é preciso estabelecer alguma referência para se saber onde se está localizado, na imensidão da superfície deste planeta.

A orientação deve ser utilizada, de preferência, de forma simultânea à apresentação das às coordenadas geográficas (meridianos e paralelos cruzados na forma de um sistema chamado de rede geográfica), no mapa, as quais também servem para se marcar a posição de um determinado objeto ou fenômeno na superfície da Terra, de modo que a direção norte aponte sempre para a parte de cima da representação (seguindo o sentido dos meridianos). E caso a representação não contenha coordenadas geográficas é importante dotá-la de um norte, ou de uma convenção que dê a direção norte da representação, geralmente na forma de seta ou da conhecida “rosa dos ventos”.

Rosa dos Ventos

Escala:

A escala é uma relação matemática entre as distâncias existentes no mundo real e aquelas que traçamos nos mapas. Por meio dela podemos indicar quantas vezes as dimensões reais do lugar foram reduzidas para serem representadas no mapa. Existem dois tipos principais:

a) Escala gráfica – exprime, em um desenho

semelhante a uma régua, a relação entre o mapa e o mundo real que ele representa. A vantagem dessa forma de escala está em sua fácil e imediata leitura, permitindo a determinação da distância por comparação. Ela é representada por uma linha graduada, dividida em partes iguais, cada uma delas representando uma certa unidade de comprimento que define as distâncias no local representado. Isso permite efetuar medidas diretas sobre o mapa.

A escala gráfica indica, de forma direta,

quantos quilômetros cada centímetro do mapa representa, de tal forma que, com uma simples régua, podemos calcular a distância real entre dois pontos representados.

b) Escala numérica – normalmente é

expressa por uma fração cujo numerador é a medida no mapa (sempre 1 centímetro) e o denominador, a medida correspondente no terreno, sempre na mesma unidade (geralmente centímetros). Assim, numa escala 1/300.000, por exemplo, qualquer medida linear no mapa é 300.000 vezes maior no terreno. A escala numérica pode ser representada de três formas diferentes, dependendo das convenções de cada país:

1:300.000, 1/300.000 ou 1 . 300.000

Quanto menor for o denominador, maior será a escala,

portanto mais detalhes poderão ser representados. Assim, a escala 1:5.000 é maior que a escala 1:5.000.000, pois na primeira cada centímetro representa 5 mil centímetros, ou 50 metros, enquanto na segunda cada centímetros representa 5 milhões de centímetros, ou 50 quilômetros.

Por isso, de foram geral, nos referimos às

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escalas como grandes ou pequenas. Se o espaço que queremos cartografar é muito grande, como a América Anglo-Saxônica, por exemplo, e dispomos de uma pequena folha de papel, é evidente que teremos de fazer uma grande redução para que o espaço representado caiba no papel.

Mapas desse tipo são chamados mapas em pequena escala, pois a anotação numérica revela uma fração pequena, como, por exemplo, 1:65.000.000. Isso significa que cada centímetro do mapa equivale a 65 milhões de centímetros ou 650 quilômetros do espaço real.

Ao contrário, se queremos reproduzir um espaço geográfico menor, uma parte da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, não é preciso realizar uma redução tão grande. Assim, usaríamos uma escala 1:25.000, ou seja, 1 centímetro do mapa seria equivalente a apenas 25 mil centímetros do espaço real, ou 0,25 quilômetro. Por isso, mapas desse tipo são chamados de mapas em grande escala, já que a fração não é tão pequena como no caso anterior.

Quanto maior a superfície real (mapa da América Anglo- Saxônica), menor é a capacidade de representação do mapa (poucos detalhes). Quanto menor é a superfície real (mapa da cidade do Rio de Janeiro), maior a capacidade de representação do mapa (mais detalhes).

A distinção entre escala grande e pequena não está convencionada mundialmente, o que significa que em alguns lugares um mapa de 1:25.000 já é classificado como de grande escala, enquanto em outros o hábito é denominar assim apenas os mapas com escala a partir de 1:10.000.

Sem uma escala adequada é impossível construir um bom mapa. A escala não é simplesmente uma fria e distante relação matemática. Por meio dela podemos observar melhor o mundo real, repleto de informações a serem cartografadas. A escolha da escala adequada permite uma análise correta do espaço que se pretende cartografar e do nível de detalhamento necessário: é ela que determina a precisão, a legibilidade e a eficiência de um mapa.

Cálculos com Escala

Com um bom mapa na mão e uma régua,

podemos fazer cálculos usando escalas. Basicamente as questões de concursos em geral sobre o assunto trabalham com dois tipos de problemas:

Determinação da distância real – Para calcular a distância real entre dois pontos, multiplicamos a distância em centímetro no mapa pelo valor da escala. Depois transformamos o resultado obtido em quilômetros pelo simples corte de 5 zeros. A distância real (D) resulta da multiplicação da distância no mapa (d) pela escala do mapa (E).

D = d x E Exemplo: Num mapa de escala 1:3.000.000,

qual é a distância real, em linha reta, entre as cidades A e B, distantes entre si 7 centímetros?

Solução: 7 x 3.000.000 = 21.000.000 centímetros, ou seja,

210 quilômetros. Determinação da escala do mapa – Para descobrir uma escala, divide-se uma distância real conhecida pelo número obtido com a medição no mapa. Vejamos o seguinte caso: Num mapa em que a escala não está declarada, as cidades A e B estão distantes 4 centímetros. A escala do mapa (E) resulta da divisão da distância real (D) pela distância no mapa (d).

E = D : d Exemplo: A distância real entre as cidades A e

B, em linha reta, é de 160 quilômetros. Qual é a escala do mapa?

Solução: 160:4 = 40, ou seja, 1 centímetro do

mapa equivale a 40 quilômetros no terreno. Transformamos os quilômetros em centímetros pela simples adição de 5 zeros. Portanto, a escala é 1:4.000.000.

Legenda:

Denominamos legenda as simbologias usadas para representar um fenômeno qualquer num mapa. Os mapas, geralmente, são muito ricos em informações, representadas por meio de símbolos. Para entender o que está “escrito” nessa linguagem cartográfica, é necessário decodificar esses símbolos, ou seja, interpretar os códigos apresentados na legenda. Os símbolos mais usados são as linhas, as cores e os grafismos.

a) Linhas – são utilizadas duas formas: * Lineares – para representar fenômenos

com continuidade, tais como estradas, ferrovias, rios, fronteiras, etc. Elas podem surgir no mapa com aspectos diversos. Por exemplo, a representação de um rio com diferentes espessuras pode significar uma variação de sua largura real; se uma linha tracejada substitui seu traço contínuo, provavelmente representa a perenidade ou a intermitência desse rio. Se um canal artificial foi construído perpendicularmente ao rio, uma linha reta contínua vai representa-lo. Para os demais elementos, estradas, ferrovias, túneis, pontes, oleodutos, etc., o procedimento é parecido;

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* Isorritmas – são linhas que unem pontos de um local onde um determinado fenômeno tem intensidade igual. Uma das mais utilizadas é a isoípsa, que interliga pontos da mesma altitude, também conhecida por curva de nível. Veja na tabela abaixo outras linhas utilizadas:

Tipos de intensidade

igual Unem pontos de

isoalinas salinidade isóbaras pressão atmosférica isóbatas profundidade isóclinas inclinação magnética isoietas pluviosidade isoípsas altitude isotermas temperatura

b) Cores – são geralmente utilizadas para

representar fenômenos de intensidade variável, como zonas de diferentes altitudes e profundidades. São convenções internacionais, seguidas por todos os países do mundo.

As cores mais usadas são: * Azul, para representar águas tanto na

superfície terrestre quanto nos mares e oceanos – a tonalidade pode variar de acordo com a profundidade das águas do local;

* Verde, em geral usado em mapas de

relevo para representar a altimetria; * Marrom, também usado em mapas de

relevo para altimetria; * Preto, usado quase só em

nomenclaturas, como por exemplo, nomes de cidades, portos, etc.

c) Símbolos – são usados para representar os mais variados fenômenos. Muitos são extremamente particulares e utilizados apenas em alguns tipos de mapas. Outros são relativamente universais. Eles sempre representam um fato ou objeto, podendo apresentar formas e funções muito diferentes. Os símbolos proporcionais podem indicar diferenças do tamanho de uma produção, por meio de figuras geométricas simples. Já os símbolos pictóricos procuram identificar o objeto representado de forma direta. Há muito outros tipos de símbolos.

Observando mapas

Os mapas fornecem uma visão gráfica muito precisa dos fatos geográficos, sempre com o uso de uma linguagem simbólica. Todos os detalhes de um mapa bem desenhado são importantes, por isso tudo deve ser observado com cuidado e atenção.

Em geral, inicia-se com a observação pelo título do mapa. Depois, deve-se procurar

sua orientação. Nos mapas que usamos hoje, o norte geralmente fica na parte superior. Por isso, podemos dizer que o mapa está orientado para o norte. É um hábito utilizado desde a Antiguidade e adotado até hoje, porque a cartografia se desenvolveu muito nos países do hemisfério norte. Mas nem sempre foi assim. Na Idade Média, por exemplo, era comum a orientação inversa, ou seja, a parte de cima do mapa representava o sul. Já os árabes, seguidores de Maomé, orientavam seus mapas para o leste, ou oriente, onde se situa a cidade sagrada de Meca. (O termo “orientação” significa, etimologicamente, posicionado para o oriente).

Também deve ser dada muita atenção ao texto do mapa, que pode trazer importantes significados. O tamanho das letras e seu corpo, em maiúsculas ou minúsculas, podem indicar diferentes fenômenos ou diferentes hierarquias. Outros detalhes que você deve aprender a observar:

* fenômenos climáticos – são representados por meio de linhas como as isotermas, isóbaras, isoietas, etc.;

* hidrografia – os rios são representados por linhas contínuas ou descontínuas, de diferentes larguras e cores. Na forma de manchas, de diferentes tamanhos e cores, representam-se lagoas, mares, áreas de inundação, represas, etc. Áreas tracejadas em azul representam pântanos;

* transportes – em geral na forma de linhas, com diferentes aspectos e cores para ferrovias, rodovias, oleodutos, gasodutos. Usam-se também símbolos para representar aeroportos, portos marítimos e fluviais, estações de metrô, aeroportos, etc.;

* aspectos urbanos – símbolos de

diferentes formas e tamanhos para capitais, cidades grades, médias ou pequenas, edifícios públicos, jardins, hospitais, escolas, etc.;

* nomenclatura – a designação do local

aparece com nomes em diversos tamanhos e tipos de letras diferentes, às vezes até com cores diferentes;

* topografia – pode estar representada na forma de linhas que unem pontos da mesma altitude (isoípsas) ou profundidades (isóbatas), ou na forma de cores.

Projeções Cartográficas e Visões de Mundo

Os mapas produzidos ao longo do tempo

sempre expressaram ideias ou visões próprias de

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determinada sociedade ou período histórico. Um grande nome da cartografia moderna é,

sem dúvida, o do flamengo Gerard Mercator (1512-1594). Na época em que desenvolveu seu trabalho, a Europa havia conquistado os mares e dominado diversas terras. Do continente europeu partiam navios para a África, a América e a Ásia. O planisfério de Mercator, de 1569, expressa esse contexto: a Europa situa- se no centro e na parte superior.

Como no planisfério de Mercator os meridianos estão traçados paralelamente de um polo a outro e as distâncias entre os paralelos aumentam conforme se aproximam dos polos, as áreas mais distantes do Equador aumentam exageradamente.

No mapa de Mercator, a forma dos continentes é representada com fidelidade, mas os países desenvolvidos aparecem em destaque. A Europa, com território de 9,7 milhões de km², aparece representada com uma superfície maior que a da América do Sul (que tem 17,8 milhões de km²). É possível verificar esta distorção comparando a projeção de Mercator com a de Peters, mais adiante.

A Groenlândia, por exemplo, parece ter a mesma área da América do Sul, quando, na verdade, é quatro vezes menor que o Brasil. Isto reforçaria ainda mais a ideia de superioridade do continente europeu, já que a maior parte de suas terras estão mais próximas do polo Norte que da linha do Equador. Não podemos afirmar que essa era a intenção de Mercator. Na verdade, ele priorizou a representação da forma e dos contornos das massas continentais, levando em consideração a utilização de seus mapas pelos navegadores.

Após a Segunda Guerra Mundial e a independência de várias colônias europeias na África e Ásia, ficaram ainda mais em evidência as enormes diferenças socioeconômicas entre os países. Diversos intelectuais de todas as partes do mundo passaram a desenvolver a tese de que a exploração de Estados- Nação do hemisfério Sul pelos do hemisfério Norte levou os primeiros a uma situação de pobreza, dependência e submissão.

O historiador e cartógrafo alemão Arno Peters (1916- 2002) considerava que os mapas eram uma das manifestações simbólicas desta submissão. Partia do princípio de que todos os países do mundo devem ser retratados, no mapa-múndi, de forma fiel a sua área, o que colocaria em maior destaque os países subdesenvolvidos.

Em 1974, Peters apresentou ao mundo um novo planisfério, em que a superfície dos países aparece com suas medidas proporcionais,

embora com as formas distorcidas.

Por mostrar as medidas verdadeiras, Peters acabou com aquela impressão de superioridade dos países do Norte que o planisfério de Mercator dava.

O mapa-múndi de Peters valoriza os países subdesenvolvidos, colocando-os em destaque ao representa- los com os seus tamanhos reais. Ele projeta em linguagem cartográfica a ideia de igualdade entre os países.

Projeções Cartográficas

Ao analisar os planisférios de Mercator e de

Peters, talvez você questione se há um modo de representar a totalidade ou parte da superfície terrestre sem que ocorram deformações.

A única maneira de representar fielmente a superfície da Terra, que é curva, sem que haja distorções é por meio do globo terrestre. A representação por mapas, que possuem a superfície plana, sempre acarretará deformações na forma, na superfície ou na distância dos elementos apresentados.

A representação da superfície curva da Terra numa superfície plana – o mapa – já foi o grande desafio da Geografia, e tornou-se possível graças às projeções cartográficas, baseadas em relações matemáticas e geométricas. Sem essas projeções, para poder reresentar o globo teríamos de dividir os mapas em partes.

Entre as projeções cartográficas mais usadas estão a cilíndrica, a cônica e a azimutal.

Projeção Cilíndrica

Consiste na projeção da superfície terrestre, dos paralelos e dos meridianos sobre um cilindro, que posteriormente é desenrolado e apresentado sobre uma superfície plana.

Tanto o planisfério de Mercator como o de Peters foram elaborados a partir da projeção cilíndrica, idealizada por Mercator. A projeção de Mercator é cilíndrica conforme, ou seja, conserva a forma dos continentes, direções e ângulos. A projeção de Peters é cilíndrica equivalente, pois não mantém as formas, direções e ângulos, mas preserva as superfícies representadas.

Há também a projeção cilíndrica equidistante, na qual os comprimentos são representados em escala uniforme, conservando as proporções entre as distâncias.

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Projeção de Robinson – A Projeção de Robinson destina- se à representação global na Terra. Nela, os meridianos estão transformados, de certa forma, em linhas curvas (elipses) e os paralelos, em linhas retas. Apresenta características semelhantes à projeção cilíndrica; no entanto, não é conforme, já que modifica em parte a forma dos continentes, nem é equivalente, pois as áreas representadas não correspondem exatamente à realidade (embora não apresente os exageros das projeções baseadas em Mercator). É uma projeção utilizada em muitos atlas, pois representa um meio-termo entre os diversos tipos de projeções existentes, valorizando seus aspectos positivos.

Projeção Cônica

Na projeção cônica, a superfície terrestre é

representada sobre um cone imaginário, que está em contato com a esfera em determinado paralelo.

Por essa projeção, obtemos mapas com meridianos que formam uma rede de linhas retas convergentes nos polos e com paralelos que constituem círculos concêntricos a partir do polo. As deformações são pequenas próximo ao paralelo de contato, mas tendem a aumentar à medida que as zonas representadas se distanciam desse paralelo.

Esse tipo de projeção é muito utilizado para representar partes da superfície terrestre, como o trecho de um continente.

Projeção Azimutal (ou plana)

Na projeção azimutal, a superfície terrestre é

representada sobre um plano tangente a um ponto qualquer da esfera – o ponto de tangência, que ocupa sempre o centro da projeção.

Nesse tipo de projeção, as deformações são pequenas na proximidades do ponto de tangência, mas aumentam à medida que nos distanciamos dele.

Se o plano é tangente ao polo, os paralelos aparecem representados por círculos concêntricos que têm o polo como centro e os meridianos como raios, todos convergindo para o ponto central ou de tangência (o polo).

A projeção azimutal é usada para representar as regiões polares e suas proximidades e para localizar um país na posição central, tornando possível o cálculo de sua distância a qualquer ponto da superfície terrestre.

Mapa estilizado

Existe um tipo de mapa, chamado estilizado,

em que não há preocupação quanto às proporções, à forma e ao tamanho dos continentes e países, uma vez que esses elementos variam conforme os dados que se quer representar. Nesse tipo de mapa, o objetivo principal é destacar a visualização e a interpretação dos dados ou informações apresentados.

Representação do Relevo Terrestre

A representação do relevo terrestre é feita principalmente por meio de dois processos: curvas de nível e gradação de cores.

Curvas de nível

As curvas de nível são linhas empregadas para unir os pontos da superfície terrestre de igual altitude, tendo o nível do mar como o marco 0 (zero) metro. Os algarismos que acompanham cada linha são as cotas de altitude e indicam que todos os pontos sob ela têm igual altitude no terreno.

Com a representação do relevo por curvas de nível, podemos visualizar o terreno cortado por uma série de planos horizontais, guardando entre si uma mesma distância vertical (equidistância).

Se duas curvas se aproximam, o declive (inclinação) é maior, ou seja, o terreno é mais íngreme; se, ao contrário, as curvas se afastam, o declive é mais suave, ou seja, o terreno é menos íngreme.

Por meio das curvas de nível é possível ler no mapa as variações de altitude de determinada superfície. Para obter maior precisão em uma linha do terreno, pode-se construir um perfil topográfico. Basta escolher, no mapa de curva de nível, o trecho a ser representado, traçar um segmento de reta e construir um gráfico cartesiano. As cotas de altitude são indicadas no eixo y (das ordenadas), de acordo com a escala escolhida. No eixo x (das abscissas), a escala adotada pode ser a mesma do segmento a ser projetado.

Cada cota de curva de nível que cortar o segmento deve ser transportada para o gráfico e indicada por um ponto. Ligando os pontos assinalados, obtém-se o perfil topográfico. Ele indicará as sinuosidades existentes no segmento escolhido e o observador terá a impressão de estar vendo o terreno a sua frente. Quanto mais próximas estiverem as linhas ou cotas de curva de nível, maior a inclinação ou declive do terreno.

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Gradação de Cores

A partir do estabelecimento das curvas de nível, é possível construir os mapas que representam as diversas altitudes com cores variadas. Como exemplos de mapas com gradação de cores, temos:

Mapas Hipsométricos – as diferenças de altitude normalmente são expressas pelo verde-claro (para representar as baixas altitudes), por tons claros e escuros de amarelo e laranja (médias altitudes) e pelo marrom e o vermelho escuro (maiores altitudes);

Mapas Batimétricos – as diferentes profundidades oceânicas são representadas por diversas tonalidades de azul – mais claro para pequenas profundidades e mais escuro para profundidades maiores.

Questões

01. (UFF – Técnico de Laboratório –

Geografia – UFF) A bússola é um instrumento de orientação. É formada por uma agulha imantada que se apoia num eixo vertical. Essa agulha gira sobre um fundo onde estão indicados os pontos de orientação. A ponta da agulha da bússola indica, aproximadamente, a direção:

(A) sul; (B) leste; (C) norte; (D) oeste; (E) sudeste.

02. (IBGE – Agente de Pesquisas e

Mapeamento – CESGRANRIO) Um avião de pequeno porte se desloca, em linha reta, do aeroporto internacional de Brasília, no Distrito Federal, em direção a Belém, capital do estado do Pará.

Considerando a margem de diferença de menos de 1° de longitude entre essas duas cidades e os pontos cardeais, a aeronave se deslocou no sentido

(A) Norte – Sul (B) Sudeste – Nordeste (C) Norte – Sudeste (D) Sul – Norte (E) Norte – Nordeste

03. (IBGE – Técnico em Informações de

Geografia e Estatística – CESGRANRIO) No espaço aéreo brasileiro, uma aeronave se desloca, em linha reta, de Palmas, no Tocantins, para Brasília, no Distrito Federal.

De acordo com os pontos cardeais, essa

aeronave descreve uma trajetória no sentido (A) sul – norte (B) leste – oeste (C) norte – sul (D) nordeste – sudoeste (E) sudoeste – nordeste

04. (Prefeitura de Nilópolis/RJ –

Professor de Geografia – FUNCEFET) A história da cartografia revela-nos como surgiram os primeiros mapas. Encantamo-nos ao observar os mapas antigos, elaborados pelas diferentes civilizações. Obras como as [...], sobre a pré-história e as sociedades tradicionais, [...] apresenta-nos um acervo de mapas, até chegar aos dias atuais, por meio dos livros e das exposições.

Com base na citação, pode-se afirmar que: (A) a cartografia, como uma ciência do

campo das engenharias, contribui pouco para a ciência geográfica e para o seu ensino nas escolas.

(B) os mapas apresentam uma função importante no ensino de geografia, pela sua capacidade de representar o espaço geográfico.

(C) os mapas não possuem a capacidade de representar o espaço geográfico, não apresentando uma função importante no ensino de geografia

(D) a geografia, como uma ciência do campo das “ciências sociais”, não necessita das chaves de interpretativas produzidas pelos mapas

Gabarito

01.C / 02.D / 03.C / 04.B

A Terra – Dinâmica, Estrutura, Forma e Atividades Humanas

Segundo os cientistas, a Terra surgiu há

aproximadamente 4,5 bilhões de anos, resultando da agregação de poeira cósmica provocada pela atração gravitacional.

Agregação trata-se de uma das teorias mais atuais sobre a formação do universo, conhecida por

A Terra: características e movimentos;

evolução; camadas da Terra. A deriva

continental e a tectônica de placas.

Rochas: tipos; características. solos:

formação; conservação. Relevo terrestre

e seus agentes

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Teoria da Agregação. Os choques entre essas partículas de poeira

ocasionaram reações químicas explosivas, aquecendo o planeta e transformando-o numa gigantesca massa incandescente. A partir desse momento, um longo processo de resfriamento solidificou a parte mais externa da superfície terrestre.

De sua origem até o estágio atual, a Terra passou por diversas transformações, que são estudadas a partir da disposição das camadas rochosas e dos fósseis nelas encontrados. Essas camadas representam registros dos acontecimentos passados, e permitem compreender a evolução do planeta.

As Eras Geológicas

A Geologia (ciência que estuda o conjunto da

origem, da formação e das contínuas transformações da Terra, assim como dos materiais orgânicos que a constituem), divide a história da Terra em eras geológicas, que correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos que, por sua vez, são subdivididos em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes alterações ocorridas na evolução do planeta.

A Estrutura Interna da Terra

O conhecimento da estrutura interna da Terra é essencial ao entendimento dos fenômenos que se manifestam em sua superfície, como o vulcanismo e os terremotos, responsáveis por modificações na modelagem da superfície terrestre. Os terremotos, por exemplo, afetam a

vida de milhões de pessoas e provocam graves catástrofes naturais na Califórnia (Estados Unidos), no Japão, no Chile, na Turquia e em diversos outros países. O vulcanismo, outro fenômeno natural causado pelas forças internas da Terra, acarreta também graves desastres naturais.

A atividade mineradora também depende do conhecimento da estrutura interna da Terra. Os recursos minerais são matérias-primas básicas para a produção das mercadorias e para a geração da maior parte da energia consumida no mundo.

Os estudos do interior da Terra baseiam-se em observações indiretas, pois até o momento, o poço mais profundo – o da península de Kola, na Rússia, perfurado em 1987 – atingiu apenas 13 km. Todo o material que sai pelos vulcões vem de profundidade de, no máximo, 200 km. Essas medidas, se comparadas com o raio da Terra – 6380 km -, são muito pequenas.

As observações indiretas são obtidas por meio da análise dos tremores que ocorrem no interior da Terra, cujas ondas, chamadas sísmicas, propagam-se em diferentes direções, algumas atingindo o núcleo do planeta. A intensidade destas ondas é registrada por sismógrafos, aparelhos que também medem a sua velocidade e, portanto, o tempo que elas levam para se deslocar do hipocentro (local do interior da Terra onde se origina o terremoto) até os locais onde essas ondas sísmicas se manifestam na superfície terrestre - o epicentro.

A partir dessas observações, os cientistas

chegaram à conclusão de que a Terra é formada basicamente por três camadas: a crosta terrestre ou litosfera, o manto e o núcleo. Na crosta terrestre – camada eterna – são encontradas rochas relativamente leves, constituídas principalmente por silício e alumínio. Essa camada apresenta uma espessura variável: sob os continentes varia de 20 a 70 km (a espessura máxima verifica-se nos locais sob as montanhas) e, sob os oceanos, onde predominam o silício e o magnésio, varia de 5 a 15 km.

O manto – camada intermediária – é formado

por rochas mais pesadas, como os basaltos, constituídas principalmente por magnésio, ferro e silício. Na parte externa do manto há uma região conhecida por astenosfera, formada de um material pastoso chamado magma.

Nela ocorrem movimentos de convecção: o magma aquecido sobe das porções mais internas da Terra em direção à

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crosta e, depois, volta para o interior à medida que se resfria. Os movimentos de convecção dão origem a terremotos e erupções vulcânicas. O limite máximo interior do manto é de, aproximadamente, 2900 km, onde começa a camada mais interna: o núcleo.

O núcleo, que tem como limite máximo interior

a medida do raio da Terra, é constituído por níquel e, principalmente, por ferro. Ele se encontra subdividido em duas camadas: o núcleo externo, que parece ser líquido e vai até 5100 km; e o núcleo interno, que é sólido.

A isostasia Dá-se o nome de isostasia (do grego isso:

igual; e stásis: equilíbrio) ao estado de equilíbrio dos blocos continentais da crosta terrestre que flutuam sobre a camada do manto.

Segundo a teoria do cientista inglês George B. Airy (1801- 1892), considerando a crosta terrestre formada por blocos da mesma densidade e admitindo-se como correta a hipótese de que no manto existe uma zona de material viscoso em estado de fusão, quanto mais alto for o bloco montanhoso ou continental, maior será sua raiz mergulhada no manto.

Para termos uma imagem similar desse fenômeno basta apreciarmos alguns blocos de gelo boiando na água. Quanto mais espessos forem, mais emergem e imergem.

As Rochas que formam a Crosta Terrestre

A crosta terrestre é formada principalmente

por rochas, como, por exemplo, a areia, o granito, o mármore, o calcário e a argila. As rochas, por sua vez, são constituídas por um agregado de minerais ou por um único mineral solidificado. Minerais são elementos ou compostos inorgânicos encontrados na crosta terrestre. O granito, por exemplo, é composto por três minerais: quartzo, mica e feldspato.

Quanto à origem, as rochas classificam-se em magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas.

As rochas magmáticas resultam da consolidação de material, em estado de fusão, proveniente do manto. Elas constituem aproximadamente 80% da crosta terrestre e se subdividem em dois tipos:

Extrusivas ou vulcânicas – que se formaram na superfície (exemplo: basalto).

Intrusivas ou plutônicas – que se

formaram internamente (exemplo: granito).

As rochas magmáticas intrusivas aparecem na superfície quando a erosão remove as outras rochas que as encobrem. Sãos os afloramentos. O granito é muito utilizado no revestimento de pisos, em paredes e na fabricação de tampos de pias. A decomposição do basalto, por sua vez, dá origem, geralmente, a solos férteis, como a terra roxa, encontrada nos estados de São Paulo e Paraná.

As rochas sedimentares resultam da deposição de detritos de outras rochas e/ou de acúmulo de detritos orgânicos (sedimentos). Normalmente a deposição ocorre em camadas horizontais. Quanto à origem, as rochas sedimentares são classificadas em:

Detríticas – constituídas pela acumulação de

fragmentos de outras rochas (magmáticas, metamórficas ou mesmo sedimentares). Exemplos: areia, arenito, argila, folhelho, varvito, conglomerado e tilito.

Químicas – provenientes de transformações químicas que alguns materiais em suspensão sofrem na água. Exemplo: o sal-gema, que corresponde a depósitos de cloreto de sódio, os quais são encontrados em áreas onde possivelmente havia mar.

Orgânicas – formadas pela ação de animais e

vegetais ou pela acumulação dos seus dejetos. Exemplo: o calcário, resultante da acumulação de restos de conchas, corais, etc. Essa é uma das rochas mais abundantes e mais utilizadas pelo ser humano. Outro exemplo é o carvão mineral, que formou-se da decomposição de restos vegetais que permaneceram enterrados por milhões de anos.

As rochas sedimentares têm grande importância econômica, pois nelas se encontram riquezas minerais, como o carvão mineral e o petróleo. A areia, o varvito e o calcário também são muito utilizados pelo setor de construção civil.

As rochas metamórficas resultam da transformação (metamorfização), em condições de pressão e de temperatura bastante elevadas, de rochas preexistentes. As principais rochas metamórficas são: o gnaisse, formado a partir da transformação do granito; a ardósia, resultado da metamorfose do xisto; e o mármore, que resulta da transformação do

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calcário. A ardósia e principalmente, o mármore, são bastante empregados não setor de construção civil.

A Crosta Terrestre em Movimento

Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener elaborou a teoria da deriva dos continentes. Observando a semelhança entre os contornos dos litorais da América, Europa e África, e também de suas rochas, Wegener propôs que, há cerca de 200 milhões de anos, os continentes estariam todos unidos, formando um único bloco, chamado Pangeia, que teria começado a se fragmentar com o aparecimento de fendas ou fraturas. Aos poucos, os fragmentos teriam se afastado uns dos outros.

Essa teoria foi contestada pela maioria dos geólogos da época. Um dos poucos que a apoiaram, o inglês Arthur Holmes, elaborou, em 1928, a hipótese da expansão dos fundos oceânicos, baseando-se nos movimentos de convecção do magma na atmosfera, camada situada logo abaixo da crosta. Para Holmes, o movimento circulatório do magma empurraria os continentes.

Em 1967, Janson Morgan confirmou a hipótese de Holmes: os fundos oceânicos estão se deslocando a partir das dorsais, que são cordilheiras situadas na porção central dos oceanos (meso-oceânicas).

Constatou-se também que as idades das rochas dos fundos oceânicos aumentam à medida que se distanciam das dorsais, ou seja, quanto mais próximas dos continentes, mais antigas são as rochas.

A partir dessas constatações, chegou-se à conclusão de que o envoltório da Terra (crosta) é descontínuo e fragmentado em vários blocos, os quais são formados por partes continentais e oceânicas (o fundo ou assoalho dos oceanos). Cada bloco corresponde a uma placa tectônica (Ramo da Geologia que estuda o dinamismo das forças que interferem na movimentação das camadas da crosta terrestre), que se desloca pelos movimentos de convecção do magma. A teoria da deriva dos continentes foi substituída pela teoria da tectônica de placas.

Ao mesmo tempo em que há o processo de afastamento (expansão) entre placas tectônicas, como, por exemplo, nas cordilheiras

meso-oceânicas, também chamadas zonas de divergência de placas, verifica-se também o processo de fricção entre essas placas, pelo qual elas são pressionadas umas contra as outras – são as chamadas zonas de convergência de placas. Nas zonas de convergência, o contato entre as placas pode ser de dois tipos:

Subducção – as placas movem-se uma em direção a outra e a placa oceânica (mais densa) “mergulha” sob a continental (menos densa). A placa oceânica entra em estado de fusão no manto.

Obducção ou colisão – choque entre duas

placas na porção continental. Acontece em virtude da grande espessura dos trechos nos quais estão colidindo. É o que ocorre entre a placa Indo-australiana e a Euro-asiática Ocidental.

Por meio de raios laser emitidos de satélites artificiais, obteve-se a confirmação do movimento das placas tectônicas, pois foi possível medir o afastamento dos continentes. A América do Sul, por exemplo, afasta-se cerca de 3 cm por ano da África, levando a um alargamento do oceano Atlântico.

Terremotos

Nas áreas próximas aos limites entre as placas

ocorrem muitos terremotos (abalos sísmicos) e a atividade vulcânica é intensa. As grandes cadeias montanhosas da Terra, situadas nessas áreas, surgiram por causa da colisão (ou obducção) de placas, como a cordilheira do Himalaia, ou pelo processo de subducção, como a cordilheira dos Andes.

O atrito entre as placas tectônicas produz acúmulo de pressão e descarga de energia, que se propaga em forma de ondas sísmicas. A propagação dessas ondas provoca a vibração das rochas e grande impacto nas áreas de montanhas próximas à região de atrito.

O abalo sísmico recebe o nome de maremoto quando ocorre no fundo dos oceanos, provocando ondas de movimento acelerado e grande altura ao se aproximarem da costa. Se a onda que se forma for muito grande, recebe o nome de tsunami, como a que afetou diversas regiões da Ásia e da África no final de 2004, matando mais de 280 mil pessoas, considerada uma das maiores catástrofes de origem ambiental já registrada na história.

Terremotos no Brasil

O público leigo, de forma geral, aceita a ideia

de que o território brasileiro está a salvo de terremotos. No meio científico, porém, há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde o início do século

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20. Uma pesquisa sobre o tema contribuiu para diminuir o fosso entre o senso comum e a realidade científica: uma equipe coordenada pelo geomorfólogo Allaoua Saadi, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, elaborou o Mapa neotectônico do Brasil e identificou a existência de 48 falhas-mestras no território nacional. “É justamente ao longo do traçado dessas falhas que se concentram as ocorrências de terremotos”, explica Saadi. (...)

Terremotos constituem uma resposta a rupturas da crosta terrestre provocadas pelo deslocamento dos blocos (subdivisões das placas tectônicas) ao longo de uma falha. As rochas comportam-se como corpos elásticos, deformando-se e acumulando energia proveniente do contato e do movimento entre os blocos. “No momento da ruptura, a energia „represada‟ durante o período de acumulação do stress anterior é liberada de uma só vez ou em episódios mais ou menos próximos”, esclarece Saadi.

Os grandes abalos ocorrem principalmente na região de encontro entre as placas, onde se localizam as falhas maiores de escala continental. O globo terrestre é constituído por (...) placas e o território [brasileiro] está totalmente situado no interior da Placa Sul-Americana – daí a ideia de que não haveria tremores de terra no país. No Brasil, os terremotos intraplacas, onde o tamanho das falhas tem dimensões variadas, costumam ser mais brandos e dificilmente atingem mais de 4,5 graus de magnitude. Porém, ainda precisam ser mais estudados. No início do século 20 um terremoto de grandes proporções – 8 graus – ocorreu na costa leste dos Estados Unidos, região de atividade sísmica semelhante à do Brasil.

“Comparados aos da região andina, situada exatamente na fronteira entre a placa de Nazca e a placa Sul-Americana, os abalos sísmicos brasileiros são menos frequentes e intensos”, explica Saadi. Eles não devem, no entanto, ser desprezados. Há registros no Brasil de terremotos com magnitude acima de 5 graus. Em 1986 a cidade de João Câmara (RN) foi palco de vários tremores que chegaram a destruir e danificar cerca de 4000 casas.

Os terremotos podem ser medidos quanto à magnitude e à intensidade.

A magnitude é a quantidade de energia liberada no foco do sismo, sendo medida a partir de uma escala estabelecida pelo sismólogo norte-americano Charles Richter. Essa escala – escala Richter – começa no grau zero e, teoricamente, não tem um limite superior. Ela também é logarítmica, ou seja, um terremoto de magnitude 5, por exemplo,

produz efeitos 10 vezes maiores que um outro de magnitude 4. Um dos terremotos mais violentos já registrado atingiu 9,2 graus, no Japão, em 1992, liberando um milhão de vezes mais energia que a bomba atômica lançada sobre Nagasaki. Não houve mortes porque a região atingida era desabitada.

A intensidade baseia-se na constatação dos efeitos provocados pelo terremoto na superfície, que, provavelmente, vão ser menores à medida que se distancie do seu epicentro. A escala de intensidade sísmica mais utilizada é a de Mercalli modificada, que varia de I (danos mínimos) a XII (danos máximos), quando ocorre o desaparecimento quase que total de vestígio de construção humana; objetos são lançados para o alto, formam-se grandes fendas no terreno e consideráveis transformações no relevo.

De todas as áreas sujeitas a terremotos no mundo, o Japão e a Califórnia (Estados Unidos) são as mais bem preparadas para enfrentar sismos. Isso decorre do próprio nível de desenvolvimento desses países, de suas condições econômicas, que possibilitam investimentos em pesquisas no setor de construção civil, no treinamento da população, nos equipamentos para previsão de tremores, na manutenção de cientistas, etc.

A estrutura geológica

Nas áreas emersas, a crosta terrestre é

formada por três tipos de estruturas geológicas, as quais são caracterizadas pelos tipos de rochas predominantes e o seu processo de formação, e pelo tempo geológico em que surgiram. Essas estruturas geológicas são os dobramentos modernos, os maciços antigos e as bacias sedimentares.

Os dobramentos modernos são os trechos da crosta de formação recente e, por essa razão, compostos por rochas mais flexíveis e maleáveis, situadas relativamente próximas às zonas de contato entre placas (zonas convergentes). Devido à pressão de uma placa sobre a outra, esta parte da crosta dobra- se num processo lento e contínuo, dando origem às montanhas.

Os dobramentos modernos são denominados

de tectonismo horizontal ou movimento orogenético. (Orogênese: Resulta do movimento horizontal, responsável pela formação das montanhas. Esse movimento provém do choque entre as placas em suas zonas de contato, que provoca a deformação da crosta, formando dobras em alguns trechos dessas placas).

O deslocamento vertical dos blocos rochosos

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nas regiões de falhamento da crosta é denominado movimento epirogenético. (Epirogênese: Resulta de movimentos

verticais nas regiões de ocorrência de “falhas”. Esses movimentos provocam soerguimento ou rebaixamento de blocos rochosos da crosta terrestre, em regiões afastadas das zonas de contato e, consequentemente, em áreas em que são encontradas rochas mais sólidas e estáveis).

Os maciços antigos, também chamados escudos cristalinos, são os terrenos mais

antigos da crosta terrestre. Datam da era Pré-Cambriana (Arqueozoica e Proterozoica) e são constituídos basicamente por rochas magmáticas e metamórficas. Nos maciços que se formaram na era Proterozoica ocorrem as jazidas de minerais metálicos, como, por exemplo, as de ferro, ouro, manganês, prata, cobre, alumínio, estanho.

A pressão do magma sobre estas estruturas antigas provoca fraturas ou falhas na litosfera e, posteriormente, o deslocamento vertical de grandes blocos, soerguendo e rebaixando a superfície.

As bacias sedimentares começaram a se

formar apenas na era Paleozoica. Resultam da acumulação de sedimentos provenientes do desgaste das rochas; de organismos vegetais ou animais; ou mesmo de camadas de lavas vulcânicas solidificadas. É nestas estruturas que se formam importantes recursos minerais energéticos, como o petróleo e o carvão mineral.

As bacias sedimentares abrangem cerca de 64% do território brasileiro; os maciços (escudos) e os dobramentos antigos respondem por carca de 36% dessa área, na qual 32% dos terrenos formaram-se no período Arqueozoico, e apenas 4%, no Proterozoico. Nesses últimos, concentram-se, sobretudo, rochas metamórficas, nas quais estão presentes as mais importantes jazidas de minerais metálicos do país.

A estrutura geológica do Brasil

A estrutura geológica do Brasil apresenta

maciços (escudos) antigos e bacias sedimentares, não se verificando a existência de dobramentos modernos.

O território brasileiro encontra-se distante da zona de instabilidade tectônica – a mais próxima encontra-se junto ao oceano Pacífico, nos países andinos. Nessa posição geográfica, está livre de vulcanismo. Alguns tremores de terra já foram detectados, mas sem registro de destruição de edifícios, pontes ou cidades, o que acontece na

Colômbia, no Chile e Peru, situados próximo às regiões onde ocorre o choque entre as placas Sul-americana e de Nazca.

O conhecimento da estrutura geológica do território brasileiro é de fundamental importância para se compreender o modelado da superfície do país – o seu relevo – e atuar racionalmente sobre ele, tanto na exploração dos recursos minerais e energéticos como na agricultura e na sua conservação, evitando-se processos erosivos prejudiciais à economia e ao meio ambiente.

A estrutura geológica do Brasil é caraterizada

por três tipos de terrenos: a) Escudos cristalinos:

Terrenos de formação pré-cambriana, que afloram em cerca de 36% do território do país. Nos terrenos arqueozoicos (32% do território), encontramos rochas como o granito e elevações como a serra do Mar. Nos terrenos proterozóicos (4% do território), encontramos rochas metamórficas que formam jazidas minerais, principalmente de ferro e manganês, como as localizadas na serra dos Carajás, no Pará.

b) Bacias sedimentares: Formações recentes, que recobrem cerca de

58% do território brasileiro. Nas áreas de formação paleozoica, o destaque são as jazidas carboníferas do sul, e nas áreas de formação mesozoica, os depósitos petrolíferos do litoral.

Nos terrenos cenozoicos, destacam-se as planícies.

c) Terrenos vulcânicos: Áreas que durante a era Mesozoica sofreram

a ação de intensos derrames vulcânicos. Na bacia do Paraná, particularmente, as lavas esparramaram-se po0r cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados e originaram rochas como o basalto e o diabásio. Nas áreas de ocorrência dessas rochas, é comum a presença de um dos tipos de solo mais férteis do Brasil: a terra roxa, formada da decomposição do basalto.

Os agentes do relevo

O relevo terrestre está em constante transformação, e os fenômenos naturais causadores dessa dinâmica são agrupados em dois grandes conjuntos: agentes da dinâmica interna e da dinâmica externa.

Agentes da dinâmica interna

Considerados agentes formadores do relevo, são fenômenos que atingem a superfície terrestre, mas que têm origem nas altas temperaturas e pressões do interior do globo. São

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eles:

* o tectonismo – movimentos da crosta

terrestre que originam dois tipos de processos:

dobramentos (quando afetam rochas plásticas,

características de áreas sedimentares) e

falhamentos (quando afetam rochas rígidas,

características de áreas de formação cristalina do

período Pré- Cambriano);

* o vulcanismo – rompimento da crosta

terrestre pela ação da forte pressão feita pelo magma. Ocorre quando, através de falhas ou fraturas, o magma em fusão sobe até a superfície terrestre, acompanhado ou não de gases e cinzas;

* os abalos sísmicos (terremotos e

maremotos) – tremores que afetam a

superfície terrestre e que se devem aos rápidos movimentos do interior do planeta causados pelo vulcanismo ou pelo tectonismo.

Agentes da dinâmica externa: Considerados agentes modeladores do

relevo, na maioria das vezes são fenômenos vinculados à ação do clima. Dentre eles, destacam-se:

* as águas correntes – são os principais

agentes modeladores externos da crosta terrestre. Abrangem o trabalho dos rios (erosão, transporte e acumulação fluvial, das chuvas e enxurradas (erosão, transporte e acumulação pluvial) e do mar (abrasão);

* a dinâmica glacial – o avanço ou o recuo

de geleiras intensifica o processo de desagregação das rochas, contribuindo para mudar as formas do relevo. O material rochoso erodido, transportado e acumulado pela ação do degelo é denominado moraina ou morena;

* os ventos – são os agentes mais atuantes

na modelação do relvo das áreas áridas ou semi-áridas, onde é comum a formação de dunas, devida ao trabalho eólico de erosão, transporte e acumulação e à ausência de ação hídrica;

* o intemperismo – alteração do modelado

terrestre por ação do clima sobre as rochas. Estas podem sofrer degradação (quando a alteração é fundamentalmente produzida por processos físicos, ligados a temperatura e pressão) ou

decomposição (quando a alteração resulta de processos químicos, quase sempre pela ação da umidade). Nos dois casos, a alteração é acelerada pela ação biológica, particularmente de microrganismos.

A ação do homem:

Paralelamente aos fenômenos naturais internos e externos que interferem no relevo terrestre, um outro agente modificador está em atuação constante: o homem.

Com recursos cada vez mais sofisticados, a ação humana acelera a erosão, sobretudo nas partes mais altas do relevo, intensifica a sedimentação das partes mais baixas, particularmente nos vales fluviais, e, o que é mais grave, acelera o processo de assoreamento dos rios, aumentando a frequência e a intensidade das enchentes.

Entre as principais formas de atuação do homem que repercutem negativamente no relevo, estão:

a derrubada de matas em áreas serranas ou de declives acentuados, que favorece o deslizamento de terras e rochas – material que, transportado para o leito dos rios, causa o seu assoreamento, tornando-se mais rasos e, assim, provocando enchentes;

* a derrubada de matas em áreas aplainadas, que favorece a infiltração excessiva de água no solo, cujos componentes passam a ser dissolvidos com mais intensidade;

* as queimadas, que, além de eliminarem os nutrientes do solo, matam as raízes vegetais que o fixam, favorecendo a erosão pela enxurrada;

* o uso inadequado do solo, com a utilização intensiva de máquinas agrícolas e o cultivo em áreas de declive – ambas práticas que facilitam o processo erosivo, especialmente quando este é provocado pela ação das águas pluviais;

* a ocupação inadequada dos solos para a

implantação de moradias – nas áreas serranas, por exemplo – e o uso econômico das áreas de cabeceira dos rios.

Questões

01. (FUB – Geólogo – CESPE) Com relação

às eras geológicas, julgue o item a seguir: Os dinossauros viveram no período quaternário. (....) Certo (....) Errado

A atmosfera e sua dinâmica: tempo;

clima. As grandes paisagens

naturais da Terra

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02. (FUB – Geólogo – CESPE) Com relação às eras geológicas, julgue o item a seguir:

O supercontinente Pangeia começou a se desagregar no início da era mesozoica.

(....) Certo (....) Errado

Respostas

01. Resposta: Errado. 02. Resposta: Certo.

Dinâmica Climática e Paisagens Vegetais

no Mundo eno Brasil.

Dinâmica Climática

“Tempo bom, com nebulosidade; temperatura em ligeiro declínio”. Os meios de comunicação divulgam, diariamente, informações sobre o tempo. Nessa acepção, tempo é o estado momentâneo da atmosfera em determinado local. Para determinar as condições do tempo, é preciso considerar os fenômenos atmosféricos: temperatura do ar, pressão atmosférica, vento, umidade, precipitações (como chuva, granizo e neve), geadas, massas de ar. Como esses fenômenos variam frequentemente, essa mesma variação ocorre com o tempo, que muda constantemente.

A expressão “tempo bom” – muito empregada em nosso cotidiano – é uma expressão relativa. Para quem pretende ir ao clube ou à praia, um tempo quente e ensolarado será considerado bom. Já para um agricultor, cuja plantação esteja comprometida pela falta de chuvas, esse tempo quente e ensolarado será considerado ruim.

Clima é o conjunto de variações do tempo, de uma determinada região, durante um longo período (30 anos, aproximadamente). Assim, para determinar o clima de um local, é necessário analisar o comportamento dos fenômenos atmosféricos, também denominados elementos climáticos, inclusive a atuação das massas de ar. Por meio dessa análise, são identificados, por exemplo, os períodos de chuva e sua quantidade (índice pluviométrico); os meses mais quentes e mais frios.

Pressão atmosférica

O ar tem peso e este peso é denominado

pressão atmosférica. Quanto mais denso

for o ar, maior será a pressão exercida por ele.

É ao nível do mar que o ar encontra-se mais denso, mais concentrado; portanto, a pressão atmosférica é maior nessa área. Conforme aumenta a altitude, o ar torna-se menos denso – mais rarefeito – e, consequentemente, a pressão exercia por ele diminui.

O ar de desloca das áreas de alta pressão, nas quais encontra-se muito concentrado, para as áreas de baixa pressão, nas quais sua concentração é menor. Quando este deslocamento de ar – denominado vento – ocorre em grandes blocos, identificamos as massas de ar, que, por possuírem temperatura e umidade semelhantes, deslocam- se conjuntamente na mesma direção.

Elementos e Fatores Climáticos

Como vimos no item anterior, os elementos

climáticos interferem no comportamento da atmosfera.

Os fatores climáticos, por sua vez, influenciam a dinâmica desses elementos. São fatores climáticos a latitude, a altitude, as correntes marinhas, a posição da região climática em relação ao mar (maritimidade/continentalidade), a disposição do relevo, a vegetação, e inclusive, os relacionados às atividades humanas, como a formação de grandes cidades e de extensas áreas conurbadas.

Nas baixas latitudes (próximas à linha do Equador) estão situadas as regiões com temperaturas mais elevadas, pois recebem maior incidência de radiação solar. Essas regiões fazem parte da zona tropical, localizada entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio.

As temperaturas também variam na razão inversa da altitude, ou seja, quanto maior a altitude, menor a temperatura. À medida que a altitude aumenta, o ar torna-se mais rarefeito e, com isso, a pressão atmosférica diminui, bem como sua capacidade de conservação de calor.

As correntes marinhas quentes podem elevar a temperatura e a umidade em áreas litorâneas de alta latitude. O aquecimento da costa atlântica europeia e a umidade das ilhas britânicas resultam da ação da corrente do Golfo do México, que se origina nas áreas mais quentes do mar das Antilhas.

As correntes frias podem provocar queda na temperatura das regiões costeiras ou, em alguns casos, acarretar a formação de climas secos. Exemplo desse fenômeno é o deserto de Atacama, no norte do Chile. A massa de ar quente e úmida que segue em direção ao continente resfria-se ao cruzar a corrente de Humboldt (corrente do Peru). A queda de temperatura do ar propicia a condensação do vapor de água e a formação de

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nuvens, que acarretam chuvas intensas sobre o oceano Pacífico. Dessa forma, a massa de ar perde praticamente toda a umidade antes de chegar ao continente.

Fenômeno semelhante ocorre na costa atlântica sul- americana, no sul da Argentina, onde se localiza o extenso deserto frio da Patagônia. O movimento da corrente fria das Falklands (Malvinas) condensa o ar úmido proveniente do Atlântico e as chuvas ocorrem antes de a massa de ar atingir o continente.

A proximidade ou o distanciamento do mar também provoca alterações no comportamento da temperatura de uma região. Esse fator está relacionado à diferença entre o comportamento térmico da água e o da terra. Os continentes se aquecem e liberam calor mais rapidamente que os oceanos; a água, de modo geral, demora mais tempo para se esquecer, e também conserva por mais tempo o calor. Assim, os lugares situados próximos dos oceanos apresentam uma amplitude térmica menor que os situados no interior dos continentes.

(Amplitude térmica: Diferença entre a

máxima e a mínima temperaturas registradas. Para se obter a amplitude térmica anual de uma região, deve-se calcular a diferença entre a temperatura média do mês mais quente e a do mês mais frio).

As Massas de Ar

Como visto anteriormente, o ar que compõe a

atmosfera está em constante movimento em virtude das diferenças de pressão. Apesar de ocorrerem variações nos valores da pressão num mesmo local, principalmente em função das mudanças de estações do ano, é possível delimitar algumas áreas com predominância de altas pressões e outras onde predominam as baixas pressões, que irão determinar a circulação geral da atmosfera.

É no interior dessa circulação geral que se estabelece a dinâmica das massas de ar, grandes responsáveis pela determinação dos diferentes tipos climáticos. O local em que a massa de ar se forma recebe o nome de região de origem. É na região de origem que a massa de ar adquire as características de temperatura, pressão e umidade.

Assim, uma massa de ar que se forma sobre uma superfície gelada, como a Antártida, tem propriedades típicas dessa região: temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. Por isso, o estado do tempo em toda a área abrangida pela massa de ar será condicionado por suas propriedades, só ocorrendo modificações onde existem montanhas, vales ou grandes

extensões de água (lagos, por exemplo) e nas zonas de contato entre duas massas de ar.

Ao se deslocarem, as massas de ar vão, aos poucos, perdendo as suas características de temperatura, pressão e umidade. Por exemplo: uma massa de ar frio e úmido, formada, portanto, em altas latitudes, perde temperatura e umidade à medida que se dirige para latitudes mais baixas – áreas mais quentes.

Circulação geral da atmosfera

A região próxima à Linha do Equador é de

baixa pressão. Para essa região convergem as massas de ar formadas nos trópicos e, por isso, é denominada zona de convergência intertropical (ZCIT). Nessa zona ocorrem as

maiores precipitações da Terra. Na proximidade dos trópicos de Câncer e

Capricórnio encontram-se as regiões de alta pressão. Nessas regiões formam-se ventos continentais (ventos alíseos), que circulam dos trópicos em direção ao Equador. São as denominadas zonas subtropicais ou dispersoras de massas de ar.

Na região próxima aos círculos polares formam-se novas zonas de baixa pressão, denominadas baixas polares, para as quais convergem as massas de ar que se originam nas zonas subtropicais e nas altas polares.

As massas de ar que se formam sobre os continentes são secas, com exceção das formadas sobre áreas de densas florestas tropicais, onde a evapotranspiração é intensa. As massas que se formam sobre os oceanos, por sua vez, são úmidas. Assim, considerando-se a latitude sobre a qual as massas de ar se formam, elas são classificadas em equatoriais, tropicais e polares. Em relação ao tipo da superfície, elas podem ser continentais ou oceânicas.

As Frentes

Ao se deslocarem, as massas de ar se

encontram. Nesse contato, elas não se misturam: uma empurra a outra, de tal forma que aquela que avança com mais intensidade faz com que a outra retroceda e impõe a ela suas características, o seu tipo de tempo.

A zona de contato entre duas massas de ar diferentes recebe o nome de frente ou superfície frontal.

Quando a massa de ar frio avança, fazendo o ar quente recuar, trata-se de uma frente fria. Como a massa de ar frio é mais densa, ela ocupa o espaço mais próximo à superfície, obrigando o ar quente (mais leve) a subir.

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A passagem de ar fria provoca queda de temperatura, pois o ar aquecido é deslocado, e, em seu lugar, fica o ar mais frio. Quanto às chuvas, as frentes frias rápidas provocam precipitação do tipo pancadas, enquanto as frentes frias lentas provocam precipitação de caráter contínuo.

Temos, por outro lado, uma frente quente quando o ar quente avança sobre o ar frio. Este recua a baixa altitude, pois é mais pesado, enquanto o ar quente, mais leve, sobe ume espécie de rampa deixada pelo ar frio.

O encontro de duas massas de ar, tanto no caso de frente fria como no de frente quente, pode levar à formação de nuvens e à ocorrência de chuvas, que, nesse caso, são denominadas chuvas frontais.

A Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica está relacionada ao

tipo de energia utilizada pela sociedade humana nos últimos 200 anos. Desde o momento em que a indústria transformou-se na principal atividade econômica, o carvão mineral e o petróleo tornaram- se as principais fontes poluentes. A cada ano verifica-se um aumento da quantidade de gases lançados na atmosfera. Entre os compostos mais nocivos, destacam-se os de enxofre, de nitrogênio e os formados por hidrocarbonetos. Embora as consequências desse tipo de poluição alcancem dimensões globais, é nas grandes cidades que são percebidos seus efeitos mais nocivos.

Microclima Urbano

A interferência humana no ambiente tem

provocado alterações climáticas em grandes áreas construídas. É o que ocorre nos grandes centros urbanos, nos quais essa interferência resultou na formação de um microclima urbano, que difere do tipo climático

predominante da região em que estão localizados.

Essa alteração climática resulta de diversos fatores, como, por exemplo, o da poluição atmosférica causada pela grande circulação de veículos e por alguns equipamentos domésticos e industriais. Nas regiões centrais dessas cidades, as temperaturas tendem a aumentar por diversas razões: redução drástica das áreas verdes; impermeabilização do solo pela pavimentação de ruas e pelas edificações (essa pavimentação absorve de 98 a 99% da radiação solar que atinge a superfície); verticalização das

construções (o que dificulta a circulação do ar). A soma desses fatores provoca a elevação da

temperatura e da evaporação, aumentando, assim, a incidência de chuvas, que, em muitos casos, precipitam-se sob a forma de pancadas (tempestades), pois aumenta também a concentração de material particulado na atmosfera.

Poluição do Ar e Efeito Estufa Local

A poluição do ar nas grandes cidades é causada principalmente pelo lançamento de gases tóxicos e de matérias particuladas na atmosfera. Os gases lançados pelos veículos são os principais poluentes das áreas urbanas. Destacam-se, também, as emissões advindas das atividades industriais e das usinas termelétricas. Algumas cidades estabeleceram normas para reduzir a quantidade de veículos em circulação, como, por exemplo, o sistema de rodízio de veículos. Dependendo do final da placa, uma parte da frota de veículos não circula em determinado dia. Em outros casos, o acesso às áreas centrais da cidade é permitido mediante o pagamento de taxas (pedágio), como ocorre em Londres, no Reino Unido. Porém a eficácia dessas medidas é reduzida. Não se deve encarar o rodízio ou a restrição à circulação de veículos em áreas centrais como solução para a poluição atmosférica, mas apenas como algo que minimiza o problema. O problema da poluição do ar se agrava em cidades situadas em “bacia” (terreno mais baixo que o circundante), pois essa localização é desfavorável à dispersão de poluentes. Além disso, o ar quente em ascensão é bloqueado por uma camada mais alta de ar frio, que aprisiona a poluição. É o que acontece em cidades como a do México e de Grenoble, na França.

Inversão Térmica

Na baixa atmosfera, normalmente verificam-se

correntes ascendentes de ar quente, que, ao subirem, resfriam-se. Nas grandes cidades, onde a concentração de poluentes é significativa, essa movimentação constante ajuda a dispersão dos agentes poluidores. Contudo, em determinados dias do inverno, o ar próximo à superfície torna-se mais frio que o da camada superior, ocasionando o fenômeno da inversão térmica.

Durante a noite, o esfriamento da atmosfera, decorrente da perda de calor superfície, forma uma camada de ar frio próxima ao solo; por ser mais pesada, essa camada não sobe. Trata-se, portanto, de um fenômeno natural, podendo ocorrer mesmo em áreas rurais, e que desfaz somente

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quando, no decorrer do dia, aumenta a temperatura do ar próximo à superfície. A situação de inversão pode se verificar de forma sucessiva, durante alguns dias.

Nas grandes cidades, esse fenômeno agrava o problema da poluição atmosférica, pois não havendo movimentação ascendente do ar, não há dispersão dos poluentes.

É por isso que no inverno os casos de doenças respiratórias e de irritação nos olhos aumentam sensivelmente nessas cidades.

Os Climas e a Distribuição das Formações

Vegetais

As paisagens vegetais se desenvolvem de acordo com o tipo de clima, do relevo e do tipo de solo em que elas se situam. A influência do clima é, sem dúvida, a mais relevante, havendo uma associação entre a paisagem vegetal e a sua região climática característica.

Os vegetais não vivem isolados, mas em comunidades, denominadas formações vegetais, que podem ser agrupadas de acordo com o porte (tamanho da vegetação) predominante na paisagem: arbóreas ou florestais, arbustivas, herbáceas ou campestres e complexas – neste último caso, quando reúnem formações de porte variado, geralmente situadas em áreas alagadas, desertos e junto aos litorais.

Clima e Floresta Equatoriais

Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção, uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e precipitação.

Essas características climáticas, entre outros fatores, favorecem o desenvolvimento de uma vegetação florestal bastante densa, cujas árvores chegam a atingir mais de 60 metros de altura. Também são abundantes as formações de porte intermediário no interior dessa floresta. As matas equatoriais abrigam a maior biodiversidade do mundo. Três florestas bastante representativas dessa formação vegetal são a Amazônica, na América do Sul; a do Congo, no continente africano; e a da Indonésia e Malásia, no sudeste asiático.

A floresta equatorial é hidrófila (úmida),

estratificada (apresenta vegetais de porte variado no interior das árvores de grande porte), heterogênea (há grande variedade e espécies) e latifoliada (folhas largas e grandes); abriga animais de pequeno porte e uma infinidade de insetos.

Clima Tropical – Savanas e Florestas Tropicais

Nas regiões de clima tropical predominam as

elevadas temperaturas e a alternância entre as estações secas (inverno) e úmidas (verão). A cobertura vegetal caracteriza-se por duas formações principais: as savanas e as florestas tropicais. No entanto, nas áreas alagadas,

aparecem pântanos e, junto ao litoral, mangues. As savanas são formações arbustivas que

apresentam raízes profundas, folhas grossas e troncos retorcidos. As raízes profundas permitem a retirada de água do lençol freático durante a seca prolongada do inverno.

Savana é o nome que essa cobertura vegetal recebe no continente africano. No Brasil, as savanas correspondem ao cerrado e, na Venezuela, ao Ihanos.

As florestas tropicais geralmente são encontradas próximas ao litoral; possuem as características próprias das florestas de clima equatorial: são bastante densas, úmidas, heterogêneas, latifoliadas e estratificadas.

A floresta tropical original do Brasil, denominada Mata Atlântica – hoje bastante reduzida pela ação humana -, recobria extensos trechos próximos ao litoral da região Sul, do Sudeste e do Nordeste. Esse tipo de cobertura vegetal também é encontrado na África e no sul e sudeste asiáticos.

Clima Temperado – Florestas Temperadas,

Estepes ou Pradarias

O clima temperado abrange amplos territórios do hemisfério Norte: América do Norte, Europa e uma faixa alongada central da Ásia, que se estende até parte da China e do Japão. No hemisfério Sul, sua ocorrência é bastante restrita. Caracteriza-se pelas quatro estações bem demarcadas, que são visíveis na paisagem vegetal. O clima temperado divide-se em dois tipos: temperado continental (em que há maior amplitude térmica e invernos rigorosos, com precipitação de neve) e temperado oceânico (em que a amplitude térmica apresenta-se menor).

As florestas temperadas encontram-se bastante devastadas devido à intensa ocupação do solo; ela é constituída por árvores de porte

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médio, espaçadas umas das outras, que trocam suas folhas a cada outono e inverno (caducifólias). Dentre as poucas espécies que constituem as florestas temperadas, destacam-se a faia, o carvalho e a nogueira.

O pouco que resta dessa floresta é encontrado na Europa ocidental e oriental, na parte meridional da América do Sul, na Nova Zelândia e no Japão.

Em regiões temperadas oceânicas (costa ocidental da América do Norte, sul do Chile, Austrália e Nova Zelândia), de maior umidade, são encontrados o pinheiro vermelho e as sequoias; no sudeste da Austrália, destacam-se os eucaliptos gigantes – essas árvores são seculares e podem atingir 150 metros de altura.

As formações herbáceas também são típicas desta região climática e recebem o nome de estepes ou pradarias. A estepe (pradaria) constitui uma excelente pastagem natural, muito utilizada para a criação de gado. Como exemplos dessa formação, podem ser citados a cobertura vegetal predominante nos pampas argentinos; as pradarias (prairies), no centro-oeste do Canadá e dos Estados Unidos; a puzta, na planície da Hungria; e o scrub, na Austrália. No Brasil, esse tipo de vegetação é denominado campos e é encontrado, de forma contínua, sobretudo no sul do Rio Grande do Sul.

Clima Mediterrâneo e Vegetação Mediterrânea

O clima mediterrâneo é pontual, ou seja, localiza-se em pequenas áreas, normalmente situadas próximas a desertos, como, por exemplo, na Califórnia, nos Estados Unidos; na região central do Chile; nos extremos norte e sul da África; e no sul da Europa. É um clima caracterizado por verões quentes e secos – devido à expansão das massas de ar seco dos desertos vizinhos – e por invernos brandos e úmidos – período em que essas massas de ar recuam e ficam estacionárias nos desertos. A vegetação mediterrânea é bastante variada e nela predominam arbustos, como as oliveiras, e moitas altas (denominadas maquis) e baixas (garrigues).

Clima Frio (Continental) e Floresta Boreal

O clima continental, situado em elevadas

latitudes, caracteriza a maior parte do território canadense, o extremo norte da Europa, e a Sibéria, na Rússia. As precipitações maiores ocorrem no inverno, quase sempre sob a forma de neve.

Nesse clima desenvolve-se a floresta boreal, cuja vegetação é de grande porte, espaçada e

relativamente homogênea, nela predominando o pinheiro e o cipreste.

Devido à boa qualidade de suas madeiras, a floresta boreal é intensamente explorada para a obtenção da celulose – matéria-prima empregada na fabricação do papel.

Essa floresta é representada pela taiga siberiana – a maior do mundo -, situada na Rússia; pela taiga canadense; e pela taiga escandinava (norte da Europa).

Clima Polar e Tundra

Nos extremos Norte e Sul da Terra, o clima é

polar. Nessas regiões são registradas as mais baixas temperaturas do planeta. Na maior parte dos territórios, o solo mantém uma cobertura de gelo permanente, sem vegetação. Em outras regiões, durante o verão, o degelo deixa o solo exposto e nele brota a tundra, que termina o seu ciclo no inverno, com a queda das temperaturas. Essa cobertura vegetal é de pequeno porte.

Clima de Montanha e Vegetação de Altitude

Nas altas latitudes, o solo apresenta-se

coberto por neve praticamente o ano todo, até mesmo em lugares situados em baixas altitudes.

Em regiões de baixas latitudes (clima tropical ou subtropical), os solos das áreas montanhosas apresentam diferentes formações vegetais.

No clima de montanha, a cobertura vegetal – influenciada pela altitude – modifica-se do sopé da montanha até os locais mais altos (mais de 4 mil metros de altitude), nos quais a neve cobre o solo durante todo o ano – são as chamadas “neves eternas”. Essa cobertura permanente de neve ocorre, inclusive, nas baixas latitudes das regiões tropicais, sendo que, no sopé das montanhas, a vegetação é a mesma da região do entorno. A modificação da paisagem vegetal ocorre numa sequência, que, em linhas gerais, é semelhante à verificada na mudança de vegetação das baixas para as altas latitudes da Terra.

Clima Desértico e Xerófilas

O clima desértico caracteriza-se pela aridez

(escassez de água). Nessas regiões há pouca (ou nenhuma) vegetação, o mesmo ocorrendo em relação às redes fluviais. Os desertos localizados em áreas próximas aos trópicos são quentes, como, por exemplo, o do Saara, no norte do continente africano, e o de Kallaari, na África do Sul; os situados em latitudes mais elevadas são frios, como o da Patagônia, na Argentina, ou o

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de Gobi, na China e Mongólia. Geralmente, os desertos situam-se em

regiões continentais, mas aparecem também junto a oceanos. Neste caso, formam-se devido à ação de correntes frias, que condensam as massas de ar quente e úmido, as quais se precipitam no mar antes de atingir o continente. É o caso do deserto de Atacama, no Chile (corrente de Humboldt) e da Namíbia (corrente de Benguela).

Apesar da escassez de umidade, em diversas áreas do deserto desenvolvem-se vários tipos de formações vegetais: rasteira (estepes secas); arbustos espinhosos, quase sem folhas; e cactos. Estas espécies, em conjunto, recebem o nome de xerófilas.

Os desertos abrangem extensas áreas do globo. Aparecem no oeste dos Estados Unidos, no norte e sul da África, no Oriente Médio e parte da Ásia Central, e no oeste da Austrália.

Clima e Paisagens Vegetais no Brasil

A dinâmica climática do Brasil

A posição geográfica do território brasileiro, situado, em quase sua totalidade, na zona tropical, caracteriza o país como de climas que, em geral, apresentam temperaturas médias elevadas. Contudo, o comportamento das temperaturas e da umidade das diferentes regiões climáticas durante o ano é determinado, principalmente, pela atuação das massas de ar.

No verão, quatro massas de ar quente exercem influência sobre o país: a Equatorial continental (mEc), a Equatorial atlântica (mEa), a Tropical atlântica (mTa) e a Tropical continental (mTc), sendo apenas esta última seca. É justamente por isso que o verão é o período das chuvas na maior parte do território brasileiro.

Nesta estação do ano, a massa Polar atlântica (mPa) avança esporadicamente sobre o país, podendo provocar ligeira queda de temperatura e chuvas frontais, aumentando a pluviosidade.

No inverno, a atuação da Equatorial continental (mEc) é mais restrita à região Norte, a Tropical atlântica (mTa) continua a atuar no Brasil e a Polar atlântica (mPa) passa a atingir frequentemente o território brasileiro, provocando baixas temperaturas no Sul, em grande parte do Sudeste e porção sul do Centro-Oeste, chegando até a região Norte, onde provoca o fenômeno da friagem (fenômeno caracterizado pela queda súbita da temperatura na região da

Amazônia ocidental, no período do inverno, que decorre da penetração de um ramo da massa de ar Polar atlântica pela porção central da América do Sul). Sobretudo na região Sul, e em alguns trechos do Sudeste (São Paulo, especialmente), são frequentes, nessa estação, a ocorrência de geadas (formação de uma película de gelo sobre as

folhas em decorrência do congelamento das gotas de orvalho). Na altura do estado da Bahia, a Polar atlântica (mPa) já perdeu bastante intensidade. É onde as frentes frias se dissipam.

Formações Vegetais do Brasil

A variedade das paisagens vegetais naturais

do Brasil acompanha a diversidade dos climas, que fornecem a temperatura, a luminosidade e a umidade adequadas para o desenvolvimento de cada tipo de cobertura vegetal.

O Brasil apresenta extensas regiões florestais e arbustivas, apesar do intenso desmatamento que ameaça vários de seus ecossistemas. Também são encontradas formações herbáceas e outras, como os mangues e o complexo do pantanal.

As regiões tropicais possuem o maior estoque de biodiversidade da Terra, principalmente as matas equatoriais e tropicais. Calcula-se que o Brasil abrigue a terça arte das espécies existentes no mundo. Por isso, o intenso desmatamento é alvo de preocupação e discussão e entre países e ONGs de todas as partes do mundo.

Regiões Climáticas e Paisagens Botânicas

Brasileiras Clima Equatorial – Floresta Amazônica

No Brasil, o clima equatorial é típico da região amazônica, na qual se desenvolve a floresta Amazônica – a maior floresta da zona intertropical do globo e, também, a que apresenta maior biodiversidade.

Essa floresta ocupava, originalmente, uma área de cerca de

5 milhões de km² (incluindo a parte brasileira e sul- americana).

A intensa exploração madeireira, a implantação de grandes fazendas agropecuárias e os grandes projetos de mineração provocam não só danos ambientais, como destroem espécies vegetais ainda desconhecidas, que poderiam ser usadas como matérias-primas na produção de medicamentos para a cura de muitas doenças graves. São, portanto, amplas as possibilidades de pesquisa e de aplicação dos recursos genéticos encontrados nesse tipo de cobertura vegetal.

A floresta Amazônica se divide em três grupos, de acordo com a compartimentação do relevo.

* Floresta ou mata de igapó: situada nas

áreas permanentemente inundadas pelos rios.

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* Floresta ou mata de várzea: situada nas áreas inundadas apenas durante as cheias.

* Floresta de terra firme: situada nas áreas

mais elevadas, onde se encontram árvores de grande porte, como a andiroba, o cedro, o castanheiro e o mogno. Esse tipo de floresta abrange entre 70% e 80% da extensão florestal amazônica.

Apesar de contar com técnicas e equipamentos sofisticados para monitoramento de áreas florestais, detecção de queimadas e derrubada de matas, os quais incluem computadores, radares, sistema de posicionamento global (GPS) e análise de imagens de satélite, os índices de desmatamento em toda a Amazônia apresentaram-se elevados entre o final do século XX e início deste século.

A biodiversidade encontrada no Brasil é uma

das maiores do mundo. Em termos regionais, a floresta Amazônica apresenta, em seu conjunto, a maior concentração de espécies animais, vegetais e de microrganismos da Terra. Segundo dados do IBGE e do Ibama, são mais de 3 mil espécies medicinais catalogadas. No entanto, esses recursos são frequentemente explorados pela biopirataria.

Clima Tropical Úmido – a Mata Atlântica e os Mangues

O clima tropical úmido (ou litorâneo)

acompanha uma estreita faixa de terra localizada junto à costa atlântica, estendendo-se de São Paulo ao Rio Grande do Norte. Caracteriza-se pela ocorrência de temperaturas elevadas o ano inteiro, em particular na região Nordeste. No litoral do Sudeste, as temperaturas podem cair no inverno com a chegada de frentes frias (massa Polar atlântica).

No clima tropical litorâneo, as chuvas na costa nordestina são mais intensas no outono e inverno. No Sudeste, elas são mais frequentes e abundantes no verão.

Duas formações vegetais são representativas desta região climática: a Mata Atlântica e os manguezais.

A Mata Atlântica é a formação mais devastada de todo o território brasileiro.

Do período colonial, em que se verificou a expansão da agricultura canavieira, aos dias atuais, a região da Mata Atlântica foi intensamente explorada. A mineração do século XVIII e a agricultura cafeeira também contribuíram para a devastação de grandes extensões de mata, nas quais estabeleceram-

se os principais núcleos de povoamento e as primeiras cidades. Posteriormente, nessa área devastada concentraram-se as principais regiões urbanas do país, as instalações industriais, as atividades agropecuárias e as vias de transporte.

Os mangues são arbustos cujas raízes se

estendem para um trecho acima do nível das águas (raízes aéreas), formando verdadeiros berçários marinhos, isto é, locais onde a vida muitas vezes começa. São os criatórios de camarões, caranguejos e pequenos organismos marinhos. Estes últimos servem de alimento para os plânctons, microrganismos animais (zooplânctons) e vegetais (fitoplânctons), que, por sua vez, estão na base da cadeia marinha.

Clima Tropical – o Cerrado e o Complexo do Pantanal

O clima tropical (denominado no Brasil como

tropical semiúmido ou continental) é típico da região Centro-Oeste, mas abrange também trechos do Nordeste e Sudeste brasileiros. É um clima quente, marcado por duas estações bem distintas: verão úmido e inverno seco.

O cerrado é uma formação de arbustos e campos. Sua paisagem, à primeira vista, não revela a riqueza escondida nesse ecossistema. Raramente a defesa do cerrado faz parte das manifestações ambientalistas. No entanto, é um dos ecossistemas mais ricos do país.

Por muito tempo a atividade predominante no cerrado foi a pecuária. Posteriormente, essa região constituiu área de pastagem da maior parte do rebanho bovino e de expansão agrícola da soja. As atividades agrícolas modernas, empreendidas em fazendas gigantescas, e o uso de agrotóxicos, provocam não só a devastação do cerrado, como impactos ambientais profundos em toda essa região.

O complexo do Pantanal, também situado na região de clima tropical, é um ecossistema único no mundo. Ele reúne espécies encontradas em todas as demais regiões brasileiras, formando um conjunto atípico e adaptado às condições locais. A pecuária é a mais tradicional atividade econômica. A caça predatória e o garimpo do ouro causam grandes danos ao meio ambiente pantaneiro.

É uma região plana e de baixa altitude, que passa a apresentar amplos trechos inundados durante a estação chuvosa de verão. Há vegetações que desenvolvem raízes aéreas, permitindo-lhes a busca de oxigênio durante o período das inundações.

A diversidade da flora e da fauna do complexo do Pantanal está diretamente relacionada ao ciclo

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das cheias do rio Paraguai e seus afluentes.

Clima Semiárido – a Caatinga

O interior do Nordeste e o norte de Minas

Gerais apresentam o clima mais seco do Brasil – o semiárido, onde o índice de chuva anual varia entre 300 e 800 mm. Trata-se do sertão – a região semiárida mais habitada do mundo e, economicamente, a mais pobre do país. O sertanejo tem de caminhar quilômetros para adquirir água nas poucas fontes espalhadas pelo semiárido brasileiro.

A vegetação é formada pela caatinga, que também constitui um ecossistema bastante rico e diversificado, onde se desenvolvem formações rasteiras, arbustos e cactos. A atividade predominante na região é a pecuária ultra – extensiva.

Os solos da caatinga são férteis, porém pedregosos e com pouca umidade, o que dificulta a agricultura de subsistência. O aspecto rude da paisagem esconde uma rica biodiversidade, cujo potencial ainda é pouco explorado.

Clima Subtropical – Floresta e Campos

O clima subtropical é típico da região Sul do

país. A maior latitude e a atuação mais intensa da massa Polar atlântica na região são fatores que determinam um clima que apresenta temperaturas baixas durante o inverno, principalmente nas áreas de maior altitude, como em alguns trechos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. No entanto, as temperaturas são elevadas no verão. Por isso, o clima subtropical é o que apresenta as maiores amplitudes térmicas do Brasil. Outro aspecto marcante desta região climática é a regularidade na distribuição das chuvas durante o ano.

Nas encostas das serras próximas ao litoral, a Mata Atlântica domina a paisagem natural. Mas a formação vegetal predominante é a Mata da Araucária (Mata dos Pinhais). Esse tipo de cobertura é semi-homogênea, com predomínio do pinheiro-do-paraná ou araucária, espaçada e entremeada por outras espécies de vegetais, como o ipê e a erva-mate; tem, como característica, a folhagem pontiaguda (aciculifoliada). A devastação da Araucária foi promovida, principalmente, pelo setor de construção civil e pelas indústrias de papel.

No extremo sul, no estado do Rio Grande do Sul, situam-se os campos dos pampas – área típica de pecuária extensiva, hoje também ocupada pela soja.

Crescimento Populacional no Mundo e no Brasil

Calcula-se que neste início do século XXI, a cada ano, mais

80 milhões de pessoas passam a habitar a Terra, uma população equivalente à da Alemanha. A maioria será pobre e viverá principalmente na África, na Ásia ou na América Latina.

São nessas regiões da Terra que estão situados os países de maior crescimento demográfico do mundo.

O ritmo de crescimento populacional no início da história da humanidade foi muito lento. A natalidade elevada era acompanhada pela mortalidade quase na mesma proporção. A fome, as epidemias, as catástrofes naturais chegavam a dizimar povos inteiros.

Foi a partir dos séculos XVII e XVIII que o crescimento populacional tornou-se mais acelerado. Inicialmente foi um fenômeno restrito à Europa, decorrente das transformações no modo de vida trazidas pela Revolução Industrial.

O modelo econômico global

Embora existam no nosso planeta áreas quase desabitadas

– regiões polares, montanhas e desertos - coexistindo com “formigueiros humanos”, a capacidade do meio natural em suportar as transformações causadas pelo ser humano dá mostra de que está no seu limite.

Todos os recursos considerados renováveis do nosso planeta, entre eles a água e a própria atmosfera, estão chegando a um ponto de exaustão. E isso coloca em perigo não apenas a nossa geração, mas todas as que estão por nascer.

O modelo capitalista de produção, altamente dependente de recursos fósseis – que estão próximos do seu limite de exploração – está comprometendo o equilíbrio dos rios, mares, das florestas, dos solos e da atmosfera.

E se levarmos em conta que os lucros, bem como o bem-estar material concentram-se nos países desenvolvidos, então chegaremos à conclusão de que o modelo econômico global, em nome de uma minoria, está comprometendo o nosso patrimônio natural.

Em última análise, os verdadeiros beneficiados pelo modelo econômico global são

Aspectos demográficos: conceitos fundamentais

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os seus protagonistas: as chamadas corporações econômicas.

É impossível pensarmos em estender o nível de consumo das grandes economias de mercado para todos os países pobres. Não haveria recursos suficientes para todos no nosso planeta.

Em meio a essa concentração de recursos, a economia se expande, mas a renda global se concentra mais ainda. E isso faz com que vivamos um tempo de paradoxos.

Em meio a recordes de produção agrícola, cada vez mais há populações famintas, como no caso de vários países africanos onde acontecem tragédias “esquecidas” pela mídia.

Em meio à abertura de mercados, milhões de pessoas perdem o emprego ou veem ficar cada vez mais precário.

A contrário do que ocorreu no passado, as tecnologias não solucionarão os problemas urbanos. Na verdade, o uso inadequado das tecnologias é uma parte das causas das crises globais, atuais e futuras.

Desse modo, a solução para os problemas não está no atual modelo econômico global, mas, sim em alguma alternativa para ele.

As taxas – fundamentos básicos

para a leitura dos dados demográficos

Taxa de fecundidade: número médio de

filhos por mulher em idade de procriar, entre 15 e 49 anos.

Taxa de mortalidade infantil: é o número

de óbitos de crianças com menos de u mano de vida, a cada mil nascidas vivas, considerando-se o período de um ano.

A Revolução Industrial e o Crescimento Demográfico

A Revolução Industrial, nos séculos XVIII e

XIX, teve forte repercussão na organização socioespacial. Passaram a ocorrer um intenso processo de migração do campo para as cidades, mudanças de hábitos e novas relações de trabalho. As condições de vida nas áreas industriais eram inicialmente precárias, mas aos poucos nas cidades foram ocorrendo melhorias sanitárias significativas e a população urbana passou a ter maior acesso aos serviços de saúde. A Revolução Industrial, enfim, não foi apenas uma transformação no modo de produzir mercadorias, mas uma transformação tecnológica e cientifica que atingiu todas as áreas do conhecimento, entre as quais a medicina.

A solução de problemas sanitários e o avanço na medicina contribuíram para a diminuição da mortalidade infantil e da mortalidade da população em geral. A elevação da média de vida provocou o aumento do número de habitantes nos países que primeiramente se industrializaram. A vacina contra a varíola, entre o final do século XVIII e o início do XIX, foi a descoberta médica mais importante para o crescimento populacional, já que houve redução das taxas de mortalidade e a natalidade permaneceu por longo tempo ainda em patamares elevados.

Alguns pesquisadores do período da Revolução Industrial consideram outros fatores também responsáveis pela elevação do crescimento populacional nos países industrializados do século XIX. Por exemplo, a utilização generalizada da mão-de-obra infantil nesse período pode ter estimulado o aumento do número de filhos para ampliar a renda das famílias. Assim, o crescimento populacional teria resultado não apenas da diminuição da mortalidade, mas também do aumento da natalidade.

Crescimento da População e a Primeira

Teoria Populacional – o Malthusianismo

A Grã-Bretanha, pioneira na Revolução Industrial, tinha pouco mais de 5 milhões de habitantes por volta de 1750. A partir daí, o processo de crescimento populacional foi rápido. Em 1840 haviam atingido mais de 10 milhões de habitantes. Meio século depois passou a marca dos 20 milhões. Essa tendência generalizou-se nos demais países europeus que acompanharam a primeira fase da Revolução Industrial.

Foi justamente a partir da observação da etapa inicial desse processo que surgiu a primeira e mais polêmica teoria sobre o crescimento populacional.

Em 1798, Thomas Robert Malthus, um pastor protestante, escreveu a obra Ensaio sobre o Princípio da População. Malthus acreditava que a população tinha um potencial de crescimento ilimitado enquanto a natureza tem recursos limitados para alimentar a crescente população. Afirmava que as populações humanas cresciam em progressão geométrica (2, 4, 16, 32 ...), enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10 ...).

Colocava-se assim a fatalidade de a humanidade ter que conviver no futuro com subnutrição, fome, doenças, epidemias, infanticídio, guerras por disputas de terras para ampliar a produção de alimentos e, consequentemente, com a desestruturação de toda a vida social.

Para evitar a tragédia anunciada, Malthus defendia o “controle moral”. Descartava a

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utilização de métodos contraceptivos para limitar o crescimento populacional, conforme a sua formação religiosa. Do ponto de vista prático, pregava uma série de normas de conduta que incluíam a abstinência sexual e o adiamento dos casamentos, que só deveriam ser permitidos mediante capacidade comprovada de renda para sustenta a provável prole. É evidente que tais normas atingiam apenas os pobres, que Malthus considerava os grandes responsáveis pela própria pobreza, devido à tendência de se casarem cedo e se reproduzirem em excesso.

A principal refutação às ideias malthusianas foi elaborada por Karl Marx, para quem o grande responsável pela fome e pela carência da população era o sistema capitalista. As injustiças sociais e a má distribuição de riquezas entre as classes sociais seriam os verdadeiros responsáveis pela fome e pela miséria. Argumentava que os empresários capitalistas mantinham estrategicamente certo número de desempregados (Exército Industrial de Reserva) para manter baixos os salários, e que manipulavam esses desempregados de acordo com as necessidades do mercado de trabalho.

Para Marx, Malthus subestimava a capacidade da tecnologia em elevar a quantidade de alimentos produzidos no mundo. De fato, a validade desse argumento foi comprovada pela própria história. A fome, que condena quase 1 bilhão de seres humanos nos dias atuais, não se deve à incapacidade de produção de alimentos e sim à má distribuição dos alimentos produzidos, devido às desigualdades sociais e econômicas.

A estabilização demográfica no mundo desenvolvido

As migrações em massa da população

europeia em direção à América e a outros continentes, e a Revolução Agrícola, que elevou a produção de alimentos, diluíram os efeitos do grande crescimento populacional na Europa do século XIX.

O estágio de desenvolvimento europeu no final do século XIX e início do XX refletiu na demografia. As taxas de natalidade e mortalidade começaram a cair devido à urbanização de parcela significativa da

sociedade, ao atendimento médico e hospitalar, ao aumento das possibilidades de acesso à informação e às mudanças no papel da mulher, que passou a participar ativamente do mercado de Trabalho industrial. As taxas de crescimento entraram em declínio na Europa e continuaram caindo durante todo o século XX.

Nos últimos 50 anos, o mundo

desenvolvido, em geral – sobretudo os países europeus -, entrou num processo de crescimento lento, com a efetivação do modo de vida urbano para a maioria de seus habitantes.

Nas cidades, o custo de criação dos filhos é maior do que no campo; os jovens ingressam mais tarde no mercado de trabalho; o trabalho feminino extradomiciliar leva à necessidade do cuidado dos filhos por outras pessoas ou instituições, gerando outros gastos para as famílias. Nesse contexto, a invenção da pílula anticoncepcional, em 1960, e a consolidação de algumas conquistas femininas – como a ampliação de sua participação no mercado de trabalho e nas relações familiares – foram fundamentais nesse processo.

No final do século XX, as duas taxas (mortalidade e natalidade) estavam praticamente em equilíbrio, determinando taxas de crescimento vegetativo em torno de 0% ao ano e inaugurando uma nova fase, conhecida como estabilização demográfica. Essa situação também foi denominada por alguns demógrafos de implosão demográfica.

A partir da década de 1980, vários países do continente europeu registraram, em alguns anos, crescimento natural negativo, pois as taxas de mortalidade superaram as taxas de natalidade.

Como visto, o processo de urbanização, interligado a outros fatores, como a presença marcante da mulher no mercado de trabalho, a redefinição de seu papel na família e o modo de vida baseado na preservação da individualidade são questões incorporadas pela cultura europeia ao longo do tempo. Muitos filhos significam, nesse sentido, abrir mão dessa individualidade e, no caso das mulheres, podem constituir uma barreira às suas perspectivas profissionais.

Explosão Demográfica e Novas Teorias Populacionais

A explosão demográfica do século XX foi um

fenômeno do mundo subdesenvolvido, que a partir da década de 1950 passou a registrar elevadas taxas de crescimento demográfico. Alguns países subdesenvolvidos chegaram a dobrar a sua taxa de crescimento em menos de uma geração.

Foram esses países que mais contribuíram para o crescimento da população mundial no século XX. Atualmente concentram mais de 80% da população do planeta e esse índice tende a ampliar-se.

Muitas doenças infecciosas que assolavam principalmente os países subdesenvolvidos foram

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derrotadas com a descoberta de novas vacinas e dos antibióticos. Esses avanços na medicina obtidos nos países desenvolvidos foram estendidos a várias regiões do mundo e provocaram um declínio significativo nas taxas de mortalidade, com consequente crescimento da população.

Com o avanço do processo de urbanização em vários países do mundo subdesenvolvido, sobretudo nos que industrializaram, as taxas de crescimento vegetativo também têm se mostrado declinantes nas últimas duas décadas.

No continente africano, onde a maioria dos países ainda se verificam índices de população urbana inferiores a 50%, as taxas de crescimento vegetativo permaneceram superiores a 2% ao ano.

A taxa de fecundidade nos países subdesenvolvidos é praticamente o dobro da registrada nos países subdesenvolvidos. No entanto, se na África o número médio de filhos por mulher está próximo de 5, na América Latina, onde a urbanização tem sido intensa, essa taxa é praticamente a metade da africana.

As teorias antinatalistas da segunda metade do século XX

O fenômeno da explosão demográfica

contribuiu para que surgissem novas teorias relacionadas ao crescimento populacional. As primeiras teorias associavam o crescimento demográfico à questão do desenvolvimento e propunham soluções antinatalistas para os problemas econômicos enfrentados pelos países subdesenvolvidos. Ficaram conhecidas como teorias neomalthusianas, por serem catastrofistas e por apontarem o controle populacional como única saída. Mas, ao contrário de Malthus, os neomalthusianos eram favoráveis ao uso de métodos anticoncepcionais e propunham a sua difusão em massa nos países do mundo subdesenvolvido.

Argumentavam que os países que mantêm elevadas taxas de crescimento veem-se obrigados a investir doa parte de seus recursos em educação e saúde, devido à grande porcentagem de jovens que abrigam. Essas elevadas somas de investimentos poderiam ser aplicadas em atividades produtivas, ligadas à agricultura, à indústria, aos transportes, etc., que dinamizariam a economia do país.

Os neomalthusianos ressaltavam ainda que o crescimento acelerado da população de um país acarretava a diminuição da sua renda per capita. Portanto, para aumentar a renda média dos habitantes, era necessário controlar o crescimento populacional.

Os argumentos convincentes dos neomalthusianos foram desfeitos pela dinâmica demográfica real. Os países que tiveram quedas acentuadas em suas taxas de natalidade foram aqueles cujas conquistas econômicas estenderam-se à maioria dos habitantes, na forma de maior renda e melhoria do padrão cultural. A história comprovou que havia uma inversão no pensamento neomalthusiano. A redução do crescimento populacional não é o ponto de partida para a conquista do desenvolvimento social e econômico, mas o ponto de chegada. Essa dinâmica demográfica já havia sido apontada pelos reformistas, que destacavam as conquistas

socioeconômicas como responsáveis pela redução das taxas de crescimento populacional. Para os reformistas, uma melhor distribuição de renda e o maior acesso à cultura e à educação podem modificar os padrões de crescimento e promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Outra visão antinatalistas surgiu com alguns ecologistas já no final da década de 1960, com a publicação do livro A bomba populacional de Paul Ehrlich. Mas esses ecologistas não se limitaram à questão demográfica para discutir as ameaças dos problemas ambientais. Ressaltaram o papel negativo do consumismo da população dos países desenvolvidos e, portanto, a necessidade de transformação do modelo econômico do mundo atual.

O método para os estudos de população: As características de uma determinada

população mudam em função de condições socioeconômicas, políticas e territoriais, submetidas a múltiplas determinações culturais.

A análise da orientação, do ritmo e da natureza do crescimento dessa população, a par dos deslocamentos, permite entender seu comportamento e fazer projeções para o futuro.

O termo técnico mais comum para designar esse comportamento populacional é dinâmica demográfica.

Em geral, a análise da dinâmica demográfica considera um período de tempo predeterminado.

Dinâmica do Crescimento Populacional no Brasil Há cem anos o Brasil tinha cerca de 17

milhões de habitantes, o equivalente hoje à metade da população do Estado de São Paulo. Em 2005, a população do país era aproximadamente 184 milhões, o que colocava o Brasil como o quinto país mais populoso do mundo.

A dinâmica demográfica ilustra o acelerado

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crescimento ocorrido a partir de 1940, com as conquistas médicas e a consequente queda das taxas de mortalidade nos países subdesenvolvidos. Esse processo foi continuo até os anos 1960, quando o crescimento atingiu o ápice com taxas médias de crescimento de quase 3% ao ano.

A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda. Esse declínio, como visto, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação de uso de pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres, entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na segunda metade do século passado. Como resultado, as famílias brasileiras diminuíram de tamanho.

No caso das mulheres pobres, o trabalho extradomiciliar tornou-se imprescindível à complementação da renda familiar. Em cerca de 25% dos domicílios, a renda feminina passou a ser a base do orçamento doméstico.

A dinâmica demográfica do Brasil torna-

se mais compreensível a partir da análise de dois processos que a compõem:

* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;

* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.

O comportamento das populações muda ao longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.

Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na dinâmica demográfica.

O Crescimento vegetativo de um país é o

índice que resulta da diferença entre a taxa de natalidade e a de mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou negativo.

O Crescimento horizontal de um país

resulta da diferença entre o total de imigrantes e o de emigrantes registrada num dado período. Pode ser também, positivo ou negativo.

Crescimento, Composição Etária e Impactos Sociais Os padrões demográficos gerais de um país

ou região (natalidade, mortalidade, migrações) determinam a distribuição da população por faixas de idade.

Essa distribuição, ao mesmo tempo que resulta do estágio de desenvolvimento, causa impacto na economia e na distribuição dos recursos em saúde, educação, formação profissional e outros.

Não existe um único critério para a distribuição da população por faixa etária, mas o mais utilizado e adotado (inclusive pelo IBGE atualmente) divide a população em jovens (0-14 anos), adultos (15-65 anos) e idosos (acima de 65 anos).

Essa divisão tem por base a população ligada ao mercado de trabalho (pessoas de 15 a 65 anos), empregada ou não, e as pessoas que são consideradas fora desse mercado (com menos de 15 anos e com mais de 65 anos).

É evidente que tal critério não atende ás condições de diversos países em que, entre as camadas sociais pobres, o trabalho infantil é um fato comum e os idosos veem-se, em muitos casos, obrigados a trabalhar até morrerem ou se tornarem incapazes de qualquer atividade por motivo de doença ou de incapacidade física.

Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 2000, quase três milhões de crianças entre cinco e 14 anos trabalhavam no Brasil.

O subemprego é uma forma precária de complementação de renda para os idosos que não conseguem reingressar no mercado de trabalho formal.

A questão etária nos países subdesenvolvidos de elevado crescimento demográfico

Nos países subdesenvolvidos que ainda

mantêm um elevado padrão de crescimento populacional, o número de jovens é superior às demais faixas etárias da população. Os custos de manutenção e de formação da população na faixa etária dos jovens são um sério problema nos países onde o Estado, além de desprovido dos recursos necessários, está mal estruturado para atender às necessidades de saúde e educação.

Além disso, o grande número de jovens coloca as populações dos países mais pobres numa situação desfavorável. A necessidade de sustentar um número maior de filhos limita a formação da poupança familiar e dificulta oferecer a educação necessária à ascensão social e ao progresso econômico. De um ponto de vista mais amplo, os países subdesenvolvidos são impedidos de aproveitar seu melhor recurso, o humano.

No estágio atual da globalização econômica e transformações tecnológicas, os trabalhadores

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menos qualificados têm sido os mais afetados pelo desemprego, e a tendência é de que as inovações dos processos de produção os afastem ainda mais do mercado de trabalho. O baixo investimento na formação educacional dos jovens, que ainda por algumas décadas constituirão a parcela maior da população do planeta, aponta questões difíceis de serem resolvidas a curto e a médio prazos.

Mudanças Etárias no Brasil Outra questão enfrentada por vários países,

entre os quais o Brasil, ao lado de outros “emergentes”, é o envelhecimento da população.

A diminuição da porcentagem de jovens ainda não é significativa em relação à sua importância numérica.

Por outro lado, ela veio acompanhada do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, da maior quantidade de velhos no conjunto da sociedade.

Muitos, aposentados ou não, ainda trabalham, outros são amparados pela família e outros ainda recebem aposentadoria.

A questão etária nos países desenvolvidos Nos países desenvolvidos o crescimento da

população que não trabalha decorre basicamente do aumento da população idosa, pois as baixas taxas de fecundidade não contribuem para a formação de um grupo etário numeroso. Enquanto a média mundial de fecundidade da mulher situa-se em torno de 2,6 filhos, nos países desenvolvidos é de 1,5 e nos países subdesenvolvidos é de 2,8 filhos. Para que um país mantenha a sua população em volume constante é preciso que a taxa seja de 2 filhos para cada mulher, necessária para a reposição da população que morre.

Envelhecimento Populacional e Previdência Social A questão da previdência social pode,

segundo alguns economistas – sobretudo os de orientação neoliberal -, acarretar consequências negativas para os orçamentos dos governos e ter repercussões também ruins no mercado financeiro mundial quando o número da população idosa for bem superior ao de contribuintes inseridos no mercado de trabalho. Esse problema ameaça tanto os países desenvolvidos quanto os subdesenvolvidos, nos quais é ainda mais grave. É o que ocorreu com o Brasil no começo deste século. Os países desenvolvidos enriqueceram e depois “envelheceram”, mas alguns países subdesenvolvidos estão “envelhecendo” antes

de enriquecerem. Se, por um lado, a elevação da expectativa

de vida prolongou o tempo de recebimento dos benefícios da aposentadoria, por outro lado, a redução da fecundidade provocará, a médio e longo prazos, a diminuição do número de contribuintes ao sistema previdenciário.

Envelhecimento Populacional e

Previdência Social no Brasil No Brasil, o déficit da previdência aumenta a

cada ano, pois, se por um lado há um aumento da expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população ocupada em alguma atividade econômica.

Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.

O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de aposentadorias miseráveis.

Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas formadas no Brasil para roubar o sistema previdenciário.

Distribuição da População por sexo Há pouco mais de um século havia equilíbrio

entre o número de homens e o de mulheres na composição da população mundial.

Porém, desde o final do século XIX, os recenseamentos vêm acusando um aumento progressivo no número de mulheres.

Ocorre que até o século XIX as principais causas de mortalidade eram as doenças infecto-contagiosas, que atingiam proporcionalmente homens e mulheres.

A partir do século XX, gradativamente, aumenta o número de mortes resultantes de doenças cardiovasculares, que afetam especialmente os homens.

Assim, há um número um pouco maior de mulheres na faixa etária dos idosos.

Naquela época, o IBGE registrou uma expectativa de média de vida de 71 anos, no Brasil.

Para os homens era de 67,3 anos, enquanto a das mulheres chegava a 74,9.

Atualmente, a média está entre 75,2 anos, no geral. No caso brasileiro influi significativamente o fato

de que os homens são as principais vítimas da violência.

Os homicídios e acidentes atingem principalmente os homens na faixa de idade entre

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15 e 35 anos. A alteração do papel da mulher na sociedade,

ao mesmo tempo que representa uma conquista, tem elevado a taxa de estresse da população feminina.

São comuns, também, os casos em que mulheres separadas são obrigadas a assumir sozinhas a responsabilidade de cuidar dos filhos e garantir os custos de subsistência e de formação.

Os países ou regiões que atraem imigrantes apresentam um predomínio da população masculina.

Ocorre o contrário nos países ou regiões de emigração, onde há predomínio de mulheres.

No caso brasileiro, esse fator manifesta-se por um número superior de população feminina e mesmo de mulheres “chefes de família” na região Nordeste, devido à emigração da população masculina para outras regiões.

Como vivem os indígenas no Brasil Hoje em dia, existem cerca de 240 grupos e

150 línguas indígenas no Brasil, e seus falantes estão espalhados em todas as regiões brasileiras, com predominância na região Norte.

Atualmente, a região Norte apresenta a maior concentração de povos nativos e também a maior quantidade de parques e reservas indígenas. Além do Norte, os indígenas estão presentes em todas as demais regiões, inclusive em cidades, nos arredores de fazendas que antes eram terras de seus ancestrais e no litoral.

Há, também, indivíduos ou grupos que recusaram o contato com o branco. Sãos os chamados índios isolados, que vivem sob constante monitoramento da Funai (ligada ao governo federal e que se dedica a tratar das diversas questões relacionadas à temática indígena). A fundação possui um órgão específico para protege-los de contatos forçados e do avanço de doenças e ara resolver questões territoriais. A maioria deles vive dentro de parques ou reservas indígenas, mas está em constante fuga, até mesmo de outros indígenas. Estima-se que há cerca de cinquenta grupos ou indivíduos isolados no território brasileiro.

Afrodescendentes no Brasil atual O Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) realiza a cada dez anos um censo demográfico que tem como intuito levantar dados sobre a população a fim de perceber quais foram as transformações ocorridas nesse período e o que deve ser mudado ou mantido. O Censo de 2010 trouxe dados importantíssimos para o estudo da desigualdade racial e social, a qual persiste na sociedade brasileira ainda que

51% da população brasileira identifique-se como afrodescendente. Ao mesmo tempo, outras informações foram reveladas.

Ficou evidente a desigualdade entre brancos e afrodescendentes. Os dados foram mais distintos quando comparados homens e mulheres. A ocupação de cargos com menor remuneração por parte dos negros ainda é uma realidade, o que só comprova o quanto essa parcela da população continua a carregar o seu passado.

Demonstrou-se também a dificuldade que a população afrodescendente enfrenta quanto o acesso à educação, elemento essencial para a ascensão social. Os brancos em 2010 tinham mais acesso ao ensino superior entre aqueles que já possuíam idade suficiente para ingressar na universidade. Já no caso dos negros, a minorai nessa faixa etária teve acesso ao ensino superior.

Mesmo que esse cenário demonstre o quanto ainda é preciso avançar na questão da igualdade de oportunidades, estão ocorrendo importantes conquistas do movimento negro. Foi aprovada em agosto de 2012, a Lei de Cotas, que destina 50% das vagas das instituições federais de ensino superior a pretos, pardos e indígenas, populações historicamente desfavorecias por sua origem étnica.

Questões

01. (SEDU/ES – Professor de Geografia –

FCC) Segundo relatório do IBGE, a taxa de mortalidade infantil (TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes por mil nascidos vivos em 1990 e passou para 17,7 em 2011. O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro anos de idade.

A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica demográfica brasileira permitem afirmar que

(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI prevista pelos Objetivos do Milênio estabelecidos pela ONU.

(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011 teve grande influência no crescimento demográfico do país.

(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma relativa homogeneização das TMI em todas as regiões do país.

(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil tornar-se o país com menores TMI em toda a América Latina.

(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências, dentre as quais o aumento da base da pirâmide etária do Brasil.

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02. (IBGE – Agente de Pesquisas e Mapeamento – CESGRANRIO) Com o avanço da urbanização do território brasileiro, nas áreas metropolitanas, surgiu um processo demográfico caracterizado pela migração diária de população trabalhadora entre municípios próximos, dependente, em grande medida, dos transportes coletivos e de massa.

Esse movimento de população é denominado (A) imigração (B) migração de retorno (C) transmigração (D) migração pendular (E) transumância

03. (IBGE – Tecnologista – Geografia –

FGV) Na organização do espaço urbano brasileiro na contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada por duas lógicas, a da localização dos empregos nos núcleos das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas periféricas. A incorporação de novas áreas residenciais, o aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes magnitudes que aglutinam diferentes unidades espaciais. Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294 arranjos populacionais no País, formados por 938 municípios e que representam 55,9% da população residente no Brasil em 2010.

Os critérios utilizados na identificação dos arranjos populacionais empregam a noção de integração, medida: pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo e/ou pela contiguidade urbana;

(A) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos responsáveis por domicílio;

(B) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das empresas de serviços à produção;

(C) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da População Economicamente Ativa;

(D) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens, mercadorias, informações e capitais.

04. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já

ultrapassou a etapa de elevado crescimento vegetativo e, sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa dinâmica da sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as políticas públicas. A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a afirmativa correta:

(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.

(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no setor secundário da economia.

(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades diminuíram em face das medidas governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.

(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.

(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento econômico existente entre as várias regiões do país.

05. (Instituto Rio Branco – Diplomata –

CESPE) Os recentes levantamentos demográficos no Brasil e em diversos países do mundo indicaram tendência de reversão do esvaziamento da zona rural e, em alguns países, verifica-se até discreto crescimento da população rural. No Brasil, essa nova dinâmica, excluindo-se a fundamentação de base agrária, deve-se à.

(A) configuração de novas atividades rurais relacionadas à vida urbana, como turismo, lazer, mercado imobiliário e serviços.

(B) violência urbana, que tem provocado uma inversão do êxodo rural e, em consequência, na redução no processo de urbanização brasileira nos cinco últimos anos.

(C) ligação da agricultura à indústria de alimentos, sem desconfigurar os setores agrícolas tradicionais, como as unidades familiares de subsistência.

(D) atual expansão agrícola ou expansão das fronteiras de recursos do Centro-Sul em direção ao Nordeste e ao Norte do país, com dissolução de grande parte dos problemas agrários históricos.

(E) baixa possibilidade de aquisição de moradia nas cidades brasileiras, especialmente nas pequenas e médias cidades.

Gabarito

01. A / 02. D / 03. A / 04. E / 05. A

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Os estudos dos transportes na ciência

geográfica ajudam a compreender as

transformações e/ou as interações espaciais

dos fluxos de pessoas, de bens, de serviços e

de informações no espaço geográfico.

A inter-relação espacial das redes de

transportes e de comunicações contempla o

dinamismo socioeconômico dos fluxos entre os

setores de comércio/consumo, de produção e

de circulação10.

O desenvolvimento dos estudos dos

transportes na Geografia, segundo Ullman

(1954), surgiu quando a Geografia passou a se

preocupar com as conexões e as interações

espaciais dos meios de transportes e de

comunicações, levando à compreensão dos

processos e fornecendo uma visão nova e

aprofundada nas interpretações dos conjuntos

de mercadorias e de passageiros que estão

em constante movimento na superfície

terrestre.

Diante do chamado mundo em movimento, a

Geografia dos Transportes foca-se nos estudos

dos sistemas de transportes e nos seus

impactos socioespaciais, considerando os

aspectos que envolvem os movimentos e as

constantes transformações no espaço

geográfico por meio da dinâmica espacial da

estrutura de organização das redes, dos fluxos

de pessoas, de mercadorias e de informações;

e também dos impactos ambientais

provocados pelos sistemas de transportes

(HOYLE, KNOWLES, 2001; PONS, REYNÉS,

2004; RODRIGUE, COMTOIS, SLACK, 2006).

A Geografia dos Transportes pode ser

definida pela essência dos estudos

relacionados aos aspectos espaciais dos

sistemas de transportes, uma vez que o

transporte é inerentemente espacial e vai se

desenvolvendo diante das necessidades de

localização das pessoas e de bens em

determinados lugares no espaço geográfico.

Dessa forma, as pessoas raramente estão

localizadas nos mesmos lugares nos quais se

encontram as coisas que elas querem ou que

necessitam.

Os sistemas de transportes são expressões

das necessidades de vincular a oferta e a

demanda através da manifestação do desejo das

pessoas de ter acesso aos bens e aos serviços, e

até mesmo de manter as relações econômicas e

sociais entre elas (SHAW; KNOWLES;

DOCHERTY, 2008).

No contexto das trocas de bens e de serviços,

os sistemas de transportes têm um papel

importante na viabilização espacial dos fluxos

de matérias-primas, bens acabados e

semiacabados na esfera local, regional,

nacional e internacional.

Esses fluxos no mercado mundial ocorrem

por meio das exportações e das importações,

que constituem o comércio internacional.

O comércio internacional é caracterizado pelo

sistema de trocas representado pelas compras e

pelas vendas internacionais de bens e de

serviços que são realizadas por dois ou mais

agentes econômicos residentes em países

distintos. Além da negociação das mercadorias,

ocorre também a utilização do transporte

internacional e das operações financeiras

(SOARES, 2004).

No comércio internacional, as trocas

ultrapassam as fronteiras nacionais dos países por

meio das exportações e das importações de

mercadorias e de serviços. Nesse contexto, Ratti

(2000) destaca que a exportação é caracterizada

pela remessa de mercadorias de um país para

outro, que inclui a venda de bens e também os

serviços ligados à exportação, como fretes,

seguros e serviços bancários. Enquanto a

importação é caracterizada pela entrada de

mercadorias e de serviços em um determinado

país, adquiridos no exterior.

Para explicar os princípios das trocas

internacionais na economia mundial, é importante

frisar que nenhum país é autossuficiente em

produção para abastecer seu mercado interno,

tornando-se necessárias as trocas de bens e de

serviços entre os países envolvidos nas relações

econômicas internacionais. Considerando que

cada país está envolvido em diferentes níveis de

comércio internacional, vendendo a sua produção

para o exterior e também comprando no mercado

externo o que não é produzido no seu mercado

interno, constituindo assim, uma flexível e

Aspectos econômicos gerais: comércio; recursos naturais e extrativismo mineral; fontes de energia; indústria; agricultura

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complexa rede de trocas comerciais no espaço

geográfico mundial (RODRIGUE, COMTOIS,

SLACK, 2006). A heterogeneidade na

distribuição espacial das atividades produtivas

mantém as inter-relações das compras e das

vendas de bens e de serviços no cenário

internacional.

O crescimento do comércio internacional eleva

também a demanda por meios de transportes, de

preferência, rápidos, seguros e de baixo custo,

para a promoção dos fluxos de mercadorias,

que são viabilizados por uma complexa rede de

transportes.

Na ciência geográfica, as redes de

transportes são formadas por um quadro de

rotas em um sistema de localizações, que são

identificadas como nós, sendo as rotas

constituídas por uma ligação mínima entre dois

nós, que são parte de uma grande rota, referindo-

se às rotas mais tangíveis, formadas pelas

rodovias e ferrovias; ou rotas menos tangíveis,

formadas pelos corredores aéreos e marítimos

(RODRIGUE, COMTOIS, SLACK, 2006).

Na estrutura das redes de transportes, as

ligações são as próprias instalações viárias,

constituídas pelas hidrovias, rodovias, ferrovias

e aerovias; enquanto os nós são representados

por cidades ou por terminais de cargas e/ou

passageiros que são interconectados através de

um determinado conjunto de ligações. Estas

ligações e os nós promovem acessibilidade aos

lugares, e também viabilizam os fluxos de

veículos, de passageiros e de mercadorias, que

circulam constantemente, ou em determinado

período, nos sistemas de transportes (TAAFFE,

GAUTHIER, O`KELLY, 1996). Essas redes de

transportes são constituídas por um sistema

arterial de organização espacial, por meio de

rotas viárias que articulam os arcos e os nós na

estrutura da rede, tornando-se um foco de

atração, de geração e de distribuição dos fluxos

que, consequentemente, viabilizam também a

circulação de pessoas, de bens e de serviços

pelas diversas redes (PONS, BEY, 1991; PONS,

REYNÉS, 2004).

Nas redes de transportes, as ligações, os

nós, a acessibilidade aos nós e os fluxos

promovem as interações espaciais, estruturando

as ligações dos sistemas de fluxos de pessoas,

de bens e de serviços no espaço geográfico da

escala local à internacional, ou vice e versa.

Na formação estrutural das redes de

transportes, cada modalidade de transporte forma

ou tem a sua própria rede, que pode ser

caracterizada de forma segmentada, como rede

rodoviária, ferroviária, marítima, aeroviária,

hidroviária e dutoviária.

No processo de interação espacial, no qual

ocorre a conexão de duas ou de mais

modalidades de transportes, encontra-se

constituída a complexa rede de transporte

intermodal, que é muito utilizada no transporte

internacional de cargas no cenário internacional,

principalmente entre as regiões intercontinentais.

O transporte intermodal realiza o

deslocamento de pessoas ou de cargas,

envolvendo uma interação espacial de origem e

destino, através de uma sequência constituída,

no mínimo, por dois modais de transportes, nos

quais a transferência de uma modalidade para

outra deve ser realizada em um terminal

intermodal. Além dos meios de transportes, os

terminais são um importante componente na

consolidação dos sistemas de transportes

intermodais, uma vez que a sua eficiência dá

vitalidade ao desempenho de toda a cadeia de

transportes (CRAINIC, KIM, 2007). Considerando

o transporte de cargas, Hoyle e Knowles (2001)

destacam que o transporte intermodal é

caracterizado através dos fluxos de mercadorias,

que envolvem uma interação espacial de origem e

destino, na medida em que uma unidade de

carga é transportada em pelo menos dois

modos de transporte diferentes, com contrato

para transpor o espaço geográfico. A sua principal

finalidade é a de fornecer um sistema de serviços

para fluxos contínuos, em que as vantagens

relativas de cada modo de transporte são

combinadas para produzir, de forma mais

eficiente e com menor custo, a prestação dos

serviços, de porta em porta, nos deslocamentos

de mercadorias.

As redes de transportes nas formas

segmentadas e/ou intermodais dão vitalidade aos

sistemas de trocas de bens e de serviços na esfera

internacional, principalmente por causa da

concentração ou da dispersão das atividades

produtivas – do setor primário, secundário e

terciário – no espaço geográfico, aproveitando as

vantagens comparativas em termos de

recursos, capital e trabalho em diferentes

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localidades mundiais.

Tipos de transportes utilizados no

Brasil Transporte Ferroviário

O transporte ferroviário no Brasil começou a

se expandir

durante o Segundo Império, no final do século

XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de

transporte é, em geral, 50%mais barato que o

transporte rodoviário.

Uma característica importante da malha

ferroviária brasileira é sua pequena

conectividade, ou seja, em geral, as ferrovias

brasileiras foram construídas interligando as

áreas produtoras aos portos, para facilitar

exportação de mercadorias. O maior

adensamento dessa rede de transporte também

coincide com a principal região brasileira

produtora de café no início do século XX: o

estado de São Paulo.

Mesmo ferrovias construídas recentemente

mantêm essa característica de não se

integrarem umas às outras, ligando apenas s

áreas produtoras aos portos.

A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o

controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA),

foram privatizadas.

Transporte Rodoviário

As rodovias constituem o principal meio de

transporte utilizado no Brasil, correspondendo a

60,5% de toda movimentação de cargas,

apesar de seus elevados custos de

manutenção.

A implantação das rodovias teve por

objetivo integrar rapidamente o vasto território

brasileiro, com o intuito de consolidar o

mercado consumidor interno, base para o

modelo de industrialização adotado em nosso

pais (substituição de importações).

Atualmente, são inúmeros os problemas

enfrentados pelos trabalhadores do transporte

rodoviário: roubos constantes de carga,

violência, estradas mal conservadas e mal

sinalizadas, baixo preço do frete, etc. os

prejuízos, às vezes, também são elevados e

estão associados às longas distâncias a serem

percorridas, ao péssimo estado de conservação

das vias que, por sua vez, geram aumento do

consumo de óleo diesel, gastos com consertos

dos veículos danificados em função de buracos

e elevado número de acidentes.

A partir de 1990, o governo federal começou a

fazer uma série de licitações com o objetivo de

estabelecer concessões para que a iniciativa

privada explorasse e mantivesse as rodovias

federais.

Transporte Hidroviário

O transporte hidroviário é o que apresenta

menores custos, desde que existam condições

favoráveis à sua implantação, como rios

potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos

plano e condições de navegabilidade dos rios.

Caso essas condições não existam, é possível

estabelecer a navegação a partir da construção de

eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS).

O Brasil possui cerca de 42.000 km de rios

navegáveis, localizados, sobretudo, na Região

Norte.

São vantagens do transporte hidroviário:

transportar grandes volumes a grandes

distâncias; preservar o meio ambiente;

implantação e frete mais baratos que os de outros

meios de transporte.

Recursos Minerais e Fonte de

Energia

A Natureza como Fonte de Recursos: As

sociedades e suas técnicas

Ainda que o desenvolvimento das técnicas,

acompanhado do expressivo avanço do

conhecimento científico dos últimos dois séculos

tenha se tornado uma característica marcante dos

mais diversos setores da nossa sociedade, não

podemos esquecer que nem todas as sociedades

evoluíram tecnicamente da mesma forma. Ainda

hoje, existem diversas delas que garantem sua

subsistência por meio de técnicas rudimentares e

pouco elaboradas. Como exemplo, temos as

agrícolas tradicionais, que vivem da caça, da pesca e

da coleta, e se dedicam quase que

exclusivamente ao cultivo de subsistência, e as

sociedades que sobrevivem do pastoreio

nômade.

Ao longo de sua história na Terra, o ser

humano vem acumulando e adquirindo novos

conhecimentos e habilidades, assim como,

aprimorando e desenvolvendo instrumentos e

técnicas de trabalho para extrair da natureza os

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recursos necessários à sua sobrevivência. Além

disso, necessita garantir sua existência por meio da

produção de alimentos, construção de moradias,

fabricação de roupas, utensílios, ferramentas de

trabalho, etc.

Nos últimos dois séculos, porém, com os

constantes avanços científicos e tecnológicos

da sociedade capitalista industrial, as condições

técnicas foram aprimoradas a um ritmo jamais

alcançado antes. Ao serem aplicadas no processo

produtivo, essas técnicas ampliaram de forma

extraordinária a capacidade humana de intervir

e, consequentemente, de explorar com maior

intensidade os recursos naturais, a exemplo dos

solos, crescentemente aproveitados para a

formação de lavouras e pastagens e das fontes

hídricas, cada vez mais exploradas para pesca,

navegação, irrigação de cultivos, abastecimento

de cidades ou, ainda, para a geração de energia

elétrica.

Tudo o que a sociedade humana utiliza para

produzir os bens de que precisa ou de que faz uso

são obtidos de elementos existentes na natureza,

também chamados recursos naturais.

“Falar de recursos naturais é falar de recurso

que, por sua própria natureza, existem

independentemente da ação humana e, assim, não

estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de

quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES,

Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de

Janeiro: Record, 2004, p.66).

A exploração dos recursos naturais

promovida pelas atividades humanas começou

a se tornar mais intensa nos últimos 250 anos, a

partir da Revolução Industrial. A expansão da

produção econômica, apoiada principalmente no

desenvolvimento das atividades industriais,

promoveu o aumento da produção em larga

escala, exigindo, como consequência, a

utilização cada vez maior de matérias primas e de

fontes energéticas cuja exploração alcançou

níveis sem precedentes em toda a história.

Com o advento da sociedade industrial e o

desenvolvimento científico e tecnológico

voltado para o aumento crescente da

produção, arraigou-se na sociedade capitalista

a ideia da natureza como fornecedora de

recursos econômicos, vistos como bens que

podem ser explorados a fim de gerar riquezas e

lucros. Com essa mentalidade estritamente

econômica, a natureza passou a ser tratada

como um simples estoque de matérias-primas,

fonte inesgotável de recursos necessários para

sustentar e garantir a própria reprodução do modo

de produção.

Dessa forma, a lógica que sustenta o

industrialismo econômico em expansão ao

longo dos últimos séculos está centrada na

concepção de natureza como recurso infinito e

inesgotável. Isso significa, portanto, que o sistema

econômico moderno está organizado e orientado

para a utilização cada vez mais eficaz da natureza

e de seus recursos. Assim, pode-se dizer que as

raízes do intenso processo de degradação da

natureza e o agravamento dos problemas

ambientais que presenciamos em nossa época

ligam-se diretamente a esse modelo econômico

predatório do ponto de vista ambiental.

De maneira geral, os recursos naturais

podem ser classificados ou agrupados e duas

categorias:

Recursos Naturais Renováveis: aqueles

que podem ser repostos ou recriados

(renovados) pela natureza em um período de

tempo relativamente curto, desde que utilizados de

maneira racional. Entre esses recursos estão

florestas, solos e fontes hídricas (rios, lagos,

oceanos);

Recursos Naturais Não Renováveis:

aqueles que não podem ser repostos pela

sociedade e que levam milhões de anos para

serem repostos pela natureza. Os minerais,

como bauxita, ferro, ouro, etc.; e os combustíveis

fósseis, como o petróleo, são exemplos de

recursos que vão se esgotando à medida que

são extraídos da natureza.

De modo simples, podemos entender por

indústria “o ato de transformar, com ajuda de um

certo trabalho, a matéria- prima em bens de

produção e consumo”.

As indústrias podem ser divididas em:

a) Extrativas: Aquelas que extraem certos

produtos da natureza, sem, contudo, alterar

suas características. Compreendem dois tipos

principais: a indústria extrativa vegetal e a

indústria extrativa mineral.

b) De Transformação: São aquelas que

transformam as matérias-primas em bens.

Compreendem dois tipos: as indústrias de bens

de consumo e as indústrias de bens de

produção.

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A importância da mineração no contexto da

economia nacional é reforçada quando se

verifica o valor da produção da indústria de

transformação mineral (metalurgia, siderurgia,

fertilizantes, cimento, petroquímica, etc.).

Os recursos minerais, as fontes de energia e os

impactos ambientais

Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar

basicamente dois tipos de minerais: os fósseis e

os não-fósseis. Os minerais fósseis são aqueles

originários da decomposição de restos de

animais e vegetais que ficaram depositados em

camadas de rochas sedimentares como o

carvão, o petróleo e o xisto. Já os minerais não-

fósseis são os compostos químicos metálicos e

não-metálicos que se consolidaram no interior

das rochas, geralmente cristalinas, como, por

exemplo, o ouro, o manganês, o ferro, o silício,

o caulim.

Isso significa que os diversos elementos vão

surgir em uma determinada região, de acordo

com o tipo de formação geológica do local. É

evidente que, quanto maior for a área de um

país, maior será a possibilidade desse país

contar com todos os tipos de rochas e assim

possuir todos os tipos de minerais.

Entretanto, mesmo para um país de enormes

dimensões como o Brasil, que contém todos os

tipos de rochas, os minerais não surgirão na

quantidade que a nossa economia exige. Assim,

poderíamos classificar os minerais quanto à

disponibilidade em três tipos:

a) abundantes: aqueles que surgem em

enormes quantidades, sendo usados tanto

internamente quanto exportados, como por

exemplo, o ferro, o manganês, o alumínio, o

nióbio.

b) suficientes: os que existem em quantidade

suficiente apenas para o abastecimento interno,

não podendo ser exportados.

c) carentes: aqueles cuja quantidade seja

insuficiente para atender às necessidades internas

como, por exemplo, o carvão mineral.

A importância dos Recursos Minerais

Os recursos minerais são vitais para o

desenvolvimento de um país, por sua

importância como matéria-prima para a indústria

– em particular para os setores industriais de base,

como a metalurgia e a química pesadas (assim

qualificadas por utilizarem muita matéria-prima. Na

primeira, destacam-se as unidades produtivas

voltadas para a fabricação de metais como aço,

alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na segunda,

aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como

o sulfúrico, o nítrico e o clorídrico.

Minerais metálicos e não-metálicos

Como observamos, segundo a sua composição,

os recursos minerais classificam-se como

metálicos – como ferro, manganês, cobre e

estanho. E não-metálicos – como enxofre,

calcário e cloreto de sódio.

As rochas em cuja composição a incidência de

minerais metálicos é suficiente para viabilizar sua

exploração econômica denominam-se minérios

metálicos. São exemplos a hematita (minério de

ferro), a bauxita (minério de alumínio) e a cassiterita

(minério de estanho).

A produção siderúrgica é uma das mais

importantes no processo industrial brasileiro. Sua

implantação, porém, é de custo muito elevado, o

que fez com que o Estado assumisse essa

incumbência nas décadas de 1940 a 1970.

O minério de ferro é a base da produção do

aço, o que explica a implantação das siderúrgicas

bastante próximas das grandes jazidas desse

minério.

Como as produções minerais têm caráter

estratégico no processo industrial, historicamente

os países desenvolvidos buscaram controlar

reservas minerais dentro e também fora dos seus

limites territoriais. A ação das suas empresas

mineradoras é bastante sensível nos países

subdesenvolvidos, que dispõem de grandes

reservas minerais mas de recursos escassos para

explorá-las.

O Brasil, enquadrado nessa descrição, teve de

acolher muitas empresas estrangeiras do setor

mineral.

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A produção mineral brasileira

O Brasil é um dos países mais ricos do

mundo em quantidade e diversidade de

recursos minerais, dentre os quais se destacam

os minérios de ferro, de estanho, de

manganês e de alumínio.

Um aspecto revelador da importância dessa

atividade na economia brasileira é a

participação relativa da sua produção e da

produção dos metais no total exportado pelo

país, destacando-se dentre as exportações os

minérios de ferro, de alumínio e de manganês e,

entre os metais, o aço e o alumínio

A dependência externa do setor mineral é

relativamente pequena (ao contrário do que

ocorre com os recursos energéticos, como o

petróleo e o carvão), porque o Brasil importa

apenas alguns produtos cuja produção nacional

ainda não basta para atender as exigências do

mercado interno,

como cobre, enxofre e mercúrio.

Os principais minérios do Brasil

Ferro:

O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos.

Seus principais minérios são:

Magnetita, com 72,4% de teor de ferro; Hematita,

com 70,0% de teor de ferro; Limonita, com 59,9%

de teor de ferro; Siderita, com 48,0% de teor de

ferro.

A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi

revelada no final do século XVIII e o seu

aproveitamento teve início na segunda década

do século XIX, em Minas Gerais.

Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das

reservas mundiais, classificando-se em 5º lugar

entre os países detentores do maior volume de

minério. Porém, devido ao alto teor de ferro

contido em seus minérios, do tipo hematita e

itabirito (60%), o Brasil ocupa posição

privilegiada em relação ao ferro produzido

mundialmente. Entre os produtores e

exportadores, o Brasil coloca-se entre os

maiores.

As grandes jazidas do Brasil encontram-se

em Minas Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará

(Serra dos Carajás) e Mato Grosso do Sul (Morro

do Urucum).

Manganês:

O manganês é um metal encontrado na crosta

terrestre em formas combinadas (óxidos,

silicatos, carbonatos, etc.). A quantidade de

minerais de manganês é muito grande (mais de

100), sendo o principal a pirolusita.

A principal utilidade do manganês (95%) é na

indústria siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de

minério de manganês para cada 1 tonelada de

aço. Devido ao seu grande emprego, é um

minério considerado estratégico, sendo que os

maiores consumidores (EUA, França, Alemanha,

Inglaterra e Japão) não possuem grandes

reservas, exceto a Rússia.

As reservas brasileiras são cerca de 53.790

mil toneladas (cerca de 1,07% das reservas

mundiais). As principais jazidas estão: na Serra

dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro

(MG).

O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás

da África do Sul (a maior do mundo), Ucrânia,

Gabão, China e Austrália.

Outros Minérios

Alumínio

O alumínio é um metal branco, leve e que não se

deixa tocar pela corrosão. É utilizado pela

indústria elétrica, material de transporte,

construção civil, utensílios domésticos, etc.

O principal minério é a bauxita. De um total de

reservas mundiais de 28,8 bilhões de toneladas,

o Brasil possui depósitos de bauxita de boa

qualidade avaliados em 3,8 bilhões de toneladas,

ou seja, 13,5% do total, sendo o terceiro país em

reservas de alumínio. Os depósitos encontram-

se principalmente nas áreas do rio Trombetas, de

Paragominas, Juriti e Almerim, todas na região

Amazônica, e em Poços de Caldas e Muriaé

(MG), Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa

Catarina. Em 1996 houve um acréscimo de

20,5% na produção brasileira

(aproximadamente 2 milhões de toneladas),

principalmente em razão do incremento na

produção da Mineração do Rio do Norte

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S.A. (MRN), uma das mais importantes

empresas produtoras, respondendo por

78,6% do total produzido pelo país naquele

ano. Outra grande empresa é a Companhia

Brasileira de Alumínio S.A. (CBA), com 10,1%

do total de 1996.

No que se refere ao metal propriamente dito, o

alumínio (metal primário), a produção brasileira

apresentou uma variação não muito significativa,

passando de 1,18 pra 1,19 milhão de toneladas,

mas que nos situou em quinto lugar (5,8%) na

produção mundial.

Cobre:

É um metal conhecido desde os primórdios dos

tempos da metalurgia, em razão da facilidade de

sua obtenção e pelo seu poder de combinação

com outros metais, resultando em famílias de

bronzes, latões e alpacas.

Tem por características principais a

dificuldade de corrosão, alto grau de

condutibilidade térmica e elétrica, maleabilidade

tanto a quente quanto a frio e é facilmente

soldável. Tornou-se o terceiro metal de maior

consumo, sendo superado apenas pelo ferro e

pelo alumínio.

Os principais minerais do cobre são sulfetos

contendo de 0,5% a 2,0% de cobre (a

calcopirita ou cuprita é um dos mais importantes).

As principais reservas de cobre do mundo

estão situadas no Chile, com 27,3%, e Estados

Unidos, com 15,1%, perfazendo quase metade

das reservas mundiais (42,4%). Entretanto, uma

razoável quantidade desses minérios encontra-

se nos países do terceiro mundo, fazendo

destes os maiores fornecedores para os países

do primeiro mundo (maiores consumidores).

O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma

produção de

46.000 t, que representa, aproximadamente,

0,4% da produção mundial, tem nesse metal

uma de suas principais carências, sendo um

importante comprador no mercado mundial.

As maiores jazidas de minério de cobre no

Brasil são a de Camaquã (RS), a de Caraíba (BA)

e a de Carajás (Pará).

Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil

são: o Chile, o Canadá, o Peru e o México.

Estanho:

Metal brilhante de aparência semelhante à

prata. Extremamente maleável, facilmente

amoldável e fusível (dos metais é o que tem um

dos mais baixos pontos de fusão). O estanho é

conhecido desde a Grécia Antiga e era ali

considerado precioso juntamente com o ouro e a

prata. Geralmente é utilizado na indústria elétrica,

na fabricação de ligas metálicas, empregado com

o revestimento em outros metais a fim de evitar a

corrosão (principalmente nas folhas-de-flandres).

Até meados dos anos 60, o Sudeste Asiático

reunia os maiores produtores do metal, com

Malásia, Indonésia, Tailândia e China entre os mais

importantes. Nessa época, a maior exploração

brasileira era realizada por garimpagem no Estado

de Rondônia. Em 1971, a garimpagem foi proibida

e uma modificação na estrutura produtiva resultou

num aumento significativo da produção brasileira,

tendo-se o estanho tornado o principal metal não-

ferroso a suprir a demanda interna (consumo

local), passando a ser exportável.

Os maiores produtores do minério de estanho

no Brasil, a cassiterita, são os Estados do

Amazonas, responsável por 60%, e Rondônia,

com 40% (estanho contido). Em relação à

produção do estanho metálico, São Paulo é o

principal responsável, com a empresa Mamoré e

Metalurgia S.A. respondendo por 83% dessa

produção e a ERSA de Ariquemes

– RO com 14%.

Chumbo

O chumbo é um metal conhecido desde a

Roma Antiga e possui certos caracteres

marcantes que o diferencia de outros metais:

baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a

ser facilmente riscado pela unha) e possui uma

alta capacidade de combinação com outros

metais, originado ligas com as mais diversas

aplicações. É utilizado na indústria de baterias,

cabos e isolantes para instalações nucleares. Ao

contrário de outros metais, tem tido o seu uso

reduzido (como aditivo na gasolina).

O minério de onde mais se extrai o chumbo é

a galena (sulfeto de chumbo – PbS).

As reservas brasileiras desse metal são

pouquíssimas e pouco significativas, somando,

em metal contido, algo em torno de 350 mil

toneladas.

Ouro:

Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e

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trabalhado pelo homem em razão de suas

propriedades como dureza, maleabilidade,

ductilidade e um dos metais de mais antiga

exploração na América e também no Brasil.

Utilizado na indústria de ferramentas médicas,

ourivesaria e na indústria eletrônica de

precisão.

A exploração de ouro no País de faz

principalmente por garimpagem (ouro de

aluvião, o mais frequente) principalmente nos

rios da Amazônia, o que tem trazido sérios

problemas de destruição ambiental em função

do excesso de mercúrio lançado aos rios.

Os maiores produtores mundiais de ouro são:

África do Sul, Estados Unidos, Austrália e

Rússia. O Brasil, no ano de 1996, apresentou

uma redução de 6% em relação ao ano

anterior, tendo produzido 60 toneladas, com

41 toneladas de participação de empresas de

mineração (41 no total, entre elas a CVRD, Grupo

Morro Velho, Rio Paracatu Mineração,

Mineração Serra Grande) e 19 toneladas dos

garimpos.

Nossas principais áreas produtoras estão em

Minas Gerais, na Serra de Paracatu e

Quadrilátero Ferrífero, Goiás e no Estado da

Bahia. O Pará, após a grande produção na mina

a céu aberto de Serra Pelada, viu suas reservas

acabar rapidamente.

Sal Marinho

Ocupa uma posição de destaque no setor

da indústria extrativa mineral; é utilizado na

pecuária, na alimentação humana e na

indústria química.

As principais áreas produtoras são Rio

Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Fontes de Energia Energia

Renovável e Não-Renovável

A maior parte da energia produzida no

mundo (mais de 80%) é obtida de fontes não-

renováveis, isto é, que não podem ser repostas –

como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão

mineral, gás natural) e os minérios radioativos

(urânio, tório). Dentre as fontes renováveis,

ainda pouco aproveitadas, destacam-se a

energia elétrica de origem hidráulica e a

biomassa (que abrange, entre outras matérias

orgânicas, a lenha, o carvão vegetal, o álcool e

o bagaço de cana).

O Brasil é relativamente pobre em recursos

energéticos não-renováveis: as suas reservas de

minerais radioativos são expressivas, mas as de

combustíveis fósseis são relativamente

pequenas. Entretanto o país é muito rico em

recursos energéticos renováveis, principalmente

de origem hidráulica, pois é bem servido de rios

planálticos, com muitas quedas- d‟água, e assim

as bacias hidrográficas em geral têm levada

potência hidrelétrica.

Petróleo: Origem e Importância

Em períodos geológicos distantes, restos de

animais e vegetais (plâncton) depositaram-se no

fundo de mares e lagos.

Sofrendo intensa sedimentação, calor,

pressão e a ação de microrganismos, essa

matéria orgânica transformou-se em petróleo –

um óleo natural, constituído principalmente de

hidrocarbonetos, necessário tanto para a

obtenção de gasolina, óleo diesel, querosene e

gás de cozinha, como para a fabricação de

plásticos, borrachas sintéticas, fertilizantes,

inseticidas, pesticidas e alguns tipos de

medicamentos e produtos químicos.

A exploração econômica de uma jazida petrolífera

depende de uma conjunção de fatores: existência

de rocha-mãe, condições propícias à

transformação química e bioquímica (temperatura

e pressão), ocorrência de processos migratórios

(presença de água), existência de rocha porosa e de

estruturas acumuladoras (suaves dobramentos).

Como fonte de energia e matéria-prima, trata-

se de um produto estratégico, por ser indispensável

para os transportes e as indústrias em todo o

mundo. Em razão disso, em praticamente todos

os países, sua exploração só pode ser realizada,

mesmo por empresas privadas, com autorização

governamental – ou melhor, ela é regulamentada

pelo Estado. Não-renovável e distribuído de forma

desigual pela natureza, o petróleo ganhou tal

importância no contexto econômico mundial ao

longo do século XX, que já motivou diversos

conflitos internacionais.

O Petróleo no Brasil

A história do petróleo no Brasil confunde-se

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com a da Petrobras, criada pelo governo Getúlio

Vargas em 1953, numa conjuntura política

marcada pelo nacionalismo. Em defesa da

soberania nacional na exploração do petróleo

presente no sobsolo brasileiro, estabeleceu-se

que a empresa responsável pelo setor seria uma

companhia mista, devendo pertencer à União,

por lei, no mínimo 51% das suas ações.

Nos artigos da Constituição de 1988

referentes às atividades petrolíferas sob

monopólio estatal, observa-se que os contratos de

risco (autorizados na década de 1970) foram

eliminados, o que impediria a participação de

empresas particulares, nacionais ou

estrangeiras, no processo de prospecção e lavra

do petróleo, em território nacional.

Com as transformações de cunho neoliberal

que marcaram os anos de 1990 no país, o

monopólio estatal do petróleo passou a ser

questionado por poderosas forças políticas e

econômicas nacionais. Assim, por uma emenda

constitucional de 1995, aprovada no Congresso

Nacional em dois turnos (primeiro na Câmara

Federal e depois no Senado), a União agora

pode contratar empresas privadas ou estatais,

nacionais ou estrangeiras, para atuar no setor

petrolífero, que a Petrobrás dominou com

exclusividade por 42 anos.

Entretanto, a importância dessa empresa, que é

a maior da América Latina, não deve diminuir.

Além de não haver concorrente nacional ou

internacional capaz de lhe fazer frente na

exploração do petróleo brasileiro, ela atua, por

meio de subsidiárias, também nos setores de

distribuição de derivados (Petrobrás

Distribuidora), produção petroquímica

(Petroquisa), prospecção e exploração de petróleo

no exterior (Braspetro), entre outros.

As Reservas e Produções Brasileiras

de Petróleo

As reservas de petróleo do Brasil já

comprovadas são de aproximadamente 12

bilhões de barris. Comparadas com as das

grandes áreas produtoras no mundo – como o

Oriente Médio, cujas reservas são pequenas,

mas a nossa produção (em torno de 1,7 milhão

de barris/dia) supre cerca de 90% do consumo

interno.

A maior parte dessa produção provém da

plataforma continental, destacando-se dentre as

principais áreas produtoras as bacias dos estados

do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia

(Recôncavo Baiano), Ceará, Espírito Santo,

Alagoas e, mais que todas elas, a bacia de

Campos, no Rio de Janeiro, responsável por

mais da metade da produção nacional.

Foi sobretudo graças à intensificação dos

trabalhos de prospecção em águas profundas,

em particular nessa bacia, que as reservas

brasileiras saltaram de aproximadamente 760

milhões de barris, em 1975, para o volume atual.

Programa Nacional do Álcool – Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi

definido em 1975 e teve sua implantação

acelerada em 1979, com o segundo choque do

petróleo, cujos efeitos desastrosos se pretendia

minimizar usando álcool como fonte energética

alternativa – seja misturado à gasolina em

substituição ao chumbo tetraetila, altamente

poluente, à proporção de 23% (álcool anidro, isto

é, sem água), seja substituindo a própria gasolina

(álcool hidratado ou etanol), como combustível

de veículos especialmente fabricados para esse

fim.

Para expandir a produção, era preciso ampliar a

cultura da cana-de-açúcar, e o governo

canalizou esforços para as tradicionais áreas de

concentração das usinas, como o planalto

Ocidental Paulista e a Zona da Mata nordestina.

O setor usineiro, interessado em ampliar a

produção e o mercado, aderiu à proposta

governamental, incluindo-se entre os beneficiários

dos investimentos destinados aos setores

ligados à produção do álcool no país, na forma de

créditos ou subsídios, num montante que se

acredita ter superado 10 bilhões de dólares.

Todas as metas estabelecidas foram

cumpridas e até extrapoladas. Para se ter uma

ideia, em 1985, no auge do programa, cerca de

91% dos veículos produzidos no país eram

movidos a álcool. Mas, a partir de 1986, com o

declínio dos preços internacionais do petróleo, o

resultado de tanto esforço começou a cair por terra,

e vários aspectos do Proálcool foram

questionados, especialmente os seguintes:

* Em muitos casos, a expansão da cultura da

cana ocupou espaços agrícolas antes usados

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para o cultivo de gêneros alimentícios;

* O álcool substitui a gasolina, mas não o

petróleo, e sua produção depende de

derivados petrolíferos, pois os caminhões que

transportam a cana e distribuem o álcool são

movidos a diesel;

* O uso do álcool gerou excedentes de

gasolina de difícil comercialização, uma vez que

os baixos preços desse derivado no mercado

internacional eram incompatíveis com os altos

custos da Petrobrás.

Nesse contexto, a manutenção do

Proálcool passou a depender de subsídios

governamentais e da vontade política da

Petrobrás de arcar com pesados prejuízos na

sua revenda.

No início dos anos de 1990, entre outras

medidas drásticas,

o governo orientou as montadoras de

automóveis a priorizar a produção de carros a

gasolina – e em 1996(quando o barril de álcool

custava 34 dólares, contra 19 dólares do barril

de gasolina) apenas 4,6% dos veículos

produzidos no Brasil eram a álcool.

A situação agravou-se em 1997 com a

resolução do governo de suspender os

subsídios direcionados ao setor produtor de

álcool, ameaçando a sobrevivência de muitas

usinas em funcionamento no país.

Nos anos 2000, a produção de álcool

combustível cresceu de forma bastante rápida,

tanto no Brasil como no resto do mundo, o que

resultou em uma produção da ordem de 46

bilhões de litros. Entre os fatores responsáveis

por tal crescimento está a elevação acelerada

nos preços mundiais do petróleo, o que levou a

uma maior procura por fontes alternativas e, no

Brasil, a criação de carros bicombustíveis

(flex), expandido o mercado consumidor interno

de álcool.

Carvão Mineral

O carvão mineral é um combustível fóssil

originado do soterramento de antigas florestas,

em ambiente com pouco oxigênio,

particularmente no período Paleozoico

(permocarbonífero). Dependendo das condições

ambientais e da época da sua formação, ele

pode ser encontrado em diferentes estágios,

como a turfa, o linhito, a hulha e o antracito.

As reservas brasileiras são relativamente

pequenas e de baixa qualidade, pois apresentam,

como regra, baixo poder calorífico e alto teor de

cinzas, o que dificulta seu aproveitamento como

fonte energética ou como matéria- prima no setor

siderúrgico.

Em razão dessas deficiências, o país importa

50% do carvão mineral que consome.

As maiores reservas de carvão mineral do

Brasil ocorrem nos terrenos permocarboníferos do

Sul.

O carvão brasileiro tem baixa qualidade, é

altamente poluente, e seu aproveitamento envolve

elevados custos de transporte. Por isso, só foi

cogitado seriamente como fonte energética em

épocas de crise.

Foi o que se viu na década de 1970, quando os

choques do petróleo fizeram que se atentasse

para as reservas sulinas, particularmente as de

carvão vapor, antes tratadas como entulho, por

falta de consumo.

Para incrementar a produção e o consumo,

foram então adotadas diversas medidas, como:

oferta de financiamentos e facilidades às

companhias carboníferas que elevassem o nível

técnico da extração; instalação de termoelétricas,

sobretudo próximo às áreas produtoras de carvão

(o que explica a concentração de tais usinas no sul

do país); incentivos à vários setores industriais para

substituírem o óleo diesel por carvão vapor no

processo de aquecimento das caldeiras (caso das

indústrias de cimento); desenvolvimento no setor

carboquímico, para aproveitamento dos

subprodutos derivados no processo de extração

do carvão (caso da pirita carbonosa, composta de

ferro e enxofre).

O Gás Natural

As reservas de gás natural do Brasil, em 2005,

eram relativamente pequenas, da ordem de 326

bilhões de metros cúbicos, o que correspondia a

cerca de 40% das reservas de hidrocarbonetos no

país. O consumo também era relativamente

pequeno: a participação do gás natural na matriz

energética brasileira era próxima de 4,8%,

apenas, sobretudo porque ele foi historicamente

tratado no país como fonte energética de

importância secundária.

Por volta de 2007, graças ao avanço

tecnológico dos equipamentos que

possibilitavam o uso do gás natural, o Brasil,

acompanhando uma tendência mundial, procurou

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estimular o aumento da produção e do consumo

interno desse produto, visto ser o menos poluente

dos combustíveis fósseis. Em 1993, foi assinado

com a Bolívia um acordo de fornecimento com a

intenção de provocar expressiva elevação da

participação dessa fonte na matriz energética

nacional.

Segundo o Anuário 2005, a Agência Nacional

de Petróleo (ANP), O Brasil importou em 2004

cerca de 8 bilhões de m³ de gás natural, o que

representou 46% do consumo total do país.

Lenha e Carvão Vegetal

A produção de lenha e carvão vegetal é

ainda bastante expressiva no Brasil. A lenha é

utilizada principalmente no âmbito doméstico,

sendo mais da metade de seu consumo (cerca

de 56%) verificado na região Nordeste. O carvão

vegetal é empregado, sobretudo no setor

siderúrgico, sendo mais da metade do seu

consumo (cerca de 53%) observado no estado

de Minas Gerais.

O uso desses dois produtos tem sido

apontado como uma das causas do intenso

desmatamento que ocorre em nosso território.

Para compensar a perda das florestas nativas,

nas áreas siderúrgicas de Minas Gerais, as

empresas do setor passaram a ser obrigadas

a desenvolver um acelerado processo de

reflorestamento.

Desde o início do processo de ocupação

colonial, as florestas brasileiras vêm sendo

destruídas para ser utilizadas como fonte de

energia, na forma de lenha ou carvão vegetal. O

absurdo é que, depois de cinco séculos, ainda

exista esse tipo de utilização da vegetação que

resta no país.

Exploração Mineral e Problemas Ambientais

A formação das jazidas minerais resulta de

processos geológicos que ocorreram ao longo de milhões de anos. Elas constituem recursos esgotáveis e, se forem mantidos os atuais níveis de exploração mineral, em pouco tempo poderão faltar matérias-primas essenciais à transformação industrial.

Em várias regiões do mundo já são encontradas gigantescas áreas nas quais havia exploração mineral. Essas jazidas esgotadas ficam, muitas vezes, abandonadas, deixando um rastro de imensas crateras, nas quais o processo

de erosão tende a intensificar os danos ambientais. Em diversos países, as mineradoras que encerram suas atividades em determinada área de extração são obrigadas, por lei, a reflorestá-la. Contudo, esse reflorestamento não garante a recuperação do hábitat natural.

No Brasil, as mineradoras simplesmente abandonam as jazidas que se tornaram economicamente inviáveis, o que agrava os danos ambientais. O esgotamento de jazidas também aumenta as tensões sociais, pois deixa um grande número de trabalhadores sem emprego e, portanto, sem condições de sobrevivência.

Durante o processo de exploração, os problemas ambientais são imensos. Para dar início à exploração é necessária a devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que faz parte do seu ecossistema. Outro problema são os rejeitos – aquilo que não tem utilidade econômica numa jazida – depositados em qualquer local e transportados pelo ventou ou pela água das chuvas para outros lugares, atingindo os rios e provocando o assoreamento dos seus leitos.

Assoreamento é a deposição de sedimentos no leito de um rio, os quais podem impedir a livre circulação das águas, provocar cheias em determinados trechos e vazantes em outros. Os trechos assoreados acumulam dejetos dos mais diversos tipos, cuja decomposição contribui para a poluição das águas.

No Brasil, boa parte do garimpo de ouro ocorre em rios da Amazônia e do Pantanal. Os garimpeiros utilizam o mercúrio para agregar as pepitas menores, espalhadas na água. Depois de agregadas, o material é aquecido, o que permite separar o ouro do mercúrio.

O mercúrio é um metal líquido, altamente tóxico e, dependendo da quantidade ingerida pelo organismo humano, pode comprometer o sistema nervoso, provocar cegueira, debilidade mental e levar a pessoa à morte. Atinge, em primeiro lugar, o próprio garimpeiro; e, seguida, os peixes e a fauna do rio em que o garimpo é feito; e, por fim, as populações ribeirinhas e todos os que consomem o produto da pesca do rio contaminado.

Entre os diversos minerais explorados, o petróleo é, sem dúvida, o grande vilão do ambiente. Além da poluição causada pelo consumo de seus múltiplos derivados, são cada vez mais frequentes as tragédias ambientais decorrentes tanto do processo de extração como de distribuição. O derrame de óleo por navios petroleiros, que forma as chamadas “marés negras”, e o rompimento de oleodutos têm causado impactos ambientais de

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difícil reparação. Entre o final do século XX e o início deste

século, já ocorreram no Brasil diversos acidentes relacionados à extração e ao transporte de petróleo, como o naufrágio da plataforma P-36, na bacia de Campos (RJ) – principal região de produção petrolífera do país; e o rompimento do oleoduto da refinaria de Araucária (PR), que provocou o vazamento de cerca de um bilhão de litros de óleo para os rios Birigui e Iguaçu.

Um desses acidentes – o rompimento de um duto da refinaria de Duque de Caxias (RJ), que, em janeiro de 2000, poluiu a baía de Guanabara – é considerado o maior desastre ambiental marítimo do país; grande quantidade de óleo atingiu os manguezais, provocando a morte de muitos animais e vegetais. Esse acidente afetou a atividade pesqueira na região e a vida de milhares de pescadores.

Os sucessivos governos brasileiros ainda não adotaram uma ampla política para a exploração racional dos recursos minerais, a qual priorizasse o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da natureza e a conservação dessas jazidas.

A sociedade de consumo e o consumismo O modelo de acumulação capitalista calcado

na obtenção de lucros se reproduz, em grande parte, no aumento crescente dos níveis de produção e de consumo de bens e serviços. Mas essa expansão da sociedade de consumo em escala também crescente pode ser apontada como uma das causas estruturais da degradação ambiental contemporânea promovida pelo capitalismo.

A cultura do consumo, que se coloca como condição básica para a manutenção do mercado, depende do aumento da produção, o que, por sua vez, aumenta a pressão sobre os recursos naturais, acarretando os mais avariados impactos e problemas ambientais. Embora o consumo seja condição vital para que as pessoas satisfaçam suas necessidades básicas de sobrevivência (alimentos, roupas, medicamentos, moradias, escolas, hospitais, etc.), o modelo econômico e a lógica do mercado têm estimulado as pessoas a consumir exageradamente, o que nos permite dizer, portanto, que estamos vivendo em um mundo cada vez mais consumista.

Associado a um conjunto de práticas sociais, culturais e econômicas, esse comportamento consumista está inserido na lógica mercantil, sendo motivado por causas múltiplas. Na disputa pelo domínio de fatias cada vez maiores

do mercado, os segmentos produtivos utilizam inúmeros mecanismos e estratégias de venda. Por meio do marketing, por exemplo, anúncios publicitários veiculados na mídia (rádio, televisão, jornais, revistas, outdoors, etc.) procuram estimular o consumo, despertando nas pessoas o desejo de adquirir mais e mais produtos).

A rapidez com que as inovações tecnológicas ocorrem também contribui para o aumento do consumo. Com as empresas lançando produtos cada vez mais sofisticados e avançados do ponto

de vista tecnológico, as pessoas tendem a substituir produtos ainda novos pelos que acabam de chegar às lojas do comércio. Estrategicamente planejado pelas empresas, o lançamento de novos produtos que inundam as lojas do comércio aumenta em muito suas vendas gerando, portanto, novos hábitos consumistas.

Mas, para garantir essa expansão do consumo e estimular as pessoas a comprar cada vez mais, o mercado também se encarregou de criar inúmeras estratégias de venda. Os estabelecimentos comerciais, sobretudo as grandes redes, apostam na realização de promoções e liquidações e oferecem formas de pagamento “facilitadas” como crediários, prestações, parcelamento em cartões de crédito, etc. as instituições financeiras, por outro lado, oferecem linhas de crédito, como financiamento e empréstimos que permitem a aquisição de produtos sem que o consumidor tenha de fazer o pagamento imediato da compra. Embora essas opções facilitem o acesso ao consumo, elas induzem ao consumismo, aumentando também o endividamento individual, uma vez quem muitos consumidores acabam tendo dificuldades de efetuar o pagamento dos compromissos assumidos no ato da compra.

Desigualdade e consumo no mundo Ainda que o nível de consumo da sociedade

contemporânea continue se expandindo, ele ocorre de maneira bastante desigual entre os países do mundo. Como o consumo de uma população é determinado em grande parte pelo nível de sua renda, pode-se concluir que existem grandes diferenças de consumo entre os países ricos e desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Nos países ricos, a renda per capita anual da população está, em média, em 40 mil dólares, como ocorre nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Bélgica, Japão e

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Austrália. Já em países mais pobres, essa mesma renda não chega a 800 dólares ao ano, caso do Haiti, Bangladesh, Afeganistão, Serra Leoa, Níger e Ruanda.

Recursos naturais: escassez e

abundância x riqueza e pobreza Faz-se hoje uma grande comparação entre o

crescimento econômico de um país e suas implicações sobre a oferta de recursos naturais. Não é difícil notar que um país desenvolvido consome muito mais produtos, inclusive descartáveis, aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Vejamos um exemplo simplificado de um estudo publicado nos Estados Unidos.

Os países desenvolvidos, tendo um maior poder aquisitivo, são os responsáveis pelo maior consumo no planeta, muitas vezes de maneira impulsiva e desnecessária.

Esse estilo de vida baseado no “consumo como forma de obter felicidade” foi mais uma estratégia capitalista de ampliação de negócios que, nos Estados Unidos, recebeu o nome de American Way of Life. Basta mensurar tal comportamento pelo lixo produzido:

. Produção de lixo mundial por dia: 2 milhões de toneladas; . Média mundial/dia por habitante de áreas urbanas: 700g; . Média de produção de lixo por habitante/dia

na cidade de Nova York (EUA): 3 KG.

Os países industrializados apresentam menos de 25% da população mundial, mas consomem 75% da energia global, 80% dos combustíveis comercializados e cerca de 85% dos produtos madeireiros.

Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, a renda média equivale a apenas 5% da obtida em países industrializados, indicando que o consumo nesses países se restringe ao necessário ou a menos que isso. Mesmo assim, a pobreza também exerce pressão negativa sobre o meio ambiente, uma vez que, em muitos casos, o comportamento de quem vive na miséria e na pobreza é predatório. Poderíamos citar como exemplos de comportamentos predatórios contra o meio ambiente:

. a coivara – queimada -, técnica primitiva de agricultura;

. o garimpo ilegal e a contaminação de rios com mercúrio;

. a ocupação irregular das margens de mananciais pelas favelas em expansão, nos países pobres.

Mananciais são fontes de água doce,

superficiais ou subterrâneas, que podem ser utilizadas para consumo humano ou desenvolvimento de atividades econômicas. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente).

O despertar da consciência ecológica A preocupação com o agravamento dos

problemas ambientais levou, a partir das décadas de 1960 e 1970, ao surgimento de movimentos ambientalistas organizados pela sociedade civil como forma de protestar, alarmar e cobrar mudanças para reverter o preocupante cenário de degradação da natureza promovido pela sociedade.

A emergência dos movimentos ambientalistas eclodiu juntamente com um conjunto de outras manifestações de caráter social, das quais fazem parte o movimento das mulheres, dos negros e dos pacifistas, por meio de determinados segmentos sociais engajados na luta por melhores condições de existência e de vida no planeta. Uma característica singular dos movimentos ambientalistas ecológicos, em comparação com outros movimentos sociais, reside no fato de que, na prática, nenhum outro movimento passou a questionar, de maneira tão ampla, temas tão distintos quanto aqueles que perpassam pela questão ambiental.

Os movimentos ambientalistas começaram a se fortalecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos a partir de alguns grandes desastres ambientais ocorridos antes d década de 1970, tais como: a contaminação do ar nas cidades de Nova York e Londres, entre 1952 e 1960; a intoxicação por mercúrio nas baías de Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, no Japão; o acidente com o navio superpetroleiro Torrey Canyon, ocorrido no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1967; a redução da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos; a morte de aves causada pelos efeitos de pesticidas, como o DDT. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esses movimentos chegaram um pouco mais tarde, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980.

Paralelamente a acontecimentos como esses que despertaram a opinião pública, a questão ambiental também se tornou alvo de maior preocupação da comunidade científica, sobretudo com os avanços da ecologia e ciências correlatas, como a biologia, por exemplo. Uma nova literatura começou, então, a questionar os imites da

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degradação ambiental no planeta, que, no plano político internacional, também se tornaram alvo de maior preocupação.

Em 1968, especialistas de diversos países se reuniram em Roma, Itália, a fim de formularem projeções sobre o futuro do planeta, alertando para os riscos ambientais promovidos pelo modelo econômico vigente, baseado na exploração dos recursos naturais. Esse acontecimento assinalou a fundação do Clube de Roma que, em 1972, publicou o estudo intitulado Os limites do crescimento. Ao apontar os limites da exploração do planeta, algo até então inquestionável, esse estudo estimulou a consciência da sociedade e da tomada de atitude de governos de diferentes países a respeito da problemática ambiental.

Foi nesse contexto que a temática ambiental adquiriu projeção e ganhou espaço nas grandes discussões internacionais. Ainda em 1972, a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a I Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Contando com representantes de mais de 100 países e outras centenas de instituições governamentais e não governamentais, foram discutidas questões como o controle da poluição do ar, a proteção dos recursos marinhos, a preservação e o uso dos recursos naturais, entre outras.

Na década de 1980, a ONU deu continuidade ao debate da questão ambiental com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada para estudar a problemática ambiental. Em 1987, esses estudos foram concluídos com a elaboração do documento Our Common Future (Nosso futuro comum), conhecido como Relatório Brundtland. Como forma de conciliar o

crescimento econômico com a preservação do meio ambiente, o documento trouxe à tona a necessidade de se promover um novo modelo de crescimento, o chamado “desenvolvimento sustentável”, como sendo aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas necessidades.

Em 1992, vinte anos após o encontro em Estocolmo, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92. Além de reafirmar a importância do desenvolvimento sustentável, como meta para conciliar o crescimento econômico, com justiça social e conservação ambiental, o encontro contribuiu para ampliar a conscientização sobre os problemas ambientais, fortalecendo ainda maios os movimentos ambientalistas e ecológicos.

Em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, foi formalizado um protocolo que instituiu metas para a redução progressiva na emissão de gases poluentes, sobretudo daqueles que agravam o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO²). De acordo com esse documento, os países mais ricos e industrializados deveriam se comprometer a reduzir a emissão desses gases. Embora aceito pela grande maioria dos países, o protocolo foi recusado pelos Estados Unidos (que respondem por cerca de 25% da emissão total de CO² na atmosfera) enquanto outros países se opõem a ratificar o tratado que prevê cortes ainda maiores nas emissões desses gases.

Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +10, com o objetivo de fazer um balanço das ações realizadas e dos resultados obtidos com base nos acordos firmados entre os países que participaram da Rio-92. Além das questões relacionadas à conservação ambienta, também foram discutidas temáticas em âmbito social, como a meta de redução do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Nesse encontro, entretanto, houve pouco comprometimento das nações envolvidas em assumir realmente ações que tivessem como resultado a melhoria socioambiental, como o cancelamento da dívida externa de países subdesenvolvidos, a substituição de parte da energia provinda de combustível fóssil por fontes energéticas renováveis (como a eólica, a solar, etc.).

Em junho de 2012, objetivando um encontro entre representantes do governo, ONGs, empresas provadas e setores da sociedade civil em geral de grande parte dos países do mundo, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Nesse encontro, fez-se um balanço do que foi efetivamente realizado nos últimos vinte anos sobre as questões ambientais, em especial, as estratégias mais eficientes para se promover a sustentabilidade ambiental e também para se combater e eliminar a pobreza extrema no mundo.

Questões

01. (FAAP) As águas superficiais do Atlântico,

que banham a costa nordestina, possuem temperaturas médias em torno de 25ºC e salinidade em torno de 37 gramas/litro, fatores que, entre outros, possibilitaram o aparecimento de salinas no litoral. Aponte três razões que explicam a elevada salinidade desse litoral.

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02. (FUVEST) O ferro e o manganês são

elementos fundamentais para implantação da siderurgia. Como se apresenta a situação brasileira quanto a esses minérios, principalmente no que diz respeito à distribuição de suas jazidas pelo território nacional e seu aproveitamento para o consumo interno ou para a exportação?

03. (UNICAMP) O artigo 231 da Constituição Brasileira reconhece aos índios “...os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”. Os índios, porém, não são proprietários da terra, são usufrutuários. As terras indígenas são patrimônio da União, a quem compete demarcá-las e protegê-las. Alguns setores da sociedade alegam que “é muita terra para pouco índio”. Tais terras são constantemente invadidas e índios são exterminados.

Considerando as informações, responda: a) Quais os principais setores da sociedade

que ficaram contra a demarcação da reserva Ianomâmi?

b) Quais os argumentos utilizados por esses setores?

04. (TCE/AP – Analista – FCC) O

desenvolvimento sustentável visa atender as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Esta afirmação se baseia em duas ideias:

(A) Todos os recursos naturais são infinitos e qualquer dano ambiental causado pelo homem é reversível.

(B) Os recursos naturais não são suficientes nem para a geração atual e os danos ambientais causados pelo homem são sempre irreversíveis.

(C) Muitos recursos naturais são finitos e danos ambientais causados pelo homem podem ser irreversíveis.

(D) Os recursos naturais são suficientes para muitas gerações e todos os danos ambientais causados pelo homem são reversíveis.

(E) Os recursos naturais já estão praticamente esgotados e qualquer dano ambiental causado pelo homem é reversível.

05. (Prefeitura de Maturéia/PB – Agente

Administrativo – Educa) O desmatamento é um dos mais graves problemas ambientais da atualidade, pois além de devastar as florestas e os recursos naturais, compromete o equilíbrio do planeta em seus diversos elementos, incluindo os ecossistemas, afetando gravemente também

a economia e a sociedade.

Existem alguns motivos que provocam ou

intensificam a ocorrência do desmatamento, entre os quais, podemos mencionar, EXCETO:

(A) Expansão agropecuária. (B) Atividade mineradora. (C) Maior demanda por recursos naturais. (D) Êxodo rural. (E) Aumento das queimadas.

Gabarito

04.C / 05.D

Indústria e Transformações no Espaço Geográfico

Não é exagero afirmar que o espaço

geográfico contemporâneo é resultado, em boa medida, das transformações promovidas pela Revolução Industrial em diferentes etapas. E o modo de vida atual é reflexo, direta ou indiretamente, das inovações da tecnologia industrial.

A atividade industrial manifesta-se não só em sua ocorrência no espaço físico, mas também nos produtos consumidos pela população local, nos meios de comunicação e nos meios de transporte.

A indústria foi responsável pelas grandes transformações urbanas, pela multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna e pelo desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação que atualmente interligam todo o espaço mundial. Ela também foi responsável pelo aumento da produção agrícola, graças à mecanização das atividades de criação, plantio e colheita, além do uso de insumos de origem industrial. Enfim, por causa da indústria criou-se um novo modelo de vida, com novos hábitos de consumo e novas profissões, ocorreu uma nova estratificação da sociedade e modificou-se significativamente a relação da sociedade com a natureza.

O que é Indústria?

A indústria consiste em um processo de produção de instalações – a fábrica -, usando máquinas e o trabalho humano, que transforma e combina as matérias-primas para produzir uma mercadoria. Nos dias atuais a indústria utiliza tecnologias cada vez mais sofisticadas, como robôs (em trabalhos que eram realizados pelo ser humano) e equipamentos de grande precisão.

As atividades industriais podem ser classificadas em:

indústria extrativa – extração de recursos

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naturais de origens diversas, principalmente de minerais;

indústria de transformação –

produção de bens a partir da transformação de matérias – primas; de acordo com o destino desses bens. Podem ser divididas em:

indústrias de base ou de bens de produção – produzem matérias – primas para outras indústrias, como alumínio (metalúrgica), aço (siderúrgica), cimento e derivados de petróleo (petroquímica), que serão utilizadas para fabricação de outros produtos;

* indústrias de bens de capital –

produzem máquinas, peças e equipamentos para outras indústrias;

* indústrias de bens de consumo –

produzem mercadorias diretamente para o consumidor; os bens de consumo podem ser duráveis (móveis, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, automóveis, computadores, etc.) e não- duráveis (alimentos, bebidas, cigarros, vestuário, calçados, etc.).

As atividades industriais podem, ainda, ser individualizadas nos seguintes setores:

* indústria da construção civil –

construção de edifícios, usinas para produção de energia, pontes, etc.;

* indústria da construção naval – construção de navios;

* indústria aeronáutica – construção de aviões;

* indústria bélica – produção de armas,

tanques, navios e aviões de guerra.

É possível considerar três estágios bem distintos na evolução do processo de modernização da produção industrial fabril:

* a Primeira Revolução Industrial (1750-1870);

* a Segunda Revolução Industrial (1870-

1945);

* a Terceira Revolução Industrial ou

Revolução Técnico-científica (após 1945).

A Primeira Revolução Industrial

A Revolução Industrial introduziu uma

forma mais eficiente de produzir mercadorias; maior quantidade em menor tempo e com menores custos. Isso foi possível com o agrupamento dos trabalhadores nas fábricas e com a divisão do trabalho, de modo que cada trabalhador realizasse uma etapa do processo produtivo. Essas mudanças foram introduzidas em meados do século XVIII, na Inglaterra, e logo difundiram-se para outros países da Europa.

A primeira mudança foi, sem dúvida, a invenção da máquina a vapor, que utilizava a energia produzida pela queima do carvão mineral, recurso abundante em vários países da Europa.

Com a utilização da máquina a vapor, as fábricas puderam se localizar perto das cidades. Antes, as pequenas fábricas existentes se encontravam dispersas, pois utilizavam energia hidráulica e precisavam ser instaladas próximo de rios.

As invenções voltadas para a produção de mercadorias refletiram em todas as instâncias da vida social. Por exemplo, do ponto de vista das comunicações e transportes, ampliaram as relações entre regiões distantes. Além disso, intensificaram a urbanização nos países industrializados.

Nas fábricas, os operários eram obrigados a trabalhar no ritmo definido pela necessidade de produção. Devido à extenuante jornada de trabalho, que chegava a 16 horas por dia, os operários, na maioria das vezes vindos do campo, preferiram ocupar habitações muito precárias junto das fábricas, formando bairros miseráveis.

A industrialização ampliou a divisão social do trabalho dentro da unidade de produção (a fábrica) e no interior da sociedade de cada país.

Ao mesmo tempo em que ampliou divisão social do trabalho, a Revolução Industrial estabeleceu uma divisão internacional do trabalho entre os países industriais (que produziam e exportavam manufaturas) e as regiões fornecedoras de produtos agrícolas e minerais (que produziam e exportavam matérias-primas e alimentos).

O crescimento da população industrial na Inglaterra e a necessidade de ampliar o mercado para além das próprias fronteiras deram origem ao liberalismo econômico, uma nova maneira de pensar a economia. O liberalismo considerava nociva a intervenção do Estado na produção e na distribuição das riquezas e defendia a livre concorrência entre as empresas e os países. Naquele momento, as ideias liberais interessavam à Inglaterra, que não encontrava concorrentes devido ao seu avançado estágio de desenvolvimento tecnológico e a sua grande capacidade de transporte propiciada por sua imensa frota naval.

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A Segunda Revolução Industrial e o Imperialismo

Novas tecnologias, novas fontes de energia e a

expansão da atividade industrial marcaram uma nova etapa do desenvolvimento capitalista, na segunda metade do século É o início da Segunda Revolução Industrial. As hidrelétricas e o petróleo ampliaram a capacidade de geração de energia e acrescentaram novas possibilidades à tecnologia de produção e, portanto, ao aparecimento de novos produtos. Surgiram as grandes siderúrgicas e as indústrias químicas. A marinha mercante multiplicou a sua frota em diversos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e como atividade empresarial. A evolução e a ampliação dos sistemas de transporte estimularam o desenvolvimento da atividade industrial e criaram novas possibilidades em relação à localização geográfica de alguns setores industriais.

Nessa fase, a livre concorrência das pequenas e médias empresas da Primeira Revolução Industrial foi praticamente substituída pelo monopólio praticado por empresas gigantescas, comandadas por grandes bancos que passaram a investir, também, na produção. O empresário, isolado, não tinha como realizar investimentos tão elevados.

O domínio econômico das grandes empresas intensificou as disputas comerciais entre os países e ampliou as disputas territoriais para muito além de suas fronteiras. No final do século XIX, a Inglaterra, que mantinha o maior império colonial do planeta, não era a única potência industrial. Os países que se industrializaram nesse período incorporaram as tecnologias mais recentes e modernas, enquanto algumas indústrias inglesas eram consideradas “velharias” da Primeira Revolução Industrial. Alemanha, Itália, França, Japão e Estados Unidos competiam em pé de igualdade com a indústria inglesa e, em diversos setores, até com superioridade. Todos queriam ampliar seus mercados e suas fontes de matérias-primas.

Os Estados Unidos já exerciam domínio sobre o continente americano. A Itália, a Alemanha e o Japão não tinham colônias para ampliar a base de sua produção industrial. O mundo industrializado criou um vasto império colonial que se estendeu por todo o planeta com ocupação direta de territórios, guerras e acordos econômicos com as elites das novas colônias. É a fase do imperialismo ou neocolonialismo.

Tecnologias de Processo Fordismo e Taylorismo

A evolução da produtividade não depende

apenas das máquinas. Foi o que demonstraram os Estados Unidos no início do século XX, em plena Segunda Revolução Industrial, com a introdução de novas técnicas de produção industrial, que possibilitaram uma racionalização extrema no processo do trabalho no interior da fábrica: o taylorismo e o fordismo.

O taylorismo, idealizado pelo inventor Frederick Winslow Taylor (1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril era um conjunto de tarefas totalmente independentes da profissão do trabalhador. Para Taylor, o melhor operário não é nada mais que um operário. O conhecimento do processo produtivo era uma tarefa exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada etapa dos trabalhos a serem feitos no menor espaço de tempo e sem perda de qualidade.

O fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863-1947) na produção de automóveis, no início do século XIX. O modelo de produção fordista associada à linha de montagem às técnicas de organização do taylorismo. O automóvel, em processo de montagem, deslocava-se no interior da fábrica para a realização de cada etapa de produção. O trabalhador, especializado, realizava sua tarefa num tempo determinado e o automóvel continuava a se deslocar até a instalação da última peça, do último acabamento.

A Terceira Revolução Industrial

A Terceira Revolução Industrial – ou

Revolução Técnico- científica – começou a tomar forma no final da Segunda Guerra Mundial, mas os seus efeitos têm se manifestado em todo o mundo, de forma mais intensa, há cerca de duas décadas. Esse processo de desenvolvimento da atividade industrial vem repercutindo fortemente nos demais setores econômicos, nas relações sociais e nas relações sociedade-natureza. Uma das suas características mais importantes é a interação entre a informática e as telecomunicações – a telemática -, mas podemos citar também outros de seus aspectos característicos:

* o avanço nos sistemas de

telecomunicações (satélites artificiais, cabos de fibra óptica);

* o desenvolvimento da informática, tanto

nos equipamentos (hardware) quanto nos

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programas e sistemas operacionais (software); * o desenvolvimento da microeletrônica, da

robótica, da engenharia genética; * a utilização da energia nuclear.

A Revolução Técnico-científica, ao mesmo

tempo em que gera riquezas e amplia as taxas de lucros, responde também pelo desemprego de milhões de pessoas em todo o mundo, pois vem permitindo produzir mais mercadorias e gerar mais serviços com menor número de trabalhadores. E isso é válido para a indústria, a agropecuária, o extrativismo, o comércio e os serviços.

A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade industrial e às outras atividades econômicas: agropecuária, comércio, serviços. O desenvolvimento científico e tecnológico é um componente fundamental para as empresas, pois é convertido em novos produtos e em redução de custos, permitindo maior capacidade de competição num mercado cada vez mais disputado. As grandes empresas multinacionais possuem seus próprios centros de pesquisa e tem sido crescente o investimento na aquisição de novos conhecimentos científicos, em relação ao conjunto da atividade produtiva.

O Estado, por meio de universidades e de instituições de pesquisa, também estimula o desenvolvimento tecnológico, preparando novos profissionais e capacitando-os para as funções de pesquisa na área industrial ou agrícola, assim como no desenvolvimento de tecnologias, transferidas ou adaptadas às novas mercadorias de consumo ou aos novos equipamentos de produção. Nesse sentido, a pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de novos produtos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado, visando ao desenvolvimento econômico.

Um exemplo desse apoio estatal ao desenvolvimento de novas tecnologias é o MITI (Ministério da Indústria e Comércio Exterior), do Japão. Por intermédio do MITI – que recebe verbas das empresas e do governo japonês -, desenvolvem-se pesquisas que serão aplicadas à criação e ao aperfeiçoamento de produtos pela indústria. Outro exemplo é o MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), situado no nordeste dos Estados Unidos, considerado um dos principais centros de pesquisa do mundo, mantido pelo governo norte-americano e por grandes empresas privadas.

Outro exemplo do desenvolvimento de novas tecnologias mediante parcerias entre empresas industriais e universidades é o caso da

Universidade de Stanford, em torno da qual surgiu o Vale do Silício, onde se concentra o maior conjunto de indústrias de informática de todo o mundo. Nos países capitalistas, sobretudo nos Estados Unidos, boa parte das conquistas tecnológicas foi adaptada e estendida à criação de uma infinidade de bens de consumo, mesmo na época da Guerra Fria, quando o investimento em tecnologia estava voltado para a corrida armamentista ou espacial.

Com a Revolução Técnico-científica, o tempo entre qualquer inovação e sua difusão, na forma de mercadorias ou de serviços, é cada vez mais curto. Alguns produtos industriais classificados, em princípio, como bens de consumo duráveis (especialmente aqueles ligados aos setores de ponta, como a microeletrônica e informática), são cada vez menos duráveis e tornam-se obsoletos devido à rapidez com quem são incorporadas novas tecnologias.

Tecnologia de Processo – Toyotismo Foi no Japão que ocorreu a transformação do

processo de produção de mercadorias na Terceira Revolução Industrial. Por ser um país com um território pequeno, dependente da importação de matérias-primas e com pouco espaço para estocar os seus produtos, nesse país a produção foi organizada de um modo diferente do tradicional modelo fordista.

Essa nova organização da produção ficou conhecida pelo nome de just-in-time (literalmente, tempo justo) e foi implementada pela primeira vez, em meados do século XX, na fábrica de motores da Toyota. Depois, foi incorporada pelas principais indústrias do mundo.

No interior da fábrica, as diferentes etapas de produção, desde a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são realizadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e compradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exatamente à quantidade de mercadorias que serão produzidas. Essas mercadorias são feitas dentro do prazo estipulado e de acordo com o pedido dos compradores. Além da eficiência, o sistema just-in-time permite diminuir o custo de estocagem e o volume da produção fica diretamente relacionado à capacidade do mercado de consumo, evitando- se perdas de estoque ou diminuição do preço, caso ocorra uma defasagem tecnológica do produto.

O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do sistema fordista foi substituído por um sistema flexível, em que o trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções, de acordo com as necessidades da produção em

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cada momento. Nesse novo sistema, a modificação e a

atualização nos modelos das mercadorias podem ser feitas a partir de pequenas reestruturações da mesma fábrica, utilizando-se os mesmos equipamentos. Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, intensivamente utilizados nesse sistema, viabilizam essas frequentes mudanças.

Essa flexibilidade industrial tornou-se importante num mundo em que a evolução tecnológica acarreta constante criação e modificação de produtos, com consequente diminuição da vida útil das mercadorias.

É preciso ressaltar, no entanto, que a difusão do toyotismo trouxe uma ampliação nos fluxos de mercadorias, inclusive, num ritmo mais acelerado, demandando novas exigências ao setor de transportes.

A sociedade da informação

Os computadores invadiram a vida cotidiana. Apesar de não estarem presentes em todas as residências do mundo, indiretamente atingem todas as pessoas. Eles coletam, armazenam e divulgam informações de forma maciça e instantânea, ligando o mundo numa grande rede, e estão presentes em diversos momentos do dia-a-dia. Por exemplo, o ato de usar o caixa eletrônico só é possível mediante informações transmitidas a um computador central, que autoriza ou não a transação. No supermercado, um terminal, no caixa, lê o código de barras do produto, informa o preço à máquina registradora, dá baixa do produto no estoque e encaminha essa informação ao departamento de compras, para a reposição do estoque.

Em muitas residências, o computador faz parte dos equipamentos básicos do dia-a-dia. Por computador, usando a Internet, pode-se acessar informações em qualquer parte do mundo para realizar pesquisas, pagar contas, transferir dinheiro de uma conta de banco para outra, ou comprar mercadorias e serviços.

Tais atividades, já corriqueiras para uma pequena parcela da população mundial, dependem de um complexo sistema de infra-estrutura que usa desde satélites artificiais de comunicação em órbita permanente até fios telefônicos e cabos de fibra óptica que atravessam oceanos. Enfim, trata-se de um novo modo de vida que combina mercadoria industrial com serviços. Aparelhos diversos – computadores, telefones e televisores – têm que estar ligados a uma ampla rede de serviços para que possam ser utilizados.

Foi essa Revolução Técnico-científica, caracterizada também pelo desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitou a descentralização da produção industrial para os mais distantes recantos do mundo.

A distribuição da terra no Brasil O Brasil possui vastas áreas com solos

férteis e clima propício à produção agrícola. Além disso, muita terra é utilizada para a pecuária. Contudo, a propriedade de imensas áreas nas mãos de poucos é a principal característica do campo brasileiro.

A função social da terra A terra pode ser entendida como uma

condição para a sobrevivência humana, pois é a fonte básica de geração de alimentos. Assim, a terra como bem de produção deve satisfazer a sociedade, atendendo às necessidades dos indivíduos, por isso sua função social é muito importante.

No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos. O Brasil tem a segunda maior concentração fundiária do planeta.

Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos e que são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo Agropecuário de 2006:

→ Aproximadamente 2,8% das propriedades rurais ocupavam mais da metade da extensão territorial agricultável do país, o que correspondia a pouco mais da metade do território brasileiro.

→ As pequenas propriedades, que representavam 62,2% dos imóveis, ocupavam apenas 7,9% da área total.

As propriedades rurais brasileiras apresentam

não só tamanhos diferentes, como também distintas formas de organização do trabalho.

A chamada agricultura familiar é aquela em que a mão de obra predominante é composta por integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de pequenas propriedades onde é praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de

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diferentes espécies. Já nas grandes propriedades, onde se

pratica o agronegócio, a mão de obra é

contratada, e a produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o cultivo de uma única espécie.

Agronegócio é a denominação das

atividades comerciais e industriais que envolvem a produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na propriedade rural até a chegada aos consumidores.

Embora as propriedades sejam menores, em

termos gerais, na agricultura familiar trabalham mais pessoas do que na agricultura não familiar. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a agricultura familiar é responsável pela geração de mais de 80% da ocupação no campo e responde no Brasil por sete de cada dez empregos ligados à terra, além de produzir cerca de 40% dos alimentos no país.

As áreas produtivas e as questões ambientais Se, por um lado, a estrutura da produção

agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento.

O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outras.

No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e de sua substituição por pastagens, o pisoteio do rebanho de animais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração de água no terreno. Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum a utilização de queimadas, o que pode trazer inúmeros danos, como a perda de fertilidade do solo.

Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos químicos – fertilizantes, inseticidas e herbicidas, conhecidos como agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas. Os insumos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol freático e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais. Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no planeta, chegando em 2009 à marca de mais

de 1 bilhão de litros de agrotóxicos aplicados, o que equivale, em média, a um consumo médio de 5,2 kg de agrotóxico por habitante.

Sistemas Agroflorestais Com o crescimento dos danos ambientais

provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal.

Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais. A agrofloresta busca utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer a agentes externos, como insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio ambiente, além de muito mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos.

A expansão da fronteira agrícola O conceito de fronteira agrícola é utilizado para

designar as áreas limítrofes entre o chamado meio natural e o local onde se praticam atividades agropecuárias.

A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, acompanhando o ritmo da produção agrícola. A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças no espaço geográfico, implicando uma nova organização espacial. São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e geração de energia, o que eleva a concentração populacional e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões em questão.

No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fronteira agrícola para a Região Centro-Oeste, estimulados pelos projetos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior do país.

Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como créditos agrícolas e vendas de lotes de terra a preços baixos, com o objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a região.

Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Amazônia.

A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. Além disso, como a expansão da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na utilização de insumos químicos, ela agrava o problema da questão fundiária, já que pequenos proprietários rurais

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são obrigados a vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos da produção.

A Revolução Verde

A partir dos anos 1960, o espaço agrícola

brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.

A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da agricultura e da pecuária. Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários países, inclusive no Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de alimentos.

A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de animais.

Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores.

A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie, foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário dependia da uniformidade do cultivo.

No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso porque os cultivos tornaram-se mais produtivos.

No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas. Observe o gráfico a seguir.

Brasil: aumento da produção de grãos em milhões de toneladas em relação à área plantada (1990-2015)

Fonte: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_03_11_14_07_48_boletim_graos_marco_2015.pdf.

No entanto, esse processo de modernização da

agricultura não se deu de forma uniforma e igualitária ao longo do território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando somente os grandes produtores.

Transgênicos, biotecnologia e agroindústria Nas áreas onde se implantaram as técnicas

agrícolas consideradas modernas, observou-se a concentração de indústrias de equipamentos agrícolas e de agrotóxicos e também de estabelecimentos comerciais. Além disso, houve a rápida instalação e expansão das chamadas agroindústrias, que têm como objetivo transformar gêneros agrícolas e pecuários em produtos industrializados. Por isso, geralmente, estão localizadas nas proximidades dos lugares onde se produz tais gêneros, o que reduz significativamente o custo com transporte da matéria-prima.

Com o desenvolvimento e avanço da ciência, novas técnicas foram criadas e incorporadas às práticas agrícolas.

Uma das mais polêmicas é a biotecnologia, o desenvolvimento de técnicas voltadas à adaptação ou ao aprimoramento de características de organismos vivos – animais e vegetais -, visando torná-los mais produtivos.

Por meio dessas técnicas é possível, por exemplo, cultivas plantas de clima temperado em lugares de clima tropical, acelerar o ritmo de crescimento de plantas e animais, aumentar o tempo entre o amadurecimento e a deterioração das frutas, entre tantas outras mudanças.

Em meados da década de 1990, surgiu um novo ramo dentro da biotecnologia, ligado à pesquisa dos genes dos organismos, o qual gerou um dos campos mais controversos da agricultura moderna: a produção e manipulação de transgênicos. Eles são gerados por meio de técnicas que possibilitam a introdução de um

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gene ou de um grupo de genes em um organismo. Esses genes podem ser de outra variedade, de outra espécie, de um outro gênero ou mesmo de outro reino.

A utilização de sementes transgênicas está atrelada a um pacote tecnológico que envolve a utilização de maquinários, agroquímicos e monocultura associada a grandes propriedades. Os agricultores ficam condenados a utilizar esse pacote tecnológico no momento em que adquirem a semente transgênica, justamente para garantir a sua produtividade.

Essas sementes modificadas são programadas para não se reproduzirem depois de determinada geração, o que obriga o produtor a adquiri novas sementes constantemente. Além disso, os laboratórios que desenvolvem tais técnicas fazem parte de grandes conglomerados agroindustriais que se fortalecem a cada dia. Muitas vezes, os fabricantes de sementes transgênicas são os mesmos que fabricam agrotóxicos e fertilizantes.

Cultivos de transgênicos liberados no Brasil em 2013

Não existem estudos conclusivos sobre os

impactos dos transgênicos na saúde humana. Depois de fortes pressões exercidas por movimentos sociais que lutam contra a difusão dos transgênicos, o governo federal criou uma lei que obriga as agroindústrias a identificar as embalagens dos alimentos que contêm transgênicos com um símbolo.

As condições de trabalho no campo

A estrutura agrária brasileira

A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil desde o período colonial. Devido ao papel da agricultura em nossa economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e acumulou riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária que vem grande parte de nosso Produto Interno Bruto (PIB).

As sesmarias no período colonial

O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no território brasileiro foi o sistema de doação de sesmarias, enormes parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou pelo governador-geral, visando promover a colonização de terras e implantar o

sistema de plantation na colônia. As sesmarias vigoraram no Brasil até 1822, ano de sua independência.

Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pessoas nobres ou ricas – que possuíam algum tipo de relação com a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economicamente suas propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias correspondiam às áreas produtivas e já exploradas no litoral ou próximas dessa região.

Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzir em suas terras, o proprietário tinha o direito de posse por toda a vida, repassando-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a Colônia assistia à formação de uma elite, composta por famílias que concentravam em suas mãos as maiores terras e, consequentemente, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam.

Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do governador-geral para obtenção de sesmarias, essa não era a única forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abundância de áreas inexploradas no território e ao baixo número de habitantes europeus na Colônia, as terras do interior não possuíam valor comercial. Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse período diz respeito à mão de obra disponível. Para produzir em grande escala, era necessário o uso intenso de trabalhadores – os africanos escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que possuíam maior número de escravos. Por isso, na condição de mais ricos da colônia, os maiores proprietários de terra eram aqueles que podiam comprar mais escravos.

As pessoas que penetravam no interior do território e se mostravam dispostas a enfrentar indígenas e a desbravar as áreas virgens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir a fim de conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse não contestada da terra, esses colonos não possuíam a propriedade legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão oficial.

A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que ocupa uma área territorial para obter a sua posse, mas sem ter a sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não possuíam capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma produção de pequena escala voltada para a subsistência ou para o abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colonial, coexistiam grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao poder local e pequenas propriedades pertencentes aos camponeses locais.

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O surgimento do trabalho assalariado no

Brasil e a Lei de Terras12 No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei

Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos no Brasil. Apesar de não ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um marco no processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma perspectiva de término desse tipo de relação de trabalho, ela estimulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro.

Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês. Mesmo com a independência do Brasil e a formação do Estado brasileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação das propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até então, deu-se continuidade ao processo de obtenção de terras por meio da posse, sem a sua devida documentação.

Além de propor a regularização das propriedades não documentadas no país, a Lei de Terras buscou criar uma política para regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela, estabeleceu-se que as terras não exploradas passariam a pertencer ao Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da compra – e não mais pela ocupação e exploração do território.

Segundo a Lei de Terras, para realizar esse processo, os posseiros deveriam legalizar as suas terras em cartórios localizados nas cidades, os quais, na época, eram de difícil acesso para a população rural, pois não havia facilidades de deslocamentos como hoje em dia. Além disso, a maioria deles não possuía recursos para pagar taxas de registro e oficializar sua propriedade.

Os proprietários não legalizados (os posseiros) deveriam registra-las em cartórios para regularizar a sua documentação. Caso contrário, a propriedade da terra não seria reconhecida. Ao definir a compra como a única forma de obtenção de terras, o Estado excluiu a possibilidade de a população pobre, como posseiros e ex escravos, tornar-se proprietário rural. Em contrapartida, favorecia a minoria rica do país, que se via em condições de adquirir as maiores e melhores terras. Isso resultou no monopólio das terras nas mãos de uma minoria a abundância de trabalhadores livres necessária para substituir futuramente os escravos.

Além de alto número de terras ocupadas sem registro legal, suas demarcações eram feitas de modo impreciso. Os limites das propriedades, eram, muitas vezes, vagamente definidos por

elementos naturais como rios, quedas d‟agua ou morros. Esse cenário foi agravado pelo início de um intenso processo de apropriação ilegal de terras no país denominado grilagem de terra.

Muitos apropriaram-se das facilidades políticas e dos conhecimentos legais que possuíam para registrar terras que não lhes pertenciam – fossem elas ocupadas por posseiros, indígenas ou de propriedade do Estado. Em um contexto no qual a grade maioria da população era analfabeta, os únicos aptos a produzir tais documentos eram os integrantes da minoria letrada do país.

Em muitos casos, essas terras não foram incorporadas com fins produtivos. Ao se apropriarem delas, os grileiros tinham como objetivo esperar a sua valorização para, posteriormente, vendê-las a um preço alto. Devido ao seu caráter excludente com relação à distribuição de terras, a Lei de Terras resultou em uma estrutura fundiária extremamente desigual e que se perpetua até os dias de hoje no Brasil. Observe a tabela a seguir:

Movimentos sociais e a reforma agrária A má distribuição de terras foi responsável por

uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras. Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que ocupavam há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam ser resolvidos por meio da intimidação e, principalmente, da violência física. Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil diz respeito à pobreza no campo. Esse fenômeno é consequência da existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como sem-terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salários significativamente baixos. Além desse fator, as condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento tecnológico no campo. O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos trabalhadores, o que aumenta o desemprego no campo.

O debate sobre a reforma agrária no Brasil Os problemas envolvendo a má distribuição

de terras motivaram o debate sobre a necessidade ou não de se fazer uma reforma agrária no país. A reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na política de distribuição de terras, feita com o objetivo de

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diminuir ou acabar com a concentração fundiária – e assim reduzir os impactos sociais negativos acarretados por ela.

A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que as propriedades rurais que não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem ser desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores sem-terra.

Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social no campo e o aumento da produtividade agrícola no país. De fato, a concentração de terras pode acarretar uma menor produtividade. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2010 havia uma área de 228 milhões de hectares de terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade no Brasil. De acordo com esse levantamento, nesse mesmo ano, 40% da área total das grandes propriedades no país encontrava-se improdutiva.

Devido às suas condições econômicas e ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-se obrigados a produzir o máximo em suas propriedades de modo a garantir a maior renda possível.

Em contrapartida, muitos do grandes produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de suas propriedades. Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária adquiriu após a Lei de Terras, desenvolveu-se no país uma prática de especulação, por meio da qual grandes proprietários mantêm vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando estiverem valorizadas.

Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária também implicaria o aumento da oferta de alimentos no país e, com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produtos. Enquanto a produção dos latifúndios é voltada para o mercado externo, são os pequenos produtores os responsáveis pela maior parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional.

Polêmicas da reforma agrária A vida e a economia no campo brasileiro

carregam uma série de contradições. Por um lado, a produção agrícola para exportação apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de mecanização. Essa atividade também possui grande participação na economia brasileira, sendo responsável por boa parte das exportações.

Porém, é nas zonas rurais que se encontram

as regiões mais pobres do país, onde as condições de trabalho são as piores. Da mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm condições financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico nas suas produções, contrastando com os grandes produtores.

A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais justa das terras que, espera-se, resulte em um número maior de pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma diminuição significativa do êxodo rural. Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas no país, pouco se fez pela reforma agrária ao longo da História brasileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais que seriam alcançados, as políticas de distribuição de terras prejudicariam os interesses econômicos de diversos grupos.

Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no cultivo em latifúndios ainda é responsável pela maior parte da economia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribuição de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação obtida por meio da economia agroexportadora.

Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz respeito aos critérios de classificação do que seriam terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pecuária, por exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam que existem muitas terras subaproveitadas. De fato, existe no Brasil um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, em média, uma área maior do que um minifúndio ou uma pequena propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam que estão produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra.

No Brasil, a desigualdade social no campo está diretamente relacionada à concentração fundiária e, assim como em outros lugares do mundo, tal desigualdade provocou uma série de mobilizações sociais. O principal movimento social organizado de camponeses no mundo é a Via Campesina. Essa organização internacional, criada em 1993, é composta por mais de 170 movimentos sociais ligados à terra de países da América, Ásia, Europa e África. Entre os seus integrantes estão milhões de trabalhadores rurais sem-terra, pequenos e médios proprietários, indígenas e migrantes que se opõem ao agronegócio vigente em muitos países pobres ou emergentes. Eles defendem o incentivo ao pequeno produtor e a distribuição de terras, de modo a atingir um modelo de produção socialmente mais justo e menos impactante ao meio ambiente.

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No Brasil, os movimentos sociais de luta pela terra foram historicamente combatidos tanto pelo Estado como pelos grandes proprietários de terra. Esses movimentos abrangem tanto comunidades indígenas como posseiros e trabalhadores rurais sem terra. Ao longo da história, as disputas por terra no país foram marcadas pela violência e pela apropriação à força dos territórios.

Alguns dos primeiros expoentes dessa luta no Brasil foram as Ligas Camponesas, criadas pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Elas tiveram uma atuação política intensa ao Nordeste durante as décadas de 1950 e 1960, período em que muitas de suas lideranças foram assassinadas. Com o governo militar (1964-1985) a perseguição contra as Ligas Camponesas se intensificou e suas atividades rapidamente se extinguiram.

Porém, apesar do fim das Ligas Camponesas, a luta pela terra continuou durante o período da ditadura militar. Nos anos 1970, os principais conflitos ocorreram na Amazônia, entre posseiros, indígenas e grileiros. Eles se deram, em grande parte, devido às políticas do Estado brasileiro de incentivo ao desenvolvimento da agropecuária na região, o que motivou o interesse de grandes empreendedores sobre as terras locais.

Nessa época foram criadas importantes organizações sociais vinculadas à Igreja Católica, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – a primeira ligada aos colonos e posseiros, e a segunda, aos indígenas.

Hoje em dia, a principal organização de camponeses do Brasil é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esse movimento social foi criado na década de 1980 e tem como principal bandeira a luta pela reforma agrária no país.

A principal forma de ação do MST é a ocupação de terras. Essa prática costuma ocorrer em latifúndios considerados improdutivos ou com histórico de grilagem. Por isso, essas práticas costumam ser mais intensas na região Norte do país, onde os índices de grilagem e terras improdutivas são maiores. Ao ocupar as terras, os integrantes do MST constroem acampamentos nas propriedades, podendo se estabelecer lá por anos até conseguirem sua posse por meio do Estado ou serem expulsos pelos proprietários. Segundo o movimento, atualmente existem cerca de 120 mil famílias ligadas ao MST, acampadas no Brasil.

Além das ocupações, o MST promove outros tipos de ações, como marchas, ocupações de

prédios públicos, acampamentos em cidades e manifestações. Por ser a sede do poder político brasileiro, Brasília é geralmente escolhida para sediar esses atos.

As ações políticas do MST são alvo de muitas críticas por parte de diversos setores da sociedade brasileira. A maior parte delas diz respeito às ocupações de terras que o movimento alega serem improdutivas, condição tal negada pelos proprietários. Por isso, é comum os opositores do movimento chamarem esses atos de invasões e não de ocupações.

A maior parte dos conflitos relacionados ao MST envolve os proprietários que tiveram suas terras ocupadas, ou invadidas, e o Estado na busca da garantia e da defesa do direito à propriedade provada. Esses conflitos costumam ser violentos e muitas vezes resultam em mortes.

Se, por um lado, os movimentos sociais estruturam organizações para reivindicarem seus direitos, assim o fazem também os fazendeiros, chamados de ruralistas. Desde 1985 eles organizam-se na União Democrática Ruralista (UDR), associação de fazendeiros que luta pelos direitos da propriedade privada no campo. As entidades dos movimentos sociais e a UDR opõem-se declaradamente, pois seus objetivos são conflitantes.

A interdependência entre campo e cidade Muitas vezes, cidade e campo são concebidos

como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as condições de vida são piores.

Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como a modernização associada ao desenvolvimento tecnológico. O mesmo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande desigualdade social que se reflete nas condições de vida da população e nos tipos de serviços acessíveis a ela.

Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacionaram de alguma forma. Por serem locais de prática do comércio, é nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por outro lado, elas dependem das regiões rurais para abastecê-las com alimentos e outros tipos de produtos agrícolas indispensáveis à vida e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos principalmente pela população urbana.

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Questões

01. (SEDU/ES – Geografia – FCC) Nas

últimas décadas do século XX, o espaço social agrário tornou-se mais complexo como consequência da modernização da agropecuária. Um dos grupos sociais do campo brasileiro é descrito em:

(A) o camponês do Sul vivencia a expansão do binômio trigo-soja e se transfere para as regiões Sudeste e Centro- Oeste, passando a se dedicar ao agronegócio canavieiro.

(B) os trabalhadores permanentes foram reduzidos e aumentaram os temporários nas médias e grandes propriedades do Centro-Sul e zona da mata nordestina.

(C) os posseiros, em luta pela posse da terra na região central do país, tornam-se os pilares da resistência contra a expansão do agrobusiness no Centro-Oeste.

(D) o camponês, descendente de imigrantes europeus, torna-se o colono tecnicamente mais moderno que desenvolve as bases da agricultura familiar nas periferias urbanas.

(E) os trabalhadores sem-terra pressionam o Estado e são os beneficiários de programas de colonização oficiais e particulares que são implantados na Amazônia Ocidental.

02. (Prefeitura de Juatuba/MG – Geografia

– CONSULPLAN) “Quando se analisa a modernização da agricultura, é comum que se pense apenas na modernização das técnicas – substituição de trabalhadores por máquinas, uso intensivo de insumos e desenvolvimento da biotecnologia – e que se esqueça de observar as consequências dessa modernização nas relações sociais de produção e na qualidade de vida da população.”

(Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil – Espaço geográfico e globalização. São Paulo: Editora Moderna, p. 240, v. 3.)

Assinale a alternativa que faz referência a um dos efeitos da modernização agrícola no Brasil.

(A) Subordinação da agropecuária ao capital industrial, intensificando a valorização das terras agricultáveis.

(B) Fortalecimento da agricultura familiar, possibilitando melhores condições de vida a milhares de família.

(C) Redução do êxodo rural com o aumento da produção agrícola e, como consequência, a valorização do trabalhador rural.

(D) Desenvolvimento das pequenas e

médias propriedades, resultando em um modelo de produção competitivo com os países europeus.

03. (MPE/GO – Secretário – MPE/GO) A

característica fundamental é que ele não é mais somente um agricultor ou um pecuarista: ele combina atividades agropecuárias com outras atividades não agrícolas dentro ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicionais urbano- industriais como nas novas atividades que vêm se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo, conservação da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais.

Essa nova forma de organização social do trabalho é denominada:

(A) Terceirização. (B) Agroextrativismo coletivo. (C) Grilhagem. (D) Agronegócio. (E) Cooperativismo.

Gabarito

01.B / 02.A 3.D

O que é região? Provavelmente, você já ouviu alguém referir-

se a algum lugar como região. Esse termo aparece bastante em nosso cotidiano.

Para a Geografia, região é um conceito muito

importante e que vem sendo debatido há muitos anos.

Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a economia e aspectos sociais.

A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros. Portanto, regionalizar significa identificar determinado espaço como uma unidade que o distingue dos demais lugares o seu redor.

A divisão de um território em regiões auxilia no planejamento das atividades do poder público, tanto nas questões sociais quanto

Geografia do Brasil: regiões brasileiras: aspectos físicos; aspectos humanos; aspectos

políticos; aspectos econômicos

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econômicas, já que permite conhecer melhor aquela porção territorial.

O governo e as entidades privadas podem executar projetos regionais, considerando o número de habitantes de cada região, as condições de vida de sua população, as áreas com infraestrutura precária de abastecimento de água, esgoto tratado, energia elétrica, entre outros.

Os critérios de divisão regional do território

O Brasil é um país muito extenso e variado.

Cada lugar apresenta suas particularidades e existem muitos contrastes sociais, naturais e econômicos.

Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do critério de regionalização é muito importante.

Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc.

A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas, entre outras.

As regiões geoeconômicas

A fim de compreender melhor as diferenças econômicas e sociais do território brasileiro, na década de 1960, surgiu uma proposta de regionalização que dividiu o espaço em regiões geoeconômicas, criada pelo geógrafo Pedro Geiger.

Nessa regionalização, o critério utilizado foi o nível de desenvolvimento, características semelhantes foram agrupadas dentro da mesma região. De acordo com esse critério, o Brasil está dividido em três grandes regiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, como pode observar-se no mapa a seguir.

Brasil: regiões geoeconômicas

Fonte:

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasil

geoeconomico.jpg.

Os limites da Amazônia correspondem à área de cobertura original da Floresta Amazônica. Essa região é caracterizada pelo baixo índice de ocupação humana e pelo extrativismo vegetal e mineral.

Nas últimas décadas, a Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de boa parte de sua cobertura original para a implantação de atividades agropecuárias, como o cultivo de soja e a criação de gado.

A região Nordeste é tradicionalmente caracterizada pela grande desigualdade socioeconômica. Historicamente, essa região é marcada pela presença de uma forte elite composta basicamente por grandes proprietários de terra, que dominam também o cenário político local.

A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas.

Essa proposta de divisão possibilita a identificação de desigualdades socioeconômicas e de diferentes graus de desenvolvimento econômico do território nacional.

Seus limites territoriais não coincidem com os dos estados. Assim, partes do mesmo estado que apresentam distintos graus de desenvolvimento podem ser colocadas em regiões diferentes. Porém, esses limites não são imutáveis: caso as atividades econômicas, as quais influenciam as áreas do território, passem por alguma modificação, a configuração

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geoeconômica também pode mudar.

Outras propostas de regionalização: Regionalização do Brasil por Roberto

Lobato Corrêa

Fonte:

http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2

s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf.

Outro geógrafo, chamado Roberto Lobato Corrêa, também fez uma proposta de regionalização que dividia o território em três: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.

No entanto, em sua proposta ele respeitava os limites territoriais dos estados, diferentemente da proposta das regiões geoeconômicas que acabamos de observar acima.

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Regionalização do Brasil por Milton Santos

Fonte:

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&e

vento=5.

Os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização para o Brasil, que divide o território em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro- Oeste e Concentrada.

Essa divisão foi feita com base no grau de desenvolvimento científico, técnico e informacional de cada lugar e sua influência na desigualdade territorial do país.

A região Concentrada apresenta os níveis mais altos de concentração de técnicas, meios de comunicação e população, além de altos índices produtivos.

Já a região Centro-Oeste caracteriza-se pela agricultura moderna, com elevado consumo de insumos químicos e utilização de tecnologia agrícola de ponta.

A região Nordeste apresenta uma área de povoamento antigo, agricultura com baixos níveis de mecanização e núcleos urbanos menos desenvolvidos do que no restante do país. Por fim, a Amazônia, que foi a última região a ampliar suas vias de comunicação e acesso, possui algumas áreas de agricultura moderna.

As regiões do Brasil ao longo do tempo

Os estudos da Divisão Regional do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação das estatísticas brasileiras.

A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como socioeconômicos.

Regionalização do Brasil → década de 1940

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&e

vento=5.

IBGE e a proposta de regionalização O IBGE surgiu em 1934 com a função de auxiliar o

planejamento territorial e a integração nacional do país. Consequentemente, a proposta de regionalização criada pelo IBGE baseava-se na assistência à elaboração de políticas públicas e na tomada de decisões no que se refere ao planejamento territorial, por meio do estudo das estruturas espaciais presentes no território brasileiro. Observe a regionalização do IBGE de 1940 no mapa acima.

Regionalização do Brasil → década de 1950

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&e

vento=5.

Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as mudanças no território brasileiro durante aqueles anos.

Foram criados os territórios federais de

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Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos.

Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais, mudaram de região.

Regionalização do Brasil → década de 1960

Fonte:

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&e

vento=5.

Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa a seguir.

Regionalização do Brasil → década de 1970

Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de Território Federal de Roraima.

A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul.

A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial como resultado das ações do ser humano na natureza.

Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial.

Regionalização do Brasil → década de 1980

Fonte:

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&e

vento=5.

A regionalização oficial do Brasil atual

A regionalização oficial do Brasil é a de 1990 e apresenta as modificações instituídas com a criação da Constituição de 1988.

Os territórios de Roraima e Amapá são elevados à categoria de estado (o território de Rondônia já havia sofrido essa mudança em 1981); é criado o estado de Tocantins; e é extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, que passa a ser incorporado ao estado de Pernambuco.

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Regionalização oficial do Brasil atual

É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro.

A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica.

A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.

É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá.

No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste.

Região e Planejamento

A divisão do território brasileiro em regiões

definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região. Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país.

Para promover o desenvolvimento de regiões

consideradas socioeconomicamente estagnadas, o governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

É o que veremos abaixo.

O Estado brasileiro e o planejamento regional

No século XX, a concentração espacial das

indústrias na região Sudeste impactou de maneira negativa as estruturas produtivas de outras regiões brasileiras.

Para promover a desconcentração da

economia, foram criadas políticas de integração e de desenvolvimento regional.

Território e Políticas Públicas

Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos.

O desenvolvimento industrial iniciado na década

de 1930 transformou, ao mesmo tempo, a economia e a geografia do Brasil.

No plano da economia, o modelo agroexportador foi, aos poucos, sendo substituído pelo modelo urbano e industrial que vigora no país até hoje. No plano da geografia, as diferentes regiões brasileiras passaram a se articular de maneira cada vez mais intensa, de forma a prover tanto a matéria-prima quanto a força de trabalho necessárias à produção industrial fortemente concentrada na Região Sudeste.

Esse novo contexto de industrialização e de integração nacional tornou, evidente a desigualdade de desenvolvimento entre as regiões brasileiras. O crescimento da economia da Região Sudeste contrastava vivamente com a estagnação da economia nordestina. No Nordeste, diante do desemprego resultante do declínio das atividades nas lavouras de cana-de- açúcar e nas indústrias têxteis, dos baixos salários e da concentração de terras nas mãos de poucos, muitos optaram por tentar a vida em outras regiões do país.

A Região Nordeste transformou-se em grande fornecedora de mão de obra para os principais centros urbanos e industriais do país. São Paulo tornou-se o principal destino dos migrantes nordestinos: na década de 1940, eles foram responsáveis por cerca de 60 do incremento populacional ocorrido na cidade.

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Para combater a desigualdade, o governo federal lançou políticas de desenvolvimento regional. Por meio delas, esperava-se

promover a desconcentração da economia, atraindo investimentos e ampliando a oferta de empregos nas regiões menos desenvolvidas. As regiões selecionadas receberiam infraestrutura (energia, estradas, portos) e incentivos fiscais, ou seja, o governo passaria a isentar ou cobrar menos impostos dos empresários que lá implantassem novos negócios.

Em meados da década de 1950, começaram a ser implementadas as agências de desenvolvimento regional, órgãos federais que tinham o objetivo de centralizar e implementar essas políticas. A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a primeira delas, entrou em funcionamento em 1959. A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) foi criada em 1966. Sudene e Sudam foram as mais importantes agências implantadas no Brasil.

O Estado e a valorização da Amazônia

Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos industriais (zona franca), minerais e de colonização.

• A integração nacional

O propósito de integrar a Amazônia ao conjunto da economia nacional já estava na agenda do governo federal na década de 1940, mas foi apenas na década de 1950 que as políticas de planejamento começaram a atuar de fato na região.

Em 1953, nasceu a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), um órgão federal encarregado de valorizar a economia regional e conectá-la aos centros mais dinâmicos do território brasileiro. A área de atuação da SPVEA recebeu o nome de Amazônia Brasileira, uma região de planejamento.

Na época, o processo de industrialização demandava a criação de um mercado interno de dimensões nacionais, o que exigia grandes transformações no território. A construção de estradas que possibilitassem o intercâmbio de mercadorias e pessoas entre as diversas regiões brasileiras era considerada uma tarefa prioritária para o governo federal. Uma nova capital, Brasília, estava sendo construída em um planalto situado no Brasil central, até então

pouco integrado. Por meio de Brasília, pretendia-se integrar

não apenas o Centro-Oeste, mas também a Amazônia, escassamente povoada e detentora de imensos potenciais. O planejamento e a execução da Rodovia Belém-Brasília, por meio da qual o sistema viário brasileiro alcançou a Amazônia pela primeira vez, contou com a colaboração da SPVEA.

• Sudam: a devastação planejada

A política de planejamento regional voltada para a Amazônia ganhou novos contornos após o golpe de 1960, quando os destinos do país passaram a ser comandados pela ditadura militar. Em 1966, a SPVEA foi extinta e substituída por outro órgão, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), cuja área de atuação recebeu o nome de Amazônia Legal. No ano seguinte, foi criada a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

A indústria na Amazônia A implantação de complexos industriais figurava

entre as prioridades do projeto de valorização econômica da Amazônia concebido pelos militares.

Como vimos, a Sudam foi criada em 1966. No ano

seguinte, seria a vez da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Com ela, Manaus foi transformada em zona franca. Essa nova condição significou para Manaus a isenção de taxas de importação das máquinas e matérias-primas necessárias à produção industrial, bem como dos impostos de exportação das mercadorias industrializadas. Com esses incentivos, indústrias transnacionais e nacionais foram atraídas para a cidade, e Manaus transformou-se em um polo industrial importante, principalmente no setor de bens de consumo duráveis (televisores, aparelhos portáteis e eletrodomésticos). Atualmente, o polo industrial instalado em Manaus dinamiza boa parte da economia regional e emprega diretamente cerca de 85 mil pessoas. A indústria local, no entanto, depende da manutenção da zona franca. As mercadorias produzidas em Manaus viajam milhares de quilômetros até chegar aos principais centros de consumo do país e incorporam em seu custo o preço desse transporte.

Na década de 1970, teve início o processo de crescimento industrial de Belém. Nesse caso, predominam as indústrias de transformação mineral, em especial a siderurgia do ferro e do alumínio, atraídas pela presença de matérias-primas e da energia proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Uma das siderúrgicas

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mais importantes do setor de produção de alumínio está instalada no Porto de Barcarena, situado nos arredores de Belém.

A Amazônia Legal

Fonte:https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif.

Na visão dos militares, a Amazônia era um

imenso vazio demográfico que precisava ser conquistado e explorado, de forma a transformar seu enorme potencial natural em riquezas que iriam financiar o desenvolvimento do país. Para isso, eles propunham integrar a Amazônia implantando grandes projetos minerais, industriais e agropecuários.

A população local, em grande parte concentrada nas margens dos rios e dos igarapés e vivendo do cultivo de pequenos lotes de terra, foi praticamente desconsiderada nos novos planos do governo para a região.

A Sudam foi criada para ser uma espécie de intermediária entre o governo e os empresários no processo de valorização econômica da Amazônia. Além disso, o órgão também deveria formular projetos de atração de migrantes, para promover o povoamento e consolidar um mercado de trabalho regional. Muitos desses migrantes, a maior parte de origem nordestina, acabaram por se fixar nas periferias das cidades amazônicas, que conheceram um crescimento explosivo a partir da década de 1870.

A Transamazônica, rodovia que corta a região no sentido latitudinal, foi planejada para ligar o Amazonas à Paraíba e viabilizar o assentamento dos migrantes recém-chegados e representar uma rota para os novos investimentos - ou, nas palavras do próprio governo, “a pista da mina de ouro”.

A Transamazônica não cumpriu o papel almejado por seus planejadores. Encravada no meio da floresta e desconectada da rede viária

nacional, a estrada não foi capaz de dinamizar os fluxos regionais e acabou por se tornar um imenso atoleiro. Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das estradas.

O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos.

No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os estados mais devastados da região.

A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à presença de imensos reservatórios de água doce.

Planejamento estatal e a economia nordestina As políticas públicas para o desenvolvimento do

Nordeste, implantadas pela Sudene, consideraram o seu conjunto e não suas sub-regiões separadamente.

Garantiram a disponibilidade de energia e realizaram investimentos industriais, em especial no setor petroquímico.

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• As sub-regiões nordestinas O Nordeste pode ser dividido em quatro

sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares.

A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades produtoras de cana-de- açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho, também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período de crise econômica no Nordeste. Atualmente, a Zona da Mata é uma região de economia dinâmica, concentrando grande parte da população e os maiores polos industriais do Nordeste;

O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural; O Sertão, dominado pelo clima semiárido,

conheceu um primeiro movimento de valorização ainda durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a paisagem. Em meados do século XIX,

o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o espaço sertanejo;

O Meio-Norte, situado na transição entre o

Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina. A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte.

Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas.

Programas pioneiros: Sertão No caso do Sertão, desde o período imperial

existiram políticas de combate à seca e, principalmente, aos seus efeitos. Em 1881, após um período de estiagem que causou a morte de

milhares de pessoas e de uma parcela considerável do gado, o imperador mandou construir um grande açude em Quixadá, no Ceará, visando reservar água e evitar futuras catástrofes.

Nos primeiros decênios da República, essas políticas cresceram e tornaram-se institucionais. Em 1909, foi criada uma Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), com o objetivo de espalhar açudes em todo o Sertão, além de construir estradas para facilitar o escoamento e a comercialização dos produtos sertanejos.

Em 1945, a Ifocs passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), mas sua linha de atuação continuou a mesma. Entretanto, além dos açudes, das barragens e das estradas, o Dnocs passou a organizar também frentes de trabalho. Quando ocorriam as secas, a população carente era recrutada para trabalhar nas obras federais, e, assim, ganhava um meio de sobrevivência, mesmo que muito precário.

Na maior parte dos casos, os açudes e as estradas construídos pelos sertanejos pobres acabavam por tornar ainda mais valiosas as terras dos coronéis, nas quais (ou nas proximidades delas) as obras eram realizadas. Além disso, os coronéis não precisavam se preocupar com a sobrevivência de seus trabalhadores durante a estiagem, já que o Estado cuidava disso. Quando as chuvas voltavam, era só aproveitar as melhorias de suas

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terras e recrutar de volta os trabalhadores. Desse modo, o governo ajudava a enriquecer os que já eram ricos e mantinha os pobres - a maioria da população - no limite da sobrevivência.

Programas pioneiros: Zona da Mata

Os “barões do açúcar” da Zona da Mata também receberam auxílio do governo, ainda que de forma indireta. Na década de 1930, a agricultura canavieira paulista começou a se modernizar, ampliando sua base técnica, e passou a ameaçar a economia açucareira nordestina.

Nesse contexto, o governo criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com o objetivo de estabelecer cotas de produção de açúcar entre os estados brasileiros e garantir um preço mínimo para o produto. Assim, o IAA reservava uma parcela do mercado açucareiro aos produtores da Zona da Mata nordestina, além de garantir preços compatíveis com seus custos de produção relativamente elevados.

Durante longos decênios, o IAA ajudou a garantir a presença do açúcar nordestino no mercado brasileiro, fornecendo-lhe condições de sobrevivência. Em longo prazo, porém, a estratégia revelou-se ineficiente: protegidos pelas cotas e pelos preços governamentais, os produtores nordestinos investiram pouco em modernização, e desde 1990, quando o IAA foi extinto, vêm perdendo parcelas crescentes do mercado para os produtores paulistas.

A Sudene e a industrialização do Nordeste

A criação da Sudene modificou inteiramente a direção das políticas públicas de desenvolvimento do Nordeste. Em primeiro lugar, essas políticas ganharam uma nova dimensão: não era uma ou outra sub-região, mas o conjunto do Nordeste que seria alvo do planejamento estatal. A lei que criou a Sudene delimitou também a área de atuação do órgão, que não coincide exatamente com a Região Nordeste definida pelo IBGE, já que incluiu o norte de Minas Gerais. Em 1998, parte do Espírito Santo também entrou para essa “região de planejamento”.

Em segundo lugar, por estarem baseados em uma nova visão acerca dos problemas regionais, os planos da Sudene foram orientados para outra direção.

Já estudamos que, até então, a intervenção governamental nos assuntos nordestinos tinha se destinado, sobretudo, a solucionar os problemas do campo, beneficiando os grandes proprietários da terra e reforçando a concentração fundiária tanto no Sertão quanto

na Zona da Mata. A Sudene trouxe uma nova prioridade: de acordo com o diagnóstico de seus fundadores, o maior problema do Nordeste não era a falta de chuvas ou a baixa competitividade da produção açucareira, mas a falta de indústrias modernas, capazes de dinamizar a economia como um todo. A solução, portanto, estava no incentivo à industrialização.

Para tanto, era preciso primeiro garantir a disponibilidade de energia. Essa tarefa ficou a cargo das Centrais Hidrelétricas do Rio São Francisco (Chesf), que transformou a Bacia do São Francisco em uma importante produtora de energia de origem hídrica.

O governo federal também tomou para si a tarefa de realizar investimentos industriais, em especial no setor petroquímico. A criação do Polo Petroquímico de Camaçari, o principal complexo industrial nordestino, nasceu das políticas levadas a efeito pela Sudene. A Refinaria Landulfo Alves, de propriedade da Petrobras, abastece as empresas públicas e privadas que operam no polo.

Além disso, foram concedidos financiamentos públicos e incentivos fiscais aos conglomerados industriais que implantassem fábricas na região. O setor de bens intermediários (tais como produtos químicos e metalúrgicos) foi o principal beneficiário, pois acreditava-se que ele seria capaz de dinamizar a economia regional e gerar mercado para o setor de bens de consumo (tais como alimentos e vestuário). Desse modo, esse setor também acabaria por implantar-se no Nordeste. Devido aos incentivos, diversos grupos empresariais inauguraram unidades produtivas no Nordeste.

Com a Sudene, a economia industrial chegou às capitais nordestinas, em especial a Recife e Salvador. Mas sabe-se hoje que isso não bastou para eliminar as desigualdades entre o Nordeste e o Sudeste e/ou para melhorar a qualidade de vida da população regional. O Nordeste brasileiro ainda espera por políticas capazes de gerar crescimento econômico com inclusão social.

População Brasileira

Quem são os brasileiros?

A formação do povo brasileiro

Diversos intelectuais buscam definir o que seria o povo brasileiro. Obviamente, essa tarefa não parece ser uma das mais fáceis, levando em conta a diversidade étnica e cultural da nossa população, além do processo histórico de povoamento das diversas regiões do país.

Se adotarmos como critério o tempo de ocupação, os indígenas foram os primeiros habitantes do que hoje é o território brasileiro. Porém, os indígenas dividem-se em diversos

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grupos étnicos, logo é impossível afirmar que eles representam uma única nação, pois não possuem os mesmos vínculos históricos e culturais.

Atualmente representam a menor parcela da população do Brasil e vivem em áreas menores e diferentes daquelas que ocupavam em 1500. Observe o mapa abaixo.

01. (Prefeitura de Sobral/CE – Agente

Administrativo – UVA) Entre as últimas

alterações da divisão regional oficial do Brasil, podem-se destacar:

(A) a extinção dos territórios federais e a criação do Distrito Federal.

(B) a criação de Fernando de Noronha e a do território de Roraima.

(C) a extinção do Distrito Federal e a criação do território federal de Tocantins.

(D) a extinção dos territórios e a criação do

Estado de Tocantins.

03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente.

Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem.

(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01.Certo /02.D / 03.Certo

Brasil: povos indígenas na época do descobrimento

Questões

02. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE) No atual período histórico, caracterizado

pela forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica, política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas manifestações.

Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço

urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações).

macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste, Amazônia e Nordeste).

(....) Certo (....) Errado

Para conhecer as características e as diferenças da população brasileira, é necessário compreender como se deu o processo histórico de povoamento da região que hoje é o Brasil.

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A população no Brasil Colonial O território do Brasil atual era ocupado

exclusivamente por povos indígenas até o início do Século XVI. Mesmo após a chegada da primeira embarcação portuguesa na região no ano de 1500, comandada por Pedro Álvares Cabral, a Coroa portuguesa não promoveu nenhuma política concreta de colonização do local até 1530.

Estima-se que, no final do século XVI, a população branca na Colônia era de cerca de 30 mil habitantes, concentrada no litoral, especialmente na região correspondente ao atual Nordeste brasileiro, na época o centro econômico do país. Entre os imigrantes portugueses, estavam: nobres e pessoas ricas ligadas à produção de açúcar ou à administração da Colônia; membros do clero; aventureiros; e pessoas condenadas por crimes em Portugal.

Nesse mesmo século, parte da Colônia portuguesa foi ocupada por franceses que se estabeleceram na região do Rio de Janeiro. Mais tarde, a França também ocupou a região do Maranhão, entre os anos de 1594 e 1615 – enviando colonos para lá.

No período colonial, o número de mulheres brancas que imigravam para a Colônia não era muito significativo – uma vez que as terras na América eram vistas como selvagens e perigosas pelos europeus. Dessa forma, a Coroa portuguesa enviava garotas órfãs para se casarem com os brancos que aqui viviam. O pequeno número de mulheres brancas solteiras na Colônia foi um dos motivos que levaram à miscigenação dos colonos europeus com mulheres indígenas ou negras – que, por serem escravas, muitas vezes eram forçadas a tal pelos homens brancos. Com isso, ao longo do período colonial, ocorreu a formação de uma população mestiça na Colônia.

Durante o século XVII, deu-se continuidade ao processo de colonização portuguesa no Brasil, de modo que a ocupação de territórios no continente avançou para as regiões do Pará e do Maranhão (onde também ocorreu um intenso processo de miscigenação).

Porém, entre 1630 e 1654, a região de Pernambuco foi ocupada por holandeses e também por judeus, que imigraram para lá por conta da liberdade religiosa que o governo local lhes propiciava (algo que na época não costumava acontecer em territórios católicos).

Após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a Coroa portuguesa buscou retomar as políticas de povoamento, de modo a proteger a Colônia de novas invasões

estrangeiras. Estima-se que no final do século XVI a população branca na Colônia era de cerca de 100 mil pessoas, o que representava cerca de 30% da população local. O restante era composto por negros, indígenas e mestiços.

Porém, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e também nas atuais regiões de Goiás e Mato Grosso, houve um grande aumento do fluxo migratório de europeus ao longo do século XVIII. Esses imigrantes mudaram-se para o território brasileiro e povoaram as regiões das minas em busca de metais preciosos e enriquecimento.

A composição da população brasileira

O brasileiro no período pós-independência

Com a independência brasileira em 1822, o recém-criado Estado brasileiro tinha como difícil tarefa manter a sua unidade territorial, combatendo movimentos separatistas. Para isso, era de fundamental importância a criação de um sentimento nacional – inexistente até então. Em outras palavras, era necessário que os habitantes das diversas regiões do Brasil se sentissem pertencentes a uma mesma nação, com os mesmos vínculos históricos e culturais.

Não devemos esquecer que, até a independência brasileira, o sentimento de ser brasileiro não existia. O único vínculo histórico que os habitantes possuíam era a relação com a

Coroa portuguesa. Além disso, em cada região do território, o processo de povoamento, miscigenação e desenvolvimento econômico e cultural ocorreu de modo diferente. Ao longo do século XIX, portanto, a preocupação era promover a construção da identidade brasileira e do entendimento sobre quem era o povo com o qual contávamos para construir o país. Até 1888, a sociedade brasileira esteve estruturada com base em relações escravocratas, nas quais os negros eram considerados socialmente inferiores. Dessa forma, o fato de a população brasileira ser, em sua maioria, afrodescendentes representava um incômodo para a elite local: branca e culturalmente vinculada com a Europa.

Assim como em outros países vizinhos, o debate sobre a construção da identidade nacional no Brasil envolveu um embate ideológico: valorizar a cultura dos povos originários ou adotar como referência a cultura europeia. No caso brasileiro, devido aos vínculos culturais da elite local, o modelo cultural europeu foi adotado como ideal de civilização. Com isso, no século XIX, o Estado brasileiro passou a promover gradualmente a imigração de colonos europeus, visando “embranquecer” a sua

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população. Um dos primeiros fluxos migratórios foi o de

colonos alemães para o Sul do país, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em seguida, deu-se início a um intenso processo de imigração de italianos nessas regiões e, principalmente, no estado de São Paulo.

Devido ao seu grande desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XIX, São Paulo passou a receber a maior parte do fluxo de imigrantes estrangeiros nesse período.

Em um primeiro momento, a região recebeu um intenso fluxo de italianos, que foram trabalhar nas plantações de café no interior do estado. Posteriormente, os imigrantes italianos passaram a se dirigir para as zonas urbanas em busca de emprego. O principal destino foi a cidade de São Paulo que, devido ao seu crescimento econômico, possuía maior oferta de trabalho.

A partir do final do século XIX e no início do século XX, São Paulo recebeu diversos fluxos de imigrantes europeus (entre eles espanhóis, portugueses e judeus), como também de sírios, libaneses e japoneses. Mais tarde, ocorreria a migração de nordestinos para a região. Essa população tinha como objetivo trabalhar em diversas atividades econômicas, como agricultura, comércio, indústria e construção civil.

A população brasileira nos dias atuais

Atualmente, a população estimada do Brasil é de um pouco mais de 200 milhões de habitantes, número que o classifica como o quinto país mais populoso do mundo.

Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2014, 51,3% da população brasileira à época, era feminina. Já os homens representavam 48,7% do total de habitantes.

Em relação à distribuição dos habitantes no território brasileiro, pode-se dizer que é um reflexo do processo histórico de povoamento durante o período colonial, uma vez que há maior concentração nas regiões onde historicamente houve maior desenvolvimento econômico. O mapa a seguir retrata esse fenômeno.

Brasil: densidade populacional (2010)

Como é possível notar, a maior parte dos habitantes ainda se concentra nas áreas próximas ao litoral, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde se localizam os maiores centros urbanos. O interior do país, que envolve grande parte da região Centro-Oeste e, sobretudo, Norte, continua sendo menos povoado.

Segundo o mapa, é possível verificar que as capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Bahia e Fortaleza, são áreas de grande concentração populacional. Desde a década de 1960, a maior parte da população brasileira vive em zonas urbanas.

Dados de 2014 divulgados pelo IBGE indicam que cerca de 85,43% dos habitantes à época, moravam em zonas urbanas – principalmente nas capitais de estados. Os 14,7% restantes estavam distribuídos nas zonas rurais. As cidades são as regiões mais povoadas devido à sua maior oferta de emprego. O crescimento da população brasileira também está vinculado aos variados fluxos migratórios ocorridos em direção ao território brasileiro – os quais resultaram em diferentes tipos de migração.

Entre o final do século XIX e o início do XX, a região Sudeste do país, sobretudo a cidade de São Paulo, foi a que recebeu o maior número de imigrantes. Esse fenômeno ocorreu graças ao desenvolvimento econômico local, que possibilitou a criação de mais ofertas de trabalho. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro receberiam, mais tarde, uma grande leva de nordestinos, igualmente atraídos pelo mercado de trabalho da região.

Devido ao seu processo histórico de povoamento da região e à miscigenação, a população brasileira possui uma grande diversidade étnica e cultural.

Composição da população brasileira por cor de pele (2013)

Segundo os dados do IBGE apresentados na tabela anterior, a maioria da população brasileira declara ser ou ter origem predominantemente branca; logo em seguida, há aqueles que afirmam ser pardos, ou seja, frutos de qualquer mistura envolvendo brancos, indígenas ou negros. Em

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contrapartida, apenas 8,1% dos entrevistados consideram-se negros, e 0,8%, amarelos (de origem asiática) ou indígenas.

Em relação à distribuição populacional, pode-se dizer que o perfil étnico-cultural dos habitantes varia consideravelmente de região para região no país. Essas diferenças estão diretamente relacionadas com os processos de imigração e miscigenação que ocorreram nas diferentes regiões brasileiras a partir do século XVI.

Na região Sul, por exemplo, a maior parte da população (76,8%) afirma ser de cor branca, o que se deve em grande parte à imigração europeia na região: portugueses e espanhóis, durante o período colonial; e alemães e italianos, no século XIX. Devido aos intensos fluxos migratórios que recebeu ao longo da história, a região Sudeste é a que apresenta maior diversidade em termos raciais. Desde o século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, e sobretudo no século XX, o Sudeste recebeu tantos estrangeiros (europeus e asiáticos) como brasileiros de outras regiões (principalmente nordestinos).

As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam as maiores taxas da população parda (70,2% e 62,5%, respectivamente). No caso do Nordeste, a população parda se destaca. No Norte, a maior parte da miscigenação ocorreu entre brancos e indígenas, devido às características históricas do povoamento na região.

O número de indígenas no Brasil é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste. Nesta última, a população é predominantemente branca, parda também em função da miscigenação entre brancos e indígenas, e, em menor escala, indígena.

O crescimento da população nos séculos XX e XXI

O processo de desenvolvimento econômico e urbano ocorrido no Brasil no século XX trouxe avanços que resultaram no aumento significativo da expectativa de vida da população brasileira e na redução das taxas de mortalidade. Esses avanços estão relacionados tanto à medicina como às infraestruturas urbanas, como saneamento básico e água tratada, à maior produção de alimentos e à redução da pobreza.

A redução das taxas de mortalidade no Brasil, associada ao alto número de nascimentos ainda registrados no início do século XX, provocou um grande aumento populacional.

Porém, a partir das décadas de 1940 e 1950, a população brasileira passou a apresentar uma diminuição de suas taxas de natalidade e de fecundidade, o que reduziu a sua taxa de crescimento vegetativo.

A diminuição das taxas de natalidade observadas no Brasil indica que a nossa população vem reduzindo o número de filhos. Esse fenômeno, associado ao aumento da expectativa de vida, tem provocado um envelhecimento da população brasileira – uma vez que o número de jovens diminui e o número de idosos aumenta.

A queda das taxas de natalidade no Brasil está relacionada a uma série de transformações culturais e econômicas. Entre elas, pode-se destacar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o que fez que muitas delas optassem por ter filhos mais tarde ou não tê-los. Da mesma forma, o elevado custo de vida nas cidades, onde vive a maioria dos brasileiros, também levou à queda na média de filhos por família.

Observe os gráficos abaixo, conhecidos como pirâmides etárias. Elas indicam a quantidade de

habitantes, homens e mulheres, em um país, por faixas etárias. As diferentes faixas etárias estão mostradas no canto esquerdo da imagem. Já o número absoluto de homens e mulheres correspondentes a cada faixa etária está indicado na parte inferior dos gráficos.

A base dos gráficos representa a quantidade de pessoas jovens no país. Já as partes superiores mostram a proporção de pessoas mais velhas. Quanto maior (ou mais larga) a base desse gráfico, maior é a proporção de jovens na população local. A mesma lógica aplica-se às regiões intermediárias e superiores do gráfico, que representam as populações adulta e idosa, respectivamente.

Os gráficos indicam o perfil da população brasileira em 2013 e quais são as mudanças previstas para 2040 e 2060, com base em estudos feitos pelo IBGE. É possível verificar que o crescimento vegetativo brasileiro continuará diminuindo progressivamente até a década de 2040. Dessa forma, a população do país crescerá cada vez menos até esse período. A partir de 2040, espera-se que o número de habitantes do país diminua, por causa das taxas de natalidade que serão menores do que as de mortalidade, resultando em um crescimento vegetativo negativo.

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Fonte:https://fernandonogueiracosta.files.wordpress.com/2010/12/pirc3a2mides-etc3a1rias-absolutas.png.

A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais compreensível a partir da análise de dois processos que a compõem:

* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;

* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.

O comportamento das populações muda ao

longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.

Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na dinâmica demográfica.

O Crescimento vegetativo de um país é o

índice que resulta da diferença entre a taxa de natalidade e a de

mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou negativo.

O Crescimento horizontal de um país resulta da diferença entre o total de imigrantes e o de emigrantes registrada num dado período. Pode ser, também, positivo ou negativo.

Envelhecimento Populacional e

Previdência Social no Brasil14

No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano, pois, se por um lado há um aumento da expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população ocupada em alguma atividade econômica.

Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.

O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de aposentadorias miseráveis.

Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas formadas no Brasil para roubar o sistema

previdenciário.

Questões

01. (Colégio Pedro II – Segmento do

Ensino Fundamental – Colégio Pedro II) A pirâmide etária representa a estrutura de uma população por gênero e por idade. Observe as pirâmides etárias do Estado do Rio de Janeiro em dois momentos distintos.

As alterações na base e no topo da pirâmide

têm como causa, respectivamente (A) o aumento da natalidade e o aumento da

expectativa de vida. (B) a queda de natalidade e o aumento da

expectativa de vida. (C) o aumento da natalidade e a diminuição da

expectativa de vida. (D) a queda da natalidade e a diminuição da

expectativa de vida.

02. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC) Segundo relatório do IBGE, a taxa de mortalidade infantil (TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes por mil nascidos vivos em 1990 e passou para 17,7 em 2011. O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro anos de idade.

A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica demográfica brasileira permitem afirmar que

(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI prevista pelos Objetivos do Milênio estabelecidos pela ONU.

(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011 teve grande influência no crescimento demográfico do país.

(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma relativa homogeneização das TMI em todas as regiões do país.

(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil tornar-se o país com menores TMI em toda a América Latina.

(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências, dentre as quais o aumento da base da pirâmide etária do Brasil.

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03. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO) Com relação à expectativa de vida dos brasileiros, os recenseamentos do IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se

(A) retrocesso significativo. (B) estagnação relativa. (C) desaceleração abrupta. (D) aumento progressivo.

04. (SEE/MG – Professor de Geografia – FCC) Observe o gráfico.

Os dados do gráfico estão corretamente interpretados em: (A) O excesso de população em relação à capacidade de

produção agrícola do território explica a projeção do IBGE para a possível redução da população brasileira a partir de 2040.

(B) Fatores como a urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho ajudam a explicar a tendência na dinâmica populacional brasileira de redução do crescimento da população.

(C) As melhorias na economia brasileira a partir de 1990 explicam a aceleração do crescimento populacional, enquanto se espera uma crise econômica a partir de 2040.

(D) O aumento da população brasileira desde a década de

1950, apesar da redução do crescimento vegetativo, é explicado pela lenta, porém contínua, entrada de imigrantes no País.

05. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já

ultrapassou a etapa de elevado crescimento vegetativo e, sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa dinâmica da sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as políticas públicas. A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a afirmativa correta:

(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.

(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no setor secundário da economia.

(C) As habitações e o intenso favelamento

das cidades diminuíram em face das medidas governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.

(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.

(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento econômico existente entre as várias regiões do país.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.D / 04.B / 05.E

Globalização e Subdesenvolvimento

Subdesenvolvimento não é fruto da globalização. Ele se caracteriza por graves problemas sociais e grande desigualdade no interior da sociedade e pela capacidade limitada de desenvolvimento tecnológico, entre outros fatores. Os países incluídos nesse grupo também são diferentes entre si. Alguns possuem elevada capacidade de produção instalada e atraem volumes expressivos de investimentos do exterior, como é o caso do Brasil. Outros estão excluídos da ordem econômica mundial e dependem de ajuda humanitária para a sobrevivência da população faminta, sem oportunidades de trabalho e sem condições de obter renda.

Origens do subdesenvolvimento:

A origem do processo de formação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às grandes navegações empreendidas pelos Estados-nações recém- formados na Europa, a partir do século XV. Nessa época, esses Estados expandiram o comércio, explorando os produtos e recursos da América, da África e da Ásia e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes, controlando a extração e a produção neles realizadas.

As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam autonomia administrativa, e seus recursos e riquezas eram explorados intensamente, em benefício de alguns países, como Portugal, Espanha,

Geografia geral: as relações econômicas no mundo moderno: A crise econômica mundial; os blocos econômicos; a questão da multipolaridade. A globalização. Focos de tensão e conflitos mundiais

Geografia geral: as relações econômicas no mundo moderno: A crise econômica mundial; os blocos econômicos; a questão da multipolaridade. A globalização. Focos de tensão e conflitos mundiais.

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Holanda, França e Inglaterra (as metrópoles). A exploração dos recursos das colônias,

como metais preciosos, minérios e produtos agrícolas, proporcionou de fato um grande enriquecimento às metrópoles.

Poucas foram as exceções a essa forma de colonialismo. São os casos da Austrália, Nova Zelândia, Canadá e dos EUA.

Mas, ainda nas duas últimas décadas, o processo de globalização acentuou a distância entre o mundo rico e o mundo pobre, e a quantidade de pessoas vivendo em condições de pobreza elevou-se inclusive nos países ricos. Segundo o economista Ignacy Sachs, no início do século XXI, cerca de 2/3 da população do planeta encontra-se à margem dos benefícios propiciados pelo aumento na capacidade de produção de mercadorias e de geração de serviços, e pelo processo de globalização (por exemplo, ampliação dos fluxos de informações, capitais e mercadorias).

Terceiro – mundialização do planeta:

Os processos de exclusão que estamos observando no mundo inteiro não afetam unicamente os países do sul, mas representam a principal preocupação dos países industriais. Tal como se processa a globalização nas formas atuais, muita gente está ficando de fora. Segundo estimativas de autores americanos, inclui um terço e deixa fora dois terços da população mundial. Metaforicamente, está havendo uma terceiro-mundialização do planeta.

Apesar de a globalização ter acentuado os

problemas sociais nos países do norte, esses problemas são extremamente mais graves nos países do sul, onde a capacidade de solução dessas questões é bastante limitada.

Divisão Norte-Sul: A divisão Norte-Sul simboliza a separação

entre os mundos desenvolvido e subdesenvolvido. Os países desenvolvidos estão situados quase todos no hemisfério Norte (com exceção da Austrália e Nova Zelândia, que também são classificados como países do norte) e os subdesenvolvidos estão situados ao sul do bloco dos países desenvolvidos. Por esta razão a expressão norte passou a ser sinônimo de desenvolvimento e sul, do inverso.

Considerando a situação atual dos países do mundo, as diferenças são gritantes. Os países do G-8 (grupo que inclui os sete países mais ricos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá, além da Rússia) são responsáveis pela produção de cerca de 56% de

toda a riqueza do mundo. Todos os demais países reunidos, onde vivem 85% da população mundial, produzem os 44% restantes.

As distâncias socioeconômicas entre os países tendem a aumentar a cada ano com o desenvolvimento técnico- científico acelerado e concentrado nos países mais desenvolvidos. Segundo o Relatório 2002 do Fundo de População das Nações Unidas, em 1960 o rendimento dos 20% mais pobres no mundo era 30 vezes menor que o dos 20% mais ricos. Essa diferença havia aumentado para 74 vezes em 2002. O mesmo relatório aponta que cerca de três milhões de pessoas vivem com menos de dois dólares por dia.

Considerando que o desenvolvimento tecnológico é um elemento importante para o processo de globalização, o Brasil, no início do século XXI, ocupava a desconfortável 43ª posição no mundo em conquistas tecnológicas.

O Conselho de Washington: O Conselho de Washington refere-se a um

conjunto de receitas econômicas criadas, em 1989, visando acelerar o desenvolvimento da América Latina. O economista John Williamson reuniu o pensamento das grandes instituições financeiras (FMI, Banco Mundial, BIRD) e também do governo norte-americano, que pretendiam resolver a crise dos países pobres e particularmente os da América Latina, e propor caminhos para o desenvolvimento.

Entre essas instituições havia “consenso” sobre alguns pontos principais. De acordo com o Conselho de Washington, os países deveriam:

* promover uma reforma fiscal, isto é, uma reforma no sistema de atribuição e de arrecadação de impostos, para que as empresas pudessem pagar menos e adquirir maior competitividade.

* promover o corte de salários e demissão dos funcionários públicos em excesso, e realizar mudanças na previdência social, nas leis trabalhistas e no sistema de aposentadoria, para diminuir a dívida do governo (chamada dívida pública).

Além disso, o Conselho de Washington propunha a abertura comercial, o aumento de facilidades para a entrada e saída de capitais e a privatização de empresas estatais.

Risco-país: Numa economia internacional muito integrada, s

maiores investidores têm grande “controle” ou “poder” sobre a situação econômico-financeira de um país, conforme a dependência desse país em relação aos investimentos externos. As agências internacionais de investimentos, por sua vez, divulgam relatórios constantemente sobre a

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capacidade dos países para pagar seus compromissos externos e avaliam o “nível de segurança” de cada país. Essa classificação recebe o nome de risco-país, e os investidores levam em conta esses relatórios ao aplicarem seu capital.

Enfim, nesse mundo globalizado, o sistema financeiro internacional acaba tendo forte influência na vida das sociedades dos diversos países, com consequências muitas vezes negativas.

O que é risco-país: É uma classificação baseada na diferença

entre o juro pago por um papel (título) e a taxa oferecida por um título com prazo de vencimento semelhante pelo Tesouro dos Estados Unidos, título este considerado o papel mais seguro do planeta, de risco praticamente zero. Essa avaliação é realizada por agências de investimentos como Moody`s, Standard & Poor`s (S&P) e Fitch (todas norte-americanas).

A classificação reflete, na visão dos investidores, qual é a possibilidade de o país pagar ou não suas dívidas interna e principalmente externa.

Quanto maior a taxa de risco de um país, mais altos serão os juros que o governo terá de pagar para renovar ou obter novos empréstimos, e menos para receber novos investimentos.

Os países, para serem confiáveis, deveriam cumprir as normas e as sugestões do “Consenso”. Nada era obrigatório, mas seguir suas determinações básicas era condição para receber ajuda financeira externa e atrair capitais estrangeiros.

A escala regional na ordem global

Em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU reconheceu, por maioria, a Palestina como Estado observador não membro (Nova York, Estados Unidos). Para muitos analistas, esse reconhecimento poderia ter significado a retomada do processo de paz. Comércio desigual e regionalização na economia global De acordo com a inserção na economia mundial é possível identificar grandes conjunto de países. A profunda desigualdade na participação no comércio mundial está relacionada com as mudanças nos padrões da divisão

internacional do trabalho.

Inserção desigual dos países na economia mundial

Os países não se inserem na economia mundial da mesma maneira. O atraso econômico de muitos países é resultado de um processo histórico. O crescimento econômico das nações nos últimos séculos se confunde com a própria história do desenvolvimento do capitalismo, que desde o século XVI estabeleceu uma divisão internacional do trabalho. Os países dominantes ficavam com a maior parte da riqueza produzida, enquanto as colônias tinham a função de contribuir para a acumulação de capital nas metrópoles.

A economia capitalista se desenvolveu concentrando riqueza e poder nas mãos das elites, principalmente das potências dominantes, criando em contrapartida regiões pouco desenvolvidas economicamente e pouco industrializadas, chamadas a partir da segunda metade do século XX de subdesenvolvidas.

Esse termo tem sido questionado, pois a maior parte dos países chamados subdesenvolvidos esteve durante muito tempo na condição de colônia, e a exploração de seus recursos naturais e humanos impediu o seu crescimento econômico e seu desenvolvimento social. Ou seja, dentro de um mesmo processo, o crescimento econômico de uns foi conseguido em detrimento de outros.

Podemos dizer que as desigualdades econômicas e sociais dividem o mundo em dois grandes grupos: o dos países ricos, mais

industrializados, desenvolvidos, com menores problemas sociais, e o dos países pobres, menos industrializados, que contam com inúmeros problemas sociais, incluindo enorme quantidade de pessoas que vivem em precárias condições de vida. Esses grupos não são homogêneos, apresentando grandes diferenças.

Grandes conjuntos de países Muitos países subdesenvolvidos, após a

Segunda Guerra Mundial, passaram a investir na indústria, ficando conhecidos como países em subdesenvolvimento. Como a Primeira

Revolução Industrial ocorreu no século XVIII e a Segunda Revolução Industrial no século XIX, esse processo é considerado industrialização tardia ou retardatária. E o caso do Brasil, México, Argentina e Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, na China).

Os países ricos e pobres já receberam diversas denominações. Uma delas, a partir da década de 1980, refere- se à localização geográfica. Os mais desenvolvidos passaram a ser chamados de países do Norte, pois na sua maior

parte encontravam-se no Hemisfério Norte. Os subdesenvolvidos, localizados majoritariamente no Hemisfério Sul, ficaram conhecidos como

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países do Sul. Mais recentemente, com a expansão e a

internacionalização dos mercados, os países foram divididos em países centrais, mercados emergentes (ou semiperiféricos) e países periféricos.

Em parte dos países em desenvolvimento (Brasil, México e Argentina), o processo de industrialização apoiou-se no modelo de substituição de importações, que incluía a

proteção do mercado interno, a proibição da entrada de manufaturados estrangeiros e o fortalecimento de indústrias locais (nacionais e transnacionais).

Outros países, como os que compõem os Tigres Asiáticos, industrializaram-se a partir do modelo de plataformas de exportação, no qual

empresas transnacionais se instalam em determinado país e passam a exportar sua produção para outros países, onde o produto final é montado.

Mudanças nos padrões de divisão

internacional do trabalho Desde o final do século XX têm ocorrido

algumas mudanças nos padrões da divisão da produção e do comércio internacional, com o crescimento da participação dos países em desenvolvimento nas exportações de manufaturados.

No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, eram predominantemente agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do trabalho essas economias estavam assentadas principalmente na exportação de matérias primas ou produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais) para os países ricos. Por outro lado, os países subdesenvolvidos recebiam dos países desenvolvidos produtos do setor secundário (industrializados) e do setor terciário (comércio, capital, tecnologia). Os

produtos exportados pelos países subdesenvolvidos tinham menor valor que os exportados pelos países desenvolvidos. Na produção industrial e tecnológica estão os produtos de maior valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada.

Desde as últimas décadas do século XX, os países em desenvolvimento têm encontrado algumas brechas para produzir e colocar produtos manufaturados no comércio mundial. No entanto, em grande parte, ainda exportam produtos que agregam apenas tecnologia tradicional.

O êxito no mercado internacional, com entrada significativa de divisas, não ocorre apenas para produção e exportação de grande

volume de mercadorias. O que importa mais é o valor agregado à mercadoria. No caso, os países desenvolvidos agregam alta tecnologia.

A maior parte do aumento da participação dos países em desenvolvimento no mercado de bens manufaturados provém da Ásia Oriental e do Pacífico.

Somente um pequeno grupo de países participa das exportações de alta e média tecnologia (China e Taiwan, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Índia, além do México, na América Latina).

O mesmo acontece com as exportações de manufaturados com utilização de baixa tecnologia, nas quais se destacam China, Taiwan, Coreia do Sul, México e índia.

Outros fatores como o custo dos transportes a distância entre os mercados mundiais influem no comércio.

Nova divisão internacional do trabalho Atualmente, tem-se estabelecido entre os países

uma nova divisão internacional do trabalho,

destacando-se três grupos de países: os industrializados centrais, os industrializados semiperiféricos e as economias periféricas, predominantemente agroexportadoras.

Os países industrializados centrais

iniciaram sua industrialização ainda no século XIX, formando uma indústria nacional e consolidando um mercado interno. Atualmente fabricam e exportam produtos da indústria de ponta (informática, aeroespacial e outras), os quais agregam alta tecnologia.

Podemos citar como exemplos os Estados Unidos, alguns países da Europa Ocidental (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Holanda, Bélgica, Suíça e Suécia), Japão e Canadá.

O grupo das sete nações mais industrializadas (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Canadá) é conhecido como G-7. Em alguns casos a Rússia

integra esse grupo, que passa a ser denominado G-8.

Os países industrializados semiperiféricos formam um grupo muito diversificado e a maior parte tem pouca porcentagem de participação nas exportações de produtos manufaturados.

Além das áreas centrais da Europa, outros países europeus (como Polônia, Espanha, Portugal e Grécia) ou ex-colônias europeias (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul) funcionam como espaços de produção industrial anexos dos países centrais.

Alguns países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), como Rússia, Cazaquistão, Belarus e Ucrânia, tentam se reorganizar

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industrialmente após o abandono do regime socialista.

Também fazem parte desse grupo países da América Latina, como México, Brasil e Argentina, que fabricam e exportam produtos industrializados utilizando principalmente baixa e média tecnologia, mas também exportam produtos agrícolas, matérias-primas minerais e vegetais.

Os países semiperiféricos da Ásia têm aumentado sua participação nas exportações mundiais, representando 31,5% do total em 2010, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos tornando-se a primeira potência comercial do mundo. Os Tigres Asiáticos constituíram uma indústria nacional voltada para o mercado internacional, abastecendo-o com produtos de tecnologia avançada (computadores, automóveis e aparelhos eletrônicos). Investimentos em educação produziram uma mão de obra qualificada, embora barata.

Os Novos Tigres Asiáticos, conjunto

formado por Malásia, Indonésia, Filipinas e Tailândia, procuram aumentar sua produção e exportação de manufaturados. Esses países se industrializaram na década de 1970, na mesma época da industrialização de Chile, Egito, Turquia, Ilhas Maurício, Venezuela, Colômbia, Peru, Argélia e Marrocos.

Entre os países semiperiféricos, os exportadores mais dinâmicos, que respondem por até 80% das exportações dos países em desenvolvimento, de baixa, média e alta tecnologia, são apenas sete: China, Coreia do Sul, Malásia, Cingapura, Taiwan, México e Índia.

A China e a Índia, economias que têm crescido muito, integram-se ao esquema de produção e comercialização fabricando, entre outros, partes de componentes para computadores ou carros. Contando com um terço da população mundial e com grandes taxas de crescimento econômico, apesar de apresentarem grandes problemas sociais, uma aliança entre essas duas potências emergentes poderia redefinir o poder mundial.

Especialistas do mundo dos negócios dizem que no final da primeira metade do século XXI será impossível ignorar a sigla Brics – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa). Inicialmente, os quatro primeiros países constituíram o Bric, um grupo de cooperação que realizava reuniões anuais com o objetivo de aumentar sua importância geopolítica no cenário mundial. Em 2011, a África do Sul foi formalmente incluída no grupo, por apresentar desenvolvimento similar. Esses países são considerados a elite dos mercados emergentes

com crescente importância na economia global. Segundo prognósticos, esses cinco países deverão estar entre as maiores economias do planeta, desbancando potências como o Japão e a Alemanha.

Os países de fraca industrialização (ou periféricos) constituem-se de parte dos países

asiáticos, parte dos latino- americanos e a maioria dos africanos. Contando com pouca industrialização e tendo por base uma economia agroexportadora, participam marginalmente do mercado mundial, fornecendo principalmente produtos primários.

Na África, destacam-se as exportações de cacau (Costa do Marfim), de tabaco (Zimbábue) e de minérios, como o diamante (Botsuana e Namíbia) e o cobre (Zâmbia e Namíbia). Na América Central e América do Sul, Jamaica e Suriname exportam bauxita; a Bolívia, gás natural; e o Chile, cobre. Na Ásia, o Sri Lanka depende das exportações de chá.

As cotações das commodities (mercadorias

em estado bruto ou produtos primários) são fixadas pelos países ricos, sendo constantemente depreciadas. Além disso, os países ricos mantêm um conjunto de barreiras protecionistas e de subsídios agrícolas, desfavorecendo ainda mais os países periféricos.

Interesses econômicos e comércio

internacional Pouco antes do final da Segunda Guerra

Mundial, a Conferência de Bretton Woods, realizada em 1944 nos Estados Unidos, estabeleceu novas regras financeiras e comerciais mundiais. O sistema monetário internacional utilizava o padrão-ouro para definir o valor das moedas a partir do peso do ouro ou equivalente (1870-1914). A substituição do padrão-ouro pelo padrão dólar-ouro (1944-1971), definido na Conferência de Bretton Woods, fez do dólar dos Estados Unidos a principal moeda internacional, assegurando seu predomínio nos bancos centrais dos países e no comércio mundial. Os Estados Unidos se comprometiam a trocar, sempre que necessário dólares por ouro.

Cada país era obrigado a declarar o valor de sua moeda em dólar e em ouro para o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos organismos criados nessa conferência, que tinha a função de garantir a estabilidade do sistema financeiro para favorecer a expansão e o desenvolvimento do comércio mundial. Posteriormente esse organismo passou a supervisionar as dívidas externas dos países.

Como resultado da Conferência de Bretton Woods foi criado também o Banco Mundial, em 1945, que financiou a reconstrução da Europa no

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pós-guerra. Atualmente realiza empréstimos para países periféricos ou semiperiféricos. Uma das principais instituições que compõem o Banco Mundial é o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird).

Na fase da globalização financeira, déficits na balança de pagamentos dos Estados Unidos levaram o país a declarar, em 1971, que não mais converteriam dólar em ouro. Em 1979, foi estabelecido o padrão financeiro de câmbio flutuante, adotando-se o sistema de taxas de câmbio flutuantes entre divisas. Dessa maneira, abriu-se o caminho para os programas de reajuste estrutural, impostos pelo FMI aos países periféricos, e para a liberalização do comércio externo. Os países subdesenvolvidos obtiveram permissão para contrair empréstimos junto ao FMI. Assim, ao final de 2003, os países em desenvolvimento tinham uma dívida de mais de 2,5 bilhões de dólares oprimindo-os e impedindo-lhes o desenvolvimento. Muitas dívidas, contraídas em períodos de ditaduras, foram consideradas “odiosas” por alguns economistas e organizações, pois não serviam aos interesses do povo. Mesmo o pagamento de enormes quantias tem sido insuficiente para quitar parte dessa dívida externa diante dos altos encargos de juros e dos serviços da dívida (reembolso anual de capital e interesses vencidos). Estima-se que a África Subsaariana pagou duas vezes o montante de sua dívida externa, entre 1980 e 1996, mas encontra-se três vezes mais endividada. Sendo assim, os países pobres passam a depender de mais empréstimos de instituições como o FMI e o Banco Mundial para manter esse círculo vicioso, submetendo-se às imposições de ajustes estruturais.

Outro organismo que estabelece regras para o comércio internacional, visando diminuir barreiras comerciais, é a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995 em substituição ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), de 1947. Em diversas negociações, esse organismo tem favorecido os países mais industrializados, como entre 1986 e 1994, na Rodada do Uruguai; em 1999, na Rodada do Milênio; e, em 2001, na Rodada de Doha.

De fato, a taxa de abertura econômica dos países mais ricos

– 13,5% para os Estados Unidos e Japão, e 14,3% para os da União Europeia – é muito inferior à dos países mais pobres (cerca de 30%). Isso se deve ao fato de que a pressão da União Europeia e dos Estados Unidos foi maior para exportar seus produtos industriais e serviços a taxas aduaneiras mais baixas do que

a diminuição de subvenções e créditos protecionistas aos seus produtos agrícolas. Esse fato acentuou ainda mais a desigualdade de condições dos países no comércio mundial.

Por causa dessas dificuldades, outras organizações exercem um poder político importante no contexto internacional. Esse é o caso da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que desde 1964 presta auxílio técnico

aos países em desenvolvimento para a integração no comércio mundial. Por considerar discriminatórias as políticas da OMC, esses países apoiam-se na Unctad para negociar com os países ricos.

A organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também é um bom exemplo de organização paralela de defesa de interesses.

Fluxos do comércio internacional

Desde as duas últimas décadas do século XX, o comércio internacional tem apresentando crescimento acelerado, ciclo que foi momentaneamente interrompido com a crise financeira dos Estados Unidos, no final de 2008.

O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão acelerada desde 2001, estimulado pela queda gradativa de juros e incorporação de segmentos da sociedade de renda mais baixa e com dificuldade de comprovar sua capacidade de pagamento de débitos. Esses negócios estimularam o mercado de títulos de maior risco até gerar uma reação em cadeia de inadimplência que quebrou o mercado de créditos imobiliários. Essa crise imobiliária provocou uma crise mais ampla no mercado financeiro americano, afetando o desempenho da economia mundial.

Por causa dessa crise, as economias do mundo rico encolheram 3,2% em 2009 e cresceram, em média, 2% em 2010. O desemprego também aumentou nesses países, atingindo patamares acima de 8%. Em contrapartida, no Bric, a crise teve um impacto menor.

Por sua vez, o comércio mundial encontra-se fortemente concentrado nos países mais ricos, e os principais prejudicados da crise financeira foram os mais pobres. Segundo projeções do Banco Mundial, o número de pessoas muito pobres será maior até 2020 do que poderia ser se o crescimento econômico não tivesse diminuído desde 2008 e os programas sociais não tivessem sido afetadas.

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A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização

Uma ordem mundial refere-se às hierarquias nas relações

de poder entre os países do mundo18

Uma ordem mundial diz respeito às

configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu contexto histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto das relações políticas e econômicas internacionais de poder.

Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que dominavam e polarizavam as relações de poder no globo: Estados Unidos e União Soviética.

Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas corridas armamentista e espacial e pelas disputas geopolíticas no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano internacional. Este era o mundo bipolar.

A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, mais especificamente após a queda do Muro de Berlim e do esfacelamento da União

Em cinza escuro, os países do sul subdesenvolvido e, em cinza escuro, os países do norte desenvolvido

Soviética, o mundo passou a conhecer apenas

uma grande potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. Analistas e

cientistas políticos passaram a nomear a então ordem mundial vigente como unipolar.

Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal soberania pudesse não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio político e econômico.

Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às sucessivas crescentes econômicas da União Europeia e do Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram no final dos anos 2000.

De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de crescimento econômico que colocaram a China como a segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo multipolar.

Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação que possua o poderio bélico e nuclear dos EUA.

Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam capazes de destruir todo o planeta várias vezes.

A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo possuindo tecnologia nuclear e um elevado número de armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de investimentos na manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país após a Guerra Fria.

É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A Divisão do Mundo entre Norte e Sul

Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e oeste.

O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o Leste demarcava o mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações capitalistas.

Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte encontram- se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas ou emergentes. Tal divisão também segue os ditames da Nova Ordem Mundial, em considerar preferencialmente os critérios econômicos em detrimento do poderio bélico.

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Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não há uma total fidelidade aos critérios cartográficos, uma vez que alguns poucos países localizados ao sul pertencem ao “Norte” (como a Austrália) e alguns países do norte pertencem ao “Sul” (como a China).

A Economia Capitalista Hoje:

Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. Suas características tornam-se a cada dia mais claras. Suas raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com as tecnologias dos anos de 1970, que influenciam as potências atuais de forma marcante.

No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e a valorização dos problemas sociais e ambientais.

Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado por 23 nações (Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União Europeia), torna-se cada vez mais rico. Em 2005, a população dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do total mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do PIB mundial), o que dava uma renda per capita de mais de 35 mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% da população mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do mundo.

Uma das características político-econômicas mais importantes da Nova Ordem Internacional foi o crescente uso dos princípios teóricos do neoliberalismo. O jornalista Ignacio Ramonet,

do jornal francês Le Monde, acredita que os neoliberais criaram, com seu pragmatismo, um conjunto de regras econômicas muito claro, que se resume aos seguintes aspectos:

* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas;

* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido;

* As empresas estatais devem ser privatizadas;

* O Banco Central de cada país deve ser independente;

* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação;

* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições;

* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e desregulamentados;

* A produção industrial deve ser internacionalizada, buscando-se mão-de-obra mais barata;

* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e competitivas.

Frente às crises e ao aumento da miséria nos

países subdesenvolvidos, alguns neoliberais modernos defendem que esse receituário não tem dado certo por culpa dos governos. Seria necessário apenas conter os monopólios privados, supervisionar os bancos com mais atenção, investir em educação e aumentar a poupança interna.

Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os países desenvolvidos exerciam sobre o comércio de exportação no mundo continuou, embora sua participação no total tenha sido um pouco reduzida. Essa redução foi consequência do crescimento das exportações conquistado pelos países subdesenvolvidos industrializados.

A participação dos países subdesenvolvidos no comércio mundial de exportação vinha decrescendo desde o início da Ordem da Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial em 1950 e caiu para cerca de 20% em 1985). Essa situação começou a se reverter no início da Nova Ordem Internacional. Nos dez anos seguintes, os países pobres passaram a controlar maiores parcelas do comércio mundial de exportação.

Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente para elevar o padrão de riqueza dos países subdesenvolvidos como um todo. A maior parte desse aumento foi de responsabilidade de um restrito grupo de países subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande maioria dos mais de 150 países subdesenvolvidos continuou a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação (commodities) e a redução de sua participação no comércio mundial, exceto os exportadores de petróleo.

Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é apontado como um dos indicadores da aceleração do processo de globalização, que criou uma maior dependência das economias nacionais em relação à economia internacional, pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos trabalhadores fica dependente do desempenho de seus países no mercado mundial.

Esse crescimento do comércio e essa maior dependência das economias nacionais são o resultado das políticas de liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final da Segunda Guerra Mundial. Desde então, as taxas alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do mundo caíram de 40% para menos de 5%. Por outro lado, o crescimento do comércio internacional foi fruto da maior integração e complementação econômica dos conjuntos de países que formaram organizações ou zonas de livre comércio, como a União Europeia e o Nafta.

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Características da Nova Ordem Internacional: A Nova Ordem Internacional já pode ser

caracterizada por um amplo conjunto de aspectos. Citaremos todos, porém, nos atentaremos mais detalhadamente, à Globalização.

São eles: * Investimentos em P&D; * Os blocos econômicos; * Dívida externa; *Desemprego; * As economias em transição; * O problema da pobreza.

* Globalização:

A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela evolui na forma de ciclos, intensificando os fluxos de pessoas, bens, capital e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira fase da expansão capitalista europeia, impulsionada pelas Grandes Navegações do final do século XV. Entre 1870 e 1890, a globalização foi novamente intensificada, graças à aceleração dos investimentos internacionais, a ampliação do comércio e o aperfeiçoamento dos meios de transportes e comunicações. Posteriormente, durante o período que se estende entre 1910 e 1920, houve nova aceleração desse processo, associada ao crescente militarismo, que culminaria com a Primeira Guerra Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante a década de 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de globalização foi mais lento, amarrado pelas relações limitadas entre os países capitalistas e os socialistas e pelas políticas comerciais altamente protecionistas. Somente na década de 1990 os investimentos internacionais retornariam ao patamar de 1941. Com a expansão das transnacionais, a partir da década de 1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a Terceira Revolução Industrial, que gerou um sistema de produção econômica com regras que se uniformizam e se universalizam rapidamente, está criando uma nova onda de globalização. Suas instituições passam a controlar e organizar essa economia em que as fronteiras perdem a importância e muitos Estados disputam o direito de abrigar as sedes ou as filiais das grandes corporações, que controlam a oferta de empregos e investimentos.

Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado em direção a uma crescente homogeneização, fruto da imposição de um

sistema econômico e social globalizado sobre toda a superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo sofreu uma forte aceleração, especialmente porque o polo de oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o mundo, criando a bipolaridade da Guerra Fria, entrou em crise. Os investimentos internacionais são realizados de forma direta, pelas empresas transnacionais que implantam ou ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se relacionam aos fluxos de capital que entram por meio de empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de exportações, vendas de títulos públicos no exterior e investimentos no mercado financeiro (especialmente em bolsas de valores). Observe sua evolução recente:

Os investimentos internacionais foram acelerados na Nova Ordem. Eles saltaram de 924 bilhões de dólares em 1991 para mais de 5,4 trilhões em 2001.

Na era da globalização, quando as informações são instantâneas, um observador pode acompanhar a abertura e o fechamento das mais importantes bolsas de valores do mundo durante 22 horas seguidas: se ele estiver em São Paulo, a Bolsa de Tóquio abre às 21 horas (hora de Brasília) e fecha às 5 horas do dia seguinte. Uma hora mais tarde, abre a Bolsa de Londres e, às 11 horas, a de Nova Iorque, que só fecha às 19 horas.

Podemos notar facilmente que a maior parte

dos investimentos tem sido sempre no mercado financeiro, ou seja, nas bolsas de valores. É o que se chama de capital volátil. Esses investimentos entram nos países e saem muito rapidamente, circulando diariamente no mundo, de uma bolsa para outra, mais de 3 trilhões de dólares.

O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas de valores estocava um patrimônio coletivo de 47 trilhões de dólares em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o mercado financeiro se acelerou como forma de investimento.

Os investimentos financeiros diretos também cresceram bastante, aumentando mais de sete vezes nesse período, principalmente por meio da compra de empresas privatizadas, dentro da política neoliberal. As privatizações se expandiram muito desde o início da década de 1990. Entre 1988 e 2003, houve mais de 9 mil privatizações em cerca de 120 países, que somaram mais de 410 bilhões de dólares de transações.

Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na atualidade, só ocorrem em países subdesenvolvidos ou nos países socialistas que estão em transição para a economia de mercado. Na verdade, a década de 1990 foi

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marcada pelo aumento das privatizações em diversos países desenvolvidos. Embora a globalização seja comandada pelos agentes financeiros e econômicos, há uma profunda relação entre seus interesses e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na atualidade, vemos uma espécie de privatização do Estado,

que é colocado a serviço dos interesses do grande capital.

Hoje, mais do que em qualquer outra época da modernidade, a elite econômica colocou o Estado a serviço de seus interesses. São os governos dos países mais ricos do mundo que promovem, numa ação política bem orquestrada, a globalização, preparando encontros, ampliando o raio de ação das organizações internacionais, realizando acordos comerciais, que favorecem a quem controla a economia.

Recentemente, por causa das transformações econômicas em direção à globalização, a redução das taxas alfandegárias e a liberação do movimento dos capitais, muitos estudiosos passaram a acreditar que o Estado nacional estava em fase de dissolução. Em verdade, ocorreu a sua transformação: as relações entre o Estado e a economia se internacionalizaram, e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o Estado abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos seus ativos, e passou a exercer o papel de organizador e gestor de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania nacional passou por uma revisão.

As aquisições e fusões que têm caracterizado a globalização desde o início da década de 1990 não pretendem aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os empregos. A função dessa onda de fusões é cortar as atividades redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a concentração de capitais. O resultado final tem sido sempre a elevação das taxas de desemprego e o aumento da monopolização.

O volume das transações financeiras provocadas pelas fusões de grandes empresas tem ampliado o mercado de ações e acelerado a movimentação de capitais.

No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos ou periféricos não têm peso na definição desse novo panorama geopolítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos países líderes. Assim, com a decadência do bloco socialista, resta para o capitalismo resolver, num futuro próximo, três graves problemas:

Desigualdade – Há uma crescente

desigualdade de padrão de vida entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, além das

diferenças de renda dentro dos próprios países desenvolvidos. Segundo Hobsbawm, a ameaça que a expansão socialista representou após 1945 impulsionou a formação do Welfare State (Estado de bem-estar social), com reformas sociais nos países desenvolvidos, criando-se uma parceria entre capital e trabalho organizado (sindicatos), sob os auspícios do Estado. Isso gerou a consciência de que a democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe trabalhadora, com caras concessões econômicas. O abandono dessas políticas sociais tem ampliado o quadro da desigualdade social, até mesmo em países desenvolvidos.

Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e

crescente xenofobia, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, devido ao grande fluxo de imigrantes das regiões mais pobres para os países industrialmente mais desenvolvidos.

Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que

alerta para a necessidade de solucionar as agressões ao meio ambiente, que podem afetar todo o planeta.

Questões

01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil –

UESPI) No início dos anos 1990, o mundo assistiu à derrocada do chamado Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo como consequência o fim da Guerra Fria e o surgimento de uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como características, EXCETO,

(A) o controle do mercado mundial por grandes corporações transnacionais.

(B) aprofundamento da Globalização da economia e consolidação da tendência à formação de blocos econômicos regionais.

(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da ex-Iugoslávia.

(D) ampliação das desigualdades internacionais. (E) a existência de uma realidade mais

complexa, com múltiplas oposições ou tensões econômicas, étnicas, religiosas, ambientais etc.

02. (Prefeitura de Martinópole/CE –

Agente Administrativo – CONSULPAM) A

nova economia internacional possui elementos característicos onde os que se destacam são os que se referem ao quadro geral determinado pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual cenário mundial é assinalado pela:

(A) bipolaridade (B) unimultipolaridade

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(C) velha ordem mundial (D) Nova Guerra Fria

03. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a

derrocada do socialismo real e da União Soviética, entre 1989 e 1991, surgiu uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser unipolar, com uma única superpotência, os Estados Unidos. Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve período transitório, pois o poderio estadunidense vem se enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em comparação com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia etc...)." Vesentini, Wiliam - 2009. Assinale a afirmativa correta sobre os fatos da nova ordem mundial:

(A) O ponto fraco da União Europeia é o

rápido envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua população.

(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a economia, a herdeira da Ex União Soviética, Rússia, voltou a ser uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de tecnologia de ponta.

(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um Megabloco na Ásia é a desconfiança de algumas importantes nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país imperialista, sobretudo pela brutalidade e pelo racismo demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de seus territórios.

(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia ameaçar a hegemonia estadunidense, em função do crescimento econômico e do regime político democrático.

(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é favorecida pela abundância de recursos minerais e ausência de problemas étnicos, sociais e político territoriais.

04. (IF/SP – Professor de Geografia –

FUNDEP) O processo de mundialização da

economia capitalista inaugurou uma nova divisão internacional do trabalho porque

(A) a diversidade das plantas industriais, até então vigentes nas mais diferentes economias do planeta, sofreram homogeneização, excluindo a complementaridade.

(B) a divisão do mundo em países produtores de bens industrializados e países unicamente produtores de matérias- primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava.

(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal à antiga divisão vertical do trabalho, mediante eliminação de níveis de qualificação

dentro de cada ramo industrial (D) a indústria multinacional restringiu sua

atuação aos mercados de países centrais e criou bases produtivas adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais.

Gabarito

01.C / 02.B / 03.C / 04.B

Conflitos Étnico-Nacionalistas e Separatismo20

A disputa pela soberania sobre territórios e pela definição de novas fronteiras tem ocasionado numerosos conflitos pelo mundo. Muitos desses conflitos também são gerados pelas divergências entre povos de culturas diferentes.

Essas questões geradoras de instabilidades têm estado cada vez menos isoladas, repercutindo mundialmente e influenciando questões econômicas, políticas e militares no atual mundo globalizado.

Estudaremos alguns dos principais conflitos no mundo e sua repercussão internacional.

Um refugiado é uma pessoa que, “receando, com razão, ser perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, contar com a proteção daquele país...”

Globalização e Fragmentação

Nas últimas décadas do século XX, ao mesmo

tempo em que se intensificava o processo de globalização, ampliavam-se os conflitos étnico-nacionalistas, muitos deles relacionados a movimentos separatistas. A ampliação desses conflitos revela uma situação aparentemente contraditória, pois, ao mesmo tempo em que a reprodução da modernidade, em nível global, tende a homogeneizar hábitos por meio do consumo e da indústria cultural, e integrar mercados por meio das organizações supranacionais, diversos povos lutam por sua autonomia, fragmentando o mundo num número cada vez maior de países.

No entanto, se por um lado, a busca pela independência, pela afirmação da identidade nacional e dos valores culturais próprios pode ser vista como reação à globalização, por outro lado, a capacidade que a modernidade tem de se reproduzir não depende do fato de existirem mais ou menos países no mundo.

Os conflitos étnico-nacionalistas estão relacionados, de modo geral, com a formação de

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Estados ou países que abrigam diversas nações (multinacionais ou multiétnicas).

Estado e Nação

O conceito de nação está diretamente

relacionado ao de cultura. Mas é importante ressaltar que, entre os estudiosos, não há consenso em relação à definição de nação. Optamos por empregar a conceituação que diferencia nação de Estado-nação.

Estado-nação é uma entidade político-

administrativa, personificada por diversas instituições (Forças Armadas; poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), que possui um território delimitado, sobre o qual age soberanamente.

Nação é um conjunto de pessoas que têm

em comum o passado histórico, a língua, os costumes, os valores sociais, culturais e morais, e, quase sempre, a religião. Tudo isso confere à nação uma identidade cultural, uma consciência nacional, que contribui para que os seus indivíduos compartilhem determinadas aspirações, como, por exemplo, o desejo de permanecerem unidos, de se promoverem em termos sociais e econômicos, e de preservarem sua identidade nacional (aspecto importantíssimo no conceito de nação).

No mundo, a maioria dos países é constituída por diversas nações, ou seja, os Estados são multinacionais ou multiétnicos. As principais razões das lutas separatistas de cunho nacionalista são explicadas pela não-aceitação das diferenças étnicas e culturais, pela existência de privilégios impostos pela supremacia de um grupo sobre outro, pelos interesses econômicos de determinados grupos sociais e pelo desejo de nações em constituírem seus próprios Estados.

Mas nem todo movimento nacionalista parte de interesses legítimos. Outra concepção de nacionalismo prega o uso da força para defender seus interesses, e considera o outro, em função das diferenças étnicas ou raciais, como inimigo e adversário. Nesta concepção o nacionalismo confunde-se com o racismo e a xenofobia. Foi essa concepção de nacionalismo que Hitler colocou em prática na Alemanha.

Portanto, as lutas étnicas e nacionalistas, que se multiplicaram nas duas últimas décadas do século XX, devem ser analisadas a partir dos aspectos peculiares a cada uma delas e dos diferentes contextos histórico-geográficos em que se desenvolveram.

O Fundamentalismo Islâmico O Islamismo é a religião que mais cresce no

mundo. Conta, atualmente, com cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fiéis espalhados, sobretudo, pelo Oriente Médio, norte da África e sudeste asiático, onde se encontra a Indonésia, país com a maior população islâmica do mundo. Essa religião foi fundada por Maomé, no século VII, e baseia-se no Corão ou Alcorão, também chamado de Livro de Deus (Kitab Alah). Os seguidores do Islamismo são denominados muçulmanos.

Mas a interpretação do Corão não é a mesma para todos os muçulmanos. Para vários deles, certos aspectos das sociedades ocidentais, como, por exemplo, a liberdade de expressão e de religião, e a igualdade de direitos entre homens e mulheres, são incompatíveis com as leis do Corão.

Para os fundamentalistas, o Ocidente, com seus valores, constitui uma ameaça à sociedade muçulmana. Superado o “perigo vermelho”, representado pela URSS, o fundamentalismo islâmico surge como um dos grandes “vilões” do Ocidente. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, essa imagem tem sido muito explorada pelos Estados Unidos, que relacionam os grupos fundamentalistas ao terrorismo.

Além dos esforços de preservação cultural, o crescimento do fundamentalismo islâmico está relacionado aos sucessivos fracassos econômicos e políticos dos governos de vários países muçulmanos da Ásia e do norte da África, os quais, com o término da Segunda Guerra Mundial, conquistaram sua independência e passaram a ter governos próprios.

Desde então, o caos econômico e social, aliado ao autoritarismo e à corrupção da classe política dirigente, passou a representar um terreno extremamente fértil para a expansão do fundamentalismo islâmico em alguns países. A população muçulmana foi depositando cada vez mais suas esperanças nas próprias raízes religiosas e culturais, já que a chegada da modernidade só trouxe benefícios para uma minoria – a elite econômica.

Além disso, a independência política conquistada por esses países também não significou a eliminação das interferências externas das grandes potências mundiais. A posição das grandes potências mundiais – sobretudo dos Estados Unidos – em relação aos governos dos países islâmicos, sempre foi ambígua. No Oriente Médio, por exemplo, o petróleo foi o fio condutor que determinou o apoio norte-americano a um ou outro governante, de acordo com as vantagens econômicas e estratégicas que pudessem ser abertas nessa região.

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Principais Conflitos Étnicos na Europa Os conflitos no centro e leste da Europa estão

relacionados ao fim dos governos socialistas de cunho centralizador e autoritário, os quais foram implantados em diversos países dessa região após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a história da diversidade e dos conflitos étnicos na região é antiga. Ela resulta da expansão dos impérios Russo, Otomano e Austro-Húngaro, e da decomposição desses dois últimos entre o final do século XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Esses impérios controlaram diversas nações – praticamente as mesmas que foram submetidas aos regimes comunistas do pós-guerra – e foram responsáveis pela instabilidade nas fronteiras dessa região europeia.

Os conflitos nacionalistas também estão relacionados, muitas vezes, à falta de perspectivas de melhoria das condições de vida da população mais atingida pelas más condições socioeconômicas de determinado país. Soma-se, a tudo isso, o sentido nacionalista – a vontade de ver os símbolos da nação não mais submetidos a outro poder. Esse sentimento, apesar de ser um elemento aglutinador, de criar laços de solidariedade, pode ser facilmente manipulado por líderes inescrupulosos.

Conflito nos Bálcãs: Esfacelamento da

Iugoslávia Bálcãs é uma região peninsular localizada no sudeste

da Europa, onde hoje estão situadas a Bulgária, Albânia, Grécia, Turquia (trecho europeu), Iugoslávia, Croácia, Eslovênia, Macedônia e Bósnia – Herzegovina. O termo balcanização é uma referência aos diversos conflitos étnico- nacionalistas que ocorreram e ocorrem na região, onde a instabilidade das fronteiras é uma marca. Esse termo é utilizado para se referir aos movimentos separatistas que se alastram por todo o mundo.

Até 1991, a Iugoslávia era formada por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Montenegro) e duas regiões autônomas (Kosovo e Vojvodina) pertencentes à Sérvia.

A população iugoslava compunha-se de várias nacionalidades (sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, albaneses, húngaros) e alguma delas encontravam-se espalhadas em praticamente todas as seis repúblicas. Além disso, no país predominavam três religiões (muçulmana, cristã ortodoxa católica romana) e falavam-se cinco idiomas (sérvio- croata, esloveno, albanês, húngaro, macedônio).

Essa complexa composição étnica manteve-

se unida sob o governo de Josip Broz (marechal Tito), líder de origem croata, que, devido ao carisma e habilidade política e apoio do aparato militar, conseguiu congregar, num único Estado, toda a diversidade nacional, religiosa e étnica.

A morte de Tito, em 1980, comprometeu esta relativa estabilidade. Em 1990, o fim da URSS fortaleceu os movimentos separatistas que desabrocharam em todas as repúblicas iugoslavas. O poderio militar da federação iugoslava, em grande parte controlado pelos sérvios, tentou impedir a independência destas repúblicas e, para isso, conto com o apoio dos sérvios que nelas viviam.

Em junho de 1991, a Eslovênia e a Croácia declararam independência, que foi reconhecida pela Iugoslávia após breve período de violentos conflitos. A Macedônia seguiria o mesmo alguns meses depois. Neste caso, não houve guerra com o governo central. Em abril de 1992, a Bósnia-Herzegovina também declarou independência, dando origem ao mais violento e intenso conflito da região balcânica.

A Independência da Bósnia A Bósnia-Herzegovina era a república

iugoslava etnicamente mais heterogênea: 39,5% de muçulmanos, 32% de sérvios, 18,4% de croatas.

Após ter sua independência reconhecida por diversos países europeus, pelos Estados Unidos e pela ONU, croatas, muçulmanos e sérvios passaram a disputar fatias do território bósnio. A guerra civil da Bósnia teve início em 1992 e tornou- se acirrada quando o líder sérvio, Radovan Karadzic, contrário à separação, proclamou a formação da República Sérvia da Bósnia-Herzegovina, não reconhecendo a independência do país. A guerra se estendeu até 1995, apresentando um saldo de mais de 200 mil mortos e 2 milhões de refugiados muçulmanos. Essa guerra foi marcada pelo extermínio (“limpeza étnica”) dos não-sérvios que viviam na ex-república iugoslava, o qual contou com o apoio do então presidente da nova Iugoslávia, Slobodan Milosevic.

Limpeza étnica é a situação em que um

Estado ou governante promove a expulsão e/ou extermínio de um grupo étnico, geralmente minoritário, em seu território. Os métodos utilizados também envolvem perversidades e atrocidades, como a morte indiscriminada de civis, estupro de mulheres, incêndio de residências, etc. O objetivo é amedrontar a população e promover a fuga em massa do território. Busca-se, desta forma, um equilíbrio étnico favorável ao grupo que detém o poder.

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Em 1995, um acordo de paz selou o fim da

guerra na Bósnia. Esse acordo dividiu o país em uma Federação muçulmano-croata, que controla 51% do território bósnio, e uma República Sérvia da Bósnia, que controla 49%. O governo é regido por uma presidência colegiada, com representantes das três etnias.

No entanto, a permanência de povos inimigos históricos e com ambições territoriais e nacionalistas no mesmo país e as dificuldades de uma administração conjunta tornam a região bastante instável.

Apesar do acordo de paz ter sido assinado em Paris, ele ficou conhecido por Acordo de Dayton, nome da cidade dos Estados Unidos em que está situada a Base Aérea de Wright- Patterson, local em que as negociações foram realizadas.

A Guerra de Kosovo A partir de 1998, os conflitos passam a se

desenrolar na região de Kosovo, habitada predominantemente por população de origem albanesa (90% dos dois milhões de habitantes) e que, desde 1989, tinha perdido parte da autonomia em relação ao poder central iugoslavo, como o direito ao ensino em língua albanesa e a uma polícia própria.

Para fazer frente ao crescimento do movimento separatista armado, liderado pelo ELK (Exército de Libertação de Kosovo), o então presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, contra-atacou com violência a região de Kosovo. Alegando combater os separatistas e defender a integridade do país, promoveu um massacre à população civil. Em 1999, a OTAN negociou com a Iugoslávia o fim do conflito e a volta da autonomia de Kosovo. Diante da recusa iugoslava, as tropas da OTAN lançaram um intenso ataque ao país. A guerra de Kosovo terminou após 78 dias de bombardeiros liderados pelos Estados Unidos. Essa ação, classificada pelo governo norte- americano de “defesa humanitária”, não foi decidida no âmbito do Conselho de Segurança da ONU, constituindo, portanto, um desrespeito às normas internacionais.

Num sinal claro de que a solução para os problemas étnicos era bastante complexa, o Parlamento da Iugoslávia, com o acompanhamento da União Europeia, aprovou, em fevereiro de 2003, a Constituição do novo Estado da Sérvia e Montenegro. Nesse novo Estado, a diplomacia e a segurança são conjuntas, mas tanto Sérvia como Montenegro têm grande autonomia, a ponto de cada uma ter o seu Banco Central. Sob pressão de Montenegro,

que queria a independência total, acertou-se a realização de um referendo, em 2006, para decidir se as repúblicas continuariam unidas.

A questão Basca

Há cerca de cinco mil anos, o povo basco habita uma área de quase 21 mil Km² entre o norte da Espanha e o sudoeste da França. Os bascos vivem espalhados em quatro províncias espanholas: Álava, Biscaia, Guipúzcoa e Navarra; e três províncias francesas: Labourd, Baixa Navarra e Soule. Ao longo dos séculos, os bascos receberam poucas influências culturais ou de miscigenação de outros povos, preservando assim suas características biológicas, étnicas, culturais e linguísticas. O euskara, a língua basca, é falado no cotidiano das famílias, nas escolas e no trabalho.

Assim como outras minorias étnicas espalhadas pelo mundo, os bascos alimentam um sentimento nacionalista, ou seja, aspiram à conquista de soberania política e territorial em relação ao Estado ao qual estão subordinados. A ideia de um país basco começou a surgir com o Partido Nacionalista Basco, criado no final do século XIX. Havia um plano efetivo para a instituição do país basco em 1934, mas foi interrompido pela ditadura (vigente entre 1939-1975) imposta na Espanha pelo governo do general Francisco Franco. Nesse período, o Partido Nacionalista Basco foi considerado uma organização ilegal, sofrendo censura e perseguição política, o que também se estendeu a povo basco, que foi impedido de falar e ensinar sua língua nas escolas, assim como de hastear sua bandeira e promover manifestações tradicionais de sua cultura.

Nesse contexto de forte repressão política, surgiu um movimento separatista em prol da libertação dos bascos chamado Euskadi Ta Askatasuna ou “Pátria Basca e Liberdade”, mais conhecido como ETA, criado em 1959 por dissidentes do Partido Nacionalista Basco. Nas décadas seguintes, o ETA passou a defender a independência dos bascos por meio da luta armada, sobretudo com ações terroristas. Ao longo de sua história, os ataques do ETA provocaram a morte de mais de 800 pessoas, entre políticos, militares e civis, as maiores vítimas.

Em 2006, o ETA declarou cessar-fogo, mas a duração desse ato foi de poucos meses. Em dezembro do mesmo ano, a organização promoveu o maior atentado terrorista de sua história. O episódio foi marcado pela explosão de um carro- bomba em um dos terminais do aeroporto de Madri, que destruiu parte das edificações e deixou dezenas de civis feridos e dois mortos. O uso da violência, no entanto, comprometeu a imagem da organização perante

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a opinião PÚBLICA. O ETA perdeu prestígio e apoio popular, enfraquecendo-se politicamente. Em 2011, a organização divulgou comunicado informando seu fim definitivo. Ainda assim, a questão está longe de ser resolvida. Na Espanha, a esquerda nacionalista continua se articulando para criar novas organizações supostamente comprometidas a usar apenas meios pacíficos para atingir seus fins políticos. O governo espanhol, por sua vez, tem impedido a legalização de tais organizações.

A questão Irlandesa

A ilha da Irlanda foi dominada pela Inglaterra no século XII e, desde então, começou a receber grande quantidade de imigrantes ingleses e escoceses. Em 1800, a Irlanda passou a pertencer ao Reino Unido (formado, atualmente, pelos países da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) e a Irlanda do Norte), por decreto do rei da Inglaterra na época, dando início à organização da luta pela independência.

Mas foi no início do século XX que os conflitos entre Irlanda e Inglaterra ganharam maiores proporções com a criação do Sinn Fein, partido político representante do separatismo irlandês, e do Exército Republicano Irlandês (IRA), que organizou a luta armada contra o domínio britânico.

Os conflitos obrigaram o Reino Unido a realizar uma consulta popular na Irlanda sobre a independência. As províncias do centro e do Sul, de maioria católica e de população de origem irlandesa, votaram pela separação do Reino Unido; as províncias do Norte (Ulster), de maioria protestante e de população de origem inglesa, posicionaram- se contra essa separação.

Em 1921, assinou-se tratado pelo qual as províncias do centro e do Sul poderiam formar um Estado independente. Esse processo de independência encerrou-se somente em 1937, quando foi instituída a constituição do novo país, denominado República do Eire. O Reino Unido reconheceria essa independência apenas em 1949. Em relação à independência das províncias do Norte, o Reino Unido até hoje mantém-se intransigente em concedê-la.

A ação do IRA tornou-se mais intensa na segunda metade do século XX, através da realização de atentados terroristas, os quais visavam, inicialmente, atingir as autoridades e instituições britânicas, mas, num segundo momento, estendeu suas ações a toda população civil protestante. A reação dos britânicos contra os irlandeses foi igualmente violenta, intensificando o conflito nas províncias

do Norte. Depois de anos de luta armada, os dois lados

do conflito entraram em negociação e, em 1999, assinaram um acordo de paz que determinou a deposição das armas pelo IRA e a instalação de um governo compartilhado entre católicos e protestantes. A Irlanda do Norte permaneceu ligada ao Reino Unido, mas o acordo admite a separação futura caso a população, em sua maioria, tome esta decisão.

Nem todos os irlandeses são favoráveis a este acordo de paz. A violência de ambas as partes, tanto dos católicos separatistas como dos protestantes unionistas, tem alimentado, por décadas, o ódio entre esses dois grupos. Por essa razão, muitos acreditam que novos conflitos poderão ressurgir a qualquer momento.

Os conflitos no Cáucaso

O Cáucaso, região montanhosa situada a sudeste da Europa, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, constitui uma da áreas de grande tensão geopolítica, mercada pela eclosão de uma série de guerras civis, conflitos separatistas e étnicos, além de confrontos fronteiriços pela disputa de territórios entre países vizinhos.

A região abrange o território de três países – Armênia, Geórgia e Azerbaijão -, além de várias repúblicas russas, como Ossétia do Norte, Chechênia, Daguestão e Inguchétia, com uma população de aproximadamente 21 milhões de pessoas, que se destaca pela grande diversidade étnico-cultural. São mais de 100 grupos étnicos com costumes, línguas e dialetos próprios, que, em sua grande maioria, seguem a região cristã ou islâmica. Essas diferenças étnico-religiosas estão na base da maioria dos conflitos que eclodem na região.

Esses conflitos se tornaram mais intensos a partir da desintegração da União Soviética no início da década de 1990. Até então, essa região esteve sob o domínio do governo soviético, que controlou com mão de ferro, pelo uso da força, qualquer tipo de rebelião nessas suas repúblicas.

Com o fim da União Soviética, algumas dessas repúblicas se tornaram países independentes, formando novos países, e outras passaram ao controle da Rússia, principal herdeira do império soviético. Com o novo arranjo político-territorial e as diferenças étnico-religiosas existentes, foi praticamente inevitável a eclosão de grandes conflitos na região.

No início da década de 1990, o fortalecimento de um movimento separatista levou a Chechênia, de população majoritariamente muçulmana, a declarar sua independência em relação à Rússia. O governo Russo, no entanto, não reconheceu a proclamação dos chechenos e respondeu com um

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violento ataque militar aos separatistas, que deixou um saldo de aproximadamente 80 mil mortos, e ficou conhecido como Guerra da Chechênia (1994-1996). Desde então, o conflito se encontra em estado latente, com os separatistas chechenos promovendo ataques terroristas contra alvos russos, como ocorreu em 2004, quando terroristas chechenos invadiram uma escola na república da Ossétia do Norte e detonaram explosivos, causando a morte de 344 pessoas, sendo 186 crianças.

No Daguestão, outra república russa, grupos muçulmanos lutam para criar um Estado islâmico, movimento também combatido pelas forças russas que buscam manter o controle da região, rica em reservas de petróleo. Na Geórgia, os conflitos separatistas envolvem as repúblicas da Ossétia do Sul (maioria persa e cristã) e da Abkházia (maioria muçulmana ortodoxa), que desde 1991 lutam contra os georgianos (cristãos) para se tornar independentes. Em 2008, a Geórgia lançou uma ofensiva militar contra os ossetas, o que levou à intervenção dos russos, que invadiram o território da Ossétia do Sul, para desalojar tropas georgianas. A participação da Rússia no conflito, no entanto, provocou um acirramento das tensões com os Estados Unidos, que têm a Geórgia como aliada na região.

A região de Nagorno-Karabakn é alvo de disputa entre a Armênia e o Azerbaijão. Embora esteja encravada no território do Azerbaijão, país de origem muçulmana, quase 80% de sua população é cristã e de origem armênia. Assim, desde o início da década de 1990, quando os soviéticos saíram da região, os armênios reivindicaram a posse do território, fato que já levou esses países a se confrontarem militarmente entre 1992 e 1994. Apesar da negociações em curso desde o cessar-fogo, o impasse pelo controle da região ainda persiste.

Territórios e conflitos na África Muitos dos conflitos existentes hoje no mundo

envolvendo disputa por territórios, como aqueles que ocorrem em várias partes do continente africano, têm origem histórica ligada ao processo de expansão do capitalismo ao longo dos últimos dois séculos e suas implicações na delimitação das fronteiras dos Estados nacionais.

Nas últimas décadas do século XIX, o continente africano, até então habitado por povos de diferentes grupos étnicos, passou a ser mais efetivamente ocupado e exaltado pelas potências econômicas europeias. Em plena Revolução Industrial, países como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda e Alemanha necessitavam de matérias-primas em grande

escala e a baixos custos para abastecer seus parques industriais em expansão. Para assegurar seu suprimento esses países se apropriaram do vasto território africano (e também de extensas regiões do continente asiático) como forma de explorar os recursos naturais nele existentes e utilizar suas terras para o cultivo de grandes monoculturas tropicais, as chamadas plantations. Para isso, estabeleceram a divisão ou partilha do território africano em um acordo selado em 1885 durante a Conferência de Berlim.

As alterações resultantes dessa divisão desestruturaram a organização política, econômica e social da maioria dos povos africanos. As fronteira traçadas de maneira arbitrária elos europeus, por exemplo, ignoraram as diferenças técnicas dos inúmeros reinos e grupos tribais existentes no continente. Assim, em muitos casos, essa divisão colocou no território de uma mesma colônia antigos povos rivais, ou, ainda, separou povos com a mesma identidade histórico-cultural. Os colonizadores também escravizaram populações e impuseram suas línguas, costumes e valores morais e étnicos aos povos colonizadores. Muitas vezes, os povos nativos sofreram intensa dominação cultural, sendo obrigados a aprender a língua do colonizador, a mudar seus hábitos alimentares e a se vestirem como os europeus. Os povos que tentaram resistir à colonização foram brutalmente reprimidos em violentos conflitos. Mais bem armados, os soldados europeus massacraram os movimentos de resistência que, em certos casos, exterminaram grupos tribais inteiros.

Somente a partir de meados do século XX, com o enfraquecimento político, econômico e militar dos países europeus devastados pelos conflitos da Segunda Guerra Mundial é que a luta contra o colonialismo no continente ganhou impulso. Surgiram movimentos de independência em praticamente todas as colônias europeias na África, reivindicando a ruptura dos laços mantidos com as metrópoles.

Alguns desses rompimentos foram pacíficos, enquanto outros ocorreram por meio de violentos conflitos que se arrastam por várias décadas, opondo a população local e os colonizadores. Os movimentos d independência das colônias africanas (e também a Ásia) após a Segunda Grande Guerra ficou conhecido, historicamente, como processo de descolonização.

Contudo, mesmo após a independência política, muitos desses países mantiveram praticamente os mesmos limites territoriais traçados pelos colonizadores europeus.

A desorganização étnico-cultural herdada do

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traçado dessas antigas fronteiras tem sido a causa de inúmeros conflitos territoriais e guerras civis que, ao longo da história, assolam muitos países africanos.

Conflitos Étnico-Nacionalistas na Ásia Há uma grande quantidade de conflitos

étnico- nacionalistas na Ásia. O continente abriga cerca de 60% da população mundial e milhares de etnias. Nas duas últimas décadas do século XX, alguns desses conflitos se destacaram pelo grande número de pessoas envolvidas e pela violência empregada.

Os confrontos na Índia: Hindus e Muçulmanos A tensão entre hindus (28% da população

indiana) e muçulmanos (12%) iniciou-se com a chegada dos árabes à região, no século VII, os quais difundiram o Islamismo no país. Essa religião conquistou muitos adeptos nas camadas mais pobres da sociedade indiana, que viam nela um caminho para se desvencilharem do sistema de castas da religião hindu (o Hinduísmo), que estrutura a sociedade indiana.

O sistema de castas, apesar de extinto por lei, tem ainda forte presença nas relações sociais na Índia. Segundo esse sistema, cada indivíduo pertence a uma casta desde o nascimento, não é permitido o casamento entre pessoas de castas diferentes nem existe mobilidade de uma casta para outra.

A sociedade hindu divide-se basicamente em quatro castas ou ordens principais: os brâmanes (monges), os xátrias (guerreiros), os vaixás (comerciantes e artesãos) e, na base da pirâmide, os sudras (camponeses e serventes). Os indivíduos considerados impuros pelas outras castas denominam-se párias e exercem profissões como coveiro e faxineiro.

Os conflitos na Caxemira Situada nas encostas da cordilheira do

Himalaia, a região da Caxemira constitui um dos focos de maior tensão geopolítica no Sul da Ásia, alvo de conflitos que se arrastam há mais de 60 anos. Desde que deixaram de ser colônia do Império Britânico, em 1947, Índia e Paquistão disputam a posse da região, que tem aproximadamente 220 mil quilômetros de extensão e abriga cerca de 12 milhões de pessoas. Logo após a retirada dos britânicos, indianos e paquistaneses entraram em guerra pela posse da região. O conflito terminou em 1948, quando o Paquistão ficou com um terço da

Caxemira e Índia com dois terços. O Estado islâmico do Paquistão, no entanto,

passou a reivindicar a anexação total da região ao seu território, já que os muçulmanos compõem a grande maioria da população caxemire. Além de não estar disposta a perder parte de seu território, a Índia ainda acusou o Paquistão de apoiar ações terroristas realizadas por grupos extremistas islâmicos favoráveis ao separatismo. O governo indiano reprime a ação de tais grupos para manter o controle sobre a região e também para evitar que uma eventual onda de movimentos separatistas se espalhe em certas regiões do país também habitadas por outras minorias étnicas, como a dos sikhs, que reivindicam autonomia sobre a província do Punjab.

A disputa pela região já levou esses países a se enfrentarem em outras duas guerras, ocorridas em 1965 e 1971. Assim como os conflitos entre grupos islâmicos paquistaneses e grupos hindus indianos, essas guerras deixaram milhares de vítimas. A questão geopolítica na região tornou-se ainda mais complexa com o envolvimento da China, que, desde 1962, também se apossou de parte da Caxemira, após guerra travada com os indianos.

Assim, a disputa pela posse da Caxemira levou a uma crescente militarização da região, utilizada inclusive para justificar a corrida armamentista que levou o Paquistão e a Índia a desenvolverem armas nucleares, das quais a China já dispunha. A instabilidade política na região tem sido alvo de grande preocupação internacional, já que a eclosão de uma nova guerra entre esses países poderia ter consequências imprevisíveis.

Os Curdos e o Curdistão Estimativas não muito precisas, pela falta de

levantamentos estatísticos oficiais, sugerem que existam entre 26 e 40 milhões de curdos espalhados pelo território de vários países do Oriente Médio. Esse povo forma o maior grupo étnico sem Estado do mundo. O território ocupado pelos curdos, chamado Curdistão, estende-se por uma região montanhosa com 530 mil quilômetros quadrados, que abrange áreas do Irã, Iraque, Síria, Turquia, Armênia, Geórgia e Azerbaijão.

Na Turquia, onde vive a maioria dos curdos (cerca de 15 milhões, o que representa 20% da população do país), surgiu o mais atuante grupo armado que luta pela formação de um Estado curdo independente: o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Criado no final da década de 1970, tornou-se uma organização separatista engajada na luta armada pela causa do povo curdo, que aspira a soberania política e territorial do Curdistão. A luta por essa soberania vem sendo

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reprimida de maneira violenta pelas forças governamentais, especialmente na Turquia, onde o governo considera o PKK uma organização terrorista. Estima-se que somente no conflito curdo-turco tenham morrido mais de 37 mil pessoas.

A enorme resistência que os países da região colocam à criação de um Estado curdo não se justifica somente por causa da perda de parte de seu território. Essa região dispõe de imensas reservas de petróleo em seu subsolo. A Turquia extrai praticamente todo seu petróleo da região curda, enquanto cerca de 40% das reservas petrolíferas iraquianas também estão em áreas curdas. Com o objetivo de conter a luta dos curdos pela independência em seu território e de manter o controle sobre os campos de petróleo, o governo iraquiano, no final da década de 1980, promoveu ataques que destruíram mais de duas mil aldeias curdas e provocaram o massacre de milhares de pessoas, incluindo crianças e mulheres (as estimativas oscilam entre 50 e 100 mil mortos).

A complexidade que envolve a questão curda está ligada à grande instabilidade política nessa conturbada região do Oriente Médio, marcada pela presença de países com os mais diversos problemas de ordem interna e externa. Com a eclosão da guerra civil na Síria, em 2011, grupos armados curdos assumiram o controle das áreas no nordeste do país aproveitando-se da fragilidade das forças sírias, recrutadas para conter os conflitos que s intensificaram no país.

Os Conflitos no Oriente Médio O domínio que o Império Turco-Otomano

exercia sobre boa parte do Oriente Médio, o qual prevaleceu até a Primeira Guerra Mundial, foi praticamente substituído pela ocupação inglesa e francesa, que se prolongou até a década de 1940.

Durante esse último período, ocorreu um processo de grande fragmentação territorial desta região. Após essa década, os ingleses e franceses foram afastados do Oriente Médio, o que consolidou o processo de independência de vários países e favoreceu a criação do Estado de Israel, foco permanente dos conflitos étnico-nacionalistas que opõem os árabes e palestinos aos judeus.

No entanto, a independência de diversos países não significou o fim dos conflitos na região. Pelo contrário, após a Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio transformou-se no principal foco de tensão mundial em função da criação do Estado de Israel, em 1948; dos

interesses econômicos e estratégicos das grandes potências, que buscam o controle das jazidas de petróleo; das disputas internas pelo poder numa região marcada por regimes autoritários; dos conflitos religiosos e da má condição de vida da maioria da população.

A herança da Guerra Fria é outro importante fator de instabilidade e de intensificação dos conflitos. Os Estados Unidos e a URSS armaram exércitos e grupos de oposição, fortalecendo ditaduras e grupos terroristas. Atualmente, cerca de 40% das vendas de armas dos Estados Unidos destinam-se a países do Oriente Médio.

Israel e a questão Palestina Localizada no Oriente Médio, a região da

Palestina tem sido palco de um dos conflitos de maior repercussão em todo o mundo. Trata-se do confronto entre árabes e judeus pela posse dos territórios ocupados por esses dois povos, cujas raízes são tão antigas quanto à própria ocupação daquelas terras.

Há cerca de 2000 anos a.C., os hebreus, que depois passariam a ser chamados de judeus, ocupavam as terras da Palestina. Devido à sua posição geográfica, que a situa estrategicamente entre a Europa, a Ásia e a África, essa região foi alvo de muitas disputas, e foi submetida ao domínio de vários reinos e impérios. Os assírios e os babilônios, por exemplo, dominaram e escravizaram os hebreus séculos antes da era cristã. Sob o domínio dos romanos desde o início da era cristã, os hebreus (judeus) foram expulsos de suas terras e se dispersaram pelo mundo em um movimento conhecido como diáspora judaica.

Entre o século VII e o século XV, após a longa ocupação romana, a Palestina foi ocupada pelos povos árabes, também chamados de palestinos, quase todos muçulmanos, que até o início do século XX permaneceram na região sob o domínio do Império Turco-Otomano, quando passaram para o controle do protetorado britânico.

O movimento sionista Mesmo dispersos pelo mundo durante tanto

tempo, os judeus preservaram sua identidade histórico-cultural e sempre alimentaram o sonho de constituir um território judaico soberano e independente. No final do século XIX, surgiu na Europa o movimento sionista, que defendia a imigração dos judeus para a Palestina (antiga terra dos hebreus). Esse movimento propunha a criação de um Estado judeu nos arredores do Monte Sião (daí a origem do nome sionismo), uma das colinas que cercam as terras da cidade de

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Jerusalém, considerada santa para judeus, cristãos e muçulmanos.

Vítimas de perseguições e massacres sistemáticos, comunidades judaicas espalhadas em várias partes do mundo se deslocaram, então, para aquela região, estabelecendo-se em colônias agrícolas e em bairros judaicos. O movimento sionista se fortaleceu após a declaração de Balfour, em 1917, por meio da qual os britânicos apoiaram o retorno dos judeus, caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano eu, mesmo enfraquecido, ainda dominava a região.

Contudo, a imigração de judeus para a Palestina se intensificou ainda mais com a perseguição promovida pelo regime nazista alemão, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial e nas décadas seguintes.

A formação do Estado de Israel21 Em meados da década de 1940, quando os

judeus somavam quase um terço da população Palestina, os britânicos decidiram abandonar o plano de construção do estado judaico, deixando tal tarefa a cargo da ONU, que também herdou o imbróglio entre judeus e palestinos, que entraram em conflito para disputa daquele território. Muito pressionada pela comunidade judaica internacional e também com o apoio dos Estados Unidos, que buscavam ampliar sua influência política na região, a Assembleia Geral da ONU aprovou em 1947 a partilha da Palestina, criando dois Estados: um árabe e outro judaico.

Os territórios foram divididos de acordo com a população predominante em cada região. A cidade de Jerusalém, considerada sagrada por judeus e árabes, permaneceu sob controle internacional. O plano, porém, foi rejeitado pelos palestinos, que teriam de ceder parte de seus territórios para os judeus, o que acirrou ainda mais os conflitos entre esses povos. Em 1948, os judeus declararam oficialmente a independência do Estado de Israel, ocupando cerca de 56% de toda a Palestina.

A reação árabe foi praticamente imediata. Na tentativa de impedir a implantação do novo Estado, os exércitos dos países árabes vizinhos (Egito, Jordânia, Iraque, Líbano e Síria) declararam guerra a Israel. Mais bem preparado e equipado militarmente, Israel derrotou as forças árabes pondo fim à primeira guerra árabe-israelense.

Com a vitória, Israel ampliou seus domínios sobre os territórios palestinos. A área da Faixa de Gaza passou a ser controlada militarmente pelo Egito, e a Cisjordânia, assim como a parte oriental de Jerusalém, passaram a ser

controlados pela Jordânia. Assim, o território reservado no início aos palestinos praticamente desapareceu, levando-os a se refugiarem em várias localidades no entorno da região. Desde então, os palestinos lutam pela criação de seu Estado, uma luta que atualmente é chamada de “questão

palestina”.

Foi nesse contexto que surgiram movimentos e organizações político-partidárias em defesa da criação de um Estado Palestino, a exemplo da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), formada por vários grupos paramilitares controlados pelos países árabes. Com o fortalecimento dos grupos radicais dentro dessas organizações, como a organização política e militar Fatah (“conquista” em árabe), criada em 1964, seus membros passaram a cometer atentados terroristas contra Israel.

Em 1967, temendo uma nova reação dos países árabes, Israel organizou um grande ataque militar, que tomou, em menos de uma semana, a Faixa de Gaza e a península do Sinai, do Egito; a Cisjordânia e Jerusalém, da Jordânia; e as colinas de Golã, da Síria. Após a Guerra dos Seis Dias, como esse conflito ficou conhecido, Israel ampliou significativamente seu domínio territorial.

Em 1973, o Egito e a Síria tentaram recuperar os territórios que haviam sido perdidos na Guerra dos Seis Dias, dando início a uma nova ofensiva militar a Israel. No dia do feriado religioso judaico conhecido como Yom Kippur (Dia do Perdão), tropas egípcias e sírias atacaram Israel de surpresa, conseguindo grande vantagem nos primeiros dias de conflito, ao que parecia ser uma vitória fácil sobre o exército israelense.

Contudo, Israel teve uma rápida recuperação, impedindo o avanço das tropas egípcias e sírias. A fim de amenizar a tensão latente na região, a ONU aconselhou a devolução dos territórios árabes ocupados por Israel. No entanto, o governo israelense se recusou a isso, fato que resultou numa crise diplomática entre Israel e a ONU e desgastou a imagem daquele país perante a opinião internacional. No final da década de 1970, Israel e os países vizinhos assinaram os primeiros acordos que marcaram o início do processo de paz entre árabes e israelenses. Por meio desses acordos, Israel devolveu a península do Sinai ao Egito, que em troca reconheceu formalmente o direito de existência do Estado judeu, e também parte das colinas de Golã à Síria.

Desde o final da década de 1980, a OLP abandonou a luta armada e o terrorismo para se empenhar na construção do Estado Palestino buscando uma solução para a coexistência pacífica entre árabes e israelenses na região. A

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OLP reconheceu oficialmente a existência do Estado de Israel, e este reconheceu a OLP como legítima representante do povo palestino. As negociações de paz iniciadas naquela época, os Acordos de Oslo (1993 e 1995), previam a retirada dos soldados e a devolução da maior parte da Faixa de Gaza e da Cisjordânia aos palestinos. Nessa ocasião, foi criada também a ANP (Autoridade Nacional Palestina), uma instituição estatal com a atribuição de administrar o futuro Estado palestino.

Impasses e divergências nas negociações, como o fato de Israel não aceitar o retorno dos refugiados que vivem nos países vizinhos e nem de reconhecer a parte oriental da cidade de Jerusalém como futura capital palestina, impediram avanços mais promissores no processo de paz. As negociações se tornaram ainda mais difíceis após a vitória da direita conservadora, representada pelo partido Likud, nas eleições israelenses de 2001. Na tentativa de inviabilizar a devolução dos territórios aos palestinos, Israel retomou a construção de colônias judaicas em áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

A partir de então, os grupos extremistas árabes retomaram suas ações terroristas, promovendo ataques contra Israel. Com o argumento de se proteger desses ataques, o governo israelense iniciou a construção de uma barreira de segurança para isolar as comunidades judaicas e palestinas na Cisjordânia. Embora o controle da Faixa de Gaza tenha sido transferido para a Autoridade Nacional Palestina em 2005, o governo israelense vem aumentando a construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia. Assim, o conflito entre árabes e israelenses, que já se arrasta por mais de seis décadas, ainda parece longe de ser solucionado.

A morte de Arafat e a cúpula de Sharm El-Sheik

Em novembro de 2004, morreu o líder palestino Yasser Arafat. Nas eleições que ocorreram no mês seguinte, Mahmoud Abbas foi escolhido presidente da Autoridade Nacional Palestina.

No início de 2005, após quatro anos de conflitos (Nesse período ocorreram outras tentativas de acordo de paz, mas sem sucesso, como a reunião realizada em Madri – 2003, patrocinada por EUA, Rússia, União Europeia e ONU – Quarteto de Madri, que previa a criação de um Estado Palestino em 2005), e cerca de 3 mil mortos de ambos os lados, abriu-se nova

perspectiva de paz, com o encontro de Abbas e Sharon, mediado pelos líderes do Egito e da Jordânia. No encontro, conhecido como a Cúpula de Sharm el-Sheik (referência ao balneário egípcio onde ocorreu) ficaram acertadas a suspensão de ataques mútuos, a libertação de prisioneiros, a retirada gradual de Israel de territórios palestinos, entre outros aspectos. Mas ainda há vários impasses para um acordo de paz definitivo: a questão do “Muro de Proteção”; a definição dos limites entre Israel e o futuro Estado Palestino; a situação de Jerusalém, cidade que Israel declara como capital indivisível do país e os palestinos, por sua vez, não abrem mão de incorporá-la ao seu Estado; a situação dos assentamentos judaicos em território da Autoridade Nacional Palestina. Além dessas e outras questões, há sempre o risco da reação ao processo de negociação por parte dos grupos extremistas judeus e palestinos e incertezas de como Israel e ANP irão controlar a atuação desses grupos.

Questões

01. (USP) Leia o texto e observe a imagem.

Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias.... Nós que aqui estamos, por vós esperamos.

Direção de Marcelo Masagão. Brasil, 1999.

A partir do texto e da imagem, pode se afirmar corretamente que

a) a história das guerras se resume a um teatro de combates travados no front por estadistas e militares.

b) os relatos que abordam os conflitos apenas com base nos tratados e armistícios são parciais e

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limitados. c) o fim dos impérios, a xenofobia e a

consolidação do projeto federativo garantiram a paz mundial.

d) a banalização da morte e a experiência do exílio expressam a retração dos nacionalismos nos séculos XX e XXI.

e) as políticas de inclusão foram capazes de controlar os fluxos migratórios globais.

02. (USP) Cada vez mais pessoas fogem da

guerra, do terror e da miséria econômica que assolam algumas nações do Oriente Médio e da África. Elas arriscam suas vidas para chegar à Europa. Segundo estimativas da Agência da ONU para Refugiados, até novembro de 2015, mais de 850 mil refugiados e imigrantes haviam chegado por mar à Europa naquele ano.

Garton Ash, Timothy. Europa e a volta dos muros. O Estado de S. Paulo, 29/11/2015. Adaptado.

Sobre a questão dos refugiados, no final de

2015, considere as três afirmações seguintes: I. A criação de fronteiras políticas no

continente africano, resultantes da partilha colonial, incrementou os conflitos étnicos, corroborando o elevado número de refugiados, como nos casos do Sudão e Sudão do Sul.

II. Além das mortes em conflito armado, da intensificação da pobreza e da insegurança alimentar, a guerra civil na

Síria levou um contingente expressivo de refugiados para a Europa.

III. A política do apartheid teve grande influência na Nigéria, país de origem do maior número de refugiados do continente africano, em decorrência desse movimento separatista.

Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III.

Gabarito

01.B / 02.B