de carvalho 2008

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al-madan online I adenda electrónica SUMÁRIO s al-madan online | adenda electrónica adenda electrónica N.º 16 | Dezembro 2008 [http://www.almadan.publ.pt] III Dois Bronzes de Entidades Tutelares da cidade romana de Bracara Augusta | Rui Morais IV Escavações Arqueológicas no Quarteirão dos Antigos CTT (Braga): resultados preliminares | Luís Fontes et al. V A Necrópole Romana da Qtª da Torrinha / Qtª de Stº António: incursão ao universo funerário, paleodemográfico e morfométrico | Sandra Assis e Rui Pedro Barbosa VI Levantamento Arqueológico do Concelho de Tábua | Suzana Pombo dos Santos VII Uma Primeira Leitura da Carta Arqueológica de Avis | Ana Ribeiro VIII A Faiança Portuguesa nas Ilhas Britânicas: um projecto de investigação | Tânia Manuel Casimiro IX A Faiança Portuguesa no Mosteiro de S. João de Tarouca: metodologia e resultados preliminares | Luis Sebastian e Ana Sampaio e Castro X Sepulturas Escavadas na Rocha do Monte do Biscaia | Joana Valdez, Filipa Pinto e João Nisa XI Pertinência da análise bioantropológica em espólio osteológico humano descontextualizado: A Necrópole da Igreja Matriz de Montalvão | António Matias e Cláudia Costa XII A Musalla do Hisn Turrus / / Torrão: uma hipótese de trabalho | António Rafael Carvalho XIII Os Sítios do Paleolítico Médio na Margem Esquerda do Estuário do Tejo | Rui Miguel Correia XIV A Relação entre o Parque Arqueológico do Vale do Côa e a População Local: balanço da primeira década | António Batarda Fernandes et al. XV O Papel da Bioantropologia: violência interpessoal, ritual e guerra primitiva nos restos osteológicos humanos | Luís Faria e Eunice Gomes XVI A Ausência da Análise Etnográfica e Experimental no estudo da cerâmica pré-histórica em Portugal | Gonçalo de Carvalho Amaro XVII A Influência dos Modelos de Importação de Cerâmica Fina nas produções madeirenses do século XVII | Élvio Duarte M. Sousa I Sumário II Editorial | Jorge Raposo Arqueologia Opinião Património XXI Notícias: actividade arqueológica XX Notícias: eventos científicos XIX Livros XVIII Um Passeio Geológico na Almada Oitocentista | José M. Brandão

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Page 1: De Carvalho 2008

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I adendaelectrónica

S U M Á R I O sal-madan online | adenda electrónica

adenda electrónica

N.º 16 | Dezembro 2008

[http://www.almadan.publ.pt]

III Dois Bronzes de EntidadesTutelares da cidade romana de Bracara Augusta | Rui Morais

IV Escavações Arqueológicasno Quarteirão dos AntigosCTT (Braga): resultadospreliminares | Luís Fontes et al.

V A Necrópole Romana daQtª da Torrinha / Qtª de StºAntónio: incursão ao universofunerário, paleodemográfico emorfométrico | Sandra Assis eRui Pedro Barbosa

VI LevantamentoArqueológico do Concelhode Tábua | Suzana Pombodos Santos

VII Uma Primeira Leitura daCarta Arqueológica de Avis| Ana Ribeiro

VIII A Faiança Portuguesa nasIlhas Britânicas: um projectode investigação | Tânia ManuelCasimiro

IX A Faiança Portuguesa no Mosteiro de S. João deTarouca: metodologia eresultados preliminares| Luis Sebastian e AnaSampaio e Castro

X Sepulturas Escavadas naRocha do Monte do Biscaia| Joana Valdez, Filipa Pinto e João Nisa

XI Pertinência da análisebioantropológica em espólioosteológico humanodescontextualizado: ANecrópole da Igreja Matrizde Montalvão | AntónioMatias e Cláudia Costa

XII A Musalla do Hisn Turrus / / Torrão: uma hipótese detrabalho | António RafaelCarvalho

XIII Os Sítios do PaleolíticoMédio na Margem Esquerdado Estuário do Tejo| Rui Miguel Correia

XIV A Relação entre o ParqueArqueológico do Vale doCôa e a População Local:balanço da primeira década |António Batarda Fernandes et al.

XV O Papel da Bioantropologia:violência interpessoal, ritual eguerra primitiva nos restososteológicos humanos| Luís Faria e Eunice Gomes

XVI A Ausência da AnáliseEtnográfica e Experimentalno estudo da cerâmica pré-histórica em Portugal| Gonçalo de Carvalho Amaro

XVII A Influência dos Modelos de Importação de CerâmicaFina nas produçõesmadeirenses do século XVII| Élvio Duarte M. Sousa

I Sumário

II Editorial | Jorge Raposo

Arqueologia

Opinião

Património

XXI Notícias: actividade arqueológica

XX Notícias: eventos científicos

XIX Livros

XVIII Um Passeio Geológico na Almada Oitocentista | José M. Brandão

Page 2: De Carvalho 2008

al-madanonline

Uma das consequências não despiciendas da extinção do InstitutoPortuguês de Arqueologia (IPA), cujas atribuições e competênciasforam remetidas para o actual Instituto de Gestão do Património

Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), foi a redução do panorama editorialda Arqueologia portuguesa, com os responsáveis da tutela a entenderem “não prioritária” a manutenção da Revista Portuguesa de Arqueologia e da série monográfica Trabalhos de Arqueologia. Ambas haviam sido lançadas ouretomadas pelo IPA, com a primeira a registar 19 edições (duas por ano entre1998 e 2006 e uma última em 2007) e a segunda a chegar ao número 50(atingido com as quatro edições de 2007), materializando a aposta consequenteno fomento da publicação científica, uma das atribuições cometidas a esseInstituto na respectiva Lei Orgânica. É verdade que documento equivalentetambém confere aos IGESPAR a missão de “coordenar, no âmbito do Ministérioda Cultura, a actividade de divulgação editorial e de promoção nas áreas dopatrimónio cultural arquitectónico e arqueológico”. Mas, assumidamente, o seuexercício não é prioridade... pelo menos no que respeita à RPA e aos TA.

Sucede isto numa altura em que se agravam as condições de sobrevivênciapara outros projectos editoriais de continuidade, sejam estes de naturezaestritamente científica ou de âmbito mais geral, direccionados para a divulgaçãoe promoção da cultura científica junto de públicos diversificados, enquantoinstrumentos de mediação, partilha e sociabilização do conhecimentoarqueológico e da sua interacção crescente com outras áreas do saber. Face ao alheamento da administração pública central, à situação vão resistindo,melhor ou pior, revistas e seriados produzidos em contexto universitário, com apoios da administração local ou resultantes de estratégias de afirmaçãoempresarial. Porém, a resistência é mais difícil quando o suporte assenta emestruturas organizativas independentes e de recursos económicos e financeirosmais frágeis.

É o caso da Al-Madan e do Centro de Arqueologia de Almada, que sedebatem com uma evidente contradição. Por um lado, é crescente o número deautores que procuram a revista como meio de divulgação dos seus trabalhos,quer na edição impressa quer na complementar Al-Madan Online - AdendaElectrónica (http://www.almadan.publ.pt). Por outro, avolumam-se osconstrangimentos orçamentais decorrentes da subida dos custos de produção e da diminuição das receitas − reduzem-se as vendas, não porque a revista percainteresse junto dos potenciais leitores, mas porque crescem as dificuldades dedistribuição, reduzem-se os postos de venda e aumenta o número dos que nãopagam a tempo os materiais facturados; diminuem as receitas de publicidadeporque a crise afecta as instituições potencialmente interessadas; por fim, com honrosa excepção dos municípios de Almada e do Seixal, diminuemtambém os apoios institucionais que vêm contribuindo para o equilíbriosustentado do projecto.

Enfim... veremos o que o futuro nos reserva.

Jorge Raposo

f i c h a t é c n i c a

Capa Jorge Raposo

Vale do Côa e Quinta da Ervamoira.

Fotografia © António Martinho Baptista / PAVC

E D I T O R I A L eal-madan online | adenda electrónica

II al-madan online adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (16) | Dezembro 2008C E N T R O D E A R Q U E O L O G I A D E A L M A D Aadenda

electrónica

al-madan IIª Série, n.º 16, Dezembro 2008

al-madan online / adenda electrónica

PropriedadeCentro de Arqueologia de AlmadaApartado 603 EC Pragal2801-601 Almada PORTUGAL

Tel. / Fax 212 766 975E-mail [email protected] de imprensa 108998

Http://www.almadan.publ.pt

ISSN 0871-066X Depósito Legal 92457/95

Director Jorge Raposo ([email protected])

Conselho Científico Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva

Redacção Rui Eduardo Botas, Ana Luísa Duarte, Elisabete Gonçalves e Francisco Silva

Colunistas Mário Varela Gomes, Amílcar Guerra, Víctor Mestre,Luís Raposo, António Manuel Silva e Carlos Marques da Silva

Colaboram na edição em papel Ass. Prof. Arqueólogos, MilaAbreu, Alexandrina Afonso, Mª José Almeida, Miguel Almeida,Clementino Amaro, Thierry Aubry, A. Martinho Baptista, PatríciaBargão, Lília Basílio, José Bettencourt, Francisco Caramelo,Guilherme Cardoso, António Chéney, Com. Org. 1º CPAE, MónicaCorga, Dalila Correia, Miguel Correia, Virgílio H. Correia, EugéniaCunha, Lino T. Dias, Ana L. Duarte, José d’Encarnação, CarlosFabião, Luís Faria, A. Batarda Fernandes, Mª Teresa Ferreira, AntónioFialho, Jorge Freire, Mauro Frota, Eunice A. Gomes, M. Varela Gomes,António Gonzalez, Raquel Granja, Amílcar Guerra, Martine Guindeira,Rosa Jardim, António Jerónimo, Patrícia Jorge, Miguel Lago,Alexandra C. Lima, Luís Luís, Isabel Luna, Ludovino Malhadas,Andrea Martins, Isabel Mateus, Simão Mateus, Henrique Mendes,Marta Mendes, Víctor Mestre, Mário Monteiro, Elena Móran, NunoNeto, César Neves, Mª João Neves, José Norton, Luiz Oosterbeek,Rui Parreira, Rodrigo M. Pereira, João Pimenta, Mª João Pina, FilipeS. Pinto, J. Carlos Quaresma, Sara Ramos, Jorge Raposo, LuísRaposo, Paulo Rebelo, Aldina Regalo, Fabian Reicherdt, Anabela P. Sá,Jorge D. Sampaio, André T. Santos, Raquel Santos, António M. Silva,Carlos M. da Silva, André Teixeira e António C. Valera

Colaboram na Adenda Electrónica Elisa Albuquerque, MiguelAlmeida, Gonçalo C. Amaro, Sandra Assis, Thierry Aubry, Rui P.Barbosa, Pedro Barros, Lília Basílio, Delfina Bazaréu, Cristina VilasBoas, José Braga, José M. Brandão, António R. Carvalho, Com. Org.1º CPAE, J. Muralha Cardoso, Bárbara Carvalho, Tânia M. Casimiro,Ana Sampaio e Castro, Dalila Correia, Rui Miguel B. Correia,Cláudia Costa, Eugénia Cunha, Fernando Dias, José d’Encarnação,Luís Faria, A. Batarda Fernandes, Mª Teresa Ferreira, Luís Fontes,Eunice Gomes, Sérgio Gomes, Amílcar Guerra, Vítor O. Jorge,Ângela Junqueiro, Mª Fernanda Lourenço, Luís Luís, FernandaMagalhães, Jaime J. Marques, Andrea Martins, Manuela Martins,António Matias, Samuel Melro, Marta Mendes, Rui Morais, CésarNeves, Mª João Neves, Lurdes Nieuwendam, Susana Nunes, FilipaPinto, Pedro Pinto, João Nisa, Ana Ribeiro, Jorge Sampaio,Constança G. Santos, Raquel Santos, Susana P. Santos, LuísSebastian, José Sendas, Francisco Silva, Élvio Duarte M. Sousa, JoanaValdez, Ana M. Vale e Gonçalo Leite Velho

Publicidade Elisabete Gonçalves

Apoio administrativo Palmira Lourenço

Resumos Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dos Santos (francês)

Modelo gráfico Vera Almeida e Jorge Raposo

Paginação electrónica Jorge Raposo

Tratamento de imagem e ilustração Jorge Raposo

Revisão M.ª Graziela Duarte, Fernanda Lourenço e Sónia Tchissole

Impressão A Triunfadora, Artes Gráficas Ld.ª

Distribuição CAA | http://www.almadan.publ.pt

Tiragem da edição em papel 1000 exemplares

Periodicidade Anual

Apoios Câmara Municipal de Almada e Câmara Municipal do Seixal

al-madanonline

Page 3: De Carvalho 2008

r e s u m o

Considerações acerca dos no -vos modelos de estudo de ce -râmicas pré-históricas, propon-do a sua aplicação em contex-tos portugueses.O autor introduz alguns exem-plos, destacando a importânciados dados de natureza etnoar-queológica ou resultantes deacções de Arqueologia experi-mental.

p a l a v r a s c h a v e

Pré-História; Cerâmica pré--his tórica; Etnoarqueologia; Ar -queologia experimental; Teoriaarqueológica.

a b s t r a c t

Considerations on new prehis-toric pottery study models,suggesting their application inPortugal.The author presents someexamples, highlighting the im -portance of data resulting fromethnoarchaeology and experi-mental archaeology actions.

k e y w o r d s

Prehistory; Prehistoric pottery;Ethnoarchaeology; Experi mentalArchaeology; Archaeologicaltheory.

r é s u m é

Considérations autour desnou veaux modèles d’étude decéramiques préhistoriques, pro -posant son application dans descontextes portugais.L’auteur introduit certainsexemples, mettant en relief l’im -portance des données de na -ture ethnoarchéologique ourésultantes d’actions d’Archéo -logie expérimentale.

m o t s c l é s

Préhistoire; Céramique préhis-torique; Ethnoarchéologie; Ar -chéologie expérimentale; Théo -rie archéologique.

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al-madanonlineXVIadendaelectrónica

A Persistente Ausênciada Análise Etnográfica e Experimentalno estudo da cerâmica pré-histórica em Portugal

por Gonçalo de Carvalho Amaro

Doutorando de Pré-história e Arqueologia na UniversidadeAutónoma de Madrid.

O P I N I Ã O oal-madan online | adenda electrónica

Começam, deste modo, a surgir as primeiras te -ses de doutoramento dedicadas em exclusivo à Pré--História e Proto-História, sobressaindo os casos deArmando F. Silva, do casal Oliveira Jorge, de VictorGonçalves e Manuela Martins.

Nos distritos de Lisboa e Porto e nas suas proxi -midades tornavam-se comuns os trabalhos que iden-tificavam e descreviam arqueossítios, dando origemà exposição dos respectivos materiais; esta tradição,iniciada sobretudo na década de 80, ainda hoje per-siste e, no que diz respeito ao estudo do registo ar -queológico, limita-se a um estudo numérico e formaldos materiais, fazendo jus à forte tradição histórico--cultural do nosso país.

Contudo, a introdução da Nova Arqueologia –que no caso luso só chegaria duas décadas depois –parece que deixou alguns arqueólogos e pré-historia -dores embaraçados e, ao contrário do que a própria“teoria” indica, abandonaram por completo a culturamaterial, provavelmente devido ao medo de uma es -truturação insuficiente que os voltasse a conotar como passado historicista da Arqueologia.

O que é certo é que em pleno século XXI, emPortugal, os mate riais – o factor mais importante doregisto arqueo ló gico – deixaram de fazer parte do es -tudo em Pré-His tória, sobretudo a cerâmica: se pro -curarmos com atenção, após o trabalho de MichaelKUNST (1987) sobre a cerâmica do Zambujal e a suarelação com os “horizontes” do Calcolítico, não maisse viu trabalho de tal monta.

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1. Introdução

Ainvestigação do registo arqueológico,em Portugal, mantém ainda uma forteligação ao estudo histórico, tratando-se

sobretudo de um trabalho auxiliar à interpretação daHistória, que utilizava a Arqueologia, tal como aNumismática, a Paleografia e a Epigrafia, como umanexo complementar da disciplina (JORGE e JORGE

1998: 13).Após um aparente apogeu de estudos sobre a

Pré-História em finais do século XIX, fruto da “pai -xão” de um conjunto de geólogos e engenheiros demi nas humanistas – que lograram mesmo a realizaçãode um congresso internacional na capital em 1880(GONÇALVES 1993) –, e apesar dos esforços de Leitede Vasconcellos em construir um plano etnográficoúnico para o nosso país, a chegada, nos anos 30, doEstado Novo, que ao contrário das demais ditadurascontemporâneas, demonstrou pouco interesse pelosestudos arqueológicos, levaria a ciência que, até àdata, se mantinha num nível semelhante ao das suascongéneres europeias, praticamente à clandestini -dade (JORGE e JORGE 1998: 13).

O “renascimento” da Arqueologia pré-históricasurgiria somente nos anos 70, com a queda do regi -me, mas também devido ao contacto com investiga -dores estrangeiros que encontravam em Portugal umparaíso para exercerem os seus trabalhos. Tivemos,assim, a visita de Betrice Blance, Savory, o casalLeisner, Shubart e Sawngmeister, Konrad Spindler,Breuil, entre outros.

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Para além da simples descrição formal e numéri-ca, praticamente não existem estudos sobre cerâmi-ca pré-histórica, sobretudo se nos circunscrevermosao intervalo Pré-História - Pré-Campaniforme.

Esperava-se que, com a realização do 7º Encon -tro Europeu de Cerâmicas Antigas em Portugal, naFundação Calouste Gulbenkian) 1, essa falha fossepre enchida. Contudo, contam-se ainda pelos dedosos trabalhos realizados. Aparentemente, esta situa -ção pode ser explicada pela ausência de meios e fun-dos que permitam análises, petrográficas e de con-teúdos, mas também por alguma falta de disponibi -lidade dos investigadores que, no caso português,vêem-se a braços com o ensino a tempo inteiro nasuni versidades ou então trabalhando em empresas dearqueologia com prazos muito apertados – factoresque impedem o desenvolvimento de trabalhos de ex -pe rimentação e de acompanhamento etnográfico dofa brico dos materiais.

De facto, parece que a cerâmica ficou com o es -tigma do historicismo já que, no que diz respeito aoestudo da indústria lítica, os conceitos de Arqueo lo -gia Experimental e Etno-arqueologia, introduzidospor BINFORD (1967), têm sido seguidos, como po de -mos ver em ZILHÃO (1997), BICHO (2000), ALMEIDA

(1995-1996) e CARVALHO (1995-1996). Contudo,mes mo nestes casos, a presença da experimentação eda comparação etnográfica é ainda limitada.

2. A Nova Arqueologia e o

debate sobre a cultura material

Desde o surgimento das bases da Nova Ar queo -logia (BINFORD 1967) que muito se tem debatido so -bre o papel da cultura material na construção do pas-sado (SHANKS e TILLEY 1987; HODDER 1991 e THOMAS

1996), apresentando-se propostas e procurando-senovas fontes. Sem dúvida que um dos logros mais po - sitivos deste debate foi a percepção de que existia umaactuação meramente contemplativa da cultura mate-rial, isto é, a típica ideia de peça na vitrina, que se co -nhece morfologicamente ao milímetro sem que, naver dade, muito se saiba sobre a mesma e a sua re le -vância na cultura. De facto, o espaço existente en trea Pré-História e a contemporaneidade pode levar osmais cépticos a ficarem-se por uma observação me - ramente matemática da questão. Porém, a interdisci-plinaridade e o carácter, que ainda tem a Ar queo lo -gia, de ciência social e humana, leva-nos a tentar ul -trapassar essa limitação temporal, procurando che -gar ao caminho do fio condutor com o passado.

A investigação em traceologia, impulsionada porSEMENOV (1981), e a observação da relação homem // artefacto em povos primitivos actuais, descrita porBinford no seu livro Em Busca do Passado (1991),tor naram os artefactos em objectos de estudo minu-cioso e de dedicação exclusiva.

A proposta de uma Arqueologia de alcance mé -dio, do último investigador nos anos 60 e provavel-mente fruto de uma época que imaginava um retorno“saudável” à natureza, criou condições para o desen-volvimento do Centro de Arqueologia Experimentalem Lejre, na Dinamarca, que seria seguida pela cria -ção de novos centros de interpretação, como os Ar -cheódrome na Borgonha francesa e a Butser AncientFarm no Sul de Inglaterra, onde a experimentaçãoganhou também uma vertente lúdica e didáctica, re -velando-se bastante eficaz no ensino da própria Ar -queologia, apesar das críticas de alguns autores, quedefendem a sua manutenção no âmbito científico(REYNOLDS 1999 e PIJOAN 2001).

Aqui ao lado, na vizinha Espanha, a experimen-tação arqueológica têm-se estendido a vários museuse universidades, destacando-se um trabalho relativa-mente frequente nos centros interpretativos de Ata -puerca e Altamira e nas Universidades de Valladolide Autónoma de Madrid, onde se têm publicados bo -letins com os respectivos trabalhos (VELÁZQUEZ,CON DE e BAENA 2004). Os nossos colegas hispâni-cos têm igualmente debatido sobre a organização etrabalhos, insistindo no prévio estudo minucioso dosmateriais, bem como do seu enquadramento biblio -gráfico, ca pazes de produzir padrões de comparaçãocom os processos pré-históricos (PIJOÁN 2001 e BAE -NA 1997).

Javier Baena, que tem vindo a desenvolver naUni versidade Autónoma de Madrid vários trabalhosna área, leccionando mesmo a cadeira de Arqueo lo -gia Experimental há aproximadamente uma década,segue sobretudo um modelo de projecto de experi-mentação que, no geral, deve compor-se dos se -guintes elementos:

– Objectivo da experiência;– Descrição da experiência: discussão do proble-

ma, delimitação do marco material, marco técnico,descrição das fases de execução e registo das variá -veis;

– Experimentador(es), local e material;– Descrição do processo de reprodução;– Réplica.Denota-se sobretudo um maior uso da experi-

mentação em Arqueologia na investigação da indús-tria lítica e óssea. Todavia, e apesar da relativa eficá-cia das técnicas químicas e de petrografia micros có -pica, hoje em dia essenciais para a compreensão dasconfigurações das pastas, a experimentação acabapor complementar esses processos (EILAND, LUNING

e WILLIAMS 2005), tornando-se por vezes mais efi-caz, tendo em conta a morosidade destes processos(CLOP 1998). Acaba mesmo por abrir um novo lequede perspectivas interpretativas, fundamentalmentequando os dados “científicos” se demonstram con-traditórios, e mostrar-se essencial para o estudo dasvárias cadeias operativas no processo de fabrico daspeças.

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1 Deste meeting destacamos ostrabalhos de CARDOSO et al. 2005,DIAS et al. 2005 e JORGE et al. 2005,por incidirem em estudos químicose petrográficos de análise de pastasde cerâmicas pré-históricas.

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C E N T R O D E A R Q U E O L O G I A D E A L M A D A

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Page 5: De Carvalho 2008

De hecho, la Antropología ha olvidado sistemática-mente la cultura material como parte esencial de ladefinición de cada cultura. Es muy difícil encontrarestudios etnológicos para poder utilizar, con pro -piedad, como fuente de analogías con la Prehistoria,debido al desinterés mostrado en sus páginas por lacultura material, punto de contacto, de interés parael arqueólogo” (HERNANDO 1995: 22).

Como se pode verificar na citação anterior deAl mudena Hernando, a Etno-Arqueologia apresen-ta-se como uma ponte entre o meio antropológico earqueológico, com um carácter fundamental para oestudo das comunidades pré-históricas (HERNANDO

2006), factores que têm proporcionado o seu desen-volvimento no ensino universitário (RUBIO 2001).

No que diz respeito ao estudo da cerâmica, têm--se realizado basicamente trabalhos de acompanha -mento e registo dos processos produtivos (STARK

1991; DOMINGUEZ-RODRIGO e MARTI 1996; GONZÁ -LEZ 2005; RODRIGUES 2006) e sobre a concepção sim -bólica dos aspectos decorativos e da forma (DAVID,STERNER e GAVUA 1988; STERNER 1989; HAALLAND

1997; ABBOTT 2000), maioritariamente em povosditos primitivos actuais, mas também sobre gruposinseridos na nossa sociedade contemporânea (GON -

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No que diz respeito ao con-ceito em si, do estudo da cerâmi-ca pré-histórica, o processo ex -perimental deve conter as se -guintes fases, descritas em 2004por Manuel Calvo:

– Busca do afloramento deargila;

– Preparação da argila e es -colha dos desengordurantes;

– Modelação a fresco;– Modelação no primeiro

estado de secagem;– Argila em estado de “tex-

tura de cuero”, últimos retoquese primeiras decorações;

– Segundo estado de se ca -gem, torna-se impossível a mo -delação;

– Cozedura;– Esfriamento;– Final, tempo de limpeza,

impermeabilização e decoraçãopintada.

Após definidos alguns pon-tos da experimenta ção arqueo -lógica, podemos verificar quepa ra a apre ensão de alguns des -tes saberes teve que existir umprévio estudo de Etnografia com -parada. Tal como a experimen-tação, a aplicação deste tipo detrabalhos à Arqueologia surgetambém com a Nova Arqueologia e com os trabalhosde Lewis Binford de “primitivos mo dernos”, atravésdo contacto directo (1991), infe rindo sobre a formacomo estes dispunham do seu ter ritório, como orga-nizavam os seus acampamentos e tarefas e, funda-mentalmente, como ficava o sítio após o seu aban-dono. Com o estudo etno-arqueoló gico, Binford nãose cinge ao acompanhamento dos ditos povos, mastambém à análise de fotos e de da dos históricos re -sultantes do seu acompanhamento (BINFORD 1991:131). Neste último aspecto, temos em Portugal umalonga tradição, iniciada com os descobrimentos ecom a obra de Pacheco Pereira em África, o famosoEsmeraldo de situ orbis, de finais do século XV. Oprofessor de Chicago abrira assim caminho, com osseus “novos métodos de inferência arqueológica”, aum conjunto crescente de trabalhos, e a Etno-Ar que -o logia passou a ter os seus defensores também naEuropa (HODDER 1990).

Ultrapassou-se a ideia de que a Etno-Arqueo -logia não era mais do que um estudo antropológicofo cado nos artefactos e que usava e abusava dascomparações: “[…] se ha identificado a veces la Etno -arqueología con el estudio de la cultura material depueblos vivos desde una perspectiva arqueológica.

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Figura 1

Reprodução do autor dadecoração dos célebres “coposcanelados” em placas rectangularesde 8 por 14 cm – alguns exemplosda fase de produção, de cima parabaixo e da direita para a esquerda:estiramento do barro com chifrede veado; corte das sobras comlâmina de sílex; brunido dasuperfície com uma concha polida;aspecto da superfície brunida;decoração com punção de madeirae aspecto final da decoração.

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Page 6: De Carvalho 2008

ZALÉZ 1984; BRUGNOLI 2000; DJORDJEVIC 2005;GAR CIA 2006).

No ponto que se segue desenvolveremos certosaspectos de alguns dos trabalhos referidos e a suapossibilidade de integração num contexto de inter-pretação do estudo do registo arqueológico da Pré--História.

3. O engano involuntário

da nossa forma de olhar

Actualmente temos a tendência, quase queautomática, de atribuir a uma peça de cerâmica umfim exclusivamente artístico – já que no nosso quo-tidiano o seu uso é praticamente inexistente. O úni-co conhecimento que temos será de algum jarro anti-go que subsiste na casa dos nossos avós. Exageradaou não a premissa escolhida, é um facto o distancia-mento que mantemos com estes elementos na actu-alidade. O afastamento que mantemos em afectivocom estes materiais pode levar a que a interpretaçãodos mesmos fique condicionada. Ocorrendo assim aforma mais simples de responder ao problema: uti-lizar soluções que mais se adeqúem à nossa vivênciae contemporaneidade, seguir o pensamento positi -vista e humanista, que em parte ajudou ao surgimen-to da própria ciência arqueológica (THOMAS 2004),mas que nos mantém demasiado rígidos e matemáti-cos no sentido interpretativo. É necessária umamaior mobilidade no estudo da cultura material – ouso de um outro tipo de observação que produza al -go vivo e não estagnado; ao fim e ao cabo estamos afalar dos elementos mais frequentes numa jazida ar -queológica.

Por exemplo, no caso particular da cerâmica,existe uma extraordinária concepção simbólica. Acapacidade de criar, de dar vida, está intrinsecamenterelacionada, em várias culturas, com a modelação dobarro; não é por acaso que na Bíblia surge essa ana -logia. É verdade que as manifestações originadas emargilas são representações animais e antropomórfi-cas, sendo, as primeiras, conhecidas desde o Pa leo -lítico Superior (D’ ANNA et al. 2003: 87) e não abs -tracções como é, em parte, a cerâmica. O já referidotrabalho de DAVID, STERNER e GAVUA (1988) de -mons tra ainda a existência desta relação de criação e,inclusive, ligação metafísica entre homem e cerâmi-ca. Estes autores observaram que entre os Mafa e osBulahay, tribos dos Camarões, existe uma estreita re -lação entre os antepassados e a cerâmica, sendo osrecipientes um ponto de conexão entre o mundo dosvivos e o além.

Deste modo, pode explicar-se o facto de que ascerâmicas sejam adornadas da mesma forma que oshumanos, isto é, o azeite usado para o engobe da ce -râmica é o mesmo usado pelas pessoas em dias im -portantes, assim como parte das decorações corpo-

rais, nomeadamente cicatrização, se encontra pre-sente nos vasos (DAVID, STERNER e GAVUA 1988:370-371). HAALLAND (1997) insiste nesta íntima re -lação entre a cerâmica e o corpo humano – sobretu-do com o feminino; não é por acaso que, como refe -re o autor, ainda na actualidade, utilizamos denomi-nações de partes do nosso corpo para definir a ce râ -mica, como pescoço, mamilos, corpo, etc., algo queocorre entre alguns povos étnicos, como os Fur, doSudão (HAALLAND 1997: 382). Curiosamente, noque diz respeito à Pré-História, são bem conhecidosos casos de vasos que aparentemente representam afigura humana. No caso particular da Península Ibé -rica, encontramo-los fundamentalmente na zonaSudeste, entre a transição do Neolítico ao Calcolítico(ESCORIZA 1991-1992; GAVILÁN e VERA 1993).

Por vezes, um olhar diferente pode levar-nos agrandes surpresas, como, por exemplo, tentar entrarno mundo dos primitivos actuais e na sua forma deencarar as coisas. Podemos assim saber qual é o realvalor de um objecto e o que está por detrás da suaconstrução. O trabalho de Ian HODDER (1991) sobreas cabaças da tribo Ilchamus (uma das tribos étnicasda região do Kenya, onde são sobretudo conhecidosos Masai), demonstra bem o que está por detrás dasdecorações: as cabaças são o único objecto da cul-tura material dos Ilchamus que apresenta decoração;a simbologia deste acto liga-se ao facto do objectoes tar relacionado com dois factores fundamentaispa ra a economia da tribo – o gado e as crianças.Como nos explica Hodder, esta tribo vive da pastorí-cia e as crianças são quem geralmente leva o gado apastar; a riqueza de cada um provém do número decabeças que tem. A premissa “muito gado igual amui tas mulheres e crianças” é um dado evidente(HODDER 1991: 107). A cabaça é um artefacto exclu-sivo de cada menino, contém leite (que provém dogado), essencial à sua alimentação juvenil. Mas estesnão são os factores código do facto em si da orna-mentação das abóboras, mas algo mais metafísico –a compreensão e a acepção humana, isto é, quantomais bem decorada estiver a cabaça, significa que amulher está preocupada com os seus filhos e, conse-quentemente, com a riqueza de sua família e do seuesposo. É também uma forma abstracta de expor asua opinião, já que não pode participar nos conselhostribais: “It shows that a man has a good wife, if shedecorates the calabashes: it shows that she has somepride in her domestic childe-raising activities, andthis implies a certain acquiescence to his own inter-ests – to what she think is important” (HODDER

1991: 109).Os estudos etnográficos também nos dão indica -

ções preciosas sobre o próprio processo de fabricodos artefactos. Entre os Navajo (EUA), a aprendiza-gem para a construção de uma peça provém de umasincronia de sentidos que implica a observação doprocesso e a consequente memorização e repetição

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Ingold: “[…] some kind of adaptative convergence –of natural selection and human intellect, operatingquite independently, arriving at parallel solutions[…]” (INGOLD 2005: 343).

O mesmo autor destaca ainda a visão dos Ye -kuana, tribo do Sul da Venezuela, estudados porDavid Guss. Esta tribo tem uma forte conexão como acto de elaboração de cestos (tecer). É tão impor-tante esta tarefa que inclusive o termo tecer acabapor ser aplicado aos outros processos de fabrico deartefactos. A cultura material é então um objecto decriação. Em contrapartida, os materiais do “mundoocidental”, com os quais têm inevitavelmente con-tacto, são considerados como artefactos “feitos”. Oacto de tecer é para eles um acto identificador, ondeos artefactos têm um forte valor cultural; por outraspalavras, digamos que estes funcionam como “cria -dores de cultura”, um espelho da sua sociedade e dassuas características específicas.

O simbolismo da palavra tecer levou a que Gussconcluísse que existia como que uma forma primiti-va de apropriação da natureza, implícita no própriomodo de tecer como algo construtivo, ou seja, detransformação da natureza, atribuir-lhe uma regra.Ao revés, Ingold considera que não se trata de umprocesso de sublimação humana, mas antes de umainterpretação do ambiente – as ideias do homemprovêm do que o rodeia e, em tempos passados, aúnica essência de inspiração para o homem era aprópria natureza: “It is, as I have shown, an episte-mology that takes as given the separation of the cul-tural imagination from the material world, and thus

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dos passos até ao produto final:“One must build long sequences byaccretion onto previously memo-rized sequences. One can talk aboutsub-routines and hierarchies withinthe sequence, but one does not learnthen this way” (WYNN 1993: 394).

É basicamente um processo prá -tico e de apreensão sensorial, comoconstatamos em cima. Wynn refereinclusive que é um método que sepode encontrar, hoje em dia, emqualquer trabalho contemporâneoque recorra ao emprego de uma co -ordenação motora precisa (IDEM, ibi-dem). Nos exemplos que expõe, des-perta-me a atenção a música, umaactividade com a qual estive conec-tado na adolescência. Recordo-meperfeitamente das horas que perdiacom a mesma sequência na viola edo útil que era olhar para as mãos domeu professor a dedilhar – era es sen -cialmente um trabalho silencioso, deobservação e repetição exaustiva dosmesmos acordes e da mesma com-posição até atingir a técnica perfeita.

Peter Reynolds, que trabalhou com os aboríge -nes australianos, verificou que para eles a produçãode um artefacto não é um acto individual e que, de -pois de consolidados os processos de aprendizagem,torna-se num trabalho conjunto e complementar. Co -mo afirma, a essência da actividade técnica humanaé a antecipação da acção do outro e a actuação com-plementar à sua obra. (REYNOLDS 1993: 412).

Tim Ingold, na sua obra The Perception of theEnvironment (2005), incide, de uma forma geral, naideia de antítese existente entre as sociedades mo -derna ocidental e os povos que vivem ainda numaeconomia “primitiva” de caça e recolecção. Destacafundamentalmente a separação intrínseca que faze-mos (os ocidentais e os ocidentalizados) entre hu ma -nidade e natureza, criando assim dois mundos para-lelos. No entanto, para os caçadores-recolectores,existe somente um mundo e os seres humanos nãosão mais que uma pequena parte do mesmo – maisuma espécie, em plena igualdade em relação às ou -tras (INGOLD 2005: 68). Consequentemente, Ingoldtambém acha que, nos primeiros momentos de mu -dança de uma sociedade de caça e recolecção parauma “doméstica”, existiu uma estreita relação com anatureza e que esta foi um ponto de inspiração.

No que diz respeito à cultura material, apresen-ta-nos o exemplo das cestas dos mesmos Navajos eda simi litude entre a forma espiral do fundo da cestae a de um gastrópode. A “imitação” neste caso po -derá simbolizar a resolução de problemas similares,cuja res posta podemos encontrar nas palavras de

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Figura 2

Preparação de um forno paracozer cerâmica.

Na povoação de Toconce (Norte do Chile, II región), os oleiros seguem ainda astradições milenares no fabrico das cerâmicas.

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presupposes the existence, at their interface, of asurface to be transformed. According to what I havecalled the standard view, the human mind is sup-posed to inscribe its designs upon this surfacethought the mechanical application of bodily force –augmented, as appropriate, by technology. I mean tosuggest, to the contrary, that the form of objects arenot imposed from above but grow from the mutualinvolvement of people and materials in an environ-ment” (INGOLD 2005: 343).

Transmitimos, neste ponto, que os artefactos nãotêm exclusivamente uma dita forma porque se aplicamelhor a este ou aquele tipo, função ou conteúdo, eque as decorações não se cingem só aos gostos de -corativos de uma determinada tribo. A situação émuito mais complexa que isso, as propostas inter-pretativas das diversas situações que apresentei pre -cedentemente não são a “luz no fundo do túnel”, sãosomente propostas – mesmo que, em determinadassituações, a comparação entre contextos económicossimilares pareça inviável pela separação cronológicae pela voracidade da globalização – entendemos quepodem ajudar a fazer estimativas mais próximas domodo de vida das sociedades passadas.

4. Conclusão: a ausência de um fio condutor

na interpretação pré-histórica

No Verão de 2006, quando visitei pela primeiravez o Chile, decidi, como “bom” arqueólogo, visitaro complexo arqueológico do deserto de Atacama. Aliverifiquei, com assombro, tendo em conta o que es -tou habituado na Europa, a capacidade dos oleirosactuais em interpretar as decorações deixadas pelosseus antepassados, atacamenhos, aymaras e incas.Acontece que, no deserto, as gentes mantêm aindaum fio condutor entre o presente e a sua cultura pas-sada, permitindo-lhes assim reproduzir a Pacha Ma -ma 2 numa cerâmica da mesma forma que antes,porque o seu avô assim os ensinou a fazer, explican-do-lhes o porquê de cada traço.

Mais a Sul, já perto da capital Santiago, visitei aaldeia de Pomaire, que tem o curioso apelido de“aldea alfarera” (aldeia de oleiros), um lugar ópti-mo para comprar os tradicionais “recuerdos”. Os ha -bitantes do local vivem quase exclusivamente da pro -dução de cerâmica (alguns, poucos, ainda sem o usoda roda), existindo casa sim, casa sim uma olaria,tornando o negócio praticamente inviável. A Históriaexplica-nos o porquê de tal fenómeno: a povoaçãode Pomaire foi criada no século XVII pelos espa -nhóis, no âmbito de uma política de organização po -pulacional do entorno de Santiago, misturando emal guns lugares várias culturas indígenas do Chileactual (BRUGNOLI 2000: 30).

Durante os séculos XVIII e XIX, a maior partedos “pueblos de índios” foram desmembrados econstantemente trasladados, devido à ganância deterras dos “encomenderos” espanhóis e, mais tarde,chilenos. A localização actual de Pomaire data de fi -nais de XIX. Fartos de trabalhar praticamente comoescravos nas grandes propriedades agrícolas, os cam -poneses índios utilizaram a produção de cerâmicacomo resistência.

Para isso serviram-se da matéria-prima que eraabundante no lugar de Pomaire e lhes permitia umaprodução excedentária capaz de vender a outros lu -gares os seus recipientes e dar-lhes sustento (IDEM,ibidem). A tradição foi-se mantendo até aos dias dehoje e, não obstante a necessidade de subsistência,foi levando a que as peças se fossem adaptando àmoda contemporânea, diluindo-se cada vez mais apresença da tradição indígena na cerâmica, sendoactualmente muito difícil aos artesãos a identificaçãodas representações e decorações utilizadas pelosseus antepassados, ao contrário do que sucede na re -gião de Atacama, onde a pressão da cultura dos euro -peus “criollos” (nascidos na América) se faz sentirhá menos de cinco décadas.

Deste modo, um pouco nostálgico, pretendo ex -por de forma simples um facto básico para a Pré--His tó ria europeia – a ausência total de uma identi-dade com o passado. Infelizmente, não temos na Eu -ropa avós que nos expliquem o porquê destes sím-bolos esquisitos à nossa vista, a maior parte das ve -zes abstractos, que encontramos nas cerâmicas, pare-des e demais artefactos que sirvam de suporte e querepresentam o passado distante. O processo global deevolução e suplantação de culturas no Velho Mundo(cartagineses, romanos, visigodos, árabes, no casopeninsular) acabou por ter um papel similar ao dasconstantes modas e à necessidade de sobrevivênciaque originaram o gradual processo de corte com opassado em Pomaire.

O caso que aqui refiro não é um caso excepcio -nal, mas sim um exemplo que em parte explica a au -sência de um fio condutor das nossas mentalidades etradições actuais em relação à dos nossos antepassa-dos pré-históricos, factores que acabam por influen-ciar a interpretação do registo arqueológico, deixan-do-nos aparentemente numa situação de vazio e, porvezes, levando à concepção de ideias e teses quemais se coadunam com a nossa forma de pensar con-temporânea. Tentei com este pequeno artigo descre -ver alguns dos principais estudos que, de algumama neira, contribuem para que o vazio sentido aquan-do da análise dos materiais pré-históricos – em par-ticular as cerâmicas –, se torne cada vez mais pre -enchido.

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2 Divindade dos povos andinospré-colombianos, difundidasobretudo pelos Incas, cujo nome significa “Mãe Terra”ou “Mãe Natureza”.

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Bibliografía

Figura 3

Aspecto de uma olaria de San Pedro de Atacama (Norte do Chile, II región), onde se podever uma extensa reprodução dos motivos e peças utilizadas pelos anteriores povoadores da região: cultura tiwuanaku, atacamenhos, incas e aymaras numa fase mais próxima.

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