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DAVID JOSÉ CASIMIRO DE ANDRADE ODONTOPEDIATRIA Relatório Pedagógico Relatório sobre o programa, os conteúdos e os métodos de ensino da disciplina FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA UNIVERSIDADE DO PORTO 2005 RP_Dr. David Andrade(Associado).1 1 RP_Dr. David Andrade(Associado).1 1 21-12-2005 22:00:36 21-12-2005 22:00:36

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  • DAVID JOSÉ CASIMIRO DE ANDRADE

    ODONTOPEDIATRIARelatório Pedagógico

    Relatório sobre o programa, os conteúdos e os métodos de ensino da disciplina

    FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIAUNIVERSIDADE DO PORTO

    2005

    RP_Dr. David Andrade(Associado).1 1RP_Dr. David Andrade(Associado).1 1 21-12-2005 22:00:3621-12-2005 22:00:36

  • Médico Dentista pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

    Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

    Prof. Auxiliar e Regente da Disciplina de Odontopediatria II da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

    RP_Dr. David Andrade(Associado).3 3RP_Dr. David Andrade(Associado).3 3 21-12-2005 22:00:4321-12-2005 22:00:43

  • Relatório elaborado no âmbito do concurso a Professor Associado do grupo IV (Odontopediatria e Ortodontia) da Faculdade de Medicina

    Dentária da Universidade do Porto, conforme Edital nº 919/2005 (2ª série), publicado no D.R. nº 226 de 24 de Novembro de 2005 e nos termos do nº 2

    do artigo 44 do Estatuto da Carreira Docente Universitária.

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  • ÍNDICE

    1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 09

    2 – O ENSINO DA ODONTOPEDIATRIA ........................................................................13

    3 – OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS ................................................................................17

    3.1. Actividade Pedagógica na Pré-graduação ............................................................24

    3.2. Actividade Pedagógica na Pós-graduação ...........................................................25

    3.2.1. Introdução e Objectivos da Educação Avançada em Odontopediatria ................25

    3.2.2. Educação Contínua .....................................................................................28

    3.2.3. Pós–graduação ......................................................................................... 29

    3.2.4. Mestrado .................................................................................................. 30

    4 – MÉTODOS DE ENSINO ........................................................................................ 35

    4.1. Aulas Teóricas ................................................................................................. 38

    4.2. Aulas Teórico-práticas ...................................................................................... 39

    4.3. Aulas Práticas ................................................................................................. 39

    4.4. Seminários e Mesas Redondas ...........................................................................41

    4.5. Demonstrações Clínicas ....................................................................................42

    4.6. Sessões de Revisão Bibliográfi ca .......................................................................42

    5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ....................................................................................45

    5.1. Avaliação do Aluno .......................................................................................... 46

    5.2. Auto-avaliação .................................................................................................49

    6 – PROGRAMA DA DISCIPLINA DE ODONTOPEDIATRIA ............................................ 77

    6.1. Conteúdo Programático dos Temas a Abordar na

    Disciplina de Odontopediatria – Aulas Teóricas ....................................................79

    6.2. Conteúdo Programático dos Temas a Abordar na

    Disciplina de Odontopediatria – Aulas Teórico–Práticas ......................................121

    7 – RELAÇÃO COM A COMUNIDADE .........................................................................123

    8 – BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................127

    APÊNDICE ...............................................................................................................137

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    1 – INTRODUÇÃO

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    Introdução

    Nos termos da legislação em vigor – artigo 9º, nº1, alínea a), do Decreto-Lei nº 301/72, de 14 de Agosto, os candidatos a provas de agregação devem apresentar um “relatório que inclua o programa, os conteúdos e os métodos de ensino” da disciplina inserida no grupo de matérias abrangidas pela área científi ca em que são admitidos a concurso de provas públicas.

    Citando o Estatuto da Carreira Docente Universitária, esta profi ssão é uma das que mais cuidados exigem e maior estímulo necessitam para que os seus quadros continuem a ser preenchidos, por quantos demonstrem a mais alta capacidade pedagógica e científi ca; a qualidade dos docentes do ensino superior é factor que afecta profundamente não só todos os outros níveis de ensino, mas o próprio desenvolvimento cultural e socioeconómico do País.

    Apesar da competência e projecção internacional de muitos professores das nossas Universidades, constata-se, de facto, em Portugal, uma enorme carência de docentes universitários qualifi cados.

    É desejável uma constante e gradual melhoria da qualidade das nossas Universidades, que têm de preparar-se para a competição internacional.

    A motivação do candidato ao submeter-se a estas provas baseia-se no trabalho desenvolvido em 21 anos de carreira, dedicados ao ensino da Odontopediatria.

    Durante este espaço de tempo tem cumprido sempre o serviço docente que lhe é atribuído, desenvolve individualmente ou em grupo, a investigação científi ca, contribui para a gestão de-mocrática da escola e participa nas tarefas de extensão universitária.

    Sempre que necessário, colabora com o Professor Doutor Pina Rebelo nas funções de coor-denação da orientação pedagógica e científi ca da disciplina, assumindo o cargo de regente de Odontopediatria II, além de coordenar cursos de pós-graduação e de organizar seminários.

    É responsável pelas aulas práticas e teórico-práticas e coordena, com os restantes professores da disciplina, os programas, o estudo e a aplicação de métodos de ensino e investigação.

    Dirige, orienta e realiza trabalhos de investigação, segundo as linhas gerais previamente esta-belecidas ao nível da respectiva disciplina.

    Colabora com outros professores da sua Faculdade, sempre que para tal é solicitado, estabe-lecendo com algumas disciplinas uma estreita relação.

    Na sua carreira docente tem como objectivos sempre presentes, os descriminados no artigo 63 do Estatuto da Carreira Docente Universitária, ou seja: desenvolver permanentemente uma pedagogia dinâmica e actualizada; contribuir para o desenvolvimento do espírito crítico, inventivo e criador dos estudantes, apoiando-os na sua formação cultural, científi ca, profi ssional e huma-na e estimulando-os no interesse pela cultura e pela ciência; orientar e contribuir activamente

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    para a formação científi ca e pedagógica do pessoal docente que consigo colabore, apoiando a sua formação naqueles domínios; manter actualizados e desenvolver os seus conhecimentos culturais e científi cos e efectuar trabalhos de investigação, numa procura constante do progresso científi co e da satisfação das necessidades sociais; desempenhar activamente as suas funções, nomeadamente elaborando e pondo à disposição dos alunos lições ou outros trabalhos didácti-cos actualizados; cooperar interessadamente nas actividades de extensão da Faculdade, como forma de apoio ao desenvolvimento da sociedade em que essa acção se projecta; prestar o seu contributo ao funcionamento efi ciente e produtivo da escola, assegurando o exercício das funções para que foi designado ou dando cumprimento às acções que lhe foram cometidas pelos órgãos competentes, e do domínio científi co-pedagógico em que a sua actividade se exerce; conduzir com rigor científi co a análise de todas as matérias, sem prejuízo da liberdade de orientação e de opinião consagrada no artigo 64; colaborar com as autoridades competentes e com os órgãos interessados no estudo e desenvolvimento do ensino e da investigação, com vista a uma constante satisfação das necessidades e fi ns conducentes ao progresso da sociedade portuguesa.

    O relatório de índole pedagógica sobre o ensino da odontopediatria agora apresentado, refl ecte a experiência vivida como docente de odontopediatria da FMD-UP, desde 1985, ao mesmo tempo que revela os resultados da prática adquirida na convivência com outros professores, colegas, alunos e pacientes, que permitiram solidifi car conhecimentos e uma posição no ensino e na medicina dentária que não se aprendem necessariamente nos livros.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    2 – O ENSINO DA ODONTOPEDIATRIA

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    O Ensino da Odontopediatria

    A Odontopediatria é a especialidade da medicina dentária responsável pelo estudo, prevenção e tratamento das doenças da cavidade oral e dos dentes na criança.

    Actualmente, a atenção do odontopediatra deve centrar-se não apenas no tratamento, mas essencial-mente em estabelecer diagnósticos, fazer prevenção e intercepção das más oclusões detectadas.

    O ensino da odontopediatria tem como objectivo primordial preparar os futuros médicos dentistas para prestarem cuidados de saúde oral a crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais.

    No entanto, pretende-se que o aluno, terminado o seu curso, permaneça actualizado e man-tenha o estudo ao longo dos anos.

    Por outro lado, deseja-se que os licenciados que sintam vocação intrínseca e aspirem aplicar-se a esta área da medicina dentária, possam aperfeiçoar os seus conhecimentos em odontopediatria, no sentido de obter uma experiência e prática clínica mais dedicada às crianças e pessoas com necessidades especiais.

    De forma a cumprir estes objectivos, a disciplina de Odontopediatria, responsável desde sem-pre pela pré-graduação dos alunos da FMD-UP, iniciou as diligências necessárias para criar um ensino pós-graduado, visando o aprofundamento e actualização dos conhecimentos dos seus ex-alunos, hoje médicos dentistas, sendo possível, pela primeira vez na história da odontopediatria portuguesa, falar de um programa avançado em odontopediatria que inclui educação contínua, pós-graduação e mestrado.

    Um dos objectivos deste relatório é sintetizar algumas preocupações que se levantam cada vez

    mais no ensino da medicina dentária, em particular no ensino da odontopediatria.

    A forma vertiginosa e explosiva com que todos os dias nos deparamos com novos materiais, técnicas e informação diversifi cada é um facto incontroverso. O aluno e o docente têm que estar preparados para reagir às alterações permanentes, adaptando-se à pressão do meio científi co, de modo a aplicar nos seus pacientes, caso a caso, as novas tecnologias. Enquanto algumas técnicas se mostram ultrapassadas e perdem o seu interesse, outras tornam-se mais relevantes, obrigando a uma constante adaptação na formação médico-dentária.

    Ensinar o aluno a distinguir entre tanta informação e adquirir critérios de estudo que lhe permitam separar o trigo do joio, é cada vez mais uma obrigação de qualquer docente. Nem sempre o aluno tem a maturidade sufi ciente para compreender tudo o que se lhe explica; mas as bases devem ser claras, defi nindo orientações que possam posteriormente ser úteis em todos os momentos da sua carreira.

    O progresso tecnológico obriga a uma diferenciação cada vez maior do médico dentista, de-

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    senvolvendo-se verdadeiras especialidades dentro da medicina dentária.

    O trabalho em equipa torna-se por isso cada vez mais necessário, mas não deve em caso algum diluir a responsabilidade médica nem prejudicar ou diminuir a relação médico/doente, que é o pilar da prática correcta da medicina dentária, devendo ser protegida e preservada.

    As expectativas criadas pelos media, por vezes de forma sensacionalista, obrigam a uma resposta efi caz do médico dentista ao seu paciente, com o cuidado de esclarecer de forma honesta e sem intenções mercantis as diferentes técnicas, possibilidades de tratamento e respectivos custos.

    O novo ensino médico-dentário deverá reduzir a informação factual a memorizar, dando mais

    importância ao desenvolvimento de atitudes e de conhecimentos técnicos de ordem geral, adap-tados às alterações relacionadas com a população a tratar, privilegiando a saúde e prevenindo a instalação da doença.

    A disciplina de Odontopediatria propõe-se a uma melhor articulação transdisciplinar, não apenas entre os elementos de um mesmo grupo, mas também com disciplinas afi ns de outros grupos. Para além disso, acredita-se que a interdisciplinaridade e a troca de conhecimentos com elementos de outras faculdades e/ou instituições deverão ser estimuladas.

    O Corpo Docente de Odontopediatria é constituído pelo Digníssimo Professor Doutor Pina Re-belo, Professor Catedrático, responsável pela Regência de Odontopediatria I; pela Exma. Senhora Dr.ª Paula Macedo, Assistente Convidada; pela Mestre Ana Norton, Assistente Convidada; e pela minha pessoa, Professor Auxiliar e Regente de Odontopediatria II.

    Como o objectivo deste relatório é providenciar um contributo positivo para o ensino da odon-topediatria, em todos os momentos, as ideias e fl uxos de pensamento serão expressos sem os revestir de outros adornos, eventualmente fáceis de encontrar ao navegar pela internet nas diferentes páginas pessoais das Faculdades mais conceituadas.

    Por terem sido apresentados recentemente outros relatórios pedagógicos da disciplina de

    Odontopediatria, um dos quais não é de minha autoria, e dado o assunto abordado ser similar, poderá parecer que se repetem alguns conceitos e poderão mesmo acusar-me de plágio por reforçar muitos outros. Gostaria que tal fosse interpretado como uma sintonia de pensamento com o passado da nossa disciplina e entre o Corpo Docente, tendo sempre presente o desejo de melhorar permanentemente a cadeira.

    A orientação da Regência da disciplina de Odontopediatria II é continuar e aperfeiçoar o trabalho iniciado pelo Professor Doutor Pina Rebelo, mantendo a estrutura base então criada, e exposta no seu relatório pedagógico e acrescentando algumas propostas pessoais, que visam a evolução científi co-pedagógica e a dignifi cação do ensino da odontopediatria na nossa Faculdade.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    3 – OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS

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    Objectivos Pedagógicos

    É objectivo de qualquer Faculdade de Medicina Dentária preparar profi ssionais capazes de garantir cuidados de saúde oral de qualidade superior, uma vez que as exigências actuais e emer-gentes na comunidade onde os futuros médicos dentistas se irão inserir, são cada vez maiores, obrigando à correcta preparação do profi ssional.

    Ao enfrentar, em início de carreira, as responsabilidades de uma prática clínica, o jovem médico dentista recém-licenciado necessita de estar bem preparado e de possuir conhecimentos essen-ciais da ciência médico-dentária, que a sua Faculdade obrigatoriamente lhe deverá ter transmitido durante o ensino pré-graduado.

    Para além de um curriculum obrigatório (nuclear), pretende-se preparar o médico dentista para desenvolver e adoptar constantemente ao longo da sua carreira uma atitude de auto-aprendizagem, indispensável para uma desejável educação médico-dentária contínua ao longo da sua vida.

    No entanto, os conhecimentos nucleares e a capacidade de adaptação à mudança não são sufi cientes nos dias de hoje para conseguir vencer na carreira médica, devendo o professor ter presente outras exigências que se colocam actualmente ao médico dentista e para as quais o formador deverá preparar o aluno pré-graduado.

    O médico dentista deve estar preparado para:

    • Lidar com a responsabilidade médica e as suas implicações.• Enfrentar a subida exponencial com os custos da saúde.• Trabalhar em equipa com diferentes profi ssionais de saúde (fl exibilidade, adaptabilidade).• Equacionar e resolver problemas.• Reconhecer a dissociação existente entre a clínica privada e a clínica estatal e hospitalar.• Obter a cooperação do paciente durante todo o tratamento.• Dar importância aos hábitos de vida relacionando-os com a saúde oral das populações.• Reconhecer a importância da saúde pública e da prevenção.• Organizar o trabalho (tomar iniciativa, estabelecer e cumprir metas).• Participar no aumento dos conhecimentos médico-dentários entre a população não ligada à

    profi ssão.• Compreender a carga emocional e fi nanceira relacionada com uma má prática da medicina

    dentária.• Acreditar na necessidade de adaptação científi co-tecnológica constante.• Interpretar e divulgar resultados (expressão oral e escrita).• Auto criticar-se e melhorar a performance individual.

    Qualquer aluno deveria adquirir e desenvolver estas aptidões.

    É fundamental proporcionar ao aluno, para além dos conhecimentos básicos, um conjunto de ges-tos, valores e atitudes, não se limitando o professor à simples transmissão de informação factual.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    A competência técnica, associada aos factores previamente descritos, exige uma articulação estreita entre as fases de formação pré e pós-graduada, proporcionando uma aprendizagem contínua e equilibrada.

    Esta articulação torna imperioso que, sempre que possível, seja a instituição responsável pela pré-graduação a proporcionar o período de pós-graduação.

    Para que a pós-graduação funcione em perfeita sintonia com a pré-graduação devem criar-se condições que possibilitem uma prática clínica tutelada ao médico recém-formado, se possível no mesmo espaço físico e permitindo estabelecer protocolos entre educação e saúde, ou seja, entre a Faculdade de Medicina Dentária e uma possível unidade de saúde situada em espaço vizinho à nossa Faculdade.

    A actividade do médico dentista deve ter como centro da sua acção o ser humano. Por isso, a ética e o humanismo têm uma importância crescente com o avanço dos conhecimentos cien-tífi co-tecnológicos que, cada vez mais, obrigam a comunidade médica a novas discussões, das quais o dentista não deverá estar arredado.

    Numa refl exão sobre a reforma curricular do programa de Odontopediatria, é indispensável estabelecer como objectivo primário a aquisição pelo licenciado de um método clínico, além de uma aptidão para a aprendizagem profi ssional.

    O aluno tem que ser preparado para enfrentar a situação médica fundamental, que se refere não ao diagnóstico ou ao tratamento mas sim à clínica, ou seja, ao encontro e ao estabelecimento de uma relação entre o médico e a criança ou adolescente. Essa relação não é hereditária, se bem que possa ser ajudada por algumas qualidades inatas do licenciado, que deve ser orientado no sentido de adquirir bons costumes, gestos, atitudes, decisões e eliminar ou corrigir vícios e maus hábitos.

    O ensino da Odontopediatria, no que diz respeito à relação médico/paciente, não é apenas mais uma disciplina do curso, mas sim uma disciplina clínica imprescindível, pois apenas o contacto re-petido ao longo de diversas consultas práticas com a criança, pode proporcionar o desenvolvimento de características pessoais que cultivem uma postura atenta, disponível e compreensiva.

    Procura-se permitir ao aluno o reconhecimento de expressões afectivo-emocionais tanto do paciente como da sua família, ao mesmo tempo que se desenvolve a capacidade empática.

    A descoberta das capacidades terapêuticas do acto clínico, reforçando os conhecimentos teóricos antes assimilados, permite a consciencialização da teoria e o reforço da vontade de aprofundar os conhecimentos.

    A relação entre o médico e a criança é um encontro singular, um complexo relacional de

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    Objectivos Pedagógicos

    problemas que exigem soluções adequadas, pensamento crítico e criador, e decisões justas, correctas e atempadas.

    O aluno deverá ser incentivado a aprofundar e actualizar os seus conhecimentos, a realizar trabalhos de pesquisa bibliográfi ca e científi ca e ser capaz de trabalhar em grupo fazendo parte de equipas multidisciplinares, principalmente em áreas afi ns, nomeadamente a patologia oral, a cirurgia oral e a dentisteria, entre outras.

    Deverá ser capaz de enfrentar com sabedoria, experiência e habilidade a generalidade das si-tuações presentes em crianças, adolescentes e pacientes considerados especiais, reconhecendo as diferentes situações; se não se sentir preparado para as tratar, dar-lhes-á seguimento junto de outros colegas ou especialistas, de modo a resolver a situação.

    A Odontopediatria inclui uma variedade de disciplinas, técnicas, procedimentos e aptidões que compartilham uma base comum com outras especialidades, mas são modifi cadas e adaptadas às características específi cas de crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais de saúde.

    O aluno deverá adquirir noções de prótese e ortodontia preventiva e interceptiva, bem como conhecimentos do crescimento e desenvolvimento geral e craniofacial, necessários para compre-ensão e diagnóstico dos problemas de oclusão e de outras anomalias funcionais.

    Deverá ainda ter noção da prescrição de fármacos (antibióticos, anti-infl amatórios, sedativos ou outros) na rotina diária do seu consultório, bem como a nível hospitalar.

    A Odontopediatria é leccionada no 5º e no 6º anos, nas disciplinas de Odontopediatria I e Odontopediatria II, que são obrigatórias, anuais e cujo programa é dividido em aulas teóricas, práticas e teórico-práticas.

    Para isso, a orientação acertada do Professor Pina Rebelo privilegiou um conceito essencialmente prático da disciplina, concentrando os conhecimentos teóricos básicos no 5º ano, reservando o 6º ano para reforçar e complementar os conhecimentos então adquiridos.

    Recentemente, no sentido de corrigir algumas difi culdades apresentadas pelos alunos, decidiu-se complementar com mais aulas teóricas e teórico-práticas o Programa da Odontopediatria. Este novo modelo parece ter boa aceitação pelos alunos, mas continua a ser aperfeiçoado.

    Com questionários teóricos realizados aos alunos durante as aulas práticas, pretende-se rever e consolidar os conhecimentos adquiridos na disciplina de Odontopediatria I, com uma perspectiva de análise e decisão que permitam a integração de toda a matéria, a determinação e hierarqui-zação de problemas e o desenvolvimento de destreza no atendimento de casos diversifi cados, do interesse do aluno.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    Objectivos: o que mudar

    Mais importante do que ensinar é saber o que ensinar e o método a utilizar, de forma que as matérias constantes dos programas sirvam essencialmente como instrumento de trabalho formativo.

    O professor deve ter sempre presente que o aluno ao terminar o curso deve “saber fazer”.

    Não deverão existir preconceitos, receios ou medos se este pressuposto “saber fazer” obrigar de algum modo a encurtar o curriculum de algumas disciplinas e aumentar o conteúdo prático e clínico de outras, uma vez que, como já afi rmamos, também é objectivo do professor incutir nos alunos o hábito de, ao longo da vida, continuarem o estudo de forma a complementar os seus conhecimentos num futuro próximo ou longínquo.

    É por acreditarmos neste princípio básico que sempre valorizamos as aulas clínicas com a presença do paciente. Tal opção era e continua a ser motivada pela ideia de que, apesar dos avanços tecnológicos existentes, não existe ainda e provavelmente não existirá em breve algo que substitua a prática, o pensamento, o raciocínio e a experiência que transmite uma aula clínica na presença de um paciente.

    A experiência pedagógica desta disciplina tem sido extremamente compensadora e gratifi can-te, apesar de não ser ainda a ideal, motivo que leva a realizar correcções e aperfeiçoamentos constantes, adequados às novas difi culdades que vão surgindo.

    Relativamente às aulas teóricas, a aula teórica magistral foi substituída por uma aula interactiva, em que existe uma maior proximidade entre docente e discentes.

    Os melhores acetatos foram substituídos por apresentações multimédia interactivas em vídeo ou cd-rom, ou por conversas capazes de transmitir a experiência do formador aos alunos, per-mitindo-lhes uma participação activa na aula.

    Quanto às aulas práticas, o acompanhamento constante dos alunos, assistindo e colaborando em todas as tarefas que constituem o atendimento clínico de uma criança, adequando as expli-cações teóricas que se justifi quem em cada momento, possibilitando conversas e discussões sobre o problema específi co da criança (e do aluno), permitem ao jovem médico dentista sentir-se seguro ao iniciar a sua actividade profi ssional. Sabemos que as aulas práticas podem ainda ser melhoradas, mas estamos convictos de que se têm dado passos signifi cativamente positivos.

    A existência de algumas lacunas na preparação anterior dos alunos em algumas áreas, faz com que nem sempre a metodologia de ensino por nós seguida tenha a rentabilidade esperada, uma vez que existe necessidade de colmatar essas defi ciências.

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    Objectivos Pedagógicos

    Recorda-se que a prática clínica, mesmo com adultos, é ainda muito reduzida no início do 5.º ano e que as difi culdades existentes no atendimento de uma criança são maiores do que aquelas que surgem na consulta de um adulto.

    Outras difi culdades, a acrescentar ao que já foi dito, referem-se às limitações da equipe docente, que, como é do conhecimento de todos e por difi culdades económicas referidas pela direcção da Faculdade, não pode ter ainda uma dimensão que possibilite um acompanhamento com um rácio docente/discente maior, de forma a permitir uma maior proximidade do aluno.

    De referir que é inadmissível que uma disciplina como a Odontopediatria possua apenas quatro docentes, um dos quais a 20%, responsáveis por todo o ensino, pré e pós graduado.

    A difi culdade adicional criada pela vigilância e atenção constantes, absolutamente necessárias ao lidar com crianças, deveriam justifi car de imediato a contratação de mais elementos para esta disciplina. Na ausência destes elementos, a disciplina recorre a assistentes voluntários, que apesar de terem vindo a demonstrar elevado mérito, não são a solução adequada para o ensino desejável da odontopediatria.

    O facto de os alunos trabalharem em grupos de dois tem a vantagem de conseguir uma me-lhor interacção entre eles, fomentando a participação activa de cada um, a refl exão e o trabalho conjunto na resolução de um problema específi co.

    Tem sido também nosso intuito, suplementar por sessões teórico-práticas os assuntos que têm sido considerados mais importantes pela equipe docente, tendo as aulas teórico-práticas sido incluídas no programa do ano lectivo de 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006. As aulas foram extraordinariamente bem aceites pelos alunos, encontrando-se presentes em cada uma destas aulas teórico-práticas quase todos os alunos do curso.

    Há bem pouco tempo existia uma consciência colectiva de que os conhecimentos praticados pelos Senhores Professores, nos seus consultórios, encontravam ou apresentavam um desen-contro signifi cativo com o que se ensinava e como se ensinava. Felizmente, a nova geração de Professores desta Faculdade já conseguiu demonstrar que não tem medo de ensinar.

    Salve o alto gabarito demonstrado pelo Corpo Docente da FMD-UP, que tem vindo a ultrapas-sar-se a si próprio, com a melhoria dos conhecimentos técnicos, científi cos e pedagógicos, o que honra a nossa Faculdade e os seus alunos.

    “A medicina dentária aprende-se ao lado do paciente”. Em consequência do afi rmado, preco-niza-se o aumento de duração da aprendizagem activa e da motivação dos alunos através de um ensino orientado para a resolução de problemas clínicos. Os conhecimentos básicos deverão ser bem cimentados na fase de pré-grado, existindo um aprofundar das matérias e conhecimentos no ensino pós-graduado, permitindo uma profi ssionalização consciencializada. Por isso, incentivam-se

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    os alunos para que no fi nal do 6.º ano sejam capazes de:

    1. Realizar um exame clínico completo reconhecendo as situações normais e anormais. 2. Decidir o tratamento adequado para a situação em causa. 3. Comunicar com a criança e com os seus familiares. 4. Identifi car as necessidades prioritárias da saúde e estabelecer medidas preventivas apro-

    priadas, individuais ou colectivas. 5. Compreender e criticar relatórios médicos e/ou científi cos. 6. Conhecer as possibilidades e limitações dos diferentes tipos de tratamento usados em

    odontopediatria. 7. Efectuar a aplicação clínica dos conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas e teórico-

    práticas. 8. Comunicar e interagir com as diferentes especialidades emergentes ou já existentes da

    medicina dentária e da medicina quando na presença de problemas severos. 9. Estar mentalizados para um estudo e actualização permanentes. 10. Ser bem formados nas dimensões humana, social, moral e ética.

    Segundo a Declaração de Bolonha, a Europa tentará a adopção de um sistema baseado es-sencialmente em duas fases principais, a pré-licenciatura e a pós-licenciatura.

    Objectivos educacionais e unidades de crédito

    Esta declaração de intenções obrigou a reequacionar os curricula, no sentido de uniformizar os cursos nos diferentes países da Comunidade Europeia.

    De acordo com o que já tinha sido proposto em relatórios pedagógicos anteriores, a Odontope-diatria, da forma como está instituída nesta Faculdade, não viu diminuída a sua carga horária ou o seu programa. Apesar da diminuição do número de anos do curso de Medicina Dentária, de seis para cinco, as disciplinas de Odontopediatria I e II mantiveram no seu conjunto o mesmo número de créditos que então possuíam (dez unidades de crédito). Tal decisão, tomada em Conselho Científi co por unanimidade, demonstra bem a importância da disciplina e a necessidade, em que todos acreditam, de apostar na adequada preparação científi co-tecnológica do aluno para atendi-mento de crianças, jovens, adolescentes e pessoas com necessidades especiais. A disciplina de Odontopediatria I em 2008/2009 terá quatro unidades de crédito ECTS (European Credit Transfer System) e a de Odontopediatria II terá em 2009/2010 seis unidades de crédito ECTS.

    A actividade pedagógica foi desenvolvida ao longo de duas vertentes principais:

    – Actividade pedagógica no pré-grado;– Actividade pedagógica no pós-grado.

    RP_Dr. David Andrade(Associado).23 23RP_Dr. David Andrade(Associado).23 23 21-12-2005 22:00:4421-12-2005 22:00:44

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    Objectivos Pedagógicos

    3.1. Actividade Pedagógica na Pré-graduação

    Na pré-graduação são ministrados aos estudantes de Medicina Dentária para além de conhe-cimentos científi cos básicos, ensinamentos específi cos da Odontopediatria que lhes permitem, quando na presença de um paciente:

    • Apreender os seus múltiplos aspectos médicos, éticos, psicológicos, sociais e económicos.• Conduzir e analisar o questionário e exame clínico, com vista a atingir um diagnóstico fi nal,

    permitindo implementar o tratamento mais adequado.

    O aluno deverá ser capaz de observar os mais ínfi mos pormenores, reconhecer os sinais e sin-tomas e dominar as regras do questionário e exame clínico, permitindo chegar a um diagnóstico fi nal e a uma terapêutica apropriada.

    O objectivo primordial é proporcionar cuidados de saúde oral de alta qualidade, de modo a que as populações de crianças sejam saudáveis, sentindo que o médico dentista pode ser um amigo e não o tradicional médico referenciado como causador de traumas e provocador de suores frios.

    Só um corpo docente qualifi cado que transmita aos alunos toda a informação científi ca, va-

    lendo-se das mais variadas técnicas educativas e pedagógicas, poderá modifi car positivamente a imagem do médico dentista, criando confi ança na população.

    Pretende-se um ensino de uma odontopediatria moderna, centrada nos problemas que o médico dentista vai ter que enfrentar no seu dia-a-dia, com soluções e protocolos perfeitamente defi nidos para cada situação.

    Acompanhar de perto o desenvolvimento dos conhecimentos e aptidões dos alunos nas aulas práticas clínicas do 5º e do 6º ano foi importante, não descurando contudo a docência teórico-prática do 5º Ano.

    A orientação teórico-prática de trabalhos realizados por alguns grupos de alunos, de cada ano, assim como a organização e execução dos testes de classifi cação da disciplina, nos sucessivos anos lectivos, foram tarefas sempre desempenhadas de forma dedicada.

    Assumir a regência de Odontopediatria II foi uma responsabilidade que, embora de início não fosse total, foi importante para ir tomando parte, em conjunto com o Professor Doutor Pina Rebelo e com os demais docentes da disciplina, na planifi cação do ensino para o ano lectivo, discutindo os métodos de avaliação, bem como iniciativas de estudo a desenvolver com os alunos.

    O número crescente de médicos dentistas e a sua colocação junto das grandes cidades e do litoral aumenta a oferta e permite uma redução substancial dos preços, principalmente por parte de indivíduos recém-licenciados. Esta oferta da medicina privada tem vindo a diminuir as listas de

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    espera, verifi cadas há alguns anos na disciplina de Odontopediatria, chegando por vezes a existir alguma escassez de pacientes em algumas aulas práticas de Odontopediatria. Este facto tem obrigado o Corpo Docente a tomar algumas medidas que permitam ao aluno um maior contacto com o paciente (no caso de ele existir) ou de manter o aluno ocupado no caso de o paciente faltar. Por isso, os métodos de ensino/aprendizagem interactiva têm que ser sucessivamente adaptados à população em causa.

    O estabelecimento de protocolos com diferentes instituições que lidam com crianças é uma necessidade para a Faculdade e para a população. Através desta simbiose o aluno tem a opor-tunidade de praticar, ao mesmo tempo que presta um serviço de saúde à população.

    É nossa intenção reforçar e manter o ensino durante as aulas práticas complementando com se-minários e aulas teórico-práticas, de modo a não permitir um ensino exageradamente livresco.

    Em 2001, devido à diminuição progressiva de pacientes nas consultas de Odontopediatria,

    introduziu algumas alterações nesta disciplina, iniciando aulas teórico-práticas de discussão de casos, incluindo questões que incidem em casos clínicos, interpretando radiografi as, analisando histórias clínicas e fotografi as de casos, motivando o estudo destas matérias, cujo conhecimento por vezes se apresenta deslocado da realidade clínica.

    A partir do ano lectivo 2001/2002 começou a leccionar todas as aulas teórico-práticas da disciplina de Odontopediatria.

    Mais tarde, foi responsável pelo início de aulas com recurso à multimédia, realizando transmissão directa de casos clínicos para o auditório, onde os alunos podiam além de assistir, interagir com os professores e dialogar, esclarecendo as dúvidas em cada momento.

    Estas aulas tiveram grande sucesso entre os alunos, de tal modo que se decidiu repetir este tipo de aulas nos anos subsequentes.

    Os avanços tecnológicos da nossa Faculdade permitiram melhorar estas aulas. Durante as pri-meiras transmissões apenas existia imagem sem som e uma grande difi culdade de comunicação entre o local onde se encontrava o paciente e o auditório (o que obrigava a um comentário da imagem, sem ser acompanhado do som real). Presentemente, é possível ter som e imagem em tempo real e comunicação ao vivo entre o local de intervenção e o auditório.

    3.2. Actividade Pedagógica na Pós-graduação

    3.2.1. Introdução e Objectivos da Educação Avançada Em Odontopediatria

    O reconhecimento pela comunidade da qualidade dos serviços prestados, será o melhor estí-

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    Objectivos Pedagógicos

    mulo para o progresso e para que o profi ssional se sinta com vontade de melhorar e continuar permanentemente a investir em si mesmo, e, consequentemente, na melhoria dos cuidados de saúde oral da população odontopediátrica.

    Segundo a Associação Europeia de Dentisteria Pediátrica, a especialidade de Odontopediatria consiste na prática, ensino, pesquisa de meios preventivos e de terapêutica oral para crianças e jovens desde o nascimento até à adolescência.

    O verdadeiro odontopediatra deve gostar de crianças e estar vocacionado para as tratar, ser calmo e paciente, saber educar e ter noções de psicologia infantil, para além de ser dotado de compreensão, bom senso clínico, intuição e poder de sugestão.

    O licenciado em medicina dentária deve sentir-se competente e confi ante no atendimento de crianças, adolescentes e pessoas com necessidades especiais, indo ao encontro dos seus problemas e procurando ao longo da sua carreira actualizar e melhorar os seus conhecimentos e aptidões; ele deve ser capaz de compreender e criticar um artigo científi co, tanto das ciências básicas como das clínicas; conseguir trabalhar em grupo e transmitir os seus conhecimentos a outras pessoas com e sem formação.

    Para ser um especialista em odontopediatria, um médico dentista deve completar com apro-veitamento um programa avançado de educação odontopediátrica com a duração mínima de 24 meses, idealmente com 36 meses de duração, ou mesmo mais. Tais programas devem proporcio-nar treino e conhecimentos especiais para além dos obtidos na pré-graduação. O odontopediatra deveria trabalhar de forma coordenada com outros profi ssionais de saúde, no sentido de conseguir os melhores cuidados de saúde oral para a criança.

    O nº II dos Estatutos da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMD-UP) refere: “compete-lhe na prossecução dos seus fi ns: a) Ministrar o curso e conferir a licenciatura em Medicina Dentária...; b) Organizar cursos de mestrado, de pós-graduação, de especialização e de actualização nos domínios da sua especialidade,...”.

    O sucesso das Faculdades de Medicina Dentária em Portugal, incluindo a FMD-UP, no que respeita ao primeiro destes objectivos tem sido evidente. Actualmente, dispomos de médicos dentistas em número sufi ciente para permitir uma cobertura quase completa das necessidades sentidas pela população, na área da saúde oral.

    No entanto, no que respeita ao segundo objectivo e no campo da odontopediatria, não existia ainda a possibilidade de diferenciação ou especialização nessa área; a oferta de cursos de pós-graduação e mestrado para médicos dentistas era inexistente, no nosso país, obrigando os mais interessados a procurar esta especialização frequentando cursos de pós-graduação em faculdades estrangeiras.

    Entretanto, o desenvolvimento científi co e tecnológico traduzido pelo aparecimento de novos

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    materiais, novos procedimentos clínicos e laboratoriais ou no aperfeiçoamento dos já existentes, para além da modifi cação de conceitos fundamentais da odontopediatria e da medicina dentária em geral, obriga o médico dentista que deseja dedicar-se à odontopediatria a ter conhecimentos mais profundos e integrados de outras disciplinas da medicina dentária, permitindo uma visão holística da criança e o seu tratamento mais aperfeiçoado e efi ciente.

    Por ser impossível transmitir todos os conhecimentos referidos num curso de licenciatura e dada a impossibilidade dos médicos dentistas generalistas abarcarem todo o saber e experiência necessários ao tratamento efi caz da maior parte dos pacientes do foro odontopediátrico, impunha-se com premência o ensino pós-graduado em odontopediatria, através da organização de Cursos de Formação Contínua, de Pós-graduação e de Mestrado em Odontopediatria.

    A população portuguesa necessita urgentemente de médicos dentistas vocacionados para a área da odontopediatria.

    Com esta iniciativa, a FMD-UP completou um dos seus objectivos no domínio da odontopediatria e afi rmou-se como “centro de ensino, investigação científi ca, cultura e prestação de serviços à comunidade” tal como consta no nº I dos seus Estatutos.

    Os objectivos do programa avançado de educação em odontopediatria consistem em:

    • Formar especialistas em odontopediatria competentes e que trabalhem com confi ança em todas as áreas da especialidade com crianças em crescimento e em desenvolvimento.

    • Formar especialistas em odontopediatria que vão ao encontro das necessidades de bebés, crianças, adolescentes e de pacientes que precisem de cuidados especiais e que continuem a aprofundar e a actualizar os seus conhecimentos ao longo das suas carreiras.

    • Formar especialistas em odontopediatria capazes de levar a cabo trabalhos de pesquisa científi ca tanto nos aspectos clínicos como de ciência básica da especialidade.

    • Formar especialistas capazes de colaborar em equipas multidisciplinares relacionadas com o bem-estar das crianças.

    • Formar especialistas em odontopediatria que sejam capazes de ensinar os cuidados de saúde oral das crianças dentro da especialidade, bem como a todos os outros dentistas e a outros profi ssionais de saúde.

    Objectivamente a disciplina de Odontopediatria avançou com três áreas até então inexistentes no campo pós-graduado, que incluem:

    • Educação Contínua

    • Pós-graduação

    • Mestrado

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    Objectivos Pedagógicos

    3.2.2. Educação Contínua

    A disciplina de Odontopediatria deseja preparar os médicos dentistas no sentido de obter uma melhoria no exercício da actividade profi ssional, através da aquisição e desenvolvimento de ca-pacidades ou competências cuja síntese e integração possibilitam a adopção de comportamentos adequados ao desempenho e à valorização pessoal e profi ssional.

    Ao mesmo tempo, pretende-se contribuir para a efi ciência, efi cácia e qualidade dos serviços da instituição, melhorar o desempenho profi ssional e contribuir para a realização pessoal e profi ssional dos recursos humanos e assegurar a qualifi cação para ingresso, acesso e intercomunicabilidade de carreiras.

    No propósito de alcançar os objectivos estabelecidos pela disciplina e de acordo com o desejo do Senhor Professor Doutor Pina Rebelo, foi decidido apresentar dois tipos de cursos de formação contínua:

    Cursos livres, que não exigem formação inicial graduada. Este tipo de curso não tem avalia-ção e ajuda a sensibilizar a população para alguns problemas odontopediátricos, aumentando o contacto da Faculdade com a Comunidade.

    Cursos de formação contínua, com avaliação, com possibilidade de conferir pelo menos 1 UC ECTS. Para a sua frequência, foi exigida formação inicial graduada. O seu objectivo visa a perpetuação do contacto do médico dentista com a Faculdade, em particular com os problemas de odontopediatria.

    Em Outubro de 2004 foi apresentado ao Centro de Formação Contínua da FMD-UP, e, por seu intermédio, ao Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns da Universidade do Porto (IRICUP), um conjunto de cursos de odontopediatria, a serem ministrados ao longo de aproximadamente 3 anos, e que, no seu conjunto, modernizam o médico dentista generalista nos assuntos odontopediá-tricos de maior relevância, estimulando o estudo constante e a actualização dos conhecimentos ao longo dos anos.

    Cada um destes cursos constitui por si só um módulo de aprendizagem, independente dos restantes e sujeito a avaliação.

    No fi nal de cada curso, o formando é avaliado e classifi cado em função do seu aproveitamento. A avaliação, de acordo com os objectivos de cada acção, engloba provas de conhecimentos, metodologias de dinâmica de grupos, simulações ou outros processos considerados adequados ao curso em questão.

    A classifi cação fi nal a atribuir a cada formando, tem em conta a assiduidade, critério determi-nante para o aproveitamento da formação, bem como a avaliação acima referida.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    A frequência e a aprovação de cursos, acreditados internamente, são certifi cadas através de:

    a) Um certifi cado de frequência para quem frequentou um curso sem avaliação, ou um curso com avaliação, mas sem ter obtido aprovação. Em qualquer dos casos a atribuição deste certifi cado depende da frequência de pelo menos 75 % da acção de formação.

    b) Um certifi cado de formação contínua para quem frequentou um curso de formação contínua com avaliação e obteve aprovação.

    Os certifi cados de frequência e os certifi cados de formação contínua identifi cam o curso e a área de especialização, além da classifi cação obtida e o número de créditos atribuído.

    Apresenta-se, em apêndice, um resumo das actividades desenvolvidas nos cursos já terminados, além dos programas previstos para as acções ainda a realizar.

    3.2.3. Pós-graduação

    Segundo o Diário da República, II série nº 122 de 25 de Maio de 2004, a formação contínua pode organizar-se em cursos de formação ou módulos capitalizáveis de cursos de formação. A cada curso ou módulo capitalizável com avaliação dos formandos, é atribuído um valor em unidades de crédito ECTS, as quais podem ser capitalizáveis se pertencerem à mesma área científi ca.

    Os cursos ministrados pela disciplina de Odontopediatria têm todas as características exigíveis, sendo reconhecido que possuem os requisitos necessários para a obtenção de um grau de pós-graduação na UP.

    Estes cursos de formação em odontopediatria obedecem às regras e condições estabelecidas pela UP, possuindo avaliação e exigindo formação inicial graduada.

    Os cursos estão acreditados internamente e foram-lhes atribuídas unidades de créditos (UC) ECTS, o que se enquadra no alinhamento da Universidade do Porto com o Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS) também na área da Educação Contínua.

    O programa de formação contínua foi apresentado ao Centro de Educação Contínua da nossa Faculdade, sendo neste momento constituído por dezasseis cursos, cada um com duas unidades de crédito ECTS, conforme deliberação por unanimidade do Conselho Científi co da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto em 08 de Abril de 2005.

    Este conjunto de cursos da mesma área do conhecimento possui mais de trinta unidades de crédito ECTS, permitindo a sua constituição numa Pós-Graduação em Odontopediatria.

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    Objectivos Pedagógicos

    Deste modo, é entregue um diploma de pós-graduação, a quem frequenta pelo menos 15 cursos de formação contínua e posteriormente termina o “módulo de Publicação de Trabalho em Revista da Especialidade”, totalizando trinta e duas unidades de crédito ECTS. O diploma de pós-graduação identifi ca o curso e a área de especialização, conforme o Diário da República, II série nº 122 de 25 de Maio de 2004.

    3.2.4. Mestrado

    No sentido de melhorar o ensino da odontopediatria, foi apresentada, em 2003, uma proposta de criação de Mestrado em Odontopediatria, ao Conselho Científi co da FMD-UP.

    Aprovado por unanimidade, o Mestrado em Odontopediatria foi publicado no Diário da Repú-blica, II Série, nº 81 de 5 de Abril de 2004.

    Estava previsto iniciar o Mestrado em Setembro de 2004. No entanto, a tradicional burocra-cia do nosso país atrasou esse processo, adiando sucessivamente as datas planeadas, criando algumas difi culdades de articulação entre as diferentes disciplinas envolvidas.

    O Mestrado em Odontopediatria foi autorizado pela Direcção Geral do Ensino Superior, em Dezembro de 2004, e iniciou as suas aulas em Fevereiro de 2005, após apurada selecção dos candidatos, que decorreu durante o mês de Janeiro.

    Desde o primeiro momento, o Corpo Docente de Odontopediatria projectou obter a colaboração de outros professores de mestrado, de modo a usufruir da sua experiência.

    Em particular, investiu-se na colaboração com a disciplina de Ortodontia, integrante do nosso grupo e com vasta experiência em mestrados e pós-graduações.

    Apresentam-se os agradecimentos da disciplina de Odontopediatria a todos aqueles que nos apoiaram e que ofereceram, desinteressadamente, toda a colaboração possível.

    O modelo de mestrado seguido foi pensado de diferentes formas. Foram analisados os programas e objectivos de mestrados de instituições Americanas e Europeias, adaptando-os às necessidades do nosso País e às regras existentes sobre mestrados na Universidade do Porto. Como se trata do primeiro mestrado em Odontopediatria, seguramente que vão surgir difi culdades e problemas. Mas o Corpo Docente de Odontopediatria encontra-se confi ante em ultrapassar as contrariedades e obstáculos, levando a bom termo o seu objectivo.

    O Mestrado em Odontopediatria da FMD-UP, encontra-se estruturado conforme descrito nas linhas seguintes:

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    Designação do cursoMestrado em Odontopediatria da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

    CalendárioIntensivo durante dois anos lectivos.

    Horário2ªs, 3ªs, 4ªs e 5ªs feiras das 09:00 às 13:00 horas e 3ªs feiras das 14:00 às 16.00 horas.

    Carga horária total3240 Horas.

    Coordenador do cursoCasimiro de Andrade.

    Apresentação do cursoTrata-se de uma formação especial intensiva em Odontopediatria durante dois anos. O curso, em regime de “tempo integral”, aceita quatro alunos. O mestrado possui uma parte escolar e compre-ende a frequência de disciplinas e seminários obrigatórios, bem como um estágio de orientação. A apresentação e aprovação de uma dissertação, especialmente escrita para o efeito, conferem ao aluno o grau de Mestre em Odontopediatria.

    O plano de estudos consta do elenco das disciplinas conforme anexo I ao Regulamento do Mestrado (DR – II série, nº 81 de 5 de Abril de 2004). Os conteúdos programáticos podem ser consultados em apêndice.

    Impacto do mestrado no mercado de trabalhoA formação específi ca em Odontopediatria visa aprofundar, desenvolver e ultrapassar a difi culdade em dominar os novos conceitos de estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento dos problemas de saúde oral em bebés, crianças, adolescentes e pacientes com necessidades especiais.

    O objectivo fundamental é proporcionar aos médicos dentistas, ligados ao ensino ou à clínica privada, formação complementar na aquisição de conhecimentos teóricos e práticos na área da Odontopediatria e uma competência acrescida na compreensão dos múltiplos aspectos médicos, éticos, psicológicos, sociais e económicos.

    Palavras-chaveCriança, Medicina Dentária, Diagnóstico, Prevenção, Tratamento, Pacientes com Necessidades Especiais.

    DestinatáriosLicenciados em medicina dentária ou licenciaturas afi ns que obtenham aprovação na prova e exame de selecção.

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    Objectivos Pedagógicos

    DuraçãoQuatro semestres

    Numerus claususQuatroOrganizaçãoFaculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

    Coordenação Casimiro de AndradePina RebeloPinhão Ferreira

    Avaliação de conhecimentos e tipo de certifi caçãoO curso confere o grau de Mestre, após aprovação dos seguintes requisitos: relatório semestral, exa-me anual, exame fi nal, elaboração, apresentação, discussão e aprovação de trabalho de síntese.

    Corpo docenteCasimiro de AndradePina Rebelo Pinhão FerreiraPaula MacedoAna Norton

    ConvidadosO Mestrado em Odontopediatria é de carácter multidisciplinar e conta com a colaboração de António Felino, Fernando Branco, João Carvalho, Helena Raposo, Purifi cação Tavares, Mário Jorge Silva, Belo Moreira, Fernando Peres, Morais Caldas, Miguel Pinto, Rogério Branco, entre outras personalidades de reconhecido mérito, nas diferentes áreas do conhecimento (consultar www.paediatric-dentistry.com).

    Plano Geral/ProgramaÁrea Científi ca ECTS

    Ciências básicas 12

    Aspectos de organização, administração e ética 2

    Fundamentos da odontopediatria 8

    Prevenção em odontopediatria 2

    Medicina dentária restauradora 4

    Ortodontia em odontopediatria 5

    Traumatologia dentária 2

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    Cirurgia oral e cirurgia maxilo-facial 4

    Medicina oral e patologia oral 3

    Ciência do comportamento e tratamento de doentes sob efeitos sedativos e sob anestesia geral 4

    Pacientes com necessidades especiais e medicamente comprometidos 4

    Procedimentos de tratamentos pluridisciplinares 2

    Seminários temáticos 4

    Clínica odontopediátrica 40

    Projecto orientado de pesquisa 4

    Dissertação de mestrado 20

    Local de realizaçãoFaculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

    Período para apresentação de inscrições/candidaturasEm data a defi nir pelos serviços competentes, com uma periodicidade previsível de dois em dois anos.

    Informações de candidaturaAs candidaturas devem obedecer aos requisitos fi xados no Regulamento de Mestrado em Odon-topediatria (DR II Série, nº 81 de 5 de Abril de 2004).

    Os interessados deverão:

    • Fazer prova de que terminaram a licenciatura em medicina dentária ou afi m, mediante a apre-sentação de um certifi cado de habilitações onde conste a média geral obtida no curso e nas disciplinas de Odontopediatria.

    • Apresentar um curriculum vitae (dados biográfi cos, cursos e congressos frequentados, eventuais publicações, etc.).

    A selecção dos candidatos (em número de quatro) realiza-se por concurso em que é aferida uma nota fi nal calculada da seguinte forma:

    • Média de curso – 10%.• Média das notas das disciplinas de Odontopediatria – 20%.• Exame escrito – 35%.• Prova de capacidade de síntese e conhecimento da língua inglesa – 15%.• Avaliação curricular – 10%.• Entrevista – 10%.

    O exame consta de 20 questões de desenvolvimento sobre conhecimentos do ensino pré-gra-

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    Objectivos Pedagógicos

    duado da Odontopediatria (para cada exame de admissão ao mestrado, é fornecida a lista de publicações recomendada).

    Na prova de capacidade de síntese e conhecimento da língua inglesa, é fornecido um artigo científi co da especialidade em língua inglesa aos candidatos, o qual deverá ser resumido em português, assim como um pequeno texto em português para ser traduzido para inglês.

    É obrigatória a entrega do termo de responsabilidade e compromisso devidamente assinado.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

    David José Casimiro de Andrade

    4 – MÉTODOS DE ENSINO

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    Métodos de Ensino

    Numa abordagem moderna do ensino da odontopediatria, substitui-se o método clássico cen-tralizado no professor, em que as aulas teóricas assumem papel hegemónico, por um modelo de ensino centralizado no estudante. A aprendizagem passiva (aulas teóricas) é tendencialmente substituída por uma aprendizagem activa, na qual o aluno assume uma responsabilidade cada vez maior.

    Docentes e discentes devem sentir-se mutuamente envolvidos, colaborando entre si e desen-volvendo a capacidade de auto-aprendizagem. Sempre que possível, os alunos discutem entre si os assuntos e mais tarde fazem-no com os docentes. Substitui-se a simples aquisição de conhecimentos por um modelo assente na resolução de problemas, estimulando-se desde cedo um raciocínio clínico e dedutivo, através da simulação de problemas que o médico irá encontrar futuramente no dia-a-dia da sua profi ssão.

    A compreensão de que muitas vezes se trabalha em situações que consoante o contexto po-dem ter mais do que uma solução, permite ao aluno de medicina dentária apreciar a incerteza intrínseca subjacente a determinadas situações da prática clínica e aprender a raciocinar e decidir com protocolos clínicos adequados.

    Cada vez mais o recurso à multimédia, à consulta de bases de dados internacionais e a facilidade de troca de conhecimentos, permite ao docente uma transmissão de conhecimentos científi cos mais completa e adequada; assim, é vulgar o recurso a diapositivos, vídeos e cd-roms com apre-sentações multimédia, em vez das antiquadas apresentações de texto e acetatos.

    As aulas teóricas que constituem o programa da disciplina têm sido ministradas pelo candidato e pelo Professor Doutor Pina Rebelo.

    No início do ano lectivo o programa é apresentado genericamente aos alunos. Disponibiliza-se o programa e carga horária, além da bibliografi a recomendada.

    São acordadas com os alunos as datas dos testes e dos exames fi nais, para além de outras informações de ordem geral e/ou relativas aos métodos de avaliação.

    As decisões sobre programas e métodos de ensino são amplamente discutidas, permitindo uma saudável integração de conhecimentos e um ensino coerente da disciplina de Odontope-diatria. As ideias provenientes desta discussão ajudaram a elaborar o programa das disciplinas de Odontopediatria I e II.

    No 6.º ano pretende-se cimentar os conhecimentos adquiridos, através duma prática clínica odontopediátrica. Por isso, qualquer patologia que se apresenta numa criança pode ter total ou parcialmente interesse pedagógico. É uma vantagem para o aluno lidar com o maior número possível de diferentes situações clínicas e sempre que exequível partilhá-las com os colegas. O docente deve estar preparado para apoiar e estimular a convivência entre o aluno e o paciente,

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

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    tentando orientá-lo de modo a que seja capaz de identifi car o maior número possível de diferentes situações.

    Procura-se um modelo pedagógico que vise um ensino/aprendizagem atraente para o aluno, tendo por base a realidade profi ssional e a necessidade da formação contínua ao longo de toda a vida.

    Felizmente, o que ainda ontem era fi cção científi ca é hoje uma realidade. Já é possível na nossa Faculdade (congratulo os responsáveis) que cada aluno que possua um posto de trabalho (um pequeno computador portátil), se ligue por via aérea (sem cabos) a uma central de base de dados potente, pertença da Faculdade; deste modo, alunos e docentes podem ter acesso a todo o tipo de informação que lhes seja disponibilizada, o que irá permitir, com o passar do tempo, um melhor e maior conhecimento dos trabalhos realizados no âmbito da disciplina, proporcionando um saudável entendimento entre o binómio aluno/professor. Os casos mais interessantes, raros ou de interesse didáctico, podem, mantendo o anonimato, ser consultados pelos alunos, sempre em ambiente protegido por palavra-chave e com diferentes níveis de permissão.

    Salienta-se o progresso visível na informatização da nossa Faculdade, que inaugurou recen-temente uma sala de consulta informatizada. No entanto, estamos apenas no início, pois muito existe ainda para fazer nesta área, cujo potencial é infi nito e cada vez mais fi ável e credível.

    Um outro aspecto a referir diz respeito a alguns trabalhos de investigação que têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito da disciplina. A investigação é de grande importância, uma vez que cria todo um ambiente favorável à discussão de assuntos que de outra forma poderiam ter menos relevância. O aluno sente-se envolvido e participante nos diferentes estudos, podendo colaborar de forma activa com o docente, ou limitar-se a observar técnicas eventualmente mais avançadas, que mais tarde poderá praticar.

    A aprendizagem e a prática da medicina dentária em ambiente em que se faz investigação científi ca são compreensível e indubitavelmente benefi ciadas.

    Só vale a pena ensinar medicina dentária onde esta se pratica com qualidade, pois o seu ensino emana directa e naturalmente do seu exercício.

    O ensino da odontopediatria distribui-se em aulas teóricas, teórico-práticas e práticas, comple-mentadas por demonstrações clínicas e/ou seminários e mesas redondas. Organizam-se ainda sessões de revisão bibliográfi ca, essencialmente no âmbito do ensino pós-graduado.

    A teoria é ministrada nas aulas teóricas e teórico-práticas de Odontopediatria I.

    A Odontopediatria II é uma disciplina de índole essencialmente prática encontrando-se orga-nizada em aulas práticas que complementam a disciplina de Odontopediatria I, leccionada no ano anterior.

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    4.1. Aulas Teóricas

    Nas aulas teóricas são transmitidos os conhecimentos básicos que constituem os fundamentos científi cos da Odontopediatria, e que se tornam imprescindíveis para a execução de qualquer trabalho prático. A aula deve ser simples, objectiva, apoiada em boa iconografi a, devendo o docente preocupar-se em manter alguma abertura que permita interactividade, de forma a não inibir o discente de apresentar as suas dúvidas e/ou observações.

    É importante abordar os temas essenciais nas aulas teóricas. O aluno deverá ter a percepção gené-rica da matéria, existindo alguns pontos-chave que obrigatoriamente serão do seu conhecimento.

    Não se pretende pormenorizar de forma exaustiva cada um dos assuntos, uma vez que como todos sabemos o tempo existente para a formação do aluno não o permite; no entanto, é impor-tante que o aluno reconheça e valorize os pontos indispensáveis e essenciais que farão parte da prática clínica corrente.

    As aulas teóricas não deverão exceder os 50 minutos. Cada aula deverá ser acompanhada do respectivo sumário, em maior ou menor extensão, consoante o grau de complexidade do tema e a difi culdade de obtenção de informação.

    As aulas teóricas deverão constituir o fórum onde os alunos descobrem o que os docentes consideram fundamental acerca dos diversos temas a tratar. A clássica exposição magistral, ou ainda pior, as aulas tipo relato, em que se realiza a simples transposição oral dos livros de texto, estão nos dias de hoje perfeitamente ultrapassadas. As aulas teóricas devem servir para orientar o discente, motivando-o para o estudo e auto aprendizagem.

    É fundamental conseguir do aluno não apenas a sua presença física na aula teórica, mas sobretudo a sua participação mental, de modo a acompanhar com uma atitude crítica e activa a exposição do docente.

    Antes de terminar a aula é distribuído um sumário relativo ao assunto da aula seguinte. São também indicados os livros de texto e/ou artigos de revistas mais aconselhados, que devem ser consultados previamente pelos alunos e servirão de suporte à aula seguinte, permitindo ao aluno uma participação mais expedita. Não serão aconselhados livros únicos.

    Pretende-se que o aluno seja activo na sua própria aprendizagem, passando o ensino a ser mais do que uma simples transmissão de conhecimentos, estabelecendo-se uma empatia e um diálogo constante entre o Professor e os Alunos.

    Sempre que possível, os últimos 10 a 15 minutos da aula são destinados a discussão e escla-recimento de qualquer dúvida decorrente da exposição da matéria.

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    4.2. Aulas Teórico-práticas

    Nas aulas teórico-práticas pretende-se estimular o trabalho de grupo, permitir uma integração dos conhecimentos teóricos com a prática clínica que o aluno vai enfrentar, proporcionando no fi nal de cada aula, uma visão crítica do professor sobre o tema tratado. Sempre que possível o docente analisa situações clínicas de arquivo, previamente seleccionadas de acordo com as ma-térias do programa de Odontopediatria. Após discussão pelos alunos, que se pretende que dure o máximo de tempo e que tenha uma grande participação por parte destes, o docente resume o assunto, tecendo as considerações mais apropriadas e evidenciando os pontos-chave, os prós e os contra. O resumo fi nal das diferentes opiniões expressas pelos alunos e a crítica objectiva de cada um dos aspectos permitirá um enriquecimento e a cimentação de conceitos teóricos pela sua aplicação na prática clínica.

    As aulas teórico-práticas pretendem ser sessões de problematização e discussão colectiva, abordando aspectos relacionados com:

    1 – Os dados e as vivências recolhidos pelos alunos nas sessões práticas anteriores;2 – Discussão de problemas modelo previamente seleccionados e elaborados pelos docentes.

    Nos anos lectivos de 2003/2004 e 2004/2005 têm sido apresentadas aulas teórico-práticas de grande sucesso entre os alunos, recorrendo a projecções multimédia e à transmissão em directo de casos clínicos considerados de interesse e pré-seleccionados pelos docentes.

    Nestas aulas, o paciente é tratado pelo assistente da disciplina, ao mesmo tempo que no anfi teatro, são tecidos os comentários necessários e adequados a esse tratamento, tanto pelo professor como pelos alunos. É descrita a técnica e realizado o plano de tratamento, explicando todas as fases práticas e acrescentando pormenores técnicos e teóricos sobre o acto praticado. No fi nal da aula, a discussão sobre o tema é aberta, permitindo a intervenção do aluno e do docente, equacionando dúvidas e propondo soluções além das apresentadas.

    4.3. Aulas Práticas

    A actividade clínica dos alunos do 6º ano inicia-se, geralmente, logo na primeira aula, uma vez que existe a necessidade de dar continuidade aos tratamentos iniciados pelos alunos do 5º e do 6º ano, durante o ano lectivo anterior, mas que não se encontram ainda concluídos. No 5º ano, as aulas práticas iniciam-se um pouco mais tarde, no início de Janeiro, para permitir que os alunos adquiram experiência, tratando pacientes adultos. O horário é preenchido, até essa altura, com aulas teórico-práticas e seminários.

    Os conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas e as atitudes fomentadas nas aulas teórico-práti-cas devem desenvolver-se nas aulas práticas, altura de excelência para o aluno fazer evoluir as suas

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    aptidões clínicas, nas quais reside a base da sua formação médico-dentária pré-graduada.

    Durante as aulas práticas, os alunos, em número ideal de dois e não superior a três, sempre vi-giados e tutorados, devem adquirir capacidade de comunicação com o paciente, exercitar a colheita de histórias clínicas e melhorar a performance de realização do exame geral e buco-dentário.

    Nestas aulas educam-se os alunos no uso criterioso dos exames complementares, na sua interpretação e na integração de todas as informações adquiridas no diagnóstico lógico.

    Nas aulas práticas o Professor tentará transmitir ao aluno, ajudando-o e corrigindo-o, sempre que necessário, nos aspectos relacionados com a postura, a higiene, a manutenção da assepsia, para além de muitos outros relacionados com a ergonomia do trabalho. O aluno poderá aper-ceber-se das possibilidades reabilitadoras de alguns tratamentos, ao mesmo tempo que toma consciência das suas limitações. Pretende-se tanto quanto possível, seleccionar os casos mais interessantes a que o aluno deve assistir. Por isso, sempre que um grupo é responsável por um caso que possa ter interesse ou que seja de especial importância para os restantes alunos, estes serão avisados para, de forma ordeira e sem aglomerações, tomarem contacto e observarem o caso em questão.

    Deseja-se que o aluno contacte com o maior número possível de pacientes, devendo adquirir experiência para realizar e registar com facilidade a história clínica, pessoal e familiar; ao terminar o seu curso o médico dentista deverá estar preparado para fazer um exame clínico extra e intra oral e utilizar com parcimónia os meios complementares de diagnóstico ao seu dispor.

    A realização de actos técnicos simples como restaurações provisórias, limpezas, aplicação de selantes de fi ssuras e aplicação de fl úor, entre outros, devem fazer parte da lista com que os alunos se devem familiarizar, existindo interesse em que o aluno realize o maior número possível desses actos clínicos simples.

    No entanto, o aluno deverá avançar para um segundo acto clínico apenas depois de ter ter-minado de forma satisfatória o primeiro acto e o seu assistente lho ter autorizado. Prefere-se um único acto clínico de muito boa qualidade do que dois actos clínicos de menor qualidade. Como é lógico, o avançar para um segundo acto clínico depende também da colaboração demonstra-da pela criança; ensinar ao aluno a reconhecer os sinais que lhe permitem continuar ou que o aconselham a parar, é também um dos objectivos das aulas práticas.

    Os actos clínicos, quando repetidos de forma correcta, são imprescindíveis no processo de aprendizagem.

    Na disciplina de Odontopediatria, a teoria dissociada da prática de nada serviria ao aluno; por isso, dá-se uma ênfase especial ao ensino prático na disciplina.

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    Durante as aulas práticas, os alunos estão distribuídos em grupos de dois, que colaboram entre si na observação de um paciente; enquanto um trata a criança, o outro desempenha o lugar de as-sistente; na aula seguinte, os alunos trocam de funções, trabalhando assim de forma alternada.

    O corpo docente que acompanha o aluno tem a preocupação de orientar e examinar cada fase do tratamento clínico. Em simultâneo, discutem-se os aspectos teóricos de maior relevância relacionados com o trabalho que se está a efectuar, permitindo uma avaliação contínua.

    O aluno tem acesso às opiniões de cada um dos formadores, o que permite uma melhor integração dos conhecimentos teóricos e uma visão mais ampla das diferentes opiniões clínicas possíveis para o mesmo caso, consoante a experiência do formador.

    Proporciona-se ao aluno um treino adequado de raciocínio, para avaliar, diagnosticar e tratar as diferentes situações.

    O diagnóstico e plano de tratamento provisórios, realizados pelo grupo de alunos, são analisados com o assistente que o acompanha ou com os professores da disciplina. Após a discussão, o plano de tratamento é aprovado, podendo o aluno iniciar a sua execução. O aluno mostra as diferentes fases do trabalho ao docente, que, para além de orientar, aproveita esses momentos para examinar a qualidade das diferentes fases do trabalho realizado e proceder à sua avaliação.

    Em cada ano, são ministradas duas aulas práticas por semana, eminentemente clínicas (atendi-mento de crianças e adolescentes), com a duração de cento e vinte minutos (2 horas/cada). Os alunos trabalham em grupos de dois, durante dois semestres, perfazendo um total de 128 horas.

    4.4. Seminários e Mesas Redondas

    Os seminários destinam-se à discussão preparada e orientada de temas específi cos, defi nidos com antecedência, de casos clínicos previamente observados ou de temas teóricos de grande relevância. Podem participar na apresentação dos temas tanto docentes como discentes. No entanto, sempre que possível, reserva-se para os discentes a apresentação e a animação da discussão, devendo o papel do docente ser o de moderador crítico.

    Nem sempre é possível organizar o número de seminários e mesas redondas julgados neces-sários para cada assunto a tratar.

    Conferências, palestras e outros debates orientados, são fundamentais na preparação do aluno, não apenas pelo reforço do conhecimento de forma passiva ou activa, mas também pelos con-tactos que proporciona com outros colegas, frequentemente com experiências de vida diferentes e outra fi losofi a de ensino, possibilitando uma refl exão sobre os múltiplos temas estudados em Odontopediatria.

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    Seminários e mesas redondas são momentos em que o estudante pode ser incentivado a par-ticipar, aplicando-se na investigação e realização com mais empenho de trabalhos clínicos sobre patologias que, se observadas noutra perspectiva, poderiam não ser tão motivadoras como o são quando integradas neste campo específi co ou mais particular, que é a apresentação de um tema de discussão num seminário ou numa mesa redonda.

    As técnicas multimédia permitem tornar as apresentações mais agradáveis. Uma imagem vale mil palavras e a associação entre texto e imagem, complementada com som ou efeitos especiais atractivos, facilita a integração e discussão dos conhecimentos.

    Os alunos são previamente auscultados pelo Corpo Docente, de modo a defi nir os campos de conhecimento que suscitam mais dúvidas e que têm maior interesse para a discussão. Antecipa-damente confrontados com os temas a tratar no seminário, os alunos podem tomar parte activa na discussão, quer tornando-se intervenientes ao apresentar casos vividos nas aulas práticas de clínica, quer participando com trabalhos de revisão.

    4.5. Demonstrações Clínicas

    Como o nome indica, o professor realiza perante o aluno ou grupo de alunos as variadas téc-nicas usadas em Odontopediatria. Quanto mais elaborada a técnica a utilizar, mais útil se torna este tipo de aula. O aluno só poderá iniciar a aplicação dessas técnicas depois de estar seguro de todos os passos, sendo capaz de os rever mentalmente, imaginando que é ele próprio que está a executar o acto em questão. A observação cuidada e atenta dos movimentos, técnicas e procedimentos executadas pelo professor são de grande utilidade e valor para o aluno.

    4.6. Sessões de Revisão Bibliográfi ca

    Este método de ensino, por ser mais elaborado, necessita de conhecimentos prévios por parte do aluno, para que a discussão se torne proveitosa, permitindo um debate aceso e criador. É usado essencialmente na pós-graduação.

    Nestas sessões são apresentados diversos conceitos obtidos através da revisão bibliográfi ca, com

    a fi nalidade de dar suporte ao modelo a desenvolver. Além disso são analisados artigos científi cos recentes, para posicionar o assunto em termos de pesquisa em outros grupos de trabalho.

    O aluno aprende a reconhecer as fontes primárias, secundárias e terciárias; nas primeiras analisa trabalhos com conhecimento original e publicado pela primeira vez pelos autores (ex: monografi as, teses universitárias, livros, relatórios técnicos, artigos em revistas científi cas, anais de congressos); nas segundas encontra trabalhos não originais e que basicamente citam, revêem e interpretam trabalhos originais (ex: artigos de revisão bibliográfi ca, livros de texto, tratados,

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    enciclopédias, artigos de divulgação); nas fontes terciárias o aluno consulta índices categorizados de trabalhos primários e secundários, com ou sem resumo (ex: bases de dados bibliográfi cos, índices e listas bibliográfi cas).

    Assim, depois de classifi car as diferentes leituras, o aluno pode aprofundar melhor qualquer aspecto que considere relevante, refi nando ainda mais a pesquisa e, após discussão, redigir as suas conclusões.

    Comunicar as conclusões é uma parte essencial do trabalho do aluno. O aluno deve ser treinado para transmitir à restante comunidade científi ca as conclusões do seu trabalho, mesmo que o resultado não seja o esperado, contrariando as hipóteses inicialmente colocadas.

    O aluno é incentivado a apresentar o seu trabalho na forma de comunicação oral ou escrita.

    A comunicação oral é geralmente apoiada por recursos audiovisuais.

    A comunicação escrita na forma de relatório, poster, artigo em revista científi ca ou não cientí-fi ca (não arbitrada, sem política editorial), ou outra forma escolhida, deverá ser clara, objectiva e relevante.

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    5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

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    Métodos de Avaliação | Programa da Disciplina de Odontopediatria

    5.1. Avaliação do Aluno

    Avaliar é provavelmente a tarefa mais difícil do docente. Não se deve esquecer que o se está a ajuizar é o nosso desempenho e que antes da avaliação do aluno, devemos possuir critérios específi cos que permitam avaliar o nosso ensino; quer isto dizer, que ao avaliar o aluno estamos a avaliar-nos a nós próprios.

    Qualquer avaliação é forçosamente discriminatória, devendo o docente ao formular as suas perguntas, quer escritas quer orais, ter o cuidado de as classifi car segundo o grau de difi culdade, pois só desse modo poderá aproximar-se da pretendida justiça classifi cativa.

    A avaliação não deve privilegiar os alunos que têm maior capacidade de retenção e evocação dos conhecimentos. Preocupamo-nos sobretudo em valorizar a maior ou menor capacidade de compreensão e de resolução dos problemas, assim como a clareza do pensamento, a facilidade de expressão e a destreza psicomotora. Para além de se avaliar o discente pelo que sabe e pelo que está apto a fazer, valoriza-se também a relação que consegue estabelecer com a criança, ado-lescente ou pessoa com necessidades especiais. Para além disso, procura-se caracterizá-lo como pessoa humana, como aluno de medicina dentária e fi nalmente como futuro médico dentista.

    São importantes a assiduidade, a qualidade e o interesse no trabalho realizado e a informação do tutor quanto ao desempenho durante todas as aulas práticas.

    A atribuição de frequência em Odontopediatria está condicionada à presença do aluno em pelo menos dois terços do conjunto de modalidades pedagógicas realizadas durante o ano lectivo, com excepção das aulas teóricas.

    Se o aluno transita de ano sem aprovação na disciplina, não necessita de a frequentar de novo desde que tenha obtido a frequência no ano anterior.

    A coordenação dos métodos de ensino-aprendizagem aplicados e a sua análise crítica por todos os docentes, assim como a avaliação do progresso dos alunos, será realizada em reuniões periódicas da equipe docente, existindo um reajuste de todo o processo de ensino-aprendizagem conforme o feedback resultante dessas informações.

    A avaliação contínua tem fi nalidades formativas e não censórias e/ou classifi cativas. O seu objectivo é a descoberta oportuna de defi ciências da aprendizagem, identifi cando a sua natureza e estabelecendo medidas correctivas, de modo a permitir um acompanhamento do aluno sempre pela positiva.

    A avaliação é um método pedagógico que verifi ca o progresso da aprendizagem em relação aos objectivos do ensino.

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    RELATÓRIO PEDAGÓGICO

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    Os objectivos devem ser previamente conhecidos, tanto pelos docentes como pelos discentes.

    A avaliação das actividades práticas é bastante complexa, uma vez que consiste na mensuração da capacidade do aluno de diagnosticar, propor e executar o tratamento adequado, passando necessariamente pelo relacionamento aluno/paciente/professor e controle do comportamento do paciente. O sucesso do tratamento será alcançado pela sintonia de todas essas variáveis.

    Em todas as aulas práticas são registados os procedimentos realizados, tanto por parte do aluno, a fi m de anotar a quantidade de actos efectuados, quanto por parte do professor, visando principalmente a qualidade do procedimento realizado. O registo qualitativo do professor é feito em formulário elaborado especialmente para este fi m, de modo a que os critérios base sejam idênticos e observados por todos os assistentes. Registam-se aspectos gerais que devem estar presentes em todas as intervenções e aspectos específi cos inerentes à realização de cada procedimento.

    Ensinar é tão mais gratifi cante quanto melhores forem os resultados obtidos pelos alunos. Só através de uma avaliação cuidada dos seus conhecimentos se pode apurar o quão efi ciente foi a missão do docente.

    A avaliação do aluno é uma tarefa bastante difícil e deve “medir” não apenas a memorização de conhecimentos teóricos, mas sobretudo a capacidade para os aplicar à prática clínica.

    A avaliação é complementada pela observação do comportamento do aluno na clínica, deven-do ser criteriosa e a mais justa possível, julgando o estudante sob o ponto de vista intelectual, técnico e afectivo.

    A avaliação deve basear-se no maior número possível de elementos, de modo a diminuir ao máximo o número de injustiças na classifi cação.

    A avaliação do aluno abordará aspectos cognitivos relacionados com:

    • As ciências básicas.• A sua capacidade de organização, administração processual e ética médica.• A capacidade de diagnosticar e realizar planos de tratamento.• A forma de aplicar a psicologia e a ciência do comportamento.• A forma como compreende, interpreta e executa as normas preventivas da medicina dentária

    restauradora, da ortodontia preventiva e interceptiva, da traumatologia dentária, da cirurgia oral, da patologia oral e da abordagem e tratamento de crianças com necessidades especiais.

    Para além dos aspectos cognitivos, o aluno é avaliado como um todo, tendo grande relevância a

    sua assiduidade, pois só através desta será obtida a destreza manual sufi ciente para desenvolver as suas aptidões psicomotoras e obter sucesso no tratamento da criança.

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