dash fundamentos ayurvedica

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NDICENDICE................................................................................................................. 1 PREFCIO ........................................................................................................ 9 NOTA PARA A EDIO INDIANA ............................................................... 10 PREFCIO PARA A EDIO REVISADA ..................................................... 13 PREFCIO PARA A PRIMEIRA EDIO ...................................................... 15 ABREVIAES .............................................................................................. 25 EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI ........................................ 26 CAPTULO I ...................................................................................................... 27 INTRODUO .................................................................................................. 27 DEFINIO DE AYURVEDA ................................................................................ 29 REA DE ATUAO DO AYURVEDA ................................................................... 29 OS OITO RAMOS DO AYURVEDA ........................................................................ 30 CARACTERSTICAS SINGULARES DO AYURVEDA ................................................. 31 CAPTULO II .................................................................................................... 34 REVISO HISTRICA .................................................................................... 34 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DO AYURVEDA .................................................... 34 AYURVEDA NA ERA PR-VDICA ...................................................................... 35 AYURVEDA NA ERA VDICA.............................................................................. 36 AYURVEDA NO PERODO PS-VDICO ............................................................... 37 CRNICAS SOBRE A VIDA DE JIVAKA ................................................................. 38 A ESTRIA DE BHOJA ........................................................................................ 40 INTERRUPO DO PROGRESSO NO PERODO MEDIEVAL ...................................... 40 RESTAURAO DO AYURVEDA .......................................................................... 41 CAPTULO III ................................................................................................... 43 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 43 CRIAO DO UNIVERSO .................................................................................... 43 TEORIA PACA MAHABHUTA ............................................................................... 46 DETERMINAO DA COMPOSIO MAHABHUTICA DE UMA DROGA A PARTIR DE SUAS PROPRIEDADES ..................................................................... 48 O CONCEITO DE TRIDOSHA ................................................................................. 48

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CONDIES DOS DOSHAS NAS DIFERENTES ESTAES DO ANO ........................... 52 FATORES RESPONSVEIS PELA ALTERAO DOS DOSHAS ................................... 52 SINAIS E SINTOMAS DO AGRAVAMENTO DOS DOSHAS ......................................... 53 TRATAMENTO DE DOENAS CAUSADAS POR PERTURBAES DOS DOSHAS .......... 53 TERAPIA DE ELIMINAO PARA CORREO DOS DOSHAS ALTERADOS ................ 54 DOENAS CAUSADAS PELOS DOSHAS ................................................................. 54 CONCEITO DE SAPTA DHATU ............................................................................. 59 CONCEITO DE MALA .......................................................................................... 62 SROTAS OU CANAIS DE CIRCULAO .................................................................... 63 CAUSAS DAS ALTERAES DOS SROTAS ................................................................ 65 STIOS DE ORIGEM DOS SROTAS E SINTOMAS CAUSADOS POR SUAS ALTERAES ..... 66 LINHA DE TRATAMENTO ...................................................................................... 68 DIGESTO E METABOLISMO ................................................................................ 69 PRAKRTI OU CONSTITUINTE FSICO ..................................................................... 74 FATORES RESPONSVEIS PELA DETERMINAO DE PRAKRTI .................................. 77 CARACTERSTICAS DOS INDIVDUOS QUE POSSUEM KAPHA PRAKRTI ...................... 78 CARACTERSTICAS DE UM INDIVDUO QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ......................... 79 CARACTERSTICAS DE UM INDIVDUO QUE POSSUI VATA PRAKRTI ......................... 80 CARACTERSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI VATA PRAKRTI........... 81 CARACTERSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI PITTA PRAKRTI ........ 82 CARACTERSTICAS E CONTROLE DE UMA PESSOA QUE POSSUI KAPHA PRAKRTI ...... 83 CONCEITO DE MENTE ......................................................................................... 84 SINNIMOS E SUAS IMPLICAES ......................................................................... 85 MENTE E MANAS ............................................................................................... 85 DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO ...................................................................... 85 TRS PONTOS DE VISTA DIFERENTES ................................................................... 86 SERES SENCIENTES E NO SENCIENTES................................................................. 87 ANTAHKARANA OU OS MEIOS INTERNOS DE PERCEPO ...................................... 88 LOCALIZAO .................................................................................................... 89 DIMENSES E NMEROS ..................................................................................... 90 FUNES .......................................................................................................... 90 DIFERENTES NVEIS DE MENTE............................................................................ 90 CLASSIFICAO DAS FACULDADES MENTAIS ......................................................... 91 COMPOSIO DAS DROGAS ................................................................................. 94 CLASSIFICAO DAS DROGAS .............................................................................. 95 RASA OU SABOR ................................................................................................ 96 SABORES E DOSHAS ........................................................................................... 97 GUNAS E QUALIDADES........................................................................................ 97 VIRYA OU POTNCIA ......................................................................................... 98 VIPAKA OU SABOR PS-DIGESTIVO ..................................................................... 99 PRABHAVA OU AO ESPECFICA ....................................................................... 99 CAPTULO 4 ................................................................................................... 101 MEDICINA PREVENTIVA ............................................................................ 101 DINACARYA (CONDUTA NO PERODO DIURNO).............................................. 101

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LIMPEZA DA FACE ............................................................................................ 101 PROTEO DA VISO ........................................................................................ 101 BEBER UM COPO DE GUA................................................................................ 102 EVACUAO .................................................................................................... 102 HIGIENE DOS DENTES ....................................................................................... 103 RASPAGEM DA LNGUA...................................................................................... 104 USO DE GOTAS NASAIS ..................................................................................... 104 MASTIGAO ................................................................................................... 104 GARGAREJOS ................................................................................................... 105 APLICAO DE LEO NA CABEA ...................................................................... 105 GOTAS DE LEO NOS OUVIDOS ......................................................................... 105 MASSAGEM COM LEO ..................................................................................... 106 EXERCCIOS ..................................................................................................... 107 Efeitos Benficos dos Exerccios .......................................................... 107 Efeitos Prejudiciais do Exerccio Excessivo ......................................... 107 Caractersticas do Exerccio Correto................................................... 107 Contra-Indicaes para os Exerccios ................................................. 107 BANHO ............................................................................................................ 108 VESTIMENTAS ................................................................................................... 108 USO DE PERFUMES .......................................................................................... 108 USO DE ORNAMENTOS ...................................................................................... 108 CUIDADOS COM CABELOS E UNHAS ................................................................... 108 CALADOS ....................................................................................................... 108 ALIMENTOS ...................................................................................................... 109 USO DE COLRIO .............................................................................................. 110 FUMO ............................................................................................................. 110 Caractersticas do Uso Correto do Fumo ............................................ 111 Caractersticas do Uso Insuficiente do Fumo ....................................... 111 Caractersticas do Uso Excessivo de Fumo .......................................... 111 CDIGO DE TICA GERAL ................................................................................. 111 ESTUDO .......................................................................................................... 113 CONDUTA GERAL ............................................................................................. 113 AMIGOS CONVENIENTES ................................................................................... 114 PESSOAS INCONVENIENTES PARA A AMIZADE ....................................................... 115 RATRICARYA (CONDUTA NO PERODO NOTURNO) ......................................... 115 SONO .............................................................................................................. 115 Tipos Diferentes de Sono ..................................................................... 116 Contra-indicaes ao Sono Diurno...................................................... 116 Indicaes do Sono Diurno ................................................................. 117 Causas da Insnia ............................................................................... 118 Medidas que Favorecem um Sono Benfico ......................................... 118 CONDUTA DURANTE A REFEIO NOTURNA ....................................................... 118 USO DE IOGURTE NOITE................................................................................. 118 LEITURA DURANTE A NOITE .............................................................................. 119 RELAES SEXUAIS .......................................................................................... 119 RTUCARYA (CONDUTA DURANTE AS ESTAES DO ANO) ................................ 120

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OS DOIS SOLSTCIOS ........................................................................................ 120 EFEITOS DE ADANA KALA NO CORPO ............................................................... 124 EFEITOS DO VISARGA KALA SOBRE O CORPO .................................................... 124 DIETA E CONDUTA PARA O INVERNO .................................................................. 124 DIETA E CONDUTA PARA A PRIMAVERA ............................................................... 126 DIETA E CONDUTA PARA O VERO ..................................................................... 126 DIETA E CONDUTA PARA A ESTAO CHUVOSA ................................................... 127 DIETA E CONDUTA PARA O OUTONO .................................................................. 128 NECESSIDADES BSICAS .................................................................................... 129 NECESSIDADES QUE DEVEM SER SUPRIMIDAS ..................................................... 131 TERAPIA REJUVENESCEDORA............................................................................. 131 Objetivo do Rasayana ......................................................................... 132 Durao da Vida................................................................................. 132 poca de Administrao...................................................................... 135 Pessoas Convenientes para o Rasayana............................................... 135 Mtodo de Administrao.................................................................... 136 Drogas Rasayanas............................................................................... 136 CYAVANAPRASA ............................................................................................. 137 Dose ................................................................................................... 137 Dieta................................................................................................... 138 OUTRAS CONDUTAS .......................................................................................... 138 PROCESSO DE MORTE ....................................................................................... 138 CAPTULO 5 ................................................................................................... 139 A PRTICA DA MEDICINA .......................................................................... 139 O EXAME DO PACIENTE .................................................................................... 139 EXAME DA IDADE DO PACIENTE......................................................................... 143 EXAME DO VIGOR DO PACIENTE ........................................................................ 144 O QUE ESTE VIGOR? ...................................................................................... 144 O QUE TEJAS? .............................................................................................. 144 O QUE OJAS?................................................................................................ 145 ASPECTOS CARACTERSTICOS DO CORPO COMPACTO .......................................... 146 DISTRBIOS DO VIGOR ..................................................................................... 147 ANLISE DO SATTVA ........................................................................................ 147 AVALIAO DA SADE ...................................................................................... 148 EXAME DA DOENA .......................................................................................... 150 Nidana ou Fatores Causais ................................................................. 151 Purvarupa ou Primeiros Sintomas ....................................................... 152 Rupa ou Sinais e Sintomas Manifestados ............................................. 153 Upasaya ou Terapia Exploratria ....................................................... 153 Samprapti ou Patognese .................................................................... 155 Kriya kala ou Estgios de Manifestao de uma Doena ..................... 157 Diferentes Tipos de Samprapti............................................................. 157 CAUSAS DAS DOENAS ...................................................................................... 157 Negligncia Intelectual (prajna paradha).............................................. 158

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Conjuno Patolgica dos rgos Sensoriais e seus Objetos ............... 158 Variaes no Tempo e no Perodo ....................................................... 159 TRS TIPOS DE DOENAS .................................................................................. 160 DOENAS DO SISTEMA PERIFRICO ................................................................... 160 DOENAS DO CAMINHO INTERMEDIRIO ............................................................ 160 DOENAS DO SISTEMA CENTRAL ........................................................................ 161 STIOS DE ORIGEM DAS DOENAS ...................................................................... 161 MODO DE DISSEMINAO DA DOENA ............................................................... 162 STIO DE MANIFESTAO DA DOENA ................................................................ 163 DOENAS E SUAS VARIEDADES........................................................................... 163 TERAPUTICA .................................................................................................. 168 CATEGORIAS DE DOENAS ................................................................................ 170 DIFERENTES TIPOS DE TERAPIAS ....................................................................... 172 Langhana ou Terapia de Alvio ........................................................... 173 Brmhana ou Terapia de Nutrio ........................................................ 174 Ruksana ou Terapia Secativa............................................................... 174 Snehana ou Terapia de Oleao .......................................................... 175 Svedana ou Terapia de Fomentao .................................................... 176 CAPTULO 6 ................................................................................................... 177 DIETA .............................................................................................................. 177 CLASSIFICAO DOS GNEROS ALIMENTCIOS E DAS BEBIDAS .............................. 178 Sukadhanya (cereais com cerdas) ........................................................ 179 Samidhanya (gros comestveis) .......................................................... 179 Mamsavarga (carnes) .......................................................................... 179 Saka varga (vegetais) .......................................................................... 185 Phalavarga (frutas) .............................................................................. 185 Harita varga (vegetais utilizados crus) ................................................. 187 Madya varga (bebidas alcolicas) ....................................................... 187 Jala varga (vrios tipos de gua) ......................................................... 187 Gorasa varga (derivados do leite) ........................................................ 188 Iksu varga (produto da cana de acar)............................................... 188 Krtanna varga (preparaes de alimentos cozidos)............................... 188 Aharayogi varga (acessrios das preparaes) .................................... 188 CAPTULO 7 ................................................................................................... 189 DROGAS .......................................................................................................... 189 AES DO SABOR DOCE .................................................................................. 189 AES DO SABOR AZEDO ................................................................................ 189 AES DO SABOR SALGADO ............................................................................ 190 AES DO SABOR PUNGENTE .......................................................................... 191 AES DO SABOR AMARGO ............................................................................. 192 AES DO SABOR ADSTRINGENTE ................................................................... 192

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CLASSIFICAO DAS DROGAS AYURVDICAS................................................... 193 PREPARAES COMPOSTAS ............................................................................. 194 NOMES DAS FORMULAES DE DROGAS .......................................................... 195 PROCESSOS FARMACUTICOS .......................................................................... 196 SODHANA OU PURIFICAO ............................................................................. 196 MELHORES DROGAS, DIETAS E CONDUTAS ...................................................... 197 MELHORES DROGAS PARA CERTAS DOENAS .................................................. 202 CAPTULO 8 ................................................................................................... 206 MTODOS DE PREPARAO DAS DROGAS AYURVDICAS............... 206 Suco.................................................................................................... 206 P (Curna) .......................................................................................... 207 Decoco (Kvatha) ............................................................................. 207 Pasta (Kalka) ...................................................................................... 208 Infuso (Phanta) .................................................................................. 208 Infuso fria (Situ kasaya) .................................................................... 208 Preparao com leite (Ksira paka) ...................................................... 208 Emplastro ou gelia (Avaleha, lehya, paka ou khanda) ........................ 208 Ghee e leo medicinal (taila e ghrta).................................................... 209 Preparaes alcolicas (Asava e arista) .............................................. 210 plulas (Gutika, vati e modaka)............................................................ 211 Preparaes em crosta (Parpati).......................................................... 212 Medicamentos preparados por sublimao (Kupipakva rasayana)........ 212 Pisti .................................................................................................... 213 Colrio (Anjana).................................................................................. 213 Metais, minerais, pedras preciosas e outros calcinados em p (Bhasma) 213

CAPTULO 9 ................................................................................................... 215 A CANNABIS E OS ANTIGOS TEXTOS MDICOS ................................... 215 REVISO DA LITERATURA .................................................................................. 216 SINNIMOS ...................................................................................................... 218 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DA CANNABIS ........................................................ 219 DESCRIO MORFOLGICA EM TEXTOS ANTIGOS ................................................ 219 SEXO DA PLANTA .............................................................................................. 220 USURIOS AUTORIZADOS .................................................................................. 220 PROCESSOS FARMACUTICOS ............................................................................ 221 FORMULAO .................................................................................................. 222 INDICAES TERAPUTICAS .............................................................................. 223 TOXICIDADE .................................................................................................... 224 CONTROLE DOS E FEITOS TXICOS ..................................................................... 225 VIJAYA KALPA OU PREPARAO ESPECIAL PARA O REJUVENESCIMENTO ............. 225 CULTIVO ......................................................................................................... 226

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PROCESSAMENTO ............................................................................................. 227 ADMINISTRAO DA TERAPIA ............................................................................ 227 DISCUSSO ...................................................................................................... 228 CAPTULO 10 ................................................................................................. 232 A DROGA TERMINALIA CHEBULA NA LITERATURA MDICA AYURVDICA E TIBETANA ........................................................................ 232 ESTRIAS MITOLGICAS ................................................................................... 233 SINNIMOS ...................................................................................................... 234 VARIEDADES .................................................................................................... 235 IDENTIFICAO DOS VRIOS TIPOS .................................................................... 237 HABITAT .......................................................................................................... 237 CARACTERSTICAS BOTNICAS ........................................................................... 238 ANLOGOS ...................................................................................................... 238 RASA, VIRYA, VIPAKA E GUNA........................................................................ 239 PROPRIEDADES TERAPUTICAS ......................................................................... 240 Notas .................................................................................................. 241 CAPTULO 11 ................................................................................................. 246 O ALHO NOS ANTIGOS TEXTOS MDICOS INDIANOS ......................... 246 MITOLOGIA SOBRE A ORIGEM DE LASUNA ......................................................... 247 VARIEDADES .................................................................................................... 249 SINNIMOS ...................................................................................................... 250 RASA OU SABOR DA DROGA .............................................................................. 251 PROPRIEDADES E AES FARMACOLGICAS ....................................................... 252 USOS TERAPUTICOS ........................................................................................ 254 ADJUVANTES PARA DIFERENTES DOENAS ......................................................... 256 RASONA KALPA .............................................................................................. 257 Pessoas Adequadas para a Administrao de Rasona Kalpa ................ 258 Pessoas Inadequadas para Rasona Kalpa............................................ 258 Estao Adequada .............................................................................. 259 Coleta do Allium sativum..................................................................... 259 Processamento .................................................................................... 259 Dosagem............................................................................................. 261 Preparao do Paciente ...................................................................... 261 Mtodo de Administrao.................................................................... 262 Complicaes e seu Controle............................................................... 262 Anupana ............................................................................................. 262 Cuidados Ps-Terapia......................................................................... 263 Durao da Terapia ............................................................................ 263 Pathya ou Dieta Adequada .................................................................. 263 Alimentos e Condutas Insalubres ......................................................... 264 Complicaes Decorrentes de Condutas Inadequadas ......................... 264

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Tratamento das Complicaes............................................................. 265 Cuidados Ps-Terapia......................................................................... 265 FORMULAES COMBINADAS ............................................................................ 265 Notas e Referncias............................................................................. 267 CAPTULO 12 ................................................................................................. 269 ESTUDO E PRTICA ..................................................................................... 269 SELEO DE TEXTOS MDICOS .......................................................................... 269 SELEO DE UM PROFESSOR DE MEDICINA ........................................................ 270 SELEO DO ESTUDANTE DE MEDICINA ............................................................. 271 INICIAO AO ESTUDO...................................................................................... 272 OS MDICOS E SUAS CARACTERSTICAS .............................................................. 273 CARACTERSTICAS DE UM BOM MDICO ............................................................. 273 CARACTERSTICAS DOS MDICOS FINGIDOS E PSEUDOMDICOS ........................... 276 CAPTULO 13 ................................................................................................. 278 OUTROS SISTEMAS TRADICIONAIS DE MEDICINA.............................. 278 UNANI TIBB ..................................................................................................... 278 Princpios Fundamentais do Sistema Unani de Medicina ..................... 280 SISTEMA SIDDHA DE MEDICINA ......................................................................... 281 Mitologia sobre a Origem do Sistema Siddha ...................................... 281 Propositores do Sistema Siddha de Medicina ....................................... 282 Princpios Fundamentais..................................................................... 282 Classificao das Drogas .................................................................... 283 Diagnstico das Doenas .................................................................... 284 Kalpa Cikitsa ...................................................................................... 284 EMCHI OU SISTEMA TIBETANO DE MEDICINA ...................................................... 285 Classificao do Conhecimento ........................................................... 286 Relaes Indo-Tibetanas ..................................................................... 286 PRAKRTIKA CIKITISA (NATUROPATIA) ................................................................. 288 Histria .............................................................................................. 288 Princpios Fundamentais..................................................................... 289 Prtica da Naturopatia ....................................................................... 290 YOGA .............................................................................................................. 290 Princpios Fundamentais..................................................................... 291 TANTRA ........................................................................................................... 299

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PREFCIO Entre a linha de frente dos eruditos em Ayurveda da nova gerao, o Dr. Bhagwan Dash uma daquelas poucas pessoas nas quais deposito minhas esperanas pela manuteno da imagem pura do Ayurveda tanto na ndia quanto no exterior. Seu novo livro benvindo pois, considerando que o autor est intimamente familiarizado com os conceitos do Ayurveda, sua exposio permanece livre das distores laboriosas que caracterizam o trabalho das vtimas de vrios tipos de complexos de inferioridade cuja principal preocupao parece ser, de alguma forma, ajustar os conceitos Ayurvdicos ao leito procustiano da alopatia. Nesta obra, sua ltima compilao, o Dr. Dash trabalhou com os fundamentos do Ayurveda de uma maneira lcida e com estilo facilmente compreensvel. O livro lanado em uma poca em que o Ayurveda atrai a ateno dos cientistas mdicos de pases desenvolvidos como os EUA e o Japo, e no momento em que esta grande Cincia Indiana da Vida comea a se desenvolver nas instituies mdicas ocidentais. Deste modo, esta publicao oportuna destinada a disseminar efetivamente o conhecimento do Ayurveda entre os estudantes da cincia mdica tanto no Oriente como no Ocidente. Shiv Sharma Presidente do Conselho Central de Medicina Indiana Nova Delhi

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NOTA PARA A EDIO INDIANA Revelaes mais recentes sobre os efeitos colaterais das drogas alopticas quimioterpicos e antibiticos tm aterrorizado muitas pessoas em todo o mundo e existem esforos combinados para encontrar uma alternativa para as mesmas. O Ayurveda, a medicina tradicional da ndia, consiste de uma prtica ininterrupta desde eras pr-histricas e talvez sua posio seja a mais vivel na rea. Infelizmente, devido s dificuldades da lngua na qual foram compostos os clssicos originais, o conhecimento de seus princpios e prticas fundamentais tem permanecido inacessvel aos cientistas e pesquisadores do Ocidente e mesmo para alguns indianos no familiarizados com o snscrito. Para satisfazer esta imensa necessidade estamos publicando este trabalho do Dr. Bhagwan Dash. O Dr. Dash no um autor novo para os leitores. H mais de trs dcadas est ativamente conectado com a profisso Ayurvdica em sua pesquisa e prtica. Ao lado das muitas contribuies aos jornais estrangeiros e indianos, tem participado de diversas conferncias internacionais sobre Ayurveda, Yoga, Medicina Tibetana e outras cincias orientais, tendo viajado para vrias regies da ndia e pases estrangeiros com esta finalidade. So suas estas importantes publicaes: 1. Caraka Samhita, com traduo e notas crticas em ingls, baseado no Ayurveda Dipika de Cakrapani, volumes I, II, III e IV; 2. Concept of Agni in Ayurveda; 3. Ayurvedic Treatment for Common Diseases; 4. Embryology and Maternity in Ayurveda; 5. Tibetan Medicine with Special Reference to Yoga Staka10

6. Ayurveda for Healthy Living. No captulo introdutrio deste livro, so ressaltadas as vantagens nicas do Ayurveda, seu progresso e os altos e baixos atravs dos diferentes perodos da histria. Descrevem-se em detalhes os princpios fundamentais como a teoria do Paca Mahabhuta, as teorias do Tridosha e do Sapta Dhatu que so essenciais para a compreenso adequada do Ayurveda. Esta cincia atribui grande nfase preservao de uma sade verdadeira e preveno das doenas. Esto delineados os vrios mtodos descritos no Ayurveda e praticados na ndia antiga. A dieta representa um importante papel na prtica Ayurvdica. Conseqentemente, detalhes sobre os vrios ingredientes das dietas e as bebidas encontram lugar neste livro. Para ilustrar o conceito da composio e da ao de uma droga nos diferentes clssicos ayurvdicos e Nighantus, esto descritas em detalhes trs drogas: Cannabis, Haritaki e Allium. Todas estas drogas so extensivamente utilizadas no Ayurveda, principalmente para propsitos de rejuvenescimento. O mtodo empregado na ndia antiga para a seleo de estudantes, os ensinamentos e a iniciao dos mdicos tambm esto includos. H muitos outros sistemas tradicionais de medicina na ndia; alguns so contemporneos ao Ayurveda e outros vieram para este pas posteriormente. Eventualmente, ocorre um intercmbio de idias entre o Ayurveda e tais sistemas. Portanto, fornecido um resumo dos princpios fundamentais das medicinas Unani, Siddha, Emchi ou Tibetana, o Prakrtika Cikitsa ou Naturopatia, juntamente com a Yoga e os Tantras, no ltimo captulo deste livro. Se este trabalho puder auxiliar a mitigar um pouco o sofrimento da humanidade e a promover o avano da cincia mdica, sentiremos nossos esforos amplamente recompensados.

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R. S. Bansal

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PREFCIO PARA A EDIO REVISADA Mesmo que as drogas de origem vegetal predominem nas prescries Ayurvdicas, no perodo ps-Budista, surgiu um ramo especial desta cincia vital denominado Rasasastra ou Iatroqumica. Neste ramo, descrevem-se propriedades e mtodos de processamento de metais, minerais, pedras preciosas e rochas. utilizado tanto para promoo como para a preveno da sade verdadeira e a cura das doenas. O uso de metais, etc. era por certo encontrado nos clssicos Ayurvdicos antes do desenvolvimento deste ramo, mas sua utilizao freqente estava restrita e era utilizada em forma bruta ou semi-processada. Os monges budistas, os siddhas e os santos da escola Natha descobriram que os produtos herbceos isolados so inadequados para enfrentar as alteraes causadas por doenas devastadoras e pela debilidade fsica. Com base em seus experimentos, experincias e, sobretudo, poder espiritual, eles processavam metais para torn-los no txicos, terapeuticamente mais potentes, especialmente para o rejuvenescimento do corpo, com o qual poderiam prosseguir em suas prticas espirituais sem obstculos, livre de doenas e da morte prematura. O objetivo primrio era atingir o estado de jivan-mukta ou da salvao da alma, enquanto ainda vivos e enquanto ainda estivessem servindo sociedade. Metais, assim como produtos vegetais, so compostos de cinco elementos bsicos denominados mahabhutas e todos os conceitos da composio e da ao das drogas so aplicveis aos mesmos como um todo. A nica diferena encontra-se em que sejam utilizados em doses muito pequenas, atravs das quais so13

capazes de curar muitas doenas crnicas e, portanto, incurveis, incluindo aquelas para as quais esteja indicado o procedimento cirrgico. Na medicina moderna, algumas preparaes metlicas, em uso no passado, foram abandonadas como conseqncia de seus efeitos txicos. Os cientistas e mdicos modernos esto, portanto, temerosos em utilizar as frmulas Ayurvdicas para si e para seus pacientes. Isto se deve principalmente sua ignorncia quanto realizao dos procedimentos seguidos pelos mdicos Ayurvdicos na preparao destes metais, tornando-os livres de quaisquer efeitos adversos ao organismo, antes de utiliz-los como medicamentos. O uso criterioso destas preparaes metlicas pode prevenir a necessidade de cirurgia em muitas doenas e, portanto, tornar os pacientes livres dos fatores de risco. As diversas doenas para as quais a medicina moderna no possui medicamentos disponveis, no momento, podem ser curadas satisfatoriamente por estas preparaes. Para eliminar a ignorncia e para atingir a iluminao, foi adicionado esta edio um novo captulo sobre os Mtodos de Preparao dos Medicamentos Ayurvdicos, somado a muitas outras alteraes e suplementos. Dr. Bhagwan Dash

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PREFCIO PARA A PRIMEIRA EDIO

A utilizao dos sistemas tradicionais de medicina para os servios de promoo da sade, preveno e cura das doenas tem sido seriamente considerada em vrias partes do mundo. A Organizao Mundial de Sade, em uma de suas Resolues, enfatiza a utilizao destes sistemas mdicos pelos pases subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Juntamente com a crescente apreciao dos mritos destes sistemas tradicionais de medicina, h um aumento na demanda de livros expondo os princpios fundamentais em que se baseiam. Algumas destas prticas tradicionais esto apenas no folclore e outras estavam compostas originalmente em idiomas como o snscrito, chins, tibetano, mongl, rabe, persa, tamil e simhali. Nas ltimas poucas dcadas houve uma explorao das drogas destes sistemas tradicionais sem uma observao cuidadosa aos seus princpios fundamentais. O uso destas drogas no meramente emprico, como considerado por algumas pessoas, mas para alguns destes sistemas tradicionais existem fundamentos racionais e cientficos para explicar a ao e a composio das drogas, as causas das doenas, sua preveno, assim como a cura e a manuteno de uma estado de sade verdadeiro. necessrio, portanto, que cientistas e pesquisadores trabalhem para se familiarizarem com estes princpios fundamentais antes de se envolverem na explorao de novas drogas e terapias poderosas.

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Os princpios fundamentais destes sistemas tradicionais esto freqentemente combinados com filosofia, religio e aspectos aplicados. Aprender a linguagem original e examinar tais princpios apresenta-se como um problema difcil mesmo para um pesquisador bem intencionado. Na poca em que estes textos foram compostos, a facilidade de impresso tambm no existia ou no estava bem desenvolvida. Portanto, havia um esforo intencional da parte dos autores em produzir trabalhos sucintos e crticos. A maioria dos trabalhos originais sobre o Ayurveda esto escritos em versos, freqentemente concisos e de difcil compreenso. Como conseqncia das vicissitudes da poca, muitos destes textos foram perdidos e subseqentemente restaurados com o auxlio de diferentes fontes materiais ento existentes. Eram freqentes as alteraes no autorizadas e os erros de interpretao durante tais processos de recuperao e caligrafia. Deste modo, o preparo de um livro sobre os princpios fundamentais do Ayurveda, com uma linguagem simples, selecionando cuidadosamente materiais autnticos a partir destes textos, deve-se grande necessidade de auxiliar os pesquisadores e estudantes neste campo da cincia. Com relao s cincias modernas bsicas, como a fsica e a qumica, alguns destes princpios dos sistemas tradicionais de medicina podem ser aparentemente irracionais e no-cientficos. Uma pessoa com atitude cientfica no deve precipitar-se em tirar concluses sobre eles primeira vista. As limitaes das cincias modernas, principalmente quando relacionadas com um assunto como a medicina, so bem conhecidas. O indivduo no apenas um aglomerado de pele, msculos e ossos, mas possui uma mente, um intelecto, o ego e uma alma. Neste campo pouco tem sido feito pela cincia moderna. Os cientistas de todo mundo esto imensamente preocupados com as pesquisas neste campo, mas levar um tempo considervel at que surjam

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empreendimentos suficientes nesta direo. Portanto, antes de quaisquer concluses sobre os princpios fundamentais do Ayurveda devem ser feitas consideraes adequadas para preencher esta lacuna no conhecimento atual. Em toda cultura, a tradio ocupa uma importante funo e, com freqncia, impe-se uma crena irracional pelos indivduos da regio sem a verificao da veracidade destas prticas tradicionais. Por outro lado, em nome da civilizao e da modernizao, estas prticas tradicionais so detestveis para alguns. Consideram tudo que tradicional como supersticioso e dogmtico e, portanto, defendem sua total rejeio. A verdade repousa talvez em alguma rea entre estas duas linhas de abordagem. Embora no seja nem desejvel nem cientfico aceitar tudo o que for tradicional como verdadeiro, sem verificao adequada, igualmente no cientfico rejeit-los completamente apenas por serem tradies ou antigos. Muitos aspectos considerados mitos tornam-se agora fatos cientficos. A circulao sangnea descrita no Susruta Samhita (antes de 700 A.C.) era mito at Harvey. A secreo ou suco gstrico e sua funo no processo digestivo como descrito no Caraka Samhita (antes de 700 A.C.) era um mito at Pavlov. A prtica tradicional de inoculao contra varola (masurika) era um mito at Edward Jenner. Mesmo atualmente, pessoas capazes de opinar recusam-se a acreditar que pudesse ser utilizada na ndia tal prtica preventiva para uma doena to temerosa, antes de sua explorao cientfica. Esta antiga prtica predominante mesmo nos dias de hoje (quando a varola j est erradicada em nosso pas) pelos Malis, nas vilas de Bihar. A descrio da cirurgia plstica como feita no Susruta Samhita teria permanecido um mito, no fosse sua vasta propagao e aceitao no presente pelos cirurgies ocidentais. O transplante de cabea descrito nos Vedas, para o qual h uma referncia neste livro, e o

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rejuvenescimento do corpo descrito na literatura vdica e nos clssicos Ayurvdicos, como o Caraka Samhita e o Susruta Samhita, continuam sendo considerados mitos at que sejam demonstrados na prtica. O poeta Kalidasa, na introduo de sua memorvel pea Malavikagnimitra afirma: Todas as coisas antigas no devem ser necessariamente verdadeiras; todas as coisas novas no devem ser necessariamente isentas de falhas. Para o homem sbio, ambas devem ser aceitas apenas se permanecerem aps o teste. O insensato, entretanto, controlado pela corrente de opinies alheias. O Ayurveda, assim como outros sistemas de medicina tradicional possui caractersticas nicas. Enfatiza a promoo da sade verdadeira e a preveno das doenas. A existncia de organismos e seu papel na causa de muitas doenas infecciosas tm sido reconhecida e trabalhada. Mas para promover a cura e a preveno destas doenas, as drogas e as terapias prescritas nos clssicos Ayurvdicos e administradas por mdicos assim formados no objetivam a destruio destes organismos. Alguns destes medicamentos podem possuir efeitos bacteriostticos ou bactericidas, mas a maioria deles no age desta maneira. No Ayurveda, d-se mais nfase ao campo do que semente. Se o campo est rido, a semente, por mais potente que seja, no poder germinar. Da mesma maneira, por mais agressivos que a bactria ou o microorganismo possam ser, no sero capazes de produzir uma doena no corpo humano, a menos que os tecidos deste corpo estejam frteis o suficiente para aceit-los e ajud-los em seu crescimento e multiplicao. A destruio destes organismos por medicamentos no resolve o problema permanentemente. Pode oferecer um alvio momentneo e,

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talvez, a resistncia do indivduo durante este perodo possa ser suficientemente desenvolvida, como uma reao infeco por estes microorganismos, para prevenir seus ataques futuros. O homem no vive em uma atmosfera totalmente livre de germes, mesmo que possa minimiz-los. O que se poderia fazer seguramente seria conservar os tecidos orgnicos infertis e no receptivos a estas bactrias. Se o corpo adoecer, os tecidos devem estar to condicionados pelas drogas, pela dieta e por outros mtodos que estes microorganismos, quaisquer que sejam as denominaes pelas quais venham a ser conhecidos, encontraro uma atmosfera hostil sua sobrevivncia, multiplicao e desenvolvimento. Portanto, todos os medicamentos e terapias, incluindo as tcnicas preventivas, prescritos no Ayurveda objetivam o condicionamento dos tecidos e no a destruio dos organismos invasores. As drogas empregadas como bactericidas devem exercer um efeito semelhante nos tecidos corporais. Quando administradas em dose suficiente para destruir os organismos patognicos, destroem simultaneamente os organismos da flora normal e prejudicam o funcionamento adequado dos tecidos. Deste modo, produzem efeitos colaterais txicos enquanto curam a doena. Os medicamentos Ayurvdicos, por outro lado, enquanto condicionam os tecidos corporais contra os organismos patognicos, promovem nutrio e rejuvenescimento. Quando a doena estiver curada, o indivduo adquire muitos benefcios colaterais. Por esta razo, os medicamentos Ayurvdicos so tnicos. Exceto por algumas drogas modernas, por exemplo, minerais e vitaminas, todas as outras so exclusivamente indicadas para pacientes. As drogas Ayurvdicas, por outro lado, podem ser administradas tanto para pacientes como para indivduos saudveis simultaneamente em pacientes curam as doenas e nos

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indivduos saudveis previnem as doenas e promovem a sade verdadeira. Para ilustrar este ponto: Vasa (Adhatoda vasica, Nees.) prescrita freqentemente pelos mdicos Ayurvdicos para pacientes portadores de bronquite, laringite, faringite e mesmo tuberculose. Talvez alguns elementos desta droga tenham propriedades para destruir alguns dos organismos que causam estas doenas. Mas esta no a principal razo que motiva o mdico a prescrev-la. Estes organismos desenvolvem-se e multiplicam-se para produzir a doena no trato respiratrio apenas quando os elementos teciduais locais esto alterados com um excesso de kapha dosa. A Adhatoda vasica Nees., ou Vsa, contra-ataca este distrbio de kapha dosa e auxilia na manuteno deste estado de equilbrio corporal, tornando os organismos incapazes de produzir aquelas patologias. No Ayurveda o tratamento prescrito no visa a correo da regio afetada isoladamente. No processo de manifestao da doena, vrios rgos esto envolvidos. A doena tem origem em um local particular, move-se atravs de um canal particular e manifesta-se em um rgo particular. Entretanto, o tratamento sempre objetiva a correo do stio de origem e os canais de circulao ao longo do local de manifestao da doena, todos juntos. Citarei como exemplo o tratamento da bronquite asmtica, que na linguagem Ayurvdica conhecida como tamaka svasa. A dificuldade respiratria nesta doena causada pelo espasmo da rvore brnquica e, acreditando nisto, drogas broncodilatadoras so geralmente prescritas na medicina moderna. Mas o objetivo do tratamento Ayurvdico para esta patologia diferente. Talvez algumas drogas utilizadas contra estas doenas tenham efeito broncodilatador, e isto pode ser demonstrado em experimentos com animais, mas a maioria das drogas empregadas nestes tratamentos no produzir qualquer efeito semelhante e um

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farmacologista ficar perplexo e as rejeitar definindo-as como inteis para o tratamento da bronquite asmtica. Um clnico, por outro lado, apreciar tais efeitos em seus pacientes, apesar de no ser capaz de explic-los em termos de fisiologia e conceitos patolgicos modernos. Esta doena tem sua origem no estmago e no intestino delgado. O objetivo principal do mdico Ayurvdico corrigir estes dois rgos atravs de uma terapia com emticos ou administrando medicamentos que conservem os intestinos limpos. O Haritaki (Terminalia chebula, Retz.), juntamente com outros medicamentos, eficaz no tratamento destes dois rgos e, portanto, as preparaes indicadas para o tratamento da bronquite asmtica contm, invariavelmente, haritaki e outras drogas de efeitos semelhantes. Todos estes detalhes fornecidos acima chamam a ateno dos cientistas e pesquisadores que no esto familiarizados com o Ayurveda justamente pela essencialidade do conhecimento dos fundamentos deste sistema na compreenso e apreciao cientfica da ao das drogas e das terapias existentes. Este o objetivo principal da realizao deste livro. O que est sendo fornecido aqui serve apenas para despertar seu interesse para estudos posteriores. Em um pequeno livro como este no podem ser dados todos os detalhes. De fato, outros livros devem ser escritos sobre cada um destes tpicos para explic-los inteiramente aos leitores. Desejo incluir aqui uma nota de precauo. Voc no deve se deixar dominar pela idia de que o que est escrito neste livro seja tudo o que existe disponvel sobre o Ayurveda. No verdadeiro. Est sendo fornecido aqui apenas um resumo destes princpios extrados principalmente do Caraka Samhita. Evitei intencionalmente os detalhes e as diferentes interpretaes e pontos de vista para no tornar o leitor confuso com muitos detalhes ao iniciar seu estudo. Este livro , princpio, destinado

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a um iniciante, um cientista ou um mdico que no esteja familiarizado com o Ayurveda e para quem o estudo dos clssicos originais em snscrito no seja possvel. No captulo I, quando da definio do Ayurveda e da elaborao de seu campo de ao, as diferentes especialidades esto enumeradas. Devido s vicissitudes da poca e falta de patrocnio, muitos dos ramos do Ayurveda no esto mais em prtica. Existem evidncias registradas sobre a prtica de grandes cirurgias, procedimentos como craniotomia e cirurgia plstica nos clssicos Ayurvdicos e nos trabalhos afins. Infelizmente, tornaram-se matria da histria da medicina. Neste captulo, esto descritas as caractersticas prprias do Ayurveda de forma resumida. No Captulo II, apresenta-se uma breve reviso histrica do Ayurveda. No Captulo III esto descritos vrios princpios fundamentais. Como j citado anteriormente, o Ayurveda enfatiza muito a promoo da sade verdadeira e a preveno das doenas. Com este propsito, no Captulo IV descrevem-se diferentes dietas e comportamentos para os horrios diurno (dinacarya) e noturno (ratri-carya) e para as diferentes estaes do ano (rtu-carya). So fornecidos de maneira sucinta diferentes tipos de terapias rejuvenescedoras e mtodos de administrao que auxiliam na promoo da sade absoluta. Para a anlise do paciente e da doena que o acomete, alguns mtodos de diagnstico exclusivos do Ayurveda so descritos e delineados no Captulo V. O Ayurveda possui sua prpria maneira de descrever a causa das doenas e de classificar os diferentes mtodos para o tratamento. Isto tambm est relacionado neste captulo. O Captulo VI refere-se dieta Ayurvdica. Os ingredientes que compem as dietas e as bebidas esto classificadas de maneira diversa em diferentes textos

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Ayurvdicos. Foi seguido aqui o mtodo descrito no Caraka Samhita. O Captulo VII lida com as drogas e os princpios seguidos em sua classificao. Ilustra tambm o modo de ao das mesmas. Para ilustrar o que est exposto neste captulo, trs drogas esto detalhadas. So elas: Cannabis, Haritaki (Terminalia chebula, Retz.) e Allium. Todas so muito utilizadas popularmente na medicina Ayurvdica. O Haritaki empregado em quase todas as preparaes Ayurvdicas importantes. Allium mais utilizado como condimento caseiro. Cannabis mal empregada como agente psicotrpico. Devido s suas utilidades, diferentes estrias mitolgicas so descritas nos clssicos Ayurvdicos para enfatizar sua importncia. Todos os textos Ayurvdicos descrevem estas trs drogas como produtos da amrta (ambrosia). A descrio destas substncias est nos Captulos VIII, IX e X, juntamente com as estrias mitolgicas, o uso progressivo em pocas diferentes, seus sinnimos, propriedades e aes. Na descrio do Haritaki (Terminalia chebula Retz.), foi fornecido o material disponvel sobre esta droga na literatura mdica tibetana com a inteno de demonstrar as semelhanas e diferenas existentes nos dois tipos de prticas tradicionais. O estudo, a iniciao e a prtica do Ayurveda eram bem controlados no passado e diferentes regras eram sistematizadas para os testes de seleo dos estudantes para o ensino mdico. A funo de um mdico genuno era bem estabelecida e as pessoas eram cuidadosas para no levarem em considerao mdicos falsos e charlates. Suas caractersticas esto descritas no Captulo XI. No Captulo XII, fornecido o resumo dos princpios fundamentais de outros sistemas de medicina denominados Unani Tibb, Siddha, Emchi e Prakrtika Cikitsa, juntamente com Yoga e

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Tantra, com a inteno de demonstrar suas semelhanas com os princpios do Ayurveda. Todos os sistemas de medicina, tradicionais, folclricos ou modernos, tm seu campo de ao significativo e prprio nos servios de promoo da sade, preveno e cura nos pases desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. No inteno do autor minimizar ou negar a importncia de qualquer sistema de medicina ou exagerar em outros. Se abrirmos os captulos da histria, tornar-se- evidente que nenhuma cultura ou civilizao desenvolveu-se isoladamente. Bons ensinamentos de outros e aspectos teis de alguns de nossa prpria tradio sempre foram respeitados e utilizados sem reservas para o progresso. Portanto, o Ayurveda no a expresso exclusiva de tudo que verdadeiro e til. Esta noo contrria aos prprios princpios fundamentais do Ayurveda e sistemas afins da cultura indiana. De acordo com o Caraka:

(Caraka: Vimna 8:14) O sbio considera o universo inteiro como seu preceptor. Apenas o insensato encontra inimigos nele. Voc deve, portanto, aceitar sem hesitao o conselho apropriado que pode vir de qualquer parte, mesmo de um inimigo, e segui-lo. Conservando na mente este conselho do Caraka, todos os sistemas de medicina, tradicionais ou modernos, devem agir como complementares e suplementares para cada um, de forma a mitigar as misrias, dando alvio aos sofrimentos da humanidade. Dr. Bhagwan Dash

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ABREVIAES AH AHAUN AS BBR BP BNR BR BYR CD CS DN GN HS KN KS MV NA NR NS RN RVN SA SGN SS SSM VM VS YR Astanga Hrdaya All About Allopathy, Homoeopathy, Unani and Nature Cure, Dr. O. P. Jaggi Astanga Sangraha Bharata Bhaisajya Ratnakara Bhava Prakasa Brhannighantu Ratnakara Bhaisajya Ratnavali Brhadyoga Ratnakara Cakradatta Caraka Samhita Dhanvantari Nighantu Gadanigraha Harita Samhita Kayadeva Nighantu Kasyapa Samhita Madanavinoda Navanitaka Nighantu Ratnakara Nighantu Siromani Raja Nighantu Rajavallabha Nighantu Sarangadhara Samhita Saligrama Nighantu Susruta Samhita Introduction to the Siddha System of Medicine, Dr. V. Narayanaswami Vrndamadhava Vangasema Yoga Ratnakara

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EQUIVALENTES ROMANOS DO DEVANAGARI

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CAPTULO I INTRODUOO homem esforou-se eternamente para se conservar livre dos trs tipos de misrias denominadas fsicas, mentais e espirituais. Neste sentido, a histria da medicina to velha quanto a histria da humanidade. De acordo com a tradio indiana, os quatro principais objetivos da vida humana so: o Dharma ou a realizao das Leis da vida, Artha ou a aquisio da riqueza, Kama ou a satisfao dos desejos mundanos e Moksa ou a salvao. A boa sade era considerada imprescindvel para a aquisio destes objetivos. Os sistemas tradicionais de medicina desenvolveram-se nas vrias partes do mundo durante pocas diferenciadas. Uma forma sistemtica foi-lhes dada em diferentes centros antigos de civilizao e cultura. De acordo com o Caraka, o Ayurveda ou a cincia da vida sempre existiu, assim como sempre existiram pessoas que a compreendiam sua maneira. Alguns destes sistemas esto baseados em princpios fundamentais slidos e racionais e outros possuem apenas uma base emprica. Alguns no sobreviveram e tornaram-se assunto da histria da medicina, como as medicinas grega e egpcia. E ainda outros, como os sistemas tradicionais da ndia e da China, no apenas

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sobreviveram, mas evoluem de forma completa sob o patrocnio do Estado. Ayurveda, Unani, Siddha, Emchi (tibetano) e Prakrtika Cikitsa (naturopatia) so os vrios sistemas tradicionais de medicina ainda prevalentes na ndia. Yoga e Tantra, a princpio destinados a aquisies espirituais, possuem tambm certas indicaes para a preveno e cura de doenas psquicas, fsicas e psicossomticas. Alm disso, muitos tipos de medicinas populares so prevalentes em diferentes reas tribais da ndia. Elas possuem uma rica tradio no uso das plantas, produtos minerais e animais que apresentam utilidade teraputica. Dentre os sistemas tradicionais de medicina da ndia, a prtica do Ayurveda predomina em quase todas as regies do pas e em pases vizinhos como o Nepal, Sri Lanka, Bangladesh e o Paquisto. Unani Tibb, que significa literalmente medicina grega, popular em certas regies do pas, dominadas pela populao muulmana. O sistema Siddha de medicina identificase com a cultura Dravidiana predominante no Estado de Tamil Nadu e certas reas adjacentes aos Estados vizinhos do sul da ndia, que possuem populao de idioma Tmil. Emchi, mais conhecido como sistema tibetano de medicina, popular em certas regies fronteirias do norte da ndia como Laddakh, Lahul, Spiti, Darjeeling e Sikkim. Estas reas possuem fronteira comum com o Tibete e a China. Os locais para a prtica de Yoga, Tantra e Prakrtika Cikitsa so centros localizados em diferentes partes do pas. Diferentes tipos de medicina popular prevalecem entre os Adivasis ou povos tribais, em sua maioria habitantes das reas florestais dos Estados de Orissa, Bihar, Madhya Pradesh, Andhra Pradesh e Rajasthan. H muitos aspectos em comum entre estes sistemas tradicionais de medicina na ndia, tanto na prtica como na teoria. Cada um deles tem dado e tomado um do outro. Os

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medicamentos de um sistema so, desse modo, livremente utilizados pelos mdicos de outro sistema, no constituindo compartimentos estanques. Entretanto, o Ayurveda, que o mais popular entre a populao da ndia, possui uma posio privilegiada entre eles. Definio de Ayurveda A palavra Ayurveda composta de dois termos em snscrito, viz., ayus significa vida e veda significa o conhecimento; juntos significam cincia da vida. Deste modo, definindo o sentido, costume consider-la sempre como cincia da medicina. O Caraka define Ayurveda como a cincia com a ajuda da qual algum pode obter conhecimento sobre os modos de vida teis e prejudiciais (hita e ahita ayus), felizes e miserveis, coisas que so teis e prejudiciais para tais modos de vida, sobre a durao da vida e a sua verdadeira natureza. V-se atravs desta definio que o Ayurveda enfatiza no apenas o direcionamento a uma vida repleta de felicidade, a qual implica em uma atitude individualista, mas tambm direciona uma vida que seja til sociedade como um todo. O homem um ser social. Ele no pode retirar-se da sociedade. A menos que a sociedade se torne feliz, no ser possvel para o indivduo obter e manter sua prpria felicidade. com isso em mente que o indivduo deve fazer sempre um esforo para contribuir com a felicidade da sociedade, e os textos Ayurvdicos esto repletos de referncias quanto s formas pelas quais a sociedade pode ser mantida feliz. A medicina social, que tratada como um novo conceito no sistema de medicina Ocidental, no nada alm do que reminiscncias daquilo que tem sido preconizado e proposto no Ayurveda h mais de 2500 anos. rea de Atuao do Ayurveda

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O Ayurveda no lida exclusivamente com o tratamento de seres humanos. Dedica-se tambm ao tratamento das doenas em animais e mesmo em plantas. Conseqentemente, na ndia antiga, santos como Nakula, Salihotra e Parasara compuseram tratados sobre Asvayurveda, Gajayurveda, Gavayurveda e Vrksayurveda, para o tratamento de doenas em cavalos, elefantes, gado e em rvores, respectivamente. O Ayurveda oferece meios racionais para o tratamento das muitas doenas internas, consideradas crnicas ou incurveis para outros sistemas de medicina em uso atualmente. Ao mesmo tempo, d grande nfase manuteno de uma sade verdadeira para uma pessoa normal ou sadia. Desse modo, objetiva tanto a preveno como a cura das doenas. Para o propsito da preveno das doenas, os regimes devem ser adotados levandose em considerao o horrio diurno, noturno e as diferentes estaes do ano, os quais esto descritos em detalhes. O homem expe-se s doenas devido aos muitos fatores externos. Mas h alguns distrbios aos quais o homem est exposto mesmo no curso normal de sua vida, e. g., fome, sede, velhice etc. O Ayurveda fornece mtodos para a preveno e o controle destas molstias naturais. Os Oito Ramos do Ayurveda So os seguintes os oito importantes ramos do Ayurveda: 1. Kayacikitisa ou Medicina Interna 2. Salya Tantra ou Cirurgia 3. Salakya Tantra ou Tratamento das Doenas da Cabea e Pescoo 4. Agada Tantra ou Toxicologia 5. Bhuta Vidya ou Controle de Ataques por Espritos Malignos e Outras Doenas Mentais 6. Bala Tantra ou Pediatria

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7. Rasayana Tantra ou Geriatria, incluindo a Terapia Rejuvenescedora 8. Vajikarana Tantra ou Cincia dos Afrodisacos Alguns estudiosos sustentam que o Pacakarma Cikitisa (As Cinco Terapias de Eliminao) um ramo adicional do Ayurveda. Muitos clssicos foram escritos sobre cada um destes ramos e todos eles estavam em prtica. Durante o advento do Budismo, a prtica de ahimsa tornou-se muito popular. Procedimentos cirrgicos (que eram invariavelmente dolorosos) eram infelizmente considerados como uma forma de himsa (leso ou dano) e, conseqentemente, a prtica da cirurgia (salya tantra) foi desencorajada. Isto tambm causou um efeito adverso sobre os outros ramos afins da medicina. Assim, no momento, apenas trs ramos, Kaya Cikitisa (Medicina Interna), Rasayana Tantra (Geriatria e Terapia Rejuvenescedora) e Vajikarana Tantra (Cincia dos Afrodisacos) esto em prtica, sendo que os outros ramos do Ayurveda tornaram-se apenas assunto da histria da medicina. Caractersticas Singulares do Ayurveda A seguir esto as caractersticas singulares do sistema Ayurvdico de medicina: 1.Tratamento do Indivduo como um todo: Na medicina moderna, presta-se mais ateno correo da parte atingida do corpo. Mas no Ayurveda, enquanto uma doena tratada, o indivduo como um todo levado em considerao, no apenas a condio de outras partes do seu corpo como tambm as condies de sua mente e sua alma, enquanto se realiza o tratamento do paciente. 2.Baixo Custo do Medicamento: Em sua maioria, os medicamentos Ayurvdicos so preparados a partir de drogas

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disponveis nas florestas do pas. Portanto, sua preparao tem baixo custo. 3.No Envolve Cmbio Exterior: Quase todas as drogas Ayurvdicas preparadas com vegetais, metais, minerais e produtos animais so disponveis na ndia. O cmbio exterior no utilizado para import-los de fora. Mesmo para seu processamento no h necessidade de especialistas estrangeiros e de importao de equipamentos sofisticados. 4.Proveitoso para um Padro Socialista: No passado, os mdicos costumavam preparar seus prprios medicamentos para o tratamento de seus pacientes. Atualmente, encontram pouco tempo para manufaturar estes remdios e, portanto, muitas farmcias tm se estabelecido nos setores pblicos e privados. Para o estabelecimento destas farmcias, entretanto, no necessrio um grande capital e a maioria de seus lucros destinada aos trabalhadores que coletam as drogas brutas e para a mo-de-obra empregada na manufatura dos medicamentos. Torna-se, portanto, proveitoso para sociedades com padro socialista. 5.Ausncia de Efeitos Txicos: Os medicamentos Ayurvdicos possuem atrs de si sculos de experincias tradicionais, apresentando, portanto, poucos efeitos txicos no organismo humano. Mesmo certos materiais txicos utilizados na preparao dos medicamentos so sempre submetidos desintoxicao, o que os torna mais aceitveis pelo organismo, antes de serem administrados na forma de medicamento. 6.Cada Medicamento um Tnico: As drogas da medicina moderna, exceto as vitaminas e os minerais, so destinadas apenas ao paciente. Todo medicamento Ayurvdico pode ser utilizado simultaneamente por pacientes e pessoas saudveis. Nos pacientes, curam as doenas e nos indivduos saudveis, produzem imunidade contra as mesmas.

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7.Condizente aos Costumes da Populao: Com freqncia, juntamente com os medicamentos, certas dietas e condutas so prescritas aos pacientes. Tais procedimentos esto alinhados com os costumes e a tradio do povo. Portanto, no so considerados estranhos. Por outro lado, um mdico Ayurvdico respeitado e as pessoas depositam muita confiana nele. 8.Conceito de Doena Psicossomtica: As doenas no so consideradas exclusivamente psquicas ou somticas. Fatores psquicos so geralmente descritos como causas de doenas somticas e vice-versa. Isto deu origem ao conceito psicossomtico de todas as doenas no Ayurveda. 9.nfase Medicina Preventiva: O Ayurveda enfatiza muito a preveno das doenas. Prescreve-se, com freqncia, "o que fazer e "o que no fazer para indivduos saudveis. Condutas para diferentes horrios do dia e da noite, para as estaes do ano e para pessoas dos diversos grupos etrios e posies sociais so descritas em detalhes.

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CAPTULO II REVISO HISTRICA

Mitologia Sobre a Origem do Ayurveda De acordo com a mitologia indiana, o Ayurveda foi percebido (no composto) primeiramente por Brahma, que ensinou esta cincia Daksa Prajapati, que a ensinou aos Asvinikumaras e que a ensinaram Indra. Sobre a hierarquia posterior dos transmissores do Ayurveda, os textos Ayurvdicos variam consideravelmente. De acordo com o Susruta Samhita, o deus Dhanvantari recebeu-o de Indra, que o ensinou a Dividasa, que por sua vez o transmitiu para Susruta, Aupadhenava, Aurabhra, Pauskalavata, Gopuraraksita e Bhoja. Segundo o Caraka Samhita, Bharadvaja aprendeu-o de Indra e ensinou-o para Atreya Punarvasu. Este ltimo, por sua vez, ensinou-o a Agnivesa, Bheda, Jatukarna, Parasara, Harita, Ksarapani etc. De acordo com o Kashyapa Samhita, Indra ensinou-o a Kashyapa, Vasistha, Atreya e Bhrgu. Muitos trabalhos mdicos diferentes foram compostos por estes sbios do passado. Contudo, todos eles esto agrupados sob duas escolas: A escola Atreya que trata principalmente da medicina e A escola Dhanvantari que lida primariamente com a cirurgia.

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Muitos destes textos no se encontram mais disponveis nos tempos atuais. Ayurveda na Era Pr-Vdica A ndia representou um papel de destaque na histria da tecnologia e da cincia. Esta, segundo evidncias arqueolgicas atuais, comea com a Civilizao do Vale do Indo, freqentemente referida como Cultura Harappan-Harappa, juntamente com Mohenjo-daro, que so os importantes stios arqueolgicos do Vale do Indo. Este perodo geralmente denominado Pr-Vdico. Harappa estabeleceu laos culturais e comerciais com os pases vizinhos nas regies da sia Central e Ocidental. Esta civilizao prosperou na ndia Ocidental e Setentrional entre 2500 A.C. e 1500 A.C. Evidncias obtidas das anlises dos crnios descobertos em Mohenjo-daro e Harappa mostram que os habitantes daquela poca eram aborgenes do tipo proto-australide. H muitas representaes sobre os selos de Mohenjo-daro e Harappa com relao a um deus masculino, provido de chifres e com trs faces, sentado com a postura de iogue, suas pernas duplamente dobradas, calcanhar com calcanhar e circundado por animais. Este talvez seja o prottipo de Shiva, considerado deus da Yoga e da Medicina. Estas escavaes em Harappa e Mohenjo-daro so ampla testemunha da competncia alcanada pelo povo da civilizao do Vale do Indo em termos de saneamento e habitao. Parece que ambas as cidades de Mohenjo-daro e Harappa foram construdas aps cuidadoso planejamento. As casas eram providas com confortos modernos como banheiros, lavatrios, esgotos, tanques de gua fresca, ptios e quartos de dormir. Os esgotos principais poderiam ser tratados com o auxlio de poos de inspeo cobertos, especialmente construdos, feitos de tijolos. Todo o conceito de planejamento mostra uma extraordinria35

preocupao com o saneamento e a vida pblica, talvez sem paralelo nos dias de hoje. As escavaes destes stios tm revelado substncias teraputicas como Silajatu, para o tratamento do diabetis, doenas reumticas, etc., folhas de Azadirachta indica (A. Juss.) e chifres do veado vermelho. Crnios nos quais foram realizadas cirurgias cranianas tambm foram escavados nestes stios. Todos estes aspectos apontam para a alta qualidade da cincia mdica que predominava na ndia daquela poca. Ayurveda na Era Vdica Dhanurveda (a cincia do manejamento do arco e flecha), Gandharvaveda (a cincia das artes refinadas), Sthapatyaveda (a cincia da arquitetura) e Ayurveda (a cincia da medicina) so considerados os quatro Upavedas ou matrias complementares do Rk, Yajur, Saman e Atharva Vedas, respectivamente. O Susruta estabelece claramente o Ayurveda como um Upaveda do Atharva Veda. De acordo com Caranavyuha, o Ayurveda o Upaveda do Rk Veda. Segundo um outro ponto de vista, o Ayurveda o quinto Veda, independente dos outros quatro. Uma anlise do material vdico revela que todos os quatro Vedas esto repletos de referncias aos vrios aspectos da medicina. Deuses como Rudra, Agni, Varum, Indra e Maruti foram designados mdicos celestiais. Os mais famosos mdicos da poca foram os Asvins. Muitas realizaes milagrosas na rea da medicina e da cirurgia foram-lhes atribudas nos Vedas. Considera-se conquista dos Asvins a cura de doenas graves como Yaksma (tuberculose), a revitalizao de indivduos e homens santos, a correo da esterilidade e a aquisio de longevidade. Muitos procedimentos cirrgicos como o transplante da cabea de um cavalo para um tronco humano e sua subseqente substituio por uma cabea humana, a implantao

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de membros artificiais, a implantao da cabea de Yaja ao seu tronco etc., esto descritos em vrios textos. Nos Vedas esto disponveis os princpios fundamentais da cincia mdica, inclusive os conceitos de tridosha e de sapta dhatu, as descries anatmicas e das muitas doenas, os conceitos de digesto e metabolismo. H detalhes sobre a descrio de diferentes tipos de bactrias responsveis pela manifestao das doenas. Algumas destas bactrias esto descritas como invisveis olho nu. Procedimentos como o parto, a cauterizao, intoxicaes, tratamento dos ataques por energias prejudiciais, terapias rejuvenescedoras e afrodisacos so descritos em muitos textos. As plantas medicinais tambm so descritas quanto s suas diferentes partes e efeitos teraputicos. Descrevem-se cerca de 28 doenas juntamente com seus medicamentos. Os mtodos de preparao destes medicamentos esto disponveis apenas de forma sucinta. No Rk Veda, h uma descrio de 67 plantas medicinais e no Yajur Veda 81 tipos foram descritos. Apenas no Atharva Veda, existe a descrio de 290 plantas medicinais. Alm disso, na literatura Brahmana esto disponveis cerca de 130 descries destas plantas. Est declarado no Rk Veda que Vispala, esposa do rei Khela, teve seus membros inferiores amputados durante uma guerra. Eles foram substitudos por um par de pernas artificiais, adaptadas ao seu corpo atravs de cirurgia prottica. A sondagem da uretra foi o procedimento mais delicado j descrito, prescrito para o alvio de uma paciente com reteno urinria. A aplicao de sanguessugas para lceras tambm est descrita. Ayurveda no Perodo Ps-Vdico No perodo ps-vdico, o Ayurveda ocupou uma posio respeitvel atravs da reunio racional de conceitos metdicos e prticas teraputicas sistemticas. Mesmo que os clebres textos37

clssicos do Ayurveda, o Caraka e o Susruta Samhita, transmitidos at ns, tenham adquirido suas formas atuais aps edies provavelmente do sculo 7 A.C., os pensamentos e as prticas neles ilustrados estavam indubitavelmente em voga muito antes deste perodo. Em sua abordagem terica, esta cincia da vida deve muito s filosofias do Sankhya Yoga e de Vaisesika, adotando os princpios da ltima no que diz respeito ao Dravyaguna-vijnana (matria mdica) e s teorias do Tridosha e do Sapta dhatu, e primeira, relacionada Pacabhautika (composio do corpo) e sua evoluo a partir do Purusa Prakrti. Crnicas Sobre a Vida de Jivaka Durante a vida de Buda, havia um mdico famoso com o nome de Jivaka. Devido sua competncia na arte de curar, foi por trs vezes coroado rei dos mdicos e dos cirurgies. Ele era um especialista em pediatria, excelente neurocirurgio e realizava com sucesso grandes cirurgias abdominais. Foi um discpulo de Atreya, o renomado professor de Taxila, um pioneiro do sistema indiano de medicina. Atreya estava muito impressionado pela inteligncia, perspiccia e pelo aguado poder de observao de Jivaka, segundo as escrituras tibetanas. Costumava pedir a Jivaka, seu discpulo, para acompanh-lo residncia de seus pacientes e ajud-lo no tratamento. Um dia, Atreya prescreveu um medicamento o qual, segundo Jivaka, no estava correto. Dirigiuse ao seu preceptor e retornou novamente residncia do paciente, alterando a prescrio. Com a substituio do medicamento, o homem curou-se e isto impressionou muito o professor, quando veio a tomar conhecimento do ocorrido. A admirao e a afeio de Atreya por Jivaka no eram apreciadas pelos colegas de classe do ltimo, que costumavam colocar em dvida a imparcialidade do professor Atreya. Um dia, este pediu a todos os seus alunos que fizessem uma avaliao38

para testar sua sabedoria, solicitando a todos, inclusive Jivaka, que fossem ao mercado e perguntassem sobre os preos de certos produtos medicinais. Todos retornaram e Atreya questionou-os sobre os preos de outros produtos medicinais, alm daqueles mencionados. No havia nenhum sobre o qual Jivaka no pudesse responder satisfatoriamente, demonstrando o poder de imaginao e percepo do mesmo, que era considerado possuidor de todos os atributos de um bom mdico. A terceira estria semelhante. Um dia, Atreya pediu a todos os estudantes que fossem at a colina prxima e trouxessem os itens que no possussem valor medicinal. Todos os estudantes com excesso de Jivaka, retornaram com muitas substncias as quais, de acordo com eles, no possuam valor medicinal. Jivaka voltou de mos vazias e explicou ao seu professor que no havia nada que no possusse um valor medicinal. Isto demonstrava a meticulosidade do estudo de Jivaka. A quarta estria sobre um elefante. Uma vez, Jivaka e seus colegas estavam retornando de um rio aps banharem-se. Seus amigos estavam comentando divertidamente sobre as pegadas de um elefante. Quando perguntaram a Jivaka sobre as tais pegadas, ele respondeu que pertenciam a uma ali, cega do olho direito, que iria dar luz um filhote naquele mesmo dia e que o filhote era macho. Jivaka continuou dizendo que sobre o dorso do elefante estava montada uma moa, cega do olho direito e que iria dar luz a um menino naquele mesmo dia. Isto foi narrado, em meio a risadas, ao professor Atreya, como um exemplo da loucura de Jivaka. Depois disso, os fatos foram verificados e descobriram serem todos verdadeiros. Pediram Jivaka que explicasse como poderia ter conhecimento de tudo aquilo. Ele disse que as pegadas do elefante eram arredondadas enquanto as da ali eram ligeiramente alongadas. Como ela havia comido

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apenas do capim que crescia do lado esquerdo da trilha, inferiu que era cega do olho direito. Como as impresses de suas patas posteriores estavam mais profundas, isto o levou a inferir que estava prenha. Das duas, a impresso da pata direita era mais profunda e, portanto, concluiu que iria dar luz um filhote macho. Da urina que eliminou, concluiu que o parto era iminente. Da mesma maneira, explicou suas afirmaes com relao moa que montava o elefante. H muitas estrias interessantes nas escrituras tibetanas, alm das descritas acima, sobre as realizaes de Jivaka como mdico e como cirurgio. A Estria de Bhoja O Bhoja prabandha fornece uma narrativa de cirurgia craniana realizada por dois mdicos no Rei Bhoja, que reinou de 1010 a 1056 D.C. Ele sofria de um tipo grave de cefalia e os mdicos realizaram uma craniotomia, corrigindo a doena. A importncia da descrio desta cirurgia foi a utilizao de um anestsico em p denominado Moha curna, que tornou o rei inconsciente. Aps o trmino da operao, foi administrado outro p, denominado Sanjivani, com o qual ele recuperou a conscincia. Infelizmente, os detalhes sobre estes dois tipos de drogas no esto disponveis na atualidade. Estas curiosidades foram narradas aqui com a inteno de mostrar que durante o perodo ps-vdico, especialmente entre 500 A.C. e 1000 D.C. o Ayurveda atingiu o apogeu de seu desenvolvimento. Interrupo do Progresso no Perodo Medieval A cincia, por natureza, progressiva, ainda mais no caso da cincia mdica. Qualquer interrupo no seu progresso leva a dogmas, perdas e acmulos de idias supersticiosas. Durante o perodo medieval, a ndia foi exposta a freqentes invases

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estrangeiras e a paz interna foi completamente perturbada. Havia pouco tempo para que as pessoas pensassem na cincia, pois estavam engajadas na luta pela segurana do pas. Pensamentos originais foram completamente interrompidos. Os livros sobre o Ayurveda escritos durante este perodo so, em sua maioria, compilaes de outras fontes diversas. Durante as invases estrangeiras e lutas internas, muitas obras originais foram destrudas. O que permaneceu tinha que ser preservado e explicado s pessoas atravs de comentrios. Indivduos com pouca erudio comearam a comentar e isto resultou em interpretaes errneas, modificaes no autorizadas e redaes incorretas. Restaurao do Ayurveda no final do sculo 19 e incio do sculo 20 que a populao da ndia comea a refletir novamente acerca do desenvolvimento do Ayurveda. O movimento nacional para a libertao do pas deu o impulso a esta revoluo. Os governos Estaduais e Central organizaram muitos comits periciais para investigar os problemas da cincia e sugerir medidas para desenvolv-las. Abaixo esto alguns detalhes destes comits:Nome do Estado 1. Madras (atual Tamilnadu) 2. Bengal (atualmente dividido) 3. Provncias Unidas 4. Provncias Centrais e Berar 5. Punjab 6. Bombaim 7. Orissa 8. Assam 9. Mysore (atual Karnataka) Ano da Constituio do Comit Pericial 1921-22 1921-25 1925-26 1937-39 1938 1947 1946-47 1947 1942

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O governo Central tambm organizou muitos Comits Periciais para sugerir medidas para o desenvolvimento deste sistema e a utilizao dos mdicos Ayurvdicos nos programas de desenvolvimento da sade do pas. So eles:Presidente do Comit Pericial 1. Sir Joseph Bhore 2. Sir R. N. Chopra 3. Dr. C. G. Pandit 4. Mr. D. T. Dave 5. Dr. K. N. Vdupa 6. Mr. M. P. Vyas Ano 1943 1946 1949 1955 1958 1963

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CAPTULO III PRINCPIOS FUNDAMENTAISCriao do Universo Diferentes pensamentos filosficos da ndia so cultuados nos Darsanas. Estes Darsanas esto divididos em dois grupos. Aqueles que acreditam na autoridade dos Vedas so conhecidos como Astika Darsanas e aqueles que no crem nos Vedas so chamados Mastika Darsanas. As escolas filosficas Bauddha e Jaina e a filosofia dos Carvakas pertencem ltima categoria. As seguintes escolas filosficas pertencem primeira categoria: 1. Nyaya darsana de Gautama 2. Vaisesika darsana de Kanada 3. Sankhya darsana de Kapila 4. Yoga darsana de Patanjali 5. Purva mimansa de Jaimini 6. Uttara mimansa ou Vedanta darsana O nome coletivo para todas estas escolas Sad darsana. Todas as antigas cincias da ndia como a medicina, a astrologia, a astronomia, a poesia e a arquitetura so baseadas nestes Darsanas. Os Nyaya e Vaisesika Darsanas so empregados para auxiliar o Ayurveda a explicar as atividades fsicas e qumicas. Para descrever certos fenmenos, tem sido utilizado o auxlio do Bauddha Darsana.

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Mas para explicar o processo de origem do universo e do homem, o Ayurveda conta com o auxlio do Sankhya Darsana, principalmente. Evidentemente, isto no tem sido aceito por completo mas com certas modificaes. De acordo com o Ayurveda, o universo teve origem do Avyakta, que significa literalmente No Manifestado. Este conceito de Avyakta inclui tanto o Purusa (elemento consciente) como o Prakrti (matria primordial) do Sankhya Darsana. A partir deste Avyakta, o universo inteiro teve sua origem como detalhado no seguinte esquema:

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Avyakta

Mahan (Intelecto) Ahankara (Ego)

Sattvika

Rajasika

Tamasika

Cinco rgos Sensoriais Sabda tanmatra Akasa mahabhuta

Cinco rgos Motores

Manas ou Mente Rasa tanmatra Gandha tanmatra

Sparsa tanmatra

Rupa tanmatra

Vayu Tejo Jala Prthvi mahabhuta mahabhuta mahabhuta mahabhuta

De Avyakta surge, consecutivamente, o Mahan (Intelecto) e o Ahankara (Ego). O Ego possui trs aspectos diferentes, sattvika, rajasika e tamasika. Sattvi o aspecto puro, rajas representa o dinamismo e tamas a energia potencial. Os tipos sattvika e rajasika de Ahankara combinam-se para juntos produzirem os onze indriyas. Os tipos tamasika e rajasika de Ahankara combinam-se para produzir

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cinco tanmatras. Destes tanmatras, originam-se os cinco mahabhutas. A partir dos cinco mahabhutas tudo o que matria no planeta tanto animado como inanimado criado. O mundo inanimado consiste destes mahabhutas isolados e os seres vivos (incluindo plantas e animais) so constitudos de sua combinao, assim como os indriyas, que so onze, as faculdades sensoriais, os rgos motores e a mente. Teoria Paca Mahabhuta O homem possui cinco sentidos e atravs destes percebe o mundo externo de cinco maneiras diferentes. Os rgos dos sentidos so os ouvidos, a pele, os olhos, a lngua e o nariz. Atravs deles, os objetos externos so no apenas percebidos mas tambm absorvidos pelo corpo humano na forma de energia. Este grupo de cinco sentidos a base com a qual podemos dividir, agrupar ou classificar o mundo inteiro nas cinco diferentes categorias, conhecidas como mahabhutas. So denominados akasa (espao?), vayu (ar?), agni (fogo?), jala (gua?) e prthvi (terra?). Os equivalentes em lngua portuguesa aqui fornecidos entre parnteses no possuem a conotao correta e o todo das implicaes dos termos originais em snscrito. Por exemplo, a gua comum no contm apenas jala mahabhuta, mas composta de todos os cinco mahabhutas. Da mesma forma, o ar no apenas vayu mahabhuta, mas contm os elementos que pertencem aos outros mahabhutas tambm. Outro exemplo, o oxignio est mais prximo de agni mahabhuta e o hidrognio, mais prximo de jala mahabhuta. Os fsicos e qumicos modernos dividiram a matria do universo em alguns elementos bsicos. Estes elementos diferem um dos outros em certos aspectos, sendo que todos eles podem ser classificados em cinco categorias de mahabhutas. Por outro lado, cada tomo possui os aspectos caractersticos de todos os cinco mahabhutas. Os eltrons, prtons, nutrons etc. presentes dentro do tomo representam prthvi mahabhuta. A fora ou coeso que46

mantm atrados seus componentes caracterstica atribuda jala mahabhuta. A energia produzida dentro do tomo quando este partido e a energia que permanece latente em sua forma ntegra representam atributos de agni mahabhuta. A fora do movimento dos eltrons representa o aspecto caracterstico do vayu mahabhuta e o espao no qual se movem o atributo principal do akasa mahabhuta. De acordo com o Ayurveda, o corpo do indivduo composto de cinco mahabhutas. De forma semelhante, outras coisas do planeta so tambm compostas de cinco mahabhutas. No corpo humano, estes cinco mahabhutas so explicados em termos de dosha, dhatu e mala e nas drogas eles representam rasa (sabor), guna (qualidade), virya (potncia) e vipaka (o sabor que surge aps a digesto e o metabolismo de uma substncia). No corpo normal de um ser vivo, estas substncias permanecem em uma proporo particular. Entretanto, devido ao enzimtica no interior do corpo humano esta proporo entre os cinco mahabhutas ou seu equilbrio torna-se alterado. O organismo, portanto, possui uma tendncia natural para permanecer equilibrado. Ele elimina alguns dos mahabhutas que esto em excesso e acumula alguns que estejam deficientes. Esta deficincia de mahabhutas reabastecida atravs de ingredientes que compem a dieta, as bebidas, o ar, o calor, a luz do sol etc. Os paca mahabhutas exgenos so convertidos em paca mahabhutas endgenos atravs do processo da digesto e do metabolismo. Mesmo durante o processo da morte, estes cinco bhutas apresentam uma funo muito importante. Eles possuem duas formas denominadas grosseira e sutil. As cinco categorias sutis de bhutas no interior do corpo impregnam os cinco sentidos e depois so separados dos mesmos ocorrendo ento a morte. O corpo morto perde estes cinco sentidos, ficando em seguida composto apenas dos cinco mahabhutas.

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Determinao da Composio Mahabhutica de uma Droga a Partir de suas Propriedades Substncias pesadas, duras, resistentes, estveis, densas, grosseiras, no pegajosas e com abundantes qualidades relacionadas ao olfato so compostas principalmente por prthvi; proporcionam rotundidade, solidez, peso e estabilidade. Substncias lquidas, viscosas, frias, oleosas, moles, frgeis e com abundantes qualidades relacionadas ao sabor so compostas principalmente por jala; promovem adesividade, oleosidade, solidez, umidade, leveza e felicidade. Substncias quentes, brilhantes, sutis, leves, oleosas, noviscosas e com abundantes qualidades relacionadas viso so constitudas principalmente por tejas; promovem combusto, metabolismo, brilho, radincia e cor. Substncias leves, frias, no-oleosas, speras, no-viscosas, sutis e com abundantes qualidades relacionadas ao tato so dominados por vayu; promovem aspereza, averso, movimento, noviscosidade e leveza. Substncias leves, suaves, sutis, homogneas e com qualidades principais relacionadas com a audio so dominadas por akasa; promovem suavidade, porosidade e leveza. O Conceito de Tridosha O corpo humano, de acordo com o Ayurveda, composto de trs elementos fundamentais denominados doshas, dhatus e malas. Os doshas controlam as atividades psico-qumicas e fisiolgicas do corpo, enquanto os dhatus entram na formao da estrutura celular bsica, de tal modo que realizam algumas funes especficas. Os malas so substncias utilizadas parcialmente no organismo e excretadas tambm parcialmente, de forma modificada, aps realizarem suas funes fisiolgicas. Estes trs elementos so definidos como estando em equilbrio dinmico uns com os outros

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para a manuteno da sade. Qualquer desequilbrio em suas predominncias no corpo resulta em doena e decomposio. Como foi estabelecido anteriormente, no interior do corpo existem trs doshas que comandam as atividades psico-qumicas e fisiolgicas. So eles vayu, pitta e kapha. Estes doshas so compostos de mahabhutas. Todos os doshas possuem todos os cinco mahabhutas em sua composio. No entanto, o dosha vayu apresenta predominncia de akasa mahabhuta e vayu mahabhuta. Em pitta predomina agni mahabhuta. Kapha principalmente constitudo por jala e prthvi mahabhutas. A doutrina dos doshas representa uma parte importante no Ayurveda, tanto quanto constitui a base para a manuteno da sade absoluta, para o diagnstico e o tratamento das doenas. Uma anlise correta deste conhecimento , portanto, essencial para a compreenso e apreciao adequada da teoria e prtica do Ayurveda. Quando esto em seu estado normal, sustentam o corpo e qualquer alterao em seu equilbrio resulta em doena e degenerao. Estes trs doshas infiltram todo o corpo. H, entretanto, alguns elementos ou rgos nos quais esto, princpio, localizados. Por exemplo, a bexiga urinria, os intestinos, a regio plvica, as coxas, as pernas e os ossos so stios de vayu, principalmente. Os stios de pitta