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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM URBANISMO DANIELE CAMPITELLI DA SILVA PINTO O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A PAISAGEM URBANA: CONSIDERAÇÕES SOBRE PIRACICABA/SP PUC-CAMPINAS 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM URBANISMO

DANIELE CAMPITELLI DA SILVA PINTO

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A PAISAGEM URBANA: CONSIDERAÇÕES SOBRE PIRACICABA/SP

PUC-CAMPINAS 2013

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DANIELE CAMPITELLI DA SILVA PINTO

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A PAISAGEM URBANA: CONSIDERAÇÕES SOBRE PIRACICABA/SP

Dissertação apresentada como exigência para obtenção do Título de Mestre em Urbanismo, ao Programa de Pós-Graduação em Urbanismo na área de Gestão Urbana, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Orientador: Prof. Dr. Jonathas Magalhães Pereira da Silva

PUC-CAMPINAS 2013

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Ficha Catalográfica

Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e Informação - SBI - PUC-Campinas

t711.4 Pinto, Daniele Campitelli da Silva. P659s O sistema de espaços livres e a paisagem urbana: considerações sobre Piracicaba/SP / Daniele Campitelli da Silva Pinto. - Campinas: PUC-Campinas, 2013. 158p.

Orientador: Jonathas Magalhães Pereira da Silva. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Cam-

pinas, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Pós-Graduação em Urbanismo.

Inclui bibliografia.

1. Espaços públicos. 2. Planejamento urbano - Piracicaba (SP). 3. Urbanização - Piracicaba (SP). 4. Cidades e vilas - Arquitetura. I. Silva, Jonathas Magalhães Pereira da. II. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias. Pós-Graduação em Urbanismo. III. Título. 22. ed. CDD – t711.4

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Aos meus pais, eternos incentivadores, que me proporcionaram à chegada a este mestrado.

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AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, estímulo e empenho de diversas pessoas. Gostaria, por este fato, de expressar toda a minha gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma realidade.

A Energia Celestial que me ilumina.

À minha família, pela formação que me permitiu ter, pelo amor, apoio e compreensão nos momentos de ausência, e ao meu namorado pela presença incansável com que me apoiou ao longo do período de elaboração desta tese.

Ao Engº. Marcio Antonio Maruko pelo incentivo, tolerância e dedicação em esclarecer minhas dúvidas e dividir seu amplo conhecimento sobre o município, e ao Sr. Augusto Campos Toledo por se mostrar sempre cordial e disponível.

Ao Secretário Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba Sr. Francisco Rogério Vidal e Silva e o Prefeito do Município de Piracicaba Sr. Barjas Negri por autorizarem essa empreita.

Ao Profº Jonathas Magalhães Pereira da Silva por sua orientação, disponibilidade e pela paciência com meus erros e pelo entusiasmo com os meus acertos.

Ao Profº Silvio Soares Macedo e ao Profº Dênio Munia Benfatti pela disponibilidade em fazer parte da banca examinadora e pela discussão construtiva na qualificação.

Aos colegas de turma pela companhia e troca de experiências.

Aos funcionários da PUC-Campinas, em especial Paula C. Almeida da Pós-Graduação, por sua atenção.

A CAPES pela bolsa concedida.

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Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade

através de muito trabalho. Renda-se como eu me rendi.

Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender,

viver ultrapassa qualquer entendimento. Vocação é diferente de talento.

Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não poder ir.

Clarisse Lispector

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RESUMO

Pinto, Daniele Campitelli da Silva. O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: Considerações sobre Piracicaba/SP. 2013. 152f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Programa de Pós-graduação em Urbanismo, Campinas. O presente trabalho analisa o Sistema de Espaços Livres Públicos da cidade de

Piracicaba/SP. Considera tanto os aspectos quantitativos quanto os qualitativos por

meio da análise da distribuição, articulação e complementariedade funcional dos

Espaços Livres Públicos. O estudo identifica os elementos estruturadores da

paisagem urbana e suas respectivas Unidades de Paisagem. O método apoia-se na

análise dos espaços de propriedade municipal que assim se constituíram por meio

do parcelamento do solo. Identificam-se os graus de processamento e de

apropriação, por parte da população e dos principais elementos que compõe o

sistema de espaços livres. As caracterizações, identificação de entraves e ações

propostas para cada Unidade de Paisagem, são sistematizadas por meio de fichas

sínteses.

Palavras-chaves: Sistema de Espaços Livres, Espaços Públicos, Piracicaba.

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ABSTRACT

Pinto, Daniele Campitelli da Silva. O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: Considerações sobre Piracicaba/SP. 2013. 152f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias, Programa de Pós-graduação em Urbanismo, Campinas. This work makes an analysis of the Public Open Spaces System of the city of Piracicaba, Sao Paulo, considering both quantitative and qualitative aspects by the analysis of distribution, articulation and functional complementarity of Free Public Spaces. It identifies the structural elements of urban landscape and its respectives Landscape Units. The method is supported on the analysis of municipal propriety spaces, which have formed themselves by division of the soil. It is possible to identify processing and embezzlement levels, on the part of the population, of the main elements that compose the free spaces system. The characterization, hindrance identification and proposed actions to each Landsapce Unit are systematized by synthesis sheets. Keywords: Open Spaces System, Public Spaces, Piracicaba.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí ................... 15

Figura 2 - Estradas no Município de Piracicaba.. ...................................................... 16

Figura 3 e Figura 4: Foto da Pç. José Bonifácio, paço municipal de Piracicaba. ...... 26

Figura 5: Foto da Esalq/USP Piracicaba ................................................................ 27

Figura 6: Localização de Piracicaba .......................................................................... 29

Figura 7: Mapa do rocio de Piracicaba. ..................................................................... 29

Figura 8 e 9: Igreja de São Antônio e praça, 1900 .................................................... 30

Figura 10: Planta da cidade de Piracicaba, 1940 ...................................................... 31

Figura 11: Vista aérea de Piracicaba, 1970 .............................................................. 32

Figura 12: Municípios vizinhos a Piracicaba.............................................................. 34

Figura 13: Foto do sobrevoo feito em Piracicaba ...................................................... 35

Figura 14: Aglomerado urbano de Piracicaba. .......................................................... 38

Figura 15 - 30: Unidade de paisagem 1. ................................................................... 50

Figura 31 - 44:Unidade de paisagem 2 ..................................................................... 53

Figura 45 - 52: Unidade de paisagem 3. ................................................................... 56

Figura 53 - 63: Unidade de Paisagem 4. ................................................................... 59

Figura 64 - 71: Unidade de Paisagem 5. ................................................................... 62

Figura 72 - 77: Unidade de Paisagem 6. ................................................................... 65

Figura 78 - 84: Unidade de Paisagem 7. ................................................................... 68

Figura 85 - 96: Unidade de Paisagem 8 .................................................................... 71

Figura 97 - 106: Unidade de Paisagem 9. ................................................................. 74

Figura 107 - 116: Unidade de paisagem 10 . ............................................................ 77

Figura 117 - 133: Unidade de Paisagem 11. ............................................................. 80

Figura 134 - 151: Unidade de Paisagem 12. ............................................................. 83

Figura 152 - 159: Unidade de Paisagem 13. ............................................................. 86

Figura 160 -170 : Unidade de Paisagem 14. ............................................................. 89

Figura 171 - 189: Unidade de Paisagem 15. ............................................................. 92

Figura 190 - 210: Unidade de Paisagem 16. ............................................................. 95

Figura 211 - 226: Unidade de Paisagem 17. ............................................................. 98

Figura 227 - 242: Unidade de Paisagem 18. ........................................................... 101

Figura 243 - 253: Unidade de Paisagem 19. ........................................................... 104

Figura 254 - 260: Unidade de Paisagem 20. ........................................................... 107

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Figura 261 - 265: Unidade de Paisagem 21. ........................................................... 110

Figura 266 - 279: Unidade de Paisagem 22. ........................................................... 113

Figura 278 - 286: Unidade de Paisagem 23. ........................................................... 116

Figura 287 - 292: Unidade de Paisagem 24. ........................................................... 119

Figura 293 - 305: Unidade de Paisagem 25. ........................................................... 122

Figura 306 - 308: Unidade de Paisagem 26. ........................................................... 125

Figura 309 - 310: Compartimento 1. ........................................................................ 128

Figura 311 - 312:Compartimento 2 .......................................................................... 131

Figura 313 - 314: Compartimento 3 ......................................................................... 134

Figura 315 - 316: Compartimento 4 ......................................................................... 137

Figura 317 - 318: Compartimento 5. ........................................................................ 140

LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Setores para levantamentos de dados Unidades de Paisagem. .............. 46

Mapa 2: Compartimentos e setores. ......................................................................... 47

Mapa 3: Espaços públicos - anexo 1. ...................................................................... 155

Mapa 4: Espaços públicos estruturados e sem estruturação - anexo 2. ................. 156

Mapa 5: Unidades e Compartimentos de Paisagem - anexo 3. .............................. 157

Mapa 6: Parques públicos - anexo 4. ...................................................................... 158

Mapa 7: Município de Piracicaba em 5 Compartimentos de Paisagem. ................. 127

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

APP Área de Preservação Permanente CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

ESALQ Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz/USP FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPPLAP Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba

PCJ Piracicaba, Capivari e Jundiaí

PMP Prefeitura do Município de Piracicaba QUAPÁ Quadro de Paisagismo no Brasil

RM Região Metropolitana

SEDEMA Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba SEL Sistema de Espaços Livres SEMOB Secretaria Municipal de Obras de Piracicaba

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS E AS CIDADES BRASILEIRAS ......................................................................................... 19

1.1.Conceituação do Sistema de Espaços Livres ..................................................... 19

1.2.Formas de apropriação, potenciais de uso e tipos de espaços livres ................. 25

CAPÍTULO 2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA/SP: ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIECONOMICOS E ESTRUTURA VIGENTE ............................. 28

2.1. Contexto histórico: processo de urbanização do município de Piracicaba ......... 28

2.2. Aspectos socioeconômicos: desenvolvimento de Piracicaba e região ............... 35

2.3. Estrutura vigente: reflexões sobre a gestão urbana de Piracicaba .................... 38

CAPÍTULO 3 O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS EM PIRACICABA ....................... 42 3.1. Método ............................................................................................................... 42

3.2. Caracterização dos espaços livres públicos de Piracicaba ................................ 45

3.3. Unidades de Paisagem: a paisagem urbana e o Sistema de Espaços Livres de

Piracicaba.................................................................................................................. 48

3.4. Análise do Sistema de Espaços Livres de Piracicaba ...................................... 127

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 151

ANEXOS..................................................................................................................154

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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INTRODUÇÃO

As nossas cidades sofrem atualmente de novas formas de evolução e expansão. Encontramo-nos perante uma cidade impulsionada por dinâmicas e processos divergentes, que se dissolve pelo território, resultado da adição de densidades concentradas, acessos viários e acumulações comerciais. Sentimos como os processos de periferização e suburbanização, conduzem ao desaparecimento da vivênciado espaço público, quando a praça ou o largo não são mais o lugar de encontro, quando o passeio público é reduzido a um percurso pedonal e o automóvel monopoliza a paisagem urbana. (GRAÇA, 2006: 1).

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

15

Piracicaba é um município de porte médio do interior do estado de São Paulo,

localizado a 160 km da capital e apesar de estar a apenas 76 km de Campinas, o

município não está inserido em sua região metropolitana e sua população atual é de

364.571 habitantes, segundo dados do IBGE, realizado pelo Censo 2010.

Este trabalho analisa o processo de urbanização de Piracicaba por meio do

parcelamento do solo, que aparece desde sua formação até o ano de 2012, data de

término desta pesquisa.

O município apresenta uma significativa rede hídrica tendo o rio Piracicaba

como principal representante, que nasce da junção dos rios Atibaia e Jaguari,

no município de Americana, no município vizinho. Após atravessar a cidade

de Piracicaba, o rio recebe as águas de seu principal afluente, o rio Corumbataí, que

acontece no território piracicabano. O rio Piracicaba percorre 250 km de sua

formação até a sua foz no rio Tietê entre os municípios de Santa Maria da

Serra e Barra Bonita. É o principal rio da bacia que leva seu nome, integrando o

Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Consórcio PCJ (Comitê PCJ, 2011).

Figura 1 - Bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Fonte: Comitê PCJ, 2011.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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A cidade cresce ao longo do sistema viário que estrutura a ocupação urbana ao

mesmo tempo em que define limites e fronteiras. As rodovias estaduais Rodovia

Geraldo de Barros (SP 304) conectando a cidade a São Pedro, a Rodovia

Hermínio Petrin (SP 308) ligando a Charqueada -, a Rodovia Fausto Santo Mauro

(SP 127) - que liga o município a Rio Claro-, a Rodovia Dep. Laercio Corte (SP 147)

- ligando à cidade de Limeira -, a Rodovia Luiz de Queiroz (SP 304) conectado a

, a Rodovia do Açúcar (SP 308) - ligando a Rio das Pedras, a

Rodovia Cornélio Pires (SP 127) conectando a Saltinho, a Rodovia Samuel de

Castro Neves (SP 147) ligando a Anhembi -, marcam o território e são

responsáveis pela acessibilidade da área urbana consolidada e os municípios

vizinhos (DENATRAN, 2011).

Figura 2 - Estradas no Município de Piracicaba. Fonte: Google Earth, 2011.

O capítulo 1 discorre sobre as considerações sobre o sistema de espaços

livres públicos e as cidades brasileiras. Não se pretende uma análise exaustiva dos

espaços livres brasileiros, mas sim trazer algumas referências que ajudem a

circunstanciar o objeto de estudo. Ainda neste capítulo foram apresentados os

3km

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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conceitos utilizados e a revisão bibliográfica que sustenta a argumentação da

relevância dos espaços livres de edificação através do desenvolvimento da vida

pública. As formas de apropriação, potenciais de uso e tipos de espaços livres

também são apontadas neste capítulo.

A apresentação do recorte territorial é feito no capítulo 2, onde se preocupou

em mostrar os fatores regionais que incidiram sobre a urbanização do município de

Piracicaba. Sua formação cronológica corresponde a um desenvolvimento urbano

concêntrico, a partir da porção central do rio Piracicaba, local este de descobrimento

do município, indo até a região do centro, onde hoje tem seu representante público a

praça central (Praça José Bonifácio) e que com a consolidação urbana se expandiu

para as periferias de maneira gradativa e circular. Apresenta-se também a situação

econômica da gestão vigente, que vai desde 2005 até o final de 2012, resultante de

políticas públicas nas quais se observam um esforço recorrente nas implementações

de ações que visam estruturar através de projetos os espaços livres públicos,

procurando estimular o convívio social.

No capítulo 3 o destaque é para as fichas sínteses que sistematizam os

dados coletados e analisados em cada Unidade de Paisagem. Os diferentes

elementos que compõem o sistema de espaços livres (sistema viário, espaços livres

intralotes, praças, etc.) dependem da configuração morfológica e do tipo edilício

existente. As análises de suas homogeneidades caracterizam diferentes Unidade de

Paisagem. São 26 unidades que dividiram a área urbana do município levando em

consideração elementos estruturadores do município como o rio Piracicaba, as

principais vias de acesso e ainda a tipologia de formação dos bairros, a fim de

facilitar a compreensão do sistema de espaços livres existente.

responsáveis por agrupar em setores de análise áreas homogêneas do território, na

qual se possa destacar as características predominantes, as potencialidades, bem

como as possibilidades presentes na região, além dos entraves enfrentados pelo

setor e por fim propor ações baseados na gestão existente que possam traçar novas

diretrizes de ocupação e apropriação dos espaços livres públicos.

Após a divisão do município de Unidades de Paisagem, era necessário

observar a área urbanizada de maneira total. Foi a partir dessa necessidade que

optou- lhantes, o que denominamos aqui de

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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Compartimentos de Paisagem. m-se de limitações, cinco ao total,

e ações propostas que quando agrupadas, caracterizam uma maior região de área a

ser analisada. Só a partir dessa etapa foi possível chegar a súmula que permitiu

sintetizar o sistema de espaços livres a partir da análise da paisagem urbana no

município de Piracicaba.

Finalmente são apresentadas as considerações finais referentes ao sistema

de espaços livres públicos e a paisagem urbana em Piracicaba. O trabalho

possibilitou identificar os entraves e estabelecer prioridades de ações na tentativa de

potencializar os aspectos funcionais, ambientais e estéticos dos espaços livres.

A autora é funcionária a pouco mais de três anos da Prefeitura do Município

de Piracicaba, trabalhando no Setor de Projetos e Obras da Secretaria Municipal de

Defesa do Meio Ambiente. A relação do trabalho diário com a cidade e com seus

moradores por meio do serviço público resultou em reflexões que incitaram a busca

por um olhar renovador que permitisse à construção de uma visão menos pessoal e

mais integrada as questões contemporâneas.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS E AS CIDADES BRASILEIRAS

1.1. Conceituação do Sistema de Espaços Livres

Pensar a qualificação dos sistemas de espaços livres é, portanto, contribuir para a educação, saúde, transportes, habitação (vida cotidiana), saneamento e meio ambiente, é construir uma cidade melhor, é pensar o homem enquanto cidadão e não apenas como consumidor. (QUEIROGA et al. 2011, apud CAMPOS, A. C. R. et al., 2011, p. 20).

O processo de urbanização acelerado no Brasil, principalmente entre as

décadas de 1980 e 1990, alterou as estruturas físicas e espaciais em relação à

forma de morar, trabalhar e de se divertir. Estas variam conforme a capacidade de

mobilidade e acessibilidade dos moradores no tecido urbano. Dessa forma, espaços

de acessibilidade pública, com acesso ao território e sua apropriação, oriundos de

propriedade privada ou pública, são os principais elementos viabilizadores do

cotidiano urbano (MACEDO et al., 2009. IN: TÂNGARI, 2009).

A estrutura espacial da cidade é composta por espaços edificados e os

espaços livres de edificação. De acordo com Magnoli (1982), o espaço livre é todo

espaço não ocupado por um volume edificado ao redor das edificações e que as

pessoas têm acesso. Os espaços livres de edificação são classificados em públicos

e privados. O espaço público é aquele de propriedade pública e apropriação pública.

Segundo Hannad Arendt (2005 apud PEREIRA COSTA, 2011, p. 69) o termo público

tem significado, antes de qualquer coisa, como tudo o que vem a ser visto e ouvido e

tem maior divulgação possível.

Já para Morin (2008 apud QUEIROGA, 2011, p. 12) o conceito de sistema

exprime ao mesmo tempo unidade, multiplicidade, totalidade, diversidade,

organização e complexidade. Sendo o sistema um objeto de estudo complexo,

aberto, já que estabelece relações com outros sistemas, e suficientemente fechadas,

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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caso contrário não se constituiria. Como para Queiroga et. al. (2011), um sistema é

Para Tângari (2009) é através do espaço que as transformações da

sociedade acontecem. No espaço social, é possível discernir demarcações e

ordenações. Silva (2004) coloca que o espaço urbano, apesar de exercer papel de

destaque na paisagem da cidade, vem sendo relegado ao tratamento de questões

ligadas à circulação de veículos e pedestres comprometendo o seu caráter de

sociabilidade e de proporcionar encontros, desenvolvendo uma imagem desprovida

de identidade. Melhor dizendo, a sociedade contemporânea bem como seu ritmo de

vida, faz com que não haja tempo, estímulo ou habito de se conviver em sociedade,

quanto mais em espaços livres públicos. Os locais ficam sem características que lhe

agregam valores culturais ou mesmo sem atrativos físico que lhe permitam a

convivência em público.

Desta maneira entendem-se como sistema de espaços livres (SEL) urbanos,

os elementos e as relações que organizam e estruturam o conjunto de todos os

espaços livres de um determinado recorte urbano, da escala que vai da intraurbana

à regional (QUEIROGA et al., 2011).

De acordo com Queiroga et. al. (2011), o SEL urbano contém todos os

espaços livres urbanos existentes num determinado recorte escalar,

independentemente de sua dimensão, qualificação, estética, função, localização, de

propriedade pública ou privada. No entanto, somente os espaços públicos estão

conectados entre sim, através do sistema viário, não significando que todos os

espaços públicos possuam conexão, como por exemplo, os pátios internos de

edifícios públicos.

Portanto, toda cidade possui um sistema de espaços livres que é produzido

através do seu processo de formação tanto pelo poder público quanto por iniciativa

privada. Este sistema se encontra em constante processo de transformação e

adequação a partir das novas demandas da sociedade. A sua melhor recepção às

necessidade diárias da sociedade vai depender das disponibilidades de recursos,

dos padrões culturais existentes e das decisões políticas que podem levar a

eventuais processos de qualificação de tais sistemas.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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Para Queiroga et al. (2011), o sistema de espaços livres é fundamental na

existência da cidade porque abriga grande parte da vida cotidiana; elemento da

constituição da paisagem urbana, bem como se torna meio de forma urbana, da

imagem da cidade, sua história e memória; além de participar da constituição da

esfera da vida pública e da esfera da vida privada.

Já para Bartalini (2006 apud MACEDO, 2009, p. 79), os espaços livres são

uma reserva da imaginação, o que implica que a beleza é atributo fundamental para

o SEL urbano. Espaços paisagisticamente projetados, arborizados, com

equipamentos especificamente projetos e funcionais, que podem ser úteis para o dia

a dia da população ou apenas espaços contemplativos, feitos apenas para serem

apreciados, isso se justifica em função de um atendimento as demandas sociais.

A maioria das cidades brasileiras apresenta padrões explícitos sem relação

com os espaços livres nelas existentes (MACEDO, 2009, apud TÂNGARI, 2009). É

possível observar que há uma ausência de espaços livres públicos de qualidade,

desde calçamentos e leitos carroçáveis estreitos, passando por parques e praças

sem infraestrutura necessária para atender a necessidade dos usuários. É possível

ainda, analisar o tamanho, cada vez mais reduzido, dos espaços livres privados. De

acordo com os autores, os espaços livres intralotes, que em sua origem tem uma

predominância na presença da vegetação, acabam cedendo espaços para

atividades de interesse da população, que em muitos casos leva a edificação e

consequente redução do seu tamanho. Presentes em diversas cidades brasileiras,

áreas antes livres, foram e ainda continuam sendo, ocupadas para suprir a

necessidade do mundo moderno, como estacionamentos cobertos e áreas de lazer

particulares, onde se destacam espaços de convívio segregado.

O conceito de sistema de espaço livre aqui adotado amplia o termo

legislação urbanística. O termo, reduz as características fundamentais do espaço

urbano como a complexidade e diversidade social e física em determinados espaços

públicos. Assim como os espaços com grandes maciços arbóreos possuem papel

fundamental para o microclima urbano, os espaços não vegetados possuem sua

importância para a caracterização do sistema, como espaços voltados a feiras livres,

manifestações políticas, e etc.

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O clima ameno, convidativo para a vida humana e o acesso à informação a

fim de atrair diferentes grupos são decisivos na vinculação de usos e apropriação

dos sistemas de espaços livres, sejam eles públicos ou privados. Hábitos de comer

em espaços abertos, como ruas e calçadas e ainda atividades ao ar livre, em praças

e parques acarretam aos espaços livres urbanos a cerne da realização da esfera

pública, favorecendo o convívio social. Dentre as diversas apropriações possíveis

dos espaços livres, públicos e privados, e seus mais variados usos, de acordo com a

necessidade da população usuária, é possível constatar as mais variadas formas de

apropriação desses espaços (MACEDO, 2009, apud TÂNGARI, 2009).

Cada cidade requer uma distribuição específica dos seus espaços livres em

função das suas características morfológicas, que devem atender às demandas

sociais e às características ambientais ecológicas, climáticas e de drenagem. A

estrutura fundiária condiciona a construção da cidade, e, portanto, de seus espaços

públicos e privados e a forma de apropriação dos espaços públicos e privados

decorrentes (QUEIROGA, apud CAMPOS, 2011). Portanto, há duas categorias de

espaços livres em termos de propriedade do solo: pública e privada.

-

- - -

- -

Os espaços livres privados são aqueles que estão inseridos dentro de

propriedades particulares, cujo acesso, normalmente, não é possibilitado ao público.

Nesses espaços também formam um subsistema inserido no SEL, onde também

ocorrem inúmeras atividades cotidianas ao ar livre, como descanso, recreação

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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infantil, jogos, estacionamentos de veículos, etc. Ao contrário dos espaços livres

públicos, jardins e quintais também fazem parte desse sistema, e raramente estão

conectados fisicamente entre si. Seu papel ambiental no sistema de espaços livres

varia para cada forma de tecido, evidentemente os espaços livres privados

vegetados e/ou arborizados prestam maiores serviços ambientais ao meio urbano

(QUEIROGA, 2011, apud CAMPOS, 2011).

O espaço livre nas cidades brasileiras é comumente predeterminado a partir

do processo de loteamento quando são especificados e destinos às áreas para as

ruas e demais espaços públicos. Os elementos edificados, seu desenho ou ainda a

manutenção adequada definem as características formais dos espaços livres.

Somente em situações urbanas totalmente planejadas, como Palmas, Maringá,

Brasília e Boa Vista, implantadas sob rígido controle de seus mentores, o Estado ou

empreendedores privados, é factível a existência de uma distribuição equitativa de

todos os tipos de espaços livres idealizados.

Quanto às apropriações dos espaços livres públicos considerarem a

existência correlacionada espaços de esfera pública geral (referente a toda vida em

público), podendo em determinados eventos, constituírem espaços da esfera pública

política (em sentido restrito, arendtiano, envolve as ações políticas). Com isso, na

medida em que se potencializa a vida em público, apresentam-se com maior clareza

os conflitos, possibilita-se o estabelecimento da razão comunicativa enquanto razão

pública, portanto, política, assim como aponta Queiroga (2011, apud CAMPOS,

2011).

Dessa forma, os lugares públicos não são apenas formados pelos espaços

livres públicos, mas também pelo sistema de espaços livres e edificados onde se

desenvolve a vida em público. Com isso a esfera da vida pública brasileira

apresenta-se em suas diferentes manifestações nos mais diversos locais onde ela

se estabelece.

Com exceção ao sistema viário que privilegia o automóvel em boa parte das

intervenções, o espaço livre não está entre as prioridades do poder público. O

processo de planejamento de sistemas de espaços livres é ainda inexistente ou

muito incipiente na cidade brasileira. A arborização urbana é ainda muito ausente na

maioria dos tecidos urbanos. Há também grande falta de tratamento paisagístico

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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adequado na maioria dos espaços públicos, com exceção as áreas centrais e de alta

renda, locais de maior visibilidade. A precariedade dos transportes públicos agrava a

acessibilidade a parques, mesmo assim é possível observar a crescente utilização

desses espaços aos finais de semana. Há muitas iniciativas de qualificação de orlas

de rios e lagoas, mas há muitas margens sem qualificação urbanística e

paisagística. A falta de saneamento que infesta de esgoto e resíduos sólidos a

s, se torna mais um agravante da

inutilização desses espaços.

Não são poucos os esforços necessários para ampliar e qualificar os SEL s

das cidades brasileiras. Envolvem questões de uma legislação urbanística-

ambiental mais adequada às especificidades ambientais urbanas, passando pelo

saneamento ambiental, pela revisão dos paradigmas urbanísticos que regem a

produção imobiliária, pela imposição de planos de sistemas de espaços livres

atentos à realidade dos diferentes lugares urbanos, a capacitação de técnicos que

planejam, projetam, executam e mantém os espaços livres (QUEIROGA, 2011, apud

CAMPOS, 2011).

Diante do quadro da urbanização contemporânea das cidades brasileiras, e

dos desafios que se apresentam para a constituição de um ambiente urbano mais

adequado às práticas sociais, à esfera da vida pública e à conservação ambiental, é

necessário considerar o sistema de espaços livres de forma prioritária e integrada.

Os ganhos oferecidos pela urbanização, como a acessibilidade aos espaços

livres através de vias transitáveis por diversos meios de locomoção, seja a pé ou

através de automóveis particulares ou coletivos, o saneamento e abastecimento de

água, não podem privilegiar grupos sociais. No entanto, não se trata em priorizar os

investimentos em sistemas de espaços livres em detrimento de setores como

educação, saúde e habitação. O que se defende é a integração de políticas urbanas

que compreendam o direito de viver em sociedade, em espaços públicos que

compreendam a existência do outro, constituindo um cotidiano participativo, um

ambiente saneado, a conservação de várzeas e morros vegetados garantindo a

permeabilidade do solo evitando enchentes, e a utilização da rua para práticas

sociais como feiras e festividades de bairros, como espaço do cidadão e não

exclusivamente de veículos e automóveis.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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1.2. Formas de apropriação, potenciais de uso e tipos de espaços livres

O Sistema de Espaços Livres de uma cidade pode ser formado por uma

grande quantidade de combinações entre os tipos (praças, parques e área lindeiras

os usos potenciais (recreação e

festividades) e a apropriação efetiva dos espaços livres de edificação.

As formas de apropriação dos espaços livres variam de acordo com o seu

tipo, localização e caráter predominante. As possibilidades de atividades são

inúmeras, cotidianas ou não, de organização formal ou informal, organizadas

através do poder público ou privado, de ocorrência eventual ou contínua. Destacam-

se nesse estudo as atividades cotidianas que têm nos espaços livres públicos seus

espaços primordiais.

Independente do porte que possuem, estes espaços possuem também

potenciais de uso e apropriação diversos, pois além do convívio social, das

atividades de lazer e da função ambiental, estes locais também acolhem atividades

políticas, culturais, religiosas e comerciais.

As praças e os parques são os tipos mais comuns de espaços livres urbanos

públicos do Brasil (MACEDO, 1999). Há uma cultura do poder público e da

população em reconhecer predominantemente as praças. No século XVII, se

caracterizavam como locais de permanência, onde havia a possibilidade de reunir

um número maior de pessoas para a proclamação de assuntos de interesse coletivo

(REIS, 1968, apud CAMARGO, 2012, p. 24). Elas apresentam tipo, tamanhos e usos

diversificados (QUEIROGA, 2011, apud CAMPOS, 2011), porém por décadas

estiveram concentradas e melhor tratadas em bairros dinâmicos e de classe média e

alta. Somente nos anos de 1990 é que os investimentos públicos para a criação e

gestão de tais espaços se tornarem expressivos, e mesmo assim em apenas alguns

centros. Muitas das áreas implantadas não recebiam manutenção dos seus

equipamentos, tornando sua acessibilidade de uso restrito (MACEDO, 2009). A

praça é um tipo de espaço livre de edificação que normalmente tem sua origem no

momento do parcelamento ou junto com a urbanização (SEGAWA, 1996, apud

CAMARGO, 2012, p. 25).

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Abaixo destaca-se a Praça José Bonifácio, ou Praça da Catedral como é

popularmente conhecida por abrigar a igreja matriz do município. Importante espaço

livre público é palco de reivindicações sociais, comércio ambulante, ponto de

encontro, feiras livres e eventos de caráter municipal. Além de se tornar ponto de

passagem de muitos munícipes que trabalham no centro do município, caracteriza

por seu uso ser mais intenso no período diurno. A noite, a falta de eventos noturnos

na região, faz com que o local se torne propício para moradores de ruas e vândalos.

Seu maciço pleno centro comercial.

Figura 3 e Figura 4: Fotos da Pç. José Bonifácio, paço municipal de Piracicaba.

Fonte: www.skyscrapercity.com, 2011.

Já os parques e os jardins são feitos pelo homem, sendo espaços projetados

que visam dispor organizadamente a natureza (SEGAWA, 1996, apud CAMARGO,

2012, p. 26). Eram locais ajardinados e usados para o descanso, o passeio sem

preocupação ou destino. O século XIX trouxe ao Brasil o ato de projetar o espaço

livre de edificação, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, com a vinda da

família real e a ideia de europeização dos trópicos. Aos poucos, os princípios da

corte portuguesa ultrapassaram as terras cariocas e dominaram diversas cidades de

todo o território nacional. Como principais investimentos portugueses estão o

ajardinamento de logradouros públicos, o início da arborização urbana, o calçamento

de ruas, a iluminação pública e a criação de espaços que tivesse a composição

arbustiva semelhante às cidades europeias.

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Somente no século XX é difundida a prática de esportes nos parques. Com a

popularização do futebol nos anos 20, várzeas e terrenos baldios aos poucos foram

ocupados pelo jogo de bola informal (MACEDO, 1999). Ainda hoje o jogo de futebol

é encontrado na maioria das cidades e muito dessas práticas em espaços ainda não

estruturados (TÂNGARI, 2009). O surgimento de novos modos de apropriação dos

espaços livres de edificação começou a se difundir. As praias liberadas para o

banho e a implantação importada da América do Norte em instalar brinquedos

industrializados em espaços públicos exigiam pouco espaço. Cada vez mais os

espaços livres existentes foram diminuindo, exigindo do poder público mais

investimento, inclusive com o aumento da demanda populacional (MACEDO, 1999).

Figura 5: Foto da Esalq/USP parque privado de acesso púbico permitido, Piracicaba.

Fonte: www.skyscrapercity.com, 2011.

O parque da Esalq, campus da USP na cidade abriga um dos parques de

maior uso pela população. Além das árvores de grande porte, o parque conta com

pista de caminhada pelos edifícios históricos que abrigam as instalações da

universidade e lago.

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CAPÍTULO 2

CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA/SP: ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIECONOMICOS E ESTRUTURA VIGENTE

Os processos econômicos, sociais, políticos e culturais qualificam o espaço

urbano e modelam a cidade. Esses processos permitem que as pessoas que ai se

instalam, modifiquem e se apropriem do espaço.

Analisando espaços que se encontram livres de edificação, onde são

desenvolvidas atividades de convivência, lazer e de proteção ambiental, pode-se

afirmar que a paisagem é resultado da dinâmica social. Sendo assim, a sociedade

urbana dá origem aos lugares, sendo sua maior representação as cidades.

A seguir apresentamos uma síntese do processo histórico de ocupação

ressaltando os fatos que ajudam a entender o município de Piracicaba. Analisar os

processos que legitimam a estruturação urbana é fundamental para que se possam

analisar os espaços livres encontrados nas cidades. Suas características, sua

produção, a gestão a eles destinados são conceitos fundamentais que só podem ser

levantados a partir da legislação urbana e ambiental que a cidade foco possui.

O espaço físico atualmente ocupado e transformado no município de

Piracicaba, assim se encontra devido às ações de uma sociedade que imprimiu seus

valores sociais, políticos e culturais. Como este espaço se determina como ele

funciona, como é gerido e qual é a sua história, são elementos que ajudam a montar

a atual paisagem de Piracicaba.

2.1. Contexto histórico: processo de urbanização do município de Piracicaba

No ano de 1766, o Capitão-General de São Paulo, D. Luís Antônio de Souza

Botelho Mourão, encarregou o Capitão Antônio Corrêa Barbosa de fundar uma

povoação na foz do rio Piracicaba. Este, no entanto, optou pelo local habitado pelos

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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índios Paiaguás, onde já se haviam fixado alguns posseiros, à margem direita do

salto, a 90 quilômetros da foz, entendendo ser o lugar mais apropriado da região. A

povoação seria ponto de apoio às embarcações que desciam o rio Tietê, oferecendo

retaguarda ao abastecimento do forte de Iguatemi, fronteiriço do território do

Paraguai. Oficialmente, o povoado de Piracicaba, termo da Vila de Itu, foi fundado

em 1º de agosto de 1767, sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres.

Figura 6: Localização de Piracicaba - SP. IPPLAP, 2012.

Em 1774, a povoação constituiu-se em Freguesia, com uma população

estimada em 230 habitantes. Em 1784, Piracicaba foi transferida para a margem

esquerda do rio, logo abaixo do salto, onde os terrenos melhores favoreciam sua

expansão. Em 29 de novembro de 1821, Piracicaba foi elevada à categoria de Vila,

tomando o nome de Vila Nova da Constituição, em homenagem à promulgação da

Constituição Portuguesa, ocorrida naquele ano.

Figura 7: Mapa do rocio de Piracicaba, 1822. Fonte: IHGP.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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O mapa acima de 1822 representa o rocio da cidade de Piracicaba. A cidade

se estruturava em uma via principal, com a presença de uma igreja à direita, na

frente dela a praça central, circundado por uma sequência de vias em planta

hipodâmica. É possível observar ainda, que a cidade se limitava entre o rio

Piracicaba e o córrego Itapeva, hoje canalizado, local da Av. Armando de Salles

Oliveira. Observa-se por fim, o muro que limita a área ocupada. A partir de 1836,

deu-se um importante período de expansão, onde se predominavam as pequenas

propriedades. Além da cultura do café, os campos eram cobertos pelas plantações

de arroz, feijão, milho, algodão e fumo, mais pastagens para criação de gado

(PIRES, 2008).

Em 24 de abril de 1856, Vila Nova da Constituição foi elevada à categoria de

cidade, ainda não nomeada de Piracicaba. Sem recursos suficientes para

acompanhar a necessidade da população, Piracicaba contou com diversos

empreendimentos privados para a execução de serviços públicos. Com obras

viabilizadas pelo setor privado, melhorias urbanas aconteciam em grandes

quantidade, como por exemplo, o crescimento do comércio e a maior concentração

de pessoas na zona urbana. Em 1877, por petição do então vereador Prudente de

Moraes, mais tarde primeiro presidente civil do Brasil, o nome da cidade foi

Abaixo é possível observar na foto do final do século XIX, a igreja de

Santo Antônio da cidade de Piracicaba, demolida na década de 50, com frontões

imponentes e torre. Localizado na frente, a praça central, com passeios públicos e

áreas ajardinadas.

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Em 1902, a presença da arquitetura eclética com aparência requintada se via

cada vez mais presente. A grande transformação se dá com a chegada da ferrovia,

no urbano de distribuição do café para a baixada santista. A cidade se

transformando em espetáculo, mudando a paisagem física.

Figura 10: Planta da cidade de Piracicaba, 1940. Fonte: Coisas Antigas.

Na década de 1940, Piracicaba se apresentava de forma consolidada. A

planta hipodâmica ainda se apresentava como predominante nos loteamentos. É

possível observar, que a ocupação começa a transpor além da região do rio

Piracicaba, ou seja, a ocupação urbana que se concentrava na porção central do

município, começa a se expandir de forma radial pelo território.

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Figura 11: Vista aérea do centro de Piracicaba, 1970. Fonte: IHGP.

No ano de 1970, Piracicaba tinha poucos prédios de apartamentos, não

passavam de dez. Com a queda do prédio Comurba, no centro da cidade em 06 de

novembro de 1964, a construção desses tipos de edificação parou. Em 2008, se

estima que a cidade abrigue mais de 300 prédios (PIRES, 2008).

Piracicaba deu os primeiros passos em 1971, com a contratação do

SERFHAU para elaborar o Termo de Referência, que serviria como diagnóstico ao

Plano Diretor, que foi elaborado em 1975 sob a coordenação do arquiteto Joaquim

Guedes, seguindo as recomendações daquele órgão. A industrialização era então

indicada como o principal caminho para o desenvolvimento econômico, destacando-

se a pretensão de se alinharem as políticas nos níveis federal, estadual e municipal.

Dessa forma, o país conquistaria uma posição de destaque internacional (DUARTE,

2003).

O Plano Diretor de Joaquim Guedes foi rejeitado pela Câmara de Vereadores,

mas as diretrizes nele contidas serviram de base para a implementação do processo

de planejamento no município, bem como a instituição de uma legislação urbanística

aprovada pela Câmara em dezembro de 1984. Nos anos de 1990, porém, iniciou-se

no Brasil uma nova orientação para o planejamento urbano, não mais considerando

o Plano Diretor instrumento único a ser seguido. Novos paradigmas se impuseram.

A população passou a ser chamada para participar das definições das diretrizes

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respostas. Assim, novo plano foi contratado, devendo espelhar os rumos da cidade

de Piracicaba sob essa nova perspectiva.

A Constituição Federal de 1988 havia editado instrumentos outros que

poderiam melhor atender os municípios. Dentre os paradigmas urbanísticos do

período, os parâmetros ambientais ganharam importância para o planejamento da

cidade. A ocupação de áreas públicas por população de menor renda configurava

um desafio a ser administrado. O Plano Diretor era indispensável e obrigatório, mas

não seria legitimo sem a participação da sociedade, nem eficiente sem um sistema

de gestão permanente e adequado. Dentre os novos instrumentos, que objetivavam

dinamizar as políticas de planejamento no Brasil, destacam-se o solo criado; o

direito de preempção; as áreas especiais de interesse social, ambiental e

paisagístico; as operações urbanas consorciadas.

A partir de 1991 elaborou-se um Plano Diretor com a equipe técnica da

prefeitura sob a orientação do arquiteto e urbanista Ari Vicente Fernandes, professor

da PUC Campinas. Esse plano contemplou a participação popular, através de um

Fórum, os instrumentos jurídicos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 e

a questão ambiental, tendo sido estudadas todas as sub-bacias hidrográficas

urbanas, e entrou em vigor em 1995 (DUARTE, 2003).

Até o ano de 2000 o que se destacava em relação aos espaços livres públicos

nos planos existentes era a consolidação dos parques já implantados. O Parque da

Rua do Porto e a área de Lazer do trabalhador eram os grandes espaços públicos

qualificados por projetos que necessitavam de políticas públicas que visassem a

conservação dos espaços construídos.

Foi então que em 2001 iniciou-se a revisão do Plano Diretor de 1995,

considerando as determinações da Lei Federal nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade).

Sob a orientação metodológica do Instituto Polis, as diretrizes para esse plano foram

discutidas e aprovadas em várias reuniões comunitárias nos bairros, duas

Conferências da Cidade e dois Fóruns da Cidade de forma a conferir-lhe

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legitimidade. Ampliou-se e fortaleceu-se a questão ambiental. O plano, denominado

Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, foi aprovado em 10 de outubro de

2006, entrou em vigor em setembro de 2007 e sofreu duas alterações posteriores: a

Lei Complementar

nº 213, de 17 de dezembro de 2007 e a Lei Complementar nº 220, de 03 de julho de

2008.

Com a

recebiam diretrizes para a estruturação do espaço físico a fim de proporcionar

espaços de recreação e lazer. No entanto, apenas os parques foram contemplados

com os projetos, como o Zoológico Municipal, o Parque do Piracicamirim, a Estação

da Paulista são os principais. Além dos parques, as áreas lindeiras aos córregos e

rios, principalmente o rio Piracicaba se tornaram alvo de politicas conservacionistas.

Figura 12: Municípios vizinhos a Piracicaba. IPPLAP, 2012.

Abaixo, a foto tirada em sobrevoo feito pela autora em meados de agosto de

2012, mostra a consolidação do centro de Piracicaba, os prédios residenciais, o

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centro cívico em destaque (edifício amarelo), a lagoa do Parque da Rua do Porto e o

rio Piracicaba. Nota-se a conservação das áreas lindeiras ao rio Piracicaba, mesmo

em área central do município.

Figura 13: Foto do sobrevoo feito em Piracicaba. Foto: Autora, 2012.

2.2. Aspectos socioeconômicos: desenvolvimento de Piracicaba e região

A população de Piracicaba, segundo o recenseamento de 2010, é de 364.571

pessoas, é o 19º munícipio do Estado em extensão, sua área urbana representa

apenas 20% da área total e abriga cerca de 93% da população. No setor agrícola há

o predomínio do cultivo da cana-de-açúcar. O município conta com diversos

estabelecimentos industriais dos mais diversi cados ramos da produção (IBGE,

2010), destacando-se as indústrias metal-mecânica e a suco-alcooleira.

Em 2012, Piracicaba conta com estrutura produtiva a e setor

terciário relativamente moderno, é importante destacar que o município, cuja origem

remonta a 1767, passou por mudança na sua estrutura produtiva, principalmente, no

decorrer da década de 1970. Como diversos municípios do interior de São Paulo,

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Piracicaba passou

expansão agrícola e do setor terciário, tendo avançado, também, na urbanização.

No entanto o crescimento do munícipio comparado às cidades vizinhas como

munícipio não possuir ligação direta com grandes rodovias como Anhanguera e

Bandeirantes, o que incentivou o maior volume de investimentos e maior contingente

populacional, conforme apontado por Martins, (1999).

Entretanto, há grandes perspectivas e expectativas de expansão econômica

para o município, e seus municípios vizinhos, em decorrência de projetos existentes

para a região. Um deles é o de navegabilidade do Rio Piracicaba, integrando-o à

Hidrovia Tietê-Paraná e transformando a região de Piracicaba em porta de entrada

do Mercosul. Esse assunto voltou a se destacar com a vinda da montadora de

automóveis coreana Hyundai, que promete incentivar o projeto a fim de escoar sua

produção. Considerando a possível viabilidade do projeto, se faz necessário

considerar novas perspectivas de desenvolvimento de Piracicaba e região, que

poderão oferecer para a localização novas atividades econômicas.

É necessário levar em consideração ainda, o problema ambiental da Bacia do

PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí). Para se obter o desenvolvimento almejado

pelos segmentos ambientais do município, o problema da poluição das águas

precisa ser encarado de frente. A Bacia do Piracicaba é uma das regiões do Estado

que mais sofre com o problema ambiental. Composta por 49 municípios e com cerca

de três milhões de habitantes, ela é uma das regiões mais industrializadas e

urbanizadas do Estado, bem como do País, conforme estudos da gestão municipal

dos anos 90. No entanto, com o crescimento intenso dos anos 1970, foi intensa,

também, sua degradação ambiental. Verificou-se que em 2010, 60% da vazão do rio

Piracicaba estará sendo perdidas através do uso irregular e a demanda total

projetada deverá superar a vazão em 1,6 vezes, implicando elevado índice de censo

da água (Comitê PCJ, 2012).

Se esse cenário se confirmar, o Plano Estadual de Recursos Hídricos prevê

que, face à deterioração da qualidade das águas, a saúde pública poderá vir a ser

comprometida. Para que tal cenário não se confirme, torna-se imprescindível

prosseguir com a política de controle da poluição, visando aumentar cada vez mais a

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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redução das cargas poluidoras urbanas e industriais. Só com a melhoria da

qualidade das águas será viável recuperar a navegabilidade do Piracicaba e

estimular mais o desenvolvimento regional (MARTINS,1999).

No entanto, Piracicaba passa por uma expressiva promessa de fortalecimento

da região. Com Projeto de Lei (PL 11/2012) aprovado em meados de julho pelo

governo estadual, o município será a sede do Aglomerado Urbano a ser implantado

na região. Tendo por objetivo principal melhorar questões relacionadas à mobilidade

urbana, transporte público, saúde, infraestrutura e meio ambiente a partir de projetos

e ações públicas no âmbito metropolitano, a Aglomeração Urbana de Piracicaba

será formada pelos municípios de Águas de São Pedro, Analândia, Araras, Capivari,

Charqueada, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Elias Fausto, Ipeúna,

Iracemápolis, Leme, Limeira, Mombuca, Piracicaba, Rafard, Rio Claro, Rio das

Pedras, Saltinho, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra e São Pedro, que

perfazem cerca de 1,3 milhão de habitantes e um PIB de 27,5 bilhões de reais

(FRANCO, 2012). O Aglomerado Urbano promete agregar bens que promovam o

desenvolvimento econômico e social de Piracicaba e de todas as cidades que o

compõe, através de viabilização de projetos

do Aglomerado é de

destinar fundos que permitam a melhoria da infraestrutura urbana, como estações

de tratamento de esgoto e de reciclagem de lixo, além de construções de

assentamentos de caráter popular.

O programa contará com um novo modelo de gestão compartilhada dos

investimentos públicos e estratégicos. A grande promessa para a viabilização do

projeto é a participação popular, que segundo consta no próprio projeto de lei, será

vital para o futuro saudável dos habitantes da região, destinatário final das decisões

dos poderes públicos e que não podem ficar somente indiretamente representados.

A aglomeração urbana de Piracicaba está inserida em um importante

entroncamento rodoviário do estado de São Paulo, possuindo fácil acesso ao porto

de Santos, Grande São Paulo, Vale do Paraíba, Sorocaba, Campinas, regiões

nordeste, noroeste e central paulistas, através da rodovia dos Bandeirantes, rodovia

Anhanguera, rodovia Washington Luís, entre outras. Também está na ponta

ocidental da hidrovia Tietê-Paraná.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

38

2.3. Estrutura vigente: reflexões sobre a gestão urbana de Piracicaba

O presente trabalho tem como objeto os espaços livres públicos, palco das

interações sociais seja estas de manifestações democráticas, e da cidadania ou

como espaço destinado ao lazer e a qualificação ambiental. Tomam-se os espaços

livres de edificação, como um conjunto de elementos que mantêm uma relação

sistêmica e estrutural da cidade.

Além de avaliar a distribuição destes espaços no município de Piracicaba, é

também interesse desse estudo pesquisar sobre as atividades relacionadas à gestão

municipal destes espaços, analisando aspectos referentes ao planejamento, projeto

e manutenção de praças e parques. Deste modo, busca-se contribuir para reflexões

que possam auxiliar ao estudo relacionado a demandas destes espaços, bem como

ás ações públicas necessárias para mantê-los ver anexo 1.

Percebe-se que boa parte da cidade de Piracicaba é bem atendida por

praças. Os espaços livres recreativos se apresentam no território de maneira

semelhante às praças, distribuída de maneira homogenia na área urbana. Já os

parques por sua vez, existem menor quantidade e atendem boa parte deles atendem

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

39

a todo o município, conforme aponta mapa da página como apontam os anexos 1, 2

e 4.

Para análise das praças, espaços livres recreativos e dos parques foram

coletadas informações de dois técnicos da Secretaria Municipal de Defesa do Meio

Ambiente Sedema. Constatou que as atividades de planejamento, projeto e gestão

envolvem cinco setores: Projetos e Obras, Arborização, Capina, Limpeza Urbana e

Coleta de Resíduos Sólidos. A Sedema é responsável em projetar, executar e

manter os projetos voltados à contemplação como áreas de bancos e jardins,

recreação parques infantis, esportes campos de futebol em areia e grama, e

estimulo a atividades físicas- academia ao ar livre e pista de caminhada ver anexo

2.

Já a Secretaria Municipal de Obras Semob - é responsável em projetar,

executar e manter edifícios públicos construídos em áreas institucionais, como

creches, escolas e unidades de saúde. A Secretaria de Esportes e Atividades

Motoras Selam se responsabiliza em fornecer profissionais da área da saúde para

orientar munícipes na prática de exercícios físicos em parques.

Maruko (2012), engenheiro civil da Sedema, responsável pelo Setor de

Projetos e Obras que projeta, viabiliza e mantém os espaços livres públicos

estruturados, voltados ao lazer, afirma que a demanda de espaços livres

estruturados por projetos na cidade parte principalmente da população, que

normalmente indica os espaços livres públicos a receberem implantação de

equipamentos. Outras demandas são do próprio setor, de vereadores ou do prefeito.

Até dezembro de 2012, a Sedema contabilizava cerca de 350 espaços livres

públicos estruturados por projetos desde 2005. Dentre eles estão 16 parques ver

anexo 4, e 114 praças. Os demais são centros de lazer equipados com campos de

areia, parques infantis, pista de caminhadas e iluminações, além de pequenas

melhorias como plantio de grama. De acordo com o engenheiro, desde 2005 até o

final de 2012 a gestão pública investiu cerca de 27 milhões de reais em construção,

melhoria, revitalização e manutenção dos espaços livres públicos.

Segundo Maruko (2012) as praças, os parques e os espaços públicos

recreativos possuem seus projetos, arquitetônicos e urbanísticos, realizados pelo

próprio setor de projetos e obras da Sedema. Os projetos aprovados pelo prefeito

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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são licitados e executados. Como a escolha da empresa a executar a obra é feita de

forma licitatória, alguns serviços deixam a desejar, ou pela baixa qualidade do

material ou pela falta de experiência dos empreiteiros.

Por diversas vezes foram contratados serviços de paisagismo para espaços

livres públicos, no entanto, para Maruko (2012) muitos deles sem sucesso. Sem a

manutenção adequada ou a escolha equivocada das espécies muitas das áreas

qualificadas foram refeitas pela prefeitura substituindo o projeto paisagístico apenas

por gramíneas.

Segundo Toledo (2012), fiscal do setor de projetos e obras da Sedema,

durante a elaboração dos projetos dos espaços livres públicos, o setor se dirige a

comunidade a ser considerada para discussões e para que sugestões por meio dos

munícipes sejam consideradas e adaptadas as possibilidades da execução da obra.

De acordo com Maruko (2012) os parques urbanos são os únicos espaços

livres públicos que possuem funcionários responsáveis pela manutenção a contrato

da gestão pública, o que possibilita um acompanhamento mais rigoroso de suas

necessidades. Eles possuem horários específicos de funcionamento, atendendo aos

estabelecido no regimento interno e possuem vigilância própria, contratada pela

prefeitura. São o caso do Parque da Rua do Porto, a Estação da Paulista e o Parque

do Piracicamirim.

A manutenção também é de responsabilidade da Sedema, que conta com

uma equipe de dez pessoas responsáveis pela manutenção de mobiliários, como

bancos, mesas e bebedouros, manutenção de alambrados de campos e reparos na

infraestrutura como fiações e iluminação. Ainda na Sedema cabe ao setor de

Arborização, o plantio de mudas e a poda de árvores, ao setor de Capina o corte de

gramado dos canteiros, ao setor de Limpeza Urbana a varreção do local e em caso

de descarte irregular de entulho, a responsabilidade da limpeza é do setor de

Resíduos Sólidos. Todos os serviços a serem realizados são previamente

agendados e cada departamento possui um cronograma próprio.

Cabe ao Instituto de Planejamento e Pesquisa de Piracicaba Ipplap, o

levantamento de praças e parques. Cabe a eles a responsabilidade em cadastrar a

área de cada espaço pública no município.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

41

Nas praças e parques da cidade ocorrem eventos como feiras de artesanato

semanais, como na Pç. José Bonifácio, e diversos outros eventos autorizados pela

prefeitura. Estes eventos são importantes opções de lazer que incentivam a

utilização dos espaços públicos pela população. Nas visitas realizadas nestes locais,

observou-se que estes são utilizados pela população e se encontram em bom

estado de conservação.

Com base na atualização do mapeamento de praças, parques e espaços

recreativos em Piracicaba, nos depoimentos dos técnicos colhidos na prefeitura, nas

constatações resultantes das visitas de campo, foi possível tecer algumas

conclusões acerca da gestão e localização dos espaços livres públicos do município.

Quanto à localização percebeu-se que a cidade de Piracicaba é

satisfatoriamente atendida quanto a espaços livres públicos estruturados, voltados à

recreação, esporte e contemplação. As praças, parques e espaços recreativos estão

distribuídos de forma equânime no território o que facilita o acesso dos moradores,

atendendo a uma grande quantidade de usuários.

Quanto à gestão, percebeu-se que a elaboração de projeto, o

acompanhamento da execução e a manutenção ficam distribuídos por diversos

setores da administração municipal, com definições precisas de atribuições.

Verificou-se inclusive que cada uma destas atividades é realizada de forma

desarticulada, em mais de um setor. Até o momento, as áreas com padrão edílico de

maior poder aquisitivo são as que mais recebem projeto de paisagismo.

Para Macedo et al. (2008) a escolha para a implantação de praças, parques,

ou espaços recreativos deve ser levada em consideração a distribuição e

acessibilidade dos espaços livres no tecido urbano. Contrapondo a esses critérios,

observou-se na pesquisa realizada que a escolha do local para implantação de

praças é dificultada pela ausência de previsão destes espaços em loteamentos

irregulares.

Ainda segundo os autores observa-se nas cidades brasileiras a falta de

manutenção dos espaços públicos, que ficam à mercê de orçamentos mal

distribuídos. Isso pode ser visto também em Piracicaba, onde os próprios gestores

admitem deficiência na manutenção.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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CAPÍTULO 3

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS EM PIRACICABA

Ao estudarmos espaços construídos e espaços livres de

ocupação e edificação, espaços públicos privados, espaços

individuais e espaços coletivos, espaços de recreação e

circulação, espaços aberto e espaços fechados, dentre as

diversas categorias de análise aplicáveis à nossa pesquisa,

estaremos sempre associando seus significados quanto à

estrutura, função e lugar a uma base física, visando referenciar,

qualificar, quantificar e definir atributos de valorização social,

ambiental e cultural a eles relacionados. (SCHLEE, 2009, p.

243)

3.1. Método

Autores da rede SEL, como Eugenio Queiroga, Silvio Macedo, Vera Regina

Tângari foram primordiais para o acerto de uso de certo termos, como a confusão

parte dos órgãos públicos de elaborar políticas urbanos e planos diretores que

incorporem em suas metas e conteúdos os espaços livres públicos e privados, assim

como a questão ambiental em sentido mais amplo e com enfoque urbanístico-

paisagístico, a priorização das demandas das elites, enquanto se observar ações

mais modestas nos subúrbios e bairros mais pobres, as estruturas de manutenção

tendem a ser insuficientes para os logradouros públicos, e a ainda a atividade

esportiva ao ar livre é com certeza o principal mote na constituição de novas praças

e parques, e são objetos das mais diversas experiências projetuais.

Para elaboração das fichas de dados, que posteriormente foram essenciais

para a elaboração da análise, tomou-se como base a dissertação de mestrado da

PUC-Campinas apresentada pela mestra Patrícia Reis Caldeira de Camargo. Em

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seu trabalho, que tinha como foco o município de Hortolândia, optou-se por elaborar

de forma semelhante, os conceitos, características, e entraves necessários para

elaboração da análise do sistema de espaços livres do município de Piracicaba.

O método adota como instrumento de análise do processo de urbanização o

processo de parcelamento de solo urbano. Como procedimento adotou-se o

levantamento dos processos de aprovação de loteamentos. Conseguiu-se assim

identificar o conjunto dos espaços de propriedade pública, para posterior

aprofundamento da análise, identificar quais seriam os espaços livres de edificação

originalmente aprovados no processo de parcelamento.

Simultaneamente as leituras, foram feitas coletas de dados da base

cartográfica existente no município. Foi fornecida, pelo Instituto de Planejamento e

Pesquisa, planta em escala 1:15.000 do município com seus loteamentos, e ainda

planta do município com as delimitações de equipamentos públicos. Em arquivo

digital (. dwg) foram fornecidas as plantas anteriormente descritas e a planta do

município inserido regionalmente.

O levantamento de dados, por ter apresentado algumas divergências, foi mais

demorado e minucioso do que inicialmente imaginava-se. Alguns equívocos quanto

a delimitações de áreas públicas, fizeram com que houvesse fossem necessários

uma consulta mais detalhada no setor de cadastro. Em algumas regiões, o que se

apresentava na planta oficial fornecida pela prefeitura, não estava suficientemente

atualizada com o que condizia com a realidade do local. Apesar do cuidado tomado

na obtenção das informações, a pesquisa é limitada.

Foi feito levantamento em campo por meio de fotografias in loco das áreas

demarcadas como públicas e através de sobrevoo, que possibilitou a leitura dos

bairros e da articulação entre os espaços livres existentes. Foi possível contar

também como fotografias do acervo do Sedema, registradas por técnicos e fiscais

feitas de 2005 a dezembro 2012 e fotos específicas para esta pesquisa feitas entre

2011 e dezembro 2012 pela autora.

Para melhor compreender o município de Piracicaba e seu sistema de

espaços livres, o território foi dividido em Unidades de Paisagem. O termo criado por

Le Courbusier na criação do instrumental do urbanismo para representar os espaços

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

44

que apresentam características semelhantes entre si, determinadas por fatores

físicos, naturais ou culturais. No caso do município de Piracicaba, para a delimitação

das Unidades de Paisagem levou-se em consideração a homogeneidade dos

tecidos gerados pelas diferentes formas de apropriação do solo e a semelhança

física dos espaços livres de edificação.

São 26 unidades que dividiram a área urbana do município levando em

consideração elementos estruturadores do município como o rio Piracicaba, as

principais vias de acesso e ainda a tipologia de formação dos bairros, a fim de

responsáveis por agrupar em setores de análise áreas homogêneas do território, na

qual se possa destacar as características predominantes, as potencialidades, bem

como as possibilidades presentes na região, além dos entraves enfrentados pelo

setor e por fim propor ações baseados na gestão existente que possam traçar novas

diretrizes de ocupação e apropriação dos espaços livres públicos ver anexo 3.

Após a divisão do município de Unidades de Paisagem, era necessário

observar a área urbanizada de maneira total. Foi a partir dessa necessidade que

optou- semelhantes, o que denominamos aqui de

m-se de limitações, cinco ao total,

e ações propostas que quando agrupadas, caracterizam uma maior região de área a

ser analisada. Só a partir dessa etapa foi possível chegar a súmula que permitiu

sintetizar o sistema de espaços livres a partir da análise da paisagem urbana no

município de Piracicaba.

Com isso foi possível observar de maneira o território do município, todas as

áreas urbanizadas existentes dentro do perímetro e o sistema de espaços livres

existentes, destacando os parques ver anexo 4.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

45

3.2. Caracterização dos espaços livres públicos de Piracicaba

Com a delimitação das Unidades de Paisagem, foi possível traçar o perfil da

paisagem urbana existente da cidade de Piracicaba e determinar o tipo de estrutura

do Sistema de Espaços Livres existente.

A delimitação das unidades de paisagem foi feita considerando o

parcelamento do solo, o tipo de ocupação dos lotes, considerando as estruturas

lineares, como vias e rios, além de graus de transformação recente no território, e a

ação dos diversos agentes.

Foram destacadas as características predominantes, as potencialidades, bem

como as possibilidades presentes na região, além dos entraves enfrentados pelo

setor e por fim propor ações baseados na gestão existente que possam traçar novas

diretrizes de ocupação e apropriação dos espaços livres públicos.

Limitou-se em analisar apenas a área urbana, por isso o destaque para o

perímetro urbano loteamentos existentes dentro do perímetro urbano. Distritos e

bairros fora do perímetro urbano, ou seja, existentes em área rural, não foram

considerados na análise.

Para cada unidade de paisagem, foram considerados o suporte físico, os tipos

de espaços livres, o parcelamento e uso do solo, as relações sociais existentes, o

sistema viário, a rede hídrica, bem como a sua importância na configuração dos

espaços livres.

Além do rio, alguns aspectos foram primordiais em algumas unidades como,

por exemplo, a Rodovia Geraldo de Barros (SP 304), a Rodovia Hermínio Petrin (SP

308), a Rodovia Fausto Santo Mauro (SP 127), a Rodovia Dep. Laercio Corte (SP

147), a Rodovia Luiz de Queiroz (SP 304), a Rodovia do Açúcar (SP 308), a Rodovia

Cornélio Pires (SP 127), a Rodovia Samuel de Castro Neves (SP 147). As vias

urbanas também podem ser consideradas como elemento estruturador da

paisagem.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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No levantamento de entraves foram considerados os aspectos sociais e

ambientais decorrente do processo de ocupação dos espaços e da apropriação dos

recursos, ambientais e socioeconômicos.

A relação dos munícipes com o rio Piracicaba é um exemplo destes aspectos

decorrentes da apropriação dos recursos, e pode ser facilmente observada em

algumas unidades de paisagem.

Como ações para um cenário futuro provável foram consideras as ações

sobre a paisagem por parte do poder público, da iniciativa privada, bem como do

comportamento da sociedade que podem gerar produtos positivos e negativos.

O mapa a seguir ilustra as 26 unidades de paisagem, que serão objetos de

análise, o que pode ser melhor visualizado no anexo 3.

Mapa 1: Setores para levantamentos de dados Unidades de Paisagem. Autora, 2012.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

47

Já a figura abaixo, aponta para os 5 compartimentos que serão objetos de

análise posteriormente, sobrepostos as 26 Unidades de Paisagem estabelecidos

para fins de levantamento dos espaços públicos, também melhor representados no

anexo 3.

O mapa a seguir traz o levantamento das áreas públicas divididas em uma

legenda que caracterizam o espaço público. Há uma divisão entre os espaços livres

e os espaços que foram pré-determinados como livres, mas que hoje são ocupados

por edificações. Há espaços destinados em sua origem como institucionais, os

espaços ocupados por indústrias ou equipamentos de grande porte, os condomínios

residenciais e os cemitérios municipais.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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3.3. Unidades de Paisagem: a paisagem urbana e o Sistema de Espaços Livres de Piracicaba

Algumas características observadas, mesmo que referente a setores

específicos são relevantes e devem ser apontadas. Os espaços livres públicos que

não se apresentam dentro do perímetro urbano, portanto na zona rural, não foram

consideradas nesta análise.

Apesar da crescente expansão do perímetro urbano, a última oficializada em

dezembro de 2011, o município conta com uma extensa área rural, inexistindo,

portanto a conturbação com áreas consolidadas das cidades vizinhas.

A seguir serão apresentadas as fichas técnicas das 26 Unidades de

Paisagem para compilação dos dados do levantamento.

Conforme já exposto, a divisão das unidades considerou a homogeneidade

dos espaços consolidados, o limite das rodovias, as vias urbanas e a proximidade

territorial dos loteamentos. Quando a mancha urbana era muito extensa, optou-se

por setores menores que consideraram a integração dos espaços livres públicos.

Os espaços livres de edificação foram reconhecidos em dois aspectos:

estruturados e sem estruturação. Os espaços livres estruturados são aqueles que

receberam algum tipo de tratamento paisagístico ou implantação de projetos, são

acessíveis por guias, sarjetas e calçadas, além de boa parte deles possuírem

equipamentos de recreação como parque infantil, campo de futebol de areia, bancos

e mesas de jogos, e ainda iluminação, o que viabiliza o uso noturno do espaço. Já

os espaços sem estruturação são por exclusão o restante.

Os espaços públicos edificados, neste trabalho, são os espaços que

sua origem, ou seja, na aprovação do loteamento, mas que foram utilizados para

edificações. Portanto, os espaços identificados com usos para escolas e para saúde,

ocupam espaços que de acordo com a denominação original seriam espaços livres

de edificação. Os espaços institucionais não foram caracterizados como edificados

ou livres, estão assinalados conforme a denominação que recebem.

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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Foi importante demarcar os espaços ocupados pelas indústrias de grande

porte, por alguns condomínios residenciais, pelos cemitérios, pois ocupam glebas

que não foram loteadas, públicas e privadas.

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UP 1 CONTEXTO TERRITORIAL

Parque Piracicaba Vila Sônia

500m

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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UP 1

ESPAÇOS LIVRES

Nesta unidade destacam-se como elementos estruturadores da paisagem a SP 304 ao sul e a SP 308 a leste. Os espaços livres existentes na área são constituídos principalmente por áreas públicas, como praças que se destinam a recreação infantil, prática de esportes e contemplação. Destacam-se também os espaços livres sem ocupação, que se apresentam em áreas de mata ciliar e linhas de drenagem, ou ainda a espera de parcelamento. É possível observar também o espaço livre residual da implantação do sistema viário, e apesar de trechos arborizados, não possui uso específico. As praças e espaços recreativos existentes são frequentemente utilizados pelos moradores. O leito carroçável bem como as calçadas serve tanto para o trânsito de veículos quanto para atividades sociais e caminhadas.

500m

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UP 1 FOTOS

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-

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UP 2 CONTEXTO TERRITORIAL

Vila Sônia Santa Terezinha

500m

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O Sistema de Espaços Livres e a Paisagem Urbana: considerações sobre Piracicaba/SP

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UP 2 ESPAÇOS LIVRES

Esta unidade corresponde a uma área de uso predominante residencial e comercial, onde a cobertura vegetal se resume na arborização das ruas e é visto em praticamente toda a unidade de paisagem, com exceção aos parques e praças. O bairro Santa Terezinha já tentou por diversas vezes o desmembramento de Piracicaba, alegando a autosuficiência comercial. O desmembramento foi negado, no

voltados a prática de exercícios como pista de caminhada, campos de areia e canteiros gramados. Boa parte dos espaços livres públicos desta UP são destinados a atividades sociais e recreativas, contemplação e caminhada. Dessa forma, os espaços livres públicos são inúmeros acompanhando a demanda dos usuários da região, uma vez que seus programas de uso são convidativos e estimulam o uso do espaço. A SP 308 e 304 são importantes eixos de ligação da UP com o restante da cidade.

500m

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UP 2 FOTOS

-

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UP 3 CONTEXTO TERRITORIAL

Santa Terezinha Vila Industrial Mário Dedini

Observação: O sobrevoo feito não contemplou esta região.

500m

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UP 3 ESPAÇOS LIVRES

Corresponde a ocupações ao longo do rio Corumbataí, afluente do rio Piracicaba, em área frequentemente inundável, sendo que a grande maioria desta UP é caracterizada por lotes industriais nas margens do rio e em algumas chácaras remanescentes. A cobertura vegetal é de porte variado, onde é possível observar diversas árvores e gramíneas ao longo das ruas, nos lotes articulares e nas margens do rio. Com relação aos espaços livres públicos na maior parte dos casos se limite a resíduos do sistema viário. Além desses espaços, as calçadas são apenas omplementares aos lotes, não sendo útil para a permanência dos usuários.

500m

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UP 3 FOTOS

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UP 4 CONTEXTO TERRITORIAL

Mário Dedini Vila Industrial

Vila Fátima

Figura 53:Unidade de Paisagem 4. Observação: O sobrevoo feito não contemplou esta região.

500m

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UP 4 ESPAÇOS LIVRES

Corresponde a uma área predominantemente residencial, proveniente em sua maioria de habitações populares executadas pela

gestão municipal em parceria com o governo do Estado, destinadas a famílias de baixa renda. Destacam-se ainda habitações em áreas de risco, como margens de rios. A arborização é pouca, aparecendo nas ruas, canteiros, praças e lotes vazios. Existem nesta área espaços livres públicos com campo de areia, campo de futebol, parque infantil, pista de caminhada, parque linear junto ao córrego, canteiro central nas avenidas, e praças delimitadas pelo traçado viário. Além desses espaços livres públicos a população conta ainda com as próprias ruas e calçadas que exercem atividades sociais e lazer. Os espaços livres privados limitam-se aos recuos dos lotes, que em boa parte são construídos. A UP conta ainda com a área recreativa da escola de capacitação técnica.

500m

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UP 4 FOTOS

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UP 5 CONTEXTO TERRITORIAL

Vila Industrial

500m

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UP 5 ESPAÇOS LIVRES

Trata-se de áreas em processo de consolidação pertencente ao bairro Vila Industrial. Seu uso é exclusivamente residencial, unifamiliar e multifamiliar, com edificações de poucos pavimentos. A vegetação existente é proveniente da mata ciliar dos córregos fronteiros a UP, sendo que a vegetação das ruas e calçadas é praticamente inexistente. Observa-se nesta UP a existência de rotatórias e canteiros delimitados pelo sistema viário, no entanto, não possuem nenhum tipo de tratamento paisagístico. É possível observar espaços livres públicos, como canteiros e calçamentos, provenientes do traçado das ruas. Os espaços livres privados correspondem aos recuos dos lotes e sua arborização é praticamente inexistente.

500m

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UP 5 FOTOS

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UP 6 CONTEXTO TERRITORIAL

Vila Fátima Jardim Primavera

Observação: O sobrevoo feito não contemplou esta região.

500m

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UP 6 ESPAÇOS LIVRES

Compreende a área consolidada, com uso predominantemente residencial unifamiliar, apresentando pequenos pontos comerciais ao longo das principais vias de acesso. A arborização aparece nas ruas e canteiros centrais. As ruas servem basicamente para no trânsito de veículos e a ausência de calçadas de largura apropriada não contribui para a permanência e convívio dos moradores. Eventualmente observa-se a realização de atividades sociais, recreação infantil ou contemplação. Os espaços livres públicos são compostos por canteiros centrais, alamedas, praças e áreas localizadas nos finais de rua proveniente do loteamento do bairro destinados ao convívio público.

500m

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UP 6 FOTOS

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UP 7 CONTEXTO TERRITORIAL

Vila Fátima Jardim Primavera

500m

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UP 7 ESPAÇOS LIVRES

Esta unidade de paisagem corresponde a uma área de uso industrial, de médio e pequeno porte, atravessada pelo prolongamento das rodovias 127 e 204 e completamente urbanizada. A vegetação intralote é considerada em quantidade mediana, onde se observa árvores de grande porte e arbustos nos espaços provenientes do parcelamento das áreas construídas. Os espaços livres privados são no geral pequenas áreas externas às edificações destinadas a atividades de descanso dos funcionários das empresas instaladas nesta região e normalmente possuem cobertura vegetal de alto porte e arbustiva. No caso dos espaços livres públicos, nesta unidade de paisagem correspondem aos canteiros centrais das avenidas circundantes, rotatórias, calçadas e pequenas praças delimitadas pelo traçado viário e não possuem um tratamento adequado à permanência e convívio dos usuários. Destaca-se a sede da empresa Arcelor Mital, produtora de aços para construção civil, além de empresas especializadas no ramo logístico.

500m

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UP 7 FOTOS

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UP 8 CONTEXTO TERRITORIAL

Guamium Jd. Primavera

Areião

500m

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UP 8 ESPAÇOS LIVRES

Corresponde à área de

uso comercial, residencial e de uso especial. Predominantemente coberta por áreas de agricultura e loteamentos isolados junto a SP 127. Na área existe ainda o Cemitério Municipal Vl. Rezende, a Sub-Estação de Energia da CPFL, o Zoológico Municipal, o Observatório, a Escola de Engenharia de Piracicaba, a UNICAMP, o Shopping, além de 2 hotéis. Os espaços livres públicos provenientes das rotatórias, canteiros centrais, calçadas e das vias, sem tratamento adequado.

500m

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UP 8

FOTOS

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UP 9 CONTEXTO TERRITORIAL

Guamium Santa Rosa Capim Fino

500m

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UP 9 ESPAÇOS LIVRES

A UP 9 compreendende uso predominante

residencial. Possuem cobertura vegetal intensa, principalmente na área residencial. Conecta-se com o município pela SP 127. O traçado das ruas segue padrão orgânico. O espaço livre intra-lote limitam-se aos recuos das edificações. Os espaços livres públicos se destacam em praças, ruas e calçadas, além de rotatórias e canteiros centrais. É possível observar ainda, as áreas provenientes da vegetação de várzea dos braços de rio existentes. As calçadas servem apenas para a circulação de pedestres, e as ruas destinam-se ao trafego de carros de passeio e do transporte de ônibus que servem a unidade, já que a mesma de encontra deslocado do espaço consolidado central do município. É possível observar espaços destinados à recreação, adequados para utilização, com campos de futebol e parque infantil, além de equipamentos de academia ar livre.

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UP 9 FOTOS

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UP 10 CONTEXTO TERRITORIAL

Guamium

Santa Rosa Capim Fino

Monte Alegre

500m

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UP 10 ESPAÇOS LIVRES

Compreende as porções não consolidadas dos bairros Santa Rosa e Capim Fino além de todo bairro Água Santa, que recebeu esse nome devia a quantidade de nascentes existentes na região. Limite ao rio Piracicaba, se destaca as áreas de mata ciliar ao longo das linhas de drenagem dos afluentes. A cobertura vegetal é predominantemente o campo, com áreas destinadas a agricultura. Observa-se nessa unidade de paisagem a existência

instalação em andamento da montadora coreana Hyundai. Os espaços livres públicos, bem como os espaços livres privados não se encontram demarcados já que se tratam de glebas em processo de parcelamento.

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