da escola pÚblica paranaense 2009 filea vida que não é examinada, não vale a pena ser vivida....
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
ELZA PEREIRA DALLA COSTA
DESAFIOS À INCLUSÃO DE ALUNOS COM ALTAS
HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: DA IDENTIFICAÇÃO AO APOIO
ESPECIALIZADO
FRANCISCO BELTRÃO ABRIL DE 2010
ELZA PEREIRA DALLA COSTA
DESAFIOS À INCLUSÃO DE ALUNOS COM ALTAS
HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: DA IDENTIFICAÇÃO AO APOIO
ESPECIALIZADO
Material Didático apresentado como um dos
requisitos propostos pela Secretaria de Educação
do Estado do Paraná em parceria com a
Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento no
Programa de Desenvolvimento Educacional
2009, para Intervenção Pedagógica no GTR.
Orientadora: Professora Ms. Jane Peruzo Iacono
FRANCISCO BELTRÃO
ABRIL DE 2010
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JUSTIFICATIVA
A vida que não é examinada, não vale a pena ser vivida.
Sócrates
Periodicamente renovam-se as metodologias pedagógicas em razão da
conquista de novos conhecimentos nas diferentes áreas do saber. Porém, devido
às transformações pelas quais passa a humanidade, parecem surgir
intranquilidades, inseguranças e perdem-se os referenciais.
As motivações para a escolha deste trabalho são, por um lado, de ordem
pessoal, e por outro, de ordem profissional. Elas foram geradas na trajetória de
vida como professora, por que, entre outros fatores, surgiram inquietações no que
se refere ao pouco conhecimento que constatei ter sobre como identificar e
trabalhar com alunos com altas habilidades/superdotação no contexto geral das
escolas. Nesse sentido, constatei também, a falta de um trabalho que visasse à
provisão de atendimento e recursos para oferecer a todos os educandos,
independentemente das diferenças que possuam, para que possam obter máximo
desenvolvimento de seu potencial.
Ao elaborar minha dissertação de mestrado “Comportamento agressivo:
suas causas e suas manifestações no ambiente escolar”, resultado de uma
trajetória de entrevistas e análises, a atenção foi voltada para a agressividade
manifestada por alguns alunos. No decorrer da pesquisa com dez adolescentes,
pude compreender, conforme (COSTA DALLA, 2005, p. 124) que “o que dificulta o
relacionamento entre professores e alunos são por um lado os próprios conflitos
internos e, principalmente, as inseguranças interiores, como também, as
dificuldades que os outros possam interpor ou as dificuldades externas” o que me
levou a observar os grandes conflitos vivenciados no seio familiar, bem como as
dificuldades que a escola enfrenta na transmissão do saber perante a diversidade
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dos alunos, sobretudo no que se refere às suas capacidades, somadas aos muitos
atos agressivos apresentados.
Em razão de minha experiência como educadora de crianças, adolescentes
e jovens, destaco a importância de identificar as especificidades do aluno
talentoso, por considerar que essas características estão implícitas nos seres
humanos e ainda por exigir do educador o tato para a observação e registro dos
fatos que ocorrem em sala de aula, bem como, a análise das características
apresentadas por esses alunos e suas ações extra classe, considerando, ainda,
que de um modo geral, o professor que atua na Educação Básica está mais
envolvido com o ensino do que com a pesquisa científica.
No âmbito educacional, especificamente nas questões que envolvem o
ensino aprendizagem de alunos com altas habilidades/superdotação, que fazem
parte da modalidade denominada Educação Especial, há dificuldade em identificar
os alunos talentosos, fazendo com que um número bastante reduzido receba
atentimento especializado. Isto acontece devido à carência de informações e de
políticas públicas específicas para atender as reais necessidades educacionais
desses alunos. Como destaca Piaget (1988, p. 33) “a educação é, por
conseguinte, não apenas uma formação, mas uma condição formadora necessária
ao próprio desenvolvimento natural”.
Observa-se que a escola, na maioria das vezes, encontra dificuldades em
administrar os potenciais de seus alunos que apresentam capacidades diversas,
com dificuldades até para investigar esses potenciais, o que deve ser feito por
meio de questionários, entrevistas, observações e registro das características
apresentadas, definindo suas reais necessidades. Para tanto a escola deve ter
como referencial as instruções previstas na Resolução Nº 02/2001, CNE/CEB e
Deliberação Nº 02/2003, CEE, bem como em outros documentos que tratam sobre
o tema.
Importante destacar a análise de Renzulli sobre o que oferecer ao aluno
com altas habilidades/superdotação que reflete uma interação entre três
agrupamentos básicos determinantes da essência dos seres humanos, que
denomina como Modelo dos Três Anéis e Modelo Triádico de Enriquecimento,
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afirmando que “a primeira finalidade é fornecer aos jovens oportunidades para um
maior crescimento cognitivo e auto-realização, através do desenvolvimento e
expressão de uma área de desempenho ou uma combinação delas, nas quais o
potencial superior pode estar presente” (RENZULLI, 2004, p.81). Indica, ainda,
uma outra finalidade que favorece os jovens que apresentam elevado potencial,
afirmando que esta “segunda finalidade é aumentar a reserva social de pessoas
que ajudarão a solucionar os problemas da sociedade contemporânea, tornando-
se produtores de conhecimento e arte e não apenas consumidores das
informações existentes”.
Assim, identificando os alunos com altas habilidades/superdotação
procurar-se-á concretizar uma proposta de uma escola plural, aberta, com ações
pedagógicas que busquem flexibilizar o currículo para oferecer respostas
educativas suplementares às necessidades especiais desses alunos que também
estão inseridos nas instituições de ensino, mas muitas vezes, continuam
esquecidos.
Faz-se necessário também, não apenas identificá-los e prover
suplementação de estudos, mas após o provimento de condições que
potencializem seus talentos, faz-se emergente realizar acompanhamento
sistemático - não apenas para continuar “sondando” a diversidade de
características que ainda podem ser apresentadas por esses alunos, no sentido
de que esses potenciais possam ser ampliados e, no futuro, aproveitados no meio
educacional e/ou social da comunidade onde se encontram inseridos – mas
também para alavancar o desenvolvimento educacional do nosso estado e,
consequentemente, do nosso país.
Dessa forma, observando, inicialmente, os elementos que delineiam o perfil
dos alunos com altas habilidades/superdotação, são constatados importantes
indicadores e valiosas contribuições para realizar sua identificação na busca do
apoio necessário à potencialização de seus talentos por todos os envolvidos no
processo educativo, especialmente os professores, o que justifica e dá relevância
a este projeto de estudos.
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OBJETIVO GERAL
Analisar e compreender os principais conceitos e definições sobre altas
habilidade/superdotação, visando à identificação e apoio especializado aos alunos
da educação básica que apresentam tais características e à formação de
professores de Salas de Recursos, com referência a esta temática.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Pesquisar e compreender os diversos modelos e conceitos apresentados
por autores contemporâneos sobre altas habilidades/superdotação.
Desenvolver Curso de formação para professores de Salas de Recursos
sobre altas habilidades/superdotação no formato de oficinas, para abordar
também os recursos materiais necessários ao trabalho pedagógico com esses
alunos.
Contribuir para a identificação, nas escolas onde atuam os professores de
Salas de Recursos, alunos com indicadores de altas habilidades/superdotação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
“A meta principal da educação é criar homens e mulheres que sejam capazes de fazer coisas novas, não somente repetindo o que outras gerações já fizeram”.(JEAN PIAGET).
À medida que os séculos se sucedem o conceito de educação passa por
mudanças. Ao longo de toda a vida, os seres humanos são desafiados e
impulsionados a se transformarem. O estudo, objeto desta investigação não
pretende abordar de forma completa toda a gama de conceitos sobre a temática,
mas contribuir para a compreensão dos aspectos relacionados à educação dos
indivíduos que apresentam altas habilidades/superdotação.
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Muitas são as leis e estudos científicos que tratam sobre a educação, mas
esta continua solitária em seu trabalho de educar e formar as gerações de
crianças e jovens que a ela acorrem todos os dias. Já na segunda década do
Século XXI, constata-se a necessidade de um retorno à escola, a fim de averiguar
e acompanhar suas dificuldades, seus anseios, as necessidades de inovação que
apresentam seus protagonistas, pois a educação integral do ser humano - no
sentido de uma formação completa - é uma exigência contínua.
Numa análise comparativa, observa-se, por exemplo, nas clínicas
especializadas em medicina (tanto na medicina convencional, quanto na
alternativa) que por trás de todo trabalho prático, como é o caso da homeopatia,
para se chegar a um diagnóstico seguro, o profissional da área tem levado em
consideração os dados psicológicos e sociológicos, éticos e morais, históricos e
antropológicos, biológicos e geográficos do paciente. E, há ainda, muitos outros
dados que são inerentes a cada criatura, compreendendo-se que cada ser
humano desenvolve suas potencialidades, em função do seu quadro de
conquistas evolutivas e de sua posição atual no meio social.
Para se realizar uma educação integral e para se ter um equilíbrio entre o
saber que se adquiriu e o conhecimento que ainda precisa ser conquistado, se
torna imprescindível o conhecimento acerca da história de cada aluno, as
tradições e espiritualidade que permeiam a história de sua vida e de sua família,
bem como a percepção das crescentes interdependências que o envolvem.
Na sociedade contemporânea, vê-se a manifestação de vários níveis de
inteligência sendo apresentados na mídia, nas escolas e no meio social; onde
quer que se encontrem seres humanos apresentam-se manifestações de
inteligência e de como desenvolver o potencial humano. Mas, para reconhecer e
atender as reais necessidades das pessoas com altas habilidades/superdotação,
RENZULLI (2004, p. 81) oferece reflexões em seus artigos sobre esta modalidade
e modelos de como identificar os superdotados e talentosos, bem como ações
práticas para atender esses alunos. O autor analisa a concepção de Superdotação
dos Três Anéis, o Modelo Triádico de Enriquecimento e o Modelo de
Enriquecimento para Toda a Escola. A esse respeito suas ideias formaram o
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referencial teórico do seu trabalho, que durante décadas, discutiu e ressaltou as
aplicações práticas na escola, para com isso analisar os resultados da
intervenção, que foram submetidos rigorosamente à pesquisa em situações de
vida real. Para chegar a resultados em seu estudo enfrentou muita discordância. O
autor acima referido afirma:
É fácil entender a ampla aceitação do escore de corte se também analisarmos historicamente: 1) as formas como os alunos indicados eram comumente atendidos nos primeiros tempos do movimento; e 2) o surgimento de diretrizes e, especialmente, das fórmulas de financiamento estaduais. A maioria dos programas separava os alunos identificados em classes especiais em turno integral ou salas de recursos em tempo parcial para os alunos pré-selecionados. Os programas típicos nas escolas consistiam, principalmente, na aceleração do conteúdo ou conglomerados de atividades de enriquecimento desconexas, freqüentemente baseadas nos temas e unidades de estudo favoritos de cada professor ou tendenciosas atividades para desenvolver o pensamento, que eram reivindicadas como atividades baseadas na Taxonomia de Objetivos Educacionais de Bloom. O advento do financiamento estadual, quase sempre baseado na contagem de corpos para o reembolso, trouxe uma pressão adicional para as escolas, que apareciam com listas bastante grandes de questionamentos sobre quais alunos deveriam qualificar de acordo com as diretrizes impostas pelos estados (RENZULLI, 2004, p. 81) (Grifos do autor).
Dessa forma, entende-se que o novo modelo de educação para
superdotados desafiou o sistema educacional tradicional vigente nas décadas de
60 e 70 do século XX que comandava o processo educacional nos Estados
Unidos; se naquele tempo a proposta teórica de Renzulli foi rejeitada, atualmente
vem contribuído para identificar os talentosos, com propostas para melhor atender
os que apresentam altas habilidades/superdotação.
Quando apareci em cena, no final da década de 1960 e início da década de 1970, uma série de observações ajudou a delinear o que veio a tornar-se a Concepção da Superdotação dos Três Anéis e o Modelo Triádico de Enriquecimento. A primeira tinha a ver com o propósito dos programas especiais. Em qualquer esforço para definir e identificar um grupo-alvo está implícita, em primeiro lugar, a suposição de que colocaremos à disposição serviços especiais que capitalizem sobre as características de determinados jovens que chamaram a nossa atenção. Em outras palavras, o porquê substitui o quem e o como (RENZULLI, 2004, p. 82) (Grifos do autor).
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No contexto educacional contemporâneo, discute-se amplamente o
conceito de inteligência e o escore QI - Quociente de Inteligência - para identificar
alunos com altas habilidades/superdotação, no sentido de definir suas
capacidades cognitivas e acadêmicas. Renzulli, apesar de valorizar a cognição,
questiona o predomínio de um único critério, analisa a superdotação acadêmica
que é mensurada pelos testes padronizados de capacidades, utilizados como
forma de seleção de alunos para programas especiais. Assim, apresenta meios de
identificar a superdotação produtivo-criativa, descreve aspectos envolvendo
atividades que incentivam o desenvolvimento de ideias, enfatiza a aplicação do
conhecimento e dos processos de pensamento de forma integrada e indutiva que
orientem o problema real vivenciado no contexto educacional.
A partir de seus pressupostos, Renzulli e sua equipe de pesquisadores
constataram, com o Modelo Triádico/RDIM 1 trabalhado por professores de salas
de aula, diretores, alunos das redes de talentos e seus pais, que os resultados
foram, em geral, positivos e o elevado nível de envolvimento dos alunos no novo
modelo superou os programas tradicionais para superdotados.
No Brasil, a atenção ao superdotado como primeira menção oficial
encontra-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971, que foi
substituída em 1996 pela Lei 9.394/96. Essa nova legislação contemplou a
possibilidade de o aluno com indicadores de altas habilidades/superdotação poder
participar da diversificação e diferenciação do currículo no âmbito da escola e até
da aceleração de seus estudos.
A Secretaria de Educação Especial do Estado do Paraná destaca que: “No
caso do superdotado, sugere-se o atendimento suplementar para aprofundar e/ou
enriquecer o currículo escolar. Este atendimento é realizado em salas de recursos,
localizadas em escolas da rede regular de ensino, em horário contrário ao da sala
de aula comum” (PARANÁ, 2006, p. 22). Os documentos apontam que não é
simples, identificar o aluno talentoso. Para oferecer educação com qualidade,
1 Aplicado por Renzulli.
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Freeman e Guenther (2000, p.146) destacam que a direção da escola precisa
trabalhar com afinco para que aconteça um bom trabalho com os talentosos:
A direção precisa disponibilizar algum tipo de apoio prático e concreto na distribuição dos recursos de aprendizagem, flexibilização de horários e cronogramas, resposta imediata ao que surge dentro das salas de aula, valorização da qualidade e quantidade de trabalho que é completado, e atitude positiva em relação às famílias... Todo o corpo docente, técnico e administrativo da escola deve ser envolvido em apresentar e implementar Políticas Educativas, pois, se crianças e adolescentes potencialmente capazes e talentosos passarem todo o seu tempo em companhia de professores apáticos e desinteressados, e não daqueles que estão motivados a ajudá-los, eles, dificilmente, irão se sentir encorajados a avançar com suas idéias e interesses (FREEMAN e GUENTHER, 2000, p.146).
É importante lembrar que a educação não é tarefa fácil, tanto para os
professores, bem como para os pais que enfrentam sérios desafios, exigindo mais
atenção, cuidado e principalmente preparação para entender os “altos e baixos”
quanto aos aspectos emocionais que enfrenta o educando no transcorrer de sua
jornada de estudos. O Programa de Capacitação de Recursos Humanos do
Ensino fundamental: Superdotação e Talentosos (BRASIL, 1999, p. 23), esclarece
que “Se a família não atuar paralelamente e em interação com a escola, pode
anular qualquer ação desta. Sendo o profissional educador um colaborador da
família na educação”.
Quanto às questões emocionais relacionadas à compreensão do sujeito talentoso, no que tange a compreensão dos pais sobre as emoções dos filhos, é relevante citar Goleman (1995, p. 205) quando diz:
Para serem treinados tão eficientes, os próprios pais devem ter uma compreensão profunda acerca dos rudimentos da inteligência emocional. Uma das coisas que uma criança deve saber, e que faz parte de sua aprendizagem emocional, é, por exemplo, distinguir sentimentos; se, por exemplo, um pai está fora de sintonia com seu próprio sentimento de tristeza, ele não será capaz de ajudar o filho a saber a diferença que há entre lamentar uma perda, sentir-se triste num filme triste e sentir tristeza porque alguma coisa ruim aconteceu com alguém que a criança gosta. Além dessa distinção, há compreensões mais sofisticadas acerca de emoções, como, por exemplo, saber que a raiva vem do fato de nos sentirmos magoados (GOLEMAN, 1995, p. 205).
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Ao entender que a inteligência acadêmica não está desvinculada do
processo de desenvolvimento integral do ser humano, constata-se o quão
importante é inteirar-se sobre todos os tipos de inteligência. A esse respeito
Goleman (1995, p. 46) afirma: “a inteligência acadêmica pouco tem a ver com a
vida emocional. As pessoas mais brilhantes podem se afogar nos recifes de
paixões e dos impulsos desenfreados; pessoas com alto nível de QI podem ser
pilotos incompetentes de sua vida particular.” Assim, tem-se a clareza de que o QI
não explica toda variação da capacidade humana e que os estudos da Inteligência
Emocional contribuirão desbravando novos resultados.
Para Margarida Pocinho2, não existe uma definição unânime entre os
especialistas que conceituam as Altas Habilidades/Superdotação, pois há vários
conceitos para nomear o que ela denomina sobredotação:
Neste sentido, importa adotar um conceito de sobredotação que não se confina à inteligência abstrata ou à aprendizagem escolar, passando, por exemplo, a incluir-se também, as habilidades sociais, a liderança ou a criatividade, variáveis mais associadas à personalidade, à motivação e aos próprios contextos de vida (ALMEIDA; PEREIRA, 2003; PEREIRA, 2000;). A ambiguidade e a falta de consenso relativamente a uma definição de sobredotação acarretam, evidentemente, dificuldades acrescidas ao nível da identificação e da atuação junto deste público-alvo (POCINHO, 2009 p. 4).
Revela-se, neste contexto, que a tarefa de identificação dos alunos com
altas habilidades/superdotação apresenta vários fatores complexos, como
também, encontra-se rodeada por muitas vicissitudes, por apresentar
características distintas; porém, com a identificação, visa-se à inclusão desses
alunos, na medida em que se faz adaptações no modo de ensinar e aprender.
Contudo, exige-se rigorosidade metódica, conforme esclarece Freire (1996,
p. 26):
Ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmete feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e educandos criadores,
2 Professora auxiliar, Departamento de Psicologia e Estudos Humanísticos, Universidade de Madeira, Campus Universitário da Panteada, Portugal. 9000 [email protected]
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instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes (FREIRE, 1996, p. 26).
Para Jung (1986, p. 143) não é tão simples reconhecer os alunos bem-dotados:
Para o diagnóstico do talento, requer-se muitas vezes exames e observações da individualidade infantil, tanto na escola como em casa; apenas isso conseguirá estabelecer o que é dote primário e o que é reação secundária. Na criança talentosa a falta de atenção, a distração e a sonolência se revelam como sendo uma defesa secundária contra influências externas, para que ela possa acompanhar sem perturbação os processos interiores de sua fantasia. Mas só a averiguação de que existe uma fantasia ativa ou interesses especiais não constitui ainda prova de algum talento especial. Tais excessos da fantasia ou interesses exagerados se encontram também nos antecedentes de neuroses e psicoses ulteriores. Mas é pela qualidade das fantasias que se pode reconhecer o talento. Para isso, certamente, é preciso que se saiba distinguir entre a fantasia ajuizada e a tola (JUNG,1986, p. 143).
Com base neste autor, percebe-se que o educador encontra um grande
desafio para compreender o que permeia a fantasia e as realizações futuras, bem
como o grau e a qualidade dos interesses com que se apresentam os dotes dos
alunos talentosos, como a originalidade, a sequência e a intensidade das ações e
até que ponto estende-se na diretriz da vida exterior.
Jung (1986, p. 144) destaca, ainda, como indícios importantes o grau e a
qualidade do interesse como tal:
Frequentemente se fazem descobertas espantosas em crianças problemáticas, como por exemplo, devorar livros em grandes quantidades e aparentemente sem escolha, o que ocorre, sobretudo, no proibido horário noturno, ou então notáveis habilidades práticas. Todos esses indícios somente são entendidos por aquele que se esforça em indagar nos alunos sobre o "como assim" e o "por que”, pois não basta reconhecer que os resultados dos alunos são maus. Por isso são requisitos desejáveis do professor que tenha certos conhecimentos de psicologia, i.é, conhecimento dos homens e experiência da vida. (JUNG, 1986, p. 144)
Deste modo, Jung orienta que todos esses potenciais somente são
entendidos quando o educador se preocupar em saber o “como assim” e o “por
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que”, pois ao comprovar que os resultados dos alunos são bons, deve-se efetivar
ações cabíveis para os casos encontrados.
Verifica-se que a inteligência é incontestavelmente um atributo do ser
humano e que se manifesta por ações voluntárias, por atos premeditados e
combinados, com as oportunidades que as criaturas encontram na vida diária.
Contudo, para a averiguação e a classificação das capacidades dos alunos
talentosos exige-se método, análise e conhecimento aprofundado do assunto,
conforme esclarece Jung no texto supramencionado, sendo que com exames e
observações das ações da criança poder-se-á apreciar as gradações de saber, de
capacidade e de moralidade que distingue entre seus pares. Jung salienta que “a
dotação psíquica do talentoso se situa entre contrastes muito amplos. É
extremamente raro que o talentoso alcance de modo mais ou menos igual todos
os campos do espírito” (JUNG 1986, p.144). Por essa observação, Jung (Id.
p.144) destaca que pode-se traçar um perfil para avaliar o nível de talentos pelas
palavras que profere o talentoso e pelos atos exercidos, detectando assim, quais
as áreas da cognição ao âmbito intelectual, como também ao moral e à vida
afetiva em que se encontra o educando. Esses dados são fornecidos pelo próprio
aluno, o que exige observação constante por parte dos envolvidos no processo
educacional.
Por outro lado, percebem-se outras diferenças, que, para Jung (1986), é “o
grau de maturidade. No âmbito do talento pode ocorrer em certos casos
precocidade anormal, enquanto fora dele as funções do espírito ainda se
encontram abaixo do nível da idade correspondente.” Nesse contexto, o professor
se depara com um grande desafio, pois constata que cada ser humano constitui a
individualização do princípio inteligente que se manifesta nos mais variados níveis.
Dependendo da maturidade da criança, seu potencial intelectual se
desenvolverá em diferentes fases. O profissional da área da educação, que
somente observar a aparência dos atos do educando, poderá supor que a criança
tem o desenvolvimento intelectual abaixo da média; contudo, o grande desafio
pode dar-se no intelecto precoce da criança, que pode não estar acompanhando o
desenvolvimento da oralidade, cabendo ao professor indagar o “como assim” e o
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“por que” ela age dessa forma; no entanto, na aparência dos fatos, o aluno pode
não revelar algumas habilidades práticas.
Jung (1986, p.145) esclarece: “Recordo-me de meninos que se distinguiam
na escola por burrice considerável e, no entanto, eram de capacidade modelar na
atividade agrícola exercida pelos pais.” Com esse exemplo, pode-se analisar
tantos outros dotes como para a Música, a Matemática, as Artes, dentre outros.
Percebe-se que a par das características intelectuais, as dificuldades que
perturbam a criança talentosa é a questão moral e da afetividade, que precisam de
uma compreensão maior por parte do educador para que disponha de uma
educação integral.
Quando se estuda sobre a educação de alunos com altas
habilidades/superdotação, desconsidera-se que grande parte desses sujeitos não
recebe atendimento adequado e os profissionais da educação também não estão
capacitados para atendê-los. Portanto, o momento histórico exige reflexão sobre o
que se deve trabalhar na escola, como: a diferença e a diversidade de potenciais
dos alunos matriculados nos estabelecimentos de ensino, a dificuldade dos
professores em identificar e desenvolver as diferentes capacidades manifestadas
por seus alunos nas áreas cognitiva, afetivo-emocional, social e perceptivo-
motora, e adaptações curriculares significativas ou de grande porte necessárias.
Para isso, não se deve perder de vista o compromisso de buscar atendimento
nessa área. O Documento do MEC (BRASIL, 1999, p. 55) destaca algumas
alternativas necessárias ao trabalho com esta população de alunos.
No atendimento pedagógico deve-se incluir alternativas de uma programação de enriquecimento e aprofundamento de currículos, propostas de aceleração de estudos ou ambas as alternativas dependendo do caso e estrutura da escola. Pode-se utilizar recursos da própria escola, da comunidade e outros que favoreçam condições necessárias ao pleno desenvolvimento do programa de atendimento. (BRASIL, 1999, p. 55)
Segundo o referido documento, os programas de atendimento aos alunos
talentosos são desenvolvidos mediante as características dos superdotados. O
sistema dará terminalidade nos estudos para que possam ampliar seus interesses
e capacidades. Os programas de enriquecimento são alternativas educacionais
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que visam ao maior desenvolvimento de habilidades e interesses dos alunos
superdotados (BRASIL, 1999, p. 58). Logo, destaca-se que as atividades de
enriquecimento e os estudos independentes devem ser desenvolvidos
paralelamente à programação normal das séries em que se encontra o aluno e
que a aceleração é uma modalidade de atendimento que permite ao aluno com
altas habilidades/superdotação concluir o programa de estudos em tempo inferior
ao previsto.
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, do Ministério da Educação (BRASIL, 2001, p. 39), consideram:
Altas habilidades/superdotadação, grande facilidade de aprendizagem que os leva dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em espaços definidos pelo sistema de ensino, inclusive para concluir, em menos tempo, a série ou etapa escolar. (BRASIL, 2001, p. 39)
Portanto, reconhecem-se que os alunos com Altas
Habilidades/Superdotadação ou talentosos, são sujeitos que apresentam notável
desempenho de elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos,
isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica
específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento
especial para as artes e capacidade psicomotora. Conforme, estabelecem os
documentos oficiais.
No delinear de muitos estudos e pesquisas nas diversas áreas do
conhecimento, percebe-se que para melhor atender esta modalidade de alunos,
necessita-se que o ambiente de sala de aula seja tranquilo e prazeroso, tanto para
educandos quanto para educadores. Isso requer mútua confiança, empatia e
simpatia para o enriquecimento da aprendizagem e do raciocínio.
Romanelli (2003, p. 54), destaca que:
[...] à medida que a experiência de vida e o amadurecimento da personalidade vão se prosseguindo, a tempestade emocional cede lugar para uma afetividade mais controlada, chamada especificamente de sentimento. O sentimento do ponto de vista neuropsicológico, já apresenta o significado de inteligência e afetividade agindo em harmonia, ou seja, resulta de emoções que
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foram “corticalizadas” [...] Sentimento Positivo, isto é a afetividade impulsionando a aprendizagem. Ou ainda, Inteligência Afetiva”.
O mesmo autor diz “Os neurônios estão a exigir que se fuja da rotina, que
se procurem sempre desafios e novos caminhos, que se explore ao máximo sua
plasticidade estrutural”. (ROMANELLI, 2003, p. 55).
Contudo, para que isso venha a acontecer, faz-se necessário - a partir de
experiências na área da educação, de pesquisas de campo realizadas, de
observações na aprendizagem, no confronto das análises das teorias
mencionadas nesse estudo e de outras pesquisas que existem sobre os alunos
com Altas Habilidades/Superdotação e ainda, a partir do exposto na Série -10 das
Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas
Habilidades/Superdotação - buscar a incorporação de novas soluções técnicas e
de metodologias alternativas de avaliação e diagnóstico, incentivar a participação
sociocultural desses educandos e patrocinar programas sistemáticos de
informações à família e à comunidade em geral O documento do MEC
(BRASIL,1995) traz que há necessidade também, de discussões coordenadas
pelos órgão oficiais de Apoio aos Núcleos Regionais de Educação, bem como
pelas Instituições que já identificaram os alunos com altas
habilidades/superdotação, bem como, ainda, o incentivo a toda rede de ensino
para a colaboração na identificação, encaminhamento e acompanhamento dos
alunos que apresentam talentos nas mais variadas áreas.
Nessa perspectiva, percebe-se que o processo de identificação do aluno
com altas habilidades/superdotação é complexo e por apresentar conceitos
ambíguos, consequentemente exige uma equipe multidisciplinar, composta por
docente especializado, psicólogo e docente das áreas específicas do talento
apresentado; enfim, é preciso que haja investimentos para realmente ser possível
efetivar uma educação qualitativamente diferenciada a esses alunos.
Neste sentido, com base nos autores citados neste texto bem como os
comentados no projeto postado na Unidade 3, procurar-se-á desenvolver ações
sobre a temática das Altas Habilidades/Superdotação.
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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Este material constitui-se como um Roteiro de Estudos e tem como objetivo
contribuir para a formação docente. O trabalho consistirá de oficinas pedagógicas
com professores de Sala de Recursos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental do
município de Francisco Beltrão, para que se possa contribuir com o processo de
sua formação continuada, quanto a:
• Conhecimento teórico-metodológico sobre Altas/Habilidades/Superdotação;
• Instrumentos para identificação de alunos com
Altas/Habilidades/Superdotação ou talentosos.
• Conhecimento sobre Programas e ações especializados, bem como
Recursos Materiais existentes para se trabalhar com esses alunos.
As cinco Oficinas - cujos encontros terão duração de quatro horas semanais –
serão constituídas por estudos que abordarão as seguintes temáticas:
ROTEIRO DE ESTUDOS - PRIMEIRA OFICINA
- Apresentação do Projeto elaborado.
- Concepção histórica do conceito de Altas Habilidade/Superdotação.
- Exposição, com auxílio de multimídia, da teoria de Renzulli.
TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA
• RENZULLI, J S. O que é esta coisa chamada superdotação e como a desenvolvemos? In: Revista Educação. Porto Alegre – RS, ano XXVII, n. 1 (52), p. 75 – 131, Jan./Abr. 2004.
ROTEIRO DE ESTUDOS - SEGUNDA OFICINA
- O professor oficineiro apresentará os textos dos autores Jung e Freeman e
Guentker, sobre as Altas Habilidade/Superdotação, para análise das teorias
apresentadas.
- Propor a criação de um texto pelos cursistas, sobre Altas
Habilidades/Superdotação.
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TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA
• JUNG, C. G. O Desenvolvimento da Personalidade: O bem-dotado,
páginas 139 – 151. Tradução de Frei Valdemar do Amaral; revisão técnica
de Dora Ferreira da Silva. – Petrópolis: Vozes,1986.
• FREEMAN, Joan ; GUENTHER, Zennita, C. Educando os Mais Capazes: ideias e ações comprovadas. São Paulo: EPU, 2000.
ROTEIRO DE ESTUDOS - TERCEIRA OFICINA
- Relatos de experiências pelos cursistas, pontuando as dificuldades
encontradas, possíveis soluções e os êxitos do trabalho.
TEXTOS E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS SUGERIDOS PARA CONSULTA
• Assistir e analisar recorte dos filme: “Uma Mente Brilhante”.
• UMA MENTE BRILHANTE - Secretaria da Educação - Filmes ...
Saiba mais. Drama, EUA, 2001, 134min, colorido. Elenco: Russell Crowe, Ed Harris, Jeniffer Connelly, Paul Bettany. www.filmes.seed.pr.gov.br
• FACOM - nº18 - 2º semestre de 2007. 4. O Garoto Selvagem em Três
Tempos. Victor de Aveyron e uma história cultural da inteligência.
www.faap.br/revista_faap/revista_ facom / facom _18/martin
ROTEIRO DE ESTUDOS - QUARTA OFICINA
• Analisar Resoluções e decretos oficiais confrontando com o cumprimento
das leis e as metodologias aplicadas nas Salas de Recursos.
TEXTOS SUGERIDOS PARA LEITURA
• PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. Diretrizes curriculares da educação especial para a construção de currículos inclusivos – versão preliminar. Curitiba: SEED/DEE, 2006.
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• BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino fundamental Superdotação e Talentosos Volume 2, Série Atualidades Pedagógicas 7. Brasília/DF, Ministério da Educação e Desporto /Secretaria de Educação Fundamental, 1999.
• BRASIL. Adaptações curriculares em ação: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília/DF, MEC/SEESP, 2002.
• BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: altas habilidades/superdotação. Brasília/DF, MEC/SEESP, 2006.
• BRASIL. Avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais. Brasília/DF, MEC/SEESP, 2003.
• Brasil. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, do Ministério da Educação (BRASIL, 2001, p. 38).
ROTEIRO DE ESTUDOS - QUINTA OFICINA
O professor coordenador das oficinas apresentará as fichas elaboradas
para a identificação de alunos com Altas Habilidades/Superdotação, material
utilizado por instituições públicas que possuem Sala de Recursos que atende esta
área da Educação Especial, bem como oportunizará que os cursistas possam criar
modelos de fichas para serem aplicadas aos alunos. Análise da possível
aplicabilidade nas escolas em que o professor cursista trabalha, para se possa
iniciar uma possível identificação de novos alunos.
TEXTOS E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS SUGERIDOS PARA CONSULTAwww.conbrasd.com.br
www.projeto.blogpot.com
RECURSOS DIDÁTICOS E HUMANOS
As estratégias de trabalho serão exposição dialogada, leitura orientada de
textos selecionados sobre o conteúdo abordado, explicação, debate, análise e
discussão dos textos e dos filmes e estudo dirigido individual e/ou em grupo.
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Os recursos serão variáveis, entre eles: Professores, textos, filmes,
apresentações em Power point, questionários, livros, multimídia, acesso à internet
e outros.
AVALIAÇÃO
A avaliação dar-se-á no transcorrer da participação dos cursistas, durante a
realização das oficinas programadas.
REFERÊNCIAS/ SUGESTÕES
COSTA DALLA, P. E. (2005) Comportamento agressivo: Suas Causas e Suas Manifestações no ambiente Escolar. 2005. Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação, especialização em Educação, Desenvolvimento e Política Educativa, apresentada na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa - Portugal, http://biblioteca.ulusofona.pt/index.php/pesquisa-bibliografica acesso em março de 2010.
PIAGET, J. Para Onde Vai a Educação? Tradução de Ivete Braga. Rio de Janeiro: José Olympio Editora,1988.
PIAGET, J. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
POCINHO, M. Superdotação: conceitos e modelos de diagnóstico e intervenção psicoeducativa: Revista Brasileira de Educação Especial; volume 15, número 1, páginas 3-14. Abril, 2009.
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária Que Redefine O
Que é ser Inteligente. 68ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva LTDA, 1995.
GARDNER, H. Estruturas da mente: a teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
_____. Mentes extraordinárias: Perfis de 4 pessoas excepcionais e um estudo sobre o extraordinário em cada um de nós. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
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