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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20
08
Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE
VOLU
ME I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SINEIDE FARINA MESSIAS
UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA NA SALA DE AULA: O PROBLEMA DA OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
PAIÇANDU, PARANÁ
2009
SINEIDE FARINA MESSIAS
UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA NA SALA DE AULA: O PROBLEMA DA OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
Artigo apresentado à Secretaria de Estado
da Educação, como requisito final para
conclusão no Programa de
Desenvolvimento Educacional da
Secretaria de Estado de Educação -
Paraná, sob orientação da Professora
Doutora Lilian Akemi Kato .
PAIÇANDU, PARANÁ
2009
UMA ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA NA SALA DE AULA: O PROBLEMA DA OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
SINEIDE FARINA MESSIAS Professora efetiva da SEED/PR com atuação no município de Paiçandu1
LILIAN AKEMI KATO
Professora Doutora Adjunta do Departamento de Matemática da UEM
RESUMO
O presente trabalho relata uma atividade envolvendo o estudo de Sistemas Lineares
para alunos do Ensino Médio, utilizando a Modelagem Matemática como estratégia de
ensino e aprendizagem. A atividade foi realizada na disciplina de Matemática, com os
alunos da 2ª série B do ensino médio, do período da manhã do Colégio Estadual
Vercindes Gerotto Dos Reis Ensino Médio, do município de Paiçandu, no ano de 2009,
com o tema: O Problema da Obesidade na Adolescência. Buscando a melhoria no
processo ensino-aprendizagem em Matemática na Educação Básica propôs-se uma
pesquisa relacionada ao tema levantando as causas e as conseqüências bem como a
análise e construção de modelos matemáticos que auxiliam na interpretação e
resolução das situações-problema relacionadas a esse assunto, visando que o aluno
tenha informações para que entenda os problemas que a obesidade traz à saúde
aproximando dessa forma teoria e prática. A opção por trabalhar com a Modelagem
Matemática se deu por entendermos que ela propicia um ambiente de aprendizagem
capaz de tornar a aprendizagem dos alunos significativa.
Palavras-chave: Modelagem Matemática. sistemas lineares, obesidade.
1 Licenciada em Ciências – Habilitação Plena em Matemática pela FAFIMAN, e especialista em Deficiência mental pela FAFIJAN.
ABSTRAT
This paper describes an activity involving the study of Linear Systems for high school
students, using the Mathematical Modeling as a teaching and learning strategy. The
activity took place in the of mathematics discipline, with students mornings from 2nd
grade B high in the State College Vercindes Gerotto Dos Reis school in the city of
Paiçandu in the year 2009 with the theme: The Obesity Problem in Adolescence.
Seeking to improve the teaching-learning process in mathematic in basic education
offered to a related inquiry by raising the causes and consequences and the analysis
and construction of mathematical models that help in the interpretation and resolution of
problem situations, related to this subject order that the student has information for
understanding the problems that obesity brings health care closer this way theory and
practice. The option to work with the Mathematical Modeling took place because we
think it provides a learning environment capable of making student learning significantly
Key - words: Mathematical Modeling. linear systems, obesity
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INTRODUÇÃO
O ensino de Matemática, praticado pela escola atualmente, deve ser um
instrumento para a interpretação do mundo em seus diversos contextos. Para que isso
ocorra o professor deverá se manter atualizado tanto no que diz respeito às
informações e conteúdos que trabalha, como nos métodos de ensino.
A adoção de novos métodos de ensino, que afetam diretamente a postura a ser
adotada pelos professores de matemática em suas aulas, requer que o mesmo invista
na apropriação de metodologia que os habilite a utilizarem conhecimentos prévios seus
e de seus alunos, compreendendo o mundo que os rodeia, proporcionando uma
reflexão sobre o aprendizado para que possam utilizar os conhecimentos adquiridos
frente aos desafios apresentados pelas transformações da sociedade.
As exigências da sociedade atual requerem que os cidadãos tenham domínio
de competências e habilidades, e não apenas o acúmulo de informações. A escola
pode contribuir para que os alunos desenvolvam essas competências e habilidades
realizando um trabalho sistematizado por meio de situações e atividades que integrem
os mesmos a sua realidade.
Para tanto, é importante dar significado ao conhecimento matemático escolar
no sentido de motivar os alunos e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender.
Para atingir estes propósitos, o professor deve buscar novas metodologias de ensino,
dentre estas destacam aquelas denominadas tendências em Educação Matemática.
Estas tendências são: a Etnomatemática, a História da Matemática, a Modelagem
Matemática, a Resolução de Problemas, Mídias Tecnológicas e Investigações
Matemáticas.
Uma das tendências, que destacamos neste trabalho, refere-se à modelagem
matemática como estratégia para o ensino da matemática, pois para D’Ambrosio (1986)
a Modelagem estimula a capacidade que o aluno tem de analisar uma situação global
da realidade em que está inserido e, a partir dos conhecimentos que estão a sua
disposição, extrair os instrumentos necessários para compreender e, se possível, agir
sobre essa situação.
6
Também, poderá facilitar a aprendizagem onde o conteúdo matemático passa a
ter significado, deixando de ser abstrato; oportunizando aos alunos sua participação
efetiva na construção do conhecimento matemático, além de redefinir o “papel do
professor no momento em que perde o caráter de detentor e transmissor de saber para
ser entendido como aquele que está na condução das atividades, numa posição de
partícipe” (BARBOSA, 1999, p.7).
Nesse trabalho, descrevemos uma experiência de sala de aula, realizada no
Colégio Estadual Vercindes Gerotto dos Reis Ensino Médio, no município de Paiçandu,
na disciplina de matemática com os alunos do turno da manhã da 2º série B durante o
1º semestre de 2009. O Colégio adotou o Ensino Médio por Blocos de Disciplinas que é
uma proposta criada pelo Departamento de Educação Básica e tem como objetivo
enfrentar os índices de repetência e evasão presentes no ensino médio.
Os dois blocos são organizados de forma independente e ofertados
concomitantemente. Cada um destes, tem seis disciplinas diferentes e não há pré-
requisito de um bloco para o outro. “O aluno estuda em um semestre o conteúdo
integral da disciplina que era dado no ano”, como explica Edna Amancio de Souza
Ramos, técnica pedagógica da Coordenação de Legislação e Ensino do DEB.
O tema escolhido para o desenvolvimento desta atividade com os alunos foi: O
Problema da Obesidade na Adolescência. Justifica-se a escolha do tema, dada à
preocupação com a saúde dos estudantes, pois a obesidade é um dos maiores
problemas de saúde da atualidade e atinge indivíduos de todas as classes sociais.
Como contribuição ao trabalho docente, buscando a melhoria do processo
ensino-aprendizagem em Matemática na Educação Básica, propusemos a análise e a
construção de modelos matemáticos que auxiliassem na interpretação e resolução de
situações-problema relacionadas ao tema obesidade, tendo em vista, que o aluno tenha
dados numéricos para uma melhor visualização das conseqüências que a obesidade
traz à saúde.
Foi utilizado o conteúdo de matrizes, equação matricial, sistemas de equações,
o quais, podem ser utilizados em diversas situações que envolvem cálculos.
Ao término deste trabalho, foi possível perceber que a modelagem matemática
oferece oportunidades para desenvolver tanto as habilidades intelectuais quanto a
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aplicabilidade da matemática no dia-a-dia. Também, percebemos que contribuiu para
melhorar o interesse dos alunos em aprender, despertando em cada um: confiança,
motivação e força de vontade no enfrentamento das questões relacionadas à
obesidade, bem como a busca de soluções aos problemas apresentados, a habilidade
de organizar dados, observar situações reais, desenvolver senso crítico com relação
aos problemas abordados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na visão de Skovsmose (2001), ensinar uma Matemática mais significativa e
voltada para aos interesses sociais é educar de forma democrática, visando o alcance
de todos para que a sociedade possa participar, discutir e refletir as influências dessa
ciência em situações do dia-a-dia em contextos sociais diversificados.
De maneira geral, os conteúdos estudados em Matemática no Ensino Médio,
nem sempre refletem as necessidades cotidianas dos alunos. Percebemos tal situação
através da maneira como vêm sendo abordados os conteúdos na maioria das escolas.
Esse fato leva a crer que é preciso direcionar o ensino dessa disciplina, voltando-se às
necessidades do dia-a-dia do aluno e à compreensão dos fenômenos sociais e naturais
que podem estar relacionados à Matemática.(Diretrizes Curriculares , 2006).
Ao construir conceitos de Matemática num contexto sócio-político, econômico,
tecnológico e científico, poderá levar os alunos a uma melhor compreensão da
disciplina com a realidade na qual ela está envolvida, dotando de significados muitos
dos conteúdos do currículo de Matemática do Ensino Médio que, até então, mostram-se
desconexos.
Para evitar que as formalizações da Matemática criem modelos prontos para a
realidade, é pertinente focar a Educação Matemática não somente em tais modelos
abstratos e pré-formulados, mas sim na relação com a sociedade, em que é possível
concretizar essas implicações previamente definidas de acordo com o meio onde vive.
A idéia inicial apontada pelas Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(BRASIL, 2006) reforça as finalidades do Ensino Médio: preparar o aluno para o
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trabalho e o exercício da cidadania, promovendo sua autonomia intelectual, destacando
o fato de que a escola hoje não pode usar apenas o livro didático como material de
apoio no ensino de seus conteúdos. Essas orientações sugerem que a Matemática se
volte para a utilização de várias estratégias de ensino que caminham no sentido de que
o professor possa propor atividades aos alunos que os levem à construção do
conhecimento matemático de maneira ativa e concreta com seu meio social.
De acordo com o mesmo documento, duas correntes ilustram o processo de
ensino e aprendizagem em Matemática. A primeira enfoca uma aula tradicional,
expositiva e dialogada, no estilo “quadro e giz”, em que impera a verbalização do
conhecimento pelo professor onde este, detém o domínio do conhecimento. Por meio
dessa metodologia, tem-se a ideia de que o conhecimento pode ser apenas transmitido
ao aluno em forma de produto e que o professor é o detentor do conhecimento. Numa
segunda corrente, o professor passa ser um orientador durante as aulas, fazendo a
ação de mediador entre o aluno e o conhecimento no contexto em questão.
No documento, são destacadas competências próprias da cognição
matemática, partindo-se do desenvolvimento do pensamento matemático no sentido de
que o aluno passe a “pensar matematicamente” por meio de conteúdos que
proporcionem um “fazer matemático”. O texto aponta os conteúdos abordados no
Ensino Médio e a forma como deveriam ser relacionados ao cotidiano do aluno, através
de situações que possam proporcionar tal relacionamento. Os conteúdos básicos
previstos no currículo são abordados sistematicamente, comentando os principais
pontos a serem trabalhados na escola.
Hoje, no âmbito da Educação Matemática, muitas tendências vêm se
destacando, sendo uma delas a Modelagem Matemática a qual é apontada por
estudiosos como uma forma de proporcionar ao aluno uma aula motivadora, pois
permite ao mesmo vivenciar situações do cotidiano empregando conceitos
matemáticos. Segundo Burak (1992, p. 62):
De acordo com esse autor ao trabalhar em sala de aula a Modelagem
Matemática o aluno poderá ter condições de construir o paralelo entre a teoria e a
prática podendo fazer as previsões antecipadas para tomadas de decisões.
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Para Bassanezi (2004, p.17), a modelagem matemática também é um processo
que alia teoria e prática além de motivar o usuário na procura do entendimento da
realidade que o cerca na busca de meios para agir, sobre ela e transformá-la.
Segundo Biembengut (1999), a utilização da Modelagem para o ensino-
aprendizagem da Matemática pode levar o aluno a desenvolver um espírito de
investigação, podendo utilizar a matemática como ferramenta para resolver problemas
em diferentes situações e áreas, entender e interpretar aplicações de conceitos
matemáticos, relacionar sua realidade sócio-cultural com o conhecimento escolar e,
preparar os estudantes para a vida real, como cidadãos atuantes na sociedade. A
autora entende que:
“Modelagem matemática é o processo que envolve a obtenção
de um modelo. Para se elaborar um modelo, além de conhecimento de
matemática, o modelador precisa ter uma dose significativa de intuição e
criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que conteúdo
matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com
as variáveis envolvidas”. (Biembengut 1999, p. 20)
O processo de obtenção de um modelo ou de modelagem de situações reais
com ferramental matemático é composto por etapas. Biembengut e Hein (2003, p.13-5)
destacam as seguintes:
1. Interação – fase preliminar em que ocorre o envolvimento com o tema
(realidade) a ser estudado/problematizado, através de um estudo indireto (por meio de
jornais, livros e/ou revistas) ou direto (por meio de experiências em campo).
2. Matematização – após a interação ocorre a “tradução” da situação -
problema para a linguagem matemática. É aqui que se formula um problema e o
escreve segundo um modelo matemático que leve à solução.
3. Modelo Matemático – neste, ocorre a “testagem” ou validação do modelo
obtido, através da análise das respostas que o modelo oferece quando aplicado à
situação que o originou, no sentido de verificar o quanto as mesmas são adequadas ou
não. “Se o modelo não atender às necessidades que o geraram, o processo deve ser
retomado na segunda etapa (...) mudando-se ou ajustando-se hipóteses e variáveis, etc
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Barbosa (2001, 2003a), afirma que é necessário educar criticamente as
pessoas através da Matemática e não simplesmente informá-las matematicamente. Isso
se relaciona com o papel da Matemática na formação do cidadão prático e atuante.
Educar criticamente através da matemática, segundo vários autores como
Skovsmose, Barbosa entre outros, é despertar no educando o desejo de desafiar
características antidemocráticas da sociedade. Isso acontece quando o conhecimento
matemático adquirido pelo educando, associado a uma visão crítica da sociedade em
que está inserido, promove uma ação reflexiva e transformadora.
Esta associação entre conhecimento matemático e visão crítica da sociedade
contribui para a formação de cidadãos mais conscientes, incentivando o
desenvolvimento do senso crítico e do pensar matemático.
A literatura, tem apresentado experiências de Modelagem que variam
quanto à extensão e às tarefas que cabem ao professor e ao aluno. Para a utilização,
em sala de aula, da Modelagem, Barbosa (2003) identifica “três regiões de
possibilidades”, as quais ele chama de “casos”. Os “casos” são categorizados conforme
as tarefas que compete ao professor e/ou aos alunos desenvolverem dentro do
processo de Modelagem, na sala de aula.
No caso 1, o professor apresenta um problema, devidamente relatado, com
dados qualitativos e quantitativos, cabendo aos alunos a investigação. Eles não
precisam sair da sala de aula para coletar novos dados, a atividade não é muito
extensa e são acompanhados pelo professor, com a tarefa de resolver o problema.
Já no caso 2, os alunos deparam-se apenas com o problema para investigar,
mas tem que sair da sala de aula para coletar dados. Ao professor, cabe apenas a
tarefa de formular o problema inicial. Nesse caso os alunos são mais responsabilizados
pela condução das tarefas, devem selecionar as variáveis mais importantes, traçar
estratégias de resolução, demanda mais tempo para a conclusão e o professor tem
menos controle sobre as atividades dos alunos.
E, por fim, no caso 3, trata-se de projetos desenvolvidos a partir de temas ‘não-
matemáticos’, que podem ser escolhidos pelo professor ou pelos alunos. Aqui a
formulação do problema, a coleta de dados e a resolução são tarefas dos alunos.
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Dessa forma, observamos neste processo, caminhos e opções por meio
dos quais podemos implantar e desenvolver o processo de Modelagem de forma
gradativa nas aulas de Matemática, fazendo variar em número e em grau as atividades
e tarefas que competem a cada um dentro da sala de aula, conforme a percepção de
seus próprios saberes. Observa-se que do Caso 1 ao Caso 3 à medida que diminui a
quantidade de tarefas que cabe ao professor aumenta a do aluno, transferindo para
este mais responsabilidade na resolução do problema e por consequência, na sua
própria aprendizagem sem eximir o professor da condução do processo.
O professor, ao assumir a postura de mediador entre o conhecimento e o
aprendiz, deixa de ser o que detém e transmite o conhecimento para ser aquele que,
por meio de tarefas, media a aquisição do conhecimento sendo que a modelagem
matemática pode oferecer oportunidades para desenvolver tanto as habilidades
intelectuais quanto a aplicabilidade da matemática no dia-a-dia.
Com a Modelagem, o processo de ensino-aprendizagem não mais se dá no
sentido único do professor para o aluno, mas como resultado da interação do aluno
como seu ambiente natural (BASSANEZI, 2006, p.38). Ela relaciona a Matemática com
a realidade em que os alunos estão inseridos e assim, procurou-se trabalhar com o
problema da obesidade na adolescência, tema esse relacionado com a saúde.
A opção por trabalhar a metodologia da Modelagem Matemática, está no
envolvimento dos alunos em atividades que despertem o interesse em relacionar a
matemática com questões atuais, propiciando a compreensão e a interpretação de
problemas reais que alguns enfrentam no dia a dia.
DESENVOLVIMENTO
Utilizou-se na implementação da proposta no Colégio a metodologia da
Modelagem Matemática com o tema “Modelagem Matemática como estratégia para o
ensino e aprendizagem de Matemática no Ensino Médio”, com o título: O Problema da
Obesidade na Adolescência.
Por solicitação da Secretaria de Estado da Educação, o trabalho foi iniciado
com a apresentação da Proposta de Intervenção Pedagógica aos professores, diretor,
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equipe pedagógica e administrativa da escola durante a Semana Pedagógica.
Apresentou-se o assunto a ser trabalhado justificando que o tema foi escolhido por ser
relevante na faixa etária em que os alunos se encontram sendo que nesta idade é
comum os jovens apresentarem problemas de obesidade e estes influenciar na sua
aprendizagem bem como na sua aceitação tanto pessoal como social. A equipe
concebeu a proposta como interessante, principalmente à professora de Educação
Física por já ter trabalhado este tema com os aluno, porém relacionado ao conteúdo de
sua disciplina com o objetivo de promover o incentivo a exercícios físicos e ao
consumo de alimentos naturais.
Na primeira quinzena de aulas no mês de março de 2009, foi explicado
aos alunos da 2ª série B, do Ensino Médio, que a professora é participante de um
programa do governo do Estado do Paraná intitulado PDE o qual consiste na formação
de docentes e, para atender as necessidades deste como parte do programa, estava
pesquisando o tema Obesidade na Adolescência que resultou em um trabalho chamado
Proposta de Intervenção Pedagógica que seria implementado nesta turma.
Em conversa informal na sala de aula com os alunos da turma a ser
desenvolvido o trabalho, foram feitos alguns questionamentos tais como: Os jovens se
alimentam adequadamente? Com que frequência vocês substituem as refeições por
lanches do tipo fast food? Fazem uso de uma alimentação saudável? Afinal, o que é
uma alimentação saudável?
Também, chamou-se a atenção dos alunos para observarem em seu convívio
diário com amigos, parentes, vizinhos, que nos últimos anos, ocorreram mudanças de
hábitos alimentares, principalmente o aumento no consumo de alimentos
industrializado. Comentou-se sobre os hábitos dos pais, avós, bisavós com relação aos
hábitos que tinham quando crianças e jovens, como era dinâmica diária com relação as
brincadeira e trabalhos praticados em sua rotina diária, se tinham uma dinâmica de
vida sedentária com relação a população atual.
Além desses questionamentos, comparou-se com os hábitos atuais e
comentamos sobre a influência destes na contribuição para o aumento de casos de
obesidade entre as pessoas mais jovens.
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Vimos que os reflexos desse processo para a saúde de crianças e de
adolescentes não são animadores. O aumento de peso no grupo das crianças pode
tornar maior o risco da obesidade em adulto e ainda aumentar a chance de doenças
crônicas não transmissíveis.
Os alunos, no início, ficaram curiosos e mobilizados para a discussão do
assunto, pois conforme Barbosa, (2001, p.31) a modelagem propicia um ambiente de
aprendizagem no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da
matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade. Este ambiente favorece
uma prática interdisciplinar, por estabelecer relações entre a matemática e outras
disciplinas, como neste caso, a Educação Física.
Neste momento também foram apresentados dados última Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF / IBGE), realizada em 2002/03 pelo Ministério da Saúde e que, de acordo
com a distribuição geográfica em todo o país, o problema da obesidade é mais grave
nas áreas urbanas (19,5% dos adolescentes) do que na rural (11,4% de adolescentes)
é mais evidente nas Regiões Sul e Sudeste do país, onde atinge 23,6% e 22,0% dos
adolescentes, respectivamente.
Dando continuidade ao assunto, a turma foi dividida em equipes composta por
04 ou 05 alunos por grupo para pesquisar esse assunto.
Nesta pesquisa deveriam levantar as causas e as consequências da obesidade
e como podem evitá-la. Com as informações que possuíam cada grupo iniciou suas
pesquisas utilizando livros da biblioteca, revistas que tratam do assunto, notícias de
jornais e sites da Internet.
Concluída esta etapa de pesquisas, que teve a duração de aproximadamente
um mês, cada equipe apresentou para os demais alunos os resultados de suas
pesquisas. Nesta apresentação utilizaram depoimentos de pessoas da comunidade e
dos próprios alunos que convivem com esse problema, pequenos filmes (youtube)
através da Tv pendrive, cartazes, fotos, planilhas da Pastoral da Criança, etc. Em
alguns momentos da apresentação houve muita polêmica e muitos questionamentos
entre os alunos.
No decorrer dos trabalhos, os alunos relataram que a indústria alimentícia
investe forte na divulgação de produtos de alto teor calórico para crianças e
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adolescentes que tendem a se manter fiéis a esses hábitos de consumo. Embora sejam
alimentos potencialmente causadores de obesidade, esses produtos surgem nas
propagandas associados à saúde, beleza, bem estar, juventude, energia e prazer. Isso
permite concluir que os brasileiros nascidos após os anos 80 estão sendo mais
expostos aos efeitos nocivos da transição nutricional. Além do problema estético, os
indivíduos com sobrepeso e os obesos correm riscos mais intenso de desenvolver
vários distúrbios físicos, sociais e psicológicos. Indivíduos com menor quantidade de
gordura corporal apresentam menos riscos cardiovasculares, diabetes e também de
desenvolver outras doenças.
Um dos maiores inimigos da alimentação saudável são as gorduras trans.
Essas substâncias estão presentes em muitos dos alimentos preferidos pelas crianças
e adolescentes como os das redes de fast-food, biscoitos, salgadinhos, pipocas de
micro-ondas e doces em geral. Usa-se muito a gordura trans por ela dar uma
consistência mais crocante, melhorar o aspecto e aumentar a vida de prateleira de
alguns produtos. Os hábitos alimentares decorrentes da nossa sociedade de consumo
e automatização têm desencadeado uma série de desequilíbrios, que, como produto
final, causa à obesidade.
Discutiram também que nas últimas décadas, o número de crianças e
adolescentes apresentando casos de sobrepeso e obesidade aumentou muito no Brasil.
Este fato também é constatado no ambiente escolar. Vários são os fatores que podem
desencadear a obesidade, um deles é a ingestão frequente de alimentos do tipo “fast
food” e a facilidade de acesso aos alimentos industrializados conhecidos como “junk
food” as famosas “porcarias”, que alteram intensamente os hábitos alimentares. Esta
prática é comum em todas as classes socioeconômicas e facilmente evidenciadas, pois
vivemos em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais, têm pouco ou
nenhum tempo para supervisionar o preparo da alimentação e as refeições de seus
filhos. Muitas crianças ficam livres para escolher alimentos fáceis de preparar como:
pizzas, pipoca, doce, bolos, chocolates, sorvetes, refrigerantes disponíveis na
geladeira.
Todos os alunos participaram da atividade, demonstrando seriedade com o
assunto, pois é um tema que interessa a muitos, uma vez que nessa faixa etária vivem
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grandes dilemas em relação ao peso, a estrutura do corpo, sendo uma fase em que
sentem a necessidade de serem aceitos no grupo.
Após essa fase do trabalho, segue para uma atividade mais prática, direcionado
diretamente ao aluno onde sugerimos que verificassem alguns aspectos: Como está
seu peso?
Nesta fase, foi explicado que a forma recomendada para avaliação do peso
corporal em adultos é o IMC (índice de massa corporal), recomendado inclusive, pela
Organização Mundial da Saúde. Esse índice é calculado dividindo-se o peso da pessoa
em quilogramas (Kg) pela sua altura em metros elevada ao quadrado (quadrado de sua
altura). O valor assim obtido estabelece o diagnóstico da obesidade e caracteriza
também os riscos associados conforme apresentado a seguir:
IMC
(kg/m2)
Grau de
Risco Tipo de obesidade
18 a
24,9
Peso
saudável Ausente
25 a
29,9 Moderado
Sobrepeso (Pré-
Obesidade)
30 a
34,9 Alto Obesidade Grau I
35 a
39,9 Muito Alto Obesidade Grau II
40 ou
mais Extremo
Obesidade Grau III
("Mórbida")
Fonte: Abeso- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade www.abeso.org.br
Nessa etapa de um trabalho mais prático, realizamos a medição dos
alunos (altura) e verificamos o peso de cada um para calcular o índice de massa
corporal.
Analisamos os dados obtidos por meio da medição realizada nos alunos e
verificamos: os que estão abaixo do peso, com peso saudável, com peso moderado,
obesidade grau I, obesidade grau II e obesidade mórbida.
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Utilizando o IMC de cada aluno da sala, construímos uma tabela com: altura,
peso e IMC.
Avaliamos, segundo o cálculo do IMC da Organização Mundial de Saúde, os
dados obtidos pela medição dos alunos e verificamos que 5% dos alunos estão abaixo
do peso, 60 % deles estão com peso saudável e 35% estão com peso moderado. Com
esses dados construímos e analisamos os gráficos em relação ao assunto trabalhado,
visualizando os números obtidos. Aproveitamos os dados referentes à pesquisa e
trabalhamos os conteúdos de Estatística.
Os alunos demonstraram muito interesse em discutir os problemas relacionados
com a questão da obesidade, principalmente as questões da alimentação que
consomem diariamente. Após as pesquisas realizadas, os alunos ficaram mais
preocupados com a alimentação que ingerem no seu dia a dia.
Para aprofundar o assunto estudado, foi explicado que o Governo do Estado do
Paraná está preocupado com os índices de obesidade apresentado pelos jovens que
frequentam as escolas. Para garantir uma alimentação de qualidade foi decretada a Lei
nº 14.423, de 02/06/2004, onde declara que: estabelecimentos educacionais públicos e
privados deverão obedecer a padrões de qualidade nutricional e de vida indispensáveis
à saúde dos alunos.
Depois dessa atividade convidamos uma nutricionista do posto de saúde
do município de Paiçandu-PR, para falar sobre as causas e consequências da
obesidade, que além de dar uma abordagem especial ao assunto, esclareceu algumas
dúvidas relativas à alimentação saudável e o seu benefício para a saúde. Os assuntos
abordados pela nutricionista foram os seguintes:
1. Teste: Avalie as sua alimentação;
2. Obesidade;
3. Problemas mais comuns na alimentação dos adolescentes que levam a
obesidade;
4. Adolescente obeso;
5. Avaliação do IMC;
6. Novo conceito de tratamento;
7. Pirâmide alimentar;
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8. Recomendações importantes;
Também assistimos ao filme: Super Size me (Spurlock, M, Super Size Me:
a dieta do palhaço, 2004, EUA). O filme “A dieta do palhaço” é um documentário no
qual o personagem principal adota uma dieta baseada nos alimentos do tipo fast food
por 30 dias, mostrando suas consequências no organismo.
O filme possibilitou a discussão sobre o assunto “dieta”, o qual envolve o tema
“calorias” e após ser analisado, foram exibidos novamente dois trechos, os quais
intercalados com a mediação do professor promoveram a contextualização do assunto.
Um dos trechos foi retomado para discutir a questão da dinâmica da dieta no decorrer
do século XX e o outro para problematizar a atividade questionando: o que são
calorias?
A discussão sobre o primeiro trecho proporcionou uma análise crítica da dieta
praticada pela sociedade atual. O sedentarismo juntamente com o consumismo
exacerbado pode levar à obesidade, e consequentemente a doenças cardíacas. As
mudanças na estrutura familiar no decorrer do século passado, o papel da mulher na
economia contemporânea, a cultura fast-food promovida pela indústria de alimentos e
as redes de lanchonete, são questões intrigantes que otimizaram a interação com os
alunos na atividade.
Após a realização de toda essa discussão, foi proposta a elaboração de um
cardápio baseado na tabela de alimentos e a pirâmide alimentar para que o aluno
pudesse assim, construir seus hábitos alimentares a ser adotado em seu dia-a-dia.
Para isso, os alunos puderam acessar o site www.unicamp.br/nepa/taco/
que apresenta o valor calórico dos principais alimentos que consumimos. Observamos
como poderíamos elaborar cardápios possíveis de ser consumido pelos alunos e que
também fossem saborosos e nutritivos. Cada equipe preparou e apresentou seus
cardápios. Fizeram também sugestões de cardápios para serem consumidos na escola,
pelos alunos, na merenda escolar, utilizando os produtos que a Secretaria de Estado da
Educação envia às escolas estaduais. Neste momento houve algumas críticas por parte
dos alunos que acharam incoerentes a posição do governo do estado quando cria uma
lei proibindo a comercialização de determinados alimentos nas cantinas escolares e na
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alimentação que envia às escolas ofertando muitos produtos enlatados, muito
carboidratos e poucas vitaminas.
Depois de todo esse processo de estudos e pesquisas os alunos já
estavam familiarizados com vários termos como: calorias, alimentação, nutrientes e que
os mesmos divididos em proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais,
fibras e principalmente a função da água, pois hidrata o organismo e transporta os
nutrientes.
Um adulto precisa tomar de 1 a 2 litros de água por dia, ou mais, no verão.
Verificaram também que homens, mulheres e crianças necessitam de diferentes
quantidades de energia para manter-se saudáveis. Também já conheciam que os
alimentos são classificados de acordo com sua principal função: energéticos são os
alimentos ricos em carboidratos e gorduras, pois vão fornecer energia ao organismo;
construtores são os alimentos ricos em proteínas, pois vão possibilitar o crescimento e
desenvolvimento do organismo, além de reparar os tecidos e os reguladores são os
alimentos ricos em vitaminas e sais minerais, pois vão regular o funcionamento do
nosso organismo.
Em seguida foi questionado aos alunos: quanto você precisa ingerir por dia de
proteínas, lipídios e carboidratos? Para responder essa questão foi proposto o seguinte
problema: “Suponha que uma pessoa deseja equilibrar sua dieta em função das
necessidades diárias de glicídios, proteínas e lipídios, recomendada pela SBAN.
Utilizando a quantidade recomendada pela SBAN, qual poderia ser a quantidade de
alimentos para satisfazer essas necessidades?”.
Para realizar os cálculos foram retomados os conteúdos referentes a matrizes e
sistemas lineares as quais, fazem parte da estrutura curricular da série. Os alunos
usaram os conhecimentos adquiridos no conteúdo de Sistemas Lineares utilizando a
Regra de Cramer.
Iniciaram utilizando um cardápio fictício para calcular as necessidades diárias
de glicídios, proteínas e lipídios dos homens. Analisaram e discutiram os valores
encontrados. Neste cardápio utilizaram apenas três alimentos preparados pelo
processo de cozimento, sendo os mais consumidos pelos brasileiros, contendo
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glicídios, proteínas e lipídios. Os alimentos escolhidos foram arroz, feijão e carne sendo
a sua quantidade representada por x, y e z:
Arroz = x gramas
Feijão = y gramas
Carne (coxa de frango) = z gramas
A quantidade de glicídios, proteínas e lipídios em (100g) dos alimentos
escolhidos estão representadas na tabela seguinte: estão representadas na tabela
seguinte:
Alimento
Arroz
Feijão
Carne (coxa
de frango)
Necessidades
diárias para
homens Glicídios 32 13,5 34,5 372
Proteínas 2 0,5 9,5 50
Lipídios 3 5 12 84
Ao ingerir 100g de arroz o homem está adquirindo 32 g de glicídios, 2 g de
proteínas e 3 g de lipídios; para 100 g de feijão estará adquirindo 13,5g de glicídios, 05g
de proteínas e 5 g de lipídeos e consumindo 100g de coxa de frango irá adquirir 34,5 de
glicídios, 9,5 de proteínas e 12 de lipídios.
Vamos calcular quantas gramas de cada alimento ele deve consumir para ter um
equilíbrio em sua dieta. Utilizaremos uma matriz, que será representada pela matriz A
com os valores dos nutrientes em 100g de alimentos. Representaremos a matriz assim:
32 13,5 34,5
A = 2 0,5 9,5
3 5 12
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Observe que a primeira linha da matriz A representa os valores dos glicídios
contidos em cada alimento, a segunda linha representa as proteínas e a terceira linha
os lipídios. Denominaremos por matriz B a matriz que representa a quantidade máxima
dos alimentos escolhidos que o homem poderá ingerir durante um dia.
x
B = y
z
A matriz que representa a quantidade dos nutrientes necessárias para uma dieta
equilibrada contendo glicídios, proteínas e lipídios, chamaremos de matriz C.
372
C = 50
84
Assim para manter a dieta com esses três alimentos deve –se ingerir a seguinte
quantidade de cada alimento:
32.x + 13,5.y + 34,5.z = 372
2.x + 0,5.y + 9,5.z = 50
3.x + 5.y + 12.z = 84
Esse sistema pode ser representado por meio da equação matricial A .B = C
32 13,5 34,5 x 372
2 0,5 9.5 . y = 50
3 5 12 z 84
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As três equações encontradas constituem um exemplo de Sistema Linear. Para
resolver um sistema linear podemos utilizar o Escalonamento ou resolver o sistema pela
Regra de Cramer.
Em 1750, foi publicado pelo matemático suíço Gabriel Cramer (l704-1752) um
método para resolver um sistema de três equações com três variáveis usando
determinantes.
Utilizaremos esse método para resolvermos o problema, calculando assim a
quantidade em gramas, de arroz, de feijão e de carne necessários para compor um
cardápio diário para o homem.
a1x + b1y + c1z = d1
Consideremos o sistema a2x + b2y + c2z = d2
a3x + b3y + c3z = d3
Onde representaremos a quantidade de glicídios pela letra a1, b1, c1, a
quantidade de proteína pela letra a2, b2, c2 e a quantidade de lipídios pela letra a3, b3,c3.
As incógnitas serão representadas por x, y e z. As letras d1, d2, d3, termos
independentes representam a quantidade de nutrientes necessários ao homem no
período de um dia.
a1 b1 c1 a1 b1 c1
A = a2 b2 c2 D = a2 b2 c2
a3 b3 c3 a3 b3 c3
Para resolvermos esse sistema vamos utilizar os coeficientes numéricos para
encontrarmos o determinante (D):
32 13,5 34,5 32 13,5
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D = 2 0,5 9,5 2 0,5
3 5 12 3 5 D = 192 + 384,75 + 345 – 324 – 1520 – 51,75
Escreveremos agora a matriz Ax e seu determinante Dx, que se obtém da matriz
A substituindo a coluna dos coeficientes de x pela coluna dos termos independentes,
acrescentamos as duas primeiras colunas para multiplicar todas as diagonais.
d1 b1 c1 d1 b1 c1
A x= d2 b2 c2 Dx = d2 b2 c2
d3 b3 c3 d3 b3 c3
372 13,5 34,5 372 13,5
Dx = 50 0,5 9,5 50 0,5
84 5 12 84 5
Dx = 2232 + 107 73 + 8626 - 8100 - 17670 - 1449 =
Da mesma forma escrevemos Dy:
a1 d1 c1 a1 d1 c1
A y= a2 d2 c2 Dy= a2 d2 c2
a3 d3 c3 a3 d3 c3
32 372 34,5 32 372
Dy = 2 50 9,5 2 50
3 84 12 3 84 Dy = 19200 + 10602 + 5796 – 8928 – 25536 – 5175 =
E o determinante de z (Dz):
a1 b1 d1 a1 b1 d1
D = -974
Dx = - 5598
Dy = - 4041
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Az= a2 b2 d2 Dz= a2 b2 d2
a3 b3 d3 a3 b3 d3
32 13,5 372 32 13,5
Dz = 2 0,5 50 2 0,5
3 5 84 3 5 Dz = 1344 + 2025 + 3720 – 2268 – 8000 – 558 =
Para calcular o valor de x, dividimos determinante de x pelo determinante D
Dx o
mesmo ocorrendo para y e z.
x = D
Dx x =
974
5589
−−
⇒
y = D
Dy y = 974
4041
−−
⇒
z = D
Dz z = 974
3737
−−
⇒
Os valores de x, y e z serão multiplicados por 100, pois esses valores
representam 100 gramas.
X = 5,73 . 100 = 573g
Y = 4,14 . 100 = 414g
Z = 3,83 . 100 = 383g
Portanto, para que um homem consuma a quantidade de nutrientes sugeridos
pela SBAN, utilizando os três alimentos propostos deverá ingerir durante um dia:
• 573g de arroz;
• 414 g de feijão
• 383 g de carne (coxa de frango)
Dz = - 3737
X = 5,73
Y = 4,14
Z = 3,83
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Após a realização desses cálculos os alunos pesquisaram quais as
quantidades de vitaminas, sais minerais e fibras que devem ser ingeridas no dia a dia, e
novamente organizaram matrizes que representavam as quantidades diárias
necessárias. Em outra matriz representaram a quantidade máxima desses alimentos.
Desenvolveram o problema e organizaram um Sistema Linear resolvendo o mesmo.
Em seguida utilizando a tabela brasileira de composição dos alimentos
passaram a calcular esses nutrientes em outros cardápios mais próximos dos alimentos
consumidos diariamente por eles. Analisaram seriamente se o que ingerem de
alimentos condiz com as necessidades recomendadas pela SBAN.
Com os dados obtidos através dos cálculos realizados e as conclusões obtidas
os alunos passaram a discutir o que é uma alimentação equilibrada. Descobriram que
para um indivíduo obter uma alimentação equilibrada, deve incluir no seu cardápio
alimentos pertencentes aos diferentes grupos, pois não existe um único alimento que
contenha todos os nutrientes. Por meio da pirâmide dos alimentos, visualizaram melhor
qual a quantidade de alimento que deve ser consumida, ao longo do dia, pois os
alimentos estão agrupados de acordo com seu valor nutritivo e função. Na base da
pirâmide estão os alimentos energéticos, ricos em carboidratos, acima, estão os
alimentos reguladores, ricos em vitaminas, sais minerais, fibras e água. A seguir, vem o
grupo dos alimentos construtores ricos em proteínas que são leites e derivados e o
grupo das carnes, ovos e grãos (feijão, soja, lentilha, ervilha, etc.). No alto da pirâmide
estão às gorduras, os óleos e os doces, alimentos energéticos que devem ser
consumidos em menor quantidade possível.
Finalizamos com uma exposição no Colégio para os demais alunos,
professores, coordenadores, direção e convidados onde cada equipe relatou o
resultado de suas pesquisas, apresentando as informações obtidas por meio de
cartazes, tabelas, gráficos chamando a atenção de todos para os problemas da
alimentação, onde a mesma deve ser saudável e balanceada. Fizeram também
panfletos listando algumas dicas para se ter uma alimentação saudável.
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CONCLUSÃO
Concluiu-se com a realização deste trabalho que o estudo dos conteúdos de
Matemática utilizando a tendência da Modelagem Matemática favoreceu o interesse
dos alunos em discutir os assuntos propostos e na aprendizagem dos conteúdos,
despertando em cada um, confiança, motivação e força de vontade.
No decorrer das atividades observamos que a interação e a cooperação entre
os alunos, foram sendo desenvolvidas de forma satisfatória. Percebemos também
importância do trabalho em equipe na organização dos mesmos, na forma como foram
divididas as tarefas bem como, a responsabilidade e o compromisso que o trabalho
requer dos alunos.
A utilização de assuntos do cotidiano do aluno pode desenvolver neles a
capacidade de solucionar problemas que os mesmos vivenciam, habilitando-os a
organizar dados, observar as situações e demonstrar as hipóteses. Observamos no
desenvolvimento das atividades que a habilidade de aplicar conhecimentos aprendidos
em situações não matemáticas foi sendo construída. Quando os alunos necessitaram
de conceitos de matemática, vistos anteriormente, foram capazes de transferir para o
problema em estudo.
Verificou-se também que os alunos adquiriram compreensão sobre as
aplicações dos conteúdos matemáticos e que quando desafiados convenientemente,
responde adequadamente melhorando seu desempenho nas atividades propostas. A
participação e o compromisso da maioria dos alunos com as atividades desenvolvidas
foram bastante positivos.
Percebeu-se no desenvolvimento deste trabalho, que apesar das limitações de
tempo e dos conteúdos programáticos a seguir, foi possível desenvolver as atividades
de modelagem proporcionando grande eficiência no processo de aprendizagem dos
alunos.
A maneira como é feito o convite desafiando os alunos a participarem das
atividades foi talvez, a parte mais importante de todo o processo da modelagem
matemática. O cuidado dos professores com a administração do tempo, para cada
atividade, foi de extrema importância, levando em consideração o que deve ser
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realizado em sala de aula como também fora desta, sendo necessário um planejamento
cuidadoso observando o conteúdo matemático a ser abordado a forma de interagir com
os alunos durante as atividades e toda a dinâmica da aula.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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