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Criação de Layout com rota acessível para estaleiro, na cidade de Manaus, Amazônia, Brasil janeiro/2013 Criação de Layout com rota acessível para estaleiro, na cidade de Manaus, Amazônia, Brasil Ivanise Braga - [email protected] Curso de Especialização em “Master em Arquitetura” Instituto de Pós Graduação IPOG Manaus, AM, 06 de março de 2012 Resumo A cidade de Manaus, Amazonas, Brasil, é um dos polos navais mais atuantes do país. Entretanto, seus Estaleiros ainda são empreendimentos simples, com áreas pouco organizadas e sem a preocupação com o acesso de pessoas (com necessidades especiais ou não) em suas dependências. E por que Acessibilidade não é considerada nos projetos dos Estaleiros? Para responder a esta questão, entende-se que os Estaleiros não foram projetados por profissionais especializados e muitos deles não possuem sequer um projeto arquitetônico. O presente trabalho objetiva demonstrar que é possível promover a acessibilidade nestes locais através de uma proposta de layout com rota acessível, utilizando o desenho universal como ferramenta e parâmetro de trabalho. Assim, trabalhadores, visitantes e clientes, indistintamente, podem ter acesso a todas as áreas dos estaleiros com conforto e segurança. Profissionais da área naval e proprietários dos estaleiros foram entrevistados e suas respostas categorizadas pela técnica de análise de conteúdo. Os resultados indicam que as deficiências existentes nos Estaleiros se deve ao fato de que eles não foram projetados por arquitetos, como já foi dito, e, sim, por mestres de obras da ocasião, atendendo às necessidades dos proprietários sem conhecimento administrativo e técnico para a sua implantação. Estes resultados mostram que os maiores problemas para a não acessibilidade nos Estaleiros estão relacionados com a organização e gerenciamento do empreendimento. Palavras-chave: Estaleiros. Acessibilidade. Layout. 1. Introdução A indústria naval vem, nestes últimos anos, evoluindo em tecnologia e em mão de obra especializada. Porém, percebe-se que nas questões relacionadas à acessibilidade, ainda está longe de evoluir, apesar de se tratar de uma questão de grande importância e que diz respeito a todos. Este estudo apresenta um panorama de como os proprietários dos Estaleiros (locais onde se constroem e fazem reparos em embarcações) não possuíam, na época da instalação de seus empreendimentos, preocupação arquitetônica que promovesse funcionalidade ao local e, com isso, o uso efetivo das pessoas, equipamentos, máquinas e energia. Não adequaram, ao longo dos anos, os espaços para proporcionar ao empregado, segurança e conforto, pelo desconhecimento das Normas de Acessibilidade e das Normas e Leis referentes à Arquitetura Industrial.

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Criação de Layout com rota acessível para estaleiro, na cidade de Manaus, Amazônia, Brasil janeiro/2013

Criação de Layout com rota acessível para estaleiro,

na cidade de Manaus, Amazônia, Brasil

Ivanise Braga - [email protected]

Curso de Especialização em “Master em Arquitetura”

Instituto de Pós Graduação – IPOG

Manaus, AM, 06 de março de 2012

Resumo

A cidade de Manaus, Amazonas, Brasil, é um dos polos navais mais atuantes do país. Entretanto,

seus Estaleiros ainda são empreendimentos simples, com áreas pouco organizadas e sem a

preocupação com o acesso de pessoas (com necessidades especiais ou não) em suas dependências.

E por que Acessibilidade não é considerada nos projetos dos Estaleiros? Para responder a esta

questão, entende-se que os Estaleiros não foram projetados por profissionais especializados e

muitos deles não possuem sequer um projeto arquitetônico. O presente trabalho objetiva

demonstrar que é possível promover a acessibilidade nestes locais através de uma proposta de

layout com rota acessível, utilizando o desenho universal como ferramenta e parâmetro de

trabalho. Assim, trabalhadores, visitantes e clientes, indistintamente, podem ter acesso a todas as

áreas dos estaleiros com conforto e segurança. Profissionais da área naval e proprietários dos

estaleiros foram entrevistados e suas respostas categorizadas pela técnica de análise de conteúdo.

Os resultados indicam que as deficiências existentes nos Estaleiros se deve ao fato de que eles não

foram projetados por arquitetos, como já foi dito, e, sim, por mestres de obras da ocasião,

atendendo às necessidades dos proprietários sem conhecimento administrativo e técnico para a sua

implantação. Estes resultados mostram que os maiores problemas para a não acessibilidade nos

Estaleiros estão relacionados com a organização e gerenciamento do empreendimento.

Palavras-chave: Estaleiros. Acessibilidade. Layout.

1. Introdução

A indústria naval vem, nestes últimos anos, evoluindo em tecnologia e em mão de obra

especializada. Porém, percebe-se que nas questões relacionadas à acessibilidade, ainda está longe

de evoluir, apesar de se tratar de uma questão de grande importância e que diz respeito a todos.

Este estudo apresenta um panorama de como os proprietários dos Estaleiros (locais onde se

constroem e fazem reparos em embarcações) não possuíam, na época da instalação de seus

empreendimentos, preocupação arquitetônica que promovesse funcionalidade ao local e, com isso,

o uso efetivo das pessoas, equipamentos, máquinas e energia. Não adequaram, ao longo dos anos,

os espaços para proporcionar ao empregado, segurança e conforto, pelo desconhecimento das

Normas de Acessibilidade e das Normas e Leis referentes à Arquitetura Industrial.

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Diante de tal situação, tornou-se imperativo demonstrar, através de uma nova proposta de

layout, a possibilidade de acessibilidade em um Estaleiro, utilizando o desenho universal como

ferramenta e parâmetro de trabalho, para que todos, trabalhadores, visitantes e clientes portadores

de necessidades especiais e/ou com mobilidade reduzida, indistintamente, possam ter acesso a

todas as áreas do empreendimento com conforto e segurança. Também buscou-se demonstrar,

através de layout (aplicando o desenho universal), os acessos e elevações adequadas aos

deslocamentos de portadores de necessidades especiais e portadores de mobilidade reduzida, nas

áreas internas e externas de um Estaleiro e ainda ilustrar, através de imagens em 3D, os espaços e

acessos de acordo com as normas de acessibilidade nos ambientes de trabalho.

A arquiteta e especialista em acessibilidade Thais Frota, disse certa vez: “ Se o lugar não

está pronto para receber TODAS as pessoas, o lugar é deficiente ". E é exatamente o que acontece

com os Estaleiros localizados em Manaus: são lugares deficientes. Esta pesquisa considerou para

estudo, os Estaleiros de maior porte na cidade de Manaus: ERIN (Estaleiro Rio Negro), ERAM

(Estaleiro Rio Amazonas), Alcimar da Silva Motta (Estaleiro do Bibi) e São João Ltda. (Estaleiro

São João). Para fundamentar este estudo, visitamos cada um deles colhendo dados e todas as

informações possíveis sobre suas características, horários, funcionamento, as atividades

desenvolvidas em cada período de trabalho, seus funcionários e como os trabalhadores

desempenham suas funções, etc.

2. Indústria naval no Amazonas

De acordo com a SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus (2011),

devido às condições socioculturais, econômicas e históricas, o Estado do Amazonas possui o que

se pode chamar de “vocação natural” para a construção naval e para isso conta com dois tipos de

empreendimentos: os estaleiros de construção e os de reparos.

Dados publicados no documento Plano de Desenvolvimento Preliminar – APL de

Construção Naval – Cidade Polo: Manaus, do ano de 2008, afirmam que, conforme o Sindicato da

Indústria da Construção Naval de Manaus - SINDNAVAL, existem em plena atividade mais de

300 estaleiros no estado do Amazonas. Os de reparos ocupam cerca de 20% da orla da cidade de

Manaus, sendo um dos maiores polos de consertos de embarcações do Estado. Em toda a região

estão instaladas inúmeras “carreiras”, pequenos negócios que passam de pai para filho, mas que

em sua grande maioria vive na ilegalidade. E, conforme a ANTAQ – Agencia Nacional de

Transportes Aquaviários, existem dois tipos de embarcação no Amazonas: as que atendem

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comercialmente os municípios, partindo da capital Manaus e as que são utilizadas como meio de

transporte pelos ribeirinhos. Por conta desta demanda, a presença dos Estaleiros de Reparos e de

construção Naval é muito importante e necessário na região.

Figura 1– Pequenos estaleiros (carreiras) na orla de Manaus/AM

Fonte: A autora (2011)

3. Linhas de produção

A linha de produção nos estaleiros é variada. Produz-se a pequena Canoa e Botes, balsas

petroleiras de casco duplo/GLP/Carga Geral, Pontão Flutuante/Dique, Navios Petroleiros, Navio

Escola, Iates, Catamarãs, Lanchas Patrulhas, Lanchas para Passeio, Lanchas de Serviços

(ambulancha), Embarcações Rápidas para Transporte de Passageiros (a jato), Empurradores,

Navios de médio porte para transporte de passageiros. Os estaleiros ainda executam obras de

estruturas em aço para prédios Industriais, Caldeiraria Pesada, Vasos de Pressão, Pontes

Metálicas, Perfis Metálicos e Tanques Flutuantes.

4. Os Estaleiros

“Estaleiro é o lugar onde se constroem ou se consertam navios. No estaleiro também se

pode converter uma embarcação de um tipo em outra, com finalidade diferente como de cargueiro

a navio de passageiros, por exemplo.” (Aurélio, 2012).

De acordo com o dicionário naval da SOBENA – Sociedade Brasileira de Engenharia

Naval, existem quatro tipos de Estaleiros: os de grande porte, com área superior a 500.000 metros

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quadrados, equipados para construir e reparar grandes embarcações, como petroleiros, graneleiros,

transatlânticos e plataformas de petróleo. Possui geralmente diques de grandes proporções; os de

médio porte, são estruturados para construir e reparar navios de carga geral, petroleiros médios,

transporte de conteiners, gaseiros, etc. podendo utilizar carreiras ou diques; Já os de pequeno

porte, são Estaleiros para a construção de lanchas, iates, pesqueiros, barcos de passageiros e de

apoio marítimo offshore e portuário. As embarcações são lançadas em geral por carreiras e podem

utilizar o aço, o alumínio e a madeira, dependendo do projeto.

E por fim, o estaleiro militar, que constrói e faz reparos em navios e barcos militares.

Pertence a Marinha do Brasil.

Figura 2 - Estaleiro Aliança em Niterói/RJ de médio porte – Pátio de produção

Fonte: Google - Internet (2011)

Cada estaleiro tem uma peculiaridade, principalmente no modo de construir, isto é,

nenhum deles segue uma técnica de construção específica. Alguns trabalhadores aprenderam o

ofício “trabalhando”, como dizem. Outros aprenderam com os pais ou antepassados. São poucos

os trabalhadores que tem formação através de escolas técnicas. O estado do Amazonas, apesar de

ser um dos maiores polos navais do país, conta somente com o Curso Superior de Tecnologia em

Construção Naval em Manaus na ULBRA - Centro Universitário Luterano de Manaus e na UEA -

Universidade Estadual do Amazonas na cidade de Novo Airão, distante 115 km de Manaus.

Os empresários, donos dos estaleiros, tem buscado qualificar seus operários e funcionários

para poder cumprir prazos e estabelecer igualdade de concorrência na qualidade dos serviços,

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como é o caso do estaleiro Bibi, que promoveu um curso de soldagem para mulheres, com grande

resultado. As mulheres tem se destacado em trabalhos nesta área, onde é necessário o manuseio

fino, a atenção e a paciência. Desde janeiro de 2011, quando entrou em vigor a NR-34, a Norma

reguladora das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação

Naval, que estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao

meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval, os

estaleiros tiveram que se adequar e enfrentar muitas mudanças. Desde que esta norma foi

implantada, muitos estaleiros foram advertidos ou até mesmo multados, por não cumprirem com a

nova realidade.

Se o básico de um projeto não é atendido na implantação de um estaleiro, obviamente, um

usuário portador de necessidades especiais ou portador de mobilidade reduzida jamais poderá ter

acesso às suas instalações, tal a dificuldade que encontrará ao tentar se locomover sem o auxílio de

rampas, sinalizadores, etc. Infelizmente, nenhum estaleiro visitado trata a Acessibilidade (Decreto-

Lei 5296-2004 e Norma técnica NBR 9050-2004) como um investimento que promove a

utilização dos espaços com conforto e segurança para todas as pessoas, indistintamente.

4.1-Estaleiro do Bibi

Figura 3 - Imagem aérea do Estaleiro do Bibi – terreno e acesso – Manaus/AM

Fonte: Google Earth (2012)

O Estaleiro do Bibi, segundo seu proprietário Alcimar da Silva Motta, o Bibi, encontra-se

em franca expansão e pretende se firmar no mercado pela qualidade e pontualidade. Localizado na

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Estrada do Paredão, 1213, Colônia Oliveira Machado, em Manaus e às margens do rio Negro, o

Estaleiro do Bibi tem uma área de 50.000 m2 em um terreno irregular e de “chão batido”,

terraplanado. Para chegar ao Estaleiro, a partir da rua principal, o trajeto é feito por uma rua

asfaltada, onde está localizada a residência do proprietário. Da entrada em plano mais alto, avista-

se o estaleiro na orla do rio Negro. Depois de uma descida um pouco íngreme e de asfalto gasto,

chega-se ao estaleiro. O acesso se dá por sua entrada principal, onde se localiza a guarita de

recepção e vistoria dos caminhões com cargas para abastecimento do estaleiro, de materiais em

aço, alumínio e outros. Ao lado esquerdo há um galpão de cobertura metálica, para abrigar o

maquinário e serviços de laminação. Logo após, ainda no início do terreno, há mais um galpão

para abrigar materiais e pequenas máquinas. Uma grande balsa de 96 metros de comprimento e 24

de largura (boca), está sendo construída ao lado direito do terreno que fica às margens do rio

Negro. Além dela, outras embarcações estão sendo construídas ou em fase de reparos. Ao longo

do terreno, quase no meio, uma edificação de três pavimentos abriga a Administração do Estaleiro.

No andar térreo estão localizados: Recepção, Almoxarifado, Secretaria e a Gerência de Pátio.

Figura 4 - Estaleiro do Bibi – Administração e Refeitório / Pátio de produção

Fonte: A autora (2011)

No primeiro andar do prédio administrativo, estão as salas da Diretoria, Engenharia,

Projetistas e Desenhistas. No segundo andar (tipo mirante), está localizada a sala de reunião. O

prédio consta nas laterais, com escadas externas de emergência que dão acesso ao primeiro andar.

O acesso à sala de reunião é feito internamente por escada. Ao lado desta, outra edificação com

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dois pavimentos é destinada ao refeitório, vestiários e banheiros para operários e técnicos de

construção e produção.

As atividades de trabalho no Estaleiro do Bibi começam às 7:30 horas e terminam às 17:30

horas, com um intervalo de uma hora para o almoço. Todos os funcionários usam uniformes com a

marca da empresa e os operários, equipamentos de proteção individual – EPI‟s. O encarregado da

oficina informa a programação da produção e o número de operários por turno, bem como de

todos os equipamentos que serão utilizados. A programação depende do número de embarcações

no pátio.

Em nossas visitas ao Estaleiro, constatamos que o local necessita de mais organização. A

área foi terraplenada e não há asfalto ou pavimento. Durante o período seco, há muita poeira

prejudicando a saúde dos operários e suas atividades no local. A irregularidade do terreno e os

muitos obstáculos existentes criados pelo material de construção e lixo deixados a céu aberto

dificultam o trânsito de pessoas e cargas. Não há demarcação entre os locais de passagem de

pedestres e veículos. As embarcações são construídas e montadas ao ar livre, onde houver espaço

para tal procedimento. De acordo com os operários, não há outra maneira de cumprir com as

tarefas a não ser sob o sol escaldante de Manaus, já que não há cobertura de proteção no local de

trabalho, principalmente no pátio de produção.

Figura 5 - Entrada do Estaleiro do Bibi – Pátio de produção

Fonte: A autora (2011)

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Cabe ao empregador, conforme a NR-34, Item 34.2 - Responsabilidades 34.2.1- c, “

assegurar que os trabalhos sejam imediatamente interrompidos quando houver mudanças nas

condições ambientais que os tornem potencialmente perigosos à integridade física e psíquica dos

trabalhadores.”

Figura 6 - Estaleiro do Bibi – Soldador em área descoberta - Pátio de produção

Fonte: A autora (2011)

O número de operários que trabalham no pátio de produção varia muito durante os turnos

da manhã e da tarde, principalmente porque existem muitos operários e auxiliares temporários

para atender a demanda de serviços e que não fazem parte do quadro de funcionários da empresa.

Atualmente, são 106 funcionários efetivos, entre soldadores, montadores, equipe de corte, pessoal

de escritório, desenhistas e projetistas, segurança do trabalho, mecânicos, eletricistas,

enfermagem, cozinheiro, auxiliares, pessoal da marcenaria e carpintaria, almoxarife, etc. O

Estaleiro Bibi aluga, constrói e faz reparos. Não possui carreira de lançamento e as embarcações,

até 1.000 toneladas, são içadas para as águas do rio Negro por guindastes acoplados em

caminhões. Após o lançamento, são feitos os acabamentos internos e testes de estabilidade para

posterior entrega ao cliente.

4.2 - Estaleiro Rio Negro – ERIN

O Estaleiro Rio Negro Ltda., mais conhecido como Erin, foi fundado em 1971 em Manaus,

no estado do Amazonas, pelo Sr. João Batista. É especializado na fabricação de embarcações em

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aço, alumínio e executa obras de caldeiraria e estruturas para setor industrial. Fica localizado às

margens esquerda do rio Negro na Rua Nelson Rodrigues, 100, no bairro Compensa III – Vila

Marinho. Possui uma área de 60.000 metros quadrados, com 30.130 metros quadrados

construídos. Seu parque industrial consta de oficina mecânica, tornearia, marcenaria, uma carreira

para lançamento de Navios com até 20.000 TPB e quatro carreiras cobertas com comprimento de

Figura 7 - Estaleiro Rio Negro Ltda, Manaus/AM

Fonte: Google Earth (2012)

60 metros, podendo lançar embarcações de até 12.000 TPB. Possui equipamentos de última

geração para a construção e reparos, como o Guincho de Docagem com capacidade de 1000

toneladas e máquinas de corte CNC com plasma e oxiacetileno além de empurradores, balsas e

botes para auxílio. O Erin projeta e constrói embarcações em alumínio soldado com até 85 metros

e ainda fabrica estruturas em aço para prédios industriais, caldeiraria pesada, vasos de pressão,

pontes metálicas, perfis metálicos, Tanques flutuantes e terminais graneleiros.

As encomendas são muitas e o pátio de produção está sempre em atividade constante. Os

turnos de trabalho são: manhã de 7:30 H as 11:30 H. Tarde de 13 H as 17:00 H com intervalo de

almoço e descanso de 1:30 H. Com a construção da ponte estaiada da AM-070 que liga Manaus ao

município de Iranduba, o estaleiro Rio Negro teve uma boa parte de sua área destinada àquele

empreendimento, ficando dividido em dois e assim conhecidos atualmente: o estaleiro Erin-matriz

e a Carreira 6 do Erin. As atividades continuam as mesmas, apesar da diminuição da área.

De acordo com a administração do Estaleiro, o Erin possui hoje 132 funcionários em seu

quadro de pessoal, mas como a demanda é muito grande é necessário sempre contratar pessoal

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temporário. Para tornar mais ágil as entregas das embarcações e cumprir prazos, a empresa

também terceiriza pequenas empresas de serviços de montagem e solda com pessoal capacitado e

treinado. Os funcionários são formados por equipe de corte, auxiliares, eletricistas, enfermeira,

segurança do trabalho, cozinheiras, almoxarife e o pessoal administrativo. Em seu novo quadro de

pessoal hoje, o Erin conta com um Engenheiro naval, designers e projetistas.

Visitamos o Estaleiro Rio Negro e constatamos que o terreno está bastante prejudicado

pela falta de cuidado, manutenção e respeito pelo meio ambiente. Por causa das constantes chuvas

nesta época do ano, há muita lama e buracos de tamanhos e profundidades variáveis, dificultando

sobremaneira o trânsito de pessoas e veículos. A via de entrada para o estaleiro até o prédio da

Engenharia, entretanto, é asfaltada. O terreno foi bastante escavado para se nivelar ao rio. No pátio

de produção, há muito material de trabalho, estruturas de barcos que estão sendo montados ou

reparados, junto com material descartado. Alguns deles, porém, estão ao ar livre, o que indica

trabalho sob a ação das intempéries.

Figura 8 - Estaleiro Rio Negro Ltda, Manaus/AM

Fonte: Site PortalNaval (2012)

O prédio da administração com três pavimentos está situado na Rua Nelson Rodrigues

(Ponta do Ouvidor). Ao lado do prédio fica a guarita de entrada do estaleiro. Neste local, estão

localizados a Diretoria, Contabilidade e o setor Comercial. O acesso para o estaleiro é feito por

uma longa estrada em declive muito acentuado (barranco). Não há uma sinalização adequada e o

local do estacionamento para os visitantes é sofrível. As salas da Engenharia, Projetos e Design

estão situadas em um pequeno prédio com três pavimentos, anexo a quatro galpões que cobrem as

carreiras de lançamentos, locais destinados às montagens, pinturas e acabamentos das

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embarcações. Há um grande galpão para a construção de lanchas em alumínio e outros para os

trabalhos em aço naval. Lá, são feitos os cortes, dobraduras, montagens, soldas, etc. Há, ainda,

interligando estes galpões, o refeitório, área de descanso, vestiários e banheiros dos trabalhadores.

Os acessos tanto para as áreas administrativas quanto nas áreas técnicas e de produção, são

ineficientes. Além dos muitos obstáculos com materiais deixados pelo terreno, não há calçadas,

por onde as pessoas possam caminhar com segurança.

Apesar dos problemas encontrados principalmente na circulação das pessoas e veículos,

todos os operários trabalham com EPI‟s – Equipamentos de proteção individual e os demais com

uniformes da empresa. Os períodos de trabalhos são quase todos feitos sob as coberturas dos

galpões, não havendo maiores problemas para a saúde, conforme relato de um soldador. Não há,

evidentemente, nenhum trabalhador portador de necessidades especiais ou com algum tipo de

dificuldade de locomoção em seu quadro de pessoal, nem mesmo nas áreas administrativa ou de

Engenharia. De acordo com um funcionário do estaleiro Erin, “não tem como um deficiente

trabalhar aqui...é muito difícil este tipo de trabalho, é duro...desgastante...”

4.3 - Estaleiro São João

A maioria dos estaleiros de Manaus foi criada a partir da década de 70 e 80, no entanto, o

Estaleiro São João Ltda., foi fundado em 1937, sendo atualmente o mais antigo estaleiro em

atividade na Amazônia. Está localizado na Rua Nelson Rodrigues, 178, Antiga Estrada do

Bombeamento na Vila Marinho, em Manaus.

Figura 10 - Estaleiro São João Ltda, Manaus/AM – vista aérea

Fonte: Google Earth (2012)

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De acordo com o Diretor Comercial Danilo Souza Coutinho, o Estaleiro é estruturado para

a construção de balsas e empurradores em aço naval para navegação na Amazônia, de acordo com

normas internacionais das sociedades classificadoras.

Trabalham com projetos próprios, desenvolvidos e atualizados com a experiência de 75

anos. Em sua linha de produção constam Balsas petroleiras, já construídas para companhias locais

e Balsas para transporte de carga no convés. Em uma área de 65.000 metros quadrados, o

estaleiro possui cerca de 20.300 metros quadrados de área construída. O prédio da administração é

térreo tipo galpão, onde estão localizados alguns setores como: Engenharia, Projetos, Segurança

do trabalho e Produção. Há também uma estrutura metálica, coberta para abrigo de máquinas,

equipamentos diversos e barcos para pintura e ainda um prédio onde estão localizados o refeitório,

vestiários e banheiros para os operários.

Figura 11 - Estaleiro São João Ltda., Manaus/AM – vista aérea

Fonte: Site da empresa (2012)

O Estaleiro São João tem um grande terreno, quase todo asfaltado e em bom estado. Todos

os dias, inicia suas atividades às 7 horas e termina às 17 horas, com duas horas de intervalo para o

almoço e descanso. Seu quadro de funcionários é composto de equipes de corte, soldadores,

montadores, eletricistas, mecânicos, pessoal da marcenaria e carpintaria, almoxarifado, secretaria,

pessoal da contabilidade e do setor comercial, desenhistas e projetistas, cozinheiro e auxiliares.

Conforme os funcionários, na época das chuvas o rendimento cai bastante, porque todo o serviço

tem que parar, “porque é muito perigoso”. De acordo com a NR-34, item 34.15.3 – “O trabalhador

deve estar protegido contra insolação excessiva, calor, frio e umidade em serviços a céu aberto.”

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Há, entretanto, um grande galpão próximo à beira do rio Negro, onde ficam abrigadas algumas

embarcações em processo de acabamento, pintura, etc.

Ao lado desta, há um pequeno prédio de dois pavimentos para a enfermaria, gerência de

pátio, o refeitório, vestiários, banheiros para os operários e área de descanso. Todos os

funcionários usam uniformes e equipamentos de proteção individual (EPI‟s), além de ter técnico

de segurança em seu quadro de funcionários, enfermaria e sistema de combate a incêndios. Os

funcionários usam uniformes com a marca da empresa.

4.4 - Estaleiro Rio Amazonas - ERAM

Conhecido como ERAM, o Estaleiro Rio Amazonas é um estaleiro bastante flexível.

Embora tenha iniciado suas atividades somente realizando reparos e manutenção, hoje, está

habilitado também à construção de embarcações e terminais de grande porte. O Eram, de acordo

com o seu proprietário, Adalberto Azevedo, nasceu com o objetivo de atender a seus clientes e

parceiros com espírito inovador e moderno, que gerencia todas as operações de seu escritório,

localizado no interior do estaleiro, no pátio de produção.

Figura 13 - Vista aérea da área do Estaleiro Rio Amazonas – ERAM

Fonte: Google Earth (2012)

O Eram foi fundado em 05 de maio de 1992 e está localizado na Av. Padre Agostinho

Caballero Martin, 313 no Bairro da Compensa, em Manaus. Possui 85.000 metros quadrados de

área e cerca de 10.000 metros quadrados de área construída. Antes da entrada (guarita) do

Estaleiro, há um prédio construído especialmente para o setor comercial e atendimento de clientes.

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Conforme explica o Sr. Adalberto, o Eram gera mensalmente cerca de 1800 empregos,

além de manter em seu quadro funcional, técnicos e engenheiros que executam serviços

planejados por encomenda, desenvolvendo novas tecnologias. O estaleiro realiza serviços de

tornearia, frezagem, laminação, solda, pintura, armaduras e estrutura.

Seu quadro de pessoal conta com uma equipe de profissionais qualificados nas áreas de

engenharia naval, engenharia civil e eletrificação, capacitados e com certificados de

credenciamento, emitidos pelos mais renomados fabricantes de materiais e equipamentos.

Também mantém uma equipe multidisciplinar, com profissionais da área técnica (eletrotécnicos,

montadores, eletricistas) e da área administrativa (administradores, advogados, economistas,

técnicos em logística) com grande experiência nas suas especialidades.

Figura 14 - Funcionários e proprietário, Sr. Adalberto, do Estaleiro Rio Amazonas

ERAM – Estaleiro Rio Amazonas em Manaus/AM

Fonte: Site da empresa (2012)

O Eram, em sua política socioambiental, está comprometido com a gestão da saúde

ocupacional e segurança no trabalho, aplica e desenvolve ações de seguro empresarial coletivo de

todos os seus colaboradores, mantendo contrato permanente com organizações especializadas nas

áreas de saúde, cursos técnicos e segurança do trabalhador, a fim de dar todo suporte necessário à

saúde ocupacional e segurança de seus colaboradores. Entretanto, apesar de sua preocupação

socioambiental, não há nenhum planejamento voltado à acessibilidade, apesar das novas leis em

vigor. Também não há nenhum funcionário portador de necessidades especiais ou com mobilidade

reduzida em seu quadro de pessoal.

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Em nossas visitas ao Estaleiro ERAM, constatamos que a área onde ele está instalado é

cheia de barrancos e o terreno é irregular. Não é asfaltado ou pavimentado e o trânsito de pessoas

e veículos é prejudicado por buracos e lama. Há um estacionamento para carros, improvisado, sem

sinalização. O acesso aos galpões da gerência, almoxarifado, dos projetistas, etc., demanda certa

dificuldade, se uma pessoa visita pela primeira vez o estaleiro. O pátio de produção é como um

canteiro de obras. Os galpões que abrigam equipamentos e máquinas e onde se realizam as

pinturas, acabamentos, etc., mantém uma aparência mais organizada, porém não é bem assim.

Muito entulho, materiais descartados das obras ficam jogados, sem ter uma destinação adequada,

apesar de o proprietário afirmar que existe uma ação contínua de recolhimento de lixo, arrumação

e reciclagem de materiais. Como o terreno é de chão batido, terraplenado, em dias de verão a

poeira é um problema, obrigando o uso e consumo exagerado de água para molhar o solo. No

período de chuvas, as poças de água e a lama que se formam são um perigo constante para os

trabalhadores. E foi assim que encontramos o Estaleiro Eram, em nossa visita no mês de fevereiro,

com muita lama. O rio Negro está em período de cheia, avançando alguns metros no terreno.

Os trabalhos tem início às 7:30 horas e terminam às 17 horas, com intervalo para o almoço.

Todos os funcionários, operários efetivos e temporários, usam equipamentos individuais de

proteção – EPI‟s e uniformes. Também utilizam ferramentas e máquinas, de acordo com as

normas, sempre supervisionados pelo chefe de equipe, pois o Estaleiro prima pela segurança dos

trabalhadores.

5. Acessibilidade

A norma brasileira ABNT NBR 9050:2004 define acessibilidade como “possibilidade e

condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de

edificações, espaço mobiliário, equipamento urbano e elementos”.

Segundo DISCHINGER (2004), “Acessibilidade significa poder chegar a algum lugar com

conforto e independência, entender a organização e as relações espaciais que este lugar estabelece

e participar das atividades que ali ocorrem fazendo uso dos equipamentos disponíveis”.

Esta Norma visa proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente

de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e

segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.

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6. Desenho Universal

É aquele que visa atender a maior gama de variações possíveis das características

antropométricas e sensoriais da população (ABNT NBR 9050:2004). É a concepção de espaços,

artefatos e produtos que visam atender simultaneamente a todas as pessoas, com diferentes

características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável,

constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade (Decreto Federal nº

5.296/04, Art. 8º, Inciso IX). Segundo CAMBIAGHI (2007), o Desenho Universal tem uma

proposta mais ampla, que é atender uma gama muito maior de pessoas. Um programa de

acessibilidade plena deve seguir os sete princípios do desenho universal que são: Igualitário (Uso

Equiparável), Adaptável (Uso Flexível), Óbvio (Uso Simples e Intuitivo), Conhecido (Informação

de Fácil Percepção), Seguro (Tolerante ao Erro), Sem esforço (Baixo Esforço Físico) e

Abrangente (Divisão e Espaço para Aproximação e Uso).

7. Rota acessível

Para o livre acesso por todas as pessoas às dependências externas e internas do estaleiro,

utilizamos no layout proposto, a Rota acessível, conforme descrito na NBR 15599:2008 - item

3.14: Trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos

de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as

pessoas, inclusive aquelas com deficiência. A rota acessível externa pode incorporar

estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas etc. A rota

acessível interna pode incorporar corredores, pisos, rampas, escadas, elevadores etc.

8. Layout do Estaleiro

Tomando por base as regras básicas de Ergonomia na organização do layout, é

imprescindível compatibilizar os espaços mínimos com as necessidades das pessoas, organizar as

áreas de produção e garantir que o trabalho intelectual seja feito longe de ruas movimentadas e de

máquinas produtoras de ruídos, além de outras considerações. A concepção de um arranjo geral

com adaptações livres de barreiras foi desenvolvida através de parâmetros do desenho universal,

utilizando a rota acessível para a utilização dos espaços de maneira segura durante a permanência

nas dependências do estaleiro.

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8.1 - Layout existente do Estaleiro do Bibi

Figura 15 – Layout existente do Estaleiro do Bibi- Manaus/AM

Fonte: A autora (2012)

8.2 - Novo Layout para o Estaleiro do Bibi

Figura 16 – Novo Layout proposto do Estaleiro do Bibi- Manaus/AM

Fonte: A autora (2012)

8.2.1- Composição do novo layout

O novo layout com rota acessível proposto para o Estaleiro do Bibi é composto de:

Acessos e Área Externa: Guarita, Entrada principal e de Funcionários, Estacionamentos para

Carros, Motos, Carga e descarga, Bicicletário e Pátio de Caminhões. Apoio aos Funcionários:

Cozinha, Refeitório, Descanso e lazer, Banheiros e Vestiários. Administração: Recepção,

Gerência, Sala de reunião, Engenharia, Informática, Enfermaria, Orçamento. Infra-estrutura:

Estação de tratamento de esgoto, Ampolas de gás, Lixo seletivo, Subestação/Grupo gerador, Caixa

Terreno

terraplenado

Administração

Estacionamento

Galpão-máquinas

Refeitório

Vestiários

Estaleiro do Bibi

Galpão-oficina

Terreno com bloquetes

Galpão-oficina

Administração

Estacionamento

carros e motos

Refeitório vestiários

Estaleiro do Bibi

Estacionamento-bicicletário

Galpão

Estacionamento p/carga/descarga

Pátio de produção

Área de

produção

Área de

produção

Pista asfaltada

Guarita

Rota acessível

Pátio de produção

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d‟água e Poço artesiano. Área Técnica: Galpões de construção, pré-fabricação de painéis e blocos

e tratamento de chapas e perfis; marcenaria, carpintaria e oficina mecânica; Almoxarifado; Área

de montagem e Depósito de chapas, Escritório de Produção, Banheiros e Resíduos de materiais.

Figura 17 – Novo Layout em 3D do Estaleiro do Bibi

Fonte: A autora (2012)

8.2.2- Acessos e circulações que compõem a rota acessível no layout

Para a elaboração de novo layout do Estaleiro do Bibi seguimos as diretrizes da norma

ABNT NBR 9050:2004, utilizando o desenho universal com a finalidade de atender a maior gama

de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais das pessoas que trabalham

ou visitam o Estaleiro, garantindo, assim, o direito de ir e vir com qualidade de vida a todos os

cidadãos.

Figura 18 - Vista da Rota acessível – Pista asfáltica e calçadas

Fonte: A autora (2012)

Foram feitas as seguintes intervenções no layout existente do Estaleiro do Bibi:

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1- Bloquetes sextavados de concreto em todo o terreno. 2 - Plantas e árvores para sombreamento e

manutenção da qualidade do ar no ambiente. 3 - Guarita com 49 m2, com sala de espera, controle

e sanitários. 4 – Bicicletário coberto. 5 – Galpões com banheiros e calçadas de 1.50m com piso

antiderrapante. 6 - Pista asfáltica CBUQ de 3cm de espessura no sentido longitudinal do terreno

com 152 m x 10 m. 7 - Calçada com 150 metros, espessura de 0,20m e 1,50m de largura, com

rampas com inclinação de 8% (NR 9050:2004). 8 - Rota acessível externa na calçada, com 156

metros de percurso livre de obstáculos. 9 - Passarelas de ligação para os galpões de reparos e

oficinas até o prédio da administração. 10 - Área de descanso a cada 50 metros com 1,50m de

diâmetro para a manobra de cadeiras de rodas. 11 - Faixas elevadas para travessia de pedestres e

adequadas às pessoas portadoras de necessidades especiais. 12 - Estacionamentos para carros e

motos no prédio da administração, com vaga para pessoas com deficiência física, visual ou idosos,

sinalizada de acordo com a NBR 9050:2004 (Figura 19 abaixo).

Figura 19 - Vista do Estacionamento acessível – Rota acessível

Fonte: A autora (2012)

13 - Pátio de manobras com estacionamento para caminhões. 14 - Pátio de movimentações de

componentes entre as oficinas e as áreas de montagem. 15 - Vestiários e refeitório com banheiros

especiais com pisos diferentes. 16 – Circulação interna ampla, com 1 metro de largura mínima nos

corredores sem obstáculos. 17 - Portas internas com visor e largura de 1 metro e 2,10m de altura,

suficientes largura de aproximação frontal e lateral para transpor portas por portador de cadeiras

de rodas (PCR) ou obesos. 18 - Soleiras em nível das portas, materiais antiderrapantes aplicados

em degraus, pisos e rampas, corrimãos nas escadas e maçanetas das portas que podem ser

acionadas até com os cotovelos. 19 – Torneiras com sensores ou de acionamento por alavancas e

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mesas com tampos de diferentes alturas. 20 - Plataformas elevatórias em cada prédio. 21 - Luzes

de emergência, interruptores e tomadas na altura de 1,10m. 22 - Detectores de fumaça e gás. 23 -

Sistema de captação de águas pluviais com reservatório e rede. 24 - Estação de tratamento de

efluentes. 25 - Portas e janelas especiais de aberturas com um único movimento e maçanetas do

tipo alavanca, a uma altura entre 0,90 m e 1,10 m. 26 - Portas dos sanitários e vestiários acessíveis

com puxador horizontal, associado à maçaneta. 27 - Portas de correr e sanfonadas com vãos de

0,80 m. 28 - Alarmes internos com intensidade auditiva interna de 35 dBA e externa de 60 dBA,

NR 15599:2008 que trata da Acessibilidade - Comunicação na Prestação de Serviços.

O novo layout não contemplou a instalação da sinalização tátil no piso como orientação às

pessoas com deficiência visual ou baixa visão no percurso da rota acessível. Este deverá ter

acessibilidade assistida. De acordo com a NR 15599:2008, item 5.12.2.1, em local de trabalho

onde existe a movimentação de veículos, máquinas carregadeiras, guindastes ou similares, como é

o caso do Estaleiro do Bibi, é recomendado que o funcionário com deficiência auditiva, visual, ou

surdo-cegueira esteja visivelmente identificável, por meio de algum elemento em seu uniforme

(capacete ou outro equipamento), visando informar aos demais que ele pode não estar ouvindo a

aproximação das máquinas ou pode não estar vendo a sinalização de alerta.

Conclusão

Por que Acessibilidade não é considerada nos projetos dos Estaleiros? Esta foi a nossa

inquietação inicial e um problema a ser investigado. Diante das hipóteses levantadas e dos estudos

in loco, chegamos à conclusão que os problemas encontrados para a instalação precária existente

até hoje, se deve exatamente à falta de conhecimento técnico e administrativo de seus gestores.

Nas visitas aos estaleiros São João, Eram, Erin e Bibi, constatamos que todos eles possuem

ambientes inadequados ao trabalho e condições inseguras de acesso para todas as pessoas. Não há

conforto e independência na utilização dos espaços externos e internos e é clara e notória a falta de

planejamento arquitetônico na organização e utilização destes espaços.

De acordo com os trabalhadores do setor, montar um estaleiro há dez anos, era mais fácil

sem as leis e normas de hoje. Bastava ter um bom pedaço de terra na beira do rio e algumas

ferramentas para começar a construir os barcos. Não se pensava no conforto e segurança dos

trabalhadores, não havia a preocupação com o meio ambiente. Entretanto, com o passar dos anos,

quase nada foi feito para adequar o estaleiro à nova realidade, às novas normas de conduta e

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interesse socioambiental. Trata-se de um argumento que demonstra o descaso com estas questões

tão importantes. Apesar das leis, normas e dos avanços tecnológicos em pleno século XXI, este

tipo de empreendimento ainda tem, na cidade de Manaus, resquícios de indústria caseira, da

indústria de „fundo de quintal‟. As autoridades locais ainda não conseguiram mudar este quadro,

apesar das inúmeras tentativas de melhorias no setor.

Este nosso estudo, tomando como amostra o Estaleiro do Bibi (Alcimar da Silva Motta)

mostrou que é possível através do layout proposto, tornar o estaleiro um lugar acessível a todas as

pessoas, portadoras ou não, de necessidades especiais. Mostramos, através de uma nova proposta

de layout e desenhos em 3D, que com a implantação de uma rota acessível e com a utilização

correta das normas de acessibilidade, é possível promover o direito de ir e vir das pessoas e incluí-

las no mercado de trabalho. É necessário que os gestores busquem colaboradores técnicos para

adquirir recursos e viabilizar a organização do empreendimento, através de projeto arquitetônico

de design universal e econômico-financeiro bem elaborado, para torná-lo realidade.

Referências Bibliográficas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 9050:2004: Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 15599:2008: Acessibilidade -

Comunicação na prestação de serviços.

CAMBIAGHI, Silvana Serafino. Desenho Universal – métodos e técnicas para

Arquitetos e urbanistas. São Paulo: Editora Senac, São Paulo, 2007.

CARLETO Ana Cláudia; CAMBIAGHI, Silvana Serafino – Desenho Universal – cartilha

elaborada por Mara Gabrilli, 2011

DISCHINGER, M.; BINS ELY, V. H. M.; MACHADO, R. Desenho universal nas escolas:

acessibilidade na rede municipal de ensino de Florianópolis. Florianópolis: PRELO, 2004.

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego - Norma Regulamentadora - NR-34:2010 - Condições

e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e reparação naval.

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http://www.acessibilidade.org.br/cartilha_trabalho.pdf - acessado em 03/01/2012

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http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/assitencia_tecnica/acessibilidade/Cartilha_Acessibilidade

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