correio fraterno 427

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CORREIO FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 41 • Nº 427 • Maio - Junho 2009 O valor da contribuição de Herminio C. Miranda “Rochester é um mestre consumado na arte de contar histórias” Pág. 8 41 ANOS DE CORREIO FRATERNO www.correiofraterno.com.br Visite o nosso site: nstigado pelo personagem Tarso (Bruno Gagliasso), o debate sobre esquizofrenia tem provocado diálogos importantes entre os personagens da novela Caminho das Índias (TV Globo), repetindo a fórmu- la já consagrada da autora Gloria Perez ao abordar temas polêmicos em suas histórias, colocando nas telas fatos reais que normal- mente são escondidos e até evitados por preconceito ou desconforto no meio social. A discussão sobre a causa da esquizo- frenia não é nova, principalmente se o as- sunto for analisado à luz do Espiritismo, que considera a concepção do homem não apenas pela visão mecanicista, mas forma- do de corpo físico, perispírito e alma, cujos componentes se interrelacionam e desem- penham funções específicas. Apesar da abordagem de O Livro dos Médiuns não deixar dúvidas de que a me- diunidade não provoca a loucura, na práti- ca, porém, nem sempre é fácil se distinguir, por exemplo, um quadro típico de processo obsessivo de um transtorno psicótico. Muitas dúvidas pairam em torno do assunto, confundindo-se inclusive mediu- nidade com obsessão, assuntos que são abordados na seção Entrevista, numa edição especial. Leia nas páginas 4 e 5 ESQUIZOFRENIA OU OBSESSÃO? PRIVAÇÕES podem ter levado Flammarion a Kardec Muito além de Shangri-la I Camille Flammarion foi designado para o discurso de despedida a Kardec quando de seu retorno à pátria espiritual. Era 1869. Ca- mille tinha 27 anos, rapaz ainda, porém cheio de méritos, e de excelente bagagem cultural. É bem provável que Flammarion tenha to- mado contato com O Livro dos Espíritos aos 15 anos de idade, em 1857. Pág. 11 Há alguns anos, assistimos a um filme cujo enre- do é uma história interessante. Após um aciden- te de avião, em região distante da civilização, uns três ou quatro sobreviventes saíram andando, em busca de salvação. Depois de longa e atribulada caminhada, deram, inesperadamente, com um país maravilhoso: uma pequena nação, isolada, onde as coisas eram todas perfeitas. Tudo calmo, agradável e tranquilo. Pág. 15 Esquizofrenia: o drama de Tarso (Bruno)

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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Page 1: Correio Fraterno 427

CORREIOFRATERNO

O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

P u b l i c a ç ã o d a E d i t o r a E s p í r i t a C o r r e i o F r a t e r n o • e - m a i l : c o r r e i o f r a t e r n o @ c o r r e i o f r a t e r n o . c o m . b r • A n o 4 1 • N º 4 2 7 • M a i o - J u n h o 2 0 0 9

O valor da contribuição de Herminio C. Miranda“Rochester é um mestre consumado na arte de contar histórias”Pág. 8

41 ANOS DE CORREIO FRATERNO

www.correiofraterno.com.br

Visite o nosso site:

nstigado pelo personagem Tarso (Bruno Gagliasso), o debate sobre esquizofrenia tem provocado diálogos importantes

entre os personagens da novela Caminho das Índias (TV Globo), repetindo a fórmu-la já consagrada da autora Gloria Perez ao abordar temas polêmicos em suas histórias, colocando nas telas fatos reais que normal-mente são escondidos e até evitados por preconceito ou desconforto no meio social.

A discussão sobre a causa da esquizo-frenia não é nova, principalmente se o as-sunto for analisado à luz do Espiritismo, que considera a concepção do homem não apenas pela visão mecanicista, mas forma-

do de corpo físico, perispírito e alma, cujos componentes se interrelacionam e desem-penham funções específicas.

Apesar da abordagem de O Livro dos Médiuns não deixar dúvidas de que a me-diunidade não provoca a loucura, na práti-ca, porém, nem sempre é fácil se distinguir, por exemplo, um quadro típico de processo obsessivo de um transtorno psicótico.

Muitas dúvidas pairam em torno do assunto, confundindo-se inclusive mediu-nidade com obsessão, assuntos que são abordados na seção Entrevista, numa edição especial. Leia nas páginas 4 e 5

ESQUIZOFRENIAOU OBSESSÃO?

PRIVAÇÕESpodem ter levado Flammarion a Kardec

Muito além de Shangri-la

I

Camille Flammarion foi designado para o discurso de despedida a Kardec quando de seu retorno à pátria espiritual. Era 1869. Ca-mille tinha 27 anos, rapaz ainda, porém cheio de méritos, e de excelente bagagem cultural. É bem provável que Flammarion tenha to-mado contato com O Livro dos Espíritos aos 15 anos de idade, em 1857. Pág. 11

Há alguns anos, assistimos a um filme cujo enre-do é uma história interessante. Após um aciden-te de avião, em região distante da civilização, uns três ou quatro sobreviventes saíram andando, em busca de salvação. Depois de longa e atribulada caminhada, deram, inesperadamente, com um país maravilhoso: uma pequena nação, isolada, onde as coisas eram todas perfeitas. Tudo calmo, agradável e tranquilo. Pág. 15

Esquizofrenia: o drama de Tarso (Bruno)

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2 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009ED

ITO

RIA

L

istória, ciência, atualidades e entretenimento se encon-tram de forma intensa nesta

edição. A começar pela discussão em torno do tema esquizofrenia, que vem ganhando espaço nas principais mí-dias, não deixando nem mesmo o ator Bruno Gagliasso, na vida real, alheio ao assunto: tem visitado clínicas e se comunicado intensamente pela inter-net com o público, que deseja saber mais sobre sua instigante experiência no papel de um esquizofrênico, na no-vela Caminho das Índias (TV Globo). Pois é sobre este tema que a jornalista Eliana Haddad traz para o leitor, na seção Entrevista, o que dizem alguns

estudiosos atuais e também os já de-sencarnados.

E para quem se prepara para tirar férias em julho e não abre mão de uma boa leitura, entre no mundo do consa-grado escritor Herminio C. Miranda, que fala sobre seu trabalho e a tradu-ção de um dos clássicos de Conde de Rochester: A Feira dos Casamentos, na seção Literatura e Espiritismo.

O que teria levado o estudante e futuro astrônomo Camille Flamma-rion, que se tornaria depois um dos baluartes do Espiritismo, a procurar o professor Allan Kardec? No Baú de Memórias você vai encontrar pistas.

Não dá para não comentar: As aven-

turas do Fraterninho ganha cada vez mais a simpatia do público adulto, junto às crianças. Nesta edição, a beleza dos traços em sua missão, sob as lonas do circo, surpreendem.

Não deixe de ler!!!!Equipe Correio

H

CORREIO DO CORREIO

Homenagem ao LucenaLinda a reportagem sobre o nosso saudoso Lucena (edição 426). Nos emocionamos ao ler o texto. A foto então, mais linda ainda. Um exemplar foi doado ao Memo-rial Antonio Lucena do ICEB e outro à sua querida esposa, Sra. Deusarina, que agradece sensibilizada a homenagem.Parabéns ao Correio e a toda a sua equipe. Saudações de todo o pessoal do SEI.

Giovanni Scognamillo, Rio de Janeiro-RJ

Qualidade do CorreioParabéns pela edição do Correio Fra-terno de março/abril 2009 (edição 426). Adorei particularmente a re-portagem Trinta Anos sem Herculano Pires e a interessante entrevista com Astrid Sayegh. Abraços.

Neyde Schneider (Presidente da Sociedade de Estudos

Espíritas 3 de Outubro) São Paulo-SP

Envio de artigosEncaminhar para e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do

Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora responsável: Izabel Regina R. Vitusso. MTB-3478

Jornalista responsável: Maury de Campos Dotto Comunicação e Marketing: Tatiana Benites

Editoração: PACK Comunicação Criativawww.packcom.com.br

Editor de arte: Hamilton DertonioImpressão: AGG –Artes Gráficas Guaru

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000

São Bernardo do Campo – SP

Fones: (011) 4109-2939 e-mail: [email protected]

site: www.correiofraterno.com.brAs colaborações assinadas não representam necessariamente

a opinião do jornal.Periodicidade bimestral

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Assinatura 12 exemplares: R$ 36,00Mantenedor: acima de R$ 36,00

Exterior: U$ 24,00

Editora Espírita Correio Fraterno

CNPJ 48.128.664/0001-67

Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. Vitusso

Vice-presidente: Belmiro Tonetto

Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz

Secretário: Vladimir Gutierrez Lopes

A última edição do Correio mobilizou muitos leitores e trabalhadores do movi-mento espírita, que carinhosamente se manifestaram para ressaltar a qualidade do jornal, pelos temas e pelas cobertu-ras de eventos publicados. Agradecemos o carinho e dividimos os méritos com todos os articulistas que nos ajudam a compor cada edição, enviando graciosa-mente seus escritos, frutos de muito labor e reflexões.Equipe Correio Fraterno

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kar-dec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

•Aapreciaçãorazoáveldosfatos,edesuas conseqüências.

•Acolhimentodetodasobservaçõesanós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

•Discussão,porémnãodisputa.Asin-conveniências de linguagem jamais tiveramboasrazõesaosolhosdepes-soas sensatas.

•Ahistóriadadoutrinaespírita,deal-gumaforma,éadoespíritohumano.Oestudodessasfontesnosfornecerá uma mina inesgotável de observa-ções,sobrefatosgeraispoucoconhe-cidos.

•Osprincípiosdadoutrinasãoosde-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, umateoria pessoal que exporemos.

•Não responderemosaosataquesdi-rigidos contra o Espiritismo, contra seuspartidáriosemesmocontranós.Aliás,nosabsteremosdaspolêmicasque podem degenerar em persona-lismo.Discutiremososprincípiosqueprofessamos.

•Confessaremos nossa insuficiênciasobre todos os pontos aos quais não nosforpossívelresponder.Longederepelir as objeções e as perguntas,nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

•Se emitirmos nosso ponto de vista,issonãoésenãoumaopiniãoindivi-dual que não pretenderemos impor a ninguém.Nósaentregaremosàdis-cussão e estaremos prontos para re-nunciá-la,senossoerrofordemons-trado.

Esta publicação tem como finalidadeoferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões.Eligar,porumlaçocomum,osquecompreendemadoutrinaespí-rita sob seu verdadeiro ponto de vista moral:apráticadobemeacaridadedoevangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected] • Permitida a reprodução parcial de textos do Correio Fraterno desde que citada a fonte.

Daarteda representaçãoaos traços do Fraterninho

Page 3: Correio Fraterno 427

MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 3A

CO

NTEC

E

O15º Megafeirão de livros espí-ritas, que se realiza todo iní-cio de abril em Santo André,

região do ABC, já é evento aguardado por um público cativo. Realizado pela Distribuidora de Livros Bezerra de Me-nezes, nas instalações da Creche Amélia Rodrigues, ele chega a receber mais de 4 mil pessoas e a vender quase 40 mil livros em dois dias de realização.

No encontro, escritores e leitores, editoras e distribuidores têm oportuni-dade de encurtar caminhos e estreitar laços, tendo como interesse comum os livros, muitos dos quais com descontos de até 70%.

A equipe do Correio Fraterno tam-bém fez parte do evento, oferecendo livros em ofertas e a assinatura do jornal.

A oportunidade de encontrar grande quantidade de títulos, em preços mais

baixos é o que faz dona Josefina Barcha, 80 anos, deslocar-se todo ano da Penha, bairro da zona Leste de São Paulo, para passar boas horas do dia circulando nos corredores da feira. “Quando eu chego, fico em êxtase. Aí espero me acalmar e pego sem pressa os livros que eu quero. Apesar dos meus 80 anos, não sou dada a ficar fazendo crochê. Eu quero estudar. Venho atrás dos livros que ainda não te-nho, como alguns de Herculano Pires.”

Mas não são só os leitores que ficam em êxtase. Autores veteranos, como José Carlos De Lucca, Eliana Machado Coelho, e também os estreantes se en-tusiasmam com o corpo a corpo, técni-ca intensamente utilizada esse ano por muitos autores, no contato direto com o leitor.

Ariovaldo Cesar Junior, autor estre-ante de Araraquara-SP, mas com intensa

vivência na seara espírita, faz questão de narrar a técnica que utilizou para garan-tir uma avaliação sincera de sua primei-ra obra, A Proposta do Coronel, antes de procurar a editora O Clarim pensando em publicá-la:

“Minha esposa, Cristina, por meio da mediunidade vinha-me dizendo so-bre meu compromisso com a escrita. Eu achava esquisito, porque aquilo não passava pela minha cabeça. Mas um dia eu disse: amanhã vou levantar às 5 ho-ras e me colocar à disposição. Assim eu fiz: Liguei o computador, fiz uma prece: “Senhor, estou às ordens, estou pronto para o trabalho. Se precisarem, podem contar comigo.” Permaneci concentra-do. Veio uma ideia, fechei os olhos e aquela ideia continuou. Eu disse, vou escrever, porque não é meu! Tempos depois, quando o romance ficou pron-

to, eu o imprimi e dei para oito pessoas de segmentos diferentes avaliarem, sem dizer de quem era a autoria mediúnica. Todos os retornos foram positivos.”

Animado com a aceitação do pú-blico, o escritor afirma que o trabalho continuará com outras obras, cujos re-cursos irão para o projeto Escola Espí-rita Eurípedes Barsanulfo, criado a um ano e meio na cidade de Araraquara pelo grupo onde é membro.

Segundo a Associação das Editoras, Distribuidoras e Divulgadores de Livros (ADELER) O Megafeirão é o maior evento no segmento de livros espíritas, contando este ano com a participação de 90 editoras e cerca de seis mil títulos à disposição dos leitores. Números que, segundo o coordenador do evento Luis Saegusa, consolidam-se a cada ano, graças ao “esforço de todos os envolvidos”.

PorIZABELVITUSSO

Livrosemofertaatraimilhares de leitores

MEGAFEIRÃO

Ariovaldo: corpo a corpo com o leitor

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4 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009

Instituição Beneficente Nos-so Lar está comemorando 50 anos de fundação da

EAPAN – Escola de Assistência ao Próximo Ana Nery.

Criada 12 anos após a funda-ção da Instituição, a EAPAN foi a primeira escola não profissional do Brasil a capacitar “elementos de boa vontade para trabalhos de assistência ao próximo pela alegria de servir”, como destaca o jornalista João Ba-tista Ramos em matéria publicada, na época, na Folha de São Paulo.

No último dia 14 de maio, uma tarde de confraternização com apre-sentação artística e palestra da ora-dora Heloisa Pires marcou as co-memorações da data, reunindo na Instituição diretores, alunos, fun-cionários, assistidos e voluntários, muitos dos quais integrantes da primeira turma de formandos e que até hoje trabalham no Nosso Lar.

A presidente Nancy Puhlmann Di Girolamo lembrou que a EAPAN nasceu durante uma viagem dos recém-formados em Sociologia, da

Escola de Assistência ao Próximo

comemora 50 anos

MO

SAIC

O

PorELIANAHADDAD

A

Pensamentos de Richard Simonetti

“O verdadeiro amor jamais cogita da própria liberdade, pois se realiza

na felicidade do ser amado, em permanente

doação.”

“Podemos ser menos felizes com a dor, mas

seremos decididamente infelizes se brigarmos

com ela.”

“Acumular bens na Terra, além das necessidades essenciais, é verdadeira

loucura, já que não somos da Terra.”

“Somente quando aprendermos a viver como verdadeiros

cristãos, elegendo o bem dos outros como nosso verdadeiro bem,

estaremos gerando bem-estar futuro para que a alegria e a saúde, a paz e o equilíbrio sejam os

nossos companheiros de sempre.”

Richard Simonetti é conceituado expositor e es-critor espírita, com mais de sessenta títulos publi-cados. De seu livro Temas de hoje, problemas de sempre. Ed. Correio Fraterno.www.correio-fraterno.com.br

Formatura da primeira turma EAPAN. Enfermeira Nancy de óculos. Ao lado, sua mãe Maria Augusta Puhlmann, fundadora do Nosso Lar

Dona Nancy

Page 5: Correio Fraterno 427

MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 5A

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NTEC

E

Bolívia ao Brasil, da qual ela partici-para, e “em meio ao mal-estar físico de origem climática e o entusiasmo sócio-político da turma formada em 1958 que almejava reformar o mundo”. Na-queles tempos, a Escola de Sociologia e Política da USP era uma Instituição multidisciplinar, com tendências de contestação, incluindo alunos com formações variadas e religiões diver-sas, o que, sem dúvida, influiu para a valorização da diversidade como fator de riqueza cultural – ideia que gerava polêmica no campo das ações sociais então em desenvolvimento.

Tendo como referência a frase de Anália Franco “Assistir é Educar”,

“quem sente o prazer de fazer o bem não pode mais viver sem ele”

Heloisa Pires

cer cursos de aprimoramento pessoal, com base na união do amor e da ciên-cia, da ação e do conhecimento.

Valorizando a importância do trabalho realizado por décadas, He-loisa Pires acentuou que “quem sen-te o prazer de fazer o bem não pode mais viver sem ele” e, recorrendo aos grandes ensinamentos de seu pai, Herculano Pires, lembrou o quanto ele defendia a importância da su-peração através das descobertas, da dilatação de possibilidades do de-senvolvimento do homem integral. “Nunca se deixe abater, supera as circunstâncias e busque a perfeição”- asseverava o filósofo espírita.

levaram adiante o ideal de preparar uma equipe multidisciplinar, atra-vés de curso livre, considerando a visão do ser integral, que ajudasse a preparar pessoas para trabalhar no crescente movimento de assistência social que se desenvolvia no Brasil, fortemente inspirado em ideais

cristãos e assistencialistas. Numa segunda fase, a EAPAN

passou a capacitar voluntários para o Centro de Reabilitação, com crianças portadoras de múltiplas deficiências, hoje chamado DIPCE (Desenvolvi-mento Integral das Potencialidades da Criança Excepcional) e depois a ofere-

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6 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009

PorELIANAHADDAD

EsquizofreniaQuedoençaéessa?

InstigadopelopersonagemTarso(BrunoGagliasso),odebatesobre esquizofrenia tem provocado diálogos importantes en-tre os personagens da novela Caminho das Índias (TVGlobo),repetindo a fórmula já consagradada autoraGloria Perez aoabordar temas polêmicos em suas histórias, colocando nas telas fatosreaisquenormalmentesãoescondidoseatéevitadosporpreconceito ou desconforto no meio social. OjovemTarsoésensívelàarteesente-sepressionadopela

expectativa familiar de que ele se transforme num poderoso exe-cutivo,sucessordeumagrandeempresa.Deprime-seeacabade-senvolvendoumadoençamental.Temalucinações,escutavozes,sente-se perseguido, tem atitudes violentas, apavorando os pais e anamorada,quesemcompreenderemseussurtos,ficamatordo-adoseperdidos.“Osdoentesmentaissãoosnossos‘intocáveis’(indivíduos pertencentes às castas inferiores, no caso da Índia)ecabe a analogia: eles têm sido silenciados, vistos como absoluta-mente incapazes, esquecidos, varridos literalmente para debaixo do tapete. Espero contribuir para acabar com o preconceito que osestigmatiza”–declaraaautora Gloria Perezementrevistaconcedidaàpáginavirtualdaemissora,dedicadaànovela.Adiscussãosobreacausadaesquizofrenianãoénova,prin-

cipalmenteseoassuntoforanalisadoàluzdoEspiritismo,queconsidera a concepção do homem não apenas pela visão meca-nicista, que nasce, cresce, reproduz e morre, mas como um ser trino,imortal,formadodecorpofísico,perispíritoealma,cujoscomponentesseinterrelacionamedesempenhamfunçõesespe-cíficas.EmO Livro dos Médiuns, comenta-se um dos pontos mais importantes, que ainda causa muita dúvida sobre as doenças mentais.PerguntaKardecaosEspíritosseamediunidadepoderiaproduziraloucura.Arespostaéclara.“Nãomaisquetodasasoutrascoisas,quandonãohápredisposiçãoparaafraquezadocérebro.Amediunidadenãoproduziráaloucura,quandooprin-cípionãoexista;mas,seoprincípioexiste,oqueéfácildesere-conhecerpeloestadomoral,obom-sensodizqueéprecisousarde cautela sob todos os aspectos, porque toda causa da agitação pode ser nociva.”Masessadistinçãonãoétãosimples,poisumalinhamuitotê-

nueseparaumacoisadaoutra,comosefossepossíveldividiressehomem de aspecto trino, em três homens diferentes - o homem-espírito,ohomem-perispíritoeohomem-corpo–comsuasdo-ençasedificuldadesespecíficas.Éjustamenteessavisãocomparti-mentada que provoca sempre a mesma pergunta aos especialistas daárea,sejampsiquiatras,neurologistasoupesquisadoresdobi-nômiocérebro/mente,numatentativaincansáveldeseencontraraverdadeiracausadasmanifestaçõesedesequilíbriospsíquicos.

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onvidado a proferir palestra em nossa casa espírita, o expositor foi pronto em dizer que gostaria

de falar sobre o aborto. Quando ele che-gou ao centro, logo lhe pedi se podia me adiantar como abordaria o tema.

– Não se preocupe – respondeu, incontinenti. Já sei o que está pensan-do. Fique tranquilo. Não atirarei pe-dra em ninguém...

– Como assim?– Anos atrás, quando falava sobre

aborto, uma jovem desmaiou na plateia. Desde então, me dei conta de que estava sendo duro demais na minha fala.

Se, por um lado, a Doutrina Espírita nos mostra que, pela lei da causalidade, sempre somos responsáveis pelos nossos atos e daí decorre que jamais sofremos por acaso, por outro, ela nos adverte que devemos ser responsáveis e indulgentes para com as faltas alheias.

Infelizmente, nem sempre percebe-mos o quanto é difícil falar de causas e efeitos a pessoas não-espíritas, sem assus-tá-las ou machucá-las. Aliás, existe entre nós um velho hábito de se tirar conclu-sões precipitadas, de se generalizar situa-ções, e de ir se atribuindo os problemas dessas pessoas aos erros do passado, nelas despertando culpa ou, até mesmo, revol-ta pelo nosso atrevimento. Lembro-me do caso de uma mãe, que ficou muito indignada quando inadvertidamente lhe disseram que seu filho, portador de múl-tipla deficiência, teria praticado crimes horríveis na encarnação anterior.

Quando falamos, principalmente a quem não tem conhecimento espírita, precisamos ser comedidos na palavra, sa-bendo o que estamos dizendo e a quem nos dirigimos, para que a nossa fala, co-locada de forma adequada e compreen-siva, não cause mais problemas do que os que já existem.

Não é difícil constatar que, ao se sentir dono da verdade, embora queren-do ajudar, o espírita corre o risco de se entusiasmar com o seu “conhecimento” e extrapolar o bom senso, fazendo diag-

O PESO DAS PALAVRASporJOSÉBENEVIDESCAVALCANTE

nósticos e prognósticos que mais preju-dicam que ajudam.

Já citamos, aqui, o episódio de uma senhora, que fora instada por um dirigen-te espírita a frequentar o centro, pois, caso não o fizesse, ficaria louca. Ela, que tinha um marido muito autoritário, que sequer suportava ouvir falar de Espiritismo, pois já havia queimado todos os livros espíritas que encontrou em casa, ficou completa-mente desorientada e perturbada com a previsão sinistra do dirigente.

Há, também, o caso de médiuns que, diante do paciente, que chega per-turbado ao centro, passam a descrever-lhe quadros de terror, envolvendo obses-sores violentos e sedentos de vingança, quando não é encaminhado diretamen-te a sessões mediúnicas em que espíritos agressivos se manifestam, proferindo ameaças assustadoras. Quem não está familiarizado com a doutrina, acaba se apavorando com tais situações, ainda mais quando pouco ou nada se fala a respeito dos Espíritos protetores, de que Kardec se ocupou tanto em O Livro dos Espíritos. Certa vez, assistimos a um ví-deo espírita que pretendia esclarecer o público leigo sobre obsessão. Fiquei pre-ocupado e, ao mesmo tempo, chocado com as figuras demoníacas que eram mostradas dentro de uma casa, enquan-to a família se reunia para a refeição. Com certeza, cenas apavorantes como aquelas não poderiam ser nada convi-dativas para quem pretendesse se sentir seguro no Espiritismo.

É claro que a Doutrina Espírita, que segue os princípios morais do evangelho de Jesus, não pode concordar com tais si-tuações, porquanto elas servem mais para intimidar os consulentes do que propria-mente para despertar-lhes a consciência para seus elevados valores espirituais.

1O Evangelho de Chico Xavier, Carlos Baccelli, Editora Didier.

Advogado, pedagogo. Vice-presidente do CE. Cami-nho de Damasco e USE Intermunicipal de Garça-SP. E-mail: [email protected]

C

A verdade deve ser dita quando possa servir de alavanca para reerguer quem se encontra no chão.

Eu fugiria de quem só tivesse verdades para me dizer...Chico Xavier1

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MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 7EN

TREV

ISTA

Aspectos importantes sobre o assunto são abordados nesta edição numa espécie de entre-vista coletiva, com os principais depoimentos dos expoentes es-píritas sobre o assunto:

Afinal, é obsessão ou loucura?

Dr. Nubor O. FacureA resposta do neurocirurgião e pes-

quisador espírita Nubor O. Facure, dire-tor do Instituto do Cérebro de Campinas e ex-professor titular de Neurocirurgia da UNICAMP é bastante coerente. “Não é fácil dar uma certeza no diagnóstico quando os sintomas são subjetivos, por exemplo, no caso de enxaqueca e na do-ença do pânico, quadros em que pode ha-ver sensações de tonteira e deslocamento corporal, sem que algum exame especí-fico possa constatar as alterações.” Ele acrescenta ainda que mais complicado será o diagnóstico diferencial destes qua-dros tipicamente orgânicos com aquelas manifestações que ocorrem no início das chamada manifestações mediúnicas. “É o tempo que vai nos mostrar ou a eclosão das potencialidades mediúnicas ou a ca-racterização mais típica da enxaqueca ou do pânico.” Apesar, segundo ele, de se-rem constantes e facilmente detectadas as diversas alterações que ocorrem no orga-nismo dos médiuns durante as manifes-tações espirituais, nenhuma delas têm a propriedade de afirmar categoricamente a presença de entidades espirituais, já que todas estas alterações são inespecíficas e podem ocorrer em diversas outras situa-ções tipicamente orgânicas. Facure escla-rece, porém, que os quadros de alucina-ção das diversas manifestações psicóticas são quase sempre de conteúdo repetitivo, predominantemente uma alucinação auditiva, com vozes quase sempre con-denatórias e de conteúdo persecutório. O psicótico revela também um contex-to sintomático relativamente fácil de ser reconhecido pelo seu caráter delirante e

pela desagregação do pensamento que o dissocia por completo da realidade. “O médium, com suas percepções visuais ou auditivas, em nenhum momento vai re-ferir idéias persecutórias ou dissociações com a realidade. O bom senso vai revelar a lucidez do médium e o maior ou me-nor significado da mensagem que ouve ou observa pela vidência.”

Para Facure, outro ponto importan-te a ser destacado é que o Espiritismo é uma doutrina que introduz um vas-tíssimo campo de estudo, ampliando diagnósticos e introduzindo uma nova compreensão para justificar a razão do sofrimento que a doença nos traz. “Eli-minar problemas espirituais implica ree-ducar o espírito”.

Avaliação sobre diagnóstico e tratamento para os transtornos mentais

Dra. Marlene NobreA médica ginecologista, escritora e

presidente da Associação Médico-Espí-rita do Brasil (AME) e da AME Interna-cional, Dra. Marlene Nobre, diz que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: bio-lógico, social, ecológico e espiritual. No entanto, em qualquer lugar do mundo, a preparação dos médicos ainda é extre-mamente reducionista, não sendo eles alertados para os problemas psicológicos e espirituais do paciente, embora o Có-digo Internacional de Doenças (CID) contemple a existência dos estados de transe, fazendo a distinção entre os nor-mais, os que acontecem por incorpora-ção ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

“Ficamos tristes com a conduta dos colegas que, habitualmente, rotulam todas as pessoas que dizem ouvir vozes como psicóticas e tratam-nas com me-dicamentos pesados pelo resto de suas vidas. ...Muitos são considerados psicó-

ticos por ouvirem espíritos e, na realida-de, são médiuns.” O processo obsessivo e os trans-tornos psicóticos

Dr. Sergio Felipe de OliveiraO mestre em Ciências, estudioso da

estrutura da glândula pineal humana, afirma que é preciso “discriminar no diagnóstico qual o papel da obsessão es-piritual na doença que a pessoa está vi-vendo, já que todo transtorno psicótico, como a esquizofrenia, possui o compo-nente obsessivo-espiritual.” Lembra que a alucinação é um sintoma que pode sur-gir tanto no transtorno mental anímico, a partir de neuroses graves que marcam o subconsciente, quanto na interferência de fatores externos. Esses fatores externos podem ser químicos e orgânicos, como na ingestão de drogas ou nas desordens orgânicas – febre muito alta, uremia, de-sordens cerebrais – ou espirituais.

Também cita que o manual de esta-tística de desordens mentais da Associa-ção Americana de Psiquiatria – DSM IV – alerta que o clínico deve tomar cuida-do para diagnosticar pessoas de determi-nadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alu-cinação ou psicose. “A distinção entre alucinação, clarividência ou clariaudiên-cia é uma situação bastante complexa”, comenta Dr. Felipe , lembrando que há melhora acentuada, nos casos em que há uma predominância do fator obses-sivo-espiritual, com a magnetização e a desobsessão – o que traz novos horizon-tes para a Psiquiatria. Nos casos em que há predominância anímica ou orgânica, a melhora está mais associada à transfor-mação do paciente.

Os sintomas de FabrícioAndré Luiz

As obras do médico e autor espiri-

tual André Luiz são exemplos vivos do interesse da Ciência Espírita no campo da pesquisa e da saúde. Um dos relatos citados por ele no livro No Mundo Maior descreve o quadro esquizofrênico do personagem Fabrício.“O cérebro apre-sentava anomalias estranhas. Toda a face inferior mostrava manchas sombrias. A esquizofrenia, originando-se de sutis perturbações do organismo perispirítico, traduz-se no vaso físico por surpreenden-te conjunto de moléstias variáveis e inde-terminadas. A imaginação superexcitada detinha-se a ouvir o passado... O doente ouvia as vozes internas, ansioso, amar-gurado. Desejava desfazer-se do pretéri-to, pagaria pelo esquecimento qualquer preço, ansiava fugir a si próprio, mas em vão: sempre as mesmas recordações atro-zes vergastando-lhe a consciência.”

Doença da almaDr. Jorge Andréa

Para o Dr. Jorge Andréa – professor, cientista espírita, autor do livro Visão Es-pírita nas Distonias Mentais, “as psicoses são autênticas doenças da alma ou do Espírito em severas respostas cármicas, quase sempre demarcando toda a jor-nada carnal... Os sintomas, por não te-rem o devido esgotamento no campo do exaustor físico (personalidade) perduram e refletem-se em outra reencarnação.”

Dr. Bezerra de Menezes

Segundo o Dr. Bezerra de Menezes – médico e autor espiritual de vários livros sobre o assun-to, como A Loucura Sob Novo Prisma, “o esquizofrênico não tem destruído a afetividade, nem os sen-timentos; tem dificuldade em expressá-los, em razão dos profundos conflitos conscienciais, que são resíduos das cul-pas passadas. E porque o espírito se sente devedor, não se esforça pela recuperação, ou teme-a a fim de enfrentar os desafetos, o que lhe parece a pior maneira de sofrer do que aquele em que se encontra.”

Referências KARDEC, Allan – O Livro dos Médiuns – Cap. XVII-5. Ed. FEB Jornal Folha Espírita – junho/2004Revista Psychic Worldwww.nuborfacure.blogspot. urlwww.cvdee.org.br

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8 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009

Q

HERMINIO C. MIRANDAO valor de sua contribuição

uem conhece a qualidade do material produzido pelo escritor Herminio C. Miranda sabe a satis-fação que proporciona a

chegada de novas edições de suas obras.Estudioso do Espiritismo e respei-

tado pelos quase 40 livros publicados, Herminio conta que titubeou quan-do, na condição de grande admirador de J. W. Rochester, recebeu, há alguns anos, um volume em edição francesa do romance A feira dos casamentos. Um amigo enviara-lhe sugerindo que ele a traduzisse. A história se passava na Rús-sia Imperial, nas altas rodas sociais, com

LITE

RA

TUR

A E

ESP

IRIT

ISM

O

príncipes e barões se movimentando, numa sociedade sofisticada, corrupta e imoral, 40 anos antes da Revolução que implantou o regime comunista.

Herminio sabia da enorme respon-sabilidade do empreendimento.

Porém, uma semana depois, a de-cisão estava tomada: não apenas lera a obra; já havia traduzido dezenas de páginas. E concluiu: “Ninguém resiste ao Rochester. Ele é um mestre consu-mado na arte de contar histórias.”

Agora com projeto gráfico totalmen-te remodelado, o romance volta a ser publicado pela editora Correio Fraterno.

Em entrevista concedida à jornalis-

ta Maria Menner, para o jornal Correio Fraterno, Herminio Miranda fala mais sobre o autor espiritual e suas obras. Vale a pena ler:

O romance A Feira dos casamen-tos vai para sua 11.ª edição. A que se deve este sucesso? Herminio: Os livros de Rochester são sempre bem sucedidos. Ele é um ver-dadeiro mago da palavra tanto quanto hábil na arquitetura de seus enredos. Às vezes, penso até que ele tenha sido uma espécie de inventor do suspense ou, no mínimo, um de seus precursores. Suas histórias são densas e envolventes. Seus

DaREDAÇÃO

patifes são tão refinados e convincentes como os personagens bondosos, sérios e responsáveis. Ele joga muito bem com uns e outros, como os dramáticos con-trastes do chiaro scuro na pintura. Ele prefere deixar aos seus leitores e leitoras a decisão entre o bem e o mal. A feira dos casamentos é obra que expõe isso muito explicitamente ao mostrar o triunfo mo-ral dos bons e a ruína dos transviados.

Em sua opinião, os personagens da obra existiram mesmo, ou fo-ram inventados apenas com o propósito de se dar um recado? Herminio: Parece-me que ele mistura um tanto de fantasia nos seus escritos com personalidades e fatos reais. Temos disso um exemplo em Romance de uma rainha – aliás, um de meus prediletos na bibliografia de Rochester, no qual perso-nagens historicamente conhecidos mis-turam-se a alguns tipos aparentemente fictícios, quando ele precisa de drama-tizar mais claramente determinados episódios, sem recorrer a longas e can-sativas descrições. Como se sabe, seus livros são muito mais dialogados do que descritivos. Apesar de ter considerável poder de descrever móveis, decorações e cenários, ele não abusa de tais recur-sos. Quanto aos personagens, creio que ele às vezes os cria ou carrega nas cores de tal modo que os coitados ficam mais para o lado da caricatura. Em A feira dos casamentos encontramos alguns desses, mas nenhum tão caprichado como o caricato Pfauenberg, aparentemente construído a partir de um modelo real conhecido do autor. Ademais, nesse li-vro, Rochester está mais interessado em evidenciar a degradação de uma época, do que a história de cada personagem.Já em Romance de uma rainha, ele ocupou-se mais em preencher os claros que a História - com maiúscula - dei-xou de contar deliberadamente ou não. Hatasu, por exemplo, existiu de fato e sua presença no livro explica e comple-menta plausivelmente muito do que os historiadores profissionais não tomaram conhecimento. Acima disso, porém, o

Page 9: Correio Fraterno 427

MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 9

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LITERA

TUR

A E ESPIR

ITISMO

escritor Herminio C. Miranda conta que o jornalista estadu-nidense Irving Litvag, na bus-

ca por um bom artigo, deparou-se com um livro intitulado Comunicando-se com os mortos. Um dos autores era o senhor Casper S. Yost, amigo dos sogros de Li-tvag. Yost assinava um artigo em que fa-lava sobre um espírito chamado Patience Worth. O jornalista pensou estar diante de mais um caso de fantasma, porém logo percebeu que tropeçara “num dos mais bizarros mistérios do século 20”. E assim, depois de muita pesquisa que lhe tomou cerca de nove meses de estu-do, lançou o livro Singer in the Shadows – The strange case of Patience Worth (sem versão para o português, mas que, em tradução livre seria algo tipo Cantores nas Sombras – O estranho caso de Patience Worth). Que ‘estranho caso’ seria esse? E quem é Patience Worth?

Tudo começou na noite de 8 de julho de 1913, quando um grupo de distintas senhoras da classe média-alta da cidade de Saint Louis, no Missouri, EUA, se reuniu em torno de uma pran-cheta Ouija – um tabuleiro com as letras do alfabeto e um ponteiro deslizante, em que os participantes apóiam suas mãos e fazem perguntas aos espíritos. Entre es-sas senhoras estava Pearl Lenore Curran, então com 30 anos. A senhora Curran não acreditava em espíritos e não gostava daquela brincadeira. De repente, o pon-teiro começou a deslizar rapidamente e, aos poucos, formou-se a seguinte frase: Há muitas luas vivi. Estou de volta... Meu nome é Patience Worth. As senhoras fi-caram aturdidas, pois não conheciam ninguém com aquele nome. Então, o espírito comunicante explicou que sua

autor consegue trabalhar muito bem com os mistérios e magias do lendário Egito dos faraós. E, no caso, da faraona, irmã do grande Tutmés III, que, aliás, a sucedeu no trono. Para o autor espi-ritual, o mago Tadar voltaria mais tar-de como Richard Wagner, o mago da

ópera mística, lendária e misteriosa. O príncipe Horenseb, teria sido junto de Wagner, o infeliz rei Ludwig II da Ba-viera, admirador incondicional do gran-de compositor e até seu mecenas. Isso faz sentido e nos leva a perceber melhor certos enigmas não solucionados da his-

toriografia. Pelo que você vê, sou gran-de admirador do antigo John Wilmot, conde de Rochester. Não quero dizer com isso, que todos os livros de sua am-pla herança cultural sejam de meu agra-do. Ou que eu não discorde de certas posturas do autor.

Meu nome é Patience Worth

PorGEORGEDEMARCO

verdadeira identidade devia provir da excelência e da natureza das obras literá-rias que ela ditaria à médium. No caso, e não por acaso, a senhora Curran aban-donou a escola aos 14 anos, acalentando o sonho de ser cantora. Suas inclinações literárias eram exíguas, seus conheci-mentos de História eram imprecisos e seu entendimento sobre o Novo Testa-mento era muito vago. Exatamente o que precisava aquele espírito e, de fato, segundo o pesquisador italiano Ernesto Bozzano “é justamente a cultura histó-rica, literária e filológica que constitui o que há de mais notável nos romances de Patience Worth!”

Dentre esses romances, destaca-se The Sorry Tale (A história triste). Consi-derada a obra mais rica e mais admirável de Patience, A história triste se desen-rola na Palestina, nos tempos de Jesus. Segundo Bozzano, este é um romance histórico “duma vasta concepção, no qual atuam certos caracteres que não são

comparsas superficialmente desenhados, mas caracteres poderosos de personagens vivas”. Dentre tantas impressões causa-das pelo livro, que transporta o leitor por cenas geográfica e historicamente irrepreensíveis, o capítulo mais impac-tante é o da crucificação de Jesus, que apesar de longo, foi ditado à senhora Curran numa única sessão. Tal rique-za de detalhes chamou a atenção dos pesquisadores que investigaram o ro-mance de Patience. Afinal, ela se apre-sentara como uma senhora inglesa do século 17, mas mostrava surpreenden-te conhecimento e familiaridade com o contexto em que se movem seus per-sonagens, os hábitos, os acontecimen-tos desenvolvidos na História triste.

Para Herminio, Patience estava lá, pois “somente uma pessoa que tenha, de alguma forma, vivenciado os fatos, po-deria ter condições de escrever uma obra como The Sorry Tale”. Talvez por isso te-nha adotado o pseudônimo de Patience Worth, que pode ser traduzido como “O valor da Paciência”. Valor que também deve ser creditado ao próprio Herminio, ao enfrentar o desafio de traduzir o ro-mance para nossa língua – e foram dez meses até colocar o ponto final.

Ao ser lançado nos EUA, A histó-ria triste arrancou elogios de tablóides como The New York Time e The Nation. Aguardemos que, também no Brasil, o valor deste romance seja reconhecido, num resgate da impressionante obra de Patience Worth.

Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordenador de teatro na seara espírita. E-mail: [email protected].

O Pearl Curran

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10 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009A

CO

NTE

CEU

Pagar o mal com OBEMPorTATIANABENITES

COISAS DE LAURINHA

Laurinha foi ao centro espírita junto com seuspais para assistir à palestra do dia. Encontroucom seus amigos e logo se uniram para conver-sar.Quando a palestra começou, cada um sentou ao ladodeseuspaisefizeramaoraçãodeabertura,logo depois o palestrante começou a falar:–HojenossapalestraserásobreoCapítuloXIIdeO Evangelho segundo o Espiritismo,cujotemaé“Amai os vossos inimigos – Pagar o mal com o bem”.A palestra estendeu-se por quase uma hora e to-dos prestavam atenção, em silêncio. Enquanto o palestrante citava algumas partes do Evangelho, as crianças refletiam sobre o que estava sendo dito.Ouviam o palestrante: – Amai, pois, os vossos inimigos, fazei o bem, e emprestai, sem nada esperar....Laurinhacomeçavaarefletirenãocompreendiamuitobemaspalavras:“pagar o mal com OBEM”. O que seria OBEM?Aofinaldapalestra,os amigos se reunirampara conversar e LaurinhafalouparaGuilherme:– Não entendi direito essa palestra.– Por quê?–Seilá.NãoentendioqueéOBEM.–Querdizerquequandoalguémfizeralgumacoisa ruimparavocê,émelhor que você pague com o bem.– Como assim?–Seilá.Deveterumjeitodepagar.–Ah!Jáentendi.Conversaram mais um pouquinho e depois foram embora com seus pais. Emcasa,Laurinhaficoupensandonoqueaprendeuepensou:–Achoqueémelhorarranjarlogocomopagaromal....Tiveumaidéia!Laurinhacorreuparaoquarto,pegouseusmateriaisdeartesecomeçoua recortar, pintar e de repente ... –Pronto!!Achoquefizosuficienteparatodos:papai,mamãe,eu,Gui-lherme,Pedro,Lívia...Foiparasalaeentregouumaporçãodepapéisdesenhadosparaopaieoutra para mãe. Seus pais se entreolharam e sua mãe questionou:–Filha,oqueéisso?Vocêfezumnovodinheirinho?– Sim, mamãe. Criei um dinheiro que chama OBEM, porque aqui em casa a gente não tinha.–Epraqueserve,filha?–perguntouseupai.– Ora, papai, nós aprendemos hoje na palestra: “temos que pagar o mal comobem”,porissoestáescritoemcadadinheiro...OBEM.Agoraquan-doalguémnosfizermal,podemospagarcomOBEMenãoteremosmaisdívidas.Seu pai deu uma risada gostosa e falou:– Mas e quem não tiver esse dinheirinho?– Calma, papai, ainda vou ter que fazer mais.... Você compra mais papel verdinhopramim?Oqueeutinhajáacabou.

o dia 22 de abril, o profes-sor e doutor em Cardiologia Dr. Hélio Penna Guimarães,

do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração – IEP-HCor – proferiu uma palestra para o público acadêmico e profissionais da área, na UNIFESP-EPM – Universidade Fe-deral de São Paulo / Escola Paulista de Medicina – sobre os “Riscos cardio-vasculares e espiritualidade”.

Penna mostrou que resultados de pesquisas apontam a religiosidade como fator de interferência na ma-nutenção da saúde, citando que em levantamentos mundialmente rea-lizados em 2004, concluiu-se que o estresse e a depressão são fatores mais importantes do que os considerados atualmente, na interferência da saúde do coração.

E completou:A religiosidade está diretamente as-

sociada à redução de fatores de risco, como pressão alta, tabagismo, alcoo-lismo e melhora na predisposição para a prática de exercícios físicos, menor incidência de depressão e mais rapidez nas convalescências.

A confirmação desses novos para-digmas é relevante para a modificação da percepção e conduta da sociedade atual.

Riscos cardiovasculares e ESPIRITUALIDADE

Trata-se de um grande desafio a constatação pela Ciência da ação fluí-dica da prece na saúde, uma vez que o espírito é um elemento ainda descon-siderado em ambiente de pesquisas e avaliação.

Palestras como essa acontecem periodicamente na UNIFESP, pro-movidas pelo Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade – NUSE – criado há dois anos, com o objetivo de estimular ações e estudos em torno da temática no ambiente acadêmico, e tem a participação do Departamen-to Acadêmico da AME - Associação Médico-Espírita de São Paulo.

Uma das frentes de trabalho envol-ve visitas aos pacientes das enfermarias do Hospital São Paulo, pelo programa “Saber ouvir”, e pelo projeto “Carava-na”, quando os alunos visitam todos os quartos do Pronto-Socorro do Hos-pital, todo último domingo do mês, fazendo preces junto aos pacientes.

Pelo terceiro ano consecutivo, o NUSE/ D.A AME também realizarão o Simpósio de Saúde e Espiritualida-de, que chega a reunir na própria Uni-versidade mais de 400 interessados. Este ano, acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro.

Informações: [email protected].

N

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MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 11

PRIVAÇÕESpodem ter levado Flammarion a Kardec

amille Flammarion foi desig-nado para o discurso de despe-dida a Kardec quando de seu

retorno à pátria espiritual. Era 1869. Mestre Rivail desencarnava antes de completar 65 anos. Camille tinha 27, rapaz ainda, porém cheio de méritos e de excelente bagagem cultural.

É bem provável Flammarion ter to-mado contato com O Livro dos Espíri-tos aos 15 anos de idade, em 1857. O livro representava um marco na história da humanidade, trazendo a lume pela primeira vez o nome Allan Kardec e a palavra Espiritismo. E mudaria cer-tamente os rumos do pensamento de então. Como se sabe, Allan Kardec era, no princípio, apenas um pseudônimo obscuro do mestre Hippolyte Léon Denizard Rivail, este, sim, nome con-sagrado como cientista e pedagogo. Por que aquele jovem se interessaria pela obra? Sem dúvida pelo impacto que tal publicação gerou nos meios cultu-rais da França e de tantos outros paí-ses. Camille, que viria a se tornar um astrônomo de renome, era intelectual que começara cedo... Esse envolvimen-to com ciência e cultura fazia parte de sua índole perquiridora — aprendeu a ler aos 4 anos. Aos 5, além de escrever, dominava os rudimentos da gramática e aritmética.

Flammarion nasceu aos 26 de feve-reiro de 1842 em Montigny-Le-Roy, na França. Filho de agricultores humil-des, desde o momento em que passou a frequentar a escola foi sempre o pri-

meiro aluno. Na sua formação católica, alguns padres marcaram presença, den-tre eles um que lhe falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia. Prosseguiu seus estudos no pequeno se-minário de Langres.

Sua infância foi permeada de episó-dios alegres e gratificantes, mas também de experiências amargas. O ano de 1854 lhe seria marcante. A cólera iria extermi-nar um quinto da população de Mon-tigny. Flammarion, aos 12 anos, perde seus avós paternos, e seu pai adoece. A mãe, extenuada, mal tem forças para tra-tar do marido. E sua família ainda perde todos os bens materiais. Em maio de 1854, seus pais partiram para Paris, na tentativa de um recomeço.

Em agosto de 1856, sem recursos, Flammarion também segue para Paris.

Trabalhava muito. Nem sempre com as coisas das quais gostava. Lia e escrevia muito! Aliás, começara a escre-ver muito cedo. Era comum Flamma-

rion aproveitar a luz do luar para tal, pois em muitas ocasiões nem vela possuía. Dormia pouco. Em meio às necessidades por que pas-sava, a contemplação da natureza o comovia significativamente. Admi-rava-se com a grandeza do Univer-so, e no seu afã de saber mais sobre os astros do céu, improvisava len-tes e tubos de papelão, simulando microscópio e rudimentares teles-cópios, atraído pelo espetáculo do céu.

Aos 15 anos, ei-lo envolto em dificuldades com subsistência, mo-rando e se alimentando mal, em trabalho não-gratificante. Mas sua perseverança e seus sonhos nun-ca arrefeceram. Assistia todas as noites aos cursos gratuitos da As-sociação Politécnica. E continuava elaborando seus escritos. Tantas privações podem tê-lo le-

vado a Rivail à época. O insigne pro-fessor, desprendido quanto a questões de dinheiro e coisas materiais, revelava verdadeira paixão pelo ensino. Aliado a isso, seu amor ao bem o levou a dar aulas gratuitas. Se Rivail, durante seis anos, ministrou aulas de Química, Físi-ca, Anatomia, Astronomia e outras ma-térias, por que não teria sido esse o mo-tivo do encontro entre o futuro Allan Kardec e o futuro astrônomo Camille Flammarion? O jovem que mais tarde se converteria também num baluarte do Espiritismo, “sempre coerente com suas convicções inabaláveis, um ver-dadeiro idealista e inovador”, segundo Gabriel Delanne.

Se até Astronomia o professor Rivail dominava, imaginem quan-tas conversas fraternas não devem ter acontecido entre Camille e Rivail em torno dessa área. Abordagem nova,

PorARISTIDESCOELHONETO

agora visão clara e racional de civili-zações diversas, enchendo de vida aqueles instigantes astros que brilha-vam nos céus de Paris e do planeta Terra. Rivail também dormia pouco, como Flammarion, o que é próprio de homens que julgam que seus planos e projetos não cabem no espaço regula-mentar de um dia.

Com 16 anos, Flammarion já ti-nha prontos os manuscritos de seu primeiro livro. E começam a abrir-se as portas para o rapaz sedento de sa-ber. Ingressando no bacharelado em Ciências e Letras, volta de fato suas atenções para Astronomia. Ao deixar, aos 20 anos, o Observatório de Paris, passa a dedicar-se com mais afinco ainda a seus estudos, seguindo-se en-tão muitos sucessos. Sua jornada foi um suceder de prêmios e de reconhe-cimento por parte do mundo estudio-so e intelectual da época. No decorrer de sua existência na Terra produziu mais de cinquenta obras, a maioria delas impregnada dos conceitos que a doutrina codificada por Kardec lhe proporcionou1.

Seria Camille Flammarion jovem demais para, em meio a tantas realiza-ções e privações, ter-se tornado ainda espírita convicto – amigo pessoal e de-dicado de Kardec –, escritor renomado, reconhecido no meio científico por seu arrojo e capacidade de inovação? Ora, prezado leitor, os grandes espíritos não podem perder tempo...

1Títulos espíritas de Camille Flammarion: A morte e o seu mistério, Estela, Narrações do Infini-to, Urânia, O desconhecido e os problemas psíqui-cos, As casas mal-assombradas, Deus na natureza, O fim do mundo.

Arquiteto, professor, articulista espíritawww.aristidescoelho.com.br

C

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

“O corpo cai, a alma permanece e retorna ao espaço. [...] A imortalidade é a luz da

vida, como esse brilhante Sol é a luz da Natureza.” – Camille Flammarion (em seu

discurso sobre o túmulo de Allan Kardec)

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12 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009A

GEN

DA

3.º Congresso Espírita BrasileiroAbertas as inscrições para o

3.º Congresso Espírita Bra-sileiro, promovido pela Fe-deração Espírita Brasilei-ra, que se realizará de 16

a 18 de abril de 2010, em Brasília-DF. Informações: www.100anoschicoxavier.com.br; [email protected]; [email protected]. Tel: (61) 2101-6188.

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auditório Escola Municipal Augusto Severo. Av. Sargento Norberto Mar-ques, 168. Tel: (84) 3231-4410. E-mail: [email protected].

Encontro Nacional de Historia-dores e Pesquisadores

Abertas as inscrições para o 5.º Encontro Nacional da

Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas, a ser realizado no Centro

de Cultura Documentação e Pesqui-sa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, em São Paulo, dias 26 e 27 de setembro. Candidatos a apresenta-rem trabalhos científicos deverão enviar até o dia 15/07 cópia do material, no limite de 15 laudas para e-mail: [email protected] Tel.: (11)-3667-3506 3664-9600

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Sufixo de favelada

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Capital da França

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Sigla deRoraima

Locomover-se

OU,em inglês

Sílaba deBARATA

Grande curso de

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Penúltimavogal

Parte do monitor do computador

O dia mais importante

OpostodeSIM

NintendoEntertain-

mentSystem

Festa, balada (gíria

popular jovem)

Letra do alfabeto que não possui sonoridade

Local onde transitam pessoas e veículos

Precursor da magnetiza-

ção

Últimavogal

Anjo caído (Bíblia)

Vogais de oitenta

Interjeição de dor

Sem _ _ _ _ nem beira

Planoem que vivem os

que desencarnam

Livro da Ed. Cor-reio Fraterno: O Fantástico

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Page 13: Correio Fraterno 427

MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 13ESPEC

IAL

querido companheiro en-genheiro Luiz Schvartz dei-xou o plano físico repenti-

namente no último dia 23 de maio, enquanto assistia à aula inaugural do “Curso de Gestão de Centros Espíri-tas”, no CCDPE – ECM - Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, promovido em parceria com a União das Sociedades Espíritas do Estado de S. Paulo - USE e a Dis-trital Jabaquara.

Grande amigo, muito estima-do, alma doce e carinhosa, Schvartz frequentava a Federação Espírita do Estado de São Paulo desde a década de 80 – desenvolvendo atividades como expositor na Área de Ensino – e, desde 2006, atuava também no Centro de Cultura, como Diretor de Patrimônio, onde vinha realizando importante trabalho de melhoria das condições do prédio da sede.

Cerca de 40 dirigentes, coordena-dores e outros interessados pelo tema encontravam-se assistindo à aula mi-nistrada pelo Prof. Marco Leite, da secretaria Geral do CFN da FEB, quando, sentado em carteira rente à parede, ele recostou a cabeça e serena-

mente partiu da forma que, segundo companheiros do CCDPE, era o seu desejo: trabalhando (no caso estudan-do) para o bem.

Segundo familiares, ele não se sentira bem dias antes e passaria por consulta médica, mas ainda assim não deixou os compromissos. Vitimado pelo enfarto, recebeu pronto atendi-mento, além das vibrações de todos os presentes.

“Luiz Schvartz era muito amigo das pessoas. Tinha um interesse mui-to grande pelo Centro de Cultura. Era um verdadeiro seguidor de Jesus” – acentua a presidente do CCDPE Julia Nezu.

De origem familiar judia, Luiz Schvartz procurou o Espiritismo, com a morte de seu pai, quando foi em busca de uma explicação. Nasci-do em São Paulo em 31 de março de 1946, era casado com Rosana e tinha três filhos e cinco netos.

Ficam aqui registrados o nosso ca-rinho e a nossa homenagem ao “Seu Luiz” – com quem convivemos no Centro de Cultura – pela imagem de cobertura do evento, captada horas antes de ele alçar o seu voo ao retorno espiritual. [email protected]

PorIZABELVITUSSO

O

Diretor do Centro de Cultura retorna ao plano espiritual Excelência em distribuição

de materiais hospitalaresDistribuidor autorizado:

Johnson & Johnson Prod. prof.

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Unidade de S. J. dos CamposRua Cel. João Cursino, 139Vila Icaraí(12) 3904-2399

Unidade de ValinhosRua Guilherme Yansem, 51Castelo(19) 3849-9520

Unidade de São PauloRua Diogo Moreira, 132,cj. 909/910 - Pinheiros(11) 3097-0600

J.W.Rochester

TraduçãodeHerminioC.Miran

da

pelamédiumWeraKrijanowska

ia

Intrigasetraiçõesdelineiamahistóriadeseduçãoeinteressedoscasamentosaristocráticosrussos,onde personagens buscam riqueza e poder.Perdas e ganhos de fortunas misturam-se a lutas pessoaisdesuperação,enquantoaéticacristãpermeia valores, apazigua ódios e transforma orgulhos feridos.

DeJ.W.RochesterpsicografadoporW.Krijanowskaiae traduzido por Herminio C. Miranda452páginasR$ 34,00

Façajáoseupedido:

www.correiofraterno.com.br(11) 4109-2939

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Luiz Schvartz:Sua estada entre nós deixa doces lembranças

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14 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2009FO

I ASS

IM… Pelo bem da

medicinaPorADRIANOHENRIQUEDEOLIVEIRA Anália Franco

A mãe dos alunos sem mãeinha mãe, D. Mira, casou-se em 29 de janeiro de 1972, em Caruaru-PE e um mês

depois veio a adoecer com depressão profunda e obsessão, permancendo internada por cerca de um mês numa clínica psiquiátrica em Campina Gran-de, PB. Retornou então a Caruaru-PE, onde novamente foi recolhida, desta vez na famosa Clínica Psiquiátrica de Dr. Veloso. Ao obter alta, minha mãe foi levada ao Centro Espírita Léon Denis, em Caruaru, continuando o tratamen-to na AME (Associação Municipal Es-pírita), em meados de 1972. Já curada, recebeu o convite para o trabalho das consultas na AME, pelo então presi-dente Sr. Luís de Freitas, já falecido. No ano seguinte, eu nasci e, apresentando um grave mal, fiz minha mãe peregri-nar entre médicos, que diagnosticaram minha doença como sendo tuberculo-se. Já desenganado pela medicina da Terra, fui levado pelos meus avós a fazer uma consulta espiritual na AME, onde detectou-se a aproximação de alguns espíritos apresentando o quadro de tu-berculose que tinham o desejo de vin-

gança. Após oito dias de tratamento no Centro Espírita, D. Mira procurou o famoso pediatra Dr. Queiroga, que me encaminhou para hospitais de Recife-PE e, ao fazer-se o raio-x do tórax, os exames acusavam normalidade: “trans-parências normais nos campos pulmo-nares”, ou seja, findo o tratamento no Centro Espírita, os pulmões estavam sem tuberculose. O médico, Dr. Quei-roga, ficou estupefato e disse à minha mãe: “Eu só não quero que a senhora desmoralize a Ciência”. Isso se deu por-que minha mãe perguntara ao médico se ele acreditava no Espiritismo.

Daí em diante, passamos a frequen-tar reuniões e a estudar. Hoje tenho alguns livros editados e escrevo para vários jornais pelo Brasil.

Sendo assim, eu sou um dos tantos que chegaram ao Espiritismo pela por-ta da dor.

Cheguei e continuo firme!!

Essa história aconteceu com Adriano Oliveira, de Caruaru-PE. Conte a sua também. Escreva para [email protected]

PorLUISMENEZES

ESCRITÓRIO

BRASIL

CONTABILIDADE E SERVIÇOS S/C LTDA.

Tel.:(11)4126-3300RuaSantaFilomena,305

1º andar - CentroSão Bernardo do Campo - SP

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ParamuitosonomedeAnáliaFran-coestáassociadoaumshopping

de alto padrão e ao luxuoso bair-rodaZonaLestedaCidadedeSão Paulo e poucos atribuem a origemdessenomeàfiguradaeducadora incomparável, nasci-daemResende,RJ,em1856,equeteveseudesenlaceháexatos90 anos.Professora primária desde os 16anos,foitambémescritoraroman-

cista, poetisa, literata, jornalista e autora de peças tea-trais. A partir da lei do ventrelivre,AnáliaFran-co se viu diante da mis-sãodeampararosfilhoslibertos de pais escravos

que, pela condição de liberdade, eram rejeitados pelos senhores de seus pais e, sem qualquer recurso de sobrevivência, eram colocados na “roda da misericórdia” para adoção ou mendicância.Seu pensamento se condensava em: “diminuir a necessidade da es-mola, pelo desenvolvimento da educação e do trabalho, de onde pro-veria o bem-estar e a moralidade das classes pobres. Acreditava que amparandoascrianças,arrancando-asdastrilhasdovício,astornariacidadãsúteisedignasparaoprópriodesenvolvimentodopaís.Em1911adquiriuaChácaraParaísoquehaviapertencidoaoPadreRegenteFeijóealiinstalouaColôniaRegeneradoraD.Romualdo.EsteprédiohojeabrigaocampusdeumadasUniversidadesdeSãoPaulo.Abolicionistaeespíritazelosa,venceuopreconceitoracialereligiosocom o exemplo silencioso dos que trabalham enquanto os pequenos criticam.AvastasementeiradeAnáliaFrancoconsistiuem71Escolas,23asilosparacriançasórfãs,doisalbergues,alémdecolônia,banda,orquestra,grupodramático,em24cidadesdoInteriorenaCapital.Sua alegria era sair levando consigo as crianças a que ela chamava, em seusescritos,demeusalunossemmães.Nossaalegriaépoderescre-versobreestamulhernotávelqueantecipouseutempotrocandomi-sériaporpromoçãosocialpaternalismoporcursosprofissionalizantes.

Bibliografia: Paulo A. Godoy. Grandes Vultos do Espiritismo.

http://www.analiafranco.org.br, http://portal.prefeitura.sp.gov.br/s...historico/0002

M

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MAIO - JUNHO 2009 CORREIO FRATERNO 15

ssistimos, há muitos anos, a um filme cujo enredo é uma história interessante. Após um acidente

de avião, em região distante da civili-zação, uns três ou quatro sobreviventes saíram, em busca de salvação. Depois de longa e atribulada caminhada, de-ram, inesperadamente, com um país maravilhoso: uma pequena nação, isola-da, onde as coisas eram todas perfeitas. Tudo calmo, agradável e tranquilo. O clima ameno, o ambiente acolhedor e as pessoas que a habitavam, inteligentes, afáveis de belíssimo aspecto e simpa-tia irradiante. A fartura era invariável, ninguém conhecia a escassez. O solo, coberto com relva matizada de flores e as pedras, em vez de rochas comuns, eram gemas e pepitas de altíssimo valor, jamais vistas antes por eles, do mundo de onde procediam. Diamantes, rubis, topázios e um sem-número de pedras e minerais nobres, de tamanho e pureza sem-par, jaziam espalhados em quanti-dade, enfeitando o chão e divisáveis no fundo dos regatos de águas cristalinas.

Depois de permanecerem durante algum tempo naquele pequeno paraíso, acolhidos espontaneamente pelos na-tivos, sentiram saudade do mundo de origem e desejaram voltar, não obstante todas as maravilhas que ali desfrutavam. Indagando dos habitantes quanto a uma possível permissão de retorno e a indica-ção de caminhos, foram informados de que não era possível. A região circun-jacente era inóspita e sem comunicação com o mundo exterior.

Apesar disso, vez por outra, vinha ao espírito daqueles sobreviventes aéreos o desejo de retornar ao seu ambiente, até que um dia um deles resolveu arriscar-se a uma fuga. Tinha-se apaixonado por uma das lindas jovens do lugar e, cor-respondido, decidiram ambos buscar uma saída para a civilização donde ele provinha. Transpuseram os limites do país e foram caminhando em meio à re-gião agreste. Ele, antes de partir, movi-do de cobiça, procurou aprovisionar-se

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ILÍBR

IO

MuitoalémdeShangri-laPorLAUROF.CARVALHO

de tudo quanto pôde. Além dos víveres necessários, colheu o máximo que con-seguia carregar daquelas gemas que ali havia, tão despercebidas. Eis, porém, que, ao amanhecer do segundo dia de viagem, começou a perceber, estupefato, estranhas mudanças: tudo aquilo de es-plêndido que trazia consigo foi-se modi-ficando, deteriorando, decaindo... Até a linda moça com quem estava fugindo foi enrugando a pele, encarquilhando o corpo, até se tornar uma velhinha decré-pita. Cada vez mais espantado, viu as roupas se tornarem rotas e as maravilho-sas e graúdas gemas não passavam agora de seixos comuns a lhe pesar inutilmen-te na mochila... Só então compreendeu, aturdido, que todas aquelas riquezas que trazia só existiam e perduravam lá no lo-cal donde saíra. Afastando-se, tudo per-dia o encanto e se tornava comum como as coisas mais vulgares da vida que antes lhe eram próprias.

A grande lição

A mensagem do filme parece ser a de que o país das maravilhas é um ideal perfeitamente viável ao homem, a par-tir do momento em que se decida a agir com inteligência, simplicidade e amor, evitando complicar a vida com aflições e anseios irreais, desnecessários. Se ele não proceder com ambição e materialidade, se não se entregar ao egoísmo, vaidade e competição, se encarar e aceitar seu se-melhante com naturalidade, se aprender a curtir a natureza sem destruí-la, nem fazer dos recursos naturais objeto de fan-tasias e alvoroço, certamente viverá num paraíso inalterável. Do contrário, po-rém, as mais valiosas coisas e tesouros mais anelados se tornam objetos vul-gares e causa de aflição, contaminados

por seus maus sentimentos.Parafraseando, porém, essa figura,

dizemos que o verdadeiro Shangri-la da vida é o reduto do lar fraterno, onde se cultiva o Evangelho! Além de ser o refú-gio natural, onde somos aceitos e pode-mos viver à vontade, constitui a fortaleza íntima onde os rebenques da peleja diá-ria são amortecidos e as forças refeitas. Isso se nele a luz do Cristo brilha como farol iluminador das mentes e corações que partilham o mesmo teto.

O culto semanal do Evangelho em família é uma das mais prodigiosas prá-ticas que o Meigo Cordeiro instituiu, desde quando reunia os discípulos nas casinhas humildes de Cafarnaum e Bet-saida, Genezaré e Jericó...

As pessoas que deixam o lar paterno, vagando pelo mundo incréu em busca de estabilidade, afeto e segurança, sen-tem, mais que as outras, a veracidade do que asseveramos. Lutando por firmar-se

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(011) 4121-3774R. José Benedetti, 170 - B. Santa Terezinha - São Bernardo do Campo - SP - CEP 09770-140

entre estranhos e defrontando-se com o interesse frio, dificuldades e solidões a cada passo, melhor avaliam o que seja o calor humano de um lar, onde haja a confiança, segurança, amparo e compre-ensão, valores que o cultivo do Evange-lho vai gerando e consolidando ao longo do tempo.

Porque, fora disso, dessa paz e con-fiança que um lar bem estruturado proporciona - seja ele a morada coleti-va de muitas almas, o reduto familiar normal ou mesmo o simples espaço de poucos habitantes - tudo mais, todas as complexidades com que a sociedade de consumo nos tenta nada significam em termos de bem estar real...

Oh, Senhor! Transforme os lares da Terra em formosos Shangri-las em que a luz de Teu Evangelho fulgure, tornando maravilhosamente simples a vida de to-dos esses náufragos do comboio de Seu Planeta!...

Iniciou-se na Doutrina ao realizar tratamento es-piritual em Palmelo (GO), considerada a primeira cidade espírita do Brasil. Em Brasíliia, fundou na década de 60 o Sanatório Espírita de Brasília, além de livraria e uma das maiores distribuidoras de li-vros espíritas do Brasil. E-mail: [email protected]

O verdadeiro Shangri-la da vida é o reduto do lar fraterno, onde se cultiva

o Evangelho!

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