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Patrícia Rocha Orientação: Mestre Isabel Paiva Porto, 2009 Trabalho de Investigação Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 Historical Portuguese food habits

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Page 1: Contributo histórico para os hábitos alimentares da ...€¦ · população, permanece viva e actual. Objectivos: Descrever os hábitos alimentares da população Portuguesa de

Patrícia Rocha

Orientação: Mestre Isabel Paiva

Porto, 2009

Trabalho de Investigação

Contributo histórico para os hábitos

alimentares da população Portuguesa

na década de 90

Historical

Portuguese food habits

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer especialmente à minha orientadora, Mestre Isabel

Paiva, por todo o apoio e orientação na realização deste trabalho.

A todos os alunos da disciplina de Alimentação e Nutrição Humana, do 2º

ano da Licenciatura em Ciências da Nutrição de 1995. Desejo que revejam neste

trabalho o seu contributo pessoal, para a história da alimentação Portuguesa.

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ÍNDICE

Agradecimentos ................................................................................................ iii

RESUMO ......................................................................................................... vii

ABSTRACT ....................................................................................................... ix

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

2. OBJECTIVOS ............................................................................................... 4

2.1 Objectivo geral ............................................................................................ 4

2.2 Objectivos específicos................................................................................. 4

3. METODOLOGIA ........................................................................................... 5

3.1 Descrição da amostra ................................................................................. 5

3.2 Recolha de informação ............................................................................... 6

3.3 Análise estatística ....................................................................................... 6

3.4 Referencial de práticas e consumos alimentares ........................................ 7

4. RESULTADOS .............................................................................................. 7

4.1 Caracterização dos hábitos alimentares ...................................................... 7

5. DISCUSSÃO ............................................................................................... 16

6. CONCLUSÕES ........................................................................................... 24

7. Referências bibliográficas ........................................................................... 26

8. Anexos ........................................................................................................ 29

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RESUMO

Introdução: Na década de 90, o Dr. Emílio Peres motivado pela sua preocupação

em conhecer a realidade alimentar nacional, concebeu um diagnóstico de

situação, realizado em 1995, não publicado. Contudo, a preocupação com a

escassez de dados representativos, de práticas e consumos alimentares da nossa

população, permanece viva e actual.

Objectivos: Descrever os hábitos alimentares da população Portuguesa de 1995

e contribuir para a evolução histórica de alguns desses hábitos.

Metodologia: A amostra populacional estudada, composta por 1820 indivíduos,

apesar de contemplar uma ampla dispersão nacional, foi de conveniência.

Aplicou-se um questionário a 597 indivíduos adultos e os restantes

representavam os seus agregados familiares.

Resultados: Verificou-se que 93% dos indivíduos realizavam o pequeno-almoço,

sendo este essencialmente composto por pão (74,3%) e leite (84,7%). Apenas

7,6% dos participantes faziam um pequeno-almoço completo e 53,9% afirmava

realizá-lo entre as 8 e as 9 horas. Quanto ao número diário de refeições, estas

foram principalmente três: pequeno-almoço, almoço e jantar. Relativamente ao

consumo de fritos, 92,7% da população estudada ingeria-os 1 a 3 vezes por

semana. A maioria dos indivíduos (79,9%) adoçava as bebidas e geralmente fá-lo

com açúcar (88,0%). A ingestão de hortaliças e de legumes verificou-se em

97,3% dos participantes, na sopa (91,2%) e no prato (85,2%), sendo diária para

76% inquiridos. A fruta era ingerida por 96,4% dos indivíduos, e de forma diária

por 64,3% dos participantes. Quanto ao tipo de pão, verificou-se o consumo

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preferencial de pão branco (78,6%). A maioria dos indivíduos (90,5%) ingeria

sumos e refrigerantes, semanalmente, preferindo o sumo natural (28,8%). As

bebidas com gás eram consumidas por 35,8% dos participantes. Em relação aos

produtos de cafetaria 58,1% dos participantes referiram consumi-los, 1 a 3 vezes

por semana. A casa da família (69,7%) era o local mais usado para a realização

do almoço.

Conclusão: Quanto aos hábitos alimentares da população Portuguesa de 1995,

verificamos que as refeições repartidas ao longo do dia não eram uma prática

frequente e que a maioria das pessoas realizavam o almoço em casa. O

pequeno-almoço apesar de diário, não tinha composição adequada. O pão branco

era o mais consumido e o açúcar, o adoçante mais usado. O consumo de fritos,

produtos de cafetaria e sumos/refrigerantes era semanal. O consumo de fruta,

legumes e hortaliças era diário.

Palavras-Chave: Hábitos alimentares, população Portuguesa, Emílio Peres

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ABSTRACT

Introduction: , Dr. Emilio Peres motivated by his concern about

national food reality, developed a study to evaluate the situation in 1995 which

was never published. However, the same concern about the lack of information

about the dietary and food practices remains alive.

Aim: Describe food habits of the Portuguese people in 1995. Contribute to the

historical evolution of the eating habits of the Portuguese population.

Methodology: The studied population sample comprises 1820 individuals.

Although the national widespread, it was a convenience sample. A questionnaire

was applied to 597 adults. The remained people are the correspondent

households.

Results: It was verified that 93% of the sample studied had the breakfast, which

was essentially constituted by bread (74.3%) and milk (84.7%). Only 7.6% of

participants had a complete breakfast and 53.9% affirmed to have it between 8

and 9 am. Concerning the number of daily meals, they were mainly three:

breakfast, lunch and dinner. Fried products were consumed 1 to 3 times per week

in 92.7% of the cases. Most subjects (79.9%) sweetened their beverages and it

was preferentially with sugar (88.0%).The intake of vegetables was observed in

97.3% of the sample, and it was consumed either as soup (91.2%) or as a side

dish (85.2%) and its daily intake was only observed in 76% of the participants. The

amount of individuals whose consumed fruit was 96.4% and among those 64.3%

had it in daily frequency. Regarding the type of bread, there was a preferential

consumption of white bread in 78.6% of the total sample. Most subjects (90.5%)

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consumed juices and soft drinks weekly, while natural juice was the preferred

(28.8%).

A total of 35.8% consumed carbonated soft drinks. For fast food products, 58.1%

of participants reported consume them 1 to 3 times per week. Home was the main

place where individuals (69.7%) choose to have lunch.

Conclusion: An assessment of the dietary habits of Portuguese people in 1995,

found that spread meals throughout the day were not a common practice and that

the house was the most usual place chose to have lunch. Despite the fact that

breakfast is a daily meal, it did not have the appropriate composition. The white

bread was the most consumed and sugar was the most widely used sweetener.

Consumption of fried foods, fast food products, juices and soft drinks was weekly.

Fruits and vegetable consumption was daily.

Keywords: food habits, Portuguese population, Emílio Peres

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1. INTRODUÇÃO

Os hábitos alimentares são um dos componentes mais fortes da identidade

cultural de um povo, sendo estes socialmente mediados, transmitidos e

reforçados. A escolha alimentar humana, constitui um fenómeno complexo,

influenciado por diversos factores que se interligam e influenciam num processo

dinâmico, ao que podemos dizer nós comemos aquilo que somos (1).

Num mundo, num país em constante e crescente desenvolvimento, são

várias as modificações que podem ocorrer no quotidiano de uma população. Os

hábitos alimentares, determinantes na saúde de um indivíduo, ao longo deste

século têm acompanhado o dinamismo de cada sociedade, o que conduziu a um

leque de rápidas mudanças nos padrões alimentares, especialmente ao nível

ocidental(2, 3).

A industrialização e a globalização comercial generalizaram o acesso e a

disponibilidade dos alimentos, ampliando a diversidade alimentar(4). A crescente

urbanização do mundo levou a que os padrões culturais e os valores das

sociedades fossem afectados, reflectindo-se nos hábitos alimentares(1).

A adopção de hábitos alimentares desequilibrados, como o consumo de

alimentos hipercalóricos, ricos em gorduras saturadas e hidratos de carbono

simples, associados a um menor dispêndio energético pela inactividade física

repercutiu-se no aparecimento de determinadas condições de saúde, de difícil

tratamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde, estas alterações, nos

estilos de vida, acarretaram um aumento no desenvolvimento de co-morbilidades

associadas a doenças crónico-degenerativas, como a obesidade, diabetes

mellitus, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro(2, 4).

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Actualmente, estamos perante uma epidemia de obesidade, sendo esta

considerada, um dos maiores problemas de saúde pública (5). Como tal, são

várias as estratégias, nomeadamente políticas, que têm sido traçadas no sentido

de combater esta patologia, bem como todas as outras(6).

Para a definição e implementação de políticas nutricionais, é determinante o

conhecimento dos reais consumos alimentares de uma população(7). Para tal, na

maioria dos países desenvolvidos, é realizada uma recolha regular de dados

alimentares, de modo a se compreender os respectivos padrões de consumo(8).

Contudo, para a implementação de políticas eficazes, os dados recolhidos

necessitam de ser específicos para sexo, grupos etários, sociais e devem indicar

as alterações das tendências ao longo do tempo(4).

Os métodos que permitem fazer a determinação da ingestão alimentar são

diversos: indirectos, como as balanças alimentares da Food and Agriculture

Organization of the United Nations e os inquéritos aos orçamentos familiares(8) ou

directos, como por exemplo, os questionários de frequência alimentar e registos

alimentares. Todavia, estes métodos possuem algumas limitações associadas(9).

Alguns países, para a determinação dos padrões alimentares e nutricionais

da população, aplicam periodicamente inquéritos alimentares individuais, a uma

amostra populacional representativa. Mas, devido aos elevados custos inerentes

a este tipo de método a sua aplicação frequente não é possível, apesar destes

serem métodos eficazes na avaliação nutricional duma população (8).

Em Portugal, o único inquérito alimentar nacional, data de 1980, o que

significa que não existem informações actualizadas relativas aos consumos

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alimentares. Contudo, realizaram-se alguns inquéritos alimentares regionais, no

âmbito da epidemiologia nutricional(10, 11).

As principais fontes de informação, que têm sido utilizadas para a definição

de programas de educação nutricional e de políticas alimentares, são

essencialmente as balanças alimentares que fornecem estimativas do consumo a

partir das disponibilidades alimentares, não representando o consumo real.

Existem ainda os inquéritos nacionais de saúde que dão informação relativa ao

consumo individual de alguns alimentos. Os inquéritos aos orçamentos familiares

provenientes do projecto Data Food Networking, também têm sido utilizados para

a obtenção de dados alimentares e nutricionais(2, 10, 11).

A ausência de informação representativa do consumo alimentar nacional,

justifica a importância atribuída a informação regional, destacando-se o relatório

(2). O conhecimento actualizado dos hábitos

alimentares portugueses, principalmente dos seus erros alimentares, exige a

necessidade da realização de um novo inquérito alimentar nacional.

Assim, já na década de 90, o Dr. Emílio Peres motivado pela sua

preocupação em conhecer a realidade alimentar nacional, nomeadamente os

(12) e devido ao seu olhar

atento, crítico e científico sobre a sociedade, concebeu um diagnóstico de

situação alimentar, realizado em 1995 que nunca foi publicado.

Na sequência da homenagem realizada ao Dr. Emílio Peres como igura

Eminente da Universidade do Porto , na qual se tornou visível o seu legado

científico, especialmente na área da alimentação, impôs-se a necessidade de

divulgar à comunidade cientifica os resultados deste estudo. A sua preocupação

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com a escassez de dados representativos de práticas e consumos alimentares,

da nossa população, permanece viva e actual. Espera-se com este estudo poder

contribuir para o conhecimento dos hábitos alimentares portugueses, numa

perspectiva histórica.

2. OBJECTIVOS

2.1 Objectivo geral

Este trabalho possui como objectivo geral analisar a realidade alimentar da

população portuguesa de 1995.

2.2 Objectivos específicos

Como objectivos específicos, o presente trabalho pretende:

a) Descrever hábitos alimentares dos portugueses de 1995;

b) Contribuir para a evolução histórica de alguns hábitos alimentares da

população portuguesa.

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3. METODOLOGIA

3.1 Descrição da amostra

A amostra populacional deste estudo é de conveniência, embora com ampla

dispersão nacional, de norte a sul de Portugal continental, incluindo os

arquipélagos dos Açores e da Madeira (Anexo 1).

Os participantes inquiridos, foram indivíduos com idades superiores a 18

anos, das várias regiões do país e utilizadores de áreas comerciais alimentares,

de pequena e grande dimensão, no meio rural e urbano.

A amostra foi constituída por um total de 1820 participantes, dos quais 597

(32,8%) foram inquiridos directamente e os restantes faziam parte do agregado

familiar dos indivíduos (Tabela 1).

Participantes n (%)

Inquirido 597 (32,8)

Cônjuge 416 (22,9)

Coabitante 1 422 (23,2)

Coabitante 2 284 (15,6)

Coabitante 3 101 (5,5)

Tabela 1: Número e percentagem de participantes constituintes da amostra.

Da totalidade dos participantes, 970 (53,4 %) eram indivíduos do sexo

feminino e 847 (46,6%) do sexo masculino. Relativamente à faixa etária, 1493

eram adultos com idades compreendidas entre 18 e 96 anos, sendo a média e

desvio-padrão de 40,10±15,85 anos e 327 participantes eram menores, com

média e desvio-padrão de 11,09±4,35 anos, tendo estes idade mínima de 3 anos

e máxima de 17 anos.

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Dos 597 inquiridos 74,9% eram do sexo feminino e 25,1% do sexo

masculino.

3.2 Recolha de informação

O método utilizado neste estudo, para a recolha das informações relativas

aos hábitos alimentares da população, foi um questionário de aplicação indirecta

(Anexo 2). Este era composto, maioritariamente, por perguntas fechadas e

permitiu obter informações referentes ao inquirido e a todo o seu agregado

familiar.

O inquérito foi aplicado por inquiridores treinados, que eram estudantes da

disciplina de Alimentação e Nutrição Humana, do 2º ano da Licenciatura em

Ciências da Nutrição, em Dezembro de 1995.

3.3 Análise estatística

Para a construção da base de dados e consequente análise estatística,

recorreu-se ao programa Statistical Package for the Social Science ® (SPSS)

versão 14.0 para Microsoft Windows®.

Procedeu-se a uma análise descritiva das diversas variáveis. Para as

variáveis contínuas calculou-se a média e o respectivo desvio-padrão e para as

variáveis nominais, efectuou-se o cálculo das frequências.

O teste de Qui-quadrado foi aplicado para comparar frequências entre

grupos de variáveis. Para valores de p<0,05, uma diferença foi considerada

estatisticamente significativa.

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84,7

74,3

11,5

39,0

12,9

3,0

14,4

3,5

33,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Leite

Pão

Fruta

Manteiga

Margarina

Produtos integrais

Cereais

Papas

Outro

Percentagem

3.4 Referencial de práticas e consumos alimentares

Em condições ideais a aplicação do mesmo questionário permitiria traçar

uma tendência na evolução dos hábitos alimentares da população portuguesa. Na

impossibilidade de realizar novo estudo, os resultados foram frequentemente

comparados com os da região do Porto (2006)(2).

4. RESULTADOS

4.1 Caracterização dos hábitos alimentares

a) Pequeno-Almoço

Relativamente à prática da refeição pequeno-almoço, verificou-se que 93%

dos participantes referiram realizá-la. Quanto à sua composição, podemos

verificar pelo Gráfico 1 que esta refeição era, essencialmente, composta por leite

(84,7%) e pão (74,3%), estando esta associação presente em cerca de 64,2% da

população estudada (p=0,001).

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18,0

3,7

3,2

4,4

0,7

0,6

0,8

0,1

0,1

2,6

0,1

0,1

0,2

0,1

0,1

0,1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Café

Cevada

Chá

Chocolate

Bolos

Compota

Marmelada

Geleia

Mel

Fiambre

Água

Sopa

Iogurte

Ovos

Restos do Jantar

Bagaço

Percentagem

Gráfico 1: Frequência (%) dos alimentos constituintes do pequeno-almoço dos

participantes.

Em relação, aos alimentos mencionados como outros no Gráfico 1

observamos, que o café foi o produto alimentar referido mais frequentemente

(Gráfico 2).

Gráfico 2: Frequência (%) dos alimentos, referidos como outros, constituintes do pequeno-

almoço dos participantes.

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Um pequeno-almoço completo, composto por alimentos do grupo de leite e

derivados, do grupo dos cereais e derivados e ainda do grupo da fruta, verificou-

se em 128 indivíduos (7,6%), dos quais 40,6% eram inquiridos.

A maioria dos participantes fez um pequeno-almoço com a associação de

dois alimentos ou com apenas um alimento, dos três grupos anteriormente

referidos. A frequência de um pequeno-almoço composto apenas por outro tipo de

produtos alimentares foi baixa (2,8%), nomeadamente do tipo café ou chá.

Refere-se ainda que dois inquiridos referiram ingerir sopa ao pequeno-almoço

(Tabela 2).

* Inclui descrições de refeições sem alimentos dos três grupos alimentares que habitualmente se

incluam no pequeno-almoço.

Tabela 2: Descrição do tipo de pequeno-almoço realizado pelos participantes.

Em relação ao horário do pequeno-almoço a maioria dos participantes

(53,9%) realizavam esta refeição entre as 8 e 9 horas (Tabela 3).

Tabela 3: Horário do pequeno-almoço realizado pelos participantes.

n (%)

Completo Incompleto Atípico*

Participantes 128 (7,6) 1514 (89,6) 48 (2,8)

n (%)

<8h 8-9h >10h

Participantes 666 (39,5) 910 (53,9) 110 (6,5)

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b) Número de refeições diárias

Analisando o Gráfico 3, observamos que as principais refeições, como

pequeno-almoço, almoço e jantar, eram realizadas pela maioria dos indivíduos.

Quanto às refeições intercalares, a merenda da tarde foi a mais realizada.

93,0

37,4

99,4

65,8

98,7

21,1

38,3

0 20 40 60 80 100 120

Pequeno-Almoço

Merenda da Manhã

Almoço

Merenda da Tarde

Jantar

Ceia

Debica

Percentagem

Gráfico 3: Frequência (%) das refeições realizadas por dia pelos participantes.

Relativamente à merenda da manhã, verificou-se que os participantes que

tomavam o pequeno-almoço mais cedo eram, maioritariamente, os que

realizavam essa refeição (p=0,044).

c) Consumo de fritos

Em relação a este ponto, a grande maioria dos participantes (92,7%)

respondeu que consumia fritos.

A maior frequência (38,4%) de ingestão dos fritos verificada foi a que tinha

uma periodicidade de uma a três vezes por semana (Tabela 4).

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88,0

3,6

10,6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Açúcar

Mel

Edulcorantes

Percentagem

Tabela 4: Frequência (%) da ingestão de fritos pelos participantes.

d) Adição de adoçantes às bebidas

Dos 1820 inquiridos, 1447 (79,9%) adoça as suas bebidas, enquanto que os

restantes não têm esse hábito.

Os participantes que adoçam as bebidas fazem-no, preferencialmente, com

açúcar (Gráfico 4).

Gráfico 4: Frequência (%) do tipo de adoçante utilizado pelos participantes.

e) Consumo de hortaliças e legumes

A quase totalidade dos participantes (97,3%) referiu que ingeria hortaliças e

legumes.

n (%)

>1dia 1 dia 6-4semana 3-1semana <1semana

Participantes 73 (4,4) 250 (14,9) 432 (25,8) 644 (38,4) 281 (16,8)

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Relativamente à fonte desta ingestão, verificou-se que as hortaliças e os

legumes, tanto eram consumidos na sopa (91,2%) como no prato (85,2%). 76%

dos indivíduos ingeriam estes alimentos diariamente, sendo que a maioria dos

participantes (43,2%) referiu uma frequência de ingestão superior a uma vez por

dia (Tabela 5).

Tabela 5: Frequência (%) da ingestão de hortaliças e legumes pelos participantes.

f) Consumo de fruta

A fruta era um alimento de elevado consumo (96,4%) entre os participantes.

Quanto à frequência de ingestão verificamos (Tabela 6) que esta era

consumida mais do que uma vez por dia, por 64,3% dos indivíduos.

Tabela 6: Frequência (%) da ingestão fruta pelos participantes.

Verificou-se que 93,8% dos participantes que ingeriam hortaliças e legumes,

também consumiam fruta, embora sem significado estatístico. Relativamente à

ingestão diária destes alimentos, 34,5% dos participantes afirmaram ingeri-los

mais do que uma vez por dia (sem significado estatístico).

n (%)

>1dia 1 dia 6-4semana 3-1semana <1semana

Participantes 754 (43,2) 579 (33,2) 234 (13,4) 141 (8,1) 39 (2,2)

n (%)

>1dia 1 dia 6-4semana 3-1semana <1semana

Participantes 1126 (64,3) 388 (22,2) 100 (5,7) 111 (6,3) 29 (1,7)

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g) Tipo de pão consumido

O tipo de pão, preferencialmente, consumido pelos participantes deste

estudo, foi o pão branco, como podemos observar no Gráfico 5.

Gráfico 5: Frequência (%) do tipo de pão ingerido pelos participantes.

h) Consumo de sumos e refrigerantes

Referiram não consumir este tipo de bebidas 9,6 % dos indivíduos.

Nos indivíduos que ingeriam sumos ou refrigerantes, verificou-se que a

bebida mais frequente (28,8%) era o sumo natural (Gráfico 6). Observou-se ainda

o consumo preferencial de bebidas com gás, em 35,8 % dos indivíduos.

4,1

6,4

6,6

78,6

21,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Escuro

Branco

Milho

Forma

Tostas

Percentagem

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14| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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28,8

25,1

19,8

2,1

24,2

0 5 10 15 20 25 30 35

Natural

Refrigerante de sumo

Colas

Outro

Não sabe

Percentagem

Gráfico 6: Frequência (%) preferencial do consumo de sumos e refrigerantes.

Os sumos e refrigerantes eram ingeridos semanalmente por quase metade

dos indivíduos, verificando-se ainda um elevado número de indivíduos que

referiram possuir um consumo diário destas bebidas (Tabela 7).

Tabela 7: Frequência (%) do consumo de sumos e refrigerantes pelos participantes.

i) Consumo de produtos de cafetaria

Relativamente ao consumo de produtos de cafetaria, 1047 (58,1%) referiram

ingeri-los.

n (%)

>1dia 1 dia 6-4semana 3-1semana <1semana Nunca

Participantes 269

(24,1) 246 (22,1) 119 (10,7) 271 (24,3) 208 (18,7)

102

(5,8)

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |15

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A frequência de ingestão, em cerca de 60% dos consumidores, destes

produtos tinha uma periodicidade de uma a três vezes por semana ou era inferior

a uma vez por semana (Tabela 8).

Tabela 8: Frequência (%) do consumo de produtos de cafetaria pelos participantes.

j) Local de almoço durante a semana

Quanto ao local de almoço, podemos verificar pelo Gráfico 7, que a casa era

o local referido pela maioria dos participantes (69,7%).

4,5

9,3

18,6

69,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Casa

Cantina

Restaurante

Snack-Bar

Percentagem

Gráfico 7: Frequência (%) do consumo local de almoço dos participantes.

n (%)

>1dia 1 dia 6-4semana 3-1semana <1semana

Participantes 90 (8,6) 194 (18,5) 114 (10,9) 339 (32,4) 309 (29,5)

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16| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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5. DISCUSSÃO

Este estudo obteve uma amostra de dimensão significativa e de dispersão

nacional, contudo, esta foi uma amostra de conveniência que procurou

caracterizar alguns hábitos alimentares dos portugueses de 1995.

Os indivíduos foram inquiridos junto dos locais de aquisição alimentos, tendo

em conta a proporção local de áreas comerciais de pequena e grande dimensão,

bem como, o tipo de frequência registado neste locais. A escolha destes locais

para a aplicação dos questionários, previa que ao inquirir os responsáveis pela

aquisição dos bens alimentares, se poderia obter informação de qualidade relativa

aos hábitos alimentares de toda a família. De facto, a maioria dos inquiridos foram

mulheres, tal como era esperado, pois estas eram geralmente as responsáveis

pela ingestão alimentar do agregado familiar, tendo conhecimento dos principais

hábitos da família.

Apesar de não ter sido colhida informação relativa à caracterização socio-

económica, incluíram-se inquiridos obtidos de forma aleatória nos diferentes

locais de aquisição de bens alimentares. Vários estudos já demonstraram a

influência dos factores sócio-económicos, nomeadamente nível de educação e

rendimento, nas escolhas alimentares individuais e dos agregados familiares(13,

14). Moreira (2004) verificou que o nível de educação se encontrava mais

associado com as escolhas alimentares do que os rendimentos, ou seja, os

grupos de baixo e alto rendimento possuíam ou tendiam possuir escolhas

alimentares semelhantes, enquanto que o tipo de educação contribuía para a

aquisição de hábitos alimentares saudáveis (maior frequência de consumo de

leite, sopa, hortofrutícolas e peixe)(13).

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |17

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Este estudo reveste-se da particularidade de com base numa amostra de

inquiridos, se ter obtido informação relativa ao agregado familiar, aumentando,

assim, significativamente o seu tamanho amostral e a representatividade da

população Portuguesa, em termos de sexo e idade.

Quando comparados os hábitos alimentares dos adultos com os dos

menores não se verificou grande discrepância entre os resultados, podendo a

justificação residir no facto de estes seguirem os mesmos padrões alimentares da

família. Segundo Scaglioni (2008), os pais, especialmente as mães, por

despenderem mais tempo directamente com os filhos nas refeições,

desempenham um importante papel no desenvolvimento das suas preferências

alimentares e na sua ingestão energética(15). Este mesmo estudo verificou

correlações significativas entre os hábitos alimentares reportados entre pais e

filhos, concluindo que estes constituem um veículo importante para a adopção de

hábitos alimentares saudáveis, por parte das crianças(15).

No presente estudo são analisados hábitos e não consumos alimentares ou

nutricionais. Embora existam muitos estudos ao nível das recomendações

nutricionais, da avaliação nutricional e da quantificação da ingestão alimentar,

poucos são os sobre padrões alimentares de consumo. Na concepção deste

estudo destacou-se a importância dos conjuntos alimentares e a evolução da

forma de comer. É de se referir que a estrutura deste inquérito assentou na

grande preocupação da época, do

respectivo impacto na obesidade e noutras doenças metabólicas(16, 17).

caracteriza-se por um conteúdo excessivo de açúcar e de gordura,

sendo constituída principalmente por alimentos fritos e produtos de pastelaria,

consequentemente associada a menor ingestão de produtos hortofrutícolas(16, 17).

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18| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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Este estudo revela dados nacionais que podem ser considerados dos mais

actuais, apesar da sua relativa representatividade. No entanto, a predominância

de inquiridos da zona norte do país, provavelmente, contribuiu para que estes

resultados possam ser, especialmente, bons indicadores da evolução histórica

dos hábitos alimentares da região do Porto.

Relativamente à caracterização dos hábitos alimentares, o pequeno-almoço,

era realizado pela totalidade dos participantes. A importância desta refeição tem

sido realçada, desde há várias décadas, continuando actual nos dias de hoje,

tendo em conta o seu papel no combate da obesidade, como no desempenho

cognitivo escolar ou laboral e até comportamental (18, 19). Peres, nas suas várias

publicações, salientava a importância da realização desta refeição, afirmando

Cabe ao primeiro almoço abastecer a energia precisa para as primeiras

horas da manhã, porque o jejum nocturno desfalcou a glicose do sangue (20).

Apesar da maioria dos participantes realizarem o pequeno-almoço, apenas

uma pequena proporção cumpria as regras de um pequeno-almoço completo, ou

seja, ingeria um produto do grupo do leite e derivados, do pão e derivados e da

fruta(19, 21). Esta combinação de alimentos permite ao indivíduo obter a energia e

os nutrientes necessários para começar o dia. Contudo, muitos indivíduos

consideram a ingestão de um único alimento como uma refeição e outros

consideram ainda ter feito pequeno-almoço, quando apenas ingeriam um café ou

um chá que só pode ter um aporte energético, se adoçado com substância

nutritiva.

Em 2000, num estudo realizado aos hábitos alimentares da população adulta

da Região Autónoma da Madeira, observou-se que o pequeno-almoço da maioria

dos participantes era composto essencialmente por pão e por leite e/ou café, e

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |19

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que a prática de um pequeno-almoço completo, infelizmente, verificava-se em

uma reduzida percentagem de indivíduos, possuindo a maioria da população

estudada um pequeno-almoço incompleto(22). O facto de no presente estudo se ter

verificado uma situação semelhante, realça a necessidade de continuar a investir

na importância do pequeno-almoço saudável.

A ingestão do pequeno-almoço, bem como a hora a que é efectuado, pode

influenciar a realização das refeições seguintes(18). O que observamos no nosso

estudo foi que quando esta refeição era realizada mais cedo, a merenda da

manhã não era omitida, tal como era desejável. Tal facto ajuda-nos a relativizar a

baixa frequência da merenda da manhã.

É importante conhecer a composição duma refeição, mas também,

compreender o conceito de refeição que a nossa população possui. Uma das

preocupações mais importantes subjacentes à construção deste estudo era a

desestruturação das refeições que podiam evoluir no sentido de serem

constituídas apenas por um só alimento, por exemplo, um hambúrguer. De facto,

já se verificava nessa altura, a perda da noção de refeição no contexto familiar,

social e cultural.

Os participantes deste estudo faziam principalmente três refeições por dia:

pequeno-almoço, almoço e o jantar, pelo que não tinham uma distribuição

energética equilibrada ao longo do dia. A merenda da tarde, por oposição à da

manhã, é geralmente necessária para a maioria da população, embora nem

sempre seja realizada(23). Quanto à ceia, esta era a refeição mais omitida. Peres

(1992) afirmava que a realização do pequeno-almoço era cumprida pela maioria

da população, enquanto que as merendas da manhã e da tarde eram por poucas

pessoas, e relativamente, à ceia quase ninguém a fazia(24). Contudo, uma

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20| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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percentagem relevante de participantes afirmou debicar podendo, desta forma,

ingerir muitas calorias, por comparação a uma refeição equilibrada. Os petiscos

são geralmente compostos por produtos alimentares hipercalóricos, tais como

produtos de pastelaria(25).

No estudo regional da Madeira, também se observou que as refeições mais

omitidas pelos indivíduos eram, principalmente, a merenda da manhã e a ceia.

Tendo ainda se verificado, em muitos casos, a ingestão de produtos alimentares

entre as principais refeições(22)

Marques-Vidal (2006) ao determinar a tendência da ingestão alimentar em

Portugal entre 1987 e 1999, verificou que o número de refeições estava a diminuir

alertado para a importância do

impacto na saúde deste tipo de modificações alimentares(26).

A associação entre a frequência das refeições e a obesidade foi

demonstrada por Marín-Guerrero (2008), tendo-se verificado no seu estudo, maior

prevalência de obesidade nos indivíduos que faziam duas refeições por dia, do

que naqueles que faziam três ou quatro refeições diárias. Adicionalmente,

verificou-se que esta patologia se encontrava associada a indivíduos que omitiam

o pequeno-almoço e que possuíam o hábito de debicar(27).

Para além da obesidade estar relacionada com o número de refeições

diárias, esta encontra-se também associada à porção de alimentos ingerida em

cada refeição(28). Sendo pertinente, para além de sabermos qual o número de

refeições diário, determinar o tipo e a quantidade de alimentos ingeridos, bem

como a respectiva ingestão energética(5). Nos Estados Unidos da América, o

aumento da prevalência de obesidade coincidiu com o aumento das porções de

alimentos disponibilizados, em especial, nas refeições em estabelecimentos de

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |21

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restauração(29). Este aumento das porções, verificado tanto na restauração

convencional como no fast-food, deveu-se essencialmente a uma estratégia, para

satisfazer e atrair o consumidor: mais comida por menos dinheiro . Esta situação

também se têm verificado nos últimos anos, na disponibilização de maiores

quantidades individuais de alimentos nos supermercados, aliada também a um

aumento da escolha de snacks, à base de refrigerantes e produtos de

confeitaria(30).

Quanto ao consumo de fritos e de produtos de cafetaria, este era comum

entre os participantes do presente estudo, com uma frequência semanal.

Ultimamente, a um

rápido recurso alimentar para muitas famílias, levando a que ocorra uma maior

ingestão destes alimentos, no seio familiar(31).

O hábito de adoçar as bebidas é comum entre os participantes, sendo o

açúcar, o principal adoçante utilizado. Actualmente, este continua a ser

preferencialmente consumido, sendo a sua frequência de ingestão diária, mais do

que uma vez por dia, como é referido no estudo EPIPorto(2). O uso de

edulcorantes artificiais era, em 1995, baixo quando comparado com o de açúcar.

Actualmente, o consumo dos edulcorantes é mais frequente, tendo a sua

variedade e disponibilidade aumentado. Paralelamente, verificou-se entre 1995 e

2000, uma diminuição da disponibilidade de açúcar na alimentação, dos

agregados familiares portugueses(10).

A totalidade dos participantes do estudo ingeriam legumes e hortaliças, mais

do que uma vez por dia, tanto na sopa como no prato. Usando como referencial

actual o estudo EPIPorto, verifica-se que o consumo destes alimentos, continua a

possuir uma frequência diária(2).

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22| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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Marques-Vidal (2006) verificou que o consumo de vegetais aumentou,

durante o espaço temporal do seu estudo, apesar do consumo de sopa ter

diminuído. A principal explicação sugerida para esses factos, residiu na redução

do tempo dedicado à preparação das refeições e na substituição das tradicionais

refeições, por outras mais pequenas e leves (26). Peres, numa das suas

publicações exaltou a importância do consumo de sopa, afirmando que esta

um dos maiores monumentos alimentares da Cultura Mediterrânic

por toda a sua riqueza nutricional(32).

A realidade actual quanto ao consumo de sopa não é bem conhecida, mas

este alimento tradicionalmente associado à ingestão alimentar de classes sociais

desfavorecidas, parece ter-se tornado num alimento que está na moda .

Actualmente, assiste-se uma oferta moderna de sopa, no que diz respeito a uma

enorme variedade de opções no mercado, para uma rápida preparação desta. Por

outro lado, o hábito de consumir sopa nos últimos anos tem sido incentivado,

principalmente nas grandes superfícies de comércio, pela oferta desta como

componente principal de uma refeição.

Relativamente à disponibilidade dos produtos hortofrutícolas, Rodrigues

(2007) verificou que entre 1990 e 2000 houve um decréscimo da disponibilidade,

nomeadamente dos vegetais(10).

Em 1995, a ingestão de fruta também era habitual e mais do que uma vez

por dia, situação que igualmente se verifica no estudo de referência(2). Contudo,

entre 1995-1996 e 1998-1999 houve um decréscimo do consumo de fruta, apesar

desta ingestão continuar a ser elevada na população portuguesa(26).

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |23

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Actualmente existe um mercado crescente de possibilidades comerciais,

para o consumo de fruta, existindo um vasto leque de opções, para além da sua

forma em natureza.

Verificou-se, no presente estudo, que muitos dos participantes que

consumiam hortaliças e legumes também ingeriam fruta, com uma frequência de

ingestão de mais do que uma vez por dia dos referidos alimentos. Actualmente,

reflectindo a importância deste padrão de consumo de produtos hortofrutícolas,

assiste-se à generalização da recomendação O projecto denominado

, visa a promoção do consumo de cinco porções diárias de frutas e

legumes, de modo a reduzir os riscos de doenças cardíacas e alguns tipos de

cancro(33).

Quanto ao tipo de pão consumido, este era preferencialmente o pão

branco , sendo o tipo de forma e as tostas menos consumidos. No EPIPorto

verificamos a mesma preferência pelo tipo de pão branco , mas a ingestão de

tostas é actualmente uma alternativa mais usada(2).

Relativamente à ingestão de sumos e refrigerantes, a forma como foi

construída esta questão reflectia a disponibilidade alimentar da época, sendo a

diversidade actual deste tipo de alimentos muito diferente e incomparavelmente

maior. Contudo, a frequência habitual e a ingestão semanal destas bebidas,

contrasta com a ingestão mensal ou inexistente, referida no estudo EPIPorto (2). A

definição de sumo e refrigerante, da população e em termos epidemiológicos,

mudou no espaço temporal que existe entre os dois estudos, o que dificulta a

interpretação e comparação de resultados.

No entanto, entre 1990 e 2000, Rodrigues (2007), observou um aumento das

disponibilidades de sumos de hortofrutícolas e de refrigerantes(10).

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24| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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Apesar, de alguns estudos referirem que durante a década de 90 houve um

aumento dos gastos com refeições fora de casa (11, 34), neste estudo, quando se

questionou sobre o local de realização do almoço, este ainda era

preferencialmente feito em casa.

No entanto, a questão da necessidade de comer fora de casa, por razões de

trabalho, é hoje muito frequente. Neste sentido, tem-se assistido a uma oferta

crescente de locais destinados ao consumo de alimentos, dos mais diversos tipos,

curiosamente mesmo dentro dos locais de aquisição de bens alimentares.

As famílias realizam a necessidade básica de se alimentarem, tendo em

conta que a maioria das mulheres/mães trabalham fora de casa(35), cada vez mais

fora do contexto familiar. A oferta alimentar da restauração colectiva tem, por isso,

crescido de uma maneira geral, sendo de realçar, por exemplo, ao nível dos locais

de ensino desde os níveis da educação pré-escolar.

A maioria dos países da Europa do Mediterrâneo têm sofrido alterações nas

suas dietas, verificando-se, por isso, um aumento do consumo de gorduras

saturadas e de açúcar(36). Portugal é considerado um país com alimentação do

tipo Mediterrânea, no entanto, alguns estudos têm verificado que o nosso país

tem abandonado alguns hábitos alimentares característicos deste padrão

alimentar, reduzindo a qualidade da sua ingestão alimentar(14).

6. CONCLUSÕES

Este estudo permitiu determinar alguns hábitos e consumos alimentares da

população Portuguesa de 1995.

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |25

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A prática de refeições repartidas, ao longo do dia, não era frequente e a

maioria das pessoas realizava o almoço em casa. O pequeno-almoço, apesar de

ser uma refeição diária, não apresentava geralmente uma composição adequada.

Em relação a alguns consumos alimentares verificou-se que o pão branco

era o mais ingerido e que o açúcar era o, tipo de adoçante, mais utilizado nas

bebidas.

Quanto ao consumo de produtos de cafetaria, fritos e sumos/refrigerantes

verificou-se que ocorria com uma frequência semanal, enquanto que o consumo

de fruta, legumes e hortaliças era diário e habitual.

Estudos mais detalhados das práticas alimentares dos Portugueses são de

extrema relevância, para a definição de estratégias de intervenção que com

sucesso promovam a alimentação saudável.

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28| Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90

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Contributo histórico para os hábitos alimentares da população Portuguesa na década de 90 |29

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8. Anexos

Anexo 1 Mapa representativo da dispersão nacional da amostra.................. a4

Anexo 2 Questionário .................................................................................... a8

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a2

ANEXO 1

Mapa representativo da dispersão nacional da amostra

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a3

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a4

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a5

Page 50: Contributo histórico para os hábitos alimentares da ...€¦ · população, permanece viva e actual. Objectivos: Descrever os hábitos alimentares da população Portuguesa de

a6

ANEXO 2

Questionário

Page 51: Contributo histórico para os hábitos alimentares da ...€¦ · população, permanece viva e actual. Objectivos: Descrever os hábitos alimentares da população Portuguesa de

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